Marilyn Manson estreia-se em concerto em Hong Kong

[dropcap]Q[/dropcap]uase 30 anos depois da formação de Marilyn Manson & the Spooky Kids, o projecto inicial que apresentaria ao mundo uma das figuras mais chocantes do mundo do rock, Marilyn Manson anuncia um concerto em Hong Kong. O veterano apresenta-se ao vivo pela primeira vez na região vizinha no dia 18 de Março, no Hall 10 da AsiaWorld-Expo. Os bilhetes estão à venda há sensivelmente uma semana e custam 898 HKD.

Com uma dezena de discos de originais na bagagem, os últimos concertos da digressão norte-americana de Marilyn Manson, que terminou em Novembro, tiveram alinhamentos muito focados nos discos mais populares do músico: “Antichrist Superstar”, de 1996, e “Mechanical Animals” de 1998.

Com uma carreira longa, Manson continua a gerar controvérsia devido às imagens e discursos anti-religiosos, frequentes referências a uma vida de deboche, sexo e drogas, que ainda se vislumbram no último videoclip do músico “God’s Gonna Cut You Down”, uma versão de Johnny Cash. No vídeo, Marilyn Manson brinca com crucifixos e uma caçadeira e é enterrado vivo. Tudo situações naturais no imaginário do artista, que frequentemente, ao longo dos anos, teve grupos religiosos a protestar à porta dos seus concertos.

Semanas depois do lançamento da versão da música de Johnny Cash, Marilyn Manson divulgou outra adaptação, desta feita do clássico dos The Doors “The End”. O hino imortalizado por Jim Morrison conhece assim uma nova textura, mais sinistra e assombrosa, com vocalizações roucas e um trecho em spoken word.

Adorado e odiado

Apesar da imensa legião de fãs em todo o mundo, Marilyn Manson tem angariado muitos inimigos. Uma das razões mais infames foi a moralista ligação entre o conteúdo violento das suas letras e o massacre de Columbine, uma vez que Eric Harris e Dylan Klebold eram assumidos fãs do músico. Importa recordar que em Abril de 1999, Harris e Klebold entraram no liceu onde estudavam e assassinaram 13 pessoas e deixaram feridas outras 24 antes de tomarem a própria vida.

Imediatamente após o massacre, muitos grupos e membros de movimentos religiosos apontaram o dedo a Marilyn Manson como a fonte de inspiração para o massacre de Columbine. Inclusive, correu o boato que os dois jovens estariam a usar t-shirts da banda durante a chacina algo que, apesar de ter sido desmentido pelas autoridades, não acalmou a ira dos grupos religiosos e de algumas facções políticas mais conservadoras. A pressão levou mesmo a banda a cancelar os últimos concertos da tour americana, em respeito pelas vítimas e as suas famílias.

Passados um par de dias dos cancelamentos, um sempre eloquente Marilyn Manson publicou um artigo de opinião na revista Rolling Stone a apontar o dedo à cultura de armas dos Estados Unidos, à influência política da National Rifle Association e à cobertura irresponsável dos meios de comunicação social que preferem encontrar bodes expiatórios a debater assuntos de relevo social.

Esta foi uma das muitas batalhas mediáticas que Marilyn Manson travou, um músico que nunca fugiu às consequências do choque que a sua figura provoca. O música norte-americano chega daqui a três meses, apetece dizer tarde demais, a um palco de Hong Kong.

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