Julião Sarmento, artista plástico, faleceu hoje aos 72 anos vítima de cancro

Morreu hoje em Lisboa, aos 72 anos, vítima de cancro, Julião Sarmento, um dos mais reputados e conhecidos artistas plásticos portugueses. Autor de uma obra multifacetada, Julião Sarmento representou Portugal na Bienal de Arte de Veneza em 1997 e foi alvo de uma exposição pela Tate Modern, em Londres, em 2011.

A Galeria Cristina Guerra divulgou um comunicado, no qual confirmou a morte do artista, “com enorme tristeza”, apontando-o como uma “figura central da arte portuguesa desde os anos 1970”. Julião Sarmento “foi o primeiro artista da sua geração a alcançar um amplo reconhecimento internacional, expondo em inúmeros museus e eventos de prestígio”, e “afirmou-se como um dos grandes interpretes e pensadores no contexto da arte, e a sua vida e obra reflectem uma dedicação total ao meio artístico e à arte contemporânea”, sublinha a galeria.

No seu trabalho, combinava vários suportes, desde a pintura, a fotografia, o desenho, o vídeo, o som e a performance. A galeria acrescenta ainda que o desaparecimento do artista, nascido em Lisboa a 4 de Novembro de 1948, “deixa uma enorme dor e vazio” no meio cultural.

Várias vezes distinguido, Julião Sarmento recebeu a Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada em 1994, a Medalha de Prata de Mérito Municipal, de Sintra, em 1997, o Prémio Universidade de Coimbra, em 2009, bem como o prémio de Artes Plásticas da Associação Internacional de Críticos de Arte – Secção Portuguesa, em 2012, e o Prémio de Artes Casino da Póvoa, em 2013.

As lembranças

O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte de Julião Sarmento, considerando-o “um dos mais talentosos” artistas portugueses das últimas décadas, tendo enaltecido a “modernidade provocante” das suas obras e a sua “presença ímpar” neste tempo.

Numa mensagem publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou “sentidas condolências” à família de Julião Sarmento, que descreve como “um dos mais talentosos, produtivos e generosos artistas portugueses das últimas décadas”.

Marcelo referiu também que, “vindo da Escola de Belas-Artes, Julião Sarmento trabalhou na Secretaria de Estado da Cultura logo após a Revolução, contribuindo para a reconfiguração das práticas artísticas em Portugal, e foi um dos nomes escolhidos por Ernesto de Sousa para uma exposição que fez época, a Alternativa Zero, em 1977”.

“Por essa altura, já usava os mais diversos registos, sobretudo a pintura, o desenho e o vídeo, e já estava atentíssimo ao contemporâneo, a correntes, conceitos, cruzamentos, modos de produção e difusão. Nas décadas seguintes, tornar-se-ia o mais internacional dos artistas portugueses”, lê-se na mensagem.

Já o primeiro-ministro português, António Costa, lamentou “profundamente” a morte de Julião Sarmento, considerando que deu um importante contributo para a internacionalização da arte portuguesa e que fez parte de uma geração que renovou a prática artística na década de 80.

“Fazendo parte de uma geração cosmopolita que renovou a prática artística nos anos 1980, Sarmento deu um importante contributo para a internacionalização da arte portuguesa. As mais sentidas condolências à sua família e amigos”, escreveu António Costa na sua conta pessoal na rede social Twitter.

4 Mai 2021

Fotografias de João Miguel Barros conquistam prémio do Instituto Cultural

“Brumas de Macau”, um conjunto de quatro imagens já publicadas na revista “Zine Photo 4” venceram a categoria “Prémio de Obras Especiais” do concurso promovido pelo Instituto Cultural (IC), ligado à “Exposição Colectiva das Artes Visuais de Macau”. Além deste grupo de imagens, foi também seleccionado pelo IC um outro conjunto de quatro imagens, intitulado “Akuapen”, mas que acabou por não conquistar qualquer prémio.

João Miguel Barros disse ao HM que participou nesta iniciativa “sem grandes expectativas”, por considerar que “a fotografia ainda não está suficientemente valorizada como uma categoria artística em exposições genericamente designadas de ‘Artes Visuais’”.

Com um “pequeno valor monetário”, o prémio é valorizado pelo advogado e fotógrafo “porque se trata de um reconhecimento de terceiras pessoas do trabalho que vou fazendo como criador”. “Tem sido essa a minha postura em relação a todos os prémios que tenho recebido ao longo destes últimos três ou quatro anos, de maior e assumida produção artística”.

Nesta categoria de “Prémios de Obras Especiais” foram também escolhidos trabalhos como “Fora do Mundo”, de Lam Sio Hong, ou “Paisagens Diminuídas”, de Kun Wang Tou, entre outros.

Os prémios foram entregues na última quinta-feira, tendo sido distinguidos pelo IC um total de 79 dos 300 projectos apresentados a concurso. Estes cobrem “uma ampla variedade de meios de expressão artística, que vão da pintura, fotografia, gravura, cerâmica, escultura, instalação, vídeo ou criações em interdisciplinaridade”. Algo que mostra “a diversidade e a criatividade do meio artístico local”.

Até Junho

A obra “Animus”, de Lo Hio Ieong, arrecadou o Grande Prémio do Júri, enquanto que “Impressões”, de Sit Ka Kit conquistou o “Prémio Jovem Artista”. “Animus” foi também um dos dez vencedores do “Prémio para Obras Excepcionais”, incluindo o trabalho “SEM TÍTULO #03”, de Ricardo Filipe dos Santos Meireles, entre outros.

A “Exposição Colectiva de Artes Visuais de Macau” pode ser vista até ao dia 13 de Junho no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 1 e no Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino.

Segundo o IC, o objectivo desta mostra é revelar ao grande público o trabalho desenvolvido por artistas locais tendo vindo, nos últimos anos, a promover “a criação de artes visuais locais e a identificação de talentos”. Para o IC, esta mostra tornou-se “num evento cultural icónico no sector das artes visuais e numa plataforma para os artistas de Macau mostrarem o seu talento e criatividade”.

4 Mai 2021

FAM | Dream Theatre conta histórias de Coloane este fim-de-semana 

Arrancou na passada sexta-feira a 31.ª edição do Festival de Artes de Macau depois de uma pausa forçada devido à covid-19. Para este fim-de-semana estão agendados os espectáculos “O Jogo Coloane”, da companhia Dream Theatre Association, e “Vejo-te Através de Memórias”, um espectáculo que mistura teatro e documentário da autoria da Associação de Workshops de Arte Experimental Soda-City

 

Um pedaço da história de Coloane volta a contar-se no próximo sábado e domingo, entre os dias 8 e 9, pela mão da companhia teatral Dream Theatre Association, depois da estreia que acontece no último fim-de-semana. O ponto de encontro far-se-á no Largo Tam Kong Miu, em Coloane, onde o público poderá assistir a “uma visita guiada ao local que apresenta a história humanista de Coloane e procura chamar a atenção para a importância da história local, da cultura e da conservação”, descreve o Instituto Cultural (IC) em comunicado.

O espectáculo, que acontece apenas em cantonense e sem legendas, “combina viagens no tempo com subidas e descidas à montanha”, levando o público “a seguir os artistas pelas ruelas de Coloane”. “O Jogo Coloane” inclui, além das visitas guiadas, teatro, dança e exposições, o que irá permitir aos participantes “experimentar a prosperidade das épocas passadas na parte oeste de Coloane e perceber a dinâmica da altura”.

Desta forma, as histórias de locais emblemáticos da ilha de Coloane como o Pátio dos Velhos, a Rua dos Negociantes ou a povoação de Lai Chi Vun, lugar que outrora foi um importante centro de construção de juncos de madeira, poderão ser contadas através de diversas formas de expressão artística. Em Lai Chi Vun, o público “poderá experienciar o espírito de entreajuda das pessoas e a prosperidade e declínio da indústria de construção naval”, descreve o IC.

Esta não é a primeira vez que a companhia Dream Theatre Association recorre à antiga indústria de construção naval de Macau para construir um espectáculo, sendo esta uma aposta feita desde 2016. Na 29.ª edição do FAM a Dream Theater Association apresentou “Pôr-do-Sol nos Estaleiros”, por exemplo. Para o espectáculo da edição deste ano, a dramaturgia e encenação estão a cargo de Perry Fok e Jason Mok, enquanto que Tam Kam Chun é o responsável pela consultoria história e de construção naval.

Do Patane

Para este fim-de-semana o cartaz do FAM preenche-se também com “Vejo-te através de memórias”, um espectáculo da autoria da Associação de Workshops de Arte Experimental Soda-City que se apresenta até esta quinta-feira e depois novamente no fim-de-semana, de sábado a segunda-feira (8 a 10 de Maio). A ideia por detrás deste espectáculo é revelar “histórias desconhecidas sobre o antigo distrito do Patane”, na península de Macau.

As histórias começam a contar-se na intersecção do Largo do Pagode do Patane e Pátio do Alfinete, terminando no jardim Luís de Camões. Segundo o IC, a ideia é abrir “um álbum de família” e desfolhar as páginas “dos registos locais do Patane – o local onde os portugueses desembarcaram” quando chegaram a Macau pela primeira vez.

“É aqui que se encontra o templo mais antigo de Macau, as indústrias em declínio gradual e as pequenas lojas características”, aponta o IC, em comunicado. Este teatro documentário “traça memórias, relembra a nossa antiga identidade e revela-nos a paisagem original da cidade”. No espectáculo, “os artistas guiarão o público num mergulho no passado e no presente do Patane, que está intimamente ligado ao mar”. A direcção do espectáculo está a cargo de Lei Ioi Chon e Kuok Soi Peng, sendo interpretado por Kuok Soi Peng, Ku Man Ian e Ho Chi Fong.

