Hong Kong | Ala pró-democracia perde direito de veto no parlamento

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s candidatos pró-democracia de Hong Kong perderam o direito de veto no parlamento local, depois de elegerem dois deputados, em quatro possíveis, nas eleições de domingo, enquanto a coligação governamental ganhou os outros dois.

O comício, organizado para substituir quatro dos seis deputados eleitos em 2016, mas cujos mandatos foram revogados pelo Governo chinês, elegeu os candidatos pró-democracia Au Nok-hin e Gary Fan, e os conservadores pró-China Tony Tse e Vincent Cheng, segundo a imprensa de Hong Kong.

Os observadores previam que os candidatos pró-democracia alcançariam três lugares no parlamento, mas Edmund Yiu perdeu para Vincent Cheng, no colégio eleitoral de Kowloon Oeste, por uma margem de apenas 1%. Com este resultado, a ala pró-democracia, que detinha 30 dos 70 lugares no parlamento de Hong Kong, perde assim o direito de vetar as decisões do Governo pró-Pequim.

O comício de domingo visou substituir quatro dos seis deputados da oposição, eleitos há dois anos, e cujos mandatos foram revogados por terem utilizado expressões consideradas insultuosas pela República Popular da China, durante o juramento do cargo. Dois lugares continuam por preencher, já que naqueles casos os tribunais de Hong Kong não tomaram ainda uma decisão sobre a revogação de funções.

Apenas 35 dos 70 lugares no legislativo de Hong Kong são eleitos através de sufrágio universal, enquanto os restantes são directamente designados por grupos de poder da antiga colónia britânica, muitos considerados próximos de Pequim.

O resultado de domingo constitui um novo retrocesso para o movimento pró-democracia de Hong Kong, que ganhou maior expressão durante a chamada Revolução dos Guarda-Chuvas.

Em 2014, milhares de pessoas ocuparam várias das principais artérias da cidade, para exigir um sufrágio universal genuíno que não implicasse, como o Governo central propunha, que os candidatos a chefe do Governo fossem seleccionados pelo colégio eleitoral de 1200 membros, visto como próximo de Pequim. As imagens dos protestos correram o mundo, mas o movimento falhou arrastando, na sua infantilidade, a possibilidade de sufrágio universal e fazendo mesmo com que o Executivo local consultasse, pela primeira vez, a Assembleia Nacional Popular para tomada de decisões.

13 Mar 2018

Seul elogia pressão da China sob Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m responsável sul-coreano elogiou ontem, em Pequim, o papel da China em pressionar Pyongyang a discutir a desnuclearização, numa altura em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admite reunir-se com o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

O director da Agência Nacional de Segurança da Coreia do Sul, Chung Eui-yon, informou o conselheiro de Estado chinês, Yang Jiechi, responsável pela política externa de Pequim, sobre as recentes conversações entre as duas coreias, segundo a agência noticiosa sul-coreana Yonhap. O enviado de Seul reuniu-se ontem com o Presidente chinês, Xi Jinping.

“O nosso Presidente, Moon Jae-in, e o Governo [sul-coreano] acreditam que vários avanços em prol da paz e desnuclearização da península coreana foram atingidos com o apoio ativo e contribuição do Presidente [chinês], Xi Jinping, e do Governo chinês”, disse Chung a Yang.

O conselheiro de Estado chinês insistiu em que todas as partes “recorram ao diálogo e consulta para resolver a questão” norte-coreana. “Enquanto todas as partes insistirem em resolver a questão pela via política e mantiverem esta direção, podemos sem dúvida gerir a situação na península coreana de forma a que se desenvolva no sentido que a comunidade internacional deseja”, acrescentou.

Na semana passada, Chung afirmou que Trump informou estar disposto a reunir-se com Kim, em Maio, visando “alcançar a desnuclearização definitiva” na península coreana. Chung afirmou ainda que Kim prometeu, durante um encontro em Pyongyang, que “a Coreia do Norte vai abster-se de realizar mais testes nucleares ou de mísseis balísticos” e que o líder norte-coreano está “comprometido com a desnuclearização”. Suh Hoon, o responsável pela agência de espionagem da Coreia do Sul está em Tóquio, também para se reunir com líderes japoneses.

O comércio externo da Coreia do Norte, 90% do qual é feito com a China, sofreu um forte impacto após Pequim implementar as sanções impostas pelas Nações Unidas contra Pyongyang. Segundo dados das alfândegas chinesas, o comércio da China com a Coreia do Norte recuou, em Janeiro passado, 52%, face ao mesmo mês de 2017.

13 Mar 2018

Pequim trabalha com o Vaticano para melhorar relações

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China disse ontem que está a trabalhar com o Vaticano para melhorar as relações bilaterais, numa altura em que ambos os Estados estão prestes a assinar um acordo sobre a nomeação dos bispos, segundo observadores.

“A nossa posição é clara: estamos contentes por trabalhar com o Vaticano para melhorar as relações”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang, em conferência de imprensa.

Uma delegação de académicos chineses participa hoje e terça-feira, no Vaticano, numa conferência contra o tráfico de órgãos.

Sem avançar mais detalhes, Lu assegurou que Pequim está a tentar desenvolver as relações com a Santa Sé, não só naquela área.

Em declarações ao jornal oficial Global Times, Huang Jiefu, ex-vice-ministro chinês da Saúde e actual responsável pelo comité nacional de doações e transplante de órgãos, assegurou também que as “relações entre Pequim e as autoridades do Vaticano estão a avançar”. A conferência é uma oportunidade “para estender o contacto para além do sector da saúde”, notou.

Num outro sinal de aproximação, a igreja católica e os comunistas chineses concordaram trocar várias obras de arte para a realização de duas exposições simultâneas, a partir deste mês, na Cidade Proibida de Pequim, e no Museu do Vaticano.

13 Mar 2018

Ai Weiwei | Sistema político chinês permanecerá inalterado, diz artista e dissidente

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] dissidente chinês Ai Weiwei disse ontem que o sistema chinês permanecerá inalterado, independentemente de quem compõe a liderança da China, numa altura em que Pequim aboliu o fim do limite de mandatos para o Presidente.

Os comentários do artista chinês surgem um dia depois de o órgão máximo legislativo da China ter aprovado uma emenda constitucional que permitirá a Xi Jinping, um dos mais fortes líderes na história da República Popular, ficar no cargo depois de 2023, quando termina o seu segundo mandato.

“A China foi sempre um Estado dominado por um imperador (…) não importa se há ou não uma mudança de líder, o sistema e a cultura permanecem”, afirmou Ai à emissora australiana Australian Broadcasting Corporation. O artista chinês inaugurou hoje uma exibição em Sidney.

A eliminação de um dos princípios fundamentais da política chinesa nas últimas décadas acabou com as esperanças de activistas e académicos liberais chineses de que Pequim pudesse avançar com reformas políticas. Sob a direção de Xi, o país asiático tem também reforçado o controlo sobre a sociedade civil, meios académicos ou Internet, apontam organizações de defesa dos direitos humanos. Pequim passou também a defender abertamente que o seu sistema político autocrático pode ser uma solução para outros países em desenvolvimento.

