Casinos-satélite | DSAL acompanha situação de 70% dos funcionários

O Governo enviou pessoal aos casinos-satélite que vão encerrar para oferecer aconselhamento legal, encaminhamento para empregos e formação profissional. As autoridades acompanharam quase 3.900 trabalhadores, cerca de 70 por cento dos recursos humanos dos casinos que vão fechar

 

As autoridades estão no terreno a tentar ajudar os trabalhadores dos casinos-satélite que vão encerrar no fim do ano. Pelo menos, de acordo com o trabalho de acompanhamento feito por equipas da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), que enviou na segunda-feira 62 inspectores a 10 casinos-satélite e três casas de máquinas de slot.

Segundo um comunicado divulgado na terça-feira à noite pela DSAL, foram organizadas 38 sessões pelas operadoras de jogo, com a supervisão da DSAL, sobre direitos laborais. Além disso, as equipas da DSAL prestaram aconselhamento legal e sobre opções de formação profissional, além de terem sugerido encaminhamento para empregos aos profissionais dos espaços que vão encerrar.

No total, as sessões de aconselhamento contaram com a participação de 3.878 trabalhadores, o que representa quase 70 por cento de toda a força de trabalho dos casinos-satélite que vão fechar. A DSAL acrescentou que irá continuar a organizar este tipo de sessões de esclarecimento sobre direitos laborais e encaminhamento dos trabalhadores.

Encontro de vontades

Ao longo desta semana, a DSAL e as três concessionárias de jogo sob cujas licenças se realizam as operações de jogo dos casinos-satélite organizaram sete sessões de emparelhamento e entrevistas de emprego. A primeira concessionária a participar foi a SJM Resorts, que na segunda-feira fez 84 entrevistas, a 87 profissionais inscritos, para empregos com funções de atendimento ao cliente, alimentação e bebidas e gestão de instalações em oito locais. As outras duas sessões ocorreram na terça-feira e ontem e foram acompanhadas por pessoal da DSAL.

Entretanto, alargando o escopo dos destinatários a todos os residentes de Macau, a DSAL anunciou ontem que vai organizar seis feiras de emprego, com 418 vagas disponíveis, para um leque de empresas ligadas ao sector.

No dia 25 de Julho, vai decorrer a sessão de emparelhamento em que a Venetian Macau irá oferecer 50 vagas para especialista no desenvolvimento de clientes (serviços premium). Na tarde de 27 de Junho, é a vez da Nova Galaxy Entretenimento disponibilizar 177 vagas de emprego para subchefe de cozinha, chefe de equipa de cozinheiros, cozinheiro sénior, chefe de restauração, empregado de mesa, empregado de bar e mestre de chá.

Na manhã de 30 de Junho realiza-se a sessão de emparelhamento para a SLOT – Sociedade de Lotarias e Apostas Mútuas de Macau, com 17 vagas para chefe de auditoria de TI, funcionário de atendimento ao cliente, operador de central telefónica, empregado administrativo e bilheteiro.

As sessões de feira de emprego incluem na SEMAC – Companhia de Segurança de Macau, empresas de gestão de propriedades e condomínios, e empresas de comércio de artigos de roupa. As inscrições abriram esta manhã e os interessados podem inscrever-se no site da DSAL até ao meio-dia da próxima segunda-feira.

19 Jun 2025

UM / Hengqin | UMTEC pede empréstimo de mais de 135 milhões

O dinheiro vai servir para cobrir as necessidades de financiamento mais imediatas da segunda fase do novo campus. Os custos da concessão do terreno, pagos às autoridades do Interior, superaram 1,40 mil milhões de patacas

 

A UMTEC, empresa de investigação da Universidade de Macau, pediu um empréstimo de 137,60 milhões de patacas (122,38 milhões de renminbis) para financiar as obras do novo campus na Ilha da Montanha. A informação foi divulgada no portal da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP).

“Tendo em perspectiva o progresso da construção do campus e o aumento das necessidades de financiamento, a UMTEC pediu um empréstimo bancário de curto prazo de 123 milhões de renminbis junto do Banco Tai Fung, em Junho de 2025”, é revelado no portal.

De acordo com a mesma informação, o empréstimo tem como fiadora a Fundação para o Desenvolvimento da Universidade de Macau, e o dinheiro destina-se a cobrir as necessidades mais imediatas da construção da segunda fase do novo campus.

Em relação à devolução posterior do dinheiro ao banco, é igualmente adiantado que a Universidade de Macau fez um pedido para que a Fundação Macau transfira a verba, mais tarde, para a UMTEC. O valor dos juros que vão ser pagos não foi revelado, nem o prazo de devolução do dinheiro.

A informação divulgada aponta também que a UMTEC ajudou a financiar a empresa Guangdong Hengqin UM Higher Education Development, criada pela UM no Interior, para construir o novo campus. A primeira fase, que implicou a obtenção do terreno, teve um custo de 977 milhões de renminbis, uma verba superior a 1,40 mil milhões de patacas.

Para 10 mil alunos

De acordo com os planos anunciados anteriormente pela UM, o terreno do novo campus está dividido em nove lotes, dos quais seis vão ser utilizados para construir laboratórios, faculdades, e outras instalações universitárias, enquanto outros três lotes se prendem com a obrigação da UM de construir as estradas da Zona de Cooperação Aprofundada.

A UM tem de construir um campus internacional na Ilha da Montanha, com a chancela do Governo da RAEM, virado para o ensino e investigação nas áreas da ciência, engenharia, agricultura e medicina. São esperados pelo menos 10 mil alunos no campus que deverá ficar concluído até 2028, ano em que iniciará as operações com 8 mil alunos, dos quais 4 mil a frequentarem licenciaturas. Espera-se também que o campus necessite de cerca de 500 funcionários para operar, não sendo ainda claro se a UM vai optar por residentes locais ou dar prioridade os residentes do Interior.

Novo fundo

Além do empréstimo, a UMTEC criou um fundo de 10 milhões de patacas apoiar empresas que possam surgir no âmbito da investigação da instituição e contribuir para “o desenvolvimento sustentável” das operações a longo prazo.

O fundo foi ainda explicado com a vontade de promover uma maior coordenação entre as vertentes da investigação e os alunos. Ao mesmo tempo, este dinheiro vai servir para fazer face a despesas inesperadas.

UMTEC tem como principais accionistas a Universidade de Macau, com uma participação de 99 por cento, e o Fundo Educativo, accionista minoritário, com uma participação de 1 por cento.

19 Jun 2025

Portugal | MP local recolhe provas para investigação a Rita Santos

O Ministério Público da RAEM está a “promover as diligências de investigação e de recolha de provas” sobre a eventual prática em Macau “de crime contra a Lei Eleitoral de Portugal”. As diligências foram requisitadas por Portugal, ao abrigo de um pedido de cooperação judiciária, devido a queixas de irregularidades nas eleições legislativas portuguesas

 

Ontem, circularam em grupos de Facebook publicações em chinês que indicavam que Rita Santos teria sido ouvida no Ministério Público (MP) da RAEM na sequência da investigação que corre no Ministério Público português decorrente de queixas que acusavam a dirigente da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) de cometer ilegalidades durante as eleições legislativas portuguesas.

O HM enviou questões ao MP local para apurar se Rita Santos terá sido interrogada, a pedido da entidade congénere portuguesa. A resposta chegou através de um comunicado em que as autoridades locais confirmam diligências, sem identificar directamente a ex-conselheira das Comunidades Portuguesas.

“O Ministério Público de Macau recebeu um pedido de cooperação judiciária formulado pelo órgão judicial da República Portuguesa, acerca de um caso criminal relacionado com as eleições para a Assembleia da República em Portugal, o qual envolve um indivíduo que terá praticado crime contra a Lei Eleitoral de Portugal em Macau. Para esse efeito, o Ministério Público está a proceder aos procedimentos necessários nos termos de lei, e a promover as diligências de investigação e de recolha de provas em conformidade com o pedido concreto do órgão judicial da parte portuguesa”, revelou o MP local.

Cartas e chamadas

O HM tentou contactar por várias vezes a ex-conselheira, que abandonou o cargo no Conselho das Comunidades Portuguesas para se candidatar às próximas eleições para a Assembleia Legislativa de Macau, mas até ao fecho desta edição não recebeu resposta, inclusive a mensagens onde foi detalhada a razão dos contactos telefónicos.

As polémicas e alegações de interferências da dirigente da ATFPM nas eleições portuguesas têm-se repetido ao longo dos últimos sufrágios. Nas eleições de 2024, o Partido Socialista apresentou uma queixa à Comissão Nacional de Eleições (CNE) contra Rita Santos e a ATFPM, indicando que várias pessoas terão recebido telefonemas de alegados membros da associação a indicar que “tratavam de tudo”, bastava o eleitor ir à sede da ATFPM com as cartas contendo boletins de voto para as eleições portuguesas.

Essa queixa acabou por ser enviada pela CNE para o MP português. Também este ano, os socialistas voltaram a apresentar queixa à CNE por alegadamente ter sido “reportada e observada a presença de indivíduos que se identificam como ‘voluntários’ à porta de uma estação dos correios de Macau, abordando eleitores para indicar onde devem votar”.

18 Jun 2025

Sufrágio indirecto | Lei Chan U de fora das listas ligadas aos Operários

A Federação das Associações dos Operários de Macau apresenta pela primeira vez duas listas ao sufrágio indirecto no sector do trabalho. Fora da corrida está Lei Chan U, que para se manter deputado pode participar no sufrágio directo ou ser nomeado pelo Chefe do Executivo

 

O deputado Lei Chan U está fora das duas listas ligadas à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) que participam no sufrágio indirecto pelo sector do trabalho. É a primeira vez desde a criação da RAEM que os dois lugares do sector do trabalho são disputados por mais do que uma lista. No entanto, o domínio da FAOM vai continuar a ser absoluto, dado que todos os quatro candidatos fazem parte da associação, como vice-presidentes.

Lei Chan U é deputado desde 2017 e foi sempre eleito através de sufrágio indirecto pela lista Comissão Conjunta da Candidatura das Associações de Empregados, a única a participar nas eleições no sector laboral desde 2001.

Todavia, de acordo com os dois nomes apresentados ontem da Comissão Conjunta da Candidatura das Associações de Empregados, citados pelo Jornal Ou Mun, Lei Chan U ficou de fora. No pólo oposto, o também deputado Lam Lon Wai foi mantido cabeça-de-lista, como acontece desde 2017.

No segundo lugar da lista CCCA surge agora Kong Ioi Fai, que é membro do Conselho de Administração do Fundo de Segurança Social e vice-presidente FAOM. Também Lam Lon Wai é vice-presidente da FAOM.

Na apresentação da lista, Lam Lon Wai citou o “espírito dos discursos de Xi Jinping” durante a viagem a Macau no final do ano passado, e insistiu na necessidade de garantir a elevação da qualidade da governação.

Lam Lon Wai prometeu ainda que a lista vai defender “os direitos e interesses da classe trabalhadora”, acompanhar “as exigências dos operários” e “reflectir junto do Governo a voz das classes trabalhadoras”. Além disso, o deputado prometeu “participar activamente na política e contribuir para a prosperidade e estabilidade de Macau”.

Neste cenário, para se manter como deputado, Lei Chan U pode ser nomeado pelo Chefe do Executivo ou participar na lista do sufrágio directo da FAOM, que dada a diminuta participação poderá eleger três deputados. Os actuais deputados da lista do sufrágio directo da FAOM são Ella Lei Cheng I e Leong Sun Iok.

A outra lista

Por sua vez, a lista União das Associações de Trabalhadores é igualmente constituída por vice-presidentes da FAOM. Naquela que é uma estreia no sufrágio indirecto, a lista vai ser liderada por Leong Pou U. No segundo lugar surge Choi Kam Fu.

