Bienal de Macau | Novas obras “espalhadas” pela cidade

A Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau voltou a ocupar o espaço público com obras de artistas internacionais. Uma dela é a escultura do artista tailandês Gongkan, intitulada “Tenho Saudades Tuas”, exposta no espaço Anim’Arte Nam Van.

A peça do tailandês “procura estimular, na realidade de hoje em dia, marcada por metamorfoses constantes e frenéticas, a pró-actividade e a coragem das pessoas para romperem com as limitações físicas, espaciais ou de outra natureza, e para escolherem quem querem amar”.

Este conceito “estabelece a correspondência com o tema da exposição principal”, além de promover “uma reflexão sobre o presente e discussões sobre a procura da felicidade”.

O público pode também visitar “Barca Solar”, do artista egípcio Moataz Nasr, um trabalho que estará patente no Largo do Pagode da Barra.

Outra obra destacada pelo Instituto Cultural é “Aprender com Macau”, um mega panorama da cidade da autoria do Drawing Architecture Studio (China). A obra foi colocada no mural exterior do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau e visa “registar e homenagear a cultura local de Macau, inspirando-se nas observações da vida diária e recreativa da cidade”.

30 Ago 2021

Cinemateca Paixão | Filmes de acção asiática preenchem cartaz de Setembro

As artes marciais vão continuar a dominar o cartaz da Cinemateca Paixão ao longo de Setembro, com uma variedade de filmes de realizadores de todo o mundo, com particular incidência nos cineastas asiáticos. Hoje é exibido “The Master”, de Xu Haofeng, amanhã é a vez de “Zu: Warriors from the Magic Mountain”, do realizador Tsui Hark

 

O ciclo “A sombra da katana, armas, espadas – Festival das Artes Marciais, Samurai e Filme Ocidental” continua a ser a tónica cinematográfica do cartaz da Cinemateca Paixão, enchendo o ecrã da casa dos filmes de acção e violência ao longo do mês de Setembro.

No meio de um vasto cartaz, com muitos filmes já esgotados, o HM divulga as sessões para as quais ainda há bilhetes à venda.

Hoje, às 19h, é exibido “The Master”, uma megaprodução de 2015, da autoria do chinês Xu Haofeng. A narrativa gira em torno da longa e sangrenta ascensão de um homem à posição de mestre de artes marciais de wing chun, um conceito moderno baseado no tradicional wushu originário do Sul da China.

Até conseguir permissão para abrir uma escola de artes marciais, o protagonista, interpretado pelo aclamado actor Liao Fan, terá de treinar um aprendiz capaz de derrotar nove mestres de outras escolas.

Amanhã, às 15h, é a vez de “Zu: Warriors from the Magic Mountain” tomar conta do ecrã da Cinemateca Paixão, sessão que é repetida a 8 de Setembro, às 19h, para quem não gostar de filmes de kung fu à hora de matiné. Lançado em 1983, esta pérola do cinema de Hong Kong, realizada por Tsui Hark, foi uma influência enorme para John Carpenter conceber o clássico “Big Trouble in Little China”, com Kurt Russell, Kim Cattrall, Dennis Dun e James Hong no elenco.

“Zu: Warriors from the Magic Mountain” é um filme difícil de caracterizar, com elementos sobrenaturais, fantasia, artes marciais e comédia transversais a toda a narrativa, que se centra nas desventuras de um desertor do exército que tenta escapar da Montanha de Zu que, por acaso, está cheia de vampiros que encaram o militar como um banquete com pernas.

A sobrevivência do protagonista, interpretado por Yuen Biao, é garantida pela intervenção do mestre Ding Yan, desempenhado por Adam Cheng, a conhecida estrela do canto pop e actor da TVB.

Do Japão à Indonésia

Como um cocktail feito apenas com bebidas com mais de 40.º graus de álcool, “Sukiyaki Western Django” é um cruzamento bombástico entre Quentin Tarantino, Sergio Leone e Akira Kurosawa. A película, realizada pelo japonês Takashi Miike, que chegou às salas de cinema em 2007 é exibida no dia 5 de Setembro, às 15h.

O filme começa com a chegada de um pistoleiro a Yuta, uma cidade dividida por dois gangues em guerra. Depois de ignorar os convites de ambos os clãs, o pistoleiro acaba em casa de uma mulher que lhe conta como a cidade, em tempos próspera, se degradou com o embate violento dos dois gangues. A partir daqui “Sukiyaki Western Django” transforma-se num misto entre “Cães Danados” e “Os Sete Samurais”.

Nos dias 7 e 15 de Setembro, sempre às 19h, a Cinemateca Paixão exibe “The Fate of Lee Khan”, um clássico de Hong Kong, realizado por King Hu, que alia artes marciais a narrativas repletas de magia e fantasia. A acção desenrola-se durante os anos de declínio da Dinastia Yuan, quando Lee Khan, um general mongol, e a sua irmã Wan’er tentam obter informações tácticas das forças rebeldes que combatem. É com essa missão que chegam a uma estalagem na província de Shaanxi.

Seguindo uma toada mais calma do que “Sukiyaki Western Django”, “The Fate of Lee Khan” desenrola-se ao ritmo muito próprio, com cenas de luta a surpreenderem o espectador e a terminarem tão rapidamente como começaram, dando espaço a intriga e crescimento das personagens pelo meio.

Filme sobre filmes

Finalmente, destaque para um filme distinguido em festivais de cinema asiáticos como o Festival de Cinema Asiático Vesoul, Festival de Cinema Asiático de Hong Kong, Festival de Cinema de Taipei e no Festival Internacional de Cinema de Busan, para nomear alguns. No dia 8 de Setembro, às 21h, e às 16h30 de 18 de Setembro, é exibido “Garuda Power: The Spirit Within”, um documentário que explora a história pouco conhecida do cinema de acção indonésio.

Desde o nascimento da indústria cinematográfica na Indonésia, entre os anos 20 e 30 do século passado, o documentário do realizador Bastian Meiresonne atravessa os altos e baixos do sector, até chegar a “The Raid”, um filme de acção que mereceu aclamação global.

O cartaz da Cinemateca Paixão inclui outros filmes, muitos deles com sessões esgotadas, com este tipo de filmes em exibição a ocupar a programação de Setembro.

27 Ago 2021

Grand Lisboa Palace | Abraço entre Oriente e Ocidente através da arte

Carlos Marreiros, Konstantin Bessmertny, Ung Vai Meng, Eric Fok, Denis Murrell e Cai Guo Jie foram os artistas locais escolhidos para embelezar os principais espaços públicos do novo Grand Lisboa Palace, no Cotai. Trabalhos de grandes dimensões dão o toque final no resort, constituindo a maior colecção de obras de arte comissionadas a criadores de Macau

 

Os espaços amplos e sumptuosos que constituem as artérias principais do novo Grand Lisboa Palace estão repletos de quadros de grandes dimensões da autoria de artistas locais, naquela que é a maior colecção de arte comissariada a criadores de Macau por uma concessionária de jogo.

Simbolicamente, entre o lobby Este e Oeste, a fluidez entre espaços é composta por peças dos artistas locais Carlos Marreiros, Konstantin Bessmertny, Ung Vai Meng, Eric Fok, Denis Murrell, Cai Guo Jie e ainda uma peça de 3,6 metros por 4,5 metros da autoria de Ambrose So, o vice-presidente da administração da SJM Holdings Ltd.

O executivo, que abriu recentemente a joia da coroa do grupo no Cotai faz parte do grupo de ilustres locais que através da arte cruzam civilizações, culturas e épocas no Grand Lisboa Palace, com a peça “Humility Scroll”. O trabalho combina influências portuguesas e chinesas, através da caligrafia e azulejo pintado à mão à moda lusa. Ambrose So debruçou-se sobre o 15.º capítulo do Yi Jing, o Livro das Mutações, um texto clássico considerado um dos mais antigos e importantes livros de filosofia chinesa. O trecho escolhido é um tratado sobre a essência da virtude e humildade e está simbolicamente situado no centro dos dois lobbys .

Atrás do balcão de check-in do lobby Oeste, um painel de gravura em metal da autoria de Eric Fok dá as boas-vindas aos hóspedes. “Paradise – Grand Lisboa Palace” retrata um jardim movimentado, repleto de figuras singulares num cenário de fantasia, com uma composição arquitectónica que evoca o Grand Trianon, incorporado no Palácio de Versailles. O uso do metal como veículo para a inspiração de Eric Fok é uma referência temática ao antigo papel de Macau no comércio da prata.

O jovem criador de Macau foi comissariado também para uma peça que se encontra exposta defronte para o balcão de check-in do lobby Este, intitulado “Paradise – Ships on the Oriental Coast”, um painel tríptico composto por azulejos de porcelana portuguesa pintados a azul. Dividido em três partes, a obra retrata com bastante detalhe, a era das descobertas, quando Macau se posicionou no centro do mundo, como um importante porto de trocas comerciais e culturais entre Oriente e Ocidente.

No centro do tríptico, Eric Fok desenhou o Grand Lisboa Palace, ladeado por representações que evocam tempos idos, com o Rio das Pérolas repleto de embarcações de um lado, e do outro a alegre azáfama da Macau antiga, onde estão retratadas pessoas nas ruas, perto da igreja e com a aparição misteriosa de um elefante e uma girafa, com o casario ao fundo.

Encontros nas telas

Um dos traços característicos dos trabalhos de Konstantin Bessmertny é a profusão representações iconográficas e a atenção dada ao detalhe. As duas telas do artista local, expostas frente a frente na entrada para os elevadores lobby Este, chamam-se “E. meets W.” e “W. meets E.”.

Especialmente concebidas para o Grand Lisboa Palace, as duas obras comunicam entre si as formas como o Oriente é visto pelo Ocidente e vice-versa, num diálogo marcado pelas cores vivas, pelas representações conceptuais com o traço bem-humorado de Bessmertny e pela profusão de detalhes que, à primeira vista, podem escapar ao olhar menos atento. Exemplo disso, é o retrato de Homer Simpson que só fica perceptível a quem vê a obra do lado esquerdo do quadro, numa alusão a “The Ambassadors” de Hans Holbein, um clássico quadro do período renascentista.

A tela que representa a forma como o Oriente é percepcionado pelo Ocidente tem no centro um colorido festival fantasmagórico de templos luxuriantes, jardins plenos de exotismo, padrões e paisagens que evoca requinte, espiritualismo, calma meditativa e cerimónia. O reverso da medalha, é um labirinto de vinhas, castelos, evocações monárquicas, personagens históricas e iconografia pop.

A tarefa de absorver todos os detalhes das telas de Konstantin Bessmertny parece requerer um ou dois dias de férias para que nada escape no magnífico puzzle visual que contrapõe os dois postos cardeais, onde o sol nasce e se põe.

Glória e serenidade

Os trabalhos comissariados a Carlos Marreiros tocam-se no tema/conceito, mas distanciam-se nas formas de expressão que o artista escolheu para se expressar. “Glória” é composta por dois paneis de azulejos tradicionais portugueses que ilustram a fantástica viagem de Macau entre o século XVI e os dias de hoje. O primeiro painel retrata o encontro inicial entre chineses e portugueses, a curiosidade e o mistério que a confluência trouxe às duas partes, com a representação onírica da troca de prendas entre os dois lados a acontecer no ar, com a rural e velha Macau em pano de fundo.

O segundo painel, celebra o contínuo aprofundar dos laços entre as comunidades em Macau, com simbolismos culturais, jurídicos e um retrato surrealista de Stanley Ho a andar de bicicleta.

Todos os personagens e elementos simbólicos pairam sobre uma cidade cosmopolita, com uma narrativa urbana detalhada que retrata a evolução de Macau ao longo de quase 500 anos.

Atrás do balcão de check-in do lobby Este do Grand Lisboa Palace, a visão é dominada pela explosão de cores de “Sereno Amanhecer de Amanhã”, um quadro que é um hino à união entre a arquitectura portuguesa e a arquitectura do Sul da China. As duas matrizes que formam o núcleo da obra são as influências que moldaram Macau enquanto cidade orgânica que funde as duas concepções numa vibrante e, ainda assim, serena e natural paisagem.

