Li Bai | Traduções de António Graça de Abreu reeditadas em Portugal

“Cem Poemas de Li Bai (701-762)” é o nome do livro com traduções de António Graça de Abreu que acaba de ser editado em Portugal pela mão da empresa Vela Chinesa. Depois de uma primeira edição em Macau nos anos 90, este livro é totalmente bilingue, incluindo o prefácio e as anotações dos poemas

 

Já está nas livrarias um novo livro de poemas chineses traduzidos por António Graça de Abreu, académico, autor e tradutor de poesia chinesa. “Cem Poemas de Li Bai (701-762)” é uma edição de autor financiada pela empresa Vela Chinesa, sediada em Portugal. Aquele que Graça Abreu diz ser “talvez o maior poeta dos trinta séculos de poesia chinesa” e também “um dos grandes poetas de toda a literatura universal”, ganha agora uma nova versão dos seus escritos, depois de duas edições produzidas em Macau na década de 90, com mais de 200 poemas.

“Esse livro teve uma certa importância porque foi apresentado em Lisboa pela Natália Correia e no Porto pelo Eugénio de Andrade e pelo professor Óscar Lopes”, recordou ao HM. Desde então que António Graça de Abreu tem vindo a tentar reeditar as suas traduções.

“Encontrei muito pouca receptividade por parte de Macau. Há dois anos apareceu a Vela Chinesa que deu importância às minhas traduções e fizeram uma sugestão de reedição. Propus a várias entidades em Portugal, desde a Fundação Oriente até ao dr. Jorge Rangel, para que fossem reeditados estes grandes poetas da China e não tive muita receptividade”, apontou.

A grande diferença de “Cem Poemas de Li Bai (701-762)” é o facto de ser totalmente bilingue, sendo que os poemas foram escolhidos pela empresa que financiou a edição.

“Os poemas estão bem escolhidos e todos eles são representativos [de Li Bai], embora tenha escrito à volta de mil poemas. [Li Bai] não passa de moda, mesmo com todos os problemas que a China tem tido ao longo da sua história, estes poemas estão sempre presentes. A poesia de Li Bai é sempre actual e os chineses também têm muito orgulho neste homem.”

Graça de Abreu assegura que “qualquer chinês que tenha pelo menos o quarto ano conhece Li Bai, porque é um poeta que tem a dimensão de Camões ou Dante”. “É um homem universal”, aponta.

O amor e a guerra

Nos cem poemas agora publicados, e nos restantes, é possível encontrar temas como “a guerra, que fez com que milhões de pessoas tenham morrido, não dos conflitos mas de fome, porque todas as estruturas do império eram alteradas”. Mas Li Bai escreveu também sobre a relação do Homem com a Natureza e sobre o amor. O poeta “amava os amigos, e também o feminino”.

Graça de Abreu assume ter uma paixão pela poesia chinesa e pela tradução, que vai fazendo nas horas vagas e recorrendo a outras bases de apoio escritas nas línguas ocidentais.

“A poesia não me é estranha e mexo-me nela com alguma facilidade, embora os meus conhecimentos de chinês não sejam tão vastos como eu gostaria. O poema, na sua língua de chegada, tem de ter qualidade literária e força, e eu socorro-me de tudo e mais alguma coisa [para assegurar isso].”

O autor e tradutor lamenta que a poesia chinesa traduzida tenha surgido tão tarde. “Ainda ninguém tinha traduzido Li Bai a sério para língua portuguesa e pela primeira vez apareceu um grande poeta chinês [refere-se aos anos 90, aquando das publicações em Macau]. Não sou nenhum especialista mas nestas coisas nota-se algum atraso, porque foi preciso chegarmos ao final do século XX para aparecerem as primeiras grandes traduções de poetas chineses.”

“Dei o meu contributo, já traduzi cinco grandes poetas chineses, todos eles da dinastia Tang, o período dourado da poesia chinesa”, rematou.

21 Jul 2021

Armazém do Boi | Exposição de Un Sio San inaugura amanhã

Com o título “There is no There There”, Un Sio San pretende levar as pessoas a repensarem a noção de espaço e ligar Macau ao arquipélago de Svalbard, no Árctico. A exposição inclui poemas, vídeos e fotografias e outros materiais recolhidos pela artista durante um período de residência artistística nas Ilhas da Noruega

 

A mais recente exposição da artista Un Sio San é inaugurada amanhã às 18h30 e vai poder ser vista até 22 de Agosto no Armazém do Boi. Com o título “Não existe ali, ali” (“There is no There There”, em inglês), a poetisa local utiliza não só as palavras, mas também instalações, fotografias e vídeos para repensar a noção de “espaço”, através da desconstrução do ali e da relação entre Macau e as Ilhas de Svalbard, na Noruega.

“Quando visitamos Svalbard e o Árctico pode-se cair na tentação de considerar que é um espaço parado, que não acontece muita coisa, o que é uma ideia errada. Há muita coisa a acontecer”, contou Un Sio San, ao HM. “Essa tentação é mais presente quando vivemos em Macau, uma terra onde a mutação da paisagem urbanística é constante”, continuou. “Mas faço uma ligação entre os dois territórios através do espaço. É este o tema da exposição que convida os interessados a pensar no espaço e no tempo da vida quotidiana”, acrescentou.

E que elementos fazem a ligação entre dois terrenos tão distantes? O aquecimento global é um exemplo. Durante um período de três semanas de residência artística em Svalbard, Un assistiu aos efeitos das alterações climáticas. “É muito chocante ver icebergues com milhares de anos a derreterem. Mostra-nos que o aquecimento global é uma realidade e está a acontecer”, explicou “Nesse aspecto, a ligação com Macau é notória, como podemos assistir com a intensificação dos tufões, como o Hato. Quando pensamos no aquecimento global não existe aqui e ali, o aquecimento global não é algo distante. Vivemos no mesmo mundo e partilhamos o espaço”, justificou.

A ligação não se fica por fenómenos naturais, a destruição do ali é também apresentada com uma componente humana, através da economia global. Este aspecto é apresentado na exposição com a instalação de uma mini loja de conveniência em Macau, mas com produtos de outras zonas, como uma cerveja com sal do mar do Ártico.

Poesia como arte extrema

Com a exposição “There is no There There”, a poetisa Un Sio San opta também por abarcar outros meios de expressão artística, que vão além do texto e das palavras.

Com formação em Literatura Chinesa e Cinema, Un organizou a exposição com a poesia no centro e o vídeo, as instalações e as fotografias como complemento.

A lógica com vários meios foi adoptada para transmitir melhor a mensagem, no entanto, Un acredita que toda a arte pode ser considerada poesia. “Eu acredito na expressão: ‘a fronteira de todas as artes é a poesia’. Quando as artes são levadas ao extremo tornam-se poesia”, defendeu. “A poesia não deve ser vista apenas como um texto, mas como um meio de expressão que assume diferentes formas”, complementou.

19 Jul 2021

Poesia | Duarte Drumond Braga lança “Sininhos do Inferno”

Editado pela Não Edições, “Sininhos do Inferno” é o segundo livro de poesia do académico Duarte Drumond Braga, que viveu durante algum tempo em Macau. O território está, por isso, presente nos seus escritos, com poemas que revelam “o circuito quotidiano” que o poeta fazia, no meio das velharias, “entre a Rua de Santo António e o bazar chinês”

 

 

Em 2015 lançou “Voltas do Purgatório” e agora tem um segundo livro de poesia. Até que ponto diferem um do outro?

Do Purgatório ao Inferno vai um saltinho. O primeiro livro tinha um tom diferente, mais distanciado, este é mais cru e directo. Era um livro sobre Portugal, o país-purgatório, como lhe chamava Pascoaes. Reelaborava de forma críptica figuras portuguesas, este reelabora episódios, perdendo o lado mais críptico. De alguma forma era um livro mais formal, e este mais próximo, mais interessado em outro tipo de experiências.

Porquê o nome “Sininhos do Inferno”?

O primeiro poema, “Trombeta Bath, Lisboa”, de alguma forma responde a isso. Os locais bas-fond são infernos, não (só) no sentido moral ou religioso do termo, mas num sentido também de serem subterrâneos, de serem lugares do desejo, do cativeiro do desejo, da repetição, do círculo. A repetição é puramente infernal. Ouvem-se sinos no inferno, porque o inferno é musical, tem ritmos, regularidades sonoras.

Este é um livro que “observa uma série de lugares e depois uma série de amantes”, todos eles “guardados por porteiros”. É um livro sobre sexo, mas também sobre amor?

Como diz a Rita Lee: “Amor é um, / Sexo é dois./ Sexo antes,/ Amor depois”.

Parece haver uma certa conotação com as ideias de religião e moralidade, sobretudo quando se afirma que “Deus não existe, como a China sabe”. Estou certa, ou não é esse o caminho ou a ideia de alguns destes poemas? O nome do livro também pode estar relacionado com estas ideias?

Não estou preocupado com uma ideia moral, mas pode-se dizer que há uma inquirição religiosa ou espiritual, sim, que já aparecia no outro livro. Alguém já disse que o que mais perturbou os missionários católicos do século XVI foi o facto de uma sociedade tão sofisticada não se fundar numa ideia teísta. Para eles uma sociedade complexa não podia dispensar a ideia de Deus. Mas desde Wenceslau de Moraes só podemos ser no máximo peregrinos, não missionários na Ásia, e foi de facto um privilégio o tempo que estive na China e o que pude aprender.

Macau surge representada em poemas como “Prefiro Rosas”, passado no Pátio da Eterna Felicidade, junto às ruínas de S. Paulo. Porquê este local? É aquele que melhor representa aquilo que Macau é, na sua plenitude?

Tem a ver com o circuito quotidiano que eu fazia, o das velharias, entre a Rua de Santo António e o bazar chinês. O poema refere a destruição da Macau antiga, que para nós europeus pode ser perturbadora, mas que faz sentido na visão de mundo da Ásia ou mesmo extra-europeia tout court. No Brasil isso também se sente bem. O poema refere ainda a mistura entre as referências portuguesas, a partir das quais não podemos deixar, como portugueses, de ler Macau (Camões, etc) e a realidade da cidade financeira, aberta a qualquer invasor. Fascina-me ser ao mesmo tempo a cidade ex-portuguesa na Ásia e a cidade-puta, aberta a todos, sobretudo aos que já têm as tais “libras”.

A Ásia, nomeadamente a cidade de Banguecoque, está também representada. São, no entanto, poemas diferentes face ao que escreveu sobre Macau?

E o Brasil também está representado, gostaria de lembrar isso. São não só ecos da minha biografia, mas sobretudo uma forma de tirar partido da vida fora da Europa, que é uma experiência preciosa. Outras formas de organizar o espaço e talvez até o tempo.