Na altura de apresentação da lista, de acordo com o jornal Ou Mun, Leong Pou U prometeu respeitar os princípios de justiça, responsabilidade e progresso ao participar nos assuntos sociais.

Leong Pou U afirmou também que a protecção integral dos direitos e interesses dos trabalhadores só pode ser alcançada com a melhoria da legislação laboral e a criação de um ambiente de trabalho em que todos os trabalhadores se sintam encorajados a contribuir para o crescimento económico, harmonia e estabilidade da sociedade de Macau.

O cabeça-da-lista defendeu também que o Governo só deve permitir a contratação de não-residentes para as situações em que é impossível contratar mão-de-obra local. As duas listas fizeram-se acompanhar por Ho Sut Heng, presidente da FAOM.

18 Jun 2025

Eleições | “Soldado de Mao” afirma-se inocente e diz que esteve seis dias sem conseguir tomar banho

Acusado de corrupção eleitoral e de possuir um negócio ilegal de Mahjong, Wong Wai Man voltou ontem à carga para clamar a sua inocência. O presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço diz ter sido “provocado” para subir até ao telhado onde esteve algumas horas, além de ter estado seis dias sem poder tomar banho ou trocar de roupa

 

O panorama das eleições legislativas para o hemiciclo já ferve. Além de estas serem as eleições com o menor número de listas candidatas desde a criação da RAEM, a polémica está instalada com o quase candidato Wong Wai Man, que tentou submeter a sua candidatura, sem sucesso.

Conhecido também como o “Soldado de Mao” e “Capitão de Macau”, e depois de ter sido acusado de corrupção eleitoral e de possuir um negócio ilegal de Mahjong, eis que Wong Wai Man voltou ontem à carga para dar explicações: recusa as acusações de que é alvo, diz ter sido perseguido pelas autoridades e refere como “tortura” a forma como foi tratado aquando da sua detenção.

O presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço esteve, na segunda-feira, várias horas em cima de um telhado de uma casa feita com chapa metálica na Taipa, tendo sido socorrido pelo Corpo de Bombeiros. Uma solução que diz ter sido “provocada” depois de ter sido detido pela Polícia Judiciária (PJ), reencaminhado ao Ministério Público e receber a convocação do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que o acusa de possuir o negócio ilegal.

Wong Wai Man explicou que, pouco tempo depois de ter saído do gabinete do CCAC, na zona do NAPE, foi interceptado por um funcionário deste organismo que alegou a falta de assinatura em alguns documentos. Porém, não satisfeito com a situação, Wong Wai Man apanhou um táxi em direcção à Taipa, acabando por se refugiar no telhado. “Não tive outra opção, o CCAC queria perseguir-me até à morte. Por isso fiquei no telhado”, explicou.

Relativamente às acusações da prática de corrupção eleitoral, o homem diz que é pobre e que não tem condições financeiras para cometer esse tipo de ilegalidades. Sobre o alegado negócio ilegal de Mahjong, Wong Wai Man destacou que a sede da associação a que preside tem, de facto, mesas de Mahjong, mas apenas para usufruto dos sócios.

Sobre o uso de dinheiro nestes jogos, Wong Wai Man disse que sempre existiu um cartaz a dizer que era proibido haver apostas em dinheiro e que havia, na sede da associação, uma caixa para donativos, mas que tal se destinava a apoios voluntários dos sócios para ajudar ao funcionamento da associação.

Isto porque, segundo este, além de ser presidente é também o único a suportar todas as despesas da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, nomeadamente as relacionadas com a renda, água e luz, tendo em conta que desde 2014 que a entidade não recebe subsídios.

Uma coisa é certa: a sede da associação irá fechar portas amanhã devido ao fim do contrato de arrendamento. Wong Wai Man diz que, por enquanto, não vai procurar uma nova morada para a associação pois, para já, tem em mãos um assunto mais premente: a procura de um lugar para viver. Wong Wai Man fazia da sede da associação a sua casa.

Lição para a vida

Apesar de ter perdido a oportunidade de submeter uma lista e ser candidato às eleições para a Assembleia Legislativa pela via directa, Wong Wai Man argumentou que o mais importante foi participar em todo o processo e aprender coisas novas. O “Capitão de Macau” referiu ainda que se dedica à sociedade de coração e não por egoísmo. O seu ideal é fazer coisas com justiça em prol da sociedade, uma vez que defende que as associações tradicionais não defendem o povo.

Wong Wai Man contou ainda aos jornalistas um episódio pessoal para justificar a sua participação nas causas sociais e públicas. “Em 2007 a minha esposa estava grávida e os hospitais convenceram-na a pôr término à gravidez porque a taxa de sobrevivência do bebé seria de 50 por cento, devido ao facto de ter sido detectada uma anomalia fetal depois dos exames. Insisti e o Governo acabou por pagar a operação no valor de 70 mil patacas. Por isso, quero dar a minha contribuição para retribuir um favor ‘ao céu'”, disse.

Seis dias sem banho

Segundo o jornal All About Macau, Wong Wai Man referiu ainda ter estado seis dias sem tomar banho e dormir, tendo permanecido uma semana desaparecido até se apresentar junto do CCAC esta segunda-feira. Antes de o fazer, este referiu ter estado um total de seis dias detido, o que para si foi “uma tortura”, e que no total esteve todo esse tempo sem tomar banho, dormir ou trocar de roupa. No domingo, terá conseguido voltar a casa.

“Ontem à noite [terça-feira] consegui finalmente dormir bem e tomar banho. Fiquei seis dias sem poder tomar banho ou trocar de roupa”, explicou. A subida ao telhado da casa na Taipa foi também uma forma de protesto pela forma como terá sido tratado, assegurou.

A detenção teve lugar na madrugada de quarta-feira passada, dia 11, entre as 3h e as 4h da manhã, com o argumento de que Wong Wai Man manteria um negócio ilegal de Mahjong. Foi então que ficou detido durante 48 horas numa esquadra na Taipa, tendo depois sido transferido para as instalações do Ministério Público (MP) para continuar a prestar declarações.

Depois desse processo, foi notificado para se apresentar junto do CCAC, tendo assinado os documentos pedidos. De seguida, foi novamente detido por mais 48 horas e transferido novamente para o MP. Quando, já na rua, foi novamente informado de que teria de voltar ao CCAC para assinar mais documentos, decidiu fugir e refugiar-se no telhado.

18 Jun 2025

Concurso público | Governo condenado a pagar 278 mil patacas

Um erro da empresa concorrente e uma correcção do IAM num concurso público esteve na origem de um diferendo judicial que terminou com uma indemnização de 278 mil patacas. Apesar de tudo, o Governo pagou um valor mais baixo do que o pretendido pela concorrente

 

O secretário para a Administração e Justiça foi condenado pelo Tribunal de Segunda Instância (TSI) a pagar uma indemnização de 278 mil patacas, depois de ter cometido um erro num curso público de recuperação de áreas florestais. A consequência do erro foi divulgada pelo Gabinete do Presidente do Tribunal de Última Instância, e a decisão tomada a 2 de Abril.

Em causa, está a ponderação da experiência das empresas que concorreram ao concurso 4.ª Fase da Prestação de Serviços de Recuperação de Áreas Florestais, realizado em 2022. A identidade das empresas não foi revelada pelos tribunais.

Num primeiro passo, a empresa que agora venceu o caso em tribunal cometeu um erro e indicou ter realizado um trabalho para o IAM numa área de 2 hectares. O valor da proposta era de 2,78 milhões de patacas.

No entanto, o IAM, como conhecia este trabalho, corrigiu a informação sobre área onde os trabalhos foram feitos para 5 hectares, como de facto tinha acontecido. Com base nesta correcção, a empresa foi a melhor pontuada no concurso, pelo que lhe foi proposto o contrato para realizar parte dos trabalhos do concurso.

Após a proposta do contrato, e antes da assinatura do mesmo, o IAM voltou atrás e decidiu que não devia ter feito a correcção, por sua iniciativa. Como consequência, os trabalhos acabam adjudicados a uma outra empresa, dado que a pontuação no concurso público daquela que tinha sido inicialmente vencedora foi reduzida.

O primeiro diferendo correu nos tribunais da RAEM e subiu até ao Tribunal de Última Instância (TUI), com a vitória a ser atribuída à empresa que tinha sido declarada inicialmente vencedora, e com derrota para o IAM.

Pagar a indemnização

Quando o primeiro diferendo chegou ao fim, os trabalhos do concurso público já tinham sido realizados pela outra empresa. Por esse motivo, dado que não fazia sentido voltar a prestar os trabalhos, o IAM ficou obrigado a indemnizar a empresa prejudicada no concurso público.

Como o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong e a empresa não chegaram a acordo sobre o valor da indemnização a pagar, o caso voltou aos tribunais.

A empresa pedia uma indemnização no valor de 661.745 patacas, acrescida de juros. Por sua vez, o Governo defendia que a indemnização devia ser calculada com base no preço apresentado pela concorrente e numa margem de lucro de 10 por cento, ou seja, de 278 mil patacas.

Em relação aos critérios para definir o pagamento da indemnização, o tribunal alinhou com a Administração, pelo que a indemnização foi fixada em 278 mil patacas. O tribunal justificou este entendimento com o facto de entender faltavam critérios objectivos para perceber os custos da prestação do serviço.

18 Jun 2025

Segurança Social | Associação alerta para sustentabilidade

O presidente da Associação de Segurança Social de Macau defende que o cálculo para a pensão para idosos não deve ter em conta o índice mínimo de subsistência usado para definir subsídios para famílias carenciadas. Além da natureza distinta dos apoios, Chan Kin Sun alerta para o risco de subsistência do Fundo de Segurança Social

 

Durante as Linhas de Acção Governativa, Sam Hou Fai anunciou o aumento de 160 patacas da pensão para idosos para 3.900 patacas por mês. Fazendo eco de algumas opiniões de deputados, o Chefe do Executivo abriu a porta à possibilidade de indexar o cálculo para definir a pensão de idoso ao índice mínimo de subsistência, que delimita o risco social de pobreza.

O presidente da Associação de Segurança Social de Macau, Chan Kin Sun, não concorda com esta posição. Num artigo publicado no Jornal do Cidadão, o dirigente e académico começou por realçar as diferentes naturezas dos apoios em causa. Enquanto a pensão para idosos se destina a indivíduos numa perspectiva do seguro social, com contribuições que mais tarde são gozadas em benefícios, o índice mínimo de subsistência tem sido usado para calcular apoios sociais destinados a famílias carenciadas. O dirigente, que também é membro da Comissão para os Assuntos do Cidadão Sénior, destaca os objectivos e naturezas diversas dos dois sistemas e grupos de beneficiários.

O também professor auxiliar da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau refere ainda que a natureza assistencialista dos subsídios para os mais carenciados nunca teve em conta a sustentabilidade do apoio, enquanto a pensão para idosos é calculada a pensar no desenvolvimento sustentável do sistema.

Numa altura em que o Governo luta contra o envelhecimento populacional, o académico alertou para a possibilidade de a indexação da pensão para idosos ao índice mínimo de subsistência poder ter um impacto negativo na sustentabilidade do Fundo de Segurança Social.

Questão de percepção

Em relação ao aumento da pensão para idosos, Chan Kin Sun indicou que os cálculos que definem o valor do apoio podem não corresponder à realidade económica dos beneficiários e da economia do território. Isto porque o peso da taxa de inflação pode não corresponder à realidade tendo em conta a tendência crescente de consumo no Interior da China, contornando o peso na carteira dos idosos do aumento dos preços em Macau.

Em relação aos serviços sociais para a população mais velha, o académico defende que a rede de serviços não deveria ser sustentada exclusivamente pelos cofres do Governo e que as regras do mercado deveriam funcionar no sector. Chan Kin Sun mencionou a política de Hong Kong que permite aos residentes da região vizinha usar cupões em dinheiro em instituições de serviços sociais qualificados do Interior da China.