4 Mai 2021

Lançado hoje livro sobre os seis primeiros reitores do Liceu de Macau

“Seis reitores do Liceu de Macau” é o nome do novo livro de António Aresta que conta a história das primeiras personalidades que dirigiram o Liceu de Macau desde a fundação, em 1894, até às primeiras décadas do século XX, desde Manuel da Silva Mendes a José Gomes da Silva. António Aresta está a trabalhar num segundo volume com as biografias de mais dez reitores

 

É apresentado hoje, na Escola Portuguesa de Macau (EPM), pelas 18h30, o novo livro de António Aresta, intitulado “Seis reitores do Liceu de Macau”. Editado pela Livros do Oriente, de Rogério Beltrão Coelho, e prefaciado por Cecília Jorge, antiga aluna do Liceu de Macau. A obra traça as biografias dos primeiros seis reitores que comandaram os destinos de uma importante instituição para o território, a par do Seminário e da Escola Comercial.

“Essas três escolas tiveram sempre reitores que foram pessoas interventivas, polémicas, cultas, que motivaram alunos e mexeram com a sociedade. Daí que estes seis reitores sejam representativos destas mudanças todas”, começou por dizer ao HM António Aresta.

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Fundado em 1894, o Liceu de Macau a liderança na reitoria foi inaugurada por José Gomes da Silva, militar e médico, seguindo-se Manuel da Silva Mendes, Carlos Borges Delgado e os macaenses Énio da Conceição Ramalho e António Maria da Conceição. A obra termina no período em que Túlio Lopes Tomás esteve no cargo.

“Estes seis reitores simbolizam seis pontos de vista, seis personalidades que, de alguma maneira, foram uma espécie de mentes brilhantes”, disse o autor ao HM. “O Liceu teve cerca de 30 reitores e alguns deles estiveram no cargo apenas um mês, como foi o caso de Camilo Pessanha. Mas estes seis, cada um a seu modo, tiveram o seu cosmos”, adiantou.

António Aresta destaca a figura de Manuel da Silva Mendes, até porque é autor de uma antologia sobre a obra deste grande divulgador da cultura, filosofia e religião chinesas. “Escolheria o Manuel da Silva Mendes por ter tido mais impacto na vida cultural de Macau”, frisou o autor, apesar de considerar que “cada um deles carregou muita coisa atrás de si”.

“O primeiro reitor, José Gomes da Silva, que era médico e militar, também foi uma pessoa muito importante. Publicou vários livros sobre saúde, epidemias, relatórios de viagens… era uma pessoa que tinha um envolvimento com a imprensa. O Carlos Borges Delgado também publicou dois livros em Macau. Estamos, portanto, a falar de pessoas de cultura, de intervenção através dos jornais e dos livros”, frisou António Aresta.

Fracas instalações

Apesar da importância do Liceu de Macau para várias gerações, António Aresta destaca o facto de a escola sempre ter funcionado em instalações com parcas condições. Entre 1894 e 1900 o Liceu funcionou no Convento de Santo Agostinho, e posteriormente num prédio alugado na Calçada do Governador (1900-1917). Segue-se o Hotel Boa Vista (1917-1924) e o antigo asilo de órfãos do Tap Siac (1924-1958).

“As instalações do Liceu sempre foram fracas, provisórias, a cair de podres”, disse António Aresta, que justifica esta situação com a falta de investimento por parte da, então, metrópole, Lisboa. “Houve sempre falta de dinheiro e de recursos, mas também havia muitas invejas, quezílias e problemas. O Liceu nunca foi investido da dignidade que deveria ter. Abriu portas em 1894, com 57 alunos, o número possível. Teve mais alunos, depois menos, períodos em que teve mais professores do que alunos, até conseguir fixar-se e singrar.” Os alunos eram, sobretudo, filhos de funcionários públicos portugueses que estavam de serviço em Macau ou macaenses.

António Aresta agradece os contributos de Rogério Beltrão Coelho e de Cecília Jorge para esta obra, lamentando a falta de apoios institucionais. “É uma aventura editar livros desta natureza sem apoios. É preciso ter coragem. É também necessário continuar a fazer estudos desta natureza, com mais apoios às edições. Reconheço que deveria haver apoio institucional para este tipo de projectos.”

Assumindo trabalhar de forma voluntária, António Aresta está a trabalhar no segundo volume, que irá conter as biografias de mais dez reitores do Liceu. No entanto, o autor não tem ainda prevista uma data de lançamento. No prefácio, Cecília Jorge destaca o facto de António Aresta ser “um investigador da História de Macau e, como pedagogo, preocupa-se em dá-la a conhecer já que, como Homem da Filosofia, tem como a própria palavra implica amor pelo conhecimento”.

“Seis reitores do Liceu de Macau” será lançado em Lisboa em Setembro, e vai estar à venda na livraria da Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa. Em Macau, estará disponível na Feira do Livro da EPM, que encerra hoje. A apresentação da obra estará a cargo de Manuel Machado, presidente da direcção da EPM.

30 Abr 2021

31.º Festival de Artes de Macau arranca amanhã depois de pausa de um ano

Vinte programas de teatro, dança, música e artes visuais integram o programa do 31.º Festival de Artes de Macau (FAM), que arranca amanhã, depois de uma pausa de um ano, devido à pandemia da covid-19. Com o tema “Reiniciar” e até 29 de Maio, o festival também vai apresentar cerca de 100 actuações e actividades do Festival Extra, uma extensão da iniciativa principal, através do qual se procura levar a arte à comunidade, dividindo-se em 18 atividades em 24 sessões.

Para o Instituto Cultural (IC), que organiza o evento, o objectivo do FAM é “construir uma plataforma de intercâmbio artístico internacional e para os artistas locais apresentarem as suas obras, oferecendo uma variedade de programas locais e estrangeiros”.

No entanto, o actual momento pandémico obrigou a organização a “privilegiar as produções do interior da China e de Macau”, disse a presidente do IC, Mok Ian Ian, em Março, na apresentação da 31.ª edição do FAM.

A abertura “Cobra Branca” está a cargo do Estúdio de Teatro Lin Zhaohua, de Pequim, com um espectáculo que redesenha os personagens “do popular conto chinês ‘A Lenda da Cobra Branca’ de forma artística e imaginativa, combinando teatro, música, dança e arte multimédia”, indicou o IC.

O espectáculo de encerramento “Tirando Licença” é uma produção adaptada da peça homónima do dramaturgo norte-americano Nagle Jackson, apresentada pelo Teatro Nacional da China e encenada por Wang Xiaoying, e conta “a história de um experiente actor, outrora aclamado pelas interpretações do Rei Lear, que se aproxima do fim da sua vida, vagueando frequentemente entre o mundo real e o delírio, a fim de testemunhar com o público a fragilidade e a eternidade da vida”.

Prata da casa

O programa inclui o Teatro de Ópera Huangmei da província chinesa de Anhui (leste), que apresenta uma nova produção da peça clássica “O Sonho da Câmara Vermelha”, representada “pela nova geração de actores (…), transmitindo tradição e inovação”. A ópera Huangmei faz parte do Património Cultural Intangível Nacional chinês.

Do Grupo de Dança e Teatro Jin Xing de Xangai, “uma das principais companhias de dança moderna da China”, às crianças da Escola de Teatro do Conservatório de Macau e jovens alunos do curso de Representação de Ópera Cantonense, a fusão das artes que integram o festival oferece ainda ao público espetáculos como “a singular produção de teatro em patuá”, uma língua crioula de base portuguesa, pela mão do grupo de Teatro Dóci Papiaaçám di Macau.

Plataforma de desenvolvimento profissional de vários grupos artísticos locais, o FAM apresenta, entre outros, a Dança do Dragão Embriagado, pelo grupo Four Dimension Spatial na forma de um teatro de dança que alia uma actividade tradicional do festival à dança contemporânea, enquanto o teatro documentário “Vejo-te através de Memórias da Associação de Workshops de Arte Experimental Soda-City” explora o passado e o presente deste bairro intimamente ligado ao mar, passando também em revista as transformações da cidade. A maioria das actividades do FAM, que conta um orçamento de 21 milhões de patacas, são gratuitas.

29 Abr 2021

IPM | Lançado 2º volume da revista Orientes do Português

Editado pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM) e pela Universidade do Porto (U.Porto), o segundo volume da revista académica em português, Orientes do Português, já se encontra disponível online (http://orientes-do-portugues.ipm.edu.mo).

A versão digital da revista pode ser obtida gratuitamente por especialistas, académicos, docentes, alunos da China e dos países lusófonos e demais interessados. Este volume é composto por artigos de investigadores de instituições como a Universidade do Porto, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, a Universidade Sun Yat-Sem, o IPM e a Universidade de Oxford.

Segundo o IPM, este volume é uma edição especial que presta uma homenagem ao Professor João Malaca Casteleiro (1936-2020), uma das ilustres figuras da linguística portuguesa. O Professor Malaca foi membro da Academia das Ciências de Lisboa e Director do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (ICLP) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Assumiu também o cargo de conselheiro académico do IPM, tenho mantido uma longa colaboração académica com o Instituto.

29 Abr 2021

Museus | Actividades e workshops em 14 espaços a partir de 9 de Maio

Ao todo, 14 museus de Macau promovem a partir de 9 de Maio o chamado “Carnaval do Dia Internacional dos Museus de Macau”. Do programa fazem parte uma série de actividades de participação gratuita que incluem workshops, palestras, jogos e visitas guiadas. A iniciativa está orçamentada em 250 mil patacas

 

O ponto de encontro está marcado para o dia 9 de Maio, no Centro de Ciências de Macau. A propósito da celebração do Dia Internacional dos Museus a 18 de Maio, e depois do interregno do ano passado devido à pandemia, 14 museus de Macau vão voltar a participar no “Carnaval do Dia dos Museus de Macau”, ao organizar uma série de actividades, que incluem workshops de pintura de azulejos, experiências fotográficas e uma palestra com o vice-curador do Museu de Guangdong, Chen Shaofeng.