Parece-me haver aqui uma ideia de prazer oculto, de fuga, com a ideia de que há ‘uma série de amantes todos guardados por porteiros'”. Este é um livro de vontades, mas também de mistérios?

Não. O que está, ou pode estar, oculto na realidade fica patente no poema. Os poemas que falam em sexo assumem o desejo pelo corpo do outro, não são fugas nem mistérios. Interessa-me assumir o corpo e um tipo particular de desejo. O desejo em si pode ser um mistério, mas isso já são outras conversas.

Tens mais algum projeto de poesia para breve?

Sim, até ao final do ano a Capítulo Oriental, editora/agência literária sedeada em Macau e Lisboa vai publicar um outro livro meu, Salitre, este inteiramente escrito e dedicado a Macau.

19 Jul 2021

Arte Macau | Obras de Júlio Pomar marcam presença na exposição principal

A Bienal Internacional de Arte de Macau 2021 arrancou ontem com a inauguração da Exposição Principal, que conta com obras em azulejo do artista português Júlio Pomar. Para o curador-chefe, a obra do artista português é “muito importante” e contribui para reflectir sobre o futuro da Globalização. Mok Ian Ian apontou que as obras expostas permitem um “diálogo transcendente” entre público e artistas

 

A abertura da Exposição Principal da Bienal Internacional de Arte de Macau marcou ontem o arranque do mais reconhecido festival de arte e cultura do território que irá acolher, ao longo dos próximos quatro meses, um total de 30 exposições em 25 localizações.

Durante uma sessão de perguntas ao curador-chefe que precedeu a cerimónia de inauguração do evento, Qiu Zhijie revelou que a Exposição Principal da Arte Macau 2021 inclui uma obra em azulejo do artista português Júlio Pomar, composta por quatro peças.

Considerando Júlio Pomar como o “Picasso português”, Qiu Zhijie apontou que, juntamente com outras obras em azulejo de artistas portugueses e de Macau, a obra de Pomar está em destaque numa das partes da Exposição Principal do evento, denominada por “O Sonho de Mazu”.

Isto, quando esta parte da mostra pretende retratar Macau como uma cidade “imersa na cultura marítima e um elo importante na Rota da Seda” que foi fulcral para promover o intercâmbio e o “desenvolvimento de várias técnicas e tecnologias nacionais e internacionais durante a época das grandes navegações”.

“Na sala da exposição dedicada ao “O Sonho de Mazu”, a obra [de Júlio Pomar] está relacionada com o tema dos descobrimentos de Colombo. Júlio Pomar é um artista muito importante na história de Portugal”, vincou o curador.

Abordando a temática da Globalização e o papel desempenhado por Macau na confluência de culturas, Qiu Zhijie sublinhou que “por ser uma cidade pequena e costeira”, Macau consegue “preservar a cultura, a religião e a relação de proximidade que existe entre a população local”. Contrapondo, frisou que nas grandes cidades como Hong Kong “não há espaço para tolerar e aceitar novidades”, já que “até quando estamos a atravessar a rua, os semáforos fazem barulho para despachar as pessoas”.

“Através da tolerância e da tolerância do seu povo, Macau desempenhou um papel muito importante ao longo da história da globalização. Ao mesmo tempo, Macau é uma cidade muito importante para continuarmos a reflectir sobre o avanço e o desenvolvimento da globalização que é algo unânime e que permite aceitar a diversificação de diferentes elementos”, partilhou o curador.

Contas feitas, a Exposição Principal da Bienal reúne mais de cem obras de mais de quarenta artistas provenientes de cerca de 20 países e regiões.

Labirintos de criação

Durante a cerimónia de inauguração, Qiu Zhijie destacou ainda as obras que exploram o encontro das culturas oriental e ocidental, como o trabalho de Jeffrey Shaw (Austrália), Sarah Kenderdine (Nova Zelândia) e Hing Chao (Hong Kong), que utilizam meios audiovisuais para explorar o Kung Fu chinês através de uma instalação que incluiu um vídeo interactivo.

Da autoria das artistas Efstathia (Grécia) e Léa Pagès (França), estão também expostas na área “Labirinto da Memória de Matteo Ricci”, várias pinturas a óleo e fotografias “criadas sob a influência das paisagens chinesas”. “Em suma, há muitos diálogos entre obras, escondidos no salão da exposição”, apontou o curador.

Por seu turno, durante a cerimónia de inauguração, a presidente do Instituto Cultural (IC), Mok Ian Ian, referiu que a Arte Macau “concentra-se no enriquecimento da vida dos residentes através de meios artísticos de nível mundial, no estímulo da sabedoria e da imaginação da cidade”.

“A Bienal reúne magníficas obras de arte de Macau, do Interior da China e do resto do mundo. A flexibilidade e a vividez dos seus modelos artísticos possuem conotações profundas e de longo alcance”, disse Mok Ian Ian no seu discurso.

“A demonstração artística da paixão, ideias, imaginação e inspiração dos artistas, com uma dedicação individual à ‘beleza de cada um’, contribui para uma visão artística no conceito geral de ‘diversidade’ e ‘integridade’, o que possibilita um ‘diálogo transcendente’ entre o público e artistas de diferentes regiões, com estilos e características distintas”, rematou.

16 Jul 2021

Lisboeta Macau | Inauguração parcial inclui três novas atracções

A partir de sábado, o Lisboeta Macau, no Cotai, abre parcialmente ao público disponibilizando três atracções principais e áreas de comércio e restauração que prestam homenagem, não só às relíquias do passado de Macau, mas também a uma cidade “futurista” e em desenvolvimento. Indoor Skydiving, uma carreira de slide com elementos multimédia e um Night Market fazem parte do programa das festas

 

Apesar de não haver ainda data para a abertura oficial das instalações hoteleiras do Lisboeta Macau, passam a estar disponíveis a partir de sábado, três atracções que prometem, não só agitar os níveis de adrenalina, mas aconchegar também o estômago e a mente.

Durante uma visita destinada à imprensa, Sophia Mok, directora de Marketing e Relações Públicas do Lisboeta Macau revelou que, a tempo da abertura parcial do espaço, estarão disponíveis, além de alguns estabelecimentos de comércio e restauração, um túnel de vento dedicado à prática de Indoor Skydiving, uma experiência de ziplining com elementos multimédia e vista panorâmica sobre o Cotai e ainda, um Night Market localizado junto a uma réplica do conhecido casino flutuante “Macau Palace”.

Intitulado “GoAirbone”, o primeiro equipamento de Indoor Skydiving de Macau é composto por uma estrutura circular envidraçada com 15 metros de altura e quatro de diâmetro, que promete simular as mais intensas e contrastantes sensações de uma experiência de queda livre real. Orientados por instrutores certificados internacionalmente, os visitantes podem experimentar o túnel de vento a partir dos quatro anos, no conforto e segurança de um ambiente totalmente controlado, mas que não deixa de ser entusiasmante.

Após a abertura ao público, o Indoor Skydiving estará disponível de quinta a domingo entre as 14h00 e as 22h00. Um “voo” tem o custo de 799 patacas, existindo ainda pacotes de dois (999 patacas) e seis (1.500 patacas) skydyves.

Voos nocturnos

Quanto à experiência de slide, a nova atracção assume-se como “a primeira experiência de zipline com elementos multimédia em todo o mundo” e a primeira experiência urbana do género na área da Ásia-Pacífico. Segundo os anfitriões, o “ZipCity Macau” proporciona um “voo super-sensorial que combina efeitos sonoros e efeitos de ‘luz fantasma’, capazes de criar uma experiência de entretenimento única e emocionante”.

Após a abertura ao público, o “ZipCity Macau” estará disponível de quinta a domingo entre as 14h00 e as 22h00. Quando adquirida aos pares, uma viagem para dois custa 510 patacas durante o dia e 595 patacas se o voo for nocturno. Estão também disponíveis pacotes individuais e para três ou mais pessoas. Até 31 de Agosto, portadores de BIR e bluecard pode desfrutar de um desconto de abertura de 47 por cento.

Enquanto uns passam por cima, na praça central ao pé da réplica do conhecido casino flutuante “Macau Palace” e da fachada do Lisboeta, em tudo semelhante ao antigo Hotel Estoril no Tap Siac, cá em baixo as luzes acendem-se a partir das 17h00 para o Night Market @ Lisboeta. Além de experiências gastronómicas locais que combinam as cozinhas oriental e ocidental, estarão também disponíveis por entre a esplanada, algumas actividades e jogos.

A partir de sábado, abre também ao público um dos espaços interiores do Lisboeta Macau destinado ao comércio e à restauração, que inclui algumas referências históricas e marcos arquitectónicos incontornáveis da Macau dos anos 60. Em contraponto, está a ser preparada uma superfície comercial “futurista” com diversas lojas e restaurantes.

15 Jul 2021

Bienal | Pavilhão mostra arte de cidades criativas da UNESCO 

Inaugurada amanhã, a primeira edição da “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau 2021” traz, pela primeira vez, o Pavilhão da Cidade Criativa, que mostra o que de melhor se faz no panorama das artes nas cidades de Macau, Nanjing, Wuhan e Linz, na Áustria. Todas elas são cidades criativas da UNESCO

 

Macau recebe amanhã mais um evento cultural de grande dimensão com a primeira edição da “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau”, virada para a temática da globalização. Mas além das exposições, que podem ser visitadas até Outubro, um outro destaque do cartaz vai para a criação inédita do Pavilhão da Cidade Criativa.

Segundo uma nota de imprensa do Instituto Cultural (IC), o objectivo é que o pavilhão possa “materializar o charme vanguardista da arte contemporânea”.

Este pavilhão reúne diversas cidades criativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), nomeadamente Macau, Nanjing, Wuhan e Linz, e pretende destacar “as essências culturais únicas” destas cidades ou territórios.

No caso da RAEM, a mostra intitula-se “Macau: Cidade de Gastronomia – Bom Apetite!”, onde serão mostradas obras de 13 artistas ou grupos, onde se incluem nomes como o arquitecto Carlos Marreiros ou Wong Ka Long, entre outros. Estes trabalhos “exploram em conjunto da sua forma única o impacto mútuo de ‘comida’ na sociedade e na história”.

A exposição sobre a cidade de Nanjing, “de literatura e criação”, tem como tema “Abrindo o Reino”. O público poderá ver trabalhos representativos de dezenas de poetas, novelistas, críticas e artistas mais conhecidos de Nanjing, tais como Su Tong e Zhao Benfu. Incluem-se manuscritos, caligrafias, documentários, assim como uma exposição de pinturas de minhocas por Zhu Yingchun. Estas iniciativas permitem “aos visitantes terem um olhar refrescante sobre o domínio da vida, através dos olhos literários dos escritores de Nanjing”, descreve o IC.

