RAEM 21 anos | Personalidades fazem análise ao estado do território

Reforma Política | Coutinho lamenta défice democrático

Pereira Coutinho considera que o “calcanhar de Aquiles” de Macau, ao fim de 21 anos enquanto região autónoma especial, é o progresso democrático. “A Assembleia Legislativa não tem uma maioria democrática, e isto é mau para Macau. A falta de representatividade, significa défice democrático e que as vozes da população de Macau não estão a chegar onde deviam chegar”, apontou ontem o deputado. Apesar disso, considera que Macau “foi-se desenvolvendo e atingiu a maioridade”, sabendo manter a estabilidade. “Com muitos desafios para a frente, espero que a sociedade se mantenha estável, mas seja mais justa. É o que falta a Macau em todos os aspectos, ou seja, uma sociedade mais justa, equilibrada, e que, de facto, beneficie todos com o seu desenvolvimento económico”, vincou.

Amélia António: Número simbólico

A maioridade talvez demore mais um pouco a chegar, mas em 21 anos houve muitas coisas bem feitas. É esta a opinião de Amélia António: “Não sei se Macau atingiu a maioridade [com os 21 anos], porque ainda faz tanta asneira (risos)… mas é um número simbólico”, disse, em tom divertido. “Há muita coisa que precisa de ser feita e melhorada, porque a certos níveis há muita coisa que funciona mal. Por outro lado, outras funcionam muito bem, como a segurança com que vivemos, e que se nota agora ao nível da saúde. É um dado que não se pode nunca menosprezar”, acrescentou. “Macau está de parabéns”, realçou.

Tina Ho: A Pátria começa em casa

Tina Ho, presidente da Associação Geral das Mulheres de Macau e irmã do Chefe do Executivo, considera que a família tem um papel fundamental no desenvolvimento de Macau para o futuro. Em declarações ao jornal Ou Mun, Ho apontou a família como pilar para a promoção de um ambiente social harmonioso, assim como das virtudes morais chinesas, que permitem aos cidadãos adoptar os julgamentos morais correctos no esforço da harmonia e prosperidade social. A Constituição e Lei Básica, a participação no plano quinquenal e a governação segundo a lei foram outros pontos destacados.

Sales Marques: “Balanço extremamente positivo”

À margem da cerimónia oficial do 21º aniversário da RAEM, José Luís Sales Marques considera que desde o dia da transição, o território adquiriu novas experiências ao longo do tempo e que o “balanço global é extremamente positivo”. “Temos muita sorte em viver em Macau. O caminho traçado pelo Chefe do Executivo é sólido, prudente e (…) aponta no sentido de uma recuperação gradual, e, portanto, assente em bases sólidas. Esperemos que toda a conjuntura mundial e o desenvolvimento da própria China nos ajude no sentido de conseguir isso”, acrescentou.

Carlos Marreiros | “A qualidade de vida não melhorou nos últimos 10 anos”

O arquitecto Carlos Marreiros considerou ontem que em Macau a qualidade de vida da população não melhorou nos últimos 10 anos. “Depois de 10 anos em que as pessoas estavam felizes porque Macau prosperou, nos 10 anos seguintes (…) Macau não conseguiu criar aproximações sistémicas a vários níveis. A qualidade de vida das pessoas que não melhorou”, apontou. À margem da cerimónia oficial do 21º aniversário da RAEM, Marreiros acredita, contudo, que “o novo Governo vai alterar significativamente muitos sectores de Macau”. Exemplo disso, segundo o arquitecto, é o Plano Director. “É um instrumento que, não sendo perfeito, funciona como a decisão do comandante de um navio. Mesmo que a decisão seja não perfeita, é melhor que indecisões. Por isso, vamos ter esperança”, rematou.

Neto Valente | “Feliz por estar vivo”

O Presidente da Associação de Advogados de Macau, Jorge Neto Valente considerou que, apesar de ter completado ontem 21 anos, a Região Administrativa e Económica de Macau (RAEM) dá sinais de não ter alcançado a maturidade desejada. “Estou feliz por estar vivo. Com 21 anos, para mim a maioridade não tem a ver com a idade, mas com a maturidade. Estou mais preocupado com a maturidade”, começou por dizer, à margem da cerimónia oficial do 21.º aniversário da RAEM. Questionado sobre o caminho traçado por Ho Iat Seng durante o discurso de ontem, Neto Valente mostrou-se reticente. “Que caminho? Eu estava à procura do caminho para aqui e alguém me disse: ‘If you don’t know where you are going, any road will get you there’. É onde nós estamos”, rematou.

Santa Casa | Provedor destaca estabilidade de Macau

No 21.º aniversário do estabelecimento da RAEM, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia destacou a estabilidade no território. “Julgo que a população não tem argumentos para contestar muitas situações. Claro que em alguns terá argumentos, mas tem reinado a estabilidade social, que é importante. Isto veio a provar que as orientações de ‘Um País, Dois Sistemas’ e ‘Macau Governado pelas Suas Gentes’, é um sistema que funciona”, declarou ontem António José de Freitas. O Provedor observou ainda o “boom económico” que se seguiu à liberalização do jogo. Indicando que a última distribuição do ano ligada ao projecto da loja social foi feita recentemente, mostrou-se confiante de que “tem pernas para andar” no próximo ano.

21 Dez 2020

UM | Criada página de promoção do português

A Universidade de Macau (UM) anunciou na sexta-feira a criação de uma página na Internet para promover “a aprendizagem da língua portuguesa e as culturas chinesa e portuguesa”.

“Os artigos publicados na página bilingue chinês-português não só acompanham de perto as actividades realizadas pelo CPC [Centro de Ensino e Formação Bilingue Chinês-Português], mas também apresentarão, entre outras áreas, a cultura, a história e a arte da China e dos países de língua portuguesa através das publicações que abrangem temas e questões diversas como histórias clássicas chinesas e portuguesas, poetas chineses e portugueses, os 24 Períodos Solares Chineses, vinho do porto e chá chinês, azulejaria e porcelana, fado, Shi Jing (Clássico da Poesia), entre muitos outros”, pode ler-se no comunicado da Universidade de Macau.

Para a UM, as publicações na página bilingue chinês-português constituem uma boa base pedagógica para os alunos da licenciatura e dos cursos de pós-graduação desenvolverem competências nas línguas chinesa e portuguesa, nomeadamente nas áreas dos usos estéticos e lúdicos, que pressupõem, muito frequentemente, conhecimento de usos idiomáticos da língua e dos valores conotativos.

20 Dez 2020

Ponte Nobre de Carvalho | Homem resgatado após saltar para a água

Um homem saltou da Ponte Governador Nobre de Carvalho, no Sábado, e foi resgatado, com vida, por uma equipa de bombeiros e agentes da Alfândega. Segundo o jornal Ou Mun, o Corpo de Bombeiros recebeu um alerta às 16h05 que um jovem queria saltar da ponte, por isso foram enviadas para o local as equipas de salvamento. Quando as autoridades chegaram à ponte, o homem de 26 anos estava sentado no gradeamento.

Após as equipas de salvamento terem falado com o jovem, este acabou por saltar, tendo sido retirado do mar momentos depois num estado de semiconsciência. Após o resgate, o residente foi levado para o hospital e, segundo um amigo próximo, na origem da acção terão estados problemas amorosos. Segundo as recomendações do Instituto de Acção Social, em caso de necessidade por problemas emocionais deve contactar a linha de aconselhamento, através do número 28261126.

20 Dez 2020

Receitas de impostos sobre o jogo caem para 27 mil milhões de patacas

As receitas correntes dos primeiros onze meses do ano desceram para cerca de 42,1 mil milhões, com os impostos do jogo a permitirem ao Governo arrecadar 27, 18 mil milhões de patacas

 

Até Novembro, o Governo arrecadou 27,18 mil milhões de patacas com impostos sobre o jogo – menos 76,9 mil milhões em comparação com o mesmo período do ano passado. É o que revelam os dados do relatório sobre a execução orçamental publicado pela Direcção dos Serviços de Finanças.

Há um ano, as receitas correntes ascendiam a 121 mil milhões de patacas, um número que desceu agora para cerca de 42,1 mil milhões. Além do sector do jogo, de entre outras fontes de receitas correntes, o Governo recolheu 9,5 mil milhões em impostos directos, cerca de um milhão em taxas ou multas, bem como 270 milhões em concessões de serviços de utilidade pública.

As receitas totais fixaram-se em 86,86 mil milhões. No entanto, é preciso recordar que o Governo precisou de recorrer a várias injecções de capital da reserva orçamental. Além disso, a venda de instalações e equipamentos que durante este período rendeu no ano passado 2,1 mil milhões, representou agora apenas 173 milhões de patacas.