Contrariando a normal noção de equilíbrios, Carlos Marreiros retrata elementos naturais como montanhas, borboletas e vegetação, em cima de edifícios num lado do painel. Enquanto que no outro, os elementos misturam-se numa paisagem idílica onde ficam eternizados marcos arquitectónicos da cidade como o antigo e carismático Hotel Lisboa, simbolizando o início da prosperidade de Macau; a Torre de Macau, a trazer o desenvolvimento e transição a REAM; e o Grand Lisboa, erguendo-se entre montanhas douradas no centro distante.

Na recepção do Lobby VIP do Grand Lisboa Palace figuram duas imponentes telas abstractas de autoria de Cai Guo Jie. A arte abstracta também domina a entrada e interior do lounge do lobby oriente com duas peças de Denis Murrell.

Outro dos destaques artísticos da colecção que acrescenta brilha ao novo resort é o painel intitulado “Auspicious Stars Shining Over Macao” de autoria de Ung Vai Meng. A obra tridimensional, composta por folha metálica recortada na forma das Ruínas de São Paulo assente em calçada portuguesa e elementos de azulejo simbolizando conchas do mar, forma um mosaico que evoca as restantes obras presentes nos balcões de check-in, tornando as entradas auspiciosas e as despedidas memoráveis.

26 Ago 2021

Música | Rosanna Ip leva canto lírico à Fundação Rui Cunha

Natural de Macau, a soprano lírica Rosanna Ip irá protagonizar um recital no próximo sábado, onde serão interpretados clássicos de compositores como Mozart, Debussy ou Brahms. A artista local, que espera seguir uma carreira profissional no mundo da música, anseia ainda que mais pessoas de Macau possam conhecer o bel canto

 

Integrado na série “Os Sons da Praia Grande”, a galeria da Fundação Rui Cunha acolhe a partir das 17h00 do próximo sábado, um recital de música lírica interpretado pela soprano local, Rosanna Ip.

Acompanhada ao piano por Vicky Tong, do programa do “Recital de Voz com Rosanna Ip” fazem parte peças de compositores clássicos como Wolfgang Amadeus Mozart, George Frideric Handel, Robert Schumann, Hugo Wolf, Claude Debussy, Reynaldo Hahn, Roger Quilter, Ernest Charles, Johannes Brahms e Johann Strauss II.

Contactada pelo HM, Rosanna Ip mostrou estar empolgada com o espectáculo do próximo sábado, esperando que o evento seja uma oportunidade para que “mais pessoas de Macau possam conhecer e compreender o que é o bel canto”, nome da técnica vocal de tradição italiana em que se inspira e que esteve em voga entre o final do século XVII e o século XIX.

Sobre a forma como a música começou a fazer parte da sua vida, a soprano lírica nascida em Macau revelou que, após ter integrado o Coro de Crianças do Instituto Cultural de Macau, acabou por prosseguir os estudos musicais na área através aulas de canto vocal, quando rumou ao Canadá para frequentar o ensino secundário.

“Mudei-me para o Canadá para prosseguir os estudos do ensino secundário quando tinha 16 anos. Foi aí que comecei a ter aulas de canto lírico. Depois juntei-me a um grupo chamado “Candesca” e viajámos para Nova Iorque para fazer algumas actuações”, partilhou.

A experiência além-fronteiras, que contou ainda com uma formação de prática vocal em Londres com a conceituada professora de Voz e Piano, Teresa Cahill, motivou Rosanna Ip a alcançar novos patamares ao nível do canto lírico.

“Ao juntar-me ao grupo e ao fazer digressões musicais, tive a oportunidade de participar em muitos espectáculos e actuar no mesmo palco que outras artistas. Isso inspirou-me muito a trabalhar para chegar a um patamar mais elevado”, apontou Rosanna Ip.

Desafios no horizonte

De regresso a Macau, em 2019 Rosanna Ip decidiu ingressar na Hong Kong Academy of Performing Arts para frequentar uma formação de quatro anos orientada pela Professora Nancy Yuen, responsável pelo Departamento de Estudos Vocais.

Embora admita não ser tarefa fácil, após concluir o programa de estudos que está a frequentar, a artista não tem dúvidas de que o próximo objectivo passará por fazer da música uma profissão a tempo inteiro.

“Acho que não é fácil ter uma carreira profissional em Macau na área da música, mas também não digo que seja impossível. No entanto, sem dúvida que há mais oportunidades fora de Macau, até porque existem mais Casas de Ópera. Em Macau, o que podemos fazer é limitado e, por isso, quero trazer e partilhar esta cultura [do bel canto] para Macau”, começou por dizer.

“Após concluir os meus estudos em Hong Kong, quero ter uma carreira profissional na área da música. Vou dar o meu melhor para que isto possa ser o meu sustento principal e para haja sempre música ao longo de toda a minha vida”, acrescentou.

25 Ago 2021

Bienal de Macau | “Botânica”, a obra de Vasco Araújo que olha para o passado colonial

Vasco Araújo, artista plástico português, participa na “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau” com a peça “Botânica”, que mais não é do que uma ironia ao antigo passado colonial do Ocidente e aos chamados “zoos humanos”, quando nacionais dos países colonizados eram expostos como se de espécies exóticas se tratassem

 

Realizada entre os anos de 2012 e 2014, “Botânica” é uma série de obras realizada pelo artista plástico português Vasco Araújo que mais não é do que uma representação irónica daquilo que o homem branco fez aos naturais dos países colonizados. Três das doze peças que compõem “Botânica”, que usa materiais como a fotografia e madeira, podem agora ser vistas na “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau”, inserida na secção “Labirinto da Memória de Matteo Ricci”. Esta, descreve “o olhar do Ocidente sobre a China, reescrito e subvertido ao longo de 500 anos”.

Ao HM, Vasco Araújo, natural de Lisboa, cidade onde ainda vive e trabalha, diz ter ficado “surpreendido” com o convite do curador da bienal, Qiu Zhijie. “Botânica” não é mais do que “umas mesas atravessadas por fotografias dos jardins botânicos de Portugal”, bem como por imagens de arquivo “relacionadas com todas as exposições que se chamavam ‘Zoos Humanos’, feitas pela Europa fora e EUA, que traziam pessoas das ex-colónias, de vários países, e as expunham como se fossem animais”.

O título desta peça é irónico porque “tal como foram construídos os jardins botânicos com espécies exóticas e vindas de todas as antigas colónias, faziam-se estas exposições para mostrar [as pessoas] e para exercer o poder em termos de dominação”. Vasco Araújo afirma fazer sempre uma crítica “a essa situação que, na realidade, tem repercussões até hoje, de racismo e por aí fora…”.

Uma vez que o tema principal da bienal é a globalização, o artista plástico português considera que “faz todo o sentido” expor “Botânica” em Macau. “[O curador] falou da questão da globalização e de como este assunto ainda hoje nos afecta a nível positivo e negativo. Estas peças falam sobre isso. [A ideia] de império e das colónias era replicar o que se fazia na Europa, em África, América do Sul e Ásia, pelo que faz todo o sentido [expor esta obra].”

O artista recorda que, apesar de Macau ter feito parte do império colonial português, “se calhar na China não há tanto a noção do que foram os impérios coloniais europeus”.

Questão de poder

“Botânica” já esteve exposta em lugares como Lisboa e Londres, e é muito mais do que uma obra que olhe exclusivamente para o império colonial português. Temas como o colonialismo e história são, aliás, temas muito presentes na obra de Vasco Araújo.

“O que me interessa aqui é o jogo de poder, como construímos a nossa identidade não só enquanto nação, país ou continente, mas também como pessoas. Como exercemos o poder e como é desenvolvida essa relação de superioridade – inferioridade?”

Terão sido estes os elementos que, na visão do artista, despertaram o olhar do curador. “As peças não são especificamente sobre Portugal nem sobre o colonialismo português. Os ‘Zoos Humanos’ foram um movimento internacional do final do século XIX, princípio do século XX, que durou até aos anos 60 desse século. O que dizemos hoje sobre a globalização, o facto de perdermos a identidade, já vinha desde o passado, são repercussões de coisas que [aconteceram]”, apontou o autor.

Vasco Araújo confessa que expor numa mostra desta natureza constitui sempre um desafio por comparação a uma mostra individual, pois numa bienal “são as minhas peças em confronto com as peças de outros artistas, há um diálogo maior”.

O artista é licenciado em escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e tem ainda um curso avançado em artes plásticas. Esta é a primeira vez que expõe em Macau, depois de ter exposto, há dois anos, em Xangai.

24 Ago 2021

Creative Macau | Espaço celebra 18 anos com exposição sobre a pandemia

Fundado há 18 anos como um projecto “pioneiro”, o espaço Creative Macau inaugura no próximo sábado uma exposição que marca o seu percurso, mas que também olha para o presente. “Open – Close – Open” reúne trabalhos de 33 artistas com as emoções em torno da pandemia a constituírem o tema principal

 

Quando, há 18 anos, o tema indústrias criativas era praticamente inexistente em Macau, abrir o Creative Macau – Centro para as Indústrias Criativas constituiu, sobretudo, um projecto “pioneiro”. Lúcia Lemos é, desde o primeiro dia, directora de um espaço que já organizou 226 exposições individuais e colectivas, com mais de seis mil trabalhos expostos, e que juntou mais de 70 mil pessoas. Além disso, o Creative Macau tem organizado, nos últimos anos, o festival de curtas-metragens Sound and Image Challenge – Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau, que recebe películas do todo o mundo. A 12.ª edição, agendada para Dezembro deste ano, acontece desta vez no Teatro Capitol.

Para marcar o seu aniversário, o espaço Creative Macau inaugura, no próximo sábado, 28 de Agosto, a exposição “Open – Close – Open”, que se dedica, sobretudo, a olhar para os tempos actuais de pandemia.

Um total de 33 artistas locais responderam ao desafio colocado por Lúcia Lemos, com alguns deles a apresentarem obras inéditas. “Os trabalhos são bastante variados e vão desde a joalharia, instalação, ou pintura, ao design gráfico e desenho”, contou ao HM.

A directora do Creative Macau escolheu o tema que remete para o abrir e fechar de espaços e actividades por se estar a viver um período de “incertezas” em virtude da pandemia da covid-19. Um olhar pelas obras vai permitir observar estes altos e baixos emocionais que todos vivemos.

“São estas incertezas que provocam um certo desequilíbrio em todas as áreas da sociedade. Assistimos ao facto de as pessoas sentirem altos e baixos de uma crise provocada pela pandemia. Nem todos os trabalhos são novos, há uns que foram desenvolvidos sem este propósito [da pandemia], mas que vão de encontro a ele. Há uma ou outra obra que visualmente tem uma mensagem muito directa, enquanto que existem outras obras com mensagens mais abstractas”, acrescentou.

Espírito de sempre

Com a pandemia, o espaço Creative Macau deixou de poder apostar tanto na vertente de formação, com a realização de seminários e workshops, para se focar apenas nas exposições. Mas o objectivo inicial mantém-se, assegura Lúcia Lemos.

“Quando abrimos foi uma coisa pioneira, completamente diferente, mas o espírito continua a ser o mesmo, o de existir liberdade para as pessoas trazerem trabalhos, e de convidar novos artistas e profissionais.”

No entanto, “as pretensões que tínhamos de levar os bons trabalhos para fora de Macau não é mais possível, pois o orçamento é agora ainda mais pequeno, há limitações”.

Já o panorama das indústrias criativas, “mudou mesmo muito” 18 anos depois. “Os criativos locais continuam a ter muito apoio do Governo, mas agora as ajudas são mais a título colectivo e menos a título individual, porque provavelmente assim será mais produtivo e rentável. Por isso é que há a bienal, o festival das artes. Há mais projectos governamentais que depois chamam as pessoas e os grupos, mas sempre numa base de projectos. Isso também é interessante, embora para nós seja uma novidade.”

Directora do Creative Macau há 18 anos, Lúcia Lemos confessa que já tem nomes pensados para a substituir. Mas primeiro pretende fechar ciclos pessoais.

“É evidente que não vou ficar para sempre [como directora]. Tenho alguns nomes pensados para me substituir, mas não os posso revelar porque nem sequer apresentei a minha carta de demissão, digamos assim. Vou fazer isso a breve prazo, mas ainda tenho coisas a concluir, para fechar um certo ciclo”, concluiu. A inauguração de “Open – Close – Open” acontece no sábado às 17h30. A mostra está patente até ao dia 30 de Setembro.

