Comércio com os países de língua portuguesa subiu 32,6 por cento

Depois de uma queda no ano passado, as trocas comerciais entre a China e os Países Lusófonos parecem estar a conhecer um novo crescimento

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa subiram 32,6% até Fevereiro, em termos anuais homólogos, para 14,84 mil milhões de dólares, indicam dados oficiais.

Dados dos Serviços de Alfândega da China, publicados no portal do Fórum Macau, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 10,28 mil milhões de dólares – mais 43,74% – e vendeu produtos no valor de 4,56 mil milhões dólares – mais 12,97% comparativamente aos primeiros dois meses do ano passado.

O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 10,35 mil milhões de dólares, valor que traduz um aumento de 35,64% em termos anuais homólogos.

As exportações da China para o Brasil atingiram 3,69 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 27,61%, enquanto as importações chinesas totalizaram 6,66 mil milhões de dólares, mais 40,54% face aos primeiros dois meses de 2016.

Com Angola – o segundo parceiro chinês no universo da lusofonia – as trocas comerciais cresceram 42,40%, atingindo 3,48 mil milhões de dólares.

Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 252,1 milhões de dólares – menos 7,72% – e comprou mercadorias avaliadas em 3,23 mil milhões de dólares – ou seja, mais 48,69%.

Já com Portugal, terceiro parceiro da China entre os países de língua portuguesa, o comércio bilateral cifrou-se em 704,9 milhões de dólares – menos 12,84% –, numa balança comercial favorável a Pequim que vendeu a Lisboa bens na ordem de 425,3 milhões de dólares – menos 35,73% – e comprou produtos avaliados em 279,5 milhões de dólares, isto é, quase o dobro (+90,26%).

A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como plataforma para a cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau, que reúne a nível ministerial de três em três anos.

São Tomé e Príncipe passou a fazer parte Fórum Macau no final de Março, após a China ter anunciado o restabelecimento dos laços diplomáticos com São Tomé e Príncipe, o que sucedeu dias depois de o país africano ter cortado relações com Taiwan e reconhecido a República Popular da China.

Neste contexto, o presidente chinês Xi Jinping encontrou-se com o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, em Pequim, dia 14 de Abril, pedindo entendimento mútuo e apoio sobre assuntos de interesse principal dos dois lados e preocupações principais.

Um novo capítulo

As relações entre a China e São Tomé e Príncipe entraram num novo capítulo, segundo Xi, que São Tomé e Príncipe voltou para a família China-África de cooperação amigável cumpriu com a direcção da época.

“A China valoriza muito as contribuições importantes feitas pelo primeiro-ministro Trovoada na promoção da normalização das relações entre a China e São Tomé e Príncipe”, disse.

Xi afirmou ainda que a China está disposta a trabalhar com São Tomé e Príncipe para promover juntamente a cooperação de benefício recíproco e o estabelecimento de uma parceria cooperativa compreensiva, com igualdade, confiança mútua e cooperação de ganho mútuo.

Por seu lado, Patrice Trovoada disse que a continuação dos laços diplomáticos com a China recebeu apoio extensivo em São Tomé e Príncipe e que o seu país aderirá firmemente à política de Uma Só China.

18 Abr 2017

Bangecoque | Galo do Sião é protagonista no novo museu dos lusodescendentes

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o recém-aberto museu dos lusodescendentes de Banguecoque não há galos de Barcelos, mas sim um primo asiático: quem saúda os turistas no Baan Kudichin é o Galo do Sião. Este pequeno museu, instalado numa casa da família de Navinee Phongthai, abriu pela primeira vez no dia de Natal de 2015, mas voltou a fechar para obras e tem estado informalmente aberto desde Março de 2016, esperando-se uma inauguração oficial este ano, até porque, explica a proprietária, este é o ano chinês do Galo, também celebrado na Tailândia.

O Baan Kudichin – ‘Baan’ significa casa e ‘Kudichin’ é nome do bairro – fica numa zona de Banguecoque onde ainda se concentram os descendentes dos portugueses que para ali se mudaram no século XVIII, vindos da antiga capital Ayutthaya, onde combateram ao lado do rei tailandês contra os birmaneses. A cidade caiu, mas os portugueses foram recompensados com um terreno onde está actualmente o bairro de Santa Cruz.

O museu nasceu da vontade de Navinee Phongthai, cuja família vive em Santa Cruz há 240 anos, de exibir o espólio dos antepassados.

O material que foi acumulando reflecte o modo de vida daquele bairro, intimamente ligado a uma herança portuguesa mas que vai além dela, com tradições particulares nascidas do cruzamento de muitas culturas (portuguesa, tailandesa, chinesa, vietnamita).

Ao Baan Kudichin não é possível chegar de carro, já que os veículos só têm como se deslocar até uma das estradas que circundam o bairro, junto a uma escola ligada à igreja de Santa Cruz. A partir daí segue-se a pé e todos os caminhos vão dar à igreja, imponente, olhando o rio Chao Phraya. No largo há várias imagens católicas, um Cristo crucificado, Santa Teresa, São Paulo.

Para lá da igreja, as ruas estreitam-se, ladeadas de pequenas casas de traçado tradicional tailandês, mas onde são frequentes os ornamentos católicos. O bairro é pacato, silencioso, repleto de plantas e flores, e os poucos residentes que circulam acenam e sorriem a quem passa.

Santa Cruz é uma das três áreas com presença portuguesa, mas nas outras duas pouco mais sobram que igrejas, a do Rosário e a da Conceição. Mas só ali há uma comunidade que se destaca pela comparência assídua nas missas de domingo.

À entrada do museu chama a atenção o galo, branco sobre um fundo vermelho, mais curvilíneo que o português, com pestanas e um colar ao pescoço.

“O galo de Barcelos é o símbolo dos portugueses. Nós aqui, como portugueses, decidimos criar uma imagem nova, é o galo do Sião”, explica à Lusa Navinee Phongthai, manifestando espanto ao descobrir que a missa da noite de Natal, onde o bairro acorre em peso, se chama, em Portugal, Missa do Galo.

No piso térreo, o Baan Kudichin oferece um café ao ar livre e a loja de souvenirs, onde o galo do Sião está estampado em ímanes, malas, ‘t-shirts’ e outros objectos.

A exposição começa no primeiro andar, com um cartaz, sob o título “Origem portuguesa do Sião”, com nove fotografias de homens. “Tento mostrar como os portugueses se transformaram em tailandeses. Este é o retrato do Vasco da Gama, que foi mudando até ser o meu tio. Não é giro?”, atira a dona do museu, apontando para o primeiro e para o último homem da sequência.

Este piso oferece alguma informação histórica sobre a presença portuguesa na Tailândia, incluindo palavras ainda hoje usadas, como ‘salada’, ‘sala’, ‘padre’, ‘porto’, entre outras. Mas é no segundo andar que estão guardados os ‘tesouros’, material de cozinha, quarto e algum entretenimento.

“Este era o quarto dos católicos, temos uma imagem de Nossa Senhora, de Jesus”, aponta Navinee Phongthai. Em cima da cama o ‘véu das três culturas’, que pertencia à sua avó, uma espécie de xaile português usado para ir à missa, feito de seda chinesa e que se colocava ‘à moda tailandesa’.

Ao lado fica o material de cozinha, com tudo o que era preciso para fazer o típico ‘Kanom Farang’, o bolo ‘estrangeiro’, inspirado na massa dos queques portugueses e considerado tradicional de Santa Cruz. “Fazíamos a receita portuguesa mas como não tínhamos leite nem manteiga, usávamos só leite de coco, açúcar e ovos”, explica, apontando para os utensílios da tia, que “fazia sobremesas muito bem”.

Os doces são, aliás, a herança portuguesa mais disseminada na Tailândia, onde o ‘Foi Tong’, fios de ovos, foi elevado a sobremesa nacional.

Mas não há só doçaria. Em cima de uma mesa taças com pratos envernizados mostram tradições gastronómicas bem conhecidas em Portugal, ainda que sofram algumas adaptações: torresmos, frango estufado, guisado de carne e cozido à portuguesa.

O Baan Kudichin conta ainda com uma sala, no piso térreo, onde vai ficar uma árvore genealógica das 17 famílias do bairro.

O espaço ainda está praticamente vazio, mas salta à vista uma enorme fotografia de grupo, a preto e branco, com os membros da comunidade em 1957, cada pessoa com um número colado. Em cima de uma mesa está um livro com uma página para cada número, com a intenção de que quem visite o espaço deixe ali informação sobre as pessoas, de modo a saber-se do seu paradeiro.