As associações dos serviços sociais de Macau devem mudar a forma como operam, não vivendo apenas de subsídios do Governo, mas garantindo serviços de qualidade atractivos para clientes idosos numa perspectiva mais comercial.

18 Jun 2025

Casinos-satélite | Sands China abre vagas para trabalhadores

A Sands China lançou uma campanha de entrevistas de emprego esta semana para trabalhadores dos 11 casinos-satélite que vão fechar. A primeira sessão decorreu ontem no Sands Macao, com outra sessão de entrevistas marcada para hoje. A SJM e a Galaxy também terão iniciativas semelhantes para funcionários dos seus casinos-satélite

 

Respondendo ao repto do Governo para absorver os recursos humanos dos 11 casinos-satélite que vão fechar portas no final deste ano, a Sands China organizou dois dias de entrevistas de emprego para estes trabalhadores. A primeira sessão decorreu ontem e hoje está marcada outra sessão, ambas no Sands Macao.

A concessionária partilhou nas redes sociais anúncios para as entrevistas de emprego para cargos relacionados com um programa de clientes membros dos seus resorts integrados.

Já aquando do anúncio do encerramento dos casinos-satélite, na semana passada, as concessionárias que detinham as licenças que sustentavam legalmente as operações destes espaços de jogo garantiram que iriam defender os postos de emprego dos residentes.

Num comunicado em que a SJM anunciou o encerramento dos seus casinos-satélite, excepto o da Ponte 16 e L’Arc, a operadora afirmou estar “empenhada em salvaguardar o emprego local em Macau”, referindo que “todos os residentes de Macau que trabalham actualmente nos casinos-satélite com encerramento previsto, independentemente de serem empregados directamente pela SJM Resorts ou por seus parceiros terceirizados, receberão ofertas de emprego dentro do portfólio de propriedades da SJM Resorts”.

A concessionária garantiu ainda que os funcionários que estão nos seus quadros e que trabalham em casinos-satélite “serão relocados para funções semelhantes relacionadas com o jogo em outros casinos, com base nas necessidades operacionais”.

A Melco fez garantias semelhantes, assim como a Galaxy, no dia em que foi anunciada a solução para os casinos-satélite.

Os muitos milhares

No fim-de-semana passado, o Chefe do Executivo voltou a colocar a responsabilidade sobre o futuro emprego dos funcionários dos casinos-satélite nas concessionárias. Segundo os dados apresentados por Sam Hou Fai, os recursos humanos destes espaços têm cerca de 5.600 funcionários locais, perto de 4.800 são contratados pelas concessionárias de jogo, cabendo também as estas empresas contratar os restantes 800 trabalhadores.

Sam Hou Fai garantiu que o Governo irá supervisionar “rigorosamente” as “concessionárias de jogo a fim de assumirem as devidas responsabilidades”.

Em simultâneo, a Direcção para os Assuntos Laborais e a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico estão instruídas para acompanharem de perto a situação, tanto ao nível da mão-de-obra dos casinos-satélite, mas também em relação “aos estabelecimentos comerciais nas imediações dos casinos-satélite”.

18 Jun 2025

Macau Investimento | Empresa com lucro de 1,61 milhões em 2024

As contas da empresa que gere o Parque de Medicina Tradicional Chinesa foram “salvas” no ano passado pelos juros da aplicação do capital acumulado. O lucro contrasta com as perdas de 5 milhões de patacas em 2023

 

A Macau Investimento e Desenvolvimento, empresa com capitais da RAEM, registou um lucro de 1,61 milhões de patacas no ano passado. Os resultados positivos contrastam com a situação de 2023, quando a empresa teve um prejuízo de 5,08 milhões de patacas.

Os dados foram actualizados ontem no portal da Direcção dos Serviços de Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP). A diferença entre o lucro e a despesa tem como grande explicação os ganhos com juros sobre o capital aplicado. Em 2023, a aplicação do capital acumulado tinha gerado 8,72 milhões de patacas, mas no ano passado os juros subiram para 17,77 milhões de patacas, uma diferença de quase 10 milhões de patacas.

Ao mesmo tempo, as despesas também cresceram, principalmente ao nível dos salários. Em 2023 a empresa gastou 5,96 milhões de patacas com remunerações, mas o montante cresceu para 6,74 milhões de patacas no ano passado.

No total, as despesas correntes aumentaram de 13,81 milhões de patacas para 14,35 milhões de patacas. No ano passado, houve uma outra despesa não recorrente, relacionada com tarocas cambiais, que atingiu 1,82 milhões de patacas. Este aspecto colocou o total das despesas de 2024 em 16,16 milhões de patacas.

A Macau Investimento e Desenvolvimento tem como principal função a exploração do Parque de Medicina Tradicional Chinesa, na Ilha da Montanha, e tem como accionistas a RAEM, com uma participação de 94 por cento, o Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização, com uma participação de 3 por cento, e o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), que também tem uma participação de 3 por cento.

Ano de novos contratos

Em relação às actividades desenvolvidas em 2024, a Macau Investimento e Desenvolvimento revelou que foram assinados 57 contratos novos de arrendamento de espaços no Parque de Medicina Tradicional Chinesa, assim como mais sete contratos de cooperação.

Face aos novos contratos, a administração da empresa indica que há um total de 86 empresas de Macau instaladas no Parque de Medicina Tradicional Chinesa, na Ilha da Montanha. A informação oficial indica também que as empresas actuam em áreas como medicina tradicional chinesa, cosmética, produtos de saúde, equipamentos médicos ou biomedicina.

A expansão da Medicina Tradicional Chinesa prevê para Macau um papel de plataforma com os países de língua portuguesa, e nestas funções a administração da empresa divulgou que em 2024 auxiliou empresas de Macau e do Interior da China a registarem 13 patentes de medicamentos em Moçambique, 11 patentes no Brasil, sendo que destes 15 medicamentos começaram a ser comercializados a nível mundial.

A nível da formação em medicina tradicional chinesa, foi ainda indicado que a empresa contribuiu para a formação de 437 residentes.

18 Jun 2025

Cancro da mama | Investigação da UM faz “descoberta revolucionária”

Um estudo desenvolvido por uma equipa liderada por dois docentes da Universidade de Macau procura respostas para o combate ao cancro da mama. Os académicos concluíram que as células cancerígenas se disseminam principalmente através do sistema linfático, e não pela corrente sanguínea

 

“O sistema linfático é a via principal para a disseminação e metástase do cancro da mama, revelado pelo rastreamento da linhagem de células únicas” é um artigo científico que procura aumentar o conhecimento que permita encontrar soluções para a doença. O trabalho foi desenvolvido por uma equipa de investigação liderada pela professora catedrática Chuxia Deng e pelo professor assistente Miao Kai da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Macau (UM) e, segundo uma nota da UM, trata-se de uma “descoberta revolucionária no estudo das metástases do cancro”.

Assim, e pela primeira vez, foi feita “uma análise qualitativa e quantitativa das vias das metástases do cancro da mama”, tendo sido aplicado pelos cientistas “um sistema de código de barras baseado numa abordagem de rastreamento de linhagem de células únicas”, chamado CellTag.

Com este método, foram obtidos resultados que revelam que “as células cancerígenas se disseminam principalmente através do sistema linfático, e não pela corrente sanguínea”. Além disso, aponta a nota da UM, “a investigação também descobriu que a interacção entre as células tumorais e o microambiente tumoral (TME) determina o potencial metastático das células cancerígenas”, ou seja, se estas poderão, ou não, reproduzir-se com facilidade.

Neste sentido, “o estudo demonstra de forma sistemática as vias das metástases tumorais e abre novos caminhos para o desenvolvimento de estratégias de tratamento do cancro”, é descrito.

O artigo foi publicado na revista “Molecular Cancer” e é o resultado de uma investigação realizada por uma vasta equipa, constituída por Kai Miao, Aiping Zhang, Xiaodan Yang, Yipeng Zhang, Anqi Lin, Lijian Wang, Xin Zhang, Heng Sun, Jun Xu, Yuzhao Feng, Fangyuan Shao, Sen Guo, Zhihui Weng, Peng Luo, Xiaoling Xu e Chu-Xia Deng.

Destaque para a colaboração de cientistas de outras instituições do ensino superior da região, como Aiping Zhang, da Universidade Hospitalar Hong Kong-Shenzhen, e Jingyao Zhang e Shuai Gao, ligados à China Agricultural University em Pequim. Por sua vez, Dong Wang e Xiao-Yang Zhao estão ligados à School of Basic Medical Sciences, da Southern Medical University, em Guangzhou.

Microambiente é factor importante

A UM explica, no mesmo comunicado, que o estudo em questão “fornece evidências empíricas para a preferência de rota na metástase do cancro”, demonstrando que as células tumorais estão “pré-programadas” com “informações intrínsecas que determinam o seu potencial metastático”, além de que estas células “adaptam de forma dinâmica a sua expressão genética com base no microambiente dos órgãos-alvo”.

Desta forma, “estas descobertas estabelecem as bases para o desenvolvimento de terapias direccionadas à metástase linfática, como a inibição da sinalização de citocinas ou a interrupção da comunicação entre o tumor e o estroma para suprimir a metástase”.

Na investigação foi utilizada a “tecnologia de sequenciamento de RNA de célula única”, o que permitiu à equipa “descobrir que células tumorais geneticamente idênticas exibem perfis de expressão genética específicos do órgão”, pelo que o microambiente se revela “fundamental na formação do comportamento das células tumorais”.

“Por exemplo, as células metastáticas pulmonares regulam positivamente os genes relacionados com o stress oxidativo, enquanto as células metastáticas hepáticas activam vias reguladoras metabólicas”, é referido.

O perigo das metástases

A UM destaca que, nas doenças oncológicas, as metástases são a principal causa de morte. Porém, até à data, “os mecanismos que governam a selecção da rota” dessas mesmas metástases permaneciam “obscuros”.

“Usando a tecnologia CellTag, a equipa de pesquisa fez o rastreio da disseminação de células de cancro da mama em modelos de camundongos”, tendo descoberto que “menos de 3 por cento das células cancerosas se espalham pela corrente sanguínea, enquanto mais de 80 por cento metastatizam através do sistema linfático para órgãos distantes, como os pulmões e o fígado”.

Assim, “uma análise mais aprofundada mostrou que as células disseminadas pela linfa têm padrões de expressão genética distintos e comunicam estreitamente com as células estromais, tais como fibroblastos e células endoteliais, no microambiente, formando um mecanismo adaptativo ‘semente-solo'”.

Olhando para o estudo, os autores explicam que a metástase do cancro “é um processo no qual as células tumorais do tumor primário invadem a membrana basal dos vasos sanguíneos ou linfáticos (intravasação), viajam pelo sistema sanguíneo ou linfático e colonizam órgãos e ou tecidos distantes para continuar o seu desenvolvimento”. Vários estudos apontam para o facto de as metástases serem responsáveis por 70 a 90 por cento da mortalidade relacionada com o cancro, sendo que “a disseminação de células tumorais na vasculatura e nos vasos linfáticos ocorre simultaneamente na grande maioria dos cancros”.

Estradas de sangue

Na discussão dos resultados, os autores do estudo dizem que, em termos gerais, “as células tumorais metastatizam principalmente através da circulação sanguínea e do sistema linfático”, sendo que até à publicação deste trabalho tinham sido realizados “inúmeros estudos para distinguir o papel de ambos os sistemas nas várias fases da metástase do cancro”, sem se saber “qual a via ‘preferida’ para a metástase à distância”.

É referido no artigo, citando outros estudos, que as “células cancerígenas entram na corrente sanguínea através da intravasação para se tornarem CTCs [Circulating Tumor Cells – Células Tumorais em Circulação], tendo-se revelado altamente correlacionadas com os resultados de sobrevivência de pacientes com cancro da mama”.