Relativamente a Wuhan, a mostra intitula-se “Wuhan: Cidade de Design – Empatia”, focando-se em indivíduos em grandes eventos históricos a partir de micro perspectiva, além de assentar “na mais deslumbrante aura da natureza humana-empatia”.

No caso de Linz, cidade na Áustria, a mostra chama-se “Linz: Cidade da Arte de Mídia – A Arte da Interface” e “mostrará o encanto da vanguarda da arte interactiva contemporânea através das obras de arte de media de vários artistas famosos na área da arte digital, oriundos desta cidade”.

Todas estas exposições podem ser vistas a partir do dia 23 de Julho no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 1, na Galeria Tap Seac e nas Vivendas de Mong-Há.

Nas ruas e faculdades

A Bienal de Macau será inaugurada oficialmente amanhã no primeiro andar do Museu de Arte de Macau (MAM), mas a ideia da organização é apresentar “uma festa móvel da cidade”. A exposição principal da Bienal estará patente no MAM, estando dividida em três partes: “O Sonho de Mazu”, “Labirinto da Memória de Matteo Ricci” e “Avanços e Recuos da Globalização”.

Esta mostra “proporciona um espaço de reflexão e discussão sobre [as ideias] de globalização e individualidade, vida e sonho, longinquidade e proximidade, segurança e felicidade, entre outras”. Esta mostra revela o trabalho de 40 artistas oriundos de 20 países.

Mas a Bienal sai também fora de portas e apresenta seis obras de arte pública em vários bairros, com o objectivo de mostrar “as criações dos artistas do Interior da China, Tailândia, Argentina, Egipto, Itália e outros locais”, a fim de ligar “o mundo com criatividade”.

Na iniciativa “Trabalhos Seleccionados de Artistas Locais” serão apresentadas 12 obras de artistas de Macau, o que permite “proporcionar aos artistas de Macau uma plataforma de intercâmbio internacional, alargando as suas perspectivas internacionais”.

No caso da “Exposição Colateral”, várias instituições de ensino superior, incluindo a Universidade de Macau, Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Instituto Politécnico de Macau e Universidade de São José, realizam exposições repletas de trabalhos desenvolvidos por estudantes.

No total, podem ser vistas 30 exposições em 25 locais espalhados pelo território. A ideia da organização é “trazer uma atmosfera cultural imersiva a toda a cidade como uma galeria e jardim de arte”, além de “apresentar uma festa móvel da cidade”. A curadoria da Bienal de Macau está a cargo de Qiu Zhijie.

14 Jul 2021

LMA | Rootz & Tronicbeats trazem música ao vivo e electrónica este sábado 

O Festival Arroz ganha nova edição este sábado com a actuação, no Live Music Association, dos Rootz & Tronicbeats. Num festival que sempre se pautou pela diversidade de géneros musicais, desta vez o protagonismo é dado aos sons electrónicos, numa combinação com música tocada ao vivo

 

O palco do Live Music Association será, no próximo sábado, um lugar de experimentação. A nova edição do Festival Arroz, que tem acontecido no espaço da Coronel Mesquita, já trouxe muitas sonoridades de bandas locais, mas desta vez a escolha recaiu sobre os Rootz & Tronicbeats, que actuam a partir das 22h.

Este é o segundo concerto que acontece este ano no âmbito deste festival, e o público poderá assistir “aos contextos, sonoridades e experiências [das bandas] na mistura de [sons]”. Na sua junção em palco, os Rootz e os Tronicbeats prometem “revelar o seu carisma e paixão pelo panorama de música local para todos os amantes da música”.

Ao HM, Sonn B. Cheong, ligado à organização do festival, confessou que a grande diferença deste concerto em relação aos anteriores é o espectáculo como um todo.

“Tentamos combinar música ao vivo, tocada por instrumentos, com a música electrónica. Essa vai ser a parte mais importante do concerto, e é algo que é raro acontecer em Macau. Os artistas das duas bandas vão actuar em conjunto com os músicos.”

O responsável frisou que, desta vez foram escolhidos “géneros musicais como o reggae, afrobeats, dub e jungle, e que serão a base do concerto do Festival Arroz”. “Acima de tudo estamos a tentar introduzir música tocada ao vivo para perceber a química entre os músicos, e também para providenciar uma noite memorável a cada pessoa que participe no nosso espectáculo”, referiu Sonn B. Cheong.

Espalhar amor

Os Tronicbeats assumem-se como uma editora de música electrónica que reúne vários produtores e djs naturais de Macau. Mas o grupo é mais do que isso, apresentando-se também como organizador de eventos e promotor de actividades publicitárias, design e produção musical, entre outras actividades.

No caso do projecto Rootz, criado pela cantora Betchy Barros e pelo seu irmão rapper Tony Barros, a ideia base é também a união de músicos locais, a fim de mostrar ao público todo o seu potencial.

Numa anterior entrevista ao HM, Betchy Barros explicou a ideia por detrás deste projecto, que nasceu o ano passado.

“Estamos a tentar incorporar noites que sejam divertidas para as pessoas saírem da rotina e conhecerem novos artistas. Em Macau faltava muito o valor dado aos artistas locais, porque normalmente eram sempre bandas que vinham de fora. Agora estamos a focar-nos no que temos em casa. Está a ser uma experiência fantástica porque isso está a abrir portas para outros eventos.”

Sonn B. Cheong adiantou que o objectivo do Festival Arroz é “espalhar o amor pela música e também gerar ideias e oportunidades de trabalho em parceria entre músicos e artistas que, com esforço, contribuem para as indústrias criativas de Macau”.

A organização do Festival Arroz planeia continuar a organizar concertos até Fevereiro do próximo ano. No próximo sábado a entrada custa 180 patacas e dá direito a uma bebida.

13 Jul 2021

UM | História e cultura chinesas contadas através da banda desenhada 

Chamam-se “Chang’e Voa para a Lua”, “Nüwa Conserta o Céu” e “Jingwei Enche o Mar” e conta, em português, inglês e chinês, pedaços da história e cultura chinesas. Estas publicações são da responsabilidade da Universidade de Macau e foram apresentadas na sexta-feira na Escola Oficial Zheng Guanying

 

O Centro de História e Cultura da China (CCHC) e o Centro de Ensino e Formação Bilingue Chinês-Português (CPC), da Universidade de Macau (UM), acabam de lançar livros de banda desenhada em três línguas e que visam promover a história e cultura chinesas. Os livros, intitulados “Chang’e Voa para a Lua”, “Nüwa Concerta o Céu” e “Jingwei Enche o Mar” fazem parte da colecção “Histórias aos Quadradinhos inspiradas na Cultura Chinesa” e contam os mitos, lendas e história da China.

Depois da publicação, em 2018, dos livros “Chang’e Voa para a Lua” e “Nüwa Conserta o Céu”, a UM lança agora estas três obras, cuja tradução visa “incentivar o conhecimento e a compreensão da cultura chinesa entre os jovens de Macau e dos países de língua portuguesa”. Com estes livros, a UM pretende também “que os jovens conheçam a diversão, a sabedoria e a cultura dos mitos chineses antigos e que aprendam a história e cultura chinesa”, além de possibilitar “a aprendizagem do português pelos estudantes de Macau na forma simples de histórias em banda desenhada”.

Estas obras foram apresentadas na última sexta-feira numa instituição de ensino que constitui um exemplo do ensino em várias línguas, a Escola Oficial Zheng Guanying. A actividade visou proporcionar “o acesso à cultura tradicional chinesa a mais alunos, permitindo-lhes conhecer mais sobre mitos e lendas”.

Teatros e outras histórias

A UM conta, em comunicado, que esta actividade na Escola Oficial Zheng Guanying incluiu também a teatralização dos contos incluídos nos livros, além de ter sido organizado um concurso de tradução chinês-português baseado nas lendas e mitos contados nestas obras.

Chan Ka Man, directora da instituição de ensino não superior, disse que “este tipo de actividade se encaixa nas tarefas de leitura actualmente organizadas pela escola para os estudantes do terceiro ano”, permitindo “que os estudantes fiquem a saber mais sobre os mitos e as histórias antigas, ao mesmo tempo que cultiva bons hábitos de leitura e o gosto pela mesma”.

Os dois centros da UM têm como objectivo “promover o desenvolvimento do ensino das ciências humanas e sociais em Macau e formar jovens talentos através de uma série de programas de ensino e formação, em colaboração com instituições de ensino e escolas primárias e secundárias de Macau”.

Além disso, o trabalho desenvolvido pelo CCHC visa “reforçar o estudo da história e cultura chinesas”, bem como “construir um mecanismo avançado para o seu intercâmbio, que permita a divulgação destas na comunidade de Macau e internacionalmente, especialmente entre jovens”.

Outro foco deste centro é “aprofundar a divulgação e a influência da história e cultura chinesa nos países e regiões de língua portuguesa, de forma a aumentar o conhecimento e compreensão das mesmas”.

12 Jul 2021

Cinemateca | Novidades a caminho após “ano difícil”

Ao fim de um primeiro ano “difícil”, a nova gestora da Cinemateca Paixão faz um balanço positivo dos resultados alcançados e considera ter sido capaz de se “reconectar com os cineastas locais” e exibir obras apreciadas pelo público. Na calha, revelou Jenny Ip ao HM, está um Festival de Cinema dedicado às artes marciais chinesas, japonesas e westerns e ainda uma mostra de cinema em português. Sobre o orçamento, a responsável considera ser “suficiente”

 

 

Continuar a aprender para fazer melhor. É desta forma que a responsável pela gestão da Cinemateca Paixão, Jenny Ip, olha em retrospectiva para o primeiro ano de operações da Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada. Para a responsável, apesar de haver ainda “muito trabalho para fazer”, há motivos para sorrir após o início conturbado que marcou a passagem do testemunho que sobrou da Cut Limitada.

Isto, quando foi possível restabelecer a relação com a comunidade cineasta local, que se mostrou desde logo céptica em relação à nova gestão, e o feedback positivo que tem chegado sobre a programação apresentada.

“Foi um ano difícil mas, olhando em retrospectiva, estamos mais confiantes em relação aos nossos pontos fortes”, começou por dizer Jenny Ip. “O feedback que temos recebido sobre a programação tem sido bom. As pessoas adoram a programação e o facto de ser diversificada. Lançámos o programa “Cinema Asiático Hoje” onde exibimos obras de todo o sudoeste asiático”, acrecentou.

