Hoje Macau Manchete Sociedade“Cempaka” | Sinal 8 deverá ser içado a partir desta madrugada Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) estimam que o sinal 8 de tempestade tropical, relativo à passagem do ciclone tropical “Cempaka”, deverá ser içado entre esta madrugada e a manhã de terça-feira, sendo essa possibilidade “moderada a relativamente alta”. Tal deve-se ao facto de o “Cempaka” ter ficado “mais forte do que o esperado”, sendo que “a sua trajectória mudou mais para norte”. O “Cempaka” deverá atingir, nas próximas horas, “o ponto mais próximo da região”, a cerca de 100 quilómetros de Macau, deslocando-se “para a área compreendida entre a Ilha Xiachuan e Yangjiang”. Espera-se que, nas próximas 24 horas, o ciclone tropical continue a mover-se para o quadrante norte. Em relação às condições meteorológicas, os SMG falam na ocorrência de “períodos dispersos de aguaceiros fortes”, com rajadas de vento fortes ocasionais. Prevê-se ainda a ocorrência de inundações, com um máximo de 0,5 metros de altura, nas zonas baixas do Porto Interior. O sinal 3 de tempestade foi hoje içado e, ao início da tarde, o “Cempaka” “intensificou-se significativamente”, explicam os SMG.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Receitas de massas representaram dois terços do total Em tempos adversos, as receitas do sector de massas constituíram dois terços do total arrecadado no segundo trimestre do ano. Os casinos satélite e as salas VIP são quem mais sofre com as dificuldades, que já levaram a SJM a assumir a gerência do Casino Diamond No segundo trimestre do ano o sector de massas foi responsável por dois terços de todas as receitas da indústria, o que se traduziu em 16,88 mil milhões de patacas, ou seja 66,5 por cento do total. Entre Abril e Junho, as receitas da principal indústria da RAEM foram de 25,38 mil milhões de patacas, com um crescimento de 7,4 por cento face ao período de Janeiro até Março. Segundo a informação do portal GGR Asia, as receitas do mercado de massas incluem não só as receitas das mesas, mas também das máquinas de apostas. Os 16,88 mil milhões de patacas no mercado de massas representam um aumento de 16,3 por cento face ao primeiro trimestre do ano. Por sua vez, o sector dos grandes apostadores, medido pelas apostas nas mesas VIP do jogo bacará, foi responsável por receitas de 8,50 mil milhões de patacas, ou seja, 33,5 por cento. Em relação ao primeiro trimestre, as receitas do sector dos grandes apostadores registaram uma quebra de 6,8 por cento. A quebra no sector do jogo VIP não está a decorrer sem efeitos para Macau e na semana passada surgiram rumores de que o Casino Diamond, no ZAPE, estaria em vias de fechar. No entanto, o espaço vai continuar aberto, mas com uma nova gestão, assumida directamente pela SJM Resorts. A novidade foi avançada por Ambrose So, director-executivo da empresa, em declarações ao jornal Ming Pao. Sobre a mudança de gestão no casino que vai deixar de ser satélite, Ambrose So afirmou que se ficou a dever às dificuldades atravessadas pelo sector nesta fase, mas que tal não ia levar a SJM Resorts a desistir do casino. Caso isolado Ao jornal Ou Mun, Song Wai Kit, presidente da Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau, apontou a situação do Casino Diamond como um caso isolado. Song explicou também que não crê que haja uma tendência para novos encerramentos, apesar de acreditar que alguns investidores nos casinos locais podem começar a vender as suas participações. Sobre o panorama, o presidente da associação definiu a velocidade da recuperação do sector do jogo como “mais lenta do que o esperado”, o que faz com que os casinos satélites e as salas VIP enfrentem condições muito duras. Sobre as salas VIP, Song explicou que as dificuldades têm sido criadas pelas políticas do Interior, que cada vez mais dificultam as saídas para jogar, mesmo em Macau. O líder da Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau considerou ainda que as previsões do Governo sobre as receitas de 130 mil milhões de patacas no jogo estão cada vez mais longe, até porque nos primeiros seis meses o arrecadado não foi além dos 50 mil milhões de patacas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeÁfrica do Sul | Residente pede ajuda para regressar à RAEM Alexandre Torrão vive há 10 anos no país sul-africano e pretende regressar à RAEM. No entanto, está dependente da autorização do Governo, uma vez que a mulher e as filhas não são residentes Um residente de Macau na África do Sul pediu ajuda ao Governo para poder regressar ao território acompanhado da mulher e de duas filhas, que não têm residência. A notícia foi avançada na sexta-feira à noite pelo Canal Macau, que entrevistou Alexandre Torrão. “Estou na África do Sul com a família, a minha mulher e as minhas duas filhas. A situação aqui não está muito boa”, começou por explicar o residente. “Precisamos de ajuda para poder sair daqui e a ajuda é para nos permitir entrar em Macau. Tenho BIR, as minhas filhas são sul-africanas e portuguesas, têm dupla nacionalidade, e a minha mulher apenas tem a nacionalidade sul-africana. Por isso, temos de pedir autorização ao Governo de Macau, para nos permitir a entrada e ir para um lugar seguro”, acrescentou. Nas últimas semanas, o ex-presidente Jacob Zuma foi detido por desrespeito ao tribunal. O ex-líder sul-africano recusou comparecer numa audiência do tribunal, em que ia ser ouvido devido a acusações de corrupção. Contudo, a prisão daquele que é um dos mais populares presidentes da ex-colónia britânica levou a vários tumultos. Como consequência destas acções, que envolveram pilhagens marcadas pela violência, já morreram mais de 200 pessoas. “Já estou farto da África do Sul, para mim, para a minha família é a altura de sair daqui. E precisamos toda a ajudar que conseguirmos do nosso Governo de Macau. Se puderem, ajudem-nos a regressar a casa”, disse igualmente sobre a situação. Devido à situação da covid-19, Macau implementou medidas que impedem os estrangeiros não-residentes de entrar na RAEM, mesmo nos casos em que são detentores de licença de trabalho, o conhecido Blue Card. Porém, há excepções por “motivos familiares”. Como sobreviver? Sobre o impacto dos tumultos, Alexandre Torrão reconheceu que a zona de Joanesburgo onde vive não é das mais afectadas. Contudo, aponta que é impossível fazer uma vida normal devido às pilhagens e à destruição das cadeias de abastecimento de alimentos. “Vemos o exército nas zonas mais críticas. Não estamos numa zona crítica, mas também afecta o nosso negócio de forma maciça”, relatou. “Não acredito que nenhum dos negócios nesta altura consiga gerar algum lucro, porque não há poder de compra. Não há pessoas para servir porque estão a sofrer. É muito triste para todos nós. Está a afectar os meus rendimentos e a nossa segurança”, considerou. Alexandre Torrão vive há mais de 10 anos na África do Sul, e está envolvido em negócios de restauração e catering.
Pedro Arede Manchete PolíticaJogos Olímpicos de Tóquio transmitidos na TDM Além de assegurar a transmissão dos Jogos Olímpicos na estação pública de Macau, o acordo assinado entre o Governo e o China Media Group autoriza a exibição de um programa alusivo à celebração do 100.º Aniversário da Fundação do Partido Comunista da China. Ho Iat Seng sublinhou que o acordo permite aos residentes sentir a “atenção e o apoio do Governo Central a Macau” O Governo assinou ontem um acordo de cooperação estratégica com o China Media Group, que autoriza a transmissão dos Jogos Olímpicos de Tóquio em Macau pela TDM. Adicionalmente, ficou também acordada a exibição de um programa alusivo à celebração do 100º Aniversário da Fundação do Partido Comunista da China (PCC), bem como a assinatura de um acordo de cooperação entre a Representação da Estação Ásia-Pacífico do China Media Group e a Universidade de Macau. No discurso de abertura, o Chefe de Executivo, Ho Iat Seng assinalou que o acontecimento marca “um maior desenvolvimento da cooperação entre as (…) duas partes” e concretiza o Acordo-Quadro assinado entre Macau e o China Media Group a 26 de Dezembro de 2020. Para Ho, quem sai a ganhar são os residentes de Macau, pois o acordo permite sentir o apoio dado pelo Governo Central ao território e contribui para o espírito de união global em torno do combate contra a pandemia de covid-19 “Estas iniciativas [permitem] (…) aos nossos residentes sentir mais aprofundadamente a atenção e o apoio do Governo Central a Macau. Com a autorização da transmissão dos Jogos Olímpicos em Macau, os residentes terão oportunidade de acompanhar as emocionantes e intensas competições e sentir o espírito persistente e tenaz dos atletas dos vários países, espírito este que é tão valioso neste momento que vivemos unidos no combate à epidemia e em prol da recuperação do desenvolvimento socioeconómico”, apontou Ho Iat Seng. Sobre a exibição do programa original do China Media Group acerca da celebração do 100º Aniversário da Fundação do PCC, o Chefe do Executivo vincou que permitirá aos residentes “ter um mais amplo e profundo conhecimento sobre a história centenária do PCC e consolidar o sentimento de amor pela Pátria e por Macau dos diversos sectores sociais e dos residentes em geral”. Quanto ao acordo com a Universidade de Macau, Ho deixou a certeza de que a iniciativa irá permitir oferecer um palco maior para o desenvolvimento do curso de comunicação social da instituição. De mãos dadas Na mesma ocasião, o Chefe do Executivo sublinhou que a cooperação com o China Media Group é um trabalho conjunto que serve, simultaneamente, “para contar a história chinesa e difundir a voz da China” e mostrar “a imagem única e encantadora da cidade de Macau”, exemplo prático da concretização “bem-sucedida do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ com características de Macau”. Referindo-se a uma “nova fase”, Ho Iat Seng assegurou ainda que Macau está empenhada em aprender e implementar o “espírito do importante discurso do Presidente Xi Jinping proferido na cerimónia de celebração do 100º Aniversário do PCC”. “Nesta nova fase, e tirando partido das novas oportunidades, iremos, de mãos dadas com todos os sectores da sociedade, participar activamente na construção da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau, acelerar o desenvolvimento adequado e diversificado da economia e escrever um novo capítulo da prática bem-sucedida da causa ‘Um País, Dois Sistemas’”, vincou.
Pedro Arede Manchete PolíticaLei da segurança nacional de Hong Kong é referência para Macau, diz Wong Sio Chak Wong Sio Chak apontou que a Lei de Segurança Nacional de Hong Kong tem uma função de referência muito importante para o trabalho legislativo em Macau. Por seu turno, Xia Baolong, chefe do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado afirmou que a aplicação da lei foi um marco importante na implementação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ Precisamente um ano depois da implementação da Lei de Segurança Nacional de Hong Kong, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, defendeu na passada sexta-feira que o diploma tem uma função de referência muito importante para Macau, nomeadamente a nível de exemplo legislativo a seguir. “A introdução da Lei de Segurança Nacional em Hong Kong permite-nos ver [a introdução de] novos sistemas como referência, especialmente durante o movimento contra a alteração da Lei de Extradição, quando surgiram uma série de comportamentos que violaram e colocaram em perigo a segurança nacional”, começou por dizer Wong Sio Chak, segundo a TDM-Canal Macau, após ter participado por videoconferência, num seminário sobre o balanço do primeiro ano da aplicação da lei relativa à defesa da segurança. “Já não estamos a falar da mesma segurança nacional do passado. Por isso, a Lei de Segurança Nacional tem uma função de referência muito importante para a optimização contínua do trabalho de legislação como próximo passo”, acrescentou. Sobre o tópico, o secretário lembrou ainda que Macau elaborou a Lei relativa à defesa da segurança do Estado em 2009 e que, em 2018, criou a Comissão de Defesa da Segurança do Estado, salientando que o conjunto de regimes complementares sobre a segurança nacional é melhorado e actualizado de forma constante. Desse conjunto de regimes, apontou Wong de acordo com um comunicado oficial, fazem parte, entre outras, a Lei de Bases da Organização Judiciária, a Lei da Cibersegurança e os regimes jurídicos sobre a migração, entre outras. Parede intransponível Momentos antes, durante o seminário organizado pela Associação Chinesa de Estudos de Hong Kong e Macau, o chefe do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado chinês, Xia Baolong, reiterou a jurisdição de Pequim sobre as regiões administrativas especiais, no aniversário da entrada em vigor da lei de segurança nacional em Hong Kong. Xia Baolong, que é também vice-presidente do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, apontou ainda a “posição firme” da liderança chinesa de implementar “plena e fielmente” o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, citada pela agência Lusa. “A promulgação e a aplicação da lei de segurança nacional reverteram o caos em Hong Kong (…) e serviu como um marco importante na implementação do princípio ‘um país, dois sistemas’”, disse o responsável. Xia Baolong citou ainda o Presidente chinês, Xi Jinping, afirmando que a lei tem um “profundo significado” para a “implementação constante e sustentada” do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ “sob novas circunstâncias” e para a “manutenção da prosperidade e estabilidade duradouras em Hong Kong e Macau”. Por último, Xia enalteceu as autoridades de Hong Kong por terem construído uma “parede de ferro” para a segurança nacional e disse que Hong Kong, protegida pela lei, tem um “papel importante” a desempenhar, enquanto a “nação chinesa avança para alcançar o seu grande rejuvenescimento”. O evento contou ainda com a participação do Chefe do Executivo Ho Iat Seng.
