Fitch | Economia chinesa em risco de entrar em espiral deflacionária

A agência de notação financeira Fitch Ratings alertou ontem que a economia chinesa arrisca entrar numa espiral deflacionária, apesar das recentes medidas fiscais e monetárias anunciadas pelas autoridades do país, visando estimular a procura interna.

Num relatório, a Fitch Ratings apontou que a “potencial exacerbação das actuais tendências de oferta e procura, juntamente com desafios demográficos e de sobre-endividamento, representa um risco de queda sustentada dos preços”.

“A procura interna é fraca e um abrandamento do sector imobiliário mais prolongado do que o previsto constitui um risco significativo para as nossas previsões de crescimento”, lê-se na mesma nota.

A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno, que reflecte debilidade no consumo doméstico e investimento, é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

Observando que “as despesas de capital estão a aumentar mais rapidamente nos sectores orientados para a exportação”, a agência de ‘rating’ afirmou que um abrandamento da economia mundial em 2025 vai “provavelmente limitar o crescimento das exportações”.

“A evolução do lado da oferta vem agravar estas tendências. Os indicadores do mercado de trabalho sugerem que a oferta está a ultrapassar a procura. Os custos unitários do trabalho diminuíram em 2023 pela primeira vez desde 2000. Tudo isto indica um certo grau de folga na economia chinesa”, apontou.

A voz dos números

O índice de preços ao consumidor, principal indicador da inflação na China, subiu 0,4 por cento em Setembro, em termos homólogos. A inflação subjacente, que exclui os preços dos alimentos e da energia devido à sua volatilidade, aumentou apenas 0,1 por cento.

O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), que mede os preços à saída das fábricas, afundou 2,8 por cento, em Setembro, reflectindo o excesso de oferta apontado pela Fitch. “Uma vasta gama de preços está a cair. Por exemplo, o PPI mantém-se em território negativo desde 2022”, afirmou o relatório.

O excesso de oferta na China está já a suscitar uma escalada de medidas proteccionistas, à medida que vários parceiros comerciais acusam o país asiático de ‘dumping’ – venda a preço inferior ao custo de produção.

A prática é susceptível de eliminar os concorrentes estrangeiros, incapazes de competir com os preços praticados pelos exportadores chineses.

A Fitch espera, no entanto, que a política fiscal se torne mais favorável, após Pequim ter anunciado uma redução das taxas de juro e outras medidas que visam injectar liquidez no mercado e estimular o consumo doméstico.

“Mas se a política orçamental se mantiver neutra, em vez de estimular a economia, isso constituirá outro risco fundamental para as perspectivas de crescimento e a dinâmica dos preços”, frisou.

7 Nov 2024

Líder da junta do Myanmar parte para primeira ida a Pequim desde golpe de Estado

O líder da junta militar do Myanmar (antiga Birmânia), Min Aung Hlaing, partiu ontem para a China na sua primeira visita desde o golpe militar de 2021, que mergulhou o país num conflito que Pequim tem procurado mediar.

O general deixou ontem de manhã o Myanmar, de acordo com a rede de televisão MWD, detida pelo exército do país, para participar numa cimeira de cooperação económica entre os países por onde passa o Rio Mekong (China, Myanmar, Laos, Tailândia, Camboja e Vietname) na cidade de Kunming, na região de Yunnan, no sudoeste da China, nos dias 6 e 7 de novembro.

Esta é a primeira viagem à China e uma das poucas viagens ao estrangeiro do líder da junta, que também se deslocou à Rússia e à Indonésia pouco depois do golpe de 1 de Fevereiro de 2021, para uma cimeira do Sudeste Asiático, para a qual foi posteriormente desconvidado.

Neste caso, a sua visita à China, que não condenou o golpe e que, tal como a Rússia, fornece armas ao Myanmar, reforça a legitimidade questionada de Min Aung Hlaing, numa altura em que o exército está enfraquecido por um movimento de guerrilheiros étnicos e pró-democracia.

A China, que enviará o primeiro-ministro Li Qiang à cimeira de Kunming, mas não está confirmado que se encontre com o general, minimizou a importância da visita, tendo o porta-voz da diplomacia chinesa sublinhado ontem apenas que o Myanmar é um “país importante na região” que tem participado “consistentemente” em tais reuniões.

No entanto, a visita surge num período de novas tentativas da China para garantir a estabilidade num país com o qual partilha mais de 2.200 quilómetros de fronteira e no qual tem vários projectos em andamento.

Águas passadas

Em Agosto passado, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, encontrou-se com o líder do golpe e instou-o a realizar “eleições inclusivas”. Um mês depois, a junta do Myanmar apelou às guerrilhas étnicas e às forças pró-democracia para que negociassem uma via política para a realização de eleições, proposta que foi rejeitada e repetida em Outubro.

Em Janeiro passado, também em Kunming, Pequim serviu de mediador entre a junta e uma poderosa aliança de guerrilheiros, que lançou a maior ofensiva do ano passado contra o exército – Operação 1027 – para um acordo de cessar-fogo que foi posteriormente violado.

Os apelos de Pequim à realização de eleições, bem como a visita do general à China, não foram bem acolhidos pela oposição do Myanmar.

Kyaw Zaw, porta-voz do Governo de Unidade Nacional (GUN), composto em parte por antigos membros da legislatura derrubada pelos militares e que reivindica ser a autoridade legítima do Myanmar, instou a China a reconsiderar o seu convite a Min Aung Hlaing num vídeo publicado no Facebook.

6 Nov 2024

CHRD | Condenada activista que denunciou uso de vacinas defeituosas

A activista chinesa He Fangmei, conhecida por denunciar a utilização de vacinas de baixa qualidade na China, foi recentemente condenada a cinco anos e seis meses de prisão, disse ontem a organização Chinese Human Rights Defenders (CHRD).

A CHRD, que apelou à libertação imediata de He por uma condenação que considera “errada”, explicou na rede social X que, desde Outubro de 2020, a activista está em prisão domiciliária ou prisão preventiva e que vai cumprir pena por “provocar brigas e distúrbios”.

De acordo com a ONG, o gabinete de Segurança Pública de Huixian colocou He em prisão domiciliária por “provocar brigas e disputas”.

Em 2019, as autoridades chinesas aprovaram uma lei sobre a gestão de vacinas para conseguir uma supervisão mais rigorosa do sector, a fim de evitar escândalos como os que abalaram o país nos anos anteriores, impondo punições severas a quem produzir ou vender vacinas falsas ou de qualidade inferior.

Esse regulamento surgiu na sequência do escândalo social gerado por um caso de vacinas adulteradas, depois de as autoridades terem detectado que a empresa farmacêutica Changsheng Bio-Technology tinha utilizado materiais fora de prazo na produção de vacinas contra a raiva liofilizadas para uso humano e não tinha registado correctamente as datas ou os números de série dos produtos desde, pelo menos, 2014.