Para o orçamento do próximo ano, o Governo prevê receitas na ordem das 95 mil milhões de patacas, e o recurso a mais de 26 mil milhões da reserva extraordinária. Na nota justificativa, o Executivo antecipa que o impacto provocado pela pandemia leve a economia da RAEM a continuar “crítica”, estimando-se que o imposto especial sobre o jogo renda 45,5 mil milhões.

Expectativa e realidade

Em sentido inverso ao das receitas, as despesas correntes passaram de cerca de 57,9 mil milhões nos primeiros onze meses do ano passado, para 69,9 mil milhões de patacas em período idêntico neste ano. A mudança mais significativa deu-se ao nível das transferências, apoios e abonos, que ascenderam a 50,7 mil milhões.

A taxa de execução das despesas correntes chegou a 75 por cento. No entanto, o Plano de Investimentos e Despesas da Administração (PIDDA), que estava orçamentado em 13,7 mil milhões até Novembro, teve uma execução de 57,1 por cento. Recorde-se que no mês passado, foi noticiado que 51 projectos de obras públicas estavam por concretizar devido à pandemia. Na altura, o presidente da Comissão de Acompanhamento dos Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa, Mak Soi Kun, disse que o Governo acreditava que ia recuperar o tempo perdido sem pagamentos adicionais pelos atrasos se deverem a “motivos de força maior”.

20 Dez 2020

Grupos de protecção dos animais apresentam queixa contra o IAM no CCAC

Um grupo de associações de protecção de animais quer que o Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) investigue o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), devido ao alegado abate do cão com o nome “Blue”, que afinal teria dono. A carta com o pedido de investigação foi entregue ontem por várias pessoas, entre as quais, Chao Man I, presidente da associação Grande Coligação para Protecção dos Animais.

Segundo a versão das autoridades, Blue é um cão preto com uma mancha branca que habitava junto do Canil Municipal e que continua desaparecido. Porém, várias associações acreditam que o cão, adoptado como parte do programa do IAM, foi abatido pelo canil municipal, apesar de ter dono. O IAM defende-se e diz que o cão abatido com características físicas semelhantes não tinha chip de identificação, ao contrário de todos os animais que são adoptados no âmbito do programa de adopções promovidas pelo Governo.
Ao HM, Chao Man I explicou que houve uma queixa porque acredita que uma veterinária de apelido Choi terá agido com negligência, ao prometer que o cão que se assemelhava ao Blue não seria abatido. Choi reconheceu ainda que a pessoa que tinha o cão à sua guarda era diferente do dono do registo junto do IAM.
“Já tínhamos notificado [a veterinária] de que o cão da cela número três estava reservado. Porque é que ela não esperou? Qual foi a pressa de abater o cão?”, questionou Chao Man I, afirmando que o IAM tinha sido avisado que seria contactado pelo dono. “Para nós, todo este procedimento significa que houve negligência. Não sabemos ainda se houve negligência por não terem inserido o chip no cão, ou se antes de o abaterem não conseguiram detectá-lo”, acrescentou.
A presidente do grupo de animais deixou ainda no ar a possibilidade de a funcionária ter actuado por não gostar de cães pretos, como Blue. “A veterinária Choi odeia cães pretos, por isso é que houve necessidade de matar o cão. Solicitamos as explicações da veterinária Choi”, atirou.

Brincadeiras gravadas

Os representantes dos grupos de protecção animal contestam ainda a versão do IAM, porque a pessoa com a guarda do animal que vivia na rua, terá brincado com o cão, quando este estava nas instalações do canil. “Achamos que é uma mentira pouco razoável, a pessoa que tinha o cão à guarda visitou e brincou com o animal. As imagens foram captadas pelo sistema de videovigilância”, sustentou.
Chao Man I acusou ainda o IAM agir de forma incorrecta, porque pedir à população que trate bem os animais, enquanto é a entidade responsável pelo maior número de mortes. “O IAM trata os animais brutalmente. Porque é que o IAM alerta na televisão para não maltratar os animais, e os superiores maltratam e matam os animais?”, questionou.
Finalmente, a presidente da Grande Coligação para Protecção dos Animais desabafou considerar que os avanços na defesa dos direitos dos animais dependerem mais dos voluntários do que do Executivo. “No início, estávamos contentes com a lei de protecção dos animais, porque achávamos que era um mecanismo para protegê-los. Mas, na realidade, só está a ser utilizada para reprimir os voluntários que tratam dos animais de rua”, concluiu.

19 Dez 2020

Taiwan | Empresas de Macau vão ter restrições de investimento

O Conselho dos Assuntos para o Interior, do Governo de Taiwan, confirmou que está a trabalhar num documento para impedir que as empresas de Macau sejam utilizadas como ferramenta de infiltração política

Para evitar infiltrações do Interior que ameacem a segurança, o Governo de Taipé está a fazer uma revisão das leis que permite que empresas e empresários de Macau e Hong Kong invistam na Ilha Formosa. A notícia foi confirmada pelo Conselho dos Assuntos para o Interior, entidade de Taiwan.
Anteriormente, os órgãos de comunicação social da Formosa já haviam reportado que o Governo de Tsai Ing Wen iria fazer uma revisão da lei de modo a permitir que companhias de Macau e Hong Kong tenham um estatuto especial, face às empresas do Interior, para investirem na ilha.
As empresas afectadas pelas restrições seriam empresas do Interior que recorrem a companhias de Macau e Hong Kong para investir em Taiwan; residentes de Macau e Hong Kong que anteriormente tinham residência no Interior; e ainda empresas consideradas influentes no Interior, ou cujas receitas sejam geradas maioritariamente no outro lado da fronteira.
Segundo as primeiras notícias sobre este tema em Taiwan, as decisões teriam sido motivadas pela nova Lei de Segurança Nacional de Hong Kong, numa alteração legislativa que foi encarada pelo Governo de Tsai como o final da RAEHK como Centro Financeiro Internacional. As notícias colocavam assim em causa o tratamento especial que Hong Kong, e até Macau, têm em Taiwan face ao Interior.

Sem impacto para PME

No entanto, ontem, o Conselho dos Assuntos para o Interior esclareceu que apesar de estar a ser feito trabalho legislativo para impedir infiltrações políticas do Interior, através de investimentos feitos com companhias e pessoas em outras jurisdições, o estatuto de Hong Kong como praça internacional de capitais não está em causa. Assim, os investidores e as empresas de Hong Kong e Macau vão continuar a ter um estatuto especial, face ao Interior, quando investem em Taiwan.
Após a notícia ter sido confirmada pelo Conselho dos Assuntos para o Interior, o jornal Apple Daily ouviu Kevin Tsui, professor-assistente de Economia na Universidade de Clemson, na Califórnia.
De acordo com o académico, as alterações não vão ter impacto para as empresas “verdadeiramente” de Hong Kong e Macau, ou seja cujos investidores são das RAEs. Também segundo Kevin Tsui, as pequenas e médias empresas não devem ser afectadas, porque normalmente as companhias com ligações ao Interior são de maior dimensão.

19 Dez 2020

Crime | Grupo ajudou 100 TNR a obter vistos ilegais desde 2016

A Polícia Judiciária deteve 17 pessoas por suspeitas de ajudar, pelo menos, 100 cidadãos vietnamitas a prolongar a sua autorização de permanência ou a obter vistos para trabalhar em Macau. Os criminosos actuavam desde 2016 e são acusados de falsificação de documentos e associação criminosa. Em reacção, a DSAL mostrou “grande preocupação” e deixa um alerta aos empregadores

Entre terça e quarta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) deteve oito residentes locais e nove cidadãs vietnamitas nas instalações de uma agência de emprego e outras unidades residenciais.
As detenções surgiram no seguimento de um pedido formalizado pelo Ministério Público (MP) por suspeitas do crime de falsificação de documentos por parte de três agências de emprego estrangeiras. Alegadamente, as agências terão criado um grupo criminoso dedicado a ajudar empregadas domésticas entretanto despedidas, a prolongar os seus vistos de trabalho, através da obtenção de empregos falsos. O objectivo seria permitir que os trabalhadores não residentes (TNR) pudessem procurar trabalho, mesmo estando ilegais no território.
Após investigar o caso, a PJ deu como provado que, entre 2016 e 2020, o grupo criminoso terá utilizado meios ilegais para ajudar, pelo menos, 100 cidadãos vietnamitas, a requerer ou prolongar o seu visto de trabalho em Macau. No total, o grupo criminoso terá lucrado cerca de 500 mil patacas através dos serviços prestados ao longo dos anos.
Além disso, alguns dos cabecilhas terão actuado mesmo como “falsos empregadores”, com o objectivo de providenciar candidaturas de emprego fictícias a, pelo menos, 19 trabalhadoras. Por seu turno, alguns membros chave do grupo terão sido responsáveis por ajudar os supostos empregadores falsos a submeter oficialmente as respectivas candidaturas de emprego.
Durante a investigação, a PJ apreendeu ainda mais de uma dúzia de documentos pertencentes a trabalhadoras ilegais que se encontravam a viver com uma das detidas envolvidas no caso.
Segundo a polícia, a suspeita terá alegado estar na posse dos documentos a pedido de um trabalhador oriundo do Interior da China. Após ser levado para a esquadra, o homem foi incapaz de explicar a origem dos documentos, tendo sido aberta uma nova investigação.
Os 17 detidos foram levados para MP por suspeitas da prática dos crimes de falsificação e documentos e associação criminosa, podendo ser punidos, respectivamente, com pena de prisão até 3 anos e pena de prisão entre 3 a 10 anos.