Sobre a relação com os produtores locais, Jenny Ip apontou que o facto de, no decorrer do último ano, a Cinemateca Paixão ter sido capaz de envolver o sector nos eventos e actividades realizadas foi determinante para reatar o contacto e iniciar um caminho “positivo”. Cineastas como Tracy Choi, Emily Chan e Harriet Wong Teng Teng são algumas das figuras do sector que têm colaborado com a Cinemateca Paixão nos últimos meses.

“Ainda há muito trabalho para fazer, mas considero que conseguimos reconectar-nos com os cineastas locais. É um trabalho em curso que está a seguir um caminho positivo. Sempre que convidamos os cineastas locais eles mostram-se disponíveis e ficam contentes por falar connosco. Acho que reconhecem o esforço que estamos a fazer para que a Cinemateca seja cada vez mais frequentada por residentes de Macau e reconhecida além-fronteiras”, explicou.

Outro exemplo do esforço da criação de laços com a comunidade local, apontou Jenny Ip é o “Festival de Cinema da Juventude de Macau”, mostra em curso até ao dia 16 de Julho que, além da exibição de obras locais como “Ina and the Blue Tiger Sauna” (2019) ou “Our Seventeen” (2017) permite ao público assistir a curtas-metragens produzidas por estudantes, onde se incluem trabalhos de alunos da Universidade de Macau (UM), Universidade de São José (USJ), Instituto Politécnico de Macau (IPM) e Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST). A ideia é para repetir no próximo ano.

“O objectivo deste festival passa por preencher a lacuna de permitir que os novos talentos locais na área do cinema tenham uma boa oportunidade de expor o seu trabalho (…), pois não é comum que estes filmes sejam vistos por muitas pessoas, pois, normalmente, acabam por ser exibidos apenas nas suas próprias universidades”, referiu.

Questionada sobre se, um ano depois, há motivos para dar razão aos críticos que consideraram que o orçamento de 15 milhões de patacas para três anos seria insuficiente para manter a qualidade dos conteúdos exibidos na Cinemateca Paixão, Jenny Ip respondeu assim: “O orçamento é suficiente para não comprometer a qualidade da programação”.

Punhos, espadas e Cowboys

Jenny Ip revelou ainda que a partir de 31 de Julho e até 18 de Setembro será realizado em conjunto com o Instituto Cultural (IC) o festival “A Sombra da Katana•Pistolas•Espadas – Festival de cinema de Artes Marciais, Samurais e Westerns”.

Segundo a responsável, durante a mostra serão exibidos mais de 25 filmes, entre clássicos e obras mais recentes dentro dos três géneros. A abertura do festival ficará a cargo obra dos anos 70 “A Touch of Zen” realizada por King Hu.

“Fizemos questão de abrir o festival com um filme dedicado às artes marciais chinesas e um western para o encerramento, estilos que se inspiraram mutuamente. Queremos quebrar alguns preconceitos que existem em torno deste tipo de filmes comerciais (…) e que têm qualidades artísticas que não devem tapadas por preconceitos”, partilhou.

Até ao final do ano, desvendou ainda Jenny Ip, haverá ainda uma programação dedicada ao cinema em língua portuguesa.

“Em conjunto com o IC, haverá uma programação dedicada ao cinema em português, mas neste momento temos de esperar pela confirmação do IC para anunciar”, rematou.

9 Jul 2021

Orquestra Chinesa de Macau | Fim da temporada com “Herança, Desenvolvimento”

“Herança, Desenvolvimento” – 100 Anos de Música Chinesa é o nome do espectáculo que vai encerrar a temporada 2020/2021 da Orquestra Chinesa de Macau. O concerto, marcado para o dia 30 de Julho, terá lugar no grande auditório do Centro Cultural

 

Estão à venda os bilhetes para o concerto de encerramento da temporada 2020/2021 da Orquestra Chinesa de Macau. O espectáculo realiza-se no dia 30 de Julho, uma sexta-feira, às 20h no grande auditório do Centro Cultural de Macau. “Herança, Desenvolvimento” – 100 Anos de Música Chinesa fecha com chave de ouro um ano complicado para qualquer orquestra do mundo.

Sob a batuta do director musical e maestro principal Liu Sha, este concerto leva ao palco do centro cultural a experiência de uma música consagrada e a vivacidade de uma jovem estrela emergente na interpretação de instrumentos tradicionais chineses.

Assim sendo, a orquestra encerrada a temporada com um nome maior huqin, Jiang Kemei. Com um currículo que inclui a direcção da Orquestra Chinesa de Radiodifusão da China, mestre no Conservatório Central de Música e directora da Orquestra Nacional Chinesa, Jiang Kemei é um vulto dos instrumentos de cordas tradicionais. A sua abordagem ao huqin trouxe inovação e elegância acrescida ao clássico instrumento, além da graciosidade que esbanja durante as suas performances ao vivo, elevando o requinte do legado clássico.

No capítulo do “desenvolvimento”, o maestro Liu Sha irá dirigir a jovem Wang Yuje no yangqin, um instrumento clássico de corda percutidas. Nesta confluência geracional, o Instituto Cultural (IC) afirma que “com estas instrumentistas emergentes e de renome reunidas no concerto, os aficionados podem desfrutar do legado e do desenvolvimento da música chinesa e passar um serão inesquecível”.

Desenho sonoro

O concerto de fim de temporada vai contar no reportório com a apresentação de uma obra encomendada a um jovem compositor, nascido na década de 1990, Li Bochan. O nome da obra é “Esboço de Macau”, uma peça orquestral que “tem como pano de fundo as culturas inclusivas de Macau, retratando o espírito humanista de Macau através de uma melodia fluente”, descreve o IC.

A vez de Jiang Kemei pegar no huqin será na apresentação do concerto para Banhu “Impromptu”, de autoria do compositor Wang Danhong, que expressam as características da ópera tradicional local de Shanxi, Bangzi. A intérprete terá a seu cargo também a peça Banhu e Ensemble “Flor Vermelha de Pessegueiro” de autoria da própria Jiang Kemei e Shen Dan, uma peça que promete trazer para o centro cultural “o encanto artístico da ópera Laoqiang de Huayin”.

Neste concerto, Wang Yujue irá interpretar o Concerto para Yangqin N.º 2 “Harmonia” de Zhang Chao.
Os bilhetes estão à venda desde terça-feira e custam 200, 160, 140 e 120 patacas. O concerto tem duração de cerca de 1 hora e 30 minutos, incluindo um intervalo.

8 Jul 2021

BOK | Festival vai celebrar teatro experimental com mais de 100 actividades

Entre 31 de Julho e 8 de Agosto, o teatro experimental terá como epicentros locais a freguesia de São Lázaro e a Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 2, em mais uma edição do BOK Festival, evento organizado pelas associações Own Theatre, Macau Experimental Theatre e MyLand Culture.

O BOK Festival começou em 2013 fruto do sonho e do trabalho de associações privadas, tornando-se num evento bienal dedicado ao experimentalismo e à expressividade artística não constrita conceptualmente.
Este ano, o tema do festival é ‘Demo for Mary’, que representa a ideia de que a música liga todas as peças da programação num cruzamento de diversas formas de performance.

O evento será dividido em dois momentos. O primeiro e mais recheado é o BOK Movement, que consiste em actuações de “seis unidades artísticas multidisciplinares” de Macau, Pequim, Xangai e Japão.

Uma das performances, intitulada “There is no day as usual”, será interpretada no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais n.º 2 nos dias 4 e 5 de Agosto, às 19h30. Da autoria de Iat U Hong, Akitsugu Fukushima e Ivan Wing, a actuação tem como pano de fundo o conceito da música ambiente num contexto que se aproxima da ideia de concerto que musica um dia normal, “como outro qualquer”, descreve a organização do evento.

Baseado na sinergia criada no anterior BOK, de 2019, Iat U Hong volta a colaborar com o guitarrista japonês Akitsugu Fukushima e o baterista Ivan Wing. O trio pretende levar o público a “examinar o quotidiano normal”, através de sonoridades evocativas do imaginário do cinema.

Outro dos destaques será “After Party”, uma mistura entre djset, com Zarah responsável pelas batidas, e show visual multimédia. Este espectáculo segue-se a “There is no day as usual”, no mesmo local e dias, às 21h30.

São Lázaro reerguido

Como se estivesse a sair da cova, de regresso à vida, o BOK Festival volta a transferir sangue novo no bairro de São Lázaro, com eventos marcados para a Calçada da Igreja de São Lázaro, o Albergue SCM e o Armazém do Boi na Rua do Volong.

Entre os dias 31 de Julho e 3 de Agosto, das 11h às 22h, o Albergue terá uma atracção original que usa a realidade virtual para simular durante 20 minutos um mundo de dança. A instalação multimédia chama-se “Or Bit”, realizada pelo artista de Xangai Daming Zhang, coreografada por Fan Jiang, que também dança com Ge Lu.

Para usufruir da experiência, o público (três pessoas de cada vez) equipado com óculos de realidade virtual, embarca numa viagem de exploração do corpo e da linguagem.

8 Jul 2021

Morreu Dilip Kumar, aos 98 anos, um ícone da época de ouro de Bollywood

Dilip Kumar, um dos mais célebres atores indianos da época dourada do cinema de Bollywood, morreu hoje em Mumbai com 98 anos depois de ter sido internado num hospital há uma semana.

“É com grande tristeza e profundo pesar que anuncio a morte da nosso amado Dilip há alguns minutos. Viemos de Deus e a ele voltamos”, disse o amigo da família Faisal Farooqui na conta do falecido actor na rede social Twitter.

Kumar foi internado num hospital em Mumbai, a ‘meca’ de Bollywood, em 30 de junho, com dificuldades respiratórias.

“Dilip Kumar será recordado como uma lenda cinematográfica. Foi abençoado com um brilhantismo sem precedentes, através do qual cativou gerações de espetadores. A sua morte é uma perda para o nosso mundo cultural, as minhas condolências à família, amigos e inúmeros fãs”, disse o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, numa mensagem também publicada no Twitter.

Dilip Kumar, nascido Muhammad Yusuf Khan em 1922 em Peshawar, agora no Paquistão, atuou em mais de 65 filmes, ao longo de 50 anos de carreira. O actor é considerado como um dos mais populares da indústria. Estreou-se em 1944 com o filme Jwar Bhata, embora os seus filmes mais conhecidos são Mela (1948), Devdas (1955) e Mughal-E-Azam (1960).

7 Jul 2021

Creative Macau | Obras de Luna Cheong expostas a partir de amanhã

A partir de amanhã, a Creative Macau recebe a exposição “Rituality”, de Luna Cheong. A mostra, que reúne 18 pinturas e instalações da artista local, parte em busca de compreender “a necessidade que o ser humano tem de manter a prática de rituais” no dia-a-dia, mesmo depois da perda do simbolismo

 

“Porque razão continuamos a praticar diariamente alguns rituais religiosos e em privado, quando a nossa cultura já mudou tanto ao longo dos anos?”. A questão, que serve de base para a exploração da prática de novos e ancestrais rituais nos dias de hoje, é de Luna Cheong, artista plástica de Macau responsável pela exposição “Rituality”, que abre ao público a partir de quinta-feira no espaço da Creative Macau.