6 Nov 2024

Subianto em Pequim na primeira deslocação do seu mandato como PR indonésio

O Presidente indonésio, Prabowo Subianto, vai visitar a China esta semana, anunciou ontem Pequim, na primeira visita ao estrangeiro do seu mandato, numa altura em que pretende reforçar a posição internacional do seu país.

O antigo general, de 73 anos, vai realizar uma visita de Estado entre 8 e 10 de Novembro, informou Hua Chunying, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado. Prabowo Subianto, que tomou posse a 20 de Outubro, prometeu prosseguir a política externa tradicionalmente não-alinhada de Jacarta. O responsável pretende também tornar a quarta nação mais populosa do mundo mais visível na cena internacional.

A visita à China ocorre depois de a Indonésia e a Rússia terem iniciado os primeiros exercícios navais conjuntos na segunda-feira. Pequim e Jacarta são parceiros económicos próximos.

Entre gigantes

Nas primeiras visitas ao estrangeiro desde que chegou ao poder, Prabowo Subianto também participa na cimeira da Cooperação Económica Ásia – Pacífico no Peru e na cimeira do G20 no Brasil, de acordo com Jacarta.

O Presidente deverá ainda visitar os Estados Unidos e o Reino Unido, informou o jornal Kompas no mês passado, citando fontes do palácio presidencial. Após a vitória eleitoral em Fevereiro, Prabowo Subianto aproveitou o período de transição de oito meses na chefia do Estado para visitar cerca de dez países, incluindo a China.

Subianto pretende seguir uma política externa mais activa do que a do antecessor, Joko Widodo, que se concentrou mais nas questões internas, nomeadamente na economia.

Desde há muito que Jacarta privilegia uma política externa neutra, recusando-se a tomar partido na guerra entre a Rússia e a Ucrânia ou a escolher entre a China e os Estados Unidos, duas grandes potências rivais. Mas Prabowo Subianto apelou ao estreitamento das relações com Moscovo, apesar das pressões do Ocidente.

6 Nov 2024

Economia chinesa | Li Qiang “plenamente confiante” no crescimento

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, disse ontem que está totalmente confiante na capacidade do seu país para atingir os seus objectivos económicos para 2024, sugerindo novas medidas de estímulo.

O Governo espera alcançar um crescimento do PIB de cerca de 5 por cento este ano. Mas a recuperação pós-Covid tem sido lenta, e a China registou o seu crescimento trimestral mais fraco em ano e meio no período entre Julho e Setembro.

As autoridades anunciaram medidas para estimular a actividade, incluindo cortes nas taxas de juro e a flexibilização das restrições à compra de habitação. No entanto, muitos analistas criticaram o facto de ainda não existir um plano de estímulo de grande envergadura.

Esse anúncio poderá ser feito esta semana, após uma reunião do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China. “Estamos plenamente confiantes de que os objectivos deste ano serão alcançados e que a economia chinesa crescerá nos próximos tempos”, afirmou Li Qiang, em Xangai.

Oficialmente responsável pela política económica enquanto primeiro-ministro, Li discursou na cerimónia de abertura da Feira Internacional de Importação da China (CIIE), um importante evento comercial anual em que participam centenas de empresas estrangeiras.

O responsável sugeriu que as autoridades ainda têm margem de manobra para adoptar novas medidas. “Estamos a enfrentar uma pressão descendente sobre a economia, mas ainda há espaço para medidas fiscais e monetárias”, afirmou.

Altos e baixos

Após uma subida em flecha da bolsa há algumas semanas, alimentada pela esperança de um grande plano de estímulo, o optimismo recuou face a políticas que os mercados não consideram suficientemente fortes.

No entanto, recentemente, houve alguns sinais positivos. A actividade fabril aumentou no mês passado pela primeira vez desde Abril, de acordo com os dados oficiais publicados na semana passada.

No sector dos serviços, a actividade também acelerou em Outubro, de acordo com um índice independente publicado ontem pela S&P Global e pela revista Caixin.

Li Qiang afirmou: “Recentemente, os principais indicadores económicos da China recuperaram globalmente, a confiança do mercado aumentou significativamente (…) e verificaram-se muitas mudanças positivas na economia”. Mas a economia chinesa enfrenta um sério obstáculo: as crescentes tensões comerciais com alguns dos seus parceiros comerciais mais próximos, liderados pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos.

Perante uma plateia de dignitários estrangeiros, incluindo os primeiros-ministros da Malásia, Eslováquia e Sérvia, reunidos na Feira Internacional de Importação da China, Li Qiang assegurou que a China está mais aberta ao investimento.

No entanto, alertou para o aumento do unilateralismo e do proteccionismo. “De um ponto de vista global (…) surgiram muitos problemas que não deveriam ter surgido”, sublinhou. “Em particular, todo o tipo de comportamentos desonestos, que provocaram um efeito destrutivo das regras”, sublinhou.

A China está particularmente irritada com as taxas alfandegárias punitivas impostas pela UE e pelos Estados Unidos sobre veículos eléctricos fabricados no país asiático. Em resposta, Pequim ameaça aumentar as taxas sobre aguardentes da Europa. Desde meados de Outubro, exige que os importadores depositem uma caução nas alfândegas chinesas. A China também lançou investigações antidumping sobre a carne de porco e os produtos lácteos importados da Europa, ameaçando estes sectores.

6 Nov 2024

Fukushima | Encerrado reactor nuclear que voltou a funcionar após desastre

Um reactor nuclear japonês que voltou a funcionar na semana passada, pela primeira vez em mais de 13 anos, após o desastre de 2011 na central de Fukushima, foi ontem encerrado, anunciou o operador. O reator n.º 2 da central nuclear de Onagawa, na costa norte do Japão, foi reactivado a 29 de Outubro e esperava-se que começasse a produzir energia no início de Novembro.

No entanto, teve novamente de ser encerrado devido a uma falha ocorrida, no domingo, num dispositivo relacionado com os dados de neutrões no interior do reactor, indicou o operador da central, a Tohoku Electric Power Co.

A empresa indicou que se decidiu pelo encerramento para reexaminar o equipamento e responder às preocupações de segurança dos residentes. Não foi anunciada nova data para o reinício da actividade.

O reactor é um dos três existentes na central de Onagawa, que fica 100 quilómetros a norte da central de Fukushima Daiichi, onde três reactores derreteram na sequência de um sismo de magnitude 9 e de um tsunami em Março de 2011, libertando grandes quantidades de radiação.

A central de Onagawa foi atingida por um tsunami de 13 metros desencadeado pelo sismo, mas conseguiu manter os sistemas de arrefecimento cruciais a funcionar nos três reactores e proceder ao encerramento destes em segurança.

Após a catástrofe de Fukushima, todas as 54 centrais nucleares comerciais do Japão foram encerradas para serem submetidas a verificações e melhorias na segurança. O reactor n.º 2 foi o 13.º dos 33 ainda em utilização a arrancar.