23 Ago 2021

Cartoon | Rodrigo de Matos semi-finalista em concurso organizado em Itália 

O cartoonista Rodrigo de Matos, colaborador dos jornais Ponto Final e Expresso, em Portugal, é um dos 56 semi-finalistas do concurso “Libex 2021”, organizado em Itália. O cartoon, inédito, mostra um olhar sobre a questão do politicamente correcto e da “cultura do cancelamento”

 

A caneta usada pelo jornalista é a aquela que, ao mesmo tempo, corta a sua mão. Foi esta a metáfora usada por Rodrigo de Matos, cartoonista dos jornais Ponto Final e Expresso, para participar na terceira edição do concurso internacional “Libex 2021”, organizado em Itália e dedicado exclusivamente a cartoonistas profissionais.
Rodrigo de Matos, que foi convidado a concorrer, está entre os 56 semi-finalistas, sendo que os dez finalistas do concurso só serão conhecidos no início do próximo mês. Este ano o tema da iniciativa é a “cultura do cancelamento e o politicamente correcto”, tendo o cartoonista optado por um inédito para chamar a atenção para o que se passa em todo o mundo.

“Esta questão do politicamente correcto, da limitação da linguagem e das visões políticas é um problema mundial. Há uma bifurcação muito grande na sociedade. Esta é uma tendência que se observa em que tudo o que nos cerca acaba por levar a um duelo que é de extremismo político”, aponta.

Rodrigo de Matos considera que a pandemia da covid-19 só veio tornar mais evidente esse cenário. “Na situação actual da covid-19, que é uma questão essencialmente científica, em que as decisões deveriam ser tomadas sempre com critérios científicos, vemos que a actuação das pessoas tem sido muito política.”

Sem saber o que os outros concorrentes apresentaram a concurso, Rodrigo de Matos diz não pensar muito em ganhar. “É bom [estar entre os semi-finalistas] sobretudo num concurso que não é aberto a cartoonistas amadores. A maior parte dos participantes são nomes conhecidos nos seus países, e só estar entre esses convidados já diz alguma coisa.”

Chamas de criatividade

O ano passado Rodrigo de Matos também chegou ao grupo dos 55 semi-finalistas com um cartoon publicado no Ponto Final que versava sobre as celebrações de Tiananmen em Macau. Este ano a opção de levar um cartoon inédito a concurso foi algo natural.

“Normalmente concorro com coisas já publicadas, mas estive a verificar os meus desenhos e, com este tema, e eram todos muito presos a um tema muito específico e à notícia em si. Não tinham uma leitura tão abrangente sobre este assunto.”

Rodrigo de Matos confessa que a pandemia da covid-19 lhe trouxe uma nova visão criativa. “Sempre que ocorrem coisas assim no mundo, fora do normal, são pequenas centelhas que acendem a chama da criatividade. São coisas que despertam sempre o nosso olhar crítico para o que se passa à nossa volta, e de facto tem sido um período [produtivo]. Há muita coisa para fazer cartoons e situações que merecem a nossa veia crítica”, referiu.
Para o concurso “Libex 2021” foram convidados 160 cartoonistas de um total de 55 países.

20 Ago 2021

FRC | Pintura e caligrafia de Lee Chau Peng em exibição até 28 de Agosto

Até ao próximo dia 28 de Agosto, a Fundação Rui Cunha acolhe a exposição “A Lua de Outono Brilha Sobre o Lago de Lingnan” do pintor local Lee Chau Peng. A mostra inclui 40 obras de pintura e caligrafia do artista que passam para tela, a paz e a harmonia de elementos naturais da pintura chinesa como flores, pássaros e árvores

 

As cores brotam delicadas em sintonia com as flores que parecem surgir à sorte da ramagem pálida, mas sólida, da vegetação onde pousam os pássaros. Quando tinha sete anos de idade, Lee Chau Peng, apaixonou-se pela caligrafia e pintura tradicional chinesa por influência do pai, que lhe ensinou a esboçar os primeiros traços. Desde então, não mais parou de apurar as técnicas que lhe permitiram retratar ao longo do tempo através da caligrafia e da pintura, tópicos como flores, pássaros, peixes, insectos e paisagens.

“Quando era criança, o meu pai ensinou-me muito sobre a pintura chinesa e isso foi muito importante para a minha carreira. Desde logo, fiquei muito interessado e, por isso, comecei a aprender como desenhar flores com o meu pai.

Na escola e mais tarde continuei a cultivar esse gosto pela pintura e por aprender a pintar sobre estes tópicos, tendo procurado sempre aprender com artistas que ficaram famosos por pintar flores”, apontou Lee Chau Peng ao HM.
Cinco décadas depois do início da sua carreira artística, o calígrafo e pintor local que é também Presidente da Associação de Artes, Pintura e Caligrafia de Macau, vai expor pela 18.ª vez o seu trabalho. Desta feita, até ao próximo dia 28 de Agosto, a Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe a exposição “A Lua de Outono Brilha Sobre o Lago de Lingnan”, que inclui 40 peças de pintura com caligrafia de Lee Chau Peng.

Assumindo que ao longo da carreira tem “trabalhado arduamente” para que as flores e a natureza que aparecem nos meus trabalhos fossem “o mais perfeitas possível”, a mostra patente na FRC reflecte a influência de Lee Chau Peng enquanto discípulo do estilo artístico da Escola de Pintura de Lingnan. Nos trabalhos é possível que o estilo de pintura do artista se centra especialmente em peónias, flores de lótus, árvores de bambu, crisântemos, e pequenos pássaros.

Num comunicado, artista ressalva ainda ser uma “grande honra” que a exposição decorra no mesmo ano em que se comemora o 100.º aniversário da fundação do Partido Comunista da China, permitindo servir o propósito de amar Macau e a China ao mesmo tempo que se promove a educação artística e se une a comunidade de calígrafos e pintores locais.

Missão sagrada

Numa nota oficial alusiva à inauguração da exposição que decorreu ontem na FRC, um dos alunos de Lee Chau Peng frisou que o artista tem levado a cabo a “missão sagrada” de promover a pintura e a caligrafia chinesa e ajudar os artistas especializados na matéria, a “realizar os seus sonhos”, naquilo que considera ser uma “jornada de amor”.

O mesmo aluno lembra também que, ao longo dos anos, o Presidente da Associação de Artes, Pintura e Caligrafia de Macau já realizou mais de 150 actividades de divulgação de pintura e caligrafia chinesa, um pouco por todo o Sudeste Asiático e que, durante mais de 10 anos, ensinou a sua arte em locais como a Universidade de Macau, a Associação Taoísta de Macau, o Grupo Nam Kwong e a Igreja Anglicana de Macau.

Nascido em 1959, Lee Chau Peng começou a sua carreira como designer de interiores, formado pelo Instituto de Design e Indústria de Hong Kong. O percurso académico levou-o depois para o mundo do design e da gestão de negócios. Seguiu para a Canadian Public Royal University, onde fez um Master of Business Administration, e passou ainda pela Princeton University, onde obteve um PhD em Filosofia de Gestão, e pela Renmin University of China, para uma graduação em Administração de Empresas. Aos 62 anos, Lee Chau Peng é licenciado e praticante de Medicina Chinesa desde 1999.

19 Ago 2021

Grande Prémio de Macau | Associação promove nova exposição em Outubro 

Entre 27 de Outubro e 13 de Novembro vai ter lugar uma nova exposição de trabalhos artísticos sobre o Grande Prémio de Macau. A entidade promotora da mostra, a Associação para a Promoção e Desenvolvimento do Circuito da Guia de Macau, enviou ontem uma nova carta ao Governo sobre o pedido de classificação do circuito da Guia como Património Mundial da UNESCO

 

Chama-se “O Circuito da Guia como Património Mundial da UNESCO” e é o tema da nova exposição organizada pela Associação para a Promoção e Desenvolvimento do Circuito da Guia de Macau, agendada para os dias 27 de Outubro a 13 de Novembro na galeria Ritz, no Largo do Senado, sede da Direcção dos Serviços de Turismo.

Ao HM, José Luís Estorninho, presidente da direcção, adiantou que os detalhes ainda estão a ser ultimados, sendo que este ano a mostra deverá contar com cerca de 20 artistas. Esperam-se trabalhos na área das artes plásticas e visuais, incluindo fotografia.

“Tem sido um sucesso. Mas temos ainda de ver os apoios que vamos ter, porque estamos numa fase de pandemia e as coisas estão um pouco incertas”, referiu.

A associação promoveu também, há dois anos, uma exposição de carros ao ar livre, que deverá repetir-se novamente este ano, bem como a realização de uma palestra sobre o Grande Prémio de Macau e a importância histórica do Circuito da Guia. Devido à pandemia, este evento deverá acontecer online.

Silêncio total

Foi em 2018 que a associação entregou um pedido, junto do Governo, para que o Circuito da Guia seja classificado como património mundial pela UNESCO. Mas até à data não houve qualquer resposta das autoridades, o que obrigou a entidade a entregar ontem uma nova carta ao Instituto Cultural.

José Luís Estorninho assume que esta será uma luta difícil. “Há muitos concorrentes para a classificação por parte da UNESCO e não é fácil, Macau não é exclusivo. Entregamos hoje [segunda-feira] uma nova carta ao Governo para sabermos o ponto de situação do nosso pedido. Esta decisão não cabe apenas a Macau, mas também às autoridades de Pequim.”

No comunicado ontem divulgado na sua página de Facebook, a associação voltou a frisar que “o prestigiado circuito citadino da Guia é uma referência internacional associado ao Grande Prémio de Macau, considerado como o maior evento automobilístico de Macau e um dos maiores do mundo”.

Na mesma nota, é referido que a proposta feita ao Executivo “tem naturalmente a ver com o valor histórico do circuito da Guia enquanto palco do maior evento automobilístico do género no mundo, com relevante importância no que respeita ao seu contributo no desenvolvimento turístico e económico da cidade de Macau”.

17 Ago 2021

Design | Exposição em Lisboa revela projectos locais feitos nos últimos 20 anos

“Here and There” [Aqui e Ali] é o nome da exposição que estará patente até Janeiro do próximo ano na Roca Lisboa Gallery. Com curadoria de James Chu e Emanuel Barbosa, a mostra revela trabalhos de marcas e empresas locais ligadas à arquitectura e ao design, como é o caso da Lines Lab, Soda Panda ou Macau Design Center, entre outras

 

A evolução do design feito em Macau nos últimos 20 anos pode agora ser vista em Lisboa no espaço Roca Lisboa Gallery. “Here and There” [Aqui e Ali] é o nome da mostra que, ao mesmo tempo, celebra os 35 anos de existência da Associação de Design de Macau, fundada pelo artista macaense António Conceição Júnior e actualmente presidida por Chao Sio Leong.

A mostra conta com a curadoria de Emanuel Barbosa, da Associação Cultural Portuguesa (ACPT) e James Chu, director do Macau Design Center, duas entidades que há muito colaboram uma com a outra. Ao HM, Emanuel Barbosa falou de uma mostra “eclética” onde entram nomes como a Lines Lab, ligada ao design de moda, Soda Panda, LBA – Architecture & Planning, atelier de arquitectura de Rui Leão e Carlotta Bruni, entre outras entidades.

“É uma selecção muito eclética porque mostra um bocado de tudo. É uma representação muito grande dos sócios das empresas e da associação. Cobre arquitectura, design de interiores, de produto, design gráfico, multimédia. [A exposição] é interessante por causa disso”, disse.

A primeira vez que os designers de Macau viram o seu trabalho exposto em Portugal foi em 2019 na Casa do Design de Matosinhos, no norte do país. Mas agora impôs-se a necessidade de expor na capital portuguesa.

Se no início o design local contava com inspiração portuguesa, as coisas mudaram muito nos últimos anos, confessa Emanuel Barbosa. “Nota-se uma evolução muito grande. Com o mercado chinês, e também [devido à proximidade] com Hong Kong, os estúdios de Macau estão com muito trabalho e com uma dinâmica enorme, por isso é importante vermos em Portugal esse crescimento. Há 20 anos o design em Macau era muito influenciado pelo que se passava em Portugal. Agora já não é o caso, e isso torna a exposição muito interessante.”

