Vera Paz fotografou “As Noivas de São Lázaro”

[dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]hama-se “As Noivas de São Lázaro” e é a exposição que marca a estreia da actriz Vera Paz na área da fotografia. Mas é também um exercício de olhar a realidade de uma outra forma, neste caso as sessões fotográficas que habitualmente os casais chineses fazem antes de casar, com diversas poses e vestidos.

Ao HM, Vera Paz contou que viu, pela primeira vez, um casal a tirar fotografias deste género em 2015, em Kowloon, Hong Kong.

“Este projecto surgiu de um acaso. Uma vez fui a Hong Kong em 2015, quando cheguei, estava em Kowloon à noite e no meio de uma passadeira estava um casal. Ela estava vestida de amarelo e parecia saída dos anos 50, e tinha uma flor na cabeça. Estavam no meio do trânsito e daquele caos e eu pensei ‘o que é que estas almas estão aqui a fazer’. Estavam a ser fotografados para o seu álbum de noivado. Primeiro pensei que fosse uma cena de cinema, mas não.”

O facto de Vera Paz trabalhar no Albergue SCM levou-a a retratar a realidade das fotografias de casamento com um maior foco no bairro de São Lázaro.

“Comecei a trabalhar aqui em 2015 e nas minhas idas e vindas aqui no bairro comecei a ver as noivas a serem fotografadas. Decidi fotografá-las também porque tudo aquilo me parecia saído de um filme. Elas produzem-se para essas fotografias e é como se fossem personagens. Para mim elas eram personagens, nunca olhei para elas como noivas.”

Vera foi fotografando nos últimos quatro anos com o seu iPhone, sem ter pretensões de ser considerada uma fotógrafa. Mostrar ao público 30 das muitas imagens que captou nos últimos quatro anos acabou se revelar algo natural.

“Foi um acaso, isto aconteceu-me. É o meu olhar sobre este bairro, que é único aqui em Macau, e na China, pois tem muitas influências cruzadas, é um cenário vivo. Não penso continuar a fotografar noivas, porque gosto é de fotografar pessoas, e Macau é muito rico em pessoas.”

Mais do que um baile

A exposição, que estará patente no Albergue SCM entre os dias 10 e 24 de Outubro, será mais do que um salão de baile. Vera Paz decidiu ir buscar várias referências, inclusivamente musicais, para criar aquilo a que chama de instalação.

“Nunca pensei no álbum de casamento. Pensei que existe sempre o baile [num casamento], então decidi criar uma banda sonora. Decidi pôr temas que vão desde os anos 50 até aos nossos dias, com várias referências, como Edith Piaf a Jacques Brel, portugueses, italianos. Mas depois pensei que não era apenas o baile, mas a questão do cinema e da eternidade, do que projectamos para sempre, isto porque quando as pessoas se casam acreditam que aquele momento é para sempre. É interdisciplinar, não consegui conceber aquilo apenas como uma exposição.”

Para Vera Paz, as sessões fotográficas dos casais representam uma encenação, pelo que ela decidiu captar o outro lado. “Comecei a fotografar as poses, mas estas eram quase sempre as mesmas, então às tantas começou a interessar-me o que acontecia entre as poses, entre aquela encenação. Passei a olhar para os momentos em que aconteciam coisas de verdade, a realidade, o que acontecia nos fragmentos. As poses são muito anti-natura, muito estáticas, as pessoas quase nem respiram.”

“As Noivas de São Lázaro” surge também porque Vera Paz nunca viu no território o retrato fotográfico desta realidade. Mas constitui também uma elegia a São Lázaro.

“Acho que é um bairro um bocado esquecido, apesar de fazer parte do percurso histórico. Acho que poderia ter vida e não tem. Gostava que fosse conhecido de outra forma. Acho que as fotografias merecem ser vistas, é uma realidade plástica e nunca vi uma exposição deste género”, concluiu.

5 Out 2018

D’As Entranhas apresenta espectáculo em Novembro

É na pensão San Va, lugar onde filmou Wong Kar Wai, que será apresentada, em Novembro, a peça de teatro “Vale de Bonecas” que o colectivo d’As Entranhas apresentou em Lisboa em 2014. São histórias de mulheres depois dos 40 anos e, sobretudo, depois do beijo que selou o casamento com o dito príncipe encantado

[dropcap style≠‘circle’]T[/dropcap]odos viram personagens de filmes de animação como a Branca de Neve ou a Bela Adormecida encontrarem os seus príncipes encantados, mas poucos sabem como ficou a sua vida depois do casamento e do beijo que selou o “e foram felizes para sempre”. É essa a história, transposta para a vida real, que o colectivo teatral d’As Entranhas vai mostrar em Novembro, na pensão San Va.

Trata-se de uma iniciativa da companhia teatral portuguesa, criada em 1999, e que desde 2015 existe em Macau, pela mão da sua fundadora e também actriz, Vera Paz.

“Vale das Bonecas” é o nome da peça que já esteve em cena em Lisboa, no Teatro Turim, em 2014. Vera Paz contou ao HM o processo de adaptação de uma encenação diferente das outras.

“Esta peça conta a história de quatro mulheres depois dos 40 anos, a partir de quatro personagens da Disney. Vai ser na pensão San Va, por ter um cenário que serve os propósitos deste espectáculo, porque sai um pouco do âmbito tradicional”, contou. “As actrizes estão fechadas, interpretam monólogos de 20 minutos, e o público é que roda à volta delas. Temos a Branca de Neve, Cinderela, Bela Adormecida e a Bela e o Monstro, mas a peça não tem a ver com essas personagens, tem a ver com a vida delas depois do beijo, do final feliz. Abordamos o que aconteceu com aquelas mulheres”, acrescentou Vera Paz.

Em Lisboa, o espectáculo aconteceu num centro comercial, pelo que haverá ligeiras adaptações quando a peça acontecer na histórica pensão. “Elas estavam fechadas nas lojas e tinham as suas casas lá dentro, e as pessoas rodavam. Aqui em Macau vamos transpor esta realidade para o universo da pensão. O D’Entranhas trabalha muito com esta dramaturgia experimental e esta relação muito directa com o público, e isso vai manter-se aqui.”

Vera Paz acrescenta que “vão ser feitas adaptações de fundo só porque o espaço físico é diferente, mas o conceito é o mesmo”.

Desafios do palco

Em Macau desde 2015, Vera Paz tem tentado realizar produções teatrais no território, mas tudo tem estado parado, à excepção de uma presença no festival literário Rota das Letras no ano passado.

“É um desafio diário. Quando vim para Macau tive uma fase em que não aconteceu nada, mas não consigo não fazer. Vou trazer agora este espectáculo e tentar fazer uma produção. Gostaria de integrar actores locais, mas acho que as comunidades vivem de costas voltadas, às vezes parece que não se encontrem. Há falta de comunicação.”

A questão da língua faz com que a peça “Vale das Bonecas” seja apenas em português. Contudo, Vera Paz acredita que há lugar para os não falantes da língua, por se tratar de um espectáculo com uma grande componente estética.

“Tenho muita pena mas era difícil passar os monólogos para chinês. Plasticamente é um espectáculo muito rico e com uma proximidade muito intensa. Gostava que fosse possível ao público chinês ver e perceber. Trabalhamos muito com estas linhas e espaços não convencionais, alternativos.”

“Gostava de continuar a fazer esse trabalho criativo aqui em Macau, com a comunidade também, embora a língua seja uma barreira. Se não for teatro físico a palavra pode ser uma barreira”, concluiu a actriz e fundadora do grupo.

5 Out 2018

Pepetela diz que África subsaariana “vive um ciclo novo de maior transparência”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] escritor angolano Pepetela considerou que a África subsaariana, incluindo o seu país, “vive um ciclo novo de maior transparência na governação”.

“É um ciclo novo que se está a abrir em África, sem dúvida alguma. Há maior transparência na governação, maior seriedade nos negócios, luta contra a corrupção e maior liberdade e multiplicidade de imprensa”, considerou o autor.

Falando aos jornalistas, em Penafiel, onde está a ser homenageado no festival literário Escritaria, o escritor disse que a narrativa do seu último livro, “Sua Excelência, de Corpo Presente”, não “trata só de Angola”.

“Realmente, é uma história que poderá passar-se em qualquer país africano, a sul do Saara”, frisou, recordando que se está a viver uma fase “que vem depois daquele ciclo que foi desaparecendo, de partido único e de chefes muito autoritários”.

