João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Acções disparam após anúncio de retorno de e-vistos e excursões As acções das concessionárias de jogo tiveram uma segunda-feira de valorização depois do anúncio do retorno da emissão de vistos electrónicos e excursões. Analistas receberam as novidades como um pequeno passo para a normalização do mercado O anúncio de que as autoridades chinesas vão voltar a permitir a emissão de vistos electrónicos e a vinda de excursões a Macau, passados três anos de interrupção, foi bem-recebido pela indústria do jogo. A boa nova divulgada no sábado pelo Chefe do Executivo teve efeitos imediatos no valor das acções das concessionárias ontem na bolsa de Hong Kong, entre 4,65 por cento e 15,65 por cento. A Sands China foi a que mais ganhou (15,65 por cento), seguida da SJM (11,57 por cento), Wynn Macau (10,63 por cento), Galaxy (7,18 por cento), Melco (5,26 por cento) e MGM China (4,65 por cento). Também os analistas que normalmente se debruçam sobre o sector, registaram com optimismo o anúncio. A JP Morgan Securities indicou mesmo que no quarto trimestre do ano os operadores de casinos podem potencialmente regressar a resultados EBITDA (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) positivos. O analista DS Kim, da JP Morgan, reagiu ao anúncio feito por Ho Iat Seng como “boas notícias” e “o caminho para a normalidade”. Recorde-se que o retorno da emissão de vistos electrónicos e excursões está previsto para o final de Outubro ou início de Novembro, com o Chefe do Executivo a estimar a subida do número de visitantes diários para 40 mil. No passado mês de Agosto, a média diária de entradas em Macau não chegou aos 11 mil. “Prevemos que as receitas brutas do sector de massas recuperem entre 25 e 30 por cento dos níveis pré-covid no quarto trimestre do ano e que continuem a aumentar ao longo de 2023”, estima o analista, citado pelo portal GGR Asia. “A maioria dos operadores pode regressar a resultados EBITDA positivos quando as receitas brutas do segmento de massas atingirem entre 30 a 35 por centro dos níveis pré-pandemia, excepto a SJM [Holdings Ltd] que precisa de níveis mais elevados de receitas para compensar as elevadas despesas operacionais dos novos casinos”, é acrescentado. Desejos de ano novo O relaxamento das restrições fronteiriças foi também assinalado pelos analistas da Morgan Stanley Asia Ltd, que no passado mês de Julho haviam previsto resultados EBITDA acumulados para este ano com perdas equivalentes a 800 milhões de dólares norte-americanos, a não ser que o panorama geral da indústria se invertesse. “Acreditamos que começou a gradual abertura das fronteiras e esperamos que continue ao longo do próximo ano. Apesar de as receitas e lucros de 2023 não chegarem aos níveis pré-pandemia, esperamos que em 2024 as receitas do segmento de massas ultrapassem os resultados de 2019, ou seja, que regressem os lucros”, apontam os analistas. A análise da Morgan Stanley não deixa escapar que a maioria dos cidadãos chineses podem viajar para Macau vindos do Interior desde o Outono de 2020 e que, ainda assim, o trimestre com a melhor média diária de entradas ficou-se “apenas pelas 22 mil”, o que representa menos de um terço do fluxo verificado antes da pandemia. Na nota publicada no domingo, a JP Morgan realça que “o contratempo mais referido na indústria foi a eliminação da possibilidade de pedir vistos electrónicos, sendo necessário o pedido em pessoa num balcão, o que requer marcação prévia e aproximadamente sete dias para obter aprovação”, processo muito mais complicado do que a simples aprovação instantânea num quiosque. “Acreditamos que o reinício dos vistos electrónicos e das excursões podem aliviar o atrito para conseguir viajar para Macau e sinalizar que é um destino seguro, aumentando a procura como destino de férias no final deste ano e para 2023. Finalmente, sentimos que estamos a voltar à normalidade”, acrescentou DS Kim.
João Santos Filipe Manchete PolíticaNatalidade | Desde 2009 não nasciam tão poucos bebés em Macau A taxa de natalidade em Macau caiu de forma acentuada desde a pandemia. O deputado Pereira Coutinho considera que se o desemprego permanecer alto vai ser difícil alterar o cenário demográfico Desde 2009 que não nasciam na primeira parte do ano tão poucos bebés em Macau. Segundo os números da Direcção de Serviços de Estatística e Censos, entre Janeiro e Junho nasceram 2.156 nados-vivos, o que representa uma quebra de 25 por cento face ao período mesmo período de 2019, o último antes da pandemia, quando tinham nascido 2.875 bebés, e uma redução de 12 por cento em comparação com o ano anterior. Para encontrar um período com tão poucos nascimentos é necessário recuar a 2009, altura em que o território sofria as consequências da crise financeira. Contudo, em 2009, a população era menor, constituída por 535 mil pessoas face às actuais 667 mil. No que diz respeito aos primeiros semestres, a natalidade está em quebra desde que surgiu a pandemia. Entre 2018 e 2019, as primeiras metades do ano registaram mais nascimentos, de 2.855 para 2.875, ou seja, mais 20 bebés. Porém, com a pandemia, a situação agravou-se progressivamente todos anos. Assim sendo, na primeira metade de 2020 nasceram 2.792 bebés, número que baixou para 2.472 em 2021 e 2.165 este ano. Circunstâncias difíceis Para José Pereira Coutinho, deputado ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, os números não são surpreendentes, tendo em conta a crise económica. “Não é fácil constituir família em Macau nestas condições, que estão longe de ser ideais”, afirmou Pereira Coutinho, em declarações ao HM. “A taxa de desemprego está muito elevada, nem há empregos com salários razoáveis para quem quer manter a qualidade de vida, quanto mais aumentar os custos”, acrescentou. E nem o facto de os preços de compra de casa estarem a ficar mais baratos contribui para facilitar a situação dos residentes. “O mercado imobiliário está mais barato, mas isso não beneficia a maior parte da população, porque a taxa do desemprego é elevada, a taxa de inflação é elevada, e os bens essenciais estão muito caros. Temos bens essenciais tão caros que os preços ficam fora do alcance das famílias mais desfavorecidas, como as famílias monoparentais ou com idosos”, sublinhou. Sem desistir Na óptica do legislador, o problema é mais profundo e também se prende com a manutenção no território de quadros qualificados mais novos. “Muitos jovens estão a deixar Macau e a imigrar para Singapura, Tailândia ou Malásia”, atirou. Ainda assim, Coutinho recusou que se deve desistir de Macau: “Temos de ter esperança que vamos voltar à situação de viajar sem restrições, como está a acontecer em todo mundo, incluindo países desta região, como Singapura, Malásia ou Tailândia. Talvez com a celebração dos novos contratos do jogo se possa a voltar a tempos mais optimistas”, vincou. Sem medidas A questão da redução da natalidade já tinha sido levantada na Assembleia Legislativa, em Abril deste ano. Motivado pelos problemas identificados pelo Governo Central, que pretende aumentar o número de nascimentos no Interior, o deputado Lei Chan U questionou o Chefe do Executivo sobre planos para promover o aumento de nascimentos. Em resposta, Ho Iat Seng afastou a hipótese de implementar medidas de incentivo à natalidade, pediu ao deputado para dar o exemplo e apontou responsabilidade os mais jovens: “A vontade das pessoas procriarem tem vindo a baixar e temos de traçar uma política de natalidade adequada. Mas, isso não significa que só porque temos mais habitação disponíveis as pessoas vão querer procriar mais”, considerou. “As pessoas hoje em dia preferem adoptar um animal de estimação em vez de ter filhos, querem ter menos responsabilidades” justificou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCovid-19 | Dependência do Interior deixa Macau sem alternativas Sem estratégia para atrair turistas estrangeiros, o académico Eilo Yu considera que Macau está numa situação complicada de dependência face ao mercado chinês. Por sua vez, Au Kam San espera que a retoma de excursões contribua para reduzir a taxa de desemprego O académico Eilo Yu acredita que a dependência da economia do território face ao Interior deixou a RAEM sem alternativas e sem poder traçar o seu próprio caminho no combate à pandemia. A opinião foi partilhada pelo cientista político ao jornal South China Morning Post, de Hong Kong, num artigo publicado ontem. Para Eilo Yu o facto de o Governo de Ho Iat Seng insistir na política “dinâmica” de zero casos e no isolamento face ao mundo, através da imposição de uma quarentena de sete dias, é “compreensível”, uma vez que o território depende do Interior para receber turistas e também trabalhadores, que todos os dias atravessam as fronteiras. Neste contexto, Yu afastou o cenário de Macau seguir o exemplo de Hong