Rússia / China | Relações no “nível mais elevado da História”

O vice-presidente do principal órgão militar chinês, Zhang Youxia, disse ontem ao ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, que as relações bilaterais atingiram “o nível mais elevado da História” e que Pequim quer “continuar a trabalhar” com Moscovo.

O ministro russo está na China para o segundo dia da sua visita oficial, sendo a guerra na Ucrânia um dos principais temas da agenda.

A visita surge uma semana antes de o Presidente chinês, Xi Jinping, se deslocar à Rússia para participar na cimeira dos BRICS. Zhang, vice-presidente da Comissão Militar Central, sublinhou que o desenvolvimento da relação ocorreu sob a “liderança estratégica” de Xi e do seu homólogo russo, Vladimir Putin.

As relações “continuam a evoluir de forma saudável e estável”, afirmou o responsável, segundo um comunicado do ministério da Defesa chinês.

O general manifestou a disponibilidade da China para continuar a trabalhar com a Rússia, considerando o 75.º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países como um “novo ponto de partida” para consolidar e desenvolver continuamente uma “amizade de boa vizinhança a longo prazo”, bem como uma “elevada confiança estratégica” e uma “cooperação mutuamente benéfica”.

Durante a reunião, Zhang sublinhou a importância de implementar o consenso alcançado pelos dois líderes, através dos intercâmbios de alto nível e aprofundamento das relações militares, para “defender a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento de ambos os países”.

Belousov elogiou a “amizade histórica” entre a Rússia e a China e manifestou disponibilidade para reforçar a cooperação e aproveitar as oportunidades para expandir a parceria estratégica em vários domínios.

Os dois líderes concordaram com a necessidade de continuar a reforçar a parceria estratégica, centrada na defesa, na segurança e na estabilidade regional.

16 Out 2024

Sichuan | Dois pandas a caminho de Washington

Um casal de pandas, aguardado com expectativa em Washington, iniciou na segunda-feira uma longa viagem da China até à capital norte-americana, anunciou a organização chinesa responsável pela protecção da espécie.

Partindo da província chinesa de Sichuan, o macho Bao Li e a fêmea Qing Bao, ambos com três anos, foram colocados em jaulas individuais com um grande fornecimento de bambu para a viagem, de acordo com a Associação de Conservação da Vida Selvagem da China e imagens transmitidas pela estação CNN.

Estes dois mamíferos, com um forte símbolo diplomático, foram ontem recebidos pelos meios de comunicação social, em Washington, uma vez que a cidade não tinha pandas há quase um ano. Os pandas viajam num avião especial, sob o controlo veterinário constante de uma equipa de cuidadores de Washington.

O anúncio da chegada de Bao Li e Qing Bao foi feito no final de Maio pela primeira-dama norte-americana, Jill Biden, e pelo Jardim Zoológico Nacional do Smithsonian. É neste jardim zoológico de Washington que o público norte-americano poderá conhecer os novos inquilinos dentro de poucas semanas, depois de passado o período de quarentena e aclimatação ao ar da capital.

Três pandas anteriores alojados em Washington regressaram à China em Novembro de 2023. Uma partida, após o termo de um contrato de empréstimo, que foi amplamente percepcionada como reflectindo as tensões entre Washington e Pequim.

O primeiro par de pandas foi oferecido por Pequim aos Estados Unidos em 1972, após uma visita histórica do presidente Richard Nixon à China comunista de Mao Tse-Tung.

16 Out 2024

Pequim pede a Irão e Israel que recorram à diplomacia para evitar escalada

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês apelou ontem ao recurso da diplomacia para evitar nova escalada do conflito no Médio Oriente, em telefonemas com os homólogos iraniano e israelita, numa altura em que a China tenta reduzir tensões.

Numa conversa telefónica com o seu homólogo iraniano, Abbas Araghchi, Wang Yi sublinhou o dever da China de acalmar as tensões e promover o diálogo, de acordo com um comunicado divulgado pela diplomacia chinesa.

“A China sempre defendeu a resolução dos conflitos através do diálogo e da consulta”, apontou o ministro, sublinhando ainda que Pequim continuará a reforçar a comunicação entre as partes envolvidas para construir um consenso internacional mais alargado. “Opomo-nos à exacerbação das tensões e à expansão dos conflitos”, acrescentou.

Araghchi manifestou a preocupação do Irão com o risco de nova escalada e sublinhou o valor da influência da China nos assuntos internacionais, salientando a disponibilidade de Teerão para trabalhar com Pequim na procura de soluções diplomáticas.

“O Irão não quer assistir a uma nova expansão do conflito”, afirmou, exortando Israel a ser cauteloso.

O ministro iraniano sublinhou igualmente a importância de uma coordenação estreita com a China, o seu principal parceiro comercial e aliado estratégico, para resolver a situação, enquanto aguarda a resposta de Israel ao ataque iraniano com 180 mísseis balísticos contra o Estado hebreu, a 1 de Outubro.

Travão na violência

Numa outra chamada telefónica com o seu homólogo israelita, Israel Katz, Wang sublinhou que “os desastres humanitários em Gaza não devem continuar” e que “combater a violência com violência não responde verdadeiramente às preocupações legítimas de todas as partes”.

Katz informou Wang sobre os combates no norte de Israel contra o grupo xiita libanês Hezbollah, que faz parte do “Eixo de Resistência” liderado por Teerão e pelo Hamas palestiniano.

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros sublinhou que a China exige “um cessar-fogo imediato, completo e permanente em Gaza e a libertação de todos os reféns israelitas” raptados pelo Hamas.

Pequim tem reiterado em várias ocasiões o apoio à “solução dos dois Estados”, manifestando a sua “consternação” perante os ataques israelitas contra civis em Gaza, e mantém um papel cada vez mais activo como mediador nos conflitos do Médio Oriente, que surge em paralelo com os seus crescentes interesses económicos e energéticos enquanto maior importador mundial de petróleo.

Em Julho passado, foi assinado em Pequim um acordo entre o grupo islâmico Hamas, o partido secular Fatah e uma dúzia de outros grupos palestinianos e, no ano passado, a China mediou o restabelecimento das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita.

16 Out 2024

Astronomia | Pequim revela plano para se tornar líder mundial em ciências espaciais até 2050

Os passos dados nos últimos anos, e o plano em marcha no domínio da ciência espacial, visam transportar o país para a liderança internacional no estudo do universo

 

A China revelou ontem um plano para se tornar líder mundial em ciências espaciais até 2050, aproveitando o seu progresso na exploração do espaço, que inclui já a construção de uma estação espacial e trazer rochas da lua.

“A investigação em ciências espaciais do nosso país está ainda numa fase inicial”, afirmou Ding Chibiao, vice-presidente da Academia Chinesa de Ciências, o principal instituto científico do país, em conferência de imprensa.

O plano, publicado conjuntamente com a Administração Espacial Nacional da China e o Gabinete de Engenharia Espacial Tripulada da China, visa realizar feitos marcantes “com uma influência internacional significativa”, que impulsionem avanços na inovação e transformem a China numa potência no estudo do espaço.

O Plano Nacional de Médio e Longo Prazo para o Desenvolvimento das Ciências Espaciais (2024-2050), dividido em três fases, prevê que a China realize entre cinco e oito missões científicas até 2027, com o objectivo de fazer descobertas significativas no domínio da astronomia de alta energia e da exploração de Marte e da Lua.

