1º de Maio | Aeroporto a 50% dos níveis pré-pandemia

Durante a Semana Dourada do 1º de Maio, o Aeroporto Internacional de Macau recebeu quase 66 mil passageiros. Em cinco dias, foram registados 572 movimentos de aeronaves, numa média diária de 144 voos

 

Quase 66 mil passageiros passaram pelo Aeroporto Internacional de Macau durante os cinco dias da Semana Dourada do 1.º de Maio, um dos picos turísticos do Interior, o que representa cerca de 50 por cento dos níveis antes da pandemia. De acordo com um comunicado divulgado pela entidade que gere o aeroporto, a infra-estrutura realizou um total de 572 voos entre 29 de Abril e 3 de Maio, equivalente a 53 por cento do registado em igual período de 2019.

O aeroporto registou uma média de cerca de 144 voos e 13.178 passageiros por dia durante a Semana Dourada, referiu na quinta-feira a CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau.

O comunicado sublinhou que os passageiros vindos ou tendo como destino a China continental representaram dois terços do total, seguidos do Sudeste Asiático (24 por cento) e de Taiwan (10 por cento).

A CAM lembrou que em Abril foram retomadas ligações aéreas que estiveram suspensas durante a pandemia da covid-19, nomeadamente para Seul, na Coreia do Sul, e para as Filipinas.

O regresso do tigre

A companhia aérea ‘low-cost’ Tigerair Taiwan vai retomar voos entre Macau e a ilha em Julho, revelou a operadora do aeroporto.

A empresa garantiu estar a “activamente explorar a retoma de serviços aéreos para destinos na China continental e a expansão do mercado aéreo do Sudeste Asiático”.

A 14 de Abril, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, admitiu insuficiências no aeroporto ao nível de recursos humanos e capacidade, que limitam a chegada de turistas estrangeiros, prioridade do Governo para reduzir a dependência do mercado chinês.

A ocupação hoteleira durante a Semana Dourada do 1º de Maio foi de 85 por cento, um aumento de 26,5 pontos percentuais em relação a igual período de 2022, tendo atingido um pico de 93,2 por cento em 30 de Abril, revelou a Direcção dos Serviços de Turismo (DST).

Num comunicado, a DST destacou ainda que o preço médio de um quarto de hotel em Macau durante os feriados ultrapassou 1.804 patacas (201 euros), mais do dobro do registado no mesmo período do ano passado.

Macau recebeu perto de meio milhão de visitantes durante a Semana Dourada, de acordo com dados divulgados pelo Corpo da Polícia de Segurança Pública. A média diária de turistas ficou perto de 100 mil, mais de três vezes maior do que em igual período de 2022, altura em que algumas das principais cidades chinesas, incluindo Pequim e Xangai, enfrentavam confinamentos devido a surtos de covid-19.

7 Mai 2023

1º de Maio | Investigação a alegadas pressões a organizador de marcha

O organizador do único pedido para manifestação no Dia do Trabalhador disse que desistiu da marcha depois de ter sido pressionado, através de chamadas e mensagens de WeChat e com a presença de polícia na sede da associação a que preside. Wong Sio Chak diz que as acusações são graves e que a Polícia Judiciária irá investigar o caso

 

“O secretário para a Segurança presta a maior atenção ao assunto, e visto que a alegação do dito cidadão constituiu uma acusação grave para com a polícia, instruiu de imediato a Polícia Judiciária para proceder a uma investigação aprofundada, e tornará público o resultado, caso haja um novo desenvolvimento.” A mensagem divulgada no sábado pelo gabinete do secretário para a Segurança surge na sequência das declarações prestadas por Wong Wai Man, presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço e ex-candidato a deputado, que afirmou ter retirado o pedido de manifestação para o Dia do Trabalhador depois de ter sido pressionado pelas autoridades.

Recorde-se que Wong Wai Man foi o único dirigente associativo que apresentou um pedido de manifestação para o passado 1.º de Maio, marcando assim o quarto ano consecutivo em que o Dia do Trabalhador não é assinalado nas ruas de Macau, como vinha sendo tradicionalmente marcado na agenda política do território antes da pandemia.

Em declarações ao HM, Wong Wai Man já havia reconhecido que teria retirado o pedido por temer que a manifestação fosse aproveitada para outros propósitos. “Depois de considerar os interesses gerais de Macau e o impacto para a sua imagem, optei pela estabilidade [para o território]. Se fizesse uma manifestação estava a entrar em conflito com o interesse público, e o interesse público deve prevalecer sobre os interesses privados”, contou.

As declarações de Wong Wai Man, citadas pelo jornal All About Macau, foram prestadas à margem da entrega de uma carta na Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego devido aos congestionamentos de trânsito na zona da Pérola Oriental.

Companhia constante

Wong Wai Man afirmou que cerca de duas horas depois de ter apresentando o pedido de manifestação para o Dia do Trabalhador, com a intenção de chamar a atenção para o problema do desemprego, recebeu uma chamada telefónica anónima a avisar que membros dos Falun Gong estariam na sede da associação a que preside.

O alerta fez com que Wong Wai Man se deslocasse com urgência à sede da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, na Areia Preta. Quando lá chegou, terá encontrado quatro pessoas a jogar mahjong e agentes da polícia a pedir identificações.

Passados alguns dias, o dirigente alega que, “pelo menos, sete ou oito polícias à paisana” passaram a rondar o edifício. Além disso, Wong Wai Man afirma ter sido seguido e recebido mensagens de um agente policial via WeChat a questionar as suas intenções para o pedido de manifestação. Face a este cenário, o dirigente acabou por anular o pedido de marcha para o 1.º de Maio.

O gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, voltou a repetir o cumprimento da lei e o respeito pelas liberdades e direitos consagrados na Lei Básica. “As autoridades da segurança reiteram que os direitos e interesses legais são protegidos pela lei, e a Polícia tem sempre respeitado os direitos de reunião e manifestação, procedendo aos avisos das actividades nos termos da lei, no sentido de assegurar a liberdade do exercício dos direitos fundamentais dos residentes, bem como defender efectivamente a ordem e segurança pública”, é assinalado.

7 Mai 2023

Cooperação | Vice-Presidente chinês em Portugal até quarta-feira

Han Zheng, vice-Presidente chinês, chegou este domingo a Portugal após assistir à coroação do rei Carlos III. Da agenda da visita, que termina esta quarta-feira, só se conhece, para já, a realização, hoje, de um almoço com Marcelo Rebelo de Sousa. Jorge Tavares da Silva, académico, entende que este acto diplomático tem “uma importância relativa”, mas não deixa de ser sinal de reforço da cooperação bilateral

 

O mundo assistiu, no sábado, a um acto monárquico já raro nos dias de correm. Na cerimónia de coroação do rei Carlos III de Inglaterra, que sucedeu à sua mãe, a já falecida rainha Isabel II, esteve presente Han Zheng, vice-Presidente da China. O braço direito de Xi Jinping na governação do país aproveitou a proximidade entre o Reino Unido e Portugal, e a presença na Europa, e iniciou ontem uma visita a Portugal que termina esta quarta-feira. Da agenda oficial pouco ou nada se sabe, conhecendo-se apenas a realização, hoje, de um almoço com o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém. Segundo uma nota divulgada pela Presidência da República, citada pela Lusa, “o almoço de trabalho visará prosseguir o aprofundamento das excelentes relações entre os dois países, momento onde, em conjunto, serão analisados e desenvolvidos assuntos da agenda bilateral entre a República Popular da China e Portugal, bem como matérias referentes à actualidade internacional”.

No sábado à noite, depois de ter estado no Banco Alimentar Contra a Fome (BA), em Lisboa, o Presidente da República referiu-se às relações diplomáticas com a China na actual conjuntura mundial. Depois de salientar o alinhamento de Portugal com as posições da NATO e da União Europeia em matéria de segurança, Marcelo Rebelo de Sousa falou de “países que têm posições mais distanciadas, mas que não são menos preocupadas com a situação na Ucrânia, caso do Brasil e da China”.

“Vem a Portugal o vice-presidente chinês. A China tem assumido agora um papel mais intenso em relação a este problema, e Portugal é uma plataforma importante de diálogo. Naturalmente, estamos onde estamos, somos aliados da Ucrânia, somos aliados da NATO e da União Europeia, mas mantemos diálogo com tudo aquilo que possa no momento seguinte, a prazo, ajudar a construir a paz”, frisou.

Ao HM, o académico Jorge Tavares da Silva, professor auxiliar na Universidade da Beira Interior e investigador associado da Universidade de Aveiro, diz que esta visita tem “uma importância relativa, tendo em conta que a vice-presidência da China representa essencialmente uma função de cortesia, um cargo nominal para representações no estrangeiro. Han Zheng tem como funções oficiais “auxiliar o Presidente no seu trabalho” e “quando lhe for incumbido pelo Presidente, exercer parte das funções e poderes do presidente em seu nome”, escreveu o semanário Expresso.

Jorge Tavares da Silva explica que esta é, acima de tudo, uma “visita de oportunidade, mas um nível mais modesto que os contactos efectuados por outros parceiros europeus”.

“Lembro as ambiciosas visitas do presidente Emmanuel Macron e do primeiro-ministro Pedro Sánchez. Portugal procura também intensificar os contactos com a China por uma via mais modesta, mas que pode abrir portas para novas visitas oficiais do primeiro-ministro português à China ou do Presidente da República, reavivando dossiers que estão adormecidos desde 2018, quando o Presidente chinês Xi Jinping visitou Portugal”.

Tavares da Silva entende que a agenda da visita misteriosa pode passar “pela actualidade internacional” marcada “inevitavelmente pelo conflito na Ucrânia”, sendo que as “relações bilaterais serão centrais, com uma especial atenção para o domínio económico, financeiro, tecnológico, educativo e cultural”.

“Tal como outros parceiros europeus, a atracção de investimento chinês é um ponto fundamental numa altura que o Governo português procura contrariar os indicadores económicos mais negativos. Procura-se que a China invista de forma directa em unidades industriais e infraestruturas, não tanto na aquisição de capital de empresas, de forma a ajudar a economia portuguesa após o período de confinamento e no quadro do conflito da Ucrânia”, adiantou.

Tavares da Silva destaca também “a possibilidade de alargamento da Nova Rota da Seda a Portugal, lembrando que esta foi a vontade dos dois países expressa no memorando de entendimento de 2018”. “O investimento chinês no Porto de Sines acabou por não se concretizar, mas poderá ser também um tema de conversa”, frisou.

De frisar que esta visita acontece dias depois do fim da visita a Portugal do Chefe do Executivo da RAEM, Ho Iat Seng, que “também se enquadra na tentativa de reforçar a cooperação de Portugal e a China, reatando pontes de diálogo e negócios”. Recorde-se que Ho Iat Seng foi recebido pelo Presidente da República portuguesa dia 19 de Abril.

Assim, a “visita de Han Zheng é de oportunidade, mas Portugal não deixa de aproveitar a presença do vice-presidente na Europa para o receber”. Falamos ainda de uma personalidade política do país que está especialmente ligado às regiões administrativas especiais, por ter sido responsável pelo Grupo de Liderança para os assuntos de Hong Kong e Macau. Por isso, Han Zheng é alguém “conhecedor das preocupações e oportunidades” dos dois territórios. Trata-se de “um claro sinal diplomático de que Portugal quer reavivar as áreas de cooperação bilateral desenhadas no memorando de entendimento, procurando abrir o país a novos negócios”.

Pela estabilidade

No território britânico o vice-presidente chinês, Han Zheng, pediu, na sexta-feira, esforços conjuntos para construir uma relação estável entre a China e o Reino Unido. De acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua, Han Zheng fez o apelo durante um jantar, na quinta-feira à noite, oferecido por membros das comunidades empresariais chinesa e britânica.

Como representante especial do Presidente chinês, Xi Jinping, o vice-presidente chegou a Londres na quinta-feira para assistir à coroação do Rei Carlos III, na Abadia de Westminster, no sábado. Sobre as relações entre os dois países, o alto representante chinês enfatizou que, à medida que a modernização da China avança, a cooperação bilateral tem um “bom futuro”. “A China vê o papel internacional e a influência do Reino Unido de forma positiva e sempre trata o país como um parceiro estratégico”, disse o político, segundo a Xinhua.