Kong, que voltou a abrir-se ao mundo. “Macau não tem realmente poder de escolha. A sua economia depende de dezenas de milhares de trabalhadores que atravessam a fronteira de Zhuhai todos os dias para trabalhar nos casinos”, argumentou. “Não consigo ver como o Governo poderá tomar medidas drásticas e mudar o status quo”, acrescentou. Apesar da abertura com o Interior, que permite a circulação de turistas, à excepção das excursões, que serão retomadas em Novembro, este ano o Produto Interno Bruto da Macau tem sofrido uma quebra muito acentuada. Em comparação com o ano passado, no primeiro trimestre, o PIB de Macau caiu 8,9 por cento. No segundo trimestre deste ano a redução foi mais acentuada atingido 39,9 por cento, entre surtos locais e no Interior de Covid-19, que levaram à imposição de várias restrições na circulação de pessoas. Uma esperança Apesar do cenário ser bastante negro, o ex-deputado Au Kam San afirmou que a retoma em Novembro da emissão de vistos para excursões pode contribuir para melhorar a situação em Macau e salvar alguns empregos. “Esperamos que quando chegarem mais grupos de excursionistas do Interior, em Novembro, que sejam criados mais trabalhos” disse Au. No entanto, Sulu Sou, também ex-deputado, mostrou-se mais reticente face ao impacto. Sulu Sou justificou a sua posição com o facto de a cidade estar aberta a turistas com visto individual do Interior, o que não impediu a redução do número de visitantes do ano passado para este. Segundo o ex-deputado, em Dezembro do ano passado entraram 821 mil turistas com visto individual, mas em Agosto o território só recebeu 331 mil turistas. Optimismo face a Hengqin Um aspecto em que deixa Sulu Sou mais optimista é o desenvolvimento do sector cultural e desportivo na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau na Ilha da Montanha. Em declarações ao South China Morning Post, o dirigente associativo indicou que acredita que o envolvimento de empresas do Interior faz com que seja possível atingir alguma diversificação da economia. “Muitas empresas estatais ajudaram-nos a construir hotéis, centros de convenções e instalações desportivas, assim como a organizar megaeventos desportivos”, apontou. Por sua vez, Au Kam San espera que o projecto seja benéfico para Macau, assim como para a província de Guangdong.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEconomia | Regresso das excursões e vistos é medida “prometedora” O economista José Sales Marques considera que o regresso das excursões e dos vistos electrónicos é uma medida positiva para o turismo de Macau, mas quanto ao fim das quarentenas Hong Kong “dá um passo muito mais à frente” face à RAEM. Sales Marques é um dos oradores numa palestra hoje na Fundação Rui Cunha O anúncio, no passado fim-de-semana, de que vão regressar as excursões da China e a emissão de vistos electrónicos é visto como um sinal positivo para a recuperação do turismo. Esta é a ideia deixada pelo economista José Sales Marques, que fala hoje no debate promovido pela Fundação Rui Cunha (FRC), intitulado “The way forward Macau’s economy” [O caminho em frente da economia de Macau], que acontece a partir das 17h30. “As medidas são positivas e prometedoras”, disse ao HM. “O regresso dos vistos electrónicos e das excursões é um aspecto extremamente importante. Esperava que isso acontecesse já a 1 de Outubro, mas só será mais para o final do mês. Esperemos que nada de novo aconteça de negativo do ponto de vista da pandemia e possamos ter um final de ano melhor do que este ano, que tem sido péssimo do ponto de vista económico para Macau.” HK mais à frente Questionado sobre o fim da quarentena em Hong Kong, José Sales Marques entende que “é dado um passo muito mais em frente do que aquele que é dado em Macau, até porque Hong Kong está mais virado para o mercado internacional, dado o seu posicionamento no mercado financeiro”. “Macau vai continuar a depender, durante algum tempo, do mercado chinês. Uma vez que a China continua a seguir a política dinâmica de zero casos, com uma gestão muito apertada sobre entradas e saídas, Macau não tem outra solução a não ser seguir isso”, adiantou. O economista vai hoje abordar o futuro da economia sob várias perspectivas, uma delas “a alteração da estrutura do jogo, que vai ter influência do ponto de vista das receitas”. “Teremos de ver quais são as possibilidades com a atracção de novos segmentos de turistas, nomeadamente estrangeiros. Será mais viável? Como é que Macau se vai posicionar ao nível do city branding [a marca de Macau], para atrair novos segmentos que estão afastados desta realidade? Que trabalho promocional é que isso implica, tendo em conta o desenvolvimento da Ilha da Montanha?”. Estas são questões colocadas pelo economista a que o debate de hoje na FRC irá dar resposta. Juntamente com José Sales Marques participam Rui Pedro Cunha, presidente da Câmara de Comércio Europeia em Macau, Kevin Ho, na qualidade de presidente da Associação de Comércio e Indústria de Macau, e Henry Lei, professor de economia na Universidade de Macau.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteGP | Piloto irlandês diz que as estrelas internacionais não vão participar A possibilidade de termos um 54.º Grande Prémio de Motos de Macau com as grandes estrelas do “road racing” internacional em 2022 parece, por agora, uma possibilidade remota, mas não quer isso dizer que a corrida mais ansiada do 69.º Grande Prémio de Macau não se venha a realizar Michael Sweeney, que conta com seis participações na prova, levantou um pouco o véu do que se passa nos bastidores numa entrevista à publicação irlandesa “News Letter” na semana passada. O motociclista de 40 anos referiu que não irá participar na prova, pois considera que a longa quarentena, imposta pelas autoridades de Macau no combate à pandemia, hipoteca à partida uma viagem ao Oriente, e afirmou que os ex-vencedores da corrida, como Michael Rutter ou Peter Hickman, não têm planos para regressar ao Circuito da Guia este ano. “Eu não vou [participar no Grande Prémio de Macau] porque tens uma quarentena de dez dias”, disse o popular irlandês, que esta temporada já venceu cinco corridas aos comandos da sua BMW S1000RR. “Não podem esperar que o pessoal vá até lá e passe aquele tempo todo em quarentena. Eu não acredito que [o Grande Prémio de Motos de Macau] vá acontecer, porque precisas de tempo para organizar voos, reservas e transporte”. A prova motociclismo de estrada mais conceituada do continente asiático não se disputa desde 2019, mas este ano a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau parece empenhada em recuperar uma corrida que será sempre afectada pelas medidas restritivas de combate à pandemia. Em declarações citadas pelo canal chinês da Rádio Macau na pretérita semana, o presidente do Instituto do Desporto e Coordenador do Grande Prémio de Macau, Pun Weng Kun, reiterou que gostaria de ver em Macau equipas estrangeiras e que a maioria dos pilotos estrangeiros contactados pela organização concordaram em fazer quarentena para poderem participar na competição. “Não sei qual o requisito mínimo para uma grelha para poderem realizar a corrida, mas todas as pessoas com quem falei – incluindo pessoas como o [John] McGuinness, o ‘Hicky’ [Peter Hickman] e o [Michael] Rutter, nenhum deles vai ficar em quarentena durante dez dias”, acrescentou à publicação de Belfast, sem, no entanto, deixar de mencionar que gostaria de voltar a competir na RAEM “no próximo ano, com certeza, mas quando [o evento] regressar em condições [sem quarentas obrigatórias]”. No regulamento desportivo da última edição do Grande Prémio de Motos de Macau, podia ler-se que um “mínimo de 22 inscrições devem ser recebidas para a corrida se realizar”, porém, acredita-se que esse número será propositadamente reduzido este ano, precisamente para acomodar o número inferior de interessados em participar na prova. Preparativos para a festa Apesar do algum optimismo em redor da organização da prova, não há um único piloto que tenha confirmado publicamente a sua participação a dois meses do evento. Vários pilotos, alguns dos quais já apalavraram a sua presença em Macau, confirmaram ao HM que estão a trabalhar de forma a garantirem todas as condições para estarem à partida. Um dos grandes problemas encontrados por aqueles que querem vir acelerar novamente ao território reside na dificuldade em arranjar mecânicos qualificados com disponibilidade e interesse para realizar esta longa aventura. Para além do esforço pessoal e financeiro dos intervenientes – convém lembrar que muitos deles não são sequer profissionais do desporto – e numa altura em que existe uma normalização em relação à doença no mundo ocidental, há ainda muitas dúvidas e receios sobre o que irá acontecer a quem acusar positivo à chegada a Macau ou mesmo durante o evento. Por seu lado, a organização também vai alinhavando os preparativos. As motos e o equipamento das equipas serão transportados de avião para a RAEM através de um dos aeroportos de referência – Lisboa, Luxemburgo ou Londres – o que facilitará a logística, mas depois do evento regressará de barco como acontecia anteriormente. O 69.