João Luz Grande Plano MancheteCovid-19 | Governo estuda hipótese de administrar terceira dose da vacina Está a ser estudada a administração da terceira dose da vacina contra a covid-19. Entretanto, a coordenadora do núcleo de prevenção de doenças infecciosas reiterou que as restrições fronteiriças entre Macau e Hong Kong dependem das medidas impostas pelo Interior da China em relação à região vizinha. A contenção é justificada com a hipótese de pessoas com dupla residência provenientes de Hong Kong entrarem na China através de Macau Afinal, poderá haver mais uma dose da vacina contra a covid-19 por administrar. A hipótese foi avançada por Tai Wa Hou, da Direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, na passada sexta-feira durante a conferência de imprensa de ponto de situação da pandemia. “De acordo com dados e situações mundiais, alguns países estão a planear ou implementar medidas para a terceira dose de vacinação e a Autoridade de Saúde está também a estudar a matéria”, afirmou Tai Wa Hou, alertando para o facto de as autoridades do Interior da China estarem a considerar reforçar a imunização com uma terceira dose do fármaco da BioNTech. O médico indicou que a vacinação com duas doses pode “efectivamente prevenir doenças graves e evitar em alguns casos a morte, mas não é suficiente para prevenir a infecção e transmissão e, com a passagem de tempo, a protecção da vacina gradualmente irá diminuir”. Como tal, o clínico que dirige o hospital público entende que “face à situação actual, a terceira dose da vacina é necessária”. Em relação aos destinatários e altura em que será administrado o reforço, ainda nada está decidido e a Autoridade de Saúde está a estudar a situação. Para já, Tai Wa Hou acrescentou que a administração da terceira dose não se vai limitar a quem foi inoculado com a Sinopharm, “embora o nível de anticorpos da vacina inactivada de Sinopharm seja inferior ao da vacina BioNTech mRNA”. O médico esclareceu que o reforço “não deve apenas considerar o índice de anticorpos”, dependendo igualmente do stock de vacinas. Seguir a tendência Nesta semana, as autoridades de Hong Kong vão discutir a possibilidade de administrar a terceira dose da vacina a pessoas com sistema imunitário mais fraco. A hipótese foi adiantada por Wallace Lau, um dos especialistas do painel de conselheiros do Governo de Carrie Lam sobre vacinação, em declarações à emissora RTHK. A possibilidade de reforço para quem tem níveis mais baixos de anticorpos não é, no entanto, prioritária face à necessidade de aumentar a taxa de vacinação. Para atingir imunidade de grupo, uma comunidade deve ultrapassar a taxa de vacinação de 70 por cento. Para já, a região vizinha regista cerca de 2,73 milhões de pessoas que levaram, pelo menos, a primeira dose da vacina. Esta é uma tendência que se vem constatando a nível internacional. Há cerca de uma semana, Israel passou a disponibilizar uma terceira dose da vacina da BioNTech a adultos com sistemas imunitários mais fracos. A medida foi anunciada na sequência da rápida propagação da variante Delta, que trouxe de regresso a preocupação do Governo de Telavive com a pandemia, que reforçou o stock de vacinas da Pfizer. A questão da terceira dose está em discussão também nos Estados Unidos e na União Europeia. Há cerca de uma semana, Bruxelas dava sinais de estar a preparar a eventualidade de administrar à população uma terceira injecção da vacina contra a covid-19 da Pfizer/BioNtech. O estado de prontidão foi admitido a comissária europeia da Saúde e Segurança Alimentar, Stella Kyriakides. “Estamos desde já preparados para o caso de ser necessário, tanto a nível europeu como de uma estratégia” comum para compra e distribuição de vacinas, declarou a comissária durante uma conferência de imprensa em Madrid, ao lado da ministra espanhola da Saúde, Carolina Darias. “Trabalhamos continuamente, mas a decisão sobre o assunto virá da ciência”, explicou Stella Kyriakides. A sua equipa “trabalha constantemente com a Agência Europeia dos Medicamentos (EMA) e o Centro Europeu de Prevenção de Doenças (ECDC) para adoptar uma posição nas próximas semanas ou nos próximos meses”, acrescentou. Apesar do avanço da campanha de vacinação na UE (65 por cento dos cidadãos receberam a primeira dose e 47 por cento as duas), a comissária cipriota avisou: A Europa está “numa situação muito frágil, devido ao aumento de casos constatado em muitos Estados-membros, na sequência da variante Delta”. Prateleiras por encher Desde o início, a RAEM comprou meio milhões de doses da vacina da Sinopharm, com mais de 370 mil já administradas e 50 mil agendadas para administração. A manter-se o actual ritmo de vacinação, com cerca de 5 mil doses diárias, as autoridades de saúde estimam que o stock desta vacina dá para mais de meio mês. Neste aspecto, ainda não é possível confirmar quando chega a Macau o próximo lote de vacina da Sinopharm, com as autoridades a não afastarem a possibilidade de o stock do fármaco esgotar. Quanto à vacina da BioNTech mRNA, as autoridades têm 140 mil doses disponíveis. “Após o cálculo das doses vacinadas e agendadas, há ainda 70.000 doses a fornecer. Com base na inoculação de 1.000 doses por dia, estas vacinas podem ser fornecidas por 70 dias”, de acordo com o centro de coordenação de contingência. Em relação aos poucos benefícios que Macau oferece a quem completa a vacinação, Tai Wa Hou afirmou que a tendência internacional contempla restrições de deslocações a quem não foi vacinado. O médico destacou as medidas referentes à participação em actividades culturais, recreativas e desportivas que isentam de apresentação de certificado de resultado negativo do teste de ácido nucleico de 7 dias para quem completou a vacinação. Sem mais exemplos para dar, o responsável adiantou que estão a ser estudadas mais “medidas de facilitação na vida ou deslocação para aqueles que foram vacinados”. Jogo das fronteiras Depois de muito se falar sobre a possível abertura de uma bolha de viagens entre Macau e Hong Kong, as autoridades locais afastaram a antiga tese de que a região vizinha precisava acumular 28 dias sem casos locais e passaram a decisão para a esfera nacional. No fundo, Macau só terá ligação a Hong Kong quando a RAEHK retomar a ligação ao Interior. A coordenadora do centro de contingência, Leong Iek Hou, reiterou que as restrições fronteiriças entre as duas regiões administrativas especiais se devem ao receio de que pessoas com dupla residência, oriundos de Hong Kong, entrem na China através de Macau. Sem referir mecanismos nos postos fronteiriços que identificassem as pessoas nessas condições, a responsável afirmou que “as medidas de Macau devem ser compatíveis com as implementadas pelo Interior da China, não podendo ser facilitada a passagem transfronteiriça entre Macau e Hong Kong se essa decisão influenciar as passagens entre Macau e o Interior da China”. Para já, vão continuar as conversações entre os departamentos relevantes das três jurisdições. Quanto à possibilidade de atenuar as exigências de exibição de código de saúde em estabelecimentos e espaços em Macau, face à estabilidade pandémica na província de Guangdong, Leong Iek Hou esclareceu que devido à ascensão global da variante Delta da covid-19, caracterizada por um curto período de incubação e velocidade de propagação, as viagens transfronteiriças levarão inevitavelmente a um aumento no risco de transmissão e infecção. Como tal, a coordenadora vincou que o número de pessoas sujeitas a quarentena obrigatória à entrada em Macau “tem sido elevado”, resultado de muitos “códigos amarelos na comunidade”. Esta foi a razão invocada por Leong Iek Hou para manter a necessidade de mostrar código verde à entrada de estabelecimentos. No caminho certo Desde o início da inoculação até às 16h de ontem, foram administradas 451.972 vacinas, abrangendo um total de 268.722 pessoas. Deste universo, 184.637 pessoas foram inoculadas com a segunda dose, o equivalente a 27 por cento da população de Macau. Desde o início da vacinação, de entre as quase 452 mil vacinas administradas, os serviços contaram apenas 6 eventos adversos graves.