Entre 2028 e 2035, vão ser efectuadas 15 missões, incluindo algumas de especial relevância, na procura de planetas habitáveis e no estudo das ondas gravitacionais.

Na fase 2036-2050, o país aspira a realizar mais de 30 missões espaciais, com o objectivo de fazer progressos em domínios como a origem do universo e a exploração tripulada.

Entre as áreas prioritárias do plano está a investigação sobre a origem e a evolução do cosmos, o estudo das ondas gravitacionais para explorar fenómenos como a formação de buracos negros e a natureza do espaço-tempo e a ligação Sol-Terra, centrada na análise do impacto da actividade solar no clima espacial e na tecnologia da Terra.

Será dada ainda prioridade à procura de planetas habitáveis dentro e fora do sistema solar, investigando o seu potencial para albergar vida.

Rivais “extraterrestres”

Além de colocar em órbita uma estação espacial, a China já aterrou uma sonda em Marte. O seu objectivo é colocar uma pessoa na Lua antes de 2030, o que faria da China a segunda nação a fazê-lo, depois dos Estados Unidos. O país também planeia construir uma estação de investigação na Lua.

O programa lunar faz parte de uma rivalidade crescente com os Estados Unidos – ainda líder na exploração espacial – e outros países, incluindo o Japão e a Índia. Os Estados Unidos estão a planear colocar astronautas na Lua pela primeira vez em mais de 50 anos, embora a NASA tenha adiado a data prevista para 2026, no início deste ano.

Os EUA lançaram esta semana uma nave espacial numa viagem de cinco anos e meio com destino a Júpiter, onde tentará estudar uma das luas do planeta para ver se o seu vasto oceano oculto contém vida.

16 Out 2024

China | Dívida oculta regional resgatada em títulos do Tesouro

O plano da China para trocar “dívida oculta” dos governos locais e regionais por títulos do Tesouro ultrapassará os 2,2 biliões de yuan, segundo estimativas divulgadas pela agência noticiosa oficial Xinhua.

O ministro das Finanças chinês, Lan Fo’an, anunciou no fim de semana o aumento extraordinário “numa escala relativamente grande” do limite máximo da dívida, com o objectivo de trocar estes passivos ocultos para ajudar as administrações locais a reduzir os riscos de endividamento e a limpar os seus balanços.

Enquanto Lan se limitou a referir que os pormenores do plano seriam conhecidos quando os respectivos procedimentos legais estivessem resolvidos, a Xinhua detalhou que o ministro também garantiu que seria “o mais forte dos últimos anos”, e recorda que o montante do ano passado foi de 2,2 biliões de yuan, pelo que as novas medidas “vão definitivamente ultrapassar” esse valor.

Há anos que “dívida oculta” dos governos regionais preocupa Pequim: em 2018, já tinha apelado às administrações locais para que deixassem de acumular dívida através de canais de financiamento informais conhecidos como “veículos financeiros da administração local” (LGFV).

Os LGFV são entidades semipúblicas que foram criadas para contornar as restrições ao endividamento das autoridades regionais e que se espalharam por toda a China após a crise financeira de 2008, acumulando uma dívida total de cerca de 66 biliões de yuans, de acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional. Até 2024, o ministério das Finanças atribuiu cerca de 1,2 biliões de yuan para apoiar os governos locais na resolução da “dívida oculta”.

O académico He Daxin, citado pela Xinhua, afirmou que o plano de redução da dívida visa não só reduzir os riscos, mas também libertar as administrações locais para aumentarem novamente as despesas públicas, expandindo o investimento e promovendo o consumo. “Isto encorajará os governos locais a desempenhar um papel mais activo no desenvolvimento económico e ajudará a melhorar ainda mais o ambiente empresarial local, aumentando a confiança nos mercados e produzindo um efeito de amplificação”, disse He.

O plano envolverá a troca de dívida extraorçamental com taxas de juro elevadas por obrigações do Tesouro a mais longo prazo e de baixo custo.

Wang Tao, da UBS, escreveu numa nota que este novo programa será muito maior do que o realizado em 2023 e 2024, e será mais comparável ao realizado entre 2015 e 2018, que totalizou cerca de 12 biliões de yuans.

De acordo com Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics, embora “os esforços para fazer face aos riscos da dívida da administração local (…) sejam positivos para a estabilidade financeira a longo prazo, envolvem principalmente a transferência de dívida de uma bolsa do Estado para outra, pelo que terão relativamente pouco impacto na procura a curto prazo”.

15 Out 2024

Taiwan | Tropas chinesas cercam ilha em exercício militar

Na sequência do discurso do líder de Taiwan, no dia 10 de Outubro, entendido como uma provocação, Pequim lançou um exercício militar abrangente destinado a provar que exerce controlo sobre a ilha, entre outros objectivos.

Na segunda-feira, o Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular (PLA) enviou as suas tropas do exército, da marinha, da força aérea e da força de foguetões para realizar exercícios militares conjuntos com o nome de código Joint Sword-2024B no Estreito de Taiwan e nas áreas a norte, sul e leste da ilha de Taiwan. “O exercício serve como um aviso severo aos actos separatistas das forças da ‘independência de Taiwan’. É uma operação legítima e necessária para salvaguardar a soberania do Estado e a unidade nacional”, afirmou o capitão Li Xi, porta-voz do Comando do Teatro Oriental do PLA, num comunicado divulgado na manhã de segunda-feira.

Com navios e aviões a aproximarem-se de Taiwan a partir de diferentes direcções, “as tropas de vários serviços participam em exercícios conjuntos, centrados em temas como a patrulha de prontidão de combate marítimo e aéreo, o bloqueio de portos e áreas importantes, o assalto a alvos marítimos e terrestres, bem como a tomada conjunta de superioridade abrangente, de modo a testar as capacidades de operações conjuntas das tropas do comando do teatro”, disse Li.

O âmbito da dissuasão no exercício de segunda-feira expandiu-se, e o exercício está a aproximar-se de Taiwan em comparação com os anteriores, especialmente com os navios da Guarda Costeira da China a realizar operações de patrulha e controlo em torno da ilha, alcançando novos avanços sucessivos, disse Zhang Chi, professor da Universidade de Defesa Nacional do PLA, na segunda-feira.

Zhang disse que o exercício de segunda-feira, “com força avassaladora e profundidade estratégica”, reduziu significativamente o “espaço operacional e de defesa” das forças armadas de Taiwan. As forças navais e aéreas do ELP, juntamente com o CCG, estão a avançar em direção a Taiwan a partir de várias direcções, impondo um bloqueio total à ilha. “É como se uma espada afiada estivesse a atravessar o chamado espaço de defesa das autoridades de Taiwan, aproximando-se cada vez mais da ilha, demonstrando plenamente as capacidades operacionais conjuntas do ELP em vários domínios operacionais em torno da ilha de Taiwan”, disse Zhang.

