Miguel Rosa Duque: “Partilhar conhecimentos é essencial e um prazer”

Miguel tem 39 anos, nasceu em Macau, é mestre em Design de Ambientes Virtuais pela Universidade de São José e bacharel em Multimédia (Artes) da Curtin University em Perth, Austrália. Foi para lá em 1999 após terminar o liceu em Macau pois, por estes lados, não existia qualquer oferta de formação na área da multimédia como ele pretendia.
Considera-se um escultor digital, que define como “uma forma de arte e um meio de exprimir a imaginação por via da tecnologia”. Para além disso, atenta que é uma actividade que lhe permite “trabalhar de maneira aleatória dando forma a várias [ideias] e pensamentos”.
Uma especialidade que, para além da aplicação na indústria cinematográfica pode, inclusivamente, gerar outras áreas de negócio: “imagina produzir a tua imagem num ambiente virtual e depois imprimi-la em 3D. Ficas com um bonequinho que és tu.” Produzir retratos realistas de pessoas em 3D é mesmo uma paixão “porque é um grande desafio”, considera. “Há inúmeros detalhes a que precisamos de ter atenção. E conseguir fazer algo em que a pessoas se reconhecem é um gozo”, garante.
Teve mesmo dois trabalhos em 3D que foram publicados em dois números diferentes da 3D Artist Magazine, uma revista britânica de impacto no sector. Eram elas “Alien Cherokee” e “Captain Beleza”.
Actualmente, trabalha como Director Criativo na Hogo Digital onde gere uma equipa de mais três designers, dedicando-se, não só mas especialmente, à produção de websites – uma actividade a que se dedica há 22 anos e na qual se especializou. Um sector que o jovem entende necessitar muito de evoluir em Macau, especialmente no que se refere à usabilidade e acessibilidade dos sítios, considerando que grande parte dos existentes têm graves lacunas a esse nível.
Para Miguel, facilitaria o trabalho de mudança de consciências para a necessidade de comunicar melhor se o Governo tivesse mais cuidado com os seus próprios sítios. “Vamo-nos deixar de bonecadas”, diz Miguel, “porque um website do Governo é feito para adultos, para informar e deve preocupar-se mais com a estrutura, com a forma, com a navegação e menos com decorações acessórias e ridículas”, explica. Um assunto, aliás, que na sua opinião, daria para um grande debate.

Daqui para Hollywood? Não

Trabalhar em Hollywood na produção de objectos digitais para cinema, “podia ser uma hipótese mas apenas como experiência”, diz Miguel Duque, porque o que gosta mesmo é de ensinar “e fazer pesquisa”, garante.
Foi professor durante quase cinco anos no Politécnico. Dava aulas nocturnas, em part-time, porque ainda não tinha o doutoramento, algo em que está realmente focado agora, inscrito no curso de Comunicação, com especialização em Negócios Online e Redes Sociais, da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau.
“Gosto é de dar aulas e espero fazê-lo a tempo inteiro”, confessa-nos. Para Miguel “partilhar conhecimentos é essencial e um prazer”. Além disso, como apaixonado pela pesquisa, foca-se na área das tendências do design no mundo online e em formas de comunicação tanto a nível pessoal e de relacionamentos como de negócio. Na experiência que teve como professor ficou a achar que “apenas uma mão cheia dos alunos sabe o que quer”. Para Miguel Duque “há uma falta de foco” na maioria dos aprendizes de designer, algo que desconfia estender-se também um pouco aos jovens de Macau em geral.

Quem sou

A mãe é de Santarém, o pai de cá… “macaense como eu, mistura”, explica Miguel, referindo ainda origens escocesas e, claro, chinesas, o que nos leva a pensar num dos assuntos do dia: a identidade macaense. Miguel enfrenta o debate de uma forma desassombrada dizendo: “nós estamos em vias de extinção porque o que faz o macaense é a fusão do chinês com o português e isso hoje acontece menos”, explica.
A extinção acontece “porque os portugueses já não olham tanto para os chineses de Macau, mas sim para os orientais de uma forma geral, de Taiwan à Tailândia”, diz Miguel.
Os porquês dessa realidade, ele atribui-os à mudança da sociedade de Macau que “tornou-se muito materialista”, diz, e talvez daí as razões de procurar amor noutras paragens.
Orgulhoso dos seus dois filhos – “tenho uma filha linda de 11 anos, em Inglaterra, de mãe inglesa e o meu chinoquinha, como eu lhe chamo, que tem uma mãe sino-americana, que vive cá e vai fazer 6 anos em breve” – Miguel considera que ser pai é uma grande responsabilidade, mas algo difícil em Macau pelo tempo e, especialmente, pelo dinheiro que isso requer. As questões económicas são mesmo a grande razão pela qual não pensa em ter mais filhos.
“É muito caro e as casas estão pela hora da morte”, diz-nos, adiantando que “ou o Governo se mete no meio ou estamos todos tramados com os preços das casas porque a tendência parece ser só subir”.
O que nos leva à sua opinião sobre viver por aqui. Macau, confessa-nos, é para si “o pior sítio para se começar uma família”. Para além do preço das habitações, a falta de espaços verdes “essenciais para que as crianças se liguem à Natureza” e a poluição do ar, que considera ser “do pior”, são factores decisivos para a sua opinião. “Agora até querem acabar com Coloane”, lamenta-se.
Mas nem tudo é mau, considerando que a grande vantagem de Macau “é ser pequeno” pois isso permite mais tempo para a família e amigos. Além disso, define a terra como um verdadeiro hub que permite partir para lugares completamente diferentes em muito pouco tempo e com viagens a preços acessíveis. “Essa é mesmo a maior vantagem de Macau”, garante.

11 Mar 2016

Padre, Café e Cucina | Danny Natoly, proprietário: “Tentamos não usar ingredientes artificiais”

Aberto há pouco mais de seis meses, o “Padre, Café e Cucina” roubou o nome à rua que o acolheu, do Padre António. Danny Natoli garante que ali se pode jantar e beber bom café, em conjunto ou em separado. O que importa é que o cliente se sinta em casa

“Quer um café? Este é bastante forte, costumo beber antes de tomar o expresso de manhã”. Foi desta forma que Danny Natoli, proprietário do restaurante “Padre, Café e Cucina”, recebeu o HM, mostrando o elemento diferenciador de um espaço que abriu há seis meses junto ao Largo do Lilau. Situado na Rua do Padre António, bem junto à esquina, o “Padre” pretende ser um restaurante de comida italiana mas também um café. Os sabores característicos dos grãos misturam-se facilmente com os de uma pizza ou massa acabados de fazer.
“Uma coisa boa deste lugar é que as pessoas que vivem aqui entram e perguntam quais são os pratos do dia, há essa ligação. Uma coisa que eu quero que o cliente perceba é que se pode sentar e tomar um café e sair em vinte minutos, ou pode mais tarde jantar com os amigos”, contou ao HM Danny Natoli, proprietário. O menu tem tudo aquilo que poderemos esperar de um restaurante tipicamente italiano. Há as pizzas caseiras, as saladas, massas e pães. Mas depois há uma variedade de cafés para todos os gostos, com grãos vindos de Melbourne e até do Burundi.
Danny Natoli aderiu a uma tendência cada vez mais crescente dos produtos livres de glúten e confeccionados de forma mais natural possível. “Tentamos não usar açúcar ou ingredientes artificiais na nossa comida, usamos muito poucos químicos. Queremos que a nossa comida seja o mais natural possível. Uso muitas ervas frescas nos meus pratos. Uma das dificuldades que sentimos aqui em Macau é ter um fornecimento de produtos consistente, sobretudo de produtos naturais. As farinhas são todas importadas de Itália, sendo que a maioria não contém glúten ou químicos. Quero mesmo evitar as farinhas processadas, porque as pessoas começaram a desenvolver alergias a determinados produtos” , contou. FB3
O “Padre” assume-se como sendo uma mistura de culturas, tirando partido da cultura local. “Temos comida italiana e receitas inspiradas em pratos locais. Por exemplo temos uma pizza com chouriço chinês, que tem um sabor doce. É como se fosse uma receita de pizza macaense, onde coloquei alguns sabores com os quais as pessoas estão mais familiarizadas”, disse Danny Natoli.

Australiano da Sicília

Danny Natoli sempre teve uma relação próxima com a cozinha, muito por culpa das origens sicilianas da família, apesar de ter sido criado em Melbourne, na Austrália. “A minha relação com a cozinha está muito relacionada com as minhas raízes italianas, cresci numa família onde as pessoas se reuniam à volta da comida, algo que também é semelhante às famílias portuguesas”, disse. “Este espaço é uma mistura. Podemos dizer que é um restaurante italiano com alguns elementos macaenses e com uma aposta no café. E é isso que faz com que seja um restaurante adaptado a Macau devido à história e à mistura cultural que aqui existe. As pessoas aqui reúnem-se muito à volta da mesa e os macaenses são um pouco como os italianos, que se reúnem sempre às refeições. Se isto fosse só um café italiano, teríamos aqui dez pessoas a beber café e a falar de coisas banais”, explicou. FB1
Danny Natoli precisou de seis meses para encontrar o espaço ideal para abrir o “Padre”. Quando o encontrou, foi difícil chegar ao projecto de decoração ideal. Hoje, com uma cozinha aberta para a rua e dois andares, o restaurante está como Danny sempre desejou. “Gostei logo deste espaço porque é junto à esquina, mas remodelá-lo foi difícil, estava completamente diferente.”
Os recursos humanos também foi outra etapa difícil que Danny Natoli teve de enfrentar. “As pessoas que trabalham comigo são óptimas, tenho uma pessoa já com alguma experiência em comida ocidental e todos os dias estão a aprender. Há uma rapariga de Macau que está a fazer um part-time. Claro que a barreira da linguagem é um problema, mas assim que começam a cozinhar aprendem depressa. O mais difícil também é encontrar pessoas que estejam interessadas em trabalhar numa cozinha”, rematou.

9 Mar 2016

Matilda Ip, modelo  

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]em um rosto bonito e uma figura elegante. É jovem, natural de Macau, ainda que não tenha passado toda a adolescência aqui. Experimentou estudar fora e foi também no exterior que participou em concursos de beleza, onde havia, diz, muita concorrência. 
Matilda Ip estudou Psicologia na Universidade de Macau (UM) e tirou ainda um curso de mestrado em Hong Kong sobre “aconselhamento de jovens”. Mas Matilda nunca chegou a trabalhar exactamente nesta área. Em 2014, candidatou-se pela primeira vez a um concurso de beleza, o Miss Grand International, na Tailândia.
“No concurso, estavam cem raparigas provenientes de diferentes países. Era no Verão, suei muito, mas foi engraçado. Visitei vários sítios e contactei com vários patrocinadores e média”, conta ao HM.
Na altura, não pensava em trabalhar “em frente às câmaras”. Quando lhe foi sugerido por uma amiga, e foi escolhida para representar Macau no concurso, teve alguma formação de como desfilar em palco, fazer posturas em frente das luzes, câmaras e o público. Algo que, diz, gostou muito. todos por HM
“Foi como se fosse uma viagem com um grupo de raparigas, porque raramente estive assim com tantas pessoas. No início não nos conhecíamos umas às outras, mas quando ficamos mais próximas, consegui perceber que eram muito simpáticas. Quando acabou o concurso, tive muitas saudade da nossa amizade, porque raramente tive oportunidade de conhecer amigos da Ásia, Europa e EUA ao mesmo tempo. E agora, quando vou visitar alguns países, tenho uma “guia” que é também minha amiga lá, para me apresentar os sítios mais fixes”, diz. 
O pai não demonstra o que sente ao ver a filha participar num concurso de beleza, mas Matilda conta-nos que a mãe a apoia a fazer o que gosta, que passa também, confessa-nos, por conhecer mais o mundo.
 

Vida ideal

Matilda já usou vestidos bonitos, foi alvo de maquilhagens perfeitas, arrebatou palmas do público. Ser uma rapariga num concurso de beleza parece ter trazido outra vida a Matilda, sobretudo em frente das câmaras.
Em 2015, Matilda foi convidada a participar no seu segundo concurso de beleza, a Miss Supranational, que teve lugar na Polónia. No início, hesitou muito, porque precisou de deixar o trabalho durante várias semanas, o que levou à preocupação dos pais.
Mas a decisão foi tomada: Matilda vai passar o limite da idade de participação porque vai fazer 26 anos este ano. Assim, partiu logo para o país europeu.
“Foi muito competitivo, as raparigas de outros países eram muito boas”, confessa-nos, relembrando. Não ganhou o prémio nesses dois concursos, mas a jovem assegura que gostou muito da experiência. Estes concursos, considera, são mais que uma competição. “Não é apenas pela beleza, mas também para aprender mais, pelo menos conhecer um outro país”.
Mas, além de conhecer amigas e outros países, para Matilda, as participações são carregadas de uma missão: a de representar a sua cidade natal, Macau.
“Para mim, participar num concurso de beleza é uma forma de fazer com que os outros conheçam Macau, não pensem que é apenas casinos e um sítio como uma mini Las Vegas. Posso apresentar Macau através de outros aspectos”.
Matilda lembra-se muito bem quando andava numa escola no Canadá quando tinha 15 anos: os colegas não sabiam onde Macau é, alguns deles sabiam apenas que é “ao lado de Hong Kong”.
A jovem quer ainda que as considerações sobre concursos de beleza passem a ser diferentes. “Quando falamos em concursos de beleza, as pessoas de Macau dão apenas atenção aos concursos em Hong Kong e desconhecem-nos, às pessoas de Macau, quando participámos nesses concursos. A situação é diferente de outros países, onde as pessoas apoiam muito e votam nas candidatas, fazendo até anúncios na televisão para promover as suas candidatas. Aqui quase nada, as pessoas pensam que as raparigas apenas vão trabalhar para televisão.”
Depois destas experiências, Matilda começou a receber convites para trabalhar como modelo em Hong Kong e Macau, participando em filmes e também como maquilhadora freelancer.
Agora, a jovem acabou de chegar a Xangai, onde está a trabalhar como uma “account executive” numa empresa de publicidade. Matilda vai dedicar-se mais os trabalhos “atrás das câmaras”.
Até porque, conta-nos, gosta muito de comunicar com os outros, sobretudo as crianças, razão pela qual, aliás, decidiu estudar Psicologia. 
Mas como não gosta de trabalhar fixamente num escritório, e quer experimentar mais, não tentou ainda um trabalho nesta área. 
Talvez calhe quando acabar o trabalho em Xangai. Matilda tem, pelo menos, planos na manga.