º Grande Prémio de Macau irá decorrer de 17 a 20 de Novembro, devendo voltar ao formato anterior de quatro dias, em vez dos três dias dos últimos dois anos, para acomodar as seis ou sete corridas previstas para o programa.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePandemia | Amélia António diz que últimos três anos foram “desastrosos” A presidente da Casa de Portugal em Macau realçou o impacto negativo que os anos de combate à pandemia tiveram na génese cultural e socioeconómica de Macau. Amélia António defende que não basta às autoridades falarem sem concretizarem projectos prometidos É mais um sinal de alerta. A presidente da Casa de Portugal em Macau, Amélia António, disse à TDM Rádio Macau que os últimos três anos têm sido “desastrosos” para várias áreas da sociedade. “Estes três anos têm sido desastrosos para tudo, a todos os níveis. Ao nível económico, ao nível cultural, ao nível da abertura de Macau ao mundo. Na minha perspectiva, Macau não se pode só dizer que é, tem de ser.” A responsável falou aos jornalistas à margem da 10ª Exposição Internacional de Turismo, que contou com a representação de associações dos países de língua portuguesa e que terminou ontem. Amélia António não deixou de frisar que, num contexto de pandemia, é importante “marcar posição” neste tipo de iniciativa. A dirigente e advogada pede que Macau mantenha a sua especificidade cultural, sob pena de perder interesse para quem a visita. “Macau, há 500 anos, tornou-se uma porta e uma janela da China para o mundo e do mundo para a China. Hoje a China está aberta ao mundo de outra maneira, mas, apesar disso, Macau continua a ter um papel de ligação com o mundo, até do ponto de vista cultural. Se Macau deixar de ter as características culturais que tem, turisticamente também perde o interesse. Porque vir a Macau? Vai a uma cidade maior da China, a Xangai, a Pequim, a outro sítio qualquer, e vê, em grande, aquilo que em Macau há de pequenino.” Amélia António não tem dúvidas de que não basta às autoridades falarem dos projectos políticos que pretendem desenvolver para o território, apelando à concretização. “Não se pode só dizer que se é uma plataforma, só blá blá não chega. Tem de ser real.” Parabéns a você A 10ª Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau decorreu este fim-de-semana, entre sexta-feira e domingo, com o tema “Um Brinde à 10ª MITE”. A fim de celebrar o aniversário do evento, foram apresentados sete destaques “destinados a aprofundar a integração intersectorial ‘turismo+’ para ligar operadores de turismo e sectores relacionados de todo o mundo”. Pretendeu-se ainda, com a iniciativa, “promover o intercâmbio e a cooperação”, bem como “explorar oportunidades de negócio”. Lei Wai Nong, secretário para a Economia e Finanças, lembrou que a Expo de Turismo “tem vindo a aperfeiçoar-se”, além de que os 10 anos de existência do evento constituem “um novo marco histórico”. O governante disse ainda esperar que, através do evento, “se possa continuar a desenvolver as vantagens únicas e o papel de plataforma de Macau e criar mais oportunidades de intercâmbio e cooperação para os operadores turísticos regionais e internacionais”, entre outras vertentes. A Expo contou com 830 stands e funcionou em regime híbrido. Uma das novidades foi a inauguração do Pavilhão da Lusofonia, que serviu para “mostrar a diversidade cultural” de Macau e para que o território desempenhe “o papel de plataforma entre a China e os países de língua portuguesa”. Houve ainda a estreia do pavilhão do “COTAI Strip”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaGoverno distribui 8.000 patacas para gastar até Junho No dia em que anunciou o lançamento de mais um cartão de consumo, Ho Iat Seng realçou a natureza “temporária” da medida e que o Governo não pode “sustentar a longo prazo as dificuldades da população”. A medida vai custar 5,92 mil milhões de patacas O Governo anunciou a distribuição de uma nova ronda de 8 mil patacas, através de um programa que apelidou de “subsídio de vida com carácter de benefício generalizado para todos os residentes”. A apresentação do novo apoio decorreu na sexta-feira e a medida foi justificada com a necessidade de “aliviar a pressão financeira dos residentes”. Após uma reunião do Conselho Executivo, Tai Kin Ip, director dos Serviços Financeiros (DSF), alertou que, apesar do orçamento de 5,92 mil milhões de patacas para esta medida, as autoridades precisam de ser cautelosas com a reserva financeira. Em causa está a possibilidade de surgirem novos surtos. “Temos um orçamento de 5,92 mil milhões de patacas, mas precisamos de ter uma reserva para um eventual surto de epidemia”, afirmou Tai Kin Ip, em conferência de imprensa. “Sabemos que há muitas incógnitas e que temos de nos preparar para um eventual surto”, acrescentou. Também no dia seguinte, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, destacou que este apoio é “só uma medida temporária”, e avisou a população para o pior ao afirmar que o Governo não pode “sustentar a longo prazo as dificuldades da população”. As autoridades esperam que o investimento de 5,92 mil milhões de patacas na economia resulte num efeito multiplicador no consumo de 10 mil milhões de patacas. Daqui a um mês O programa entra em vigor a 28 de Outubro deste ano e pode ser utilizado até 30 de Junho de 2023. Ao contrário da ronda de apoios à população ainda em vigor, as 8 mil patacas podem ser utilizadas directamente em consumo, ou seja, sem haver necessidade de fazer carregamentos para aproveitar totalmente o dinheiro distribuído. O consumo diário está limitado a 300 patacas. Na ronda em vigor, os residentes receberam 5 mil patacas para gastar directamente e 3 mil patacas para descontos no consumo. Em relação às pessoas que receberam os apoios em vigor através de aplicações de pagamentos móveis, a transferência das 8 mil patacas acontece de forma automática. Quem recorreu ao cartão de consumo, vai ter de gastar o montante que tem no cartão até ter menos de 10 patacas, e depois pode fazer um novo carregamento nos locais habituais, sem necessidade de registo. A medida volta a deixar de fora os não-residentes. “Vamos dar prioridade aos residentes de Macau, entre os que estão aqui a viver, residentes permanentes ou não-permanentes. Seguimos a mesma regra”, justificou Tai Kin Ip.
Hoje Macau Manchete PolíticaMacau vai arrendar terreno nas Portas do Cerco para extensão do Metro O Chefe do Executivo salientou ainda que, na reunião de sexta-feira, o Governo Central autorizou Macau “a aproveitar” um terreno situado junto no norte do território, para construir uma ligação entre as Portas do Cerco, principal fronteira com a China, e uma futura linha leste do Metro Ligeiro em Qingmao. O terreno será arrendado, mas Ho Iat Seng não revelou a quantia que a RAEM irá pagar à China, dizendo apenas que não é elevada. “A Linha Leste não previa esta ligação para o posto de Qingmao, mas a ligação é importante para conseguirmos promover o Metro Ligeiro como um transporte colectivo rápido. Também não podia chegar às Portas do Cerco, era impossível porque havia um terreno que não pertence à jurisdição de Macau, mas à administração de Zhuhai. Mas agora vamos poder aproveitar esse terreno nas imediações das Portas do Cerco para fazer uma ligação do Metro Ligeiro até ao posto de Qingmao”, afirmou Ho Iat Seng, citado pelo canal Macau da TDM. Em relação ao arrendamento do terreno, o Chefe do Executivo aproveitou o momento para afirmar que “o Governo Central presta, igualmente, apoio a Macau no que diz respeito a acelerar a concretização de grandes projectos de infra-estruturas.” Custo não revelado O secretário para a Administração e Justiça, André Cheong não revelou a quantia que a RAEM irá desembolsar pelo arrendamento do terreno, mas assegurou que não será avultada. “Não é um espaço de arrendamento muito grande, é apenas aquele terreno nas Portas do Cerco onde serão instalados os pilares para a passagem do Metro Ligeiro. A área não é muito grande, tem cerca de 3000 ou 4000 metros quadrados, por isso a renda não vai ser muito cara”, afirmou o governante, sem relevar as quantias envolvidas. Apesar de o início das obras ainda não ter data para arrancar, o Chefe do Executivo adiantou que o processo deverá começar com brevidade. “Vamos tentar abrir o concurso público o mais rapidamente possível, talvez em Novembro”, indicou Ho Iat Seng, recordando que até começarem as obras é necessário seguir os procedimentos normais de adjudicação de obra. Porém, a prioridade é que “as obras se iniciem muito em breve”.