13 Mar 2018

Exército filipino “limpa” 44 jihadistas

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]elo menos 44 jihadistas foram mortos e 26 ficaram feridos durante uma operação do exército que começou na quinta-feira na ilha de Mindanao, no sul das Filipinas, divulgaram ontem os meios de comunicação local.

Gerry Besana, do comando de Mindanao, confirmou que os elementos do exército combateram os rebeldes em, pelo menos, três povoações da região e que o número de baixas apontado baseia-se em “dados dos serviços de informação”, segundo o diário “Manila Bulletin”.

Os soldados, apoiados por veículos armados e artilharia, surpreenderam cerca de 200 jihadistas do grupo Lutadores pela Libertação Islâmica de Bangsamoro, um número superior à meia centena anteriormente apontada para descrever o grupo de guerrilheiros. As forças da segurança continuam a vigiar a região sul do país para evitar que o grupo armado extremista ocupe povoações da região, como aconteceu em 2017.

O conflito de Marawi, que decorreu de Maio a Outubro do ano passado, resultou na morte de 920 rebeldes, 165 soldados e 47 civis, tendo sido conseguida a libertação de 1.780 reféns e a recuperação de 850 armas dos islamitas radicais liderados pelo Grupo Maute, organização semelhante ao grupo extremista Estado Islâmico. Os rebeldes recebem ajuda de terroristas estrangeiros e contam com vastos recursos e tempo para planear os ataques, segundo os serviços de informação.

No dia em que começou o conflito, o Presidente filipino, Rodrigo Duterte, declarou a lei marcial em toda a região de Mindanao, onde vivem cerca de 20 milhões de pessoas, uma medida de excepção que se manteve este ano.

12 Mar 2018

Não à guerra comercial com EUA porque seria “desastroso”

[dropcap style=’circle’ O [/dropcap] ministro chinês do Comércio, Zhong Shan, disse que Pequim não iniciará uma guerra comercial com os Estados Unidos, porque os resultados podem ser “desastrosos”, embora garanta que defenderá os seus interesses.
Zhang disse, durante uma conferência de imprensa em Pequim, no âmbito da Assembleia Nacional Popular (ANP), que em guerras comerciais nunca há vencedores, mas apenas resultados “desastrosos” para ambos os países e para o resto do mundo. Embora tenha descartado de início uma guerra comercial, o ministro chinês lembrou que a China pode ter de enfrentar este desafio e defender os seus interesses.
Na última quinta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma nova imposição de 25% para as importações de aço e 10% para as importações de alumínio que afectarão todos os países que as vendem para os EUA, com excepção do México e do Canadá.
A decisão de Trump, que argumentou que o aço e o alumínio são “vitais” para a “segurança nacional”, suscitou sérias preocupações sobre uma possível guerra comercial devido a represálias de outros parceiros comerciais, incluindo a China. O gigante asiático criticou com dureza as novas tarifas que, em sua opinião, terão um “sério impacto” no comércio internacional e solicitaram aos EUA que as retirem “o mais rápido possível”.
Por sua vez, a Associação Chinesa do Ferro e Aço (CISA) pediu às autoridades chinesas que respondam a essas tarifas, porque “violam as regras da Organização Mundial do Comércio”, com outras medidas sobre as importações dos EUA.
O presidente norte-americano, Donald Trump já tinha afirmado sábado que renuncia aos impostos sobre as importações de aço e alumínio aplicados à União Europeia, se os 28 abdicarem das barreiras aos produtos dos Estados Unidos (EUA).
Os impostos de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre as de alumínio anunciadas por Trump têm sido criticadas pelos europeus e outros parceiros comerciais dos EUA, como o Japão, mas ainda não foi encontrada uma solução nas conversações entre representantes das três partes, em Bruxelas.
“A União Europeia, países maravilhosos que tratam muito mal os Estados Unidos no comércio, queixam-se dos impostos sobre o aço e o alumínio. Se eles abandonarem os seus horríveis obstáculos e os seus direitos aduaneiros sobre produtos norte-americanos, nós abandonaremos os nossos. Se não, taxamos as viaturas, etc. Justiça!”, escreveu o presidente na rede social Twitter.
Depois do encontro, na capital belga, os europeus manifestaram o seu desapontamento ao representante norte-americano do Comércio, Robert Lighthizer. A reunião incluiu ainda a comissária do Comércio Cecilia Malmström e o ministro japonês da Economia, Hiroshige Seko. O Japão, como a União Europeia, exige isenção dos impostos.
Os EUA vão começar a aplicar tarifas aduaneiras de 25% às importações de aço e de 10% às de alumínio dentro de 15 dias, com o Canadá e o México excluídos destes direitos aduaneiros, anunciou na quinta-feira a Casa Branca.
Entretanto, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, advertiu os EUA de que as guerras comerciais “são más e fáceis de perder”. Macron também falou com Trump, na sexta-feira, tendo o Presidente francês sublinhado que “tais medidas visando países aliados, que respeitam as regras do comércio mundial, não seriam eficazes para lutar contra as práticas desleais”. Macron preveniu ainda Trump que “a Europa vai responder de forma clara e proporcionada contra qualquer prática infundada e contrária às regras do comércio mundial”.

12 Mar 2018

Pequim saúda encontro entre EUA e Coreia do Norte

[dropcap style=’circle] O [/dropcap] governo da República Popular da China saudou na sexta-feira o anúncio da reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, agendada para o mês de Maio. “Saudamos os sinais positivos dados pelos Estados Unidos e pela Coreia do Norte no sentido de um diálogo directo”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Geng Shuang, numa conferência de imprensa semanal, em Pequim. “O próximo passo é a manutenção deste momento positivo, alcançar sinergias para o trabalho conjunto no sentido de restaurar a paz e a estabilidade na península da Coreia”, acrescentou.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aceitou o convite do líder da Coreia do Norte para iniciar uma ronda de negociações sobre o programa nuclear norte-coreano. A reunião – ao mais alto nível – foi confirmada pelo conselheiro de Segurança da Coreia do Sul, Chung Eui-yong, durante uma visita à Casa Branca. O local do encontro ainda não foi decidido sendo que o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim não se pronunciou sobre a possibilidade de a reunião se realizar em território da República Popular da China.

“A China vai continuar a desempenhar um papel positivo”, na busca de uma solução negociada para a crise, disse Geng Shuang quando questionado sobre a localização da cimeira. O mesmo responsável disse ainda que as partes envolvidas devem mostrar “coragem política e poder de decisão, envolvendo-se em contactos bilaterais e multilaterais”.

Antes do anúncio do encontro de Maio, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês defendeu o princípio da “dupla suspensão”: o fim das manobras militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul na península coreana e, ao mesmo tempo, a paragem dos testes com armamento nuclear por parte da Coreia do Norte.