4 Mar 2016

“Moms”, apoio à maternidade | Maria Sá da Bandeira e Rita Amorim O, fundadoras

Acalmem-se as futuras mães pela primeira vez, apaziguem as que repetem a maternidade, sorriam os pais. “Moms” chegou a Macau e já está a marcar a diferença. Um serviço de apoio, carinho e dedicação às questões das mamãs, que pretende, a longo prazo, ser uma ponte de entendimento entre a comunidade e os serviços de saúde

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]qui vamos falar sobre amor. Amor de mãe, amor de pai. “Moms” (Macau Maternity Support) nasceu “de uma necessidade” apreendida pelas fundadoras, e também mães, do projecto. Maria Sá da Bandeira, especialista em rotinas e sono de bebé, e Rita Amorim O, psicóloga clínica, esclarecem as dúvidas de todos os agentes em volta da maternidade.
A “Moms” é “o resultado de, primeiro, experiências pessoais das gravidezes em Macau”, começam por dizer. É inegável a grande questão existente na comunicação dos serviços de saúde materna, no território, e as futuras mamãs de culturas diferentes da chinesa. “Ambas sentimos essa falha na falta de apoio no que respeita à gravidez e à maternidade”, confirma Maria Sá da Bandeira. Durante a conversa, Rita Amorim O vai acenando com a cabeça em concordância, interrompendo para acrescentar que é natural que esta falha de comunicação exista pois há várias variáveis. “Há a questão da língua e o apoio emocional. O colo que as mulheres grávidas precisam de ter ao longo dos nove meses de gravidez, é algo que não existe”, acrescentou.
Do mau faz-se o bom e, perante uma situação menos agradável, as fundadoras arregaçaram as mangas e criaram soluções. “Sentimos que existiam desafios emocionais, linguísticos e culturais que não têm resposta para os não falantes de Chinês. Por isso surgiu a ideia”, registou ainda Maria.

Doces sorrisos

Mas para tudo é preciso interesse, preparação e paixão. Neste caso nada falta a esta dupla que carrega em si um negócio, mas um negócio de emoções. “Claro que ambas gostamos muito desta área, gostamos de trabalhar com pessoas e famílias. Já tínhamos falado as duas sobre trabalhar juntas, criar alguma coisa, um serviço à comunidade e, portanto em conversas várias, e ao observar a realidade à nossa volta, acabámos por encontrar este espaço de acção”, apontou Maria. Moms2
Rita traz na bagagem a experiência de ser mãe em Portugal e Macau e, por isso, percebe, porque sentiu na pele, as diferenças que existem nos serviços. “Não é uma crítica ao que temos aqui, até porque nos serviços de Macau existem, por exemplo, os cursos de maternidade, ou sessões sobre a amamentação, mas são só para chineses”, referiu. Uma cidade que se quer internacional tem de estar preparada para os não falantes da sua língua e a “Moms” vem criar precisamente essa “ponte de apoio”.

Uma mão amiga

Apesar da cultura ser diferente – e dos próprios conceitos – também esta é uma barreira que a “Moms” consegue facilmente ultrapassar. “O nosso curso foi desenhado e pensado para pessoas com uma mentalidade e hábitos característicos da cultura ocidental, com aqueles que também nós [as duas] nos identificamos. Mas estamos de portas totalmente abertas para pessoas de cultura chinesa que tenham interesse e curiosidade e que até sentem alguma identificação”, sublinhou Maria.
De sorriso aberto e olhar materno, para além de mimarem as famílias, as fundadoras vêm trazer a base emocional para a grande aventura da chegada de uma criança. Os pais, esses, contam, são muito participativos e interessados, até porque uma gravidez é sempre “um projecto a dois”.
Para já existem três serviços estruturais que a “Moms” já está a oferecer desde o final do ano passado. Cursos de preparação para o parto, apoio psicológico durante a gravidez e no pós-parto e serviços de aconselhamento sobre rotinas de sono do bebé.
Sempre a apostar na formação, as fundadoras contam com o apoio de outras especialistas, como Yara Monteiro, fisioterapeuta, e Christina Kimont, doula. As sessões e consultas dividem-se entre os espaços resultantes de parcerias com o Centro educativo Club-P e a Doctor Clinic, ambas na Taipa.
Aos futuros papás, aqueles que já vivem a maternidade no seu auge, ou até só aos interessados, “Moms” “veio pacificar”. Com a família longe, a falta dos avós, dos amigos e das madrinhas, as possíveis falhas de comunicação acontecem e as dúvidas surgem. Os naturais receios e ansiedade batem à porta e as emoções podem entrar numa verdadeira viagem de carrossel. Com apoio, explicações e um olhar terno o processo da gravidez poderá ser lembrado mais tarde como a “fase mais bonita da grávida”.
Aos interessados, a “Moms” tem uma página oficial no Facebook – “Moms Macao” – e um email através do qual poderá entrar em contacto (momsmacao@gmail.com). O próximo curso de preparação para o parto está apontado para a segunda semana de Março, mas as inscrições já estão a acontecer.

2 Mar 2016

David Marques, professor | De Macau ao Canadá

David Marques tem um nome absolutamente português, mas só aprendeu o idioma durante dois meses na escola, quando era criança. Nascido em Macau e com amigos de diversas nacionalidades, David Marques fala com os amigos portugueses em Inglês, embora perceba uma ou outra palavra do que está a ser dito na língua de Camões. Percebe e sorri, piscando o olho, como quem brinca a um jogo de palavras.
Para contarmos a história de David Marques, teremos de ir ao Canadá muitas vezes e voltar. Teremos de ir buscar percursos familiares aqui e lá. David foi para o Canadá com a família quando tinha apenas nove meses de idade. Depois regressou a Macau e frequentou a escola durante algum tempo. Depois decidiu partir de novo.
“Estudei Ciência Política na Universidade de Calgary, em Alberta, no Canadá. A primeira vez que deixei Macau não tive escolha, tinha nove meses de idade e, assim, fomos para o Canadá. Quando tinha quase cinco anos fiz aqui a escola primária. Passei aqui a minha adolescência e quando tinha cerca de 14 anos decidi regressar e fiz lá a minha escola secundária. Porquê? Porque é muito mais divertido lá. E também me oferecia outras oportunidades. Fui para lá porque sentia também um pouco de nostalgia. Foi divertido, mas chegou a um momento em que era sempre a mesma coisa”, contou ao HM.
No Canadá viveu com a avó. “Foi assim que aprendi a cozinhar”, garante. Contudo, quando lhe perguntamos que pratos aprendeu, não são as receitas macaenses que vêm ao de cima. “Claro que a minha avó me ensinou a fazer creme brulée, uma receita muito importante. Também me ensinou a fazer puré de batata.”

Desconstruír a língua

Regressado ao território, David Marques dá aulas de Inglês a crianças em várias escolas e até ensina Chinês a estrangeiros com um método muito próprio. Na aula, cada caracter é desconstruído com recurso a desenhos e significados que levam a pessoa a memorizá-lo mais facilmente. A fazer um doutoramento em Educação na Universidade de São José (USJ), David Marques pretende, no próximo ano, realizar workshops na área criativa e deixar de lado as aulas.
O jovem tem uma resposta muito simples quando perguntamos porque é que aqui os expatriados demoram a aprender Chinês. “Não há um sistema de apoio para que as pessoas aprendam Chinês ou para o compreender. Não há programas de apoio à emigração, há alguns grupos, mas não há um apoio forte. No Canadá trabalhei com ONGs que ajudavam os emigrantes a integrarem-se no sistema do país.”
No seu caso, conta, nunca precisou de aprender Português. “E é como as outras pessoas, que não precisam de aprender Chinês, porque o nosso estilo de vida não exige isso. Em Hong Kong as coisas são diferentes, porque é fácil usar o Inglês também. Se formos para Zhuhai, temos de aprender Chinês numa semana.”

O legado em Coloane

Pelo meio, a Ciência Política foi ficando pelo caminho. David afirma que aquilo que aprendeu não se pode aplicar ao sistema político de Macau, embora, há muito tempo, tenha escrito artigos de opinião num jornal chinês. Mas a experiência não durou muito.
“Um dia escrevi um artigo sobre a necessidade de uma maior liberdade de imprensa, mas depois disseram-me no dia seguinte que estavam a reestruturar o jornal e que já não precisavam de mim”, diz com ironia. Confessa que há sempre um caminho a traçar para se ser Chefe do Executivo e que nem todos podem ou conseguem traçá-lo.
David Marques vive sozinho em Coloane na casa da família. Com frequência organiza festas para pessoas muito diferentes, mais ou menos próximos. O que interessa é que haja divertimento e uma boa conversa, porque aquilo que mais gosta de fazer é de conversar e partilhar pontos de vista. A vida no campo deu-lhe outros projectos.
“A casa é um legado da minha família, estou a aprender a desenvolver algumas capacidades enquanto projecto pessoal numa comunidade pequena.” A agricultura é um exemplo disso: às vezes trabalha ele próprio a terra.

26 Fev 2016

“Toca”, restaurante português | Fernando Marques, proprietário

Chegou há pouco tempo e já conquistou Macau. De casa sempre cheia, “Toca” é o novo espaço hoteleiro que promete marcar a diferença. Qualidade a bom preço e sabores verdadeiros é tudo o que um “quase filho da terra” promete

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]cara já é bem conhecida em Macau. O espaço, esse, é novo. Fernando Marques, empresário há mais de uma década no território, abriu uma nova casa hoteleira em Macau, mais precisamente na Rua dos Negociantes, na Vila da Taipa, depois de dois anos de trabalho “atrás da cortina”.
Engane-se quem pensa que este espaço é só mais um restaurante entre ruas e vielas daquela zona. Não. Este é um espaço diferente e que trabalha para se manter assim, como nos diz o responsável. “A nossa aposta é na qualidade. Aqui servimos comida tradicional portuguesa, mas estamos a tentar fazer uma coisa diferente, comida diferente do que aquilo que se vê [em Macau]. Muito por causa do novo chef que nos permite ter a possibilidade de criar novos pratos e novas ideias”, começou por explicar Fernando Marques ao HM.
Aberto desde Fevereiro, o nome é fácil de explicar. “Toca” vem de “casa pequena”, algo que traduzido para Chinês “funcionava muito bem”. “Como são dois caracteres é fácil de escrever e o nome também é fácil de dizer [em Chinês], claro. E também pelo significado de casa acolhedora”, justificou.

Provar para ver

Não só de bom aspecto se faz a casa, é certo, mas a “Toca” conquista só no olhar. Um espaço “pequeno mas acolhedor”, decorado para o cliente se sentir em casa e que permite – pelo menos esta é a aposta da gerência – criar um momento de convívio, conversa fácil e boa comida.
“Claro que a nossa aposta é sempre a qualidade, acho que é isso que está a faltar em Macau, qualidade na comida. Mas, sem querer falar muito, espero que as pessoas comprovem essa qualidade pelo provar da comida”, argumentou. toca
O chef, esse, vem do norte do país, local “onde se come melhor”. De família dada à gastronomia, talento, diz Fernando Marques, não lhe falta. “Claro, como é do norte, bem norte do país, traz uma gastronomia diferente daquilo que existe cá em Macau”, acrescentou.
O facto de estar no coração da Taipa, num centro que conta com muitos restaurantes, não afecta, nem preocupa, o proprietário. “Há espaço para todos”, frisou, salientando que está em vantagem para com outros restaurantes devido ao seu negócio em paralelo. “Estou ligado a uma empresa de produtos alimentares que me dá acesso a diferentes produtos, carnes e outras coisas”, explicou.
Apesar da sua história no mundo da hotelaria, Fernando Marques afirma que este é um projecto diferente. “O primeiro projecto que tive foi a seguir à transferência da soberania e era muito novo. Não sabia ser patrão. Claro que isso foi uma escola de vida. Depois destes anos todos, e com um restaurante também em Hong Kong, o ‘Toca’ é um projecto mais maduro, mais pequeno, fresco e muito confortável”, caracteriza.

Desengane-se quem pensa que este é apenas um espaço para se deliciar com os pratos. Não. Há também uma aposta, da gerência, em gins. “Já temos alguns e teremos muitos mais portugueses. Vamos ter essa selecção de gins portugueses”, apontou.
Eventos são também uma aposta da gerência. “Em Julho pretendemos trazer o Chef de cozinha do ano em Portugal, Ricardo Raimundo. Queremos que venha cá para uma semana gastronómica”, adiantou.
A renda essa é um “obstáculo”, mas se o espaço “conseguir oferecer algo de bom, em que o cliente venha e queira voltar, passando pela qualidade e serviço, a renda acaba por não ser um problema”, rematou.
Aos mais gulosos abrimos o apetite: o Bacalhau Almeida é “uma delícia”. “É um prato que ninguém tem. É Almeida, porque era um prato da avó [do chef] que a mãe continua a fazer no restaurante da qual é proprietária. Portanto decidimos dar o nome da avó. É diferente, tem um molho só do nosso chef”, descreveu, deixando água na boca. Para os amantes de carne, há um “bife americano”, “top”, na carta. “Uma carne 100% fresca, muito boa, de muita qualidade”, frisou o proprietário do “Toca”.