Após uma análise mais aprofundada das áreas designadas para este exercício, Zhang disse que o ELP estabeleceu seis zonas: duas no Estreito de Taiwan, duas a leste da ilha, uma no norte e uma no sul. Zhang referiu que os exercícios no mar e no espaço aéreo do norte servem de aviso directo às principais figuras da ‘independência de Taiwan’. Em comparação com os exercícios anteriores do ELP em torno da ilha de Taiwan nos últimos anos, o âmbito de dissuasão do atual exercício aumentou significativamente e a localização do exercício está a aproximar-se da ilha. “Em resposta às provocações das forças separatistas em conluio com potências externas, o ELP desenvolveu uma postura proactiva de combate para lidar com estes desafios”, disse Zhang.

Provocações e respostas

“Quanto mais agressivamente os separatistas fizerem avançar a sua agenda, maiores serão as contramedidas que terão de enfrentar. O exercício também transmite um forte sinal de oposição firme à ‘independência de Taiwan’ e um compromisso inabalável de salvaguardar a reunificação nacional, dissipando a ilusão entre as forças separatistas de que o continente se absterá de tomar medidas militares”, disse Wang Wenjuan, um especialista da Academia de Ciências Militares do PLA.

Wang disse que o exercício também mostra o espírito inabalável dos militares chineses, a preparação de alto nível e as fortes capacidades de combate. “Como uma espada pendurada no alto ou um martelo pronto para atacar a qualquer momento, ele força Lai a sentir a dissuasão da guerra em primeira mão, transmitindo uma mensagem clara em uma linguagem que elas entendem – que secessão significa guerra”, disse Wang.

Wang observou que este exercício mostrará a Lai e às forças separatistas da “independência de Taiwan” a determinação e a confiança do continente em defender a unidade nacional e a integridade territorial. “Quanto maior for a provocação, mais forte será a resposta”.

Taipé | Lidar com o assunto

O Gabinete Presidencial de Taiwan apelou à China para “cessar as provocações militares que prejudicam a paz e a estabilidade regionais e deixar de ameaçar a democracia e a liberdade de Taiwan”. “As nossas forças armadas irão definitivamente lidar com a ameaça da China de forma adequada”, disse Joseph Wu, secretário-geral do conselho de segurança de Taiwan, num fórum em Taipé, a capital de Taiwan. O ministério da Defesa de Taiwan informou que enviou navios de guerra para pontos designados, para efectuar a vigilância. Também colocou grupos móveis de mísseis e radares em terra para seguir os navios no mar.

A ação de hoje é a quinta vez que a China recorre a este tipo de manobras desde 2022, altura em que levou a cabo a primeira deste calibre em resposta à visita da então Presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, que elevou as tensões entre os dois lados do estreito a níveis nunca vistos em décadas.

Japão e EUA acompanham situação

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, assegurou que Tóquio está a acompanhar as manobras militares chinesas em torno de Taiwan e que o Japão está preparado para “qualquer evolução”. “A paz e a segurança no Estreito de Taiwan e nas suas imediações são extremamente importantes para a região. O Japão está a acompanhar de perto a situação”, declarou Ishiba aos meios de comunicação locais. “Estaremos preparados para qualquer evolução”, acrescentou, citado pela agência espanhola EFE.

O ministro da Defesa japonês, general Nakatani, também disse que Tóquio está a observar as manobras com grande atenção. Nakatani referiu que as tropas japonesas tomaram as precauções necessárias para o caso de um míssil utilizado pela China durante as manobras cair em águas territoriais do Japão.

Os Estados Unidos, o principal fornecedor de armas a Taiwan, descreveu os exercícios como uma reação “militarmente provocadora” de Pequim a um “discurso anual de rotina” de Lai.

“Apelamos à República Popular da China para que actue com moderação e evite qualquer acção que possa prejudicar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e em toda a região, o que é essencial para a paz e a prosperidade regionais e uma preocupação internacional”, advertiu o Departamento de Estado.

Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros reiterou que a independência de Taiwan é incompatível com a paz. “Se os EUA estão interessados na paz entre os dois lados do Estreito de Taiwan, devem respeitar o princípio ‘uma só China’, não enviar sinais errados às forças pró-independência e deixar de fornecer armamento a Taiwan”, declarou a porta-voz da diplomacia de Pequim Mao Ning.

15 Out 2024

Japão | PM destaca significado do Nobel da Paz

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, congratulou-se sexta-feira com a atribuição do Prémio Nobel da Paz à Nihon Hidankyo, a organização que representa os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki, qualificando-a de “extremamente significativa”.

“O facto de o Prémio Nobel da Paz ter sido atribuído a esta organização, que trabalhou durante muitos anos para a abolição das armas nucleares, é extremamente significativo”, declarou Ishiba à imprensa, segundo a agência francesa AFP.

O Comité Nobel norueguês atribuiu sexta-feira o Prémio Nobel da Paz à Nihon Hidankyo, uma organização formada por sobreviventes às radiações atómicas (conhecidos por ‘hibakusha’) das bombas lançadas há 79 anos pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki.

Fundada em 10 de Agosto de 1956, a Nihon Hidankyo defende “a assinatura de um acordo internacional para a proibição total e a eliminação das armas nucleares”, segundo a página da organização na Internet.

Um dos líderes da organização galardoada, Toshiyuki Mimaki, disse que “gostaria de ver a abolição das armas nucleares” e lembrou as ameaças actuais com os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente.

Trançando um paralelo, Mimaki disse que situação em Gaza é “como a do Japão há 80 anos”, devastado pelas bombas no final da Segunda Guerra Mundial, referindo-se às imagens das “crianças a sangrar” do território palestiniano. O Prémio Nobel, que consiste num diploma, numa medalha de ouro e num cheque de 11 milhões de coroas suecas (cerca de 970 mil euros), será entregue formalmente em 10 de Dezembro, em Oslo.

Em 2023, o comité norueguês atribuiu o Prémio Nobel da Paz à activista iraniana Narges Mohammadi, presa no Irão, pela sua luta contra o uso obrigatório do véu pelas mulheres e a pena de morte.

13 Out 2024

Pyongyang adverte Seul sobre “desastre” se voltar a enviar ‘drones’ para o Norte

A Coreia do Norte advertiu ontem a Coreia do Sul de que enfrentará um “horrível desastre” se voltar a enviar ‘drones’ para sobrevoar Pyongyang.

“A próxima vez que um ‘drone’ da República da Coreia [nome oficial da Coreia do Sul] for avistado no céu sobre a nossa capital irá certamente desencadear um desastre horrível”, avisou a irmã do líder norte-coreano, Kim Yo-jong, num comunicado divulgado pela agência de notícias estatal norte-coreana.

Na sexta-feira, Pyonyang afirmou que o Sul tinha enviado ‘drones’ que sobrevoaram a capital norte-coreana pelo menos três vezes na última semana, numa grave violação militar da soberanía. A KCNA afirmou que os ‘drones’ transportavam panfletos de propaganda contra o regime de Kim Jong-un.

“Desencadearemos uma forte retaliação, independentemente dos factores envolvidos nos ‘drones’ que transportam propaganda política da República da Coreia e que se infiltram no nosso território”, afirmou a também vice-directora do Departamento de Propaganda e Agitação da Coreia do Norte.

“Não estamos preocupados em saber quem é a principal força provocadora por trás do recente incidente com o ‘drone'”, acrescentou Kim, na mesma nota.