Para Emanuel Barbosa, o design feito no território apresenta características muito próprias, graças a esta mistura de culturas de que Macau é feito. “As influências são as mesmas um pouco por todo o mundo, mas estando Macau tão próximo da China nota-se que o trabalho desenvolvido é muito próprio, porque nem é design chinês nem é aquele que costumamos ver no mundo ocidental. Faz uma ponte entre as duas coisas.”

Que futuro?

James Chu adiantou que a preparação para esta exposição teve início em 2019, por ocasião do 20º aniversário de transferência de soberania de Macau, mas a pandemia fez adiar o projecto para este ano. “Com o apoio do Instituto Cultural queríamos ter a oportunidade de mostrar o design feito nos últimos 20 anos em Portugal. Como curador posso dizer que é sempre importante manter a troca cultural entre Macau e Portugal, e através do design conseguimos encontrar ainda influências da cultura portuguesa, o que faz com o que nosso design seja diferente daquele que é feito noutras cidades chinesas.”

Além de olhar para o passado, esta mostra quer também perspectivar o futuro e o caminho que os designers locais ainda têm de percorrer. Para James Chu, esta “não é uma questão para ser pensada apenas pelos designers, mas também para merecer a atenção do Governo, educadores e políticos. Não tenho uma resposta, mas acredito que eles tenham as suas próprias opiniões”, frisou.

Citado no catálogo da exposição, Chao Sio Leong, presidente da Associação de Design de Macau, lembrou que esta iniciativa contém “trabalhos representativos das empresas de design de Macau nos últimos vinte anos”.

“Portugal é o berço da cultura, arte e vida de Macau que se integra com harmoniosamente a cultura nativa tradicional Chinesa. Esta é a vantagem diferenciadora de Macau e fazemos questão de continuar perto dos nossos amigos portugueses para partilhar as nossas conquistas”, acrescentou. A exposição abriu portas no passado dia 29 de Julho e estará patente até Janeiro do próximo ano.

16 Ago 2021

Artes gráficas | Estúdio de Xangai ilustra erradicação da pobreza

Com inspirações milenares e bênção política, o estúdio Fusion Era, sediado em Xangai, apresenta um projecto de dimensões continentais. “Out of Poverty: Not One Less” é um conjunto de vibrantes de ilustrações que retrata paisagens das várias províncias chinesas e grupos étnicos. A vasta colecção de trabalhos tem sido promovida extensivamente na internet como uma pérola patriótica e um exemplo da vivacidade artística da Geração Z

 

Do velho se faz o novo, a fórmula que não tem prazo de caducidade transmite a ideia por detrás de uma onda artística que bebe inspiração no passado pictórico e no presente político. Com raízes plantadas na clássica pintura chinesa do século XII da Dinastia Song, o colectivo de Xangai Fusion Era lançou-se numa odisseia gráfica: retratar os 56 grupos étnicos chineses e 34 províncias.

Pegando na subtil evocação do clássico “Ao longo do rio durante o Festival Qingming”, as animações digitais do estúdio Fusion Era atribuem uma forma moderna à representação dos povos e paisagens chinesas, enaltecendo a erradicação da pobreza no país e os magníficos feitos do Partido Comunista da China (PCC).

Aliando a linguagem digital das novas gerações à mensagem oficial e à promoção do patriotismo, as animações digitais têm sido amplamente partilhadas na internet desde o início das celebrações do centenário do PCC.

Os novos meios de expressão artística, com prevalência para formatos digitais, deram voz a uma geração de novos criadores chineses, que não precisam de incentivo extra para integrar mensagens patrióticas nas suas obras. Um bom exemplo disso é Li Tianzhi, um dos ilustradores que criou a série “Out of Poverty: Not One Less”. Um dos pontos fulcrais do portfolio do ilustrador de 26 anos até este projecto era trabalhos focados na estética e preservação de monumentos e edifícios antigos chineses.

Em declarações ao portal Sixth Tone, Li explica que desde a infância é “fascinando pela diversidade geográfica, paisagística e étnica da China”. Foi, portanto, um processo natural que o conduziu à representação do sucesso da campanha de erradicação da pobreza na China, através das montanhas e rios do país. Além disso, o jovem destaca a inspiração retirada da teoria das “duas montanhas”, de Xi Jinping, que realça o reflexo positivo que as políticas ambientais têm na economia.

O capítulo dedicado à província de Yunnan é para Hu Muyang, um dos fundadores da Fusion Era, motivo de orgulho do mega projecto de grafismo digital. A região, situada na região montanhosa do sudoeste da China, é, desde há muito, uma das mais pobres do país.

A estrela da ilustração que representa Yunnan é Zhang Guimei, uma proeminente pedagoga que fundou a primeira escola grátis para raparigas oriundas de famílias desfavorecidas. “Ela é uma figura sensacional, sofreu muitas angústias e dificuldades, a história da sua vida emociona qualquer um”, contou o artista às Sixth Tone.

Porém, em vez se focar no passado trágico de Zhang, que ficou órfã quando era criança e viúva ainda nova, o trabalho do grupo de Xangai retrata-a como um ser maior que a vida, a pairar entre as nuvens, olhando com um sorriso vitorioso e benevolente a paisagem idílica de Yunnan.

Aos quatro ventos

Criado em 2019, às portas da pandemia, o estúdio Fusion Era colaborou com empresas de audiovisual da Europa e dos Estados Unidos e museus chineses. No entanto, o coronavírus obrigou a equipa a trabalhar a partir de casa e a partir para uma abordagem mais direccionada para uma mensagem pública. Em declarações ao Shanghai Daily, Hu Muyang admitiu que acolheu também a missão de contrariar rumores e narrativas, vindas do ocidente, sobre a China. “Queríamos que o mundo ouvisse vozes realmente chinesas e insistimos em mostrar a cultura e sociedade chinesa vistas pelos olhos dos jovens chineses da Geração Z”, conta.

O lançamento de “Out of Poverty: Not One Less” foi amplamente divulgado e disseminado por tudo o que é rede social, em especial na China, incluindo através de uma campanha de vários influencers, onde também se contaram estrangeiros. Além disso, a epopeia digital foi acompanhada por um jogo de “caça ao tesouro” e por um longo tema de hip-hop elogiando a nova e crescente força da China, intitulado “100%”, lançado com pompa e circunstância na plataforma de transmissão de música NetEase Cloud Music.

O jovem ilustrador conta que foram tidos em conta inúmeros exemplos de “estudantes que finalmente conseguiam sair das suas cidades natal, em zonas remotas e desfavorecidas, movidos puramente por vontade, para fazerem exames de acesso ao ensino superior”.

“Agora que eliminarmos a pobreza, quero transmitir a alegria e orgulho daqueles que regressam às suas terras de origem sem receio de regressarem à pobreza. É a isso que chamamos revitalização rural”, afirmou Hu ao Shine, publicação em inglês do Shanghai Daily.

13 Ago 2021

Bienal de Macau | Konstantin Bessmertny desvenda representações das suas obras

Nas três obras que tem expostas na “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau”, Konstantin Bessmertny criou representações e labirintos onde um dos elementos é o contraste das culturas portuguesa e chinesa. Com uma carreira que o destaca como um dos mais relevantes artistas locais, Bessmertny elogia a grande qualidade das obras expostas nesta bienal

 

Impelido a descrever as suas obras, Konstantin Bessmertny hesita e acaba quase sempre a dizer que cabe a cada um tirar as suas próprias conclusões. Relativamente às três obras que tem expostas na edição deste ano da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau”, o artista russo, radicado há décadas no território, fala de trabalhos cheios de labirintos e representações, não só das suas ideias, como do sítio que há muito o acolheu.

A “Grand Finale”, exposta nas Oficinas Navais nº1, é, para Konstantin Bessmertny, “um dos trabalhos mais interessantes” que já fez. A obra retrata uma “mesa limpa depois de uma refeição de comida cantonense, com oito pessoas, mulheres e homens”.

O quadro é uma alegoria, conforme afirma o próprio artista, que funciona quase como um “drama psicológico, em que vemos as caras e como se relacionam entre si”.

Há ainda o quadro “The League of Journeyers to the East”, que funciona “quase como uma instalação”. “Tentei fazer um labirinto complexo de algumas descoberta e ideias”, disse ao HM. “É difícil descrever o que está na pintura, mas posso dizer que é esse labirinto complexo, com muitas mensagens. Com este quadro, desafio o observador a compreender o que está por detrás.” A obra alberga também dois “jogos famosos”, muito populares nos séculos XVIII e XIX, e o tema da geometria, além das referências a personagens históricas.

Com a obra “Babel Lisboa”, Bessmertny explora o que tem servido de base à sociedade de Macau desde a sua fundação: a permanente interligação entre as culturas portuguesa e chinesa. “Uma das coisas que ao início me levou a fazer esta pintura foi tentar compreender esta palavra, ‘Lisboa’, e de como se relaciona com as pessoas que não conhecem Macau, ou que não conhecem a Lisboa em Portugal, mas também as que conhecem ambas. É como um labirinto de ideias, mas penso nas pessoas que têm uma introdução a ambas as culturas, portuguesa e chinesa.”

Neste quadro, “podem reconhecer-se partes que sugerem Lisboa, como casino e hotel, com detalhes sobre as mesas de jogo, mas há também Lisboa, a capital portuguesa”. “Para mim Lisboa não é apenas sobre as pessoas de Macau, mas é também Portugal, e os casinos. Então tentei meter todos estes elementos juntos”, frisou.

Trabalhos “brilhantes”

Konstantin Bessmertny olha para esta edição da Bienal como “uma das iniciativas mais importantes ao nível da arte contemporânea”, sendo que os trabalhos expostos no Museu de Arte de Macau, por exemplo, são “simplesmente brilhantes” e seguem “padrões internacionais”.

“Nas próximas edições da Bienal pode haver um crescimento, mas já é bom o suficiente do ponto de vista artístico. Pode, de facto, atrair para cá os verdadeiros amantes da arte”, acrescentou.

Recordando que Macau já teve uma bienal de arte nos anos 90, quando nenhum território na Ásia organizava eventos culturais deste género, Konstantin Bessmertny considera que esse facto deveria ter sido relembrado pelos organizadores.

O artista defende ainda que o território pode equiparar-se a Veneza, uma vez que existem vários espaços para exposições com a possibilidade de organizar percursos pedestres para quem gosta de arte. “Em meados de Maio, ou em Outubro, [os visitantes] poderiam receber um mapa, que passasse pelos casinos no Cotai e por todos os espaços de exposição que existem em Macau. Trabalho com Hong Kong e sei o quão difícil é encontrar bons espaços de exposição. Macau tem muitos mais espaços e podemos ter eventos de arte de larga escala muito facilmente. Mas não quero sugerir ou criticar. Se me perguntarem, darei uma lista de ideias”, referiu.

Em relação à pandemia, Konstantin Bessmertny considera que levou todos a olhar mais para o mundo da arte, mas não só. “As pessoas de Macau não divergem das de outros locais [na sua relação com a arte]. Mas vejo que, em termos gerais, as pessoas estão presas, passam mais tempo em casa, e passam a apreciar mais a natureza, por exemplo. As pessoas que nunca prestaram atenção à arte começam a ir mais vezes ao museu. É parte de uma experiência de abertura, de fazer coisas que nunca experimentamos. Ficar muito tempo num só lugar leva-nos a inventar coisas novas, a questionar, a abrandar. Penso que isso é um benefício para a humanidade, e não apenas para Macau.”

11 Ago 2021

Marionetas | “A Lagartinha Muito Comilona” estreia amanhã no CCM

O pequeno auditório do Centro Cultural de Macau recebe a partir de amanhã, até domingo, a clássica peça de teatro infantil de marionetas “A Lagartinha Muito Comilona”, com produção da companhia Shanghai Troupe. No total, vão ser apresentados 10 espectáculos, com 75 marionetas em palco

Ao eclodir do ovo, uma fome imensa apoderou-se da pequena e muito esfomeada lagartinha. O que se segue é uma grande farra de comida e uma vida de transformação que alimenta a imaginação da pequenada há gerações. “A Lagartinha Muito Comilona”, a partir do livro infantil de Eric Carle lançado em 1969, chega amanhã a Macau para 10 sessões de teatro de marionetas no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau.