Debaixo de olho

Reagindo ao caso, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) emitiu ontem um comunicado, onde confirma que está a prestar máxima atenção ao assunto e apela aos residentes para confirmar a veracidade da documentação, aquando da contratação de TNR.
“A DSAL manifesta grande preocupação sobre o alegado crime de falsificação de documentos por parte de agências de emprego de Macau, bem como sobre a suspeita de contratação ilegal de trabalhadores não residentes, através de meios ilícitos. Está em curso a comunicação e a coordenação com a PJ para acompanhar o caso”, pode ler-se na nota.
O organismo aponta ainda que, caso sejam verificadas infracções durante os processos e contratação, a respectiva autorização será revogada e o caso será transferido para os serviços competentes.
“Apelamos aos cidadãos que apresentem pedidos de contratação de trabalhadores não residentes domésticos, conforme as necessidades”, acrescenta a DSAL.

19 Dez 2020

Burla | Residente desfalcado em 4,9 milhões em esquema com fichas de jogo

Para pagar uma dívida de 5 milhões de HKD a uma sala VIP, um residente aceitou trocar 4,9 milhões por fichas de jogo com o intuito de poupar 100 mil HKD. No entanto, as fichas eram falsas, tendo sido detidos quatro suspeitos

Para poupar 100 mil dólares de Hong Kong no pagamento de uma dívida de jogo numa sala VIP, um residente de Macau aceitou trocar 4,9 milhões de dólares de Hong Kong (HKD) por fichas de jogo. Contudo, ao tentar saldar a dívida, as fichas de jogo revelaram ser falsas, tendo sido detidos quatro suspeitos. Há mais duas vítimas envolvidas no caso.
Segundo revelou ontem a Polícia Judiciária (PJ) em conferência de imprensa, tudo começou na passada segunda-feira, quando a vítima, de apelido Kuan, conheceu através de um amigo (Chai), um dos suspeitos, de apelido Lok, sob a promessa de que seria capaz de o ajudar a saldar a dívida de 5 milhões de HKD que contraiu numa sala VIP situada no NAPE. Isto, porque o suspeito estaria disposto a vender fichas de jogo no valor de 5 milhões de HKD em troca de 4,9 milhões, poupando assim à vítima 100 mil HKD.
Interessado nas condições apresentadas, e na posse de apenas de 4 milhões de dólares de Hong Kong, Kuan, a vítima, pediu a dois amigos, entres eles Chai, para lhe emprestarem 700 mil e 200 mil HKD, respectivamente.
Os amigos acederam e, no mesmo dia, já na posse do montante de 4,9 milhões, Kuan acordou encontrar-se com outros dois suspeitos (de apelido Leng e Sheng) para concretizar o negócio. Contudo, um dos suspeitos exigiu que o pagamento pelas fichas de jogo fosse feito em renminbi e em duas vezes, tendo de imediato indicado uma outra pessoa (de apelido Sam), capaz de prestar o serviço de câmbio.
Uma vez mais, Kuan concordou com as condições apresentadas e, após converter os 4,9 milhões de HKD em renminbis, o montante foi transferido para uma conta bancária. Em troca, a vítima recebeu 20 fichas de jogo com o valor unitário de 100 mil HKD, correspondentes à primeira transferência efectuada e acordada entre os dois.

Sem retorno

No dia seguinte, enquanto estava com os suspeitos na zona da Areia Preta, Kuan pediu a um outro amigo para levar as 20 fichas de jogo à sala VIP para começar a saldar a dívida. No entanto, após receber as fichas de jogo, um funcionário da sala VIP verificou que estas eram falsas. O amigo ligou de imediato a Kuan a relatar o sucedido que, por sua vez, reteve os suspeitos e alertou a PJ para o caso.
Segundo a PJ, após a detenção, os suspeitos negaram a prática do crime. No entanto, foram apreendidos, para além de 143 mil HKD em dinheiro, mais 30 fichas falsas, cujo valor unitário era, alegadamente, de 100 mil dólares.
Os quatro suspeitos foram presentes ontem ao Ministério Público (MP) por suspeita do crime de burla de valor consideravelmente elevado, podendo ser punidos com pena de prisão entre 2 a 10 anos.

17 Dez 2020

Entretenimento | Crise leva Clube D2 a encerrar no fim do ano

Francisco Coelho, gerente do espaço de divertimento nocturno, fala do momento mais triste dos últimos 20 anos de negócio, e admite que o posto de 30 trabalhadores não-residentes fica em risco. “Já estamos há quase um ano nesta situação e não aguentamos mais. São condições muito difíceis”, admite

O espaço de diversão nocturna D2, na Doca dos Pescadores, vai encerrar as portas no final do ano. A decisão, motivada pela crise do turismo relacionada com a pandemia da covid-19, está tomada e foi confirmada, ontem, pelo proprietário, Francisco Coelho.
“Tomamos a decisão de fechar depois do dia 31 de Dezembro. Por isso, no dia 1 de Janeiro já não vamos abrir as portas”, afirmou Francisco Coelho, ao HM. “Não sabemos se vai ser possível abrir no futuro novamente, temos de ver. Mas as rendas não baixam e, como as coisas estão, não vejo que o turismo vá regressar no próximo ano”, explicou.
Além do espaço D2, Coelho é igualmente responsável pelo clube D3, que também fica situado na Doca dos Pescadores. O D3 vai permanecer aberto: “O D3 vai continuar aberto. Mas, o D2 vai fechar, porque é muito difícil ter dois clubes nocturnos no mesmo espaço e ao mesmo tempo”, reconheceu.

TNR desempregados

De acordo com o gerente, o sector do entretenimento atravessa a crise mais grave dos últimos 20 anos de operações. Como consequência, cerca de 30 trabalhadores não-residentes vão ficar sem emprego. Por sua vez, os locais são transferidos do D2 para o D3.
“Quando o D2 encerrar os postos de trabalho vão ser extintos. Os trabalhadores locais vão para o D3, mas os trabalhadores não-residentes vão ficar sem emprego. Também, actualmente, não dá para transferir os TNR de posto de trabalho”, justificou.
O encerramento de um negócio desenvolvido há 20 anos e a situação de desemprego não deixa o empresário indiferente, que aponta viver tempos difíceis. “É uma situação muito triste. Ninguém gosta de ver este tipo de acontecimentos. Já estamos há quase um ano nesta situação e não aguentamos mais. São condições muito difíceis”, confessou. “Quando passar a crise queremos abrir novamente o D2, talvez num espaço diferente. Mas, agora, estamos a atravessar o momento mais difícil para a indústria do divertimento nocturno dos últimos anos. Acho mesmo que é o momento mais difícil e nunca vi nada tão grave”, sublinhou.
Ainda sobre a decisão, Coelho afirmou não haver alternativa: “Temos de parar porque não há outra forma de enfrentar esta crise. É uma situação muito difícil”, concluiu.