Para Sam Hou In, Chefe do Departamento de museus do Instituto Cultural (IC), para além de estimular o sector museológico, fortemente afectado pela pandemia, o objectivo da edição deste ano, orçamentada em 250 mil patacas, passa por acolher o mesmo número de visitantes de 2019.

“O orçamento da edição deste ano é de 250 mil patacas e prevemos que cerca de 1.000 pessoas participem na iniciativa. Mesmo com a situação estável da pandemia em Macau, esperamos mais ou menos o mesmo número de pessoas de 2019”, partilhou ontem Sam Hou In, por ocasião da conferência de imprensa de apresentação do evento.

No dia do Carnaval propriamente dito, ou seja, no próximo domingo, serão vários os museus que irão, desde logo, marcar presença no Centro de Convenções do Museu de Ciências de Macau, através de iniciativas disponíveis gratuitamente ao público como as “Visitas de Experiências Tácteis”, “Experiência Fotográfica 3D”, workshop de Pintura de Azulejos, workshop de caixas de música e uma visita guiada encenada, sob o tema do mar profundo.

Além disso, o vice-curador do Museu de Guangdong, Chen Shaofeng, apresentará uma palestra intitulada “Museus em Tempo de Pandemia”. A mostra conta ainda com a participação, através de stands no local, do Museu de Guangdong, Guangzhou e Shenzhen e ainda do Departamento de Lazer e Serviços Culturais do Governo de Hong Kong.

Ao longo do mês de Maio, os museus participantes realizarão ainda outras actividades comemorativas. Exemplo disso, é o Dia aberto do Salão de Exposição de Relíquias Culturais e o workshop de enfeites de vime, que terão lugar no dia 16 de Maio na Galeria de Arquivo Histórico de Tung Sin Ton. Nos dias 15 e 16 de Maio, também o Museu Marítimo irá acolher actividades como uma exposição fotográfica sobre o Delta do Rio das Pérolas ou o controlo de barcos por controle remoto. Já no dia 22 de Maio, o Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania promove uma palestra com Noah Ng, Fong Chao, curador da exposição “Deambulações pela Paisagem: Colecção do Museu de Arte de Macau”.

Acelerar com prudência

O Museu do Grande Prémio de Macau irá também fazer parte da iniciativa, sendo que no dia do Carnaval serão realizados, sob a sua alçada, workshops de pintura de modelos de carros de corrida em gesso e de criação de porta-chaves com base em motas de corrida. Cada workshop terá quatro sessões, decorrendo entre as 14h e as 17h.

Questionada sobre se está a ser ponderado um alargamento do número de visitantes diários permitidos no espaço que reabriu ao público, de forma experimental, a 2 de Abril, Vivian Lei, Chefe substituta do Departamento do Produto Turístico e Eventos da DST, apontou que esse é o objectivo, mas que para já as medidas de prevenção da pandemia não o permitem.

“Por enquanto, não temos margem para aumentar o número limite de visitantes, mas vamos gradualmente aumentá-lo de acordo com o desenvolvimento da situação da pandemia”, afirmou ontem à margem da apresentação da iniciativa.

29 Abr 2021

Contos originais de autoras de oito países lusófonos celebram Dia da Língua Portuguesa

Um livro infantil com 16 contos originais de autoras de oito países lusófonos vai ser editado em Moçambique para celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, em 5 de Maio.

Intitulada “Contar Histórias com a Avó ao Colo”, a obra remete para ditados e expressões populares e para o conhecimento passado de geração em geração, e conta com a participação de Lurdes Breda (Portugal), Mariana Lanelli (Brasil), Maria Celestina Fernandes (Angola), Natacha Magalhães (Cabo Verde), Kátia Casimiro (Guiné-Bissau), Angelina Neves (Moçambique), Olinda Beja (São Tomé e Príncipe) e Maria do Céu Lopes da Silva (Timor-Leste).

Depois da edição, em 2020, de “100 Papas na Língua”, da autoria de Lurdes Breda, a opção este ano passou por alargar o novo livro à cultura de outros países lusófonos e às suas expressões populares.

Em declarações à agência Lusa, Lurdes Breda contou que a ideia foi a de que, “através de textos originais, com algum humor, se pudesse passar para as gerações mais novas coisas enraizadas na cultura de cada um dos países, sob o abraço da língua portuguesa que tem estas especificidades todas que as crianças nem fazem ideia”.

“Com estes textos queremos dar a conhecer um bocadinho da cultura e das raízes culturais de cada um dos países. Temos uma série de usos e costumes completamente antagónicos e diferentes”, acrescentou.

O livro reúne autoras de todos os estados-membros da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), à exceção da Guiné Equatorial: “Na Guiné Equatorial, nós não temos qualquer ligação, nem ao nível da língua, é um bocado estranho. Tentámos, mas aí não conseguimos chegar”, observou a escritora de livros infantis, residente em Montemor-o-Velho, distrito de Coimbra.

O livro possui uma imagem “maternal e feminina”, devido a todos os textos serem escritos por mulheres, embora Lurdes Breda recuse que se trate de um “projeto feminista”.

Com edição da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa e do Camões – Centro Cultural em Maputo, “Contar histórias com a avó ao colo” tem coordenação editorial de Teresa Noronha, enquanto a ilustração e design editorial são da autoria de Tânia Clímaco.

À Lusa, a ilustradora de Torres Vedras revelou ter sido a primeira vez que fez um trabalho para escritores de fora de Portugal: “Todos falamos a língua portuguesa. No entanto, são países muito diferentes, de culturas diferentes, de cores diferentes e de realidades completamente diferentes”, notou Tânia Clímaco.

“Tive de entrar do espírito de cada país. A primeira ilustração que fiz foi a de Portugal, estava ‘em casa’ e correu muito bem. Mas, os outros, confesso que fiz muita, mas muita pesquisa, para poder ilustrar estes textos”, adiantou.

Tânia Clímaco deu exemplos, em Angola, do tecido samakaka ou da floresta de Maiombe, em Cabinda, que “não fazia a mínima ideia se era densa ou se não era”, passando pela Cuca, figura mítica do folclore brasileiro, o “crocodilo terrível” que remeteu a ilustradora para a sua própria infância e para a série televisiva do Sítio do Pica-Pau Amarelo, as casas sagradas em Timor-Leste ou o ‘Toca-toca’, a expressão que, num dos textos da Guiné-Bissau, define um autocarro “azul e amarelo, muito específico”, existência que “desconhecia completamente”.

Se no início ficou “um bocadinho assustada” pela necessidade de “transportar os leitores para os locais” em países que não conhecia, especialmente os africanos, o resultado, alicerçado no trabalho de pesquisa, acabou por contentar as autoras dos textos.

“As ilustrações são baseadas nessas especificidades, nos pormenores de cada país. E todas viram as ilustrações e gostaram muito, tenho as cores e os ambientes de África e a minha linguagem gráfica acaba por ser uma segunda língua neste trabalho”, observou Tânia Clímaco.

Falta agora conhecer os países por si retratados no livro: “Se me convidarem, já estou num avião”, brincou.

Para além da edição do livro em suporte de papel, “Contar Histórias com a Avó ao Colo” estará igualmente disponível em suporte digital, formato de ‘e-book’, para descarregamento gratuito na página internet do instituto Camões de Maputo.

A obra contou ainda com um apoio da Rede de Bibliotecas Escolares, no que se refere à sua distribuição pelas bibliotecas das várias Escolas Portuguesas no estrangeiro e terá um vídeo oficial de suporte à sua divulgação, com testemunhos das autoras e leituras de crianças dos países envolvidos.

28 Abr 2021

Bibliotecas | Nova edição de “Os Livros e a Cidade” já disponível

A 26ª edição de “Os Livros e a Cidade” já está disponível para levantamento gratuito por parte do público. Sob o tema “Leituras Nutritivas” a obra publicada pela Biblioteca Pública de Macau começa por apresentar três escritores de renome dedicados a diferentes áreas literárias que partilham as suas experiências pessoais sobre “como descobrir um novo eu”, através da leitura e na perspectiva “dos estudos de comunicação, do crescimento espiritual e da arte da libertação”, pode ler-se num comunicado partilhado ontem pelo Instituto Cultural (IC).

Já na secção “Retrato da Biblioteca”, a nova edição conta com entrevistas realizadas a formadores de artes visuais de Macau que abordam a melhor forma de “apreciar as subtilezas dos caracteres chineses sob diferentes perspectivas e actividades”.

Destaque ainda para a secção “Fala o autor”, onde o ilustrador local Lin Ge partilha a inspiração por detrás da criação do livro de banda desenhada “Comportamentos e Actos”.

Os 3.000 exemplares da 26ª edição de “Os Livros e a Cidade” podem ser levantados gratuitamente nas bibliotecas dependentes do IC, instituições de ensino superior, Galeria Tap Siac, espaços cultirais e livrarias seleccionadas.

28 Abr 2021

Cinemateca | Programação de Maio presta homenagem a trabalhadores estrangeiros

Com o Dia Internacional do Trabalhador a dar o mote, a Cinemateca Paixão vai exibir quatro obras dedicadas aos trabalhadores migrantes que deixaram as suas casas em busca de melhores condições de vida. Desde condições de trabalho precárias à falta de compreensão entre culturas, a ideia é embarcar numa introspecção sobre o papel crucial da mão-de-obra estrangeira para o funcionamento de famílias, sociedades e, no limite, do mundo

 

É uma realidade próxima e muitas vezes esquecida. Apesar de crucial, a força de trabalho de quem vem de fora acaba por ser, na maioria das vezes, desvalorizada e assente em condições questionáveis.