 

Sanções até desnuclearização

Entretanto, apesar da melhoria nas relações, o Presidente dos Estados Unidos e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, comprometeram-se a manter a pressão e as sanções à Coreia do Norte, caso não sejam tomadas medidas para uma desnuclearização “completa, verificável e irreversível”.

“Os dois líderes congratularam-se com a perspectiva de diálogo entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte e prometeram manter a pressão e as sanções até que sejam tomadas medidas tangíveis para uma desnuclearização completa, verificável e irreversível”, disse em comunicado, a Casa Branca, citada pela agência Efe.

A conversa telefónica entre Donald Trump e Xi Jinping surge um dia após o Presidente dos Estados Unidos ter aceite o convite do líder norte-coreano, Kim Jong-un, para um encontro. De acordo com o documento, Trump expressou esperança de que Kim Jong-un escolha “um caminho mais brilhante” para o futuro da Coreia do Norte. Porém, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, já havia dito que, até se verificarem “acções concretas” de Pyongyang, o encontro entre os dois líderes não será agendado.

 

12 Mar 2018

Assembleia Nacional Popular aprova presidência indefinida para Xi Jinping

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] sessão plenária da Assembleia Nacional Popular (ANP) da China aprovou ontem uma emenda constitucional que estabelece uma presidência indefinida para o actual chefe de Estado, Xi Jinping. A ANP aprovou com um único voto um conjunto de 21 emendas constitucionais propostas, entre as quais a eliminação do limite de dois mandatos consecutivos de cinco anos para os presidentes do país. O resultado da votação foi de 2.958 votos a favor, dois contra e três abstenções. Outra das alterações aprovadas foi a que inclui as teorias políticas de Xi Jinping sobre o desenvolvimento do “socialismo com características chinesas numa nova era” na Carta Magna chinesa.

Numa intervenção após a votação, o presidente da ANP, Zhang Dejiang, destacou a importância de “defender a liderança centralizada e unificada” com Xi Jinping “no seu núcleo”.

A actual Constituição chinesa, que entrou em vigor em 1982, foi alterada pela última vez em 2004. A aprovação das emendas constitucionais supõe uma consolidação ainda maior do poder de Xi Jinping, que acaba de terminar o seu primeiro mandato de cinco anos e atinge assim um poder indefinido que os analistas comparam ao de Mao Zedong.

Além disso, o retorno a uma liderança indefinida supõe uma ruptura com o sistema criado por Deng Xiaoping, que estabeleceu um poder mais colegial, com limites temporais para os altos cargos, a fim de evitar os excessos que causaram a acumulação do poder pessoal desmedido durante a época de Mao Zedong (1949-1976).

Constitucionalmente, a ANP é o “supremo órgão do poder de Estado na China”, mas cerca de 70% dos seus quase 3.000 deputados são membros do Partido Comunista Chinês (PCC), assegurando a sua lealdade ao poder político. Os deputados são eleitos por cinco anos, a partir das assembleias das diferentes províncias, regiões autónomas, municípios, regiões administrativas especiais e das forças armadas do país, e estão encarregues de aprovar projectos de lei, o relatório do Governo, Orçamento ou o plano de desenvolvimento económico-social.

Em mais de meio século de existência, os delegados da ANP nunca rejeitaram um projecto de lei ou documento e, até finais dos anos 1980, as aprovações ocorriam sempre por unanimidade. Foi só em 1988 que, pela primeira vez, um delegado da ANP votou “não”. Também inéditos foram os três votos de abstenção, ocorridos em 1982.

A abolição do limite de mandatos permitirá a Xi Jinping, um dos mais fortes líderes na história da República Popular, ficar no cargo depois de 2023, quando termina o seu segundo mandato.

O PCC elimina assim um dos princípios fundamentais da política chinesa nas últimas décadas, que distinguia o regime de Pequim de outros estados autoritários, e que analistas consideram ter sido crucial para a estabilidade política que permitiu à China converter-se na segunda maior economia mundial no espaço de trinta anos.

A proposta do Comité Central do PCC foi tornada pública em 25 de Fevereiro, uma semana antes do início da sessão anual da ANP.

Citado pela agência oficial Xinhua, Xi Jinping destacou durante um painel de discussão com delegados da Assembleia que a proposta foi “plenamente democrática”, feita “após uma recolha de opiniões a partir de diferentes sectores” e que “ilustra o desejo comum do partido e do povo”. O líder chinês referiu ainda que a emenda constitucional permitirá “modernizar o sistema chinês e a capacidade de governação do país”.

12 Mar 2018

Diplomacia | 70 anos depois, Igreja católica entende-se com Pequim

Depois do corte dos laços diplomáticos entre a China e o Vaticano, que vigora desde os anos 50, a Igreja Católica volta a aproximar-se de Pequim. Entre a necessidade do Partido Comunista Chinês de controlar uma força externa a operar na sociedade e o vasto potencial de evangelização de quase 1,4 mil milhões almas, será firmado um acordo histórico para a nomeação de bispos. Um assunto que tem dividido o Vaticano e Pequim, desde que a Igreja excomungou os bispos nomeados pelo regime comunista

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o Seminário Católico da China, o maior convento de Pequim, a figura do papa Francisco surge no hall de entrada de todos os edifícios, numa impressão em cartão, à escala humana, a dar as boas-vindas. “Todos os católicos chineses gostariam que o Papa viesse à China”, conta à Lusa o seminarista Joseph, 28 anos e natural da província de Hebei, norte do país. “Como não pode, trazemo-lo assim aqui”, diz.

Pequim e a Santa Sé romperam os laços diplomáticos em 1951, depois de Pio XII excomungar os bispos designados pelo regime comunista chinês. Os católicos do país dividiram-se então entre duas igrejas: a Associação Católica Patriótica Chinesa (ACPC), aprovada por Pequim, e a clandestina, que continuou fiel ao Vaticano.

A ACPC gere e financia os seminários chineses, onde são formados as freiras e padres locais, visando assegurar que os católicos do país funcionam independentemente de forças externas e “promovem o socialismo e patriotismo através da religião”.

“Para as autoridades chinesas, a igreja católica representa um poder exterior, que está a coordenar coisas na China, o que para eles é impensável”, afirma à Lusa um padre europeu radicado em Pequim.

“Uma das lutas do Governo chinês é exactamente ‘achinesar’ muitos dos conceitos e da lógica das religiões não-asiáticas”, acrescenta.

A arquitectura do Seminário Católico da China ilustra esse processo. A igreja, erguida em 2000, é uma construção circular em tijolo vermelho e com um triplo telhado de telhas azuis. Uma espécie de miniatura da Sala da Oração pelas Boas Colheitas, um dos principais templos de Pequim.

Apenas os vitrais e uma discreta cruz no topo distinguem esta construção de um qualquer templo taoista; no interior, o altar, elevado por um degrau, é adornado com uma mesa tradicional chinesa de madeira. Um pequeno e discreto crucifixo é a única imagem religiosa aqui exposta. Mas há mais além do que se vê à superfície.