Questionado, em concreto, sobre o que se passa atualmente em Angola, um ano depois de João Lourenço ter assumido a presidência do país, Pepetela considerou que o novo chefe do Estado angolano “fez tudo o que podia”.

“Até surpreendeu muita gente, porque fez mais do que muita gente esperava”, acentuou, acrescentando que “o povo angolano está surpreendido e tem apoiado inteiramente”.

“O grau de aceitação do presidente é uma coisa histórica”, reforçou. Apesar dos progressos, o autor avisa que “ainda é muito cedo para dizer que as coisas estão a caminhar naquele sentido”.

“Ele está a cumprir o que prometeu, sem dúvida alguma, mas há muitas forças que se opõem”, exclamou.

A situação económica e financeira de Angola, recordou ainda o escritor, “é muito complicada, é muito difícil e muito pior do que se pensava”.

Apesar das dificuldades, a imagem que Angola tem agora no exterior, nomeadamente em Portugal e na União Europeia, é mais positiva.

“Claramente a imagem mudou. Temos de aproveitar isso e reforçar essa relação”, sublinhou.

Para Pepetela, a relação com Portugal e com os demais países da CPLP podia ser melhor, defendendo que a cultura permitiria uma maior aproximação dos povos que falam português.

“Infelizmente, a CPLP é uma espécie de sindicato de chefes de Estado que se reúnem de vez em quando para aprovar não sei bem o quê”, criticou, dando como exemplo o facto de ter sido criado um Instituto da Língua Portuguesa que, lamentou, “ficou dez anos sem funcionar”.

O autor angolano que venceu o Prémio Camões em 1997 admite, por outro lado, que os “escritores dos países africanos que escrevem em português têm sido valorizados em Portugal”. O problema maior, disse, está em África: “Nós é que temos falhado. Nos nossos países há muito pouca valorização dessa aproximação cultural e da própria cultura. Os países africanos deviam fazer mais com o pouco que têm. Portugal tem feito o que pode”.

4 Out 2018

Fundação José Saramago é uma porta aberta para a intimidade do Nobel 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Fundação José Saramago abre as portas para a obra do Nobel da Literatura em língua portuguesa, mas sobretudo permite mergulhar na intimidade do escritor, através das suas agendas e cadernos de apontamentos, que revelam um homem metódico no seu quotidiano.

O primeiro andar da centenária Casa dos Bicos, em Lisboa, alberga o enorme espólio literário de José Saramago, todos os livros que publicou, em várias edições – incluindo o seu primeiro romance, “Terra do Pecado”, publicado em 1947 pela Minerva -, manuscritos e datiloscritos dessas obras, os livros que consultou para escrever “Memorial do Convento” e a bibliografia a que recorreu para construir o polémico “O evangelho segundo Jesus Cristo”.

Tudo isto se encontra na exposição permanente da Fundação, “José Saramago. As Sementes e os frutos”, que é, na verdade, “uma transposição, em versão mais reduzida, para aquele espaço de uma outra mostra, de 2008, chamada ‘José Saramago. A consistência dos sonhos’”, que passou por Lisboa, Lanzarote, São Paulo e Cidade do México, contou à Lusa Sérgio Letria, diretor da Fundação José Saramago (FJS).

“Quando a fundação veio para a Casa dos Bicos, achámos que, obviamente, teríamos de ter uma exposição permanente e, portanto, esta exposição resulta dessa grande exposição: temos aqui grande parte do espólio literário de José Saramago, temos originais, traduções, fotografias e está organizada por livro ou por tema”, disse à Lusa Sérgio Letria.

Percorrendo a galeria onde está exposto o acervo saramaguiano, percebe-se a separação entre secções, os livros que escreveu, os traduzidos e publicados noutros países, e as obras de outros autores que Saramago traduziu.

Depois, há alas dedicadas à atribuição do Prémio Nobel a José Saramago (em 1998), com a devida medalha, à sua intervenção cívica e política, ao diploma ‘Honoris Causa’ que recebeu, e à sua filmografia, no caso, o documentário de João Mário Grilo, que dá a conhecer a personalidade do escritor, e o filme “José e Pilar”, da autoria de Miguel Gonçalves Mendes, um relato sobre a sua vida ao lado de Pilar del Río, atual presidente da fundação.

Mas aquele que poderá ser o aspeto mais surpreendente desta exposição é a personalidade de José Saramago e, em parte, a sua intimidade, revelada em agendas, nas quais anotava criteriosamente – com uma letra de imprensa pequena e absolutamente simétrica – tudo o que fazia, e caderninhos de anotações de capa preta, manuscritos em letra corrida, com ideias para os seus livros.

São elementos “mais privados, mais pessoais”, dos quais ressalta a sua “capacidade de trabalho e a sua capacidade organizativa”, afirma Sérgio Letria.

“Havia uma metodologia na forma como José Saramago trabalhava que fica bem patente nas agendas, na forma como ele anotava as coisas todas, os filmes que via, as peças de teatro a que assistia, as reuniões políticas e partidárias que tinha, as viagens que fazia, até, às vezes, valores que recebia por trabalhos que fazia, fossem revisões, traduções ou até de direitos de autor em alguns casos”, descreve à Lusa o diretor da FJS.

O primeiro encontro marcado com aquela que viria a ser a mulher que o acompanharia até ao resto da vida, está anotado numa das agendas, com o nome “Pilar de Los Rios”, engano no apelido, posteriormente riscado com um traço, e corrigido, em cima, para “Pilar del Río”.

Por outro lado, os cadernos de capa preta “são o coração literário de José Saramago”, diz Sérgio Letria, acrescentando: “Nós temos o trabalho final, que é o que nos chega enquanto leitores, mas nesses cadernos de capa preta temos os bastidores desse trabalho, como é que o autor pensava”.

Por isso, fala de um possível “projeto de futuro” da fundação, de publicar os escritos pessoais de Saramago, uma ideia ainda indefinida, em função da impossibilidade de consultar o autor sobre “se aceitaria e o que acharia de possibilidade de os leitores um dia poderem ter acesso a esse material”.

“De facto, colocando-me na pele do leitor, eu gostaria de saber como é que o ‘Memorial do Convento’ foi construído, como é que ‘O ano da morte de Ricardo Reis’ chegou a ser ‘O ano da morte de Ricardo Reis’, que ideias é que estavam na cabeça do autor. Pode ser um projeto de futuro, mas teria de ser muito bem pensado”.

É que a fundação segue a regra de “nunca falar pelo Saramago”, são as ideias que ele deixou as que estão lá, explica Sérgio Letria à Lusa, contando que a FJS foi criada por vontade do próprio, de Pilar e de alguns amigos, para que existisse “uma entidade que trabalhasse com as palavras e as ideias do José Saramago”.

Criada em junho de 2007, a fundação obteve oficialmente o espaço da Casa dos Bicos, por cedência da Câmara Municipal de Lisboa, em 2008, através de um contrato de dez anos, que se renovou automaticamente este ano, por mais dez.

Além da obra de Saramago, o trabalho da FJS gira em torno de “uma declaração de princípios que o próprio deixou escrita, onde estão enumeradas as áreas em que a fundação deverá trabalhar: defesa da cultura em Portugal e no mundo, defesa dos direitos humanos, tomando como documento orientador a declaração universal de direitos humanos, que este ano cumpre 70 anos de vida, e também a defesa do meio ambiente”.

A FJS é ainda composta por uma livraria, um auditório, com uma programação regular que passa por apresentações de livros, conferências, debates, exibições de filmes ou concertos, e uma revista digital, intitulada “Blimunda”, herdando o nome da personagem do “Memorial do Convento”.

4 Out 2018

FIMM| Músicas ibéricas e austríacas em destaque este fim-de-semana

A 32ª edição do Festival Internacional de Música de Macau oferece uma ementa de sonoridades europeias. Os lusos Sangre Ibérico trazem amanhã a mistura de sonoridades tradicionais de Portugal e Espanha à Casa do Mandarim. Sábado é dia da música clássica, com um concerto da Orquestra de Macau e da Orquestra Filarmónica de Xangai

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om o fim-de-semana à porta, regressam os concertos da 32ª edição do Festival Internacional de Música de Macau marcados pelos sons quentes ibéricos e pela sumptuosidade clássica vinda da Áustria. Amanhã às 20h, as melodias dos portugueses Sangre Ibérico tomam conta da Casa do Mandarim. A banda que nasceu de um fenómeno televisivo, depois de participarem no programa Portugal e Espanha Got Talent, ganharou visibilidade que os colocou na rota dos palcos dedicados às “músicas do mundo”.