No ano passado, o Governo japonês adoptou um plano para maximizar a utilização da energia nuclear e está a tentar acelerar o arranque dos reactores para garantir um fornecimento estável de energia e cumprir o compromisso de atingir a neutralidade carbónica até 2050.

5 Nov 2024

Pyongyang-Moscovo | Seul pede medidas contra cooperação militar

O Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, apelou ontem à adopção de medidas contra a “cooperação militar ilegal” entre a Coreia do Norte e a Rússia, que disse representar uma ameaça à segurança da Coreia do Sul.

“A recente situação da segurança internacional e a cooperação militar ilegal entre a Coreia do Norte e a Rússia representam uma ameaça significativa para a nossa segurança nacional”, afirmou Yoon, citado pela agência sul-coreana Yonhap.

Seul receia que Pyongyang possa receber tecnologia militar da Rússia em troca do destacamento de tropas e, assim, modernizar as suas forças armadas.

Num discurso no parlamento de Seul lido pelo primeiro-ministro, Han Duck-soo, Yoon comprometeu-se a reforçar a segurança e a defesa no contexto do envio de tropas norte-coreanas para a Rússia para apoiar a guerra na Ucrânia.

“Iremos analisar minuciosamente todos os cenários possíveis para preparar contramedidas”, afirmou, também citado pela agência espanhola Europa Press. Yoon disse que Seul reforçou a aliança com os Estados Unidos e a cooperação com o Japão, e referiu que continuará a aumentar a capacidades de defesa e a preparação para eventuais ataques da Coreia do Norte.

Comprometeu-se também a alargar o apoio aos desertores norte-coreanos e a aumentar a sensibilização internacional para as questões dos direitos humanos na Coreia do Norte.

“Trabalharemos para alargar a compreensão e o apoio da comunidade internacional à visão de uma Coreia livre e unificada”, afirmou, referindo-se a uma opção descartada pelo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un. As duas Coreias estão divididas desde a guerra de 1950-1953.

Aposta nos reforços

As autoridades sul-coreanas calculam a Coreia do Norte já enviou 11.000 tropas para a Rússia para serem destacadas para a guerra contra a Ucrânia. Seul disse que Pyongyang pagava cerca de 2.000 dólares mensais a cada soldado e que a força estava a ser treinada na Rússia, dadas as diferenças técnicas entre os dois exércitos.

Fontes governamentais admitiram a possibilidade de alguns dos soldados serem destacados para zonas de combate com as forças ucranianas, embora isso não implique necessariamente uma entrada na Ucrânia e possa limitar-se à frente de Kursk, na Rússia.

O discurso lido pelo primeiro-ministro sul-coreano destinou-se a apresentar o orçamento para 2025, no valor de 677,4 biliões de wons, um aumento de 3,2 por cento em relação ao ano anterior.

Yoon disse que a proposta de orçamento se centra na agenda de reformas do Governo nos sectores da saúde, das pensões, do trabalho e da educação, para fazer face aos desafios colocados por uma baixa taxa de natalidade e pelo envelhecimento da população.

Foi a primeira vez em 11 anos que um Presidente em exercício optou por não apresentar pessoalmente o orçamento na Assembleia Nacional, uma decisão criticada pelo líder do parlamento.

“A recusa do Presidente em apresentar o discurso sobre o orçamento é uma violação dos direitos do povo. Na qualidade de líder da Assembleia Nacional, que representa o público, lamento profundamente”, afirmou o democrata Woo Won-sik, segundo a Yonhap.

Enquanto os antigos presidentes só faziam o discurso do orçamento no primeiro ano de mandato e delegavam no primeiro-ministro nos anos seguintes, a antiga presidente Park Geun-hye estabeleceu a prática de o fazer anualmente a partir de 2013.

A decisão de Yoon de não proferir o discurso a meio do mandato de cinco anos surge num contexto de agravamento dos conflitos políticos entre o Partido do Poder Popular, no poder, e o Partido Democrático, principal formação da oposição, segundo a Yonghap.

5 Nov 2024

Hong Kong | Três mortes ligadas a ‘droga zombie’

As autoridades de Hong Kong confirmaram na sexta-feira terem suspeitas de que pelo menos três mortes estão relacionadas com uma nova droga sintética conhecida como ‘petróleo espacial’. Este narcótico, que é normalmente apresentado em cápsulas para cigarros electrónicos, contém etomidato, um anestésico que só pode ser prescrito por profissionais de saúde.

Chong Yeow-kuan, consultor do Laboratório de Referência em Toxicologia do Centro de Controlo de Venenos de Hong Kong, disse numa conferência de imprensa que, na ausência de outras causas óbvias de morte, a detecção de etomidato nos corpos dos falecidos sugere uma ligação directa com o uso desta substância.

O aumento da preocupação das autoridades com o ‘petróleo espacial’ deve-se também à subida nas detenções relacionadas com este composto, que cresceram quase 10 vezes em comparação com o ano anterior.

Até ao final de Setembro, a polícia de Hong Kong tinha detido 98 pessoas em 60 processos, confiscando um total de 2.800 gramas e 510 ml do produto. Entre os detidos, 16 eram jovens com menos de 21 anos. Em todo o ano de 2023, apenas nove pessoas tinham sido detidas em ligação ao ‘petróleo espacial’.

Esta droga é conhecida em Hong Kong como ‘droga zombie’ porque pode causar graves danos físicos e mentais, incluindo dependência, perda de memória, convulsões, perda de consciência e até morte, de acordo com o Comité de Acção contra as Drogas do governo da região chinesa.

As autoridades decidiram tomar uma posição pública mais firme contra a utilização e o tráfico do ‘petróleo espacial’, sublinhando a urgência de atacar este problema de saúde pública.

De acordo com a imprensa local, a polícia desmantelou um laboratório que produzia esta droga, apreendendo cerca de 1,5 quilogramas de etomidato, e deteve um homem de 20 anos. A polícia descreveu o laboratório como rudimentar e perigoso, alertando que o consumo de ‘petróleo espacial’ poderia facilmente levar a overdoses fatais.

5 Nov 2024

França | Pequim pede empenho para eliminação das taxas europeias sobre eléctricos

O ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, pediu ontem à ministra do Comércio Externo francesa, Sophie Primas, que “desempenhe um papel activo” para que as taxas impostas pela Comissão Europeia sobre veículos eléctricos chineses sejam removidas.

Wang pediu à ministra que “mostre sinceridade” e procure uma “solução intermédia” com Pequim, durante uma reunião no domingo na megalópole oriental de Xangai, onde a sétima Exposição Internacional de Importação da China (CIIE) será inaugurada hoje, segundo um despacho da agência noticiosa oficial Xinhua.

A investigação levada a cabo pelas autoridades europeias “afectou seriamente” a cooperação entre a União Europeia (UE) e o sector automóvel chinês, disse o ministro, que reiterou o seu apelo ao “diálogo e consulta” para resolver as fricções comerciais.