Procurando abrir espaço para “mais compaixão, compreensão e respeito” para com aqueles que deixaram tudo para trabalhar num país estrangeiro, a Cinemateca Paixão exibe, a partir do próximo domingo e ao longo de Maio, quatro obras dedicadas à temática. Como pano de fundo, está a celebração do Dia Internacional do Trabalhador, que se assinala a 1 de Maio.

“Nas cidades contemporâneas um pouco por todo o mundo, existe um grupo crescente de trabalhadores estrangeiros migrantes, que deixaram as suas casas em busca de um trabalho que lhes garanta um futuro melhor para si e para as suas famílias. A confluência de culturas (…) resultante do fluxo de mão-de-obra, faz com que as nações economicamente mais poderosas se envolvam com cidadãos de outros países que procuram uma vida melhor, resultando, muitas vezes desta encruzilhada, inúmeros conflitos”, pode ler-se numa nota divulgada pela Cinemateca Paixão.

Integrado na secção “Cinema Asiático de Hoje”, o programa intitulado “Trabalho em terra estrangeira” arranca no domingo com “Sunday Beauty Queen”. A obra documental realizada por Baby Ruth Villarama tem lugar em Hong Kong e, com claras semelhanças à realidade vivida também em Macau, foca o trabalho das empregadas domésticas provenientes das Filipinas, cujo salário e carga horária colocam as suas condições laborais num lugar perto da escravatura. Isto porque, na sua grande maioria, as ajudantes domésticas vivem na casa dos empregadores e trabalham seis dias por semana, durante 24 horas por dia. Aproveitando a única folga semanal que dispõem, “Sunday Beauty Queen” acompanha a forma como cinco trabalhadoras domésticas promovem um concurso de beleza para recuperar alguma da dignidade que sentem ter perdido. A obra será exibida na Cinemateca no próximo domingo e nos dias 8 e 23 de Maio.

Dos Estados Unidos da América chega “Língua Franca”. A obra realizada por Isabel Sandoval foca a história de Olivia, uma trabalhadora filipina transgénero responsável por cuidar de uma idosa diagnosticada com demência, em Brighton Beach, Brooklyn. Sem documentos nem perspectiva de obter autorização de residência, Olivia acaba por se apaixonar pelo neto da idosa de quem trata, que, por sua vez, não sabe que Olivia é transgénero. “Língua Franca” pode ser visto na Cinemateca paixão nos dias 9, 23 e 28 de Maio.

Encruzilhada de vidas

Saltando do drama para acção, directamente dos becos de Kuala Lumpur, na Malásia, chega “Crossroads: One Two Jaga”. Realizado por Namrom, a obra explora as relações improváveis, mas fatalmente impossíveis de evitar, entre um trabalhador indonésio cuja irmã está em apuros, um trabalhador oriundo das Filipinas, também ele de mãos atadas e um polícia corrupto. “Crossroads: One Two Jaga” será exibido na Cinemateca Paixão nos dias 16, 22 e 27 de Maio.

Fruto de co-produção entre Japão, Hong Kong, Taiwan e Alemanha, “Mr. Long” conta a história de um assassino profissional de Taiwan que acaba por se fixar no Japão após uma missão falhada. Apesar do sangue frio que normalmente define a sua personalidade, Long trava amizade com a população local e monta o seu próprio negócio de comida de rua. Com o desenrolar da trama, Long acaba por ajudar um rapaz e a sua mãe toxicodependente, por quem se apaixona. “Mr. Long” pode ser visto nos dias 16 e 29 de Maio na Cinemateca Paixão.

28 Abr 2021

IPM | Série de animação de Angela Lao vence prémios internacionais

A série de filmes de animação “Andrew’s Parallel Worlds”, de Angela Lao En Yu, ex-aluna do curso de licenciatura em design da Escola Superior de Artes do Instituto Politécnico de Macau (ESA-IPM), foi recentemente premiada com vários prémios internacionais, incluindo o Prémio de Ouro de Melhor Filme de Curta-metragem da Hollywood Film Competition dos EUA (2020), o Prémio de Diamante de Melhor Filme de Curta-metragem de LA Shorts Awards dos EUA (2020), o Prémio de Melhor Animação de Longa-metragem de Accord Cine Fest da Índia (2021), o Prémio de Melhor Roteiro de Animação de Goroa Awards do Brasil (2021), o Prémio de Melhor Animação de Longa-mestragem de Global Monthly Online Film Competition do Canadá (2021), e o Prémio de Melhor Animação de Pure Magic International Film Festival dos Países Baixos (2021).

“Andrew’s Parallel Worlds”, criada por Angela Lao durante a epidemia, conta a história das viagens a diferentes lugares do Andrew e da sua rapariga de sonho, Cloudamanleia, após o reencontro, dez anos depois de Andrew e a rapariga por quem o se apaixonou à primeira vista se terem separado na cerimónia de graduação devido um vírus muito mau.

Citada por um comunicado, Angela Lao referiu que os prémios obtidos representam uma melhor oportunidade de divulgação, permitindo às obras ganharem mais espectadores. Esta pretende, no futuro, continuar a criação da série “Andrew’s Parallel Worlds” e de outros produtos relacionados.

26 Abr 2021

Óscares | “Nomadland”, de Chloé Zhao, vence na categoria de Melhor Filme

Era a primeira mulher sino-americana nomeada para um Óscar e venceu-o: a 93ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas deu o galardão dourado para a categoria de Melhor Filme a Chloé Zhao por “Nomadland – Sobreviver na América”, que também venceu na categoria de Melhor Realização. A actriz Frances McDormand venceu o galardão de Melhor Actriz com este filme

 

 

“Nomadland – Sobreviver na América”, da cineasta sino-americana Chloé Zhao, venceu na madrugada desta segunda-feira [hora europeia] o Óscar de Melhor Filme na 93ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas, dos Estados Unidos. Chloé era um dos nomes favoritos na corrida e também representava uma estreia no mundo de Hollywood, ao ser a primeira mulher asiática na lista dos nomeados.

O filme teve como produtores Frances McDormand, Peter Spears, Mollye Asher, Dan Janvey e a própria Chloé Zhao. Protagonizado por Frances McDormand, “Nomadland” conta a história de uma mulher que viaja pela América como nómada, vivendo numa caravana, trabalhando em empregos temporários e sobrevivendo na estrada, na sequência de uma crise económica. Embora o filme seja uma ficção, assenta em testemunhos reais de norte-americanos que vivem na estrada, sempre em trânsito, numa comunidade nómada mais envelhecida e nas margens da sociedade.

Chloé Zhao, sino-americana, foi a primeira mulher asiática nomeada para os Óscares e a segunda mulher a conquistá-lo, depois de Kathryn Bigelow, em 2020, por “Estado de Guerra”.

Para o Óscar de Melhor Filme estavam nomeados “Mank”, “Nomadland – Sobreviver na América”, “Uma miúda com potencial”, “O Pai”, “Judas and the Black Messiah”, “Minari”, “Sound of Metal” e “Os 7 de Chicago”. Nas contas para esta edição, o filme “Mank”, de David Fincher, somou dez nomeações, enquanto “Nomadland – Sobreviver na América”, de Chloé Zhao, foi indicado para sete estatuetas, entre as quais a de Melhor Realização, conquistado pela cineasta.

“Nomadland” deu também o Óscar de Melhor Actriz à sua protagonista, a actriz Frances McDormand. Este é o terceiro Óscar conseguido por Frances McDormand, em três nomeações para melhor actriz, depois de “Fargo” (1996) e “Três Cartazes à Beira da Estrada” (2018).

Ao longo da carreira, McDormand teve igualmente três nomeações para melhor actriz secundária, em “Terra Fria” (2005), “Quase Famosos” (2000) e “Mississippi em Chamas” (1988). Para o Óscar de Melhor Actriz estavam nomeadas Carey Mulligan (“Uma miúda com potencial”), Frances McDormand (“Nomadland”), Viola Davis (“Ma Rainey: A mãe dos blues”), Vanessa Kirby (“Pieces of a Woman”) e Andra Day (“The United States vs. Billie Holiday”).

“Sou afortunada”

Chloé Zhao disse que “é fabuloso ser uma mulher em 2021”, no rescaldo da vitória. “Sou extremamente afortunada por poder fazer o que gosto. Se esta vitória ajudar mais pessoas como eu a viverem os seus sonhos, sou muito agradecida por isto”.

“Um dos momentos mais felizes para mim esta noite foi quando a Frances ganhou”, contou Chloé Zhao aos jornalistas. “As pessoas podem não saber tudo o que ela fez, como produtora e como actriz, quão aberta e vulnerável foi e quanto me ajudou a fazer este filme”, afirmou. “E como ajudou os nómadas a sentirem-se confortáveis nas gravações. Ela é ‘Nomadland’”.

A história baseia-se num livro de não ficção e o filme, que contou com nómadas da vida real, provocou uma alteração de perspectivas para a própria Chloé Zhao. “Há muitas coisas que mudaram para mim. Penso que preciso de menos coisas para viver, sem dúvida”, afirmou. “Podia ter apenas algumas coisas”.

A realizadora, questionada várias vezes sobre a importância de ser a primeira asiática a vencer este Óscar e apenas a segunda mulher, depois de Kathryn Bigelow, não quis encaixar-se num formato específico. “Para os realizadores asiáticos, para todos os realizadores, temos de ser fiéis a quem somos e contar as histórias a que nos sentimos ligados”, disse. “Não devemos sentir que só há um certo tipo de histórias que temos para contar”.

Zhao também fez menção à confiança que lhe foi incutida desde criança e que lhe permitiu sonhar alto. “Tive a sorte de ter pais que sempre me disseram que quem eu sou é suficiente, e eu sou a minha arte”, disse. “Tento sempre manter-me fiel a mim mesma e rodear-me de pessoas talentosas e que me apoiam”.