17 Dez 2020

Educação | Inscrições do ensino infantil começam a 6 de Janeiro

O registo para o primeiro acesso ao ensino infantil no ano lectivo 2021/2022 pode ser efectuado entre 6 e 20 de Janeiro. Segundo a DSEJ, para o próximo ano estão acauteladas mais de 6.300 vagas, a ser ocupadas por 5.300 crianças em idade de ingressar no 1º ano do ensino infantil

Foi revelado ontem o calendário para o ano lectivo 2021/2022 dos alunos que vão ingressar no ensino infantil pela primeira vez. Segundo a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) as inscrições podem ser feitas online entre os dias 6 e 20 de Janeiro de 2021.
De acordo com Wong Ka Ki, subdirector substituto da DSEJ, este ano foram apenas introduzidos “aperfeiçoamentos” no processo, tendo em conta as opiniões recolhidas ao longo do ano junto de estabelecimentos de ensino e encarregados de educação.
Assim, além de não haver um limite máximo de inscrições ou entrevistas, o responsável adiantou que serão diferenciados “os horários de pico das entrevistas”, através do prolongamento do seu período que, este ano, começa uma semana antes, a 27 de Fevereiro [ver tabela]. Concluídas as entrevistas, a DSEJ e as escolas irão publicar em simultâneo, no dia 9 de Abril, as listas dos alunos admitidos.
Por seu turno, durante a apresentação, Ng Mei Kei, Chefe de Divisão de Educação Pré-Escolar e Ensino Primário da DSEJ, apontou que o organismo irá “reforçar a protecção de dados pessoais e o sistema de registo online” do processo.
Questionada sobre os moldes concretos em que o tratamento dos dados e fotografias das crianças foi melhorado para o próximo ano lectivo, a DSEJ apontou que “a protecção de dados será reforçada com base na lei” e que as informações “só serão enviadas para as escolas escolhidas”.
Durante a conferência de imprensa, a DSEJ assegurou ainda que, para o próximo ano lectivo existem vagas escolares suficientes para todos, avançando que há mais de 6.300 vagas a serem ocupadas por 5.300 crianças nascidas entre 2016 e 2018.

Passo a passo

A partir do dia 1 de Janeiro de 2021, os encarregados de educação podem consultar informações relativas às inscrições dos alunos e das diferentes escolas, seguindo-se o período dedicado ao registo central, onde podem ser seleccionadas, no máximo, seis escolas.
Depois de publicados os horários das entrevistas, as mesmas serão realizadas até 28 de Março, sendo os resultados conhecidos no dia 9 de Abril. Concluído o período de confirmação, segue-se a publicação, a partir de 14 de Abril, das listas dos alunos admitidos que estavam em lista de espera.
Daí para a frente, os encarregados de educação devem deslocar-se à escola, no prazo anunciado munidos do documento de identificação do aluno, para procederem às formalidades de matrícula ou transferência escolar.
Caso haja necessidade de inscrever os alunos noutras escolas, ou caso o período de registo tenha sido ultrapassado, a partir de 19 de Abril é ainda possível consultar o website da DSEJ para verificar a situação das vagas escolares nas diferentes escolas.

17 Dez 2020

Covid-19 | Macau foi das economias asiáticas mais afectadas

A Organização Internacional do Trabalho estima que Macau foi o território da região Ásia-Pacífico cuja economia foi mais afectada pela crise gerada pela pandemia. O relatório global da instituição pertencente às Nações Unidas traça um cenário de agravamento de assimetrias e discriminações laborais, sintoma socioeconómico da covid-19

Macau foi a região que mais sofreu economicamente com a crise gerada pela pandemia, de acordo com o mais recente relatório para a área Ásia-Pacífico da Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma agência das Nações Unidas.
O relatório, cujo título traduzido em português será algo como “Perspectiva social e de emprego na Ásia-Pacífico”, destaca a “característica impressionante” da crise da covid-19 por não ter poupado nenhum país ou região em termos económicos.
A OIT confronta as perspectivas de crescimento económico do Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2020 divulgadas em Outubro de 2019 e as estimativas mais recentes. A maior queda foi a registada por Macau, com a revisão apontar para uma contração de 52 por cento. As Maldivas ocupam o segundo lugar com um recuo de 19 por cento. Importa referir que em Outubro do ano passado, o FMI previa que a RAEM tivesse um dos melhores desempenhos económicos da região.
O relatório coloca Macau no centro de uma tempestade económica perfeita, devido ao duplo impacto do colapso do turismo e das exportações de serviços de jogo.
“Países mais vulneráveis ao declínio da procura externa” sofreram mais com a crise da covid-19. Nesse aspecto, a OIT aponta que também a procura interna se retraiu, “especialmente no segundo trimestre de 2020”.
O resultado verificou-se na quebra de dois dígitos nas taxas de exportação durante os primeiros três trimestres do ano na Índia, Japão, Macau, Mongólia, Filipinas e Coreia do Sul.

Os mesmos de sempre

O documento da agência da ONU descreve ainda a forma como a crise gerada pela pandemia aprofundou desigualdades a nível mundial. Nos países mais desenvolvidos, a OIT apontou que trabalhadores migrantes auferiam até 42 por cento menos que os nacionais, e que com a covid-19 também aumentou o fosso entre salários ganhos por homens e mulheres.
O director-geral da OIT, Guy Ryder, estimou que o mundo inteiro terá um longo e duro caminho pela frente, depois da pandemia que “desferiu um golpe extraordinário” quase de um dia para o outro.
A especialista em salários da agência Rosalia Vasquez-Alvarez sublinhou que as mulheres têm maior probabilidade de trabalharem em sectores mais atingidos pela crise da covid-19, como comércio, indústria e saúde privada. A perita previu que as economias que oferecem rendimentos mais elevados vão sofrer grandes “depressões salariais” nos próximos meses. “Esperamos que a depressão dos salários tenha maior impacto entre trabalhadores migrantes”, referiu Rosalia Vasquez-Alvarez, citada no portal das Nações Unidas.

16 Dez 2020

Construção | Prevista realização de 363 obras viárias no próximo ano

Entre os trabalhos que vão ser feitos nas estradas, 55 são de grande dimensão e 28 transitam de anos anteriores. Este ano, os efeitos da pandemia permitiram acelerar as obras nas vias públicas em pelo menos 1.000 dias de construção

No próximo ano o Governo prevê a realização de 363 obras viárias, entre as quais 55 de grande dimensão. Os números foram apresentados ontem durante uma conferência de imprensa, organizada pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT).
Em relação a 2020 existe um aumento de um quinto no número de pedido de obras, uma vez que este ano o Governo tinha recebido pedidos para 301 obras nas estradas.
“Para o ano de 2021 recebemos pedidos para a realização de 363 obras nas vias, entre as quais 55 obras de grande dimensão. Este ano tínhamos recebido pedidos para 301 obras, e também 55 de grande dimensão”, afirmou Lo Seng Chi, subdirector da DSAT. “Mais de 20 grandes obras que fizeram parte da estatística de 2020 estão pendentes e por isso foram incluídas nas 55 obras para o próximo ano”, acrescentou.
O aumento dos pedidos foi explicado por Lo Seng Chi com o investimento público planeado para o próximo ano, que segundo Ho Iat Seng anunciou durante as Linhas de Acção Governativa, deverá chegar a 18 mil milhões de patacas.
As obras que vão decorrer em 2021 estão relacionadas com a instalação da rede de drenagem, instalação de canalização para o transporte de gás natural, melhoramento das vias, ou mesmo com a construção da quarta ligação entre Macau e a Taipa ou a extensão do Metro Ligeiro.

Zonas mais afectadas

Os trabalhos anunciados vão afectar com maior impacto o trânsito na Avenida Venceslau Morais, Rotunda da Avenida da Amizade e Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, na Península, e nas rotundas do Estádio e dos Jogos da Ásia Oriental, na Taipa. Os trabalhos deverão demorar até 400 dias.
Os pormenores sobre as alterações ao trânsito só mais tarde serão anunciados, mas sabe-se que ao longo do ano autocarros como o 1A, 2, 2A, 3A, 6A, 10, 10B, 10X, 18, 18A, 18B, 28B, 29 e 34 vão ser afectados.
Ao contrário do que aconteceu em muitos sectores, os efeitos da pandemia da covid-19 no acelerar das obras foram positivos e permitiram ganhar pelo menos 1.000 dias de construção, nas principais artérias da RAEM.
“Durante a pandemia foi mais fácil organizar os trabalhos porque foi possível fazer algumas obras que estavam pendentes, porque havia menos trânsito e pessoas a circularem”, justificou Lo Seng Chi. “Quando calculamos o efeito para todas as obras, foram ganhos cerca de 1.000 dias de execução”, sublinhou

16 Dez 2020

Desde Janeiro foram presos 387 jornalistas em todo o mundo

Desde Janeiro foram presos 387 jornalistas em todo o mundo, um número que se manteve inalterado durante a maior parte do ano apesar do aumento das prisões arbitrárias ligadas à crise sanitária, refere o relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras.