Resultado da soma das influências do flamenco e do fado, o projecto musical vive do trio constituído por André Amaro na voz e guitarra, Paulo Maia na guitarra flamenca e Alexandre Pereira na voz, percussão e cajón flamenco. Da união dos sons dos dois países vizinhos, os Sangre Ibérico pegaram no fado e na música tradicional portuguesa e emprestaram-lhe um pouco do fogo das rumbas flamencas.

O facto das melodias da banda terem um pé em Espanha e outro em Portugal não é de estranhar uma vez que os três elementos dos Sangre Ibérico são oriundos da Aldeia do Bispo, Sabugal e Guarda, ou seja, os músicos sempre tiveram a fronteira num horizonte próximo.

A banda traz a Macau o seu único registo, um disco homónimo, que inclui temas como “Voa”, o single de apresentação do álbum e reinterpretações de “Meu Fado, Meu”, que pertence ao repertório de Mariza, o clássico do folclore português “Valentim”, que foi interpretado por Amália Rodrigues e “Cavalgada” de Roberto Carlos.

Apontados como uma das revelações dos últimos anos da música portuguesa, os Sangre Ibérico assinaram com uma das maiores editoras discográficas do mundo, a Sony Music.

Quem quiser ver os Sangre Ibérico ao vivo terá de desembolsar 150 patacas.

De Viena a Macau

Uma parceria sinfónica sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau no próximo sábado, às 20h. Lu Jia, director musical da Orquestra de Macau, junta-se à Orquestra Filarmónica de Xangai para apresentar a Sinfonia n.o 8 em Dó Menor, a obra-prima de Anton Bruckner.

Com uma forte inspiração espiritual e filosófica, a composição que o público de Macau terá a oportunidade de ver interpretada ao vivo foi a mais longa escrita pelo compositor austríaco. “A versão de 1890 da 8.ª sinfonia de Bruckner, reconhecida pelo próprio compositor, é mais compacta na sua estrutura musical. A orquestração é mais equilibrada e o tom de contraste entre as secções de cordas e sopros é mais apropriado, tornando a sonoridade geral mais emocionante. Apresentamos esta versão para proporcionar ao público do Festival Internacional de Música de Macau uma agradável experiência musical”, adianta Lu Jia, Director Musical da Orquestra de Macau.

Os bilhetes para o concerto custam entre 150 e 250 patacas.

Outro dos destaques culturais deste fim-de-semana são os concertos do Quarteto Hagen de Salzburgo, marcados para as 20h de sábado e domingo no Teatro Dom Pedro V. Fundados em 1981, o conjunto é formado por três irmãos. A Lukas, Veronika e Clemens Hagen, violino, viola e violoncelo respectivamente, junta-se o alemão Rainer Schmidt, também no violino.

O Quarteto Hagen oferece ao público de Macau duas noites de interpretações de obras de Haydn, Schubert, Webern e Beethoven. Os bilhetes custam entre 250 e 300 patacas.

4 Out 2018

Nobel da Química atribuído a dois norte-americanos e um britânico pelo desenvolvimento de proteínas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] prémio Nobel da Química 2018 foi hoje atribuído a dois norte-americanos e a um britânico pela utilização dos princípios da evolução para desenvolver proteínas que resolvem os problemas químicos da humanidade, anunciou a academia sueca.

O prémio deste ano foi atribuído metade à norte-americana Frances H. Arnold e a outra metade em conjunto ao norte-americano George P. Smith e ao britânico Gregory P. Winter, disse Göran K. Hansson, secretário-geral da Real Academia Sueca de Ciência.

Em comunicado, a academia explica que os três cientistas distinguidos com o Nobel da Química 2018 “inspiraram-se no poder da evolução e usaram os mesmos princípios – alterações genéticas e seleção – para desenvolver proteínas que resolvem os problemas químicos da humanidade”.

Os laureados “assumiram o controlo da evolução e usaram-na com objetivos que trazem o maior benefício para a humanidade”, esclarece a academia sueca.

“Enzimas produzidas através da evolução dirigida são usadas para fabricar tudo, desde os biocombustíveis até fármacos. Anticorpos desenvolvidos através do método ‘phage display’ combatem as doenças autoimunes e em alguns casos curam cancros metastáticos”, exemplifica a academia.

Frances H. Arnold realizou, em 1993, a primeira evolução dirigida de enzimas, que são proteínas que catalisam reações químicas, recorda o júri.

Os seus métodos foram, entretanto, afinados e são atualmente usados rotineiramente para desenvolver novos catalisadores, cujas utilizações passam pela produção mais ecológica de químicos como fármacos ou biocombustíveis, pode ler-se no comunicado.

George P. Smith desenvolveu, em 1985, um método conhecido como ‘phage display’, em que um fago – um vírus que infeta bactérias – é utilizado para fazer desenvolver novas proteínas.

Por seu lado, Gregory Winter usou este método para a evolução dirigida de anticorpos, com o objetivo de produzir novos medicamentos.

O primeiro fármaco criado com este método, adalimumab, foi aprovado em 2002 e é usado para a atrite reumatoide, a psoríase e a doença inflamatória do intestino.

Desde então, o método tem permitido produzir anticorpos que neutralizam toxinas, combatem doenças autoimunes e curam cancros metastáticos.

“Estamos nos primórdios da revolução da evolução dirigida, que, de formas diferentes, está a trazer e irá trazer o maior benefício para a humanidade”, conclui a academia sueca.

O prémio Nobel da Química, com um valor pecuniário de nove milhões de coroas (870 mil euros), é o terceiro destes galardões a ser anunciado, seguindo-se, nos próximos dias, os da Paz e da Economia.

Na segunda-feira, o Nobel da Medicina foi atribuído ao norte-americano James P. Allison e ao japonês Tasuku Honjo pelas suas descobertas sobre o papel do sistema imunitário no tratamento do cancro e na terça-feira o Nobel da Física 2018 foi atribuído ao norte-americano Arthur Ashkin e a segunda metade em conjunto ao francês Gérard Mourou e à canadiana Donna Strickland, pelas suas invenções no campo da física do laser.

3 Out 2018

Filme “Hotel Império” de Ivo M. Ferreira tem estreia mundial na China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] filme “Hotel Império”, do realizador português Ivo M. Ferreira, vai ter estreia mundial no Festival de Cinema de Pingyao, que começa no dia 11, na China, revelou a produtora O Som e a Fúria.

“Hotel Império” foi rodado em Macau, onde Ivo M. Ferreira vive há largos anos, e conta a história de uma portuguesa nascida na cidade – interpretada por Margarida Vila-Nova – que, juntamente com outras pessoas, habita um antigo hotel em vias de ser destruído para dar lugar a um edifício moderno.

Em 2016, quando apresentou o projeto do filme no Festival Internacional de Cinema de Macau, Ivo M. Ferreira explicou que a longa-metragem tem como pano de fundo um tema recorrente e muito presente na vida da cidade: a mudança acelerada do espaço, impulsionada pelo desenvolvimento económico.

“O hotel evidentemente que tem uma carga simbólica sobre Macau, vai ser destruído para ser construído um hotel-casino. Tem que ver com (…) a erosão da cidade [que] poderá criar uma identidade, a erosão poderá unir-nos, unir vizinhos que não se falavam. Acho que o filme gravita muito à volta desse ambiente, de que a destruição pode unir para proteger a cidade”, explicou na altura realizador.

Além de Margarida Vila-Nova, o filme conta com a participação de Rhydian Vaughan, um ator taiwanês de ascendência britânica, e vários atores de Macau.

“Hotel Império”, que Ivo M. Ferreira rodou depois de “Cartas da Guerra”, terá estreia mundial na segunda edição do Festival Pingyao Crouching Tiger Hidden Dragon, criado em 2017 pelo realizador chinês Jia Zhangke e pelo programador Marco Muller.

O festival foi batizado com o nome de um filme de Ang Lee, “Crouching Tiger Hidden Dragon” (“O Tigre e o Dragão”), de 2000.

Trailer

3 Out 2018

Empresa chinesa vence concurso de fogo de artifício

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] empresa chinesa Liuyang New Year Fireworks venceu a 29.ª edição do Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau, que terminou esta segunda-feira, Dia Nacional da China.

Milhares de pessoas reuniram-se na baía em frente à Torre de Macau para assistirem ao último dia do concurso, reservado aos espectáculos da Itália e da China.

Na cerimónia de entrega de prémios, a responsável pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST) descreveu o evento como um dos “maiores cartazes turísticos” do território, capaz de atrair turistas de todo o mundo.