Amanhã e sexta-feira, as sessões estão marcadas para as 14h45 e 19h30, com duração de 45 minutos (sem intervalo). No sábado e domingo as sessões estão marcadas para as 11h, 14h45 e 17h.

“A Lagartinha Muito Comilona” chega assim a Macau, em formato de teatro de marionetas, com produção da Shanghai Troupe e dirigida por Pipi Kao, a partir da peça criada por Jonathan Rockefeller internacionalmente galardoada.

A companhia de Xangai leva a palco 75 divertidas marionetas, que incluem a lagartinha comilona, o urso castanho, o sapo verde e feliz, o gato rechonchudo, o belo cavalo-marinho, entre outros.

Ganhar uma dimensão

Num dia, aparentemente como noutro qualquer, Eric Carle mudou para sempre o paradigma dos livros didácticos infantis ao usar um perfurador numa pilha de papéis. A imagem dos buracos nas folhas transportou Carle para um mundo de fantasia, tendo como protagonista uma minhoca chamada Willi.

A editora do autor norte-americano sugeriu-lhe que trocasse a minhoca por uma lagarta. Carle exclamou: “que se transforma numa linda borboleta”. Nascia assim um best-seller, publicado pela primeira vez em 1969, que a determinada altura se dizia vender um exemplar por minuto. O livro foi traduzido em pelo menos 40 línguas, incluindo chinês, holandês, francês, espanhol, alemão, japonês, italiano, português, sueco, russo e hebraico. Ao longo dos anos, “A Lagartinha Muito Comilona” tem sido usado por professores do ensino básico e pais como material de ensino auxiliar, particularmente eficaz para aprender a contar.

Com quase 50 milhões de cópias vendidas, “A Lagartinha Muito Comilona” ganhou uma dimensão extra e foi adaptado para teatro. Uma das adaptações mais conhecidas, da autoria de Jonathan Rockefeller, é a que chega amanhã ao Centro Cultural de Macau.

4 Ago 2021

Dança | “Home, Sailing Home” recorre às artes para contar a história do Porto Interior

Todos os fins-de-semana, até ao próximo dia 15, a praça Ponte e Horta, na zona do Porto Interior, é palco de performances artísticas que, recorrendo à dança e ao teatro, contam a história de uma das zonas mais icónicas do território. Chloe Lao, da Associação de Dança Ieng Chi, fala de um projecto que acontece em parceria com o CURB – Centro para a Arquitectura e Urbanismo

 

[dropcap]C[/dropcap]hama-se “Home, Sailing Home” e é uma iniciativa cultural da Associação de Dança Ieng Chi que, através das artes performativas de rua, pretende contar a história daqueles que chegaram a Macau e se foram estabelecendo um pouco por acaso. Todos os fins-de-semana, a partir das 17h, na praça Ponte e Horta, o público é convidado a seguir o percurso traçado por seis bailarinas, em que uma assume o papel de personagem principal.
Ao HM, Chloe Lao, responsável pelo projecto e ligada à Associação de Dança Ieng Chi, falou de uma iniciativa desenvolvida em parceria com o CURB – Centro para a Arquitectura e Urbanismo, situado no atelier e espaço de exposições Ponte 9, do arquitecto Nuno Simões. Neste local vai também estar patente uma instalação artística.
“Focámo-nos no século passado, entre os anos 30 e 60, e sobre as vivências na zona do Porto Interior. Nesse período havia muitas pessoas vindas da China, Hong Kong e de outros países da Ásia que chegavam a Macau pelas mais diversas razões. A população cresceu imenso, e muitos dos nossos avós vieram para Macau nessa altura.”
O nome da iniciativa remete para as vivências de quem chegou de barco com alguma bagagem, alguns fugindo até da guerra, e acabou por ficar uma vida inteira. “‘Home, Sailing Home’ remete para a ideia [dos que chegavam e] inicialmente achavam que iam estar aqui apenas por um determinado período de tempo, mas que acabaram depois por ficar.”
Mas Chloe Lao, que trabalhou como coreógrafa no passado, quis também contar as histórias das mulheres que vieram para as fábricas. “Mostramos ainda o lado das mulheres trabalhadoras que contribuíram muito para o desenvolvimento da indústria manufactureira em Macau. A história é essencialmente como os nossos pais e avós contribuíram com o seu trabalho, e com toda a sua vida, numa ligação com o mar.”
Para este espectáculo a equipa realizou entrevistas com pessoas mais idosas que chegaram a Macau nesta altura. “O guião é um consolidar das histórias da velha geração”, frisou Chloe Lao.

Para miúdos e graúdos

A entrada para os espectáculos, que se dividem por quatro zonas diferentes, é gratuita, sendo que os mesmos decorrem todos os sábados e domingos pelas 17h até ao próximo dia 15. O público tem sido composto por velhos e novos, que se revêem nas histórias que os pais contam em casa.
“A maior parte das pessoas que assistem aos espectáculos são mais velhas, que têm aqui [zona do Porto Interior] o seu dia-a-dia. Esta zona tinha também muitas lojas de incensos e os mais velhos têm muitas memórias dos seus tempos de juventude, acabando por partilhar ideias do que viveram aqui quando eram mais novos. Estas pessoas trazem também os mais novos que compreendem estas histórias, que são muito próximas das suas vidas.”
Relativamente ao público de uma geração mais recente, as reacções são de satisfação. “Mesmo as crianças ficam contentes porque se identificam com as histórias que os pais lhes contaram. Então as reacções que recebemos é que as histórias reflectem os seus tempos de juventude. Estabelecemos uma ponte comunicacional com eles”, adiantou Chloe Lao.
Para a responsável por este projecto, contar as histórias do Porto Interior através da dança “é uma forma mais poética” de o fazer, e que leva as pessoas a “compreenderem melhor” o que as bailarinas tentam transmitir através dos seus corpos e expressões.

3 Ago 2021

Música | Lançado videoclipe de “Primavera”, que integra álbum de Maria Monte

Já pode ser visto no YouTube [https://youtu.be/WR_QF2sMwVI ] o novo videoclipe da música “Primavera”, que integra o projecto discográfico “Laços”, de Maria Monte. Lançado em diversas plataformas digitais, “Laços” é um EP produzido pelo músico João Caetano, nascido no território e actualmente a residir em Londres. “Primavera” é um tema que “invoca a esperança em tempos de pandemia”, mas “Laços” tem também músicas como “Macau” que invoca, “de forma ardente, a cidade poética” e “Concha”, que vagueia entre “a paixão e o vazio de uma relação de amor”.
Segundo uma nota de imprensa, “todos os temas combinam as nuances emocionais que impactam as cidades de Lisboa e Macau com uma densidade rítmica correspondente”.
Além da colaboração de João Caetano, este EP conta também com a participação de músicos de jazz a viver em Londres e de Karme Caruso.
Maria Paula Monteiro, verdadeiro nome de Maria Monte, integrou várias formações musicais no passado, tendo trabalhado com nomes como António Emiliano, Ramon Galarza, Paulo Pedro Gonçalves, Pedro Ayres de Magalhães, e bandas como os Delfins e Sétima Legião. Adoptou o nome Spunky e lançou o single “Latino-Americano” com produção de José Maria Côrte-Real. Maria Paula Monteiro colaborou ainda com o projecto Zanzibar, que incluiu nomes como Tito Paris, Dalu e Fernando António, tendo lançado o álbum “Terra de Ninguém”. Em Agosto de 1987 foi lançado o single “Boys And Girls”, novamente com produção da Nice Tan Productions.
A cantora participou no Festival da Canção 1993 mas manteve sempre o seu vínculo a Macau, ao participar em duas colectâneas de música como cantora. Gravou para a Valentim de Carvalho, Polygram (agora Universal) e EMI.

30 Jul 2021

Arte Macau | “Intertwine”, o pavilhão que também olha para o futuro 

É hoje inaugurado, às 18h, o pavilhão de bambu construído pelos finalistas do curso de arquitectura da Universidade de São José. O projecto “Intertwine” integra a edição deste ano da Bienal Internacional de Arte de Macau e, além de recorrer a uma técnica tradicional de construção em bambu, traz também inovação e um olhar sobre o futuro

 

O campus da Universidade de São José (USJ), na Ilha Verde, recebe hoje um novo pavilhão inteiramente construído em bambu pelos alunos finalistas do curso de arquitectura.  “Intertwine” celebra não só as técnicas tradicionais de construção de andaimes em bambu no sector da construção civil mas acrescenta-lhe ainda técnicas inovadoras, conforme contou ao HM o arquitecto Nuno Soares, coordenador do projecto.

“Todos os anos, desde 2013, que fazemos um pavilhão de bambu em que são usadas as técnicas tradicionais juntamente com novas técnicas digitais e a criatividade dos nossos alunos. Neste caso, o exterior do pavilhão entrelaça-se com o interior e é usado um material tradicional, mas cria-se uma forma e existência especial muito dinâmicas, fluídas e inovadoras.”

O projecto “Intertwine” integra a edição deste ano da Bienal Internacional de Arte de Macau, algo que para Nuno Soares constitui uma boa oportunidade para os alunos mostrarem aquilo que valem antes de integrarem o mercado de trabalho.

“Este é o último projecto antes de se licenciarem, e queremos que saiam em grande e que acabem o curso com um projecto de excelência. Este tem grandes dimensões, [é feito] com uma técnica construtiva original e é o momento em que os alunos conseguem fazer o projecto do início ao fim num curto período de tempo, uma vez que normalmente os projectos de arquitectura demoram meses a ficarem concluídos.”

Pátio com céu

“Intertwine” não é mais do que um pátio onde, quando se entra, se vê o céu. Além de já integrar uma exposição, a ideia é que este pavilhão possa também receber outro tipo de eventos. “Temos uma chamada para projectos onde diferentes organismos dentro da USJ e da comunidade à volta podem fazer eventos. Não queremos que seja uma escultura mas sim um espaço usado pela comunidade académica e envolvente. Estamos a convidar a cidade para entrar no campus da USJ e trocar ideias com a comunidade académica”, explicou o arquitecto.

Nuno Soares considera o “Intertwine” “aliciante”, uma vez que permite “olhar para uma técnica que todos conhecemos no nosso quotidiano e ver que pode ser usada para criar uma arquitectura inovadora ou pode ser levada para o futuro”.

Para o arquitecto, construir com bambu é recorrer “a um elemento do passado que tem muito futuro ainda”. Mas há também uma ideia de sustentabilidade em torno deste pavilhão, uma vez que “o bambu vai continuar a ser usado depois”. “Há também uma mensagem de reutilização e de sustentabilidade, e que é uma das marcas do curso de arquitectura”, adiantou.

O pavilhão de bambu “Intertwine” pode ser visitado ou utilizado pela comunidade até ao dia 28 de Setembro de segunda-feira a sábado das 9h às 19h.

30 Jul 2021

Pal Lok e Johnny Tam, curadores do Festival BOK: “O teatro liga as pessoas”

Sobe aos palcos desde 2013 e assume-se como um projecto independente. Em ano de pandemia, o festival BOK foca-se nos artistas locais e do continente asiático e traz o teatro às ruas, para abrir horizontes. Pal Lok e Johnny Tam assumem que o mais importante é divertirem-se e querem partilhar essa felicidade com o público

 

 

Realizam esta edição do festival BOK em plena pandemia, com restrições de convites a artistas de fora. Quais os nomes que gostariam de ter convidado e que ficaram de fora?

Pal Lok (PL) – De facto este ano tivemos de nos focar na Ásia, com artistas locais e também oriundos de Pequim e Xangai.

Johnny Tam (JT) – Temos interesse em diferentes culturas. Já tivemos artistas da Áustria, por exemplo. Normalmente os artistas gostam de viajar pelo mundo, coleccionar diferentes experiências e reunir com outras pessoas. É este tipo de artistas que gostamos de convidar para virem até Macau. Este ano vamos transmitir espectáculos online e o nosso objectivo é partilhar esses espectáculos com outros produtores para que nos possam dar o seu feedback.

PL – Queremos desenvolver, com este festival, bons contactos na área do teatro e das artes performativas. Daí termos planeados estas transmissões de espectáculos em directo, online.

Existe uma característica comum a todos os espectáculos que compõem o cartaz deste ano?

