Pintura | Exposição da Lusofonia abre hoje no Clube Militar

Inaugura hoje a “Exposição de Pintura Lusófona 2016” na Galeria Comendador Ho Yin, no Clube Militar. É a segunda edição do evento e traz a Macau, mais uma vez, um “quase filho da terra”. José Vicente chega para tratar essencialmente da logística associada à produção, num evento que conta com 27 trabalhos vindos de nove países da lusofonia e que traz a Macau nomes conhecidos e novidades na arte contemporânea

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]osé Vicente vem, desta vez a Macau, não como curador, mas sim para prestar um serviço à Associação de Promoção de Actividades Culturais (APAC), entidade responsável pela exposição que inaugura hoje no Clube Militar e que é dedicada à arte que se faz na lusofonia. Este é um evento que traz não só artistas portugueses mas de toda a lusofonia, informa com satisfação o responsável, enquanto descreve o processo pelo qual normalmente passa até chegar às obras que traz a esta ou outras exposições que têm feito parte do seu CV.
“A APAC está com a produção executiva do evento e vim, apenas, dar o apoio necessário à produção da exposição”, explica ao HM. “Tive, mais uma vez, oportunidade de ter conseguido estar com todos os artistas que aqui são representados, de conviver dentro do atelier, aquele sítio especial onde o mundo acaba porque só existe aquele lugar”, explica enquanto adianta que é naquela intimidade que o também curador “se sente mais à vontade para trabalhar”.
José Vicente tem ligações a Macau desde 2001 e tudo começou com uma exposição no Hotel Mandarim “ainda o mar batia naquelas paredes”. O laço fechou-se, mas com isso marcaram-se muitos retornos sempre no sentido de “trocar culturas”. Se, por um lado, tudo começou com o trazer artistas de Portugal para se darem a conhecer por cá, com o tempo, os projectos foram mudando. Agora, José Vicente traz artistas lusófonos e dedica-se à prata da casa.

Mudar não quer dizer piorar

As mudanças que o curador tem vindo a assistir desde 2001 no território têm sido mais que muitas, e se, no início, “as exposições eram muito viradas para a comunidade portuguesa, esse facto não era intencional mas sim algo que acabava por acontecer espontaneamente”. Com o tempo e “de porta aberta para toda a gente” começou-se a registar uma cada vez mais afluente vaga de público da terra que não só demonstrou curiosidade, como passou a registar uma crescendo de interesse pelo que vinha de além mar.
“O que fazemos é para os locais, sejam eles de que nacionalidade for, porque a arte é para ser para todos”, afirma José Vicente.
Relativamente aos artistas locais, o curador relembra a título de exemplo a exposição da lusofonia do ano passado em que fizerem parte da sua selecção obras de Ung vai Meng, presidente do Instituto Cultural. “Estas exposições têm esta característica essencialmente agregadora e esta, que está a inaugurar, é mais um exemplo disso.
São muitos anos e muitas as diferenças que José Vicente tem assistido na RAEM. No entanto, “a mudança não tem que ser obrigatoriamente negativa, pode trazer desenvolvimentos positivos, sendo que é fundamental que se tenha em mente a sustentabilidade desse crescimento”, explica.
A arte, por seu lado, tem acompanhado este crescimento. E não só em Macau, mas na Ásia.
“O que se faz por cá é cada vez mais visto em todo o lado porque o crescimento traz diferença, a diferença traz novos pontos de vista e isso traz outro imaginário e outra criatividade.”
O evento que inaugura hoje traz Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, Timor Leste, S. Tomé e, claro, Macau. Da casa estará representado o reconhecido Ieong Tai Meng, de Moçambique Malangatana e de Portugal João Paulo. A exposição conta com entrada livre e estará patente até 23 de Outubro.

12 Out 2016

Albergue SCM relança “Famílias Macaenses” de Jorge Forjaz

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Albergue SCM planeia lançar novamente a obra “Famílias Macaenses”, de Jorge Forjaz. O livro foi apresentado pela primeira vez ao público em 1996, durante o II Encontro das Comunidades Macaenses, mas o espaço dirigido por Carlos Marreiros quer reavivar uma memória que diz ser fruto de um “árduo trabalho”.
Foi em 2011, de acordo com um comunicado do Albergue SCM, que Jorge Forjaz foi convidado a vir a Macau partilhar uma reflexão sobre o seu trabalho e o impacto que teve na comunidade. Após a conferência, Carlos Marreiros desafiou o autor para uma nova etapa: a revisão e actualização da primeira edição de “Famílias Macaenses”. Um desafio que agora se concretiza.
“Após cinco árduos anos de trabalho, o resultado monumental está à vista e ultrapassou largamente o que esperávamos do autor. A segunda edição de ‘Famílias Macaenses’ é uma revisão geral da obra, actualizada em quase todos os capítulos e sub-capítulos, acrescentada com 80 novos capítulos e ilustrada com mais de três mil fotografias, numa edição em cinco volumes, mais um volume de índices, que incluirá todos os nomes citados ao longo da obra”, indica o Albergue.
Na obra original reúne-se “pela primeira vez” toda a família macaense dispersa inicialmente pelo imenso território da China (Hong Kong, Cantão, Xangai, Harbin), Japão (Kobe, Nagasaki, Tóquio, etc.), Tailândia, Singapura, ou, mais tarde, pelo Brasil, Canadá, E.U.A., Austrália e Portugal.
“A recepção que tal obra teve junto das comunidades macaenses foi extremamente positiva”, indica a organização.
O Albergue SCM admite, contudo, que o projecto editorial implica um “enorme esforço financeiro”, pelo que o espaço está a pedir ao interessados em adquirir o livro que o encomendem através de email (creativealbergue@gmail.com).
A previsão é que a obra seja lançada no próximo Encontro das Comunidades Macaenses em Macau, de 26 de Novembro a 2 de Dezembro.

12 Out 2016

Lusofonia | Escola do Alentejo mostra construção de instrumentos musicais

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hama-se Ofício das Artes (OFA), é uma escola profissional de música localizada na cidade alentejana de Montemor-o-Novo e vem a Macau participar no Festival da Lusofonia, que se realiza entre os dias 21 e 28 de Outubro. O convite foi feito pela Casa de Portugal em Macau (CPM) e o objectivo é mostrarem ao público o curso de construção de instrumentos musicais, um dos poucos existentes em Portugal.
Ao HM, Daniel Garfo, presidente da OFA, explicou aquilo que vão mostrar nas Casas-Museu da Taipa. “Estabelecemos contacto com a CPM no sentido de avançarmos com o workshop de construção de cavaquinhos. A construção de instrumentos é-nos especial, por ser um dos cursos que leccionamos na OFA, bem como o único curso de Luthiers (profissionais que trabalham na construção de instrumentos) na Península Ibérica. No festival da Lusofonia e na feira de artesanato será possível adquirirem instrumentos novos e criados manualmente e podem ainda assistir à construção de instrumentos ao vivo”, referiu o também docente de Música.
O objectivo da escola alentejana é fixar pontes com Macau e, a partir do Festival da Lusofonia, internacionalizar o projecto OFA. “Acreditamos que esta parceria é benéfica para estreitarmos relações com a CPM e iniciarmos novos projectos em conjunto, conhecer novos parceiros e manter a tradição portuguesa em Macau.”
Com a CPM está ainda a ser pensado o projecto “Here Comes the Sun”, que visa angariar fundos para ajudar alunos dos países de língua oficial portuguesa a estudar na OFA. “Pretendemos envolver não só os portugueses e cidadãos dos PALOP a viver em Macau como a sociedade de Macau no geral, fazendo uma apresentação musical com alguns dos professores e alunos da OFA com o conhecido músico santomense Guilherme de Carvalho e com Beatriz Nunes, vocalista dos Madredeus”, adiantou o presidente da escola.
Daniel Garfo disse ainda que está na calha a concretização de um projecto de intercâmbio de jazz entre alunos portugueses e de Macau. “Queremos dar visibilidade a este projecto, estreitar relações com Macau e atingir o nosso objectivo primordial de angariar fundos para ajudar os alunos carenciados. Quem sabe possamos ajudar alunos de Macau a estudar jazz na OFA”, rematou Daniel Garfo.

12 Out 2016

Lusofonia | Três milhões para a festa que traz HMB, Don Kikas e Os Tubarões

As cores, sons e sabores dos países lusófonos vão animar a zona das Casas Museu da Taipa de 20 a 23 de Outubro. O evento, que este ano custa três milhões de patacas, continua a querer ser um marco na agenda turística local

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] sítio é o do costume e a data marcada é de 20 a 23 de Outubro. É a 19.ª edição do Festival da Lusofonia que aí vem e que está orçamentada em três milhões de patacas. Esta edição promete trazer, mais uma vez, os sons dos quatro cantos do mundo que têm em comum a ligação lusa.
À semelhança das edições anteriores, um dos pontos fortes do evento é a realização de espetáculos que juntam artistas locais a outros, oriundos dos países que integram a edição. Das nações integrantes fazem parte Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Goa, Damão e Diu, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. O anfiteatro das Casas Museu da Taipa vai receber desde a Tuna Macaense, à capoeira brasileira, danças e cantares portugueses, performances e fados, entre artistas locais e outros convidados, de modo a mostrar as raízes desta “comunidade imensa que é a comunidade lusófona”.
De destaque, para a organização, são espectáculos de música e dança de artistas lusófonos ou os de música ligeira de artistas de Macau. Entre os nomes em cartaz estão agendados, para dia 21, a actuação de Don Kikas que vem de Angola, Knananuk de Timor e os Latin Connection, que representam Goa, Damão e Diu.
Vindos de Portugal estão os HMB e de Cabo Verde “Os Tubarões”. “Os Garimpeiros” de Moçambique também cá chegam e todos têm concertos agendados para o dia 22 das 20h00 às 23h00. A fechar a edição está Margareth Menezes, do Brasil, Tino Trimó da Guiné-Bissau e Tonecas Prazeres de São Tomé e Príncipe.