Descendo as escadas situadas por detrás do altar e um longo corredor chega-se à cave da igreja, onde, na quase total escuridão, se vislumbram vultos de crentes ajoelhados, em torno de uma imagem de cristo com mais de um metro, erguida por detrás de um altar de pedra.

Cruzes credo

Por toda a China, a falta de símbolos religiosos ocultará mesmo o ‘boom’ da fé cristã em curso na sociedade, diz Ian Johnson, jornalista radicado em Pequim há vinte anos e vencedor de um Prémio Pulitzer. “O Governo não gosta da face pública do cristianismo”, opina Johnson. “Não quer cruzes espalhadas pelo país”.

O sinólogo italiano Francesco Sisci, especialista nas relações entre Pequim e a Santa Sé, observa o mesmo fenómeno: “O Partido Comunista Chinês não quer que a religião fuja ao seu controlo”. Sisci diz, no entanto, que a liderança chinesa “reconhece a necessidade de religião na sociedade”, mas que se a Igreja católica quiser ser aceite deverá integrar-se na realidade local e “desprender-se de uma simbologia que é estranha à China”.

O especialista nas relações entre Pequim e a Santa Sé considera que a assinatura de um acordo entre a China e o Vaticano sobre a nomeação de bispos “não significa” que serão estabelecidos laços diplomáticos.

O acordo, que quebra mais de meio século de antagonismo entre Pequim e a igreja católica, “não significa necessariamente que o Vaticano vai cortar relações com Taiwan”, afirma à agência Lusa o sinólogo italiano, radicado na China há 20 anos.

A Santa Sé mantem, desde então, relações diplomáticas com a ilha de Taiwan, onde se refugiu o antigo Governo nacionalista chinês, após a instauração da República Popular, em 1949.

Num outro sinal de aproximação, a igreja católica e os comunistas chineses concordaram trocar várias obras de arte para a realização de duas exposições simultâneas, a partir deste mês, na Cidade Proibida de Pequim, e no Museu do Vaticano.

Sisci lembra, no entanto, que no que toca às relações diplomáticas, “a China está muito interessada em manter o ‘status quo’”. “Penso que a China não quer de todo antagonizar Taiwan neste momento”, nota Sisci, numa entrevista concedida na sua casa em Pequim, um dos raros ‘siheyuan’ – típicas residências chinesas construídas em torno de pátios espaçosos -, que não foi arrasado para dar lugar a construções em altura.

Formosa relação

“Pequim não sabe qual será a reacção caso hostilize Taiwan, que pode agir de impulso e declarar a independência”, acrescenta.

A China considera Taiwan parte do seu território, e não uma entidade política soberana, e ameaça usar a força caso Taipé declare independência. Pequim e Taipé concordam que existe uma só China, pelo que os países só podem manter relações diplomáticas com um dos Estados.

Na semana passada, independentistas taiwaneses lançaram uma campanha para a celebração de um referendo sobre a independência da ilha, em Abril de 2019, numa altura em que incursões de aviões militares chineses no espaço aéreo taiwanês se intensificam, levando analistas a considerarem como cada vez mais provável que a China invada Taiwan.

Em relação à assinatura do primeiro acordo entre China e Vaticano, o especialista em relações entre Pequim e a Santa Sé vê com bons olhos o marco que rompe com mais de meio século de antagonismo. “Estamos perto”, diz Sisci, numa entrevista à agência Lusa, na sua casa em Pequim, um dos raros ‘siheyuan’ – típicas residências chinesas construídas em torno de pátios espaçosos -, que não foi arrasado para dar lugar a construções em altura. “Acompanho isto há muitos anos. Muitas vezes tratou-se apenas de diálogo, mas nos últimos tempos gerou-se um ‘momentum'”, acrescenta.

A divisão esmoreceu nos anos 1980, quando o papa João Paulo II reconheceu 30 bispos designados pela igreja oficial chinesa. Em 2007, Bento XVI apelou a uma reconciliação entre a igreja clandestina e a oficial, mas em algumas áreas do país continuaram a existir divisões. Sisci, que está radicado na China desde 1988, mas que passou o último ano e meio entre Roma e a capital chinesa, garante agora que a questão da nomeação dos bispos está resolvida.

Exemplo vietnamita

“Existe já um acordo, no qual o Estado [chinês] e a igreja católica reconhecem os bispos”, diz Sisci, que há dois anos realizou a primeira entrevista ao papa Francisco exclusivamente sobre a China.

Vários observadores sugerem que o acordo poderá ser semelhante ao assinado em 1996 entre o Vaticano e o Vietname, país vizinho da China e também governado por comunistas. Neste caso, a Santa Sé propõe três bispos a Hanói, e o Governo vietnamita escolhe um deles.

Francesco Sisci considera o caso chinês “mais complicado”. “No Vietname, não existia a Associação Patriótica. E aqui, o grande obstáculo à normalização das relações tem sido o futuro da igreja oficial”, lembra.

O italiano nota ainda que o Partido Comunista do Vietname guarda boa memória da igreja católica: “Em muitos aspectos, os líderes [vietnamitas] não foram antagonizados pela igreja, alguns até estudaram em escolas católicas”, aponta. Já na China, existe “uma suspeição” face à igreja.

“Quando os comunistas tomaram o poder, em 1949, o núncio papal [representante diplomático permanente do Vaticano] ficou em Nanjing [a capital chinesa antes da revolução] e recusou-se a ir para Pequim”, lembra.

O Vaticano terá assim tomado partido pelo antigo Governo nacionalista chinês, que se refugiou então na ilha de Taiwan, onde se continua a identificar como governante de toda a China. “Existe esse ressentimento”, conclui Sisci.

Após mais de meio século de antagonismo, o Vaticano parece prestes a ceder, com a assinatura de um acordo no qual Pequim terá a última palavra na nomeação dos bispos.

O papa Francisco disse já que se dependesse dele “visitaria a China amanhã mesmo”. Para o seminarista Joseph, que sonha ir a Roma ver Francisco, que está prestes a completar cinco anos de eleição, isso seria o concretizar de um sonho. E quando se sugere que, talvez um dia, o papa venha mesmo a ser chinês, os seus olhos brilham e diz: “Nunca se sabe, o mundo dá muitas voltas”.

12 Mar 2018

China anuncia parque de pandas com um quinto do tamanho de Portugal

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai ter um parque para pandas no sudoeste do país, com dois milhões de hectares (20 mil quilómetros quadrados) – quase um quinto da dimensão de Portugal continental, anunciou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Situado na província de Sichuan, o projecto visa impulsionar a economia local, enquanto oferece àquela espécie em extinção um território onde pode procriar e diversificar o seu banco genético.

O Banco da China prometeu financiar a criação do parque, designado Giant Panda National Park (Parque Nacional do Panda Gigante), com pelo menos 10 mil milhões de yuan.

Zhang Weichao, um funcionário de Sichuan envolvido no planeamento do parque, disse ao jornal oficial China Daily que o projecto irá ajudar a reduzir a pobreza entre as 170.000 pessoas que vivem dentro do território abrangido.