O produtor Peter Spears, que partilhou o Óscar de Melhor Filme com Zhao, Frances McDormand, Mollye Asher e Dan Janvey, falou de como a pandemia alterou o curso deste projecto. “A possibilidade de terminar este filme no meio da pandemia e depois estreá-lo na pandemia foi um esforço hercúleo e algo que nunca pensámos que íamos ter de fazer”, afirmou.

“Nesse processo, parece que o momento era o certo e a história que contámos tocou as pessoas – uma história sobre comunidade e a nossa humanidade partilhada”, considerou. “Teve um significado mais profundo do que se tivesse saído antes”.

Silêncio na China

O sucesso da realizadora chinesa Chloé Zhao, na cerimónia dos Óscares, está a ser recebido com silêncio no seu país, devido a declarações feitas há oito anos. A imprensa estatal não comemorou. A televisão estatal CCTV e a agência noticiosa oficial Xinhua, os dois principais órgãos estatais, nem sequer divulgaram a vitória de Zhao.

Foi censurada uma mensagem a anunciar a conquista do prémio, pela revista de cinema Watch Movies, que tem mais de 14 milhões de seguidores na rede social Weibo, o equivalente ao Twitter na China. O ‘hashtag’ “Chloé Zhao ganha o Óscar de melhor directora” também foi censurado na plataforma, com os internautas a receber a mensagem “de acordo com as leis, regulamentos e políticas relevantes, a página não foi encontrada”.

Porém, as notícias sobre a sua vitória foram rapidamente difundidas na Internet chinesa, com internautas a celebrar a vitória de Zhao. Muitos apontaram o discurso de aceitação, no qual Zhao citou um verso de um poema escrito no século XIII que, como muitas outras crianças chinesas, Zhao memorizou quando era criança, e que se traduz assim: “As pessoas nascem boas”.

Chloé Zhao foi vítima de ataques em Março, quando ganhou um Globo de Ouro de melhor realização, devido a um comentário feito há oito anos. Numa entrevista, em 2013, a cineasta disse que, na China, “há mentiras por todo o lado”, referindo-se ao sistema político.

O comentário foi recuperado nas redes sociais chinesas, com internautas nacionalistas a acusarem Zhao de trair o seu país, acusando-a de ter “duas caras” e de ter saído da China devido à riqueza do pai, o antigo director de uma empresa estatal chinesa.

26 Abr 2021

“Nomadland”, de Chloé Zhao, com várias nomeações para os Óscares

A 93.ª edição dos Óscares, adiada de Fevereiro para este mês devido à pandemia, acontece no Dolby Theatre, com audiência, no edifício da estação de comboios Union Station, em Los Angeles (Califórnia), e noutros “locais internacionais via satélite”, como anunciou a academia norte-americana. A cerimónia decorreu na madrugada deste domingo [hora europeia].

Nas contas para esta edição, o filme “Mank”, de David Fincher, soma dez nomeações, mas o favoritismo – a avaliar pelo rol de prémios já conquistados – é apontado para “Nomadland – Sobreviver na América”, de Chloé Zhao, indicado para sete estatuetas, que, na passada sexta-feira, culminando o percurso de sucesso dos últimos meses, arrecadou quatro prémios Spirit, os chamados ‘óscares’ do cinema independente: melhor filme, melhor realização, melhor montagem e melhor fotografia.

Protagonizado por Frances McDdormand, o filme conta a história de uma mulher que viaja pela América como nómada, vivendo numa caravana, trabalhando em empregos temporários e sobrevivendo na estrada, na sequência de uma crise económica. Embora o filme seja uma ficção, assenta em testemunhos reais de norte-americanos que vivem na estrada, sempre em trânsito, numa comunidade nómada mais envelhecida e nas margens da sociedade.

Chloé Zhao, sino-americana, é a primeira mulher asiática nomeada para os Óscares, mas se vencer não deverá ser aplaudida na China. Numa entrevista em 2013, a realizadora declarou que na China “há mentiras por todo o lado”. O comentário foi recuperado recentemente nas redes sociais, com internautas nacionalistas a acusarem de traição.

O lugar de “Mank”

Quanto aos Óscares, “Mank”, produzido pela Netflix e ignorado nos Globos de Ouro, onde era o mais nomeado, está agora indicado em categorias como Melhor Filme, Realização, Direcção de Fotografia, Actor Principal (Gary Oldman) e Actriz Secundária (Amanda Seyfried). Para o Óscar de Melhor Realização, apenas David Fincher é repetente. Todos os outros estão nomeados nesta pela primeira vez: Thomas Vinterberg (“Mais uma rodada”), Lee Isaac Chung (“Minari”), Chloé Zhao (“Nomadland – Sobreviver na América”) e Emerald Fennell (“Uma miúda com potencial”).

É a primeira vez que duas mulheres competem nesta categoria. E em mais de 90 anos de história dos Óscares, apenas cinco outras mulheres estiveram indicadas e somente uma venceu o prémio de melhor realização; Kathryn Bigelow, em 2010, com “Estado de guerra”.

Para o Óscar de melhor filme estão nomeados “Mank”, “Nomadland” e “Uma miúda com potencial”, “O Pai”, “Judas and the Black Messiah”, “Minari”, “Sound of Metal” e “Os 7 de Chicago”. Para o Óscar de Melhor Actriz estão nomeadas Carey Mulligan (“Uma miúda com potencial”), Frances McDormand (“Nomadland”), Viola Davis (“Ma Rainey: A mãe dos blues”), Vanessa Kirby (“Pieces of a Woman”) e Andra Day (“The United States vs. Billie Holiday”).

Na representação masculina estão indicados Chadwick Boseman (a título póstumo por “Ma Rainey: A mãe dos blues”), Riz Ahmed (“Sound of Metal”), Anthony Hopkins (“O Pai”), Gary Oldman (“Mank”) e Steven Yeun (“Minari”).

Para Melhor Filme Internacional, foram seleccionados “Quo Vadis, Aida?” (Bósnia Herzegovina), “Mais uma rodada” (Dinamarca), “Better Days” (Hong Kong), “The Man Who Sold His Skin” (Tunísia) e “Collective” (Roménia). “Bora lá”, “Para além da lua”, “Soul – Uma aventura com alma”, “Wolfwalkers” e “Ovelha Choné: A quinta contra-ataca” competem pelo Óscar de Melhor Filme de Animação.

No anúncio dos vencedores, está confirmada a presença de nomes como os do realizador Bong Joon Ho, premiado nos Óscares em 2020 com “Parasitas”, das actrizes Laura Dern e Zendaya e dos actores Harrison Ford, Joaquin Phoenix e Brad Pitt.

26 Abr 2021

Livraria Portuguesa | Livro “Macau. Novas Leituras” apresentado amanhã

A obra “Macau.Novas Leituras”, editado pela Tinta da China em Portugal, será apresentada amanhã na Livraria Portuguesa entre as 18h30 e as 20h. A sessão será transmitida online em simultâneo em Portugal, no horário entre as 11h30 e as 13h, via Facebook. A moderação estará a cargo de Ricardo Pinto, gestor da Livraria Portuguesa, e Marta Pacheco Pinto. A sessão conta ainda com as participações de Ana Paula Laborinho, co-organizadora da obra, Inês Hugon, da Tinta da China e Gonçalo Cordeiro, outro co-organizador do livro.

Seguem-se apresentações de personalidades como Fernanda Gil Costa, Dora Nunes Gago, Maria do Carmo Piçarra e Carlos André. Serão feitas também algumas leituras de autores como Carlos Morais José, Yao Jingming e Joe Tang. “Macau. Novas Leituras” é um livro que “assinala os 20 anos da transferência da administração portuguesa de Macau para a República Popular da China, celebrados em 2019 e também eles marcando o fim do ciclo colonial português”.

Com esta edição “propõe-se uma reflexão abrangente sobre alguma da produção literária e cultural mais relevante dedicada a Macau desde a transferência, privilegiando a escrita em língua portuguesa, mas sem descurar outras vozes e tradições literárias”.

26 Abr 2021

FAM | Casa de Portugal apresenta espectáculo de marionetas em Maio

Bailarinas, palhaços e outras figuras ligadas ao mundo circense compõem o novo espectáculo de marionetas da Casa de Portugal em Macau (CPM), intitulado “O Circo”, e que se insere no cartaz do Festival das Artes de Macau. Entretanto Elisa Vilaça continua a apresentar, aos fins-de-semana, os espectáculos “O Barbeiro” e “O Arraial”, com os tradicionais Robertos portugueses

 

Elisa Vilaça, da Casa de Portugal em Macau (CPM), apresenta em Maio um novo espectáculo de marionetas que poderá ser visto na nova edição do Festival de Artes de Macau (FAM). O espectáculo intitula-se “O Circo” e destina-se a revelar o mundo circense aos mais pequenos e acontece no jardim do bairro do Iao Hon, entre os dias 14 e 16 de Maio.

“São bonecos construídos por mim, bem como todo o enredo, a selecção de músicas e do espectáculo. Tenho duas pessoas a trabalhar na ajuda da manipulação [dos bonecos], o Sérgio Feiteira e José Nyogeri. São bonecos feitos com técnicas diferentes, temos bonecos manipulados com fios, com manipulação directa, bonecos de luva. E temos um conjunto de figuras referentes ao circo”, contou ao HM.

Elisa Vilaça explicou que “O Circo” não terá um texto propriamente dito, mas também não será feito com base no improviso. A ideia é que a mensagem chegue mais facilmente a várias comunidades, falantes de várias línguas.