O governante garantiu também que Pequim está disposto a conceder às empresas britânicas que investirem na China um “tratamento igual ao dado às empresas domésticas” e a ampliar a abertura dos mercados de capitais entre os dois países.

Han Zheng expressou ainda a sua esperança de que o Reino Unido crie um ambiente de negócios aberto, justo e não discriminatório para as empresas chinesas, relatou ainda a agência Xinhua.

Além das passagens por Portugal e pelo Reino Unido, Han Zheng desloca-se ainda aos Países Baixos, num périplo que termina sexta-feira, descreveu a porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, na última quinta-feira.

Numa nota também difundida pela Xinhua, tanto Xi Jinping como a primeira-dama Peng Liyuan enviaram uma mensagem de felicitações a Carlos III e à rainha consorte Camilla pela coroação. A mensagem destaca que o mundo “tem vindo a enfrentar profundas e complexas transformações”, com a comunidade internacional “a enfrentar desafios sem precedentes”.

“A China e o Reino Unido, sendo ambos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, deveriam adoptar uma estratégia conjunta de longo prazo para promover a tendência histórica da paz, desenvolvimento e cooperação com ganhos mútuos”, descreve a nota.

Além disso, Xi Jinping e Peng Liyuan destacam que a China pretende “trabalhar conjuntamente com o Reino Unido para reforçar a amizade entre as populações dos dois países, expandir a cooperação com benefícios mútuos e aprofundar o intercâmbio cultural, a fim de trazer mais benefícios aos dois países”. Com Lusa

7 Mai 2023

Jogo | Mercado de massas recupera para mais de 90% pré-covid

Os analistas da J.P. Morgan estimam que a procura do segmento de massas tenha ascendido a mais de 90 por cento dos nível pré-pandémico durante os feriados do Dia do Trabalhador. O período das férias de Verão, entre Julho e Agosto, pode trazer mais uma época alta para a indústria do jogo

 

Menos de meio ano depois do levantamento de restrições fronteiriças impostas pelo combate à pandemia de covid-19, a indústria do jogo de Macau apresenta resultados que apontam para a recuperação quase total. O banco de investimento J.P. Morgan emitiu ontem uma nota onde refere que a procura do mercado de massas poderá ter recuperado para mais de 90 por cento dos níveis verificados em 2019, antes da pandemia.

“Os feriados do Dia do Trabalhador foram muito fortes, bastante acima das expectativas do mercado”, refere o analista DS Kim, num comunicado divulgado ontem, citado pela Macau News Agency.

O especialista salienta os impressionantes números de visitantes que Macau recebeu durante os feriados, que chegou quase a meio milhão (ver página 5), acrescentando que “a qualidade dos turistas deve manter-se a um nível superior ao período antes da covid-19”.

O analista contextualiza o bom resultado da indústria durante os feriados de Maio sublinhando que procura do segmento de massas superou em muito a média verificada nos primeiros três meses do ano, quando o mercado recuperou para cerca de 65 por cento dos níveis de 2019.

Patinho feio

A nota do analista do banco de investimento realça também a performance do sector VIP, segmento onde as expectativas eram quase nulas, mas que tem demonstrado níveis de recuperação entre 150 a 200 por cento dos níveis pré-pandémicos para alguns operadores de salas VIP.

Os resultados devem traduzir-se numa recuperação para 30 por cento das receitas brutas apuradas pelo segmento, apesar da quase destruição do mercado depois da queda em desgraça dos maiores junkets de Macau.

Tudo somado, os analistas da J.P. Morgan estimam que durante os feriados de Maio os casinos de Macau apuraram receitas brutas entre 65 e 70 por cento dos níveis pré-pandémicos, bastante acima dos 45 por cento verificados durante os primeiros três meses do ano.

É ainda apontado que a retoma da indústria é uma demonstração de resiliência, especialmente tendo em conta que Macau ainda tem lacunas a nível de transportes e de capacidade hoteleira.

Os analistas apontam agora para o período das férias de Verão, entre Julho e Agosto, como o próximo pico de procura no mercado do jogo, empurrando a retoma para um nível superior.

5 Mai 2023

Economia | Monte do Pasto aposta na exportação para a Ásia

O Grupo Monte do Pasto, que produz gado bovino nos concelhos alentejanos de Cuba e Alvito (Beja), quer aumentar a exportação de carne para a Ásia, nomeadamente para os mercados japonês e chinês

 

China e Japão estão na mira do Grupo Monte de Pasto, companhia de produção de gado bovino que faz parte do Grupo CESL Asia, para a exportação de carne.

Segundo adiantou ontem à agência Lusa a directora executiva da empresa, Clara Moura Guedes, neste momento, o Monte do Pasto exporta carne de bovino “para Macau e Hong Kong” e, no próximo mês de Julho, vai estar no Japão, integrando uma comitiva liderada pelo comissário europeu de Agricultura, o polaco Janusz Wojciechowski.

“Estamos a tentar abrir outros mercados [na Ásia]”, justificou Clara Moura Guedes, apontando como exemplos “o Japão, Coreia do Sul, Singapura e Vietname”. A empresa alentejana, que produz bovinos e ovinos em 4.200 hectares nos municípios de Cuba e Alvito, tem também a entrada no mercado chinês no ‘horizonte’, dada “a dimensão e o potencial que este tem”.

“O mercado da China já está aberto para a carne de porco de Portugal, mas ainda não está para a carne de bovino e estamos a desenvolver um conjunto de ‘démarches’ para conseguirmos essa licença para exportar”, revelou Clara Moura Guedes.

Fundado em 1981, o Monte do Pasto foi adquirido, em 2019, pelo grupo CESL Asia, com sede em Macau, exportando actualmente 95 por cento da produção e tendo várias áreas de negócio.

Pão e vinho sobre a mesa

“Controlamos toda a cadeia, do prado ao prato”, explicou à Lusa Clara Moura Guedes, acrescentando que a empresa “exporta animais vivos, sobretudo para o norte de África e Médio Oriente, e carne de bovino, sobretudo para a Ásia”. O mercado asiático é um dos “alvos” da nova marca do Monte do Pasto, a ‘Autêntico Portuguese Cuisine’, inspirada na gastronomia portuguesa e apresentada oficialmente durante a feira agropecuária Ovibeja, que decorreu em Beja, entre os dias 27 de Abril e 1 de Maio.

“Estamos com um interesse grande em desenvolver o conceito da gastronomia portuguesa, que achamos que está subvalorizada e não está a ser suficientemente explorada pelo turismo português”, explicou Clara Moura Guedes.

De acordo com a administradora, a nova marca “é destinada à restauração” e conta no seu portefólio, além da carne de bovino, com carne de porco preto ou de borrego, peixe e mariscos.

“Queremos alargar isto a um conjunto de produtos portugueses, genuínos e sustentáveis, para conseguir exportar um conceito e não um conjunto de produtos”, frisou. Os primeiros produtos com o selo ‘Autêntico Portuguese Cuisine’ serão exportados esta semana, com destino a Macau, seguindo-se Hong Kong. “Em Macau há um enorme potencial, pois é a região do mundo com maior densidade de restaurantes com estrela Michelin e 35 milhões de visitantes por ano. Portanto, tem um potencial na área da restauração gigante que nós vamos tentar aproveitar”, observou.

Segundo a directora executiva do Monte do Pasto, “Portugal não tem dimensão para competir em preço, no entanto, tem produtos de altíssima qualidade”. “Acho que devemos encontrar nichos de mercado e é isso que temos vindo a fazer”, concluiu.

5 Mai 2023

1º de Maio | Macau recebeu quase meio milhão de turistas durante feriados

Entre 29 de Abril e 3 de Maio, o território recebeu 491.968 turistas e ultrapassou todas as expectativas das autoridades. Feito o balanço, a média diária de turistas ficou perto de 100 mil, mais de três vezes maior do que em igual período de 2022

 

Macau recebeu perto de meio milhão de visitantes durante os cinco dias da chamada Semana Dourada do 1.º de Maio, um dos picos turísticos da China continental, foi ontem anunciado. De acordo com dados divulgados pelo Corpo da Polícia de Segurança Pública (CPSP), a RAEM acolheu 491.968 turistas entre 29 de Abril e 3 de Maio.

O pico foi atingido no domingo, dia em que Macau recebeu 133.911 visitantes, o valor diário mais elevado desde o início de 2020, antes do início da pandemia.

A média diária de turistas ficou perto de 100 mil, mais de três vezes maior do que em igual período de 2022, altura em que algumas das principais cidades chinesas, incluindo Pequim e Xangai, enfrentavam confinamentos devido a surtos de covid-19.

Durante os primeiros três dias dos feriados do 1.º de Maio em 2019, a cidade recebeu 531.503 visitantes, uma média diária de mais de 177 mil.

Os dados ficaram também muito acima da previsão feita na semana passada pela directora dos Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes: uma média de 70 mil visitantes por dia.

Na quarta-feira, o vice-presidente da Associação das Agências de Turismo de Macau disse numa conferência de imprensa que a Semana Dourada estava a ser melhor do que as expectativas.

Tang Ka Man revelou que cerca de 300 excursões organizadas tinham vindo da China continental para Hong Kong e Macau durante os feriados.

Quartos mais caros

Na mesma conferência de imprensa, a vice-presidente da Associação dos Hoteleiros de Macau, Wong Lai Mei, disse que a ocupação hoteleira era, em média, de 85 por cento, semelhante a 2019, e que os preços dos quartos estavam mesmo 2 por cento acima dos níveis pré-pandemia.

No entanto, em 15 de Abril, o presidente da Associação dos Hotéis de Macau, Luís Heredia, disse à televisão pública TDM que cerca de 15 por cento dos quartos iriam permanecer fechados durante os feriados do 1.º de Maio devido à falta de mão de obra.

De acordo com o CPSP, quase 2,7 milhões de pessoas atravessaram as fronteiras do território durante os cinco dias, sendo que a maioria passou pelas Portas do Cerco, no norte da península. Macau, que à semelhança da China seguia a política ‘zero covid’, anunciou em meados de Dezembro o cancelamento gradual da maioria das medidas de prevenção e contenção, depois de quase três anos de rigorosas restrições.

A China levantou em 6 de Fevereiro todas as restrições devido à pandemia de covid-19 nas deslocações para Hong Kong e Macau, permitindo o reinício das excursões organizadas para as duas cidades.

5 Mai 2023

Aviação Civil | Governo avança com novo regime de liberalização

Nas próximas semanas deve dar entrada na Assembleia Legislativa a nova proposta de lei que vai acabar com a exclusividade da Air Macau. O fim do monopólio estava prometido desde 2019, mas foi adiado devido à covid-19

 

O Governo concluiu a proposta de lei que vai acabar com a exclusividade da Air Macau. O novo regime deve dar entrada na Assembleia Legislativa nas próximas semanas, de acordo com a informação avançada ontem pela TDM-Rádio Macau.

O contrato para o serviço público de transporte aéreo de passageiros, bagagem, carga, correio e encomendas postais de e para Macau, foi assinado a 8 de Março de 1995, com validade de 25 anos, contados a partir da entrada em exploração do Aeroporto Internacional de Macau, que aconteceu a 9 de Novembro de 1995.

No entanto, a nova legislação vai permitir a liberalização do sector aéreo, uma intenção que esteve para avançar em 2019, como noticiou na altura o HM, mas que acabou adiada devido à pandemia da covid-19.

Em 2019, a Autoridade da Aviação Civil informou a Air Macau que ia avançar para a liberalização, mas em Setembro de 2020 optou por prolongar a concessão em regime de monopólio por três anos adicionais.

No entanto, o contrato assinado entre o Governo e a companhia detida pela Air China previa que o regime de monopólio podia ser encurtado, se entrasse em vigor um novo regime de exploração concorrencial das actividades concessionadas.

Aposta internacional

O fim do monopólio do contrato para o serviço público de transporte aéreo de passageiros, bagagem, carga, correio e encomendas postais de e para Macau enquadra-se na nova política de internacionalização do mercado, e nas recentes obras de expansão do aeroporto.