Trocas aéreas

A KCNA publicou também uma imagem em que alegadamente mostra um dos ‘drones’ e um pacote de panfletos a sobrevoar o céu nocturno, classificando a acção como uma “violação flagrante” da soberania e segurança norte-coreanas e uma “violação violenta do direito internacional”.

O Ministro da Defesa sul-coreano, Kim Yong-hyun, negou estas afirmações no mesmo dia e disse “desconhecer a situação” quando questionado pelos deputados, na sequência da publicação da KCNA.

Por seu lado, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul indicou que “não pode confirmar a veracidade das alegações da Coreia do Norte”, estando a investigar se organizações civis podem ter enviado panfletos por ‘drone’.

Nos últimos meses, a Coreia do Norte enviou mais de 5.000 balões de lixo para o Sul, em resposta aos balões de propaganda antirregime enviados regularmente por activistas do Sul. Estes grupos de activistas dos direitos humanos afirmaram que, por vezes, também conseguiram enviar ‘drones’ carregados de panfletos para a Coreia do Norte.

13 Out 2024

Timor-Leste | Xanana Gusmão em visita oficial a Portugal

O líder do governo timorense tem uma agenda apertada com deslocações aos Açores, lançamento de livros e a assinatura do Programa Estratégico de Cooperação para o período 2024-2028 no valor de 75 milhões de euros

 

O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, iniciou sábado uma visita oficial a Portugal durante a qual será assinado o Programa Estratégico de Cooperação para o período 2024-2028 e mais dois acordos relativos a reabilitação de património e infraestruturas.

O novo Programa Estratégico de Cooperação para o período 2024-2028 tem o valor de 75 milhões de euros e terá cinco áreas prioritárias, nomeadamente Desenvolvimento Humano, Estado de Direito e Boa Governação, Administração Pública, Finanças Públicas e Economia, Juventude e Emprego e Oceanos Sustentabilidade e Infraestruturas.

O último PEC entre os dois Estados, que vigorou no período 2019-2023, teve uma execução de 102 por cento e tinha um envelope financeiro de 70 milhões de euros para intervenções nos setores de Consolidação do Estado de Direito e Boa Governação, Educação, Formação e Cultura e Desenvolvimento Socioeconómico Inclusivo.

Programa das festas

Para hoje, estão marcados encontros com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, quando se realizará também um jantar oficial, oferecido pelo chefe do Governo português.

Na terça-feira, Xanana Gusmão viaja para a ilha do Faial, no arquipélago dos Açores, onde vai ter vários encontros, incluindo com o presidente da Assembleia Legislativa Regional, Luís Garcia.

No Faial, onde vai permanecer até quarta-feira, o primeiro-ministro timorense vai visitar também a Escola do Mar dos Açores, o edifício das actividades marítimas e turísticas, o Instituto de Investigação em Ciências do Mar e o Observatório do Mar dos Açores.

Na quinta-feira à tarde, já em Lisboa, Xanana Gusmão participa na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa numa sessão solene e lança dois livros, nomeadamente um de discursos com o título “Dalan ba Dame” e um de poemas denominado “Mauberíadas”. Os livros vão ser apresentados pelo antigo chefe da diplomacia portuguesa, Luís Amado.

Xanana Gusmão vai, na visita oficial a Portugal, liderar uma delegação que inclui o vice-primeiro-ministro, ministro coordenador dos Assuntos Económicos e ministro do Turismo, Francisco Kalbuadi Lay, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Bendito Freitas, e ainda os ministros da Educação, Dulce Neves, do Ensino Superior, José Jerónimo, da Justiça, Sérgio Hornai, e do Interior, Francisco Guterres, bem como o secretário de Estado da Comunicação Social, Expedito Ximenes, e o presidente da Câmara de Comércio e Indústria timorense, Jorge Serrano.

13 Out 2024

China | Anunciadas grandes divergências nas negociações com UE sobre carros eléctricos

O Ministério do Comércio chinês anunciou no sábado que as discussões em Bruxelas sobre os direitos aduaneiros impostos pela União Europeia aos veículos eléctricos importados da China terminaram com a observação de que permanecem “grandes divergências”.

“Ainda existem grandes diferenças entre os dois lados. Até agora, as consultas não resultaram numa solução aceitável para ambos os lados”, disse o ministério num comunicado, acrescentando que convidou negociadores da União Europeia (UE) para a próxima ronda de negociações na China.

Na sexta-feira, o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, apelou à China para que “adapte o seu comportamento” de forma a aliviar as tensões comerciais com Bruxelas, na sequência de uma série de medidas aduaneiras contestadas por ambas as partes.

“Contamos com a China para adaptar o seu comportamento e compreender que é necessário reequilibrar as relações económicas para uma maior equidade, para uma concorrência leal”, afirmou o dirigente, que se encontrou com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, à margem da cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático, no Laos.

Charles Michel disse esperar que se chegue a um acordo nos próximos dias ou semanas, embora o contexto seja “muito difícil”.

Na passada terça-feira, Pequim impôs mais condições para a importação de brandy europeu – sobretudo conhaque francês – na sequência da decisão de Bruxelas de impor taxas alfandegárias punitivas sobre os automóveis eléctricos fabricados na China.

A Comissão Europeia acusa Pequim de distorcer a concorrência ao subsidiar os fabricantes no seu território, permitindo-lhes oferecer preços mais baixos. A China retaliou lançando inquéritos ‘antidumping’ sobre a carne de porco e os produtos lácteos.

13 Out 2024

Pequim anuncia emissão de obrigações no valor de quase 300 mil milhões de euros

A gigantesca injecção financeira visa dar um novo ânimo ao desenvolvimento da economia chinesa

O ministro das Finanças chinês anunciou no sábado que a emissão de quase 300 mil milhões de euros em obrigações especiais do Tesouro para reanimar a segunda maior economia do mundo, que está a perder dinamismo.

Pequim vai emitir “obrigações especiais do Tesouro” para “ajudar os grandes bancos comerciais estatais a reconstituir a base de capital, melhorar a resistência ao risco e capacidade de empréstimo e servir melhor o desenvolvimento da economia”, afirmou Lan Fo’an, em conferência de imprensa.

“Nos próximos três meses, um total de 2,3 biliões de yuan em obrigações especiais estará disponível para utilização”, acrescentou.

Esta despesa pública vem juntar-se a uma série de medidas anunciadas nas últimas semanas, incluindo a redução das taxas de juro e a concessão de liquidez aos bancos. Pequim vai também aumentar o limite máximo da dívida das autoridades locais para que estas possam gastar mais em infra-estruturas e aumentar o emprego.

O Governo central chinês ainda tem “uma margem considerável” para emitir dívida e aumentar o défice e vai continuar a estudar possíveis medidas anticíclicas, disse Lan.

O responsável procurou acalmar os receios de muitos analistas e investidores, que apontavam precisamente a sustentabilidade da dívida como um possível travão ao aumento da despesa pública para relançar o crescimento da segunda maior economia do mundo, que não tem sido o esperado após o fim dos anos das restrições impostas para combater a pandemia da covid-19.

A cobrança de impostos deste ano será inferior ao previsto, mas o sistema mostra resiliência suficiente para equilibrar receitas e despesas, disse o ministro, sem números específicos sobre os estímulos fiscais.