“A DST irá continuar a apresentar eventos diversificados e inovadores, em cooperação com diferentes serviços governamentais, instituições, associações (…) com o objectivo de transformar Macau num centro mundial de turismo e lazer”, sublinhou Helena de Senna Fernandes.

Chama lusa

A companhia pirotécnica “Luso” voltou a representar Portugal no concurso, que contou ainda com a participação de equipas das Filipinas, Coreia do Sul, Japão, Bélgica, França, Alemanha e Áustria.

O grupo português viu a sua actuação inspirada no Fado ser adiada uma semana, devido ao tufão Manghkut, que atingiu Macau no dia 16 de setembro e obrigou as autoridades a içarem o sinal 10 de tempestade tropical, o máximo na escala de alerta. À data, em conferência de imprensa, o representante da empresa, Vítor Machado, lembrou que todo o material foi ‘made in’ Portugal.

Este ano, a “Luso” decidiu investir “numa viagem de sonoridades”, “desde os clássicos, como Amália [Rodrigues]” e António Zambujo, até ao Fado In Bossa e aos Beat Bombers Remix, passando por artistas como Rodrigo Leão e Camané, Pedro Abrunhosa, Dulce Pontes, Deolinda e, inclusive, os Gaiteiros de Lisboa, disse.

No ano passado, o concurso foi cancelado devido aos estragos provocados pelo tufão Hato, que atingiu Macau em 23 de agosto, causando dez mortos e mais de 240 feridos.

3 Out 2018

Livros | Fernando Rosas revê e publica “A Primeira República. Como Venceu e porque se perdeu”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] I República (1910-1926) foi “ferida de uma crise de legitimidade estrutural” que a tornou “presa fácil da conspiração das direitas antiliberais”, afirma o historiador Fernando Rosas, na obra “A Primeira República. Como Venceu e porque se perdeu”.

“A República do Partido Republicano Português, ferida de uma crise de legitimidade estrutural e mergulhada na instabilidade política e financeira, tornar-se-ia presa fácil da conspiração a montante das direitas antilberais”, escreve Fernando Rosas, na obra que é apresentada na próxima quarta-feira, em Lisboa, pelo historiador António Reis

“A Primeira República. Como Venceu e porque se perdeu” é uma nova edição do texto publicado em 2010, no contexto de uma obra celebrativa do centenário da República – “1910 a Duas Vozes” -, também com a chancela da Bertrand Editora.

“O presente trabalho foi devidamente atualizado e teve novos desenvolvimentos, sobretudo no tocante à análise da I República no pós-guerra [1914-1918], ou seja, dos fatores que conduzem à sua derrota em 1926”, com o golpe militar liderado pelo general Gomes da Costa, escreve o historiador.

Para a nova publicação, contribuíram “as condições pouco propícias em que apareceu a edição original, ‘subsumida’ num livro com a contribuição de outro autor com uma abordagem da I República substancialmente diferente” da que Rosas partilha, justifica.

Rosas decidiu também rever e voltar a publicar o texto numa altura de “tempos sombrios, como os que se abeiram da Europa e do mundo”, sugerindo que este livro pode “ser lido sob essa perspetiva”.

Para o catedrático jubilado, “a crise histórica dos sistemas liberais do Ocidente, aquela que vivemos potenciado pela época neoliberal do capitalismo, parece tender para a emergência de um novo tipo de regimes ‘pós-democráticos’, autoritários, populistas e xenófobos”.

Defende o historiador que “os paralelismos com a primeira grande crise dos sistemas liberais nos anos 20 do século passado, e com o seu desfecho trágico na época dos fascismos e da guerra são, pois, incontornáveis, apesar das importantes diferenças de contexto histórico”.

Prossegue Rosas: “Tudo nos convoca a olhar para essa História recente a fim de ajudar a perceber o que se passa e o que se poderá vir a passar”.

“Na primeira metade dos anos 20 do século passado, a incapacidade de o liberalismo oligárquico se democratizar política e socialmente, ditou a incapacidade de a República reunir forças que a defendessem contra o golpe iminente de onde viriam a brotar a Ditadura Militar [1926-1933] e o Estado Novo”, que se prolongou de 1933 a 1974.

A obra divide-se em “três partes distintas”, todas com o objetivo de “trazer um outro ponto de vista às controversas levantadas por alguma historiografia neoconservadora que se redescobriu nos ataques com que, ao tempo, a propaganda ‘estado-novista’ procurou demonizar o republicanismo”.

Na primeira parte da obra, Fernando Rosas situa a crise da monarquia constitucional no contexto “da crise mais geral que começa a minar os sistemas liberais oligárquicos europeus” na passagem para o século XX.

A segunda parte trata “o republicanismo como ideia e como força social e política mobilizadora no mundo urbano”, ou seja, aborda a base social da República, “a pequena burguesia urbana, liderada pela elite intelectual e as profissões liberais”.

A terceira parte destaca a obra republicana “que se sobrepôs a instabilidade governativa e aos crónicos constrangimentos financeiros” – cite-se laicização do Estado, a separação do Estado da Igreja, o registo civil, o divórcio e a reforma universitária.

A obra “A Primeira República. Como Venceu e porque se perdeu” é apresentada esta quarta-feira em Lisboa.

2 Out 2018

Homem no centro do escândalo do Nobel da Literatura condenado por violação

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] homem no centro de um escândalo de abuso sexual e crimes financeiros, que afetou a Academia de Estocolmo e levou à suspensão do Nobel da Literatura, este ano, foi ontem condenado a dois anos de prisão por violação. O Tribunal de Estocolmo disse que a decisão foi unânime.

O artista Jean-Claude Arnault, casado com a académica e poeta Katarina Frostenson, membro do comité que decidia a atribuição do Nobel da Literatura, foi acusado de dois episódios de violação cometidos em 2011, contra a mesma mulher.

A juíza Gudrun Antemar disse que o papel do tribunal foi decidir se o procurador provou as acusações, além de uma dúvida razoável.

“A conclusão do tribunal é que a evidência é suficiente para considerar o réu culpado de um dos atos”, disse, acrescentando que a prova “consistiu principalmente em declarações feitas durante o julgamento por parte da lesada e de várias testemunhas”.

Na Suécia, a violação é punível com um mínimo de dois anos e um máximo de seis anos de prisão. A procuradora Christina Voigt exigiu três anos de prisão para Arnault.

O acusado negou ontem todas as acusações através do seu advogado, no início do julgamento, em 19 de setembro, que decorreu à porta fechada, a pedido da denunciante e como é costume na Suécia em casos de violação.

O Ministério Público encerrou em março partes da investigação preliminar, iniciada em novembro, a partir de queixas de várias mulheres, quase todas feitas de forma anónima.

Ao rebentar o escândalo, a Academia Sueca cortou relações com o artista e pediu uma auditoria, que concluiu que Arnault não influenciou decisões sobre prémios e bolsas.

Contudo, descobriu-se que Katarina Frostenson era coproprietária do clube literário do marido, que recebia regularmente apoio financeiro da Academia Sueca, o que violava as regras de imparcialidade.

O relatório confirmou também que a confidencialidade sobre o vencedor do Nobel foi violada várias vezes.

O “caso Arnault” desencadeou um conflito interno que, nos últimos meses, com sete membros a serem forçados a sair ou demitirem-se, em abril.

Pressionados pela Fundação Nobel, a Academia Sueca lançou várias reformas, incluindo uma mudança nos estatutos para permitir a renúncia real dos seus membros e a eleição de novos, e o recurso a um grupo externo de especialistas em leis, resolução de conflitos, organização e comunicação.

A decisão mais controversa foi a de adiar a atribuição do Prémio Nobel de Literatura, este ano, pela primeira vez em sete décadas, o que significa que, em 2019, deverão ser concedidos dois prémios, uma medida atribuída à falta de confiança e ao enfraquecimento da instituição.

2 Out 2018

Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho para Álvaro Manuel Machado e Ana Luísa Amaral

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s livros “O significado das coisas”, de Álvaro Manuel Machado, e “Arder a palavra e outros incêndios”, de Ana Luísa Amaral, são os vencedores ex-aequo do Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho, da Associação Portuguesa dos Críticos Literários.

No comunicado enviado à agência Lusa, a Associação Portuguesa dos Críticos Literários (APCL) afirma que “O significado das coisas”, de Álvaro Manuel Machado proporciona, “com o rigor e a vitalidade da perspetiva comparatista que marca uma carreira ensaística já com várias décadas, leituras iluminantes de autores dos séculos XIX e XX, como Teófilo Braga, Antero de Quental, Eça de Queirós, Miguel Torga, Vergílio Ferreira, Raul Brandão, Agustina Bessa-Luís, Mário Cláudio e vários outros”.