Os planos para a criação do parque, que deve estar pronto em 2023, foram iniciados no ano passado, pelo Comité Central do Partido Comunista Chinês e o Conselho de Estado, segundo o jornal.

Estima-se que haja 1864 pandas a viver no meio selvagem. Outros 300 vivem em cativeiro.

11 Mar 2018

Trabalho | Construção em Saipan condena empresas chinesas

Quatro empresas chinesas vão pagar mais de 113 milhões de patacas em salários em atraso e indemnizações a 2400 operários chineses de uma obra de um casino nas Ilhas Marianas do Norte

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] construção de um casino em Saipan, nas Ilhas Marianas do Norte, levou a uma investigação da Departamento do Trabalho norte-americano que descobriu que quatro empresas de construção chinesas cortaram ilegalmente os salários dos seus trabalhadores. O arquipélago é um protecturado dos Estados Unidos da América, daí a aplicação do ordenamento jurídico norte-americano em Saipan

Após a investigação do Departamento do Trabalho, as empresas chegaram a um acordo que irá ressarcir mais de 2400 trabalhadores de quatro firmas contratadas pela Imperial Pacific International, uma companhia sediada em Hong Kong.

As entidades norte-americanas declararam que os trabalhadores entraram no território com vistos de turismo, usando um programa que permite que cidadãos chineses viajem até às Ilhas Marianas do Norte. Ficou também provado no acordo de entendimento que os trabalhadores foram obrigados a contrair dívidas de milhares de dólares, para cobrir os preços das viagens e taxas de recrutamento ao empregador em Saipan.

Em comunicado, as autoridades norte-americanas referiram que “os acordos asseguram que milhares de trabalhadores vão receber os salários a que legalmente têm direito, ao mesmo tempo que envia uma mensagem forte para outros empregadores”.

Quase escravos

Li Qiang, director executivo da China Labor Watch, disse à ABC News que os trabalhadores chineses tinham turnos de 13 horas diárias, sem direito a fins-de-semana ou férias e que viram os passaportes confiscados pelos empregadores assim que chegaram a Saipan.

O activista acrescenta que “cada vez mais as empresas chinesas fazem negócio no exterior, em regiões como os Estados Unidos e a Europa, onde o recrutamento de mão-de-obra é caro, portanto, preferem levar trabalhadores chineses”.

Muitas vezes, os operários são atraídos por falsas promessas de salários altos e obtenção de vistos de residência, compromissos que acabam por não se materializar.

De momento, ainda existem trabalhadores em Saipan, mas a maioria regressou à China, alguns deles aguardando há mais de um ano pelo pagamento dos salários.

“Ninguém nos disse quanto dinheiro vamos receber, nem quando”, diz Gong Benji, um dos afectados pelo caso. O operário acrescentou em comunicado que não é fácil para muitos trabalhadores regressar a casa sem dinheiro no bolso e enfrentar os credores que financiaram a viagem para Saipan.

Num comunicado tornado público esta semana, a Imperial Pacific disse estar satisfeita com o acordo estabelecido.

11 Mar 2018

Pequim defende que teve papel chave para acalmar tensões entre coreias

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, defendeu ontem que a proposta chinesa de suspensão recíproca das actividades militares na península coreana foi a chave para o acalmar das tensões entre Pyongyang e Seul.

“Os recentes acontecimentos podem ter surpreendido muita gente, mas são plausíveis: durante os Jogos Olímpicos [de Inverno] de PyeongChang, a Coreia do Norte não realizou qualquer teste nuclear, e os EUA e a Coreia do Sul suspenderam as suas manobras conjuntas”, disse.

“Isto prova que a proposta chinesa de dupla suspensão era a receita adequada para o problema”, afirmou.

Pequim tem vindo a defender a suspensão do programa nuclear da Coreia do Norte e, ao mesmo tempo, das manobras militares dos Estados Unidos na Coreia do Sul, para “amortecer a crise” na península.

A cedência de ambos os lados “criou as condições básicas para a melhoria das relações entre as duas Coreias”, afirmou o ministro.

Pyongyang e Seul concordaram realizar em Abril uma cimeira entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o homólogo sul-coreano, Moon Jae-in. No ano passado, os contínuos testes nucleares e com mísseis balísticos da Coreia do Norte, a par da retórica belicista do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevaram a tensão na península coreana para níveis sem precedentes desde o final da Guerra da Coreia (1950-1953).

“A questão coreana é mais complicada no mundo actual” e Seul e Pyongyang “aproveitaram a oportunidade dos Jogos de PyeongChang para alcançar um rápido degelo dos laços, revertendo um longo período de antagonismo na península”, disse Wang.

No mês passado, uma delegação norte-coreana composta por atletas, jornalistas, artistas e apoiantes, e liderada pela irmã mais nova do líder norte-coreano, Kim Yo Jong, participou dos Jogos Olímpicos de Inverno, na cidade sul-coreana de PyeongChang.

“Há luz ao fundo do túnel, mas a viagem não será fácil”, afirmou Wang. “A história lembra-nos que seja qual for o nível de tensão na península, a situação está obscurecida por diversas interferências”, disse.

11 Mar 2018

Xi Jinping | Fim do limite de mandatos é “chave para modernizar sistema chinês”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês qualificou a emenda constitucional que abolirá o limite de dois mandatos para o cargo que ocupa como uma “medida chave para modernizar o sistema chinês”, informou a imprensa estatal.

Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, Xi Jinping mostrou, durante um painel de discussão com delegados do legislativo chinês, “apoio total” à proposta do Partido Comunista (PCC), que abarca ainda a inclusão da sua teoria política na Constituição do país.

Xi destacou que a proposta foi “plenamente democrática”, feita “após uma recolha de opiniões a partir de diferentes sectores” e que “ilustra o desejo comum do Partido e do povo”.

O líder chinês referiu ainda que a emenda constitucional permitirá “modernizar a capacidade de governação do país”.

A Xinhua escreve que os outros seis membros do Comité Permanente do PCC, incluindo o primeiro-ministro, Li Keqiang, deram também o seu apoio à emenda da Constituição, que será votada no Domingo na Assembleia Popular Nacional.

A medida, que abrange ainda o cargo de vice-presidente, surge numa altura em que Xi executa uma vasta agenda, que inclui tornar o sector estatal mais competitivo, desenvolver a indústria de alta tecnologia, reduzir a pobreza e combater a poluição, visando converter a China numa “potência global” e um “Estado socialista moderno” até meados deste século.

A nível interno, Xi afastou já os principais rivais políticos, enquanto legitimou a sua liderança aos olhos da população, através da mais ampla e persistente campanha anticorrupção de que há memória na China, que puniu já mais de 1,5 milhões de membros do PCC, incluindo 400 altos quadros do regime.