Ao longo dos anos, o regime de exclusividade, em vigor desde Novembro de 1995, tem sido apontado como um dos grandes entraves à internacionalização do mercado de aviação em Macau. Em causa está o facto de a Air Macau focar a sua atenção quase exclusivamente no mercado do Interior, sem oferecer aos consumidores grandes alternativas regionais.

Também apesar de o contrato autorizar a Air Macau a ceder, total ou parcialmente, os direitos de tráfego, as tentativas feitas de subconcessão com a low-cost Macau Asia Express – fruto de uma joint-venture entre a Air Macau, CNAC (China National Aviation Corporation) e Shun Tak – e com a Golden Dragon Airlines (detida na altura por Stanley Ho) falharam. Ambas perderam a licença de subconcessão sem nunca terem levantado voo. A Viva Macau, declarada falida em 2010, foi pelo mesmo caminho, ao fim de aproximadamente três anos de operações.

No entanto a liberalização pode trazer um novo interesse para o sector da aviação em Macau. Por exemplo, em 2019, quando se começou a falar da liberalização, a operadora malaia Air Asia demonstrou interesse no mercado local.

5 Mai 2023

Vasco Wellenkamp, director da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo: “Sinto-me completamente realizado”

Sobe hoje ao palco do Centro Cultural de Macau o espectáculo “Na Substância do Tempo”, da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo. Eis o mote para uma conversa com o seu director e fundador, Vasco Wellenkamp, um dos mais importantes coreógrafos portugueses da actualidade, que fala sobre a sua carreira e o lugar que a coreografia tem hoje na sua vida, mais ligada ao experimentalismo

 

Foto: D.R.

Que expectativas tem quanto à apresentação deste espectáculo em Macau?

Há uns anos apresentámos o espectáculo “Amaramália” que teve muito sucesso em Macau e daí resultou o convite mais tarde, quando começou a pandemia. Por questões profissionais e devido a alguns problemas complicados que tivemos na companhia vamos fazer este ano uma outra apresentação com uma boa coreógrafa, Margarida Belo Costa [e não com o projecto feito em parceria com Miguel Ramalho]. Abrimos com um programa dela [Em Redor da Suspensão], seguindo-se um dueto meu [Outono para Graça] e “Requiem”, a peça fulcral da obra, por ser uma homenagem à Sophia. Esta é, aliás, uma versão de uma obra que fiz há uns anos e que percorreu a Europa, com muito sucesso. Ficámos todos muito orgulhosos. Devo dizer que fomos muito bem recebidos, da primeira vez, em Macau. Os chineses estão muito habituados à estética europeia [da dança]. Têm visto muita dança europeia e não tenho nenhuma dúvida de que estamos completamente enquadrados. Essa é a impressão que eu tenho do público, mas o público é sempre uma incógnita, porque é sempre muito vago, não sabemos muito bem que público vamos ter. Mas estou convencido de que vai ser um espectáculo bem recebido.

Qual a ideia por detrás de “Na Substância do Tempo”?

Esta é uma expressão de um poema de Sophia de Mello Breyner. Mantivemos esse título em homenagem a uma das maiores poetisas portuguesas de todos os tempos. Direi que o “Requiem” foi uma obra muito dançada na Europa, uma primeira versão, e foi feita há muito tempo, nos anos 90. Mas tem sofrido muitas alterações devido a várias questões. E eu sou um coreógrafo que não me importo nada de fazer novas versões, porque tudo depende dos bailarinos que temos. As características dos bailarinos contam muito. Esta obra já foi feita muitas vezes, mas, na verdade, é uma obra nova que teve um sucesso enorme. Estamos numa fase em que trabalhamos com um grupo de bailarinos absolutamente maravilhosos e acho que uma das coisas belas na Companhia é termos gente muito jovem e bonita. São bailarinos formados em escolas portuguesas e esse é outro orgulho que temos de ter.

A Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo surgiu em 1997. Que balanço faz do trabalho desenvolvido até aqui?

A Companhia fez um percurso absolutamente excepcional e isso deve-se ao seu profissionalismo e à exigência dos bailarinos, que estão ali a dançar cada vez melhor e sempre à procura de melhorar as suas condições estéticas, físicas, de linguagem. Introduzimos, nesta Companhia, a técnica de Martha Graham [com quem Vasco estudou em Nova Iorque], que é muito particular, com os seus códigos, e não era isso que queria fazer na minha carreira, nunca o fiz. Procurei sempre fazer a minha própria linguagem, descobri-la. E descobri. Mas a técnica que usamos na Companhia tem evoluído consoante a evolução da dança no mundo, nem fazia sentido ser de outra maneira. Trabalhamos sempre de forma evolutiva. O que é realmente importante é saber tirar partido dos meus bailarinos e fazer com que eles fiquem bem, apareçam bem em público e estejam no máximo das suas competências. Quando temos uma Companhia clássica ou neoclássica, os bailarinos são escolhidos a dedo para serem todos iguais, onde o sentido colectivo é muito importante. A dança contemporânea é feita por individualidades. Cada bailarino que chega tem de se habituar a trabalhar com o conjunto, pois usamos o mesmo estilo e técnica, mas não posso pedir aos bailarinos que sintam as coisas de maneira igual. Eles sentem à sua maneira, cada um é diferente. Isso é uma riqueza enorme. Além disso, numa obra, a música e a dança têm uma grande irmandade. A música não tem um sentido, um significado.

Mas tem um propósito.

Claro. É o de tocar as pessoas. Mas a música, ainda assim, diz-nos a todos qualquer coisa que não se pode pôr em palavras. A história da música é muito mais longa do que a história da dança, que tem cerca de 200 anos. A história da música é milenar. Dançamos no silêncio e há coreógrafos que já o fizeram. É interessante, mas não é a minha onda.

Já teve obras que correram menos bem?

Tenho muito pudor em falar do meu trabalho. Mas nunca fiz uma obra que tenha sido um desastre. Sempre tive o cuidado de apresentar bons bailarinos, para que não se ponham em causa as suas interpretações. Isso permite-me logo uma obra com um grande grau estético e de profissionalismo. Sou muito exigente com os meus bailarinos, mas mais comigo próprio. Mas tive obras de que não gostei, que não estavam no plano que eu queria, que não estavam ao nível deste programa [Na Substância do Tempo] ou do “Amaramália”. Cada vez que surge uma oportunidade de mudar um trabalho do qual não gosto tanto, vingo-me e mudo, seja à primeira, segunda ou terceira vez. Um dos projectos que não precisava de mudar era o “Amaramália”, e mudei-o muitas vezes. Mas deixe-me dizer-lhe que o trabalho que temos feito não é só meu, diz respeito a todos os bailarinos que dançaram comigo. Assim tem sido a nossa vida.

Fala sempre dos bailarinos com quem trabalha e do seu trabalho com uma perspectiva colectiva. Grande parte do seu sucesso nasce desta ligação.

Pode ter a certeza disso. Dá-me uma alegria enorme. Passo a vida no estúdio a discursar sobre aquilo que eu quero que eles sintam, que pratiquem do ponto de vista de uma relação entre eles. Quando estão em cena são uma unidade, influenciam-se entre si, têm de ter um espírito colectivo no sentido espiritual. Há qualquer coisa de importante na forma como eles se manifestam nos seus trabalhos e é isso que mais me apaixona. Quando vejo os bailarinos que tenho fico apaixonado.

Começou a estudar bailado no período do Estado Novo, nos anos 60. Sendo homem, como foi escolher a dança, vista à época como uma coisa de mulheres?

Foi uma grande aventura. Fui para a dança porque namorava uma jovem, aos 18 anos, que fazia ballet. Ia ver as aulas dela e a professora convidou-me a dançar com eles. Primeiro disse que não, mas quando via aquelas coisas ficava… nunca tinha visto nada daquilo. Ela viu que eu tinha todas as condições para dizer que sim. Mas eu tinha um dilema: “Gosto, mas será que gosto mesmo?”. Naquela altura já trabalhava, comecei muito cedo, aos 13 anos, tive de ajudar os meus pais que não tinham meios para sustentar três filhos. Nunca tinha visto dança, mas já tinha uma relação com as artes. Fui sempre bom aluno nas disciplinas ligadas à criatividade. Sempre quis ser artista de cinema e de teatro, mas isto [a dança] surgiu na minha vida como um sonho, que realizei por uma circunstância única da vida, e com esse convite que foi a coisa mais importante que tive. Primeiro fiz uns trabalhos, para aprender, e depois comecei a experimentar. A professora foi para uma Companhia, os Bailados Verde Gaio, havia falta de rapazes e chamou-me. Mas depois pensei: “E agora, como é que eu conto aos meus pais? O que é que o meu pai vai pensar de mim?”. Sobre os homens bailarinos havia uma espécie de espada em cima da cabeça, essa atitude. Disse primeiro à minha mãe, que reagiu pessimamente.

Pior do que o seu pai?

Muito pior. Disse-me: “Vai falar com o teu pai, que não quero ouvir mais falar sobre isso”. Ela queria que eu fosse bancário, mas era a última coisa que eu queria. O meu pai perguntou-me se era isso que eu queria fazer, e para ser o melhor de todos. Foi francamente maravilhoso. Depois fui à tropa, fui para Angola e quando voltei para Portugal regressei aos Verde Gaio, onde trabalhei loucamente para recuperar tudo o que eu tinha perdido. Na tropa não parei, fui fazendo uns exercícios de dança. Consegui manter-me em forma em termos de flexibilidade. Depois fui para o Ballet Gulbenkian, a origem daquilo que foi importante na dança em Portugal. Os Bailados Verde Gaio era algo muito amador. Depois ganhei uma bolsa e fui para a América [Nova Iorque] estudar dança contemporânea, onde estive três anos. Vim para o Conservatório [em Portugal] dar essa disciplina. Depois, em 1997, criei a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo [com a bailarina Graça Barroso]. Mas devo dizer-lhe que não somos apoiados pela DGArtes [plataforma pública de concessão de subsídios às artes em Portugal]. Isso é algo inexplicável. Fazemos serviço público puro.

Que papel tem hoje a coreografia na sua vida? Ainda é o mesmo que era no início da carreira?

Não é o mesmo. Sinto que consegui construir [coisas] por mim próprio e manter a mesma linguagem. Posso fazer coisas novas, mas não deixo de ser eu. É sempre algo que tem a ver com aquilo que eu sou. Ninguém consegue fugir aquilo que é, se não é forçado. Não há que forçar nada. Quando vou para o estúdio deixo que as coisas aconteçam por si. Antes ia com toda a matéria na cabeça, mas agora já não consigo fazer isso. Vou para o estúdio, fico em frente dos bailarinos e começo a fazer material, a experimentar coisas que estejam de acordo com o espírito que quero para aquela obra. Sinto-me infeliz, nem é por mim, pois já não há nada que me toque. Estou-me nas tintas para a crítica, para o que dizem ou não. A minha Companhia é invejada e todos acham que somos um pouco antigos. E eu pergunto-me: “Se assim fosse, tínhamos o sucesso que temos?”. Mas fico infeliz porque depois vejo os meus bailarinos a ganhar 400 euros, que só estão comigo porque querem muito e gostam muito de dançar.

Ainda pretende desenvolver novos projectos?

Neste momento estou numa fase em que não me sinto ainda acabado. Mas já me sinto completamente realizado na vida. A minha carreira foi tão longa que não me deixava mágoa parar nesta altura. Parar é sempre uma coisa difícil nas profissões, mas não me importava de parar. Mas ainda penso nos meus bailarinos. A Companhia está bem dirigida pela Cláudia Sampaio, mas o que conta é continuar a trabalhar com eles. É alimentar artisticamente os bailarinos, que gostam e precisam disso.

5 Mai 2023

Metro Ligeiro | Recorde de passageiros batido no mês passado

Perto de 6.500 passageiros usaram diariamente o Metro Ligeiro durante o mês de Abril. A média diária traduz-se no recorde absoluto dos últimos três anos, desde que o transporte deixou de ser gratuito

 

O Metro Ligeiro de Macau registou, em média, cerca de 6.500 passageiros por dia em Abril, o número mais elevado desde que o meio de transporte começou a cobrar tarifas, em Fevereiro de 2020.