Em andamento

Na manhã de sábado, a emissora estatal CCTV noticiou que os principais bancos chineses vão baixar as taxas de juro da maioria dos empréstimos à habitação a partir de dia 25, em conformidade com um pedido feito pelo banco central em Setembro.

No ano passado, a China registou uma das taxas de crescimento mais fracas das últimas três décadas.

Lan avançou outras iniciativas para resolver problemas-chave da economia chinesa, como a dívida oculta dos governos locais e regionais – mais de nove biliões de dólares acumulados através de canais de financiamento informais – ou uma crise imobiliária prolongada que parece não estar a chegar ao fim.

Em relação à primeira questão, o plano consiste em aumentar o limite máximo da dívida “numa escala relativamente grande”, a título excepcional, com o objectivo de trocar estes passivos ocultos e, assim, ajudar as administrações locais a reduzir os seus riscos de endividamento, um plano cujos pormenores serão conhecidos quando os respectivos procedimentos legais estiverem resolvidos.

Lan precisou que, nos últimos três meses do ano, as regiões do país poderão ainda beneficiar de cerca de 2,3 biliões de yuans em obrigações especiais para acelerar o avanço dos projectos.

Relativamente à crise imobiliária, o ministro adjunto das finanças Liao Min afirmou que serão emitidas obrigações a nível da administração local para “abrandar a queda do mercado imobiliário e estabilizá-lo”.

Estas obrigações poderão ser utilizadas para comprar terrenos ociosos a promotores imobiliários em dificuldades ou propriedades não vendidas, com o objectivo de as converter em habitações a preços acessíveis, um plano que inicialmente envolvia a construção, mas que agora se centrará mais numa solução para casas já construídas e que não encontraram compradores, a fim de equilibrar a oferta e a procura.

Além disso, Liao disse que as Finanças estão a estudar a possibilidade de eliminar o IVA sobre os imóveis residenciais.

13 Out 2024

China | Acções de empresas caem face a desilusão com estímulos

As principais praças financeiras da China registaram ontem perdas, depois de os pormenores sobre os planos de estímulo económico de Pequim terem ficado aquém das expectativas dos investidores, enquanto outros mercados na Ásia subiram.

As acções em Hong Kong oscilaram entre ganhos e perdas, com o índice Hang Seng a cair 2,4 por cento, para os 20.418,61 pontos. Esta descida seguiu-se a uma queda de mais de 9 por cento na terça-feira, com os investidores a venderem acções, após as recentes subidas.

“A falta de novos estímulos tem sido a causa da desilusão, com muitos participantes no mercado a esperarem políticas fiscais que seguissem os passos da ‘bazuca’ financeira entregue no final de Setembro, mas houve claramente um recuo no anúncio de terça-feira”, escreveu Yeap Jun Rong da IG, líder mundial no comércio e investimentos ‘online’, num comentário.

O Shanghai Composite, o índice de Xangai, perdeu 5,1 por cento, depois de ter encerrado com ganhos de 4,6 por cento, na terça-feira. O índice CSI300, que acompanha as 300 principais acções negociadas nos mercados de Xangai e Shenzhen, cedeu 5,6 por cento.

10 Out 2024

Gaza | Mortes superam 42.000 após um ano de guerra

O número de mortos na Faixa de Gaza, onde Israel mantém há um ano uma intensa ofensiva militar, ultrapassou ontem os 42.000, a maioria mulheres e crianças, após uma noite de ataques no norte e centro do enclave palestiniano.

“Nas últimas horas, a ocupação israelita cometeu três massacres contra famílias na Faixa de Gaza, incluindo 45 mártires e 130 feridos”, pormenorizou, num comunicado, o Ministério da Saúde local, tutelado pelo grupo extremista palestiniano Hamas, que controla o enclave desde 2007.

O número total de mortos aumentou assim para 42.010, incluindo mais de 16.900 crianças e cerca de 11.500 mulheres, o que equivale a 69 por cento do total de vítimas mortais, segundo dados do Hamas.

Entre as crianças estão mais de 700 que morreram antes de completar um ano de idade, referiu ainda o Ministério da Saúde tutelado pelo Hamas. A mesma fonte indicou que o número total de feridos na rede de hospitais locais é de 97.720 desde 7 de Outubro de 2023.

Efeito borboleta

A guerra em curso em Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, a 7 de Outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva militar contra o enclave palestiniano com mais de dois milhões de habitantes. Devido à guerra, Gaza está também a enfrentar uma crise humanitária sem precedentes, com milhares de pessoas a necessitarem de ajuda urgente, segundo as organizações internacionais. O conflito em Gaza tem desestabilizado toda a região do Médio Oriente.

10 Out 2024

Taiwan | Pequim acusa Lai de quebrar laços históricos

Pequim acusou ontem o líder de Taiwan de “quebrar deliberadamente os laços históricos entre os dois lados do estreito”, após William Lai ter afirmado “ser impossível” que a República Popular da China seja a pátria dos taiwaneses.

A porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (Executivo chinês), Zhu Fenglian, disse, em conferência de imprensa, que “Taiwan é um território sagrado da China com base em fundamentos históricos e legais claros”.

Zhu lembrou que, em 25 de Outubro de 1945, o Governo chinês declarou a “recuperação da soberania sobre Taiwan”, depois da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial.

Em 01 de Outubro de 1949, com a fundação da República Popular da China, o novo regime de Pequim “substituiu a República da China como único representante legítimo de todo o país”, disse.

A porta-voz sublinhou que, “embora a reunificação ainda não tenha sido totalmente alcançada”, a soberania e o território da China “nunca foram e nunca poderão ser divididos” e o “facto de a China continental e Taiwan pertencerem à mesma China nunca mudou e nunca poderá mudar”.

“Não importa que tipo de paradoxos históricos e declarações bizarras sobre a independência de Taiwan Lai faça, isso não muda o facto objectivo de que os dois lados do estreito de Taiwan pertencem à mesma China e não destruirá o sentimento patriótico dos nossos compatriotas de Taiwan”, disse Zhu, acusando Lai de “suprimir a identidade nacional dos compatriotas de Taiwan”.

O Conselho dos Assuntos Continentais de Taiwan (MAC), o organismo governamental responsável pelas relações com a China continental, emitiu um comunicado a denunciar as “declarações absurdas” de Zhu, sublinhando que a República Popular da China “nunca governou Taiwan”, desde a criação em 1949.

10 Out 2024

Pequim pede aos EUA que clarifiquem limites da segurança nacional

O ministro do Comércio da China pediu ontem aos Estados Unidos que “clarifiquem os limites da segurança nacional na esfera económica e comercial”, numa conversa telefónica com a homóloga norte-americana, Gina Raimondo.

Nos últimos anos, Washington e Pequim têm utilizado a segurança nacional como motivo para impor restrições comerciais.

De acordo com um comunicado difundido pelo Ministério do Comércio chinês, Wang Wentao afirmou que uma clarificação sobre os limites do conceito de segurança “contribuiria para manter a segurança e a estabilidade nas cadeias de abastecimento da indústria global e para criar um bom ambiente político para a cooperação entre as indústrias dos dois países”.

O ministro manifestou também preocupação com “as restrições” dos EUA sobre os veículos eléctricos chineses e com a política de semicondutores de Washington em relação à China. Os EUA limitaram a exportação de ‘chips’ e tecnologias estrategicamente importantes para o país asiático.