De acordo com os dados da organização não-governamental com sede em França, cinco países destacam-se pela pressão e pelo número de prisões de jornalistas pelo exercício da função de informar. 

Na República Popular da China foram presos 117 jornalistas (com título profissional ou não), no Egipto foram detidos 30, na Arábia Saudita 34, no Vietname 28 e na Síria 28. 

“O número de jornalistas detidos em todo o mundo continua a manter elevados níveis históricos”, denuncia a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). “As mulheres, em número cada vez mais alto na profissão, não são poupadas”, refere o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, em comunicado.

De acordo com o relatório divulgado ontem, 42 jornalistas “estão actualmente privadas de liberdade”, quatro das quais na Bielorrússia, país marcado pelas pressões políticas do regime de Alexandre Lukashenko.

Em 2019, 31 mulheres foram presas durante o exercício da profissão.

Destaca-se também o número de prisões de jornalistas por causa de notícias ou investigações ligadas à actual crise pandémica. Neste caso, 14 jornalistas continuam “atrás das grades”, sete dos quais na República Popular da China. 

O outro vírus

A organização lançou no passado mês de março o “Observatório 19”, dedicado a casos de perseguição, detenção e pressão contra jornalistas devido a notícias sobre o SARS CoV-2.

O estudo refere em concreto “mais de 300 incidentes directamente ligados à cobertura jornalística da crise sanitária” entre Fevereiro e o fim de Novembro e que afectou directamente 450 profissionais.

“As interpelações e prisões arbitrárias” que representam “35 por cento dos abusos relatados ” (violência física e moral), “multiplicam-se por quatro entre Março e Maio”, indica o documento da RSF.

As leis de excepção ou as medidas de urgência adoptadas na maior parte dos países para contenção da pandemia “contribuíram” para “confinar a informação”, alerta o relatório.

Por outro lado, “pelo menos 54 jornalistas estão actualmente sequestrados” na Síria, no Iémen e no Iraque, um número que baixou 5 por cento em relação ao ano passado.

De acordo com a organização não-governamental, quatro jornalistas desapareceram em 2020, ao contrário de 2019 em que não ocorreu nenhum desaparecimento. Os quatro profissionais desaparecidos foram identificados pela RSF e são originários do Médio Oriente, África e América Latina

15 Dez 2020

Ensino | Governo nega obrigar escolas a dar aulas em mandarim

A DSEJ diz que as escolas têm autonomia para escolher a língua de ensino, e que nunca foi obrigatório que as aulas fossem dadas em mandarim. O organismo defende que as exigências académicas passam pela “necessidade de equilíbrio” com o cantonense – que se diz ter “grande riqueza cultural”

Em resposta a uma interpelação escrita por Sulu Sou, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) nega que alguma vez tenha obrigado escolas a ensinar em mandarim. “A DSEJ nunca obrigou escolas a ministrarem o ensino da disciplina de Chinês, em mandarim, nem lhes exigiu que ensinassem outras disciplinas em mandarim”, afirmou o director da DSEJ, Lou Pak Sang.

Em resposta, o director da DSEJ explica que as exigências de competências académicas destacam a “necessidade do equilíbrio entre o cantonense e o mandarim”, passando os objectivos curriculares pelo uso fluente do cantonense e utilização do mandarim para comunicação básica. 

Lou Pak Sang apontou que as escolas podem desenvolver os seus próprios currículos e escolher a língua de ensino, garantindo que as políticas do Ensino da Língua na Área do Ensino Não Superior “enfatizam a importância da conservação dos hábitos e das tradições na utilização da língua, falada e escrita, em Macau”. Neste âmbito, Lou Pak Sang disse que a DSEJ lançou vários materiais didáticos impressos em caracteres chineses tradicionais. 

Olhando para os últimos dez anos, o director aponta que foram organizados 450 cursos de formação e workshops para professores de chinês, com mais de 16 mil participantes. De entre estas iniciativas, 50 abrangeram “o estudo dos assuntos de Macau, o ensino das características do dialecto cantonense, a língua e cultura locais e a promoção do património cultural através de visitas de estudo e de aprendizagem a diversos locais, que contaram com a participação de mais de 1.600 pessoas”.

A DSEJ promete continuar a apoiar as escolas no sentido de permitir aos alunos aprenderem simultaneamente cantonense e mandarim, e usarem pelo menos uma língua estrangeira, como o português ou inglês, para “aumentar a competitividade”. 

Riqueza cultural

Em interpelação escrita, Sulu Sou tinha pedido para o Governo estudar a inclusão do cantonense na lista do património cultural intangível. A DSEJ declarou que de acordo com a UNESCO, a língua não é incluída como património cultural imaterial, mas que o Instituto Cultural (IC) destaca ainda assim a função “transportadora” da língua e enquanto intermediária desse património. A lista de património intangível de Macau conta com 70 manifestações culturais, entre elas o teatro em Patuá e a Ópera Cantonense. 

“O dialecto de cantonense, na qualidade de uma língua regional de grande peso, cuja fonologia e vocabulário contêm uma grande riqueza cultural tradicional. É visto, portanto, como uma transportadora de tradição verbal e uma forma de expressão regional, muito caracterizado pela típica cultura local”, responde Lou Pak Sang. 

A resposta indica que as autoridades não fecham portas à inclusão no inventário do património intangível de outros projectos considerados tradicionais, com o IC a apontar que vai aproveitar para registar e estudar “lendas, baladas, enigmas e contos populares” expressos em cantonense. 

15 Dez 2020

Covid-19 | Governo comprou vacinas produzidas na China, Europa e Estados Unidos

As farmacêuticas Sinopharm, BioNTech e AstraZeneca foram as escolhidas para vacinar a população de Macau contra a covid-19. A cada uma foram compradas 400 mil doses, esperando-se que as primeiras cheguem antes de Março. Menores de 16 anos e grávidas não vão ser vacinados

O Governo encomendou 400 mil doses de vacinas contra a covid-19 à Sinopharm, BioNTech e AstraZeneca, anunciou ontem a coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. Um dos aspectos destacados pelo Governo é o poder de escolha resultante da oferta que será disponibilizada. “A população pode escolher qual a vacina que quer que seja administrada”, avançou Leong Iek Hou, ressalvando que isso só será possível quando houver mais de um tipo de vacina disponível.
Prevê-se que as vacinas do grupo Sinopharm – fabricadas em Pequim – cheguem até Março do próximo ano. Seguem-se as vacinas de RNA mensageiro, da BioNTech, adquiridas à Fosun Pharma e produzidas na Alemanha, França e Bélgica. Esta remessa tem data de chegada mais indefinida, primeiro semestre do próximo ano.
A terceira vacina, feita com base num vector modificado de adenovírus, é da farmacêutica Astrazeneca e chega a Macau no segundo ou terceiro trimestre de 2021. O agente de venda é de Hong Kong, e o produto é fabricado nos EUA.
Por motivos de confidencialidade, Leong Iek Hou não revelou o orçamento para a compra destas vacinas. A sua administração é voluntária, e os residentes estão isentos de pagamento. No entanto, as autoridades continuam sem assegurar gratuidade para trabalhadores não residentes.
Macau aderiu à aliança para vacinas e imunização da Organização Mundial de Saúde em Julho, e em Setembro adquiriu cerca de 200 mil doses, tendo já pago o depósito. Porém, prevê-se que as vacinas no âmbito da COVAX cheguem apenas entre Outubro e Dezembro do próximo ano.

Uma fatia de fora

As autoridades adiantaram ontem novidades em relação aos indivíduos com prioridade para a administração da vacina. “Os grupos de pessoas altamente expostas ao risco e com maiores necessidades são os primeiros destinatários da vacina, nomeadamente o pessoal da linha da frente: profissionais de saúde, bombeiros, polícias”. As autoridades de saúde apontam também como “grupos altamente expostos no trabalho” funcionários na área do transporte de mercadorias ou que contactam com produtos congelados e refrigerados. O terceiro grupo são residentes que têm de sair de Macau para ir ao estrangeiro.
“Depois da administração da vacina destes três grupos de pessoas com maior necessidade é que vamos efectuar a vacinação de toda a população”, disse Leong Iek Hou. No entanto, dados recentemente conhecidos afastam uma parte da população do plano de inoculação. Assim sendo, ficam de fora menores de 16 anos, grávidas, e mulheres que pretendam engravidar nos três meses seguintes.
A administração urgente de vacinas foi posta de parte. Já não se considera “premente” porque, entretanto, os ensaios clínicos estão finalizados. A coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença apontou que não será exigido às farmacêuticas que forneçam de uma só vez as 400 mil doses adquiridas, pelo que haverá fases de entrega diferentes. Também vai ser tido em conta o espaço para armazenamento e conservação das vacinas.
Apesar de não haver planos para exigir vacinação a quem vier a Macau, o médico Alvis Lo Iek Long não afasta essa possibilidade.