24 Fev 2016

Geneveva Rodrigues, gestora de Marketing

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e riso fácil e ar jovial, Geneveva Rodrigues veio a Macau apenas para renovar o BIR, porque a tia disso a lembrou, mas um assunto que era para uma semana transformou-se numa aventura de dois anos. “Estava uma óptima temperatura em Macau, apesar de ser Janeiro, há meses que estava um frio horrível em Portugal… e fui deixando-me ficar”, relembra ao HM. “Isto era tudo novo para mim, era como descobrir uma cidade nova e prorroguei a partida por mais três semanas”.
Surge entretanto uma oferta de emprego como gestora de vendas, e depois de contas, de uma empresa de marketing digital, a Hogo. Ainda cá está, agora como gestora de marketing do Clube Pacha. Mas, tudo começou há 35 anos, quando Geneveva nasceu em Hong Kong.
“Nos anos 80 isso era normal”, explica, “as pessoas não tinham muita confiança em ter bebés aqui e a minha mãe foi a Hong Kong”. Tem sangue chinês do lado do pai mas nunca o conheceu nem pretendeu alongar-se sobre o assunto. Depois seguiu-se a vida em Macau que durou até cerca dos 18 anos quando voltou para Portugal.
“Não tenho muitas recordações dessa altura”, diz-nos. A confissão deixa-nos um pouco surpreendidos, mas resolvemos tentar voltar ao assunto mais tarde. Entretanto tínhamos sabido que é do signo do Macaco, o que nos fez pensar em desejos para o ano. “Queria que me saísse o euromilhões”. Pelo dinheiro apenas?, quisemos saber. “Não, para dar volta ao mundo, pois não quero ter de trabalhar pelos sítios por onde passo” e isso “custa dinheiro”.
É que, para Geneveva, mochila às costas… “Não! Isso não faz parte do meu género”, garante entre gargalhadas, reconhecendo que este é um sonho distante.

Festas como trabalho

Quando voltou a Portugal voltou de vez. “Fui a última da família a voltar, já lá estavam todos, por isso, quando fui, nunca pensei em voltar”.
Foi estudar Farmácia porque estava na área de Saúde na secundária e tinha horror a sangue, pelo que Farmácia não lhe oferecia esse confronto. É farmacêutica, portanto, e foi formadora de delegados de propaganda médica. E responde com um “não faço comentários sobre isso” quando lhe perguntamos se acha a indústria farmacêutica saudável. geneveva
O seu coração, contudo, esteve sempre noutro lado: “A minha principal actividade sempre foi outra”, revela de repente. “Em boa verdade o que eu sempre fiz mais foi relações públicas e organização de festas”.
Organizou-as em Lisboa, no Algarve mas também em Miami onde viveu algum tempo. “A noite esteve sempre aliada a mim, desde os 16, 17 anos….” Aí apanhámo-la e voltámos ao assunto ‘crescer em Macau’: a palavra mágica, “noite”, tinha sido proferida e, de repente, as recordações da adolescência em Macau começaram a surgir em catadupa na cabeça de Geneveva. “Era mais em Hong Kong”, garante, “mas em Macau também havia festa”, reconhece, “era a altura da discoteca Mundial”…
Os tempos eram mais passados com os amigos, em Lan Kwai Fong, quando “aquilo se resumia a uma rua”, diz-nos. “Mas tinha o 97, o JJ, o Manhattan…”, revela com emoção. Agora percebíamos melhor como o Pacha se enquadra na sua vida. “O Pacha é uma velha paixão”, revela, adiantando que “quando morava em Portugal foi durante dez anos consecutivos ao Grand Opening em Ibiza”.
Por isso mesmo, para Geneveva, trabalhar no Pacha é um sonho tornado realidade ao ponto de considerar: “o meu local de trabalho é a minha sala de diversões”. Mas é também um desafio: “vamos ter de adaptar mais o clube à clientela asiática”, revela, reconhecendo que trabalhar no mercado asiático é uma experiência nova, além de “estarmos numa cidade muito particular, pois as pessoas vêm mais para o jogo do que propriamente para o entretenimento”. “Em Hong Kong seria diferente”, garante.
Contribuir para aperfeiçoar o plano de marketing do clube é uma das suas missões e a nova ponte não será a solução porque, diz, são precisos resultados agora”. “Não podemos ficar à espera da ponte, as soluções temos de as achar agora”, revela assumindo de repente um tom mais solene e garantindo que esse desafio é o que a agarra a Macau.
A jovem pretende poder dizer “missão cumprida”, mas não será por muito tempo. “Talvez mais um ano”, pensa, “mas ficar aqui não tenciono”, garante. “Tenho umas saudades imensas do mar, dos meus amigos, das festas nos terraços”…
Geneveva pareceu-nos convencida de que um dia vai mesmo ter de voltar para o reencontro com o Atlântico e com os amigos que não dispensa. E bebés?, pretendemos saber para fim de conversa. “Nunca tive esse desejo”, revela, “desde pequena nunca foi uma coisa importante para mim, de modo nenhum”, confessa, apesar de admitir que numa situação especial, com a pessoa certa, isso poderia acontecer. Nunca teve o sonho de ser mãe e continua “a não ter”, assegurou.
E deixámo-la como a encontrámos: no salão de beleza, a terminar o criterioso tratamento de unhas que percebemos não dispensar, num momento de pausa, onde acedeu falar connosco, na vida agitada de uma ‘marketeer’ do entretenimento.

19 Fev 2016

“The Only Wedding Studio”, loja de noivas | Suki Cheng e Anna Ng, proprietárias

“O importante é a qualidade”

Emprestam vestidos de casamento, prestam serviços de maquilhagem, tiram fotografias e decoram o espaço. Suki Cheng, Elaine Sam e Anna Ng montaram o “The Only Wedding Studio”, que oferece até excursões aos noivos

Para quem vai casar, o “The Only Wedding Studio” pode ser o local que precisa. Desde roupa a maquilhagem, o espaço permite o aluguer de itens para aquela que será a cerimónia mais importante na vida de alguém. Suki Cheng, uma das proprietárias, explica como tudo começou.
“Sou maquilhadora e a maquilhagem para as noivas é uma das facetas do meu trabalho, interessa-me e também é importante para a minha carreira. Decidi, então, começar um negócio. Procurei algumas parceiras que também tinham interesse nisso e organizámos a empresa”, explica a jovem ao HM.
O número dos registos de casamento em Macau ascende a “mais de quatro mil casais” por ano, mas “cerca de 60%” deles realizam uma festa para celebrar o casamento, assegura Suki, que diz ainda que a competição nesta área é elevada. “Em Macau, há mais de cem empresas como nós, portanto a competição do sector é muito intensa. Outro problema é que é muito difícil sabermos quantos produtos precisamos, como os vestidos, pelo que é sempre possível vermos aumento de custos, ao mesmo tempo que não podemos definir preços muito altos para os nossos serviços, por causa da competitividade”.
Também Anna Ng, um das outras proprietárias, explica que, apesar dos custos dos vestidos não serem nada baixos, “o importante é manter a qualidade”.
Em conjunto com Elaine Sam, as duas jovens abriram o “The Only Wedding Studio” por considerarem, ainda assim, que as perspectivas de negócio são positivas. Aberto há pouco mais de um ano, o espaço costuma ter agenda cheia nos meses “com números par”, sendo que Janeiro e Julho são “mais folgados”, como refere Anna Ng.

Lá fora e cá dentro

O investimento na qualidade é uma aposta da empresa, que diz que não há vestidos como os seus. Mas não só.
“Fazemos excursões pré-casamento para o Japão a cada Abril e Novembro. Apresentamos a informação aos clientes, atraindo o interesse deles e damos desconto aos clientes que participem nas actividades ao estrangeiro. Os clientes também podem pedir à nossa equipa para organizar o casamento no estrangeiro”, explica Anna.
O “The Only Wedding Studio” não tem só clientes de Macau, contando também com pessoas do interior da China. “Os clientes do continente não confiam nos serviços de casamento lá, têm muito mais confiança nas empresas de Macau e Hong Kong, por causa da qualidade”, diz ao HM.
Por isso mesmo, a promoção nas redes sociais como o Weibo e WeChat são importantes para a empresa, que também já participou em exposições de casamento em Macau.
Apesar de estar num espaço comercial, na Rua das Lorchas no décimo andar do Edifício Comercial Si Toi, o “The Only Wedding Studio” começou sem espaço físico, até porque o processo de criação da empresa levou o seu tempo.
“Não acho que seja bom os jovens pedirem os subsídios ao Governo logo quando criam o seu próprio negócio, porque é possível que se gaste mais do que propuseram. Não devemos sentir-nos impacientes durante o processo de criação”, diz-nos Suki Cheng, apoiada pela parceira.
O “The Only Wedding Studio” empresta vestidos de casamento, presta serviços de maquilhagem e fotografia e até aluga decoração para o espaço onde se vai realizar o seu casamento.
Ao HM, as proprietárias garantem que os serviços são prestados a um “preço ideal” e estão até disponíveis na página do Facebook da empresa, com o mesmo nome. Suki e Anna referem ainda que, mesmo que não tenham o que procura, encontram, já que “a diversidade de produtos” é outras das promessas do “The Only Wedding Studio”.

17 Fev 2016

Annya Lai, estudante: “Macau é uma forma de poder ver o mundo”

Annya Lai é uma jovem estudante que nasceu do lado de lá das Portas do Cerco, mas isso não a impediu de transpor fronteiras para cá e sair da China que sempre conheceu, para descobrir o mundo. Deste pedaço de território onde se fala Português, Annya Lai garante que consegue ver tudo o resto.
“Desde que vim para Macau penso que posso ver mais do mundo e explorar mais coisas. Macau é um pequeno território mas tem muitos elementos… é a minha forma de poder sair da China para ver mais o mundo. Então penso que Macau é um bom lugar para mim”, contou.
Annya Lai sempre quis fazer todo o ensino superior na RAEM, mas acabou por frequentar a licenciatura de Comércio Internacional em Zhuhai. Hoje frequenta o Mestrado em Estudos Europeus na Universidade de Macau.
Da Europa, esse continente do qual permanecem pequenos laivos em Macau, a estudante garante gostar da história e da cultura.
“Escolhi esta área porque achei que seria muito interessante. Na licenciatura estudei Comércio Internacional e achei que não era assim uma área que gostasse muito, então decidi mudar. Antes de entrar no mestrado não prestava muita atenção às questões europeias, mas comecei a gostar da história e da cultura. São as coisas que mais acho interessantes no continente. Macau também tem esse lado europeu, da mistura das culturas chinesa com a portuguesa”, referiu a estudante.
Annya Lai garante que Macau é uma boa cidade para viver uma vida mais tranquila. Embora não aposte nos casinos, a estudante diz gostar do ambiente. “Não jogo e não gosto, mas gosto do ambiente dos casinos, acho que é algo único. Mas não me quero envolver nesse ambiente. Gosto das atracções, é como se fosse uma cidade de sonho para muitas pessoas. Macau é um óptimo sítio para as pessoas que querem ter uma vida mais confortável.”
Num território onde o Jogo é rei, haverá algo que atraia os turistas mais do que apostar nas mesas dos casinos? Annya Lai garante que sim. “As pessoas do continente acham que Macau é um lugar muito tranquilo e dizem que esta é uma cidade agradável. A cultura e todos esse elementos de Macau atraem os chineses a vir cá antes de visitarem outras cidades do mundo. Para eles também é como se fosse uma janela para verem o mundo. Aqui eles desfrutam de um ambiente que é totalmente diferente do que existe na China continental”, apontou.
Apesar disso, Annya Lai acredita que é preciso fomentar a criação de mais actividades culturais. Estas são “muito importantes para Macau para fazer desta uma cidade mais diversa, sem estar muito ligada ao Jogo. Aqui já existe naturalmente um ambiente mais virado para a cultura, mas é preciso que as pessoas percebam isso. É preciso que compreendam que Macau tem este lado”.

Mudar a política

Annya Lai ainda não sabe o que quer fazer quando se especializar em Estudos Europeus. Talvez faça Gestão ou seja profissional de Relações Públicas. Uma coisa é certa: a estudante não vai virar costas a um desafio profissional no território, apesar de considerar que o mercado de trabalho poderia estar mais aberto a receber pessoas de fora, sobretudo os finalistas do continente.
“Na área da Educação, Macau tem muitos recursos para os estudantes e seria bom para o Governo criar mais oportunidades para os estudantes do continente. Para além disso, eles podiam usufruir dos frutos do esforço do Governo ao partilhar esses recursos. Há ainda muitas restrições no mercado de trabalho para as pessoas da China continental, mas talvez isso venha a mudar no futuro, porque Macau precisa muito de pessoas de fora e até do estrangeiro. Macau precisa de mais pessoas para que o mercado se diversifique”, considerou.
Quando olha para o seu país, Annya Lai vê uma sociedade mais aberta, onde as pessoas já assumem uma postura totalmente diferente do conservadorismo do passado.
“Desde que a China se desenvolveu, tanto os jovens, como os pais têm uma mentalidade mais aberta e querem que os seus filhos tenham uma educação no estrangeiro. Isso também faz com que os mais jovens estejam mais abertos. Isso é algo bom, o facto do país estar cada vez mais envolvido nas questões internacionais. Ainda há muitas pessoas com uma visão algo limitada e então são os jovens que tentam mudar a mentalidade e levar o país para o caminho certo em termos de desenvolvimento”, rematou.

