João Luz Manchete PolíticaAdministração | Iam Lei Leng vai presidir ao Instituto de Habitação Depois de mais de duas décadas no Instituto de Habitação, Iam Lei Leng foi ontem empossado como presidente do organismo, preenchendo o cargo deixado vago pela morte de Arnaldo Santos. No Instituto para os Assuntos Municipais, o mandato de António Tavares como presidente foi renovado por mais um ano Iam Lei Leng foi ontem empossado com presidente do Instituto de Habitação, numa cerimónia dirigida pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. De acordo com o despacho assinado pelo secretário, a nomeação de Iam Lei Leng terá um período de um ano, a contar desde ontem. Iam Lei Leng, que dirigia o Departamento de Estudos do Instituto de Habitação desde 2015, subsistiu Arnaldo Santos, que faleceu no dia 16 de Novembro. No despacho publicado ontem no Boletim Oficial, Raimundo do Rosário justifica a nomeação com a competência profissional e aptidão para o exercício das funções demonstrada pelo percurso académico e profissional de Iam Lei Leng. O novo líder do organismo que implementa as políticas de habitação pública entrou no Instituto de Habitação, para a posição de técnico, em Abril de 1999, ficando no cargo cerca de um ano. Entre Junho de 2002 e Janeiro de 2006, Iam Lei Leng passou para categoria de técnico superior. Finda esta missão, chegou ao primeiro cargo de chefia nos Assuntos Jurídicos do Instituto de Habitação, onde ficou até 2015. Em Março do mesmo ano foi nomeado chefe do Departamento de Estudos do Instituto de Habitação, onde ficou até à data. Renovação no IAM Ontem, foi também dia de renovar mandatos no Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), através de um despacho do Chefe do Executivo publicado no Boletim Oficial. Assim sendo, José Tavares continuará a presidir ao Conselho de Administração do IAM por mais um ano, a partir de 1 de Janeiro, assim como os vice-presidentes Lo Chi Kin e O Lam. Também Isabel Celeste Jorge, Mak Kim Meng, Ung Sau Hong e To Sok I vão continuar como administradores do Conselho de Administração do IAM. Ho Iat Seng renovou também a nomeação por um ano, em regime de comissão eventual de serviço, de Mok Ian Ian para desempenhar o cargo de presidente do conselho de administração do Centro de Ciência de Macau.
João Santos Filipe Manchete PolíticaQuadros | Leong Hong Sai alerta para médicos que trabalham como estafetas O deputado argumentou que Macau desperdiça quadros qualificados que não encontraram oportunidades de trabalho na RAEM. Sem pais ricos ou hipótese para abrirem clínicas privadas, a saída de Macau é inevitável Leong Hong Sai alertou ontem o Governo para a situação vivida por vários licenciados em medicina que não conseguem encontrar emprego além de estafeta de distribuição de comida. As declarações foram prestadas ontem na Assembleia Legislativa, durante uma intervenção antes da ordem do dia, em que abordou o processo de contratação de pessoal médico pelo Peking Union Medical College Hospital para o Hospital das Ilhas. De acordo com o deputado ligado à Associação dos Moradores de Macau, por ano, há cerca de 500 licenciados em diferentes áreas de saúde. Entre estes, indicou Leong, 100 licenciados em medicina fazem os estudos no exterior e depois regressam a Macau. Contudo, é a partir do momento do regresso que a situação fica complicada, com a falta de opções profissionais e a imigração como um dos cenários mais frequentemente concretizados: “Devido ao desenvolvimento social desequilibrado de Macau, muitos licenciados em medicina não conseguem encontrar emprego correspondente à sua especialidade, alguns conseguiram, graças aos seus recursos familiares, criar as suas próprias clínicas, depois de obtida a respectiva licença, e outros optaram por deixar Macau e estabelecer-se noutros locais”, afirmou o deputado ligado aos Operários. “Para assegurarem a sua subsistência, muitos licenciados em medicina só podem mudar de profissão ou trabalhar como empregados de take-away, sendo, de facto, lamentável desperdiçar estes talentos formados após anos de estudo e trabalho árduo”, acrescentou. Recrutamentos insuficiente Neste sentido, o deputado lamentou também o facto de o processo de recrutamento do Hospital das Ilhas ser demasiado reduzido, para o que diz que são as necessidades reais. “No mês passado, ocorreu a primeira fase de recrutamento para cerca de 90 profissionais: 5 médicos gerais, 50 enfermeiros, 3 farmacêuticos, 6 técnicos de radiologia, 6 ajudantes técnicos de farmácia, 10 auxiliares de enfermagem e 10 recepcionistas, portanto, 7 tipos de funções”, indicou o legislador. “Desta vez, o Hospital das Ilhas vai recrutar apenas 5 médicos gerais e 50 enfermeiros, o que, segundo alguns finalistas da área da saúde, é muito pouco, portanto, esperam que na próxima fase de recrutamento haja mais vagas, para os residentes qualificados terem oportunidades para se desenvolverem e contribuírem para a comunidade”, declarou. Por isso, Leong Hong Sai apelou ao Governo para que na próxima fase de contratação seja dada prioridade aos médicos residentes, apesar da gestão estar a cargo do Peking Union Medical College Hospital, instituição do Interior.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteLiteratura | “Poemas de Su Dongpo” lançado hoje em Lisboa É hoje lançado no Centro Científico e Cultural de Macau um novo livro de poesia chinesa com tradução, introdução e notas de António Graça de Abreu. Editado em Portugal com a chancela da Grão-Falar, “Poemas de Su Dongpo” é uma compilação de escritos do poeta da dinastia Song, que pela primeira vez foi traduzido para português A história da China está repleta de poetas. Depois de se debruçar sobre grandes nomes da poesia chinesa clássica do período da dinastia Tang, como Li Bai ou Wang Wei, António Graça de Abreu está de regresso às traduções, desta vez com a poesia de Su Dongpo, um dos grandes poetas do período da dinastia Song (960 a 1278). “Poemas de Su Dongpo” é o nome do novo livro lançado hoje no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), com a chancela da Grão-Falar, nova editora lançada em Portugal por Carlos Morais José, director do HM. Pela primeira vez será possível ler, em língua portuguesa, os poemas do poeta muito amado na China e bastante estudado no país e no estrangeiro. Dos mais de mil poemas que Su Dongpo escreveu em vida, António Graça de Abreu escolheu 170 para esta obra. “Ele escreveu cerca de 1300 poemas e eu escolhi aqueles que me pareceram mais fáceis de traduzir para língua portuguesa, garantindo alguma qualidade literária. É sempre a minha preocupação, que os poemas traduzidos para língua portuguesa possam soar bem e tenham essa qualidade. Mas estamos sempre longe da maravilha do poema em chinês, porque lê-lo só seja possível a quem sabe muito da língua e quem entende bem a cultura chinesa”, contou ao HM. António Graça de Abreu diz estar “satisfeito” com o livro que é hoje lançado, por ter conseguido “dar um lado chinês a estes poemas em português”. “Poemas de Su Dongpo” tem “a qualidade necessária para que qualquer pessoa consiga ler e entrar dentro da China clássica, e isso para mim é o mais importante nas traduções”. António Graça de Abreu não traduziu os poemas de Su Dongpo directamente do chinês, tendo recorrido a algumas traduções deste poeta já existentes em inglês. “Tenho sempre ferramentas que me ajudam a traduzir os poemas. Comecei a estudar chinês com 30 anos, muito tarde, e tenho algumas dificuldades, pois não conheço todos os caracteres. Além disso, falamos de um chinês clássico, do período da dinastia Song. Os próprios chineses têm dificuldade em perceber a poesia chinesa do passado.” Graça de Abreu, que viveu em Pequim nos anos 70, destaca que é sempre “difícil traduzir directamente dos originais chineses”, fazendo-se sempre acompanhar de dicionários e de outras traduções para línguas ocidentais. “Muitas vezes não entendemos a sequência dos caracteres e há poemas que funcionam em chinês, mas que são intraduzíveis para português ou outra língua ocidental.” Um mandarim peculiar Nascido em 1137, Su Dongpo foi um mandarim, ou seja, um funcionário público que se destacou em algumas funções oficiais, mas que também caiu em desgraça. Viveu na dinastia Song, que se caracteriza como sendo o “período áureo da poesia chinesa”, dando-se a “consolidação cultural do império”. Era um período dos “exames imperiais que privilegiavam a meritocracia”, ou seja, o subir na hierarquia pública mediante o conhecimento dos candidatos, e Su Dongpo “vai ser um dos homens mais brilhantes deste período como funcionário estatal a governar várias regiões da China”, a função que os mandarins desempenhavam à época. Su Dongpo “esteve também sujeito a algo que era muito vulgar na China que era a despromoção de mandarim, que poderia cair facilmente em desgraça”. “Quando isso acontecia era marginalizado e colocado noutra região com postos insignificantes, quase numa espécie de degredo intelectual. Isso aconteceu com Su Dongpo. Os mandarins caíam muitas vezes em desgraça porque contestavam as ordens que vinham de cima. Era a política, que passava por estas subidas e descidas de quem manda, e a China tem uma longa tradição nisso”, conta António Graça de Abreu. Adversidades na poesia