Comes e bebes

O petisco não falta e o Jardim Municipal do Carmo e o Largo homónimo voltam a ser palco dos chefs que ali vão mostrar a gastronomia dos países da lusofonia. Feijoadas do Brasil, moambá de Angola ou cachupa de S. Tomé são só algumas das iguarias que os interessados vão poder pôr à boca durante o evento. A acompanhar a edição vai ainda estar no ar a Rádio Carmo , uma edição especial que acompanha, em directo, convidados, visitantes e actividades.
Relativamente à edição do ano passado – cujo orçamento estava situado nos 3,3 milhões de patacas – os números deste ano são inferiores porque o “Instituto Cultural (IC) poupou essencialmente na publicidade, tendo agora uma maior divulgação online”, explica o responsável. O programa está preparado para acolher cerca de 20 mil pessoas, “mais ou menos o mesmo número do ano passado”, segundo a apresentação por parte do IC realizada ontem.
Porque é um evento a pensar em todos, para o mais pequenos estão disponíveis passeios de pónei e espaços especiais com a realização de workshops a eles dedicados.
Também para todos estão, como em anos anteriores, a ser preparados torneios de jogos tradicionais e matraquilhos com direito a prémios monetários aos melhores classificados e uma pequena aventura num simulador do Grande prémio. À festa justam-se vários stands de exposições que integram o que se faz nos países com ligação a Portugal.

Acessos mais fáceis

O Festival da Lusofonia acontece desde 1998 e tem como objectivo a promoção e divulgação das culturas e costumes dos países lusófonos bem como a homenagem às comunidades de expressão portuguesa sendo que faz parte das metas do IC “transformar o festival num marco das efemérides locais de modo a que se concretize enquanto ponto da agenda turística da região”.
De modo a facilitar o acesso ao local, tema que tem vindo a ser polémico, o IC garante que está em comunicação com a Direcção dos Assuntos de Tráfego, de modo a que esta estabeleça as devidas medidas para o aumento da frequência dos transportes públicos enquanto decorre o festival. Por outro lado, e para os que pretendem aceder à zona das Casas Museu da Taipa de carro, estará disponível o silo perto da zona do Carmo.

7 Out 2016

Tuna Macaense comemora 80 anos com novo álbum

Os 80 anos foram em 2015 mas a festa da Tuna Macaense é hoje, com o lançamento do sexto álbum do grupo na Fundação Rui Cunha. O grupo promete crescer num futuro próximo e continuar a “cantar Macau”

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]eis de Outubro foi a data marcada para lançar o sexto álbum da Tuna Macaense em jeito de comemoração do seu 80º aniversário. O local é a Fundação Rui Cunha e o momento promete uma pequena actuação por parte da Tuna, como forma de agradecimento pelo apoio tido ao longo dos anos.
A alegria e orgulho sentem-se nas palavras de Jorge Russo, nome pelo qual é conhecido o presidente da Tuna Macaense, ao falar do CD que é lançado hoje. “É um conjunto de 16 temas compostos propositadamente para assinalar a data e cantados em Português e Patuá”, refere o representante ao HM.
Tinha data marcada para o ano passado, visto a Tuna “ter tido início em 1935”, mas, devido a problemas técnicos, a gravação do disco só foi possível no passado mês de Abril.
O agrupamento tem atravessado gerações e Jorge Russo faz parte dele desde 1990. Passou pela administração portuguesa da actual RAEM, sentiu as mudanças da transição e hoje assume que “a actividade da Tuna Macaense actualmente é muito melhor do que antigamente”.
Se no passado faziam parte do repertório, essencialmente, temas instrumentais que misturavam os sons de bandolins, violas e cavaquinhos, actualmente acresce à sonoridade uma preocupação com a composição das letras. “Antes das transição, o pouco que era cantado era em Português e as nossas apresentações eram mais restritas”, refere Jorge Russo, enquanto justifica que a actividade da Tuna, antes da transição do território, era limitada a convites pontuais feitos por parte do então governo luso.
Depois de 1999 “mudou muita coisa e para melhor”, salienta. “Começamos a cantar em mais locais e a ter uma actividade mais livre, por um lado, e por outro começamos a trabalhar com as línguas que se falavam cá e a compor letras em Patuá, Cantonês e mesmo Mandarim, o que foi de encontro aos desejos da população.”
Outra opção foi adoptar temas de origem inglesa às línguas da terra. “As pessoas ouviam coisas que conheciam, mas na sua língua, e foi assim que a Tuna foi adquirindo mais popularidade nos últimos anos entre a população local”, explica Jorge Russo.
Mais do que a linguagem, é conteúdo que Jorge Russo pretende dar às canções da Tuna. É um “cantar Macau”, em que as palavras e as sonoridades pretendem transportar para os palcos “as ruas de Macau, as suas pessoas, o património e a história da terra de modo a conservar as memórias”.

Futuro risonho

Actualmente a Tuna é composta por apenas seis elementos. No entanto, o reduzido número de músicos não é factor desmoralizante para o presidente do grupo musical. A Tuna Macaense já está em processo de renovação com a recente colaboração com os alunos do curso de Música do Instituto Politécnico de Macau. A ideia é que no próximo ano estes pupilos integrem a formação e, desta forma, tragam a desejada continuidade à Tuna Macaense. Tudo isto porque, para Jorge Russo, as dificuldades “não são assim muitas e o grupo conta com o apoio do Governo e autonomia de espaço, o que ajuda no seu bom funcionamento”.
O lançamento do CD que comemora as 80 primaveras da Tuna Macaense tem lugar hoje, às 18h30, na Galeria da Fundação Rui Cunha e conta com entrada livre.

6 Out 2016

MAM inaugura hoje exposição de Yuen-yi Lo

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hama-se “Lidando com Objectos – Fragmentos Desenhados por Yuen-yi Lo” e é a mais recente mostra artística da Montra de Arte de Macau, dedicada a promover o talento local. Organizada pelo Museu de Arte de Macau (MAM), a exposição convida o público a fazer uma visita e observar as estórias que fluem desta série de trabalhos, e a sentir as imagens, os sons, odores e texturas dos objectos expostos.
Natural de Macau, Yuen-yi Lo, estudou Design de Comunicação e Belas-Artes em Hong Kong, Itália e Reino Unido e participou em exposições individuais e colectivas no Reino Unido, Hong Kong, Macau e Taiwan, dedicando-se actualmente à criação artística, à escrita e ao ensino. Os seus trabalhos são sobretudo desenhos a lápis e etropologia visual e centram-se em textos, grafismos e objectos usados. A artista escreve também sobre arte e cultura, feminismo e história oral, com indica uma nota do Instituto Cultural (IC).
Yuen-yi Lo publicou diversos artigos relacionados com arte e vida no periódico de Hong Kong “Mingpao”, sendo que 76 deles foram compilados e publicados no livro “Desenhando a Escrita”. Entre as suas outras obras incluem-se “Mensagens de Amor ao Longo dos Séculos: 21 cartas a Artistas parisienses”, “Um Quarto” e “Um Diário de Nushu, Escrita Feminina”, entre outros.
Yuen-yi Lo considera que na arte tradicional ocidental o desenho a lápis tem sido “periférico”, mas foi esta técnica que adoptou como núcleo do seu trabalho, explorando assim as suas funções e significado na arte contemporânea.
“Ao desenhar objectos usados do quotidiano retenho os traços de antigas experiências e recordações. Nas palavras do francês Jacques Derrida, a percepção é recordação, pelo que as pessoas desenham para se recordarem o que se passou ou o que em breve passará”, diz a autora, citada pelo IC.
A mostra abre às 18h30, no MAM, com entrada livre. Yuen-yi Lo estará apresente, apresentando as obras expostas. “Lidando com Objectos – Fragmentos Desenhados por Yuen-yi Lo” está patente até 20 de Novembro.

6 Out 2016

STOMP actuam no Venetian até domingo. Falámos com quatro ‘stompers’

Vêm de diferentes backgrounds, mas é isso que os ajuda a tornar STOMP único. Phil Batchelor, Ian Vincent, Adrien Rako e Dominik Schad falam do espectáculo que já correu continentes com ritmos feitos de objectos comuns e que, asseguram, são contagiantes

[dropcap style≠’circle’]“S[/dropcap]TOMP” é uma celebração de música e movimento, usando objectos do dia-a-dia. É, pelo menos, assim que Ian Vincent explica ao HM o conceito por trás do espectáculo que decorre no Venetian até dia 9 de Outubro. De bolas de basquetebol a vassouras, STOMP junta dançarinos e bateristas com perfomers de todos os tipos de arte com a habilidade para criar música com tudo aquilo que não é um instrumento.
Actualmente, há cinco companhias STOMP em espectáculos à volta do mundo, mas numa entrevista exclusiva com quatro dos principais dançarinos que trouxeram o espectáculo a Macau – Ian Vincent, Phil Batchelor, Adrien Rako e Dominik Schad – o HM ficou a perceber um pouco mais sobre o espectáculo que, em 25 anos, foi visto por mais de 12 milhões de pessoas em seis continentes.
Cada pessoa tem um papel diferente e varia consoante o espectáculo, o que permite que “cada um traga uma diferente personalidade” para o palco. Algo que ajuda a transformar o espectáculo, especialmente se estiver parado num local por diversos dias, como é o caso de Macau.
“Todas as noites a estrutura do espectáculo é a mesma, mas a vibe é diferente por causa de haver diferentes pessoas encarregues de diferentes momentos e deixarem o seu próprio carácter mostrar-se. É, por isso, um sentimento diferente todas as noites.”
Phil Batchelor, director em tour, explica ao HM que o espectáculo não tem um guião, ainda que a ordem por que é conduzido seja a mesma. “Começamos sempre com vassouras e acabamos sempre com bidões. A música do espectáculo está escrita, cerca de 75% do show está planeado, mas o resto depende de nós e dos nossos momentos pessoais em palco. Há lugar para improvisar e fazer os nossos próprios solos.”
Se for ver os STOMP, fique a saber que quando vir um solo, tudo o que sai da pessoa naquele momento é inventado – ou sentido – na altura. “Permite ter movimentos únicos”, assegura Batchelor.
Para os shows, os ‘stompers’ praticam duas horas antes de cada espectáculo, como nos diz Dominik, mas esse ensaio mais a sério não é o que lhes dá exactamente a prática que precisam.
“É já parte de cada um dos ‘stompers’ estar sempre a tocar em algo, a usar objectos como bateria e a fazer barulho com tudo o que temos à nossa volta. Estamos constantemente a colocar em prática o ‘fazer barulho’ de uma forma harmoniosa, transformar esse barulho em música.”
É “inconvencional”, como acrescenta Phill Batchelor, que explica um pouco mais dos bastidores. Não fosse ele o manager em tour do grupo.
“Fazemos as audições por fases, estilo ‘Factor-X’ até conseguirmos ser seleccionados. Depois aprendemos entre oito a nove horas durante seis semanas todo o show”, diz, acrescentando que todos os que compõem os STOMP vêm de diferentes backgrounds, como dança e música, é há até quem não tenha formação em qualquer uma destas artes. “Basta ter um bom sentido rítmico.” E porquê?
“O show é a transformação de objectos que se tornam instrumentos, por isso não podemos assumir que é igual a um baterista sentar-se atrás de uma bateria. Não é igual a andarmos no palco a varrer com uma vassoura a um ritmo determinado e com mais sete outras pessoas, a fazer a nossa própria música.”
Todos eles sabem diferentes papéis no espectáculo, caso seja necessário substituírem-se, havendo no total 12 pessoas – oito delas em palco.