João Luz Manchete SociedadeHomem detido no posto de Gongbei com 1,3 milhões de dólares de Hong Kong As autoridades alfandegárias de Zhuhai apanhara um indivíduo que tentava entrar em Macau, pelas Portas do Cerco, transportando 1,3 milhões de dólares de Hong Kong, a maior apreensão de moeda estrangeira dos últimos dois anos. No Cotai foi apanhado outro homem suspeito de roubar mais de 700 baterias de automóvel Às 17h de terça-feira, Xue preparava-se para passar atravessar para Macau pelas Portas do Cerco, quando as autoridades alfandegárias do posto fronteiriço de Gongbei o interceptaram no canal onde passam pessoas “sem nada a declarar”. Os problemas para homem oriundo do Interior da China começaram quando a sua bagagem foi inspecionada através da máquina de raio-x, e agravaram-se quando lhe foi pedido para abrir a mala. No interior da bagagem foram encontrados 1,3 milhões de dólares de Hong Kong, a maior apreensão de dinheiro estrangeiro dos últimos dois anos. As autoridades de Zhuhai detiveram Xue e processaram os maços de dinheiro apreendido. Recorde-se que dinheiro em numerário é um item cuja entrada e saída é restrita nas fronteiras e sujeita a declaração caso ultrapasse o limite. De acordo com os regulamentos nacionais, a quantia máxima de dinheiro para entrar ou sair do país é 20 mil yuans. Quanto a moeda estrangeira, a lei obriga à sua declaração à saída do país. Sem registo de declaração, o limite para a primeira saída, no prazo de 15 dias, com moeda estrangeira é 5 mil dólares norte-americanos, limite que vai baixando consoante o número de passagens dentro de 15 dias. Xue foi detido pelas autoridades do Interior e vai ser julgado por um tribunal chinês. Apontar baterias A Polícia Judiciária (PJ) revelou ontem a detenção de um homem suspeito de roubar 748 baterias de carro avaliadas em cerca de 260 mil patacas, para pagar dividas de jogo. O caso veio a lume após um hotel do Cotai ter apresentado queixa sobre o desaparecimento recorrente de baterias de automóvel destinadas a reciclagem, que eram armazenadas no parque de estacionamento dos funcionários. Após consultar as câmaras de vigilância do hotel, a PJ conseguiu comprovar que, efectivamente, desde Junho, um homem entrou diversas vezes no parque de estacionamento para roubar as ditas baterias, que eram depois transportadas para um centro de reciclagem para venda. Na passada quarta-feira, o suspeito acabou por ser detido no Fai Chi Kei, acabando por admitir também que, o facto de trabalhar como reparador de ar-condicionado no hotel, facilitou o furto. Segundo a PJ o suspeito lucrou 20 mil patacas com o crime.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEleições | Cloee Chao diz que CAEAL “não tem provas” para desqualificação Cloee Chao e Jeremy Lei consideram que a Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa não tem provas, nem explicações claras, para as desqualificações que anunciou. Ambos garantem fidelidade à Lei Básica da RAEM e recordam a participação em actividades patrióticas A Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) é acusada de não apresentar provas suficientes ou informações claras que justifiquem a desqualificação de Cloee Chao e Jeremy Lei como candidatos para as eleições legislativas de Setembro. O número um e dois da lista Novos Jogos de Macau, respectivamente, disseram ontem, em conferência de imprensa, que “[nas provas apresentadas pela CAEAL] constam fotografias de viagens em família ou com outras pessoas, incluindo explicações da própria CAEAL”. Jeremy Lei adiantou ainda que todas as provas são imagens retiradas do Facebook. “É fácil encontrarem o meu registo criminal. Se quiserem saber aquilo que eu não respeito, vejam o meu perfil no Facebook porque a conta é pública”, frisou. Os candidatos desqualificados garantiram a absoluta fidelidade à Lei Básica e lealdade à RAEM, além de terem participado, nos últimos anos, em várias actividades patrióticas. “Nos últimos anos a nossa associação [Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo] realizou várias actividades de celebração do aniversário do país, só não realizámos no ano passado, a pedido dos Serviços de Saúde, para evitar a concentração de pessoas. Todos os anos organizamos uma exposição relativa à educação nacional para que os nossos sócios conheçam mais sobre o país.” Cloee Chao disse também que a associação organizou uma visita ao norte da província de Guangdong numa campanha de doação de materiais a escolas carenciadas. Os líderes da lista não vão reclamar da decisão da CAEAL, nem recorrer para o Tribunal de Última Instância (TUI) por considerarem que são “lutas vãs”. Aliás, mesmo com um bom resultado, a lista não teria candidatos suficientes. Pressão para sair Cloee Chao disse ainda que os restantes membros da lista sofreram pressões para deixar o projecto. “Os seus familiares pressionaram-nos para desistir, porque a situação é complicada. Na noite de segunda-feira, três membros disseram-me que tinham apresentado a sua desistência à CAEAL. Como os nossos candidatos são meros funcionários, disseram-me que não podiam continuar.” A lista ponderou substituir os dois primeiros nomes, para garantir a continuidade, mas não foi possível. Cloee Chao disse ainda não estar preocupada se a CAEAL utilizar os mesmos critérios para desqualificar candidatos às próximas eleições. “A nossa lista candidata-se em representação de um sector, e se existir esta preocupação escolhemos outras pessoas. Somos um grupo e não um projecto individual.” A equipa promete continuar a lutar pelos direitos dos trabalhadores do jogo, e Jeremy Lei referiu que a obtenção de um assento na Assembleia Legislativa é apenas uma das formas para atingir esse objectivo, uma vez que a associação continua a desempenhar um papel fora do hemiciclo.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaSecretários defendem decisão da CAEAL de desqualificar deputados O secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, considerou que os sete critérios sobre o patriotismo da CAEAL para recusar as candidaturas de 21 residentes às eleições respeitam a Lei Básica e a Lei Eleitoral. As declarações foram prestadas ontem à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa. Segundo a visão de André Cheong, os sete critérios do patriotismo estão de acordo com a Lei Básica e a Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa, pelo que recusou que contrariem o disposto na “mini-constituição”, na parte em que refere que todos os residentes permanentes podem ser eleitos como deputados. Por outro lado, o secretário defendeu que os órgãos políticos não são para ser ocupados por qualquer cidadão, mas antes para os que cumprem as “exigências” mais elevadas da população face aos políticos. Em relação ao anúncio dos sete critérios de patriotismo, que proíbem críticas ao Governo Central e ao Partido Comunista da China, assim como a defesa do sufrágio universal, o secretário considerou que foram anunciados na altura ideal. Segundo André Cheong, não se devia esperar que a CAEAL expressasse os critérios antes de receber todas as candidaturas, até porque era necessário avaliar mais de 100 pessoas. Quanto à exclusão, André Cheong defendeu que a CAEAL cumpriu as competências que lhe são atribuídas. Também Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, e anteriormente magistrado do Ministério Público, defendeu que a exclusão foi feita de acordo com todas as leis. Segundo o secretário, os critérios do patriotismo foram bem aplicados e não há necessidade de transpô-los para a lei das eleições porque não é realista esperar que todos os pormenores “operacionais” sejam incluídos nos diplomas legais. Já sobre o material recolhido pela Polícia Judiciária para excluir os candidatos, Wong disse que tudo foi feito de acordo com a lei. O secretário não abordou o caso de Lei Kuok Keong, candidato excluído que afirmou que as provas apresentadas continham material que dizia respeito ao seu irmão gémeo e não a si.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEleições | Decisão da CAEAL resulta em cisão entre campo democrata e pró-Pequim Na reunião de ontem da Assembleia Legislativa, o campo democrata criticou a “facada” da Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa que diz ter deixado o Segundo Sistema na lama. Au Kam San, Ng Kuok Cheong e Sulu Sou foram recebidos por deputados pró-Pequim com um coro de críticas Apesar de ainda correrem os prazos legais e de poderem recorrer para o Tribunal de Última Instância, os deputados democratas sabem que estão de saída do hemiciclo e aproveitaram a sessão de ontem da AL para fazerem a defesa da sua honra. Desde críticas à CAEAL, à evocação de declarações de dirigentes do Governo Central e do Chefe do Executivo, Ng Kuok Cheong, Sulu Sou e Au Kam San utilizaram as intervenções antes da ordem do dia para defenderem que actuaram dentro da legalidade e que respeitaram a Lei Básica e o princípio “Um País, Dois Sistemas”. Com mais anos de casa, Ng Kuok Cheong recusou que a defesa do sufrágio universal seja ilegal e considerou o processo do seu afastamento das eleições “ridículo”. “Há dias, pedi informações e vim a saber que a Polícia Judiciária tinha prestado informações à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa, acusando-me de ter promovido, ilegalmente, o sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo, o que é ridículo”, atirou. Ng defendeu que a promoção do sufrágio directo foi feita dentro dos limites constitucionais e citou o Governo Central. “De facto, em 2012, o vice-presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, Qiao Xiaoyang, explicou, publicamente, em Macau que não se excluía a possibilidade de haver, na RAEM, o regime de sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo. Assim, não existe, de modo algum, qualquer ilegalidade quanto ao referido sufrágio universal!”, vincou. O fundador da Associação Novo Macau deixou ainda um apelo para que a decisão seja corrigida: “Apelo ao Chefe do Executivo para exortar o Governo a corrigir os seus erros políticos”, pediu. Facada no Segundo Sistema Por sua vez, Au Kam San foi o mais categórico e considerou a decisão da CAEAL uma “facada” no Segundo Sistema. “A CAEAL, de repente e sem necessidade de alterar a lei ou de legislar, definiu, arbitrariamente, alguns critérios, explicando compulsivamente as leis vigentes, e desqualificando todos os democratas e mesmo outras pessoas do campo liberal e aberto”, indicou. “Macau está de novo à frente de Hong Kong”, atirou. O deputado questionou igualmente a legitimidade dos funcionários públicos da CAEAL para impedirem os residentes de se candidatarem. “Os membros da CAEAL são funcionários públicos, não se sabe se prestaram ou não juramento de fidelidade à RAEM quando tomaram posse, mas se o fizeram, deram agora uma facada na RAEM e atiraram à lama o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, acusou. Au Kam San prosseguiu com a explanação e fez uma comparação com Hong Kong, apontado que até Carrie Lam, Chefe do Executivo da RAEHK, vai permitir no hemiciclo a existências de “democratas suaves”. O deputado apontou ainda que a China está sob forte pressão internacional e deve evitar mais um tópico polémico, após as questões de Xinjiang e de Hong Kong. “Faço aqui um apelo aos membros da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa: voltem à normalidade, deixem de abusar do poder para desqualificar candidatos e parem com quaisquer interferências irrazoáveis nos assuntos eleitorais. Não quebrem o princípio “Um País, Dois Sistemas” em Macau!”, apelou. “Não criem problemas nem caos para o País!”, aconselhou. O também excluído Sulu Sou, o deputado mais novo a ser eleito para o hemiciclo, optou por se focar no seu percurso. Começou por agradecer à sua equipa de trabalho para depois afirmar ter feito tudo para representar as gentes de Macau, com o acompanhamento de mais de três mil casos. “Tive a oportunidade de me esforçar para o bem deste lar que valorizo muito, de servir esta terra que amo bastante, de ser eleito pela população como deputado, e de caminhar, lado a lado, com as gentes de Macau para a frente, independentemente dos ventos e chuvas, e creio que foram e são os momentos mais belos da minha vida e uma honra suprema para mim!”, admitiu. “Deixo aqui um voto de felicidades para a nossa Macau e para o nosso País!”, concluiu. O lado B Antes de os democratas terem tido oportunidade de falar sobre a decisão de exclusão, já Chan Hong, que na próxima legislatura deverá ser nomeada deputada pelo Chefe do Executivo, tinha começado a defender a CAEAL. “Esta decisão representa o cumprimento, pela RAEM, dos deveres constitucionais e a implementação do princípio fundamental ‘Macau governada por patriotas’, um acto que foi praticado rigorosamente de acordo com a lei, tendo suficientes fundamentos tanto jurídicos como factuais”, afirmou Chan. A representante do sector da educação na AL falou ainda da violação dos “limites mínimos” pelos excluídos e indicou que ameaçam a estabilidade e segurança nacional. Por sua vez, Ma Chi Seng e Chan Wa Keong, nomeados pelo Chefe do Executivo, insistiram na mensagem da CAEAL de que os direitos fundamentais e liberdade de expressão não estão em causa: “É de referir que os sete critérios sobre a defesa, ou não, da Lei Básica de Macau e da fidelidade à RAEM, elaborados pela CAEAL, são apenas para apreciar a elegibilidade de todos os candidatos. O Governo da RAEM, desde o seu estabelecimento, tem respeitado os diversos direitos fundamentais e a liberdade de expressão de que gozam os cidadãos nos termos da lei, e a decisão da Comissão de Assuntos Eleitorais não é, de modo algum, uma restrição à liberdade de expressão, nem afecta o direito à informação e à fiscalização dos residentes de Macau em relação às acções governativas da RAEM”, defenderam numa intervenção conjunta. Ma e Chan sublinharam também a importância do Partido Comunista da China. “Se não existisse o Partido Comunista, não existiria a Nova China, nem seria possível a implementação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, e nem sequer se conseguiria a prosperidade e a estabilidade de que Macau usufrui hoje”, sublinhou. Os também nomeados Iau Teng Pio, Fong Ka Chio e Pang Chun focaram as linhas vermelhas e disseram que os deputados de Macau não podem criticar o Governo Central, porque tal atenta à unidade nacional e integridade territorial. “Todos nós sabemos que a qualificação de algumas pessoas às eleições foi cancelada porque praticaram actos que são proibidos, mas lamentavelmente, essas pessoas esforçam-se muito para se esquivarem à questão”, acusaram. As críticas aos excluídos foram ainda apoiadas por deputados como Mak Soi Kun, José Chui Sai Peng e Chan Chak Mo. Este último criticou os democratas por terem participado em manifestações a recordar o 4 de Junho. “Algumas pessoas dizem sempre que são os maiores defensores da política ‘Um País, Dois Sistemas’, mas organizam publicamente encontros sobre o 4 de Junho, divulgando mensagens falsas e enganosas, para distorcer deliberadamente a decisão conclusiva do Governo Central sobre o incidente”, criticou.