12 Fev 2016

Sam Wong, dono de restaurante: “Macau era muito mais solidário”

Tem 59 anos, nasceu em Macau um ano depois da mãe chegar de Cantão e tem a terra profundamente embutida na sua mente: “Penso em Macau a todo o momento. É o meu país. Amo-o.”
Nunca teve sonhos por aí além, do género ‘que-fazer-quando-for grande’ bem, isto se deixarmos passar o gosto pela música, “era baterista aos 14 anos e participei em dois grupos. A primeira banda era de heavy metal”, que ainda hoje é o seu estilo preferido. Deep Purple a banda favorita, mas também os Dream Theatre ou os Styx, “sabe, sou da velha guarda”, explica. Mas como a música não dava dinheiro teve de seguir outro caminho e aos 19 anos acabou mesmo por descobrir o que viria a ser o seu sonho: trabalhar em restaurantes “porque posso falar com muita gente”.
Começou no restaurante do Hotel Sintra na posição mais básica do serviço, “apanhava copos e levantava pratos” mas conseguiu chegar a gerente, o que considera a sua melhor memória de Macau, “fiquei orgulhoso”, confessa, “comecei de baixo e depois acabei a mandar naquilo tudo”. Na altura, poucos mais hotéis de categoria existiam em Macau pelo que era uma posição de relevo. Até que um dia veio uma administração nova de Hong Kong e resolveu despedir toda a gente, “não fui só eu”, garante, “até o contabilista foi para rua. Queriam colocar o pessoal deles e mandaram-nos a todos embora”, explica.
Aí passou 20 anos. Estávamos nos meados dos anos 90 e foi para Sun Tak, quando ainda ficava a três horas de distância. Foi como consultor de um amigo que estava abrir um restaurante com sauna, karaoke e discoteca mas a coisa durou apenas dois meses, “não aguentava aquilo. As pessoas não tinham o mínimo de educação. Andavam à tareia todos os dias. Peguei no dinheiro e vim-me embora” foi o “Platão” por quatro anos e depois voltou ao continente onde teve um café em Zhongshan e, cinco anos depois, voltou decidido a reformar-se. “Não tinha muito dinheiro mas dava e estava farto de trabalhar”. Mas a reforma não era a vida boa que pensava e apenas durou nove meses: “Estava aborrecido de morte e resolvi procurar trabalho” o que encontrou no restaurante que agora dirige. Ao princípio, o dono ao ver o currículo achou-o demasiado qualificado, Mas Sam estava disposto a trabalhar, era perto de casa, bom horário e lá ficou como gerente. Durou um ano até o japonês resolver fechar o negócio. Não estava a dar. “Claro que não dava, o homem não percebia nada de restauração, não ouvia ninguém, nem o cozinheiro” explica.
Passado um tempo a irmã sugeriu-lhe pegar no restaurante, ele recuperou o cozinheiro, também japonês, ouvi-o, usou-lhe o nome para baptizar o restaurante e “agora está tudo bem. Mudámos o menu. Dei liberdade ao Tabuchi e temos muitos clientes.” Claro que o sucesso não passou despercebido ao antigo dono que ainda tentou reaver o restaurante mas não teve sorte, afinal de contas Sam estava realizar o seu sonho, “Sempre quis ter um restaurante, já tenho, por isso não tenho mais sonhos. O meu filho está a ir bem, está tudo bem. Não ganho muito dinheiro mas chega para ser feliz”, assegura.

Hong Kong? Não vou lá há 30 anos”

O Macau de antigamente “era uma maravilha”, recorda Sam Wong, “Muito melhor do que agora. Calmo, sossegado, relaxante… agora é uma loucura. Anda tudo cheio de pressa, só pensam em dinheiro… Macau era muito mais amigo, muito mais solidário. Agora é uma confusão de gente.”
O futuro, ou mudar algo em Macau nem o faz pensar, “Não faço a mínima ideia. A minha vida é casa, trabalho, casa. Vejo-os a discutir todos os dias no parlamento, cansa. A nova geração que se preocupe com isso.” Mas recorda com alguma saudade o Macau antigo e, claro está, restaurantes que não existem mais como o Wa Lok Iun e o Ma Ien Hong na zona da Almeida Ribeiro, ou os vendilhões de fitas que se espalhavam pelas ruas, “alguns tinha um ‘ngao lam min’ fabuloso”, recorda.
Em relação aos portugueses diz que são “OK. Tenho muitos amigos macaenses, quando nasci isto era português e todos nós nos habituámos e aceitámos os portugueses.” Hong Kong é que já um caso diferente, “não vou lá há uns 30 anos. Antes, quando precisávamos de alguma coisa mais sofisticada, tínhamos de ir mas desde há muito que não é preciso. Também não tenho nenhum amigo lá que vou lá fazer? Para a confusão? Não obrigado”, remata. Os casinos também não o fascinam de todo, “nunca lá meto o pé”, garante, “não gasto nem 10 patacas num sítio desses”. O dinheiro serve para outras coisas mais queridas “comida, música e álcool, é onde gasto o meu dinheiro” e ri-se a bom rir.
Antes de deixarmos a sua companhia quisemos saber se haverá algo que o faça ir a Hong Kong mas Sam Wong não conseguia lembrar-se de nada. ‘E um concerto de heavy metal?’, sugerimos, “hmmmm…. aí pensava duas vezes. Acho que sim, acho que isso me faria ir a Hong Kong. Se fossem os Deep Purple então… Mas o Phil Collins ou a Sade Adu também era possível que me convencessem.

10 Fev 2016

Chakra Space, restaurante| “Comer vegetariano é comer saudável”

É um espaço muito pequeno mas podem experimentar-se muitas coisas: cafés e cervejas artesanais ou pratos vegetarianos com um leve sabor de caril. A ideia é que cada cliente possa aprender mais sobre comida saudável e viver com esse estilo de vida

“Não quero definir este lugar como sendo um bar, café ou restaurante. É apenas um espaço onde mostro as coisas de que gosto”. É assim que o responsável do Chakra Space, Meng Wong, fala do novo canto que abriu portas para os lados da barra, onde se pode pedir comida vegetariana, cafés, vinhos ou cervejas. Inaugurado há cinco meses, Meng Wong gere o espaço com outro sócio mas decidiu o nome do espaço e até a sua decoração.
“Chakra remete para os pontos do corpo onde se aplica a acupunctura e também com o Ioga e o Budismo. Apesar de não acreditar em nenhuma religião, gosto muito de ler livros sobre essa matéria e compreender a cultura e os seus significados. Comecei a gostar muito dessa área e decidi usar esse nome para o espaço”, contou ao HM. O gosto de Meng Wong revela-se numa das paredes, decorada com estátuas de buda e quadros religiosos.
Mas nem só de comida se faz o Chakra Space. Quando Meng Wong nos serviu uma bebida pudemos ver a zona destinada a um bar aberto. “Disponibilizamos vinhos tintos e brancos, bem como cervejas artesanais. Optamos por escolher as bebidas que não são caras mas que têm qualidade e que são produzidas na Bélgica ou Japão, em vez das que são feitas na China”, explicou.
O café no Chakra Space é também artesanal, mas segue um princípio. Cada chávena é servida na sua forma original, sem a adição de açúcar e sem leite. Meng Wong explicou que isso se deve à intenção de corrigir o hábito introduzido por muitos restaurantes conhecidos.
“Começamos por explicar aos nossos clientes que os nossos cafés não combinam com açúcar nem leite. A vantagem dos cafés artesanais é que podemos experimentar o sabor original do café. Queremos alterar o pensamento comum que existe na comunidade chinesa, que acha que os cafés mais amargos e fortes devem ter açúcar ou leite. Mas os cafés verdadeiros não devem ser assim”, apontou.

Sem aditivos

No que diz respeito à comida, o Chakra Space quer também eliminar os aditivos que habitualmente se colocam na comida servida na maioria dos restaurantes. Os cozinheiros adicionam o caril mas não existe açúcar ou sal, apenas azeite.
“As comidas vegetarianas chinesas normalmente têm muito açúcar, óleo ou sal, mas acredito que comer vegetariano é comer saudável. O nosso caril é mais leve porque o molho serve de cozedura a muitos legumes. Espero que os clientes tentem aceitar este tipo de comida”, disse Meng Wong.
Outra diferença introduzida pelo Chakra Space prende-se com a ausência de menus. A escolha dos pratos ao almoço ou jantar faz-se através dos ingredientes, mas ao jantar é preciso fazer uma reserva.
Para Meng Wong, não há melhor combinação do que comer um caril acompanhado por um café. Foi no Japão que o responsável do restaurante conheceu esta ideia. “Acho que as duas coisas combinam muito bem.”

Do retalho para a restauração

Antes de abrir o Chakra Space Meng Wong trabalhou vários anos na área do retalho, mas sentia-se “preso” à profissão. “Nos últimos três anos já não queria continuar a trabalhar dessa maneira. Achava que a vida não podia ser assim. Parece que estava a desperdiçar a minha juventude para ganhar dinheiro. Tenho 30 anos e achei que precisava de pensar no meu futuro e fazer algo de que gosto”, frisou.
Antes de abrir o espaço de comidas e bebidas, Meng Wong viajou pelo mundo para conhecer o máximo de coisas possível, até que teve vontade de regressar a Macau. “É um bom sítio mas tudo depende das mudanças de pensamento e de como usamos o nosso estilo de vida”, referiu.
O Chakra Space não pretende ser um espaço para ganhar muito dinheiro mas sim para ser apenas um espaço que reúne pessoas à volta da comida vegetariana e do café.
O pequeno lugar de comidas e bebidas fica perto do templo de A-Má e à volta reina o sossego. Apesar dos elevados custos do negócio, com a renda a chegar às dez mil patacas mensais e um investimento de 200 mil patacas, Meng Wong garante que a localização foi um dos motivos que o fez investir. “A zona não foi muito desenvolvida ao longo dos anos e o movimento das pessoas não é grande, mas gosto desta tranquilidade”, rematou.

3 Fev 2016

Pedro Lemos, produtor de televisão

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s imagens, reais ou imaginárias, fazem parte do seu dia-a-dia, seja no trabalho, seja nos tempos livres. Pedro Lemos, produtor de televisão, chegou a Macau há quatro anos e continua embrenhado naquilo que o apaixona desde sempre: o mundo das Artes. Licenciado em Som e Imagem pela Universidade Católica do Porto, Pedro Lemos conseguiu adaptar-se ao Oriente e compreender um território tão diferente de Portugal, apesar dos laços históricos que persistem.
“É uma sociedade diferente de lá, não tem o perfeccionismo europeu de que estamos sempre à espera, mas tem outras coisas. É difícil explicar por palavras quando vou lá [a Portugal] e as pessoas me perguntam como é. Por mais que descreva, é muito difícil, porque quando as pessoas cá vêm percebem que por mais palavras que use é complicado descrever esta realidade”, contou ao HM.
Para Pedro Lemos, Macau tem algo que não se encontra em territórios vizinhos como China, Hong Kong ou Taiwan. “Todos esses locais são diferentes. A força trabalhadora que trazem para cá faz com que esta sociedade seja claramente diferente de Hong Kong ou Taiwan. As pessoas que chegam trabalham em casinos ou obras, não é propriamente o género de pessoas que encontramos em Hong Kong, que têm ambições e o desejo de sucesso.”
Antes de se embrenhar pelo mundo das Artes, Pedro Lemos chegou a estudar Desporto, mas depressa percebeu que o seu caminho profissional não passava por aí. 29116P23T1
“Sempre tive queda para as artes no geral, desenhei a vida toda. Sempre tive esta necessidade de criar, de fazer coisas. Era um impulso inevitável, embora goste de praticar desporto. Mas o curso de desporto é mais virado para o ensino e achei que era uma área vazia para a minha personalidade”, apontou.
Terminada a licenciatura, Pedro Lemos teve várias experiências de trabalho, mas só na RAEM encontrou algo que o preenche. “Deram-me aqui a oportunidade de trabalhar nesta área. É mais interessante, não faço só produção”, contou. Em Portugal vivenciou a precariedade do mercado de trabalho. “Trabalhei como freelancer para empresas na área gráfica e também fazia alguns trabalhos de produção. Fazia um pouco de tudo dentro dessa área para sobreviver, não fui servir à mesa”, ironizou.

Desenhos nos tempos livres

Quando não está a editar imagens ou a produzir conteúdos, Pedro Lemos pega no lápis ou na caneta e desenha o que vê ou lhe passa pela mente. Os seus rabiscos mostram sobretudo caras e corpos de homens ou mulheres, ou remetem para algum tipo de mensagem.
“É um impulso, uma expressão muito natural em mim. Desenho tudo o que vejo e, às vezes, viro-me para o inconsciente e desenho o que me dá na cabeça, como caras e corpos. Surge espontaneamente, não tenho uma explicação natural. Há pessoas que escrevem, eu vou mais para o desenho para explicar alguma coisa. Viro-me muito para a figura humana, acho que é interessante. Gosto de misturar personalidades nas caras e nos corpos, nunca é alguém específico. Não estou sempre no mesmo género de desenho, às vezes vou mais para a banda desenhada. Acho que tenho várias personalidades no desenho”, revelou.
Para além do desenho, Pedro Lemos é um apaixonado por cinema. “Vejo bons e maus filmes. Gosto de ver maus filmes porque vê-se o que é mau, o que aconteceu de errado, e por isso é que há bons filmes. Só vendo o mau é que se consegue o bom.”
David Lynch é o primeiro realizador que lhe vem à cabeça, quando lhe perguntámos, pela sua forma diferente de fazer filmes. “Tenho muitos realizadores, apaixono-me por diferentes realizadores. Posso falar de alguns que me educaram, vou para o David Lynch em primeiro lugar, porque no fundo é um designer e usa isso na sonoplastia e na imagem. Usa isso para passar a emoção que quer, porque o cinema é isso, são emoções.”
Após alguns anos a viver na Ásia, Pedro Lemos garante querer continuar deste lado do mundo. “Estou a pensar continuar por aqui, para já. Não estou à espera de nada, estou numa onda mais budista (risos). Não penso tanto assim nisso. Tenho sonhos, sim, mas se mudar de sítio os sonhos continuam lá, não é o local que faz a diferença”, rematou.