11 Mar 2018

Comércio | Pequim promete “resposta adequada e necessária” a taxas dos EUA

Pequim prometeu adoptar uma “resposta adequada e necessária”, caso os EUA subam os impostos sobre as importações de aço e alumínio, afirmou o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, apontando os perigos de uma guerra comercial

 

[dropcap style≠’circle’]”N[/dropcap]um mundo globalizado, quem recorre a uma guerra comercial está a seguir a receita errada”, afirmou Wang Yi, em conferência de imprensa. “A História ensinou-nos que as guerras comerciais nunca são o caminho correcto para a resolução de problemas”, acrescentou.

O presidente dos EUA, Donald Trump, suscitou o protesto de vários países, na semana passada, após anunciar a imposição de taxas aduaneiras de 25 por cento, para as importações de aço, e 10 por cento, para as de alumínio.

Face às reacções do Canada, União Europeia e China, Trump ameaçou os parceiros comerciais com “impostos recíprocos”, e garantiu que as guerras comerciais são “boas e fáceis de ganhar”.

A China é o maior produtor mundial de aço e alumínio, mas fornece menos de 2 por cento do aço importado pelos EUA, pelo que aquelas taxas teriam um impacto reduzido na indústria chinesa.

No entanto, Washington tem lançado investigações ‘antidumping’ – preço de comercialização abaixo do custo de produção – sobre vários produtos da China, desde máquinas de lavar roupa a painéis solares e contraplacado.

Em Agosto passado, o Governo de Trump lançou ainda uma investigação para averiguar se Pequim exige indevidamente que as empresas estrangeiras transfiram tecnologia, em troca de acesso ao mercado.

As duas maiores economias do mundo “têm responsabilidades para com os seus povos, mas também para com o resto do planeta”, afirmou Wang Yi.

O ministro chinês disse desejar que os dois países “se sentem à mesa de negociações para encontrar soluções mutuamente benéficas”.

Em Janeiro, o superavit comercial da China com os Estados Unidos fixou-se em 22 mil milhões de dólares, mantendo-se praticamente inalterado face ao mesmo mês do ano anterior.

11 Mar 2018

Coreia | Japão diz que não se deve aliviar pressão sobre Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro japonês defendeu ontem que não se deve reduzir a pressão sobre a Coreia do Norte só porque Pyongyang se mostrou aberto a discutir a desnuclearização, admitindo poder tratar-se de um estratagema para ganhar tempo.

“Não devemos suavizar a nossa posição, por exemplo aliviar as sanções, só porque a Coreia do Norte concordou em dialogar”, disse Shinzo Abe, numa sessão na câmara baixa do parlamento. O chefe do Governo recordou que já no passado Pyongyang “ganhou tempo para desenvolver as suas capacidades nucleares e mísseis” durante períodos de negociações.

Abe falava pela primeira vez desde a visita de uma delegação sul-coreana de alto nível à Coreia do Norte, que resultou no anúncio de uma cimeira inter-coreana em Pyongyang e com a abertura do regime de Kim Jong-un ao diálogo com os Estados Unidos. O primeiro-ministro japonês manifestou o cepticismo do seu Governo face às intenções de Pyongyang e sublinhou que, “para que os contactos com a Coreia do Norte tenham sentido, é preciso que mostrem passos concretos no sentido da desnuclearização”.

O chefe de Governo anunciou que deverá receber na próxima semana em Tóquio o chefe dos serviços secretos sul-coreanos, Suh Hoon, que participou na delegação que visitou Pyongyang no início da semana e se reuniu com Kim Jong-un. O objetivo desse encontro é conversar sobre o que foi discutido em Pyongyang e o mesmo fará a comitiva sul-coreana numa visita hoje a Washington.

Kim Jong-un transmitiu à delegação de Seul o seu desejo de negociar com os EUA a desnuclearização do regime, pedindo em troca que se garanta a sua sobrevivência, disseram os enviados, que explicaram haver uma “mensagem adicional” de Pyongyang para Washington que não pode ser divulgada publicamente. Embora tenha mostrado otimismo sobre a oferta de diálogo norte-coreana, Washington também deixou transparecer algum ceticismo.

11 Mar 2018

Primeira exposição de um museu ocidental no Irão

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] exposição “O Museu do Louvre em Teerão – Tesouros das colecções nacionais francesas” abriu esta semana, no Museu Nacional do Irão, com uma selecção de 56 peças que marcam a história das colecções do museu francês.

No que o Louvre descreveu como a primeira grande exposição por um museu ocidental no Irão, a mostra reúne mais de cinco dezenas de peças de vários departamentos do museu mais visitado do mundo e do Museu Delacroix.

Os visitantes que marcaram presença durante a inauguração mostraram-se satisfeitos com a exposição, de acordo com relatos feitos à AFP.

“É espectacular. Nunca acreditei que iria ver tais obras de arte na minha vida”, disse Mehdi, um jovem estudante de contabilidade.

Por seu lado, o professor de música Kashayar Tayar considerou tratar-se de um “bom começo” e disse esperar mais exposições no futuro, que incluam obras de artistas iranianos.

As peças em exibição, correspondentes a diferentes épocas e civilizações, representam o “conhecimento da sociedade sobre outras culturas”, segundo referiu o director do museu iraniano, Yebrael Nokandeh, citado pela agência espanhola EFE.

Mostra diversificada

Por seu turno, o presidente do Louvre, Jean-Luc Martínez, afirmou que a mostra representa “a diversidade das coleções do museu” francês, desde a sua criação, em 1793, até às suas aquisições mais contemporâneas.

Como principais obras de arte romana, estão representadas na colecção, aberta ao público até 8 de Junho, uma estátua de Minerva do século II e um busto em mármore do imperador Marco Aurélio, do ano 170.

No centro de uma das salas do edifício, situado no centro de Teerão e desenhado pelo arquitecto francês André Godard, destaca-se uma esfinge egípcia do século IV a.C..

A exposição inclui, também, relevos assírios do século VIII e VII a.C. e obras religiosas europeias, como uma figura da Virgem com o menino e uma Anunciação do século XVII, do pintor italiano Giovanni Batista Salvi, conhecido como “Sassoferrato”.

Os responsáveis pelos museus concordaram com a ausência de obras iranianas na mostra, sublinhando que o conceito da exibição é “mostrar outras culturas”. As peças foram também seleccionadas com base nas diferentes técnicas, que vão desde a escultura à pintura e cerâmica.

A colecção, em exibição nos departamentos de Antiguidades Orientais e Arte Islâmica do museu iraniano, celebra o acordo, estabelecido em 2016, entre o Museu do Louvre e a organização do Património Cultural do Irão.

No âmbito desta colaboração, o Museu do Louvre irá apresentar, na sua sede em Lens, uma exposição que representa a arte na dinastia persa Qajar do século XIX.

Esta exposição surge após um longo período sem intercâmbios artísticos com o estrangeiro, devido às sanções internacionais que levaram ao isolamento do Teerão, finalizadas com o acordo nuclear assinado em 2015.

8 Mar 2018

Nuclear | Cedo para optimismo sobre desnuclearização da Coreia do Norte

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, declarou ontem ser “demasiado cedo para estar optimista” quanto à proposta da Coreia do Norte para discutir a sua desnuclearização com os Estados Unidos.