Ao HM, Luna Cheong apontou que a mostra versa sobretudo “sobre os rituais da vida”, dando como exemplo, não só hábitos de subsistência antigos realizados em nome de boas colheitas, como as “danças da chuva”, mas também tendências dos novos tempos como o facto de muitas pessoas não prescindirem de tirar uma fotografia à refeição que estão prestes a tomar, quer seja para partilhar nas redes sociais ou para guardar num qualquer arquivo digital.

“Comecei a pensar na necessidade que o ser humano tem de manter os seus rituais. Os rituais fazem parte de algumas práticas antigas do Homem, realizadas em nome da sua própria subsistência. Por exemplo, quando havia secas, faziam-se danças da chuva para que as colheitas crescessem, mesmo não sabendo que isso iria resultar em consequências práticas. À medida que o tempo foi passando, rituais mais pessoais, como juntar as mãos para rezar e outros, passaram também a fazer parte do nosso dia-a-dia”, partilhou a artista.

A exposição que vai estar patente na Creative Macau até ao próximo dia 21 de Agosto inclui 18 pinturas e instalações de Luna Cheong. De acordo com a artista, as obras seguem o estilo desenvolvido durante percurso o universitário realizado entre o Instituto Politécnico de Macau (IPM) e a Universidade Nacional de Artes de Taiwan, que coloca em destaque “as emoções das relações sociais resultantes da interação entre o público e o trabalho artístico”.

A mostra, que elabora sobre rituais e eventos como o Natal que acontecem ao longo das diferentes estações do ano, está dividida em duas partes: “Life” e “Ritual”. Enquanto que a primeira explora as actividades realizadas em grupo durante algumas festividades, a segunda foca-se na exploração de ritos pessoais.

Um sinal de vida

Das 18 obras, três são instalações que enquadram elementos audiovisuais. Uma dessas instalações, conta Cheong, recria um espaço onde a luz chega de forma tímida e onde há troncos de madeira e um assento orientado em direcção a uma imagem.

Segundo a artista, a instalação pretende recriar um momento especial vivenciado por si e que expressa “a fé na vontade que o ser humano tem em sobreviver”. “A instalação usa vídeo, um assento e troncos de madeira para recriar um espaço com pouca luz (…) que expressa a fé na vontade que o ser humano tem em sobreviver. A obra foi feita numa altura em que me sentia deprimida. Naquele preciso momento, enquanto pensava, uma imagem surgiu de repente na minha cabeça para me transmitir uma mensagem. Fiz esta obra para que as pessoas também possam receber essa mensagem”, contou Luna Cheong.

7 Jul 2021

Macau no Coração | Há 15 anos a dançar folclore português

Fundado em 2006, o grupo Macau no Coração tem portugueses, chineses e macaenses a dançarem o típico folclore português. Em ano de pandemia e sem espectáculos, a presidente do grupo, Ana Manhão, quer melhorar o espólio de trajes do grupo e até abrir uma escola de danças tradicionais portuguesas

 

Não sabe dançar nem cantar, mas como apaixonada pela cultura portuguesa, Ana Manhão acabou por criar, em 2006, o grupo Macau no Coração. Trata-se de um grupo que, sem grandes apoios institucionais, tem vindo a actuar localmente e na China revelando algumas danças do folclore tradicional português. As associações portuguesas de folclore têm dado uma ajuda ao nível dos trajes, mas Ana Manhão quer desenvolver mais o projecto.

“Queremos ter músicas e trajes em número suficiente para termos um tema em cada espectáculo, porque agora muitas vezes estamos vestidos à moda minhota mas dançamos as músicas da Nazaré. Isso em Portugal não acontece. Nós queremos mostrar as diferentes regiões de Portugal, mas não conseguimos mudar os trajes. Se tivéssemos mais elementos conseguíamos fazer espectáculos diferentes”, contou ao HM.

“Além de dançarmos, estamos também a fazer um estudo dos trajes”, frisou. Mas Ana Manhão pretende também desenvolver o projecto de uma escola de folclore. “Queria ver se conseguíamos, porque em Portugal há escolas de danças tradicionais, mas em Macau não há. E queria abrir uma escola de danças folclóricas, mas como se fosse um centro, onde divulgaríamos também os trajes e os costumes.”

Ana Manhão assume que criar uma escola de raiz pode ser difícil, por isso tem vindo a contactar as universidades do território onde se ensina português para que os cursos possam ter esta componente do folclore e de outros elementos da cultura portuguesa. “Poderia ser mais fácil do que montar uma escola. Já marcamos algumas reuniões mas não nos parece fácil porque os currículos são feitos com aprovação do Governo e conforme as necessidades. Não é algo que se faça de um dia para o outro.”

Falta de aceitação

O grupo Macau no Coração tem um espaço nas Casas Museu da Taipa, onde habitualmente expõe alguns dos trabalhos que os membros vão fazendo. “Estamos mais focados nos elementos culturais, como o lenço dos namorados, os cabeçudos, os azulejos. Queremos desenvolver mais estes elementos.”

Como exemplo, Ana Manhão refere um lenço dos namorados de grande dimensão bordado à mão por sete pessoas em quatro meses, e que pode ser visto nas Casas Museu da Taipa, juntamente com outros trabalhos.

A responsável confessa que o grupo tem evoluído nos últimos 15 anos, mas que gostaria de ter feito mais. “No início tivemos problemas com os trajes, embora agora estejamos um pouco melhor nesse campo, graças às deslocações a Portugal.”

No entanto, a fundadora do grupo lamenta que, 15 anos depois, este ainda seja visto como uma cópia, pelo facto de os seus membros não serem todos portugueses. “Ainda há aquele pensamento de que só é original se forem apenas os portugueses a dançar as danças folclóricas. E sofremos com isso. Espero que esta mentalidade seja ultrapassada. Esperamos ter mais apoio dos portugueses que estão cá.”

Todos os anos há mais pessoas interessadas em fazer parte deste grupo, e a divulgação é um ponto chave. “Fazemos actuações em escolas secundárias e universidades, e depois convidamos os alunos a participar.”

Membros do grupo Macau no Coração fazem também parte do Macau Talent Academy, mais virada para as artes performativas. Esta iniciativa, também de Ana Manhão, tem colaborado com o grupo Macau Artfusion, mas devido à pandemia não há novos projectos.

“Os jovens já estavam no grupo Macau no Coração mas tinham os seus próprios talentos, uns faziam filmagens, outros fotografia. Decidimos separar os dois projectos e formar a Macau Talent Academy. Quando os eventos começarem somos um dos melhores grupos para participar nas paradas de rua. Eles [os membros] podem fazer mais do que no Macau no Coração, por exemplo, pois não há aquela conotação de se pertencer às danças folclóricas”, concluiu.

6 Jul 2021

Wynn | Festival de Cerveja e Cultura une Macau e Qingdao

Entre 16 de Julho e 8 de Agosto realiza-se o primeiro Festival de Cerveja e Cultura de Macau e Qingdao, no relvado da entrada sul do Wynn Palace, no Cotai. Ao longo de 24 dias, entre brindes com Tsingtao e Macau Beer, serão organizadas exposições, eventos de promoção turística, performances musicais e gastronomia

 

Mais de 1600 quilómetros separam Macau da cidade de Qingdao, na província de Shandong, mas esta distância será encurtada pelo primeiro Festival de Cerveja e Cultura de Macau e Qingdao, que se realiza entre 16 de Julho e 8 de Agosto no relvado da entrada sul do Wynn Palace, no Cotai.

Durante 24 dias de festa, entre as 18h e a meia-noite, não vão faltar razões para múltiplos brindes com cervejas das marcas Tsingtao e Macau Beer, unindo a grande cervejeira nacional e a empresa local.

Além do ambiente de cervejaria ao ar-livre, os visitantes terão ao dispor iguarias das duas regiões, banquinhas com gastronomia gourmet e comidas para todos os gostos a forrar o estômago. O espaço será também animado por concertos e performances artísticas, exposições e acções de promoção turística.

Organizado em parte pela Wynn Macau, o festival marcará um encontro entre os dois territórios. A “Zona Criativa e Cultural das Duas Cidades” servirá de plataforma de apresentação dos principais trunfos de Macau e Qingdao enquanto cidades com culturas vibrantes,

Aproveitando o sentimento de união proporcionado por brindes e rodadas de cerveja, será apresentado um conjunto de actividades como a “Conferência de Promoção Turística Qingdao – Macau”, e o “Evento de Fotografia de Casamento Qingdao – Macau”, para promover os recursos turísticos de ambas as cidades.

A ideia será explorar sinergias entre as duas regiões com colaborações ao nível da indústria do turismo que tragam novas oportunidades de negócio, e que abram portas para aprofundar a cooperação entre a Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau e o Grupo da Baía de Bohai.

Para durar

Durante a apresentação do evento, na sexta-feira, a directora executiva da Wynn Macau, Linda Chen, demonstrou esperança de que “as duas cidades aproveitem o momento para manter uma próxima e longa relação”.

A responsável da operadora afirmou que tendo em conta as tendências de recuperação económica entre o Interior da China e Macau, é essencial este tipo de cooperação, como o estabelecimento das cidades-irmãs Qingdao – Macau, para promover a política económica nacional de “dupla circulação”.

O director da entidade organizadora, Wong Fai, disse que “as duas cidades não só partilham características turísticas e geográficas semelhantes, mas ambas foram importantes portos históricos da Rota da Seda”.

Parte da baía da costa sul de Shandong foi, no final do século XIX, concessionada ao império germânico. Menos de uma década depois do estabelecimento de alemães em Qingdao nasceu a cervejaria Tsingtao, para responder à sede dos novos residentes da região. Desde 1991, a cidade é todos os anos palco do Festival Internacional da Cerveja de Qingdao.

5 Jul 2021

Delta do Rio das Pérolas retratado em conferência multidisciplinar

É já nos próximos dias 8 e 9 de Julho que se realiza a palestra online “Narrating Pearl Delta River” [Narrando o Delta do Rio das Pérolas], organizada por Mário Pinharanda Nunes, da Universidade de Macau (UM) e Rogério Miguel Puga, da Universidade Nova de Lisboa. A ideia é olhar para esta zona do sul da China não apenas de uma perspectiva literária ou histórica, trazendo também para o diálogo áreas como as artes plásticas, incluindo um ângulo de contemporaneidade.