Arte pura

“STOMP” é também um caso onde aqueles que eram dançarinos se transformam em bateristas e quem andava a fazer barulho nas baterias, se transforma em dançarino. E, no fim, “todos se transformam em ‘stompers’”, como explica Batchelor. Pegando no seu próprio exemplo, o manager diz que bastou ver o espectáculo para ficar viciado.
“Achei que era uma loucura, vê-los a tocar bateria, mas sem ser com bateria”, partilha com o HM, admitindo que “a dança não era algo que saía naturalmente”, mas com a inclusão nos STOMP tudo mudou.
Já o caso de Adrien, acabado de integrar o grupo depois de ter tido um contrato em Amesterdão, é bem diferente. Algo que comprova a diversidade do grupo.
“Era dançarino e ainda sou. Trabalhei como dançarino, professor e coreógrafo e fiz as audições quando estava em Londres, à procura de trabalho. Vi uma publicidade que dizia ‘se não consegues evitar estar sempre a fazer ritmos, anda e experimenta’ e pronto. Achei super interessante a ideia de estarmos sempre a mexer-nos, que gosto realmente, ao mesmo tempo que fazemos música.”
O alemão Dominik confessa ao HM que conseguiu, com este espectáculo, subir ao palco de uma forma diferente daquilo que sempre fez e Ian, enquanto sorri, assegura ter encontrado as suas paixões.
“Eu era baterista, estudei Música e tinha até uma banda. Vi o espectáculo algumas vezes, porque os STOMP são muito populares na Alemanha e tinha até um vídeo do grupo, quando era criança. Era um fã e, por ser um baterista, sempre senti falta de estar à frente no palco. Sentar-me lá atrás, no canto a tocar bateria não era suficiente para mim, que sempre quis estar a mexer-me mais e a interagir com o público. E os STOMP são o local ideal para isso”, explica Dominik ao HM.
“Eu cresci como dançarino, mas também baterista. A minha família é muito musical e, apesar de estar a estudar dança, ouvi falar da audição. Mas a minha história é estranha, porque fiz a audição completamente sozinho na Sidney Opera House: fiz o que eles fizeram, mas sozinho”, diz Ian, enquanto ri. “Os STOMP para mim são basicamente os dois grandes amores da minha vida juntos como um trabalho.”
E, se tinha como hobby tocar bateria, a verdade é que Phil Batchelor está nos STOMP porque queria mais do que o que a vida lhe oferecia. “Adorava tocar bateria, mas fui para a universidade e tirei Business Management e Computer Science. Enquanto estava a tirar o curso fui ver os STOMP em Londres, quando trabalhava lá. Pensei logo que era espectacular e comecei a contemplar a hipótese de que, talvez, o curso que estava a tirar não era exactamente o que queria fazer. Candidatei-me depois de um espectáculo para fazer uma audição.”
Perguntaram-lhe se tinha sentido de humor, se trabalhava arduamente e se tinha ritmo. Respondeu a tudo que “sim” e, garante-nos, não mentiu.
“Não, sim, não [menti] (risos). Esqueci-me da audição, acabei o curso e fui-me embora de Londres. Um dia depois de chegar à minha terra natal chamaram-me para Londres. Fui para uma audição nova só porque sim e aqui estou.”
Dez anos depois, Phil Batchelor e Ian Vincent continuam nos STOMP, depois de terem começado ao mesmo tempo. Estão quase sempre em tour, mas asseguram que conseguem contornar bem o facto de não pararem num sítio apenas.
“Quando temos intervalos conseguimos ver as vistas, é fixe”, diz Ian. “É fixe, claro. Quando penso no trabalho de agente imobiliário que tinha em Londres, das 8h00 às 20h00, todos os dias, seis dias por semana. Eu tenho isso como referência: se achar que está difícil aqui e começar a ficar frustrado penso logo nesse tempo e obrigo-me a ver que este é o trabalho mais divertido que posso ter”, acrescenta Phil Batchelor.
Os tempos livres dos STOMP são cheios de criatividade, como confessa Ian, que conta ao HM algumas das peripécias depois das luzes do palco se apagarem.
“Eu adoro fotografia e consigo fazer isso. Conseguimos todos fazer coisas criativas, como filmes e música. Todos nós. Fizemos um filme em Pequim, só por divertimento. E pequenos projectos, como composição de música. Tentamos fazer algo sempre juntos, além dos espectáculos.”

Vai ficar à espera?

Descrito como “um espectáculo com ritmos contagiantes, rotinas espectaculares e inovadoras e quase telepatia entre os dançarinos”, STOMP é “o derradeiro encontro entre o urbano e o primitivo” no que à dança e ao ritmo diz respeito. Parados em Macau desde o dia 23 de Setembro, o espectáculo vai até dia 9 de Outubro – pelo que só tem até domingo para comprar os bilhetes, que vão desde as 180 às 780 patacas.
Esta é a primeira vez que estes ‘stompers’ estão em Macau, mas já sentem que o território está mais inclinado para o jogo, algo que os faz lançar um desafio ao público local: “há comédia, música e dança. Há tanta coisa de que as pessoas que vêm ver o espectáculo gostam e que experienciam. Se procuram algo que é fora do normal, do que pensa, venham ver-nos”, diz Phil Batchelor, logo ajudado por Ian Vincent: “É tão divertido.” E para todas as idades. No Venetian, até 9 de Outubro.

5 Out 2016

Música | Clockenflap regressa com Chemical Brothers, Die Antwoord e George Clinton

Mais de um dezena de bandas vão subir aos palcos do Clockenflap este ano, num alinhamento que conta com nomes como os Chemical Brothers, Die Antwoord e Sigur Rós. A música reina durante três dias, num festival que se estende a todos os géneros

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]maior festival de música das redondezas está de volta a Hong Kong em Novembro. Este ano, o Clockenflap tem no alinhamento The Chemical Brothers, Die Antwoord e Sigur Rós, só para mencionar alguns. E o cartaz não está ainda fechado. transferir
Depois de um 2015 com “mais de 60 mil” festivaleiros, o Clockenflap promete mais música e arte no “Harbourfront” de Kowloon de 25 a 27 de Novembro, com bandas que vêm de todas as partes do mundo. A organização anunciou recentemente a presença dos The Chemical Brothers.
A banda do Reino Unido, que já cá anda desde os anos 1980, sobe ao palco principal do festival no último dia, domingo. Com seis álbuns e duas dezenas de singles no topo das preferências, Tom Rowlands e Ed Simons chegam ao Clockenflap para aquele que será “o único concerto” da banda na Ásia. O duo de música electrónica, “reconhecido em todo o mundo por sets ao vivo de cortar a respiração”, promete uma “performance a não perder”, onde a música vai fazer-se acompanhar de imagens psicadélicas e um festival de luzes.

De África com loucura

O Clockenflap apresenta ainda os Die Antwoord. Directamente da África do Sul, os “freaks” da cena musical que junta o Rap e as ‘raves’ sobem ao palco no segundo dia do evento. O bizarro duo toca pela primeira vez em Hong Kong, onde mostrará o que faz de melhor: a veneração e a paródia à contra-cultura Afrikaans. Com o quarto álbum a caminho e passados sete anos desde a sua estreia, Die Antwoord (“A Resposta”, em Português) afastam-se de tudo o que é comercial e comummente aceitável.
“Misturam rap com rave, visuais especiais e letras afiadas, são o antídoto perfeito para o veneno que é o ‘mainstream’”, escrevem na apresentação da banda. die_antwoord_insta
Da Islândia chegam os Sigur Rós, que regressam a Hong Kong e trazem consigo novo material. Classificados como uma banda de “post-rock”, prometem aquela que será “a sua mais épica performance de sempre”.

Do Hip Hop ao Funk

Blood Orange (Reino Unido), Fat Freddy’s Drop (Nova Zelândia), George Clinton and Parliament Funkadelic (EUA), Mad Professor (SFSF). Entre sexta-feira e domingo, o Hip Hop, R&B, Soul e Funk estará nas mãos de representantes internacionais destes géneros musicais.
É o caso de Blood Orange, que apresenta a mistura perfeita de R&B e electrónica. Sobe ao palco no sábado, depois de ter aparecido em 2004 e escrito músicas para bandas como os Florence and The Machine, Carly Rae Jepsen, Kylie Minogue e até Chemical Brothers. No mesmo dia é tempo para ver Fat Freddy’s Drop – numa combinação de Reggae, Dub, Blus e Jazz -, e o produtor de Dub-Reggae Mad Professor, que há mais de 35 anos faz novas adaptações a músicas de bandas como os Beastie Boys, Depeche Mode, Sade e Jamiroquai.
Um dia antes sobe ao palco “o rei do Funk”: George Clinton, lenda que inspirou nomes de Michael Jackson a Red Hot CHilli Peppers, está no topo desde há 50 anos e continua, ainda hoje, a fazer todos dançar. Preparados para o senhor que ainda hoje sobe ao palco com Mary J. Blige e Grandmaster Flash?

Da Ásia com talento

Sem esquecer onde acontece, o Clockenflap compromete-se todos os anos a trazer a Kowloon as bandas asiáticas do momento e este ano não foi excepção. images
De Taiwan vem Cheer Chen e o seu folk melódico, prontos para subir ao palco no sábado, um dia antes do rock dos japoneses Sekai No Owari. A Coreia é representada pela banda indie Hyukoh e há espaço para bandas da casa: …Huh?!, Juicyning, Fantastic Day, TFVSJS, Tux e CharmCharmChu.