PL – “BOK” remete para o caracter chinês que significa conexão, experiência. Esse é o espírito do nosso festival, e pegamos nisso, num certo sentido de aventura, para explorar novas coisas. O cartaz deste ano tem como slogan “Demo for Mary”, e todos os seis grandes espectáculos estão ligados pela música, é esse o ponto chave desta edição.

Se tivessem de destacar um espectáculo, qual seria?

JT – Recomendo o “Mirror-24 relationships” [de Cindy Ng, Yaya Lam e Hon Chong Chan]. Ela é uma pintora contemporânea e vive em Pequim. O ano passado, quando a convidei para fazer um espectáculo, ela já queria fazer algo que estabelecesse uma conexão com as pessoas, queria retirar lições do público. Recomendei-lhe que fizesse um encontro com o público primeiro. Por isso[nesta iniciativa] falamos sobre 24 diferentes tipos de relações e contactamos primeiro o público antes do espectáculo, perto do mar, por exemplo, ou junto a uma igreja. Depois de todos estes encontros será feita uma performance de pintura em palco para esse mesmo público.

Dar mais espaço e um novo ambiente a projectos de teatro locais é também um dos objectivos principais do BOK? Sem este festival seria mais difícil às associações apresentarem os seus projectos?

PL – Há diferentes festivais de arte em Macau e a maior parte deles são apoiados ou organizados pelo Governo. O mais importante para nós na organização de um festival que não está ligado ao Governo é que os artistas possam explorar mais plataformas. Esse é o espírito do festival BOK, tentar coisas diferentes e não recear as falhas. Damos esse espaço para que eles possam experimentar. Essa é a grande diferença em relação aos festivais ditos oficiais.

A independência é algo bastante importante para o projecto.

PL – Sim, sem dúvida.

Mas isso implica não ter apoio financeiro. Como é organizar este festival sem esse apoio?

PL – Para nós a independência não tem apenas esse significado financeiro. Claro que ajuda, porque este festival tem alguma dimensão e precisamos de ter diferentes apoios, seja de entidades independentes seja do Governo, mesmo que seja só através concessão de espaços para a apresentação de espectáculos. O mais importante são os contactos e as apresentações, uma vez que não estamos limitados a grandes espectáculos, podemos ter mais facilidades nesse aspecto.

A primeira edição deste festival aconteceu em 2013. Desde então têm contribuído para a criação de uma maior relação do teatro com a população local?

PL – Há muitas pessoas aqui a esforçarem-se por fazerem bons espectáculos. Não posso dizer que é apenas por causa do festival BOK que as pessoas têm maior ligação ao teatro. Mas certamente que o nosso festival deu um contributo.

JT – Nos últimos anos temos tentado fazer uma combinação entre um festival de artes e um festival também ligado ao entretenimento. Porque acredito que nem todas as pessoas de Macau podem entrar num teatro e ficar lá duas horas, é difícil para algumas. Mas quando dizemos a alguns amigos para virem porque vão ser apresentados espectáculos num mercado, por exemplo, tentamos transmitir a ideia de que podem usufruir da arte no dia-a-dia. É esta a ideia que queremos passar a todos.

PL – Na verdade, o nosso programa tem duas partes. A primeira, inclui seis espectáculos mais focados na performance teatral propriamente dita. Mas o foco especial é que trabalhamos com artistas e fazemos algumas actuações em espaços que não são teatros, como galerias ou mesmo na rua. A segunda parte do festival, é a nossa tentativa de fazermos uma ligação com o dia-a-dia das pessoas, e aí não nos focamos apenas em quem já tem interesse no teatro, mas sim em pessoas que à partida não estão muito interessadas em arte. Criámos a iniciativa “M Mode 24”, em São Lázaro, com vários acontecimentos ao fim-de-semana. O mais importante é que trabalhamos com proprietários de lojas e artistas dessa zona que ficaram interessados no projecto e tomaram várias iniciativas. “M24” tem a ver com o facto de Macau ser uma cidade de jogo onde as pessoas nunca dormem. Mas o “M”, pode também significar Macau e ainda “Minimal”, no sentido em que as pessoas podem definir os seus próprios projectos e personagens.

É desafiante fazer teatro em Macau nos dias de hoje? Há muitas associações a desenvolverem projectos, mas continua a ser difícil fazer teatro?

JT – É muito desafiante. O teatro é algo que tem muito significado para mim. Nem todos conhecem o teatro, que é um espelho, através dele as pessoas podem conhecer-se a si mesmas e também a sociedade em que estão inseridas. Diria que, neste momento, não tenho um sentido certo para onde devo ir, mas sei que fazer teatro tem um significado para mim. É difícil descrever. Penso que em qualquer lugar é difícil [fazer espectáculos].

As escolas deveriam ter mais programas dedicados ao teatro e às artes no geral?

JT – O teatro está muito relacionado com o pensamento criativo, que faz com que as pessoas tenham uma mente aberta para poderem olhar para todo o mundo e nunca parar de pensar. A arte é uma parte desse pensamento criativo, mas há muitas coisas que podem levar a isso, como a educação, que é muito importante. O teatro também é uma das coisas que pode ajudar a desenvolver pensamento crítico.

PL – Não estamos limitados ao teatro mas a muitos estilos artísticos e outro tipo de programas. Vejo que as pessoas em Macau estão cada vez mais ocupadas se compararmos com há 10 ou 20 anos atrás. Devido ao desenvolvimento da cidade, e com a indústria do jogo, as pessoas estão sempre ocupadas. Quando trabalhava num hotel, não tinha muito tempo para dar atenção aos programas artísticos que aconteciam na cidade. Devíamos viver de outra forma para abrir os nossos corações a coisas interessantes.

Como começou a vossa relação com o teatro?

JT – Todos os anos me pergunto porque é que continuo a fazer isto. Tenho 36 anos mas não me considero um jovem. Os jovens apostam muito na experimentação e eu não sou muito desse género, mas durante este processo posso conhecer as pessoas em Macau. O teatro liga as pessoas, leva-as a partilharem o que pensam e o que querem, os seus desejos. Costumava ser muito reservado, mas quando comecei a fazer teatro, e a dirigir espectáculos, precisava de falar com os actores e produtores, e esse processo fez-me perceber que não estou sozinho. Poderia discutir com eles, expressar as minhas ideias. Percebi que discutir com as pessoas podia ser bom. Isso teve bastante significado para mim.

PL – Não sou apenas curadora de projectos teatrais, às vezes também trabalho na área das artes visuais. Também não me considero jovem, mas ainda sinto o poder das artes e esse toque. Quando faço o planeamento dos espectáculos gosto de dar apoio a cada projecto e de criar coisas com significado. Macau é uma cidade muito pequena e criar projectos com significado é muito importante para a vida das pessoas. Se pararmos de fazer isso as pessoas vão simplesmente continuar a trabalhar e a ter uma vida mais aborrecida. Esta é a minha motivação.

Que expectativas têm para a edição deste ano do festival?

PL – Queremos continuar a criar conteúdos interessantes e espero poder levar estes projectos a outros lugares. Talvez possamos actuar em Portugal, por exemplo. Também esperamos que esta seja uma boa plataforma de partilha, onde os artistas podem expressar as suas ideias, para que as pessoas possam ter um pensamento criativo mais activo. Apenas nos queremos divertir e partilhar esta felicidade.

 

Cartaz plural 

É entre o dia 31 de Julho e 8 de Agosto que acontece a nova edição do festival BOK organizado pelas associações Own Theatre, Macau Experimental Theatre e MyLand Culture. As iniciativas decorrem no bairro de São Lázaro e no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 2. Uma das duas partes do programa intitula-se “BOK Movement” e inclui seis espectáculos onde a multidisciplinariedade assume um papel principal. Um deles intitula-se “There is no day as usual”, de Iat U Hong, Akitsugu Fukushima e Ivan Wing, e acontece no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais n.º 2 nos dias 4 e 5 de Agosto, às 19h30. No mesmo local, mas às 21h30, acontece “There is no day as usual” seguindo-se uma “After Party”, uma mistura de Djset e espectáculo de multimédia. Por sua vez, o bairro de São Lázaro, nomeadamente em locais como a Calçada da Igreja de São Lázaro, o Albergue SCM e o Armazém do Boi recebem as 100 actividades programadas, numa tentativa de juntar o teatro às pessoas que, por norma, não têm com ele qualquer ligação. O Albergue SCM recebe, entre sábado e 3 de Agosto, das 11h às 22h, a instalação multimédia “Or Bit”, estando também agendada a iniciativa “M Mode 24”.

29 Jul 2021

Cinemateca Paixão | Cartaz inclui filmes de Wong Kar-wai, Sergio Leone e Tarantino

Películas como “O Bom, o Mau e o Vilão”, de Sergio Leone, ou “Django Unchained”, de Quentin Tarantino, compõem o programa de 25 filmes de artes marciais, samurais e westerns que vão estar em exibição em Agosto e Setembro na Cinemateca Paixão. Haverá ainda espaço para filmes de Wong Kar-wai, Kobayashi Masaki e dos irmãos Cohen

 

O imaginário dos comboys e do faroeste estará em destaque em Agosto e Setembro na Cinemateca Paixão com “A Sombra da Katana, Armas, Espadas – Festival das Artes Marciais, Samurai e Filme Ocidental”. O ciclo propõe-se apresentar “25 excelentes filmes sobre artes marciais, samurais e filmes do faroeste para espectadores de Macau”.

O filme de abertura, que será exibido dia 13 de Agosto, é uma versão restaurada de “A Touch of Zen”, de King Hu, filme chinês de 1970.

A história gira em torno de Gu, um jovem estudioso que vive perto de um forte degradado que todos dizem estar assombrado. Um dia, Gu trava amizade com Yang, uma jovem bela e misteriosa que se esconde dentro do forte.

Depois de uma noite de paixão, Yang revela a Gu que o seu pai, um oficial, foi executado pelo Eunuch Wei, que a partir daí a começa a perseguir.

O filme venceu o Grande Prémio Técnico no festival de cinema de Cannes, em 1975, além de ter ganho, em 1972, o prémio “Melhor Design de Arte” no festival de filmes Golden Horse. Em 2015 “A Touch of Zen” foi novamente recordado no festival de cinema de Cannes, na secção Cannes Classics.

O cartaz inclui ainda outros grandes nomes do cinema ocidental, como Quentin Tarantino. O filme “Django Unchained” será exibido dia 5 de Setembro e insere-se na secção do festival “A Estética da Violência”.
Realizado em 2013, “Django Unchained” passa-se no sul dos Estados Unidos, antes da Guerra Civil. Django é um escravo que acaba por ser resgatado pelo caçador de prémios Dr. King Schultz. A dupla improvável lança-se numa epopeia vingativa com um objectivo central: resgatar Broomhilda, a esposa desaparecida de Django.

Este filme de Tarantino venceu dois óscares em 2013, incluindo o de Melhor Argumento Origina e Melhor Actor Secundário, além de três nomeações. Em 2014 foi nomeado para Melhor Filme Estrangeiro nos prémios César.
Ainda na secção “A Estética da Violência” destaque para o clássico “O Bom, o Mau e o Vilão”, de Sergio Leone, de 1966, será exibido a 28 de Agosto e 10 de Setembro.

Sergio Leone volta a estar em destaque no festival, uma vez que o filme de encerramento deste programa especial será “Era uma vez no Oeste”, de 1968, exibido nos dias 3 e 18 de Setembro.

A exibição do clássico filme de Leone, protagonizado por Claudia Cardinale, Henry Fonda, Jason Robards e Charles Bronson, terá como aperitivo uma actuação musical do grupo The Swing Band.

Wong e companhia

Na secção “Sabores Literários em Filmes de Acção” a Cinemateca Paixão incluiu “Ashes of Time Redux”, de Wong Kar-wai, e que será exibido nos dias 9 e 14 de Setembro.

O programa da Cinemateca Paixão inclui também as secções “Armas ocidentais e espadas orientais”, onde se incluem obras de realizadores como Johnnie To, Bastian Meiresonne e Xu Haofeng, entre outros; e ainda “Heroínas”, com realizadores como Chao-Bin Su e Hsiao-hsien Hou, além de King Hu.

Em “Projecções Especiais” há ainda a destacar a exibição, a 11 de Setembro, do filme “No Country for Old Men” [Este país não é para velhos], de Joel e Ethan Coen, de 2007. Este filme varreu a edição 2008 dos Óscares ao vencer nas categorias de melhor filme, melhor realização, melhor argumento adaptado, melhor actor secundário, entre outras.