15 Dez 2020

Clube Militar assinala 150 anos e testa “a capacidade de se reinventar”

O Clube Militar de Macau comemora 150 anos num ano “extremamente difícil” devido à pandemia e que testa mais uma vez a capacidade de a instituição se reinventar, salientou à Lusa um dos membros da direcção, Manuel Geraldes.

O Clube Militar passou por momentos “extremamente difíceis ao longo da sua História”, o edifício, “de grande e rara beleza”, chegou a fechar, “serviu de casa de refugiados” da guerra e de repartição de finanças, “mas sempre soube ressuscitar” e a assumir-se como ponto de encontro entre as comunidades locais e lusófonas, frisou.
O ex-presidente da instituição privada, desde a sua fundação, admitiu “momentos menos felizes”, mas destacou sobretudo as “fases de grande glória”, que contam histórias de encontros de culturas, chinesa e portuguesa, das forças armadas com a sociedade civil.
Desde a sua fundação, em 1870, existem momentos que Manuel Geraldes faz questão em enumerar, orgulhoso da forma como a associação conseguiu, à semelhança de Macau, preservar a História onde habitam tantas culturas diversas.
Alguns exemplos: Em 1912, recebeu o primeiro Presidente da República Popular da China, Sun Yat Sen, que “veio a Macau para estar com os seus amigos, que lhe tinham dado apoio”, lembrou.
Na década de 60 do século passado, após servir de alojamento a refugiados da guerra e de funcionar como repartição de finanças, resgatou “a sua actividade normal como ponto de reunião e convívio, não só para oficias das forças armadas, (…) mas também com a sociedade civil”.

Depois de Abril

Em 1975, novo teste à capacidade de adaptação, após “as forças armadas terminarem a sua missão em Macau”, cuja renovação dos estatutos ajudou a abrir ainda mais a instituição à sociedade, com o clube a abraçar, gradualmente, a vocação “ao longo dos anos 80 e 90 como um importante ponto de encontro da comunidade portuguesa”, acrescentou.
Um ano depois de ter celebrado os 20 anos da transferência de Macau para a China, o Clube Militar celebra agora os seus 150 anos, num momento que trouxe muitos e inesperados desafios à instituição, muito por culpa da pandemia.
“Foi um ano muito difícil para toda a gente, (…) mas para o clube em si, na sua estrutura e conceito de sustentabilidade, foi tremendo. Temos alguma preocupação, mas por outro lado estamos confiantes (…) que em conjunto vamos encontrar uma solução”, disse.

14 Dez 2020

Classe sanduíche | Novo Macau quer lista de espera para acesso à habitação

Lista de espera e preço sem interferência do mercado privado são dois dos desejos da Associação Novo Macau em relação à habitação para a classe sanduíche. Sulu Sou quer também medidas especiais para os jovens conseguirem fracções

Rocky Chan, vice-presidente da Associação Novo Macau (ANM), defendeu que os preços das casas da classe sanduíche devem ser definidos com base no valor de construção e no poder de compra dos candidatos, sem influência do mercado imobiliário privado. Em comunicado, a ANM explicou que defende também a criação de um sistema de pontuação e lista de espera.
O representante da associação entende que o benefício seria mútuo: ajudar o Governo a perceber o nível de procura para cada tipo de habitação, e permitir aos candidatos planear melhor a vida por terem acesso a mais informação, como o tempo de espera para uma casa.
“A oferta de habitação económica e social vai inevitavelmente ser afectada por novos tipos de habitação como a destinada à classe sanduíche, e apartamentos para idosos”, diz a nota. Rocky Chan entende que o Governo deve definir a prioridade, alvo e distribuição dos diferentes tipos de habitação – social, económica e de classe sanduíche – e planos gerais que promovam as funções de complementaridade entre cada modalidade.

Tratamento especial

A Novo Macau teme que a habitação para a classe sanduíche não responda às necessidades dos jovens, a menos que sejam criados mecanismos especiais nos concursos de acesso. Face às recomendações do limite mínimo de rendimentos dos candidatos, a ANM quer que sejam criadas opções como o arrendamento antes da compra, candidaturas independentes ou outras medidas preferenciais para jovens. Caso contrário, podem ser “completamente excluídos”.
De acordo com a nota, Sulu Sou frisou que Macau tem sido marcado pela ausência de política de habitação ao longo de vários anos e que “face aos preços desproporcionalmente altos para a habitação privada, a insatisfação dos jovens com problemas habitacionais tornou-se um grande factor de instabilidade social”.
A consulta pública sobre o plano de habitação para a classe sanduíche terminou na sexta-feira.

14 Dez 2020

TUI | Mantidas penas de prisão a três indivíduos por associação criminosa

O Tribunal de Última Instância (TUI) negou os recursos apresentados por três indivíduos acusados do crime de “associação ou sociedade secreta” e usura, tendo mantido as penas de prisão de 12 anos, oito anos e cinco meses e ainda oito anos e seis meses de prisão. O caso remonta a 2016, quais os três homens, “juntamente com vários indivíduos do Interior da China, formaram um grupo que, actuando de forma organizada e com a divisão de tarefas, auferiam lucros através da concessão de empréstimos a jogadores nos casinos de Macau e da cobrança de juros altos (30 a 50 por cento) a jogadores”. O Tribunal Judicial de Base condenou também os três réus pela prática do crime de “usura para jogo”. Desta forma, A foi condenado a 16 anos, enquanto que B e C foram condenados a nove anos de prisão. Os três recorrentes ficaram proibidos de entrar em salas de jogo. Depois de apresentado recurso para o Tribunal de Segunda Instância (TSI), este decidiu condenar os três indivíduos pela prática dos crimes de “usura para jogo”, fixando uma pena única de 12 anos, oito anos e cinco meses e ainda oito anos e seis meses de prisão. Segundo o acórdão do TUI, os três recorrentes entendem que existiu “erro na decisão da sua condenação pelo crime de ‘associação ou sociedade secreta’, como também na de excesso de pena”. O TUI decidiu manter as penas aplicadas pelo TSI.

 

 

11 Dez 2020

EUA | Wan Kuok-koi com contas congeladas e proibido de fazer negócios

O departamento do Tesouro dos EUA aplicou sanções a Wan Kuok-koi, antigo líder da tríade 14K, no âmbito da implementação de medidas de combate à corrupção. As contas bancárias e outros bens que “Dente Partido” tenha nos EUA ficarão congelados. Já os americanos estão proibidos de fazer negócios com ele

Wan Kuok-koi foi sancionado pelo Tesouro norte-americano no âmbito de medidas que têm sido aplicadas na área do combate à corrupção. Segundo a CNN, o antigo líder da seita 14K, nascido em Macau, conhecido também como Pan Nga Koi ou “Dente Partido”, terá as contas bancárias nos EUA congeladas, tal como outros bens, enquanto que os cidadãos norte-americanos não poderão fazer negócios com ele.

O Tesouro norte-americano considera que a 14K é “uma das maiores organizações criminais chinesas do mundo”, relacionada com “tráfico de droga, jogo ilegal, extorsão, tráfico humano e uma série de outras actividades criminosas”.

Apesar de ter saído da prisão em 2012, depois de cumprir uma pena de 13 anos e 10 meses por ligações ao crime organizado, as autoridades americanas consideram que Pan Nga Koi continua associado ao mundo do crime. A 14K “está a utilizar a associação do “Dente Partido”, Associação para a História e Cultura de Hongmen, como um esforço de legitimização” em Macau e Hong Kong.

Negócios asiáticos

A atenção do Tesouro dos EUA às actividades de Pan Nga Koi não é de agora e já em 2018 a autoridade descreveu que Wan Kuok Koi estabeleceu a associação no Cambodja, mantendo através dela ligações estreitas a figuras da elite deste país e também da Malásia.

“Este continua a ser um padrão de cidadãos chineses no estrangeiro que tentam esconder as suas actividades criminosas ilegais, mascarando as suas acções através da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, o Sonho Chinês ou outras iniciativas do Partido Comunista Chinês (PCC)”, descreveu o Tesouro dos EUA.

Neste sentido, a associação de Pan Nga Koi “tem vindo a espalhar-se por todo o sudeste asiático, estabelecendo uma poderosa rede de negócios que envolve o desenvolvimento e lançamento de criptomoeda, imobiliário e mais recentemente uma empresa de segurança especializada em proteger os investimentos na área de ‘Uma Faixa, Uma Rota’”.