Lista que continua

Foals chegam pela primeira vez a Hong Kong depois de actuarem em festivais à volta do mundo, como o Coachella, para tocar no domingo. O último dia do festival recebe também Yo La Tengo (EUA), Crystal Castles, Sun Glitters, o “prodígio francês da electrónica” Fakear e os conterrâneos Birdy Nam Nam.
A electrónica mantém um lugar de topo no Clockenflap com outros nomes como Badbadnotgood (sexta-feira), 65daysofstatics (sábado) e Rodhad.
José González, Jimmy Edgar, Reonda e Pumarosa são outras das presenças, que partilham o festival com The Jolly Boys da Jamaica.
Mas o Clockenflap não se faz só de música e este ano marcam presença novos performers com o já tradicional Club Minky. Da comédia ao circo e artes performativas, há diversidade para todos os gostos. “All Genius, All Idiot”, da trupe Svalbard, “Yeti’s Demon Dive Bar” e “Ichi” são alguns dos convidados, que partilham o espaço do festival com a instalação The Blind Robot, que dá a oportunidade aos humanos festivaleiros de conhecer um lado doce e emocional que não se espera de uma máquina.
A segunda fase dos bilhetes já está à venda e permite a compra de ingressos a preços que vão desde 850 a 1620 dólares de Hong Kong. Estão disponíveis até 10 de Novembro, ficando mais caros depois. As portas do festival abrem às 17h00 do dia 25 de Novembro.

30 Set 2016

IIM relança publicidade de livros sobre identidade de Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]colecção de livros “Cidade Cristã”, lançada pelo Instituto Internacional de Macau (IIM), está a ser novamente divulgada pela instituição. O objectivo é divulgar a identidade de Macau com os três livros lançados em 2001 e que pretendem preservar a memória e a identidade do território sob três perspectivas diferentes: Macau de matriz portuguesa, Macau de referências ocidentais e Macau macaense.
Rufino Ramos, director-geral do IIM, explica por que se decidiu recordar as obras: é que na altura que estes livros foram editados influenciaram o aparecimento de outras obras sobre Macau.
“Havia muito pouca coisa sobre este assunto e as pessoas não tinham referências. Soube por exemplo de um livro de culinária lançado há pouco tempo por um luso descendente que tem por nome ‘Arroz Gordo’. Ora este é um prato típico de Macau. Quando as coisas são difundidas começam a dar mote para que mais coisas apareçam.”
Os livros, que foram editados em 2001 durante o encontro das Comunidades Macaenses, são novamente motivo de conversa porque o IIM considera que nunca é demais divulgar a identidade e a importância da cultura de Macau.
“O primeiro chama-se ‘Identidade Macaense’ e foi escrito pelo Coronel da Silva que foi funcionário dos correios e posso dizer que é um livro escrito com muito sentimento e que explica por palavras suas o que é ser macaense. É um conjunto de memórias que ficam registadas para o futuro.”
“Macau somos nós”, o segundo exemplar, reúne dezenas de testemunhos de macaenses que estão fora. “São os macaenses da diáspora. A sua grande maioria está, ou esteve, no Brasil, alguns já voltaram e outros entretanto morreram, mas fica o seu relato. As aventuras que viveram nessas terras e as saudades que deixaram em Macau”, diz.
Este volume tem também fotografias “preciosas” na opinião de Rufino Ramos, por se tratarem de “registos particulares de cenas antigas que de outra forma não teríamos acesso e ficariam esquecidas”.
Finalmente o último livro da colecção, que foi escrito por Miguel de Senna Fernandes, numa parceria com o linguista australiano e actual director da Universidade de São José e cujo nome é “Maquista Chapado”. Nele se encontram referências ao patuá, já que contém “um glossário de termos de patuá e respectiva tradução para português e ainda uma lista de alcunhas antigas cuja explicação, nalguns casos, é muito engraçada”, frisa Rufino Ramos.
Todos os livros foram editados em língua portuguesa mas no caso do terceiro exemplar existe também uma versão em inglês, que não é contudo da responsabilidade do IIM. Os livros podem ser encomendados no Instituto ou nas livrarias locais.

30 Set 2016

Cinema | Ian Lam e Maxim Bessmertny lançam séries sobre pessoas de Macau

Para um, é uma forma nova de ver Macau; para outro, o repescar da memória uma realidade conhecida. “What’s Your Art?” junta Ian Lam e Maxim Bessmertny num projecto que, mais do que dar a conhecer as pessoas que fazem o território, é ir ao fundo delas, das suas histórias e da sua vida

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ara Ian Lam, dentro de um casino, o que é interessante não é tanto a slot-machine, mas mais a pessoa que se senta em frente a ela – o jogador. E é desta perspectiva que o jovem salta para um novo desafio, para o qual convidou o realizador Maxim Bessmertny: contar a história de vida de pessoas da terra. A história real, de alguém real, de “todos os níveis e partes da sociedade”.
É assim que começa “What’s Your Art?”, a nova série de episódios online a ser actualmente filmada pelos dois jovens locais. Ian Lam, que trabalha no projecto com a empresa eSpark, convidou Max Bessmertny para dirigir as séries, numa ideia onde o realizador local tem, pela primeira vez, ‘apenas’ esse papel.
“É uma ideia original e engraçada ao mesmo tempo e raramente me convidam para fazer coisas deste estilo, normalmente começa com a minha concepção, produção e direcção. Desta vez posso apenas dirigir, algo que me despertou a atenção. Já para não falar que é um projecto que me fala ao coração, é sobre esta cidade, a minha cidade.”
Para transformar um conceito em algo real, Ian Lam “pesquisou profundamente” os diversos tipos de pessoas que compõem esta cidade. Com Max escreveu o guião, que foi imediatamente considerado “muito viável” pelo realizador por trás do filme “Trycicle Thief”, filmado em Macau e que obteve sucesso além-fronteiras.
“É à base de entrevistas, mas não só. É algo interessante, que nos move para conhecer personagens em 15 minutos”, revela Bessmertny ao HM.
O episódio piloto começa com uma “personagem” que é, no fundo, uma cara conhecida da terra – não individualmente, mas como um elemento que, para quem cá vive, é já tão comum que quase passa ao lado. “What’s Your Art?” vai mais a fundo.
“O primeiro episódio começa com uma senhora que recolhe cartão nas ruas para viver. Mas é a vida dela, a sua própria experiência e conversas com ela. É aqui que descobrimos que faz também [exercício] para controlar a pressão arterial e, com esta ligação, passamos para a segunda personagem, do segundo episódio, que não vou revelar”, explica.
Quem mais podemos conhecer a seguir é uma questão que fica por responder, à espera que os episódios de “What’s Your Art?” invadam os ecrãs – online, mas possivelmente não só.

Lembranças que cá estão

Enquanto a série pretende, de certa forma, “dar voz aos que não a têm”, como indica Bessmertny, foi precisamente a existência destas pessoas que fez Ian Lam avançar com o projecto. O jovem, nascido em Macau mas estudante no Canadá, regressou recentemente ao território e consegue, por isso, ter uma outra perspectiva.
“Na visão de um estrangeiro, novo nesta cidade, uma das coisas que mais salta à vista é que este lugar não é como qualquer outro que já tenhamos experienciado. É de um incrível surrealismo, mas num sentimento que nunca é captado nos média ‘normais’, onde o que vemos é sempre microscópico, pequenos pedaços da história real”, diz Ian Lam, citado por Maxim Bessmertny. “Esta cultura é, na minha opinião, o elemento mais interessante desta cidade, tal como o que é mais interessante num casino não é normalmente a slot-machine mas a pessoa que joga. As histórias de vida das pessoas.”
A visão “fresca” interessou a Bessmertny que, chamando Macau a sua casa há mais de duas décadas, conseguiu assim “redescobrir” algumas das silhuetas que abundam nas ruas da cidade.
“São coisas de que me esqueci e que consigo reaprender desta forma. É muito interessante trabalhar com pessoas como [Ian Lam], porque a sua visão torna esta cidade muito mais interessante. Ao darmos vozes a estas pessoas somos mesmo obrigados a pensar como é que vivemos aqui todos, neste local de misturas, algo que poderia passar despercebido mas é fenomenal. É ‘realismo-social’: conhecemos estas pessoas, falamos com elas, durante meses.”
Duas visões “semelhantes, mas diferentes ao mesmo tempo”, como caracteriza Max Bessmertny, originaram então “What’s Your Art?”, que está a ser filmado com a ajuda de uma equipa de talentos locais. Para já não está confirmado quantos episódios serão feitos, porque a equipa ainda espera um evento que vai acontecer em Fevereiro e que pode mudar o rumo da série.
“Essa [actividade] pode chamar a atenção e ter audiência é o que mais interessa neste caso. Porque isso é o que pode levar-nos a algo mais do que o que temos pensado.”

29 Set 2016

Programa de apoio a designers de moda anuncia vencedores da primeira fase

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]na e Nair Cardoso e Nuno Lopes de Oliveira venceram a primeira fase do “Programa de Subsídios à Criação de Amostras de Design de Moda 2016”. Os designers locais passam, assim, a ter a possibilidade de ir mais além no programa, organizado pelo Instituto Cultural (IC).
Os candidatos foram avaliados com base em vários critérios que passaram pela criatividade e originalidade, potencial de mercado, qualidade, viabilidade e grau de perfeição do plano de participação em exposições e desfiles da moda bem como a viabilidade do plano de marketing, entre outras. O júri – composto por cinco nomes todos ligados à indústria da moda – seleccionou 15 finalistas de uma lista de 24 candidatos.
Ana e Nair Cardoso formam uma das equipas seleccionadas para passar à segunda fase, com a marca Anna Noir, com a qual concorreram pela segunda vez a este concurso. Apresentaram uma colecção cujo tema foi “amor incondicional” e foi com “muito entusiasmo” que souberam ter passado à fase seguinte.
“Apresentámos 12 coordenados em catálogo e desses temos de preparar um para ser apresentado na fase seguinte”, disse Ana Cardoso ao HM. “Todos os prémios são bem-vindos e [este concurso] ajuda a impulsionar e a afirmar a marca no mercado.”
Quanto à inspiração, a estilista explica. “Ambas fomos mães recentemente, ambas gostamos do que fazemos e foi uma maneira de mostrar o que sentimos. São vários amores incondicionais”, frisa, justificando o tema da colecção.
Já Nuno Lopes de Oliveira admitiu ao HM que chegar a esta fase “significou muito”, uma vez que o estilista diz ter “muito mais para mostrar”, além de que o significado é ainda maior quando o prémio chega do lugar onde nasceu, frisa. “Este prémio encoraja designers como eu, que vivem fora de Macau, a regressarem.”
O “Programa de Subsídios à Criação de Amostras e Design de Moda” existe desde 2013 e tem na sua génese a promoção do desenvolvimento da indústria da moda de Macau. Este ano recebeu mais de 40% de candidaturas provenientes da chamada nova geração de designers.
Os nomes que passaram à segunda fase terão ainda de dar provas do seu trabalho. Assim, foram incumbidos da tarefa de “produzir um traje amostra com base no trabalho seleccionado, o qual deverá ser exibido por um modelo, com maquilhagem e penteado apropriados, de forma a realçar o efeito estilístico global”, diz um comunicado do IC.
Segue-se depois uma entrevista com os jurados. Após a segunda análise, os candidatos seleccionados recebem, cada um, um subsídio no montante máximo de 11 mil patacas “como compensação para a execução e apresentação das amostras”.
Já durante a “segunda análise serão escolhidos, no máximo, oito vencedores, os quais terão direito a um subsídio até um máximo de 160 mil patacas cada, para a execução de amostras e de materiais promocionais”. A segunda análise ainda não tem nem data nem local marcado.