“As histórias são sempre criadas para cada espectáculo e as figuras são todas construídas de raiz. Não há texto, porque são espectáculos de rua e a maior parte da comunidade em Macau fala a língua chinesa e queremos criar um tipo de espectáculos que seja acessível a toda a todas as comunidades. Temos movimento e uma música de base, sempre.”

Em “O Circo” conta-se a história numa barraca “em que as cenas se vão passando sucessivamente, com malabaristas, palhaços e bailarinas, num enredo que constitui o ambiente circense”. O espectáculo é, no fundo, composto por várias sequências, de três minutos cada, em que cada uma tem uma banda sonora específica.

Os materiais reciclados

Em “O Circo”, “há sempre uma interacção com o público”, descreve Elisa Vilaça. “Temos um boneco num monociclo que desce numa plataforma, um cão que anda na estrada, que salta obstáculos e brinca com os miúdos.”

Com estes projectos de marionetas, a CPM pretende apostar também na protecção do meio ambiente. “A maior parte destes bonecos são construídos a partir de materiais reciclados, porque a preservação ambiental é também importante para nós e é uma coisa que tentamos divulgar. Temos uma bailarina feita com guarda-chuvas, outros que são feitos com restos de madeira que temos, pasta modelar. Há também um pequeno alerta na forma de construir os bonecos de reciclar materiais, que é extremamente importante”, disse Elisa Vilaça.

“A Mostra de Espectáculos ao Ar Livre” do FAM, onde se integra “O Circo”, conta também com a participação de grupos culturais locais como a Associação de Dança Ieng Chi, a Associação Desportiva e Cultural de Capoeira de Macau e a Banda da Escola Secundária Hou Kong, entre outros.

Entretanto, Elisa Vilaça começou a apresentar novamente os espectáculos “O Arraial” e “O Barbeiro”, no âmbito de uma iniciativa do Instituto Cultural (IC) que visa promover espectáculos de rua ao fim-de-semana, também durante o mês de Maio, em zonas como o Porto Interior, as Casas Museu e a Feira do Carmo, na Taipa.

No caso de “O Barbeiro”, trata-se de “uma reprodução de uma das histórias mais tradicionais dos Robertos portugueses”. “Os bonecos são manipulados todos por uma única pessoa dentro de uma barraca e falam de ‘palheta’, uma técnica usada pela maioria dos roberteiros e que consiste na introdução na boca de uma pequena palheta que fica junto ao céu da boca. Quando falam, o som é mais estridente”, acrescentou. Neste projecto, Elisa Vilaça trabalha com Sérgio Rolo, marionetista também ligado à CPM.

Já “O Arraial” é uma história, também criada por Elisa Vilaça, “baseada nas festas típicas e populares portuguesas”, e que também se passa dentro de uma barraca, também com os tradicionais Robertos. “A história começa de uma forma teatral, com três pessoas que depois de entrarem na barraca se transformam em figuras pequenas. No final do espectáculo essas mesmas personagens voltam a sair da barraca em forma de actores. Não temos texto, só música”, rematou.

26 Abr 2021

Premiados docentes do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro

Dois docentes do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro, Chen Xiaoping e Kang Siyu, receberam o prémio “Professor Voluntário de Excelência 2020”, atribuído pelo Centro de Intercâmbio e Cooperação Sino-estrangeiro de Línguas, noticiou ontem a Lusa.

“O Instituto Confúcio (IC-UA) viu o seu trabalho reconhecido internacionalmente com a atribuição de mais este prémio, a poucos dias de celebrar o 6.º aniversário”, refere uma nota de imprensa da Universidade de Aveiro.

O instituto foi distinguido noutras ocasiões, nomeadamente com os prémios “Confúcio do Ano 2018”, atribuído pelo Hanban (Chengdu, 2018) e “Director do Ano”, atribuído pelo Hanban a Carlos Morais (Changsha, 2019).

Inaugurado a 23 de abril de 2015, o IC-UA vai assinalar o sexto aniversário com a plantação de uma Ginkgo biloba (árvore originária da China, considerada um fóssil vivo) e a inauguração de uma instalação artística alusiva ao aniversário, da autoria de José Oliveira.

Faz ainda parte do programa, o ciclo de conferências “Rotas a Oriente”, que acontece a 29 de Abril. Lola Xavier, do Instituto Politécnico de Macau, vai falar sobre representações literárias do quotidiano de Macau e a apresentação de Vera Borges, da Universidade de São José, vai abordar o tema “Poesia de Macau: as várias faces de uma mesma moeda?”. O ciclo de conferências conta ainda com a participação de Yao Jing Ming, da Universidade de Macau, numa apresentação intitulada “traduzindo a literária China”.

De acordo com a Lusa, as principais missões do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro passam por “apoiar e promover o ensino da língua e da cultura chinesas em Portugal”, reforçar a cooperação na área da educação entre a China e Portugal e desenvolver actividades de investigação “que contribuam para melhorar a compreensão mútua e a amizade entre estes dois países distantes, mas unidos por seculares relações históricas”.

23 Abr 2021

Fotografia | “DESVELO • 關愛 • ZEAL”, de Gonçalo Lobo Pinheiro, lançado dia 29 

As fotografias captadas no lar da Santa Casa da Misericórdia de Macau e no Asilo de Santa Maria, da Caritas, estão agora compiladas no livro “DESVELO • 關愛 • ZEAL”, de Gonçalo Lobo Pinheiro, que será lançado na próxima quinta-feira, dia 29, na Livraria Portuguesa. No dia seguinte, as fotografias estarão também expostas na cidade do Porto

 

Num território onde a pandemia da covid-19 tem estado plenamente controlada, o fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro teve de ver além do óbvio. Daí, a ter decidido retratar o dia-a-dia de um dos grupos de risco da pandemia, os idosos, e dos seus cuidadores, foi um passo. Vários prémios e distinções depois, esta reportagem fotográfica ganha nova dimensão com o livro “DESVELO • 關愛 • ZEAL”, apresentado na próxima quinta-feira, dia 29, pelas 18h30 na Livraria Portuguesa. No dia seguinte será inaugurada uma exposição na cidade do Porto, em Portugal, no espaço Mira Fórum.

O trabalho realizado em 2020, no lar da Santa Casa da Misericórdia de Macau e no Asilo de Santa Maria, da Caritas, foi “o mais importante que fiz relacionado com a covid-19 em Macau”, disse ao HM Gonçalo Lobo Pinheiro.

“A pandemia não teve aqui grande expressão, felizmente, e tornou-se complicado para mim encontrar motivos de fotografar. Acabei por optar por ir aos lares, a par de fazer fotografia do quotidiano. Fui fazendo um levantamento possível, mesmo não havendo casos. Os Serviços de Saúde não permitiram que fizéssemos fotografias na linha da frente, então fui por outras vias, além de que os idosos são um dos grupos de risco desta pandemia.”

Neste ano as fotografias estiveram presentes em algumas exposições, além de terem ganho o primeiro prémio do concurso de fotografia da revista Macau Closer. Também obtiveram algumas menções honrosas em prémios internacionais.

O fotojornalista, que também escreve poesia, tendo inclusivamente publicado alguns livros, foi buscar à sua “alma poética” o nome deste livro. “Gosto de poesia e achei que [a palavra Desvelo], nesta óptica do cuidador, do cuidar dos idosos, pudesse ser mais poética para explicar, para não ser tão claro na minha abordagem.”

Na próxima quinta-feira, a apresentação da obra estará a cargo do arquitecto Francisco Ricarte, que também faz fotografia de forma amadora. Carlos Morais José, director do HM, assina o prefácio.

Portas abertas

Se Gonçalo Lobo Pinheiro não teve acesso aos hospitais para fotografar a covid-19 de perto, pôde fazê-lo com todo o apoio nestas instituições. “A primeira história foi captada a 29 de Abril de 2020, precisamente um ano antes do dia do lançamento do livro, no Lar da Nossa Senhora da Misericórdia da Santa Casa da Misericórdia de Macau. O lar abriu-me portas e pude testemunhar como os cuidadores estão, mais do que nunca, firmes no apoio aos idosos, muitos deles com várias deficiências.”

A segunda reportagem fotográfica foi feita no lar da Caritas a 8 de Maio de 2020. “A madre Louis Mary Sesu Ratnam conduziu-me numa visita ao asilo exclusivo para mulheres idosas. Louis Mary falou de como é ajudar no lar durante a pandemia. Explicou que os cuidadores são essenciais, principalmente nestes momentos. Se não fossem os cuidadores, quais curandeiros, estes idosos ficariam desamparados. ‘Fazemos o que podemos, mas fazemos com cuidado e seriedade’, confessou-me na altura”, adiantou o fotojornalista.

Gonçalo Lobo Pinheiro lembrou que as histórias captadas com a sua lente “falam de pessoas, de idosos e dos seus cuidadores”. “Os idosos são um grupo de risco da pandemia que assola o mundo e para o qual só agora começam a surgir esperanças para o seu combate efectivo, ainda que em diversas partes do mundo a doença não esteja controlada”, notou ainda o autor.

“DESVELO • 關愛 • ZEAL” é uma edição da Ipsis Verbis e terá uma edição em português, inglês e chinês. A obra conta com o apoio do projecto The Other Hundred – Healers, no qual este trabalho acabou por ser finalista, tendo sido publicado em livro na Malásia e já exposto em algumas cidades no mundo. Além disso, o fotojornalista contou com o apoio do Banco Nacional Ultramarino e do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

23 Abr 2021

FRC | Macau a partir de Miguel Real e João Morgado 

Na próxima segunda-feira, dia 26, a Fundação Rui Cunha acolhe a conferência “Macau na obra de Miguel Real e João Morgado”, apresentada por Ana Paula Dias. Inserido na celebração do 9.º aniversário da Fundação, o evento analisa a obra “Contos de Macau”, de João Morgado, e “A Cidade do Fim”, livro que nasce de uma investigação histórica realizada por Miguel Real

 

Para celebrar os nove anos de existência, a Fundação Rui Cunha (FRC) realiza na próxima segunda-feira uma palestra sobre literatura organizada em parceria com a Associação dos Amigos do Livro, intitulada “Macau na obra de Miguel Real e João Morgado”, e que contará com a presença de Ana Paula Dias, doutorada pela Universidade Aberta e especialista em ensino e aprendizagem de língua estrangeira, educação intercultural e pedagogia da paisagem linguística, entre outras áreas relacionadas com políticas de língua em Macau. A palestra acontece às 18h30 e será realizada em língua portuguesa.