Desde que saiu da prisão, Pan Nga Koi tem tentado firmar-se como um empresário envolvido em negócios legítimos em regiões como o Cambodja e Palau. O Tesouro norte-americano destacou o facto de Wan Kuok Koi pertencer à Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

As sanções foram também aplicadas à Associação para a História e Cultura de Hongmen bem como à Associação Cultural Palau China Hung-Mun e o grupo Dongmei, de Hong Kong, os quais são “detidos ou controlados” por Pan Nga Koi. A CNN tentou contactar a associação e o próprio “Dente Partido”, mas não obteve quaisquer comentários.

11 Dez 2020

PJ | Detido suspeito de violar menor em 2016

A Polícia Judiciária (PJ) deteve na passada sexta-feira um residente de Macau de 24 anos, suspeito de ter participado, por duas vezes, na violação de uma menor em 2016. Na altura, o suspeito tinha 20 anos e a vítima 14. O namorado da vítima, detido desde 2017, terá participado nas mesmas violações, sendo também arguido no caso.
Segundo revelou ontem a PJ, em conferência de imprensa, ambas as violações remontam a 2016. No primeiro caso, o namorado, cuja idade não foi revelada, terá convencido a vítima a ir até sua casa na zona central da cidade, na companhia de outro homem. Já em casa, a vítima terá recusado ter relações sexuais com o segundo homem, mas, apesar da resistência, acabou mesmo por ser violada tanto por ele, como pelo namorado.
Noutra ocasião, mais precisamente a 20 de Março de 2016, revelou o porta-voz da PJ, o namorado terá levado a vítima e o segundo suspeito de carro para “um monte”. Aqui, a vítima terá sido uma vez mais forçada a ter relações sexuais, depois “de lhe ter sido tirada a roupa de forma violenta” e de não ter dado consentimento ao suspeito para o fazer.
O caso veio a lume somente em 2017, após a vítima ter contado a uma amiga que, em certa altura, o namorado tinha usado estupefacientes para a deixar inconsciente. Por sua vez, a amiga ligou ao Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) a relatar o sucedido, sendo que os casos de violação foram descobertos, somente após a vítima ter sido interrogada pelo magistrado que ficou a cargo do caso.
No dia 12 de Setembro de 2017, a PJ conseguiu deter o namorado, tendo este sido levado para o Ministério Público (MP) no dia seguinte. O mesmo não aconteceu com o segundo suspeito que, ao longo dos últimos três anos “tem conseguido esquivar-se à polícia”. Contudo, na passada sexta-feira, o homem que também participou nas violações a par com o namorado, foi detido no posto fronteiriço das Portas do Cerco, ao tentar sair de Macau.

Sem escapatória

Segundo a PJ, o homem detido na passada sexta-feira negou a prática de qualquer crime e os dois suspeitos já foram presentes ao MP. O segundo suspeito irá responder pela prática dos crimes de estupro e violação.
Caso se confirme a acusação, no caso do estupro, o homem pode ser punido com pena de prisão até 4 anos, por ter abusado da “inexperiência de menor entre 14 e 16 anos” para “prática de cópula, coito anal ou coito oral, ou o levar a praticá-lo consigo ou com terceiro”.
Pelo crime de violação, o homem pode ser punido com pena de prisão de 3 a 12 anos.
Sobre o primeiro suspeito, ou seja, o namorado, não foi adiantado o enquadramento penal em que este poderá incorrer.

10 Dez 2020

Justiça | Sam Hou Fai reconduzido como presidente do Tribunal de Última Instância

No rescaldo de uma das principais polémicas do seu mandato à frente do TUI, Sam Hou Fai vai ser reencaminhado no cargo por mais três anos, até 2023. Já a juíza Teresa Leong, pediu para se reformar

O juiz Sam Hou Fai vai ser reconduzido no cargo de presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) durante mais três anos. A notícia foi avançada ontem pela Rádio Macau.
Segundo a informação da emissora, o actual mandato de Sam Hou Fai termina a 20 de Dezembro, mas vai ser renovado até Dezembro de 2023. O magistrado é a única pessoa a ter ocupado o cargo desde a criação da RAEM, o que aconteceu em Dezembro de 1999.
A recondução de Sam Hou Fai surge após o magistrado ter estado envolvido numa das principais polémicas dos seus mandatados, que envolveram ainda o presidente da Associação dos Advogados de Macau, Jorge Neto Valente, e o Conselho de Magistrados Judiciais, órgão presidido pelo próprio Sam Hou Fai.
Em causa, esteve o discurso proferido pelo juiz na abertura do ano judiciário, quando o magistrado elogiou as mudanças legislativas que permitem que certos processos possam ser decididos pelo TUI. No mesmo discurso, Sam Hou Fai apontou o exemplo de uma disputa entre o Governo da RAEM e a empresa Iao Tin no que diz respeito ao direito de propriedade de um terreno na Taipa.
No entanto, as palavras caíram mal ao presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), Jorge Neto Valente, que criticou o magistrado por comentar um caso sobre o qual ainda tinha de tomar uma decisão. Por este motivo, o advogado pediu ao juiz a escusa do processo.
Apesar de não ter feito uma declaração de interesse, o escritório do actual presidente da AAM representa um dos intervenientes no processo, o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, em inglês), que a troco de um empréstimo à empresa Iao Tin recebeu como garantia o terreno que o Governo pretende recuperar.

Posição conjunta

Após as primeiras críticas, a resposta de Sam Hou Fai chegou através do Conselho de Magistrados Judiciais, que em comunicado acusou Neto Valente de desvirtuar “deliberadamente” e interpretar “inveridicamente” e “erradamente” o discurso. Porém, Neto Valente manteve que as declarações do juiz tinham contrariado a lei, no aspecto em que impede os magistrados de falar de casos específicos.
No discurso da polémica, o presidente do TUI defendeu ainda um afastamento do sistema jurídico de Macau da realidade de Portugal, por considerar que as duas regiões divergem “consideravelmente em ética moral, concepção de valores, usos e costumes, património cultural e muitos outros aspectos”. Sam Hou Fai considerou ainda que “as disparidades merecem […] atenção na elaboração e aplicação de lei, e devem ser encaradas com imensa cautela”.
Ainda de acordo com a Rádio Macau, a juíza Teresa Leong, que faz parte do Tribunal Judicial de Base desde 1999, fez entrar o pedido de reforma. Além de juíza, Teresa Leong é uma das docentes dos cursos de Formação para Ingresso nas Magistraturas Judicial e do Ministério Público.

10 Dez 2020

Gastronomia | Restaurante 3 Sardinhas inaugura conceito de peticos em Macau

Desde da inauguração em Junho que a casa está cheia. André Da Silva Gomes, Pedro Almeida e Mauro Almeida são os três chefs responsáveis pelo 3 Sardinhas, espaço dedicado exclusivamente a servir petiscos. Neste “Dim Sum” à portuguesa, a ideia é partilhar sem ter de escolher e sempre em família

“Passar a porta do 3 Sardinhas é a mesma coisa que estares a entrar em casa da tua avó. Há sempre aquela saudade, nostalgia e aqueles objectos que estão lá, não se sabe bem porquê”, começou por dizer André Da Silva Gomes, fundador e chef do estabelecimento inaugurado em Junho.

Nas paredes há rádios antigos, ferros de engomar, objectos de função questionável, aquecedores a óleo e, claro, máquinas de costura de marca Singer perfiladas em prateleiras. A luz que entra pela janela é escolhida a dedo e não abunda. Subindo ao primeiro andar é dado a escolher se o cliente pretende sentar-se num assento, que noutros tempos voou no interior de um avião da TAP, ou em velhas cadeiras da plateia do Teatro da Trindade, em Lisboa.
André Da Silva Gomes, Pedro Almeida e Mauro Almeida compõem o trio de chefs fundadores e responsáveis pela gestão do 3 Sardinhas. A ideia de abrir em Macau uma casa de petiscos já vem de trás, mas acabou por ser concretizada apenas este ano, apesar de todos os temores em torno da crise gerada pela pandemia. O objectivo é permitir, através dos petiscos, que cada cliente possa ter a oportunidade de provar mais pratos.
“Quando começámos a pensar no projecto, sentimos a necessidade de diminuir muito as doses para que as pessoas pudessem provar mais pratos, principalmente turistas que estão em Macau durante dois dias e querem provar a gastronomia portuguesa”, explicou Pedro Almeida ao HM. É como se fosse um Dim Sum português, porque os chineses adoram pedir 10 pratos (…) e adoram comida portuguesa, que normalmente vem sempre em grandes doses”, acrescentou.