“Ainda só estamos na linha de partida”, disse Moon a responsáveis políticos, depois de o seu enviado a Pyongyang ter revelado que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, se mostrou disposto a abordar a questão há muito tempo tabu do arsenal nuclear do seu país.

O chefe de Estado sul-coreano desmentiu as acusações segundo as quais teriam sido oferecidas contrapartidas secretas à Coreia do Norte para a convencer a sentar-se à mesa das negociações.

“Não houve acordo secreto de qualquer tipo com o Norte. Não haverá presentes para o Norte”, afirmou Moon, segundo um porta-voz do pequeno partido da oposição Bareunmirae.

Moon Jae-in insistiu na necessidade de manter uma cooperação estreita com os Estados Unidos: “Penso que as conversações sobre a desnuclearização só serão exequíveis quando a Coreia do Sul e os Estados Unidos tiverem posições comuns” sobre essa matéria.

“As conversações intercoreanas não serão suficientes para alcançar a paz”, observou ainda.

8 Mar 2018

Fronteiras | Timor-Leste acredita que tratado com Austrália reduz riscos para investidores

O novo tratado de fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália, assinado ontem, reduz os riscos para investidores e abre a porta a benefícios significativos para os timorenses, afirmou o ministro timorense que assinou o documento

 

[dropcap style≠’circle’]”E[/dropcap]ste é um dia histórico. Um capítulo muito importante que começa com os nossos líderes a serem conscientes das responsabilidades ligadas a este tratado. Sabemos que muito tem que ser feito depois de hoje mas o que queríamos alcançar quando iniciámos este processo de reconciliação foi alcançado: uma fronteira marítima permanente”, disse o ministro Adjunto do primeiro-ministro timorense para a Delimitação de Fronteiras, Agio Pereira numa conferência de imprensa na sede da ONU.

“Este acordo tornou claro para as duas nações onde está a fronteira. O tratado define as fronteiras permanentes e isso reduz os riscos de investir nos recursos da região”, considerou ainda.

Agio Pereira falava numa conferência de imprensa conjunta com a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Julie Bishop, depois de ambos assinarem o “Tratado entre a Austrália e a República Democrática de Timor-Leste que estabelece os seus limites marítimos no mar de Timor”.

O ministro timorense sublinhou a presença na cerimónia do secretário-geral da ONU, António Guterres, um “amigo muito próximo” de Timor-Leste que “deu grandes passos para ajudar a independência de Timor-Leste” e que esteve presente num “acontecimento histórico tão importante” para os timorenses.

Sobre o desenvolvimento do campo petrolífero Greater Sunrise – aspecto ainda não acordado – Julie Bishop disse que qualquer das opções, trará “grandes benefícios a Timor-Leste”, disponibilizando-se para que Austrália continue a apoiar Timor-Leste nas negociações com as petrolíferas.

“Estamos a falar de milhares de milhões de dólares durante a vida do projecto”, disse Bishop.

Indonésia à espreita

“As opções devem ter em conta a viabilidade económica a longo prazo. O interesse da Austrália é garantido com o desenvolvimento do recurso para benefícios de Timor-Leste. É do nosso interesse que Timor-Leste seja um vizinho estável e próspero, e por isso queremos ver um projecto que seja economicamente viável a longo prazo para dar os máximos benefícios a Timor-Leste”, considerou.

Agio Pereira, por seu lado, reiterou a vontade de que a opção seja a de um gasoduto para o sul de Timor-Leste, considerando que terá um impacto “transformativo, económica e socialmente”, para a população maioritariamente jovem e para construir confiança no país.

“Se investidores virem que Timor-Leste consegue gerir uma indústria complexa como ‘downstream’, construir gasoduto e unidade de LNG, confiarão que Timor-Leste conseguirá fazer mais do que isso”, disse o ministro timorense.

A chefe da diplomacia australiana disse que o tratado com Timor-Leste não afecta o previamente existente tratado com a Indonésia, explicando que falou com a sua homóloga em Jacarta que “congratulou Timor-Leste e a Austrália sobre o tratado”.

“O tratado entre a Austrália e a Indonésia mantém-se. Este tratado abre caminho para Timor-Leste e a Indonésia negociarem fronteiras. Isso terá impacto imediato de adaptar as fronteiras a leste e oeste do tratado, o que está previsto”, afirmou.

Bishop saudou o “acordo histórico” de ontem, importante tanto a nível bilateral como “em termos do direito internacional” faltando agora chegar a acordo sobre o Greater Sunrise.

Agio Pereira referiu que, apesar dos sobressaltos nas negociações, o acordo mostra o êxito das negociações, tendo Bishop afirmado que a “Austrália rejeita qualquer sugestão de ter actuado de qualquer forma que não seja em boa fé”.

8 Mar 2018

China | Governos locais passam a financiar-se com emissão de obrigações

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Governos locais da China passam, a partir deste ano, a financiar-se apenas através da emissão de obrigações, anunciou ontem o Ministro das Finanças chinês, Xiao Jie, como parte do esforço do país para reduzir o endividamento.

Xiao frisou que aquela passa a ser “a única forma legal” de as administrações locais se financiarem, enquanto a captação de fundos através de outras vias – incluindo empréstimos bancários – será punida.

O responsável pelas Finanças da China falava numa conferência de imprensa por ocasião da sessão anual da Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão legislativo máximo do país.

O conjunto das obrigações emitidas pelos governos locais não poderá ultrapassar 1,35 biliões de yuan, um aumento de 550.000 milhões de yuan, face ao ano anterior.

No final de 2017, a dívida da China fixou-se em 29,95 biliões de yuan, o equivalente a 36,2 por cento do PIB (Produto Interno Bruto).

Xiao considerou que o nível de endividamento do país é “relativamente baixo”, comparado com os montates de dívida acumuladosn por países desenvolvidos e outros emergentes, e afirmou que será mantido assim nos próximos anos.

O Governo chinês está a prestar muita atenção à gestão da dívida pública e está decidido a “combater irregularidades nas vias de financiamento”, como os empréstimos concedidos por entidades à margem do sistema bancário, disse.

O ministro avançou ainda um corte nos impostos para particulares e empresas e insistiu no objectivo do país de reduzir o déficit fiscal até 2,6 por cento do PIB, abaixo da meta de 3 por cento fixada no ano passado.

8 Mar 2018

Tecnologia | Pequim testa com êxito ‘drone’ hipersónico para fins militares

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China testou, pela primeira vez, com êxito um veículo aéreo não tripulado hipersónico para fins militares, visando desenvolver aviões capazes de voar dentro da atmosfera terreste e no espaço.

O ‘drone’ hipersónico, com uma velocidade cinco vezes superior à do som, foi lançado em Fevereiro passado, a partir da base espacial de Jiuquan, noroeste da China, segundo o jornal de Hong Kong South China Morning Post.

O aparelho alcançou a órbita terrestre e regressou com êxito à terra, segundo fontes que fizeram parte do projecto, citadas pelo jornal.