De acordo com dados oficiais divulgados pela operadora, a Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, a média de passageiros aumentou mais de um terço, em comparação com Março, e quase quadruplicou em relação ao mesmo mês de 2022.

O Metro Ligeiro foi inaugurado a 10 de Dezembro de 2019 e esse mês continua a deter o recorde, com uma média diária de 33 mil passageiros, seguido de Janeiro de 2020, com uma média de 16 mil, sendo que em ambos os meses as viagens eram gratuitas.

Em Fevereiro de 2020, com o início da cobrança de tarifas e a detecção dos primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus em Macau, a média diária de passageiros caiu para 1.100.

O Metro Ligeiro voltaria a registar este valor mínimo em Julho de 2022, mês em que a cidade esteve em confinamento durante duas semanas devido a um surto de covid-19.

Este meio de transporte opera actualmente apenas uma linha, na ilha da Taipa, com uma extensão de 9,3 quilómetros e 11 estações, com uma frequência de 10 a 15 minutos, durante quase 17 horas diárias.

Durante os feriados do 1.º de Maio, um dos picos turísticos da China continental, o operador do Metro Ligeiro aumentou a frequência de circulação das carruagens para intervalos de entre nove e 12 minutos.

Com a extensão do Metro Ligeiro, as autoridades preveem que o volume de passageiros atinja 137 mil pessoas por dia, em 2030.

A ligação do metro até à Barra, no sul da península de Macau, através do piso inferior da Ponte Sai Van, já começou a ser testada, anunciou no início de Março a Direcção dos Serviços de Obras Públicas.

Em Março de 2021, arrancou a construção da linha de Metro Ligeiro entre o território e Hengqin, que vai custar 3,5 mil milhões de patacas, e deverá estar concluída até 2025.

Projecções e derrapagens

O Governo lançou no final de Outubro os concursos para a concepção e construção da Linha Leste do Metro Ligeiro, que fará a ligação ao norte da península de Macau. As Linhas da Acção Governativa para 2023 prevêem que a construção da Linha Leste do Metro Ligeiro arranque na primeira metade do ano e esteja concluída até ao final de 2028.

O Metro Ligeiro, uma das principais obras públicas de Macau desde a transferência da administração de Portugal para a China, em 20 de Dezembro de 1999, sofreu significativas derrapagens financeiras, bem como nos prazos de execução. A primeira linha, prometida durante mais de uma década, custou 10,2 mil milhões de patacas.

3 Mai 2023

Ensino Superior | Estudo aponta influências neoliberais e nacionalistas

Dois académicos analisaram o desenvolvimento do ensino superior de Macau desde a transferência e identificaram o neoliberalismo e o nacionalismo como as principais linhas orientadoras

 

Desde a transferência que o desenvolvimento do ensino superior no território tem sido orientado pela adopção de políticas neoliberais e nacionalistas. A conclusão faz parte de um estudo da académica Vong Sou Kuan, da Universidade de Macau (UM), e do académico William Yat Wai Lo, da Universidade de Durham (Reino Unido), com o título “Em movimento: a exploração da governação do sistema superior em Macau no período pós-colonial”.

No trabalho publicado no mês passado na revista “Discursos: Estudos da Cultura Política da Educação”, os investigadores recorreram ao exemplo da Universidade de Macau para analisarem as mudanças ocorridas nas políticas de ensino superior desde 1999.

Na perspectiva apresentada pelos investigadores, a ideologia neoliberal aplicada ao ensino superior tem sido caracterizada por um ambiente em que se promove a competição internacional entre universidades, mas também pela preparação dos alunos para serem competitivos no mercado laboral e criarem oportunidades de mobilidade social.

Um dos grandes momentos de mudança sobre a implementação das políticas neoliberais aconteceu em 2006, quando foram aprovados os novos estatutos da UM. Para os investigadores, este momento foi o adeus ao modelo português de gestão do ensino superior, e a adopção do modelo norte-americano, mais virado para a internacionalização, onde o conselho de administração assume mais poderes do que o reitor.

Sobre o facto de a instituição ser financiada principalmente com transferências do orçamento da RAEM, em vez do pagamento das propinas pelos alunos, o que na teoria contraria o modelo neoliberal, os investigadores indicam como justificação o rápido crescimento do jogo. “Apesar da ênfase na necessidade de aumentar a competitividade, o Governo da RAEM não introduziu os princípios de mercado e outros mecanismos relacionados no sistema de Ensino Superior durante as ondas reformistas das décadas de 2000 e 2010, porque o rápido crescimento da indústria do jogo fornecia receita fiscal abundante”, foi explicado.

No entanto, com a crise económica nascida da pandemia de covid-19, Vong Sou Kuan e William Yat Wai Lo notam que o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, trouxe para o discurso político a necessidade de “mercantilizar” o ensino superior. A referência foi feita pela primeira vez em 2020, no âmbito da apresentação das Linhas de Acção Governativa e na sequência de um aumento das propinas.

Discurso nacionalista

A par da gestão inspirada pela ideologia neoliberal, os autores notam que o outro princípio orientador do ensino universitário na Era pós-colonial é o nacionalismo e a integração no Interior.

Também neste aspecto existe um grande momento-chave para os investigadores, nomeadamente a mudança da Universidade de Macau para a Ilha da Montanha, onde se instalou num campus universitário 20 vezes maior do que o anterior.

“O regresso de Macau à soberania chinesa introduziu o nacionalismo como a racionalidade política do Estado, o que levou à formação de um conjunto de políticas e discursos, como a promoção do patriotismo, que balizam os comportamentos dos indivíduos e organizações, assim como as suas aspirações e desejos”, foi indicado.

Os autores apontam também que nos últimos anos, com os esforços da “integração nacional” de Macau e Hong Kong, o discurso nacionalista se tem tornado mais frequente, e apontam a necessidade de aposta na Grande Baía como um desses exemplos.

3 Mai 2023

Economia | Conselheira alerta para custo de vida mais elevado

A conselheira dos Serviços Comunitários das Ilhas Un Su Kei avisou o Governo para o desfasamento entre a recuperação do turismo e o aumento repentino dos preços de bens de primeira necessidade

 

Apesar dos dados oficiais apresentarem uma inflação no território de um por cento, Un Su Kei, conselheira que integra o Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas, alertou para o impacto da subida dos preços na população. O alerta foi deixado na terça-feira e relatado ontem pelo Jornal do Cidadão.

Segundo a responsável, o Governo precisa de acompanhar o aumento dos preços e tomar medidas para contrariar a tendência, porque os residentes estão a perder poder de compra a nível dos bens de primeira necessidade, como produtos alimentares, mais depressa do que as estatísticas dão a entender.

Numa análise às componentes do Índice de Preços no Consumidor, que serve para medir a inflação, a conselheira indicou que entre os itens que ficaram mais caros estão a educação, serviços domésticos, e alguns alimentos como pão e bolachas.

Neste cenário, Un Su Kei apontou que a recuperação do turismo pode transmitir “uma falsa ideia” do que efectivamente acontece com os rendimentos dos residentes. “As pessoas queixam-se de sentirem mais a escalada dos preços do que a recuperação económica pós-pandemia”, atirou.

A conselheira revelou também situações de escaladas de preços nos supermercados locais, sem qualquer tipo de consequências, avançando com exemplo uma marca de bolachas cujo produto, no final de Fevereiro, custava 31,8 patacas. No entanto, até ao fim de Abril as mesmas bolachas passaram a custar 36,8 patacas, mais cinco patacas, um aumento superior a 15 por cento.

Ponta do icebergue

Entre os outros exemplos dos preços que ficaram mais caros, a membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas indicou as padarias, que aumentaram o preço do pão em duas patacas, os restaurantes de fast food, em que cada produto ficou mais caro entre duas a três patacas, e o preço da água e óleo de cozinha.

Face a esta situação, Un Su Kei defendeu a necessidade de o Governo intensificar a supervisão do mecanismo de preços, e promover esforços juntos dos comerciantes para evitar escaladas de preços irracionais.

A conselheira apelou igualmente para que o Executivo garanta que a Lei de Protecção do Consumidor é aplicada na prática, e que são tomadas medidas de fundo para abrandar a subida dos preços.

3 Mai 2023

Doenças transmissíveis | Lei de prevenção e controlo vai ser revista

A experiência de três anos de combate à pandemia de covid-19 será determinante na revisão da lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis, indicou Alvis Lo em resposta a interpelação de Ella Lei. O director dos Serviços de Saúde não respondeu se o Governo vai atenuar o regime de responsabilidade criminal na nova lei

 

Após quase duas décadas da entrada em vigor da lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis, o Governo irá rever a legislação que foi instrumental na implementação das medidas de controlo durante o combate à pandemia de covid-19. A novidade foi revelada por Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SS), em resposta a uma interpelação escrita de Ella Lei.

“Com base na experiência acumulada na prevenção e controlo de doenças transmissíveis, os Serviços de Saúde vão proceder a uma avaliação abrangente para optimizar a lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis”, afirmou Alvis Lo. O responsável acrescentou que o Governo irá “auscultar amplamente as opiniões de vários sectores da sociedade, promovendo de forma ordenada os trabalhos de revisão, no sentido de articular com as necessidades dos trabalhos de prevenção e controlo no futuro”.

Porém, o director dos SS não respondeu se o Governo teria intenção de deixar de punir criminalmente infracções à lei, optando por outro tipo de sanção.

“A referida lei prevê a responsabilidade criminal em caso de violação das medidas de prevenção e controlo epidémicos. No entanto, segundo o entendimento da sociedade, deve ser adoptado um regime sancionatório diferente consoante a situação ou a gravidade da infracção, no sentido de aplicar sanções administrativas de grau adequado às pessoas que violam a lei pela primeira vez, ou que tenham cometido a infracção por engano ou em circunstâncias pouco graves”, defendeu Ella Lei, questionando se o Governo irá “alterar a lei nesse sentido”. A questão ficou sem resposta. Alvis Lo também não revelou quando irá começar o processo legislativo, apesar da questão ter sido colocada por Ella Lei.

Com barbas

O regime legal de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis foi aprovado em 25 de Fevereiro de 2004, no final do primeiro mandato de Edmund Ho enquanto Chefe do Executivo.

Alvis Lo reconhece que, no passado, “a lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis constituiu uma base jurídica sólida e desempenhou um papel importante nos trabalhos de prevenção epidémica”.

O director dos SS destacou o papel da legislação na resposta a “ameaças da epidemia de gripe, do vírus Ébola e da Síndrome Respiratória do Médio Oriente”, mas “em particular, durante o período de resposta à epidemia causada pela covid-19”.

3 Mai 2023

1.º de Maio | Feriados trazem novo estímulo ao sector da restauração

Foram cinco dias de feriados para celebrar o Dia Internacional do Trabalhador com bons resultados para o sector da restauração. Falámos com três proprietários ou chefes de restaurantes portugueses no território que garantem estar a voltar aos valores de negócio do período pré-pandemia. Associação de Hotéis de Macau diz que todos, no sector, estão satisfeitos

 

Eliminadas as restrições pandémicas no início do ano, desde então que todos os períodos de feriados trazem expectativas de recuperação de negócio para o sector do turismo e da restauração locais. Os feriados do 1.º de Maio, que decorreram entre quinta-feira, 27 de Abril, e esta terça-feira, não foram excepção, com os restaurantes a registarem uma grande recuperação para níveis pré-pandemia.

É o caso do restaurante português “O Santos”, na muito turística Rua do Cunha, na Taipa, que voltou ao ritmo habitual com turistas estrangeiros e uma “selfie” tirada entre a degustação dos pratos mais típicos da comida portuguesa.

“Notei um grande aumento de clientes”, contou Santos Pinto ao HM. “A minha tasquinha voltou ao que era antes da pandemia, com pessoas que me conhecem e que me dizem, quando entram: ‘I Missed You Santos’ [Tive saudades suas, Santos]”, adiantou. O proprietário de um dos espaços de restauração mais conhecidos do território diz que desde o Ano Novo Chinês que tem tido sempre casa cheia. “Não notei um maior aumento em Maio [em relação aos meses anteriores]. Continuo com a casa cheia desde o Ano Novo Chinês.”