Apesar de caído em desgraça, tendo inclusivamente recebido uma condenação à morte, Su Dongpo nunca viveu de forma amarga. “Este homem também teve os seus problemas ao longo da vida. É curioso que Su Dongpo era um homem muito sábio e conseguiu transformar essas descidas, em que caiu em desgraça e passou a ter menos importância, em períodos de paz e de tranquilidade pessoal, dedicando-se mais à poesia e ao entendimento do homem com a natureza”. Essa temática “é fundamental na sua poesia”, sobretudo para um homem que esteve tão ligado ao budismo. “Ele não transformou essas quedas políticas em coisas más, e isso nota-se na sua poesia. Su Dongpo tem muitos poemas sobre a ideia de saber viver e de envelhecer, uma coisa que é muito útil nos dias de hoje, se estivermos atentos à filosofia e modo chinês de ver o mundo.” Falecido com 67 anos e viúvo três vezes, Su Dongpo tem também poemas sobre as mulheres que amou, colocando-as num pedestal. “Ele foi casado três vezes e todas as mulheres morreram antes dele. É impressionante. Ele descreve o que sentia quando as esposas faleceram, faltou-lhe o apoio feminino, e ele levou as mulheres a um patamar que não era comum na China, em que eram subjugadas ao homem. Para Su Dongpo não era assim, ele tinha uma adoração pelas mulheres.” Além de ter escrito um poema sobre o filho falecido, Su Dongpo compôs também diversos escritos sobre um irmão, de quem era muito próximo. “Tinha ainda poemas de crítica, além de ser também um bom escritor de prosa. Ele explica muito bem a época em que viveu e o que lhe aconteceu. Explica muito bem a China dessa altura que é, se calhar, a China de sempre”, acrescenta o autor. Dedicado ao sogro António Graça de Abreu descreve que Su Dongpo é, ainda hoje, “um poeta querido pela maioria dos chineses”, tendo ficado surpreendido quando percebeu a forte presença da poesia na música ou no cinema que são feitos no país. “Têm sido feitos filmes e canções sobre este poeta na China, faz-se um aproveitamento, nos dias de hoje, por parte de cantores chineses de alguns dos seus poemas. E isso porque ele escreve sobre a arte de saber viver, a ideia do ying e do yang, de coisas que têm de correr bem e mal. É um homem que nos reconforta a vida, e é um nome que me tem acompanhado.” António Graça de Abreu dedica “Poemas de Su Dongpo” ao seu sogro, falecido este ano com 93 anos. “O meu pai chinês foi o meu companheiro na ligação à China nestes últimos anos. E ele era tão parecido com Su Dongpo, aprendi muito com ele. Ele era o bom chinês, que sabia aproveitar as vicissitudes da vida para transformá-las num pequeno ou grande conforto, esquecendo-se das maldades que os homens têm dentro de si próprios.” Com esta obra, António Graça de Abreu pretende chamar a atenção para um período do império chinês, e da própria poesia chinesa, muito pouco conhecidos em Portugal. “É um poeta muito pouco conhecido em Portugal e vale a pena chamar mais a atenção para o período da dinastia Song. Infelizmente a nossa sinologia é pequenina, temos poucos sinólogos portugueses”, lamenta. A sessão de apresentação do livro acontece hoje no CCCM a partir das 17h30, contando com a presença de Ana Cristina Alves, coordenadora do serviço educativo do CCCM.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAPOMAC | Elogiada actualização de pensões em Portugal Francisco Manhão defende que em Macau todos os apoios que os idosos recebem ao longo do ano, como a pensão para idosos, plano de comparticipação pecuniária, ou o subsídio de velhice, devem ser combinados num único apoio, a distribuir mensalmente O presidente da direcção da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), Francisco Manhão, elogiou a preocupação, em Portugal, com os pensionistas que recebem pensões através da Caixa Geral de Aposentações. Em declarações ao HM, Manhão destacou a terceira actualização do valor das pensões em Portugal em Janeiro, confirmada na segunda-feira. “Em Janeiro de 2023 houve uma actualização [das pensões], em Julho houve outra e agora, a partir de Janeiro do próximo ano vai haver mais uma”, apontou. “Não podemos ficar mais satisfeitos”, reconheceu. “É bom porque esta actualização abrange todos os que recebem o apoio social em Portugal”, acrescentou. De acordo com os dados confirmados na segunda-feira em Portugal, as pensões até 1.018,52 euros (9.595,56 patacas) vão ter um aumento de 6 por cento. As pensões acima de 1.018,52 euros e até aos 3.055,56 euros (26.449,52 patacas) têm um crescimento de 5,65 por cento. Finalmente, as pensões acima de 3.055,56 euros e até 6.111,12 (52.899,04 patacas) têm uma subida de 5 por cento. Qualquer pensão cima dos valores indicados mantém-se inalterada. “Portugal teve um cuidado muito especial durante 2023 para com os idosos e deu para compensar alguma coisa, face à inflação e ao custo de vida. Tenho de destacar que em Portugal quando se fala de pensionistas não é só para os funcionários públicos, é para quem recebe apoios socais”, vincou o presidente da APOMAC. Cenários distintos Este é um cenário que contrasta com a realidade do Governo local, que tem optado por manter as pensões congeladas, apesar da inflação e de ter decidido aumentar os trabalhadores da Função Pública. “Aqui na RAEM também ficámos satisfeitos em ver a actualização dos vencimentos da função pública, mas por outro lado, ficamos desiludidos porque a pensão para os idosos não foi actualizada”, lamentou o dirigente associativo. “A pensou está congelada há cinco anos”, frisou. O valor da pensão para idosos é actualmente de 3.740 patacas. Quanto ao facto de o Governo ter indicado durante as Linhas de Acção Governativa (LAG) que em média distribui 6.268 patacas por mês em apoios para cada idoso, Manhão defende que o valor devia ser agregado num apoio único subsídiado e distribuído mensalmente, quando as pessoas mais precisam. “Em vez de terem de esperar de três em três meses para receberem a pensão para idosos, sete meses para receberem o plano de comparticipação pecuniária, nove meses para receber o regime de previdência central e dez meses para receber o subsídio de velhice, era melhor se fosse tudo junto e distribuído mensalmente aos idosos”, sugeriu. “Ficava muito mais satisfeito se fosse mensal, em vez de as pessoas terem de esperar. Como diz o Governo, a média é de 6.268 patacas por mês, portanto era mais útil se fosse pago a cada mês, quando é preciso fazer face às despesas”, vincou.
Hoje Macau Manchete SociedadeTSI | Tribunal volta a reduzir penas de Sio Tak Hong e Ng Lap Seng O Tribunal de Segunda Instância reduziu pela segunda vez as penas de prisão de dois empresários num processo de corrupção ligado a projectos imobiliários que envolveu o antigo governante responsável pela concessão de solos no território O Tribunal de Segunda Instância (TSI) cortou a pena de Sio Tak Hong de 12 anos para 11 anos e meio, decidindo que um crime de branqueamento de capitais do qual o empresário foi considerado culpado já tinha prescrito, por ter acontecido em 2010. Os três juízes do TSI reduziram ainda a pena de Ng Lap Seng de quatro anos e meio para dois anos e meio, devido à prescrição de dois dos três crimes de branqueamento de capitais (ocorridos em 2008 e 2009), pelos quais o empresário tinha sido condenado. Num veredicto datado de 4 de Dezembro, o tribunal rejeitou, no entanto, suspender a pena de Ng, sublinhando que “as circunstâncias [e] as consequências do crime são sérias” e tiveram “um enorme impacto negativo”. Recorde-se que Ng foi condenado em 2018, nos Estados Unidos, e cumpriu uma pena de prisão de menos de três anos por subornar o então presidente da Assembleia-Geral da ONU John Ashe, para conseguir apoio para um centro de conferências patrocinado pela ONU em Macau. O TSI rejeitou reduzir as penas de prisão de quatro outros arguidos neste processo. A 21 de Novembro, o mesmo tribunal já tinha reduzido as penas de Sio Tak Hong e Ng Lap Seng, que originalmente tinham sido condenados a 24 anos e 15 anos de prisão, respectivamente, no Tribunal Judicial de Base (TJB), em Março. Planos de director O TJB condenou o antigo director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) Li Canfeng a 24 anos de prisão “por abusar” do poder para aprovar projectos que “violavam as instruções administrativas ou os respectivos procedimentos”, em troca de “vantagens” de vários empresários. A lista inclui um empreendimento residencial, de Sio Tak Hong, que previa torres com até 37 andares e 115 metros de altura num terreno no Alto de Coloane, onde se localiza uma antiga casamata portuguesa. O projecto, aprovado apesar de um parecer ambiental desfavorável e a alertar para potenciais danos a Coloane, acabou por ser abandonado em 2018 devido a ilegalidades na demarcação do terreno. Um outro antigo director da DSSOPT, Jaime Carion, ausente de Macau há vários anos, foi condenado à revelia a 20 anos de prisão, pena igual à aplicada ao empresário Si Tit Sang. O empresário William Kuan Vai Lam foi condenado a 18 anos de prisão. Entre outros crimes, Jaime Carion e Li Canfeng foram considerados culpados de corrupção na autorização dada a um outro projecto habitacional, o Windsor Arch, na ilha da Taipa, um prédio com 37 andares junto à colina da Taipa Pequena, embora o limite estivesse fixado em 16 andares.