“Queríamos que a conferência tivesse uma perspectiva mais alargada”, disse ao HM Mário Pinharanda Nunes. Para o académico, o Delta do Rio das Pérolas “é um imaginário cada vez mais presente”, apesar de hoje “se mencionar mais como a Grande Baía”.

“Optámos por este título porque a maioria dos trabalhos se centram em épocas passadas, como o século XIX, e temos mesmo um trabalho sobre o século XVII. Felizmente, conseguimos captar também o interesse de colegas que trabalham a contemporaneidade, nomeadamente na área da literatura.”

Rogério Miguel Puga confessou que o objectivo desta conferência “não é apenas estudar Macau, Hong Kong ou Cantão de forma isolada, mas tentar também comparar os mesmos espaços na representação do Delta do Rio das Pérolas como um espaço geopolítico e também psicogeográfico do sul da China, através de uma abordagem comparatista”.

“É um espaço terreno e fluvial ao mesmo tempo, que nasce do comércio e que ainda hoje se centra nessa área”, acrescentou.

Para o académico, o Delta do Rio das Pérolas “continua a ter interesse e cada vez mais na vertente da actual política chinesa”. “É um espaço comercial e político da China e é único na história universal de encontros e desencontros, e interesses transaccionais. É um espaço histórico palimpsesto, que pode ser estudado por camadas e que exige ser estudado desta forma comparada, tendo sempre em mente o passado histórico e a sua importância actual”, referiu.

Do passado ao presente

Quais são então os autores que podem ser vistos e ouvidos neste evento que traz “uma abordagem global e interdisciplinar”? Os organizadores destacam o diálogo sobre o trabalho de Kit Kelen, onde será feita uma leitura ilustrada da sua poesia. “A ideia era alargar o evento às artes plásticas e temos a contribuição do professor Kit Kelen, já aposentado, mas que é bastante conhecido em Macau pelo trabalho que fez na década de 90 até há uns cinco anos atrás. Trabalhava muito com jovens poetas”, referiu Mário Pinharanda Nunes.

Sara Augusto, académica do Instituto Politécnico de Macau, irá falar da “Poemografia, a escrita a preto e branco de António Mil-Homens”, imprimindo à conferência um tom mais contemporâneo, enquanto que Paul Van Dyke vai falar sobre casas de penhores. Será também dado destaque às obras de Maria Ondina Braga ou Rodrigo Leal de Carvalho, sem esquecer a obra de Henrique de Senna Fernandes.

“Mónica Simas falará sobre ‘Os Dores’ de Henrique de Senna Fernandes, um autor macaense que também se ocupa de vários espaços do Delta do Rio das Pérolas nos seus romances, incluindo Portugal e cidades chinesas”, explicou Rogério Miguel Puga. Everton Machado, da Universidade de Lisboa, irá ainda falar do poeta Wenceslau de Moraes. Esta conferência conta também com a participação do Centro Cultural e Científico de Macau.

A conferência pode ser vista aqui.

2 Jul 2021

Artes performativas | Macau Artfusion pode voltar ao activo no próximo ano

Laura Nyögéri directora e fundadora da Macau Artfusion, está neste momento em Portugal, mas tenciona regressar a Macau no próximo ano, altura em que as artes performativas com crianças e adolescentes poderão voltar a ver a luz do dia. Mas a artista quer manter uma equipa de base em Grândola, com a Portugal Artfusion

 

A covid-19 suspendeu temporariamente os projectos da Macau Artfusion, dedicada às artes performativas com artistas mais novos. A pandemia levou mesmo a directora e fundadora do projecto, Laura Nyögéri, a retornar à vila alentejana de Grândola, de onde é natural. De regresso a casa, trouxe as experiências vividas do outro lado do mundo. Foi, portanto, com naturalidade que surgiu a extensão Portugal Artfusion.

No entanto, a mentora da iniciativa pretende regressar a Macau no próximo ano, confessou ao HM. “Neste momento, o Artfusion Macau não está no activo, estamos a aguardar o meu regresso, que continua incerto. Gostaria muito de regressar depois do Ano Novo Chinês, mas vamos ver se a situação permite. Há projectos suspensos à espera, que serão difíceis de gerir sem estar em Macau”, apontou.

Laura Nyögéri pretende “que o Macau e o Portugal Artfusion estejam no activo”, apesar de, para já, “não existir equipa nem espaço físico para desenvolver o Macau Artfusion”, confessou. O último projecto na Ásia foi a participação no Hong Kong Art Festival, que foi adiado de Março para Outubro de 2020.

Aproveitar as férias de verão

O Portugal Artfusion comemora três anos em Agosto, tempo que foi suficiente para realizar muitas ideias, nomeadamente com a associação “Pais em Rede”, orientado para famílias com crianças com necessidades educativas especiais e deficiência, incluindo com miúdos portugueses de Macau que iam a Portugal durante as férias de Verão, sem qualquer tipo de deficiência ou necessidade educativa especial.

O primeiro espectáculo neste âmbito foi “A Maior Flor do Mundo”, com base num livro de José Saramago, que subiu ao palco do Casino de Tróia. “Fizemos uma interpretação muito engraçada do livro e levamos ao palco cerca de 50 crianças, 10 de Macau. Também tivemos a participação do Grupo de Danças e Cantares Macau no Coração. A partir daí, criámos uma ligação e, no segundo ano, voltei a apresentar um projecto similar, com um elenco de 100 crianças e 10 a 12 jovens de Macau.”

Laura Nyögéri sempre produziu eventos culturais em Portugal durante o Verão, mas a sua estadia no país devido à covid-19 levou-a a ver que havia espaço para estabelecer aulas e workshops de forma regular. “Desta vez senti que com um estúdio poderia desenvolver actividades com maior continuidade.”

“Surgiu a ideia de criar um grupo de artes performativas para fazermos mais espectáculos. A minha ida para Macau parece não acontecer devido a toda esta logística que implica a viagem e a incerteza do regresso. Acabei por lidar com o facto de ter de continuar com o ArtFusion deste lado do mundo. Estamos com sete turmas de artes performativas, com imensos workshops e actividades de Verão”, acrescentou Laura Nyögéri, que já se viu obrigada a fechar o espaço várias vezes devido aos casos de covid-19 em Grândola.

“A minha experiência em Macau deu-me uma certa base para conseguir trabalhar em antecipação em relação à pandemia em Portugal. Felizmente, em quase um ano e meio não tivemos nenhum caso de covid-19 associado a nós. Estamos a regressar esta semana muito devagar e ainda temos crianças em confinamento. Acredito que só no próximo mês poderemos regressar plenamente”, confessou.

1 Jul 2021

Bienal | Quatro fotografias compõem “A Alegoria da Globalização”, de João Miguel Barros

“A Alegoria da Globalização” é o nome do projecto fotográfico de João Miguel Barros seleccionado pelo Instituto Cultural para integrar a “Arte Macau: Bienal Internacional de Macau”, que começa em Agosto. O trabalho feito em Macau, composto por quatro imagens, onde o fogo simboliza um mundo em mudança

 

João Miguel Barros, advogado que tem feito carreira na área da fotografia, é um dos 12 nomes participantes na “Arte Macau: Bienal Internacional de Macau”, com o projecto “A Alegoria da Globalização”, que estará patente em Agosto no Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino.

Ao HM, o fotógrafo falou um pouco deste projecto, composto “por imagens novas que fiz muito recentemente”, e que são “de uma simplicidade atroz”, mostrando “o pavio de quatro velas e um movimento de chamas”.

As fotografias de grande dimensão, que ocupam um espaço de três por 2,5 metros, têm o fogo, importante elemento da cultura chinesa, como símbolo da globalização que vivemos. “Precisava de uma representação alegórica relacionada com a globalização. Esta consegue-se representar através de fotografias documentais, mas não através de uma alegoria. O fogo tem uma força que normalmente é parada pela acção humana, e o vento, outra força muito poderosa, faz com que as chamas tenham representações diferentes. É este movimento que simboliza o avanço e o recuo, e a globalização simbolizada pelas chamas das velas.”

Na rota internacional

João Miguel Barros assume que reconhecimento do IC o “responsabiliza”, lamentando, no entanto, que a fotografia nem sempre esteja ao mesmo nível das outras expressões artísticas. “Continuo a pensar que a fotografia está sempre numa escala inferior, porque é sempre difícil competir com trabalhos de escultura ou pintura, até pelo facto de estas serem sempre peças únicas e a fotografia poder ser reproduzida.”

Quanto à bienal, é um evento importante “para internacionalizar a arte em Macau”, defende o fotógrafo. “É importante internacionalizar Macau como um centro de arte e cultura, porque as indústrias criativas, no modelo em que funciona, não estão a potenciar a criação cultural. Temos pequenas exposições, mas não há uma dinâmica cultural em termos de projecção dos artistas. Às vezes, as coisas são todas muito locais, resumem-se a umas inaugurações e mais ninguém vê.”

Neste sentido, João Miguel Barros entende que “era importante que o Governo investisse na promoção destas iniciativas a nível internacional, nomeadamente apoiando a publicação de artigos promocionais em revistas internacionais”.

O projecto fotográfico e os restantes trabalhos seleccionados vão integrar a exposição “Trabalhos Seleccionados de Artistas Locais”. Estão incluídos nomes como “Corpo da Mãe”, de Cheong I Kuan; “Paraíso” de Fok Hoi Seng; “Pássaro Perdido”, de Ho Weng Chi; “Distraído e desorganizado”, de Ieong Man Pan; “League of journeyers to the east”, de Konstantin Bessmertny; “Não é da minha conta” de Kun Wang Tou; “Isolamento‧Separação”, de Leong Lam Po, “Paisagem da China, N.º 2021” de Mak Kuong Weng; “Foi um ano pesado”, de Sit Ka Kit; “Evolução” de Wong Soi Lon e “Génesis em 700 ecrãs desconhecido_/_”, de Wong Weng Io.

29 Jun 2021

Cinemateca | Realizadores de Macau em destaque até 16 de Julho

Até 16 de Julho, realiza-se na Cinemateca Paixão o Festival de Cinema da Juventude de Macau. Ao todo, poderão ser apreciadas curtas e longas metragens de cineastas locais e asiáticos mais ou menos consagradas e divididas por géneros e temas. A mostra inclui ainda obras produzidas por estudantes universitários de Macau

 

Com o objectivo de explorar e promover as ideias e criações dos cineastas e potenciais cineastas de Macau, a Cinemateca Paixão realiza até ao próximo dia 16 de Julho, o Festival de Cinema da Juventude de Macau. Segundo a organização, durante o evento serão exibidas curtas e longas metragens dos mais diversos géneros, produzidas dentro de portas ou no continente asiático.