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteRui Leão, arquitecto e membro da lista de Agnes Lam: “Não há indústrias criativas sem liberdade” Rui Leão, sétimo membro da candidatura de Agnes Lam às legislativas, diz que a população “foi um bocado apanhada de surpresa” com a decisão da CAEAL e que será difícil perceber se a desqualificação de alguns candidatos terá impacto nos votos obtidos pela lista Observatório Cívico. O arquitecto assume “ter pena, mas compreende” o alheamento da comunidade portuguesa em relação à política local Escreveu no Facebook que a sua participação na lista Observatório Cívico visa chamar a atenção para a necessidade de políticas que respondam ao que Macau precisa na área do urbanismo. Concretamente, que medidas propõem? No programa anterior já existiam alguns assuntos que considerávamos urgentes, como a questão da habitação e a problemática da classe sanduíche. Mas há as questões do urbanismo e património, no sentido de haver um maior cuidado nas zonas de protecção e nas zonas históricas. Essas áreas, sobretudo a do património, mantêm-se actuais e válidas. A questão da habitação também, mas o Governo tem dado resposta e já tem definida uma política para a oferta pública de habitação. E essa resposta é suficiente? É uma boa resposta, mas preferia que houvesse planeamento a uma escala mais humana, principalmente no que se refere ao desenvolvimento de soluções de habitação para a terceira idade, pois são pessoas com um certo tipo de limitações. As soluções não deviam ser entendidas como uma resolução apenas eficiente, mas devia-se apostar na sociabilidade e nos espaços partilhados, para que essas pessoas, com pouca autonomia, consigam encontrar um estilo de vida que as preencha, que não passe apenas por ter um tecto. Parece-me que o plano tem uma escala muito grande e isso preocupa-me. Mas o facto de se estar a dar esta resposta específica a diferentes carências, sem ser a resposta de 2010, com uma tipologia corrida como se fez em Seac Pai Van, [é positivo]. Evoluiu-se um pouco mais com essa aprendizagem. Afirmou que é preciso pensar o território tendo em conta a dependência económica do jogo, a pandemia e as alterações climáticas. Continuamos a ter respostas urbanísticas pouco sustentáveis? A economia monofuncional é um desafio muito grande. Quando falamos da diversificação pensamos em outros sectores económicos, e, portanto, eles não se fazem com pessoas que não existem. Quando falamos de Macau ser um centro de indústrias criativas, a pergunta é: onde estão os criativos? E esses, além de serem capazes de montar uma exposição, sabem construir mais do que isso e relacionar-se com outros sectores? O Governo tem de levar o sector pela mão e tem de dar a voz e o mérito às pessoas envolvidas com esses potenciais sectores. A política de só subsidiar é uma maneira de tapar um buraco, porque não se evolui para uma cidade que tenha algo a oferecer. É necessária uma comunidade de artistas com um certo nível de capacidade para produzir um conteúdo válido e interessante, mas também perceber como se cria dinâmica empresarial e mercado. Tem de haver uma política mais séria, porque a distribuir dinheiro às plataformas não se chega lá. Depois não há indústrias criativas se não houver liberdade de expressão. Acha que não há liberdade de expressão? Em Macau tem havido essa liberdade de expressão, mas acho que os artistas de Macau a exploram pouco, poderiam ir muito mais longe com a liberdade que existe. Enquanto português, que significado atribui à sua candidatura nestas eleições? A razão principal pela qual quis acompanhar a Agnes Lam na candidatura, além de acreditar na importância da sua voz e autonomia, tem a ver com o facto de, como português, achar que é importante participar na campanha. Sinto que é uma altura muito difícil para as comunidades portuguesa e macaense, porque neste contexto da pandemia sentimos todos um bocado um efeito de “top down”. E não digo isto como crítica ao Governo, porque acho que tem tido uma atenção constante ao desenvolvimento dos acontecimentos e à sua capacidade de dar resposta, mas há um foco na maioria da população, que é a comunidade chinesa. Isso está certíssimo, só que há uma série de situações nas quais nós, portugueses, somos diferentes, porque o nosso mundo não se centra apenas aqui. Temos uma extensão familiar, cultural e afectiva que passa pelo nosso país. O Governo está a “ser mais papista que o Papa” em relação à abertura das fronteiras? Estão a ser muito cautelosos. Acho mais importante promover a vacinação em massa da população para, enquanto território, estarmos prontos. E o que se passa neste momento é que se mantém uma situação preventiva em que se dificultam acessos, e isso, por um período mais longo, vai começar a quebrar demais a economia. Qual a sua posição sobre a decisão da CAEAL de desqualificar candidatos às eleições? Não tenho comentários a fazer. Estas desqualificações podem, em certa medida, beneficiar a vossa lista? É uma possibilidade, mas não tenho muito a certeza porque a reacção da população pode ser um bocado inesperada. As pessoas foram um bocado apanhadas de surpresa com essa tomada de posição. Vamos ver. Mas está confiante na possibilidade de obterem dois assentos, por exemplo? Não temos certezas, porque o campo está muito difícil de perceber. A prioridade é assegurar um lugar. Fazemos o apelo ao voto na lista porque preocupa-nos assegurar o lugar. Entre 2017 e estas eleições houve tempo para conquistar eleitorado? Por exemplo, através das lutas que escolheu travar, como a violência doméstica. Sim, essa questão, mas também assuntos como a licença de maternidade, o acesso à assistência social. O mandato dela foi pautado por várias questões que se prendem com os direitos das mulheres. Com o devido acompanhamento da realidade política poderemos acreditar que há mais sensibilização por parte dessas comunidades, porque a Agnes tem dado um contributo muito grande para lhes dar voz. Lamenta que a comunidade portuguesa esteja afastada das eleições locais? Não chego a lamentar. Tenho pena, mas compreendo, porque tem-se tornado cada vez mais difícil acompanhar a vida política, porque as conversas focam-se muito num ponto de vista que passa pouco pela nossa comunidade. É difícil acompanhar as discussões na Assembleia Legislativa em grande parte dos casos, e percebo que a actualidade política se tenha tornado menos interessante para a maior parte das pessoas que fazem parte da comunidade portuguesa. É natural um certo alheamento, mas a comunidade portuguesa sempre teve várias maneiras de estar em Macau. Macau está a evoluir para um contexto de integração regional. Como é que a comunidade portuguesa se deve posicionar? Acha que o seu espaço é cada vez mais apertado? Será apertado se não nos pusermos em campo, mas vai ser sempre um desafio maior, porque é sempre mais difícil acompanhar. E não é só isso, porque em relação à Grande Baía, Macau só vai conseguir ter um papel efectivo se estivermos interessados em alguma coisa. Sinto que Macau está muito pouco interessado naquilo que está além da fronteira e só vai conseguir ter um papel transformador para si mesmo se conseguir descobrir áreas de interesse e parcerias. Não é algo que possa fazer sozinho e não passa por abrir negócios em outras cidades. Tem de haver um processo de aprendizagem e de troca de ideias. Estamos próximos de um sector industrial poderosíssimo, e há um campo a explorar de parcerias e trabalho infinito. Cantão e as zonas da Grande Baía são líderes e nós temos de ter esse interesse de criar diálogo, porque ninguém vem a Macau procurar talentos. O Governo já deveria ter criado uma plataforma eficaz. O IPIM [Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau] e o FIC [Fundo das Indústrias Criativas] não têm essa vocação. O IPIM tem uma capacidade de olhar além de Macau, e é das poucas entidades públicas vocacionadas para isso. E os outros organismos falham nesse objectivo? Não estão capacitadas para olhar nem para os países de língua portuguesa, nem para a Grande Baía. Não temos nenhuma organização do Governo que esteja interessada e vocacionada. Não há diversificação se não forem reconhecidos o mérito e o valor aos artistas, porque ninguém está a dialogar com eles. Não existem indústrias criativas, mas apenas pessoas que fazem umas exposições.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeInquérito | Trabalhadores menos satisfeitos e sem confiança na busca de trabalho Um inquérito realizado pela Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau mostra que os trabalhadores estão menos satisfeitos e com pouca confiança no mercado laboral. O índice de confiança na busca de um emprego caiu 23,8 por cento face a 2020, enquanto que a satisfação com as compensações pagas caiu 16,3 por cento A Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) divulgou ontem o Índice Geral de Confiança e Satisfação no trabalho que concluiu que a confiança e a satisfação dos trabalhadores caíu face ao ano passado. Em termos globais, o índice de confiança dos trabalhadores registou uma queda de 5,5 por cento, com especial destaque para a quebra de 23,8 por cento na confiança pela busca de um emprego. Os trabalhadores estão também menos confiantes em relação à pressão do trabalho, uma vez que esse sub-índice baixou 12 por cento, e também com a possibilidade de serem promovidos, com o índice a registar uma quebra de 8,6 por cento face a 2020. A confiança no mercado de trabalho diminuiu 6,7 por cento, enquanto que o sub-índice da confiança dos trabalhadores nas suas próprias empresas baixou 4,5 por cento. O inquérito, apresentado por Liu Chengkun, director do Instituto para o Desenvolvimento Sustentável da MUST, e Li-Yun Sun, académico, conclui que estes dados mostram que “a pandemia teve um impacto na confiança dos trabalhadores, reflectindo-se num declínio da sua confiança no mercado de trabalho, nas perspectivas empresariais e no seu desenvolvimento pessoal”. Menos satisfação No que diz respeito ao índice de satisfação, em termos globais, a quebra foi de 7 por cento, sendo que a maior queda, de 16,3 por cento, foi a da satisfação dos trabalhadores em relação às compensações pagas. O sub-índice sobre a satisfação em relação a outros benefícios laborais e à saúde baixou 11,9 e 11,2 por cento, respectivamente. Os autores do inquérito apontam ainda que “a pandemia trouxe um grande declínio de turistas e uma desaceleração da economia, criando uma incerteza sem precedentes às empresas e trabalhadores”. Desta forma, as empresas “devem reforçar o apoio psicológico aos trabalhadores e reduzir esta incerteza com uma comunicação mais aberta e processos transparentes.” O inquérito releva também alguns dados positivos, uma vez que a confiança na oportunidade de encontrar um emprego mais bem pago subiu 4,3 por cento. Já o sub-índice da confiança na oportunidade de ter melhores salários no prazo de um ano aumentou 3 por cento. Aumentou também, em 1,1 por cento, a satisfação com as oportunidades de formação e 0,8 por cento a satisfação quanto às oportunidades de utilização de talentos individuais por parte dos trabalhadores. Para a realização deste inquérito foram entrevistados 803 trabalhadores a tempo inteiro entre os dias 16 de Abril e 24 de Maio deste ano.
Pedro Arede Eventos MancheteLisboeta Macau | Inauguração parcial inclui três novas atracções A partir de sábado, o Lisboeta Macau, no Cotai, abre parcialmente ao público disponibilizando três atracções principais e áreas de comércio e restauração que prestam homenagem, não só às relíquias do passado de Macau, mas também a uma cidade “futurista” e em desenvolvimento. Indoor Skydiving, uma carreira de slide com elementos multimédia e um Night Market fazem parte do programa das festas Apesar de não haver ainda data para a abertura oficial das instalações hoteleiras do Lisboeta Macau, passam a estar disponíveis a partir de sábado, três atracções que prometem, não só agitar os níveis de adrenalina, mas aconchegar também o estômago e a mente. Durante uma visita destinada à imprensa, Sophia Mok, directora de Marketing e Relações Públicas do Lisboeta Macau revelou que, a tempo da abertura parcial do espaço, estarão disponíveis, além de alguns estabelecimentos de comércio e restauração, um túnel de vento dedicado à prática de Indoor Skydiving, uma experiência de ziplining com elementos multimédia e vista panorâmica sobre o Cotai e ainda, um Night Market localizado junto a uma réplica do conhecido casino flutuante “Macau Palace”. Intitulado “GoAirbone”, o primeiro equipamento de Indoor Skydiving de Macau é composto por uma estrutura circular envidraçada com 15 metros de altura e quatro de diâmetro, que promete simular as mais intensas e contrastantes sensações de uma experiência de queda livre real. Orientados por instrutores certificados internacionalmente, os visitantes podem experimentar o túnel de vento a partir dos quatro anos, no conforto e segurança de um ambiente totalmente controlado, mas que não deixa de ser entusiasmante. Após a abertura ao público, o Indoor Skydiving estará disponível de quinta a domingo entre as 14h00 e as 22h00. Um “voo” tem o custo de 799 patacas, existindo ainda pacotes de dois (999 patacas) e seis (1.500 patacas) skydyves. Voos nocturnos Quanto à experiência de slide, a nova atracção assume-se como “a primeira experiência de zipline com elementos multimédia em todo o mundo” e a primeira experiência urbana do género na área da Ásia-Pacífico. Segundo os anfitriões, o “ZipCity Macau” proporciona um “voo super-sensorial que combina efeitos sonoros e efeitos de ‘luz fantasma’, capazes de criar uma experiência de entretenimento única e emocionante”. Após a abertura ao público, o “ZipCity Macau” estará disponível de quinta a domingo entre as 14h00 e as 22h00. Quando adquirida aos pares, uma viagem para dois custa 510 patacas durante o dia e 595 patacas se o voo for nocturno. Estão também disponíveis pacotes individuais e para três ou mais pessoas. Até 31 de Agosto, portadores de BIR e bluecard pode desfrutar de um desconto de abertura de 47 por cento. Enquanto uns passam por cima, na praça central ao pé da réplica do conhecido casino flutuante “Macau Palace” e da fachada do Lisboeta, em tudo semelhante ao antigo Hotel Estoril no Tap Siac, cá em baixo as luzes acendem-se a partir das 17h00 para o Night Market @ Lisboeta. Além de experiências gastronómicas locais que combinam as cozinhas oriental e ocidental, estarão também disponíveis por entre a esplanada, algumas actividades e jogos. A partir de sábado, abre também ao público um dos espaços interiores do Lisboeta Macau destinado ao comércio e à restauração, que inclui algumas referências históricas e marcos arquitectónicos incontornáveis da Macau dos anos 60. Em contraponto, está a ser preparada uma superfície comercial “futurista” com diversas lojas e restaurantes.
