Suspensa importação de frango de regiões dos Estados Unidos, Canadá e Polónia

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) anunciou que a importação de carne de aves de três condados dos Estados Unidos, de duas regiões do Canadá, e da da Polónia, está suspensa, devido a um surto de gripe das aves.

De acordo com um comunicado emitido ontem, o surto está a afectar os condados americanos de Miami-Dade, na Flórida, Delta, em Colorado e Lenoir, na Carolina do Norte, as regiões canadianas de Drummond, Essex, e a região polaca Koniński pelo que os produtos dessas regiões ficam impedidos de entrar no território.

“O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) vai continuar a controlar rigorosamente os alimentos frescos importados e vendidos em Macau, através de um mecanismo eficaz de inspecção e quarentena das importações”, foi assegurado pelas autoridades. “Não serão aprovados os pedidos de importação de carne de aves de capoeira e de produtos de aves de capoeira que envolvam as zonas afectadas pela gripe das aves”, foi acrescentado.

 

Tudo fiscalizado

No comunicado, a instituição liderada por José Tavares garantiu igualmente que “todos os alimentos frescos devem ser declarados e devem passar pela inspecção e quarentena obrigatórias quando importados”. Também quando o IAM examina e aprova os documentos de pedido de importação, foi referido, analisa o certificado sanitário emitido pela autoridade competente do local de origem e com base nesse certificado consegue suspender as importações.

Ao mesmo tempo, os importadores deste tipo de produtos para Macau foram informados sobre a suspensão que entrou em vigor e não tem, para já, uma data prevista de fim. “O Instituto para os Assuntos Municipais notificou os importadores locais do incidente e continua a monitorizar os incidentes relevantes e a controlar rigorosamente as aves de capoeira e os produtos de aves de capoeira importados e vendidos em Macau”, afirmou. “Simultaneamente, o IAM continuará a monitorizar os pedidos de importação de produtos de origem animal em várias regiões e a tomar as medidas preventivas e de controlo necessárias, em conformidade com os anúncios da Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH)”, foi assegurado.

21 Fev 2024

As Aves Brancas

[dropcap]U[/dropcap]m cisne morreu com síndrome de coração partido quando um grupo de homens lhe destroçou os ovos. O cisne macho, horrorizado, fugiu, e estes monogâmicos seres não resistem à separação nem à morte dos filhos – morreu de dor – o que acontece às espécies mais raras, elas, que são quase inefáveis, gráceis, e delicadas como as brisas. Situações que não revertem a favor de nada, de ninguém, e esta inutilidade deve ser aquilo a que apelidamos de mal, a disfuncionalidade lúdica, a desregulação dos movimentos que longe anda de uma natural condição (dado que um predador não pode ser interpretado assim, ele tem assento na matéria das combustões onde a gratuitidade não toca, e a marcha continua, cruel, sim, mas não maléfica) e certo é que por práticas tais muitas criaturas na Terra se encontram ameaçadoramente inutilizadas e sem perdão.

As cadeias dos malefícios estão muito concentradas nas esferas humanas que por gerações reconstituem as mesmas incapacidades e nem lhes notam a tragédia subjacente iludidos com a evolução e o consentimento a que se dão, vemos assim que houve na espécie qualquer coisa que correu mal. Nada nasce assim! Para tal terá sido necessário uma interrupção qualquer de um processo já esquecido e que por isso mesmo a ele já não tem direito.

E estas Aves Brancas (que também há cisnes negros) levam-nos de imediato ao poema de Yeats, a essa página tão clara como estas manhãs de Verão. É um poema tangível do outro lado do Vitral e tão sonhado se torna que deslizamos por ele como sustidos pelas asas, compreendendo bem que é esta leveza o que há de mais importante no gasoso tempo de uma vida que se escoa ainda por outras paragens. Sabemos que o poeta era uma espécie de mago celta, um habitante do silêncio desse povo das vestes brancas, corria nos mistérios e trazia os seus encantos em grandes taças de vento… Que nós, olhamo-lo nas suas Aves Brancas e nunca mais esquecemos! Ele era assim, mas o género poético, difere também do génio poético, e existe ainda aquele da máscara de ferro na pele de um caçador, onde as noites escuras se tornam um não menos importante sacramento. Têm a alma de um mamute e nas mãos as lanças alternam na busca entre o invisível e a vigília máxima, e quanto mais escondido na sombra multiforme da corrente da vida, mais viva se torna a mensagem e a sua incrível superação quase inumana. Só um caçador tem o dom da imobilidade, e uma vida por vezes até chega para lembrar aos esquecidos, das rotas essenciais, pois tudo aquilo de que os poetas falam é sempre do essencial, escapa-lhes a vacuidade, a maldição e o azar do mundo – (sobretudo para os outros) – que o hão-de encontrar tão distante, tão único, que será matéria aziaga uma qualquer vigília para o capturar.