Álvaro Manuel Machado é professor na Universidade Nova de Lisboa, e a obra foi publicada pela Editorial Presença.

“Arder a palavra e outros incêndios”, publicado pela Relógio d’Água, é “um conjunto de ensaios orientados por um pensamento maturo e livre sobre vários autores portugueses e anglo-saxónicos”.

“Sem ficar fechada nos limites doutrinais do feminismo, Ana Luísa Amaral, [professora na Faculdade de Letras da Universidade do Porto], tira da sua interrogação sobre a identidade de mulher os recursos de uma profunda renovação do sentido da literatura”.

O júri foi constituído por Cristina Robalo Cordeiro, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Maria João Reynaud, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde leciona a disciplina de Literatura Portuguesa dos séculos XIX e XX, e orienta seminários de Poesia Portuguesa Contemporânea, e Paula Morão, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde colabora com o Centro de Estudos Clássicos, e também com o Centro de Estudos Portugueses da Universidade de Coimbra.

O Prémio Jacinto do Prado Coelho do ano passado foi entregue a Maria José Reynaud, pela sua obra “Margens, ensaios de literatura” publicada pelas Edições Afrontamento.

2 Out 2018

Morreu cantor e compositor Charles Aznavour, de 94 anos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] cantor e compositor Charles Aznavour, de 94 anos, morreu na noite de domingo, disse ontem o seu assessor de imprensa, à agência francesa de notícias, AFP. Aznavour, segundo a AFP, morreu no seu domicílio, em Alpilles, na Provença, no sul de França.

Charles Aznavour atuou a 10 de dezembro de 2016, em Lisboa, no então Meo Arena, atual Altice Arena, culminando uma digressão internacional, que passara por mais de uma dezena de cidades. O cantor e compostor escreveu um fado para Amália Rodrigues, “Aïe mourir pour toi”, por quem confessara um profunda admiração e amizade.

Em 2007, gravou com a cabo-verdiana Mayra Andrade a canção “Je danse avec l’amour”.

Charles Aznavour tinha já atuado em 2008 em Portugal, ano em que recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores, e em que anunciara a sua retirada dos palcos, tendo realizado uma digressão mundial.

Cantor, ator e compositor francês de origem arménia, apontado pela imprensa como uma “lenda viva da ‘chanson française’”, Charles Aznavour editou, em 2015, o álbum “Encores”, composto por inéditos de sua autoria, entre os quais uma homenagem a Edith Piaf e uma recriação de Nina Simone, tendo atuado, na altura, em cidades como Paris, Londres, Bruxelas e São Petersburgo, entre outras, num total de 12 concertos.

Todas as canções do álbum, à exceção de “You’ve got to learn”, foram escritas e compostas por Aznavour, que fez os arranjos para a sua voz, sendo a orquestração de Jean-Pascal Beintus.

Com uma carreira de mais de 70 anos, Charles Aznavour escreveu mais de mil canções em francês, inglês, italiano, espanhol e alemão, vendeu mais de 180 milhões de discos, tendo partilhado o palco com cantores como Edith Piaf, Charles Trenet, Dalida e Yves Montand, entre muitos outros.

“Poucos são os franceses referenciados como influência por artistas tão díspares como Frank Sinatra ou Fred Astaire, Sting ou Elvis Costello, Bob Dylan ou Dr.Dré, magnata do ‘hip hop’, que ‘samplou’ um tema de Aznavour de 1966, ‘Parce que tu crois’”, num dos seus maiores sucessos, recordou a produtora do derradeiro espetáculo de Aznavour em Portugal.

Bryan Ferry, Elton John, Carole King, Paul Anka, Frank Sinatra, Dean Martin, Sting, Marc Almond, Herbert Gronemeyer, Simone de Oliveira e Laura Pausini são alguns dos artistas não franceses que gravaram temas de Aznavour, além de Amália Rodrigues por quem o cantor nutria uma admiração e de quem era amigo, como afirmou em várias entrevistas.

O crítico musical Stephen Holden, da revista norte-americana Rolling Stone, descreveu Aznavour como uma “divindade pop francesa”.

Em 1998, Aznavour foi eleito “Entertainer of the century” pelos consumidores de marcas globais de media, como a CNN e a Time Online, somando 18% das preferências mundiais e superando Bob Dylan e Elvis Presley.

De origem arménia, o músico fundou a organização não-governamental Aznavour For Arménia, como resposta ao terramoto naquele país, em 1988.

Em 1997, a França reconheceu o papel do músico na história da canção francesa, distinguindo-o com o grau de Oficial da Legião de Honra.

Aznavour foi embaixador permanente da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), e o Estado da Arménia concedeu-lhe, em 2008, a nacionalidade arménia.

Anteriormente, o cantor tinha recebido a Ordem da Pátria, a mais alta condecoração da antiga república soviética e uma das praças da capital, Yerevan, tem o seu nome.

2 Out 2018

Cinema | Nova edição do festival Kino inclui clássicos de Fassbinder

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap]já no próximo dia 21 de Outubro que arranca na Cinemateca Paixão a nova edição do festival Kino, dedicado ao cinema alemão, e que conta com a parceria do Instituto Goethe de Hong Kong. De acordo com um comunicado da organização, o cartaz inclui um total de 18 filmes e quatro clássicos do realizador Rainer W. Fassbinder.

O Kino “incluirá oito das mais recentes longas metragens alemãs, focadas em temas como a rebelião e a coragem, o amor e a dúvida, o desejo e o despertar, assim como dois filmes suíços, na qualidade de ‘convidados especiais’, que darão prova do poder da imagem contemporânea.”

De acordo com os programadores da Cinemateca Paixão, “muitos destes filmes foram nomeados ou venceram categorias nos Prémios do Cinema Alemão e no Festival Internacional de Cinema de Berlim 2018, incluindo Trânsito, Styx, e Western, que foi nomeado também para o Prémio Un Certain Regard  no Festival de Cinema de Cannes 2017”. A Cinemateca vai também exibir os filmes 303 e Vento Contrário, “ambos com um enfoque feminino”. Quanto a  O Jardim, “passa-se contra o pano de fundo da vida de uma família alemã moderna na década de 1970”.

Em foco

O trabalho de Fassbinder vai estar em destaque com a exibição da mini série “Realizador-em-foco”. Esta foi “especialmente preparada para o público de Macau”, tal como “quatro filmes de diferentes períodos, como O Amor É Mais Frio Que A Morte (1969), a sua primeira longa metragem realizada aos 24 anos, O Comerciante das Quatro Estações (1972), uma obra popular e aclamada pela crítica, O Casamento de Maria Braun (1978), um trágico filme de amor do topo da sua carreira, e o derradeiro filme de Fassbinder: Querelle (1982)”.

O trabalho do realizador será também abordado numa palestra protagonizada por Born Lo, amante de cinema e arquitecto em Hong Kong.

O festival abre com o filme “A Revolução Silenciosa”, que se baseia “num evento real, mostrando como uma ideia podia inadvertidamente causar dramáticas mudanças na vidas dos adolescentes durante o sensível contexto político da Alemanha de Leste na década de 1950”. Este filme mereceu ao realizador Lars Kraume o Prémio de Melhor Realizador Nacional no Festival de Cinema de Munique 2018.

1 Out 2018

Exposição | World Press Photo na Casa Garden até 21 de Outubro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] s retratos do mundo estão de volta à Casa Garden na exposição dos vencedores do concurso anual World Press Photo. Jerzy Brinkhof, curador, falou do poder informativo da fotografia que conta as histórias dos nossos dias.

Não é apenas um homem a arder, mas toda a Venezuela com a sua crise económica que retira os alimentos dos supermercados e coloca a população em grave carência. “A crise Venezuelana”, de Ronaldo Schemidt, fotojornalista da agência France Press, é a fotografia vencedora da edição deste ano do concurso World Press Photo e é uma das imagens que estará exposta na Casa Garden até ao próximo dia 21 de Outubro. À semelhança dos anos anteriores, esta iniciativa é feita graças ao contacto da Casa de Portugal em Macau.

Jerzy Brinkhof, curador da exposição, explicou as razões pelas quais esta fotografia se destacou entre milhares que se apresentaram a concurso.