“Somos 17 famílias, mas agora já todos mudaram para um nome tailandês, misturaram-se com outros, tornaram-se como eu”, diz sorridente a dona do museu, com feições asiáticas.

18 Abr 2017

Xi Jinping fala com Trump sobre a Coreia do Norte

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Presidentes dos Estados Unidos e China, Donald Trump e Xi Jinping, respectivamente, abordaram ontem por telefone a situação na Coreia do Norte, informou a televisão estatal CCTV, numa altura de crescente tensão na península coreana.

Xi apelou ao diálogo como forma de resolver a crise na península, um dia depois de Trump ter afirmado que está preparado para “resolver o problema da Coreia do Norte” de forma unilateral e sem a ajuda da China, o principal aliado de Pyongyang.

O Presidente chinês disse que Pequim continua comprometido com a desnuclearização da península coreana e que quer manter a paz e a estabilidade na região.

Xi afirmou ainda querer manter a coordenação com Trump para lidar com a escalada de tensões, após repetidos lançamentos de mísseis balísticos por parte de Pyongyang e do envio do porta-aviões norte-americano USS Carl Vinson para águas próximas da Coreia do Norte.

Os líderes falaram ainda do conflito sírio e Xi assegurou que o uso de armas químicas é “inaceitável”.

O líder chinês defendeu, porém, a “via política” para solucionar a crise síria, uma semana depois de Trump ter lançado um ataque aéreo contra o regime de Bachar al Asad, numa represália pelo ataque químico perpetuado contra civis no norte do país.

Xi Jinping sublinhou o papel mediador das Nações Unidas, afirmando esperar que o Conselho de Segurança se mostre “unido”, num momento de clara divisão entre os seus membros.

Outras contas

A chamada entre Xi e Trump foi feita poucos dias após ambos os líderes se reunirem na Flórida, no resort Mar-a-Lago, propriedade privada de Trump.

O líder chinês considerou que a cimeira na Flórida teve “grande êxito” e assegurou que foram alcançados acordos “importantes”, assinalou a CCTV.

Um dos resultados da reunião foi o anúncio de um plano de acção de cem dias sobre o comércio entre EUA e China, as duas maiores economias do planeta.

Os EUA têm um déficit comercial de 310 mil milhões de dólares com a China.

Durante a campanha eleitoral, Trump acusou a China de “violar a economia americana” e “roubar” milhões dos seus postos de trabalho.

Na semana passada, antes do encontro com Xi, o líder norte-americano repetiu que “durante muitos anos” os Estados Unidos fizeram “horríveis acordos comerciais com a China”.

Durante o encontro com Xi, Trump aceitou ainda o convite para visitar a China este ano.

13 Abr 2017

Ex-primeira-dama indonésia denuncia aumento da intolerância religiosa

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]hinta Nuriya, ex-primeira-dama da Indonésia, denunciou o aumento da intolerância religiosa no seu país, que tem a maior comunidade muçulmana do mundo, informam ontem os ‘media’ locais.

A ex-primeira-dama indonésia, que defende a harmonia religiosa, baseia a denúncia numa pesquisa feita pela Fundação Wahid que inquiriu 1.255 pessoas, e conclui que apenas “menos de 20% nega que a Indonésia se irá tornar um Estado islâmico” e que “há grupos radicais que querem transformar a Indonésia num Estado islâmico”.

Shinta Nuriya, viúva do ex-Presidente Abdurrahman Wahid e que intervinha numa conferência sobre a mulher, realizada segunda-feira em Jacarta, apelou aos mais velhos para protegerem os jovens da influência negativa do “movimento radical e intolerante que se infiltrou na nação”.

Força islâmica

O fundamentalismo tem ganho força com grupos como a Frente de Defensores do Islão, um dos mais activos nos últimos meses, e está presente na campanha eleitoral em Jacarta, cuja primeira volta se realizou no passado dia 15 de Fevereiro e se revelou inconclusiva, por nenhum candidato superar os 50% dos votos.

Os favoritos são o actual governador Basuki Tjahaja Purnama, conhecido por Ajok, e o vice-governador Djarot Saiful Hidayat, mas especialistas consideram que o processo judicial intentado contra Ajok, de minoria cristã, acusado de insulto ao Islão, teve influência nas urnas.

Ajok foi acusado de blasfémia contra o Islão devido a uma declaração que fez no final de Setembro de 2016, em que classificou como errada a interpretação de um versículo do Alcorão, segundo a qual um muçulmano só deve eleger um dirigente muçulmano.

O actual governador de Jacarta pediu desculpa pelo comentário e o Presidente da Indonésia, Joko Widodo, defende-o publicamente, mas isso não foi suficiente para conter a ira dos sectores mais conservadores que querem impor a lei islâmica (‘Sharia’) na Indonésia.

O analista Sidney Jones já tinha denunciado em Novembro a ascensão do radicalismo islâmico na Indonésia, ao afirmar que ninguém reconhece “o que é incitamento religioso”, nem “condena ou toma medidas para impedi-lo”, apesar do país ser baseado oficialmente desde a independência, em 1945, pelo Pancasila, o fundamento de cinco princípios que defende a tolerância religiosa, uma humanidade justa e civilizada, a unidade, a democracia popular.

13 Abr 2017

China | Dirigente sancionado por não fumar em frente a religiosos muçulmanos

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m quadro do Partido Comunista Chinês (PCC) foi sancionado por ter evitado fumar perante responsáveis religiosos muçulmanos, o que superiores consideraram um sinal de fraqueza face “ao extremismo”, noticiou ontem a imprensa local.

Jelil Matniyaz, chefe do PCC numa aldeia da região autónoma do Xinjiang, no noroeste do país, foi sancionado pela “fraqueza das suas posições políticas (…) e porque teve medo de fumar em frente de responsáveis religiosos”, disseram as autoridades locais, num anúncio publicado na Internet pelo Diário de Hotan.

Matniyaz, membro da etnia muçulmana ‘uigure’ que ocupava o cargo de “alto funcionário” no aparelho do partido, passou a ter o estatuto de simples “funcionário”, de acordo com o anúncio.

“O facto de os quadros ousarem, ou não, fumar perante responsáveis religiosos reflecte a força do compromisso com a laicidade”, explicou um dirigente local não identificado, citado pelo Global Times, jornal em língua inglesa do grupo do Diário do Povo.

“Fumar continua a ser uma escolha individual e os religiosos, como o resto da população, devem respeitar-se mutuamente, mas esta forma de não fumar vai na direcção do extremismo religioso em Xinjiang”, acrescentou o responsável da comunidade de Hotan, à qual pertence a aldeia em questão.

Zona quente

Xinjiang é palco de tensões entre a comunidade ‘uigure’ e a etnia ‘han’, maioritária na China. Ataques cometidos nos últimos anos têm sido atribuídos por Pequim a separatistas uigures, com estes a acusarem o regime chinês de seguir uma política desfavorável à sua comunidade.

No final de Março, a Assembleia Regional aprovou uma lei que reforça a regulamentação sobre o uso de símbolos religiosos em nome da luta contra “o fanatismo”. De acordo com o texto, o uso de véu integral ou “barba anormal” é agora proibido no Xinjiang.

Em Julho de 2009, conflitos étnicos em Urumqi, a capital de Xinjiang, causaram 197 mortos e mais de 1.500 feridos, a maioria dos quais ‘han, a principal etnia da China.

Território rico em petróleo e outros recursos minerais, com uma área equivalente à de França, Espanha e Portugal juntos, Xinjiang confina com o Paquistão, Afeganistão e várias repúblicas da Ásia Central que faziam parte da antiga UniNao Soviética.

12 Abr 2017

Trump diz estar pronto para “resolver problema” norte-coreano sem a China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, reiterou ontem estar pronto para “resolver o problema” norte-coreano sem a ajuda da China, poucos dias depois de uma cimeira em solo americano com o seu homólogo chinês Xi Jinping.

“A Coreia do Norte está à procura de problemas. Se a China decidir ajudar, será óptimo. Se não, iremos resolver o problema sem eles!”, escreveu o chefe de Estado norte-americano na sua conta pessoal da rede social Twitter.

Em outra mensagem, Trump deixou um claro ultimato a Pequim: se a crise da Coreia do Norte não for resolvida, a China não conseguirá um melhor acordo comercial com os Estados Unidos.

“Expliquei ao Presidente da China que um acordo comercial com os Estados Unidos será muito melhor para eles se resolverem o problema da Coreia do Norte”, escreveu Donald Trump.