João Luz Manchete PolíticaCovid-19 | Emissão de e-vistos e excursões regressam dentro de um mês Depois de muitas súplicas de políticos e empresários, as autoridades chinesas vão voltar a emitir vistos electrónicos e a permitir a vinda de excursões a Macau. Ho Iat Seng agradeceu a atenção prestada pelo Governo Central à RAEM e apontou o retorno das excursões para Novembro A China vai voltar a permitir excursões organizadas e a emissão de vistos electrónicos para visitas a Macau, até Novembro, anunciou o Chefe do Executivo no sábado, numa conferência de imprensa para apresentar uma “série de medidas benéficas” para Macau, lançadas pelo Governo Central. Ho Iat Seng adiantou que a emissão de vistos electrónicos deverá ser retomada “muito em breve”, tendo apontado para “finais de Outubro ou início de Novembro”. Quanto às excursões organizadas, o Chefe do Executivo previu que possam recomeçar em Novembro, uma vez que será necessário “um mês para a preparação”, nomeadamente para “restabelecer contactos com agências de viagens e companhias aéreas”. Desde o início da pandemia que o Governo Central chinês suspendeu as viagens em grupo e a emissão de vistos para turistas individuais com destino a Macau, para prevenir surtos de covid-19. A reabertura vai começar pela província vizinha de Guangdong (sudeste), tradicionalmente a maior fonte de turistas para Macau, e será depois alargada às províncias de Fujian (sudeste), Zhejiang (leste) e à cidade de Xangai (na costa central da China), disse Ho Iat Seng. As restrições impostas aos viajantes da China continental durante a pandemia causaram uma queda de mais de 80 por cento no número de turistas que chegaram a Macau nos dois anos anteriores, em comparação com 2019. Tendo em conta que o turismo é o sector dominante da economia da região administrativa especial chinesa, o responsável admitiu que “a situação é muito difícil” para a população. Ho Iat Seng admitiu a natural dependência da indústria turística do Interior da China, e que o Executivo “comunicou junto do Governo Central as necessidades concretas da cidade” e revelou que o regresso das excursões a Macau teve consentimento do Comissão Nacional de Saúde, “após a negociação entre serviços de prevenção epidémica”, indicou o Gabinete de Comunicação Social. Boa jogada A decisão da China de retomar as excursões organizadas e os vistos electrónicos para Macau vai dar às sete concorrentes às licenças de exploração de jogos “uma certa confiança no futuro”, acrescentou na mesma ocasião André Cheong. O presidente da comissão de avaliação das propostas e secretário para a Administração e Justiça disse que o Governo “está confiante em que as concessionárias irão apostar no futuro de Macau”. Devido à suspensão, que se prolonga há mais de dois anos, “é natural” que várias concorrentes “possam sentir algumas preocupações” quanto ao eventual retorno de um investimento em Macau, admitiu André Cheong. Em relação às restrições à entrada de turistas vindos do Interior da China e do estrangeiro, Ho Iat Seng garantiu que “não se irão prolongar durante 10 anos”. “As operadoras estão até mais cientes disto” do que as próprias autoridades, acrescentou. Ao contrário do que acontece para quem entra pela fronteira com a China, quem chega de Hong Kong ou do estrangeiro continua a ser obrigado a cumprir uma quarentena de sete dias fechado num quarto de hotel, seguido de três dias de “autovigilância médica”, que pode ser feita em casa. Com LUSA
João Santos Filipe Manchete SociedadeAutoridades sem planos para reduzir quarentena de sete dias O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus afastou ontem a possibilidade de reduzir a quarentena de sete dias para quem vem do estrangeiro. Confrontada com a questão, Leong Iek Hou apontou que actualmente cerca de 10 por cento dos casos importados são identificados no sexto ou sétimo dia da quarentena. “Com a variante Ómicron, em princípio o período de incubação é de quatro dias. Outras variantes têm um período de incubação de 10 dias. Em Macau, nos hotéis de quarentena o período de incubação é normalmente de três dias, com a apresentação de sintomas ao segundo e terceiro dia. Mas há um número mais reduzido, em que os positivos só surgem ao sexto ou sétimo dia”, afirmou Leong. “Em 90 por cento dos casos conseguimos detectar a infecção nos primeiros dias, mas há 10 por cento em que só se identifica depois”, acrescentou. Na ocasião, Leong voltou a considerar que as vidas do exterior apresentam um maior risco do que as do Interior do país. “Estamos no período de normalização dinâmica, não temos vírus. As pessoas provenientes de fora têm um maior risco, diariamente temos casos importados”, sustentou. “Se reduzirmos os dias de inspecção médica, existe um risco de o vírus entrar na comunidade”, alertou. Nas próximas semanas devem ser retomados os voos entre Macau e o Japão. Sobre estas alterações, Leong admitiu que vai trazer riscos maiores para o território, mas afirmou que as autoridades estão preparadas para lidar com a situação. Semana complicada Na conferência de imprensa, as autoridades pediram ainda às pessoas para terem cuidado nas deslocações ao Interior, e a terem cuidado com algumas regiões onde há casos activos do vírus. Se por um lado, Leong admitiu que não há indicações sobre alterações na política de Zhuhai de entrada das pessoas vindas de Macau, por outro, recomendou aos residentes cautela nas deslocações ao Interior. A médica pediu ainda às pessoas que passam a fronteira para ver os familiares que utilizem sempre máscara, evitem concentrações e se mantenham atentas a eventuais sintomas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAbandono | Irmãos encontrados mortos em avançado estado de decomposição A situação foi detectada na quarta-feira, após o alerta de um vizinho que estranhou não ver os dois irmãos há quase um mês. A irmã era responsável pelo irmão, que tinha problemas de mobilidade e raramente saía de casa Dois irmãos idosos foram encontrados mortos em casa, de acordo com informação divulgada pela Polícia Judiciária (PJ). O caso foi classificado como descoberta de dois cadáveres, mas as autoridades admitiram ainda não ter elementos sobre todos os factos referentes ao caso. Segundo o relato das autoridades, o alerta para a possível existência de dois cadáveres num prédio na Rua da Penha chegou ao Corpo de Bombeiros, pelas 16h42. Na origem do aviso esteve a preocupação de um vizinho que decidiu pedir ajuda às autoridades, depois de um longo período sem ver nenhum dos irmãos, um homem e uma mulher de idade avançada. O homem tinha problemas de mobilidade e estava dependente da irmã. Ao forçarem a entrada na residência, os bombeiros depararam-se com dois corpos, em quartos separados, em avançado estado de decomposição. A informação revelada pela Polícia Judiciária na quarta-feira à noite, mostrava que as autoridades não sabiam qual dos irmãos tinha morrido primeiro. Sobre a mulher, de 78 anos, foi referido que “terá morrido há mais de um mês”. A residente era responsável pelo irmão, de 74 anos, que estava dependente dos seus cuidados permanentes. Porém, o comunicado é pouco específico em relação ao irmão, limitando-se a dizer que “estava morto há muito tempo”. O tempo das mortes indicado pelas autoridades, aponta para as semanas em que o território viveu uma situação de confinamento e ainda da prática de testes em massa regulares. Além destas condições, os corpos não apresentavam marcas de maus-tratos, nem ferimentos que pudessem indiciar agressões ou outros crimes. Apoios aos vizinhos Após a revelação do caso, Agnes Lam, ex-deputada e académica, apelou, através das redes sociais, para que a população se mantenha atenta aos vizinhos. “Tomem conta dos vossos vizinhos e não deixem que esta tragédia volte a acontecer”, escreveu. Também o ex-deputado Sulu Sou comentou a tragédia: “Todas as tragédias sociais são cometidas por homens, não acontecem devido a um simples acidente”, apontou. Não é a primeira vez que pessoas isoladas são encontradas mortas em Macau várias semanas depois do óbito. Em Maio de 2020, uma mulher com 51 anos foi encontrada morta em casa com os dois cães, que também acabaram por morrer por falta de auxílio. Nessa altura, e já no contexto de pandemia, Paul Pun, secretário-geral da Caritas Macau, apelou à proximidade entre a comunidade. “Face ao impacto da pandemia, já fui questionado por várias pessoas sobre o que podemos fazer para contribuir para ultrapassar a situação. Por isso, encorajo a comunidade que se preocupe não só com os familiares, mas também com os vizinhos e com as pessoas com quem se deparam todos os dias”, sublinhou.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaJogo | Académico acredita na fusão entre Genting e outra operadora Glenn Mccartney acredita que a Genting poderá fundir-se a uma concessionária presente em Macau, apostando numa estratégia com ganhos para todos. O especialista em turismo, e docente da Universidade de Macau, defende que será mais razoável apostar, a curto prazo, em mercados regionais ao invés de tentar captar turistas internacionais Mesmo que não obtenha uma licença de jogo no concurso público em curso, a Genting poderá entrar no mercado de jogo através de uma parceria estratégica com uma concessionária presente no sector do jogo de Macau. A ideia é deixada por Glenn Mccartney, docente da Universidade de Macau (UM) e especialista em turismo, que ontem protagonizou a palestra “Macao by 2033 – Setting Expectations” [Macau em 2023 – Estabelecer Expectativas”, promovida pela Câmara de Comércio Britânica em Macau. O académico destacou ao HM o facto de a Genting ter um forte portefólio nos mercados de jogo e entretenimento. “Provavelmente, não vão ganhar uma licença de jogo, mas podem ter uma presença no Cotai em parceria estratégica com outra operadora, numa espécie de sinergia, de modo a reforçar o seu portefólio de operações. Podemos ter na strip do Cotai um cenário de ganhos para ambos os lados.” Glenn Mccartney frisou que “qualquer uma das seis operadoras pode querer sentar-se com a Genting”. O analista disse ainda que os concorrentes às novas licenças de jogo terão de fazer bem as contas tendo em conta o cenário de crise económica e o prazo de concessão de apenas dez anos. “A recuperação vai ser lenta. Quando as novas licenças forem atribuídas, imaginemos que em Janeiro, será que o mercado já estará mais restabelecido? As fronteiras já terão regressado à normalidade? Será que é suficiente uma concessão de dez anos, tendo em conta que não está garantido o regresso ao número de turistas registado no período pré-covid?”, questionou. “A recuperação do mercado leva algum tempo e [as operadoras] têm de começar a pensar na dívida antes de pensarem nos lucros. As concessionárias terão de pensar no período final dos dez anos, no que irá acontecer depois disso, sempre numa perspectiva de longo prazo”, frisou. Primeiro os regionais Questionado sobre as mudanças que o sector do jogo vai enfrentar depois de atribuídas as novas licenças, Glenn Mccartney não tem dúvidas de que a ilha de Hengqin “poderá contribuir para acelerar a recuperação na zona do Cotai”. Apostar no mercado internacional, hipótese admitida pelas autoridades, é algo irrazoável para o académico. “Atingir o mercado internacional será difícil a médio e curto prazo. O desenvolvimento dos mercados regionais é algo mais realista porque podemos trabalhar com companhias aéreas e operadores turísticos. Não devemos pensar demasiado alto [para já] mas sim em estratégias com ganhos rápidos a curto prazo.” Glenn Mccartney pensa que, na área dos elementos não-jogo, as operadoras que participam no concurso público “apresentaram bons projectos como resposta técnica e não estratégica”, pois, para que uma estratégia funcione, “são necessários muitos operadores”. “As autoridades de turismo apresentaram uma espécie de lista de desejos, com mais turistas internacionais ou aposta no turismo de saúde, por exemplo. Mas tais ideias são comuns em qualquer jurisdição do turismo a nível mundial. Há muito que se fala na captação de turistas internacionais”, lembrou o académico.