“A foto foi tirada durante um protesto em Caracas contra o Governo de Nicolas Maduro, porque o país está numa crise financeira e económica. A razão pela qual o júri escolheu esta foto é porque é uma imagem perfeita do ponto de vista estético, é vibrante e capta a atenção do público, e também representa aquilo que a exposição pretende ser este ano, ter algo de grande dimensão. Não é apenas um homem a arder, é a Venezuela a arder.”

Este ano, o World Press Photo tem uma nova categoria dedicada ao ambiente. Como tal, são muitas as imagens que nos remetem para as problemáticas do aquecimento global e do desperdício de recursos.

“Decidimos criar esta categoria pelo facto do aquecimento global e das questões ambientais serem os grandes temas da actualidade. Todos lidam com esse problema, seja a China ou os Estados Unidos. Também recebemos muitas candidaturas de fotógrafos com interesse em documentar esta questão”, contou o curador.

Uma das imagens que reflectem o tema do ambiente mostra a produção alimentar nas fábricas chinesas. “É um país que enfrenta o problema do aumento da população e da maior necessidade de consumo de produtos alimentares.” Além disso, é também retratada a produção alimentar sustentável na Holanda, onde se faz uma grande aposta na ciência.

Imagens móveis

Um total de 42 fotógrafos foram premiados nesta edição do concurso que visa chegar a todas as pessoas. “As imagens da exposição formam uma história e penso que uma exposição assim, global, merece um público a nível mundial. Ter a exposição em Macau faz parte disso. Esperamos ter aqui a exposição durante bastante tempo”, explicou o curador, que falou da importância de se fazer o World Press Photo numa altura em que os telemóveis vieram banalizar o acto de fotografar.

“Temos demasiada informação nos nossos telemóveis, a maior parte é visual, o que, por um lado é bom, mas por outro não é. Mas essa é uma outra discussão. A exposição resulta de um concurso internacional e esperamos que as pessoas que visitem a exposição tenham tempo para olhar para o que se está a passar no mundo em vez de olharem apenas para os telemóveis. Exige um maior consumo de tempo, mas pode também ser mais interessante.”

Todas as imagens vencedoras foram escolhidas por um júri independente, ainda assim já se registaram alguns entraves na exibição das fotografias, quando está em causa nudez ou outras questões sensíveis.

“Já tivemos problemas a expor algumas das imagens, pois há fotografias de nudez, por exemplo. A dificuldade que temos prende-se com o facto de querermos expor no maior número de países possível, mas temos de nos confrontar com questões culturais, políticas e religiosas e com as diferenças que isso acarreta. Respeitamo-las, mas também acreditamos que a nossa exposição pode levar a uma mudança e poderia abrir as mentes das pessoas a outras percepções.”

Para Jerzy Brinkhof é importante que as fotografias vencedoras revelem outras perspectivas a quem as vê. “As notícias são um tema forte da exposição, mas também temos histórias de desporto, retratos de pessoas, ambiente. Quando as pessoas olham e são confrontadas com as histórias podem achar estranho, não é algo que estejam habituados a ver, mas isso é positivo, há um confronto com questões com as quais podem discordar”, concluiu.

1 Out 2018

Filme “A árvore” de André Gil Mata estreia-se hoje nos cinemas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] filme “A Árvore”, do realizador português André Gil Mata, estreia-se hoje nos cinemas portugueses, depois de ter passado por vários festivais, como Berlim e IndieLisboa.

De acordo com a Nitrato Filmes, “A Árvore” terá exibições no Porto, em Lisboa, em Coimbra e, nas semanas seguintes, será mostrado em Amarante, Castelo Branco, Tavira e Guimarães, em alguns casos com a presença do realizador.

“A Árvore”, que foi selecionado para o festival de Berlim, valeu a André Gil Mata o prémio de melhor realização para longa-metragem portuguesa, em abril no IndieLisboa.

Na altura, André Gil Mata afirmou à agência Lusa que o filme foi produzido e rodado na Bósnia-Herzegovina, onde fez o doutoramento.

“A Árvore” segue uma personagem dividida por dois atores (Petar Fradelic e Filip Zivanovic) que vagueia por uma aldeia numa floresta num ambiente de desolação, de guerra e escuridão.

Com planos longos, quase sem diálogos, sublinhando a imagem e o som, “A Árvore” é um filme marcado pela guerra. Pode ser a guerra dos Balcãs, sabendo-se que o filme foi rodado na Bósnia, mas pode ser outro conflito atual, do passado ou de um futuro.

Para André Gil Mata, o filme “joga muito com essa questão de circularidade do tempo e da repetição das coisas e dessa questão de as nossas vidas serem muito mais circulares do que lineares”.

Nascido em 1978 em São João da Madeira, André Gil Mata foi curador no Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira e cofundador da produtora Bando à Parte. É autor das curtas-metragens “Num globo de neve” (2017), “O coveiro” (2012) “Casa” (201) e “Arca d’água” (2009) e das longas “How I fell in love with Eva Ras” (2016) e “Cativeiro” (2012).

27 Set 2018

Morreu a artista plástica Helena Almeida

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] artista plástica Helena Almeida, de 84 anos, morreu ontem, em Lisboa, disse à agência Lusa fonte da galeria que a representava, a Galeria Filomena Soares.

Nascida em Lisboa, em 1934, Helena Almeida criou, a partir dos anos 1960, uma obra multifacetada, sobretudo na área da fotografia, tornando-se uma figura destacada no panorama artístico português contemporâneo.

A exposição “O Outro Casal. Helena Almeida e Artur Rosa”, sobre a obra de Helena Almeida, centrada nos registos em que aparece com o marido, também artista, Artur Rosa, esteve patente desde junho ao passado dia 09, na Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva, em Lisboa.

Em Madrid foi inaugurada a mostra “Dentro de mim”, de Helena Almeida, no passado dia 20, na galeria madrilena Helga de Alvear.

27 Set 2018

Rodrigo Leão | Novas datas de “O Aniversário” no Porto e em Lisboa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] músico Rodrigo Leão, a celebrar 25 anos de carreira, acrescentou duas datas extras às apresentações, em Novembro, nos coliseus do Porto e de Lisboa, do espectáculo “O Aniversário”, anunciou ontem a sua produtora.

No Coliseu do Porto, a nova data é 7 de Novembro, um dia antes da já anunciada, 8 de Novembro, e no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, dá um concerto às 18h, no dia 10, para o qual já estava previsto um concerto às 21h30. A outra data de Lisboa é o dia 9 de Novembro.

Segundo a promotora, estas datas extras devem-se à “grande procura do público, que praticamente já esgotou as datas anunciadas”. “O Aniversário”, o concerto, é uma produção “dirigida ao grande público, que percorrerá todo o repertório”, tal como no álbum, “contando com uma formação alargada a dez músicos, que inclui baixo e bateria”, e apresentará, pela primeira vez juntas, em palco, as cantoras Ana Vieira e Selma Uamusse, que regularmente têm gravado com o compositor”, disse à agência Lusa Rodrigo Leão.

“Sinto-me como há 25 anos, a tentar procurar melodias, harmonias, às vezes com grande sofrimento, pois nem sempre aparece a inspiração”, afirmou o compositor, quando do anúncio dos espectáculos, referindo também o “importante trabalho” da equipa de produção e dos músicos com quem trabalha – os músicos de quem se sente mais perto -, e dos amigos, que “são muito importantes para o trabalho final”. O músico disse à Lusa que tudo o influencia, “as viagens, as idas à Ericeira ou ao Alentejo, mas não há a intencionalidade dessa busca” identitária. “Trabalho de uma forma intuitiva. Às vezes, melodias que me surgem, gravo-as no telemóvel, antes de as trabalhar, só porque me surgiram naquele momento”, disse.

27 Set 2018

Exposição | Macaense Lai Sio Kit pela primeira a solo em Portugal

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ete instalações com milhares de peças sobre momentos únicos no tempo compõem a primeira exposição a solo do artista macaense Lai Sio Kit, numa instituição em Portugal, e é inaugurada hoje, no Museu do Oriente, em Lisboa.

Intitulada “Momento Único”, a exposição de Lai Sio Kit vai ser inaugurada hoje, às 18h30, e ficará patente até 18 Novembro, segundo um comunicado do museu.

Adaptadas ao espaço da galeria do Museu do Oriente, as instalações combinam linguagens artísticas para traduzir a passagem do tempo e as suas marcas.