Segundo a Xinhua, as equipas técnicas da UE e da China estão actualmente a realizar uma segunda ronda de consultas sobre as taxas alfandegárias aplicáveis sobre os automóveis eléctricos oriundos da China.

Wang assegurou que as investigações anunciadas pela China em retaliação contra estas taxas – sobre brandy, produtos lácteos e carne de porco da UE – “cumprem as regras da Organização Mundial do Comércio”, e reiterou a sua oferta à Comissão Europeia para “procurar uma solução a este respeito”.

De acordo com a Xinhua, Primas expressou a preocupação de Paris relativamente às investigações da China sobre o brandy e outros produtos, e garantiu que a França não quer que as tensões comerciais entre a China e a UE aumentem ainda mais.

A França é considerada uma das principais defensoras da imposição de taxas sobre veículos eléctricos chineses, que entraram em vigor a 30 de Outubro e que prevêem taxas adicionais até 35,3 por cento.

5 Nov 2024

China | Tripulação da estação espacial volta a casa após seis meses no espaço

Três astronautas chineses regressaram ontem à Terra após uma estadia de seis meses na estação espacial Tiangong, no âmbito dos esforços da China para liderar a próxima era de exploração espacial. Um paraquedas aparou a descida da cápsula até uma zona de aterragem remota na região autónoma da Mongólia Interior. A tripulação emergiu depois de aterrar à 01:24 da manhã.

Nos últimos anos, o programa espacial do país trouxe de volta rochas da Lua e colocou uma sonda em Marte. O próximo objectivo é pôr uma pessoa na Lua até 2030, o que faria da China a segunda nação a fazê-lo, depois dos Estados Unidos.

Os astronautas da estação espacial regressaram após terem recebido na semana passada uma nova equipa de três pessoas para a última missão de seis meses. A nova equipa, composta por uma mulher e dois homens, vai realizar experiências, fazer caminhadas espaciais e instalar equipamento para proteger a estação de detritos espaciais.

Um funcionário da agência espacial disse em Abril que a Tiangong teve que realizar várias manobras para evitar detritos e perdeu parcialmente a energia quando os cabos de energia da asa solar foram atingidos por detritos, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua.

A estação espacial Tiangong, que significa Palácio Celestial, foi concluída há dois anos e orbita a Terra.

Programa exclusivo

Até agora, apenas astronautas chineses foram para a estação espacial, mas um porta-voz da agência espacial disse na semana passada que a China está em discussões para seleccionar e treinar astronautas de outras nações para se juntarem às missões, informou a Xinhua.

Astronautas de várias nações já viajaram para a Estação Espacial Internacional, mas a China está impedida de participar nesse programa, principalmente por causa das preocupações dos EUA sobre o envolvimento do Exército chinês no programa espacial do país.

No mês passado, a China apresentou um plano ambicioso para se tornar líder na investigação científica espacial até 2050, em conjunto com os seus avanços na exploração espacial.

5 Nov 2024

China | Órgão legislativo reunido esta semana para abordar estímulos à economia

O Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China, está reunido em Pequim para fazer face ao abrandamento económico do país

 

 

Os principais líderes parlamentares chineses estão reunidos desde ontem para elaborar um plano de estímulos que, segundo os analistas, pode ser ainda mais ambicioso caso Donald Trump vença as eleições presidenciais norte-americanas esta semana.

Face ao abrandamento da segunda maior economia do mundo, Pequim anunciou várias medidas nas últimas semanas, incluindo a redução das taxas de juro e a flexibilização das restrições à compra de habitação. Mas o optimismo foi um pouco atenuado pelo facto de as promessas e as políticas anunciadas não terem sido consideradas suficientemente fortes pelos mercados, que esperavam um pacote de estímulos mais ambicioso.

Os analistas estão por isso atentos à reunião do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão máximo legislativo da China, presidido por Zhao Leji. Este comité permanente deve examinar e aprovar toda a legislação, incluindo a relativa ao orçamento de Estado.

“Esperamos ver mais pormenores sobre as propostas que serão adoptadas”, escreveu Heron Lim, analista da Moody’s Analytics, destacando “a forma como um financiamento adicional será atribuído para resolver os problemas económicos a curto prazo”.

Os economistas da Nomura disseram esperar que os parlamentares aprovem esta semana um orçamento suplementar de cerca de um bilião de yuan, principalmente para as autoridades locais endividadas (ver caixa).

Os analistas antecipam também uma ajuda excepcional de um bilião de yuan de Pequim para os bancos, a fim de resolver o problema do crédito malparado dos últimos quatro anos. “Grande parte do dinheiro vai ser utilizada para cobrir perdas”, explicou Alicia Garcia Herrero, do banco de investimento Natixis. “Não se destinará, de facto, a estimular o crescimento”, acrescentou.

Espera-se que as potenciais medidas concretas sejam anunciadas no final da reunião, na sexta-feira. Nessa altura, já serão conhecidos os resultados das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

“Pensamos que os resultados das eleições norte-americanas terão alguma influência na escala do plano de estímulo de Pequim”, afirmou Ting Lu, economista-chefe da Nomura para a China, numa nota. Ambos os candidatos prometeram continuar a pressionar Pequim. Donald Trump afirmou que ia impor taxas alfandegárias punitivas de 60 por cento sobre todos os produtos chineses que entram nos EUA.

“A escala das medidas de estímulo fiscal (…) poderá ser 10-20 por cento maior no caso de uma vitória de Trump”, escreveu Ting. Mas “os principais desafios para Pequim vêm de dentro da China e não do exterior”, sublinhou.

Pedras no caminho

A China está a enfrentar um débil consumo interno, uma crise imobiliária e uma dívida pública galopante. Todos estes factores ameaçam o objectivo de crescimento do PIB para 2024, fixado pelo Governo em “cerca de 5 por cento”.

O sector imobiliário tem sido, desde há muito, um dos principais motores de crescimento do país asiático, mas está agora a enfrentar uma grave crise de liquidez. O preço médio das casas novas aumentou ligeiramente no mês passado, segundo a China Index Academy, após vários anos de declínio.

Mas muitas propriedades ainda estão inacabadas ou por vender. De acordo com as estimativas do Natixis, a sua aquisição por Pequim poderá custar até 3,300 biliões de yuan.

A situação do sector imobiliário está a pesar na confiança das famílias. “O consumidor médio chinês com um empréstimo imobiliário não sente que o seu poder de compra esteja a aumentar”, salientou Heron Lim, da Moody’s Analytics.

A espinhosa questão da gestão da dívida das administrações locais também estará na ordem do dia na reunião desta semana. Mas os problemas económicos da China não se limitam às casas vazias e à redução do consumo.

“A economia no seu conjunto está a perder produtividade devido à má afectação dos dinheiros públicos”, observou Alicia Garcia Herrero, em particular no que se refere à política industrial e aos subsídios. “Tudo isto tem de ser alterado”, afirmou.