Sobre os riscos calculados que a abertura do novo espaço, numa altura de crise, poderia acarretar, André Gomes afirmou que o contexto difícil até jogou a favor do projecto, já que muitos portugueses estão impossibilitados de ir a casa.
“Estamos todos confinados aqui, os portugueses não podem ir a casa, então trouxemos a casa a eles. O mesmo acontece com os locais. Por isso, queríamos abrir algo novo como o 3 Sardinhas, com vida e histórias por trás de cada decoração e cada telha. Além de ser um conceito que não existia em Macau”, partilhou.

Casa cheia

De acordo com Pedro Almeida, desde a data de abertura que o espaço está “completamente cheio”, o que motivou inclusivamente mais tarde a abertura do restaurante Portucau. Além das sardinhas, entre os pedidos mais costumeiros contam-se o polvo frito, as costelinhas e os peixinhos da horta.
“Queríamos demonstrar a gastronomia portuguesa a toda a gente. Aos portugueses que têm saudades de ir a Portugal beber uns canecos e comer uns petiscos. Mas também aos turistas e aos locais a quem queremos mostrar que a cozinha portuguesa é muito mais que leitão, arroz de marisco e bacalhau à brás”, acrescentou André Gomes.
Sobre a influência que a gastronomia e o paladar de Macau teve na forma de confeccionar os petiscos servidos no 3 Sardinhas, Pedro Almeida aponta que a principal adaptação passa por “não matar a comida com sal”, como acontece em Portugal, até porque permite aproveitar muito melhor os produtos.
“Os chineses estão certos, estamos a matar a comida com sal. Estamos a comprar um produto bom e depois encharcamo-lo com sal. Por isso, cortámos um pouco no sal, ninguém vai morrer. Pelo contrário até damos alguns anos de vida às pessoas. Se querem mais sal, está na mesa”, apontou.
O chef acrescenta ainda que há determinados produtos como os pastéis de nata que não devem ser comparados com o que se faz em Portugal por ser uma evolução adaptada ao gosto e à cultura local e não uma receita replicada.
“Quando compro um, não penso que vou comer um pastel de nata, mas sim um pastel de Macau e vou apreciá-lo dessa forma e isso permite-me ver que há bons e maus dentro daquilo que é”, rematou.

9 Dez 2020

Vacinas | Alvis Lo diz não ser necessária autorização de administração urgente

Depois de o Governo ter anunciado a chegada este mês de vacinas de emergência para o pessoal da linha da frente, o médico Alvis Lo Iek long disse que não é necessário autorizar a administração urgente. As vacinas vão ser gratuitas para residentes e tomadas de forma voluntária

O Governo anunciou, no debate das Linhas de Acção Governativa, que iam chegar este mês vacinas urgentes para o pessoal da linha da frente, como médicos, enfermeiros e bombeiros. No entanto, o médico Alvis Lo Iek Long afirmou em conferência de imprensa na segunda-feira que a situação do território não requer a sua administração.
“Com a actual situação epidémica de Macau, não é necessário que seja autorizada administração urgente da vacina”, diz uma nota do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.
Em comunicado, indica-se que as vacinas encomendadas por Macau incluem diferentes técnicas de produção e que não serão obrigatórias. “Alvis Lo sublinhou que a introdução de vacinas por parte do Governo da RAEM terá como grande princípio a sua segurança e a eficácia, e que a vacinação terá como pressuposto a voluntariedade”, descreve.
A distribuição das primeiras vacinas vai ser ajustada de acordo com a quantidade, mas mantém-se a prioridade de vacinação para os trabalhadores da linha da frente, ou residentes com necessidade de se deslocarem ao estrangeiro. O médico escudou-se em acordos de confidencialidade relacionados com negociações comerciais assinados com diferentes laboratórios para não dar pormenores sobre a quantidade e calendários de aquisição de vacinas.
De acordo com a TDM Rádio Macau, Alvis Lo Iek Long reconheceu que numa fase inicial a maioria das pessoas pode esperar por ter receio, e que os residentes serão incentivados a tomá-la, mas garantindo que não vão ser usados meios de obrigatoriedade. Além disso, confirmou que as vacinas serão gratuitas para residentes, deixando para o futuro se a isenção de pagamento também se vai aplicar a trabalhadores não residentes.

Autorizações e rejeições

Até dia segunda feira foram recebidos 139 pedidos para entrada de 158 indivíduos em Macau. Recorde-se que a partir deste mês os estrangeiros que tenham estado no Interior da China nos 14 dias antes de entrarem em Macau podem entrar no território, mediante uma aprovação prévia do Governo que é cedida em situações excepcionais, como reunião familiar, actividades profissionais ou educacionais. Dos pedidos registados, 20 foram autorizados e 11 foram rejeitados por não cumprirem os requisitos.
Por outro lado, desde o início da pandemia até domingo já 20.376 pessoas foram encaminhadas para quarentena. Na segunda feira estavam em observação médica 1.492 indivíduos, duas em instalações dos Serviços de Saúde e as restantes nos hotéis designados. O Grande Coloane Resort voltou a fazer parte dos hotéis usados para quarentenas, com 200 quartos disponíveis.
Entre 30 de Novembro e 6 de Dezembro foram testadas mais de 97 mil pessoas em Macau, e submetidas 807 pessoas a observação médica. Macau não regista casos importados de covid-19 há mais de 160 dias.

9 Dez 2020

Plano do ensino não superior a dez anos em consulta pública até Janeiro

O patriotismo é uma das directivas prioritárias no ensino e faz parte do Planeamento a Médio e Longo Prazo do Ensino Não Superior dos próximos dez anos, que está em consulta pública até 22 de Janeiro de 2021. A diminuição da pressão no ensino aparece também entre os objectivos do Governo

 

[dropcap]A[/dropcap] consulta pública sobre o Planeamento a Médio e Longo Prazo do Ensino Não Superior até 2030 arrancou este fim-de-semana. “A prioridade na educação dos alunos deve focar-se na moralidade, tendo como objectivo cultivar o sentimento do amor pela Pátria e por Macau e a visão internacional dos alunos”, diz o documento de consulta da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). A tónica no patriotismo é um dos quatro pontos chave para o ensino nos próximos dez anos.

Além da aposta para que os estudantes ganhem conhecimentos sobre assuntos nacionais e da cultura chinesa, o Governo quer que os alunos desenvolvam uma “visão global”, bem como “a compreensão e tolerância intercultural”. Entre os objectivos, está ainda o reforço da capacidade de comunicarem em mandarim, português e inglês.

A nível curricular, a DSEJ inclui no plano uma revisão contínua e alteração dos materiais didáticos das disciplinas de educação moral e cívica, história e língua chinesa, para que sejam usados como referência nas escolas.

O plano educacional aponta que as exigências na área da educação e a necessidade de mais quadros qualificados aumentaram, “criando a necessidade de uma maior qualidade e diversificação”.

Outro dos pontos chave para o futuro, é o desenvolvimento do “soft power”, em que o Governo pretende que os estudantes tenham uma aprendizagem interdisciplinar e ganhem “capacidade crítica e o pensamento baseado na lógica” e filosofia. Neste âmbito, estão previstos recursos para promover a leitura.

Menos pressão

Em foco, estão ainda o aumento da felicidade e o reforço do ensino criativo e tecnológico. A saúde mental dos estudantes e a diminuição da pressão do ensino estão inseridas na direcção prioritária do “sentimento de felicidade”. As metas passam por “desenvolver a profundidade e amplitude dos serviços dos agentes de aconselhamento aos alunos destacados nas escolas, em especial com o objectivo de prevenção do bullying escolar, comportamentos desviantes e ansiedade na aprendizagem”.

Já a aposta em competências de inovação e literacia informática, é voltada tanto para alunos como para professores – para os quais está prevista formação com o objectivo de gerar capacidades orientadas para a educação inteligente.

No entanto, as medidas propostas vão além destas prioridades. O Governo pretende também criar uma base de dados dos alunos sobredotados e dos estudantes com necessidades educativas especiais. A par disto, será dado apoio à constituição de equipas do ensino inclusivo nas escolas e aumentado o investimento em recursos para os serviços terapêuticos. Por outro lado, é sugerida uma revisão do regime de retenção de ano.

A consulta pública decorre até 22 de Janeiro de 2021. Para 2025, está prevista uma avaliação intercalar e revisão dos objectivos traçados pelo Governo.

7 Dez 2020