Formadas por milhares de rectângulos de tela pintada a óleo, cada instalação é concebida e montada como um enorme painel de azulejos, objectos que permitem ao artista “reflectir sobre a forma como o tempo existe nas cidades”. “Alguns partidos, alguns esbatidos e outros com vestígios de musgos, tudo isso acontece por causa do tempo. E o processo de pintar cada azulejo é também o processo em que eu experiencio o tempo. Mais tarde, juntando os momentos de tempo, eu crio um espaço de tempo próprio”, diz o artista, citado pelo texto de apresentação da mostra.

Formado pela Central Academy of Fine Arts de Pequim, Lai Sio Kit – nascido em Macau, em 1983 – já expôs em exposições locais e internacionais. Entre os prémios que conquistou, destaca-se o Prémio Fundação Oriente para as Artes Plásticas, na edição de 2012.

Coincidindo com o início desta exposição, e tendo Macau como foco, realiza-se também “Memórias de Macau”, uma visita temática à exposição “Presença Portuguesa na Ásia”. Esta iniciativa, de entrada gratuita, está integrada nas comemorações das Jornadas Europeias do Património que, este ano, estão subordinadas ao tema “Partilhar Memórias”.

27 Set 2018

Lusofonia | Festival apresenta D.A.M.A e exposição de Vítor Marreiros

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] cartaz da 10ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, onde está incluído o Festival da Lusofonia, foi ontem apresentado e inclui os portugueses D.A.M.A. e uma exposição de Vítor Marreiros na residência consular. Haverá ainda espaço para o teatro e gastronomia.

A décima edição da Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa arranca no próximo dia 9 de Outubro. À semelhança dos anos anteriores, tem um cartaz repleto de música, gastronomia, exposições e teatro, que vão passar por lugares como as Casas-Museu da Taipa, a Doca dos Pescadores e Largo do Senado.

De Portugal chegam os D.A.M.A., um projecto que mistura a música pop com o rap e que é composto pelos músicos Francisco “Kasha” Pereira, Miguel Coimbra e Miguel Cristovinho. O primeiro álbum da banda foi lançado em 2014 e intitula-se “Uma questão de princípio”. O cartaz tem também artistas oriundos de outros países de língua portuguesa, como é o caso de Black Jesus, de Timor-Leste, Moza Band Feast, de Moçambique, Rui Sangara, da Guiné-Bissau, Banda Circulô, do Brasil, e Grace Évora e Banda, de Cabo Verde. O angolano Paulo Flores, que tem já 28 anos de carreira e cerca de 15 discos gravados, é outro dos destaques. Da China foi convidado o Grupo Artístico Folclórico do Distrito de Songjiang, próximo de Xangai.

Estes artistas vão actuar no festival da lusofonia, que decorre no fim-de-semana de 12 a 14 de Outubro, estando também previstos concertos no Largo do Senado, entre os dias 15 e 17 de Outubro, e na Doca dos Pescadores, entre os dias 13 e 18 de Outubro.

Na área da gastronomia, quatro restaurantes vão acolher a iniciativa “Sabores do Mundo” dos Países de Língua Portuguesa, cujos dez chefes de cozinha foram propostos pelas associações lusófonas locais. Na Doca dos Pescadores estará aberto ao público o “Stand dos produtos alimentares dos países de língua portuguesa”, bem como o workshop entre pais e filhos da cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Por outro lado, vão estar patentes, nas Casas-Museu da Taipa exposições de arte contemporânea de artistas oriundos de Angola e Cabo Verde, nomeadamente Guilherme Manpuya e Tutu Sousa. Haverá também, na Doca dos Pescadores, uma feira de artesanato com dez artesãos vindos da província de Guizhou.

O Clube Militar acolhe a exposição de pintura lusófona, que decorre entre os dias 15 de Outubro e 4 de Novembro. Para celebrar os 15 anos de existência do Fórum Macau, estará patente na Doca dos Pescadores a exposição de fotografias “Ponto de Encontro, Pontes Intangíveis”, aberta ao público entre os dias 13 de Outubro e 4 de Novembro.

Residência artística

A exposição do designer gráfico Vítor Marreiros, na residência consular, será outro dos pontos altos do cartaz da semana cultural e pode ser visitada entre os dias 12 de Outubro e 8 de Novembro. Autor, há muitos anos, dos cartazes oficiais das comemorações do 10 de Junho, Vítor Marreiros não apresenta uma exposição em nome individual desde 2014.

Numa entrevista concedida o ano passado, explicou as razões dessa ausência. “Não exponho o meu trabalho numa galeria, ele está à vista. Já esteve mais, mas está à vista. Faço poucas exposições, nestes cerca de 30 anos devo ter feito umas quatro ou cinco, incluindo duas em parceria com o meu irmão [Carlos Marreiros] e com Ung Vai Meng, em Osaka. Não trabalho para fazer exposições.”

Com um programa à parte, decorre, este ano no edifício do antigo tribunal, o festival TEATRAU – Mostra de Teatro dos Países de Língua Portuguesa, entre os dias 9 e 14 de Outubro.

A história dos estaleiros navais de Lai Chi Vun será contada pela companhia teatral Dream Theater Association, numa peça com o nome “O nosso estaleiro naval ‘Victory’”, localizado na povoação de Coloane. Vão também participar companhias de teatro vindas do Brasil, Angola, Cabo-Verde e Guiné-Bissau.

Todo o cartaz da semana cultural entre a China e os países de língua portuguesa tem a organização do Fórum Macau e do Instituto Cultural, entre outros e é coordenado pelo Instituto Português do Oriente.

Glória Batalha Ung, secretária-geral adjunta do Fórum Macau, referiu que o orçamento desta edição é de nove milhões de patacas, montante que não representa grande aumento face ao ano passado.

Rodrigo Brum, secretário-geral adjunto do Fórum Macau, explicou a importância crescente que a cultura tem tido nas relações entre a China e os países de língua portuguesa.

“O Fórum está a viver o seu 15º ano de existência e importa referir que o objectivo prioritário, tal como foi estabelecido na sua criação, era a dinamização da interacção económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa, mas não constava a parte cultural. Mas na décima edição do evento já existe uma rotina estabelecida e tem sido dada importância à questão cultural, além dos assuntos económicos”, frisou.

Para Rodrigo Brum, “o maior envolvimento nas questões culturais é um ponto assente do Fórum Macau”, sendo a cultura “a instrumentalização dos objectivos prioritários” definidos na 5ª Conferência Ministerial, concluiu.

27 Set 2018

Actor Bill Cosby condenado a pena de entre três e 10 anos de prisão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] actor norte-americano Bill Cosby foi ontem condenado a uma pena de entre três e dez anos de prisão por agressão sexual, por um juiz da Pensilvânia, no nordeste dos Estados Unidos.
Na leitura da sentença, que será cumprida em isolamento, o ator cómico de 81 anos, considerado em abril, por um júri, culpado de drogar e violar uma mulher, não reagiu.

Bill Cosby poderá pedir a liberdade condicional após cumprir pelo menos três anos de prisão, e esse pedido será analisado por uma comissão especial.

O principal advogado do criador e herói do “Cosby Show” indicou já que vai apresentar um recurso e pediu que o seu cliente seja deixado em liberdade sob fiança enquanto aguarda a análise do recurso.

O juiz não se pronunciou de imediato sobre esse ponto, mas ficou atónito com o pedido e retirou-se para estudar o recurso.

Antes da leitura da sentença, a defesa já tinha apresentado um recurso pedindo que Bill Cosby pudesse cumprir a pena em prisão domiciliária, ao que o ministério público respondeu garantindo que o condenado não reúne os requisitos para tal.

Esta pena de entre três e dez anos de prisão é muito inferior aos 30 anos de reclusão em que o ator inicialmente incorria.

Com a carreira em Hollywood e a imagem de boa pessoa destruídas, Bill Cosby tornou-se, assim, a primeira celebridade da era #MeToo a ser enviada para a prisão.

26 Set 2018

Joana Espadinha em busca da canção pop para um álbum que sai na sexta-feira

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] cantora Joana Espadinha edita na sexta-feira o álbum “O material tem sempre razão”, que deriva de uma pergunta sobre música pop: “O que é que faz uma canção ficar no ouvido de alguém?”, contou à agência Lusa.

Joana Espadinha, formada em jazz, explicou que para este segundo álbum de originais queria entrar na pop, nas canções mais universais, com refrões ‘orelhudos’ e convidou o músico Luís Nunes (Benjamim) para produzir e afinar a sonoridade que procurava.