João Luz Manchete PolíticaCreches | IAS promove formação após morte de bebé Após a trágica morte de uma bebé de quatro meses numa creche na Taipa, o Instituto de Acção Social enviou pessoal a todas as 25 creches do território para rever os “processos operacionais da sesta e de como dar de comer às crianças de tenra idade”. Além disso, a proporção entre funcionários e crianças será avaliada, estando, para já, afastada a hipótese de revisão legal Depois da morte de uma bebé de 4 meses na creche de Fong Chong da Taipa, subordinada à Associação de Moradores, no passado dia 19 de Outubro, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, admitiu que era preciso melhorar a formação dos funcionários das creches de Macau. Nesse sentido, o Instituto de Acção Social (IAS) revelou ontem ter enviado pessoal para as 25 creches do território para rever as operações e reforçar formação, após o “triste incidente”. “O IAS instou imediatamente a todas as creches em Macau a reverem o fluxograma de cuidados em vigor e, em simultâneo, enviou pessoal às 25 creches existentes em Macau com turmas de bebés” para rever “processos operacionais da sesta e de como dar de comer às crianças de tenra idade, da distribuição de trabalhos ao pessoal e da montagem do ambiente”. A indicação foi dada pelo presidente do IAS, Hon Wai, em resposta a uma interpelação escrita pela deputada Lo Choi In. A legisladora ligada à comunidade de Jiangmen pediu melhorias no rácio entre o número de cuidadores nas creches e bebés, situação que poderia beneficiar da baixa taxa de natalidade de Macau. Nesse capítulo, o presidente do IAS revelou que a proporção média actual entre “pessoal das creches e crianças de tenra idade” é de cerca de 1 por cada 6,2. Enquanto nas turmas com bebés, é de cerca de um cuidador para 3,4 bebés. Hon Wai recordou ainda “que as creches com turmas de bebés são obrigadas a ter um ajudante de cuidados de saúde, mas, atendendo às necessidades de operacionalidade, podem adicionalmente contratar médico ou enfermeiro”. Ademais, o IAS sublinha que irá manter a vigilância na proporção entre funcionários e crianças, na aplicabilidade da legislação em vigor, acrescentando que não está prevista qualquer revisão legal. Saber tratar A aposta na formação é outra das tónicas da resposta de Hon Wai. O presidente do IAS indica que, além das acções de fiscalização a creches, tem organizado sessões de formação sobre prevenção e tratamento de incidentes comuns com crianças de tenra idade, bem como sobre a prevenção de lesões acidentais em bebés e crianças de tenra idade e ainda sobre os primeiros socorros”. É também realçado que o pessoal das creches e os ajudantes de cuidados de saúde, dotados do certificado de qualificação para o exercício das funções de cuidador infantil, possuem conhecimentos de primeiros socorros. No ano passado, o IAS e a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais começaram a cooperar com instituições particulares na realização de curso de certificação para cuidadores infantis de nível elementar e de nível avançado. Até ao momento, 113 pessoas passaram no exame e obtiveram certificado de cuidador infantil de nível elementar e 21 pessoas o certificado de cuidador infantil de nível avançado.
João Santos Filipe Manchete PolíticaHospital das Ilhas | Nick Lei pede transparência no recrutamento O Governo da RAEM pagou, mas ninguém sabe os critérios adoptados para recrutar pessoal para o novo Hospital das Ilhas. O espaço vai ser gerido pelo Hospital Peking Union, que anunciou os procedimentos de contratação e os contratados, sem explicar critérios ou publicar classificações de candidatos O deputado Nick Lei questiona os procedimentos de contratação de pessoal médico para o Hospital das Ilhas e revelou ter recebido queixas sobre procedimentos “pouco transparentes”. O assunto foi abordado pelo membro da Assembleia Legislativa ligado à comunidade de Fujian através de uma interpelação escrita. Segundo o deputado, o processo a está a gerar queixas de candidatos, que apontam falta de transparência no preenchimento das vagas num hospital construído com o dinheiro da RAEM, mas que vai ser explorado pelo Hospital Peking Union, entidade do Interior. “Alguns candidatos queixaram-se que o aviso de recrutamento, publicado no fim de Outubro, nunca anunciou os critérios de selecção de médicos e funcionários. Em meados de Novembro, quando a lista de entrevistados foi publicada também não constam as pontuações dos respectivos candidatos, ao contrário do que é prática”, indica o deputado. “Estes procedimentos não são vistos como transparentes”, acrescentou. Nick Lei questiona assim como é possível contratar cerca de 400 pessoas para uma das maiores infra-estruturas pagas com dinheiro da RAEM, sem o nível mínimo de transparência. “Com este tipo de contratação, como se garante a igualdade de condições de acesso e oportunidades para todos os candidatos, como está previsto no estatuto do pessoal do Hospital das Ilhas?”, pergunta. Nick Lei quer assim que o hospital explique as razões para não publicar os métodos de selecção e os resultados dos candidatos. O deputado apela também para que o hospital reveja e melhore as práticas do recrutamento ao nível de transparência, como considera que deve ser exigido em Macau. À espera de informações O deputado recordou também que no final de Novembro a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong afirmou que iam ser contratados 50 funcionários nas áreas do direito e administração médica para o hospital. Contudo, até ontem, não havia informação sobre estes procedimentos de contratação, pelo que Nick Lei quer saber como vão avançar. Na interpelação escrita, o legislador afirma que o “Hospital das Ilhas é o maior complexo médico em Macau” e que vai disponibilizar “muitos cuidados médicos especializados”, apontando os exemplos dos tratamentos oncológicos e centro de estética médica. Face a este cenário, acredita que vai ser necessário contratar muitos profissionais, embora o número total seja desconhecido. Na interpelação é pedido ao Governo que faça uma estimativa sobre as necessidades totais de mão-de-obra.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteMark O’Neill, autor de “Zhou Youguang – Father of Pinyin Writing System” | Uma “vida extraordinária” “Zhou Youguang – Father of Pinyin Writing System – The Man Who Made China a Literate Nation” é o novo livro do jornalista e autor Mark O’Neill focado na história do homem que inventou o sistema de romanização de caracteres chineses, permitindo a alfabetização de cerca de um bilião de chineses. Falecido em 2017, com 111 anos, Zhou Youguang viveu “cinco vidas numa só” Fale-me do início deste projecto. Porque decidiu escrever a história de Zhou Youguang? Quando estava em Pequim vivia muito perto do professor Zhou. Na altura, já tinha algumas coisas sobre ele nos jornais chineses. Ele era muito conversador, simpático, e tinha mais de 100 anos. Fiquei com uma forte impressão dele nessa altura, mas como o dia-a-dia era muito preenchido com o trabalho, nunca lhe dei a devida atenção. Só muito depois olhei para o que tinha feito, e descobri que a sua vida foi completamente extraordinária. Poucas pessoas chegam aos 111 anos, e mesmo durante a sua vida, teve cinco vidas diferentes. O sistema pinyin foi o maior e mais importante legado que deixou à humanidade, mas também teve outras vidas. Outras profissões? Foi bancário, trabalhou em Xangai, Nova Iorque e Londres. Durante a II Guerra Mundial esteve em Chongqing, que era a capital da nação. Aí desempenhou um trabalho muito importante, providenciando comida e roupa aos militares e à população. Depois, no período após 1949, foi professor de economia. [Zhou Youguang] sofreu muito no período da Revolução Cultural, e depois da sua reforma escreveu muitos livros. Nós temos apenas uma vida, fazemos apenas uma coisa. Mas o professor Zhou fez cinco ou seis coisas ao longo da vida, é incrível. Zhou Youguang inventou o sistema pinyin que permitiu a muitos chineses e estrangeiros aprenderem mandarim. Foi o principal responsável por este sistema inovador? As autoridades chinesas reconheceram esse papel? É uma questão complicada. Depois da Revolução de 1911, quando caiu a dinastia Qing e nasceu a República da China, muitos intelectuais perceberam que tinha de ser alterada a forma como se aprendia chinês. Se a única forma fosse aprender todos os caracteres que existem, apenas uma pequena parte da população teria essa capacidade, por ser algo estudado durante um longo período de tempo, por quem têm tempo livre. Por outras palavras, tinha de existir outro sistema. Então, a partir de 1911, passou a haver diferentes sistemas de romanização [dos caracteres], ou não era usado, sequer, o alfabeto romano. Podiam usar-se outras versões, de forma abreviada, e foram elaboradas muitas outras. Muitos chineses estudaram na União Soviética e desenvolveram outro sistema, afirmando que não eram necessários caracteres e que bastava usar o sistema romanizado. [O sistema pinyin] começou a ser desenvolvido a partir dos anos 30 ou 40, tendo sido publicados vários livros e jornais com este sistema. E os líderes comunistas, como Mao, mas não só, estavam muito interessados nele. Se os sistemas de romanização eram muitos, como foi a escolha do mais adequado? Quando os comunistas sobem ao poder em 1949, queriam escolher um dos sistemas em vigor, e teria de ser adoptado o melhor. Houve um intenso debate no Governo e entre intelectuais, como professores. Estes disseram que não poderiam ser abolidos os caracteres chineses por serem parte central da história e tradição da China, e também da religião. Então o novo sistema seria sempre adicional