29 Set 2016

FIMM | Sons locais abrem trigésima edição do festival de música

Músicos da terra, uma ópera de Puccini e cordas de Berlim, acompanhadas a erhu, compõem a ementa de entradas da trigésima edição do Festival Internacional de Música de Macau

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omemora-se este ano o trigésimo aniversário do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) e, apesar da data agendada para a grande abertura coincidir com o Dia Nacional da China, nada como o devido prelúdio dedicada à terra anfitriã. Sob a rúbrica “Bravo Macau!”, os concertos de abertura do evento são com o de melhor que a cidade de Macau tem no que respeita a virtuosismo musical.
O palco da sala do Teatro D. Pedro V abre o pano a 29 e 30 de Setembro com uma série de nomes locais: na quinta-feira, a agenda aponta para um dueto de piano, composto por Poon Ho Suet e Poon Ho Tung, seguido da actuação de um quinteto de metais. As obras a interpretar serão composições de Tchaikovsky, Saint-Saens e Rachmaninoff ao piano; e Ewazen, Lafosse e Nagel nos metais.
O último dia de Setembro apresentará a pianista Cindy Ho a acompanhar os solistas Cheong Hoi Leong (piano), Chan Sin (piano) e Timothy Sun (saxofone), com interpretações de Kurt Weil, George Gershwin, Prokoviev e Rachmaninoff. Os bilhetes custam 120 ou 150 patacas e os concertos são às 20h00.

Amor ou morte

O primeiro destaque da presente edição do FIMM vai para a denominada “grande abertura” do evento: o palco do Centro Cultural de Macau acolhe a ópera “Turandot”. Composta pelo italiano Giacomo Puccini, esta famosa peça traz a história da princesa chinesa que, na busca de um marido, sujeita os pretendentes a um processo de selecção fatal. São três os enigmas que podem significar amor ou morte.
A peça terá sido terminada pelo compositor Franco Alfano e vem agora a Macau pela batuta do maestro Lu Jia, numa encenação de Giancardo del Monaco. A agenda coincide com a semana dourada e de 1 a 4 de Outubro, pelas 20h00, o palco acolherá “Turandot”. O valor dos bilhetes vai das 250 às 800 patacas.
Em simultâneo, de volta ao Teatro D. Pedro V, o Quinteto de Cordas da Filarmónica de Berlim traz dois espectáculos à RAEM. Dia 3 o grupo alemão apresenta adaptações de obras clássicas onde se registam os nomes de compositores que vão desde Mozart a Piazzola. No dia seguinte, juntam-se-lhe no palco o intérprete chinês de erhu, Xu Ke, com quem o Quinteto colabora há cerca de uma década. O espectáculo tem como finalidade dar a conhecer as conversas entre as cordas dos dois lados do mundo. Os concertos têm hora marcada para as 20h00 e os bilhetes são de 250 e 300 patacas.

Enigmas de amor e morte

Turandot é a última composição para ópera de Giacomo Puccini. A peça, em três actos, que veio a ser terminada por Franco Alfano, traz a história de uma princesa chinesa de nome Turandot que, a certa altura, é obrigada pelo pai a casar por motivos dinásticos. Turandot acaba por aceitar a imposição sem, no entanto, deixar de exigir uma outra condição: o homem que virá a ser seu marido terá que responder acertadamente a três enigmas por ela colocados, sendo que, em caso de erro, estará destinado à morte. A crueldade da condição acaba por não conseguir afastar a admiração do Príncipe Desconhecido que decide arriscar a própria vida para conseguir a mão da orgulhosa princesa. Após a derrota dos candidatos que o antecederam e a conquista do direito à mão de Turandot, não é intenção do príncipe ter a princesa contra a sua vontade e acaba por lhe devolver um outro enigma para que Turandot decida o seu destino.

28 Set 2016

Village Art Space | Novo projecto quer levar a cena artística à Taipa

Taipa Village Art Space é o nome do novo espaço dedicado às artes no centro da Vila da Taipa. A data de abertura está agendada para 5 de Outubro e inaugura com uma exposição do grafitter local PIBG

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]iniciativa da criação de um novo espaço dedicado à mostra artística na Taipa partiu da Associação recém criada “Taipa Village Cultural Association” e pretende descentralizar os eventos culturais para fora da península de Macau. O resultado é a abertura do espaço associado – Taipa Village Art Space – que juntou a iniciativa privada de empresários locais ligados à restauração que querem a dinamização daquela comunidade através da criação de condições que tragam mais diversidade no que respeita a ofertas ligadas à cultura.
O “pequeno espaço”, que inaugura a 5 de Outubro, tem a programação e curadoria a cargo do arquitecto e artista João Ó e abre as portas, pelas 15h30, com uma exposição dedicada à arte do grafitti do artista local PIBG, que traz à luz do dia o projecto “On the Verge”.

Rumo à macro-escala

A Village Art Space está situada “num pequeno edifício no centro da vila e “foi decorado com o mínimo de recursos de forma a concretizar um espaço branco”, afirma João Ó ao HM. A ideia é possibilitar uma maior liberdade no que respeita à programação e curadoria de exposições e eventos.
Esta é ainda a primeira vez de João Ó como curador que pretende “trazer a experiência enquanto arquitecto e artista para perceber o que quer fazer aos espaços”. O objectivo é alargar a própria concepção espacial e sair fora do conceito mais convencional rumo a uma macro-escala, esclarece João Ó. Foi baseado nesta meta que o curador descobriu a equipa de grafitters locais Gantz5 de onde sobressaiu o trabalho de PIGB, um dos membros da “crew”.
Para João Ó, o potencial de um grafitti é o poder que tem em “preencher o exterior mas que, neste caso concreto, terá uma ligação com o interior da galeria”. Para o efeito, a exposição inaugural do Village Art Space inclui dois murais situados nas ruas e obras feitas em tela que estarão “de uma forma não convencional no interior da galeria”.
É aqui que, para o curador, está a grande diferença desta exposição, na “conciliação do mundo interior com o mundo exterior e ao mesmos tempo transgredir as regras da exposição convencional porque esta ideia da arte deve ser dada à comunidade e não se resumir a um lugar fechado”.

Ensinar arte às gentes

A ideia da Associação na gestão deste espaço é que cada exposição esteja patente pelo menos durante um período de dois meses. “Um mês não é suficiente para divulgar um projecto e para poder ter outras actividades associadas e por isso optámos pelos dois meses”, justifica, sendo que nesta inauguração o grafitti tem três meses na agenda.
O objectivo é promover também um maior contacto com a comunidade através de actividades formativas. Estão já na calha a realização de oficinas para crianças com o artista residente e no continuar das actividades há espaço e intenção para a realização de seminários de “modo a dar a conhecer a arte às pessoas”.

27 Set 2016

Festa “Golden Grooves” amanhã no Bistro Marcellinho

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]inda se lembra das festas de antigamente, onde a música obrigava à invasão da pista? Pois bem, amanhã pode voltar a sentir na pele os arrepios que traz o que de melhor se faz no Hip Hop, r&b, Funk e Disco.
A partir das 22h00, “e até tarde”, o Le Bistro Marcellinho recebe a festa “Golden Grooves”, um evento que promete algo “diferente do que os grandes clubes” de Macau oferecem actualmente, como indica ao HM Luís Lourenço, um dos responsáveis do 2Legit, entidade organizadora do evento.
“A Golden Grooves é uma nova festa local que encoraja a nossa comunidade a dançar como costumava, a esquecer estar sempre agarrado ao telemóvel e pagar muito caro por uma bebida”, indica a página do Facebook da festa. “Queremos levar toda a gente de volta às boas vibrações do Funk dos anos 1970 e da era dourada do Hip Hop, nos anos 1990. Mais interacções, mais conexão.”
Na “Golden Grooves” é absolutamente proibido estar parado na pista de dança. E, para evitar isso mesmo, três DJ animam a noite: Rocklee (Rockl), Nicespice e Adrian. Mais ainda, quem fizer parte de grupos ou escolas de dança locais tem entrada gratuita.
A entrada para o evento é de cem patacas e inclui uma bebida, sendo que a festa acontece no Le Bistro Marcellinho, um restaurante de fusão (português e italiano) que fica localizado perto do velho campus da Universidade de Macau.
“Esta é nossa primeira noite, por isso venham conhecer novos amigos e mostrar os vossos melhores movimentos na pista de dança”, indica o 2Legit, um salão de jovens barbeiros de Macau.
Esta é a primeira festa, mas não deverá ser a única, já que Luís Lourenço fala em mais ideias para futuros eventos, com os mais diversos estilos de música.
A ideia é simples: providenciar algo que “satisfaça a alma” de quem gosta realmente das boas vibrações do estilo ‘old school’.