Pedro Arede Manchete PolíticaSulu Sou nega ligações à CIA e intenções independentistas face a Macau No seguimento de ter sido acusado participar numa base de treino da CIA, o deputado Sulu Sou assegurou, em comunicado, nunca ter recebido “qualquer formação dedicada à secessão do país, por parte de entidades estrangeiras”. “Nunca contactei ninguém a favor da divisão do país ou que mostrasse oposição à liderança do Partido Comunista da China e nunca participei em campanhas eleitorais no estrangeiro ou em actividades violentas”, apontou o deputado. Recorde-se que o diário Hong Kong Commercial Daily, escreveu na terça-feira que o motivo do afastamento de Sulu Sou e Scott Chiang das eleições terá sido a sua participação num “treino de ‘revolução colorida’ [alegadamente para instigar sublevações contra governos anti-americanos] da CIA e da Agência Militar de Informações de Taiwan, em Abril de 2014”. Em comunicado, Sulu Sou referiu ainda que “nos últimos dias”, meios de comunicação “específicos” e algumas pessoas publicaram conteúdos “difamatórios” sem confirmar factos e de forma consertada. “Exorto a população a trabalhar em conjunto para restaurar a harmonia e a tranquilidade da sociedade de Macau, como tem acontecido sempre”, acrescentou. Sobre a tese de mestrado da sua autoria “An Analysis of Associational Politics After The Formation of The Macau SAR from Corporatism Perspective”, Sulu Sou esclareceu que esta tem apenas propósitos académicos e nada ter a ver com entidades estrangeiras.
Pedro Arede Manchete PolíticaCAEAL | Ng Kuok Cheong não compreende provas sobre sufrágio Ng Kuok Cheong considera incompreensível que na base da argumentação da CAEAL haja várias fotografias a condenar a promoção do sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo. Isto, quando o assunto já foi debatido abertamente pela Assembleia Legislativa e pelo actual líder da RAEM O deputado Ng Kuok Cheong defendeu ontem não ser razoável que a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) aponte a apresentação de informações que envolvam a promoção do sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo como factos que comprovam a sua inelegibilidade para concorrer às eleições legislativas de Setembro. Através de uma publicação na rede social Facebook, Ng Kuok Cheong revela que em mais de 200 fotografias que integram a documentação entregue pela CAEAL para justificar a desqualificação da sua candidatura, “a maior parte” está relacionada com o tema. Segundo o deputado, é incompreensível entender que a promoção do sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo seja uma “ilegalidade” documentada como prova, quando o assunto tem vindo a ser discutido abertamente ao longo dos últimos pela Assembleia Legislativa (AL), através de interpelações escritas e orais e até pelo próprio Chefe do Executivo. Além disso, argumenta Ng Kuok Cheong, uma eventual alteração na metodologia para a Escolha do Chefe do Executivo está devidamente prevista na Lei Básica, nomeadamente que “as alterações devem ser feitas com a aprovação de uma maioria de dois terços de todos os deputados à Assembleia Legislativa e com a concordância do Chefe do Executivo, devendo o Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional ser informado dessas alterações, para efeitos de ratificação”. “Como podem estas iniciativas (de sufrágio universal) envolver a prática ilegítima de sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo? Estas iniciativas foram formalmente debatidas na AL”, partilhou Ng Kuok Cheong. Na ordem do dia Recorde-se que, em 2020, por ocasião do debate das LAG, Ho Iat Seng não afastou a implementação do sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo, embora a prioridade fosse apontada à recuperação da economia. “Nunca estive contra a eleição universal. Creio que será o nosso rumo. Será que tem de ser concretizado hoje? Tem de se redigir já nestas LAG? Eu só assumi este cargo há quatro meses e um dia. Temos de ser práticos”, afirmou Ho na altura. Recorde-se também que, na sequência de uma interpelação escrita apresentada por Au Kam San, o deputado recordou que “numa sessão de esclarecimento que teve lugar em Macau em Março de 2012, o Secretário-Geral Adjunto do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular, Qiao Xiaoyang, referiu que, em conformidade com a Lei Básica, o Chefe do Executivo pode ser eleito por sufrágio universal”. O HM tentou obter esclarecimentos junto do Governo sobre o tema mas, até ao fecho da edição, não obteve resposta. Figuras políticas apoiam decisão da CAEAL Várias figuras políticas demonstraram publicamente apoio à decisão da Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) de desqualificar alguns candidatos pelo facto de estes não serem fiéis à Lei Básica e a Macau. Ao jornal Ou Mun, o empresário Kevin Ho, e delegado de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN), disse que a população deve entender e apoiar a decisão da CAEAL, uma vez que as actividades políticas ocorridas em Hong Kong nos últimos anos tiveram apoio de alguns deputados do Conselho Legislativo, tendo resultado num declínio da economia. No caso de Lam Choi Sin, secretária-geral da Associação Geral de Estudantes Chong Wa, a defesa da Lei Básica por parte dos candidatos deve comprovar-se por actos e palavras. Para a responsável, é necessário excluir pessoas que dizem amar a pátria e a Macau, mas que secretamente se opõem à liderança do Partido Comunista Chinês. O deputado nomeado Vong Hin Fai concorda com o princípio de que apenas patriotas podem ser candidatos às eleições, e que este permite a concretização do conceito de “um país, dois sistemas”. Já Tina Ho, presidente da Associação das Mulheres e delegada de Macau à APN, partilhou da mesma posição de Vong Hin Fai, referindo que os residentes gozam do direito à liberdade de expressão, mas que existem limites, os quais estão relacionados com a garantia da segurança nacional.
João Luz Grande Plano MancheteEleições | Análise ao impacto das listas excluídas na campanha e na configuração do plenário A confirmar-se a exclusão de duas dezenas de candidatos às próximas eleições legislativas, Macau terá uma Assembleia Legislativa como nunca se viu antes. O vazio deixado pela ala-democrata pode ser aproveitado pelas listas de Pereira Coutinho, Agnes Lam e das alas tradicionais, mas uma coisa parece certa: a próxima legislatura irá reforçar as forças patrióticas e pró-governamentais “Vamos assistir a um grande virar de página na lógica da Assembleia Legislativa”. Esta é opinião do advogado Miguel de Senna Fernandes em relação ao futuro elenco da 7.ª legislatura, face à possível desqualificação de 20 candidatos e de cinco listas das eleições que vão moldar daqui em diante o paradigma legislativo de Macau. A manter-se a exclusão por completo da tradicional ala democrática e da nova geração representadas nos últimos quatro anos por Ng Kuok Cheong, Au Kam San e Sulu Sou, abre-se um vazio eleitoral, que no último sufrágio totalizou cerca de 17,5 por cento dos votos válidos. Deste universo, mais de 12 por cento foram captados pela velha dupla Ng Kuok Cheong (deputado desde 1992) e Au Kam San (deputado desde 2001). Apesar de constituírem um bloco minúsculo no desenho global do plenário, apenas três deputados, num total de 33, em termos de representação junto do eleitorado a questão ganha outra dimensão. Na ausência deste bloco mais activo na oposição, como irá ficar o cenário político da Assembleia Legislativa (AL)? O académico Eilo Yu acredita que, primeiro que tudo, a campanha eleitoral será menos competitiva com 14 assentos no plenário disputados por 14 listas no sufrágio directo. Numa primeira análise, Eilo Yu considera que as listas menos conhecidas e com menor capacidade para mobilizar o eleitorado vão continuar sem representação na AL, mas listas que antes apenas elegiam um deputado podem ganhar presença reforçada no plenário. Recorde-se que Angela Leong, única candidata eleita pela Nova União para Desenvolvimento de Macau, abandonou o sufrágio directo, tendo o lugar na próxima legislatura praticamente garantido pela via indirecta. Assim sendo, as forças políticas ligadas a Pereira Coutinho, Agnes Lam, e mesmo Wong Kit Cheng podem sair reforçadas. Pátria ao rubro O analista Sonny Lo não tem dúvidas de que o patriotismo sairá reforçado na 7.ª legislatura da AL, ainda que possam entrar deputados novos. No entanto, o académico não acha que vai faltar diversidade de opiniões, apesar do corte severo numa ala tradicionalmente de oposição. “Penso que ainda se vão escutar vozes diversas no hemiciclo, porque alguns dos novos legisladores eleitos vão ter de mostrar à população de Macau que estão a fazer um bom trabalho. Prevejo um cenário em que algumas questões críticas ainda serão levantadas, apesar da ocupação esmagadora da ala patriótica”, estima o analista. Se juntarmos os votos conquistados nas últimas eleições por Agnes Lam e Pereira Coutinho aos de Au Kam San, Ng Kuok Cheong e Sulu Sou chegamos a um total de quase 1/3 dos votos válidos, mais precisamente 31,4 por cento. Sonny Lo, face à exclusão das listas pró-democracia, prevê “boas hipóteses de Agnes Lam e Pereira Coutinho captarem votos de candidaturas excluídas e mais um assento no hemiciclo para as suas listas”. Para tal, o analista ressalva que os bons resultados dependem da capacidade destas listas para mobilizarem apoiantes na “romaria” de 12 Setembro às urnas. Ainda assim, será expectável, na óptica de Sonny Lo, “que os votos que tradicionalmente são conseguidos pelas listas pró-democracia se dirijam para os democratas moderados Agnes Lam e Coutinho, que podem alcançar resultados fortes”. Miguel de Senna Fernandes calcula que o afastamento de candidatos das urnas irá beneficiar os sectores mais conservadores da política local, mas que “as alas do meio” também podem colher alguns frutos. Quanto a uma transferência directa de votos, o advogado mostra algum cepticismo na forma como será preenchido o “vazio político”. “Não vejo o eleitorado que sempre votou na Novo Macau saltar para uma outra lista, acho que podemos ver mesmo alguma abstenção”, comenta o advogado. Larry So prevê uma competição menos severa nesta campanha eleitoral, mas não inexistente, com primazia dos “suspeitos do costume”. “Acho que as listas que já têm deputados eleitos têm mais vantagens. As associações tradicionais são representadas por listas com mais experiência, com bom apoio comunitário e capacidade para eleger mais candidatos. Não me parece que os novatos tenham mais hipóteses nestas eleições”, sentencia Larry So. Pianíssimo Na última legislatura, a AL foi palco de alguns debates intensos, com ânimos exaltados e discussões apaixonados. Face à possibilidade da proporção das alas patrióticas e pró-governo aumentarem ainda mais a sua presença, Sonny Lo prevê um cenário de divisão entre conservadores motivada pela diversidade de assuntos internos, de gestão local, analisados pelo plenário. “A curto prazo, pressinto que as discussões podem ser menos apaixonadas, menos intensas, mas a longo prazo acho que podemos assistir ao interessante fenómeno da fragmentação das alas pró-Pequim e pró-Governo. É difícil que todos os membros da assembleia estejam unidos em todos os assuntos. Este vai ser o indicador mais importantes a observar no futuro”, vaticina o académico. Já Miguel de Senna Fernandes encara a variação de intensidade de debate como uma grande incógnita. “Será que a actuação dos deputados e o debate político se vão tornar mais amorfos com a exclusão da ala democrata?”, questiona. Apesar da inexistência de certezas absolutas, o advogado espera que o debate político se centre mais em questões locais, como a habitação. “Mas o tom não vai ser o mesmo, digamos que não prevejo debates muito barulhentos”, projecta. Trabalhos e campanha Além de candidaturas ligadas a forças políticas já com presença na AL, a configuração da casa das leis pode ser influenciada pelo afastamento da lista de Cloee Chao e a especificidade das suas bandeiras de campanha, principalmente face à passagem de Angela Leong para o sufrágio pela via indirecta. A possível transferência de eleitores para a ala que representa a Federação das Associações dos Operários de Macau, na visão de Sonny Lo, “é algo que ainda está em aberto, apesar da grande vantagem da capacidade de mobilização”. O analista acha que a transferência de votos de Angela Leong para Cloee Chao dependeria do reconhecimento da activistas entre a fracção de eleitoras mais tradicionais, pró-Pequim e pró-Governo, que foram a força eleitoral da dirigente da SJM. Miguel de Senna Fernandes traça um panorama pouco homogéneo do eleitorado ligado ao jogo e teoriza que “o que está em causa não é apenas uma questão política, mas sócio/laboral”. Assim sendo, entende que os votos que iriam naturalmente para Cloee Chao se podem dispersar, algo que pode favorecer a lista de Pereira Coutinho. A desqualificação de candidatos foi “uma decisão que chocou a sociedade de Macau, foi a primeira vez que aconteceu, mas é uma decisão de Pequim consistente com a tendência de maior intervenção nas regiões administrativas especiais”, conta Eilo Yu, acrescentando que “esta é precisamente a forma como Pequim gostaria de moldar as eleições legislativas”. O académico diz ter observado nas redes sociais uma relativa “falta de esperança” e resignação de eleitores e simpatizantes das listas desqualificadas, mas não prevê a ocorrência de manifestações, ou de largas massas de abstenção, porque “a sociedade de Macau é relativamente conservadora”. Posição seguida por Sonny Lo, que não afasta a hipótese de haver um pouco significativo aumento da abstenção. Larry So também não prevê reacção, apesar da insatisfação de um sector do eleitorado. “Não me parece que se verifiquem protestos, acho que as pessoas em Macau são mais patrióticas que em Hong Kong.”