Neste espaço branco vamos encontrá-lo, mas sabíamo-lo curioso dos limites das coisas – que as viveu- como alguém que se quer vivo em todas as direcções: choraria os ovos da ave branca sem receio algum de ficar turvado por lágrimas quentes e com o coração destroçado nessa alma que sempre dançou…e essas pequenas manifestações que nos fazem grandes são todo o contrário do rombo extravagante que provoca a desgraça: milagres, são ainda instantes transversais, tão simples, tão frescos, tão improváveis na manifestação que ficamos maravilhados… e há que os ter, sim, para ir até às suas Aves Brancas. Os bárbaros existem como grandes golfadas de terror, embora, e muitas vezes, não sintam nada de nefasto em muitos dos seus actos o que os torna grotescos e poderosos, e a legislação, essa, nunca chega a tempo de corrigir uma ausência qualquer que eles possuem perante a ordem das coisas, não se podendo condenar quando o próprio condenado não sabe da razão profunda de coisa nenhuma. Digamos em sentido figurado que a nível de uma noção mais alargada de humanidade grande parte dela anda literalmente a “pisar ovos”. Que seja os das cobras. E nós…

…. em breve, longe do lírio e da rosa, longe das tormentosas chamas viveríamos,
se aves brancas fôssemos, amada minha, aves brancas flutuando na espuma do mar! – Yeats

5 Ago 2020

Aves | Sector tem até ao dia 30 para aceitar apoio do Governo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau anunciou ontem que o sector de venda de aves tem até ao fim do mês para aceitar o apoio do Governo, contestado pelos patrões, que pedem até cinco vezes mais.

O alvoroço criado no átrio do edifício do IACM anunciava o fim da reunião de ontem – a quarta e última – entre Governo e os empresários do sector de venda de aves de capoeira vivas, após ter sido decretado, no início de Maio, o fim definitivo da actividade, depois de uma suspensão inicial aplicada desde Fevereiro, na sequência de um surto de gripe aviária em Macau.

Mas mais do que anunciar o fim do encontro sinalizava o descontentamento por parte de dezenas de donos de bancas de aves vivas que contestam a oferta de apoio apresentada pelo Governo que ontem deu ao sector até ao próximo dia 30 para tomar uma decisão.

O IACM mantém-se irredutível, oferecendo uma verba total na ordem dos 41 milhões de patacas  para ajudar o sector a ultrapassar a crise decorrente do fim da actividade, mas os empresários não aceitam, considerando ser pouco.

Segundo o presidente do IACM, José Tavares, no conjunto, os empresários do setor reclamam “mais ou menos 200 milhões” de patacas (22,1 milhões euros) – ou seja, cinco vezes mais do que a oferta global de apoio do Governo –, sendo que só um, do comércio a retalho e por grosso, pediu 40 milhões.

Contudo, insistiu José Tavares, o Governo não tem qualquer tipo de obrigação para com o sector. “Eles querem que o Estado os indemnize” pelo fim da actividade de venda de aves vivas, mas o Executivo “não tem esse dever”, frisou.

Por partes

Esse apoio divide-se em três vertentes, incluindo duas de cariz pecuniário.

Em primeiro lugar, prevê a atribuição de cerca de 14 milhões de patacas para a indemnização pelo despedimento de 165 trabalhadores e de aproximadamente quatro milhões para o pagamento de dois meses de vencimento extra que o Governo decidiu oferecer aos empregados.

Em paralelo, contempla a atribuição de 240 a 480 mil patacas para os proprietários de cerca de seis dezenas de bancas, o que representa uma despesa de sensivelmente 22 milhões de patacas, num apoio idêntico ao calculado para os trabalhadores e também, por isso, contestado pelos ‘patrões’.

A base de 240 mil patacas  “todos têm”, com o valor a depender de factores como a dimensão do negócio, a antiguidade ou os salários, explicou José Tavares.

A terceira vertente tem que ver com a reconversão da actividade. “Recebemos na semana passada, 45 pedidos das bancas ou tendas do mercado” para manterem o lugar dedicado a outro ofício, pelo que a maioria aceitou a proposta do IACM, realçou José Tavares.

O sector de venda de aves vivas tem então agora até ao próximo dia 30 para se pronunciar – tanto para submeter o pedido para o apoio oferecido pelo Governo como o referente à intenção de continuar com a banca ou tenda dedicada a outro ramo de negócio.

“Não podemos alongar este processo”, afirmou José Tavares.

13 Jun 2017

Executivo toma decisão sobre aves vivas em Abril

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo defendeu ontem que a única forma de impedir o contágio humano com gripe aviária é terminando a importação de aves vivas, e remeteu uma decisão sobre o assunto para o próximo mês.

“Face à epidemia da gripe aviária que se torna cada vez mais grave a nível mundial (…) a solução que resta será a cessação da importação das aves de capoeira vivas (…)”, afirmou a secretária para a Administração e Justiça. “É preciso seguir a via da importação de aves já abatidas que correspondam aos critérios sanitários, substituindo completamente o abastecimento de aves vivas dos mercados do território. Somente esta acção permitirá (…) reprimir, o mais possível, a ameaça da gripe aviária que pende sobre os cidadãos”, disse Sónia Chan, na Assembleia Legislativa.