Contra “dívida oculta”

O Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) da China analisou ontem um projecto de lei do Conselho de Estado (Executivo) que visa permitir o aumento dos limites de endividamento dos governos locais, para “substituir as dívidas ocultas existentes”.

“Os legisladores analisaram um projecto de lei do Conselho de Estado sobre o aumento dos limites de endividamento das administrações locais, para substituir as dívidas ocultas existentes”, afirmou a agência noticiosa oficial Xinhua, em comunicado, sem dar mais pormenores.

5 Nov 2024

AstraZeneca | Chefe de filial chinesa sob investigação

O director da filial chinesa do gigante farmacêutico britânico AstraZeneca foi colocado sob investigação no país asiático, anunciou a empresa, após informações sobre alegada recolha ilegal de dados e importação de medicamentos não autorizados.

O presidente da AstraZeneca China, Leon Wang, está “a cooperar com as autoridades chinesas no âmbito de uma investigação em curso”, lê-se no comunicado emitido pelo grupo na quarta-feira. “As nossas actividades na China continuam sob a liderança do actual director-geral da AstraZeneca China”, acrescentou. “Caso seja solicitada, a AstraZeneca cooperará plenamente com a investigação”, lê-se na mesma nota.

A China é um mercado-chave para o grupo, que ganhou reconhecimento mundial durante a pandemia de covid-19 por ter desenvolvido uma das primeiras vacinas contra a doença.

Em Setembro, a empresa confirmou que vários funcionários estavam a ser investigados na China. Esta informação veio na sequência de notícias de que os funcionários estavam a ser questionados sobre uma possível recolha não autorizada de dados e importação ilegal de medicamentos.

As investigações levadas a cabo pelas autoridades de Shenzhen envolvem cinco pessoas de nacionalidade chinesa, algumas ainda empregadas pelo grupo e outras já não, segundo a agência de notícias financeiras Bloomberg.

Uma das investigações está relacionada com a recolha de dados de pacientes, que as autoridades acreditam ter violado as leis chinesas de protecção da privacidade, de acordo com a Bloomberg, que citou pessoas próximas do caso.

Outra investigação, envolve a importação de um medicamento contra o cancro do fígado que não foi aprovado na China continental, avançou a agência. A Astrazeneca, que tem sede em Cambridge, no Reino Unido, emprega 90 mil pessoas em todo o mundo.

1 Nov 2024

China | Nove anos de prisão por manter relações com cinco vizinhas

Um homem foi condenado a nove anos e seis meses de prisão na China por fraude, poligamia e roubo, depois de ter mantido durante quatro anos relações simultâneas com cinco mulheres que viviam no mesmo bairro.

As mulheres não sabiam da existência umas das outras e foram vítimas de uma mentira elaborada que o arguido apoiou com falsas promessas de riqueza, noticiou o jornal local Jimu News. As investigações começaram quando duas das mulheres, identificadas como Xiao Jia e Xiao Hong, receberam chamadas da polícia sobre o envolvimento do seu “marido” num processo judicial.

Ambas descobriram então que eram casadas com o mesmo homem, identificado como Xiao Jun. A queixa inicial levou à detenção de Xiao, que mais tarde confessou ter mais três parceiras e um total de dois filhos dessas relações.

A investigação judicial revelou que o homem, residente na cidade de Jilin, no nordeste do país, utilizou perfis nas redes sociais e portais de jogos de computador para iniciar o contacto com as mulheres.

Mostrou-lhes documentos falsos e fotografias de propriedades e veículos luxuosos para as fazer crer que era herdeiro de uma empresa familiar de sucesso, estratégia que lhe permitiu receber somas de dinheiro sob o pretexto de gastar em casas ou compras conjuntas.

Xiao Jun apresentava-se como um homem de negócios, mas também como um funcionário com ligações em vários sectores. Para além da pena de nove anos de prisão, Xiao foi condenado a devolver às mulheres o dinheiro obtido com as burlas.

1 Nov 2024

Pyongyang | Lançamento de míssil intercontinental confirmado

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, afirmou ontem que o lançamento de um míssil balístico intercontinental (ICBM) demonstra a “determinação de Pyongyang em contra-atacar”.

O lançamento de quarta-feira é uma “medida militar apropriada destinada a alertar os rivais, que causaram uma escalada intencional da situação regional e recentemente representaram uma ameaça à segurança nacional”, disse Kim.

Num comunicado citado pela agência de notícias oficial norte-coreana KCNA, o líder afirmou ainda que a Coreia do Norte “nunca mudará a sua estratégia de desenvolvimento das suas capacidades nucleares”. O comunicado confirmou que o projéctil testado era um ICBM, algo que já tinha sido avançado tanto pelo Estado-Maior Conjunto (JCS) da Coreia do Sul como pelo ministro da Defesa japonês, Gen Nakatani.

Horas antes, Nakatani tinha dito que o míssil podia ter sido de um novo tipo, uma vez que a duração do voo, de 86 minutos, e a altitude máxima registada de mais de sete mil quilómetros excederam os dados de testes anteriores feitos pela Coreia do Norte. O ministro sublinhou ainda que a distância de voo foi estimada em cerca de mil quilómetros.

A Guarda Costeira do Japão confirmou que o míssil caiu fora da zona económica exclusiva do país, a cerca de 300 quilómetros a oeste da ilha de Okushiri, na subprefeitura de Hokkaido, referiu a emissora pública japonesa NHK.

O JCS disse que a Coreia do Norte poderia ter testado um novo míssil balístico de longo alcance com combustível sólido.

Os mísseis com propulsores sólidos incorporados são mais fáceis de mover e esconder e podem ser lançados mais rapidamente do que as armas com combustível líquido. O porta-voz do JCS disse que o lançamento foi possivelmente agendado a pensar nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, marcadas para 5 de Novembro, numa tentativa de fortalecer o poder negocial da Coreia do Norte.

Lee Sung Joon disse que o míssil norte-coreano foi lançado de um ângulo elevado, aparentemente para evitar os países vizinhos.

Dedo apontado

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA condenou “de forma veemente” o teste e manifestou preocupação com os riscos de desestabilização da região. “Este lançamento constitui uma violação flagrante de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, disse Sean Savett, em comunicado.

O lançamento ocorreu após uma reunião realizada em Washington entre os ministros da Defesa dos EUA e da Coreia do Sul, Lloyd Austin e Kim Yong-hyun, respectivamente. Nessa reunião, ambos os governantes condenaram o envio de tropas norte-coreanas para a Rússia, que, segundo Austin, já se tinham aproximado da frente ucraniana e estão equipadas com uniformes e materiais russos.

A Coreia do Norte lançou vários mísseis balísticos de curto alcance a 18 de Setembro, um teste no qual afirmou ter testado com sucesso um novo projéctil tático, capaz de transportar uma grande ogiva.

1 Nov 2024

PMI | Actividade industrial volta a crescer na China

A actividade da indústria transformadora da China aumentou em Outubro, pela primeira vez em cinco meses, segundo o Índice de Gestores de Compras (PMI) divulgado ontem.