Hoje Macau Manchete SociedadeCPLP | Ex-MNE português lamenta falta de ligação ao Fórum Macau O diplomata António Monteiro faz um balanço positivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, mas defendeu avanços na mobilidade, na área económica, de novas formas de financiamento e de aproximação às comunidades luso falantes. Uma das falhas é a falta de ligação ao Fórum Macau O diplomata António Monteiro, que foi um dos impulsionadores da criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), há 25 anos, entende que a organização continua a fazer “sentido”, porque “é válida e importante para os seus membros fundadores, só pelo facto de existir”. “Se houvesse dúvidas sobre essa validade, tantos países quereriam ser observadores associados” da CPLP? – questionou, referindo-se, assim, às 13 candidaturas, entre as quais estão as dos EUA, Canadá, Índia e Espanha. Candidaturas que irão à aprovação na Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização, a realizar na sexta-feira e no sábado. Porém, o diplomata considera que ainda falta à organização uma ligação maior ao Fórum Macau, entidade que tem como missão reforçar o intercâmbio económico e comercial entre a China e os países de língua portuguesa, e às comunidades de língua portuguesa espalhadas pelo mundo. Caso sejam aprovadas, e tendo em conta que a CPLP tem actualmente 19 observadores associados, a comunidade passará a contar com um total de 32 países e organizações com aquele estatuto. No entanto, na opinião do actual presidente da Fundação Millennium BCP, “os tempos e as circunstâncias em que vivemos impõem agora à comunidade avançar em áreas, que até aqui mereceram menos atenção”, como “a parte económica e a parte da mobilidade”. Dois são companhia Além disso, o também antigo ministro português dos Negócios Estrangeiros considerou que a CPLP precisa de procurar novas formas de financiamento, para uma cooperação multilateral mais eficaz. Em entrevista à Lusa, a propósito dos 25 anos da CPLP, que se celebram no próximo dia 17, o diplomata, que ao longo da carreira, assumiu vários cargos nas Nações Unidas disse que a cooperação naquela organização “continua a desenrolar-se mais ao nível bilateral do que multilateral”. E na sua opinião só há uma explicação para isso: “a CPLP tem desde o início um problema, que é a questão financeira”. Porque a sua “sustentabilidade vem apenas das dotações dos Estados-membros”, realçou. Neste cenário, António Monteiro defendeu a criação de “parcerias efectivas no trio da CPLP, que favoreçam todos os países”. Num balanço sobre os 25 anos da CPLP, considerou que o principal ganho foi a “entreajuda” entre os seus Estados-membros. “Nós temos de dizer que o principal ganho da comunidade foi a entreajuda, que imediatamente se estabeleceu. Ajuda a resolver problemas de cada um de nós”, o que “se traduziu muito numa cooperação política e diplomática activa”, lembrou.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaConselho de Estado | Candidatos excluídos “não foram sinceros” no apoio à Lei Básica O Conselho de Estado para os Assuntos de Hong Kong e Macau considera que os candidatos às eleições desqualificados pela CAEAL “não foram sinceros no seu apoio à Lei Básica”, e que vigorou “a imparcialidade e majestade do Estado de Direito”. O Gabinete de Ligação defende que a decisão “está de acordo com os interesses gerais da RAEM” Pequim reagiu ontem à decisão da Comissão dos Assuntos Eleitorais para a Assembleia Legislativa (CAEAL) em desqualificar 20 candidatos para as eleições legislativas. Em comunicado, o porta-voz do gabinete do Conselho de Estado para os Assuntos de Hong Kong e Macau aponta que estes “não foram sinceros no seu apoio à Lei Básica e na sua fidelidade à Região”. Quanto à decisão da CAEAL, revela “a imparcialidade e majestade do Estado de Direito”, além de “defender a seriedade e equidade das eleições”. Para o gabinete do Conselho de Estado, esta é uma decisão que “mantém a ordem constitucional da RAEM, que é inteiramente legal, necessária e legítima”. Para este organismo, a decisão da CAEAL “é uma medida correcta” e está de acordo com o princípio “um país, dois sistemas”, e que garante a aplicação do princípio “dos patriotas que governam Macau”. Em relação a este princípio, o Conselho de Estado afirma que “é o significado próprio de ‘um país, dois sistemas’”. Desta forma, os deputados, “como importantes constituintes do regime da RAEM, devem ser patriotas convictos”. Voz do Gabinete Também o Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau mostrou apoio à decisão da CAEAL, tendo referido, numa nota de imprensa, que esta “está de acordo com os interesses gerais e de longo prazo da RAEM”, e também “com os interesses dos residentes de Macau”. A desqualificação dos candidatos “tem um grande e vasto significado na manutenção da prosperidade e estabilidade a longo prazo de Macau”, bem como “na salvaguarda da subsistência e bem-estar dos compatriotas de Macau”. Segundo o Gabinete de Ligação, “todos os sectores da comunidade de Macau respeitarão e apoiarão a CAEAL no desempenho das suas funções de acordo com a lei”, além de consolidarem “ainda mais a base social e política do patriotismo e do amor por Macau”. A ideia é que estes sectores “mantenham de forma consciente a estabilidade geral da sociedade de Macau”. Esta decisão da CAEAL “implementa o princípio fundamental dos patriotas que governam Macau, defende a autoridade e dignidade da Constituição e da Lei Básica e cumpre as disposições relevantes da Lei Eleitoral o que é plenamente justificado, legal e razoável”, lê-se ainda na mesma nota. O Gabinete de Ligação aponta também que a Assembleia Legislativa “tem importantes responsabilidades constitucionais”, e que se deve garantir que os deputados “são eleitos por aqueles que defendem a Lei Básica e lhe são leais, de modo a salvaguardar a segurança do regime da RAEM”. Este constitui “um requisito inevitável para a implementação do princípio ‘um país, dois sistemas’, bem como para a salvaguarda dos interesses fundamentais do Estado e de Macau”. A CAEAL fixou ontem o edital que dá conta que o número de candidaturas por sufrágio directo passou de 19 para 14, e o número de candidatos às eleições diminuiu de 159 para 128. Os 20 candidatos foram desqualificados “por factos comprovados”, uma vez que “não defendem a Lei Básica ou não são fiéis à RAEM”.
Pedro Arede Manchete SociedadeDetidos três suspeitos por consumo e tráfico de droga A Polícia Judiciária deteve três pessoas suspeitas de consumir e traficar estupefacientes. Contas feitas, foram apreendidos 5.07 gramas de ice com no valor de 15.000 patacas. Na casa dos traficantes foram ainda confiscadas garrafas de plástico reutilizáveis, decoradas com motivos diversos e que eram usadas para o consumo de droga A Polícia Judiciária (PJ) deteve na passada segunda-feira três cidadãos suspeitos da prática dos crimes de consumo e tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas e ainda por detenção indevida de utensílio ou equipamento destinado ao consumo de droga. No total, foram apreendidos 5.07 gramas de ice com no valor de mercado de 15.000 patacas. De acordo com as informações reveladas ontem em conferência de imprensa, o caso foi espoletado após a PJ ter recebido uma denúncia que recaía no facto de haver indícios de ser costume um homem consumir estupefacientes nas proximidades da Praça Ponte e Horta, na zona da Barra. Seguindo a pista, a PJ deu início a uma operação que acabou na detenção do homem, de nacionalidade estrangeira. Na sua posse estava um pequeno saco de plástico que continha 0.21 gramas de ice, sendo que na sua residência não foi encontrado qualquer tipo de estupefaciente. Durante o interrogatório, o suspeito confessou consumir droga com regularidade, admitindo ter adquirido a dose de ice apreendida por 2.000 patacas a conterrâneos seus, cujo paradeiro terá revelado. Assim, no seguimento das informações obtidas, a PJ interceptou um homem nas proximidades da Rua da Barca que tinha na sua posse quatro doses de ice com o peso total de 4.86 gramas. Durante as buscas realizadas na residência do homem, a PJ deparou-se com uma terceira suspeita. No apartamento, foram apreendidas balanças electrónicas, sacos para acondicionar as doses dos estupefacientes e ainda cinco garrafas de plástico reutilizáveis, personalizadas com diferentes motivos e cores destinadas ao consumo de droga. Contas feitas, foram apreendidos cinco sacos com 5.07 gramas de ice, avaliados em 15.000 patacas. Crimes admitidos No rescaldo das detenções, o suspeito interceptado na zona da Praça Ponte e Horta admitiu ser consumidor regular de estupefacientes e de ter comprado ice, por diversas ocasiões, ao arguido detido na zona da rua da Barca que, por sua vez, confessou ter vendido os estupefacientes ao preço de 2.000 patacas por dose. Já a mulher que vivia no mesmo apartamento com o segundo suspeito, confessou consumir droga, reiterando, no entanto, não estar envolvida no tráfico dos estupefacientes. O caso foi entregue ontem ao Ministério Público (MP), onde os suspeitos irão responder pelos crimes de consumo e tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas e detenção indevida de utensílio ou equipamento. Destes, o suspeito detido na zona da Barra é apenas acusado do crime de consumo e tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, sendo os restantes acusados de todos os crimes. A confirmar-se, os envolvidos podem ser punidos com pena de prisão de 6 a 16 anos, pelo tráfico, e com pena de prisão de 3 meses a 1 ano ou pena de multa de 60 a 240 dias, pelo consumo. Pela detenção indevida de utensílio ou equipamento destinado ao consumo de estupefacientes, os suspeitos podem ser punidos com pena de prisão de 3 meses a 1 ano ou com pena de multa de 60 a 240 dias.