Os autores explicam também que “o sistema linfático é considerado crítico para a metástase”, pois “as células de melanoma com experiência no sistema linfático eram mais resistentes à ferroptose e formavam mais metástases”, sendo que nos casos de “ressecção de tumor primário, as células cancerosas podem se disseminar ainda mais dos gânglios linfáticos para os vasos sanguíneos e formar tumores metastáticos nos pulmões”.

Até à data, “embora a disseminação metastática fosse viável por ambas as vias, a importância relativa de cada processo para um determinado tipo de cancro e o órgão-alvo era desconhecida devido à falta de ferramentas quantitativas adequadas”, algo a que este estudo, com recurso ao sistema CellTag, pretendeu dar resposta.

Assim, “demonstramos que a maioria das células metastáticas do pulmão e do fígado pode ser detectada no sistema linfático, em vez de CTCs [Células Tumorais em Circulação] derivadas do sangue, indicando que os vasos linfáticos podem ser a via preferida para a metástase das células tumorais, pelo menos no cancro da mama”.

Os autores prometem não parar por aqui na descoberta do percurso feito pela metástase das células cancerígenas, tendo já realizado “testes preliminares” com algumas células a fim de descobrir a possibilidade de redução “drástica” das células tumorais disseminadas por via linfática. “Continuaremos a trabalhar nisso para aprofundar o mecanismo de disseminação linfática e explorar as interrupções terapêuticas em nossos esforços futuros”, é referido.

18 Jun 2025

Saúde | Médicos formados na UM vão poder exercer em Portugal

Os médicos formados na futura Faculdade de Medicina da Universidade de Macau, a partir de 2028, poderão também exercer em Portugal. Os cursos na UM vão funcionar em co-tutela, o que garante que os alunos formados na Universidade de Macau obtenham equivalência e reconhecimento da universidade portuguesa

 

Os licenciados na futura Faculdade de Medicina da Universidade de Macau (UM), a partir de 2028, vão poder exercer em Portugal, disse ontem à Lusa um dirigente da Universidade de Lisboa (ULisboa).

A Faculdade de Medicina da ULisboa está a colaborar com a UM para criar um currículo com uma estrutura “próxima daquela que é a estrutura” dos cursos na instituição portuguesa, disse o director da instituição. Luís Graça explicou que os cursos vão funcionar em co-tutela, permitindo aos médicos formados na UM obter “uma equivalência e um reconhecimento” pela Faculdade de Medicina da ULisboa. Entre as vantagens, estará a possibilidade de “os médicos formados aí no território [Macau] possam também exercer medicina em Portugal”, sublinhou o investigador.

Em Dezembro, o vice-reitor da UM, Rui Martins, afirmou que a ULisboa vai ajudar a criar a primeira faculdade de medicina pública de Macau, no novo campus da instituição, na vizinha Hengqin (ilha da Montanha).

A Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, uma instituição privada, tem desde 2008 uma Faculdade de Ciências da Saúde, oficialmente rebaptizada como Faculdade de Medicina em 2019. Numa entrevista ao canal em língua portuguesa da televisão pública local TDM, Martins disse que Medicina será uma das quatro novas faculdades a nascer no novo campus da UM em Hengqin.

“Teremos uma Faculdade de Ciências da Informação, uma Faculdade de Engenharia, com novos tipos de engenharia, e também uma Faculdade de Design e que deverá incluir arquitectura”, referiu o académico português. “A ideia nesse campus é termos ‘dual degrees’ [cursos em co-tutela] com universidades estrangeiras. A medicina já está com Lisboa e agora estamos a definir para as outras faculdades”, acrescentou Martins.

De mãos dadas

O novo campus em Hengqin, cuja primeira pedra foi lançada em 9 de Dezembro, deverá ser inaugurado em 2028 e permitir à UM passar dos actuais 15 mil para um máximo de 25 mil alunos, sublinhou o vice-reitor para Assuntos Globais.

Luís Graça, especialista em imunologia de transplantes, demonstrou também entusiasmo com potenciais colaborações entre as duas universidades na área da investigação científica. “Se pensarmos em termos de ciência, o reforço do potencial científico de ambas as instituições com uma colaboração próxima entre si é algo que claramente vai beneficiar ambos os lados dessa parceria”, disse o dirigente.

Graça disse que a Faculdade de Medicina da ULisboa está a organizar o primeiro simpósio para reunir os investigadores da instituição e da UM, com vista a promover projectos conjuntos de investigação. A faculdade tem tido “colaborações pontuais de investigadores com investigadores de outras universidades chinesas”, uma vez que “é importante uma proximidade com locais onde se faz ciência de excelência e ensino de excelência”, disse o director. Mas Graça acrescentou que a colaboração com a UM é “mais institucional (…) e pode permitir um reforço ainda maior dessas parcerias”.

17 Jun 2025

Médio-Oriente | Cinco países dispensados de visto em Macau

Cidadãos nacionais da Arábia Saudita, Qatar, Kuwait, Barém e Omã estão dispensados de visto para entrar em Macau anunciaram ontem as autoridades, que estão a tentar atrair mais visitantes internacionais. A medida entra em vigor a partir de 16 Julho

 

O Chefe do Executivo assinou um despacho que determina a dispensa de visto e autorização de entrada em Macau a nacionais de cinco países do Médio Oriente. “Ficam dispensados de visto e de autorização prévia de entrada na Região Administrativa Especial de Macau os nacionais do Reino da Arábia Saudita, do Estado do Qatar, do Estado do Kuwait, do Reino do Barém e do Sultanato de Omã”, lê-se no despacho publicado ontem no Boletim Oficial.

A medida, que entra em vigor em 16 de Julho, surge numa altura em que o Governo de Macau quer atrair mais visitantes internacionais e após as autoridades e operadores turísticos do território terem visitado, em Fevereiro, a Arábia Saudita e o Dubai, para promover a cooperação.

A Direcção dos Serviços de Turismo lançou, nessa ocasião, “um guia turístico de Macau para muçulmanos, com divulgação de opções ‘halal’ [nomeadamente na alimentação, em acordo com a lei islâmica]”, referiu a DST em comunicado. “O guia apresenta os aspectos a ter em conta durante a estadia em Macau, cultura gastronómica, recomendações de itinerários, entre outras informações úteis para visitantes muçulmanos”, lê-se na nota.

Fronteiras flexíveis

No sentido de facilitar a entrada de visitantes de outras geografias fora da China, o secretário para a Segurança anunciou, no final de Abril, planos para acelerar o controlo fronteiriço através da utilização de canais electrónicos automáticos.

Durante a apresentação do programa político para 2025, Wong Sio Chak afirmou que o território vai alargar a utilização de pontos de passagem automática a cidadãos estrangeiros sem estatuto de residente ou autorização de trabalho.

Para facilitar os “intercâmbios com o exterior”, as autoridades irão expandir os equipamentos de autosserviço para o Sistema de Recolha de Dados Biométricos, que passará a aplicar-se a todos os visitantes estrangeiros, explicou o dirigente.

Aos deputados na Assembleia Legislativa, o secretário acrescentou que o Governo vai continuar a optimizar a tecnologia de reconhecimento por íris nos controlos fronteiriços e a estudar a extensão a não-residentes em 2025.

De acordo com dados oficiais, Macau recebeu no ano passado 34,9 milhões de visitantes, mais 23,8 por cento do que no ano anterior, mas apenas 2,42 milhões (6,9 por cento) foram turistas internacionais. O grosso dos visitantes – 70,1 por cento – chegaram do Interior da China, sendo que outros 20,6 por cento são de Hong Kong e 2,4 por cento de Taiwan.

17 Jun 2025

Casinos-satélite | Sam Hou Fai reitera que impacto será reduzido

O Chefe do Executivo não está preocupado com o impacto do encerramento dos casinos-satélite no PIB da RAEM. Além disso, garante que o Governo irá acompanhar de perto da a situação laboral dos trabalhadores destes espaços e preparar um plano de acção para salvaguardar o comércio nas áreas destes casinos, em especial no NAPE

 

Sam Hou Fai está tranquilo em relação ao impacto que o encerramento dos casinos-satélite pode ter na economia do território, no PIB e ao nível do emprego. Depois de participar no domingo na cerimónia de outorgação de grau académico honorífico 2025 da Universidade de Macau, o Chefe do Executivo endereçou alguns dos temas que dominam a agenda política da RAEM.

Num comunicado divulgado pelo Gabinete de Comunicação Social na noite de domingo, é indicado que “o mais importante é o Governo tratar da questão” dos casinos-satélite “com o objectivo de garantir o desenvolvimento legal, saudável e ordenado do sector de jogo”.

“Quanto ao PIB não tenho dados muito detalhados. Li algumas investigações análises e artigos nos média de Hong Kong. Não me lembro se foi no ano passado ou em 2023, os casinos-satélite tiveram receitas de pouco mais de dez mil milhões de patacas. O PIB do ano passado foi de 400 mil milhões de patacas, portanto as receitas dos casinos-satélite ocupam uma proporção muito pequena. O impacto não deverá ser muito grande”, comentou o Chefe do Executivo, citado pelo Canal Macau da TDM.

Sobre o futuro dos trabalhadores destes espaços, Sam Hou Fai reiterou que foi solicitado às concessionárias de jogo que tratem de forma apropriada da colocação de emprego dos funcionários e garantam a sua continuidade.

Voltando a colocar a força de trabalho dos casinos-satélite em cerca de 5.600 funcionários locais, Sam Hou Fai indicou que perto de 4.800 são contratados pelas concessionárias de jogo e que quanto à colocação dos restantes 800 “será aplicado rigorosamente o princípio de ‘a entidade contratadora será responsável’ por garantir o emprego. A primeira responsabilidade deverá incidir sobre os proprietários dos casinos-satélite, a quem é pedido que transformem as “empresas subordinadas em postos de trabalho”. Se não estiverem numa posição que possa garantir o emprego dos residentes, a responsabilidade passará para as concessionárias.

Buraco no meio da cidade

O Chefe do Executivo referiu que o seu Governo irá supervisionar com rigor a forma como as concessionárias vão assumir as suas responsabilidades. Mas que também o Governo “irá preparar e planear políticas de acções conjuntas para o desenvolvimento comunitário na zona da NAPE e nas suas imediações”, para apoiar os estabelecimentos comerciais que sobrevivem graças à proximidade destes lugares de jogo que vão desaparecer.

O governante sublinhou que a prioridade do Executivo é estabilizar o sector do emprego. Para tal, salientou a criação do Grupo de Trabalho para a Coordenação da Promoção do Emprego para “coordenar os recursos inter-serviços e impulsionar de forma plena os trabalhos de garantia de emprego dos residentes locais”.

17 Jun 2025

Eleições | Confirmada exclusão da lista da Ajuda Mútua Grassroots

Os 14 lugares na Assembleia Legislativa escolhidos por sufrágio directo vão ser discutidos por oito listas, o número mais baixo de sempre na RAEM. A CAEAL considera que operações das autoridades contra a potencial lista de Wong Wai Man decorreram dentro das competências atribuídas, mas recusa comentar interferência eleitoral

 

As eleições legislativas com menor número de listas a participar no sufrágio directo desde a criação da RAEM. É esta a realidade das eleições de 14 de Setembro, confirmada ontem pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), sendo que o número de listas ainda pode encolher, dependendo de eventuais vetos de candidatos pela Comissão de Defesa da Segurança do Estado.

De acordo com a CAEAL, foram aprovadas oitos comissões de candidatura no sufrágio directo que têm de entregar até quinta-feira da próxima semana (26 de Junho) a lista com o nome dos candidatos e o programa político.