João Luz Manchete PolíticaFAOM | Sugestão para novo apoio de 8.000 agradou a Ho Iat Seng Será anunciada em breve uma nova ronda de apoios à população, em cartão de consumo, muito provavelmente no valor de 8.000 patacas. Este foi um dos destaques da reunião de ontem entre a comitiva da FAOM e o Governo, no âmbito da preparação para as Linhas de Acção Governativa 2023 Como vem sendo tradição em época de pré-apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG), uma reunião entre uma associação tradicional e o Chefe do Executivo resulta no anúncio de uma ronda de apoios à população. Foi quase o que aconteceu ontem após o encontro entra a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e o Governo. À saída, o presidente dos Operários, Lee Chong Cheng, afirmou ter sugerido a distribuição de mais 8.000 patacas em cartão de consumo e que Ho Iat Seng terá respondido positivamente à ideia, que tem sido defendida por quase todos os quadrantes políticos e sociais no território. Apesar de não dar certezas, o dirigente da FAOM mostrou-se confiante de que o Executivo irá seguir o modelo de apoios dados no passado e que o anúncio da próxima ronda estará para breve. Em contrapartida, o líder dos Operários e ex-deputado afirmou que Ho Iat Seng terá listado as ideias sugeridas pela FAOM enquanto sugestões a ter em conta para as LAG. No total, a comitiva dos Operários levou ao Chefe do Executivo 18 propostas, incluindo a manutenção dos cheques pecuniários e dos vales de saúde, assim como subsídios para atenuar nos orçamentos familiares o peso das despesas com água e electricidade. No plano do mercado de trabalho, Lee Chong Cheng disse que Ho Iat Seng garantiu que a mão-de-obra no mercado laboral de Macau não terá um incremento de trabalhadores não-residentes. Em particular no sector da construção, foi referido que o “Governo vai regulamentar as obras públicas de forma a garantir que os construtores não podem aumentar o número de trabalhadores não-residentes”. Além disso, o líder do Governo destacou que as novas concessões de jogo foram desenhadas para assegurar que a empregabilidade de trabalhadores residentes se mantém estável na indústria do jogo, sector que Lee Chong Cheng acredita continuará a ser o principal pilar da economia de Macau. Por outro lado, o dirigente da FAOM indicou que o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, assegurou que o Governo da RAEM está a tentar ao máximo negociar a possibilidade de Macau receber excursões do Interior da China, assim como alargar a validade dos testes de ácido nucleico para sete dias. Porém, não foram dadas garantias de que as duas ambições do Executivo da RAEM seriam implementadas antes da Semana Dourada.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAL | Kou Hoi In diz que plenário ficou mais eficaz sem “democratas” Na última sessão legislativa, os deputados precisaram de mais reuniões plenárias e em sede de comissão para aprovarem menos leis. Também a média de intervenções antes da ordem do dia diminuiu. Contudo, Kou Hoi In afirma que houve “um aumento significativo da eficiência” nos trabalhos legislativos O presidente da Assembleia Legislativa, Kou Hou In, considera que sem democratas o hemiciclo trabalha “de forma mais racional e pragmática”. A posição foi tomada ontem, no Relatório de Actividades da VII Legislativa da 1.ª Sessão Legislativa. Esta é a primeira Legislatura em que parte do eleitorado deixou de ter representação no hemiciclo por motivos políticos, com a exclusão de 21 candidatos de seis listas. Circunstância cujos efeitos mereceram elogios de Kou Hoi In. “A 7.ª Assembleia Legislativa, nascida sob o princípio de ‘Macau governado por patriotas’, iniciou os seus trabalhos com um novo rosto e alento para a consolidação e desenvolvimento das bases sociopolíticas do território, assentes na sua excelente tradição do amor pela Pátria e por Macau, facto que permitiu a este Hemiciclo trabalhar de forma mais racional e pragmática”, escreveu Kou Hoi In. “Não obstante o enorme volume de trabalho, verificou-se um aumento significativo da eficiência da Assembleia Legislativa”, acrescentou. A história dos números Kou Hoi In não explica o critério adoptado para defender a maior eficácia verificada na sessão legislativa transacta, mas os números que apresentou parecem indicar uma realidade diferente. Na sessão legislativa que terminou no mês passado foram necessárias 21 reuniões plenárias para aprovar 19 leis, 14 deliberações simples do plenário e ainda uma resolução. No último ano legislativo, antes das exclusões de listas candidatas às eleições, em 17 reuniões plenárias foram aprovadas 22 leis, 32 deliberações simples do plenário e uma resolução. Também para aprovar menos leis, os deputados precisaram de mais reuniões em sede de comissão, com 159 reuniões em sede de especialidade para aprovar 19 leis, contra as 120 reuniões anteriores, que levaram à aprovação de 22 leis. Os únicos dois aspectos que parecem indicar mais eficiência são o crescimento do número de interpelações escritas, que aumentou de 631 para 670 interpelações, e do incremento da média de interpelações orais. Há dois anos foram feitas 89 interpelações orais em 10 reuniões plenárias, uma média de 8,9 interpelações orais por reunião. No ano que acabou foram feitas 82 interpelações em 8 reuniões, uma média 10,3 por reunião. Dificuldades reconhecidas Kou Hou In reconheceu ainda as dificuldades que vão continuar a afectar o território, por motivos que diz externos e internos, e promete que todos os deputados vão trabalhar para unir a sociedade. “Em resultado do forte impacto da epidemia, Macau está a enfrentar a árdua missão do desenvolvimento económico e social, bem como uma conjuntura complexa de desenvolvimento tanto a nível interno como externo”, indica. “Por conseguinte, todos os Deputados à 7.ª Legislatura da Assembleia Legislativa […] estão empenhados em trabalhar conjuntamente na união de todos os sectores da sociedade, no desenvolvimento da economia, na melhoria da vida da população, na consolidação dos resultados da prevenção e controlo da epidemia, e na promoção de uma melhor integração de Macau no desenvolvimento nacional”, acrescentou. Em férias desde 1 de Setembro, visto que ao contrário do normal, e devido à pandemia, o funcionamento foi prolongado até 31 de Agosto, a Assembleia Legislativa retoma os trabalhos normais a 16 de Outubro. Pang Chuan campeão das faltas Ao longo da primeira sessão da Legislatura nenhum deputado faltou tanto quanto Pang Chuan, nomeado pelo Chefe do Executivo. Em 41 sessões plenárias, Pang foi a 36, em 64 reuniões da 2.ª Comissão Permanente foi a 58 e em sete reuniões da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas compareceu a cinco. Ainda assim em nenhum dos trabalhos que esteve envolvido o deputado registou uma média de participação inferior a 70 por cento. Ngan Iek Hang: morador activo Apesar de ser estreante no hemiciclo, Ngan Iek Hang, ligado aos Kaifong, foi o deputado mais activo ao nível das intervenções antes da ordem do dia e interpelações. Segundo os dados da AL, Ngan Iek Hang foi o orador em 16 intervenções antes da ordem do dia, assinou 44 intervenções escritas e 4 orais. Ron Lam, Ma Io Fong e Ho Ion Sang apresentaram registos semelhantes. Em comparação com Ngan, Lam e Ma apenas assinaram menos uma interpretação escrita, com um total de 43 intervenções. Por sua vez, e Ho, colega de bancada de Ngan, falou em menos uma ocasião, com 15 intervenções antes da ordem do dia.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTurismo | Autoridades cautelosas com Semana Dourada Maria Helena de Senna Fernandes reconheceu que as expectativas do Governo para a Semana Dourada são “um pouco conservadoras”, devido ao impacto da pandemia e à exigência de testes com a validade de dois dias A directora dos Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes, admitiu que o Governo tem expectativas “um pouco conservadoras” para o número de visitantes durante a Semana Dourada. Em declarações prestadas ontem, a directora não adiantou um número, mas deixou a esperança de que o número de visitantes vá aumentado com o passar dos dias. De acordo com as explicações, citadas pelo jornal Ou Mun, o Governo não espera que haja um grande crescimento do número de visitantes durante os feriados, ao contrário do que acontecia antes da pandemia. Em causa, está a situação pandémica, que pode fazer com que a qualquer altura surja mais restrições de circulação. Outro dos motivos para as previsões conservadoras, é o facto de os turistas necessitarem de um teste de ácido nucleico com a validade de 48 horas para circularem entre Macau e Zhuhai. Várias vozes em Macau pedem que o prazo seja aumentado para sete dias. Contudo, na última vez que esta medida foi tomada, em menos de uma semana, surgiu o surto de 18 de Junho. No entanto, segundo o Governo, não há provas que indiquem que o surto teve origem no Interior. Também ontem, não foi feita qualquer previsão sobre a taxa de ocupação média dos hotéis para o período da Semana Dourada. Trabalho de casa A directora dos Serviços de Turismo abordou também as declarações de Huang Liuquan, vice-director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado. Durante uma conferência do Departamento de Propaganda do Comité Central do Partido Comunista da China, na terça-feira, foi deixada a promessa que o Interior iria estudar medidas para apoiar Macau. Sobre este assunto, Maria Helena de Senna Fernandes admitiu não ter qualquer informação, mas destacou que as autoridades locais têm de se focar no seu trabalho e promover bem Macau como um destino de turismo. Entre Janeiro e Agosto entraram no território 3.806.263 visitantes, menos 25,8 por cento, face ao período homólogo do ano transacto. Os números de excursionistas (2.341.772) e de turistas (1.464.491) caíram 6,5 por cento e 44,2 por cento, respectivamente.