Pedro Arede Manchete PolíticaCAEAL | Confirmada rejeição de cinco listas. Governo diz que não afecta direitos A CAEAL confirmou ontem a rejeição de cinco listas que têm até amanhã para reclamar. A lista Ou Mun Kong I foi admitida com dois novos membros. O Governo diz apoiar “firmemente a CAEAL” na salvaguarda do interesse geral de Macau, reiterando que a decisão “não afecta os direitos fundamentais dos residentes de Macau” A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) confirmou ontem a rejeição de 20 candidatos, pertencentes a cinco listas, às eleições legislativas de Setembro. No edital publicado ontem é também revelado que, a lista Ou Mun Kong I foi admitida, após a apresentação de um novo elemento para substituir os candidatos considerados inelegíveis pela CAEAL, Lee Sio Kuan e Kuong Kai Nang, permitindo assim a readmissão. Contas feitas, há agora 14 candidaturas admitidas pela CAEAL e cinco rejeitadas que abarcam os 20 candidatos considerados inelegíveis por não serem fiéis a Macau e não defenderem a Lei Básica. Do grupo de listas rejeitadas fazem parte a Associação do Novo Progresso de Macau (cinco membros), encabeçada por Sulu Sou, a Associação de Próspero Macau Democrático (cinco membros), liderada por Scott Chiang, Associação do Progresso de Novo Macau (cinco membros), encabeçada pelo ex-deputado Paul Chan Wai Chi, a Novos Jogos de Macau, com Cloee Chao ao leme (dois membros) e a Macau Vitória (um membro), encabeçada por Lo Chun Seng. Os dois membros que faltam para se que contabilizem os 20 candidatos inelegíveis pela CAEAL faziam parte da lista da Ou Mun Kong I que acabou readmitida com quatro elementos. De acordo com a Lei Eleitoral, os mandatários das candidaturas com candidatos inelegíveis podem apresentar reclamação à CAEAL até amanhã. As reclamações são decididas no prazo de dois dias. Caso a decisão confirme a exclusão, os candidatos podem levar o caso ao Tribunal de Última Instância (TUI), até ao dia 27 de Julho. Apoio firme Horas depois da publicação do edital, o Governo reagiu através do Gabinete de Comunicação Social, expressando que “apoia firmemente a CAEAL” no exercício das suas funções e no apuramento dos “factos que comprovam que 20 participantes às eleições para VII Assembleia Legislativa não defendem a RAEM e não são fiéis ao Governo da RAEM da República Popular da China”. A função da CAEAL “é a salvaguarda do interesse geral da RAEM, a defesa da ordem constitucional estabelecida pela Constituição e pela Lei Básica e ainda a implementação do princípio fundamental de Macau governado por patriotas”, pode ler-se na nota divulgada ontem. O Governo sublinhou ainda que a decisão de excluir os candidatos não irá afectar os direitos fundamentais dos residentes de Macau “nem a liberdade de expressão dos mesmos, nem o seu direito de informação e fiscalização sobre a governação do Governo”. “O Governo da RAEM continuará a cumprir rigorosamente a Lei Básica e as leis de Macau”, acrescenta o Governo. CAEAL | Au Kam San fala em purga, Joye Lao aplaude Comentado a exclusão inédita de candidatos às eleições legislativas, o actual deputado Au Kam San classificou a decisão da CAEAL como uma “purga” desnecessária. Isto, tendo em conta que “o campo pró-democracia em Macau não tem uma forte expressão popular”, disse à HKFP. Para Au Kam San a decisão de colocar de fora “todas as vozes contrárias” é uma medida que vai ainda mais longe do que as mudanças políticas impostas por Pequim em Hong Kong, onde “há mais obstáculos” e o número de assentos para o sufrágio directo foi reduzido, mas onde “ainda há lugar para alguns democratas”. “A situação [de Macau] pode ser ainda mais terrível do que a de Hong Kong… Carrie Lam pode desejar que pessoas como Frederick Fung se juntem às eleições (…) como prova de que ‘são permitidos democratas na legislatura”, disse o deputado. “A purga é mais completa aqui do que em Hong Kong”, rematou. Por seu turno, o também deputado Joye Lao mostrou apoio à decisão da CAEAL, apontando como “óbvia” a desqualificação dos candidatos, dado existirem actos comprovados de infidelidade à RAEM e da não defesa da Lei Básica. Segundo o jornal Ou Mun, Joye Lao aponta que os candidatos excluídos têm minado a relação entre Macau e o Governo Central e não podem ser “subestimados”. “Apesar de não terem levantado muitas ondas, estas forças e os seus representantes não podem ser subestimados, pois se exercerem cargos públicos ou funções em equipas de direcção, o resultado pode ser catastrófico”, apontou. Eleições | Ng Kuok Cheong ironiza decisão da CAEAL Ng Kuok Cheong fez várias publicações, em tom irónico, no Facebook referindo que a comissão eleitoral tem “elevada eficácia” e que só pediu informações à polícia sobre candidatos a 2 de Julho. Entre as informações cedidas pela CAEAL a 4 de Julho, Ng Kuok Cheong disse que há mais de 200 páginas de eventuais provas. O deputado mostrou uma fotografia em que surge com o ex-presidente do Partido Democrático de Hong Kong, Wu Chi-wai. “A 3 de Agosto de 2019, Ng Kuok Cheong encontrou-se com um membro importante do partido, Wu Chi-wai, que defende a independência de Hong Kong”, pode ler-se na nota elaborada pela polícia. O deputado referiu que os próprios residentes de Hong Kong não acreditam que o partido defenda a independência do território em relação à China. Na mesma publicação, um internauta partilhou uma fotografia da deputada Agnes Lam ao lado de Tanya Chan, deputada do campo pró-democracia de Hong Kong, membro fundador do Partido Cívico, e que deixou a política no ano passado. HK | Jornal sugere que Sulu Sou e Scott Chiang foram treinados pela CIA O jornal estatal Hong Kong Commercial Daily publicou ontem um artigo a sugerir que Sulu Sou e Scott Chiang participaram em acções de formação da Agência Central de Inteligência, norte-americana, (CIA na sigla em inglês) numa base em Taiwan. A publicação aponta rumores amplamente difundidos na Internet como fonte, sem sustentar as alegações. No entanto, a publicação refere que os dois candidatos desqualificados às eleições de Setembro participaram nestas acções em Abril de 2014, que Sulu Sou terá regressado à RAEM para presidir à Associação Novo Macau, e que Scott Chiang assumiu a liderança da associação quando Sulu Sou regressou a Taiwan para mais formação ministrada pela CIA. Além disso, a publicação estatal afirma que Sulu Sou passou a informar às autoridades da Formosa sobre políticas chinesas para Macau e Hong Kong quando entrou para a Assembleia Legislativa.
Andreia Sofia Silva Entrevista ManchetePaul Van Dyke, historiador: “As casas de penhores serviam toda a gente” Paul Van Dycke, historiador, ex-docente da Universidade de Macau e da Universidade Sun Yat-sen, investiga a história das casas de penhores há mais de dez anos e fala de espaços que serviam ricos e pobres, como se de um banco se tratassem. Actualmente reformado, o historiador lançou, o ano passado, “Whampoa and the Canton Trade: Life and Death in a Chinese Port”, que conta a história dos marinheiros europeus em Cantão Há muitos anos que faz investigação sobre casas de penhores, e abordou recentemente esse tema num colóquio internacional. A investigação sobre as casas de penhores tem vindo a ser negligenciada, mas sempre foram muito importantes para a comunidade chinesa. Operavam essencialmente como um banco, dando empréstimos às pessoas que precisavam. Também se poderiam obter empréstimos temporários depositando bens nas casas de penhores. O problema residia no facto de os comerciantes terem dificuldades em obter empréstimos, o que criou um problema no comércio. Muitas vezes os comerciantes necessitavam de grandes quantias de dinheiro e as casas de penhores não o emprestavam. Mas conseguiam esses fundos junto de locais ou de pequenos empresários. Mas havia sempre alguns constrangimentos. No caso dos grandes negócios as coisas não corriam bem. Isso fez com que os grandes comerciantes tivessem de pedir dinheiro emprestado aos estrangeiros, ao invés de obterem o dinheiro localmente, em Cantão ou Macau. Mas as casas de penhores serviam toda a gente. No caso dos pobres, tanto chineses como europeus, só tinham duas mudas de roupa, para o Verão e Inverno. Quando a estação mudava colocavam a roupa na casa de penhores para terem um empréstimo, e depois trocavam-na seis meses depois. As roupas eram um dos bens principais nas casas de penhores. Mas estas tinham uma característica especial. Em Macau ou em Cantão? Na província de Guangdong. Funcionavam em edifícios muito altos. Eram muito diferentes das casas de penhores que operavam em outras zonas da China. No caso de Hong Kong, as casas de penhores eram construídas de forma bastante diferente face a Macau e à província de Guangdong. Porquê? Não tenho uma resposta para isso, mas Macau copiou fielmente a forma como eram construídas em Guangdong. Em Guangzhou há imagens de edifícios que arderam e as casas de penhores mantiveram-se intactas. Havia uma capacidade de construção colocando pequenas janelas, e se rebentasse um incêndio, cobriam as janelas e as portas e ficava tudo protegido. No topo das casas de penhores havia grandes baldes de água para proteger o edifício do fogo. Também tinham todo o tipo de equipamentos para proteger o edifício de qualquer pessoa que o tentasse atacar. Era mesmo o melhor lugar a ir se quiséssemos proteger alguma coisa. No século XVIII não eram apenas os chineses mas também os estrangeiros que viviam em Guangzhou que deixavam os seus bens nas casas de penhores para os proteger, tal como peles, jóias, talvez dinheiro. Era mesmo um banco, não havia outro lugar como esse na altura. Hoje em dia as casas de penhores têm outra conotação, relacionada com o crime, ou com a ocultação de dinheiro. Sim, claro, em todos os lugares onde existem casas de penhores isso constitui um problema e é por isso que devem ser reguladas. Eram reguladas na China também, não poderiam ser aceites determinados bens. Mas falando de Macau, as pessoas perdem dinheiro no jogo e vão a uma casa de penhores para depositar as suas jóias a troco de dinheiro. Claro que essa parte do negócio ainda persiste até hoje. Hoje em dia as casas de penhores têm um papel diferente em Macau em relação ao que tinham ao século XVIII, porque estão ligadas aos casinos. Como foi a evolução das casas de penhores do século XVIII até ao século XX, e qual foi o seu papel durante os dois conflitos armados mundiais? Há uma coisa curiosa sobre as casas de penhores, que é o facto de, em meados de 1850, começarem a ter uma grande dimensão. Antes desse período funcionavam em edifícios de dois ou três andares, e depois começaram a existir em edifícios de oito, nove andares. Em 1870 já funcionavam nos maiores edifícios de Cantão e Macau. As casas de penhores em Macau apareceram um pouco mais tarde, no início do século XX, mas quando chegaram operavam também nos edifícios mais altos de Macau. Não estudei essa parte ainda, de como essa característica está ligada com a economia. Tenho referências que dizem: “olhemos para as casas de penhores! Quanto mais altas, melhor a economia”. Mas não sei se isso é verdade, e até pode ter sido o oposto disso, porque ao terem mais bens, as pessoas vão precisar de mais dinheiro. Mas não estou certo disso. Disse que estas casas de penhores precisam de uma maior regulação. Mas olhando para todos estes anos, qual a sua posição sobre o papel das autoridades em relação a essa regulação? As casas de penhores funcionaram sempre numa espécie de zona cinzenta, ou não? No caso de Macau só conheço algumas casas de penhores de grande dimensão que operam, e prestei alguma atenção à forma como eram reguladas no tempo da Administração portuguesa. Sei como as autoridades de Cantão as regularam, na sua relação com as diferentes comunidades. É um pouco confuso, porque esperava-se que as grandes casas de penhores operassem nas grandes cidades, certo? Mas em toda a província de Guangdong, em finais do século XIX, havia enormes casas de penhores nas zonas rurais, longe das populações. Não tenho explicação para isso. No início da nossa conversa disse que a investigação sobre as casas de penhores tem vindo a ser negligenciada. E porquê? Há várias razões para isso. Nos anos 70 e 80 havia muita investigação em Macau e Cantão, e especialmente relacionada com a Guerra do Ópio. Muitos livros foram publicados, e Charles Boxer é um dos mais conhecidos académicos que publicou literatura sobre a matéria. Foram feitos muitos estudos sobre o comércio estrangeiro na China e em Macau também. Mas tem sido difícil ir além disso. Hoje em dia temos mais detalhes e registos e podemos fazer uma investigação mais aprofundada, mas leva muito tempo. Fiquei muito surpreendido quando comecei a trabalhar neste assunto, porque havia muita informação que não tinha sido usada. São dados que têm vários anos, os académicos passaram por eles mas ignoraram-nos por completo. Lentamente há mais pessoas envolvidas neste trabalho. Quando comecei este trabalho, nos anos 90, ninguém fazia esta investigação e sentia-me sozinho nesta tarefa. Mas em 2010 mais académicos apareceram a estudar esta matéria. Mas há ainda muito a fazer e espero que mais académicos possam investigar este tema. Quais as áreas relacionadas com as casas de penhores que precisam de mais estudo? A história económica não é muito popular nos dias de hoje, ou a história dos negócios. As pessoas estão mais orientadas para estudos sociais ou antropológicos. Há muitos novos trabalhos novos a surgir mais baseados em teorias do que em investigação empírica. Há estudos a serem feitos sobre as relações entre chineses e europeus, onde os americanos estão também envolvidos, mas mais do ponto de vista social do que empresarial. São estudos que se focam mais em como as pessoas interagiam em Macau. Também estou a analisar a presença dos espanhóis em Macau. Pode avançar algumas conclusões? Há novas teses que surgiram nos últimos anos que mostram como os espanhóis agiam no comércio com a China, e claro que Macau também está incluído. Isso é relativamente novo, antes disso não sabíamos quase nada sobre a presença dos espanhóis em Macau. Havia muitos navios espanhóis a chegarem a Macau, algo que me surpreendeu, porque em certos anos estes eram em muito maior número do que os navios portugueses. Por alguma razão não há qualquer registo disso em Macau, não tenho explicação para isso. Os registos que usei, e que estão bem documentados, são da British Indian Company, que tinham pessoas em Macau a registar todos os dados. Mas os melhores dados são da Suécia, muito detalhados. E os registos portugueses? Não são tão detalhados como os suecos. Não encontramos dados sobre as diferentes pessoas que estavam em Macau nessa época. Os arquivos estão em Macau, são uma óptima fonte e recorro a eles muitas vezes, mas não chegam ao detalhe que encontramos em outros registos europeus. O ano passado publicou um novo livro sobre o porto de Whampoa e o comércio em Cantão. Pode falar um pouco sobre esta obra? Tinha muita informação, com fontes europeias, sobre a vida dos marinheiros europeus na China. O que faziam, quando chegaram à China, os problemas com que se depararam, como foram sepultados. Havia diferentes protocolos, para muçulmanos e católicos, arménios, as cerimónias fúnebres eram diferentes. Reuni tudo isso. Também falo de como os marinheiros eram mantidos saudáveis a bordo dos navios, e fiquei muito surpreendido porque usavam os barcos para escapar a doenças. Como assim? Usavam muito vinagre. Quando ancoravam em Whampoa, atiravam fora o vinagre e limpavam as áreas do navio, dia após dia. Havia várias práticas para melhorar a saúde dos marinheiros. Eles trouxeram práticas europeias para a China, essencialmente. Sim. Mas o livro também inclui Macau, porque muitos dos marinheiros desembarcavam em Macau e muitos deles eram também recrutados no território. Macau está sempre envolvido nas minhas investigações, de uma forma ou de outra. Era um porto importante para a China. Nessa altura sim. Macau era também importante para os portugueses que vinham de Portugal e não viviam em Macau, e não estavam autorizados a fazer comércio aqui. Tinham de ir a Cantão. No livro documentei todos os barcos que entraram em Whampoa, os nomes deles, as datas em que chegaram. Também falo dos serviços religiosos que existiam, por exemplo. Faço comparações entre dados recolhidos por outros académicos em anos anteriores com os novos dados que encontrei. Houve muitas diferenças ao longo dos anos. Em que sentido? Em 1757, por exemplo, havia apenas sete barcos em Whampoa. Depois passou para 14. E ao longo dos anos foram aparecendo mais barcos. Mas nos anos 60 [quando as primeiras informações foram recolhidas], não havia acesso a fontes digitais como temos hoje, e hoje podemos ter mais detalhes sobre este assunto.