Na semana passada, Trump recebeu num ‘resort’ em Mar-a-Lago, na Florida, um dos destinos preferidos do Presidente norte-americano, o seu homólogo chinês Xi Jinping. A agenda da cimeira de dois dias – a primeira entre os dois líderes – ficou marcada pelo programa nuclear da Coreia do Norte e por questões do comércio bilateral.

“Realizamos progressos espectaculares na nossa relação com a China”, declarou então Donald Trump, no segundo dia da cimeira.

“Penso verdadeiramente que foram feitos progressos”, reafirmou na mesma altura o Presidente norte-americano, definindo como “espectacular” a relação Washington-Pequim.

No sábado passado, o comando do Pacífico norte-americano confirmou que mobilizou o porta-aviões de propulsão nuclear ‘Carl Vinson’ e o seu grupo de ataque para águas próximas da Coreia do Norte em resposta às mais recentes provocações do regime norte-coreano, que em 5 de Abril lançou um míssil de médio alcance para o mar.

12 Abr 2017

Mulher de activista de Taiwan impedida de entrar em Pequim

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] mulher de um activista de Taiwan detido na China não conseguiu viajar ontem para Pequim, devido ao cancelamento da autorização de entrada na China, mas prometeu continuar a lutar pela libertação do marido.

Lee Ming-cheh, voluntário de uma organização não-governamental, está detido desde 19 Março, em local desconhecido na China, por alegados actos contra a segurança do país.

A detenção ocorreu depois de Lee ter entrado na China pela cidade de Zhuhai, após uma passagem por Macau.

A mulher, Lee Ching-yu, disse aos jornalistas ter sido informada pela companhia aérea que Pequim tinha cancelado a autorização de viagem, emitida pelas autoridades chinesas.

Lee Ching-yu deslocava-se à China para pedir informações sobre o marido, Lee Ming-cheh.

A mulher do activista detido mostrou um bilhete manuscrito, entregue por um alegado intermediário chinês, no qual era prometido que se não viajasse para Pequim, não seria mostrada “a foto do marido com as palavras ‘culpado’”. O mesmo intermediário afirmou que ia ser organizado um encontro do casal “o mais rápido possível”.

A mulher de Lee disse estar a ser alvo “de ameaças (…) e intimidações” e não aceitar que a China comunique através de “intermediários”. Lee Ching-yu afirmou exigir que a comunicação seja feita pelos canais oficiais e com um registo escrito.

Pressões e confissões

No domingo, o Gabinete dos Assuntos de Taiwan no Conselho de Estado chinês declarou ter encarregado uma organização de enviar as mensagens de Lee Ming-cheh para a mulher e pais, sem referir o nome da entidade.

Após saber da notícia, a mulher do activista afirmou, em comunicado, que não se deixará “chantagear por ninguém”.

No mesmo comunicado, Lee Ching-yu disse, no domingo à noite, que um alegado “intermediário” da China a advertiu de que se voltasse a Pequim seria exibida na televisão uma confissão, tendo sido aconselhada a ser “discreta e a colaborar” se queria a libertação rápida do marido.

“Como já disse, a 31 de Março, não vou reconhecer nenhuma confissão ou declaração de Lee Ming-cheh antes de o ver pessoalmente”, disse a mulher, que acrescentou que lhe tinham passado, a 7 de Abril, uma fotocópia de uma alegada confissão do marido.

11 Abr 2017

Hong Kong | Manifestante condenado a cinco anos de prisão

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal de Hong Kong condenou um manifestante a quatro anos e nove meses de prisão por participar num motim e incendiar um táxi em Fevereiro do ano passado, avançou ontem a emissora pública RTHK.

Ao condenar Yeung Ka-lun, o juiz Anthony Kwok disse esperar que a sentença envie uma mensagem aos “jovens radicais” de que, se escolherem desafiar as autoridades, têm de estar preparados para as consequências.

O juiz disse sentir-se incomodado por colocar Yeung na prisão, notando que o jovem de 32 anos tinha demonstrado bom carácter antes deste incidente, que aconteceu na zona comercial movimentada de Mong Kok por ocasião do Ano Novo chinês de 2016. No entanto, Yeung agiu de forma a perturbar gravemente a paz, sublinhou.

O juiz disse que foi por sorte que o táxi não ficou destruído pelo incêndio, e acusou Yeung de ignorar o risco de as chamas se espalharem.

Anthony Kwok disse ainda sobre o caso que a necessidade de dissuadir outros era maior do que a de ajudar a reabilitar Yeung.

“Uma vez que alguém viola a lei, não há volta a dar, mesmo que a causa pela qual protesta seja nobre”, disse.

O juiz defendeu que todos os manifestantes têm de partilhar as consequências das suas acções, independentemente do que cada um fez individualmente.

A polícia aplaudiu a condenação, dizendo que reflecte a gravidade dos crimes

O problema das bolinhas

Os distúrbios, que surgiram na sequência de uma operação policial contra a venda ambulante ilegal de comida, resvalaram em confrontos considerados os mais violentos dos últimos anos e a maior demonstração de descontentamento popular na antiga colónia britânica desde os protestos pró-democracia do final de 2014.

Mais de 100 pessoas ficaram feridas, incluindo polícias, manifestantes e jornalistas, e 65 foram detidas naquele que foi um raro surto de violência em Hong Kong.

Três outros manifestantes foram este ano condenados a três anos de prisão por envolvimento nestes distúrbios.

11 Abr 2017

Análise | Cimeira entre Trump e Xi Jinping marcada por ataque a base síria

O encontro entre os líderes das duas maiores economias mundiais tinha inúmeros assuntos quentes para discutir. No entanto, foi marcado pelo ataque a uma base aérea síria, em plena cimeira. Uma jogada ousada que ameaça ser repetida na Coreia do Norte, depois de Trump ter enviado um porta-aviões e navios de guerra para a península coreana

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ra esperado um encontro protocolar, que pusesse água na fervura no plano geopolítico e foi isso que transpareceu cá para fora. Poses amistosas e um discurso padronizado sem grande conteúdo. Porém, antes do jantar do primeiro dia de cimeira, Donald Trump deu luz verde para o bombardeamento de uma base aérea síria, reforçando a aura de imprevisibilidade do recém eleito Presidente e a força da posição americana no xadrez geopolítico global.

A muito antecipada reunião vinha sendo vista como uma oportunidade para o Presidente chinês demonstrar força, maturidade diplomática e reforçar o seu lugar como um poderoso líder mundial. Depois de terem sido lançados 59 mísseis Tomahawk sobre Shayrat, os pratos da balança penderam para o lado de Washington, sem que Pequim tivesse reagido oficialmente. No entanto, o assunto passou ao lado dos discursos no fim das conversações.

Dois dias depois da reunião, Donald Trump enviou para as águas da península coreana um porta-aviões e uma frota de navios de guerra.

Porém, no rescaldo da cimeira, os assuntos bélicos não foram tocados. “Fizemos tremendos progressos na relação com a China.” Esta foi a forma como o Presidente norte-americano caracterizou a cimeira de dois dias com Xi Jinping. Em contrapartida, de acordo com um comunicado no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros chineses, Xi Jinping terá dito a Trump que “existem mil razões para melhorar as relações entre a China e os Estados Unidos e nenhuma razão para as estragar”. Este tom conciliatório, assim como as fotos de circunstância que rodearam o encontro na Florida, parece estar a milhas de distância do discurso inflamatório que prometia incendiar o plano internacional durante a corrida à Casa Branca.

Trump, repetidas vezes, apelidou os chineses de serem os “campeões de manipulação cambial” e de violarem os Estados Unidos em matéria de comércio externo. Além disso, estendeu a mão ao poder político de Taiwan, quebrando uma tradição diplomática com décadas, criticou a militarização do Mar do Sul da China, assim como a falta de pulso forte a lidar com o regime da Coreia de Norte.

Bombas à sobremesa

Donald Trump, durante a campanha, apelidou inúmeras vezes a política externa norte-americana de previsível, logo votada ao insucesso. Apesar do ataque às forças de Bashar al-Assad poder representar um desastre a todos os níveis, a imprevisibilidade da nova política externa norte-americana será um problema difícil de deslindar para Xi Jinping. Principalmente, depois das repetidas ameaças de acção militar para travar o desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano. Esta posição de Washington é uma mudança de paradigma em termos de política externa. Tradicionalmente, a imprevisibilidade é uma arma usada pelos países mais fracos, que tem sido afastada das grandes potências desde a Guerra Fria.

Outro aspecto a reter foi o timming do ataque, tendo em conta que o líder chinês se aproximava mais da posição de Moscovo do que de Washington na questão síria. É de salientar que Pequim tem rejeitado, consecutivamente, as resoluções do Conselho de Segurança da ONU contra o regime sírio.