Nesse ano, mas nos Globos de Ouro, a obra dos irmãos Cohen venceu nas categorias de melhor actor secundário e melhor argumento, além de ter recebido duas nomeações. “No Country for Old Men” conta a história de Llewelyn Moss, interpretado por Josh Brolin, que enquanto caça faz uma descoberta macabra: vários corpos, um homem ferido, droga e dois milhões de dólares em dinheiro num camião abandonado. A forma como vai lidar com a violenta descoberta, dita o desenrolar da acção.

28 Jul 2021

Clássicos alemães e austríacos em destaque na temporada 2021/2022 da Orquestra de Macau

A nova temporada de concertos da Orquestra de Macau arranca a 5 de Setembro com uma obra de Johannes Brahms, executada pelo violinista Ning Feng. Estão também previstos espectáculos do trombonista sueco Christian Lindberg e da soprano italiana Maria Agresta. Caso os artistas estrangeiros continuem impedidos de entrar em Macau, Mok Ian Ian garante que há “um plano B”

 

O convite está lançado, mas persistem ainda muitas dúvidas que podem desafinar o horizonte musical traçado. A Orquestra de Macau (OM) apresentou ontem a temporada de concertos 2021/2022 que, sob o tema “Clássicos Alemães e Austríacos”, integra na sua programação um vasto repertório de espectáculos protagonizados por artistas de renome internacional, muitos deles estrangeiros.

Durante o discurso de apresentação, o director musical e maestro principal da OM, Lu Jia referiu que a tónica da temporada que se avizinha permitirá apreciar de forma abrangente as “obras mais memoráveis” de alguns dos mais importantes compositores alemães e austríacos, dando especial ênfase à obra de Brahms e Mahler.

Um dos destaques da nova temporada, apontou Lu Jia, honra precisamente a obra de Mahler, já que está a previsto um espectáculo para assinalar o 110º aniversário da obra “Das Lied von der Erde” (A Canção da Terra), representativa da ligação entre o Oriente e o Ocidente.

“Embora a letra da canção seja em alemão, é baseada em ‘A Flauta Mágica’, uma colecção de poemas traduzidos pelo poeta alemão Hans Bethge que tem uma ligação inexplicável com a poesia da Dinastia Tang. A Orquestra de Macau e a Orquestra Filarmónica de Xangai vão colaborar nesta produção de grande envergadura, acreditando-se que irá dar um espectáculo inovador que certamente vai permitir aos aficcionados da música ter uma experiência artística inesquecível”, referiu.

A “Canção da Terra” poderá ser apreciada no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) no dia 20 de Novembro de 2021. “A música é uma parte importante das nossas vidas, que pode purificar a alma, tornando-se um remédio”, rematou Lu Jia.

Sempre a abrir

A abertura da temporada de concertos ficará a cargo do violinista Ning Feng, que irá apresentar obras clássicas do compositor alemão Johannes Brahms. Durante o concerto agendado para o dia 5 de Setembro de 2021 no Grande Auditório do CCM, Ning Feng irá interpretar o “Concerto para Violino e Orquestra em Ré Maior”, considerado um dos “Quatro Grandes Concertos para Violino”.

Para o dia 19 de Março de 2022 está agendado o espectáculo “Uma noite com o melhor trombonista do mundo”, que ficará a cargo do sueco Christian Lindberg, considerado como um dos sulistas de metais mundialmente mais aclamados.

Por seu turno, o concerto de encerramento da temporada 2021/2022 irá trazer a Macau uma gala de óperas de Verdi, protagonizada pela soprano Maria Agresta e o tenor Marco Berti, ambos italianos. O concerto de encerramento está agendado para 30 de Julho de 2022 também no CCM.

Pelo meio, estão ainda programados, o concerto de Ano Novo “Estrelas em Viena” (31 de Dezembro de 2021), protagonizado pela soprano Song Yuanming e a maestrina Zhang Jiemin e o concerto “O Fabulous Brahms” (11 de Junho de 2022) que ficará a cargo do pianista Zhang Haochen.

A nova temporada da OM inclui ainda três concertos intitulados “Quando a Música Fala” (22/01, 26/02 e 28/05 de 2022), nos quais Lu Jia, irá partilhar com a audiência, música e histórias dos compositores Mendelssohn, Brams e Bartók. Já o ciclo “Música Alegre” propõe-se a “injectar criatividade na música clássica, a fim de desenvolver o interesse das gerações mais jovens pela música erudita”.

No espectáculo “Música para Dançar” (16 de Julho de 2022), o maestro Jason Lai apresentará 11 peças de dança de diferentes países e no “Concerto do Dia da Criança: Manual de Truques do Maestro” (5 de Junho de 2022) os mais novos poderão desfrutar de uma experiência musical que combina “diversão, histórias e educação”.

À condição

À margem da apresentação da nova temporada, a presidente do Instituto Cultural, Mok Ian Ian, referiu que, se os artistas estrangeiros que estão a ser contactados continuarem obrigados a fazer quarentena à entrada a Macau, deverão acabar por não participar nos espectáculos. No entanto, as alternativas existem e estão a ser equacionadas.

“Se as medidas vigentes contra a covid-19 não mudarem, os artistas estrangeiros não podem entrar em Macau. Por isso, caso não consigam vir (…) essas actuações serão adiadas para o próximo ano”, começou por dizer Mok Ian Ian. “Vamos ter sempre um plano B para poder fazer face a qualquer alteração”, acrescentou.

Os bilhetes para os cinco primeiros concertos da nova temporada, incluindo o Concerto de Abertura, “Diálogo de Trio de Piano”, “A Canção da Terra “, o “Concerto de Natal – Fantasia de Inverno” e “Estrelas em Viena – Concerto de Ano Novo”, estarão à venda a partir das 10h horas do próximo sábado na bilheteira online de Macau.

27 Jul 2021

Paseo del Prado e Jardim de Buen Retiro incluídos na lista de património mundial da UNESCO

O Paseo del Prado, o Jardim do Buen Retiro e o complexo arquitetónico, artístico e natural que os rodeiam, em Madrid, Espanha, passam desde ontem a fazer parte da lista do Património Mundial da UNESCO.

As decisões foram tomadas na 44.ª sessão do comité do Património Mundial da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que está a decorrer ‘online’, a partir da cidade de Fuzhou, na China, desde 16 de Julho e até ao próximo dia 31.

A Unesco decidiu inscrever a candidatura espanhola que toma a designação madrilena da “Paisagem da Luz”, e inclui o Paseo del Prado e do Buen Retiro, uma das primeiras alamedas arborizadas da capital espanhola, e onde se encontram edifícios como os dos museus do Prado, Rainha Sofia e Thyssen-Bornemisza, o Palácio de Cibeles e o Banco de Espanha.

A candidatura de Madrid esteve no limbo por alguns instantes, devido, primeiro, às dúvidas sobre o assunto suscitadas pelo relatório técnico do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) e, posteriormente, pela intenção do presidente da sessão de adiar a decisão sobre a inclusão, por 24 horas, até segunda-feira.

Uma vez que se atingiu a fase final de revisão da candidatura e, como faltava apenas modificar alguns pontos para a inclusão da “Paisagem de Luz” na lista da UNESCO, vários países, entre eles Omã e a Etiópia, propuseram à presidência o encerramento do processo.

Em poucos minutos a situação foi ultrapassada e decidida a inscrição na lista da UNESCO do espaço urbano, artístico e natural de Madrid, pelo seu “excecional valor universal”.

Com esta inclusão, Espanha passa a ter 49 bens inscritos na Lista do Património Mundial da UNESCO, cinco dos quais estão na comunidade de Madrid: o Hayedo de Montejo, o mosteiro El Escorial, a cidade de Alcalá de Henares, a paisagem cultural de Aranjuez e, a partir de agora, o Paseo del Prado, o Jardim do Buen Retiro e o complexo arquitetónico, artístico e natural que os rodeia.

No sábado, a UNESCO já tinha decidido incluir na lista do Património Mundial onze cidades termais europeias, a expressão do pré-modernismo de Mathildenhöhe, em Darmstadt, na Alemanha, frescos italianos do século XIV, em Pádua, e a área cultural de Hima, na Arábia Saudita.

O Comité do Património Mundial da UNESCO reúne-se ‘online’ até 31 de Julho, para a sua sessão anual, presidida a partir de Fuzhou, pelo vice-ministro chinês da Educação, Tian Xuejun, presidente da comissão local da UNESCO.

A análise de candidaturas vai prosseguir até à próxima quinta-feira, dia 28. Desde o início desta sessão do comité, no passado fim de semana, a zona portuária de Liverpool foi retirada da lista de património mundial, por causa da promoção imobiliária, no espaço urbano, Veneza saiu da lista de património em risco, por ter proibido o acesso de navios de cruzeiro ao seu porto, e à Turquia foi exigido um relatório sobre o estado de conservação da antiga basílica de Santa Sofia, em Istambul, a apresentar até 2022.

26 Jul 2021

Arte Macau | Ensaio sobre a gastronomia de Macau nas Oficinas Navais

A exposição “Macau – Cidade da Gastronomia: Bom Apetite” pode ser visitada até ao dia 3 de Outubro e inclui 15 obras de artistas de Macau como Carlos Marreiros e Konstantin Bessmertny. A mostra está integrada numa série de outras exposições espalhadas pelo território dedicadas às “cidades criativas” de Nanjing, Wuhan e Linz

 

Da reinterpretação do cultivo de ostras à projecção dos mais antigos rituais gastronómicos de Macau sob a forma de arte, abriu ao público na passada sexta-feira a exposição “Macau – Cidade da Gastronomia: Bom Apetite”.

A mostra, que pode ser vista nas Oficinas Navais Nº1 do Centro de Arte Contemporânea de Macau, junto ao Templo de A-Má, apresenta 15 obras de 16 artistas de Macau e assume-se como um “banquete visual imperdível” que explora através das artes, “o impacto mútuo da comida na sociedade e na história”.

Do grupo de artistas locais seleccionados fazem parte Carlos Marreiros, Konstantin Bessmertny e a dupla Benjamin Hodges e Crystal Chan. À TDM Canal Macau, Benjamin Hodges e Crystal Chan explicaram que a instalação da qual são autores é inspirada na mitologia chinesa e nos espaços tradicionais do Porto Interior, mais precisamente nos restaurantes de marisco, onde a presença de aquários que alojam seres marinhos é uma constante.

Segundo Benjamin Hodges, as imagens criadas recorrendo aos aquários e às ostras pretendem “projectar uma miragem” que é usada para falar, não só do passado e futuro de Macau, mas também da relação com a vida animal.

Por seu turno, na impossibilidade de expor uma instalação de grandes dimensões no lago do cais das Oficinas Navais, Carlos Marreiros preparou uma versão numa escala mais pequena da obra materializada numa cadeira muito alta que dá acesso a uma mesa longínqua, que pretende simbolizar a ideia de que “para se gozar de boa comida é preciso trabalhar para ela”.

“Comer é um acto de prazer (…) mas temos de pensar sempre nas pessoas que nem migalhas têm para comer. Daí que a comida é algo difícil de atingir e, mesmo quando se tem, às vezes, escorrega”, disse à TDM Canal Macau.

A curadora da exposição, Yoyo Wong, frisou que a mostra concretiza, de certa forma, o ensaio proposto aos artistas locais de diferentes áreas, de tentar abordar o tema da comida de um ponto de vista artístico.

Quatro estações

Ao mesmo tempo que a gastronomia dá o mote para à exposição que representa Macau enquanto Cidade Criativa da UNESCO, noutros pontos do território, outras três mostras procuram demonstrar os atributos distintivos de Nanjing (literatura), Wuhan (design) e Linz (arte dos média).

Desta feita, sob a curadoria principal de Yao Feng, na Galeria Tap Seac, podem ser vistos, por ocasião da exposição “Nanjing: Cidade da Literatura – Abrindo o Reino”, trabalhos de dezenas de poetas, novelistas, críticos e artistas da cidade, tais como Su Tong e Zhao Benfu, incluindo manuscritos, caligrafias e documentários.