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Davis Fong aponta necessidade de adaptação para atrair estrangeiros O futuro do jogo em Macau passa pela adaptação da oferta para atrair apostadores estrangeiros. Este foi um dos caminhos apontados por Davis Fong que indica que o sector continuará a ser âncora da economia local. Por seu lado, Song Wai Kit encara as novas concessões como uma forma criativa para Macau sair da crise A entrada de sete candidatos na corrida às seis concessões de jogo reflecte a forma como Macau ainda é um mercado atractivo, considera o ex-deputado Davis Fong, do Instituto de Estudos sobre a Indústria do Jogo da Universidade de Macau. O académico partilhou a sua visão sobre o futuro do sector e da economia local na edição de ontem do programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau. Na próxima década, Davis Fong prevê que a economia de Macau não dependa exclusivamente da indústria do jogo, mas tenha por base múltiplos sectores impulsionados por políticas do Governo. “Ainda assim, a indústria do jogo continuará a ser o principal pilar da economia de Macau e um garante de estabilidade económica e financeira”, acrescentou o académico. O presidente da Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau, Song Wai Kit, também participou na conversa, destacando o papel preponderante para a retoma económica das exigências que o Governo fez para as novas concessões. “Os problemas da economia de Macau emergiram durante a pandemia e puseram a nu a dependência completa do território em relação à indústria do jogo. Estes problemas podem ser resolvidos com os elementos não-jogo exigidos para as novas concessões”, indicou. Song Wai Kit referiu-se especificamente à lista de 11 requisitos obrigatórios para as futuras concessionárias: promover o turismo internacional, a indústria de exposições e convenções, entretenimento, organizar eventos desportivos de grande escala, apostar na arte e cultura, turismo de saúde, parques temáticos, destacar no plano internacional Macau como uma cidade gastronómica, desenvolver o turismo de base comunitária e o turismo marítimo. Influenciadores externos A atracção de turistas e apostadores estrangeiros é uma das condições essenciais no futuro dos casinos do território. Nesse aspecto, David Fong recordou que antes da pandemia, Macau era visitado por cerca de 3 milhões visitantes estrangeiros por ano, totalizando 7,8 por cento dos turistas que visitaram Macau em 2019, principalmente provenientes da Coreia do Sul, Japão e Filipinas. Como tal, o académico defende que a cidade tem atributos únicos, fora do jogo, capazes de atrair turistas estrangeiros. Ainda assim, face ao novo paradigma da indústria, Fong sugeriu aos microfones da emissora pública que o sector se deve ajustar, nomeadamente oferecendo novos jogos, zonas exclusivas para jogadores estrangeiros e funcionários da linha da frente fluentes em língua além do chinês. No fundo, adaptar a oferta para privilegiar o jogador estrangeiro.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCooperação | Mais de 5.000 empresas com capital de Macau em Hengqin Estão instaladas na Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin mais de cinco mil empresas de Macau, número que cresceu no último ano com mais de 700 companhias a sediarem-se na Ilha da Montanha. Dados oficiais indicam ainda o aumento anual de 55 por cento do número de pessoas de Macau que trabalham em Hengqin Dados da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma revelam que há cada vez mais empresas de Macau sediadas na Zona de Cooperação Aprofundada de Macau em Hengqin. Segundo um comunicado da entidade, estão sediadas na Ilha da Montanha mais de cinco mil empresas com capital de Macau, sendo que, no último ano, houve um aumento de 700 empresas recém-criadas do outro lado da fronteira. Relativamente às pessoas de Macau que trabalham na Zona de Cooperação Aprofundada, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma deu conta de um aumento anual de 54,5 por cento. Xiao Weiming, director do departamento de economia regional da comissão, escalpelizou os números numa conferência de imprensa, indicando que as políticas de fomento à fixação de empresas e pessoas, bem como a redução dos impostos sobre as rendas cobrados às empresas ou a quebra, em cerca de 70 por cento, da carga fiscal para residentes de Macau, ajudam a explicar os dados. Xiao Weiming revelou ainda que mais de mil profissionais do território, de áreas como a construção civil, turismo e saúde, entre outras, receberam a certificação para poderem trabalhar em Hengqin. A região está totalmente aberta à entrada de veículos de Macau não comerciais, estando a ser acelerada a construção de faixas para camiões no Posto Fronteiriço de Hengqin, incluindo a plataforma central de transportes do lado de Macau, e foram concluídos os espaços de supervisão alfandegária. Um olá à Grande Baía Quanto ao projecto da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau, Xiao Weiming apontou que tanto os residentes de Macau como de Hong Kong consideram cada vez mais conveniente viver no Interior da China. O responsável deu como exemplo a política de recrutamento de funcionários públicos destinada a estes residentes, sem esquecer a base para a inovação e empreendedorismo para os jovens de Macau. Além disso, alguns projectos de incubação de empresas têm atraído jovens das regiões administrativas especiais. Relativamente à segurança social, Xiao Weiming destacou que os residentes das duas regiões administrativas especiais têm mais vantagens em participar nos planos na Grande Baía, e que mais de 280 mil residentes já dispõem destes planos na província de Guangdong.
João Santos Filipe Manchete PolíticaLAG | Ho Iat Seng considera que território é atraente para turistas Com a aproximação da Semana Dourada, o Chefe do Executivo garantiu que o Governo se está a preparar para receber turistas do Interior e preparar o caminho para a recuperação económica O Chefe do Executivo considera que Macau é atraente para turistas e que com o levantamento das restrições durante a Semana Dourada é possível “impulsionar” a recuperação económica. As declarações foram feitas ontem durante um encontro com os membros de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). Segundo o Chefe do Executivo, como “Macau é uma cidade que muitas pessoas desejam visitar”, o Governo está a preparar “as próximas férias longas do Interior da China” com o objectivo de “assegurar a estabilidade das fontes de turistas e impulsionar a recuperação económica”. Em conversa com os membros do comité nacional da CCPPC, o Chefe do Executivo agradeceu também a promessa do vice-director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, Huang Liuquan, que afirmou que vão ser estudadas medidas a pensar no turismo de Macau e na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau na Ilha da Montanha. Em tempos de crise, Ho Iat Seng encorajou ainda os representantes de Macau no Comité Nacional da CCPPC a apresentar propostas sobre áreas que dominam e que podem ser benéficas para a economia de Macau. Chuva de elogios Por parte dos membros do CCPPC, Ho Iat Seng ouviu elogios pelo trabalho realizado. O empresário Ma Iao Lai afirmou que “são extremamente evidentes” os resultados “dos diversos trabalhos promovidos” na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau na Ilha da Montanha. Alexandre Ma destacou também que os “resultados frutíferos” estão a permitir “acelerar o ritmo de integração de Macau no desenvolvimento do país”. Desde que o plano foi apresentado, há cerca de um ano, Macau entrou na mais grave crise económica desde 2009, devido às restrições impostas ao turismo e justificadas com a pandemia da covid-19. Ainda assim, Ma Iao Lai entende ser necessário apresentar esclarecimentos completos sobre os regulamentos para atrair investidores para a Zona de Cooperação. A garantir empregos Por sua vez, Liu Chak Wan agradeceu “o forte empenho na liderança dos serviços públicos nos trabalhos de prevenção epidémica” e terá elogiado a preparação de “diversos planos de contingência para o combate à epidemia”. O também empresário considerou positivo que o Governo tenha apostado em “medidas de garantia de emprego, estabilização da economia e asseguramento da qualidade de vida da população”. Sobre o futuro da economia local, Liu Chak Wan propôs “a aceleração do ritmo de desenvolvimento de finanças modernas no mercado de obrigações, com o intuito de atrair investidores locais, regionais e estrangeiros”.