aos caracteres. Em 1956 o professor Zhou ensinava economia em Xangai e foi para Pequim onde passou a trabalhar na chamada Comissão para a Reforma dos Caracteres Chineses. Este órgão foi criado para conceber o sistema romanizado. Assim, não é justo dizer que o professor Zhou Youguang é o único autor deste sistema, porque não era o único membro do grupo. Antes dele muitos académicos fizeram pesquisas e escreveram estudos sobre a matéria. Ele chefiou o departamento que finalizou o sistema, e, nesse sentido, podemos de facto chamá-lo de “pai do pinyin”. Quando as pessoas o entrevistavam e o chamavam de “pai do sistema pinyin”, ele dizia que não tinha esse estatuto, que era, sim, o filho do pinyin. Era muito humilde, mas também reconheceu o quão difícil foi o trabalho feito pelos académicos antes dele, que o levou ao novo sistema. Quando [o pinyin] estava a ser concebido, o professor Zhou foi sujeito a intensas críticas. Porquê? Dentro do Partido Comunista havia moderados e pessoas mais à esquerda, e os que estavam mais à esquerda chamavam-no de escravo do Ocidente, questionando o uso do alfabeto romano, pois na União Soviética, por exemplo, havia o alfabeto cirílico. O professor Zhou disse que o alfabeto romano era o melhor por constituir um padrão global e por ser mais fácil para os chineses aprenderem. A sua visão prevaleceu até ao fim. Mas foi fortemente criticado por pessoas dentro do Governo chinês e pela comunidade intelectual. É interessante a influência soviética neste processo. Houve pressão para usar o alfabeto cirílico no processo de reforma dos caracteres chineses? A República Popular da China (RPC) foi estabelecida em 1949 e aderiu ao modelo económico e político da União Soviética, país que esteve muito envolvido com a RPC nos seus primeiros anos. Muitos líderes chineses estudaram na União Soviética, país que tinha centenas de especialistas e técnicos a trabalhar nos maiores projectos industriais da China. A União Soviética teve uma enorme influência no novo país, na nova China comunista. Quando o trabalho da comissão de reforma [do chinês] começou, o embaixador soviético teve contacto com o que estava a ser feito e sugeriu o uso do cirílico, pois era um alfabeto usado na Rússia, Ucrânia e em muitos outros países. Defendeu ainda que a União Soviética era um grande aliado da China. Politicamente, havia um forte argumento para usar o cirílico, mas o professor Zhou era um homem muito inteligente. Em que sentido? Para ele era mais importante ter o melhor sistema para os chineses. Não procurava agradar a americanos ou soviéticos, ou a qualquer outro Governo. Estou certo de que ele tomou a melhor decisão porque mais tarde muitos chineses começaram a estudar inglês. As principais línguas do mundo usam o alfabeto romano, então ele tomou a decisão certa para a China. Felizmente, a decisão teve o apoio dos seus superiores. Podemos, assim, afirmar que foi uma pessoa muito independente em relação a todos os círculos políticos e a todas as pressões políticas com que se deparou. Claro que trabalhou durante dois anos como bancário na América, e em Londres durante um ano. Quando esteve na América, conheceu muitos linguistas chineses a quem pediu opiniões. Em Nova Iorque, depois do trabalho e de jantar com a mulher em casa, costumava ir para a biblioteca pública quase todas as noites. Foi tantas vezes que chegou a ter um lugar especial reservado para ele, porque ficava lá muitas horas. Portanto, foi alguém que tirou vantagens desse tempo, foi um estudante muito diligente. Ele estava muito ligado ao conhecimento, não apenas sobre linguística, mas sobre vários temas. Poderíamos perguntar várias coisas ao professor Zhou que ele saberia responder. Não era membro do Partido Comunista ou de qualquer outro partido. Diria que era uma pessoa muito independente e um puro intelectual. Porque era tão importante assegurar a literacia da população após a implementação da RPC, em 1949? Diria que todos os Governos que se seguiram após a revolução de 1911 tentaram reduzir o nível de iliteracia da população porque era sinal de um Estado moderno. Para desenvolver um Estado era necessário que a população soubesse ler e escrever, para poder estudar e trabalhar melhor. Penso que esse foi o grande motivo por detrás da decisão do Governo da RPC e da comissão criada em 1956. Alguns dos objectivos [desta comissão] era simplificar os caracteres chineses e transformar o mandarim numa língua nacional. Isto porque antes o mandarim era o idioma mais importante do país, a língua oficial, mas a maioria dos chineses não a falava. Falavam a língua da sua cidade ou província, os dialectos. Por isso, o Governo da RPC queria que os caracteres fossem mais fáceis de aprender, para que as pessoas de Xangai, Sichuan ou Guangdong falassem a mesma língua. Quais as grandes mensagens transmitidas por este livro? Um dos aspectos do trabalho do professor Zhou que ainda não referi são os escritos da fase final da sua vida. Depois de se reformar da comissão em 1991, foi bastante produtivo durante 26 anos até à data da sua morte, em 2017. Escreveu muitos livros e artigos sobre diferentes áreas. A percepção que temos dele é que era uma pessoa independente, um intelectual objectivo, alguém com capacidade para discutir assuntos que outros intelectuais chineses não se atreviam a falar, por serem temas sensíveis. Ele discutiu temas como a Revolução Cultural, o regime do Presidente Mao ou o papel da União Soviética na China. Mas admiro-o por ter escrito sobre estas questões importantes para que os chineses possam compreender o que aconteceu. O Governo pode não ter ficado satisfeito com aquilo que escreveu, mas tinha uma certa protecção devido à sua reputação. Podemos lembrá-lo como um dos fundadores da opinião pública, mas também como um notável intelectual público, sendo que não havia muitos no país.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteGrande Prémio | Corrida de resistência é hoje um cenário improvável Muitas das provas clássicas do automobilismo mundial são provas de resistência, como as 24 Horas de Le Mans ou as 24 Horas de Spa. O próprio Grande Prémio de Macau nasceu inspirado nas provas de “endurance”, mas hoje realizar uma “maratona” dessa natureza no Circuito da Guia é quase uma missão impossível Quando em 1954 os criadores do primeiro Grande Prémio de Macau avançaram com a sua corrida, esta foi inspirada nas 24 Horas de Le Mans, em França, para carros de Turismo, de Sport ou Especiais. Dada a fragilidade e limitações do parque automóvel da altura, os organizadores decidiram que a duração da prova seria de quatro horas. Com a excepção da “Guia 101” – que oficialmente se chamava “As 101 Voltas da Guia” e foi até hoje a única corrida de realizada no Circuito da Guia fora do contexto do Grande Prémio de Macau – nunca mais se realizou uma corrida desta natureza no circuito urbano mais famoso do Sudeste Asiático. Nesse remoto ano de 1969, a ideia inicial da Filial de Macau do Automóvel Clube de Portugal era organizar uma corrida de doze horas – as 12 Horas de Macau – mas esta acabou por ter apenas seis horas de duração. Muitos se interrogam sobre as razões de Macau nunca mais ter voltado a organizar uma prova de “endurance” e outros tantos ainda sugerem porque não fazê-la agora. Stéphane Ratel, o fundador da SRO Motorsports, a empresa co-organizadora da Taça do Mundo de GT da FIA, revelou, em entrevista recente, que foi abordado por um responsável de uma conceituada marca alemã que lhe sugeriu uma corrida de resistência dentro do Grande Prémio, algo que o empresário francês descartou de imediato. “Seria de facto emocionante, mas talvez também demasiado [para a estrutura do circuito]”, afirmou ao HM, Benjamin Franassovici, braço direito de Stéphane Ratel para a Ásia, e também Director do Campeonato GT World Challenge Asia e Co-Coordenador da Taça do Mundo de GT da FIA do Grande Prémio de Macau. Para o próprio, uma corrida deste género “exigiria que os organizadores fizessem alterações significativas ao evento como um todo.” Formato perfeito As provas de resistência em circuitos citadinos praticamente desapareceram. O Circuito Internacional de Vila Real, no norte de Portugal, tentou realizar uma prova de seis horas este ano, mas não o conseguiu por falta de quórum. Para além da dificuldade de cativar interessados e motivar o público para uma corrida tão longa, a FIA é bastante rigorosa no que respeita às normas de segurança nos reabastecimentos. O responsável pela maior competição regional de Grande Turismo nesta parte do globo, Benjamin Franassovici reconhece que “actualmente, o pitlane [do Circuito da Guia] não é suficientemente grande e seria necessário mais equipamento, como plataformas de combustível.” Mesmo que os obstáculos estruturais fossem ultrapassados, com a capacidade de organizar grandes eventos que a RAEM já nos habituou, existiria sempre um desafio suplementar que requeria um esforço considerável para ser superado, pois “isto teria um impacto logístico e orçamental que poderia ser prejudicial para os participantes internacionais e locais.” O próprio Benjamin Franassovici partilha da opinião generalizada de que o formato actual da Taça do Mundo de GT da FIA é a opção mais apropriada: “Pessoalmente, também acredito que o formato de ‘sprint’ é adequado para Macau. Existem inúmeras corridas de resistência para carros de GT em todo o mundo, mas muito poucos eventos de ‘sprint’ com pilotos profissionais. É algo que marca Macau.” Nos próximos dois anos, a Taça GT Macau vai manter o mesmo formato e acolher a Taça do Mundo de GT da FIA nos moldes que conhecemos. O que virá a seguir é uma incógnita, mas repetir 1954 é altamente improvável.