Wang instou Washington “a prestar atenção às preocupações específicas das empresas chinesas, a levantar as sanções impostas a estas firmas o mais rapidamente possível e a melhorar o ambiente empresarial para as companhias chinesas nos Estados Unidos”.

O responsável pediu que as relações económicas entre Pequim e Washington se tornem o “pilar fundamental” das relações bilaterais entre as duas potências. De acordo com o comunicado, a conversa foi “franca, profunda e pragmática”.

Raimondo sublinhou as preocupações expressas pela comunidade empresarial dos EUA relativamente à “falta de transparência regulamentar” na China, bem como às “práticas de mercado pouco competitivas e ao excesso de capacidade estrutural”, de acordo com um comunicado do Departamento do Comércio dos EUA.

A responsável sublinhou que a segurança nacional dos EUA “é inegociável” e explicou que a abordagem do Governo dos EUA procura proteger a segurança nacional de “forma direccionada, sem fechar o espaço para um comércio e investimento saudáveis” entre as duas nações.

Luta continua

A China tem manifestado repetidamente preocupação com as restrições comerciais impostas pelos EUA nos últimos anos, que vão desde a imposição de taxas punitivas sobre as importações chinesas até à proibição de vendas de tecnologia a empresas chinesas.

Em particular, o sector dos semicondutores é fundamental para a China, uma vez que constitui uma das pedras angulares dos planos para reforçar a autossuficiência tecnológica e reduzir a dependência de países terceiros.

Os Estados Unidos têm criticado o que descrevem como “excesso de capacidade industrial” chinesa, ao qual reagiram impondo taxas sobre os veículos eléctricos chineses, entre outras medidas.

Desde o início de 2018, os dois países estão envolvidos numa guerra comercial e tecnológica que tem vindo a desgastar significativamente as relações bilaterais.

10 Out 2024

Médio Oriente | China opõe-se à expansão do conflito e deplora contradições na região

Um ano passado desde o início do conflito no Médio-Oriente, Pequim manifesta a sua extrema preocupação com a escalada da violência que já provocou a morte de mais de 40.000 pessoas em Gaza e condena a possibilidade de um ataque ao Irão pelas forças israelitas

 

A China manifestou ontem a sua “oposição à expansão do conflito no Médio Oriente”, referindo-se à possibilidade de Israel atacar o Irão em retaliação pela ofensiva de mísseis iranianos da semana passada. A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse em conferência de imprensa que a China está “profundamente preocupada” com “a intensificação das contradições” na região.

A China está “profundamente preocupada” com a “intensificação das contradições” na região e “lamenta que a escalada do conflito israelo-palestiniano se tenha arrastado durante um ano, resultando na morte de mais de 40.000 pessoas em Gaza, a maioria das quais mulheres e crianças”, afirmou Mao.

“O que é necessário para resolver o conflito israelo-palestiniano não são armas e munições ou sanções unilaterais, mas sim vontade política e esforços diplomáticos”, afirmou, apelando às grandes potências para que “desempenhem o papel que lhes compete, respeitem a objectividade e a imparcialidade e assumam a liderança no cumprimento do direito internacional”.

Mao instou ainda “todas as partes” a “manter a paz e a estabilidade regionais e a abordar a situação actual com calma, racionalidade e responsabilidade”.

“A comunidade internacional, especialmente as potências influentes, deve desempenhar um papel construtivo para evitar mais instabilidade”, acrescentou.

Tensão palpável

Nos últimos dias, tem crescido a preocupação sobre a possibilidade de Israel atacar o Irão em retaliação contra o ataque de Teerão a território israelita na semana passada. Alguns analistas temem que Israel ataque as instalações nucleares iranianas, enquanto Teerão instou Israel a não testar a “vontade” do Irão.

A China tem reiterado repetidamente o seu apoio à “solução dos dois Estados”, mostrando a sua “consternação” face aos ataques israelitas contra civis em Gaza, e os seus funcionários realizaram numerosas reuniões com representantes de países árabes e muçulmanos para reafirmar esta posição ou para tentar fazer avançar as negociações de paz.

A China é o maior parceiro comercial do Irão, com o qual tem vindo a reforçar as suas relações nos últimos anos.

Em Maio passado, quando o Irão realizou um ataque de menor dimensão contra Israel, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, indicou ao seu homólogo iraniano que a China tinha “tomado nota das declarações do Irão de que as suas acções são limitadas e no exercício do seu direito à autodefesa”, sublinhando a boa relação entre Pequim e Teerão.

10 Out 2024

Israel | Irão ameaça retaliação a qualquer ataque

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, ameaçou ontem Israel de que Teerão vai retaliar qualquer ataque contra território iraniano. “Exortamos Israel a não testar a vontade [do Irão]”, disse Araghchi num evento que assinalou em Teerão o ataque do Hamas contra território israelita, que matou 1.200 pessoas a 7 de Outubro do ano passado.

“Qualquer ataque a instalações do Irão será objecto de uma resposta mais forte”, afirmou o chefe da diplomacia de Teerão.

Entretanto, o Exército israelita declarou ontem que a Força Aérea matou o comandante do Hezbollah em Beirute Suhail Hussein Husseini, a última vítima de uma série de ataques contra dirigentes do movimento xiita libanês (Partido de Deus), incluindo o antigo líder máximo Hassan Nasrala.

De acordo com Avichay Adraee, porta-voz do Exército israelita os aviões de combate efectuaram um ataque de precisão em Beirute e eliminaram Husseini, sem especificar o dia específico do ataque.

De acordo com um comunicado militar, Huseini foi “responsável pela gestão orçamental e logística dos projectos mais sensíveis do Hezbollah”, como a planificação de ataques a partir da Síria ou do Líbano e a transferência de armas entre o Irão e a milícia libanesa.

Na segunda-feira, as forças israelitas fizeram novos ataques em Beirute contra o quartel-general dos serviços secretos do Hezbollah, bombardeou o sul do Líbano e a zona do Vale de Bekaa, no leste do Líbano.

9 Out 2024

Médio Oriente | China repatria 215 cidadãos do Líbano

A China repatriou 215 cidadãos chineses do Líbano em dois grupos, na sequência da escalada da guerra entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah, afirmou ontem a diplomacia de Pequim.

“Trabalhámos em estreita colaboração com o ministério dos Transportes, a Administração da Aviação Civil e a embaixada chinesa no Líbano para garantir a segurança dos cidadãos chineses e realizar rapidamente as operações de transferência e de retirada”, declarou ontem a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, em conferência de imprensa.

De acordo com a porta-voz, a China conseguiu “a retirada segura de dois grupos, num total de 215 cidadãos chineses, por barco e voo charter, incluindo três residentes de Hong Kong e um compatriota de Taiwan”.

Mao acrescentou que “a situação actual no Líbano e em Israel continua a ser complexa e grave”. “A embaixada da China no Líbano continuará a orientar e a ajudar o pequeno número de cidadãos chineses que permanecem no país a tomar medidas para proteger a sua própria segurança”, concluiu.

A escalar

A situação no Médio Oriente agravou-se desde o final de Setembro, quando Israel alargou a sua acção militar ao Líbano, bombardeando Beirute e outras cidades do sul do país, numa tentativa de liquidar o Hezbollah, que há meses dispara foguetes contra o norte de Israel, em retaliação pelas suas ações em Gaza.