Também Nelson Rocha, proprietário do restaurante “Mariazinha”, diz que “foi um fim-de-semana muito bom”. “Estivemos a trabalhar como habitual. Os feriados de início de Abril foram, para nós, melhores, mas, ainda assim, o 1º de Maio foi bastante satisfatório. Desde o ‘fim’ da covid e consequente abertura de Macau que temos trabalhado muito melhor, esperamos que [a situação] esteja para durar”, frisou.

Herlander Fernandes, chefe de cozinha executivo no D’OURO Roosevelt, referiu que os feriados “sempre foram alturas de maior afluência de clientela”. “Com a queda das medidas antiepidémicas sentimos um aumento significativo no volume de turistas, o que se acentua nos feriados e dias inerentes. Comparando com o Ano Novo Chinês penso que o aumento não chega aos 50 por cento, mas tem sido progressivo”.

Para o responsável, pode-se falar de uma recuperação, mas não de um regresso total à normalidade do mercado turístico. “Macau está a atrair outro tipo de turistas, com uma dinâmica diferente. Existe um grande número de pessoas a visitar Macau, o que é animador e dinamiza o mercado, mas não é o mesmo turista que Macau recebia antes da covid. Há muita margem para expansão e diversificação.”

Lei não ajuda

Uma das problemáticas do sector, que tem travado uma recuperação mais imediata, é a falta de recursos humanos. Santos Pinto diz que já tem funcionários suficientes para manter a casa a funcionar, mas a máquina ainda não está oleada como antes.

“No início tinha falta de pessoal, mas agora já tenho a equipa com pessoas em número suficiente. O pior é que os novos funcionários não conhecem o trabalho e estão ainda em período de adaptação.”

Herlander Fernandes denota que “existe muita carência de profissionais na hotelaria”. “Houve despedimentos em massa e medidas muito rigorosas que afastaram bons trabalhadores e possíveis candidatos. As leis laborais são muito pobres compradas com o resto do mundo, e as ‘portas fechadas abriram horizontes’ a muitos profissionais da área”, adiantou o chefe de cozinha, que considera que a legislação laboral em vigor não ajuda.

“Vai ser difícil cativar profissionais com qualidade enquanto a lei laboral continuar a permitir uma folga por semana e seis dias de férias por ano. Numa região que vive do turismo devia haver mais consideração pela indústria hotelaria e repensar as leis laborais que tanto afectam a nossa indústria.”

“Estamos bem”

Luís Herédia, presidente da Associação de Hotéis de Macau, concorda com a posição de Herlander Fernandes. “Há uma prática e uma legislação em vigor e vamos conseguindo trabalhar com essa prática dos seis dias. Mas isso não quer dizer que cada empresa não possa oferecer melhores condições. Há, de facto, necessidade de rever alguns termos da lei laboral e de contratação de trabalhadores não residentes e perceber, por exemplo, se estudantes universitários podem ter uma extensão do prazo de permanência [para fins de trabalho] e terem a residência. Há muita coisa que devemos reflectir e estudar em Macau e ver qual a melhor forma para sermos atractivos nesta área.”

Luís Herédia assegura, olhando para os dados dos últimos dias, que “estamos bem, mas podemos ficar melhor”. “Em termos de ocupação hoteleira podemos não estar a cem por cento em todos os hotéis, mas há empreendimentos que estão a 95 por cento, outros menos, conforme a capacidade. O Sheraton é um caso paradigmático que representa cerca de dez por cento do inventário [em número de quartos de hotel no território] e que já abriu uma torre e meia, antes tinha só uma torre [com quartos a funcionar].”

“Não há hoteleiro com quem fale que não esteja satisfeito neste momento. As coisas vão melhorando e todos estão felizes. Os números estão a melhorar bastante. O importante é conseguirmos servir com qualidade e temos de estar cientes de que queremos o retorno, mas não a qualquer custo. Vamos servir conforme as nossas capacidades”, rematou Luís Herédia.

O território recebeu, no domingo, um pico de visitantes com quase 134 mil entradas, sendo que esta terça-feira chegaram 84.740 turistas. Na segunda-feira o território recebeu 110.823 turistas. Em quatro dias, a média de visitantes foi de 110 mil.

Turismo doméstico e internacional na China sofre “boom”

Não foi apenas em Macau que o turismo teve dias felizes. Também no país, os números foram bastante positivos, com a Xinhua a apontar para cerca de 200 milhões de viagens domésticas que geraram receitas na ordem dos 100 mil milhões de yuan.

Estes números comprovam “um ponto de viragem no sector do turismo”, com um regresso do mercado aos níveis pré-pandemia de 2019, disse Dai Bin, presidente da Academia de Turismo da China. Desde o dia 27 de Abril e até hoje são esperadas 120 milhões de viagens de comboio, mais 20 por cento em relação a 2019.

“Esta é a primeira vez, em três anos, que fazemos uma viagem grande”, disse, citado pela Xinhua, Zhang Zhenyue, turista, que viajou com a família para um resort na região de Hainão.

Dados do Ministério da Cultura e Turismo da China mostram que se realizaram mais de 1,2 mil milhões de viagens por cidadãos chineses no país no primeiro trimestre, que geraram receitas na ordem das 1,3 triliões de yuan. Ambos os valores representam aumentos, em termos anuais, de 46.5 por cento e 69.5 por cento, respectivamente. Em termos de voos internacionais houve também uma grande recuperação nestes feriados.

Guo Lechun, vice-presidente de um instituto de pesquisa na área de big data ligado à Qunar, plataforma online de viagens, disse que “sobretudo desde o Festival da Primavera que cada vez mais idosos e crianças começaram a viajar, indicando que o mercado turístico está a recuperar”.

O “boom” é tão notório que até cidades chinesas que outrora estavam de fora dos guias turísticos começaram este ano a receber mais visitantes, como é o caso da cidade de Zibo, na província de Shandong, para onde milhares de pessoas viajaram para provar o tradicional barbecue. “Sabe maravilhosamente e vale a pena a viagem de mais de três horas. O que nos atrai mais é a atmosfera relaxante e harmoniosa que temos aqui”, disse Liu, uma turista.

Zibo, que tem 4.7 milhões de habitantes, recebeu quase 120 mil visitantes nos feriados do 1º de Maio, um grande aumento de dois mil por cento em termos anuais.

Mais estrangeiro

Dados da Fliggy, plataforma online de marcação de viagens e alojamento do grupo Alibaba, revelam que as viagens para o estrangeiro aumentaram cerca de 200 por cento em comparação com os dias do Festival da Primavera. Dai Bin acrescentou que “o turismo desempenha um importante papel no fomento de sectores como a restauração, alojamento e retalho, e a sua recuperação pode ajudar a ‘conduzir’ o consumo de toda a sociedade”.

Dados recentemente divulgados pela Academia de Turismo da China estimam que este ano deverão ser realizadas no país 4.55 mil milhões de viagens domésticas, mais 73 por cento em relação ao ano passado.

3 Mai 2023

Automobilismo | Rui Valente sobe ao pódio em Zongqing

Rui Valente deu início à sua temporada desportiva com um resultado muito positivo no Festival de Corridas da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, organizado pelo Circuito Internacional de Guangdong, em Zhongqing, no passado fim de semana

 

Desta vez o piloto da RAEM alinhou com o seu Mini Cooper S, um carro visto nos últimos anos no Grande Prémio de Macau, na prova destinada aos carros de Turismo “Open Grupo B”. Isto, porque o seu histórico Honda Integra DC5, que tantas alegrias deu ao piloto do território nas provas disputadas em Cantão, estar neste momento “a ser preparado, pois para dentro de três ou quatro semanas voltar para a China para participar em três ou quatro corridas de resistência”.

Depois de ter abandonado na corrida de sábado, Rui Valente voltou à carga para vencer uma muito animada segunda corrida. O piloto português travou um duelo até à bandeira de xadrez com o Toyota 86 GT (ZN6) de Chen Bingxiong, com o piloto chinês a impor a maior potência do seu carro para triunfar numa corrida em que os dois primeiros cortaram a linha de meta separados por menos de um segundo.

“Fui 1.º na classe e 2.º na geral, mas mesmo quase… Ainda andei na frente duas vezes mas não foi possível manter o meu adversário, que estava muito rápido, atrás”, explicou Rui Valente ao HM. “Nesta prova, o peso mínimo, piloto mais carro, eram 1150 kg e tivemos que colocar lastro para estarmos dentro do regulamento, o que foi uma tarefa bastante complicada, pois o Mini pesa apenas 970 kg. Nunca desejei tanto pesar de mais de 130 kg…”

O Toyota partiu da pole position, assumiu a liderança e Valente manteve o segundo lugar antes dos dois carros formarem gradualmente o grupo da frente. Um procedimento do Safety-Car começou na volta 6 e terminou na volta 9. A corrida foi retomada na volta 10. Após seis voltas, o Mini nº20 e o Toyota nº1 encenaram várias cenas de ultrapassagem, umas com mais sucesso outras com menos, nas duas rectas do GIC. Rui Valente passou o seu rival antes da linha de meta na volta 10, mas o Toyota recuperou o primeiro posto antes da T1 na volta 13. Sem baixar os braços, Rui Valente ultrapassou-o novamente na T1 na volta seguinte, mas na recta da meta ainda da mesma volta, o Toyota deu a estocada final, ultrapassando o robusto Mini branco.

GP é uma incógnita

Com a alteração de regulamentos nas corridas de carros de Turismo locais, que deixa de fora, por agora, as viaturas das classes Roadsport e 1600cc Turbo, incluindo o Mini Cooper S, Rui Valente ainda não sabe como irá materializar a sua participação no 70.º Grande Prémio de Macau.

O veterano piloto português não esconde que deseja voltar ao Circuito da Guia no mês de Novembro, mas por agora não tem “nada definido” para o evento, estando a avaliar diversas possibilidades. O programa de corridas do 70º. Grande Prémio de Macau ainda está por confirmar, assim como as tradicionais corridas de qualificação organizadas pela Associação Geral Automóvel de Macau – China (AAMC).

2 Mai 2023

Ho Chio Meng | TUI confirma condenação de Mak Im Tai e Wong Kuok Wai

Os empresários tentavam anular a condenação pelo crime de associação criminosa desde 2018, mas o Tribunal de Última Instância negou-lhe o recurso. O julgamento conexo ao de Ho Chio Meng teve mais um desfecho, mas ainda falta pelo menos um capítulo

 

O Tribunal de Última Instância (TUI) confirmou a condenação dos empresários Mak Im Tai e Wong Kuok Wai pela prática do crime de associação criminosa, no âmbito do processo conexo ao do ex-Procurador da RAEM, Ho Chio Meng. A decisão foi tomada na semana passada, face a um recurso interposto em 2018.

Os empresários tentavam arguir contra a condenação pela prática de associação criminosa. No entanto, os juízes Vasco Fong, Ho Wai Neng e Tong Hio Fong consideraram não haver fundamentos para aceitar o recurso.

O colectivo de juízes pertence ao quadro do Tribunal de Segunda Instância (TSI), mas os magistrados foram “promovidos” ao TUI para este caso, porque pelo menos dois juízes do TUI, Sam Hou Fai e Song Man Lei, estavam impedidos, após terem participado no julgamento do ex-Procurador, que incidiu sobre os mesmos factos.

A decisão da semana passada representa para os dois acusados o fim do caso conexo ao do ex-Procurador da RAEM, que se arrasta nos tribunais desde 2017.

Em Agosto de 2017, Wong Kuok Wai e Mak Im Tai foram condenados pela prática de 1096 crimes de participação económica em negócio, 49 crimes de branqueamento de capitais agravado, um crime de burla de valor consideravelmente elevado e um crime de participação em associação criminosa, com penas de 14 e 12 anos de prisão, respectivamente. Apesar de ambos terem praticado os mesmos crimes, Wong foi mais penalizado, devido ao papel assumido na associação criminosa.

Milagre da multiplicação

A sentença do caso em 2017 não agradou nem ao MP nem aos arguidos, o que levou à apresentação de vários recursos. Na sequência, em Julho de 2021, o TSI decidiu a favor do MP, e ordenou que parte do julgamento voltasse a ser repetido na primeira instância.

Contudo, como a repetição dos factos não incidiu sobre a condenação de associação criminosa, o recurso sobre esta parte do processo subiu até ao TUI, numa multiplicação de casos.