“O festival de cinema pretende comunicar e desenvolver uma visão de consenso sobre a importância das artes cinematográficas para a construção de uma sociedade criativa e culturalmente consciente, incentivar produções de maior qualidade e servir como uma plataforma para intercâmbios culturais, criativos e industriais”, pode ler-se numa nota oficial.

Além da exibição de obras locais já conhecidas do público como “Ina and the Blue Tiger Sauna” (2019), “Our Seventeen” (2017) e “Against The Wind” (2016) será também possível assistir a curtas-metragens produzidas por estudantes, onde se incluem trabalhos de alunos Universidade de Macau (UM), Universidade de São José (USJ), Instituto Politécnico de Macau (IPM) e Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).

No grupo de curtas documentais produzidas por estudantes, destaque para “Burning Incense” dos estudantes da MUST, Yifan Hua e Haoyue, “#BathroomSelfie”, de Pedro Izidro (USJ), “Macao’s World Champ”, de Andre Angelo (USJ) e “Grandmother”, de Iris Fan (UM). As curtas documentais serão exibidas na Cinemateca Paixão nos dias 30 de Junho e 9 de Julho.

No departamento da animação, serão exibidos os trabalhos “Trigger” dos estudantes do IPM Ka Wai Sou, Si Weng Leong e Tin Lai Kong, “Maniac”, de Potter Chung (Universidade Politécnica de Hong Kong) e “Me and my Magnet and my Dead Friend”, de Maoning Liu (Universidade de Comunicação da China). A exibição conjunta está agendada para os dias 29 de Junho e 11 de Julho.

Além destas serão exibidas obras produzidas por estudantes sob as temáticas “Narrativas e o Mundo Real” (29 de Junho e 11 de Julho), “Autoexploração” (1 e 11 de Julho), “Conexões Emocionais” (1, 2 e 10 de Julho) e “Perspectivas das Novas Gerações” (8 e 16 de Julho).

Ao nível das curtas-metragens, haverá ainda lugar para a projecção de obras da autoria de cineastas asiáticos naturais da Índia, Tailândia, Malásia, Filipinas, Singapura, Myanmar e Indonésia.

Para todos os gostos

Além de curtas-metragens locais, está ainda agendada a projecção de longas-metragens oriundas das Filipinas, Coreia do Sul e Hong Kong.

Realizado por Mikhail Red, “Neomanila” aborda a problemática da luta contra a droga na capital das Filipinas, enquanto leva o espectador a acompanhar a incursão de um adolescente num grupo criminoso. “Neomanila” será exibido nos dias 8 e 14 de Julho.

Da Coreia do Sul chega “Han Gong Ju”, uma obra realizada por SuJin Lee que elabora sobre o percurso de uma talentosa cantora forçada a mudar de escola e a manter o anonimato, após um incidente escandaloso. “Han Gong Ju” pode ser visto na Cinemateca Paixão nos dias 7 e 16 de Julho.

“I Still Remember” é um filme produzido em Hong Kong que conta a história de um professor de educação física que prometeu à sua falecida esposa que, um dia, iria terminar uma corrida de 10 quilómetros. Ao mesmo tempo, conhece Tin Sum, uma estudante com excesso de peso que quer participar numa corrida de 5 quilómetros para estar mais perto do seu ídolo. “I Still Remember” será exibido nos dias 3 e 7 de Julho.

28 Jun 2021

Música | Djset de Da Chick transmitido hoje em directo no DD3 Verandah

Da Chick não quer que a sua música esteja presa a uma marca em específico. Depois de ter lançado o segundo trabalho no ano passado, intitulado “Conversations with the beat”, a DJ actua hoje no MusicBox, em Lisboa, com transmissão ao vivo no DD3 Verandah a partir das 22h

 

“Espero que dancem.” É esta a mensagem de Teresa de Sousa, conhecida atrás dos pratos como Da Chick. A DJ vai servir esta noite, a partir do MusicBox em Lisboa, um set que será transmitido em directo esta noite no DD3 Verandah a partir das 22h. O evento é mais uma sessão da “NOYB Nights – Livestream DJ sets”. O cartaz fica completo com as actuações de GPU Panic, a partir das 23h30, e Ryoma vs. Radio Noyb a partir da 1h.

Ao HM, Da Chick confessa que esta vai ser uma “experiência nova”, por ser “o primeiro live stream que faz para o outro lado do mundo”. “Vou passar músicas de que gosto e que me inspira, e espero que do outro lado se estejam a divertir”, acrescentou.

“Não faço ideia como vai correr, mas vai ser uma experiência interessante. Todos nos tentamos adaptar a este novo universo [trazido pela pandemia] e ficamos felizes de ter a oportunidade de fazer aquilo de que gostamos e que possamos chegar ao outro lado”, referiu também.

Da Chick estreou-se nas lides musicais em 2015 com o LP “Chick to Chick”, seguindo-se os EP’s “Curly Mess”, em 2012, e “Call Me Foxy”, de 2017. No ano passado saiu o segundo álbum, “Conversations with the beat”, que a DJ ainda está a promover nos poucos espectáculos que tem dado. Na calha poderá estar um terceiro álbum, mas não é obrigatório que seja nesse formato.

“Nunca paro. Lancei o meu segundo álbum em 2020 e há muito tempo que estou a trabalhar em música nova que não sei como se vai materializar, mas há muita música nova pronta a sair. À partida será um terceiro trabalho, ainda não pensei muito sobre isso, não há data nem definição para o que irá sair.”

Sem definição

Da Chick não quer impor regras ou marcas a si própria. “Costumo passar de tudo, mas sempre com um foco na cena groove, funk, disco, soul, boogie, e maioritariamente a cena electrónica. Costumo passar também house music e [o espectáculo no MusicBox] vai andar por este universo.”

“Quando me perguntam que tipo de música é que faço, terei de falar de, pelo menos, cinco géneros musicais”, adiantou. “Tenho cada vez mais perdido o medo do facto de sair o que tiver de sair, embora não queira meter pressão em mim própria. Vou andar a experimentar géneros novos, a colaborar e a aprender com pessoas de diferentes backgrounds e isso vai ser sempre uma nova Chick. É impossível fazer discos parecidos uns com os outros, porque sinto mesmo que preciso de ir a mais sítios.”

Entre o lançamento do primeiro e do segundo álbum passaram cinco anos, um período temporal que trouxe mudança pessoal e profissional à DJ. “Isso tornou-se visível neste novo álbum, acho que me tornei numa pessoa mais calma. Comecei também a explorar a produção sozinha e é também um álbum em que, pela primeira vez, foi todo composto e produzido por mim. Há essa mudança também. Houve uma evolução muito grande enquanto artista e também a nível pessoal e tudo isso é visível neste álbum, que é menos festivo e mais relaxado e conceptual.”

A música é, para Da Chick, “uma coisa muito pessoal”. “Gosto de explorar sonoridades novas, por isso é que é tão difícil de pôr uma marca no que é Da Chick”, concluiu.

O MusicBox, situado na zona do Cais do Sodré, em Lisboa, é uma sala de espectáculos onde são apresentados vários projectos musicais sempre conotados com as etiquetas da independência e multidisciplinariedade. As portas do DD3 Verandah abrem hoje às 18h, e até às 23h a entrada é gratuita. A partir das 23h os bilhetes custam 180 patacas e dão direito a duas bebidas. Esta é uma iniciativa dos projectos None of Your Business, This Is My City Festival e da +853 Associação Cultural.

25 Jun 2021

História | Batalha de 24 Junho de 1622 recordada com lançamento de site

Mariana Pereira, arqueóloga e doutoranda em património cultural, criou um website para recordar e reunir dados sobre a batalha de 24 de Junho de 1622, quando os portugueses impediram a invasão de Macau por forças holandesas. O projecto, que fica hoje online, tem o apoio do Instituto Internacional de Macau

 

É hoje oficialmente lançado o website dedicado à batalha travada em Macau a 24 de Junho de 1622, quando portugueses derrotaram as holandesas que tentavam invadir o território. O projecto é apoiado pelo Instituto Internacional de Macau (IIM), mas nasce da iniciativa de Mariana Pereira, macaense e arqueóloga, actualmente a fazer um doutoramento na área do património cultural.

“Espero que no futuro esta seja uma plataforma onde se possa colocar informação disponível sobre o 24 de Junho, que se desdobra em muito mais do que aquilo que as pessoas veem e as celebrações que decorrem”, defendeu ao HM.

O projecto vai estar disponível em português, chinês e inglês e visa reunir memórias, fotografias, estudos e outras informações históricas dispersas sobre este evento histórico, mas que é também uma demonstração da identidade local.

Segundo Mariana Pereira, existem “vários tipos de 24 de Junho”. “O que está a acontecer é que o 24 de Junho está muito associado a uma festa portuguesa que parece ser mais recente do que a celebração da batalha. O arraial está a ter uma maior visibilidade e gostaríamos de trazer algum equilíbrio, com outras componentes, porque tudo forma o 24 de Junho em Macau”, acrescentou.

Este é “o único evento macaense”, que não se celebra em outro lugar do mundo, e que está muito “associado à história de Macau como cidade”. “Quem acha que tem alguma ligação emocional ou histórica com a celebração deveria poder juntar-se e relacionar-se com este evento”, disse Mariana Pereira, que será a gestora do projecto.

História esquecida

A responsável pela iniciativa aponta que a parte histórica do 24 de Junho “tem sido extremamente esquecida”. “Esta não foi apenas uma batalha dos portugueses, mas de muitos macaenses, chineses e escravos. Houve muita gente envolvida a defender Macau neste dia, mas não se sabem muito bem as histórias, há muitos rumores e dados por confirmar.”

Como exemplo, Mariana Pereira fala do tiro ao paiol. “Talvez tenha havido mais do que um tiro, mas os holandeses dizem que não levou com tiro nenhum. Não há registos arqueológicos, mas apenas escritos. Julga-se que foi um evento mais complexo do que aquilo que se escreve, mas foi uma vitória para a Macau que existia na altura. Foi reconhecida pelos mandarins, que enviaram um apoio a Macau, mas não se sabe bem para quem.”

O São João já era celebrado em Macau antes de 1622, mas só depois da batalha foi proclamado santo patrono da cidade. “O 24 de Junho foi tomado como uma vitória local e o Leal Senado referiu a divina intervenção de São João, pelo que há aqui um elemento religioso e católico forte, que é interessante. É por isso que São João Baptista passa a ser um dos santos patronos de Macau.”