A China manifestou a sua profunda preocupação com a situação no Médio Oriente e a sua oposição à violação da soberania, da segurança e da integridade territorial do Líbano. Pequim anunciou também ontem que vai enviar material médico de emergência para o Líbano.

Desde que o conflito se estendeu ao Líbano, mais de 2.000 pessoas foram mortas, segundo o ministério da Saúde Pública libanês, e 1,2 milhões foram deslocadas devido aos constantes ataques israelitas.

9 Out 2024

Pyongyang pretende alterar Constituição para acabar com ideia de reunificação

As autoridades norte-coreanas convocaram segunda-feira uma sessão parlamentar para discutir uma possível alteração da Constituição destinada a traçar linhas claras de fronteira com a Coreia do Sul e eliminar os artigos sobre a reunificação da Coreia.

A sessão plenária da Assembleia Suprema do Povo ocorre nove meses depois de o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ter apelado para uma revisão da Lei Fundamental do país para definir a Coreia do Sul como “inimigo principal e imutável” da Coreia do Norte.

Kim defendeu em várias ocasiões a necessidade de “definir as relações intercoreanas como as de dois Estados hostis um ao outro” e de pôr de lado eventuais opções de reconciliação ou unificação dos dois territórios, que continuam oficialmente em guerra desde a década de 1950.

Sublinhou, portanto, a importância de alterar a Constituição durante as sessões plenárias desta semana, das quais espera que saia também a definição de fronteiras marítimas, embora não tenha fornecido mais pormenores sobre esse aspeto, segundo a agência noticiosa norte-coreana KCNA.

Novas amizades

O Ministério da Unificação da Coreia do Sul indicou estar previsto que a Coreia do Norte denuncie todos os acordos políticos e militares intercoreanos, incluindo o Acordo Básico alcançado em 1991, que definiu como “especial” a relação entre as duas partes, criadas com a ideia de uma futura reunificação do território.

As autoridades poderão também aproveitar a ocasião para ratificar a sua nova parceria com a Rússia, numa altura em que as relações entre as duas partes se reforçam, num contexto de plena invasão russa da Ucrânia.

Em Junho passado, Kim encontrou-se com o Presidente russo, Vladimir Putin, com quem assinou um tratado que inclui uma cláusula de defesa mútua e uma maior cooperação em questões militares. Desde a adopção da sua Constituição, em 1972, a Coreia do Norte introduziu uma dezena de alterações ao texto, que foi revisto pela última vez em Setembro de 2023 para introduzir uma política de reforço nuclear.

9 Out 2024

Paquistão | Pequim pede reforço de segurança após morte de dois chineses em atentado

A China pediu ontem a Islamabade para reforçar e garantir a protecção total do corredor económico entre os dois países, do pessoal e das empresas chinesas no Paquistão, onde dois cidadãos chineses foram mortos num ataque no domingo.

“A China está profundamente chocada com o ataque contra cidadãos chineses e condena veementemente este acto terrorista”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado.

De acordo com a mesma nota, Pequim apelou ao Paquistão para que não poupe esforços no tratamento dos feridos e nas investigações sobre o incidente e disse esperar que os autores do ataque sejam detidos e levados à justiça.

O país asiático exigiu também mais atenção para colmatar eficazmente as lacunas de segurança e emitiu um alerta, através da embaixada em Islamabade, para que os cidadãos, as empresas e os projectos chineses reforcem as medidas de segurança e tomem precauções.

“O terrorismo é um inimigo comum da humanidade. As tentativas das forças terroristas para minar a confiança e a cooperação entre a China e o Paquistão e o Corredor Económico China-Paquistão (CPEC) não atingirão o seu objectivo”, afirmou o gabinete do porta-voz da diplomacia chinesa.

O ataque de domingo, reivindicado pelo Exército de Libertação do Balochistão, teve lugar perto do Aeroporto Internacional de Carachi, no sul do Paquistão, e visou um comboio de trabalhadores chineses da empresa de electricidade Port Qasim Limited.

A iniciativa CPEC inclui um investimento chinês de 60 mil milhões de dólares na construção de projectos de infra-estruturas no Paquistão. Na sequência do atentado, o Governo paquistanês condenou veementemente um “acto de terrorismo deplorável”, qualificando-o como “um ataque à amizade duradoura entre o Paquistão e a China”.

9 Out 2024

China | Mais de 2.000 milhões de deslocações internas registadas Semana Dourada

A China registou mais de dois mil milhões de viagens entre 01 e 07 de Outubro, semana dos feriados do Dia Nacional, um aumento de 4,1 por cento no número médio diário, em comparação com o período homólogo.

De acordo com os dados divulgados ontem pelo Ministério dos Transportes chinês, o último dia do feriado marcou um dos picos mais elevados em termos de mobilidade, com um fluxo maciço nas redes de transportes terrestres e aéreos.

O tráfego nas estradas foi considerável, com um total acumulado de cerca de 1,85 mil milhões de viagens, mais 3,9 por cento do que no mesmo período do ano anterior. Nos caminhos-de-ferro, cerca de 19,86 milhões de pessoas utilizaram os comboios para regressar aos seus destinos na segunda-feira, com 1.705 comboios suplementares.

Desde o início da época de férias, a 29 de Setembro, o volume diário de passageiros transportados nos comboios chineses ultrapassou os 17 milhões, tendo atingido o seu máximo a 01 de Outubro, quando foi estabelecido um novo recorde para o número de passageiros num só dia, com 21,4 milhões.

Entretanto, as companhias aéreas transportaram um total de 16,12 milhões de pessoas em voos domésticos, representando uma média diária de 2,3 milhões de passageiros, mais 11,3 por cento do que no mesmo período de 2023, de acordo com o ministério.

Assim, o número final de viagens é ligeiramente superior à previsão das autoridades chinesas de 1,94 mil milhões de viagens domésticas durante as férias.

Apesar de a República Popular ter completado três quartos de século, as celebrações oficiais mantiveram-se relativamente discretas, uma vez que as autoridades chinesas organizam normalmente as maiores celebrações nos aniversários redondos.

9 Out 2024

Pequim anuncia medidas “antidumping” provisórias sobre importações de brandy europeu

A China vai obrigar os importadores de brandy europeu a deixar um depósito nas alfândegas chinesas, anunciou ontem o ministério do Comércio do país asiático, num contexto de tensões comerciais entre Pequim e a União Europeia (UE).

“A partir de 11 de Outubro de 2024 [sexta-feira], quando importarem brandy da União Europeia, os importadores vão ter de fornecer o depósito correspondente às autoridades aduaneiras da República Popular da China”, afirmou o ministério, em comunicado, dias após a UE ter confirmado que vai impor taxas alfandegárias adicionais sobre automóveis eléctricos importados da China.

No final de Agosto, a China afirmou que não ia impor medidas ‘antidumping’ provisórias sobre o brandy importado, o que afectaria principalmente a França, apesar de ter concluído que os produtores europeus vendiam o licor no mercado chinês “com margens de ‘dumping’ de entre 30,6 por cento a 39 por cento”.

‘Dumping’ significa a venda abaixo do custo de produção, possível através de atribuição de subsídios aos produtores. O inquérito, iniciado a 5 de Janeiro deste ano, determinou então que estas práticas representam uma ameaça significativa para a indústria local de brandy na China.