Hoje Macau Manchete SociedadeTribunal | Alvin Chau diz que apostas ilícitas são recorrentes em Macau Alvin Chau, ex-CEO do grupo Suncity que está a ser julgado por suspeita da prática dos crimes de burla e branqueamento de capitais, disse ontem em tribunal que as apostas ilícitas acontecem com frequência em Macau, na forma de “apostas paralelas” ou “multiplicadas”, em que uma aposta dita formal, ou registada, representa apenas uma parte do real montante gasto em apostas privadas nas salas VIP. A ideia, com esta prática, é evitar o pagamento de taxas sobre essa receita, adiantou. Segundo o portal Macau News Agency (MNA), Alvin Chau garantiu aos juízes que esta prática “acontece em quase todos os casinos em Macau, incluindo nas salas VIP operadas pelos junkets e aquelas que são directamente geridas pelos operadores de jogo”. “Tal começou a acontecer mesmo antes da criação do grupo Suncity. Provavelmente antes da transição. É um lugar-comum. Acontece todos os dias”, frisou o primeiro arguido do processo. Esta prática, referiu ainda, acontece quando nas salas VIP se juntam grupos com mais de dez pessoas, compostos por jogadores e diferentes representantes de promotoras de jogo. “Muitas vezes os funcionários [nos casinos] podem dispersar os grupos se houver muita gente nas pequenas suites, e podem perguntar aos jogadores o que estão a fazer, e eles vão dizer apenas que são amigos”, salientou Alvin Chau. O arguido foi questionado sobre uma possível intervenção de agências neste processo, mas Chau disse apenas “que é difícil” que isso aconteça, uma vez que apenas está em causa “um entendimento verbal entre jogadores e representantes dos junkets”. Sem aviso Nas declarações prestadas no segundo dia de julgamento, Alvin Chau apontou ainda o dedo ao regulador, a Direcção da Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), ao referir que a entidade nunca disponibilizou materiais promocionais que informem os jogadores de que as apostas paralelas não são legais em Macau. A acusação do Ministério Público fala de empresas ligadas à Suncity que geriam estas apostas, tendo sido revelado em tribunal um documento com regras a cumprir pelos funcionários sobre este tipo de apostas. O documento, segundo a MNA, tinha o logotipo da Suncity. Alvin Chau, que desde o primeiro dia de julgamento nega todas as acusações que lhe são imputadas, voltou a recusar também o envolvimento da empresa que liderou. “As apostas debaixo da mesa não faziam parte do negócio da Suncity, e ninguém da nossa empresa tinha direito a autorizar este tipo de apostas”. Acusado de operar apostas online e via telefone [em que uma pessoa funciona como intermediário na aposta], Alvin Chau disse que o grupo Suncity deixou de operar apostas via telefone em 2016, após esta acção ter sido banida em Macau, tendo continuado este tipo de operação nas Filipinas. “A Suncity apenas esteve envolvida no negócio das apostas telefónicas, mas não nas apostas online”, frisou.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteGP | Pilotos e equipas com menos oportunidades de preparação A temporada de 2022 tem sido especialmente difícil para o automobilismo chinês. As restrições nas deslocações e os diversos confinamentos locais têm causado inúmeros cancelamentos e adiamentos em todos os campeonatos nacionais e regionais. Quando o Grande Prémio de Macau se disputar de 17 a 20 de Novembro, a maioria dos participantes chegará ao Circuito da Guia com muito menos quilometragem do que em edições anteriores. Questionado pelo HM, se estes obstáculos poderão vir a ter um reflexo na performance dos pilotos no Grande Prémio, o veterano piloto português de Macau Rui Valente reconhece que “um pouco”, relembrando que “há pilotos que estão parados desde Novembro”. Como tem acontecido desde o início da crise pandémica, a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) não organizou este ano provas de qualificação para o Grande Prémio destinadas aos pilotos locais. No entanto, a associação, que no passado fim de semana colocou de pé um evento de treino para oficiais de prova no Kartódromo de Coloane, está a tentar organizar uma prova no Circuito Internacional de Guangdong para os pilotos do território ganharem um pouco mais de ritmo competitivo antes do grande evento do final do ano. Estas limitações não atingem só os pilotos da Grande Baía. O ex-mecânico e chefe de equipa Franky Choi também concorda que a falta de oportunidades para competirem poderá limitar as prestações dos pilotos da Grande Baía, pois “o ideal para qualquer piloto é chegar a esta corrida com uma época preenchida de corridas às costas”, mas aponta para um cenário de equilíbrio entre todos os concorrentes, “visto que no Interior da China estão a ser muitas provas canceladas e não deverão participar muitos estrangeiros. Apesar dos pilotos de Macau terem realizado menos provas, os outros também não fizeram muito mais”. Para Duarte Alves, engenheiro da Aston Martin Racing Asia, “uma boa parte dos pilotos tem testado muito, mas corrido menos. Sendo o Circuito da Guia um circuito muito difícil de ultrapassar, acho que a falta de tempo em pista em modo de competição não irá afectar a performance no cômputo geral, haverá, no entanto, outras dificuldades associadas”. Preço a pagar Depois de duas temporadas em que as competições de automobilismo da China continental conseguiram passar mais ou menos incólumes à pandemia, esta época tem sido a pior de que há memória. Há duas semanas, a Taça Porsche Carrera Ásia viu-se forçada a cancelar a sua prova em Zhuhai dois dias antes do início de actividades em pista, enquanto o circuito citadino de Pingtan, em Fujian, que este próximo fim de semana receberia os campeonatos da China de GT e Fórmula 4, foi chumbado na passada sexta-feira. A cidade de Xangai, aonde a Fórmula 1 espera voltar em 2023, ainda não organizou uma só corrida este ano nos seus dois circuitos permanentes. Além dos elevados prejuízos que causa, este pára-arranca das competições chinesas também tem impacto negativo no funcionamento das estruturas que preparam os carros. “Os mecânicos e engenheiros perderam um pouco de ritmo, especialmente com a pressão dos timings que se vivem enquanto se compete”, salienta Duarte Alves. “Portanto, será possível assistir a alguns erros, talvez mais falhas mecânicas ou afinações não tão boas. No ano passado, o Porsche do Alexandre Imperatori até saiu para a pista com a chave de rodas ainda na jante.” O Campeonato da China de Carros de Turismo/TCR Asia ainda só realizou um evento este ano e não sabe sequer quando poderá organizar o próximo, o mesmo acontecendo com os campeonatos da China de GT, Endurance e Fórmula 4. As possibilidades dos pilotos correrem até ao fim de semana mais importante de Novembro vão ser dramaticamente escassas, portanto qualquer tempo de pista até lá será extremamente valioso.
Hoje Macau Manchete SociedadeCovid-19 | Validade de testes para sair de Macau passa para 7 dias As autoridades de saúde anunciaram ontem que a validade do teste de ácido nucleico para sair de Macau para o estrangeiro passou de 48 horas para sete dias. A medida aplica-se aos voos para Singapura e Taiwan Macau alargou à meia-noite de ontem, de 48 horas para sete dias a validade do teste negativo da covid-19 exigido a quem apanha um voo na RAEM. O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus dos Serviços de Saúde (SSM) anunciaram ontem a medida, que também se aplica aos voos para Singapura e Taiwan. Ao contrário de Taiwan, que ainda impõe a todas as pessoas que chegam à ilha uma quarentena de três dias num hotel designado para o efeito, Singapura permite a entrada de visitantes sem quaisquer restrições. O comunicado do centro refere ainda que deixa de ser necessário qualquer teste para quem viaja para a região vizinha de Hong Kong, através da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Hong Kong não impõe quarentena a quem chega a Macau, porém, quem entrar na RAEHK, através dos programas “Come2hk Scheme” ou “Return2hk Scheme”, terá de apresentar agora o certificado de teste de ácido nucleico com resultado negativo, no prazo de 72 horas após a data da amostragem, exigido pelas autoridades de Hong Kong. Voos interiores No que toca aos voos para a China continental, o território irá também exigir um teste negativo realizado no máximo sete dias antes da partida. No entanto, o comunicado sublinha que algumas regiões da China têm requerimentos mais apertados, que podem ir até à exigência de um teste realizado 24 horas antes da partida. Macau segue a política de zero casos, apostando na testagem massiva da população e em confinamentos para evitar a propagação dos casos de covid-19. Ao contrário do que acontece para quem entra pela fronteira com a China continental, quem chega do estrangeiro ou de Hong Kong continua a ser obrigado a cumprir uma quarentena de sete dias num hotel, seguido de três dias de “autovigilância médica” que pode ser feita em casa.
João Luz Manchete SociedadeSector das ourivesarias espera atrair turistas de fora de Guangdong Apesar da relativa retoma desde o último surto, a Associação das Ourivesarias de Macau queixa-se da falta de variedade de turistas, só vêm de Guangdong, e da queda da taxa de câmbio do yuan em relação ao dólar, que afasta consumidores chineses Apesar de a validade dos testes de ácido nucleico para quem entra em Zhuhai vindo de Macau ter passado para 48 horas, a Associação das Ourivesarias de Macau gostaria de ver a validade dos testes aumentar para sete dias. Foi o que afirmou o presidente da associação, Kenny Lee Koi Ian, acrescentando que a medida poderia tornar o destino Macau mais atractivo para turistas de outras províncias, além de Guangdong. “Numa altura em que é pouco conveniente viajar, o número de turistas que entram em Macau diminuiu bastante. Actualmente, a larga maioria dos nossos clientes é da província de Guangdong. Gostávamos de receber turistas de outras províncias”, indicou ontem o dirigente. Desde o fim do último surto, entre o início de Agosto e este mês, Kenny Lee Koi Ian considera que o volume de negócios do sector das ourivesarias recuperou para cerca de 60 por cento do negócio verificado no mesmo período do ano passado. Outra questão que tem prejudicado as ourivesarias, prende-se com a queda da taxa de câmbio do renminbi em relação ao dólar norte-americano, o que torna o preço em patacas menos apetecível para os visitantes do Interior da China. O representante do sector afirmou ontem que a relação cambial teve uma consequência “inevitável” no consumo, porém, a queda recente do preço do ouro acabou por compensar a inflação. Nós no horizonte Encarando o que resta de 2022, Kenny Lee Koi Ian deposita o seu maior desejo na estabilidade pandémica, que pode significar a recuperação do sector. “A segunda metade do ano é a época alta dos casamentos. Portanto, estamos optimistas para o resto do ano, em especial já para o período da Semana Dourada, assim como Natal e Ano Novo”, apontou o responsável e dono da Seng Fung Jewellery, no centro de Macau. A Associação das Ourivesarias de Macau diz que o sector procura baixar o preço dos seus produtos para atrair mais negócio, um dos métodos passa por cortar intermediários na importação de ouro para a RAEM. Como tal, o sector tem procurado fornecedores em Shenzhen em vez de comprar através de um intermediário de Hong Kong, estratégia que pode criar vantagens regionais para Macau. Kenny Lee Koi Ian indicou ainda que está a negociar com as autoridades alfandegárias do Interior da China os procedimentos para exportação de ouro reciclado e outros materiais produzidos na China. Está em curso até amanhã uma inspecção à pureza do ouro vendido pelas lojas associadas, um acção desenvolvida pela Associação das Ourivesarias de Macau e a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico.