A CAEAL confirmou que a comissão de candidatura da lista Ajuda Mútua Grassroots, ligada ao “Soldado de Mao”, não reuniu as assinaturas necessárias para ser constituída e participar nas eleições. No entanto, o presidente da CAEAL, o juiz Seng Ioi Man, recusou confirmar que a lista foi visada numa operação do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) por corrupção na recolha de assinaturas devido “ao segredo de justiça”.

Os membros da associação ligada à potencial lista Ajuda Mútua Grassroots foram alvos de duas operações da polícia na semana passada, quando tentavam reunir as assinaturas em falta para participar nas eleições. Após entregarem as assinaturas exigidas, a CAEAL, num primeiro momento, recusou várias assinaturas por considerar que estavam duplicadas ou que não cumpriam os requisitos legais. Face às assinaturas invalidadas, a potencial lista teve um prazo extra de cinco dias úteis para corrigir as falhas.

No entanto, no decorrer do prazo, foi alvo de duas operações das autoridades. A primeira operação visou o membro mais mediático e cabeça-de-lista em 2017 pela Ajuda Mútua Grassroots, Wong Wai Man, também conhecido como “Soldado de Mao” e “Capitão de Macau”. Wong está indiciado por explorar ilegalmente um espaço de mahjong. No dia seguinte à primeira operação, outros membros da associação foram alvo de uma rusga do CCAC, por alegada corrupção na recolha de assinaturas. As duas operações terão deixado a lista sem possibilidade de apresentar as novas assinaturas.

Dentro das competências

Questionado sobre o impacto das operações das autoridades na recolha de assinaturas da lista Ajuda Mútua Grassroots e uma possível interferência nas eleições, Seng Ioi Man recusou fazer qualquer associação das operações da polícia com a lista. Contudo, defendeu que a actuação da polícia decorreu dentro das competências legalmente previstas: “Sobre os trabalhos de acompanhamento e operações de investigação que os órgãos policiais ou de investigação estão a realizar, a nossa comissão não vai comentar”, começou por responder Seng Ioi Man. “Os corpos policiais fazem os trabalhos deles dentro das suas competências e só dentro dessas competências recebem denúncias e fazem os trabalhos de investigação. E nós não vamos comentar o trabalho deles”, acrescentou.

Em relação ao facto de o acto eleitoral apenas contar com oito listas, e de haver possibilidade de haver exclusões por parte da Comissão de Defesa da Segurança do Estado, o presidente da CAEAL respondeu que os trabalhos foram feitos de acordo com a legislação em vigor e que garantem o princípio “Macau governada por patriotas”. Seng Ioi Man também destacou que os deputados que foram eleitos têm de “amar Macau e amar o nosso país”.

Listas em queda

As oito comissões de candidatura aprovadas são: União para o Desenvolvimento (ligada à associação dos Operários), União Promotora para o Progresso (Associação dos Moradores), Associação dos Cidadãos Unidos de Macau (comunidade de Fujian), Poder de Sinergia (Ron Lam), Aliança de Bom Lar (Associação das Mulheres), Nova Esperança (Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau) União de Macau-Guangdong (comunidade de Jiangmen), e Força da Livelihood Popular em Macau. Apenas esta última comissão não está ligada a qualquer deputado eleito.

As eleições deste ano contrastam assim com os anos anteriores, dado que pela primeira vez há menos de 10 listas candidatas no sufrágio directo. Até esta edição, a menor participação tinha acontecido em 2001, as primeiras eleições após o estabelecimento da RAEM, quando houve um total de 15 listas. No pólo oposto, 2017 foi o ano mais participando com 25 listas, um número que caiu para 14 listas em 2021, naquele que foi o primeiro ano em que passou a haver exclusão política de candidatos.

Após apresentarem a lista de candidatos e os programas políticos, as listas ainda precisam de passar pelo crivo político da Comissão de Defesa da Segurança do Estado. Em relação ao sufrágio indirecto foram aprovadas seis comissões de candidatura.

17 Jun 2025

Comércio | Gestor do Cuppa Coffee pede apoio a empresas portuguesas

A história do Cuppa Coffee remonta a 2008 quando era difícil encontrar um espaço em Macau para beber um bom café. A localização na Taipa Velha trouxe fama ao projecto, mas o espaço acabou por fechar portas e mudar-se para o Studio City. João Encarnação, que gere o café, fala das novidades e da importância de apoiar projectos de matriz lusófona

 

Tudo começou na mente da portuguesa Cristiana Figueiredo, numa altura em que para um português ou apaixonado por café a viver em Macau era difícil encontrar um espaço para desfrutar desta bebida acompanhada por produtos de padaria ou pastelaria, à boa maneira lusa.

Cristiana Figueiredo disse, numa numa entrevista ao Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM), o que a levou a investir neste tipo de negócio. “Na Europa, as pessoas têm por hábito frequentar cafés tanto para descansar como para trabalhar. Quando vim para Macau, há mais de 20 anos, apercebi-me de que a cultura do café português não é popular em Macau, daí ter nascido a ideia de abrir um café em Macau, esperando promover a comida e a cultura do café português”.

Desde 2008 que o Cuppa Coffee, associado ao projecto inicial da empresária, Nata Bakery, fundado em 2007 e focado nos produtos de padaria e pastelaria, se tornou num dos espaços preferidos da comunidade portuguesa, estrangeira e até residente do território. Porém, o rumo do ambiente económico, com maiores dificuldades no pagamento de rendas, tem ditado algumas transformações ao projecto, que agora encerra portas à entrada da Taipa Velha e também junto aos lagos Nam Van, para estar apenas no empreendimento Studio City, no Cotai. O encerramento nos lagos Nam Van deu-se em Janeiro.

Ao HM, João Encarnação, director e accionista da empresa que gere o Cuppa Coffee, explica que, na verdade, a mudança para o Cotai já estava decidida há muito tempo. “Costumo dizer que não houve uma mudança para o Studio City, porque esse era um plano que já existia e que surgiu independentemente do fecho da loja da Taipa. Iríamos sempre abrir este espaço independentemente de continuarmos, ou não, com a loja na Taipa, cujo fecho se deveu a uma negociação falhada relativamente à renda do espaço.”

Segundo João Encarnação, que hoje gere a empresa com Nicole Massa Helm, ambos consideraram que “na situação económica actual não havia condições para continuar naquele espaço, que é relativamente grande e tinha os seus custos”.

“Precisávamos de fazer alguma contenção se queríamos que o negócio continuasse a funcionar, porque a alternativa é sempre fechar completamente. Não desistimos da ideia de abrir qualquer coisa na Taipa e de estarmos um pouco mais próximos dos nossos clientes regulares e mais fiéis, pelo que continuamos com esse propósito de abrir outro estabelecimento na Taipa que possa servir os clientes que lá vivem. Portanto, não há propriamente uma deslocação para o Studio City”, adiantou João Encarnação.

O director e accionista entende que esta mudança acarreta sempre alguma nostalgia. “Temos pena de o ter fechado. Custou-nos, temos realmente muita pena”, confessou. “Era uma decisão que podia ter sido tomada há mais tempo, pelo menos um ano, mas ainda tentámos manter ali o estabelecimento, mas não nos foi possível. Veremos o que o futuro nos reserva.”

Apesar destas mudanças, o Cuppa Coffee pode ser considerado um caso de sucesso. “Funcionou ali durante muitos anos e funcionou bem. Este é um negócio que tem de ter determinadas condições para funcionar porque, como sabemos, tem muito movimento, mas com pouco rendimento relativamente a cada cliente. Trata-se de um negócio que precisa de muitos clientes para se sustentar, e durante muitos anos, ao nível dos valores das rendas e de tudo o resto, fornecedores por exemplo, era bastante mais barato e as coisas funcionavam melhor”, recorda.

A localização na Taipa Velha deu ao Cuppa Coffee “um reconhecimento e uma clientela muito grande”, apesar das crescentes dificuldades. “À medida que os preços foram aumentando, também precisámos de aumentar os nossos preços, mas nunca na proporção do aumento das despesas. Houve uma altura em que não podíamos continuar”, assumiu.

O que o futuro reserva

João Encarnação assegura que aquilo que os clientes sempre procuraram neste espaço vai continuar no Studio City: bons produtos de café e pastelaria, com a presença de Portugal. “Tentamos sempre introduzir produtos novos. Criámos uma bebida nova, à base de café e coco, que é excelente. Introduzimos também o ‘Nata Bomb’, um conceito de batido ‘milkshake’ com sabor a nata, uma verdadeira bomba”, descreveu.

Há também “produtos tradicionais portugueses que não existiam antes, como o pão de louro”, bem como os donuts com sabores diferentes, “para completar a oferta que temos”. “A nossa oferta já é tão variada que, mesmo sem introduzirmos mais produtos, é suficiente para satisfazer os valores dos clientes portugueses e de outros também.”

João Encarnação disse ainda que a mudança do estabelecimento para o Studio City nasceu de um convite. “Não sabemos ainda como vai correr, é uma aposta que estamos a fazer neste momento”, sendo que o objectivo é sempre voltar ao café de rua. “O conceito de ter uma loja de bairro ou na rua é algo que nos interessa muito e já estamos a ver outras possibilidades”, acrescentou.

“Não tenho dados suficientes para, neste momento, lhe dizer que a mudança para o Studio City é ou não uma aposta vencedora. É diferente, tal como o conceito, e vamos ter outro tipo de clientes além dos habituais.”

Um projecto “do coração”

Olhando para trás, João Encarnação conta que, por exemplo, nunca se registaram grandes problemas em matéria de recursos humanos. “Até hoje não sentimos o grande problema da falta de mão-de-obra, nunca foi algo que nos tenha afectado grandemente. Hoje em dia não é tão fácil como antigamente ter quotas [para trabalhadores não-residentes], pois há bastantes locais que precisam de colocação. É capaz de nos ser mais fácil, neste momento, arranjarmos mais trabalhadores locais do que antigamente”, disse, confirmando que as rendas continuam a ser o grande problema para negócios deste tipo.

“O Cuppa Coffee é um projecto do coração e durante a pandemia apercebi-me que ia fechar. Percebi também que estavam a ocorrer uma série de encerramentos, quase em simultâneo, de outros estabelecimentos portugueses. Falei com a minha sócia, que tem muita experiência nesta área, e disse-lhe que gostava de tentar manter o Cuppa Coffee aberto. Ela cedeu ao meu repto e comprámos [à Cristiana Figueiredo], fizemos todos os possíveis para que continuasse exactamente com o mesmo conceito e a mesma qualidade que vinha tendo com a Cristiana, que fez um excelente trabalho na criação e crescimento do Cuppa Coffee.”

Ultrapassados os anos da pandemia, e numa altura em que Macau enfrenta uma quebra no consumo local, João Encarnação diz que “cumpre um bocadinho à comunidade portuguesa fazer os possíveis para apoiar o esforço que fazemos para que tudo continue aberto”.

“Não falo apenas do Cuppa Coffee, mas também da Trigo D’Ouro, da Manteigaria, dos restaurantes portugueses e do Lord Stow, que não sendo um negócio tipicamente português baseia-se na cultura portuguesa. Todos estes negócios têm de ser alimentados e suportados. Da nossa parte, cumpre-nos manter a qualidade, mas a comunidade portuguesa tem de aproveitar o que existe e apoiar os negócios portugueses”, apelou.

Apesar da quebra do consumo por parte dos locais, João Encarnação diz que se garante um equilíbrio com o consumo dos turistas. “Sentimos um pouco isso [quebra de consumo], mas conseguimos contrabalançar com as ofertas que fazemos e que satisfazem o gosto dos chineses locais e dos visitantes. Mas claro que isso [quebra de consumo] tem, naturalmente, impacto nos negócios, não apenas nos portugueses, e isso vê-se na cidade. Mas penso que ainda há alguma massa crítica para manter os negócios portugueses abertos”, rematou.