As autoridades foram obrigadas a abater aves em cinco ocasiões em menos de um ano, a mais recente em Fevereiro, depois de detectarem o vírus da gripe das aves. Há muito que a proibição da venda de aves vivas é discutida, por motivos de saúde pública, mas o Governo tem vindo a adiar a medida, escudando-se na oposição popular e principalmente na resistência dos vendedores.

Ontem, Sónia Chan frisou que as inspecções a que as aves vivas são sujeitas, com um método de amostragem aleatória, “não podem assegurar (…) que todas as aves de capoeira vivas não se encontram infectadas pela gripe aviária”, o que faz com que os trabalhadores envolvidos no transporte dos animais, no abate, no processamento e até os residentes das áreas envolventes aos locais onde as aves estão fiquem em risco.

“Não queremos que os residentes comam aves e percam a sua vida. Há muitos riscos para residentes que compram aves vivas nos mercados. Em Macau, se há um surto de gripe aviaria, podemos imaginar como vai afectar o papel de Macau como centro internacional de turismo”, afirmou.

O medo dos vendedores

A secretária indicou que o Governo tem estado em negociações com o sector, de modo a “oferecer mais opções para transformação sectorial”. “A situação é mais grave neste momento e vamos tomar o quanto antes a decisão sobre a nossa postura, (…) em Abril vamos tomar uma decisão”, afirmou.

O presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, José Tavares, explicou que as duas reuniões com os vendedores revelaram que estes “não têm um conhecimento assim ao profundo sobre gripe das aves e não têm assim tanta noção do risco”.

Dias após o primeiro encontro, “enviaram uma carta a insistir na importação de aves vivas, querem que o Governo mude de posição”, disse, explicando que estão em causa 250 vendedores. “Dizem que não conseguem sobreviver com a venda de carnes refrigeradas. Mas podemos ajudá-los a transformarem-se para outros sectores”, garantiu.

31 Mar 2017

H7N9 | Comerciantes livres do vírus

Os três trabalhadores da banca onde estavam 15 mil aves contaminadas com o vírus H7N9 estão livres de perigo. Hong Kong já está a avaliar eventual perigo de contágio

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s testes efectuados aos três trabalhadores que estavam no mercado provisório do patane confirmam que não estão contaminados com o vírus da gripe das aves H7N9. Um comunicado emitido ontem pelos Serviços de Saúde (SS) confirma os resultados positivos, bem como a obrigatoriedade de isolamento dos doentes para os próximos dez dias. “Os SS continuarão a acompanhar o estado de saúde destas pessoas e ainda não foi detectado qualquer sintoma”, explicaram.
Recorde-se que na noite de ontem foram abatidas cerca de 15 mil aves que estavam contaminadas com o vírus H7N9 no mercado, tendo as autoridades de Macau suspendido a importação de aves da China interior, até ser confirmada a origem do vírus detectado no mercado temporário de Patane. O vírus foi detectado quarta-feira à tarde numa “amostra do ambiente” do mercado (e não num animal), junto à banca de venda número 158, que vendia aves importadas de Gaoming, no sul da China.
As autoridades estão também a tentar contactar três vendedores do mercado onde foi encontrado o vírus para os colocar em isolamento, mas sublinharam não haver notícia de qualquer pessoa com sintomas de gripe ou suspeita de infecção com o vírus. Por outro lado, as autoridades vão proceder à limpeza e desinfecção do local e do mercado abastecedor.

A tempo da festa

O presidente do IACM disse esperar que as aves vivas possam voltar a ser vendidas em Macau no dia 6, ainda a tempo de serem compradas e consumidas nas festividades do Ano Novo Chinês (a partir do dia 8), permitindo assim à população cumprir uma das grandes tradições da época.
Macau não registou até hoje qualquer caso de contágio humano com o H7N9, mas em Março de 2014 o território abateu 7.500 aves por ter sido detectado o vírus num lote de galinhas vivas oriundas de Zhuhai, uma cidade chinesa adjacente. Na altura, as autoridades proibiram a importação de aves vivas durante 21 dias.
Entretanto os inspectores de saúde de Hong Kong estão a investigar se o mesmo fornecedor do interior da China abastece a cidade. O Secretário para a Alimentação e Saúde de Hong Kong, Ko Wing-man, disse ontem que está preocupado com o incidente, mas acrescentou que a situação daquela região era diferente da de Macau, segundo o jornal South China Morning Post.
Ko Wing-man afirmou que, ao contrário de Macau, a empresa de Guangdong não fornece galinha amarela a Hong Kong, mas fornece outras carnes à antiga colónia britânica. “Às vezes ainda nos fornecem galinha amarela, mas vem de Hainan”, disse Ko Wing-Man à Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK). “O risco é relativamente baixo”, acrescentou.

10 Fev 2016