Na pré-produção, foram experimentando ideias e instrumentos, ao mesmo tempo que ouviam a música de nomes como Feist, Fleetwood Mac, Lena d’Água ou Dirty Projectors. A primeira canção que ficou terminada e que acabou por orientar as restantes foi “Leva-me a dançar”.

“Eu queria encontrar canções, não digo mais comerciais, mas que fossem mais universais, aquelas canções que as pessoas ficam com o refrão no ouvido. E isso interessa-me muito: o que é que faz uma canção ficar no ouvido de alguém e ter essa universalidade?”, explicou.

Joana Espadinha lança este álbum quatro anos depois da estreia, com “Avesso”. Tem o nome mais ligado ao jazz, depois de ter passado pelo Hot Clube de Portugal e de ter feito estudos em jazz em Amesterdão, onde começou a escrever as primeiras canções.

“As minhas canções sempre foram assim um híbrido. Tinha algumas influências de jazz, mas tinha também influências da adolescência. Adorava as ‘cantautoras’ norte-americanas. (…) Às vezes, para a música, os rótulos são sempre perigosos. Era uma coisa que me chateava, o meu primeiro disco tinha um bocadinho de jazz, um bocadinho de pop, não tinha muita produção. Para quem não me conhece pode ser algo impeditivo. Eu só quero que as pessoas oiçam a música”, defendeu.

Joana Espadinha, 35 anos, chamou ao álbum “O material tem sempre razão”, uma frase que diz ser-lhe familiar e que dá nome também a um dos temas do alinhamento.

“É uma canção que fala da viagem que tem sido o meu percurso artístico, um bocadinho irónico em certos momentos, quase estou a gozar comigo própria nos momentos em que a pessoa quer ser algo que não é, a pressão para agradar a toda a gente. Quando alguém se trai há aqui um curto-circuito, algo que não funciona e o material [a voz] tem sempre razão”, argumentou.

Este segundo álbum é o resultado de dois anos de trabalho, entre composição e produção, e sai poucos meses depois de ter participado no Festival da Canção, ao qual concorreu com a música “Zero a Zero”, escrita por Luís Nunes.

A par do álbum a solo, que é apresentado em concerto na quarta-feira no Passos Manuel (Porto), e no dia seguinte no Teatro do Bairro (Lisboa), Joana Espadinha ainda dá aulas de música na escola do Hot Clube de Portugal e na Universidade de Évora, e integra os grupos Cassete Pirata e The Happy Mess.

26 Set 2018

Exposição | Preciosidades assinalam 20 anos do Museu de Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Museu de Macau inaugura na próxima sexta-feira uma exposição para assinalar o seu 20.º aniversário. A mostra, intitulada “Conjunto de Preciosidades”, divide-se em seis secções: “Pinturas de Lingnan”, “Pinturas de Viajantes Europeus”, “Estilo e Vida”, “O Carácter Multicultural de Macau”, “Olhar Retrospectivo” e “Espaço Educativo”.

Em comunicado, o Instituto Cultural  (IC)destaca que a exposição de colecções, que vai estar patente até 24 de Fevereiro, evidencia “o intercâmbio cultural entre o Oriente e o Ocidente ao longo de mais de quatrocentos anos”, patente nos traços das heranças culturais chinesas e ocidentais em obras de arte, em bens de uso quotidiano, ou ainda nos legados de personalidades como Gao Jianfu, George Chinnery e André Auguste Borget que partilham uma indelével ligação a Macau. De modo a permitir ao público compreender melhor a colecção de relíquias culturais do Museu de Macau, a exposição contará ainda com uma exibição multimédia e uma zona educativa.

Já no próximo dia 27 de Outubro tem lugar uma palestra temática sobre as pinturas da exposição de colecções, proferida pelo director do Museu de Arte de Macau, Chan Kai Chon. Durante o período da exposição, vão realizar-se ainda workshops (a 20 de Outubro, 24 de Novembro e 15 de Dezembro), cujas inscrições podem ser feitas através do portal do IC.

26 Set 2018

Tap Seac | Colectiva de Artes Visuais inaugura amanhã

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] inaugurada amanhã, pelas 18h30, na Galeria do Tap Seac, a Exposição Colectiva das Artes Visuais de Macau. Para a mostra, organizada pelo Instituto Cultural (IC) foram seleccionadas 80 obras de um universo de 291 recolhidas, entre as quais “O Quarto da Série de Murais” de Lam Un Mei, que conquistou o grande prémio do júri e o prémio juventude.

O prémio de obra excelência foi atribuído ainda a “Cidade Miniatura” de Vong Vitorino, “Orientando” de Lei Ka Ieng, “Barco I, Barco II” de Leong Wai Lap, “Sentimentos Contraditórios – Sensação de Afastamento, Sensação de Fluidez” de Chan Ka Ian, “Série Fantasias de Erros Robóticos” de Ho Wai Leng, e a “Cidade dos Sonhos” de Sam Kin Hang. Também a “Pairar” de Route Arts Macau, “Notícias Locais J1” de Leong Fei In, e “Colecção de Imagens (90 Peças de Tralha)” de Wong Weng Io.

A exposição fica patente até 18 de Novembro na Galeria do Tap Seac e na Galeria de Exposições Temporárias do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) entre as 10h e as 21h, incluindo nos feriados. A entrada é livre.

26 Set 2018

Exposição | Fotógrafo Jorge Simões prepara projecto sobre Macau

O fotógrafo português Jorge Simões, curador da Book-Hop, a primeira exposição de livros de artista no território, que inaugurou ontem, tem na calha um projecto com Macau como pano de fundo

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] um projecto que se encontra na gaveta, mas que pode em breve vir a conhecer a luz o dia. Macau surge como pano de fundo e a fotografia como meio. Jorge Simões, fotógrafo português, está de regresso ao território, onde, além da curadoria da exposição que o trouxe de volta, procura dar continuidade a um trabalho que iniciou em 2012.

“Na altura, vim a Macau também a propósito de uma exposição e aproveitei a minha vinda para fotografar e fazer também o meu trabalho pessoal enquanto artista”, contextualizou Jorge Simões ao HM. A cidade despertou-lhe os sentidos e, mesmo sem estar preparado para essa missão, não deixou de capturar momentos, atraído pela “envolvência de uma cultura completamente diferente”, do clima, às pessoas, aos cheiros.

“Acabou por ir acontecendo durante o tempo que estive aqui porque fui conhecendo os sítios, as pessoas e isso depois levou-me a querer fotografar cada vez mais”, sublinhou Jorge Simões que pretende aproveitar o regresso para dar “continuidade ao trabalho”, conferindo-lhe uma maior proximidade, com enquadramentos mais fechados e sobretudo rostos. “Estava a pensar em mais fotografias de ‘close ups’, de pessoas”, realça.

“Cada indivíduo vê as coisas à sua maneira, [pelo que] as minhas fotografias retratam o meu olhar. Eu vejo os cheiros, as pessoas, a arquitectura, a construção, a massificação e também o consumismo – que em Macau é notório –, os casinos, a luxúria, os brilhos, as luzes. Tudo isto é impressionante”, observa o fotógrafo português.

Livro de artista

Já “pronto a sair a qualquer momento” tem um livro de artista que, por motivos óbvios, não se encontra patente na exposição que inaugurou ontem na Casa Garden. Isto apesar de essa faceta ter ficado “sempre para trás” devido à crescente procura pela produção de exposições, à qual se dedica há 20 anos.

“Cada vez mais sou procurado pelos artistas para ajudar na produção e montagem de exposições, o que ocupa grande parte do meu tempo e quase não deixa espaço para o meu trabalho de artista”, afirmou, lamentando de “alguma forma” que assim seja. “É um pouco limitativo em termos criativos” mas, “por outro lado, é muito bom e gratificante quando conseguimos ajudar outras pessoas a desenvolverem os trabalhos que queriam e não conseguiriam fazer sozinhas”. Não obstante, reconhece que, no fundo, cada exposição acaba por reflectir o seu trabalho e, naturalmente, a criatividade nela exposta.

A Macau trouxe então a Book-Hop que figura como a segunda edição da exposição de livros de artista, a seguir à realizada em Coimbra, mas que não deverá ser a última. “Entretanto já recebi um convite para fazer a terceira, também em Portugal”, adiantou.

A Book-Hop, que pretende divulgar o livro de artista enquanto obra de arte independente, conta também com a curadoria do designer Paulo Côrte-Real, o qual ficou responsável pela selecção de artistas locais, onde se incluem nomes como Rui Rasquinho, Carlos Marreiros, Konstantin Bessmertny, Francisco Ricarte e João Miguel Barros.

26 Set 2018