De acordo com o Gabinete Nacional de Estatística (NBS) chinês, o PMI situou-se em 50,1 pontos, em Setembro, contra 49,8 pontos, no mês anterior, e ligeiramente acima das expectativas dos analistas, que apontavam para os 50 pontos. Neste indicador, um valor acima do limiar de 50 pontos representa um crescimento da actividade no sector, em comparação com o mês anterior, enquanto um valor abaixo desse limiar representa uma contracção.

Entre os cinco subíndices que compõem o PMI da indústria transformadora, o único que reflectiu o crescimento da actividade foi o da produção, com as novas encomendas – a principal medida da procura – a manterem-se ao mesmo nível do mês anterior e as reservas de matérias-primas, o emprego e os prazos de entrega ainda abaixo dos 50 pontos, embora com descidas mais ligeiras.

O estatístico do NBS, Zhao Qinghe, atribuiu a recuperação do PMI da indústria transformadora ao pacote de medidas de apoio anunciado pelas autoridades chinesas e ao “surgimento gradual dos efeitos” de iniciativas anteriormente anunciadas.

Zhao destacou sectores como o automóvel, a maquinaria eléctrica e o equipamento geral, mas ressalvou que a procura ainda é insuficiente noutros sectores, como a transformação de madeira, produtos químicos e minerais não metálicos.

O analista sublinhou que a confiança no sector subiu dois pontos em relação ao mês anterior, para 54 pontos, atingindo o nível mais alto em quase quatro meses.

1 Nov 2024

Vendas da BYD superam pela primeira vez as da Tesla

A maior fabricante de veículos eléctricos chinesa, a BYD, registou, pela primeira vez, receitas superiores às da rival norte-americana Tesla, apesar de a guerra de preços na China ter prejudicado as margens de lucro.

As receitas da BYD no terceiro trimestre ascenderam a 201 mil milhões de yuan, ultrapassando os 25,2 mil milhões de dólares em vendas que a Tesla reportou na semana passada. O fabricante chinês de automóveis vendeu um recorde de 1,1 milhão de carros entre Julho e Setembro, impulsionado por novos subsídios atribuídos pelo Governo chinês para a compra de veículos eléctricos.

O aumento de 24 por cento nas vendas foi, no entanto, alcançado às custas de uma queda das margens brutas da BYD, de 22,1 por cento, no ano passado, para 21,9 por cento no terceiro trimestre. O lucro líquido fixou-se em 11,6 mil milhões de yuan, um aumento de 11,5 por cento, em termos homólogos.

Em vez de oferecer descontos directamente, a BYD lançou nos últimos meses modelos de gama mais alta equipados com características mais avançadas a preços mais baixos do que as versões antigas. Esta estratégia ajudou a BYD a consolidar a liderança no mercado, numa altura de concorrência feroz, mas fez baixar o lucro líquido do grupo por veículo, de acordo com analistas.

Novos caminhos

A guerra de preços no maior mercado automóvel do mundo está a afectar as margens de lucro das marcas chinesas e dos fabricantes de automóveis estrangeiros.

Devido a um elevado nível de integração vertical, incluindo o controlo sobre a produção de baterias e ‘chips’ semicondutores, a margem bruta da BYD de 21,9 por cento ainda está muito à frente dos 17 por cento da Tesla e dos rivais chineses Zeekr, com 14,2 por cento, e Xpeng, com 6,4 por cento.

Analistas defenderam que a expansão no estrangeiro será fundamental para o crescimento futuro da BYD, num contexto de crescente proteccionismo ocidental.

Na terça-feira, a União Europeia (UE) decidiu impor taxas alfandegárias adicionais de 17 por cento sobre as importações de veículos eléctricos da BYD, para além das taxas de 10 por cento já existentes.

Apesar de a BYD ter aberto recentemente uma fábrica na Tailândia – a primeira base de produção fora da China – as vendas no estrangeiro representaram apenas 7,9 por cento do total das vendas mensais em Setembro, face a 9,8 por cento no ano anterior.

1 Nov 2024

Taiwan | Tufão Kong-rey faz um morto e 73 feridos

O poderoso tufão Kong-rey fez ontem um morto e 73 feridos em Taiwan, onde ditou o encerramento de escolas e escritórios e a mobilização de dezenas de milhares de tropas. O tufão, acompanhado de rajadas de 184 quilómetros por hora e de chuvas torrenciais, atingiu por volta do meio-dia o sudeste de Taiwan, a parte menos povoada da ilha, que tem 23 milhões de habitantes.

Mesmo antes da sua chegada, foram observadas ondas de 10 metros de altura e pelo menos 27 pessoas ficaram feridas devido ao mau tempo, que causou deslizamentos de terra, informou a Agência Nacional dos Bombeiros, sem fornecer mais pormenores.

Inicialmente descrito como o tufão mais poderoso do ano, Kong-rey tem agora a mesma intensidade que o tufão Gaemi, a tempestade mais forte a atingir Taiwan nos últimos oito anos, quando chegou em Julho.

Com um raio de 320 quilómetros, Kong-rey é considerado o mais extenso a atingir Taiwan em quase 30 anos. Escolas e escritórios foram ontem encerrados em Taiwan, enquanto os moradores se preparavam para a tempestade.

O gigante tecnológico taiwanês TSMC declarou que tinha “activado os procedimentos habituais de preparação para o tufão” nas suas fábricas de circuitos integrados e que não esperava qualquer “impacto significativo” na sua actividade.

As ruas de Taipé, atingidas por chuvas e ventos fortes, estavam ontem praticamente desertas. Os meteorologistas alertaram para os ventos “destruidores” do Kong-rey e cerca de 35.000 soldados estão a postos para ajudar nos esforços de socorro.

Mudam-se os tempos

Na quarta-feira, dezenas de serviços de transporte por barco e voos domésticos foram cancelados e as autoridades ordenaram evacuações em oito condados e cidades, incluindo Yilan, Hualien e Taitung.

De acordo com Chu Mei-lin, da Administração Meteorológica Central, a tempestade deverá enfraquecer quando atingir a costa e deslocar-se em direcção às montanhas centrais antes de atravessar o Estreito de Taiwan, o que deverá afectar “severamente” a ilha.

O ministro do Interior, Liu Shyh-fang, mostrou-se preocupado com o destino de dois turistas checos que faziam caminhadas no desfiladeiro de Taroko, perto de Hualien, e que não conseguiram ser contactados por telemóvel na quarta-feira.

Taiwan está habituada a tempestades tropicais, que são frequentes entre Julho e Outubro, mas é “invulgar que um tufão tão poderoso atinja a ilha tão tarde no ano”, observou o meteorologista Chang Chun-yao.

Segundo os cientistas, as alterações climáticas estão a aumentar a intensidade dos tufões, com chuvas torrenciais, inundações repentinas e rajadas de vento muito fortes. Kong-rey será o terceiro tufão a atingir Taiwan desde Julho.