“O primeiro ataque norte-americano às forças de Assad deram credibilidade e poder negocial a Trump”, avançou ao The Guardian Paul Haenle, conselheiro das administrações Bush e Obama. A questão aqui é o que fazer com Kim Jong-un.

A China compra 90 por cento das exportações norte-coreanas, um factor que não agrada a Washington. Porém, Pequim tem usado esse ascendente comercial como um tampão que pretende prevenir uma vaga de refugiados norte-coreanos para o seu território e uma destabilização ainda maior de Pyongyang.

Nesse sentido, o Secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, lembrou que ambas as nações acordaram em refrear as ambições nucleares de Kim Jogn-un. Apesar de confirmar que “não houve nenhum pacote de medidas acordadas”, Tillerson adiantou que Washington pode agir sozinho, se a China se sentir constrangida a fazê-lo.

Do outro lado do tabuleiro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, diz que é necessário livrar a península coreana de material nuclear. Mas acrescentou ainda, à agência Xinhua, que se deve evitar intervenção militar contra Pyongyang.

Estas eram as posições até domingo, quando o presidente norte-americano enviou para as águas da península coreana um porta-aviões e uma frota de navios de guerra de forma a dar resposta à que considera ser a maior ameaça na região.

Guerra comercial

Durante a campanha Trump prometeu ser implacável com Pequim em termos comerciais. Sob o lema de trazer os empregos de volta a solo norte-americano, fez promessas de rotular, oficialmente, a China como manipuladores cambiais. No entanto, esta retórica parece ter acalmado para um tom mais reconciliador. Um dos indícios disso mesmo é a perda de força nos últimos tempos da ala mais isolacionista da Casa Branca, como o prova o afastamento de Stephen Bannon do Conselho de Segurança Nacional. Estas manobras parecem aproximar mais a administração Trump de uma posição mais tradicional republicana na abordagem ao comércio internacional. Daí podem advir boas notícias para Xi Jinping.

Numa altura em que Trump atravessa uma impopularidade histórica em termos estatísticos, terá de mostrar algo ao eleitoral operário, em particular do “Rust Belt” que lhe deu a eleição em bandeja enferrujada. Como tal, não é de estranhar que o líder chinês faça algumas concessões comerciais a Washington. Entre as ofertas discutidas estará o aumento de importação de gás natural líquido americano, produtos agrícolas e automóveis por parte de Pequim. Algo que não representará uma grande concessão por parte de Xi Jinping, enquanto Trump pode puxar dos galões perante o eleitorado norte-americano como exímio homem de negócios.

O líder chinês regressa a Pequim com a questão de Taiwan enterrada e algo para mostrar internamente no próximo Congresso do Partido Comunista Chinês de Outubro.   

No entanto, complexas questões comerciais não se resolvem em dois dias. “Normalmente, estas discussões, em especial entre os Estados Unidos da América e a China, desenrolam-se ao longo de múltiplos anos”, comentou o Secretário do Comércio norte-americano Wilbur Ross no final da cimeira. Nesse sentido, vão ser encetadas conversações multilaterais ao longo de 100 dias. Ross acrescentou que “é uma meta temporal ambiciosa, mas que representa uma enorme mudança nas relações entre a China e os Estados Unidos”. Para a administração Trump o grande objectivo será reduzir o superavit chinês na balança comercial.

Em declarações à agência Xinhua, Xi Jinping afirmou que “usará os novos canais de comunicação e cooperação estabelecidos para atingir objectivos concretos”. O Presidente chinês afirmou ainda que ficou a promessa de uma visita de Estado de Trump à China.

Questões territoriais

Taiwan parece ser um assunto arrumado nas relações sino-americanas, o que representa um bónus para Xi Jinping, depois de Trump voltar atrás e defender que não se opõe à política “Uma Só China”. Antes da cimeira e da demonstração de força da nova administração norte-americana, as mudanças de opinião de Trump em relação à Formosa tornaram-no num “tigre de papel” aos olhos de algumas facções das elites políticas chinesas.   

Uma questão que poderá ser mais difícil de contornar é a “alegada” militarização do Mar do Sul da China e os territórios em disputa com o Brunei, Filipinas, Malásia, Vietname e Taiwan, ou seja, uma autêntica embrulhada diplomática. Apesar de Pequim ter afastado a hipótese de fortificar as ilhas artificiais construídas nas concorridas águas territoriais, imagens de satélite mostraram sistemas antimísseis e baterias de armamento anti-aéreo.

Bonnie Glaser, directora do Projecto China Power, do Centro de Estratégia e Estudos Internacionais em Washington, considera que “a relutância de Barack Obama em agir em termos bélicos encorajou a China estabelecer-se militarmente nos territórios disputados”.

A analista do think-thank norte-americano considera que esta posição de relativa liberdade por parte de Pequim pode mudar com a administração Trump.

Esta é uma das muitas questões que ficaram por resolver, algo que não é de estranhar numa reunião introdutória. As relações bilaterais entre as duas maiores potenciais económicas vão prosseguir, enquanto ambos os líderes enfrentam importantes desafios internos. Apesar da dureza de algumas palavras, as relações entre a China e os Estados Unidos parecem ter estabilizado. Vejamos se nenhuma tempestade de tweets lança pelos ares o trabalho diplomático conseguido, ou se não há intervenção militar na península coreana. Para já, em termos de geopolítica, a incerteza parece ser a única constante.

10 Abr 2017

Primeiro-ministro são-tomense de visita ao país entre 11 e 17 deste mês

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, efectua de 11 a 17 deste mês uma visita de trabalho à República Popular da China, naquela que é a primeira visita de Estado após o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países.

“Durante essa visita iremos assinar uma série de acordos, um acordo mãe de cooperação geral com a China e depois acordos particulares para projectos específicos em sectores específicos”, disse o primeiro-ministro, que só regressa a casa no dia 22 de Abril.

Patrice Trovoada deixou sábado o país com destino a Portugal, de onde partirá para Pequim esta segunda-feira, chefiando uma delegação que integra os ministros dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, Urbino Botelho, e das Finanças, Comércio e Economia Azul, Américo Ramos.

Patrice Trovoada reconhece que “há uma grande expectativa” na cooperação com este novo parceiro, depois de São Tomé e Príncipe ter cortado relações com Taiwan.

“É verdade que existe uma grande expectativa, mas eu quero voltar a frisar uma questão é que nós somos um país extremamente dependente do exterior e não temos o controlo daquilo que não está no nosso controlo, que é exactamente o exterior”, disse o primeiro-ministro antes de deixar o país.

“Eu digo isso para que as pessoas procurem sempre ter essa atitude de que é melhor contar primeiro connosco próprios, é preciso termos uma gestão extremamente prudente e cautelosa do país”, acrescentou.

Boa vontade

No entanto, Patrice Trovoada destacou “a vontade política” do parceiro chinês em cooperar com o seu país.

“Ajudar-nos, sobretudo, no domínio das infra-estruturas, mas fundamentalmente ajudar-nos a sermos cada vez mais auto-suficientes e termos cada vez mais controlo do nosso desenvolvimento”, explicou.

“Esta visita à China marcará um passo importante, um passo histórico nas nossas relações bilaterais, mas um passo também importante no que diz respeito ao desenvolvimento económico de São Tomé e Príncipe sobretudo no domínio que toca as infra-estruturas”, acrescentou.

No final do ano passado, São Tomé e Príncipe cortou relações com Taiwan (República da China) e restabeleceu os laços diplomáticos com a Républica Popular da China.

Na sua política diplomática, os chineses exigem que os seus parceiros diplomáticos reconheçam somente a Républica Popular da China.

10 Abr 2017

Hindus matam muçulmano que namorava com rapariga hindu

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jovem muçulmano foi agredido até à morte, à frente da namorada hindu, por hindus da sua aldeia que não aceitavam a relação, anunciou sexta-feira a polícia, num novo episódio de violência contra minorias na Índia.

Mohammad Shalik, de 20 anos, foi atacado por dezenas de pessoas depois de ter transportado de ‘scooter’ a sua namorada para perto da residência desta, no distrito de Gumla, no Estado de Jharkhand, no leste do país.

A multidão prendeu o jovem a um poste e agrediu-o com paus e cintos, na noite de quarta-feira, durante várias horas, até este falecer dos ferimentos, especificou a polícia.