Hoje Macau Manchete SociedadeTurismo | Programa “Uma Base Cultural” inclui fado no Teatro D. Pedro V O Instituto Cultural anunciou ontem o programa “Uma Base Cultural”, composto por espectáculos e iniciativas culturais organizados em parceria com as operadoras de jogo e que decorrem em diversos pontos do território. Destaque para a realização, entre Janeiro e Fevereiro, de noites de fado no Teatro D. Pedro V, iniciativa que poderá tornar-se permanente Foi ontem anunciado pelo Instituto Cultural (IC) o programa para os meses de Inverno que inclui a realização de espectáculos e diversas iniciativas artísticas em vários locais do território. Em parceria com as seis operadoras de jogo, “Uma Base Cultural” inclui, para já, um total de 25 eventos, e segundo a Lusa, o programa integra noites de fado. Entre os dias 19 de Janeiro e 11 de Fevereiro dois fadistas portugueses, Bárbara Santos e Tiago Correia, cantam fado num projecto que pode tornar-se permanente, anunciou ontem a directora do IC. Os fadistas irão actuar no histórico Teatro D. Pedro V todas as sextas, sábados e domingo, durante quatro semanas, disse Leong Wai Man em conferência de imprensa. Antes de se cantar o fado, os espectadores vão poder provar “vinho e petiscos portugueses”, numa combinação de música e gastronomia para criar “uma experiência completa, uma noite especial”, explicou. Leong afirmou também que o IC vai colaborar com agências de viagens para vender aos turistas pacotes de bilhetes para estes espectáculos, que podem “mostrar que Macau é diferente das outras regiões chinesas”. A governante sublinhou que o projecto pretende “aproveitar as vantagens e singularidades de Macau”, começando pelo Teatro D. Pedro V, “um espaço patrimonial com significado histórico”, por ser o primeiro teatro de estilo ocidental na China. Embora as noites de fado sejam “um projecto a título experimental”, cujo impacto será revisto após ter terminado, a dirigente garantiu que o objectivo é “ter actuações de marca permanentes”. Leong acrescentou que os espectáculos poderão ser alargados a outros locais e edifícios do centro histórico de Macau, considerado Património Mundial pela Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). “Este é um projecto a que damos grande importância, porque queremos construir Macau como uma base cultural entre a China e os países de língua portuguesa”, disse. Inverno cultural As noites de fado são um dos 25 eventos que constam do programa de Inverno “Uma Base Cultural”, agora apresentado pelo IC, em colaboração com as seis concessionárias de casinos. O programa inclui um concerto de passagem de Ano Novo, que irá terminar com a actuação da cantora e compositora franco-brasileira Lia Sophia, a partir das 22h de 31 de Dezembro, na praça do Lago Sai Van. Na mesma noite, as Casas Museu da Taipa vão acolher gastronomia, música e dança, tendo “como mote a integração de várias culturas,”, disse Leong Wai Man, que destacou o envolvimento das comunidades com raízes na Austrália, Filipinas, Indonésia, Myanmar (antiga Birmânia) e Vietname. Outro dos destaques, é o pianista japonês Makoto Ozone, de 62 anos, descrito pelo IC como “uma lenda do jazz” e nomeado em 2002 para um Prémio Grammy na categoria “Best Classical Crossover Album” (‘Melhor Álbum Clássico Transversal’). Leong Wai Man sublinhou que o concerto de Makoto Ozone com a Orquestra de Macau irá situar-se precisamente nesse cruzamento de sons, que “reúne jazz e música clássica”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaComunidades | Secção do PS nega envio de abaixo-assinado por Rita Santos Vítor Moutinho, coordenador da secção do Partido Socialista em Macau, acusa Rita Santos, conselheira das comunidades portuguesas, de mentir quanto à entrega de um abaixo-assinado junto das autoridades portuguesas. Esta refuta a acusação e diz que entregou o documento em causa A secção do Partido Socialista (PS) em Macau, na voz do seu coordenador, Vítor Moutinho, acusa Rita Santos, conselheira das comunidades portuguesas, de mentir quanto à entrega de um abaixo-assinado com 430 assinaturas junto do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, no passado mês de Novembro. “Sabemos de fonte segura que a drª Rita Santos não entregou nenhum abaixo-assinado junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros, nem ao secretário de Estado nem junto do Consulado-geral, reivindicado o que disse estar a reivindicar. É mentira que ela tenha entregado qualquer tipo de informação ou pedido e urge clarificar essa situação, pois a drª Rita Santos é conselheira da comunidade portuguesa e não pode enganar os portugueses”, disse ao HM. Confrontada com esta questão, Rita Santos disse ter entregado o abaixo-assinado, limitando-se, na resposta escrita, a dar informações anteriormente divulgadas em comunicados de imprensa sobre a visita realizada em Lisboa entre os dias 8 e 14 de Novembro. Na resposta ao HM, a conselheira afirma que entregou abaixo-assinados “dirigidos aos Secretário de Estado das Comunidades, e ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. João Gomes Cravinho, relativos ao atraso na renovação de documentação no Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong”, entre outras matérias. De frisar que, depois do fecho da edição impressa do jornal, a conselheira enviou ao HM dois documentos relativos aos abaixo-assinados enviados a Paulo Cafôfo e João Gomes Cravinho. Confrontado com estes documentos, Vítor Moutinho manteve a posição da secção do PS, salientando que os mesmos não foram, de facto, entregues por Rita Santos. Sobre a retirada de centenas de portugueses dos cadernos eleitorais, Vítor Moutinho destaca a obrigatoriedade dos cidadãos portugueses de declararem a vontade de se recensear na hora de renovarem o cartão de cidadão, lembrando que a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) e seus associados não devem ter privilégios no acesso ao Consulado para tratar do recenseamento e demais burocracias. “A conselheira não pode querer para a ATFPM uma via verde no Consulado-geral, que é uma porta de acesso para todos os portugueses, independentemente de onde venham e da associação a que pertençam. A associação a que a drª Rita Santos pertence não pode ter privilégios relativamente às demais, cumprindo o que é normal. Essa situação de privilégio acontecia anteriormente e, segundo sei, terminou.” “Grupo de interesses” Esta não é a primeira vez que a secção do PS em Macau vem questionar algumas declarações públicas de Rita Santos, que recentemente voltou a ser eleita conselheira para o Conselho das Comunidades Portugueses pelo círculo eleitoral da China, Singapura, Tóquio, Seul e Banguecoque, com 1909 dos 1972 votos, correspondendo a mais de 96 por cento de votos favoráveis. Vítor Moutinho lamenta que não haja mais rostos candidatos ao Conselho das Comunidades Portuguesas. “A conselheira das comunidades portuguesas continua a liderar um grupo de interesses, quando devia ser um grupo com interesse para a população. Neste momento continua a não ser. O facto de estar por detrás uma associação [ATFPM], financiada com dinheiro de Macau, a interferir e a promover situações com a República portuguesa, não é ético. Não é ético o que a drª Rita Santos está a fazer”, acusa. Rita Santos não reagiu a esta acusação, falando apenas dos projectos que pretende desenvolver após a reeleição. “O foco dos membros eleitos é implementar o plano de acção constante no programa eleitoral que nos propusemos, e que recebeu o apoio inequívoco dos cidadãos, das instituições e associações de matriz portuguesa.”
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaJogo ilegal | Criado regime de protecção para quem dá informações O Conselho Executivo já concluiu a análise à proposta de lei de combate aos crimes de jogo ilegal, que prevê um regime de protecção para quem forneça informações ou colabore com a polícia nestes casos. O Governo avança ainda para um agravamento das penas e legaliza buscas domiciliárias nocturnas Está concluída, da parte do Conselho Executivo, a análise a diversos diplomas legislativos propostos pelo Governo, incluindo a proposta de lei de combate aos crimes de jogo ilegal. Segundo um comunicado do Conselho Executivo, esta iniciativa legislativa do Governo vem criar “um novo regime de protecção para quem preste informações ou tenha colaborado com a polícia na descoberta dos criminosos”, tendo em conta “o elevado grau de evasão à investigação e de ocultação dos crimes relacionados com o jogo ilícito”. Esta proposta, que será ainda submetida à Assembleia Legislativa, inclui também “disposições que evitem que, antes do interrogatório judicial, os detidos pelo crime de exploração ilegal de jogos de fortuna ou azar e apostas mútuas comuniquem com pessoas que não sejam o advogado”. O documento vem rever o diploma relativo ao jogo ilícito datado de 1996, propondo ainda um aumento da moldura penal “dos crimes relacionados com o jogo ilícito”, além de se aperfeiçoarem “as normas penais e processuais penais, incluindo a prorrogação dos prazos de duração máxima da prisão preventiva”. Filhos da madrugada Neste diploma sobre o jogo ilícito, uma das bandeiras do Executivo, clarifica-se o acto de “aposta paralela”, a fim de “evitar discussões desnecessárias” na hora de aplicar a lei, esclarece o Conselho Executivo. É também proposta a proibição “da exploração, promoção e organização de jogos de fortuna ou azar e apostas mútuas online, independentemente de os sistemas, dispositivos e equipamentos informáticos envolvidos estarem ou não instalados em Macau”. Uma vez que, na maior parte dos casos, os crimes “são praticados no período nocturno”, o diploma em causa propõe que “para determinados crimes seja permitida a busca domiciliária entre as 21h e as 7h”. Além do aumento da moldura penal, destaque ainda para “o aumento do valor das multas pelas infracções administrativas relacionadas com o jogo ilícito e o aperfeiçoamento de disposições”, a fim de “aperfeiçoar ainda mais o regime sancionatório relativo às infracções administrativas e a reforçar os seus efeitos dissuasores”.
João Luz Manchete PolíticaSalários | Dois terços dos trabalhadores sem aumentos há três anos Cerca de 75 por cento dos trabalhadores que participaram num inquérito dos Operários não têm aumentos salariais desde a pandemia, enquanto quase 20 por cento revela ter sofrido cortes salariais. Mais de metade dos inquiridos teme perder o emprego, num claro contraste com a retórica da recuperação económica Uma das tónicas dos discursos políticos locais na segunda metade deste ano passa por enaltecer a recuperação económica, linha de pensamento que esbarra numa realidade revelada ontem por um inquérito feito pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Intitulado “Inquérito à Situação de Emprego em Várias Indústrias de 2023”, o estudo contou com a participação de 3.115 trabalhadores, com respostas dadas ao longo do ano. Entre as estatísticas mais gritantes, destaque para os quase 75 por cento dos inquiridos que indicaram não ter aumentos salariais desde o início da pandemia e os quase 20 por cento que foram mais longe e disseram ter sofrido cortes orçamentais. Em relação às perspectivas de futuro, mais de metade dos inquiridos admitiu preocupações sobre a estabilidade do seu emprego, enquanto mais de 40 por cento concordou que o trabalho ilegal em Macau é um problema sério que deve ser resolvido. Soluções procuram-se Durante a apresentação dos resultados do inquérito, o deputado e dirigente da FAOM Leung Sun Iok endereçou a questão dos salários congelados, afirmando que é preciso aumentar a protecção dos direitos laborais, para que acompanhem o desenvolvimento económico e social. O deputado especificou que as leis laborais deveriam ser revistas no que diz respeito ao horário de trabalho, horas extra, licença de maternidade e direitos durante a gravidez. Recordando os aumentos da Função Pública e do salário mínimo, Leung Sun Iok defendeu que o patronato do sector privado deveria ser encorajado a aumentar os salários de forma adequada, não especificando, no entanto, como, nem em que valor. A formação profissional foi outro dos pontos de destaque da apresentação de ontem, com o deputado da FAOM a reforçar a ideia de que é preciso corresponder às preocupações dos residentes. Leung Sun Iok sugeriu que o Governo combine a lei de captação de quadros qualificados com um sistema de tutelagem, promovendo a relação entre mentor e aprendiz, aplicados à política de diversificação económica focada nas indústrias prioritárias. Outra proposta, é a abordagem multidisciplinar à empregabilidade dos jovens de Macau, envolvendo Governo, universidades e empresas, através de programas de estágio. A FAOM aconselha uma abordagem semelhante para endereçar o regresso ao mercado de trabalho de pessoas entre os 46 e os 66 anos, em especial devido aos elevados salários que auferiam até perderem o emprego. Como tal, é sugerida a promoção de estágios de readaptação a um novo trabalho, incentivos com dinheiros públicos à contratação de profissionais nesta faixa etária, assim como um programa de certificação de empresas para quem conte nos seus quadros com trabalhadores de meia-idade ou de terceira idade.