17 Jun 2025

Crime | Idoso desagradado com jantar mata esposa à facada

A polícia suspeita que o desagrado perante o jantar poderá ter levado um homem de 74 anos a assassinar a esposa, de 71 anos, ao fim de cerca de 50 anos de casamento. A vítima terá sofrido, pelo menos, 16 golpes de cutelo, a maioria na cabeça e pescoço. O homem está indiciado pelo crime de homicídio qualificado, que pode implicar uma pena até 25 anos de prisão

 

Por volta das 17h de sexta-feira, uma mulher encontrou um cenário macabro quando regressou a casa, na zona dos lagos Nam Van. Entre a sala e a cozinha, os seus pais estavam no chão numa autêntica piscina de sangue. A mãe acabaria por perder a vida na sequência de múltiplas facadas e o pai seria detido por suspeitas de homicídio qualificado.

De acordo com a Polícia Judiciária, a insatisfação em relação ao que seria o jantar poderá ter estado na origem de um desacato que acabou em tragédia, com o marido, um reformado de 74 anos de idade, a assassinar a esposa, de 71 anos, com quem estava casado há cerca de 50 anos.

Quando as autoridades chegaram ao apartamento, encontraram um cutelo e uma tesoura de cozinha no lava-loiça e sinais de luta na cozinha, com sangue em todo o lado.

O suspeito apresentou também golpes na cabeça e múltiplas lacerações que não necessitaram de suturação e aparentava estar num estado mental estável. Depois de receber tratamento médico, foi conduzido para a Polícia Judiciária para interrogatório. A arma do crime terá sido um cutelo, descoberto no lava-loiça, com que o suspeito terá desferido, pelo menos, 16 golpes na vítima, a maioria na cabeça e pescoço.

Crime e castigo

Numa conferência de imprensa no sábado, a Polícia Judiciária indicou que era frequente o casal ter discussões por questões triviais, mas sem registos de pedidos de intervenção policial para resolver disputas.

O caso foi encaminhado para o Ministério Público e o homem é suspeito da prática do crime de homicídio qualificado. De acordo com o Código Penal, “se a morte for produzida em circunstâncias que revelem especial censurabilidade ou perversidade do agente, este é punido com pena de prisão de 15 a 25 anos”.

16 Jun 2025

IIICF | Assinados acordos de 10,1 mil milhões de dólares americanos

O 16.º Fórum e Exposição Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas (IIICF) ficou marcado pela assinatura de 31 protocolos de cooperação em áreas como transportes, construção civil, energia eléctrica, recursos hídricos e energias renováveis

 

Trinta e um protocolos de cooperação, no valor de 10,1 mil milhões de dólares americanos, foram assinados durante um fórum de infra-estruturas em Macau. Um terço envolvem empresas lusófonas e da RAEM, foi ontem anunciado.

Os acordos estabelecidos durante o 16.º Fórum e Exposição Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas (IIICF), com um valor de “cerca de 10,1 mil milhões de dólares americanos, prevêem a cooperação em domínios como transportes, construção civil, energia eléctrica, recursos hídricos e energias renováveis, em 22 países e regiões”, lê-se num comunicado do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM).

Cerca de um terço dos projectos assinados, entre terça e quinta-feira, envolvem empresas dos países de língua portuguesa e de Macau.

Ao longo dos três dias, indica o IPIM, organizaram-se mais de 200 sessões de bolsas de contacto, tendo mais de 70 contado com a presença de empresas de Macau e de Hengqin, “o que representa um aumento superior a 30 por cento”, face às 52 sessões do ano anterior.

“Esses resultados destacam ainda mais o papel de Macau como plataforma sino-lusófona, bem como os esforços desta região na articulação proactiva com as estratégias nacionais de desenvolvimento, sobretudo a construção da Grande Baía”, escreve o IPIM.

Neste sentido, continua a nota, representantes dos países de língua portuguesa “reconheceram o papel eficaz de Macau” enquanto ponte para estabelecer contactos entre empresas e instituições da China e lusófonas.

“Revelaram, inclusive, que durante o IIICF conseguiram acordos de cooperação com empresas do Interior da China nas áreas da tecnologia da informação e da engenharia eléctrica, sublinhando a sua satisfação”, lê-se na nota do IPIM. Em 2003, Pequim estabeleceu Macau como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau.

Números da grande baía

A Grande Baía é um projecto de Pequim que tem como objectivo criar uma metrópole mundial a partir das regiões administrativas especiais chinesas de Macau e de Hong Kong e outras nove cidades da província vizinha de Guangdong, onde habitam mais de 80 milhões de habitantes.

Também lançada por Pequim, em 2021, a iniciativa da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, em Hengqin, abarca uma área de cerca de 106 quilómetros quadrados.

Mais de 3.500 profissionais da área das infra-estruturas, de mais de 70 países e regiões, participaram neste fórum, que registou “um novo recorde em termos de presença de convidados de alto nível, especificamente com quase 70 dirigentes de nível ministerial”.

Durante estes dias foi ainda divulgado o Índice de Desenvolvimento de Infra-estruturas “Uma Faixa, Uma Rota”, liderado pela Arábia Saudita, Indonésia e Malásia, no qual o Brasil é o país de língua portuguesa com melhor pontuação.

A iniciativa, anunciada pelo líder chinês, Xi Jinping, em 2013, envolve mais de 80 países no plano estratégico internacional de Pequim de desenvolver ligações marítimas, rodoviárias e ferroviárias, mas também investimento em recursos energéticos.

16 Jun 2025

IAS | Novas drogas são 16% dos testes positivos

O Instituto de Acção Social acredita que no ano passado existiam em Macau 148 consumidores de drogas, cerca de 0,02 por cento da população, com base no número de pessoas que cumpre pena por consumo ou que está em reabilitação. Ainda assim, os 148 consumidores representam um aumento de 25 por cento face a 2023

 

O Instituto de Acção Social voltou a apostar num projecto piloto para testar o uso de novas drogas, como o etomidato (conhecido como space oil), metcatinona e canabinoides sintécticos. No ano passado, as autoridades recolheram cerca de 1.600 amostras que revelaram uma taxa de positividade de 9 por cento. Entre os testes positivos, 16 por cento diziam respeito às novas drogas referidas, indicou Cheang Io Tat, chefe do departamento de prevenção e tratamento da dependência do jogo e da droga, do IAS, em declarações citadas pelo Canal Macau da TDM.

Apesar do mediatismo e celeuma provocado pelo space oil, que inclusive levou à alteração da lei, o responsável do IAS refere que as “drogas tradicionais” continuam a ser predominantes.

Cheang Io Tat falou no sábado à margem do lançamento de uma série de actividades organizadas pelo IAS para assinalar o Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas.

Durante a cerimónia, o IAS entregou “diplomas de reconhecimento às escolas que têm participado no Curso de Educação da Vida Sadia ao longo dos anos, como forma de agradecer a sua contribuição na promoção da educação da vida sadia. Além disso, decorreu no mesmo dia a cerimónia de inauguração da Exposição Científica de Sensibilização sobre a Luta contra a Droga na Grande Baía, realizada pela primeira vez este ano”.

Mundo de fantasia

O Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime publicou em Outubro o relatório mundial sobre drogas que indicava que em 2022, havia no mundo inteiro quase 292 milhões de consumidores de estupefacientes, cerca de 1 em cada 18 pessoas. O número avançado pelas Nações Unidas apontou para uma proporção de cerca de 5,5 por cento da população mundial que tinha consumido drogas no ano em análise. A percentagem a nível global é pulverizada pelos números avançados pelo Instituto de Acção Social (IAS), que no sábado indicou que no ano passado o número de consumidores em Macau era 148, ou seja, cerca de 0,02 por cento da população da RAEM.

Num panorama altamente punitivo, que empurra os consumidores patológicos ou ocasionais para a obscuridade, a que as autoridades chamam de “consumo oculto”, os números do IAS representam as únicas pessoas que em Macau de certeza não consumem drogas: quem cumpre pena por consumo ou está em reabilitação.

Apesar da estatística que não reflecte a realidade, as autoridades indicam que os 148 consumidores de droga no ano passado representaram um aumento de cerca de 25 por cento face a 2023. Porém, o registo de 2024 foi 6 por cento menor em relação ao período antes da pandemia.

16 Jun 2025

Eleições | Lista do “Soldado de Mao” alvo do CCAC devido a corrupção

Quando tentava reunir as assinaturas em falta para participar nas eleições, a lista Ajuda Mútua Grassroots, ligada a Wong Wai Man, foi alvo de mais uma operação das autoridades, com novas detenções. As duas operações no espaço de dois dias, com várias detenções, terão mesmo impedido a participação nas eleições

 

A potencial lista candidata às eleições Ajuda Mútua Grassroots, ligada a Wong Wai Man, o “Soldado de Mao”, terá falhado o prazo para a entrega das assinaturas em falta, após ter sido alvo de uma operação Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), justificada com suspeitas de corrupção. Esta foi a segunda operação das autoridades contra membros da potencial lista no prazo de dois dias, e a exclusão das eleições deve ser confirmada durante o dia de hoje pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL).

A operação do CCAC foi anunciada pelo organismo liderado por Ao Ieong Seong, na sexta-feira, sem que houvesse identificação da lista visada. Em comunicado, sobre a operação que aconteceu na quinta-feira, as autoridades apenas se limitaram a indicar que tinham descoberto “um caso suspeito de oferta de vantagens, incluindo vantagens pecuniárias, para aliciamento de assinatura do formulário Pedido de Reconhecimento de Constituição de Comissão de Candidatura”.

Antes de uma lista candidata à Assembleia Legislativa ser formada, os membros precisam de constituir a chamada comissão de candidatura e recolher entre 300 e 500 assinaturas de apoio. Na altura da operação do CCAC, a Ajuda Mútua Grassroots estava numa corrida contra o tempo para conseguir mais 77 assinaturas válidas, depois de algumas das assinaturas originalmente apresentadas terem sido consideradas inválidas.

“O CCAC verificou que há pelo menos cinco indivíduos envolvidos no caso. Estes indivíduos terão aliciado outros para assinar formulários de propositura com vantagens pecuniárias ou outras vantagens ou terão oferecido formulários de propositura já assinados”, foi comunicado pelas autoridades. “Um dos suspeitos confessou a prática do respectivo acto criminoso suspeito enquanto um outro suspeito confessou a falsificação de assinaturas dos eleitores, assinando formulários de propositura”, foi acrescentado.

Exclusão quase confirmada

Ao All About Macau, Sou Weng, membro da Associação dos Armadores de Ferro e Aço que serve de base à potencial lista Ajuda Mútua Grassroots, reconheceu que a operação mais recente do CCAC resultou na detenção do responsável pela recolha das assinaturas em falta.

O detido, que não foi identificado, estava num encontro com um amigo quando foi levado pelas autoridades. Esta pessoa estava encarregue da recolha das assinaturas, depois de Wong Wai Man ter sido detido no dia anterior, pela Polícia Judiciária, alegadamente pelo crime de exploração de mah-jong, num outro caso judicial.

Face às detenções dos membros mais recentes da associação, Sou Weng admitiu assim que o mais provável é que as assinaturas tenham ficado por entregar, o que exclui das eleições a lista. Ao All About Macau, o membro da associação recusou a existência de qualquer caso de corrupção que envolva a Associação dos Armadores de Ferro e Aço.

Prisão à vista

No sábado, o Ministério Público (MP) emitiu um comunicado a informar que os membros da associação envolvidos estão indicados pelo crime de corrupção eleitoral, punido com uma pena de um a cinco anos de prisão. Segundo o MP, caso sejam considerados culpados, os visados têm de cumprir pena efectiva de prisão, dado que a lei eleitoral não permite suspensão, sem substituição por outras medidas de punição, como multa. Os visados estão também indiciados da prática do crime de falsificação de documento que pode ser punido com multa ou pena de prisão até 3 anos, que pode ser suspensa.