“Estamos a investigar se a multidão foi arrastada pela família” da jovem, afirmou o chefe da polícia de Gumla, Chandan Kumar Jha, à agência noticiosa AFP, avançando que três pessoas tinham sido detidas e outros eram procurados por assassínio, que a polícia está a tratar como um crime com motivos religiosos. O jovem casal encontrava-se há cerca de um ano e já tinha sido ameaçado, acrescentou.

Tabu que vem de longe

As relações amorosas inter-religiosas continuam a ser tabu na Índia, designadamente nas zonas rurais.

O tema tem sido instrumentalizado pelos nacionalistas, desde logo pelos extremistas hindus, que agitaram o espectro da “’jihad’ (guerra santa) do amor”, que consistiria na utilização pela comunidade muçulmana dos seus jovens para seduzir raparigas hindus, após o que fugiriam com elas para as converter ao islamismo.

O Bharatiya Janata Party (BJP), partido nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi, no poder desde há três anos, fez da protecção das jovens mulheres hindus um tema de campanha durante as eleições regionais de Março último no Uttar Pradesh, o Estado mais povoado da Índia.

Este ataque anti-muçulmano de quarta-feira ocorreu menos de uma semana depois do assassínio de um muçulmano, de 55 anos, verificado no Estado do Rajasthan, no oeste do país, quando transportava vacas, animal considerado sagrado pelos hindus.

No Paquistão vizinho, um membro da minoria ahmadie, um ramo do Islão considerado herético e perseguido desde há longa data no país, foi abatido também na sexta-feira por desconhecidos, que se deslocavam em moto, em Lahore, a segunda cidade do país.

Ashfaq Ahmad, um veterinário de 68 anos, estava ao volante da sua viatura com a família quando dois atiradores o bloquearam e dispararam, matando-o instantaneamente, anunciou a polícia local à AFP. Esta acrescentou que estava a investigar o motivo do assassínio, denunciado como crime com motivo religioso por um porta-voz da comunidade ahmadia.

Este foi o segundo assassínio de um membro da comunidade ahmadia em oito dias no Paquistão, país também regularmente ensanguentado por violências inter-confessionais, designadamente contra as minorias xiitas e ahmadias.

10 Abr 2017

Donald Trump promete defender aliados contra Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente Donald Trump prometeu na quarta-feira ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que os Estados Unidos vão defender os aliados “com toda a extensão das suas capacidades militares” contra a Coreia do Norte, informou a Casa Branca.

Numa chamada telefónica, Trump e Abe falaram sobre o novo lançamento de um míssil balístico de médio alcance que Pyongyang realizou esta terça-feira e que caiu no Mar do Japão.

Trump “deixou claro que os Estados Unidos vão continuar a fortalecer a sua capacidade para dissuadir [a Coreia do Norte] e a defender-se e aos aliados com toda a extensão das suas capacidades militares”, indicou a Casa Branca em comunicado.

O Presidente manifestou o seu total compromisso com o Japão e Coreia do Sul, perante a “grave ameaça que a Coreia do Norte continua a representar”.

O lançamento do míssil por parte da Coreia do Norte aconteceu em véspera da cimeira, ontem e hoje, entre Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, durante a qual vão discutir os desenvolvimentos do programa de armamento de Pyongyang.

Pequim pediu prudência a todas as partes e descartou que a acção tenha uma relação directa com a reunião que Trump e Xi vão ter na Florida (sudeste).

Um responsável da Casa Branca adiantou, esta semana, que, no encontro com Xi, Trump vai sublinhar que “se esgotou o tempo” para ter paciência com a Coreia do Norte, e que os Estados Unidos têm agora “todas as opções sobre a mesa” para pressionar Pyongyang, com ou sem o apoio de Pequim.

7 Abr 2017

Diplomacia | Cancelada visita de políticos australianos à China

Dois membros do parlamento da Austrália estavam de viagem marcada para a China, devido a uma investigação sobre tráfico de estupefacientes. Acontece que Camberra é signatária de uma carta enviada a Pequim por causa dos direitos humanos. O Governo Central não gostou

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]equim desmarcou a visita de dois políticos da Austrália por causa de uma carta de vários países em que foram feitas acusações sobre o modo como as autoridades chinesas lidam com os direitos humanos.

De acordo com a Reuters, que dá conta do cancelamento da deslocação, os dois membros do Parlamento – um da coligação no poder e outro da oposição – tinham como missão fazer uma investigação sobre a vaga de drogas sintéticas traficadas a partir do sudeste da China.

No entanto, depois de ter recebido uma missiva assinada por 11 países – a Austrália está entre as signatárias, bem como o Canadá e o Japão – em que se pedia que a China investigasse as queixas sobre a alegada tortura a advogados defensores dos direitos humanos, a visita dos dois políticos de Camberra foi cancelada. A informação foi dada à agência sob anonimato, uma vez que as fontes da Reuters não estão autorizadas a falar com a comunicação social.

“Pequim disse-lhes que a visita não poderia ser feita e, na sequência de um conselho deixado pelo Departamento de Negócios Estrangeiros e Comércio da Austrália, a deslocação foi cancelada”, indicou uma fonte.

Estava tudo bem

Desde que Xi Jinping chegou ao poder, em 2012, que o controlo da sociedade civil foi sendo reforçado em quase todos os aspectos, contextualiza a Reuters. O secretário-geral do Partido Comunista Chinês e Presidente tem usado como argumento a necessidade de estabilidade e segurança nacionais.

Nos últimos cinco anos, segundo as denúncias de organizações internacionais de defesa dos direitos humanos, as autoridades do país detiveram ou interrogaram centenas de advogados que defendem activistas e outros críticos do Governo Central. Os advogados têm sido acusados de cooperarem com “forças hostis estrangeiras” para minarem o poder estatal.

Na semana passada, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Julie Bishop, foi obrigada a convocar um encontro de emergência com o embaixador chinês no país para afastar um eventual desentendimento diplomático, depois de Camberra não ter ratificado um tratado de extradição com a China.

Tratou-se de um episódio invulgar nas relações sino-australianas, que têm conhecido melhorias nos últimos meses, um entendimento que culminou com a assinatura, em Março, de uma série de acordos, na sequência da visita do primeiro-ministro chinês Li Keqiang.

7 Abr 2017

Rodrigo Duterte ordena ao exército que ocupe ilhas disputadas com a China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, disse ontem que ordenou ao exército a ocupação das ilhas desabitadas do arquipélago das Spratleys, em disputa no Mar da China meridional, o que poderá provocar uma tensão diplomática com a China.

Duterte disse aos jornalistas que ordenou ao exército para construir infra-estruturas em algumas ilhas do arquipélago de Spratleys, que o seu país reivindica como parte do território filipino.

“Eu já ordenei às forças armadas para ocupá-las”, disse Duterte aos jornalistas, durante uma visita a uma base militar na ilha de Palawan, no oeste das Filipinas.

De acordo com o Presidente filipino, “serão construídas infra-estruturas e ainda içada a bandeira filipina”, sublinhando que Manila reivindica “nove ou 10” ilhas, ilhotas e recifes do arquipélago das Spratleys.

É tudo nosso

A China considera como seu território quase todo o Mar do Sul da China, posição contestada por Manila e outros países do Sudeste Asiático que também têm reivindicações nesta área, que defendem que a liberdade de navegação nesta zona estratégica para o comércio mundial está ameaçada.

“Parece que toda a gente quer servir-se destas ilhas, então o que faremos melhor é ir habitar aquelas que ainda estão vagas”, afirmou o Presidente filipino, acrescentando que poderá deslocar-se àquelas ilhas a 12 de Junho, data do aniversário da independência das Filipinas.

Este litígio entre Manila e Pequim teve o seu ponto mais alto durante a presidência do antecessor de Duterte, Benigno Aquino, que levou o assunto ao Tribunal permanente de arbitragem, em Haia. Em Junho, este tribunal considerou ilegal a reivindicação de Pequim.

Actualmente, o exército filipino tem militares na ilha de Thitu, a maior das Spratleys.

O Vietname, a Malásia, o Brunei e Taiwan também reivindicam certas zonas do Mar da China meridional.

7 Abr 2017

ONG pede a Trump para defender direitos humanos na reunião com Xi Jinping

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização não-governamental (ONG) Human Rights in China (HRIC) instou ontem o Presidente norte-americano a manter-se firme na defesa dos direitos humanos, durante o primeiro encontro com o homólogo chinês. O presidente da China, Xi Jinping, chega hoje, quinta-feira, aos Estados Unidos para se reunir durante dois dias com Donald Trump, na sua estância turística de Mar-a-Lago, na Florida (sudeste).

“Numa altura em que a China se define a si mesma como líder global, a sua falta de respeito pelos direitos e a dignidade do seu povo tem consequências a nível regional e global, incluindo para a economia e sociedade dos Estados Unidos”, assinala a HRIC, em comunicado.