27 Set 2016

Saúde | IPOR lança livro trilingue em parceria com associações

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]já esta quinta-feira que será lançado, no Instituto Português do Oriente (IPOR), o livro “Guia Lexical Trilingue para a Saúde”. Trata-se de um projecto lançado pela instituição de ensino do português em parceria com a Associação dos Médicos de Língua Portuguesa e a Associação de Cardiologia de Macau.
Em comunicado, o IPOR explica que o livro visa assinalar o Dia do Coração, tendo a obra um total de 5,700 entradas apresentadas em português, chinês e inglês. A língua portuguesa é o idioma de partida.
“Desenvolvido ao longo de um ano e meio, a sua elaboração contou, para além da equipa de coordenação do projecto no IPOR, com os contributos de vasto um conjunto de profissionais da área da saúde, tradutores e também cidadãos, enquanto utilizadores desses serviços, seguindo a dupla perspectiva pela qual se orientaram os trabalhos do Guia”, explica o mesmo comunicado.
O objectivo é que a obra seja lida pelo paciente comum mas também que constitua “uma ferramenta de apoio para estudantes de ciências médicas e, sobretudo, para os profissionais de saúde que diariamente operem em contexto multilingue envolvendo o português, o chinês e mesmo o inglês”.
Com vinte capítulos que abrangem as mais diversas áreas da medicina, o livro faz a “identificação das situações comunicativas mais correntes e frequentes na interacção paciente-médico, bem como do léxico essencial de suporte a essa comunicação ao nível do corpo humano, das doenças mais comuns, dos exames médicos mais utilizados no diagnóstico e dos equipamentos e especialidades médicas que lhes estão associados”.
Com esta obra, o IPOR afirmar ajudar a desenvolver a relação entre o português e o chinês, bem como a promover “a internacionalização da língua portuguesa e a sua afirmação em vários domínios de actividade”.

27 Set 2016

LMA | Um mês com música para todos os gostos

Vêm da Suécia, Canadá, Pequim ou Japão para preencher um cartaz “abrangente” e darem muita música na LMA. A integração do jazz já é um facto e foi ainda anunciada a intenção de iniciar acções de formação na área do som

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Queremos fazer um especial épico este mês”, são as palavras de Vincent Cheong ao HM ao apresentar o cartaz do “Live in October” da Live Music Association (LMA), que quer trazer a Macau mais música e de todo o lado. A diversidade, que vai ocupar o palco do 11º andar do edifício industrial da Av. Coronel Mesquita, é uma “oportunidade para dar a escolher ao público o que quer ver e ouvir”, avança o responsável pelo espaço e homem de vários ofícios ligados à arte do território.
O cartaz abre com o violino de Jaron Freeman, que vem do Canadá, acompanhado por The Opposite of Everything. O dia seguinte é dedicado ao rock japonês e em dose dupla. São os nipónicos Buddhagetta e Touch My Secret. O Japão volta a marcar presença a 21 de Outubro com a música electrónica que leva ao palco Based on Kyoto.
A cena rock de Pequim estará presente no dia seguinte com os Elenore e o seu brit rock. 26 de Outubro é serão de jazz com os suecos Music Music Music e a trazer sons argentinos estarão os norte americanos Cuarteto Tanguero, que prometem uma noite de tango. O mês de música do LMA termina a 29, desta feita com sonoridades do punk electrónico de Pequim pelos Future Orients.

Internacionalizar por aí

A aposta é no sentido de trazer à RAEM mais nomes internacionais. A tarefa não é fácil, mas a LMA está empenhada em concretizar esta missão e Outubro é um ensaio dessa possibilidade. “É um mês em que há muitos festivais, tanto na China Continental como em Taiwan, e nós estamos atentos às bandas que os integram para depois fazermos a nossa proposta para que venham à RAEM”.
Esta é uma forma que facilita, tanto em custos como em logística, a vinda de mais diversidade musical ao território e é uma aposta que Vincent Cheong pretende ganhar. “É bom para todos”, afirma, “porque os músicos também gostam de tocar o mais possível e dar-se a conhecer a outras plateias e, desta forma, é também uma oportunidade de trazer ao público de Macau mais música independente e reconhecida”.

Sons da terra por confirmar

Os músicos da terra não são esquecidos, no entanto ainda não há confirmações. A ideia é que ocupem o palco com o preenchimento de “primeiras partes” dos espectáculos ou com os sons que seguem os concertos e tomem conta da mesa de mistura enquanto DJs. Vincent Cheong refere que a composição do cartaz prevê essa integração “e neste momento só faltam as confirmações porque esta é uma oportunidade para os locais partilharem o palco com nomes internacionais”.
Por outro lado, tendo em conta o panorama actual do que se faz por cá, o responsável pelo LMA considera que esta é uma oportunidade de concretizar uma necessidade, a de “abrir mentes na música da terra, porque é necessário que exista uma maior abertura das bandas locais ao que se faz nos outros sítios e mesmo na cena musical em si”, afirma.

Jazz à porta

Rock punk, electrónica ou música experimental são já géneros que quem frequenta o LMA tem em mente quando olha para um cartaz da casa. Mas o espaço dedicado à música ao vivo não se quer ficar por aí e o jazz é agora uma das prioridades para compor os programas futuros e que começa já a partir de Outubro. “Trazendo jazz achamos que podemos chegar a um outro tipo de audiência”, justifica o programador enquanto adianta que o concerto agendado dos suecos Music Music Music é o pontapé para uma presença mais assídua deste género musical e nada como a presença de “uma banda muito reconhecida” para selar mais uma etapa.
Mas para o futuro não se projecta apenas a continuidade de “meses épicos”. A Associação pretende dar início a uma componente formativa com a realização de workshops. A prioridade no momento está em oficinas de “engenharia de som”. Para Vincent Cheong os profissionais da área não são suficientes em Macau, “muitas vezes quando são necessários técnicos de som para os espectáculo, os que existem já estão ocupados pelo que é fundamental a formação de mais profissionais para que estejam as pessoas certas a fazer o som certo”. Por outro lado, o responsável pela LMA considera que há muitos interessados em aprofundar conhecimentos no que respeita à componente técnico da música e da sua engenharia, mas depois “não há nada no que respeita à formação”.
As portas da casa abrem às 21h30 e os bilhetes têm o valor de 120 patacas, com excepção do espectáculo de dia 29, que por ser duplo, terá o custo de 150 patacas.

26 Set 2016

Pianista de Macau toca com Orquestra Filarmónica da China

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] edição deste ano do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) vai contar com a participação do jovem pianista de Macau Kuok-Wai Lio. Em colaboração com a Orquestra Filarmónica da China, o residente vai interpretar, “com o seu emotivo estilo musical e técnica exímia”, o Concerto para Piano e Orquestra n.º 20 em Ré Menor, K. 466 de W. A. Mozart, de acordo com o Instituto Cultural (IC). O concerto realiza-se no dia 7 de Outubro, pelas 20h00 no Centro Cultural de Macau.
O pianista Kuok-Wai Lio nasceu em Macau em 1989, tendo iniciado os estudos de piano aos cinco anos de idade. Aos oito venceu o Prémio IC. Em 2005, foi distinguido com o 1º Prémio e com o Prémio Especial no âmbito do 6º Concurso Internacional de Piano Chopin da Ásia, em Tóquio, no Japão, vencendo ainda, em 2007, o 1º Prémio no Concurso Internacional de Concerto para Pianistas Fullbright, nos EUA. Aos poucos Kuok-Wai Lio tem vindo a afirmar-se na cena musical, tendo tido múltiplos sucessos internacionais no âmbito de vários concursos de piano.

Fusão musical

A Orquestra Filarmónica da China vai estar sobre a ordens do maestro Li Xincao e interpreta um repertório de fusão entre a Ópera de Pequim, a música clássica austro-alemã e a nova música tradicional da Hungria. Vários temas serão tocados, incluindo o prelúdio sinfónico de Qigang Chen, “Instants d’un Opéra de Pékin”, “que constitui uma extraordinária fusão entre Oriente e Ocidente, entrelaçando a música da Ópera de Pequim e a música sinfónica ocidental”, como indica a organização. “Um concerto diversificado que apresentará ao público uma elegante experiência musical e estilos musicais variados”, garante o IC.
No dia 18 de Outubro é a vez de “Num Jardim Italiano – L’Accademia d’Amore por Les Arts Florissants”, um “concerto altamente aguardado” no âmbito do qual o maestro e cravista internacional William Christie irá dirigir o ensemble Les Arts Florissants e Le Jardin des Voix “para fazer renascer o mundo da música italiana antiga. O espectáculo está marcado para as 20h00 no CCM. Os bilhetes estão já disponíveis.

23 Set 2016

Cidade Criativa | Charles Landry dá palestra em Macau Espaço com imaginação O final de Outubro traz a Macau o responsável pela criação do conceito de “cidade criativa”. Um espaço que confere a possibilidade de concepção do tecido urbano por aqueles que o habitam de uma forma sustentável e com recurso à imaginação Porque a sustentabilidade urbana exige criatividade, a próxima edição deste ano das “Palestras de Mestres de Cultura” traz a Macau o britânico Charles Landry, considerado um referência internacional em desenvolvimento urbano e “pai do conceito de cidade criativa”. Landry vai orientar a conversa “Macau: O Efeito Catalisador da Ambição e da Criatividade no Desenvolvimento Urbano Sustentável” , momento em que vai expor casos bem sucedidos de cidades culturais espalhadas um pouco por todo o mundo enquanto exemplo de “cidades criativas”. Para a construção e efectivação do conceito é “fundamental a ambição e a criatividade, a somar aos eventos culturais”, segundo o autor, que considera estes factores necessários à evolução urbana. Landry abre novas perspectivas para todos os interessados no estabelecimento de uma cidade criativa, viva e habitável. Uma nova concepção Charles Landry é uma “autoridade internacionalmente reconhecida no que diz respeito à aplicação da imaginação e criatividade no desenvolvimento urbano”, como afirma um comunicado do Instituto Cultural, que apresenta o orador. Nos finais da década de 1980, Landry renovou o conceito de “Cidade Criativa” a propósito da capacidade de uma cidade gerar condições que permitam às pessoas e organizações pensar, planear e agir com imaginação na resolução de problemas e na criação de oportunidades. Esta ideia, que se transformou num movimento global, levou a uma mudança na forma das cidades pensarem as capacidades e recursos urbanos. O autor tem trabalhado e proferido palestras em mais de 60 países, ajudando a mudar a forma de avaliar e aproveitar as possibilidades de reinventar as cidades. A sua “Tabela da Cidade Criativa” é um instrumento importante para aferir o ecossistema criativo de cada lugar. Das obras que publicou fazem parte títulos como “The Creative City: A Toolkit for Urban Innovators” ou “The Digitized City”. A “Palestra de Mestres de Cultura” deste ano terá lugar no dia 30 de Outubro pelas 15h00 horas, no Salão de Convenções do Centro de Ciência de Macau. O evento conta com entrada livre mas os interessados deverão proceder à sua inscrição. Sofia Mota sofiamota.hojemacau@gmail.com

O final de Outubro traz a Macau o responsável pela criação do conceito de “cidade criativa”. Um espaço que confere a possibilidade de concepção do tecido urbano por aqueles que o habitam de uma forma sustentável e com recurso à imaginação