O TUI optou por não decidir o caso até que o novo julgamento na primeira instância fosse concluído, o que aconteceu em Junho do ano passado. Nessa decisão, Wong Kuok Wai e Mak Im Tai voltaram a ser condenados por vários crimes de burla, com penas de prisão 12 anos.

À pena de Junho vai agora ser acrescentada a pena de prisão de oito anos, relativa ao crime de associação criminosa.

Caso Duracell

Apesar das várias decisões, o processo ainda não chegou ao fim. Em causa está o arguido António Lai Kin Ian, que era chefe de Gabinete de Ho Chio Meng.

Na primeira decisão, António Lai tinha sido declarado inocente das acusações que enfrentava. Porém, após a repetição do julgamento, e apesar de se ter declarado novamente inocente, acabou condenado a uma pena de sete anos de prisão.

Face à condenação, António Lai interpôs recurso, que ainda está por decidir no Tribunal de Segunda Instância.

Ho Chio Meng, o primeiro Procurador da RAEM, foi condenado em Julho de 2017 a uma pena de prisão de 21 anos pela prática de 1092 crimes, entre os quais 490 crimes de participação económica em negócio, 450 crimes de burla simples, 65 crimes de burla qualificada de valor elevado, 49 crimes de branqueamento de capitais agravado, 23 crimes de burla qualificada de valor consideravelmente elevado, dois crimes de inexactidão dos elementos de declaração de rendimentos, um crime de peculato de uso, um crime de peculato, um crime de destruição de objectos colocados sob o poder público, um crime de promoção ou fundação de associação criminosa e um crime de riqueza injustificada.

2 Mai 2023

Jogo | MGM China regressa aos lucros no primeiro trimestre de 2023

A concessionária que gere os casinos MGM Macau e MGM Cotai apresentou lucros 1,4 mil milhões de dólares de Hong Kong nos primeiros três meses do ano. William Hornbuckle justificou os resultados com “um plano meticuloso” de pós-abertura de fronteiras

 

A concessionária de jogo MGM China regressou aos lucros no primeiro trimestre deste ano, ao registar ganhos de 1,4 mil milhões de dólares de Hong Kong, após ter fechado o ano passado com prejuízos. Na apresentação dos resultados, William Hornbuckle, presidente da MGM International e director Executivo da MGM China, justificou os resultados com o trabalho de preparação da reabertura, feito em Macau.

Em comparação, no ano passado a concessionária tinha registado um lucro antes de impostos, juros, depreciações e amortizações ajustado negativo de cerca de 1,3 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Entre Janeiro e Março deste ano, a MGM China obteve receitas líquidas de 4,8 mil milhões de dólares de Hong Kong, mais do dobro do registado em igual período de 2022.

“O nosso desempenho durante o primeiro trimestre em Macau é o resultado de um plano meticuloso bem preparado e executado pela nossa equipa da MGM China, que garantiu que todas as condições para aumentarmos a nossa proporção do mercado, após a reabertura”, afirmou William Hornbuckle.

O responsável pela empresa destacou também o que considerou as novas “vantagens estruturais” obtidas depois do processo de atribuição das novas licenças do jogo. “A nossa quota de mercado chegou aos 15 por cento, e estamos confiantes que vamos conseguir manter essa quota, devido às nossas vantagens estruturais”, indicou. “E tivemos uma nova [vantagem], com o processo da renovação das concessões obtivemos mais 200 mesas de jogo”, revelou. “É um aumento de 33 por cento no número de mesas da MGM, num mercado que tem uma alocação de mesas fixa”, acrescentou.

Metade das mesas utilizadas

Ainda em relação às mesas, o presidente do grupo explicou que apenas cerca de 50 por cento das mesas estão em funcionamento, mas que a taxa de utilização vai aumentar “com o regresso da procura”.

Como parte do plano de retorno da actividade findas as restrições fronteiriças, a concessionárias destaca as obras de reconstrução das áreas de jogo nos dois casinos de Macau, mais focadas no mercado de massas, e ainda a construção de mais 57 suites no MGM Cotai.

Num comunicado divulgado na segunda-feira pela MGM Resorts International, a empresa-mãe da MGM China confirma que a recuperação no primeiro trimestre “foi influenciada de forma positiva pela remoção das restrições às viagens relacionados com a covid-19”.

Entre Janeiro e Março, a taxa de ocupação nos dois empreendimentos integrados da MGM China foi de 93,5 por cento e 89,3 por cento, em comparação com 72,8 por cento e 38,9 por cento em igual período de 2022. Com Lusa

2 Mai 2023

Jogo | Receitas fiscais no primeiro trimestre sobem quase 16%

Nos primeiros meses do ano, o Governo amealhou 10,1 mil milhões de patacas em impostos arrecadados na indústria do jogo, valor que representou uma subida anual de 15,8 por cento. Por outro lado, a despesa pública levou um corte de quase um quarto

 

A receita corrente de Macau subiu 14,4 por cento em termos anuais no primeiro trimestre de 2023, graças à recuperação dos impostos sobre o jogo. No capítulo das receitas fiscais apuradas nos impostos cobrados aos casinos, a Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) revelou ontem que no primeiro trimestre ascenderam a 10,1 mil milhões de patacas, valor que contrasta com os 8,73 mil milhões arrecadados no mesmo período de 2022, ou seja, mais 15,8 por cento.

Recorde-se que à luz das novas concessões de jogo que entraram em vigor a 1 de Janeiro deste ano, e que estarão a vigorar durante os próximos 10 anos, o imposto efectivo sobre as receitas brutas apuradas pelos casinos é de 40 por cento. Como tal, o incremento das receitas fiscais está directamente ligado às receitas brutas dos casinos, que atingiram 34,6 mil milhões de patacas nos primeiros três meses de 2023, mais 94,9 por cento do que no trimestre homólogo do ano anterior.

No cômputo geral e de acordo com dados divulgados pela DSF, a receita corrente nos primeiros três meses desde ano foi de 12,7 mil milhões de patacas, o valor mais elevado desde o início da pandemia de covid-19.

Entre Janeiro e Março, Macau recolheu 19,8 por cento da receita projectada para 2023 no Orçamento da RAEM, que é de 65,5 mil milhões de patacas.

Apesar da subida nas receitas, a despesa pública caiu 22,8 por cento para 15,5 mil milhões de patacas, com a despesa corrente também a encolher 31,5 por cento para 10,5 mil milhões de patacas.

Ainda assim, Macau só conseguiu manter as contas em terreno positivo graças a transferências no valor total de 5,2 mil milhões de patacas vindos da reserva financeira. Os orçamentos do Governo de Macau têm sido desde então marcados por sucessivas alterações e por pacotes de estímulo dirigidos às pequenas e médias empresas, à população em geral e ao consumo.

Em meados de Dezembro, as autoridades do território anunciaram o cancelamento gradual da maioria das medidas sanitárias, depois de a China ter abandonado a estratégia ‘zero covid’. Em resultado, Macau registou um aumento em termos anuais de 163,7 por cento no número de visitantes durante o primeiro trimestre de 2023 e uma subida de 141,4 por cento nas receitas do jogo. Com Lusa

2 Mai 2023

1º de Maio | Secretário diz que Macau respeita direito de manifestação

Wong Sio Chak sublinhou que o direito de manifestação é assegurado pela Lei Básica e afastou qualquer ligação entre a vitalidade das liberdades e o facto de nos últimos quatro anos as tradicionais marchas do Dia do Trabalhador não se terem realizado. Coutinho diz que a Assembleia Legislativa “é, neste momento, o melhor sítio” para manifestar opiniões

 

Apesar de nos últimos quatro anos as tradicionais manifestações do 1º de Maio terem desaparecido da agenda política de Macau, Wong Sio Chak não considera que houve um enfraquecimento do vigor das liberdades no território. Aliás, as próprias marchas não são um requisito obrigatório para assinalar o Dia do Trabalhador, afirmou o secretário para a Segurança à margem da recepção do Dia Internacional do Trabalhador, organizada pela Federação das Associações dos Operários de Macau.

Ainda sobre a vitalidade da sociedade civil, o governante indicou que esta depende também de outros factores, como a dinâmica económica e o desenvolvimento social.

Questionado se a ausência de manifestações no 1º de Maio afecta a imagem de Macau, Wong Sio Chak sublinhou as garantias asseguradas pelo sistema jurídico da RAEM. “Se a população não se quer manifestar, o Governo não a pode forçar. Quem quiser organizar uma manifestação tem apenas de apresentar um pedido, é tão simples quanto isso”, referiu, citado pelo All About Macau.

Argumentando que “a Lei Básica e outras leis garantem o direito de manifestação”, Wong Sio Chak revelou que o único pedido recebido este ano foi cancelado pelo organizador ainda antes de este ter reunido com as autoridades para coordenar o trajecto e preparar arranjos de trânsito de acordo com o número de participantes.

Antes e depois

O HM falou com quem fez o pedido de manifestação para o Dia do Trabalhador. Wong Wai Man, presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço e ex-candidato a deputado, reconheceu ter retirado o pedido para garantir a estabilidade da sociedade de Macau e por temer que a manifestação fosse aproveitada para outros propósitos.

“Depois de considerar os interesses gerais de Macau e o impacto para a sua imagem, optei pela estabilidade. (…) Tive medo que a manifestação fosse aproveitada para outros propósitos”, admitiu.

O deputado Pereira Coutinho também deu a sua opinião sobre a vitalidade de um dos direitos fundamentais consagrados na Lei Básica. “A Assembleia Legislativa (AL) é o melhor local, neste momento, para defender os direitos dos trabalhadores”, referiu à margem do jantar comemorativo do Dia do Trabalhador, organizado pela Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).

“Estou extremamente satisfeito por me poder exprimir dentro da AL, manifestar o nosso desagrado. (…) O Governo, neste momento, dá grande atenção a todos os assuntos que os deputados exprimem no hemiciclo, quer de ordem social, laboral, trânsito. Basicamente é aquilo que está a acontecer neste momento, embora nós não nos possamos manifestar como fazíamos no passado. Mas, em todo o caso, nada mudou para mim”, concluiu o deputado, citado pelo Canal Macau da TDM.

2 Mai 2023

Timor-Leste | Legislativas a 21 de Maio. Partidos com expectativas elevadas

CNRT e Fretilin, os dois partidos timorenses com maior expressão política, têm elevadas expectativas para as eleições legislativas que decorrem no país no próximo dia 21. O KHUNTO confia na possibilidade de vir a duplicar o número de deputados

 

A campanha para as eleições legislativas de Timor-Leste, marcadas para o próximo dia 21, já corre a todo o gás e os partidos candidatos mostram confiança na obtenção de bons resultados. No caso do partido timorense KHUNTO, a previsão é de que possa vir a duplicar os lugares no parlamento, passando de cinco para 11, com vitórias em vários municípios do país, o que ajudará a dar o triunfo à plataforma que sustenta o actual Executivo.

Marito Magno, conselheiro nacional do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) disse, em entrevista à Lusa, que a “plataforma continuará a ter maioria no parlamento” e “vai até aumentar esse poder”. Magno refere-se ao acordo entre o KHUNTO, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e o Partido Libertação Popular (PLP), do actual Governo, de que continuarão a formar uma plataforma para governar depois das eleições.

“Vamos aumentar. A Fretilin está muito sólida no terreno, nós vamos aumentar para 11 cadeiras, no mínimo, e o PLP vai manter ou aumentar também”, referiu.

“No nosso caso temos a referência do apoio de 56 mil votos à nossa candidata presidencial. Mas agora os nossos números são ainda maiores. No mínimo 80 mil. Esperamos ganhar em Ainaro, Manufahi e Manatuto. Apesar de Manatuto ser a terra de Xanana Gusmão, o KHUNTO vai ganhar”, afirmou.

Garante que o CNRT não vai ser o mais votado e que se for, está “excluída hipótese de apoiar um Governo CNRT”, vincando que o partido continua na plataforma que governa actualmente.