O MP informou ainda que o Juiz de Instrução Criminal “aplicou aos dois arguidos principais medidas de coacção de prestação de caução, de apresentação periódica, de proibição de ausência e de proibição de contactos e aos demais três arguidos medida de coacção de prestação de caução”.

16 Jun 2025

Empreendedorismo | Evento para empresas locais quer captar “investidores anjo”

Macau acolhe hoje um evento destinado a captar os chamados “investidores anjo” para projectos locais de empreendedorismo. O “Macau Angel Investor Network” decorre no “The Macao Young Entrepreneur Incubation Centre” e pretende dar apoio a projectos empresariais emergentes ou simplesmente startups que estão a dar os primeiros passos

 

Chama-se “Macau Angel Investor Network”, qualquer coisa como “Rede de Investidores Anjo em Macau” e pretende aproximar residentes que desejam ser empresários de sucesso e criar os seus próprios negócios numa economia que se quer diversificada. O evento está marcado para hoje no Da Hengqin Development Center, no número 517 da Avenida da Praia Grande, Edifício Comercial Nam Tung, entre as 11h e as 12h30, e conta com diversas personalidades ligadas à economia local, mas não só. São eles Raphael Chan, vice-director da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT), Paulo Andrez, presidente emérito da “European Business Angel Network” e ainda figuras como Emanuel Soares, consultor jurídico, U Man Fai, investidor-anjo para a zona da Grande Baía e partner/fundador do “Esencia Fund” e ainda Ung Choi Kun, ex-deputado à Assembleia Legislativa e presidente da Kun Cheong Holding ltd e também ele um “investidor-anjo”. O evento é desenvolvido pela Associação para o Empreendedorismo e Inovação para Macau, China e Países de Língua Portuguesa, a que está ligado Marco Duarte Rizzolio.

Ao HM, este explicou os principais objectivos que estão por detrás desta iniciativa. “Queremos conectar investidores anjo a startups e pequenas e médias empresas (PME) locais, fomentando o ecossistema empreendedor e promovendo a diversificação económica de Macau”. Por sua vez, Alvin Fong, também ligado à organização deste evento e presidente da Direch International, defendeu que se pretende “criar uma plataforma que reúna o conhecimento sobre investimentos-anjo, ajudando na diversificação da economia de Macau”.

Segundo Rizzolio, “os investidores anjo, que investem capital próprio em empresas emergentes, são fundamentais para apoiar startups em estágios iniciais onde as possibilidades de financiamento são mais escassas no sector financeiro tradicional”.

“Além disso”, frisou, a rede de contactos que hoje decorre na Avenida da Praia Grande “procura aproximar investidores dos países de língua portuguesa e da China, criando um acesso mútuo aos melhores projectos desenvolvidos nessas regiões e reforçando Macau como um elo estratégico entre o Oriente e o Ocidente”.

Para Alvin Fong, este é o “momento oportuno” para a realização de um evento desta natureza, tendo em conta que “o mundo está a passar por muitas mudanças e novas oportunidades estão a surgir”.

Segundo Marco Duarte Rizzolio, até já ocorreram, em Macau, eventos anteriores na tentativa de captar investimentos anjo, “mas esta é a primeira vez que se pretende criar uma rede de ‘Business Angels’ em Macau com investidores chineses e de países de língua portuguesa”.

“As condições para realizar este evento agora surgem de vários factores, como o crescimento acelerado da inovação e tecnologia, a maior digitalização e o uso de software nos negócios, a necessidade de diversificar a economia local, o foco crescente na Grande Baía como um polo de inovação”, disse.

Em causa, estão também factores como “o esforço conjunto de entidades públicas e privadas em criar um ambiente favorável ao empreendedorismo”, algo que foi muito potenciado pelos anos de pandemia, defendeu, por ter trazido a Macau e às autoridades “uma nova compreensão sobre a importância de apoiar negócios locais e regionais, tornando este momento particularmente estratégico”.

Quem é quem

Para a sessão de hoje foram convidados “empresários e empreendedores de sucesso, alguns dos quais são líderes nas suas áreas”, sendo que a sua “experiência e inteligência acrescentam muito a este evento”, destacou Alvin Fong.

Já Marco Duarte Rizzolio, frisou que estarão presentes “pessoas interessadas em tecnologia e inovação, incluindo alguns investidores anjo, representantes de fundos de capital de risco, empresários de renome e especialistas em inovação e desenvolvimento empresarial”.

A sessão de hoje trata-se de uma “oportunidade para obter conhecimentos valiosos e ampliar a rede de contactos”, sendo que Marco Duarte Rizzolio destaca personalidades como Paulo Andrez, “reconhecido especialista internacional em empreendedorismo, inovação e investimento anjo”, ou ainda Ung Choi Kun, “figura proeminente em Macau nos sectores do imobiliário e da educação, sendo também investidor anjo em várias empresas”.

Questionado sobre as principais áreas em que se foca esta iniciativa, Rizzolio acrescenta que o acontecimento está voltado para “startups e PME que actuam em sectores como a tecnologia, o turismo inteligente, a economia verde, saúde, educação digital, logística ou finanças”, por se tratarem de “sectores com alto potencial de crescimento e que estão alinhados tanto nas necessidades locais”, nomeadamente na estratégia de diversificação económica “1+4” ou ainda “as tendências globais”.

“Queremos identificar empresas inovadoras que possam prosperar não apenas em Macau, mas também na Grande Baía e em mercados internacionais”, acrescentou este responsável que está também ligado à organização do concurso de startups e empreendedorismo, o “929 Challenge”.

Momento certo

Para Alvin Fong, Macau apresenta actualmente potencialidades para a conexão de projectos empresariais às cidades da Grande Baía, todas elas situadas na província de Guangdong.

“Macau tem muita liberdade e flexibilidade para experimentar novas ideias. Além disso, recebemos muitos turistas de todo o mundo. Sendo uma das onze cidades da GBA, Macau é, de facto, uma excelente plataforma”, frisou. Por sua vez, Marco Duarte Rizzolio fala em “características únicas” do território, “como a sua posição como ponte entre a China e os países de língua portuguesa, um ambiente regulatório estável e incentivos fiscais e financeiros que podem atrair investidores e startups”.

Existe ainda “o aumento do foco na diversificação da economia além do sector do jogo”, verificando-se “um terreno fértil para inovação e novos negócios”.

“Num cenário global de taxas de juro baixas, mercados de capitais com alguma fricção geopolítica, o investimento em tecnologia tem apresentado múltiplos incomparáveis face a outros activos. Nesse contexto, a criação de mais incentivos financeiros e o fortalecimento de programas de apoio a startups são passos cruciais”, destacou o co-criador do evento.

Grande concorrência

Apesar das potencialidades, persistem os desafios, tendo em conta que “Macau não tem muitas vantagens além do sector do jogo”, existindo “uma concorrência intensa na Grande Baía”, alertou Alvin Fong.

Para Marco Duarte Rizzolio “os desafios são significativos”, pois “a transição de uma economia tão dependente do sector do jogo para um modelo mais diversificado leva tempo e exige esforços coordenados”.

Há ainda que ter em conta as oportunidades que surgem com a integração da RAEM na ilha de Hengqin, adiantou Rizzolio, que recorda, porém, “os desafios relacionados à competitividade e a adaptação regulatória”.

“Além disso, a remodelação habitacional e comercial exige equilíbrio entre o crescimento económico e a preservação do tecido social local. É essencial criar políticas que incentivem o empreendedorismo e o investimento, minimizando os impactos negativos dessas transformações”, lembrou.

Questionados sobre se as autoridades têm feito o suficiente na captação de investidores-anjo, ambos defendem que há mais trabalho a fazer. “Este é um bom começo, mas mais pode ser feito no futuro”, disse Alvin Fong.

Já Marco Duarte Rizzolio, referiu que “o Governo da RAEM tem feito esforços importantes”, além de mencionar “várias vezes a necessidade de criar uma rede de ‘Business Angels'”.

“Macau tem apoiado muitas iniciativas que visam estimular o investimento. É verdade que a criação de mais incentivos financeiros e o fortalecimento de programas de apoio a startups são passos cruciais. Também é necessário promover Macau de forma mais activa como um destino atractivo para investidores, destacando as suas vantagens competitivas no cenário internacional. Este evento é um exemplo de boa colaboração entre o sector público e privado para estimular o ecossistema”, defendeu Rizzolio.

Destaque ainda para o facto de o evento de hoje se realizar em estreita conexão com a 369, uma entidade que pretende transformar-se “num hub internacional de ciência e tecnologia em Macau, dando às novas gerações um palco maior de exploração” de oportunidades, disse Alvin Fong, presidente desta entidade. Marco Duarte Rizzolio salientou que estamos perante “uma incubadora do ecossistema de Macau que tem organizado vários eventos”.

16 Jun 2025

FIA | Conferência ajudou a perceber futuro do automobilismo

Pela primeira vez na sua história, em 2025, Macau acolheu as Assembleias Gerais Extraordinárias e Conferência da Federação Internacional do Automóvel (FIA). Organizado em parceria com a Associação Geral do Automóvel de Macau-China (AAMC), a associação desportiva do território filiada na FIA, e com o Galaxy Entertainment Group, este evento reuniu na RAEM mais de cinco dezenas de delegados seniores da FIA provenientes de 147 países

 

No Galaxy International Convention Centre, até hoje, discute-se o futuro do automobilismo e mobilidade a nível mundial. No entanto, alguns detalhes sobre o futuro do desporto no território já foram revelados nas entrelinhas. Focada em obter informações sobre o crescimento do automobilismo e a promoção de uma mobilidade segura, sustentável e acessível a todos na região Ásia-Pacífico, a sessão de abertura da Conferência da FIA destacou a importância da comunicação e colaboração, bem como a capacidade da região para inovar e criar soluções que respondam às questões específicas que enfrenta.

Roberto Carlos Osório, presidente da Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC), afirmou que a associação possui uma forte tradição no automobilismo e que, ao seguir as directrizes da FIA, está a conseguir fazer crescer rapidamente a competição a nível da base na região.

“Organizámos a primeira Taça GT Macau em 2008”, referiu o dirigente da AAMC. “Actualmente, temos também a Taça GT – Corrida da Grande Baía para carros GT4. Além disso, em 2008, criámos a Road Sport Challenge”, explicou. “E hoje, em 2025, temos o orgulho de anunciar que contamos com 68 carros de Turismo na região a competir na corrida de qualificação para entrarem no 72.º Grande Prémio de Macau.”

Num ano em que a AAMC comemora 30 anos de existência – nasceu como Automóvel Clube de Macau – ficamos também a saber que a aposta da associação para o futuro será nas disciplinas de base do desporto motorizado. Roberto Carlos Osório revelou igualmente um dado curioso: Macau conta com 135 pilotos com licença desportiva do território.

“Este crescimento foi alcançado seguindo as orientações da FIA para promover o automobilismo de base e criar corridas acessíveis para os pilotos da região,” acrescentou o dirigente do território. “Com o interesse de pilotos, equipas e promotores em desenvolver actividades de ponta em Macau, no futuro iremos focar-nos ainda mais nas competições de base e em corridas acessíveis, não só para apoiar o turismo, mas também para tornar Macau num centro asiático de eventos internacionais de Karting, onde os campeões poderão ser seleccionados para a F4 e, posteriormente, para a Formula Regional.”

Programa do GP confirmado

A Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau (COGPM) realizou uma conferência de imprensa, no passado dia 8 de Junho no Museu do Grande Prémio de Macau, para confirmar as corridas do programa do 72.º Grande Prémio de Macau, que terá lugar entre os dias 13 e 16 de Novembro deste ano.