29 Jan 2016

“Churros”, café | Palmira Pena, sócia-gerente

Nasceu por brincadeira e veio tornar Macau muito mais doce. De caramelo, chocolate ou até simples, os churros de Palmira Pena não passam indiferentes a ninguém. Para os mais gulosos há ainda farturas e bolas de Berlim. A gerência garante qualidade e o sabor a casa

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m negócio que surgiu pela saudade. Assim começa por explicar Palmira Pena, uma jovem empreendedora, muito apaixonada por cozinha, que decidiu transportar da Europa um doce muito típico de alguns países: os churros e as farturas. “Uma vez estava em casa e apeteceu-me muito comer uma fartura. Bateu aquela saudade de comer farturas. Comecei a pensar – e como gosto tanto de cozinhar – decidi fazer eu mesma farturas para saber se conseguia”, relembra a sócia gerente do novo espaço “Churros”, na Taipa.
Na impossibilidade de fazer em pouca quantidade, Palmira Pena acabou por decidir partilhar o que acabara de fazer com os amigos. “Decidi oferecer aos meus amigos e familiares e a reacção foi muito boa, mesmo sem saber o que era”, conta.
A curiosidade despertou logo ali. “Começaram a perguntar se era uma espécie de fartura chinesa – que nós costumamos pôr na canja – e eu expliquei que não, que era uma fartura tipicamente portuguesa”, aponta. Este foi início que colmatou na abertura do novo espaço. churros
“Os meus amigos começaram a pedir se lhes podia fazer umas farturas”, diz. O interesse foi tanto, e o feedback tão positivo, que Palmira Pena começou a questionar a viabilidade de um negócio. “Porque razão não podia eu abrir uma casa de farturas? O que é que me impedia? Nada”, partilha.
Garantindo que seria um negócio único, esta era a altura ideal para avançar com o projecto. “Quando é que nos passaria pela cabeça poder ter um sítio em Macau onde se pudesse comer uma boa fartura acompanhada por um óptimo café?”, brincou. A verdade é que o “Churros” não tem só farturas, mas aposta também no seu melhor acompanhante: o café. “Mas é café português, tudo o que estou a fazer é com produtos portugueses”, garante.

Espaço para todos

A primeira questão surgiu no imediato. “Não fazia sentido abrir um espaço só com venda de farturas e café”, admitiu, dizendo que, por isso, foi necessário aumentar os tipos de negócio que lidera. Os churros surgiram logo por associação, muito também “por causa das crianças”. E o ano começou com a inauguração do espaço, na Vila da Taipa, entre as ruas “mais sossegadas de Macau”.
Apesar do horário de encerramento ser às 20h30, o que tem acontecido é a equipa de trabalho ter de fechar mais cedo. “Às vezes às 18h00 ou 19h00 temos de fechar porque já vendemos tudo, porque estamos cansadíssimos, porque já não dá mais”, aponta, mostrando-se muito satisfeita com o feedback.
Com apenas duas mesas no espaço interior e uma com funções de esplanada, o “Churros” funciona maioritariamente em serviço de take-away. Com uma montra que não deixa ninguém indiferente com deliciosas gulosices, o pequeno espaço mostra a sua cozinha em aberto, podendo os clientes ver todo o processo.
As visitas de turistas são imensas, assegura Palmira Pena. “Recebemos muitos turistas de Hong Kong que têm vindo aqui, muito mesmos, e os portugueses também”, frisou, admitindo que é esta comunidade – a lusa – que o negócio pretende atrair. “Sim, quero que os portugueses provem e sintam o sabor a casa”, brincou.
As farturas são, inegavelmente, o ex-líbris da casa. “Tenho recebido muitos comentários positivos, as pessoas que provam dizem que adoram”, diz, mostrando-se orgulhosa. Com os churros o processo é diferente. “Os churros depende sempre se a pessoa quer mais ou menos doce, não é como a fartura que não leva recheio”, esclareceu.
Contrariando a ideia de que a cultura chinesa não gosta do excesso de doce, Palmira Pena garante que não mudou a receita e que ainda assim a comunidade chinesa tem-se mostrado muito satisfeita. “Acho que essa ideia não se confirma quando estamos a falar de farturas”, brincou. “Temos também outros produtos portugueses, como rissóis, bolos de bacalhau e bolas de Berlim, estas em tamanho mais pequeno porque este bolo é de facto muito doce”, apontou.

Tudo caseiro

As receitas são todas caseiras. “Não alterei a receita original das farturas, mas o recheio de chocolate e caramelo são receitas minhas. Quando estamos a vender explicamos à pessoa se é mais ou menos doce, como fica a combinação, que é para a pessoa poder escolher o que quer”, partilha. O caramelo é o recheio que tem liderado o top de preferências dos clientes. “Sim, é de facto o mais popular”.
O segredo? Esse está “na massa”. “É a forma como nós fazemos a massa, esse é o grande segredo”, revela. Palmira Pena olha agora para as paredes à sua volta. Está orgulhosa daquilo que conseguiu e da equipa que tem. “Foi difícil arranjar um espaço, apesar de eu ter o beneficio de ser um negócio take-away, portanto foi mais fácil”, partilhou.
Desengane-se quem ache que os churros são só espanhóis. “Não, a minha receita é completamente portuguesa. Isto não é espanhol”, brinca, partilhando a visita de uns espanhóis que preferiram os churros de Palmira do que os do seu país. Para já ainda não existe serviço de entrega ao domicilio, mas é um objectivo para o futuro. “Isso e um novo espaço mas no lado de Macau. Mas um passo de cada vez”, termina.
O espaço fica na vila da Taipa, na Rua dos Clérigos.

27 Jan 2016

Rostam Neuwirth, professor de Direito na UM

[dropcap style=’circle’]R[/dropcap]aro é saber de quem tenha memórias para lá dos seus cinco anos de idade. Foi na Universidade de Macau que encontrámos Rostam Neuwirth, professor de Direito com especial interesse por legislação internacional e económica. A primeira memória que o académico tem de Macau remonta à sua infância, mais precisamente de quando tinha quatro anos de idade e era criança de brincar no chão, com pequenos carros “Made in Macau”. No entanto, só mais tarde, quando veio à China visitar a sua irmã, que por aqui tinha arranjado um emprego em 1986, deu com as maravilhas da Ásia.
“Voámos via Hong Kong e vim a Macau nessa altura. Era uma cidade completamente diferente, mas a diferença que senti de vir da Europa e chegar à Ásia foi profunda”, conta. perfil_hm
Rostam viajava numa altura em que a China estava relativamente fechada ao mundo. No entanto, conseguiram, “sem guias”, fazer grande parte do país: da experiência fizeram parte os pais e a irmã. O regresso para a sua terra-natal, a Áustria, foi feita via Transiberiano, uma das linhas ferroviárias mais conhecidas e cobiçadas do mundo. Esta liga a China a Berlim, passando pela Mongólia e Rússia. “Esta foi a primeira memória que criei da China”, sublinha.

Volta ao mundo em 30 anos

De Viena partiu para um programa de Direito em França, saltando para a Bélgica e Venezuela em trabalho, mas as coisas não ficaram por aqui. “Entretanto licenciei-me e não consegui ficar parado”, continua.
Dali mudou-se para o Canadá, o “que teve bastante influência” no seu trabalho, mas foi em Itália que fez o doutoramento. “Depois disso trabalhei para o governo austríaco, mas como já sabia que o contrato ia acabar, comecei a procurar trabalho e o próximo destino foi a Índia, onde leccionei em duas universidades durante um ano”, relata o professor da UM.
Foi já deste lado do mundo que começou a crescer o bichinho pelo Oriente, tendo Rostam voltado a procurar trabalho. É em 2006 que surge então a oportunidade de vir para Macau, devido à proximidade do Direito europeu e que aqui vigora. Em grande parte, o académico quis também experienciar Macau devido ao facto de também a RAEM ser território da China, que por sua vez, estava a ter um crescimento anormalmente positivo por volta dessa altura. Até à crise das bolsas mundiais, em 2008.
Faz agora oito anos que o austríaco faz vida na cidade, onde até já casou e teve dois filhos. Todos vivem confortavelmente nas instalações de alojamento para professores da UM, na Ilha da Montanha. A experiência, diz, é certamente diferente de viver no centro da península, já que ali imperam os espaços verdes, a ausência de buzinas, de fumo de restaurantes e tubos de escape. Enfim, a calmaria no centro do caos.
Os filhos, que não têm mais de seis anos de idade, lidam agora com quatro diferentes línguas em casa, mas o Alemão não convence os pequenos. “Eu tento falar com o mais velho em Alemão e sei que percebe tudo, mas às vezes olha para mim como se eu fosse o único a falar uma língua esquisita porque não ouve alemão em mais lado nenhum”, brinca o professor.
Ambos sabem já falar Inglês, Cantonês e Mandarim e a ideia é que assim se mantenha a tradição. Talvez até possa ser poliglotas, quem sabe.

Economias criativas

“Macau tem exactamente o benefício de ser pequeno. Aqui, é possível observar e tomar nota das várias diferenças e, numa perspectiva mais abrangente, de apreender a economia num sentido macro, porque as distâncias são mínimas”, continua.
Rostam está presentemente a estudar a relação entre o Direito e oximoros – paradoxos na linguagem – para, em última instância, compreender se em determinados casos o culpado pode também ser inocente.
“É muito interessante olhar para Macau do ponto de vista académico”, confessa.
Numa perspectiva pessoal, o professor diz gostar da cidade, mas não só do ponto de vista investigativo. “Toda esta combinação entre Ocidente e Oriente e a forma como o pensamento pode ser diferente de cultura para cultura. Tudo isto é interessante”, disse. perfil2_hm
Austríaco de gema, confessa por vezes ter saudades da neve e dos espaços verdes, onde frequentemente fazia caminhadas pelas montanhas. A falta de espaços verdes e paisagens de horizonte a perder de vista é, ressalva, uma falha a apontar. No entanto, é o Cantonês que mais dores de cabeça dá a Rostam. Pai de filhos locais, afasta a ideia de ser difícil viver por estes lados, afirmando até que gosta bastante da terra. É que Macau “tem um magnetismo inexplicável”.

22 Jan 2016

Cat Cave, café | Ivy Lei, sócia

Diz-se que os animais ajudam a acalmar o stress e o “Cat Cave” proporciona isso mesmo: quem quiser almoçar ou tomar café pode fazê-lo na companhia de felinos “tranquilos”, mas com personalidade

[dropcap style’circle’]É[/dropcap]um espaço para comer e tomar café, mas também dá para brincar com gatos. No “Cat Cave Café” os clientes nunca estão sozinhos: têm a companhia de animais simpáticos.
Ivy Lei é uma dos três sócios do café. Ao HM, conta que o café está aberto há quatro meses, ainda que não tenha tido a inauguração oficial. A razão da abertura do café é, para a sócia, óbvia: Ivy adora animais e quer ter mais tempo para ficar junto dos seus gatos, mas não só.
“Tenho o hábito de cuidar de animais e gosto muito deles. Aqui todos os gatos foram adoptados depois de serem abandonados. Além disso, também tentamos procurar mais adoptantes através do café, porque é provável que, quando os clientes cá vêm, comecem a gostar dos gatos e decidam adoptar uns. Assim, pelo menos ajudamos alguns animais abandonados”. 
Agora há sete gatos no “Cat Cave”. Ivy Lei é uma cuidadora experiente destes animais, algo que acontece desde que era criança e vivia com os avós. Tem dez gatos e um cão em casa. Mas os planos para o café que agora gere não eram apenas os de proporcionar companhia aos clientes. IMG_2016
A ideia inicial de Ivy era abrir uma zona para venda de produtos para mães e bebés ao lado do café. No entanto, sem a concordância dos outros sócios, a ideia caiu. Ainda que, com no Cat Cave, o tema principal do café sejam os gatos, Ivy Lei diz que a vinda de clientes não é apenas por causa dos animais.
“Aqui os clientes são também os moradores da zona, não só admiradores de gatos. Vêm os que não se importam ou que não tenham medo de gatos”, disse. Uma parte dos clientes, diz, chega ao café através da rede social Facebook.
Localizado na Rua de Inácio Baptista, o “Cat Cave” é grande, tendo mais de 1400 pés quadrados. A entrada assemelha-se a uma caverna e nas paredes interiores estão desenhados cartoons de gatos – um está a vestir fato preto, outro tem um vestido branco. Outro está a fazer a rodagem de um filme.
“Adopte em vez de comprar” é o slogan escrito na parede, para passar esta mensagem aos clientes. Ivy Lei confessa-nos que todos os desenhos são feitos por artistas locais.
A renda mensal do espaço fica acima das 20 mil patacas, algo que, para a sócia, é aceitável. “Quando procurámos lojas para criar o café, vimos outras com rendas de 50 mil patacas na mesma zona”.
A sócia refere ainda que o capital inicial do investimento foi grande, o que impede que, até agora, tenha sido recuperado o dinheiro investido. É necessário esperar mais meio ano, pelo menos, para equilibrar os custos e rendimentos, conta-nos Ivy.
A jovem responsável trabalhava em Relações Públicas numa sala VIP de um casino desde os 18 anos, as decidiu sair por considerar que o sector não está estável.
“Trabalhei muitos anos no sector do Jogo e quando surgiu a ideia de sair alguns amigos sugeriram que trabalhasse para outra empresa junket, mas já não me apetecia. Assim, pensei em criar um negócio. Quanto há riscos sou eu que os enfrento, são um problema meu, ao invés de estar sujeita a perder o meu salário porque a sala VIP fechou ou algo assim”, conta.
Quando pensou em desistir do trabalho, Ivy Lei não tinha decidido que negócio abrir. Foi aí que surgiu a ideia: a jovem adora ir a cafés com amigos e adora animais. A ideia do “Cat Cave Café” surgiu pela sua cabeça em conjunto com os dois sócios.
O “Cat Cave” é mais do que cafés e gatos: tem saladas, sopas, pratos de massa ou arroz, bem como sobremesas. Existe também um menu de almoço, com preços mais baratos. Ivy Lei confessa ao HM que a serradura é a sobremesa favorita de muitos clientes. 
As horas do lanche e os fins-de-semana são as mais procuradas pelos clientes. Ivy Lei observa que existem famílias que trazem os filhos de propósito para eles brincarem com os gatos. Outros tentam procurar o lado de mais lazer do café, lendo livros calmamente. Algo que podem fazer, assegura Lei.
“Os nossos gatos são tranquilos, não gostam de chatear os clientes”.
A responsável diz-nos que cada um gato tem a sua característica: uns gostam de se aproximar das pessoas, outros só gostam de se sentar nos seus lugares e esperar pela atenção dos clientes. Assim, cada um  tem os seus fãs. 
“Muitos clientes vêm ao café por gostarem de determinados gatos. Uns gostam de se sentar nas pernas de clientes, outros só deixam tocar-lhes. Mas o mais famoso é o ‘Fat Boy’, o gato cinzento mais velho e gordo daqui”.
Como existem tantos gatos no café, a parte da limpeza é essencial. “Temos de fazer limpeza e esterilização todos os dias quando abrimos e fechamos o café. O mais importante é limpar a caixa da areia dos gatos. Esses trabalhos são essenciais para manter o café higiénico.”
O café dedica ainda um espaço à recolha de doações para a Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA.