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]orque a sustentabilidade urbana exige criatividade, a próxima edição deste ano das “Palestras de Mestres de Cultura” traz a Macau o britânico Charles Landry, considerado um referência internacional em desenvolvimento urbano e “pai do conceito de cidade criativa”.
Landry vai orientar a conversa “Macau: O Efeito Catalisador da Ambição e da Criatividade no Desenvolvimento Urbano Sustentável” , momento em que vai expor casos bem sucedidos de cidades culturais espalhadas um pouco por todo o mundo enquanto exemplo de “cidades criativas”. Para a construção e efectivação do conceito é “fundamental a ambição e a criatividade, a somar aos eventos culturais”, segundo o autor, que considera estes factores necessários à evolução urbana. Landry abre novas perspectivas para todos os interessados no estabelecimento de uma cidade criativa, viva e habitável.
Charles Landry é uma “autoridade internacionalmente reconhecida no que diz respeito à aplicação da imaginação e criatividade no desenvolvimento urbano”, como afirma um comunicado do Instituto Cultural, que apresenta o orador.
Nos finais da década de 1980, Landry renovou o conceito de “Cidade Criativa” a propósito da capacidade de uma cidade gerar condições que permitam às pessoas e organizações pensar, planear e agir com imaginação na resolução de problemas e na criação de oportunidades. Esta ideia, que se transformou num movimento global, levou a uma mudança na forma das cidades pensarem as capacidades e recursos urbanos.
O autor tem trabalhado e proferido palestras em mais de 60 países, ajudando a mudar a forma de avaliar e aproveitar as possibilidades de reinventar as cidades. A sua “Tabela da Cidade Criativa” é um instrumento importante para aferir o ecossistema criativo de cada lugar. Das obras que publicou fazem parte títulos como “The Creative City: A Toolkit for Urban Innovators” ou “The Digitized City”.
A “Palestra de Mestres de Cultura” deste ano terá lugar no dia 30 de Outubro pelas 15h00 horas, no Salão de Convenções do Centro de Ciência de Macau. O evento conta com entrada livre mas os interessados deverão proceder à sua inscrição.

23 Set 2016

Mais apoios para o Fórum do Livro de Macau

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]em mil patacas acrescem aos apoios para que os objectivos do Fórum do Livro de Macau em Lisboa sejam atingidos. A “ajuda” vem por parte da Santa Casa da Misericórdia de Macau e foi dada a conhecer por carta à associação promotora do evento, a “Amigos do Livro”. Segundo a associação este é um apoio que “vem contribuir, largamente, para a concretização do orçamento necessário à realização do Fórum do Livro de Macau em Lisboa”.
O argumento que sustenta este apoio é explicado, e prende-se com o facto da Santa Casa assumir “a sua matriz cultural essencialmente portuguesa”, por um lado e por outro porque “não se trata de uma associação recém-criada” mas sim de uma entidade que tem dedicado mais de 30 anos à produção da “maior parte das edições de renome sobre a história, cronologia, cultura e iconografia de Macau, em Português, Chinês e Inglês.”
As cem mil patacas anunciadas juntam-se às 119 mil cedidas pelo Instituto Cultural e que ficaram muito aquém das necessidades essenciais para a produção do Fórum. A Associação Amigos do Livro aguarda ainda a resposta do apoio pedido a uma outra instituição de modo a garantir o orçamento indispensável.

23 Set 2016

Centro de Design de Macau participa em Expo na China

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Centro de Design de Macau (CDM), incubadora de empresas e exposições localizado na Areia Preta e dirigido pelo artista local James Chu, vai participar na Expo das Indústrias China, Japão e Coreia 2016, a qual vai decorrer no Centro de Convenções e Exposições de Shandong-Taiwan, na cidade de Shandong, na China.
O evento começa já na próxima segunda-feira, dia 23, e termina dois dias depois, sendo seu objectivo “promover uma zona de comércio livre entre a China, Japão e Coreia”, bem como “uma cooperação entre os três países”, afirma um comunicado divulgado pelo CDM.
A Expo de Shandong quer ainda “criar uma plataforma de cooperação regional única e inovadora, com vários recursos e políticas”. Esta vai ainda “servir como incubadora de um comércio mais cómodo e trocas ao nível dos investimentos, tecnologia e trocas culturais.”
O CDM vai não só apresentar produtos de design locais mas também vários vídeos de animação, projectos de banda desenhada e mostras em 3D. Sendo a “primeira plataforma a promover Macau enquanto local de desenvolvimento do design”, o CDM visa, com esta participação, “dar a conhecer o desenvolvimento do sector do design de Macau e os negócios das companhias locais de design, por forma a encontrar novas oportunidades de cooperação com parceiros regionais e globais.” Pretende-se ainda que os designers locais possam “expandir os seus negócios para outros mercados”.
Esta não é a primeira vez que o projecto pensado por James Chu busca parcerias internacionais. “No ano passado o CDM cooperou com diversas organizações da China, Hong Kong, Taiwan, Japão, Holanda e países de língua portuguesa, com vista a estabelecer uma rede de contactos para as empresas locais de design”, referiu a entidade no mesmo comunicado.

22 Set 2016

Exposição | Português mostra “Ilha Verde” em Hong Kong

Materiais de construção, desenhos e fotografias acerca do conceito de ilha verde. Uma ideia entre Macau e Hong Kong, que reflecte um conjunto de contradições que remetem para o paradoxo da construção desenfreada e de uma natureza abandonada, dá o mote para a exposição “Green Island” de João Vasco Paiva. Inaugura hoje na RAEHK

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma imersão na paisagem urbana enquanto arranque para a desconstrução de ambivalências é o ponto de partida para a exposição a solo que inaugura hoje na Galeria Edouard Malingue, em Hong Kong. Do criador português João Vasco Paiva, a mostra pretende ser uma apresentação dos últimos trabalhos do artista que reflectem a dialéctica da relação entre espaço urbanizado e espaço natural, numa mistura de paisagens abandonadas e outras excessivamente construídas. joao-vasco-paiva_net
É nesta relação – entre a construção e destruição para um novo nascimento – que se baseia o nome da exposição. “Green Island” (Ilha Verde em Português) remete não só para um marca de cimento da vizinha Hong Kong que data do início do séc. XX, como para a zona norte de Macau, onde há um local com o mesmo nome. O autor parte da ironia das palavras relativamente aos objectos que representam e começa o processo criativo, tanto para a escolha de materiais a utilizar, como para a montagem de todo um discurso à volta do paradoxo urbano e da sua relação dialéctica.
Instalações que usam canalizações são eleitas como objectos esculturais a par de fusão entre plásticos e sacos de cimento. Para além da ligação óbvia ao nome da exposição, esta escolha quer alertar para a situação de cidades que crescem perto de fontes de água, com é o caso de RAEHK e da RAEM, sendo abordado o “equilíbrio delicado entre os ciclos de criação e construção e o seu colapso”, explica a apresentação do evento.
O mais recente trabalho do criador luso integra ainda uma diversidade de meios para atingir da melhor forma os fins a que se propõe. O recurso à interactividade é conseguido através da criação de uma superfície de areia que convida à participação física dos visitantes no contexto expositivo.
Uma série de colagens vai ser mostrada sob o nome “Estudos para uma possível ilha verde” e do seu conteúdo fazem parte uma série de imagens fotográficas que combinam diferentes pontos geográficos, essencialmente da ilha de Lamma, local onde o artista reside, e de pontos dispersos por onde tem viajado.
Desenhos técnicos que explicam a construção em Hong Kong, esculturas e diversas instalações são também mote de reflexão, tanto para o autor como para o público.
Em última análise, “Ilha Verde”, como descrito pelo próprio João Vasco Paiva, “apresenta-se como uma ruína dos dias de hoje, uma paisagem pós-humana, onde as suas características são objectos que carregam em si os traços de humanidade – a humanidade como um componente e factor de tempo “.
João Vasco Paiva nasceu em Coimbra em 1979. Com formação superior nas Belas Artes adquirida no Porto, vive desde 2006 em Hong Kong, onde tem desenvolvido grande parte do seu trabalho e integra já a cena emergente de talentos da região vizinha.

22 Set 2016

Literatura | Lisboa recebe Fórum do Livro de Macau

A capital portuguesa vai receber nove dias de literatura de Macau em Língua Portuguesa. O Fórum do Livro de Macau vai levar obras da terra, lançar livros e promover a literatura da RAEM em Lisboa, numa iniciativa da Associação Amigos do Livro, de Rogério Beltrão Coelho

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] “a maior acção de promoção de literatura nascida em Macau nos últimos trinta anos” e tem data marcada de 24 de Outubro a 3 de Novembro, em Lisboa. É o Fórum do Livro de Macau, uma iniciativa da Associação Amigos do Livro, liderada por Rogério Beltrão Coelho, e que pretende ser uma grande feira do livro com obras do território. Um evento “com todos os livros de Macau e sobre Macau em Língua Portuguesa”, afirmou o jornalista numa conferência de imprensa que apresentou ontem o evento e que decorreu na Fundação Rui Cunha.
O acontecimento foi dado a conhecer passo a passo e apresenta uma programação eclética e recheada numa iniciativa que, “em Portugal teve todo o apoio mas que em Macau sofreu de diversas dificuldades”, como afirma Beltrão Coelho.
Se, na terra de Camões, os espaços foram cedidos gratuitamente e as portas se abriram, em Macau o orçamento ficou aquém do solicitado, o que “põe em causa” alguns dos objectivos do evento, nomeadamente o transporte de livros para Lisboa.
O apoio solicitado ao Instituto Cultural (IC) foi de cerca de 400 mil patacas que se concretizaram em 119 mil. A ideia era “apenas cobrir as despesas de deslocação e alojamento de oito pessoas, o lançamento dos três livros que está agendado durante o evento e o transporte dos livros que faltassem”. No entanto, esta baixa nos apoios, apesar de pôr em causa a chegada de alguns títulos, não condicionou aqueles que vão ser lançados, nem que seja “por teimosia” de Rogério Beltrão Coelho.
Quanto às obras que deveriam estar a caminho, “levam-se na mala as que couberem”. No entanto, o presidente da Associação Amigos do Livro lamenta que o IC não tenha colaborado, visto ser a entidade competente para o fazer. Mas, diz, estando a obra feita poderá estar o caminho aberto para que no futuro se recorra a outro tipo de apoios. O objectivo é fazer com que este evento venha a ser regular e anual.
Com uma programação abrangente, que se divide entre palestras e apresentações em diferentes espaços – dos quais se destacam a Delegação Económica e Comercial de Macau, o Centro Científico e Cultural de Macau, o Clube Militar Naval, a Fundação Casa de Macau, o Museu do Oriente e a Biblioteca Nacional de Portugal, o evento integra o lançamento de três livros.
“Espíritos”, de Shee Va, é apresentado a 25 de Outubro por Beatriz Bastos da Silva. “Macau Histórico e Cultural”, do historiador António Aresta, é dado a conhecer no dia seguinte no Museu do Oriente e o mais recente livro de Carlos Morais José, “Arquivo das Confissões | Bernardo Vasques e a Inveja”, é apresentado por Ana Paula Laborinho, presidente do Instituto Camões, na Delegação Económica e Comercial de Macau, a 31 de Outubro.