Este Verão, o Gaemi matou 10 pessoas e feriu centenas, provocando inundações generalizadas na cidade de Kaohsiung, no sul do país. A este tufão seguiu-se o Krathon, que varreu o sul de Taiwan no início de Outubro, provocando ventos destruidores, inundações e deslizamentos de terras que causaram pelo menos quatro mortos e centenas de feridos.

1 Nov 2024

Shenzhou-19 | Nave espacial tripulada acopla-se à estação espacial chinesa

A nave espacial chinesa Shenzhou-19, com três astronautas a bordo, acoplou-se ontem com sucesso ao módulo central Tianhe, da estação espacial Tiangong, anunciou a Agência Espacial de Missões Tripuladas da China.

A acoplagem foi concluída às 11:00, após um processo que demorou cerca de seis horas e meia, desde o lançamento da nave a partir da base de Jiuquan, no deserto do norte do país.

A tripulação da Shenzhou-19 é liderada por Cai Xuzhe, um veterano da missão Shenzhou-14, realizada em 2022. O astronauta é acompanhado por dois estreantes: Song Lingdong, antigo piloto da força aérea, e Wang Haoze, engenheira da Academia de Tecnologia de Propulsão Aeroespacial.

Os três astronautas vão entrar no módulo Tianhe, onde conviverão com a tripulação da Shenzhou-18, composta por Ye Guangfu, Li Cong e Li Guangsu, que se encontram na Tiangong desde Abril. As duas tripulações permanecerão juntas nos próximos dias até que os tripulantes da Shenzhou-18 iniciem a sua viagem de regresso à Terra.

Durante uma estadia de seis meses na estação, os astronautas da Shenzhou-19 vão efectuar investigação científica, incluindo testes para a construção de habitats lunares utilizando tijolos feitos de material simulado do solo lunar.

Esta é a oitava missão tripulada a visitar Tiangong, que funcionará durante cerca de dez anos e deverá tornar-se a única estação espacial do mundo a partir de 2024, se a Estação Espacial Internacional, uma iniciativa liderada pelos Estados Unidos, for retirada como planeado este ano.

Pequim reforçou o seu programa espacial com investimentos estratégicos, alcançando marcos importantes como a alunagem no lado mais distante da Lua com a sonda Chang’e 4 e a chegada a Marte, sendo o terceiro país a fazê-lo, depois dos Estados Unidos e da antiga União Soviética.

31 Out 2024

EUA | Taiwan pode “passar de peão a criança abandonada” se Trump for eleito – Pequim

O Governo chinês sugeriu ontem que se o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, ganhar as eleições nos Estados Unidos, Taiwan pode “passar de peão a criança abandonada”.

“Penso que a maioria dos compatriotas de Taiwan já fez um julgamento racional e sabe que os EUA manterão uma política de se colocarem em primeiro lugar. Taiwan pode passar de peão a criança abandonada a qualquer altura”, afirmou Zhu Fenglian, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês.

Trump reiterou as críticas a Taiwan na passada sexta-feira, ao afirmar que a ilha roubou a indústria de semicondutores dos EUA e que deveria pagar a Washington pela sua defesa, críticas que já tinha feito em Julho.

No entanto, o candidato republicano disse também que, se for eleito, vai impor taxas alfandegárias até 200 por cento sobre bens oriundos da China “se Pequim usar a força contra Taiwan”, embora tenha sublinhado que Taipé deve pagar pela protecção norte-americana.

A actual administração norte-americana de Joe Biden anunciou na semana passada um novo contrato de armas para Taiwan no valor de cerca de dois mil milhões de dólares, algo que, tal como todas as vendas de armas a Taipé, enfureceu Pequim.

Taiwan, ilha governada de forma autónoma desde 1949 e considerada pela China como uma província sua, tem uma economia fortemente dependente da exportação de produtos tecnológicos, especialmente semicondutores. Os Estados Unidos são um dos principais compradores destes ‘chips’ e são também o maior fornecedor de armas a Taiwan.

31 Out 2024

Xizang | Cientistas extraem maior núcleo de gelo do mundo

Cientistas chineses anunciaram esta terça-feira que extraíram o maior núcleo de gelo do mundo nas latitudes médias e baixas da Terra. O núcleo foi extraído no glaciar Purog Kangri no condado de Tsonyi, Região Autónoma de Xizang, segundo informou a Xinhua.

Com uns impressionantes 324 metros de comprimento, o núcleo de gelo supera o recorde anterior de um núcleo extraído da calota de gelo de Guliya na prefeitura de Ngari em Xizang, indica o Diário do Povo. O glaciar Purog Kangri é o glaciar mais espesso do planalto Qinghai-Tibete. Ao mergulhar na extensão gelada, os investigadores pretendem obter informações valiosas sobre a paisagem em mudança desta região significativa, acrescenta a publicação. Através de exames meticulosos de núcleos de gelo, os cientistas esperam desvendar as transformações que ocorrem dentro do glaciar e lançar luz sobre o impacto da mudança climática global nos glaciares em todo o mundo.

O acontecimento representa um passo crucial na compreensão dos efeitos do aquecimento das temperaturas nestas formações naturais vitais.

31 Out 2024

UE | China “não aceita e não concorda com” taxas sobre veículos eléctricos

A entrada em vigor de taxas europeias sobre os veículos eléctricos chineses, até 35,3 por cento, levou a uma resposta enérgica de Pequim

 

A China afirmou ontem que “não aceita e não concorda com” a decisão da União Europeia (UE) de aplicar, desde ontem, tarifas alfandegárias de até 35,3 por cento sobre veículos eléctricos importados do país asiático.

O Ministério do Comércio chinês recordou, em comunicado, que apresentou um recurso ao mecanismo de resolução de litígios da Organização Mundial do Comércio (OMC). “A China continuará a tomar todas as medidas necessárias para proteger os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas de forma determinada”, disse Pequim.

Em Agosto, as autoridades chinesas iniciaram um processo de resolução de litígios junto da OMC, afirmando que a iniciativa da UE “violava gravemente” as regras da organização e não tinha “qualquer base objectiva e jurídica”.

Embora o porta-voz para o comércio tenha sublinhado ontem que a investigação anti-subvenções da UE constitui uma “manifestação de proteccionismo”, o responsável reiterou também a vontade de Pequim de continuar a negociar para “chegar a uma solução mutuamente aceitável o mais rapidamente possível”.

“A China sempre se empenhou em resolver os diferendos comerciais através do diálogo e da consulta, e tem feito tudo o que está ao seu alcance neste domínio. Actualmente, as equipas técnicas das duas partes estão a realizar uma nova ronda de negociações”, lê-se na mesma nota.

“Esperamos que a UE trabalhe de forma construtiva com a China, siga os princípios do pragmatismo e do equilíbrio, aborde as principais preocupações de cada uma das partes (…) e evite uma escalada das fricções comerciais”, insistiu o porta-voz.