Mariana Pereira está a fazer o seu doutoramento no Cambridge Heritage Research Centre, da Universidade de Cambridge, e tenciona terminar a sua tese no próximo ano. O seu estudo foca-se na forma como as comunidades portuguesa e macaense na diáspora usam o património cultural para expressar a sua identidade, usando as celebrações do 24 de Junho e do festival da Lusofonia como exemplos.

O website será apresentado hoje, a partir das 18h30, numa sessão aberta promovida pelo IIM para assinalar a data histórica. A sessão conta com apresentações da Associação dos Macaenses, Casa de Portugal em Macau, Associação dos Jovens Macaenses e Associação dos Embaixadores do Património de Macau. Serão também abordadas “perspectivas para o futuro sobre esta importante data que recentemente tem sido comemorada através de um Arraial que foi classificada como um dos elementos do Património Cultural Intangível de Macau”.

24 Jun 2021

10 de Junho | Ciclo de cinema sobre Macau em exibição até ao dia 4 de Julho

A investigadora Maria do Carmo Piçarra é a curadora do ciclo de cinema “Macau Passado e Presente”, que começa este sábado e termina a 4 de Julho, inserido nas comemorações do 10 de Junho e promovido pela Fundação Oriente. Filmes como “Hotel Império”, de Ivo Ferreira, ou “Boat People”, de Filipa Queiroz, voltam a ser exibidos

 

Começa este fim-de-semana um ciclo de cinema sobre Macau que visa mostrar a evolução da sétima arte no território nos últimos anos, mas também as múltiplas visões de realizadores portugueses e de Macau sobre um território que nunca deixou de ser atractivo para as salas de cinema.

Ao HM, a curadora do evento Maria do Carmo Piçarra contou que o convite partiu da Fundação Oriente, organismo organizador da iniciativa que se integra no programa de comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. O ciclo de cinema começa este sábado e estende-se até ao dia 4 de Julho, estando programadas exibições em vários locais da cidade.

“Houve a ideia de mostrar como é que Macau se tem articulado nesta convivência entre portugueses e habitantes locais. A opção era procurar mostrar como é que os realizadores portugueses têm olhado para Macau”, referiu.
Maria do Carmo Piçarra destaca o filme “Jóia do Oriente”, filmado por Miguel Spiegel em 1956, cuja cópia foi cedida pelo exército português. A histórica película representa “o início de um processo em que o autor filma Macau até ao período anterior a 1974”, algo que fez com o apoio do Estado português e também de alguns governadores de Macau.

A curadora do ciclo realça também o filme “Ilha dos Amores”, de Paulo Rocha, que nunca foi exibido em Macau. “Achei que era importante mostrar a cópia restaurada, mostrada em Cannes nos anos 80, onde estreou. Paulo Rocha é um dos pais do cinema novo português e este é um filme que lhe toma muitos anos, sobre a passagem do Venceslau de Morais por Macau e depois a sua instalação no Japão.” Este filme “complexo” será exibido na Cinemateca Paixão.

Sangue novo

Maria do Carmo Piçarra assume que não pôde incluir neste ciclo tantos filmes antigos como gostaria, e de facto o sangue novo do cinema local está em evidência, com a inclusão de nomes como Albert Chu, António Caetano de Faria, Maxim Bessmertny ou Tracy Choi.

“O Instituto Cultural tem sido muito importante para desenvolver esta produção de cinema em Macau desde a geração do Albert Chu até às mais recentes. Pretendemos mostrar esta diversidade de realidades. Aquilo que faz de Macau um território especial e fascinante para as pessoas nem é tanto o exotismo, que tem sido a maneira como se tem mostrado Macau, mas é toda esta diversidade”, adiantou.

Para Maria do Carmo Piçarra, “temos aqui uma pluralidade, com filmes muito diferentes, desde o filme do Paulo Rocha até ao filme do José Carlos de Oliveira, passando pelos mais jovens realizadores do cinema. O “Hotel Império”, por exemplo, acaba por ser uma reflexão do amor de uma mulher por Macau, pelo hotel onde viveu e cresceu, e que procura resistir a uma pressão trazida pela especulação imobiliária, que se sente um pouco por todo o mundo”, rematou.

Acima de tudo há o recurso a “linguagens que vão da ficção ao ensaio visual, recorrendo também ao formato da curta-metragem”. Reflecte-se, com este ciclo, “as mudanças na paisagem, física e humana, em que os vestígios coloniais servem um certo onirismo e nostalgia, e evidenciam o paralelismo entre o crescimento do território e a multiplicação das imagens desta – e do mundo – numa sociedade de ecrãs”, escreve a curadora.

23 Jun 2021

AFA | Exposição a solo de Lei Chek On inaugurada na quinta-feira

Lei Chek On expõe pela primeira vez a solo na Art For All Society, numa mostra que reúne obras abstractas que passam os seus pontos de vista, traçam representações do espaço e tecem sátira social. “Implicit Memory – Works by Lei Chek On” vai estar patente entre 25 de Junho e 22 de Julho

 

A Art For All Society (AFA) acolhe a partir desta quinta-feira a primeira exposição a solo do artista local Lei Chek On. A inauguração de “Implicit Memory – Works by Lei Chek On”, que integra uma série de exposições de jovens artistas. A inauguração está marcada para as 18h30. Em comunicado, a AFA descreve que Lei faz uso da arte para representar o mundo, e que “a simplicidade das suas pinturas abstratas é notável e impressionante”.

A mostra reúne um conjunto de escultura e pinturas a óleo. “No seu percurso artístico, Lei considera a relação entre a visão da vida e valores universais. Há uma série de trabalhos na exposição sobre vários assuntos actuais. O artista usa temas sociais como base e aplica técnicas implícitas e abstractas para narrar o seu ponto de vista. Na sua primeira exposição a solo, o ‘mundo’ de Lei Chek On parece ter evoluído de uma paisagem na terra para um universo mais vasto”, descreve a nota.

O nome da exposição está relacionado com o processo criativo do artista, que a curadora associa à memória implícita, presente em actividades como andar de bicicleta ou tocar um instrumento musical. Alice Kok explicou que quando Lei Chek On pinta, entra num estado em que se dissocia dele próprio, “quase como um transe”. Algumas pinturas estão relacionadas com o espaço. “Não consigo deixar de imaginar se o mundo interior que Lei vê é originado de vidas passadas, que não foram necessariamente na Terra, mas num canto mais distante do universo”, escreveu a curadora num texto publicado na página electrónica da AFA.

Lei Chek On nasceu em Guangdong em 1994, mudou-se para Macau em 2013 e completou a licenciatura em escultura em 2017. A exposição estará aberta ao público de 25 de Junho a 22 de Julho, nas instalações da AFA no Art Garden, na Avenida Rodrigo Rodrigues.

Ironia social

Além das pinturas mais abstractas, a curadora indica que Lei Chek On também apresenta trabalhos mais “socialmente identificáveis”, por exemplo sobre o desenvolvimento de Macau. Entre eles uma obra intitulada “Golden Avenue”, pintada num mapa da zona A da Nova Zona Urbana de Macau. “Há outra pintura chamada ‘No Man’s Land’ em que retratou fotografias antigas da Estátua da Liberdade, inspirado em preocupações sociais relacionadas com valores universais”, descreveu Alice Kok ao HM.

Destaque também para um trabalho constituído por duas esculturas de pedra que se assemelham a nacos de carne de porco, com os nomes “Iok Iok” e “Tun Tun”. De acordo com a curadora, os títulos referem-se a alcunhas dadas a pessoas de Macau.

Na página electrónica da AFA, Alice Kok descreve que “Lei utiliza estas duas representações de pedaços de carne de ‘porco’ para satirizar o destino trágico de quem tem como únicos objectivos de vida comida e moda, sem outras considerações sobre o que significa verdadeiramente ser feliz”.

“Ele também tem algumas séries mais relacionadas com o tecido social. Como por exemplo uma pintura abstracta chamada ‘Weaving Voices’, onde usa diferentes cores. Como sabemos, recentemente, em Hong Kong, Macau e até Taiwan, usamos cores para representar diferentes tipos de vozes e opiniões”, indicou ao HM.

O artista usa estas cores na tela, usando tinta semitransparente para as sobrepor, mas onde a cor de fundo continua a revelar-se. “Cria uma imagem abstracta que aos meus olhos parece um pouco os aglomerados de habitação pública em Hong Kong”, nota Alice Kok.

As ideias do artista são representadas através de meios abstractos, de forma implícita. “Ele não é uma pessoa muito expansiva, mesmo no seu trabalho não é assim. Então usa a sua expressão artística para revelar o que lhe é importante”, explicou a curadora.

22 Jun 2021

Exposição de fotografias assinala em Macau 100 anos do Partido Comunista Chinês

Uma exposição de quase 300 fotografias é inaugurada, na quarta-feira, em Macau para dar a “conhecer mais profundamente” o Partido Comunista da China (PCC), no 100.º aniversário da sua fundação, em Julho.

As 298 fotografias patentes “mostram o caminho que a nação chinesa percorreu (…) para dar o grande salto do fortalecimento do país após longos anos de sofrimento, permitindo à sociedade de Macau conhecer mais profundamente o passado, o presente e o futuro” do PCC, indicou, em comunicado, a Fundação Macau, um dos co-organizadores.

A exposição está dividida em quatro partes: “Estabelecimento do Partido Comunista da China, Obtenção da Grande Vitória na Revolução da Nova Democracia Chinesa”, “Fundação da República Popular da China, Revolução e Construção do Socialismo”, “Implementação da Reforma e Abertura, Desenvolvimento do Socialismo com Características Chinesas” e “Socialismo com Características Chinesas na Nova Era, Construção Integral de Uma Sociedade Moderadamente Abastecida, Nova Jornada da Plena Construção de Um País Socialista Moderno”, acrescentou.

Promovida pelo Gabinete de Informação do Conselho de Estado da República Popular da China, pelo Governo da Região Administração Especial de Macau (RAEM) e pelo Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, e organizada pela Fundação Macau e pela Nam Kwong União Comercial e Industrial, a exposição “Os 100 Anos do Partido Comunista da China – Exposição de Fotografias de Celebração do 100.º Aniversário do Partido Comunista da China” vai estar patente até 15 de julho, no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Em Fevereiro, no ano do centenário da fundação do PCC, o Presidente da China anunciou que o país concluiu a “árdua tarefa” de erradicar a pobreza extrema, apontando que 98,99 milhões de pessoas saíram desta condição nos últimos oito anos.

Desde que a China lançou o programa de reforma e abertura, no final de 1970, quase 800 milhões de pessoas saíram da pobreza, contribuindo assim para cerca de 70% na redução da pobreza extrema em todo o mundo, neste período. Em 2012, a China estabeleceu como meta erradicar a pobreza extrema até 2020, dez anos antes da data estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, lançados pela ONU.

22 Jun 2021