20 Jan 2016

Palmira Pena, empresária e trainning manager

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hama-se Palmira Pena. É definitivamente “macaense” e tem 29 anos. Uma descrição que fica aquém de tudo aquilo que a filha da terra, como se auto intitula, é. De sangue jovem e muito dedicada, Palmira Pena é um caso verdadeiro de empreendedorismo, sucesso e realização.
“Nasci em Macau, sou filha de pai português e mãe chinesa, aquilo que chamam de macaense”. Assim começa a conversa da jovem empresária com a equipa do HM. Palmira Pena recebeu-nos no seu mais recente negócio, a Casa de Churros. Por entre interrupções profissionais, a macaense nunca deixou de sorrir, fosse para quem fosse. Ora connosco, ora para o seu sócio, ora para o cliente que entrava. Simpatia é, sem dúvida, a imagem de marca desta jovem. PalmiraPena
Tentar perceber o dia a dia de Palmira é uma verdadeira emoção. Não nasceu para estar parada e ver a vida acontecer, antes pelo contrário. A macaense é activa, dinâmica e não pára um segundo.
“Trabalho num casino como trainning manager”, começa por esclarecer quando percebeu que nos deixara confusos depois de tantas informações de projectos e sonhos. “Por influência do meu pai, nasci e cresci num ambiente de restaurante e logo aprendi a cozinhar com ele. Sempre dizem que, filho de cozinheiro, cozinhar tem de saber, não é?”, brincou.
Gastronomia portuguesa é a praia daquela que foi a jovem aprendiz do seu pai, um chef conhecido da praça pública. “Gosto muito de cozinhar, fazer bolos. Gosto da criatividade, tenho sempre muitas ideias. Invento muitas coisas, por isso é que abri os negócios que abri”, explica.

De Macau para o mundo

Os estudos, esses, foram feitos em Macau. “Até ao 12º ano frequentei a Escola Portuguesa de Macau, depois segui para Hotelaria na Suíça”, relembra, assinalando que, na altura, os tempos eram diferentes. “Eu e uma colega fomos as primeiras a ir estudar Hotelaria para a Suíça, depois mais tarde é que os estudantes de Macau passaram a ir também”, aponta.
Sair de Macau foi uma aposta de sucesso. “Isto [o território] é muito pequeno, sair de Macau faz bem, para ver outras coisas”, conta-nos.
O tempo passou e Palmira Pena com ele viveu as várias transformações de Macau. “A vida está bastante cara agora. Para os jovens é muito difícil, porque não têm espaço para evoluírem e terem oportunidades para avançarem com os seus negócios.”
Ainda assim, Palmira Pena reconhece que “Macau é um sítio muito bonito” que, de facto, pode oferecer várias oportunidades aos seus residentes, ainda que seja preciso procurá-las. “É preciso ir ver onde é que podemos ir buscar essas oportunidades.”
A jovem empresária é o exemplo vivo disso. Para além da Hotelaria, Palmira Pena apostou na sua paixão pela manicura, estética e beleza e abriu o seu próprio negócio. Também tem agora um novo projecto, como referido em cima, na sector da culinária. Empreendedora e dedicada, Palmira não pretende deixar Macau nos próximos anos. “Esta é a minha terra, tenho cá a minha família, os meus negócios”, afirmou, entre sorrisos.

Taipa no coração

Questionada sobre o seu local favorito em Macau, sendo a jovem da terra, Palmira Pena nem hesitou: a zona da Taipa Velha. “Adoro esta parte. É um sítio que mantém estas casas características [longe dos prédios e arranha céus], tem por aqui os idosos que passam a tarde a jogar Mahjong”, relata.
O sentimento de bairro é um dos pontos destacados pela jovem empresária. “Aqui as pessoas passam na rua e cumprimentam-se todos, dizem bom dia, boa tarde, um olá. É uma coisa diferente. É um estilo de aldeia, de vila”, elogiou.
O gosto é tanto que Palmira Pena confessa que são muito poucas as vezes que vai a Macau. “Moro aqui perto e por isso quase que nem vou a Macau. Ainda por cima aos fins-de-semana é para esquecer”, diz, referindo-se à grande afluência de turistas.
“Há muitos casinos e como também trabalho num casino não tenho interesse em estar a ir para outros. Por isso prefiro estar em zonas mais calmas, nesta zona da vila da Taipa, com os meus amigos. Tomamos um café num sítio mais calmo. Isto aqui é tão bonito”, reforça.
Palmira Pena não esconde a gratidão que sente por ter tido várias oportunidades no território. “Já pensei em sair de Macau, mas agora essa ideia não faz sentido. Não quero ir embora”, assina.
Apesar dos “poucos sítios para sair” para os jovens da sua idade, Macau é um “sítio especial”. “Esta é a minha terra”, rematou.

15 Jan 2016

LITS, empresa de tradução e IT | Ana João, CEO

A LITS – Languages and IT Services – pretende aliar os serviços de tradução à área das tecnologias da informação. Para Ana João, CEO da empresa, 2016 pretende ser o ano da “consolidação e desenvolvimento” para um projecto que se quer afirmar no mercado da tradução local

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]um território que quase todos os dias se revela uma autêntica Torre de Babel, a LITS – Languages and IT Services (Companhia de Serviços Linguísticos e Informáticos) surge como a entidade que ajuda a resolver o novelo linguístico. A operar no território desde 2012, a empresa que disponibiliza serviços de tradução, aliados à tecnologia, afirma não querer ficar por aqui.
Sendo uma empresa sócia da Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos de Macau, o objectivo da LITS é transpor barreiras. “Aproveitando o uso das tecnologias de informação, investimos em duas áreas que não conhecem barreiras porque podemos estar sediados em Macau e prestar serviços em qualquer parte do mundo”, disse ao HM Ana João, CEO da empresa.
A LITS presta diversos serviços de tradução em “várias línguas e serviços informáticos”, já tendo clientes em Macau e em Portugal. “Inicialmente a área da tradução era a que registava uma maior procura, tendo-se passado para uma situação de equilíbrio. No mercado local, a LITS tem sido procurada para tradução, com destaque para as línguas portuguesa, chinesa e inglesa. Por parte dos clientes de Portugal há procura de tradução, quase sempre de Português-Chinês e de desenvolvimento de software à medida do cliente ou material pedagógico interactivo. A nível de IT, estamos a colaborar apenas com empresas de Portugal”, explicou Ana João. ana joão
Para a CEO, o ano de 2016 é de consolidação. “A LITS tem vindo a dar passos no sentido de se afirmar no mercado, acima de tudo pela qualidade dos serviços prestados. Definimos o ano de 2016 como de consolidação e desenvolvimento e os resultados obtidos até ao presente dão-nos confiança para investir e consolidar o projecto LITS”, referiu Ana João.

Falta de tradutores

Com pedidos de tradução na área da Ciência, Ensino ou Direito, a LITS tem prestado serviços nas mais diversas áreas. “O mercado da tradução em Macau é promissor em termos de procura nas línguas portuguesa, chinesa e inglesa, mas no que se refere a outras línguas é bastante residual. Esporadicamente aparecem pedidos para tradução do francês ou espanhol, mas não é significativo”, frisou Ana João.
Apesar do espaço de crescimento, a CEO da LITS não deixa de apontar o facto do mercado ter uma pequena dimensão. “Macau é um mercado limitado, mas a LITS é uma empresa que desde o início não se restringe à procura de clientes no mercado local, porque o lema é ultrapassar as fronteiras geográficas e criar uma rede de clientes locais e do exterior, nomeadamente dos Países de Língua Portuguesa”, apontou.
Apesar do sucesso, a empresária lembrou as dificuldades de quem começa do zero. “Ao nível da competitividade, este é um mercado relativamente fechado, sendo difícil para uma nova empresa entrar e sobreviver num ambiente muito exigente em termos de diversidade de temáticas e de gestão de prazos.”
A falta de recursos humanos também atingiu a LITS. “Se limitarmos a procura aos recursos humanos existentes em Macau, isso torna difícil ou praticamente impossível desenvolver a actividade, principalmente na área da tradução. No entanto, o trabalho em rede permite ir procurar profissionais no exterior. A procura de pessoal qualificado é um desafio constante mas tem sido uma experiência positiva”, apontou Ana João, lembrando a “falta de tradutores nas áreas mais técnicas”.
Ana João considera que a maioria das empresas do sector ainda tem espaço para crescer. “Já existe um nível de resposta considerável, tendo em conta que, para além das empresas especializadas, há um grande número de tradutores individuais ou freelancer. Contudo, como a maioria das empresas de tradução de Macau são recentes, ainda têm capacidade para crescer o que irá aumentar a resposta”, rematou.

13 Jan 2016

Felix Januário Vong: “As minhas memórias estão em Macau”

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap] um jovem finalista da licenciatura em Design Gráfico do Instituto Politécnico de Macau (IPM) e conta-nos que o seu grande interesse é ser fotógrafo. Felix Januário Vong nasceu em Macau e por cá cresceu e assume, em conversa connosco, que tem um hábito diário: colocar todos os dias na sua página do Facebook e do Instagram as fotografias que vai tirando. A ideia? Chamar a atenção das pessoas para aquilo que gosta mesmo de fazer.
Apesar de chamar casa a Macau, a verdade é que esta terra não é, para Felix, muito atractiva. Algo que pode ter ajudado o jovem a descobrir a sua paixão: é que o interesse de Félix pela fotografia chegou devido a um problema próprio – depois de não ter descoberto nada mais para fazer, mesmo estando há mais de 20 anos a viver em Macau. A terra era, para ele, demasiado pequena e “uma seca”.
“Quando comecei a sair à rua com a máquina, obriguei-me a ver mais coisas à minha volta”, conta-nos, dizendo que agora até tem um sítio preferido, que é o Leal Senado. “Não tenho um destino certo para tirar fotografias, tiro à vontade. Mas gosto do Leal Senado durante a noite. É o sítio onde passo mais vezes, também é simbólico para Macau. Acho que consigo observar muitas coisas lá.”
Quase todas as suas fotografias são tiradas nas ruas, mas não é só pelo trabalho final que Felix carrega consigo a sua câmara. Para o jovem, este interesse fá-lo também perceber uma coisa.
“Na verdade, as pessoas são muito interessantes, muitas são inesperadas. Por exemplo, tirei a fotografia de um grupo de turistas do interior da China. Eles e nós próprios construímos uma cena interessante e única, porque não se pode tirar a mesma fotografia se eles tivessem viajado em Taiwan ou Hong Kong. As pessoas são as mesmas mas as ruas e os edifícios são de tipo europeu. Acho uma coisa muito interessante e que só nós temos aqui”.

Paixão pela arte

Cada vez que passeava, Felix tirava fotografias das ruas, janelas ou apenas das luzes, que começou depois a colocar nas redes sociais. Os passeios surgiram por necessidade.
“No meu curso tenho sempre muitas horas de aulas e muitos trabalhos. Comecei a ter o hábito de me deitar muito tarde durante vários anos. Assim, quando estou de férias ou não tenho nada para fazer, não consigo dormir à meia-noite. Tento, então, passear nas ruas para conseguir dormir melhor”, disse, acrescentando que começou em 2013.
Na altura nem tinha uma máquina boa. Todas as fotos eram tiradas com o telemóvel. Até porque pensou que o interesse nunca seria tão grande: mesmo tendo uma disciplina obrigatória de fotografia no seu curso, Felix gostava mais de ouvir música nos tempos livres.
Mas, a paixão não se escolhe e cada vez mais Felix se apaixonou pela arte de tirar fotografias. Especialmente a preto e branco. Especialmente tiradas à noite. Vai daí, comprou uma câmara melhor.
“Só comprei uma máquina mais profissional no ano passado. Estabeleci uma meta para mim próprio: tirar uma fotografia por dia e pô-la nas redes sociais. Estou sempre com a máquina, até quando vou à casa de banho”, conta a sorrir.
No final de 2014, Felix conseguiu conhecer vários fotógrafos profissionais que também tiram fotografias nas ruas e assim decidiu desenvolver este interesse mais seriamente. Além das técnicas básicas que aprendeu no seu curso de Design, até agora ainda não tirou um curso profissional de fotografia, sendo que aprendeu apenas por apreciar obras de outros.

Sonhos

Através das fotografias que Felix nos mostra, podemos ver que o jovem vai frequentemente a Hong Kong durante as férias ou festivais especiais. Além de ruas, luz e pessoas, este fotógrafo gosta de capturar circunstâncias acidentais. Mais recentemente, o jovem tenta tirar fotografias onde os objectos olham para o foco da máquina.
Mas, mais do que tudo, para Felix o mais importante é ter histórias para contar. “Quero mostrar personagens nas fotografias, além dos sentimentos e ambientes reais. Por exemplo, quando fotografei um ferreiro, capturei não só a pessoa mas também o ambiente de trabalho lotado, porque esta é uma cultura única que só existe em Macau e Hong Kong. Assim crio um significado e deixa as pessoas a pensar na cultura”.
Para o jovem, actualmente Macau está lotada de pessoas e não é fácil procurar espaços tranquilos. Mesmo assim, Felix conta-nos que consegue descobrir características únicas desta pequena cidade.
“Macau é especial na mistura Oriental e Ocidental e eu gosto disso. Nasci e cresci aqui e, mesmo que existam cada vez mais elementos culturais e políticos diferentes, bem como pensamentos e imagens diferentes, a minha raiz e as minhas memórias estão aqui. Gosto de ficar em Macau”.
O jovem estudante de Design admite ser uma pessoa “aborrecida”. Perguntámos porquê e ele explica, na sua visão, o que quer dizer: além de ser fotógrafo, gosta de assistir concertos de rock, ouvir música indie e electrónica, bem como assistir a exposições.
Olhando para futuro, Felix quer fazer documentários de fotografia depois da licenciatura. Acabou de participar na elaboração de uma curta-metragem onde documenta a situação dos mercados, mercearias, fachadas de antigos prédios e os que simbolizam Macau.
“Agora estou a demonstrar a minha faceta mais artística. No futuro, queria fazer fotografias documentais, porque é uma forma de mostrar preocupação por este mundo”, disse.
Mas, Felix gosta do território e não vê muitas oportunidades para isso em Macau. Por isso é provável que volte a trabalhar na área de Design. Por enquanto, as fotografias que o jovem vai tirando podem ser vistas na sua página do Facebook.