Taxas e mais taxas

O executivo comunitário aplicou taxas punitivas de 35,3 por cento ao fabricante chinês SAIC (MG e Maxus, entre outras marcas), 18,8 por cento à Geely e 17 por cento à BYD, por um período máximo de cinco anos.

A medida afectará também as empresas ocidentais que produzem na China, como a norte-americana Tesla, que ficará sujeita a uma taxa de 7,8 por cento, enquanto outras que tenham cooperado com a Comissão na investigação que esta desenvolveu antes de aprovar as taxas ficarão sujeitas a uma taxa de 20,7 por cento.

A UE está a tomar esta medida depois de, apesar da divisão entre os 27, ter recebido apoio suficiente na votação dos governos da UE no início deste mês: cinco países opuseram-se às taxas, dez apoiaram-nas e doze abstiveram-se.

A Comissão declarou que suspenderia os direitos aduaneiros em caso de acordo com a China durante os próximos cinco anos, mas não os cancelaria, a fim de ganhar tempo para os voltar a aplicar se Pequim não cumprisse o acordo. Em retaliação, a China anunciou nos últimos meses investigações sobre as importações de aguardente, produtos lácteos e carne de porco da UE.

31 Out 2024

ONU | Israel não pode ignorar obrigações internacionais, diz Guterres

O secretário-geral da ONU lembrou que “nenhuma legislação pode alterar” as obrigações internacionais de Israel, depois da aprovação de uma lei que ameaça o trabalho da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos.

António Guterres disse, numa declaração divulgada na segunda-feira, que Israel tem “obrigações ao abrigo do direito internacional, incluindo o direito internacional humanitário e aqueles que concedem privilégios e imunidades à ONU”.

O português disse estar “profundamente preocupado” com a aprovação no parlamento israelita de uma lei que proíbe a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) de realizar “qualquer actividade” ou de prestar qualquer serviço dentro de Israel.

Guterres anunciou que vai levar o assunto à Assembleia Geral da ONU, que em 1952 criou a UNRWA “para satisfazer as necessidades dos refugiados palestinianos”. O secretário-geral indicou que “não há alternativa à UNRWA”, pois é “o principal meio através do qual a ajuda essencial chega aos refugiados palestinianos nos territórios palestinianos ocupados”.

A aplicação da lei “será prejudicial para a solução do conflito israelo-palestiniano e para a paz e segurança em toda a região”, alertou.

A legislação, que não entra imediatamente em vigor, poderá destruir o processo de distribuição de assistência em Gaza, numa altura em que a crise humanitária no enclave se está a agravar e em que Israel se encontra sob crescente pressão dos Estados Unidos para reforçar a ajuda aos palestinianos.

O parlamento israelita aprovou, além desta, uma segunda lei que corta os laços diplomáticos com a UNRWA. O Governo de Israel acusou funcionários da UNRWA de terem estado envolvidos no ataque do movimento islamita palestiniano Hamas contra o sul do país, a 7 de Outubro de 2023.

30 Out 2024

EUA | Alta diplomata visita Taiwan após críticas de Trump à ilha

A representação dos Estados Unidos em Taiwan anunciou ontem a visita de uma diplomata de alto nível ao território, depois de o candidato presidencial republicano, Donald Trump, ter reiterado recentemente críticas a Taipé.

Em comunicado, o American Institute in Taiwan (AIT) afirmou que Ingrid Larson, directora-geral do escritório do AIT em Washington, vai estar em Taiwan até 1 de Novembro, como parte do “forte compromisso dos EUA com Taiwan e para fazer avançar a crescente parceria EUA-Taiwan”.

“Durante a sua visita a Taiwan, [Larson] discutirá a colaboração contínua entre os EUA e Taiwan em questões de interesse mútuo, como a segurança regional, o comércio e o investimento mutuamente benéficos e os laços educacionais, culturais e interpessoais”, indicou a agência.

A visita surge depois de Trump ter reiterado ataques a Taiwan na sexta-feira, afirmando que a ilha roubou a indústria de semicondutores dos EUA e que deveria pagar a Washington pela sua defesa. “Taiwan roubou-nos a nossa indústria de ‘chips’. Querem protecção, mas não nos pagam para isso. A máfia faz-nos pagar dinheiro”, disse Trump, durante uma conversa com um conhecido apresentador norte-americano.

30 Out 2024

Ucrânia | Tropas norte-coreanas enviadas para a frente de batalha, diz Seul

O Serviço Nacional de Inteligência (NIS) da Coreia do Sul disse ontem ter indicações de que algumas tropas norte-coreanas podem estar já a deslocar-se para combater na Ucrânia. “As transferências de tropas entre a Coreia do Norte e a Rússia estão em curso e estamos a estudar a possibilidade de que algum pessoal, incluindo generais militares, passe para a frente de batalha”, disse o NIS.

O exército da Rússia está a ensinar aos norte-coreanos uma centena de termos na língua russa para tentar prevenir “problemas de comunicação”, acrescentou, citado pela agência de notícias pública sul-coreana Yonhap.

“Acreditamos que um importante responsável de segurança russo envolvido no envio de tropas norte-coreanas estava a bordo do avião especial do governo russo que viajou entre Moscovo e Pyongyang nos dias 23 e 24 de Outubro”, disse o NIS, indicando que o objectivo da viagem seria coordenar o envio de tropas.

A cooperação militar entre Moscovo e Pyongyang representa uma “ameaça significativa à segurança da comunidade internacional e pode representar um sério risco para a segurança” da Coreia do Sul, afirmou o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol.

Na segunda-feira, o Departamento de Defesa norte-americano tinha anunciado que cerca de dez mil militares da Coreia do Norte foram enviados para treinar na Rússia e combater na Ucrânia nas próximas semanas.

“Estamos cada vez mais preocupados com a intenção da Rússia de utilizar estes soldados em combate ou para apoiar operações de combate contra as forças ucranianas na região russa de Kursk”, disse a porta-voz do Pentágono aos jornalistas.

Reverso da medalha

Sabrina Singh lembrou que o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, já tinha avisado publicamente que, caso os soldados da Coreia do Norte fossem utilizados no campo de batalha, seriam considerados beligerantes e alvos legítimos, com sérias implicações para a segurança na região do Indo-Pacífico.

Austin vai ter um encontro com os responsáveis da Defesa da Coreia do Sul no final desta semana no Pentágono, no qual se espera que seja discutido o uso de soldados norte-coreanos no conflito da Ucrânia.

Também na segunda-feira, a NATO afirmou que algumas das tropas norte-coreanas já foram enviadas para a região fronteiriça de Kursk, onde a Rússia tem tentado repelir uma incursão ucraniana iniciada no Verão.

Entretanto, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Choe Son-hui, partiu na segunda-feira para uma visita oficial à Rússia, disse a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA, sem adiantar o motivo da deslocação.

30 Out 2024