A 18 de Julho, a pasta analisou os efeitos industriais e de interesse público relacionados com a importação de brandy europeu. A China lançou outras investigações “antidumping” sobre produtos como os laticínios e a carne de porco da UE, no que é visto como resposta aos atritos comerciais com o bloco.

Europa dividida

Após nove meses de investigação, Bruxelas sugeriu um aumento das taxas devido ao apoio estatal chinês às empresas que fabricam automóveis eléctricos.

Dependendo do nível de subsídios públicos que as diferentes marcas receberam de Pequim, a Comissão Europeia recomendou um imposto de 7,4 por cento para a BYD, 20 por cento para a Geely e 38,1 por cento para a SAIC. As marcas ocidentais que produzem na China seriam igualmente tributadas a 21 por cento.

A França considerou “proporcional e calibrada” a proposta da Comissão Europeia de aumentar os direitos aduaneiros sobre os veículos eléctricos chineses, uma posição diferente da tomada pela Alemanha.

9 Out 2024

Imobiliário | Pequim aposta na procura e estabilização para reanimar economia

Os novos estímulos à economia procuram contrariar as quedas no mercado imobiliário e os efeitos negativos do proteccionismo e da volatilidade do exterior

 

As medidas recentemente aprovadas por Pequim para relançar a economia visam “expandir a procura interna” e “estabilizar o sector imobiliário”, afirmou ontem o principal órgão de planeamento da China, defendendo a “grande resiliência” das finanças do país.

O director da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento da China (CNRD), Zheng Shajie, explicou, em conferência de imprensa, que os estímulos visam “expandir a procura interna efectiva”, “aumentar o apoio às empresas”, “conter a queda do mercado imobiliário e estabilizá-lo”, “impulsionar o mercado de capitais” e “harmonizar o ajustamento contracíclico das políticas macroeconómicas”.

Zheng disse que foram “intensificados” os esforços para lançar “medidas para promover a recuperação contínua da economia”.

O responsável insistiu na necessidade de “analisar a situação económica de forma objectiva” e afirmou que existe “um contexto complexo a nível interno e externo” em que “algumas potências viram o seu ritmo de crescimento abrandar”.

“O proteccionismo e a volatilidade estão a aumentar”, o que “afecta a China”, afirmou. O responsável referiu que algumas empresas chinesas “aumentaram o investimento sem registar um aumento dos lucros” e que existem “pressões sobre a economia”.

No entanto, afirmou que a China “tem feito progressos na redução dos riscos em áreas-chave”, apontando o “rápido crescimento industrial” em sectores como os automóveis e os electrodomésticos. “Nem as bases nem as vantagens da economia chinesa mudaram: o enorme potencial de mercado e a resiliência mantêm-se”, acrescentou.

Meta alcançável

O director adjunto do órgão, Zhao Chenxin, abordou o objectivo de crescimento económico para este ano, de cerca de 5 por cento, cuja realização tem sido questionada pelos especialistas.

“No primeiro semestre do ano, registou-se um crescimento anual de cerca de 5 por cento e a situação económica manteve-se geralmente estável. Já assistimos a três trimestres de desempenho e a economia da China conseguiu manter a estabilidade e o crescimento”, argumentou.

Zhao previu que, quando as medidas de apoio anunciadas pelas autoridades “entrarem em vigor”, “serão lançadas as bases para um funcionamento estável da economia”, ao mesmo tempo que transmitiu a sua “confiança” de que o país atingirá a meta de crescimento do produto interno bruto.

Há duas semanas, as autoridades chinesas anunciaram a redução das taxas de juro dos empréstimos hipotecários existentes – poupando cerca de 21 mil milhões de dólares a 50 milhões de famílias – e a descida para 15 por cento do valor mínimo de entrada para as segundas habitações, numa tentativa de reanimar o sector imobiliário, que se encontra em profunda crise há três anos.

A medida faz parte de um pacote de medidas apresentado pelas autoridades que inclui também a criação de mecanismos para oferecer cerca de 114 mil milhões de dólares de financiamento a empresas de valores mobiliários, fundos e companhias de seguros, bem como empréstimos a empresas cotadas em bolsa para recomprarem as suas acções e assim aumentarem o seu valor de mercado.

9 Out 2024

Israel | AI diz que é vergonhoso que guerra já dure há 1 ano

A Amnistia Internacional considerou ontem que o prolongamento durante um ano da guerra entre Israel e o Hamas é sinal de “um fracasso colectivo da Humanidade”, sublinhando que foram cometidas várias atrocidades.

Lamentando que ainda não tenha havido um cessar-fogo nem libertação de reféns, a organização de defesa dos direitos humanos afirma que a necessidade de respeitar os “direitos de todas as vítimas à verdade, à justiça e à reparação” é mais premente do que nunca.

Em comunicado ontem divulgado para assinalar o primeiro aniversário dos ataques do grupo islamita Hamas a Israel, que conduziram à guerra, a secretária-geral da organização, Agnes Callamard, descreveu o 7 de Outubro como “um dia de luto”.

“É um dia de luto para os israelitas cujos entes queridos foram mortos e raptados e para milhares de pessoas que continuam a ser deslocadas desde os hediondos ataques do Hamas e de outros grupos armados”, afirmou, referindo que se assinala também “um ano desde o início da terrível ofensiva das forças israelitas em Gaza, que matou dezenas de milhares de pessoas, deslocou à força 90 por cento da população e desencadeou uma catástrofe humanitária sem precedentes, colocando os palestinianos de Gaza em risco de genocídio”.

Sem fim à vista

Há exactamente um ano, cerca de mil combatentes do Hamas atacaram inesperadamente o território israelita, matando quase 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, dos quais quase 100 continuam detidos.

O Governo de Telavive prometeu aniquilar o movimento islamita, considerado terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia. As investidas de Israel na Faixa de Gaza já mataram cerca de 41.500 pessoas e forçaram quase dois milhões de pessoas a fugir de casa.

“A guerra prossegue sem fim à vista”, lembrou a responsável da Amnistia Internacional, afirmando que “a necessidade de um cessar-fogo, de respeito pelo direito internacional e pelos direitos de todas as vítimas” é “mais premente do que nunca”.

O aniversário, adiantou Agnes Callamard, “é um lembrete sóbrio da necessidade urgente de abordar as causas profundas, cortar o fornecimento de armas a todas as partes e acabar com a impunidade de longa data que tem visto as forças israelitas, o Hamas e outros grupos armados desrespeitarem o direito internacional durante décadas sem temerem quaisquer consequências”.

Apelando a “um cessar-fogo imediato e à libertação imediata e incondicional dos reféns civis detidos pelo Hamas e outros grupos armados e de todos os palestinianos detidos ilegalmente por Israel”, a líder da Amnistia Internacional sublinhou que “o mundo nunca deve esquecer as vítimas e a angústia das famílias afectadas”.

A organização pediu a responsabilização daqueles que cometeram “assassinatos deliberados, raptos e ataques indiscriminados, incluindo ataques com ‘rockets’ contra Israel, e dos que são culpados de crimes de guerra, “incluindo ataques diretos a civis e objetos civis ou ataques desproporcionados e ilegais”.

8 Out 2024