Hoje Macau Manchete SociedadeSaúde | Dois dos 12 médicos portugueses candidatos devem ser recrutados Os Serviços de Saúde vão propor a contratação de dois dos 12 médicos portugueses que se candidataram para integrar a rede hospitalar do território. Os dois médicos são especialistas de Medicina Interna “Após a apreciação curricular do Centro Hospitalar Conde de São Januário, é proposta a contratação de dois médicos especialistas de Medicina Interna”, escreveram os Serviços de Saúde (SS) num email enviado à Lusa na sexta-feira à noite. A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, esteve no final de Maio em Portugal para abordar a possibilidade do recrutamento de profissionais portugueses. Em Outubro, o director dos SS, Alvis Lo Iek Long, referiu que, de um total de 12 médicos portugueses que se candidataram para trabalhar na RAEM, oito reuniam os requisitos para integrar a rede de saúde local. Contudo, no mês seguinte, admitiu que dos oito pré-seleccionados para trabalharam em Macau no novo Hospital das Ilhas, alguns já tinham desistido do processo, de acordo com a TDM – Rádio Macau. À margem do programa radiofónico “Fórum” da Ou Mun Tin Toi, canal da rádio da TDM em língua chinesa, o responsável notou que os especialistas invocaram razões pessoais. À Lusa, os SS vêm agora dizer que, dessas oito candidaturas, quatro foram submetidas por “portadores de bilhete de identidade de residente (BIR) de Macau, pelo que necessitam de obter a acreditação antes de preencherem os requisitos legais para o ingresso na carreira”. “Quanto aos restantes quatro, que são portadores de passaporte de Portugal, após a apreciação curricular do Centro Hospitalar Conde de São Januário, é proposta a contratação de dois médicos especialistas de Medicina Interna, sendo que os outros dois ainda necessitam de informações complementares e análises”, concluiu. Abaixo da média No final de Novembro, os Serviços de Saúde tinham dito à Lusa que, “de acordo com a situação dos recursos médicos” no território, as autoridades “continuam a recrutar os médicos especialistas com qualificações especiais, que estão em falta em Macau”. O novo Hospital Peking Union de Macau vai entrar em funcionamento, “a título experimental”, no final deste ano, reiterou o Governo em Outubro. Situado no Cotai, a infraestrutura tem uma área bruta de construção de cerca de 430 mil metros quadrados e é o maior complexo de cuidados de saúde do território. O coordenador do Gabinete Preparatório do Centro Médico de Macau do novo hospital anunciou, em Setembro, a abertura de concurso para preencher 200 vagas para médicos, enfermeiros, funcionários técnicos e administrativos. Em declarações à Ou Mun Tin Toi, Lei Wai Seng não excluiu a contratação de médicos do exterior, incluindo de Portugal. Ainda recentemente, numa interpelação escrita, o deputado Che Sai Wang citou dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), dizendo que, até 2022, havia 1.965 médicos em Macau, ou seja, “2,9 médicos por cada mil habitantes”. “Estabelecendo a comparação com os países desenvolvidos, verifica-se que o número médio de médicos por cada mil habitantes é de 3,2 a 3,9, portanto existe ainda uma certa distância. Isto demonstra que o número de médicos em Macau não é suficiente para satisfazer as necessidades de assistência médica dos residentes”, salientou. Em resposta, Alvis Lo notou que os planos das autoridades apontam para três médicos por cada mil habitantes em 2025. Quanto aos passos seguintes, o director dos SS garantiu que “será também intensificada a formação de pessoal”. “Tendo em conta a procura de serviços de especialidade em Macau, os recursos humanos existentes e os necessários no futuro, será definido o número de vagas para a formação de médicos especialistas em Macau, e as diversas instituições de formação iniciarão, em breve, a formação de médicos especialistas, envolvendo mais de 60 vagas”, lê-se na resposta de Lo.
Hoje Macau Manchete PolíticaTáxis | DSAT diz que concurso foi transparente O director dos Serviços para os Assuntos do Tráfego (DSAT), Lam Hin San, afirmou ontem que todo o processo do concurso público para a atribuição de licenças de táxis decorreu com toda a transparência, desde a abertura ao encerramento das propostas das empresas candidatas. As declarações foram prestadas à margem da Marcha da Caridade, que decorreu ontem. Depois de muitas críticas e uma queixa apresentada ao Comissariado contra a Corrupção por Ron Lam, o director da DSAT vincou que foram seguidos todos os procedimentos legais durante o concurso, e que os candidatos ou os seus representantes legais estiveram todos presentes à abertura das propostas. Sem fazer mais comentários à forma como correu o concurso púbico, Lam Hin San afirmou que a DSAT não recebeu solicitações para actualizar tarifas ou bandeirada dos táxis, mas que se receber, entretanto, o assunto será tratado de acordo com os normais trâmites legais. Por sua vez, o Comissário contra a Corrupção confirmou ter recebido a queixa de Ron Lam, mas não ter recebido queixas de candidatos ao concurso público para as licenças de táxis.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaHabitação intermédia | Ella Lei continua a questionar suspensão A deputada Ella Lei continua a exigir justificações ao Governo sobre as razões que levaram à suspensão temporária do projecto da habitação intermédia na avenida Wai Long. Numa interpelação escrita, a deputada afirma duvidar dos argumentos já apresentados pelo Governo Ella Lei, deputada ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), continua a não estar convencida com os argumentos apresentados pelo Governo para não avançar, para já, com a construção da habitação intermédia, destinada à classe média, e pensada para um terreno na avenida Wai Long. Após ter colocado questões sobre o mesmo assunto nos últimos debates sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG), a deputada voltou a interpelar o Executivo por escrito, questionando a necessidade de se obter um “consenso” e fazer mais estudos para construir as casas intermédias, ideias deixadas tanto pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, como por Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas. “Quanto ao consenso sobre a habitação intermédia, a taxa de apoio [para o projecto] chegou quase aos 92,6 por cento, com base no relatório final da consulta pública sobre o plano de habitação para a classe sanduíche publicado em Abril de 2021. Conforme o Estudo sobre a Política de Habitação para Fins Residenciais da Região Administrativa Especial de Macau, são requeridas 5400 e 10100 fracções deste tipo de habitação para 2025 e 2030. A decisão quanto ao plano de habitação intermédia foi concluída tendo em conta os estudos e inquéritos feitos na altura”, apontou. Para Ella Lei, a população questiona a relação entre a suspensão temporária deste projecto habitacional com a pouca procura pelas casas de habitação económica, um dos argumentos usados pelo Governo para não avançar já com as obras na avenida Wai Long. “O Governo sempre disse que a habitação económica e intermédia são casos diferentes, que a primeira tem uma natureza pública, enquanto a habitação intermédia se destina ao mercado privado. Então qual é a relação entre a decisão de suspender a habitação intermédia e a procura pela habitação económica? O Governo não explicou”, apontou a deputada. Nada a ver Para Ella Lei, estas são duas áreas habitacionais cujas políticas não se devem misturar, destacando que o número de candidatos às casas económicas não deve constituir um factor influenciador para o avanço do projecto da habitação intermédia, uma vez que aqueles que ficam de fora dos critérios de acesso à habitação económica esperam para poder adquirir uma habitação intermédia. Assim, a deputada exige que o Governo apresente os estudos que servem de referência sobre as verdadeiras necessidades da população, nomeadamente da classe média, quanto às casas intermédias. Na mesma interpelação, Ella Lei pede também um relaxamento dos critérios para o acesso às casas económicas, a fim de permitir que candidatos a título individual possam candidatar-se a um T2. De frisar que o Governo já esclareceu que está a pensar alterar a lei para criar um mecanismo de candidaturas permanentes a este tipo de habitação. A deputada exige ainda que se faça uma avaliação à densidade populacional e necessidades de construção de espaços verdes e recreativos na zona A dos novos aterros, pois já existem mais terrenos sob domínio do Governo e as tendências da procura pela habitação económica mudaram nos últimos anos.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaTurismo | Número de visitantes deve atingir 28 milhões em 2023 O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, disse ontem, à margem da Marcha de Caridade para Um Milhão, que espera atingir a fasquia dos 28 milhões de turistas este ano, tendo em conta que mais de 25 milhões de turistas visitaram Macau entre Janeiro e Novembro. Segundo um comunicado oficial, Lei Wai Nong referiu que o número diário de turistas internacionais que visitaram Macau em Janeiro deste ano foi cerca de dez por cento de 2019, enquanto em Agosto esse número ultrapassou os 70 por cento do registado nesse mesmo ano. Tal “demonstra que a recuperação de Macau está a concretizar-se de forma satisfatória e o consumo dos turistas também está a aumentar”. Lei Wai Nong “espera que seja possível manter esta tendência no próximo ano”, tendo em conta que, em 2024, “a promoção turística do Governo vai focar-se no nordeste e sudeste da Ásia, e também em outras regiões com vista a expandir as fontes de visitantes para Macau”. Questionado pelos jornalistas sobre o desempenho dos casinos, o secretário adiantou que as receitas dos impostos sobre o jogo atingiram 164,4 mil milhões de patacas entre Janeiro e Novembro, estimando-se que o valor total, no final deste ano, “será melhor do que o esperado”. Lei Wai Nong admitiu ainda que as empresas “precisam de mais trabalhadores devido à recuperação da economia”. Até ao dia 9, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais ajudou 12 mil pessoas a encontrarem emprego “com sucesso”, explicou.