A ONG de activistas e académicos chineses pede a Trump que pressione Xi para “travar as sérias violações dos direitos humanos, o ataque ao estado de direito e a repressão contra a sociedade civil na China”.

A redução do défice comercial que Washington tem com a China (347 mil milhões de dólares) é uma prioridade para o líder norte-americano, que culpa o país asiático pela destruição de emprego nos Estados Unidos.

A HRIC considera que Trump “não deve ignorar” que os custos da vantagem competitiva da China recaem sobre os trabalhadores, as futuras gerações e o ambiente.

“Os ‘direitos humanos’ com características chinesas são o motor do modelo de desenvolvimento da China e a ferramenta com que as autoridades chinesas mantêm um Governo de partido único”, lê-se no comunicado.

A diretora do HRIC, Sharon Hom, diz mesmo que o “défice comercial dos Estados Unidos e a destruição de emprego não podem ser resolvidos sem melhorar a actual situação dos direitos humanos na China”.

A organização alerta ainda para a deterioração dos direitos humanos desde que Xi ascendeu ao poder, em 2013. “Não há duvida nenhuma de que Xi utilizará palavras tranquilizadoras para falar do papel da China no mundo. Mas ninguém se deve iludir por um homem e um Governo que dirigem um país através da repressão e barbárie”, refere o comunicado.

6 Abr 2017

Ex-presidente da Morgan Stanley Asia diz que visita de Xi Jinping poderá ser fundamental para a agenda pró-crescimento dos EUA

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] relação entre as economias chinesa e norte-americana é caracterizada pela interdependência. Nesta relação, acções levadas a cabo por um dos lados têm implicações cruciais para o outro, afirmou Stephen Roach, ex-presidente da Morgan Stanley Asia, numa entrevista concedida recentemente ao Diário do Povo. A entrevista acontece antes da visita do presidente chinês Xi Jinping aos EUA, durante a qual o líder chinês se reunirá com o seu homólogo Donald Trump.

Roach, também membro sénior do Instituto Jackson de Assuntos Globais na Universidade de Yale, indicou que os Estados Unidos têm sido um dos maiores e mais lucrativos mercados de exportação da China na sua espectacular trajectória de desenvolvimento nos últimos 30 anos.

Além disso, os EUA também estão fortemente dependentes da China, reforçou Roach, explicando que a China é actualmente o terceiro maior mercado de exportação dos Estados Unidos e a sua maior fonte de demanda externa de produtos fabricados em solo americano.

O comércio bilateral entre as duas partes aumentou 211 vezes, de 2,5 mil milhões de dólares em 1979 para 519,6 mil milhões de dólares em 2016, acrescentou Roach, usando este facto como outra prova da dependência crescente entre ambos os países.

O especialista ainda considerou a interdependência como uma relação muito reactiva, ressaltando que caso um parceiro altere os termos do envolvimento, o outro responderá certamente.

Desde que a China e os EUA iniciaram oficialmente discussões sobre o Tratado de Investimento Bilateral em 2008, sucederam-se mais de 30 rondas de negociações meticulosamente lentas, revelou Roach. “Existe actualmente um amplo acordo entre os dois países sobre os princípios do investimento transfronteiriço, sobretudo em termos de transparência, transferência de tecnologia, limites de propriedade e não-discriminação de ‘tratamento nacional’”, sublinhou.

Se o tratado for finalmente concluído, a administração de Trump terá oportunidade de uma rápida vitória na sua agenda de pró-crescimento, afirmou Roach. Para uma economia norte-americana que anseia pelo crescimento, não poderia haver melhor forma de alcançar o que prometeu quanto a ser a maior expansão de mercado do mundo nos próximos anos, enfatizou Roach.

6 Abr 2017

EUA aprovam oferta chinesa por empresa suíça

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s reguladores norte-americanos aprovaram a compra da gigante suíça do sector agro-alimentar Syngenta pela estatal China National Chemical Corp., na condição de que a empresa chinesa venda alguns dos seus negócios, visando cumprir regras anti-monopólio. Caso se confirme, o negócio, avaliado em 43 mil milhões de dólares, será o maior investimento de sempre por uma empresa chinesa além-fronteiras. O anúncio da Comissão Federal do Comércio dos Estados Unidos surge após, no ano passado, os reguladores europeus terem também aprovado a aquisição.

A Chem China concordou vender os negócios de fabrico de um herbicida, insecticida e fungicida, cujas quotas de mercado combinadas com as da Syngenta nos EUA poderiam “causar perturbações significativas”, refere a Comissão em comunicado.

Pequim tem encorajado as empresas do país a investir além-fronteiras, como forma de assegurar tecnologia e marcas, que melhorem a sua competitividade, e fontes confiáveis de retornos, face aos sinais de abrandamento na economia doméstica.

Por outro lado, a indústria global de químicos e biotecnologia para agricultura atravessa um período instável, face à queda dos preços das matérias-primas, que levaram os agricultores a reduzir custos.

Em Agosto passado, um júri do Governo norte-americano para a segurança nacional aprovou o negócio, apesar das acusações de alguns legisladores de que este acarretaria “riscos para o sistema alimentar” norte-americano.

O presidente da ChemChina, Ren Jianxin, disse que espera expandir a presença da Syngenta na China e em outros mercados emergentes. Ren é o mais agressivo investidor chinês além-fronteiras, tendo gastado mais de 60.000 milhões de dólares em aquisições, desde 2010.

Os negócios incluem a marca de pneus italiana Pirelli, o fornecedor norueguês de produtos químicos Elkem e o fabricante de máquinas industriais alemão KraussMaffei.

6 Abr 2017

Pyongyang lança novo míssil no mar do Japão

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a véspera do encontro entre Xi Jinping e Donald Trump, a Coreia do Norte disparou novamente, na manhã de ontem, um míssil balístico em direcção ao mar do Japão, anunciou o Ministério da Defesa sul-coreano.

O Exército norte-americano confirmou o lançamento de um míssil por Pyongyang. “Às 6:42 de hoje [ontem], a Coreia do Norte disparou um míssil balístico no mar do Japão a patir de Sino”, uma cidade portuária do leste do país, indicou o ministério em comunicado.

O comando-chefe das Forças Armadas referiu, em comunicado, que o míssil percorreu cerca de 60 quilómetros, acrescentando que a Coreia do Sul e os Estados Unidos estão a analisar o seu percurso para determinar qual o tipo de míssil.

Este foi o quinto míssil disparado desde o início de 2017 pelo regime norte-coreano, que é alvo de sanções internacionais pelos seus programas nuclear e balístico.

O disparo coincidiu com as manobras militares anuais que envolvem forças militares sul-coreanas e norte-americanas, que o Norte considera como a preparação para uma invasão.

A Coreia do Norte responde com frequência às operações agendadas entre os dois países aliados com treinos militares próprios e uma dura retórica.

Há duas semanas militares sul-coreanos e norte-americanos referiram ter detectado o que designaram por um lançamento falhado de um míssil balístico norte-coreano.

Japão condena

O Governo do Japão foi lesto em condenar o novo lançamento, um teste que considerou uma “clara violação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”. O porta-voz do Executivo, Yoshihide Suga, assinalou que o míssil caiu fora da zona económica exclusiva das águas territoriais japonesas e destacou que o lançamento é “extremamente problemático para a segurança aérea e marítima”.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, deu instruções para se reunir mais informação sobre o novo teste de armamento do regime norte-coreano e ordenou às Forças de Autodefesa (exército) que se “preparem para qualquer eventualidade”, acrescentou o porta-voz do Executivo.

Seul precisou que o lançamento se realizou a partir de terra e não do mar, descartando a possibilidade de ser um míssil balístico lançado a partir de um submarino, o tipo que Pyongyang habitualmente testa em Sinpo, onde se encontra o principal centro de desenvolvimento destes projécteis.

6 Abr 2017

Xi Jinping e Trump reúnem-se num clima de relações dúbias

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Presidentes dos Estados Unidos e China, Donald Trump e Xi Jinping, respectivamente, reúnem-se entre quinta e sexta-feira, num período de incerteza quanto ao futuro das relações bilaterais e aparente inversão de papéis no cenário internacional.

A visita de Xi aos EUA era tida como pouco provável até há cerca de dois meses, quando Trump suscitou protestos em Pequim devido às suas afirmações de que poderia vir a deixar de reconhecer a política “Uma Só China”, vista pela República Popular como uma garantia de que Taiwan é parte do seu território.