Tal como no ano passado, serão sete corridas no total, respectivamente, o Grande Prémio de Macau – Taça do Mundo de FR da FIA, a Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA, a Corrida da Guia Macau – Kumho FIA TCR World Tour Event of Macau, a Corrida de Macau de Fórmula 4 – Taça do Mundo de Fórmula 4 da FIA, o 57.º Grande Prémio de Motos de Macau, a Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT4) e a Macau Roadsport Challenge. Pela primeira vez, o Circuito da Guia recebe quatro diferentes Taças sob a chancela da FIA no mesmo fim de semana.

Outras novidades

Entre reuniões e comunicados, foram reveladas outras informações sobre a edição de Novembro do Grande Prémio de Macau. O Conselho Mundial da FIA aprovou, em Macau, que o vencedor da primeira Taça do Mundo de Fórmula 4 da FIA receberá dois pontos para a Super Licença. Ficámos também a saber que a Pirelli irá equipar todos os monolugares que participarem tanto na Taça do Mundo de Fórmula 4 da FIA como na Taça do Mundo de Fórmula Regional da FIA. Por sua vez, o fornecimento de pneus e combustível para a Taça do Mundo de GT da FIA continua em fase de concurso.

As inscrições para a Taça do Mundo de Fórmula 4 estarão abertas até 30 de Julho. A selecção final de 20 pilotos será confirmada pela FIA através de uma carta oficial de convite, tendo em conta a classificação atual dos pilotos nos respetivos campeonatos.

No caso da Taça do Mundo de Fórmula Regional da FIA, as inscrições também permanecerão abertas até 30 de Julho, sendo que a grelha poderá acolher um máximo de 27 monolugares Tatuus Formula Regional equipados com motores Alfa Romeo construídos pela Autotecnica. Tal como na Fórmula 4, a participação será por convite, com prioridade atribuída aos pilotos que tenham alcançado as melhores posições nos cinco campeonatos de Fórmula Regional de 2025.

13 Jun 2025

SMG | Wutip passa a sinal 1 mas mantém-se alerta

A tempestade tropical Wutip tem enfraquecido à medida que se aproxima de Macau, ainda assim as autoridades esperam que o vento se intensifique ao longo do dia de hoje, acompanhado de aguaceiros fortes e trovoadas. Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos baixaram ontem à tarde o alerta para sinal 1, enquanto as autoridades nacionais aumentaram

 

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) baixaram ontem à tarde o alerta de tempestade tropical do sinal 3 para o sinal 1, quando a tempestade Wutip estava a cerca de 680 quilómetros de Macau.

De acordo com a trajectória prevista, o Wutip irá tomar hoje um rumo de norte a nordeste, aproximando-se da costa oeste da Província de Guangdong e a corrente de ar sudoeste associada vai afectar Macau. Assim sendo, o vento na região poderá voltar a intensificar-se para ventos sustentáveis entre 41 km/h e 62 km/h, acompanhado de rajadas de cerca de 110 km/h.

Os SMG prevêem também aguaceiros fortes e trovoadas entre o final do dia de hoje e o início de domingo.

Devido à “significativa” precipitação contínua e acumulada e ao efeito da maré astronómica, os SMG alertaram para a possibilidade de ligeiras inundações em zonas do Porto Interior entre hoje e amanhã. Apesar de terem baixado o sinal de alerta, os SMG apontaram ontem que a trajectória do ciclone tropical ainda é incerta e apelaram à população para se manter alerta.

Por outro lado

Ao contrário do alívio do nível de alerta em relação à tempestade tropical Wutip verificado em Macau, as autoridades chinesas optaram ontem por outra via, elevando a resposta de emergência de nível IV para III, face à aproximação da primeira tempestade do ano, que deverá atingir por duas vezes o sul da China.

O sistema chinês de resposta a desastres meteorológicos compreende quatro níveis, sendo o nível I o mais grave e o nível IV o menos severo. A activação do nível III implica a mobilização mais alargada de recursos e coordenação reforçada entre agências a nível local e nacional para prevenir e mitigar os potenciais impactos do fenómeno.

De acordo com o Centro Meteorológico Nacional chinês, o Wutip desloca-se em direcção a noroeste a cerca de 10 quilómetros por hora e poderá tocar terra pela primeira vez entre a madrugada e a manhã de hoje, numa faixa costeira entre Lingshui e Ledong, na ilha de Hainan. Um segundo impacto está previsto para amanhã, na costa entre o oeste da província de Guangdong e a região autónoma de Guangxi.

Até amanhã, o sul da China deverá registar chuvas “muito fortes ou extremamente fortes” em zonas localizadas, nomeadamente no centro de Hainan, norte de Guangdong e leste de Guangxi, segundo o organismo meteorológico.

O observatório central mantém activo um alerta amarelo de tufão, o terceiro nível numa escala de quatro cores, em que o vermelho representa a situação mais grave.

A Administração Meteorológica da China, que tutela o Centro Meteorológico Nacional, apelou às autoridades locais para que reforcem as medidas de precaução face aos possíveis efeitos de ventos fortes, chuvas e deslizamentos de terra.

O Wutip é o primeiro tufão da época na China, mas a sua formação registou-se com mais de dois meses de atraso em relação ao habitual início da temporada, que costuma ocorrer no final de Março. Especialistas atribuem o atraso a um sistema de alta pressão subtropical invulgarmente forte e à chegada tardia da monção de Verão ao mar do Sul da China, factores que inibiram a convecção tropical necessária para o desenvolvimento de ciclones.

13 Jun 2025

Casinos-satélite | Fecho afecta imobiliário e banca

O presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau alerta que o crédito mal- parado pode atingir os 100 mil milhões de patacas, devido ao encerramento dos casinos-satélite e dos negócios que giram à volta destes espaços de diversão

 

O anúncio sobre o encerramento cerca de nove casinos-satélite na Zona de Aterros do Porto Exterior (ZAPE) resultou no congelamento de pelo menos 10 negócios de imobiliário, em apenas dois dias. O cenário foi traçado pelo presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau, Ip Kin Wa, em declarações ao jornal Ou Mun.

Segundo Ip Kin Wa, com a confirmação do encerramento de nove casinos-satélite naquela zona, vários interessados na compra de imóveis, ou no arrendamento, optaram imediatamente por adiar os negócios, havendo mesmo quem tenha desistido do investimento.

Ip revelou que em muitos casos os congelamentos de potenciais negócios foram justificados com a necessidade de esperar para ver o que acontece no futuro e perceber qual será o novo valor dos imóveis. Com o encerramento dos casinos-satélite, à volta dos quais convivem vários negócios, como lojas de penhores, restaurantes ou lojas de conveniência, espera-se que haja uma desvalorização destes espaços.

O presidente da associação explicou também que algumas renovações de arrendamentos de espaços comerciais naquela zona, que estavam praticamente concluídas, ficaram em suspenso e podem não avançar. Face a este cenário, Ip Kin Wa mostra-se muito preocupado com o que considerou o impacto directo do anúncio do encerramento dos casinos daquela zona.

Como consequência do fecho, o dirigente associativo teme que a crise com que se debate o mercado imobiliário há alguns anos se prolongue com a quebra do valor dos imóveis e a redução dos preços de venda.

Tiros nos pés

Nas declarações prestadas ao jornal com maior circulação no território, Ip Kin Wa alertou ainda que o encerramento dos casinos-satélite representa um risco para a saúde do sistema bancário muito superior ao reconhecido oficialmente pelo Governo.

De acordo com o presidente da associação, o Governo indicou que os créditos relacionados com os casinos-satélite só representam 1 por cento do total dos créditos da banca. No entanto, segundo Ip, os números da própria banca apontam que o valor ligado a estes casinos é superior a 10 mil milhões de patacas.

Além disso, Ip indicou que o Governo, ao optar por não tomar medidas para salvar os casinos-satélites, está a ignorar o impacto indirecto do encerramento destes casinos nos outros negócios que giram à volta dos espaços de jogo. Anteriormente, Tai Kin Ip, secretário para a Economia e Finanças, estimou que haveria cerca de 320 lojas que poderiam ser afectadas pelo encerramento dos casinos.

No entanto, o presidente da associação vem agora avisar que foram pedidos empréstimos durante a pandemia por estes negócios, para fazer face à redução das receitas, e que não houve tempo de recuperar financeiramente, o que faz com que não tenham capacidade de devolver o dinheiro aos bancos. A estes empréstimos, juntam-se as hipotecas a serem pagas pelos senhorios que arrendam os espaços onde os negócios são explorados. Segundo Ip, quando os empréstimos dos negócios e as hipotecas são tidos em conta, o montante de crédito ligado directamente e indirectamente aos casinos-satélite sobe para pelo menos 70 mil milhões de patacas, no caso de 70 por cento dos negócios perderem a capacidade para pagarem os respectivos empréstimos.

Com base nestas contas, Ip Kin Wa estimou que o crédito mal-parado pode subir para 100 mil milhões de patacas, uma taxa de 10 por cento. De acordo com os dados citados por Ip, da Autoridade Monetária de Macau referentes a Abril, nesse mês, a taxa de incumprimento de empréstimos era de 5,4 por cento, equivalente a 55 mil milhões de patacas.

13 Jun 2025

Trânsito | Lo Choi In pede obras na Praça Ferreira do Amaral

O número de acidentes naquela que é uma das zonas características de Macau leva a deputada a defender uma intervenção profunda, que pode passar por um melhor aproveitamento do subsolo

 

A deputada Lo Choi In defende a necessidade de se realizarem obras na Praça Ferreira do Amaral para reduzir os riscos de acidentes para os peões, face ao enorme volume de autocarros. A questão consta de uma interpelação escrita da legisladora ligada à comunidade de Jiangmen.

O pedido para alterar aquela que é uma das principais praças do território, e um dos pontos com maior circulação de autocarros, surge depois de na última semana de Maio terem sido registados pelo menos três acidentes com autocarros no local. A deputada considera que os acidentes naquela zona são cada vez mais frequentes e que o problema precisa de uma resposta.

“Quando introduzimos num motor de busca as palavras Praça Ferreira do Amaral surgem inúmeras notícias sobre acidentes naquele local, desde atropelamentos de peões, colisões entre autocarros ou acidentes entre autocarros e carros particulares, quando os autocarros entram na rotunda”, descreveu Lo. “A população tem a impressão que este local se tornou um dos pontos negros do trânsito”, avisou.

No texto, a deputada reconhece que por vezes os acidentes são da responsabilidade de peões ou das pessoas que não adoptam as cautelas devidas de circulação naquela zona. No entanto, Lo Choi In defende que “quando os acidentes se sucedem, isso pode reflectir as falhas na concepção das paragens de autocarros na rotunda”.

Desafios reconhecidos

De acordo com a deputada, as obras no local devem ser profundas, embora reconheça que a praça resultou de um desenvolvimento histórico que vai sempre limitar as intervenções na zona.

No entanto, Lo sugere uma parceria entre o governo e diferentes instituições académicas para se proceder a um novo planeamento, de forma a que os congestionamentos deixem de ser frequentes, ao contrário do que actualmente acontece, em alturas como o Ano Novo Lunar, a Semana Dourada, ou o Feriado Nacional. Segundo a deputada, o governo deve ponderar convidar especialistas nestas questões para resolver o problema não só de Macau, mas também do Interior.

Com estas alterações, Lo indica que vai ser possível “optimizar a eficiência da rede viária, aumentar a segurança dos peões e ainda revitalizar e aproveitar o espaço subterrâneo daquela zona.

Ao mesmo tempo, a legisladora aproveita a interpelação para defender a necessidade de substituir e organizar várias paragens de autocarros em Macau, principalmente as mais antigas. Sobre este assunto, Lo afirma que são várias as paragens a ser substituídas e que o trabalho vai levar tempo. Contudo, apela ao Executivo para ter como prioridade as paragens que ficam perto das escolas e as mais utilizadas pelos idosos.

13 Jun 2025