8 Jan 2016

Bless Juice Bar, loja de sumos | Ivy Sun, fundadora

Ivy Sun trocou um trabalho cansativo na área da organização de eventos por um negócio próprio onde os sumos saudáveis e produtos orgânicos são o foco principal. Aberto há pouco mais de um mês, o Bless Juice Bar pretende ser um espaço agradável com preços mais baixos

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m sumo de romã e maracujá, de tons rosa, faz bem à pele, enquanto que um sumo de laranja e cenoura faz bem à visão. Todos estes sabores estão expostos na montra da nova loja de sumos junto ao Teatro Dom Pedro V. O Bless Juice Bar, de Ivy Sun, abriu há pouco mais de um mês e pretende fazer um trabalho diferente ao nível da alimentação saudável. Ivy Sun sempre gostou de sumos e de vegetais, mas a colocação de um aparelho dentário levou-a a gostar ainda mais desta área. Quando se cansou do emprego, não pensou duas vezes.
“Meti um aparelho há dois anos e era difícil comer. Comecei a procurar lojas de sumos em toda a parte e procurei na Taipa, onde moro, mas eram todas muito caras. Então comecei a fazer os meus próprios sumos”, contou Ivy Sun ao HM. “Antes tinha um trabalho num hotel e era muito cansativo, porque trabalhava na área da organização de eventos. Começava todos os dias às oito da manhã e muitas vezes só saía às dez da noite. Não era muito bom para mim e comecei a preocupar-me com a minha saúde. Então despedi-me em Setembro.”
Foi aí que nasceu a loja de sumos, que oferece bebidas feitas com produtos frescos, a preços mais baixos do que os normais e com o mesmo sabor, como garante a responsável. Entre sair do trabalho que tinha e pensar no seu novo modelo de negócio, Ivy Sun teve pouco tempo. BLESSHM3
“Tive a oportunidade de arrendar esta loja, porque os antigos arrendatários saíram. Apenas precisámos de um período de tempo para pensar que ia abrir o meu próprio negócio e para ter alguma coisa diferente em relação a outros espaços. Não queria um espaço que vendesse apenas café”, referiu. “Esta loja chama-se Bless porque quero que este seja um espaço feliz e que ofereça o melhor aos outros. Quero dar a oportunidade aos locais para experimentarem estes sumos saudáveis e também vendemos outros produtos orgânicos, como as sementes de chia ou os chás. Vamos ter uma espécie de ‘segunda-feira verde’, para termos saladas e sanduíches, refeições mais leves e que possam proporcionar algum equilíbrio”, contou ainda Ivy.

Uma filosofia muito própria

Ivy Sun não tem uma formação específica como chef de comida orgânica, apenas decidiu avançar com algumas ideias criadas de raiz na sua própria cozinha. “Faço as minhas próprias receitas. Comecei por tentar por mim própria, porque nós, asiáticos, temos a nossa própria filosofia em termos de dieta. Por exemplo, para nós, mulheres, não é bom beber bebidas frias sempre, não é bom em ciclos de período menstrual, por exemplo. Tentei fazer misturas de ingredientes como este, de romã, e é aconselhável beber um por dia, porque nos dá mais vitaminas e nutrientes. Também é muito bom para a pele, por isso é o meu sumo preferido”, contou ao HM.
Apesar do pouco tempo de funcionamento, o Bless Juice Bar já vende cerca de 30 garrafas de sumo por dia. “Quero que as pessoa sintam uma boa atmosfera aqui. Esta é uma loja pequena e quero que este seja um espaço confortável e não apenas comercial”, referiu. “Fizemos um grande investimento nas máquinas e os processos de fazer os sumos são diferentes. Porque é que estou a fazer um preço mais baixo? Não é por uma questão de competitividade, mas para chamar a atenção das pessoas. As pessoas bebem um café por dia, então por que não beber um sumo por dia e substituir o café? É isso que quero, que as pessoas experimentem estas bebidas”, disse a fundadora do espaço.
Com a chegada do tempo quente e húmido, Ivy Sun espera ter cada vez mais clientes. Por enquanto, ela própria vai todos os dias buscar os produtos frescos do dia para pôr mãos à obra junto à máquina dos sumos. Os desafios, esses, são constantes.
“Um dos maiores problemas que tenho tem a ver com o fornecimento de produtos frescos. Eu própria todos os dias tenho de sair para comprar os produtos e muitas vezes são mais baratos no supermercado do que no fornecedor, não sei porquê. Estamos apenas a começar e não queremos fazer um grande negócio, e estamos a adquirir pequenas quantidades de produtos diariamente”, rematou.

6 Jan 2016

“Miss KK”, Saúde e Bem-Estar | Carolé Thompson, fundadora

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hama-se Carolé Thompson, mas desde pequena que os irmãos a apelidaram de KK. Miss KK, tal como gosta de ser tratada, formou-se em Design de Moda, mas rápido percebeu que o seu caminho era outro: as terapias e modalidades de relaxamento.
“Adoro o meu trabalho, sou muito feliz com o que faço. A sensação de melhorar a vida das pessoas e vê-las a relaxar é absolutamente fabulosa”, diz a instrutora e massagista ao abrir a conversa com o HM. “Em 2009 criei oficialmente a marca ‘Miss KK’”, apontou num tom de voz sempre tranquilo e pacificador, tal como aconteceu durante toda a entrevista. Parecem ser, de facto, estes sentimentos que a marca de saúde e bem-estar criada pela britânica quer passar aos seus clientes.
“Trabalho sozinha, faço muitas coisas, todas elas relacionadas com a área de saúde e bem-estar”, explica, enumerando as “massagens com óleos, pedras quentes, treinos de fitness, aulas de yoga, pilates” e até “aulas de zumba”. Miss KK2
Tudo depende, literalmente, da vontade do freguês. As aulas podem ser em grupo numa sala arrendada pela instrutora, com amigos ou familiares, ou apenas individuais. “Tenho abertura para qualquer tipo de modalidade. Confesso que normalmente o que mais tenho são aulas particulares, mas mais massagens e terapias”, refere.
Para emagrecer, relaxar, tonificar, “Miss KK” tem uma vasta oferta para os interessados. Mas não se fica por aqui.

Para todos os gostos

“Existem quatro grupos de áreas de actuação: as massagens, os tratamentos de cara e corpo, os treinos de fitness e a meditação”, esclarece. Na primeira área, os interessados podem escolher massagens conforme as suas necessidades, sejam elas de relaxamento, anti-stress, pré e pós natal ou até mesmo reflexologia.
Na área de tratamento de corpo, estão disponíveis tratamentos anti-idade, desintoxicantes, antioxidantes e vários pacotes de horas para os tratamentos. “Miss KK” oferece também serviços de acompanhamento físico, com modalidade como aeróbica aquática e ainda treinos personalizados.
Por fim, no último grupo, os apaixonados pela meditação não foram esquecidos. Havendo várias modalidades deste tipo e até viagens em grupo.

Viajar para relaxar

Com muitos países na lista, “Miss KK” já passou por muitos locais onde levou atrás grupos de pessoas apaixonadas e praticantes de yoga e outras modalidades de relaxamento.
“Actualmente é um luxo termos tempo para nós mesmo. O stress que se vive com as profissões e o dia a dia fazem com que seja obrigatório termos tempo para nós mesmos, para nos desligarmos do que se passa lá fora e descansarmos disso tudo”, explicou a instrutora. MissKK
A pensar nesta necessidade “há alguns anos” Miss KK partiu para o Sri Lanka e organizou durante sete dias uma semana de puro relaxamento e meditação. Aulas de yoga, comida saudável e meditações pela manhã fazem parte daquele que é um pacote agora disponível nos serviços da instrutora.
“A próxima edição será em Fevereiro, durante o Ano Novo Chinês. Estou a tentar [com os parceiros lá, que por norma são hotéis por causa dos espaços disponíveis] organizar tudo para que possa acontecer nessa altura. Quero um espaço tranquilo, como sempre faço questão”, indica, mostrando-se muito entusiasmada. O preço, conta, ainda não está definido, mas a contar pelos últimos anos o valor pode chegar até às dez mil patacas, para a semana inteira.
Ainda não está previsto, mas Miss KK também já organizou fins-de-semana de meditação em Ibiza, com um preço mais baixo, mas só durante dois dias.

Abrir para o mundo

A escolha do mês de Fevereiro não foi em vão. “Será o ano do macaco e o Sri Lanka tem muitos macacos, isto pode ser um bom presságio para atrair mais clientes asiáticas”, apontou, mostrando-se esperançosa. Na verdade, conta KK, a grande parte dos seus clientes é ocidental, mas esta é uma tendência que a instrutora quer alterar.
A forma de entrar em contacto com Miss KK é “muito fácil”. No site da instrutora (www.escape-with-KK.com) existe um número de telefone que os interessados podem aceder para marcar a sua massagem, tratamento ou aula.
O melhor de tudo “é que em Janeiro os novos alunos têm acesso a uma aula, de um serviço à escolha, grátis” e os preços – que estão adaptados à realidade europeia – serão alvos de vários descontos. Uma oportunidade para começar o ano novo de forma diferente ou, pelo menos, relaxada.

30 Dez 2015

Daisy Semedo, estudante: “Em Macau é tudo muito simples”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] perfil desta semana nasceu numa ponta do mundo, para crescer noutra e vir parar a uma terceira. Daisy Semedo é uma angolana de sangue, que nasceu em Roma. Mudou-se para a Namíbia, mas é em Macau que vive desde a adolescência. Tudo isto, explica, aconteceu graças ao facto dos seus pais serem diplomatas e terem exercido funções um pouco por todo o mundo.
“Sou quase mais namibiana do que outra coisa”, diz, garantindo, no entanto, que o seu coração está em Macau. “Sinto-me mais daqui, porque foi onde passei a minha juventude, aquela altura em que amadurecemos, em que melhor nos apercebemos das coisas”, conta.
O ensino secundário foi completado na Escola Portuguesa e depois disso, Daisy seguiu para um “gap year” na África da Sul. É aos 20 anos que volta para o território, decidida a ingressar num curso relacionado com Ciências Políticas. Foi então que começou a licenciatura em Estudos Governamentais na Universidade de São José.
Actualmente, vive sozinha na residência universitária, mesmo virada para a Rua do Campo. “Estou num sítio super-central da cidade, tenho tudo aqui, incluindo restaurantes e supermercados”, diz.
Facto inegável é a existência escassa de pessoas africanas no território, embora nos últimos anos o número tenha aumentado devido à promoção das relações entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Da Namíbia, com amor

Questionada sobre a adaptação a um local tão fora do comum – quando comparado com a Namíbia, Itália, Portugal ou Angola – Daisy confessa que “ao início foi difícil”, mas agora está totalmente integrada na sociedade. É até conhecida pelos amigos como “a que conhece toda a gente”.
Para os pais, contudo, a adaptação não foi pêra doce: “a minha mãe raramente saía de casa, tinha dificuldade em fazer amizades e não gostava de algumas coisas”, acrescenta.
No entanto, não pense o leitor que Daisy deixou de ter histórias para contar. A jovem deixou de pensar no número de vezes em que foi abordada na rua, nos cafés e na universidade por pessoas que tendem em achar a diferença peculiar e não censurável.
“Quando cheguei a Macau, achei que ia sofrer muito com racismo, mas passado algum tempo percebi que os chineses ficam simplesmente fascinados e curiosos, até porque alguns nunca viram na vida”, começa por explicar, entre risos.
Daisy admite que chega mesmo a achar “engraçadas” as perguntas que lhe são feitas. Entre a sua lista de favoritas estão questões relacionadas com a sua cor de pele ou ondulação do cabelo.
“Já me perguntaram se na minha terra o sol está mais perto, por ser mais escura que eles, mas as perguntas mais frequentes são sobre o cabelo. Querem tocar e saber se cresce mais rápido do que os outros”, conta.

Não permanente

“O que mais gosto é a diversidade cultural”, adianta. Pena é que Macau seja, como costuma dizer, “uma terra temporária”, onde poucos ficam para sempre, mas muitos passam uns tempos. Este é o facto que, aliado ao conforto e segurança da cidade, faz com que a licenciada queira por cá ficar mais um pouco.
É certamente difícil comparar Macau a uma cidade como Luanda, mas Daisy fê-lo: “Luanda é muito confuso, tem imenso trânsito, muitas pessoas. E em Macau é tudo muito simples”. Já a Namíbia, descreve como “o sítio mais calmo” onde já viveu. “É bom para a reforma”, brinca.
O bichinho da aventura está na família, já que os pais diplomatas pouco gostavam de estar parados. Esta característica deu à jovem a oportunidade de palmilhar o mundo, uma das razões que permitiu a Daisy estar inteiramente à vontade com outras culturas, até porque na Namíbia e na África do Sul há uma harmonização entre população africana e europeia.

Entre dois mundos

Além de estudar, a jovem também trabalhou durante um ano no restaurante vegetariano Blissfull Carrot, na Taipa. “Adorei a experiência, muito em parte por causa das pessoas, que são muito calmas e simpáticas”, admite. A clientela é maioritariamente estrangeira e Daisy ainda lá ajuda quando pedem e quando pode.
Foi precisamente ontem que Daisy completou a sua licenciatura, mas a história não acaba aqui. O próximo passo é aprender Mandarim e seguir com o mestrado em Comércio Internacional. “Eventualmente vou voltar para Angola, mas também gostava de continuar ligada, em termos profissionais, à China”, lembra. A jovem pensa mesmo em manter-se em contacto com ambas as pontas do mundo, colocando até a hipótese de ter uma ponte constantemente criada.