Hoje Macau Manchete PolíticaMoody’s | Governo critica avaliação com tendência negativa A agência de notação financeira Moody’s baixou a perspectiva da classificação de Macau de “estável” para “negativa” devido às “estreitas ligações” com o Interior da China, uma decisão criticada pelas autoridades da RAEM “A mudança na perspectiva de classificação de Macau para negativa reflecte a avaliação da Moody’s das estreitas ligações políticas, institucionais, económicas e financeiras entre Macau” e o Interior da China, referiu a agência num comunicado. A Moody’s sublinhou que os sectores do turismo e do jogo, estão muito dependentes dos visitantes chineses e que o sistema bancário de Macau “está igualmente exposto” à China continental, cuja classificação a agência também reviu em baixa. Em resposta, divulgada na quarta-feira à noite, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) defendeu que, pelo contrário, “os estreitos laços económicos” com o Interior da China “proporcionam um forte apoio ao desenvolvimento de Macau a longo prazo”. A economia mundial “enfrenta actualmente desafios complexos e com múltiplas incertezas”, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,2 por cento até Setembro, “o que terá um impacto positivo” para Macau, defendeu a AMCM, num comunicado. A AMCM acrescenta que, “com a plena retoma dos intercâmbios de pessoas de Macau com as regiões vizinhas e outras jurisdições do mundo e o regresso gradual da indústria do turismo à sua capacidade normal, verificou-se uma recuperação gradual da economia de Macau”. Nesse capítulo, as autoridades locais realçam que nos primeiros três meses de 2023, o PIB da RAEM cresceu “77,7 por cento em termos reais, quando comparado com o período homólogo do ano passado”. Amortecedores fortes Apesar da revisão em baixa da perspectiva, a Moody’s manteve a classificação de Macau em Aa3. As classificações na categoria “Aa”, a quarta mais alta da agência, são de alto grau de investimento e estão sujeitas a um risco de crédito muito baixo. As “grandes reservas fiscais e externas” de Macau dão à economia “amortecedores muito fortes para absorver choques e tendências negativas de longo prazo, incluindo o abrandamento estrutural da economia da China continental”, acrescentou a Moody’s. Também na quarta-feira, a agência tinha baixado a perspectiva do ‘rating’ da China de “estável” para “negativo”, devido aos altos níveis de endividamento da segunda maior economia do mundo. “A alteração para perspectiva negativa reflecte os indícios crescentes de que o governo e o sector público vão prestar apoio financeiro aos governos regionais e às empresas públicas em dificuldades”, afirmou a Moody’s, em comunicado. Isto “gera riscos significativos (…) para a solidez orçamental da China”, face ao abrandamento da economia do país e às dificuldades no sector imobiliário, acrescentou. Na sequência do relatório, o ministério das Finanças chinês declarou-se “desiludido” com a decisão da Moody’s. Durante muito tempo, o sector imobiliário representou um quarto do PIB da China, assegurando a subsistência de milhares de empresas e de trabalhadores pouco qualificados. Nos últimos 20 anos, o sector registou um crescimento fulgurante, mas os problemas financeiros de grupos imobiliários emblemáticos estão agora a alimentar a desconfiança dos compradores, num contexto de casas inacabadas e de queda dos preços por metro quadrado. Face a um mercado de capitais exíguo, o sector concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70 por cento, segundo diferentes estimativas. Para relançar o mercado imobiliário e estimular a actividade, o Governo intensificou o apoio ao sector nos últimos meses. Mas os resultados continuam a ser inconclusivos.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeAprendizagem | Relação docente-aluno com influência determinante Um estudo da investigadora Cheung Pui Man conclui que a relação entre professores e alunos influencia “directamente o nível do sucesso escolar” no ensino secundário ao nível da “cognição”, “afectividade” e “competência” dos estudantes. A autora defende que o Governo deve prestar atenção a este factor quando elaborar políticas educativas Um estudo de Cheung Pui Man, investigadora adjunta do Education Development Research Institute, do International (Macau) Institute of Academic Research, conclui que a relação docente-aluno “influencia directamente o nível de sucesso escolar [dos estudantes do ensino secundário] nos domínios da ‘cognição’, ‘afectividade’ e ‘competência'”. Ficou provado que “o nível de sucesso escolar do aluno pode ser influenciado pela relação docente-aluno”, e que esta ligação “pode ainda causar um impacto no nível do sucesso escolar do aluno, influenciando a sua atitude geral de aprendizagem”. A conclusão surge no estudo intitulado “Politica do Governo da RAEM para o Aumento do Sucesso Escolar dos Alunos do Secundário: Uma Análise Empírica Baseada no Impacto da Relação Docente-aluno sobre os Diferentes Domínios de Sucesso Escolar Efeito de Mediação da Atitude de Aprendizagem”, publicado na última edição da revista “Administração”, editada pelos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP). Estas conclusões têm por base 305 questionários válidos realizados em dez escolas secundárias locais, tendo sido usado o “método de amostragem bola de neve” e o “efeito de mediação” para analisar os dados. Cheung Pui Man entende que os resultados “servem como um sinal inspirador para o Governo no desenvolvimento do ensino não superior”, pois, para promover um maior sucesso escolar, as autoridades devem implementar políticas educativas que “ajudem os professores e alunos a estabelecerem uma boa relação docente-aluno”. Deve dar-se “importância a esta relação” na hora de elaborar políticas, com foco em quatro critérios, como a “orientação na aprendizagem”, a “atenção no quotidiano”, a “proximidade e confiança” e “interacção de sentimentos”. Caixa de sugestões A investigadora deixa ainda algumas sugestões ao Governo tendo em conta os resultados obtidos, nomeadamente a necessidade do “reforço da promoção da relação docente-aluno” ou a “promoção de estudos” relacionados com este tema. Devem ainda ser promovidos mais “intercâmbios com as escolas” além de ser organizadas “diferentes competições”. Cheung Pui Man sugere mesmo a criação de um “serviço de gestão de crises juvenis”, que serviria para “prestar apoio escolar, familiar e económico aos alunos com problemas emocionais, familiares ou com falta de recursos”. É também sugerido que a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude “simplifique os procedimentos de candidatura para as bolsas de estudo”, reduzindo o tempo de espera nas candidaturas, por exemplo. A investigadora entende que, para se conseguir uma boa relação professor-aluno, deve ser promovido “o ensino em turmas reduzidas”, além de serem produzidas mais leis sobre “a aprendizagem interdisciplinar no ensino não superior”, nomeadamente quanto à “organização de cursos de aprendizagem interdisciplinar nas escolas”, com a concessão de apoios e financiamento.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSands China | Las Vegas reforça participação na operadora A Las Vegas Sands, empresa norte-americana detentora de 70 por cento das acções da Sands China, pretende aumentar a participação na operadora de jogo em 1,19 por cento, foi ontem anunciado. Para a consultora JP Morgan Securities, este negócio é sinal de estabilização do investimento no sector depois da pandemia A Sands China, uma das seis operadoras de jogo a operar no território, anunciou ontem que a empresa-mãe, a norte-americana Las Vegas Sands (LVS), pretende aumentar a sua participação no capital social da operadora em 1,19 por cento, sendo que a LVS já detém 70 por cento da Sands China. Segundo um comunicado revelado esta terça-feira, e citado pelo portal GGRAsia, o aumento de capital será feito através da Venetian Venture Development Intermediate II, uma subsidiária indirecta detida a 100 por cento pela LVS e que é o accionista controlador imediato da Sands China. Assim, a Venetian Venture Development irá pagar até 1,95 mil milhões de dólares de Hong Kong, cerca de 250 milhões de dólares americanos, para adquirir mais acções da Sands China, uma transacção que foi firmada com uma instituição financeira esta terça-feira. O preço por acção foi firmado em 20,20 dólares de Hong Kong, sendo que o montante adquirido pela Venetian Venture Development equivale a cerca de 96.600.247 acções. Trata-se de números que “representam aproximadamente 1,19 por cento do total de acções emitidas”, descreve a Sands China no mesmo comunicado. Bons ventos A consultora JP Morgan Securities para a região da Ásia Pacífico já reagiu a esta transacção, que considera positiva para o mercado local de jogo e para a estabilização do investimento depois dos anos difíceis da pandemia. “Consideramos este acontecimento como significativamente positivo para a Sands China (e marginalmente positivo para as suas congéneres em geral), uma vez que a notícia assinala uma forte confiança e compromisso por parte da administração, algo que é necessário para estabilizar o sentimento de investimento (frustrantemente) pessimista dos últimos tempos”, escreveu o analista DS Kim. A JP Morgan considera também que a escala do investimento feito “não é negligenciável” face ao “float” da empresa, ou seja, ao número de acções que a Sands China colocou no mercado para investimento, uma vez que “o montante [de investimento] planeado, de cerca de 250 milhões de dólares [americanos], equivale [em média] a 6,5 dias de valor comercial da Sands China”. De frisar que, em meados de Outubro, aquando da apresentação dos resultados do terceiro trimestre deste ano, a LVS anunciou a recompra de acções no valor de dois mil milhões de dólares. Patrick Dumont, presidente e director de operações do grupo, disse na altura que a empresa iria privilegiar a recompra de acções ao invés da distribuição de dividendos, como forma de devolver valor aos accionistas. No final de Novembro a LVS anunciou que tencionava recomprar até 250 milhões de dólares das suas acções, que seriam vendidas pela maior accionista do grupo, Miriam Adelson, viúva do magnata Sheldon Adelson, antigo CEO da Sands China, falecido em 2021.