Numa chamada telefónica realizada em meados de Fevereiro, porém, Trump voltou atrás e disse reconhecer aquele princípio, abrindo portas à visita, que decorrerá entre 6 e 7 de Abril, no resort de Trump em Mar-a-Lago, na Florida.

A imprevisibilidade demonstrada pelo líder norte-americano terá, contudo, deixado os chineses apreensivos.

“Os chineses temem que Trump crie uma situação embaraçosa para Xi Jinping. Temem a sua imprevisibilidade”, comentou um diplomata europeu em Pequim.

A cautela chinesa não é novidade, mas encontra no contexto atcual motivos reforçados.

Manobras de Xi

Xi Jinping imprimiu uma nova dinâmica na política externa chinesa, defendendo a globalização e o livre-comércio, em contraste com Trump.

Sob a sua liderança, a China lançou iniciativas como a nova Rota da Seda, um gigante plano de infra-estruturas que abrange a Ásia, África e Europa, e – sinal dos tempos – é comparado por alguns analistas ao norte-americano ‘Plano Marshall’, lançado a seguir à Segunda Guerra Mundial.

“Adoptar o proteccionismo é como uma pessoa fechar-se num quarto escuro. O vento e a chuva ficarão lá fora, mas o quarto escuro bloqueará também a luz e o ar”, afirmou, em Janeiro passado, numa inédita intervenção no Fórum Económico Mundial de Davos.

Aquele discurso foi feito poucos dias antes de Donald Trump tomar posse como Presidente dos EUA.

Fala Donald

No seu discurso inaugural, Trump avisou: “Um novo capítulo na grandeza americana está agora a começar”.

“Não irei permitir que os erros das recentes décadas definam o curso do nosso futuro. Por muito tempo, observámos a nossa classe média encolher, à medida que exportámos postos de trabalho e riqueza para outros países”, disse.

A redução do défice comercial que Washington tem com a China (347 mil milhões de dólares) é uma prioridade para o líder norte-americano, que culpa o país asiático pela destruição de emprego nos EUA.

Por outro lado, Pequim está a encetar uma transição no seu modelo económico, visando maior preponderância do consumo interno, em detrimento das exportações e do investimento público.

Uma alteração brusca na política do seu principal parceiro comercial – e Trump ameaçou já aumentar os impostos sobre as importações oriundas da China – levaria a uma subida do desemprego, que poderia afectar a estabilidade social no país asiático.

O primeiro encontro entre os dois chefes de Estado terá também a Coreia do Norte em pano de fundo.

Trump acusa a China de não fazer o suficiente para travar o controverso programa nuclear de Pyongyang, visto ser o mais importante aliado comercial e diplomático do regime liderado por Kim Jong Un.

Porém, a China afirma que a sua influência sobre o país vizinho é limitada.

A diplomacia chinesa já indicou que o encontro tem como objectivo permitir aos dois lideres conhecerem-se melhor, reservando questões sensíveis para reuniões posteriores.

Trump, por seu lado, prevê uma reunião “muito difícil”.

“A reunião na próxima semana com a China deve ser muito difícil. Não podemos continuar a ter enormes défices comerciais (…) e perdas de emprego. As empresas americanas devem procurar outras alternativas”, escreveu na sua conta na rede social Twitter.

Especialista espera “tom conciliatório” no encontro de Presidentes

O especialista norte-americano Andrew Nathan defendeu ontem que o Presidente dos EUA, Donald Trump, deverá adoptar um tom mais conciliatório no seu primeiro encontro com o Presidente da China, Xi Jinping.

Especialista em China da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, Andrew Nathan disse à Lusa que “é difícil saber” como vai decorrer o encontro, “porque Trump tem falta de ‘staff’ e de disciplina pessoal”, mas que espera “um tom mais conciliatório” por quatro razões.

“Trump está focado em problemas domésticos e não precisa de uma crise com a China; parece estar muito sob a influência de Jared Kushner, que favorece uma linha conciliatória; foi esse o tom que [Rex] Tillerson adoptou na sua recente viagem à China e, finalmente, o lado chinês é muito experiente em relações transaccionais, e acho que preparam Trump para esse tipo de negociação”, disse.

Os chineses, explica Andrew Nathan, “vão querer discutir Taiwan e procurar o apoio dos EUA para a política de uma China”, segundo a qual o Tibete, Hong Kong, Macau, Xinjiang e Taiwan são parte do seu território, e tentar “reduzir o apoio diplomático e venda de armas para Taiwan.”

O Presidente chinês deve pedir também uma redução da presença dos EUA no Mar do Sul da China, uma zona rica em recursos e uma importante rota de comércio sobre a qual o país reclama “soberania indiscutível”, bem como uma redução das restrições de produtos do seu país por empresas americanas.

Os americanos, por sua vez, devem pedir apoio para pressionar a Coreia do Norte, como de costume, mas Donald Trump não deve falar sobre violações de direitos humanos, algo que os Presidentes americanos fazem habitualmente.

“Os americanos normalmente levantariam a questão dos direitos humanos, mas Trump não o deve fazer. Os seus pontos principais estarão relacionados com a economia, como um maior acesso ao mercado chinês e procura de investimento chinês na infra-estrutura dos EUA”, explica o professor universitário.

Receios e fraquezas

Andrew Nathan, que já escreveu mais de uma dezena de livros sobre a China e é membro da Comissão Nacional EUA-China, espera “um posicionamento menos confrontante com a China do que aquele que houve durante [os mandatos de] Obama” e teme o que isso significa para o sistema internacional.

“Receio que, com o pouco entendimento que Trump tem da complexidade dos assuntos asiáticos, ele enfraqueça a posição estratégica dos EUA na Ásia em troca de concessões económicas que acabarão por beneficiar mais a China do que os EUA”, conclui o americano.

5 Abr 2017

São Petersburgo | Registada nova ameaça de atentado

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois do atentado à bomba ocorrido no metro da cidade de São Petersburgo, na Rússia, houve ontem uma nova ameaça de bomba no mesmo local. A notícia começou a ser avançada ao início da tarde de ontem pela agência Reuters, que citava a agência russa RIA Novosti.

A estação de Sennaya Ploshchad terá sido evacuada e encerrada na sequência de um telefonema anónimo. Um repórter da agência Interfax diz ter visto vários carros dos bombeiros junto à entrada para esta estação.

Entretanto, o atentado ocorrido esta segunda-feira já originou cerca de 50 feridos e 14 mortes. Uma bomba improvisada cheia de estilhaços explodiu dentro de um comboio entre duas estações de metro, informou o Comité Nacional Antiterrorista russo. O incidente aconteceu na tarde de segunda-feira, num dia em que recomeçavam as aulas após férias escolares e quando se encontrava na cidade o Presidente russo.

Macau seguro

Vladimir Putin, que se encontra em São Petersburgo – a segunda maior cidade russa – já afirmou que todas as causas estão a ser investigadas, incluindo a possibilidade de tratar-se de um atentado terrorista. Ontem foi identificado pelas autoridades o suspeito do atentado – será Akbarzhon Jalilov, um cidadão russo nascido no Quirguistão em 1995. O suspeito foi identificado pelo Comité Nacional de Segurança do Quirguistão (GKNB).

Segundo um comunicado do Gabinete de Gestão de Crises de Turismo (GGCT), não há, até ao momento, qualquer registo de possíveis vítimas oriundas de Macau. “Das informações recolhidas através da indústria turística de Macau, neste momento não há indicações de que grupos de excursão de Macau tenham sido afectados. Até ao momento, o GGCT não recebeu qualquer pedido de informação ou assistência”, pode ler-se.

Entretanto, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, já condenou o atentado e expressou a sua solidariedade para com o Governo de Moscovo. “Não toleraremos actos terroristas. O Presidente Putin, o povo da Rússia e o Japão permanecem unidos”, disse Abe.

O treinador de futebol André Villas-Boas, que actualmente está na China mas que treinou a equipa russa do Zenit por três épocas, também deixou uma mensagem de condolências na sua página do Facebook.

“Meus queridos cidadãos de São Petersburgo, por favor sejam fortes. As minhas condolências às famílias que perderem os seus entes queridos neste ataque horrível”, escreveu o actual técnico dos chineses do Shangai SIPG.

5 Abr 2017

Pequim insta Trump a reduzir controlo sobre importações de alta tecnologia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China pressionou sexta-feira o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a reduzir o controlo sobre as exportações de alta tecnologia para o país, como forma de reduzir o déficit comercial entre as duas maiores economias do mundo.