Já a exposição “Wuhan: Cidade de Design – Empatia”, patente nas Vivendas de Mong-Há, inclui obras do Presidente da Associação de Fotógrafos da China, Li Ge e da Artista Lou Xian, que dão destaque a indivíduos e a grandes eventos históricos “a partir de uma micro perspectiva” assente na “aura da natureza humana”.

Por fim, também patente nas Vivendas de Mong-Há, a exposição “Linz: Cidade da Arte de Média – A Arte da Interface” apresenta nove obras de arte baseadas em interfaces e suportes de difusão, patentes nas Vivendas de Mong-Há, procurando mostrar “o encanto de vanguarda da arte interactiva contemporânea”. As exposições podem ser visitadas até ao dia 3 de Outubro.

26 Jul 2021

Cinemateca Paixão | Seis filmes e documentários em cartaz para Agosto

A Cinemateca Paixão apresenta, no próximo mês de Agosto, seis longas-metragens e documentários de países como o Vietname, Japão ou a China, entre outros. Quatro deles são deste ano, como é o caso de “Threads – Our Tapestry of Love”, de Takahisa Zeze; “Striding into the Wind”, de Wei Shujun; “Mr. Bachmann and His Class”, de Maria Speth; e “Listen Before You Sing”, de Yang Chih-Lin. As exibições prolongam-se até ao mês de Setembro

 

Está fechado o cartaz da Cinemateca Paixão para o próximo mês de Agosto, com os bilhetes já disponíveis para venda. O público poderá ver seis películas, que vão desde o género longa-metragem ao documentário, quatro delas estreadas deste ano. O cartaz inclui produções asiáticas, mas também algumas feitas em parceria com países europeus.

O primeiro filme a ser exibido, já a 5 de Agosto, e que repete novamente nos dias 7 e 11, é “Threads – Our Tapestry of Love”, de Takahisa Zeze, realizador japonês. Esta película foi nomeada para a categoria de Melhor Partitura Musical dos Prémios da Academia Japonesa deste ano, e conta a história de um menino e uma menina que nasceram no primeiro ano de Heisei, cujo período terminou em 2019 ao fim de 31 anos.

Os dois encontram-se na infância, apaixonam-se mas separam-se ao longo da vida, vivendo “em circunstâncias totalmente diferentes”, embora continuando “a manter-se nos seus pensamentos”, descreve a sinopse. Desta forma, este filme “conta a história de trinta anos na vida de duas pessoas ligadas por um fio do destino” e “certamente despertará naqueles que o vêem uma nova apreciação por conhecer pessoas”.

“Striding into the Wind”, de Wei Shujun, é outro filme que compõe o cartaz e que será exibido nos dias 19 e 27 de Agosto, bem como no dia 1 de Setembro. O filme do realizador chinês conta a história de Kun, que “parece estar a estragar quase tudo”, tal como “o último ano na escola de cinema, o trabalho no filme de formatura do amigo e a relação com a namorada”. “Mas o Kun acabou de tirar a carta de condução e, com ela, o carro em segunda mão, o mais barato que encontrou: um velho naufrágio de um Jeep Cherokee que pode vir a ser a chave para os seus sonhos mais loucos”, revela a sinopse.

Este filme teve nomeações em vários festivais de cinema, incluindo a nomeação para o Grande Prémio do Concurso Internacional de Novos Talentos na edição deste ano do Festival de Cinema de Taipei. Na Europa, “Striding into the Wind” foi nomeado na categoria de Melhor Filme – Atena Dourada no Festival Internacional de Cinema de Atenas, o ano passado. Também em 2020, foi nomeado para a Gold Hugo New Directors Competition do Festival Internacional de Cinema de Chicago. A película teve ainda duas nomeações em festivais de cinema na China.

Olhar internacional

Como exemplo do cinema internacional, a Cinemateca Paixão escolheu o documentário “Mr. Bachmann and His Class”, de Maria Speth, que será exibido no dia 24 de Agosto e nos dias 2 e 12 de Setembro. Este é um “documentário íntimo”, que “retrata a ligação entre um professor do ensino fundamental e os seus alunos”. “Os seus métodos não convencionais chocam com as complexas realidades sociais e culturais da cidade industrial alemã provincial em que vivem”, aponta a sinopse.

Este trabalho de Maria Speth é falado em alemão e conta com legendas em chinês e inglês. Na edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Berlim, o documentário ganhou o prémio do público da competição, o Urso de Berlim prateado e o prémio do júri, além de ter recebido uma nomeação para a categoria de melhor filme. Também este ano, mas no Festival Internacional de Cinema de Hong Kong, ganhou o prémio Golden Firebird.

De Taiwan, chega “Listen before you sing”, de Yang Chin-Lin, exibido nos dias 20, 22 e 29 de Agosto. No Festival Internacional de Cinema de Crianças de Hong Kong deste ano o filme foi apresentado nas sessões de abertura e de encerramento.

“Dad, I’m Sorry” é a película vinda do Vietname, de Tran Thanh Vu Ngoc Dang, e que será exibida nos dias 22 e 25 de Agosto, bem como no dia 4 de Setembro. Tida como uma campeã de bilheteira na história do cinema do Vietname, ultrapassando o sucesso de “Avengers 4: Endgame”, “Dad, I’m Sorry” conta a história de Ba Sang, o “segundo de quatro irmãos barulhentos”. Segundo a sinopse, “o filme dá uma perspectiva multifacetada sobre a família através dos destinos de cada personagem e da forma como levam as suas vidas”.

“Collective”, uma produção conjunta entre a Roménia e o Luxemburgo, da autoria de Alexander Nanau, encerra as escolhas da Cinemateca Paixão para o próximo mês. “Collective” é considerado como “um olhar intransigente sobre o impacto do jornalismo de investigação no seu melhor”, relacionado com um incêndio ocorrido em 2015 no Colectiv de Bucareste, que deixa 27 mortos e 180 feridos.

A morte de várias vítimas de queimaduras faz com que os médicos dêem o alerta junto dos jornalistas sobre uma eventual fraude nos cuidados de saúde, cujo sistema pode mudar com a nomeação de um novo ministro no país. No entanto, para reformar um sistema corrupto, ele vai enfrentar muitos obstáculos.

“Collective” ganhou o prémio de melhor longa-metragem internacional e melhor longa-metragem documento nos Óscares, além de ter sido nomeado para melhor documentário nos British Academy Film Awards. A estreia mundial de “Collective” aconteceu este ano no Festival de Cinema de Veneza. A película é exibida nos dias 15, 17, 20, 22, 26 e 29 de Agosto.

23 Jul 2021

Arte Macau | Obras de artistas locais no Grand Lisboa e Grand Lisboa Palace

Sete artistas locais deram ontem o mote para a inauguração da exposição “Harmonia do Oriente e Ocidente” no Grand Lisboa, que só ficará completa a partir do dia 28 de Julho com as obras produzidas exclusivamente para a mostra que poderá também ser vista no Grand Lisboa Palace. Carlos Marreiros revelou que, na calha, está uma peça em azulejo português e outra de grandes dimensões em acrílico

 

Enquadrada na Bienal Internacional de Arte de Macau 2021, foi ontem inaugurada no Grand Lisboa a exposição “Harmonia do Oriente e Ocidente”, uma mostra que engloba obras de sete artistas locais e pretende assumir uma fusão de trabalhos artísticos chineses e ocidentais, recorrendo a estilos, texturas e abordagens diversas.

A mostra inaugurada ontem no Grand Lisboa inclui obras de Carlos Marreiros, Ambrose So, Ung Vai Meng, Konstatin Bessmertny, Denis Murrel, Eric Fok e Cai Guo Jie e só ficará completa no próximo dia 28 de Julho, altura em que serão adicionados novos trabalhos produzidos exclusivamente para a ocasião.

As obras ficarão expostas no lobby do Grand Lisboa até 31 de Agosto, seguindo depois para o Grand Lisboa Palace, a ser inaugurado em breve, onde serão exibidas entre 1 e 31 de Outubro.

Uma das obras que pode ser vista desde ontem no Grand Lisboa dá pelo nome de “Corrida para a Glória” e é da autoria de Carlos Marreiros. Ao centro da obra produzida em 2012, é possível ver o poeta Luís de Camões. Segundo Marreiros, este é um exemplo do estilo em constante mutação característico da sua pintura.

“A minha pintura muda sempre. Ora é abstracta e de grandes dimensões, ora opto por fazer figuração, estou sempre a pesquisar. Sou novo demais para ter um estilo próprio”, começou por dizer ao HM Carlos Marreiros.

“A obra que podemos ver nesta exposição é de 2012 e serve como introdução para a grande exposição que vai acontecer na altura da inauguração do Grand Lisboa Palace, onde os artistas irão apresentar trabalhos específicos produzidos no último ano e meio”, acrescentou.

Sem revelar detalhes, Marreiros partilhou ainda que as obras da sua autoria que poderão ser vistas a partir de dia 28 de Julho contemplam “uma peça em azulejo português” e uma outra em acrílico de “dimensões brutais” com temas relacionados com Macau.

Outro dos artistas presentes na inauguração, Denis Murrell, apontou que a obra “sem título” que pode ser vista no Grand Lisboa foi feita de propósito para a ocasião e que, como é seu apanágio “não segue temas”.

“Não exploro temas em específico, pinto simplesmente o que me vem à cabeça. Não sigo temas, apenas sigo a técnica. O único objectivo é criar uma pintura que seja interessante para as pessoas. É um estilo de pintura abstracta espontânea”, referiu.

Cultivar a cultura

Durante o discurso que marcou a inauguração da exposição, Angela Leong, directora da SJM Resorts, sublinhou a importância de apoiar eventos culturais e artísticos, não só como forma de contribuir para o desenvolvimento de Macau enquanto Centro Mundial de Turismo e Lazer, mas também para apoiar os novos artistas locais.

“Estamos honrados por colaborar com tantos artistas locais, colocando ao centro a harmoniosa mistura entre a cultura chinesa e ocidental. Vibrantes e coloridas, as obras de arte abrangem um espectro alargado de suportes através dos quais os artistas retratam habilidosamente [essa] maravilhosa mistura”, apontou Angela Leong.

A responsável disse ainda que a exposição é demonstrativa da “riqueza da cultura chinesa” e do “poder da arte contemporânea”, servindo como janela para as trocas culturais entre o Oriente e o Ocidente.
Paralelamente, também no Grand Lisboa e no Grand Lisboa Palace, estará patente uma exposição de cerâmica de Heidi Lau intitulada “Reformulação do Império”.

22 Jul 2021

FRC | Garcia Leandro fala das consequências do 25 Abril em Macau 

A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe esta quinta-feira uma palestra protagonizada pelo general Garcia Leandro, ex-Governador de Macau, onde este falará das consequências da revolução do 25 de Abril de 1974 no território. O nome da palestra é “Macau em 1974 e as consequências do 25 de Abril no seu Futuro” e terá início por volta das 18h30.

O evento é promovido pelo Centro de Reflexão, Estudo e Difusão do Direito de Macau (CRED-DM) da Fundação Rui Cunha (FRC) e pela Associação dos Antigos Alunos da Escola Comercial “Pedro Nolasco” (AAAEC). José Basto da Silva, presidente da AAAEC, será o moderador da conversa.

Recorde-se que Garcia Leandro esteve em Macau no período imediato ao 25 de Abril, na qualidade de oficial do Movimento das Forças Armadas (MFA). Juntamente com o já falecido major Rebelo Gonçalves, teve a função de explicar a revolução à população local e de apurar o estado das forças políticas no território que, à época, tinha como Governador Nobre de Carvalho. Em Setembro de 1974, Garcia Leandro seria nomeado Governador em sua substituição.

Segundo uma nota da FRC, Garcia Leandro “falar-nos-á da sua vivência de quatro anos, pós-Revolução dos Cravos, num território longínquo e em circunstâncias muito difíceis de governação”. À época, “Macau encontrava-se numa situação frágil e confusa, com imensas dificuldades políticas, sociais e económicas, mergulhado num complexo jogo de interesses que se moviam de forma mais ou menos obscura, por vezes envoltos em ambientes de grande tensão”.

Nascido em Luanda, Angola, em 1940, Garcia Leandro tem uma vasta carreira militar, estando hoje à frente dos destinos da Fundação Jorge Álvares.

21 Jul 2021