Escrito em Chinês

De modo a seguir o princípio de levar o que é escrito em Macau, o Fórum do livro leva a Lisboa a sugestão de obras escritas em Chinês criadas por autores contemporâneos e modernos do território. Para o efeito, o evento conta com a presença da académica Han Lili, para que sejam dados os passos essenciais.
“Primeiro é necessário fazer um levantamento da literatura de Macau escrita em Chinês, depois é necessária a sua leitura e ter uma opinião acerca do seu valor “, afirma Beltrão Coelho, “para que depois seja suscitado o interesse de editoras que os queiram vir a publicar em Português”.
Beltrão Coelho relembra ainda a necessidade de um “fundo de tradução” e diz que Macau deveria ocupar o lugar para que está talhado: corresponder a um centro, por excelência, de tradução de Chinês para Português. Mas tal só é possível, e à semelhança do que já existiu em tempos idos, caso exista um fundo de tradução para que as obras possam ser passadas de língua para língua. “Deveria existir uma verba para isso”, reafirma o jornalista e editor, porque “não faz sentido que tal não exista numa terra como esta”.
O evento contará ainda com uma extensão em Coimbra a 5 e 6 de Outubro dirigida à área do Direito.

21 Set 2016

Macau Original Melodies apoia nova causa solidária

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]elo terceiro ano consecutivo vai ser lançado o álbum “Macau Original Melodies” que conta com a participação de cantores locais e cujos lucros das vendas revertem para a Associação de Síndrome de Down de Macau. Esta iniciativa é financiada pela Fundação Macau, pelo Gabinete dos Assuntos Sociais e Cultura e é produzido pelo músico Hyper Lo e pela SP Entertainment.
A cerimónia de lançamento é no dia 24, às 17h00, no Centro de Convenções e Entretenimento da Torre de Macau.
Artistas como David Chan, Anabela Ieong, Fanny Cheong, Hyper Lo, Cherry Ho, AJ, Josie Ho e José Rodrigues aceitaram dar as mãos para participarem na gravação do álbum. Esta iniciativa que acontece pelo terceiro ano consecutivo já atingiu um importante patamar de reconhecimento pelo impacto social na área dos grupos menos privilegiados.
“Este ano, o grupo continua a espalhar amor e carinho, não se limitando à composição de temas para ajudar a Associação de Síndrome de Down de Macau, mas também dando a oportunidade aos membros da referida Associação de mostrar os seus talentos de diversas maneiras. Como? Convidando os utentes a cantarem um dos dez temas que incluem o disco.”
Os lucros vão reverter para a Associação e o cd estará à venda em lojas locais e de Hong Kong e plataformas de música online.

20 Set 2016

Cinema | Festival Ying E Chi arranca já quinta-feira

Dos filmes locais aos de Hong Kong e passando pelo Japão, são diversas as películas trazidas este ano pelo Festival de Cinema de Macau Ying E Chi. A mostra arranca na quinta-feira na Cinemateca Paixão

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]rranca na quinta-feira o Festival de Cinema de Macau Ying E Chi. Da mostra de filmes, aos workshops e conversas, a organização promete mais de uma semana dedicada inteiramente à Sétima Arte na Cinemateca Paixão.
O Festival começa com “The Kids Project”, um filme inserido na categoria Macau Indie Power e realizado por Io Lou Ian. A película da residente local versa sobre o costume de ver as crianças no infantário a seguir ordens de adulto e questiona: então e o que sentem os mais pequeninos? E se pudessem falar por eles? Io Lou Ian traz, então, ao ecrã Ted, um novo professor de Arte que se vê dividido entre o que o reitor da escola quer e o que os alunos sentem.
Licenciada no Instituto Politécnico de Macau, a realizadora já fez três filmes – “The Last Happiness”, “Neighbour” e “Miss Mushroom”, tendo este último vencido o prémio do Júri no Festival Internacional de Filme e Vídeo de Macau em 2012. A sua última curta-metragem, “Give Music a Hug”, foi seleccionada pelo International Student Film Festival da Academia de Cinema de Pequim. the-kids
Seguem-se “Crash” e “Two Sides”, também de realizadores locais. O primeiro é realizado por Hong Heng Fai e retrata a vida de Cai, um homem que se depara com o desaparecimento da mãe, diagnosticada com Alzheimer. A procura começa, mas a mãe de Cai não aparece. Numa noite, a vida do jovem muda para sempre.
Hong Heng Fai foi o director do Horizons Theatre de Macau, estando envolvido na área das Artes já há mais de uma década. Licenciado pela Universidade de Taiwan em Publicidade, o realizador causou sensação com um projecto documental chamado “Rice for THe Dead”, em 2006, e fundou Day Day Studio, em 2014. O primeiro trabalho desta produtora fê-lo saltar para a ribalta, quando “Before Dawn” venceu o Rush48. “Caged”, “In Memory of Her” e “Crash” foram nomeados para o Festival Internacional de Filme e Vídeo de Macau. crash
Já “Two Sides” faz parte do currículo de Benz Wong. Também local, Wong escolhe retratar a melancolia sentida por um jovem que vê a sua avó falecer de um momento para o outro. Mike decide, então, partir à descoberta e escalar o Monte Evereste.
Benz Wong é um realizador freelancer que participou em diferentes produções no Nepal, Japão e Pequim. Conseguiu o prémio de ouro no One-Show Festival com o filme “Man VS Wild”.
“The Kids Project”, “Crash” e “Two Sides” podem ser vistos às 19h30 desta quinta-feira ou às 15h00 de dia 30 de Setembro, na Cinemateca Paixão.

Vizinhos do lado

Além de filmes locais “recomendados e premiados”, como indica a Ying E Chi, este ano o Festival vai buscar “as mais recentes longas-metragens” a Hong Kong. É assim que começa a série “Indie Vision” do Festival.
Tang e Gold são dois artistas forçados a mudar de estúdio para um local onde um amigo de profissão já se instalou antes. Aquilo que começa por ser um documentário à volta dos dilemas que os artistas têm de enfrentar diariamente transforma-se num drama, depois da descoberta de segredos e histórias mal contadas. É “Out of Frame”, de Wai-Lun Kwok, realizador que é também um dos fundadores do Ying E Chi, e que está marcado para as 15h00 desta sexta-feira. reunification
Segue-se, pelas 19h30, a obra de Alvin Tsang, realizador de Hong Kong radicado nos EUA. “Reunification” passa-se em 1982, quando os governos britânico e chinês começam as negociações sobre a transferência de Hong Kong e muitos decidem emigrar devido à insegurança que sentem para o futuro. A história acaba por ser mais do que um filme, já que a própria mãe e irmãos de Tsang emigram para Los Angeles, enquanto ele e o pai ficam em Hong Kong. Quando a família se reúne, as coisas mudaram. “Relações cheias de arrependimentos e traições mostram como foi a pressão sentida pelas famílias de Hong Kong, em termos políticos, económicos e emocionais.”
Esta é a primeira longa-metragem de Alvin Tsang, formado pela Universidade da Califórnia e a viver em Hollywood. Vencedor do IFVA Gold Award, no ano passado, “Reunification” assegura uma carga emocional pesada.

Cinco horas “felizes”

Para dia 25 está agendada apenas uma sessão: é “Happy Hour”, um filme de cinco horas realizado por Ryusuke Hamaguchi, japonês “jovem e talentoso”, como o caracteriza a organização. Nascido em 1978 em Kanagawa, Hamaguchi é formado pela Faculdade de Letras da Universidade de Tóquio. Depois de trabalhar como assistente de direcção de programas de televisão, tem vindo a ganhar reputação em festivais de cinema nacionais e internacionais, constantemente trabalhando em filmes como “The Depths” e “The Sound of Waves”.
Em “Happy Hour”, debruça-se sobre a história de quatro mulheres com a sua própria carreira e família, que são amigas próximas sem segredos umas das outras. Até que um dia, Jun conta um segredo escondido por muito tempo e as mudanças começam a ocorrer no relacionamento entre as mulheres, algo que fica ainda pior quando Jun desaparece.
“Depois de assistir a esse filme, vai sentir-se profundamente preocupado com os sentimentos [nele representados]. São 317 minutos de tensão e intensidade, mas que vão fazer com que se queixe de ser um filme tão curto”, promete o realizador. O filme começa às 15h00.

Isto aqui não é só filmes

A Ying E Chi é uma organização sem fins lucrativos de Hong Kong que existe desde 1997. Foi formada por um grupo de realizadores independentes cujo objectivo é não só promover o cinema, como permitir a inclusão dos cidadãos nesta arte. Surge, em 2010, a sede da associação em Macau e desde há dois anos que acontece o Festival de Cinema.
Este ano não vai ser excepção no que à ideia de aproximar público e realizadores diz respeito. Por isso mesmo, a Ying E Chi convida a masterclasses e conversas pós-visualização, com os realizadores de “The Kids Project” – dia 22 às 19h30 – e de “Out of Frame”, à mesma hora de dia 30. Mas há mais, ainda que estas actividades estejam apenas agendadas para o final de Outubro e início de Novembro.
Mary Stephen chega a Macau para uma aula de “edição criativa”. A editora sino-canadiana colaborou com o realizador francês Éric Rohmer. “É uma oportunidade de ouro para poder desenvolver o sentido de edição”, indica a organização. Jacques Tati é um dos realizadores sobre o qual se vai falar antes de Rohmer e da sua visão do clássico.
Os bilhetes para o Festival de Cinema Ying E Chi estão já à venda e custam entre as 50 e as 80 patacas, sendo possível comprar um passe para todos os dias por 200 patacas. Os bilhetes podem ser adquiridos em www.easyticket-mo.com ou à porta da Cinemateca Paixão, uma hora antes do filme.

20 Set 2016