18 Dez 2015

“Casa do Porco Preto”, restaurante | Vanda Rodrigues, co-fundadora

São filhos da terra e decidiram regressar. A ideia? Criar um espaço onde os clientes possam degustar os produtos alimentares feitos nas quintas da família e sentir que estão em casa. Vanda e José Rodrigues criaram a “Casa do Porco Preto” para mostrar o melhor da comida portuguesa, mas com criatividade

[dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uantos cheiros e sabores vindos das cozinhas das nossas avós e mães ocupam a nossa memória? Decerto todos recordam aquelas azeitonas, aquele pão quente, os enchidos ou a massa de pimentão saída do alguidar para a carne assada no forno. A “Casa do Porco Preto”, novo restaurante na Avenida Almirante Sérgio, na zona da Barra, pretende trazer essas memórias de volta a Macau. Cada cliente pode ter a certeza de que degusta carnes e ervas aromáticas, vinhos e azeites vindos directamente de quintas da região de Galveias, Ponte de Sôr, Alto Alentejo, como nos diz a co-fundadora do espaço.
O novo restaurante português há muito que é um projecto de vida de Vanda e José Rodrigues. Mais do que macaenses, com família na China e em Portugal, os dois irmãos têm amor à terra que os viu nascer. Ao HM, Vanda Rodrigues contou que, na “Casa do Porco Preto”, tudo é caseiro e a fazer lembrar as suas tradições familiares.
“Estávamos à espera do momento certo para abrir o restaurante. Mesmo com a história da nossa família queríamos agarrar mais a cultura portuguesa aqui em Macau. E foi por isso que, depois dos nossos estudos lá fora, decidimos regressar”, contou Vanda Rodrigues, que estudou em Portugal e no Reino Unido. vanda rodrigues
Com as portas abertas desde Setembro, a “Casa do Porco Preto” mantém-se em período experimental até Fevereiro. “Queremos usar este período para sentir o feedback dos clientes, para ver se podemos mudar os pratos. A nossa visão não é só fazer pratos e receitas autênticas, também queremos apostar na criatividade”, explicou a co-fundadora do restaurante.
Todos os meses os clientes têm ao seu dispor menus diferentes com algumas promoções. Sendo Dezembro o mês do Natal, a “Casa do Porco Preto” tem ainda para venda bolachas e o típico bolo-rei.
“Queremos mostrar a história da nossa família e o amor que sempre foi dado aos animais e à natureza. Damos muita importância à família e queremos que os clientes venham aqui e consigam sentir o ambiente familiar. O meu irmão um dia disse: ‘Quero que o cliente venha aqui, feche os olhos e consiga sentir a comida e que está a fazer uma viagem em Portugal’”, referiu Vanda Rodrigues.

Agricultura com 200 anos

Todos os produtos consumidos pela “Casa do Porco Preto” são importados pela empresa de Vanda e do irmão, que há muito trabalham na área de importação e exportação de produtos alimentares.
“Temos aqui louro, nozes, azeitonas, carne de porco preto e branco, carne de cabrito, vaca. Temos vinho e vamos ter azeite também, bem como ervas aromáticas da época. Também temos massa de pimentão, feita pela minha avó”, contou Vanda Rodrigues, que desde pequena se habituou a ver os avós a preparar pratos com ingredientes naturais.
“Os temperos que fazemos aqui são feitos com base nas receitas dos meus avós. Temos já um legado de agricultura e criação de animais há mais de 200 anos. Temos o gado, porco preto, mas a nossa criação não é só de animais. Estamos a tentar usar todos os ingredientes que a natureza nos dá para fazermos uns pratos aqui no restaurante”, explicou.
Sendo uma família habituada a reunir-se à mesa pelo menos duas vezes por semana, acabou por ser natural todos contribuírem para a criação do menu, desde os pais aos avós.
Para Vanda Rodrigues, esse é o lado diferenciador da “Casa do Porco Preto”. “Temos a história da nossa família, usamos todos os produtos de Portugal, com excepção dos vegetais. Procurámos ter uma decoração de interiores mais moderna, mas muito simples.”
Ao fim de poucos meses de abertura o balanço é positivo, sendo que Vanda Rodrigues já tem em mente novos projectos. “Brevemente teremos um outro projecto relacionado com este restaurante. Temos um espaço aqui atrás e vamos ter uma surpresa para os clientes.” Os detalhes, esses, permanecem em segredo, a verdadeira alma do negócio.

16 Dez 2015

Vanessa Santos, empresária: “Ser macaense é especial”

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]studou Gestão Empresarial, em Londres, com o “sonho desde pequena” de se tornar empresária como o pai. “Sou fã número um do meu pai e sinto-me orgulhosa em poder aprender e trocar umas ideias de negócios com ele”, frisa Vanessa dos Santos ao HM. Graduada com “muito boas notas”, a jovem empresária tinha apenas uma coisa em mente: “voltar para a terra” que a viu nascer e crescer – Macau.
“Tenho muito orgulho por ser de Macau, adoro viver aqui e não quero sair. Nunca pensei nisso. Tenho aqui a minha família, o meu namorado, os meus irmãos e somos todos muito unidos. Tenho o meu trabalho. É um orgulho ser de Macau”, partilha com o HM, numa conversa entre brindes e com música natalícia como banda sonora.
“Adoro isto, isto que os portugueses tanto gostam, conversar, jantar, conviver”, começa por dizer enquanto olha, um por um, os seus amigos à volta de uma mesa.
As diferenças entre a cultura portuguesa e a chinesa são indiscutíveis para Vanessa e quem sabe, como a família da jovem soube, tirar partido disso, consegue garantir uma diversidade cultural “única”.
“Eu adoro a marca portuguesa existente em Macau, adoro a cultura portuguesa e a língua”, diz com um Português perfeito. “Na minha casa não se come só comida chinesa, nada disso. A minha família tem o hábito da tão típica sopa portuguesa, do incrível bacalhau. Esta época [Natal] é levada muito a sério, já não vamos à igreja porque os meus avós já estão velhinhos mas assistimos todos à missa na televisão. Assim como no Ano Novo Chinês vamos ao templo e seguimos todas as tradições. Não é óptimo conseguirmos juntar estas duas culturas?”, argumenta.

Ser macaense

Para a pergunta de um milhão de patacas – o que é ser macaense? -, Vanessa dos Santos permanece num silêncio hesitante. “É difícil, é difícil conseguirmos explicar o que é ser macaense. Há associações a tentar, há pouco tempo foi avançado um inquérito online – que todos nós preenchemos – mas é difícil de explicar”, apontou. “Ser macaense é especial, nós sentimos aqui”, disse, colocando a mão sobre o peito.
Sem dúvidas, Vanessa dos Santos acredita que a marca portuguesa e a cultura macaense nunca irão desaparecer do território. “Eu sei que agora Macau pertence à China, mas há muita gente, nós macaenses e não só, a lutar para que a nossa marca – e a portuguesa – não desapareça. Acredito que vamos todos conseguir”, afirmou, fazendo o brilho da esperança inundar a mesa cheia de amigos atentos ao desejo da empresária.

Vinho e futebol

Profissionalmente, Vanessa dos Santos está ligada ao mundo da importação e distribuição de vinhos e produtos alimentares. “Estamos a apostar mais na área dos produtos alimentares porque o sector do vinho, principalmente do português, está um bocado sufocado”, aponta.
A receptividade é boa e o desenvolvimento do sector do Jogo, com a construção de mais casinos, permite uma “abertura do mercado” e, por isso, uma possibilidade de aumentar a sua carteira dos clientes. Com ou mais vendas, os negócios estão no sangue da família e a jovem empresária não podia estar mais feliz com o sonho de menina concretizado.
“Eu adoro vinho, adoro apreciar um bom vinho e partilhar esse momento com amigos e família”, remata, entre sorrisos. “Adoro vinho e futebol”, acrescenta. A apostar na carreira de vinhos, Vanessa dos Santos está a preparar-se para o quarto e último nível do curso de WSET em Hong Kong, um curso de vinhos e bebidas espirituais. E, diz, não quer deixar de evoluir como profissional.
Desportista desde sempre, a jovem empresária sentiu-se condicionada por não existir abertura para uma equipa de futebol feminina. “Eu sempre gostei de jogar futebol, mas não ia jogar com os homens, até porque eles não têm muita paciência. Falei com algumas equipas e ninguém quis avançar com uma equipa de futebol feminina, os treinadores não pareciam estar muito convencidos. Até que os que menos dinheiro tinham foram o que apresentaram mais disponibilidade e criou-se o Show di Bola”, partilha.
Sempre a marcar presença, Vanessa dos Santos leva o desporto muito a sério e estreia-se agora na equipa que representa a Selecção de Macau. “Está a correr muito bem, estou a adorar, espero dar o meu melhor”, termina, rematando a conversa com um brinde à família e aos amigos e, mais que isso, ao seu grande amor: Macau.

11 Dez 2015

“Rocca Pâtisserie”, pastelaria | Candii Un, co-fundadora

Macau tem, desde o mês passado, uma nova loja de pastelaria francesa. Para já funciona somente online, mas a co-fundadora da “Rocca”, Candii Un, promete um espaço repleto de novidades já em 2016

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e cores garridas, centros moles e saborosos e enfeites de comer e chorar por mais, os bolos da pastelaria “Rocca” prometem criar um rasto de fãs por essa cidade fora. Por enquanto, só existem online – via Facebook – mas cedo estarão disponíveis numa loja perto de todos nós.
À conversa com o HM, uma das co-fundadoras, Candii Un, confessa que a ideia de criar estas doçarias vem de cedo, mas só a partir de Novembro passado foi possível começar o negócio. “Arrancámos com isto a 5 do mês anterior, mas temos estado em preparativos desde há um ano”, começa por contar.
Candii confessa sentir-se “uma pessoa criativa”, já que, admite, é preciso talento para construir as estruturas que muitas vezes saem da mente dos dois profissionais responsáveis pelas doçarias.
“Considero-me uma pessoa criativa, até porque o design e execução de cada bolo demora bastante tempo e esforço, uma vez que queremos que saiam perfeitos tanto por dentro como por fora”, continua.
A ideia, avança, é fazer com que a beleza do exterior se coadune com o sabor da peça de pastelaria. “Fazemos testes uma e outra vez para combinar o sabor com a arquitectura de cada bolo para conseguirmos fornecer a perfeição ao cliente”, defende.

Amor de facto

A ideia, confessa, surgiu do amor pela pastelaria ao estilo francês, partilhado por Candii e o seu parceiro de negócio. “Abrir esta loja surgiu, claro, da paixão que ambos nutrimos por este tipo de cozinha e pelo trabalho”, explica. “Gostamos tanto de fazer bolos e doces e temos muitas ideias para partilhar com as pessoas”, continuou.
O plano é manter a venda online pelo website oficial e pela página de Facebook até final deste ano e finalmente dar a conhecer um espaço físico à população. “Em Macau, não sabemos de nenhuma loja que venda produtos ao estilo dos nossos e por isso decidimos abrir este negócio para promover o nosso modelo de pastelaria francesa e deixar que as pessoas tenham uma maior paleta de escolhas”, descreve a co-fundadora. Uma “nova tendência” e “energia” são dois elementos que a Rocca pretende integrar no actual mercado de pastelaria local. Tanto a entrevistada como o seu parceiro tiraram um curso intensivo de Pastelaria com vertente em culinária francesa em Hong Kong, pelo que se dizem preparados para enfrentar o desafio.
A ideia de começar a vender online seguiu para a frente porque o duo quis perceber o aceitação da população antes de se lançar às feras. Neste momento, são três as pessoas que trabalham para a empresa, dois deles estando atrás do balcão. “Somos uma equipa de três pessoas, mas duas delas estão responsáveis pelos trabalhos na cozinha como o design dos menus e dos bolos, os testes e a decoração, pelo que o nosso outro parceiros assumiu a pasta do design da marca, promoção, marketing e fotografia”, esclareceu Candii.
Os preços variam entre as 240 e as 520 patacas dependendo do tamanho do bolo, ingredientes e tempo investidos na sua confecção. Tudo pode ser encomendado via Facebook, mas também através de https://r-o-c-c-a.com.

Aglutinar para criar

A ideia para a nomenclatura de “Rocca” surgiu da fusão dos nomes dos seus proprietários que dizem que a base do negócio está na qualidade e sabor das receitas, mas que a imagem também conta. E muito. Para este natal, têm já várias encomendas feitas.
Um bolo demora, em média, dois a três dias a ficar completo e pronto a comer, já que é preciso fazer não só a massa, mas também a cobertura e decoração, que terá que secar. “O feedback tem sido melhor do que o expectável. Estamos muito surpreendidos por ouvir vários clientes a dizer que gostam dos nossos bolos”, confessou.
O pico de comentários positivos surgiu exactamente depois do lançamento da campanha natalícia. “Vamos ter um mês ocupado”, acrescenta.

Benefício prejudicial

O tamanho de um mercado pode funcionar de forma positiva e negativa e é precisamente isso que a co-fundadora explica: “O mercado local nesta área é pequeno e acreditamos que isto pode ser um obstáculo em termos de aceitação, mas também pode funcionar de forma benéfica, já que conseguimos chegar às pessoas por uma via mais directa, sem ter que ultrapassar outros negócios”, define Candii.
Pode pensar-se que a abertura de uma loja pode trazer prejuízo para uma empresa recém-inaugurada, mas a profissional afasta essa ideia, defendendo que se trata de uma estratégia para melhor dar a conhecer os seus produtos e serviços à clientela local. É que sentir o cheiro de bolos acabados de fazer a sair de uma porta não é exactamente o mesmo que abrir uma página de internet. “Temos confiança naquilo que fazemos e vendemos”, frisou.

9 Dez 2015