No caso da obra “Contos de Macau”, João Morgado compila um vasto conjunto de histórias criados a partir do material recolhido aquando da sua estada em Macau, em 2017. Segundo um comunicado da FRC, tratam-se de contos que espelham “um lirismo em estado puro, animado de uma prosa poética, que diferencia este livro dos seus romances históricos”.

E este lirismo vem “do realismo social que identifica e singulariza Macau na sua geografia, tradição, história do século XX, grupos sociais diferenciados, sobretudo os portugueses e os chineses”. Trata-se de uma “prosa poética que valoriza mais os sentimentos que a racionalidade, mais o voo da imaginação que a descrição fotográfica da realidade, mais a heterodoxia e a rebeldia do que a hierarquia social e, sem desprezar o elemento masculino, valoriza sobretudo os desejos e os anseios do elemento feminino”, considera a FRC.

João Morgado esteve em Macau na qualidade de escritor participante de uma das edições do Festival Literário Rota das Letras. Numa entrevista concedida ao jornal Ponto Final, o autor revelou ter ficado deslumbrado com o território.

“Ainda estou naquela fase do espanto, de boca aberta, e estou agora a descobrir Macau, que me parece fascinante. Vou estar por aqui alguns dias e certamente alguma inspiração virá. Para já, tenho um compromisso com o próprio Festival de escrever um conto para a próxima revista do próximo ano [2018], mas certamente escreverei mais sobre Macau e penso voltar cá um dia destes com mais tempo para fazer investigação e trabalho. Desta vez estou cá mais em termos de participação no Festival. Estive na Escola Portuguesa de Macau e vou estar no Instituto Português do Oriente, mas espero um dia poder cá voltar com tempo para fazer pesquisas e trabalhar nesta área literária.”

“Rigorosa investigação”

No caso do livro “A Cidade do Fim”, de Miguel Real, nasce de uma “rigorosa investigação histórica que celebra os 500 anos de relações entre Portugal e a China”, e onde o autor decide relatar num romance de amor a história de Macau a par de uma biografia ficcionada de Fátimo Martins, professor de Português radicado em Macau em 1941. Esta obra é “homenagem de Fátimo (o protagonista) à sua língua natal, à pátria que o adoptou e, claro, à pequena flor de lótus que fez desabrochar”.

Para a FRC, este evento, além de celebrar o aniversário desta entidade, procura “mostrar a multiplicidade de olhares sobre esta cidade e a forma como os mesmos se reflectem na literatura, dando origem a diversas obras”.

22 Abr 2021

Música | LMA recebe este sábado terceira edição do Festival Arroz

A terceira edição do Festival Arroz acontece este sábado, dia 24, a partir das 21h30 no espaço Live Music Association. Ao contrário das edições anteriores, onde a música electrónica, o funk ou o rock foram os protagonistas principais, o cartaz revela sonoridades mais pop com as bandas locais Joking Case, The Land of Children ou Nevermind. Mas a música de dança também está garantida com os None of Your Business, sem esquecer o rock dos LAVY

 

É uma pop romântica, mas com sons amadurecidos, aquela que pode ser ouvida este sábado, dia 24 de Abril, no espaço Live Music Association (LMA), a partir das 21h30. O Festival Arroz está de regresso e na sua terceira edição traz diferentes sonoridades, num ritmo mais calmo, apesar de trazer os LAVY, banda de rock já com passos firmados na cena musical local, e os ritmos da música de dança com Rui Simões dos None of Your Business.

Dickson Cheong, um dos gestores do espaço LMA, revelou ao HM que essa é a grande novidade desta edição, a tentativa de revelar “o lado mais meloso das bandas locais que está por descobrir”. “Passamos dos respeitados LAVY, com os seus tons lendários de Rock and Roll, para um grupo de músicos talentosos como é o caso dos Joking Case, que nos trazem uma sonoridade rock que faz arrepiar a pele. Os The Land of Children e Nevermind vão-nos surpreender com uma sonoridade musical refrescante”, adiantou.

Dickson Cheong garante que o objectivo desta série de concertos é “trazer o lado mais suave da música rock, proporcionando um ambiente com sonoridades mais relaxantes”. “Espero poder testemunhar o nascimento de um novo género musical também”, frisou o gestor do LMA.

Mais edições a caminho

“Shelter” é o nome de uma demo já gravada pelos The Land of Children que revela precisamente este lado mais romântico da pop. Composta por quatro músicos “que gostam de estar juntos e documentar as histórias e os sentimentos do seu dia-a-dia através das canções”, os The Land of Children assumem ser “kidults [crianças crescidas]” que se juntaram por causa da música.

“Estão ansiosos por crescer e viver com a sua própria música e partilhar as melodias que pertencem a todos os apaixonados pela música que os rodeiam”, escrevem os quatro músicos na terceira pessoa. No caso dos Joking Case, o público poderá ouvir “You’re still the one I want for Christmas”, música que é acompanhada por um videoclipe a preto e branco.

“Como sempre, queremos tentar introduzir nos nossos eventos mais talentos locais”, adiantou Dickson Cheong. Pelo palco do LMA já passaram inúmeras bandas com diferentes sonoridades, sendo que o Festival Arroz promete não ficar por aqui. O gestor do LMA assegurou ao HM que já estão a ser pensadas mais edições para este ano.

A mistura de estilos musicais nesta iniciativa é tanta que até inspirou o próprio nome do evento. “Quando estávamos a organizar o festival não sabíamos qual seria o nome ideal. Fizemos uma pausa, pedimos comida de fora e decidimos que o festival poderia chamar-se Arroz, devido à mistura do arroz cozido com comida chinesa ou ocidental. É como a música, em que podemos misturar todo os estilos”, contou Dickson Cheong. A entrada nos concertos de sábado é feita mediante o pagamento de um donativo.

21 Abr 2021

Pintura chinesa vai a leilão com estimativa de 45 milhões de dólares

Uma pintura chinesa de 1924 vai a leilão, em Hong Kong, com uma estimativa mínima de 45 milhões de dólares, ilustrando o apetite dos coleccionadores por arte apesar da crise económica provocada pela pandemia da covid-19.

A pintura, do artista moderno chinês Xu Beihong, retrata um escravo, escondido numa caverna, e um leão. É baseada na mitologia romana antiga e nas Fábulas de Esopo, segundo a casa de leilões Christie’s.

Xu usa frequentemente a figura do leão no seu trabalho, para exemplificar a crença na ascensão da nação chinesa. O leão na pintura surge ferido, mas permanece digno, justo e orgulhoso – um símbolo do espírito chinês, segundo a casa de leilões.

A pintura “Escravo e Leão” é considerada uma obra inovadora, que inspirou as pinturas posteriores de Xu, e uma das pinturas a óleo mais importantes da história da arte chinesa.

“O próprio Xu Beihong é um dos mais importantes artistas modernos da China, que influenciou gerações de pintores e artistas”, disse Francis Belin, presidente da Christie’s para a Ásia-Pacífico. “Este tipo de trabalho e de prestígio não chegam ao mercado com muita frequência”, descreveu. Estima-se que a pintura facture entre 45 milhões de dólares e 58 milhões de dólares, num leilão de lote único, em 24 de Maio.

Belin observou que há um apetite diversificado por obras-primas modernas e contemporâneas e que o mercado deve permanecer forte. No ano passado, uma pintura chinesa de 700 anos intitulada “Cinco Príncipes Bêbados a Retornar a Cavalo”, da Dinastia Yuan, arrecadou 41,8 milhões de dólares, num leilão da Sotheby’s em Hong Kong.

20 Abr 2021

Cinema | Propostas para a semana entre clássicos de Hong Kong e comédia francesa

O Cinema Alegria exibe na sexta-feira a comédia negra “O Grande Êxito”, do realizador francês Emmanuel Courcol, que conta a história de um actor desempregado que encena Samuel Beckett com uma companhia de reclusos. Hoje, a Cinemateca Paixão celebra a sétima arte de Hong Kong com “Final Victory”, o clássico realizado por Patrick Tam, com argumento escrito por Wong Kar-wai

 

Imagine a interpretação da tragicomédia de Beckett “À espera de Godot” por um grupo de reclusos dirigidos por um actor desempregado. Agora imagine que a peça é um sucesso arrebatador, levando a improvisada companhia de teatro numa digressão além dos muros da prisão e que esta história aconteceu mesmo. Esta é a premissa de “O Grande Êxito”, “Un Triomphe” no título original, filme de Emmanuel Courcol baseado em acontecimentos reais exibido esta sexta-feira, às 19h, no Cinema Alegria.

No centro da narrativa está Etienne, um carismático actor no desemprego, que acaba a dirigir um workshop de teatro numa prisão. O resultado do projecto é a encenação da comédia negra, com profundos tons existencialistas, “À Espera de Godot” com um elenco formado exclusivamente por reclusos. A paixão e entrega da improvável trupe garante-lhes autorização para fazerem uma digressão nacional, proporcionando finalmente a Etienne o reconhecimento artístico que lhe escapara ao longo da carreira.

“O Grande Êxito” foi filmado em oito dias num estabelecimento prisional onde estão presos cerca de um milhar de reclusos e ganhou o prémio de Melhor Comédia Europeia dos 33.º Prémios do Cinema Europeu foi distinguido como o filme preferido do público no Victoria Film Festival, no Canadá.