De frisar que, na última quinta-feira, o vice-presidente do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), tido como a maior força da oposição no país, disse, também à Lusa, estar confiante numa maioria absoluta, argumentando ter consolidado a sua estrutura e ter visto grande apoio antes e durante a campanha

“Estamos 100% confiantes na maioria absoluta. Estamos a trabalhar no terreno. E a maioria em que estamos a pensar não é mais que a resposta do povo, o povo que sofreu durante o período da covid-19 e nos últimos anos”, disse Tomás Cabral.

“O CNRT começou em 2007 e tem-se vindo a transformar em todo o território, com uma evolução grande, mais estruturas a nível das 2.225 aldeias, estruturas mais bem preparadas a todos os níveis”, vincou ainda.

Essa evolução, explica, assenta também na criação e crescimento de três estruturas — mulheres, jovens e profissionais do partido — que envolveu formação técnica dos quadros e “formação especial a quadros políticos”.

“Estamos a trabalhar para maioria absoluta. O presidente do partido e o partido estão a trabalhar forte para podermos ter uma maioria. E população em si está a perceber qual o caminho que quer seguir”, afirmou.

Apesar de ter estado, desde a sua criação, como primeira ou segunda força política no país, o CNRT acaba por ser necessariamente conectado ao seu líder, Xanana Gusmão, o que leva alguns a questionar que futuro terá o partido, sem a cara mais conhecida da política nacional. “Quem diz que não vai haver CNRT depois de Xanana só está a tentar fazer propaganda política. Se fosse assim, quando as nossas bases de apoio à resistência foram destruídas em 1979, a luta contra a indonésia teria acabado. E não ocorreu isso”, explica.

“O CNRT está a trabalhar, a organizar-se, tem uma estrutura própria, já. Com Xanana ou sem Xanana estamos a construir, a fortalecer as estruturas”, insiste.

Sinal mais

Marito Magno, conselheiro do KHUNTO, avalia positivamente a convivência no atual Governo – rejeita acusações de que os três partidos actuavam quase de forma separada no Executivo – e dá como exemplo da solidez as reuniões regulares dos líderes máximos dos três partidos. “Não é verdade que cada partido puxe para si. Todas as decisões são tomadas em conselhos de ministros e as grandes medidas, cesta básica, apoio a trabalhadores e subsídio do fim do ano, por exemplo, são apoiadas por todos”, disse.

“A oposição sempre gosta de criticar. Mas o oitavo Governo é diferente. Fez um orçamento virado para o povo, para a comunidade. E por isso a comunidade sente grande satisfação com a política do Governo”, sublinhou.

Magno, que é um dos responsáveis pela elaboração do programa e da campanha eleitoral, vincou que o partido tem estado nos últimos anos a consolidar toda a sua estrutura, que vai “desde o conselheiro máximo até às aldeias” do país.

“A situação é muito diferente relativamente ao passado, porque então não tínhamos essa estrutura de bases. Agora chegamos a todo o território. Em cada aldeia temos no mínimo 42 pessoas”, referiu. “Houve muitas mudanças, inclusive na estratégia. Cada membro tem competência para recrutar e mobilizar novos militantes, no quadro do sistema do juramento”, disse.

Bases sólidas

Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, afirmou, há seis dias, à Lusa, que o partido está “muito sólido”, mais coeso e com a estrutura ainda mais consolidada até à base, o que dá confiança de vitória nas legislativas. “Está muito sólido. Tenho descido até às bases e notamos essa força desde as aldeias até ao nível nacional. Não é apenas o Comité Central que está muito sólido, mas são todas as estruturas”, disse.

Alkatiri explica que “pela primeira vez na vida”, durante a pré-campanha e a campanha, desceu até às aldeias e ainda mais “até às knuas” — as estruturas bases tradicionais da organização do país. Uma oportunidade “para perceber melhor o porquê de o povo estar ainda a sofrer, com uma taxa de subnutrição e de pobreza tão elevada, depois de termos gastos 16 mil milhões de dólares nos últimos anos, sem contar os apoios internacionais”.

Um processo que permitiu avaliar melhor as necessidades no terreno e, ao mesmo tempo, fortalecer a própria estrutura do partido, com unidades nas aldeias e células nas knuas (tribos). “Temos que identificar líderes naturais no seio do povo. Isso é muito importante porque eles e elas é que vivem com a comunidade, que melhor a conhecem”, refere.

“Mobilização sem organização é só festa. A mobilização com organização é a realidade e isto é a diferença entre o que fazemos agora e o que os outros fazem, especialmente o CNRT”, considerou.

Apesar de a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) se apresentar sozinha – como o tem feito, aliás, desde as primeiras eleições para Assembleia Constituinte -, o partido assinou um acordo de plataforma política com os seus actuais parceiros no Governo, o Partido Libertação Popular (PLP) e o KHUNTO. PLP e KHUNTO estão no Governo por terem feito parte de uma coligação pré-eleitoral Aliança de Mudança para o Progresso, AMP) com o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) que venceu as antecipadas de 2018 com maioria absoluta.

A saída do CNRT do Governo levou à entrada da Fretilin que o viabilizou e permitiu que terminasse o mandato. “Se a posição da plataforma que temos hoje se mantiver depois das eleições, quer queiram quer não, governamos em termos percentuais. Isso não vai acontecer, haverá quem suba, quem desça e quem se mantenha. Mas a Fretilin vai subir e compensará qualquer um deles, no caso de descerem”, disse.

Mais do que isso, porém, Alkatiri refere que a plataforma foi uma base que existe desde 2020, mas que ao longo da governação contou com o apoio de outros partidos, o que “mostra que há sensibilidade e uma real vontade de cooperar” na governação.

“Se houver mais partidos, menos votados, mas com representação no parlamento, temos que os saber incluir. E iria mais longe ainda, para dizer que o ideal seria um entendimento com o CNRT para se poderem corrigir algumas medidas tomadas até agora, incoerentes e inconsistentes”, disse.

Questionado sobre que avaliação faz do trabalho da plataforma na governação, Alkatiri recorda que a plataforma liderou o país em momentos “muito difíceis”, como a pandemia da covid-19 e desastres naturais.

“Não é fácil gerir um governo de três partidos, de tantos membros, numa situação dessas. Mas no essencial, para servir o povo, serviu-se bem e mesmo na pandemia. Timor-Leste foi dos países menos afectados em termos de óbitos e isso significa que houve um esforço para servir” a população, afirmou.

CNE | Comissão lamenta feridos e incidentes

O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) timorense lamentou ontem os vários incidentes que ocorreram na parte leste do país durante a primeira metade da campanha eleitoral e que causaram vários feridos.

“Lamentamos profundamente os incidentes que têm ocorrido na campanha, especialmente na parte leste, na zona de Viqueque. O processo está em investigação pela polícia e pelo Ministério Público”, disse José Belo em conferência de imprensa. “Como órgão eleitoral lamentamos esta situação e voltamos a apelar a todos os cidadãos para que mantenham um bom comportamento, moderando a sua acção. Mesmo pequenos incidentes têm impacto na imagem do país dentro e fora”, vincou.

José Belo fez uma conferência de imprensa de balanço da primeira metade da campanha, que começou a 19 de Abril e decorre até 18 de Maio, destacando várias questões detectadas pelas equipas da CNE no acompanhamento dos partidos. Notando que a campanha, em geral, “tem corrido bem”, Belo voltou a relembrar os partidos políticos para que sejam disciplinados e evitem a participação de crianças em actos de campanha e, ao mesmo tempo que “evitem levar militantes de uns municípios para os outros”, o que pode causar “riscos adicionais”. José Belo referiu-se igualmente à participação de grupos de artes marciais (GAM) em actos de campanha, referindo que está em curso a campanha de partidos políticos e, como tal, não deve servir “representar a filiação de artes marciais a partidos”. Nesse sentido apelou a que não se usem símbolos de artes marciais na campanha e se evite referência à afiliação a GAM.

2 Mai 2023

Feriados | Número de visitantes e receitas do jogo batem recordes

Ruas e fronteiras intransitáveis, autoridades a controlar o fluxo de pessoas e mesas de casinos cheias. A Semana Dourada de Maio trouxe um novo recorde de visitantes e as receitas mensais de jogo subiram para níveis nunca vistos desde o início da pandemia

 

Mais de 130 mil turistas entraram em Macau no domingo, naquele que foi o número mais elevado dos feriados do Dia do Trabalhador e também desde o início da pandemia. Os dados foram avançados pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), após um dia em que as autoridades precisaram de tomar medidas para controlar o fluxo de turistas.

De acordo com o CPSP, só no domingo houve 133.911 turistas, entre visitantes individuais e excursionistas, a passar a fronteira e a visitar a RAEM. Também nesse dia 120.262 turistas deixaram o território.

A presença dos turistas fez-se sentir um pouco com toda a cidade, com algumas áreas a deixarem praticamente de serem circuláveis. No meio da confusão, o CPSP foi chamado para controlar o fluxo de turistas que pretendia aceder às Ruínas de São Paulo, ao limitar a circulação naquela zona.

No dia anterior, sábado, o número de turistas tinha ficado acima dos 100 mil, com a 109.196 visitantes individuais e excursionistas. Ainda nesse dia 87.539 turistas deixarem a RAEM.

Ontem, a directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, reconheceu que a entrada de tutistas “ficou acima das melhores expectativas” das autoridades, não só no número de visitantes, mas também a nível das dormidas no território, com a taxa de ocupação dos hotéis a superar os 90 por cento.

A grande afluência de turistas ao território, levou Maria Helena de Senna Fernandes a considerar, segundo o canal chinês da Rádio Macau, que este é o cenário “ideal” para o principal motor da economia.

Receitas recorde

Além de uma Semana Dourada muito popular a nível da entrada de turistas, o dia de ontem ficou também mercado pelo anúncio das receitas do jogo referentes a Abril.

De acordo com os dados divulgados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em Abril as receitas atingiram 14,7 mil milhões de patacas, o melhor resultado desde o início da pandemia. No período homólogo, as receitas não tinham ido além dos 2,7 mil milhões de patacas, devido adopção da política de zero casos de covid-19 no Interior e em Macau.

Abril foi também a primeira vez desde Janeiro de 2020 que as receitas do jogo ficaram acima da barreira dos 14 mil milhões de patacas.

Em relação aos primeiros quatro meses do ano, os casinos registaram receitas brutas de 49,4 mil milhões de patacas, um crescimento de 141,4 por cento, em relação ao mesmo período do ano passado, quando as receitas tinham sido de 20,5 mil milhões de patacas.

2 Mai 2023

Covid-19 | Governo afasta vacinação de rotina e segue OMS

O Governo recomenda que os grupos de alto risco devem tomar uma dose adicional da vacina bivalente contra a variante Ómicron. As novas orientações, que entraram ontem em vigor, seguem as recomendações da Organização Mundial de Saúde

 

Apesar da vacinação nunca ter sido obrigatória em Macau, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus lançou uma série de novas recomendações para preparar uma eventual subida das infecções por covid-19 no território no futuro próximo.

Tendo em conta a predominância da variante Ómicron, o Governo indica que “para as pessoas de alto risco, será necessária a administração de uma dose adicional da vacina bivalente contra a variante Ómicron (ou seja, vacina bivalente de mRNA contra a COVID-19)”. Apesar do comunicado do centro de coordenação de contingência referir que “será necessária” a toma da vacina, não especificando se esta é obrigatória ou não, em esclarecimentos ao Canal Macau da TDM as autoridades admitiram tratar-se apenas de uma sugestão.

Assim sendo, com o objectivo de “aumentar a imunidade dos residentes contra a variante Ómicron, especialmente dos grupos de alto risco”, o Governo indica que a vacinação irá obedecer à “classificação de risco de acordo com as pessoas de diferentes grupos etários e o seu estado de saúde”.

Afastando a hipótese de tornar a vacinação contra a covid-19 numa rotina, as autoridades vão concentrar esforços nos grupos de alto risco com maior probabilidade de desenvolver doenças graves ou consequências graves após infecção. Os grupos de risco incluem idosos, mulheres grávidas, indivíduos com doenças crónicas e profissionais de saúde da primeira linha, seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde.

Doses adicionais

Com base nas novas recomendações, as autoridades referem que no geral todos os cidadãos devem completar a vacinação com três ou quatro doses, sendo que a última inoculação deve ser com a vacina bivalente de mRNA.