João Santos Filipe Manchete PolíticaPequim promete estudar medidas para melhorar turismo Apesar de reconhecer as “dificuldades e desafios” que Macau atravessa, o vice-director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado destaca que a diversificação está a ser alcançada com cada vez mais indústrias a ganharem peso na economia local O vice-director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, Huang Liuquan, prometeu que as autoridades centrais vão “activamente” estudar o lançamento de medidas para relançar o turismo na RAEM. A promessa foi deixada ontem numa conferência de imprensa, depois de Huang ter sido questionado sobre as medidas que o Governo Central vai tomar para permitir a diversificação económica. Em resposta, segundo o jornal Ou Mun, Huang Liuquan defendeu que o Governo Central tem apostado ao longo dos anos na promoção moderada e diversificada da economia da RAEM e que vai estudar “activamente” a implementação de mais medidas que promovam a recuperação. Este caminho passa também por “acelerar a construção da Zona de Cooperação Aprofundada na Ilha da Montanha, entre Macau e Guangdong”. O vice-director reconheceu também que, nos últimos anos, Macau tem sido mais afectada pela pandemia, e que a economia e a população têm enfrentado “dificuldades e desafios”. No entanto, o responsável garantiu que os elementos que permitiram o desenvolvimento económicos não sofreram alterações. Huang Liuquan afirmou também que “com o forte apoio do Governo Central” Macau vai conseguir aproveitar as suas “vantagens únicas” e alcançar novos feitos, em termos económico, melhorando a vida da população. O lado positivo No polo oposto, Huang Liuquan destacou que a diversificação está a avançar e que as “indústrias emergentes”, como o sector das exposições e convenções, medicina tradicional chinesa, sector financeiro e as indústrias culturais e criativas ocupam uma proporção cada vez maior do Produto Interno Bruto da região. Ao mesmo tempo, o dirigente do Interior sublinhou que Macau é uma cidade conhecida a nível mundial devido à gastronomia, o que prova que foi estabelecido um Centro Mundial de Turismo e Lazer. A par disso, o político vincou que Macau também se conseguiu posicionar como um centro, uma plataforma e uma base no âmbito das relações entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Sentido único Em termos políticos, Huang Liuquan insistiu no princípio Macau governado por patriotas e explicou o significado. Na visão do Governo Central, o poder tem de estar “firmemente nas mãos dos patriotas”, como diz que acontecer em todo o mundo, onde os sistemas não toleram políticos não patriotas e traidores. Huang insistiu ainda que só com pessoas com a confiança das autoridades centrais no poder é possível garantir a estabilidade a longo prazo da RAEM, e de Hong Kong. Sobre as exigências para os governantes locais patriotas, Huang Liuquan afirmou que precisam actuar de forma responsável, amar a população, ter carisma e sentido de responsabilidade. Quanto à participação da sociedade civil na construção de Macau, o político afirmou que está aberta a todos os que “apoiam verdadeiramente a política ‘Um País, Dois Sistemas’”, “cumpram a Lei Básica” e sejam “forças positivas” na construção da RAEM. Conselho de Estado | Associação tradicionais confiantes Após o Governo Central ter prometido apoiar o território com medidas pensadas para o turismo, os representantes de algumas associações tradicionais reagiram positivamente e com optimismo. Lee Chong Cheng, presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau, afirmou que é muito positivo o Governo Central prometer estudar mais medidas para apoiar a economia de Macau. Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, Lee indicou também que no passado Macau cresceu sempre com o “forte apoio do Governo Central” e que até conseguiu alguns resultados. Contudo, depois das declarações prestadas ontem, Lee entende que os resultados vão ser melhores. Neste sentido, o também membro do Conselho Executivo prometeu toda a lealdade no trabalho com o Governo da RAEM e ainda a abertura de escritórios na Ilha da Montanha e na Grande Baía, para ajudar os locais a deixarem a RAEM e instalarem-se em outras cidades e bairros. Também Chan Ka Leong, outro membro do Conselho Executivo e presidente da União Geral das Associações de Moradores de Macau, se mostrou satisfeito com as declarações do representante do Governo Central. Para Chan, a RAEM vai contar com apoio reforçado para se afirmar como um centro mundial de turismo e lazer e novas políticas de promoção do turismo vão ser concretizadas com a atribuição das novas concessões de exploração do jogo. Sobre o concurso público, o presidente dos Moradores deixou a esperança de que sirva para aumentar a oferta de elementos não-jogo no território. À imagem dos Operários, Chan também prometeu que os Moradores se vão expandir para o Interior, para que cada vez mais pessoas de Macau optem por viver no outro lado da fronteira.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteLivro | “Cultura chinesa: Uma perspectiva ocidental” apresentado em Lisboa Da autoria de Ana Cristina Alves e coordenação de Carmen Amado Mendes, “Cultura chinesa: Uma perspectiva ocidental” reúne os artigos de opinião de Ana Cristina Alves publicados no HM e no Ponto Final a partir de 2006. Em seis capítulos, explica-se ao público português diversas facetas da cultura, filosofia, política e economia chinesas Um grupo de personalidades ligadas a Macau reuniu-se na última sexta-feira na livraria Almedina, em Lisboa, para assistir ao lançamento do mais recente livro de Ana Cristina Alves, doutora em filosofia, com especialidade em filosofia e cultura chinesas, e actual directora do centro educativo do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM). “Cultura chinesa: Uma perspectiva ocidental” reúne, em seis capítulos, artigos de opinião de Ana Cristina Alves publicados na imprensa de Macau, nomeadamente nos jornais HM e Ponto Final, a partir de 2006. Carmen Amado Mendes, presidente do CCCM e coordenadora da obra, lembrou o processo de edição e revisão dos textos, iniciado em Fevereiro de 2020. “Quando assumi a presidência do CCCM ela disse-me que queria publicar [os textos], mas eu disse que o que ela tinha não era um livro, mas sim um conjunto de artigos escritos de uma forma ligeira para um público de Macau, sem contextualização. Há coisas que são óbvias para quem vive em Macau, mas não tão óbvias para quem vive em Portugal. Fizemos inúmeras revisões, acrescentamos muitas notas justificativas e referências, contextualização histórica e cultural.” Na opinião da coordenadora do livro, “faltava em Portugal uma obra dedicada à cultura chinesa que explicasse, de uma forma tão simples e objectiva, curiosidades que, muitas vezes, o leitor tem e não teria outra forma de as ver esclarecidas”. “Partimos de um período contemporâneo até às raízes históricas e mitológicas desta civilização milenar e cativante”, frisou. Sem preconceitos O livro é composto por seis capítulos e abrange áreas tão diversas do universo chinês como a economia, filosofia, política ou cultura. Ana Cristina Alves confessou que procurou sempre, no processo de escrita dos artigos, traçar “um olhar despreconceituoso sobre a China”. “Não ia honrar e louvar a cultura, mas tentei passar o olhar de uma perspectiva ocidental sem preconceitos. Aqui encontramo-nos na neutralidade. Fui aprendendo esta perspectiva de neutralidade ao longo dos anos com os próprios chineses. Tentei ver o melhor de cada civilização, mas sem nunca largar a minha perspectiva ocidental.” A obra começa pela área da filosofia, estabelecendo “comparações entre a filosofia oriental e ocidental, mas partindo da filosofia contemporânea para as raízes”. A ideia é que os leitores “ao lerem, sintam que não estão numa biblioteca, mas pensando que, quem escreveu, esteve no terreno e que, a partir das suas vivências, construiu as suas teorias filosóficas com o que viveu”. Desta forma, Ana Cristina Alves deixa claro que “o livro não pode ser considerado um livro de biblioteca, uma vez que foi um caminho existencial que foi sendo percorrido”. Constam nomes da filosofia ocidental, “mais ligados a uma tradição liberal”, como [John] Locke, Kant, Habermas e o japonês Francis Fukuyama. Neste sentido, e segundo a autora, “o pensamento ocidental contemporâneo é fundamental para fazer o balanço entre o socialismo, o nacionalismo e o espaço liberal, que é um espaço de equilíbrio, uma via do meio que o Ocidente encontra”. “O pensamento liberal permite pensar sem medo das consequências, e foi este o fio condutor que segui quando pensei na filosofia chinesa. Apresentei o melhor que pude. Na parte da filosofia política e económica também se mostrou que há um termo entre o socialismo e o nacionalismo, um espaço possível sempre de uma perspectiva ocidental”, frisou Ana Cristina Alves. O livro passa depois para a área da cultura chinesa. “Quando entramos nesse campo o fio condutor começa a ser a filosofia em geral, mas também a filosofia da linguagem, os caracteres chineses, a etimologia, e pensar no que isso nos pode trazer para compreender a cultura chinesa. Depois termina-se com filosofia e com um diálogo à maneira platónica nas considerações finais”, adiantou a autora. A apresentação esteve a cargo do jornalista António Caeiro, ex-delegado da agência Lusa em Pequim, tendo dado lugar a um debate sobre a falta de disseminação da cultura chinesa, sobretudo na área da música e cinema, em Portugal, por oposição às culturas japonesa e coreana. Para Carmen Amado Mendes, “muitos estudos têm sido feitos sobre isso e uma das grandes conclusões prende-se com a dificuldade de aprender a língua e também em termos de a língua ser considerada interessante nas músicas”. Para a presidente do CCCM, “é difícil a língua chinesa ultrapassar certas fronteiras”. Ana Cristina Alves apontou que o caminho é a aposta na educação. “[O mandarim] é uma língua radicalmente diferente [em relação ao coreano e japonês], o que resulta num grande espaço de incompreensão em relação à China. O Japão não é radicalmente neutro porque estão mais próximos do que nós, tal como os coreanos.” A autora da obra lamenta que “nunca venha ao de cima o que é a neutralidade chinesa”. “Se não partimos de um ponto neutral não conseguimos desenvolver um olhar que nos leva a compreender o outro como ele é”, frisou. No final, e perante o repto lançado por uma interveniente, ficou a promessa do CCCM vir a organizar um ciclo de cinema chinês.