Hoje Macau Manchete SociedadeRAEM negoceia gestão do complexo da Ilhas com Hospital de Pequim Poucos dias depois de Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SSM), ter declarado que existia a possibilidade de o Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas ser gerido por uma empresa privada do Interior da China, a TDM – Rádio Macau noticiou ontem que essa entidade pode ser o Peking Union Medical College Hospital. Fonte próxima de emissora pública afirmou que o hospital da capital chinesa “é um dos mais conhecidos e importantes hospitais de Pequim, com uma forte componente de formação”. O Peking Union Medical College Hospital tem liderado, nos últimos dez anos, o Ranking de Hospitais Chineses da responsabilidade do Instituto de Gestão Hospitalar da Universidade de Fudan. De acordo com o site oficial, o Peking Union Medical College Hospital é uma instituição de topo, “empenhada na prestação de cuidados clínicos de última geração, investigação científica inovadora e educação médica rigorosa”, que “goza de elevada reputação pela sua gama completa de disciplinas, tecnologias de ponta e especialidades de excelência”. Além disso, importa referir que o hospital está ligado à Peking Union Medical College, que se fundia com a Academia Chinesa de Ciências Médicas, à Universidade Tsinghua e tem uma longa história, fundado em 1921 pela Fundação Rockefeller. Experiência na matéria Antes de ter sido noticiado o nome da potencial entidade gestora do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, Alvis Lo apontava que o objectivo da entrada de um privado na administração seria encontrar um bom modelo de funcionamento e gestão e melhorar o planeamento do sistema de saúde de Macau. Quanto à data de abertura do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, o director dos SSM reiterou a dificuldade de indicar um calendário preciso devido à complexidade e dimensão do mega-projecto.
João Luz Manchete SociedadeHabitação Económica | Amanhã abrem candidaturas para 5.254 fracções Começa amanhã o período de candidatura para compra de 5.254 fracções de habitação económica construídas em cinco lotes da zona A dos Novos Aterros. A larga maioria dos apartamentos são T2 e estima-se que o preço ronde os 2,6 milhões de patacas. Será a primeira vez que as candidaturas podem ser submetidas online e que terão de respeitar a nova lei O próximo concurso para compra de habitação económica começa a aceitar candidaturas a partir de amanhã, até 12 de Novembro, com a possibilidade de entrega de documentos em falta até 13 de Dezembro. O anúncio foi feito ontem por Arnaldo Santos, presidente do Instituto de Habitação (IH). No total, serão disponibilizados para compra 5.254 fracções, a larga maioria (85 por cento) são da tipologia T2 (4.478). As fracções T1 são 242, e as restantes 534 da tipologia T3. As casas disponíveis para compra neste concurso serão construídas nos cinco lotes da zona A dos Novos Aterros, a saber as zonas A1 a A4 e A12. O preço das fracções será fixado por despacho do Chefe do Executivo, mas Arnaldo Santos prevê que um T1 ronde 1,9 milhões de patacas, o T2 tenha um custo aproximado de 2,6 milhões de patacas, enquanto o T3 ande perto de 3,2 milhões de patacas. Quanto às áreas, foi anunciado ontem que serão de 36,63 metros quadrados para apartamentos com um quarto, enquanto os T2 terão 48,55 metros quadrados e, finalmente, as fracções com três quartos vão ter 61,14 metros quadrados. Os interessados podem visitar a partir de hoje uma exposição dos vários modelos de tipologia de habitação económica no Edifício Mong Tak, na Rua de Francisco Xavier Pereira, sendo necessário para tal marcação prévia através do site do IH. Regras do lar Este é o primeiro concurso que decorre ao abrigo da nova lei que regulamenta a compra de habitação económica. Assim sendo, comporta um conjunto de novos requisitos como a possibilidade de candidatura em nome individual de residentes que tenham completado 23 de idade. É necessário que o candidato resida em Macau há, pelo menos, sete anos e que tenha permanecido na RAEM, pelo menos, 183 dias no ano anterior ao fim do prazo do concurso. Além disso, os candidatos não podem ser proprietários de casas nos 10 anos anteriores à apresentação da candidatura, excepto se a propriedade for adquirida por sucessão. Fica de fora do concurso quem tenha desistido de candidaturas para compra de habitação económica nos cinco anos anteriores à apresentação de candidatura e quem já tenha uma fracção deste tipo ou tenha beneficiado de bonificação de juros de 4 por cento. Finalmente, fica também excluído, enquanto elemento do agregado familiar ou candidato individual, quem tenha sido afastado de concursos anteriores devido a prestação de declarações falsas, ou tenha usado meios fraudulentos para adquirir habitação económica, quem tenha arrendado habitação social e beneficiários de abono de residência. Além disso, ficam também de fora quem tenha visto o contrato de habitação económica resolvido ou declarado nulo. Quanto aos rendimentos dos candidatos, o Chefe do Executivo estabeleceu ontem em despacho o limite mínimo para um candidato individual em 12.750 patacas por mês e máximo de 38.350 patacas mensais. Para agregados familiares, o limite máximo de rendimento mensal é 76.690 patacas. Famílias com duas pessoas têm limite mínimo de 19.270 patacas, enquanto três de 26.020 de patacas. As restantes tipologias de agregados têm os limites fixados pelo despacho assinado por Ho Iat Seng e publicado ontem. Enxotar abutres Fazendo questão de frisar a natureza do que é a habitação económica, nomeadamente afastando a possibilidade de ser usada para investimento imobiliário, as novas regras do jogo ditam que as fracções apenas podem ser vendidas ao IH volvidos seis anos da aquisição e pelo mesmo preço a que foram compradas. Ao preço original serão deduzidas “despesas com as obras de reposição das condições de habitabilidade da fracção, entre outras”, adianta o organismo presidido por Arnaldo Santos. Outra das novas medidas estabelecidas para prevenir abusos, é a obrigatoriedade de a casa ser mesmo usada para habitação. Assim sendo, “o candidato e os elementos do agregado familiar, incluídos no memento da candidatura que, sem motivos devidamente justificados, não residam na habitação económica, pelo menos 183 dias por ano, são punidos com multa de 5 por cento a 15 por cento do preço da venda inicial”. No total, o Governo irá construir 28 mil fracções na zona A dos Novos Aterros, “que serão lançadas de forma gradual para a venda”, sendo expectável que dentro de quatro anos estejam prontas 24 mil fracções, e que destas 10 mil sejam destinadas a habitação económica. Além da zona A, está prevista a construção deste tipo habitação na Avenida Wai Long, Taipa, a Habitação Social de Mong Há – Edifício Mong Tak, da Habitação Social na Rua Central de Tói San e a Habitação Social na Avenida de Venceslau de Morais.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaChuvas intensas | Executivo diz ser impossível fazer maiores previsões O Secretário para os Transportes e Obras Públicas e o director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos reuniram com os deputados, mas admitiram que fazem “uma previsão relativa” que “não é exacta”. Raimundo do Rosário afirmou que cada pessoa ou empresa tem de tomar uma decisão consoante as informações disponíveis O Governo admitiu ontem perante os deputados, num encontro que decorreu na Assembleia Legislativa (AL), que não consegue ir mais além no que à previsão das chuvas intensas diz respeito e cabe a cada um tomar as decisões com base nas informações disponibilizadas. “A única coisa que os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) podem fazer é uma boa previsão. As previsões nunca são 100 ou 90 por cento exactas. A forma como essas informações são aproveitadas pelos particulares não tem a ver com os SMG”, referiu Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas. O governante referiu que a análise dos SMG é “uma previsão relativa, mas não é exacta”. “Não temos essa tecnologia [de previsão das horas em que ocorrem as chuvas intensas]. Pode-se alegar que Macau não é tão pequeno como parece, mas dou um exemplo. A 28 de Junho, às 17h57, registou-se chuva intensa. Nas Portas do Cerco registaram-se 16 milímetros, mas em Coloane foi de oito milímetros [de precipitação]. Macau é pequena, mas houve essa grande diferença”, adiantou. As alterações climáticas foi outro dos argumentos usados na reunião. “O clima faz com que Macau seja afectada por questões extremas. A 1 de Junho registou-se um nível de precipitação que atingiu o máximo de anos anteriores. Esperamos que as pessoas tenham consciência dos tempos severos e das dificuldades que encontramos, e os SMG não podem fazer nada. Apesar do avanço da tecnologia, ainda há incertezas”, disse o director dos SMG, Leong Weng Kun. O responsável explicou ainda que “há uma previsão da trajectória de chuva intensa, mas às vezes em dez minutos tudo muda e é impossível fazer uma previsão”. “Porque não activamos o sinal vermelho e preto com antecedência? Porque muitas vezes essa chuva ainda não existe. No dia 1 de Junho, às 7h, era impossível. Todos dizem que a meteorologia é uma ciência exacta, tal como a matemática, mas com as tecnologias disponíveis é muito difícil [prever]”, adiantou. Decisões pessoais O deputado Zheng Anting foi um dos intervenientes na sessão, tendo referido que muitos pais tiveram de regressar a casa na manhã do dia 1 de Junho após ter sido içado o sinal de chuva intensa. Zheng questionou se os SMG não deveriam ter tomado a decisão com maior antecedência. No entanto, o secretário adiantou que não cabe aos SMG tomar as decisões pelas pessoas. “A responsabilidade é fazer uma boa previsão, mas a forma como cada pessoa ou empresa vai usar essa informação não tem a ver connosco. Quando há sinal de chuva intensa não podemos dormir para acompanhar a situação, é uma responsabilidade. Se emitirmos o aviso e nada acontecer, temos de assumir a responsabilidade.” Segundo Raimundo do Rosário, “os aparelhos dão a informação, mas quem decide [o que fazer] é a pessoa”. “Tomar uma decisão acarreta riscos. É difícil. O período máximo de chuva intensa é de 80 minutos, então nesse caso, entre as 6h e às 12h, temos de decidir”, explicou. A deputada Song Pek Kei chamou a atenção para o problema das alterações climáticas. “O aquecimento global tem um grande impacto, não está em causa a previsão tecnológica. A população tem de estar preparada para um tempo extremo.” O secretário disse ainda que membros do Governo visitaram vários locais afectados pelas chuvas para “prestar esclarecimentos”. “A chuva intensa surge muito rapidamente. Em minutos podemos passar de um aviso para outro. Em cada minuto o nível de precipitação é diferente”, concluiu. O director dos SMG falou também do “investimento [feito] em muitos recursos”, embora “o resultado nem sempre corresponda ao investimento”. “Vamos fazer acções de sensibilização junto da população”, concluiu.