Assim sendo, crianças entre seis meses e 17 anos, “sem situação de risco”, devem tomar três doses. Para cidadãos entre os 18 e 59 anos, são aconselhadas três ou quatro doses, com as autoridades a indicar que quem não tenha tomado dose da vacina bivalente deve fazê-lo seis meses depois da última dose ter sido administrada.

A mesma recomendação é alargada a pessoas com mais de 60 anos de idade, mulheres grávidas (depois de 16 semanas de gestação) e profissionais de saúde da linha da frente, com a especificação que estes segmentos populacionais podem tomar duas doses da vacina bivalente de mRNA, respeitando o intervalo de seis meses desde a última inoculação.

As autoridades sublinham que quem já tenha sido infectado com covid-19 não deve “reduzir o número de doses administradas”, sendo recomendável a vacina bivalente contra a variante Ómicron três meses após o último teste positivo. Os três meses de intervalo entre infecção e vacina podem ser reduzidos para 28 dias em casos de necessidades urgentes, como por exemplo, por motivos de viagem urgente para o estrangeiro. Para tal, o requerente deve “apresentar um pedido no posto de vacinação e assinar in loco o termo de consentimento”.

1 Mai 2023

Justiça | Recusado recurso de ex-chefe da representação da RAEM em Pequim

Condenada por pedir a um motorista da Delegação da RAEM em Pequim que levasse familiares e amigos em passeios na capital pagos com dinheiros públicos, Hong Wai tentou anular a sentença, mas o recurso foi recusado

 

O Tribunal de Segunda Instância (TSI) recusou o recurso apresentado pela ex-chefe da Delegação da RAEM em Pequim, Hong Wai, que tinha sido condenada, com pena suspensa, a dois anos e seis meses de prisão. A decisão foi tomada na quinta-feira passada pelos juízes Choi Mou Pan, Chan Kuong Seng e Tam Hio Wa.

Os fundamentos para a decisão ainda não foram tornados públicos, mas a defesa de Hong Wai pretendia que o acórdão condenatório do julgamento que decorreu no ano passado fosse declarado nulo.

No primeiro julgamento, que decorreu no ano passado no Tribunal Judicial de Base, Hong Wai tinha sido considerada culpada da prática de cinco crimes de peculato, num valor que rodava entre 6 mil a 7 mil renminbis.

Na leitura da primeira sentença, o juiz Kan Cheng Ha admitiu que o valor era reduzido, mas justificou a pena de prisão com “o impacto negativo para o Governo da RAEM e a Delegação da RAEM em Pequim”. Além disso, o magistrado decidiu-se pela pena de prisão suspensa, em vez de multa, por considerar que Hong Wai nunca se mostrou arrependida dos actos praticados, visto não se ter declarado culpada ao longo do julgamento.

Além da pena de prisão suspensa pelo período de três anos, a pela ex-chefe da Delegação em Pequim foi igualmente condenada a pagar cerca de 60 mil patacas à RAEM.

Investigação do CCAC

Como o crime de peculato com valores reduzidos implica uma pena de prisão de três anos, a moldura penal deve impedir que Hong Wai possa recorrer novamente, desta feita para o Tribunal de Última Instância. A decisão da semana passada deverá significar o fim de um caso que foi tornado público em Março de 2019, com a publicação do relatório anual de 2018 do Comissariado contra a Corrupção (CCAC).

Segundo os factos apurados pelo CCAC na altura, e que o tribunal considerou terem sido provados, Hong Wai “deu instruções ao motorista oficial da delegação para levar familiares e amigos seus para visitar alguns lugares famosos [em Pequim], exigindo que o motorista efectuasse o pagamento prévio das despesas de alimentação dos seus familiares e amigos durante as visitas”.

Pagas as contas dos passeios, a ex-chefe da delegação apresentou as mesmas como “despesas efectuadas em missão oficial de serviço” para que o dinheiro fosse reembolsado. As despesas com os familiares e amigos custaram cerca de 1.800 yuan à RAEM.

Entre os crimes praticados, o TJB indicou também um pequeno almoço privado, num hotel em Pequim, que custou à RAEM 100 renminbis. A pena para este crime foi de um ano e quatro meses de prisão, que depois combinada com a penas dos outros crimes resultou no cúmulo jurídico de dois anos e seis meses.

1 Mai 2023

Xinjiang | Responsável realça felicidade sem precedentes

Representantes de Xinjiang visitaram Macau. O líder do Governo da região autónoma uigur realçou a estabilidade contínua da sociedade e o sentimento de felicidade e segurança, nunca antes registado em Xinjiang. Por sua vez, André Cheong apontou ao reforço da cooperação entre as regiões

 

Macau recebeu a visita de representantes do Governo da Região Autónoma Uigur de Xinjiang. Na passada sexta-feira, André Cheong, na qualidade de Chefe do Executivo interino da RAEM, reuniu com o presidente do governo da região uigur, Erkin Tuniyaz e o vice-secretário do Partido Comunista Chinês da região.

Erkin Tuniyaz referiu que nos últimos anos, a região de Xinjiang “está virada para o desenvolvimento de alta qualidade” e o desenvolvimento da economia, metas tornadas possíveis pela “estabilidade contínua da sociedade”, refere o Gabinete de Comunicação Social (GCS).

O presidente do Governo de Xinjiang afirmou ainda que a estabilidade na região abriu caminho à “união e progresso dos grupos étnicos e a um grau de sentimento de realização, de felicidade e de segurança, nunca antes registado”.

No plano da cooperação entre as duas regiões, Erkin Tuniyaz salientou que Xinjiang, enquanto área central da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, tem como objectivo intensificar a cooperação com Macau no âmbito da economia e comércio, ciências e educação, cultura e turismo e sector financeiro.

Litania local

Por sua vez, André Cheong “apontou que Xinjiang é uma região vasta, com recursos abundantes, belas paisagens naturais e fortes costumes étnicos, enquanto que Macau possui as suas vantagens únicas, particularmente o papel, cada vez mais importante, de plataforma de serviços para a cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa”. O governante local referiu que neste último aspecto, do papel de Macau enquanto plataforma, o “desempenho é progressivamente mais evidente”.

O Chefe do Executivo interino sublinhou ainda que, no futuro, Macau e Xinjiang devem “aprofundar a comunicação e ligação, fortalecendo a cooperação e intercâmbio”, sem especificar em que vertentes essa colaboração será reforçada.

André Cheong fez também a habitual apresentação sobre a situação socioeconómica de Macau, repetindo que “o Governo da RAEM está determinado em promover a estratégia da diversificação adequada da economia de “1+4”, bem como a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”.

1 Mai 2023

1º de Maio | Destacado papel da FAOM. Xi envia mensagem aos trabalhadores

No Dia Internacional do Trabalhador, o secretário para a Economia e Finanças destacou o trabalho desempenhado pela Federação das Associações dos Operários de Macau, e destacou o regresso gradual à normalidade do funcionamento da economia. O Presidente chinês, Xi Jinping, enviou uma mensagem aos trabalhadores de todo o país, apelando ao caminho da modernização

 

O 1º de Maio foi ontem lembrado em Macau sem manifestações nas ruas e apenas com uma breve mensagem do secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, a destacar o papel que a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) tem tido nos últimos anos na defesa dos direitos dos trabalhadores. As palavras foram proferidas num evento decorrido no restaurante The Plaza e que contou não apenas com dirigentes da FAOM, mas também com diversas personalidades políticas, nomeadamente Edmund Ho, vice-presidente do comité nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Macau, Liu Xianfa, entre outros.

Lei Wai Nong declarou que a FAOM é “uma força de maior importância na esfera do patriotismo e do amor a Macau”, tendo vindo a desempenhar “um papel muito significativo no que diz respeito à defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores, à prestação de serviços aos trabalhadores e ao público, bem como à participação nos trabalhos de assuntos sociais”.

O Governo espera, assim, que a histórica associação “continue a potencializar os seus valores tradicionais de amor à Pátria e a Macau”, além de, “atendendo à evolução do tempo e com espíritos empreendedor e inovador, continue a providenciar esforços conjuntos em prol de criação de uma vida mais promissora, prestando maiores contributos na promoção da prosperidade e estabilidade de Macau”.

Relativamente às medidas na área do trabalho, o secretário destacou que o Governo “tem estado muito atento à defesa dos direitos e interesses fundamentais dos trabalhadores, com vista à promoção de uma relação laboral harmoniosa”, tendo sido destacadas políticas adoptadas nos últimos anos, tais como a lei do salário mínimo ou as alterações às leis de relações de trabalho ou lei de contratação de trabalhadores não residentes, entre outras medidas. Foi ainda destacado o processo legislativo relativo à lei sindical, actualmente a ser analisada na especialidade pela Assembleia Legislativa.

Bom regresso

O secretário lembrou também que a economia local está a “retomar, de forma gradual, o seu ânimo”, embora existam ainda “alguns problemas alusivos ao desemprego estrutural, aos rendimentos dos trabalhadores e ao reforço da garantia no âmbito do trabalho”.

Ficou a promessa de o Executivo “continuar a empenhar-se na criação e estabilização de emprego, no aperfeiçoamento das regalias dos trabalhadores, bem como no alargamento da protecção dos direitos e interesses laborais”. O governante garante também que será “intensificada a cooperação com as instituições associativas e as empresas, no sentido de se proporcionar serviços de apoio ao emprego mais adequados, assegurando o acesso prioritário dos residentes ao emprego”.

Depois da pandemia, “a situação socioeconómica está a regressar gradualmente à sua trajectória normal, com uma tendência positiva de desenvolvimento”, destacou.

Palavra de Xi

Numa mensagem divulgada ontem pela Xinhua, o Presidente chinês Xi Jinping desejou votos de felicidade a todos os trabalhadores do país, pedindo que estes “sigam o caminho do trabalho e respeito mútuo pelo modelo de trabalho” actual, “trabalhando de forma diligente em prol da inovação, a fim de construir um sólido progresso no avanço da modernização chinesa”. O governante encorajou ainda os trabalhadores a “desempenharem um papel de liderança na nova jornada da construção da China num país mais forte e na realização do rejuvenescimento nacional”.

Xi Jinping apelou ao compromisso do Partido Comunista Chinês para “proteger os direitos e interesses legítimos dos trabalhadores”, ajudando-os “a resolver os problemas e dificuldades e a promover uma atmosfera social onde o trabalho e os trabalhadores são tratados com reverência e grande respeito”.

Boas viagens

Naquele que é o primeiro Dia do Trabalhador sem pandemia, registou-se na China um grande recorde de viagens. A Xinhua aponta que no sábado, primeiro dos cinco dias de férias do 1º de Maio, registaram-se mais de 12 mil comboios em funcionamento no país, com 19.66 milhões de viagens, segundo dados da empresa China State Railway Group Co., Ltd. (China Railway). Este domingo registaram-se cerca de 18 milhões de viagens e 11,217 comboios em circulação. Os feriados do 1º de Maio terminam amanhã.

Um dia histórico celebrado em todo o mundo

Reconhecido hoje em dia por dezenas de países, o Dia Internacional do Trabalhador tem origem histórica num protesto ocorrido a 1 de Maio de 1886 em Chicago, EUA, quando os trabalhadores iniciaram uma greve histórica em prol de melhores condições de trabalho e salariais. No entanto, o primeiro sinal do género de mobilização de trabalhadores registou-se em Melbourne, Austrália, a 21 de Abril de 1856, quando os pedreiros da cidade protestaram contra as más condições de trabalho, com impacto no movimento laboral dos EUA. Só em 1989, aquando da realização do Congresso Operário Internacional é que o Dia Internacional do Trabalhador foi oficializado, em Paris, apesar dos movimentos de trabalhadores começarem a ser mais notórios em vários países a partir de finais do século XIX, potenciados pela Revolução Industrial na Europa. Em França, o dia 1 de Maio passou a ser feriado em 1919, com o estabelecimento da carga horária diária de trabalho para as oito horas. Já no caso de Portugal, o feriado começou a ser assinalado em 1890, tendo cessado as comemorações devido à instauração de um regime ditatorial com o Estado Novo, em 1933. Só em 1974, pós a revolução do 25 de Abril, voltou a ser celebrado o 1º de Maio.

1 Mai 2023