“Se os EUA relaxarem o controlo sobre as exportações de alta tecnologia para a China e (…) facilitarem o investimento chinês nos EUA, será uma grande ajuda para reduzir o desequilíbrio comercial entre os dois países”, afirmou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Zheng Zeguang, em conferência de imprensa.

Trump acusa frequentemente a China de ter destruído milhões de postos de trabalho nos EUA, através de concorrência desleal e manipulação do valor da sua moeda.

O líder norte-americano disse na quinta-feira que o encontro com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, na próxima semana, será “muito difícil”.

“A reunião na próxima semana com a China deverá ser muito difícil”, escreveu Trump, na sua conta na rede social Twitter.

“Não podemos continuar a ter enormes déficits comerciais e massivas perdas de emprego. As empresas americanas devem procurar outras alternativas”, acrescentou.

Os comentários surgiram poucas horas após Pequim confirmar que Xi vai reunir com Trump, na luxuosa residência deste no Estado da Florida, Mar-a-Lago, a 6 e 7 deste mês.

“A China não procura ter um superavit comercial e não temos a intenção de impulsionar as nossas exportações através da desvalorização da moeda. Essa não é a nossa política”, afirmou o vice-ministro.

Zheng considerou que as relações entre ambas as potencias baseiam-se no “benefício mútuo” e afirmou que o investimento chinês nos EUA gerou postos de trabalho naquele país.

O vice-ministro assegurou que ambas as partes esperam que o encontro entre Trump e Xi seja um êxito.

Problemas de rede

Face ao apelo para que Trump levante as restrições nas importações de alta-tecnologia, os jornalistas perguntaram ao vice-ministro se estaria disposto a terminar com o controlo que Pequim exerce sobre a Internet, permitindo a gigantes norte-americanos como o Google e Facebook reforçarem as operações na China.

“A China está comprometida com a reforma e abertura (…) Damos as boas-vindas às empresas estrangeiras para que explorem o mercado chinês, com respeito pela lei”, disse.

Empresas e políticos europeus ou norte-americanos acusam frequentemente a China de impedir as empresas estrangeiras de participar em vários sectores do mercado chinês, ou a forçá-las a fazer parcerias com empresas locais e transferir tecnologia chave, apesar da postura pró-globalização e em defesa do livre comércio adoptada pelos líderes chineses.

3 Abr 2017

Pequim confirma que corpo de Kim Jong-Nam regressou à Coreia do Norte

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] corpo de Kim Jong-Nam, meio irmão do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, que vivia exilado em Macau e foi envenenado na Malásia, chegou a Pyongyang, confirmou sexta-feira o ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

“O corpo do cidadão da RPDC (República Popular Democrática da Coreia) que morreu na Malásia e relevantes cidadãos da RPDC voltaram hoje à RPDC, via Pequim”, confirmou o porta-voz do ministério Lu Kang.

“Segundo as práticas internacionais, e por motivos humanitários, a China ofereceu a necessária assistência no transporte do corpo”, acrescentou.

Dois norte-coreanos suspeitos de envolvimento na morte de Kim Jong Nam terão sido também repatriados para a Coreia do Norte, segundo a Associated Press.

Kim Jong-Nam morreu envenenado com VX, poderosa substância neurotóxica, no aeroporto de Kuala Lumpur, afastando assim um potencial rival do actual líder da Coreia do Norte.

O caso despertou um conflito diplomático entre a Malásia e a Coreia do Norte, que expulsaram os respectivos embaixadores e impediram os cidadãos radicados em cada país de sair.

Investigadores da Malásia procuravam sete suspeitos da Coreia do Norte, quatro que abandonaram o país no dia do homicídio e três que se acreditava estarem escondidos na embaixada da Coreia do Norte.

Os dois países acabaram por concordar retirar a interdição de viajar e que a Malásia enviaria o corpo de Kim Jong-Nam para a Coreia do Norte.

Pyongyang recusou confirmar a identidade da vítima, que tinha consigo um passaporte da Coreia do Norte com o nome Kim Chol quando foi assassinada.

A Malásia confirmou oficialmente a identidade da vítima através de um teste de ADN.

Os serviços secretos da Coreia do Sul afirmaram que o envenenamento foi uma ordem directa do líder norte-coreano Kim Jong-Un.

3 Abr 2017

Xi Jinping e Trump reúnem-se entre 6 e 7 de Abril

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da China, Xi Jinping, vai-se encontrar com o homólogo norte-americano entre 6 e 7 de Abril, no resort que Donald Trump tem na Flórida, anunciou ontem um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

O encontro surge após uma fase de incerteza nas relações bilaterais, devido às repetidas acusações de Trump contra as políticas comerciais da China e a postura de Pequim face à Coreia do Norte.

A reunião é vista como crucial para determinar o futuro das relações entre as duas maiores economias do mundo nos próximos anos.

O encontro era tido como pouco provável até há cerca de dois meses, quando Trump suscitou protestos em Pequim devido às suas afirmações de que poderia vir a deixar de reconhecer a política “Uma só China”.

Aquele princípio é visto por Pequim como uma garantia de que Taiwan é parte do seu território e não uma entidade política soberana e considerado a base para estabelecer relações diplomáticas com outro país.

Contudo, numa chamada telefónica realizada em meados de Fevereiro, Trump voltou atrás e disse reconhecer o princípio, criando condições para Pequim e Washington discutirem um encontro.

O telefonema foi seguido pelas visitas do conselheiro de Estado chinês, Yang Jiechi, a Washington, e do secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, a Pequim.

Sem tacos

Xi é o segundo chefe de Estado a visitar o resort de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, que Trump designa da “Casa Branca de Inverno”.

O Presidente do Japão, Shinzo Abe, visitou Donald Trump no mesmo resort em Fevereiro passado, tendo ambos jogado golfe, num ambiente propício à criação de laços pessoais que Trump considera serem importantes.

Xi não deverá, no entanto, alinhar em partidas de golfe.

O Partido Comunista Chinês considera a modalidade um desporto “burguês” e adoptou várias medidas para travar a sua expansão na China, parte de uma campanha anti-corrupção que puniu mais de um milhão de funcionários do Governo.

O carácter informal do resort de Mar-a-Lago permite a Trump receber o líder chinês sem as cerimónias habituais de uma visita de Estado.

Fontes diplomáticas em Pequim, citadas pela agência France-Presse, referem que os encontros irão ter como objectivo inicial permitir aos dois líderes conhecerem-se melhor, reservando questões sensíveis para reuniões posteriores.

31 Mar 2017

Empresa de genro de Trump cancela negociações com chineses 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] família de Jared Kushner, genro e assessor de Donald Trump, anunciou esta quarta-feira o cancelamento das conversações com o conglomerado chinês Anbang sobre uma das suas propriedades na Quinta Avenida, em Nova Iorque, que suscitaram críticas no Congresso.

“As Kushner Companies já não estão a negociar com o Anbang a possível remodelação do edifício 666 da Quinta Avenida. As nossas empresas decidiram, por comum acordo, acabar com as conversações relativas à propriedade”, conforme um comunicado da empresa.

O cancelamento das conversações entre as empresas de Kushner e a Anbang acontece depois de vários congressistas terem exprimido preocupação pelas relações da empresa chinesa com os dirigentes de Pequim, o que representaria um conflito de interesses por Jared Kushner ser genro e assessor do Presidente dos EUA.

Cinco congressistas tinham enviado uma carta a um advogado da Casa Branca para pedir informação sobre o que descreveram como uma “transacção muito preocupante” entre as Kushner Companies e a Anbang.

Os congressistas citaram informação segundo a qual as Kushner Companies obteriam um ganho de 400 milhões de dólares em ganhos com a operação imobiliária.

Adiantaram também que Kushner e o presidente da Anbang, Wu Xiaohui, se reuniram em Novembro, depois da vitória eleitoral de Trump, mas que a Casa Branca não divulgou informação sobre os resultados da mesma.

O genro de Trump parece estar em dificuldades para conseguir rentabilizar o 666 da Quinta Avenida, que tem 30% dos escritórios desocupados e uma dívida acumulada 1,2 mil milhões de dólares.

No comunicado de hoje, as Kushner Companies não deram qualquer explicação para o cancelamento das conversações com o conglomerado chinês, que tão pouco quis comentar o assunto.

O Anbang possui o conhecido hotel nova-iorquino Waldorf Astoria, que comprou em 2014 por 1,95 mil milhões de dólares.

Na segunda-feira, a Casa Branca anunciou que Kushner vai dirigir um novo serviço na estrutura governamental, designado Gabinete de Inovação, cuja tarefa vai ser a aplicação de ideias empresariais ao funcionamento do governo federal.

31 Mar 2017