João Luz Manchete PolíticaIH | Concurso para 30 lojas em edifícios de habitação pública Foi ontem aberto um concurso público para o arrendamento de três dezenas de espaços comerciais em edifícios de habitação pública. As lojas vão estar situadas em prédios no Fai Chi Kei, Ilha Verde, Mong Há, Taipa e Seac Pai Van. As bases de licitação, consoante a área, variam entre 5.000 e 60,5 mil patacas O Instituto de Habitação (IH) abriu ontem o concurso público para arrendamento de 30 espaços comerciais nos edifícios de habitação pública destinados a lojas de bebidas e comidas ou fins comerciais gerais. Destes, 19 espaços têm como finalidade o comércio geral, enquanto 11 lojas destinam-se à venda de comidas e bebidas (seis dos quais não têm autorização para ter cozinha com chama). Os interessados têm até às 17h30 do dia 5 de Janeiro para apresentar as candidaturas ao concurso público, aberto para “aperfeiçoar as instalações comerciais e de apoio à vida quotidiana das zonas”, referiu ontem o IH. A área útil dos espaços comerciais para arrendar varia entre 21 e 359 metros quadrados, enquanto os preços base de licitação situam-se entre 5.000 e 60.500 patacas. O IH informou que o concurso público seguirá o formato de licitação verbal, sendo o valor de cada lance de 500 patacas ou múltiplos de 500. Os concorrentes interessados podem dirigir-se à delegação de Cheng Chong do IH, na Rua do Laboratório, n.º 39 em Macau, para consultar ou obter o processo do concurso. Para adquirir os documentos, o interessado deve pagar 500 patacas para cobrir custos de fotocópias, mas também é possível aceder à documentação na página do IH. Os actos públicos de licitação verbal estão marcados para o dia 25 de Janeiro, entre as 10h30 e as 15h30, na delegação das Ilhas do IH. Os espaços a arrendar são adjudicados aos concorrentes que ofereçam a renda de valor mais elevado. Pontos de negócio Os 30 espaços comerciais alvo do concurso público situam-se nos edifícios de Habitação Social de Fai Chi Kei – Edifício Fai Fu, Edifício Fai Ieng, Edifício do Bairro da Ilha Verde, Habitação Social de Mong Ha – Edifício Mong Tak, na zona de Macau. Na Taipa, estarão disponíveis para arrendamento espaços no Edifício Iat Seng e Edifício do Lago. Na zona de Coloane, os espaços para arrendar situam-se nos edifícios de Habitação Social de Seac Pai Van (Lok Kuan e Ip Heng). O IH providenciou também pessoal nos locais onde estão situadas as lojas para receber concorrentes que pretendam visitar dos espaços para arrendar, até à próxima quarta-feira, entre as 13h e as 18h. Além disso, será realizada uma sessão para esclarecer dúvidas sobre o concurso no dia 18 de Janeiro, às 10h, na delegação das Ilhas do IH, na Rua de Zhanjiang, nº 66-68, Edifício do Lago, 1.º andar D, na Taipa.
João Luz Manchete PolíticaTáxis | Ron Lam apresenta queixa no CCAC por concurso “caótico” Depois de não ver respondidas as dúvidas sobre o concurso público para as licenças de táxi, Ron Lam apresentou ontem uma queixa ao Comissariado para a Corrupção. A confusão que levou à desqualificação de candidatos anteriormente aceites, dúvidas sobre a abertura das propostas e a ausência de representação do Ministério Público motivaram a queixa do deputado Um caminho tortuoso e cheio de irregularidades. É assim que o deputado Ron Lam encara o concurso público para adjudicar 10 licenças para transporte de passageiros em táxis, que podem resultar na atribuição de alvará a 500 novos táxis. Não satisfeito com a falta de respostas do Governo, durante os debates da tutela nas Linhas de Acção Governativa, o deputado decidiu apresentar ontem uma queixa ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC) onde argumenta que o concurso deveria ser cancelado. Numa publicação no Facebook, Ron Lam diz ter recebido queixas de concorrentes que foram afastados do concurso, três dias depois de terem sido aceites. Os problemas começaram a 24 de Novembro, dia destinado à abertura das propostas concorrentes às licenças alvo do concurso público, quando foram entregues 40 propostas. Destas, foram aceites 27, mas as autoridades acabaram por não concluir o processo, emitindo o habitual comunicado com o número de propostas aceites e os intervalos entre a proposta mais baixa e a mais alta. Porém, a cerimónia da abertura das propostas foi interrompida porque os representantes do Governo admitiram não terem conseguido rever todas propostas. A cerimónia foi interrompida e retomada na manhã do dia 27 de Novembro. Ron Lam indica que durante este período de três dias, seis concorrentes que foram aceites no dia 24 foram de repente desqualificados sem lhes ter sido dada a oportunidade para resolver as irregularidades que determinaram a desclassificação. Além disso, “as propostas não voltaram a ser seladas depois de suspensa a sua abertura no dia 24 de Novembro em frente aos concorrentes”, como o normal procedimento de demonstração de transparência e imparcialidade”, aponta o deputado. Este procedimento é considerado por Ron Lam como justificação para cancelar o concurso público. O dinheiro e a chave Entretanto, com a desqualificação de seis das propostas aceites no dia 24 de Novembro baixaram a média do valor das propostas em cerca de 200 mil patacas. O afastamento de concorrentes com propostas elevadas ditou, na óptica de Ron Lam, o favorecimento de empresas com propostas mais baixas. O deputado argumenta também que face ao valor avultado das propostas apresentadas deveria ter sido nomeado um representante do Ministério Público (MP) para testemunhar a cerimónia de abertura das propostas do concurso público. Na publicação divulgada ontem, é inclusive citada a lei que obriga à presença de um delegado do MP em concursos que envolvam valores a partir de 5 de milhões de patacas. Apesar do preço base por licença ser 2,5 milhões de patacas, e a caução 3,5 milhões de patacas, Ron Lam argumenta que facilmente uma ou duas propostas juntas ultrapassariam o valor que determina a presença obrigatória do MP. O deputado indica ainda que as seis concorrentes desqualificadas reclamaram da decisão, mas o facto de esta ser dirigida à mesma entidade que os afastou não abona a favor da transparência do processo. Importa referir que todas as reclamações foram rejeitadas.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePISA 2022 revela resultados “excepcionais” dos alunos de Macau Os alunos de Macau com 15 anos de idade obtiveram bons resultados no PISA 2022 [Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA, na sigla inglesa)], um relatório de cariz anual ontem divulgado e que mede o nível de literacia dos estudantes do ensino não superior nas áreas do português, ciências e matemática. Segundo um comunicado da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), “verificou-se que de entre 81 países ou economias participantes no PISA 2022 os alunos de Macau obtiveram um desempenho excepcionalmente bom nas literacias em matemática, ciência e leitura”, tendo ficado, respectivamente, em segundo, terceiro e sétimo lugares na tabela de classificação de literacia do PISA. A DSEDJ realça os resultados obtidos em matemática, “a principal área de testes deste ciclo, em que os alunos de Macau alcançaram um registo histórico e a segunda posição globalmente”. A DSEDJ destacou também que o relatório, elaborado pela OCDE [Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económicos], “salientou que o sistema educativo de Macau alcançou um sucesso notável na redução do fosso entre alunos provenientes de antecedentes socioeconomicamente favorecidos e desfavorecidos”. Desta forma, de entre os países ou economias com um alto desempenho, “Macau tem a relação mais fraca entre o desempenho na literacia dos alunos e o estatuto socioeconómico”, ou seja, “o impacto do contexto socioeconómico e cultural no desempenho dos alunos em literacia em matemática é relativamente menor”. Além disso, “Macau tem uma das menores proporções de alunos que não atingiram o nível de base (Nível 2) nas três literacias fundamentais, em comparação com os sistemas educativos de todo o mundo”. No relatório do PISA 2022 “os alunos com elevado desempenho em Macau representam 28.6 por cento em matemática, 14.7 por cento em ciências e 8.9 por cento em leitura”. Números que fazem a OCDE “elogiar o sistema escolar de Macau pelo seu excelente desempenho na literacia, bem como pela sua elevada qualidade na educação, em termos de justiça e inclusão”, esclarece a DSEDJ. Resistir à covid Relativamente ao desempenho escolar no contexto covid, o comunicado da DSEDJ aponta que “os resultados da investigação do PISA 2022 mostram que o desempenho médio dos países da OCDE diminuiu significativamente devido ao impacto da pandemia”, mas que Macau “está entre os poucos países e economias que conseguiram desafiar a tendência e melhorar o seu desempenho”. “A OCDE reconhece que o sistema de educação básica de Macau demonstrou resiliência e adaptabilidade durante a pandemia. As escolas de Macau garantiram que os alunos continuassem a receber uma educação de qualidade mesmo na adversidade e mantivessem um desempenho excepcional.” Apoio crucial Lê-se ainda no mesmo comunicado da DSEDJ que a OCDE “acredita que o investimento e o apoio do Governo de Macau na educação foram cruciais para o sucesso do sistema educativo de Macau no PISA 2022. Estas medidas incluem programas adaptativos de ensino à distância, recursos de ensino online e apoio abrangente aos alunos e às famílias”. Em Singapura, 41 por cento dos estudantes demonstrou conhecimentos bastante elevados em matemática, assim como 32 por cento dos estudantes de Taiwan. Por sua vez, 27 por cento dos alunos de Hong Kong apresentaram bons resultados nesta disciplina, tal como 23 por cento dos alunos do Japão e da Coreia do Sul, respectivamente.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePatrimónio | Criado museu junto às Ruínas de S. Paulo O Governo vai construir o Museu do Património Mundial de Macau nos números 16 a 22 da rua D. Belchior Carneiro, e que irá incluir os vestígios arqueológicos existentes no local. Segundo um comunicado oficial, o projecto foi ontem apresentado em sede de reunião do Conselho do Património Cultural, tendo uma área de 7600 metros quadrados. O futuro museu vai ter salas de exposições e de leitura, um armazém de colecções, um auditório e salas multifuncionais, prevendo-se ainda a construção de uma passagem superior que ligue esta infra-estrutura ao Museu de Macau, localizado junto à Fortaleza do Monte. Leong Wai Man, presidente do Instituto Cultural, disse ainda que o projecto será alvo de melhorias no próximo ano. Segundo o comunicado, “os membros do Conselho expressaram a sua emoção no que diz respeito ao plano e apresentaram sugestões sobre o conteúdo do Museu e o design da respectiva fachada, esperando também que as instalações circundantes possam ser planeadas de forma a facilitar a visita de residentes e turistas”. Para o IC, o projecto pretende chamar a atenção para o facto de o Centro Histórico de Macau já se encontrar inscrito na lista do Património Mundial da UNESCO há mais de dezoito anos. A ideia é “proteger e valorizar melhor o património mundial” do território, tendo em conta as consultas feitas “à experiência e trabalhos de salvaguarda do património mundial do Interior da China e do estrangeiro”.