Polícias e ladrões

Ainda esta semana, destaque para o ciclo “Histórias de Hong Kong: Mostruário dos clássicos de Hong Kong”, que termina esta semana na Cinemateca Paixão. Hoje, às 21h30, é exibido “Final Victory”, um filme de acção de 1987 realizado por Patrick Tam, com argumento escrito por Wong Kar-wai. Com Eric Tsang, Rachel Lee e Tsui Hark nos papéis principais, a história centra-se na tensão dramática entre dois irmãos, com o submundo das tríades como cenário.

Depois de o personagem interpretado por Tsui Hark, um chefe de tríade, ser preso, encarrega o irmão (Eric Tsang) de tomar conta das suas duas amantes, com todas as aventuras que isso irá implicar. “Final Victory” foi nomeado para 10 prémios na 7.ª edição do Hong Kong Film Award, mas apenas ganhou melhor edição. Ainda assim, foi um dos sucessos de bilheteira nesse ano.

Na quinta-feira, às 19h, é projectado na Cinemateca Paixão “Victim”, o thriller policial realizado por Ringo Lam, que estreou em 1999. O filme teve um percurso acidentado até chegar aos ecrãs com uma disputa entre o realizador e o produtor, Joe Ma, que levou a mudanças severas na edição.

Ma, protagonizado por Sean Lau, é um programador informático que desaparece do mapa, o que faz com que a sua namorada apresente queixa na polícia por rapto. Levando uma vida difícil, sem emprego e com mais dívidas que esperança, Ma é encontrado em muito mau estado, ensanguentado, pendurado de cabeça para baixo num hotel decrépito. O local onde é encontrado tem fama de ser assombrado, depois de um horripilante episódio de homicídio/suicídio que vitimizou o casal que geriu o hotel.

Depois de ser encontrado, Ma começa a aterrorizar a namorada, levando a polícia a suspeitar que o seu comportamento bizarro serve para disfarçar crimes maiores. Ainda estão disponíveis bilhetes para os dois filmes, com cada ingresso a custar 60 patacas.

20 Abr 2021

Porto Interior e Taipa recebem novos espectáculos de rua a partir de 1 de Maio 

O Instituto Cultural (IC) promove, a partir do dia 1 de Maio, 124 sessões de sete espectáculos de rua nas zonas do Porto Interior e na Taipa, nomeadamente nas Casas-museu e Feira do Carmo. A iniciativa intitula-se “Espectáculos no âmbito da Excursão Cultural Profunda nas Zonas do Porto Interior e da Taipa”, tendo sido recrutados vários grupos locais para desenvolver “produções inspiradas em histórias comunitárias do Porto Interior e das Casas da Taipa” e que incluem apresentações de dança, visitas guiadas, peças de teatro e teatro de fantoches. Estes eventos acontecem aos fins-de-semana.

O programa inclui iniciativas como “Um Passeio pelo Porto Interior com André Auguste Borget”, inspirado nas obras do artista francês que viveu em Macau, e que será complementado com espectáculos de dança ambiental e visitas guiadas, para mostrar ao público o ambiente do Mercado Municipal do Patane. Outra actividade é ”Truz-truz, Quem Atracou no Porto Interior?” da autoria do MW Dance Theatre, que tem como ponto central a interacção entre o meio ambiente e a realidade, com o aparecimento de um monstro, sendo explorada a zona desde a Rua da Praia do Manduco até à Barra.

O cartaz inclui ainda “Regresso de Barco” da autoria da Associação de Dança – Ieng Chi, que conta a história do Porto Interior ao longo de um século através de um guia histórico informativo com descrições completas e complementadas com breves apresentações de dança ambiental ligeira, levando o público a caminhar ao redor da zona da Praça da Ponte e Horta. Para participar nestas três actividades é necessário efectuar registo prévio. Cada espectáculo tem capacidade limitada para 20 pessoas e os lugares são preenchidos por ordem de chegada. Os interessados podem fazer o registo a partir das 10h de hoje no website do IC.

CPM apresenta marionetas

A Casa de Portugal em Macau (CPM) também participa nesta nova série de espectáculos promovidos pelo IC, com os eventos “O Barbeiro” e “O Arraial”. Tratam-se de dois espectáculos de marionetas que contam “histórias de forma animada e descontraída”, sendo que a primeira apresenta um célebre herói português e a segunda tem como tema as festividades tradicionais portuguesas.

O programa inclui ainda “Poema de Pedro e Inês” da autoria da companhia The Funny Old Tree Theatre Ensemble, que propõe uma representação nas Casas da Taipa, reunindo a “Fonte dos Amores”, a arquitectura portuguesa e a obra de um poeta português para encenar uma história de amor tão séria quanto humorística.

O cartaz encerra com “O Vendedor de Histórias” da autoria da Dream Association, inspirado na cultura dos vendedores da comunidade de Macau, é uma peça de teatro móvel que combina a narração de histórias com o teatro de marionetas para dar a conhecer ao público o passado e as histórias de família de Macau.

20 Abr 2021

FRC | Exposição de imagens e vídeos da quarentena inaugurada amanhã

A Fundação Rui Cunha acolhe, a partir de amanhã, terça-feira dia 20, a exposição “Quarentena 21+7”, que junta imagens e vídeos feitos pelos residentes que realizaram o período de isolamento de 21 dias num hotel em Coloane depois de viajarem a partir da Europa. Alexandra Pais, psicóloga, vai falar sobre os efeitos sociais e psicológicos da pandemia e da quarentena

 

O período de observação médica cumprido pelos residentes entre os dias 21 de Janeiro e 11 de Fevereiro, no Hotel Grand Coloane Resort, resultou numa série de expressões artísticas e criativas que levaram à exposição “Quarentena 21+7”, inaugurada amanhã na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC) a partir das 18h30. A curadoria está a cargo do fotógrafo António Mil-Homens, que também cumpriu a quarentena depois de fazer o voo Lisboa-Amesterdão-Tóquio-Macau no início do ano. Dos mais de 100 residentes que fizeram esta viagem, apenas 21 participaram neste desafio criativo.

“Durante o período da quarentena, em vez de cada um estar virado para dentro, no seu isolamento, criou-se uma dinâmica de inter-relação permanente onde se incluiu um concurso de fotografia”, contou o curador ao HM.

A mostra é composta por 20 painéis de fotografias que contam o dia-a-dia dentro de um quarto de hotel, e que foram partilhadas numa aplicação de mensagens no telemóvel. “Algumas das pessoas do grupo não se conheciam. O desafio criado pelo concurso, entre pessoas na mesma situação, inspirou-as a pensar de forma positiva e criativa.

Não foi fácil criar novos assuntos para fotografar, enquanto se estava confinado a um quarto de hotel. Mas este desafio, e a ampla comunicação que ele exigiu, ajudaram a criar um vínculo emocional positivo com a envolvente e com os outros participantes”, descrevem os autores das imagens.

António Mil-Homens assegura que esta exposição espelha muita criatividade e imaginação. “Acreditava que ia ser possível isso acontecer, tendo como base a minha experiência através dos cursos de fotografia que fui organizando ao longo dos anos. Um dos desafios que coloco na primeira aula é desafiá-los [aos alunos] a um espaço restrito. Quando as pessoas são solicitadas a olhar para um espaço para o qual nunca olhariam, é incrível a capacidade de observação que se gera de imediato. Mas aqui era mais desafiante, porque eram três semanas em que estávamos confinados a um espaço.”

Além das imagens, o público poderá também assistir à projecção de clipes de vídeos realizados por quem cumpriu a quarentena. “Houve um dia em que o desafio era a realização de um curto clipe de vídeo. Gerou coisas incríveis em termos de imaginação e realização técnica”, disse António Mil-Homens.

Debater o confinamento

O objectivo da “Quarentena 21+7” não passa por revelar ao público as imagens e os vídeos feitos em período de isolamento, mas também gerar a discussão sobre os efeitos dessa experiência. Nesse sentido, a inauguração da exposição vai também contar com a presença, online, da psicóloga Alexandra Pais, que via Zoom irá abordar o tema “Pandemia, Confinamento e Período de Observação Médica”, a partir das 19h.

Esta exposição “pretende sensibilizar para o impacto do isolamento e mostrar como este pode ser reduzido, mantendo a atitude mental certa: solidariedade, imaginação e positividade”. A mostra, com entrada gratuita, pode ser vista até ao dia 30 de Abril.

19 Abr 2021

Fotojornalista Nuno André Ferreira alcança 3.º prémio no concurso World Press Photo

O fotojornalista Nuno André Ferreira, que trabalha na agência Lusa, conquistou o terceiro lugar na categoria ‘Spot News’ do prémio internacional de fotografia World Press Photo, com um trabalho sobre incêndios em Oliveira de Frades, foi ontem anunciado.

A organização do World Press Photo anunciou ontem os 45 vencedores de 28 países, seleccionados entre os finalistas em várias categorias do prémio internacional de fotografia e fotojornalismo.

A imagem de Nuno André Ferreira que esteve nomeada no concurso foi captada em setembro de 2020 e mostra, em dois planos, uma criança dentro de um carro, e ao longe o recorte das chamas num incêndio que começou em Oliveira de Frades (Viseu) e se estendeu pelos concelhos vizinhos.

Nuno André Ferreira, nascido em 1979, vive em Viseu e trabalha com a agência Lusa desde 2009, e o seu trabalho tem sido premiado, nomeadamente em 2019 quando venceu por unanimidade o Prémio Rei de Espanha de Jornalismo, com a fotografia “O Nosso Presidente Marcelo”, publicada pela agência Lusa em 19 de outubro de 2017.

16 Abr 2021