O protótipo foi desenvolvido pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento Aerodinâmico de Mianyang, na província de Sichuan, uma instituição militar encarregue do desenvolvimento de veículos hipersónicos.

O projecto visa desenvolver aviões espaciais capazes de ultrapassar sistemas antimísseis.

Aqueles aviões poderão também ter uso civil, nomeadamente na indústria do turismo espacial.

8 Mar 2018

Diplomacia | Washington acusa Pequim de “encorajar dependência” de África

O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, criticou a abordagem utilizada pela China para promover o desenvolvimento em África, afirmando que a postura de Pequim “encoraja a dependência” e prejudica a soberania e a estabilidade do continente

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chefe da diplomacia dos Estados Unidos falava num evento numa universidade norte-americana sobre as relações EUA-África antes de partir, para o seu primeiro périplo pelo continente africano que vai incluir passagens pela Etiópia, Quénia, Chade, Djibouti e Nigéria.

Rex Tillerson afirmou que o investimento chinês pode ter ajudado África a resolver problemas de infraestruturas, mas criou “dívidas acrescidas e poucos, ou talvez, nenhuns empregos”. O secretário de Estado reforçou que a abordagem de Pequim no continente africano também envolve empréstimos predatórios, corrupção e contratos de termos vagos.

Em contraste, segundo frisou o representante norte-americano, a abordagem dos Estados Unidos em África quer apostar num espírito de parceria com os países africanos, ao mesmo tempo que promove o Estado de Direito e o desenvolvimento democrático.

Na mesma intervenção na George Mason University, na Virginia, Tillerson frisou que os Estados Unido veem um “futuro brilhante” para o continente africano, à medida que a população daquela região cresce, e que a administração liderada pelo Presidente Donald Trump está “empenhada em salvar vidas em África”.

Tal como aconteceu no seu primeiro périplo latino-americano, em princípios de Fevereiro, Rex Tillerson terá nesta ronda africana a missão de tentar neutralizar a crescente influência de outras potências, com a China e a Rússia, em África e reivindicar o papel dos Estados Unidos nesta área geográfica.

Voltar atrás

Reforçar os avanços da luta antiterrorista no continente africano será outros dos temas a marcar a agenda deste périplo.

Numa nota enviada às redacções, o Departamento de Estado norte-americano informou que Tillerson anunciou uma verba de cerca de 429 milhões de euros para assistência humanitária das populações da Etiópia, Somália, Sudão do Sul e Nigéria, bem como dos países da região do Lago Chade, onde milhões enfrentam uma situação de insegurança alimentar e desnutrição por causa de conflitos em curso ou de uma seca prolongada.

Ainda bem presentes estão as declarações polémicas que Donald Trump fez em Janeiro passado, durante uma reunião com um grupo de senadores para debater as leis migratórias para os Estados Unidos, quando se referiu a várias nações africanas e a outros Estados como “países de merda”.

Na altura, a expressão usada por Trump desencadeou fortes reacções. Por exemplo, os embaixadores de 54 países africanos representados junto da ONU exigiram que o Presidente dos Estados Unidos se retratasse e pedisse desculpa.

8 Mar 2018

China | Fim do limite de mandatos para Presidente chinês tem amplo consenso

O órgão máximo legislativo da China disse ontem que as emendas à constituição chinesa, propostas pelo Partido Comunista (PCC) e que incluem a remoção do limite de mandatos para o cargo de Presidente, obtiveram amplo consenso.

Um relatório apresentado por Wang Chen, vice-presidente da Assembleia Popular Nacional (APN), cuja sessão anual decorre esta semana em Pequim, revela que um processo de consulta sobre as emendas à constituição foi iniciado pelo Presidente Xi Jinping durante uma reunião do Politburo do PCC, em 29 de Setembro.

Um grupo de trabalho liderado pelo presidente da APN, Zhang Dejiang, e assistido por membros leais a Xi, foi então formado para liderar o processo.

Segundo Wang Chen, vice-presidente da APN, o grupo recolheu mais de 2.600 opiniões, desde quadros regionais a outras personalidades fora do partido.

O relatório aponta que a proposta de emenda constitucional foi depois aprovada, no final de Janeiro, durante um encontro do Comité Permanente da ANP.
A última emenda à constituição chinesa, que acrescentou a teoria de Jiang Zemin, fora feita em 2004, já depois de este ter deixado o poder.

Essa emenda ocorreu após um ano de consultas, mas desta vez foram precisos apenas cinco meses, apesar de aquilo que está em questão ter um significado muito maior.
A actual emenda permitirá a Xi Jinping, um dos mais fortes líderes na história da República Popular, ficar no cargo depois de 2023, quando termina o seu segundo mandato. O PCC elimina assim uma regra que distinguia o regime chinês de outros estados autoritários. Entretanto, multiplicam-se as opiniões de analistas que consideram tratar-se do regresso da China a uma ditadura pessoal.

Wang Chen garantiu que todas as pessoas envolvidas no processo “mostraram apoio unânime”.
Um académico citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, e que pediu para não ser identificado, disse que o relatório de Wang é uma resposta oficial de Pequim aos rumores de que a emenda constitucional terá encontrado oposição dentro do partido. “A decisão é altamente controversa, e nas últimas semanas ouviram-se críticas e reações negativas sem precedentes de intelectuais, empresários e observadores de todo o mundo”, afirmou.

O voto dos cerca de 3.000 delegados à proposta, que inclui ainda a inclusão da Teoria de Xi na constituição do partido, decorre no Domingo e será fechada à imprensa.

7 Mar 2018

ONU denuncia que limpeza étnica dos rohingya prossegue em Myanmar

A limpeza étnica da minoria muçulmana rohingya continua no estado de Rakhine, no oeste de Myanmar (antiga Birmânia), de onde mais de 700.000 pessoas fugiram desde Agosto para o vizinho Bangladesh, alertaram ontem as Nações Unidas.

A ONU e organizações de defesa dos direitos humanos têm denunciado repetidamente os crimes cometidos pelo exército birmanês na ofensiva que iniciou no norte de Rakhine, em resposta ao assalto armado de um grupo rohingya rebelde a 25 de Agosto.

O assistente do secretário-geral da ONU para os Direitos Humanos, Andrew Gilmour, sustentou que apesar de o grau de violência ter sofrido uma redução, as forças de segurança birmanesas continuam a cometer assassínios, violações, torturas, sequestros e a negar alimentos a elementos daquela etnia.

“Parece que a violência generalizada e sistemática contra os rohingya persiste”, disse Gilmour num comunicado emitido após a sua visita aos campos de refugiados no Bangladesh. “A natureza da violência mudou para uma campanha de terror de baixa intensidade e fome forçada que parece ter sido elaborada para empurrar os rohingya, que ainda estão em suas casas, em direcção ao Bangladesh”, acrescentou.

O responsável recriminou ao Governo birmanês que diz estar preparado para o regresso dos refugiados quando a violência persiste, frisando que, nas actuais condições, “o retorno seguro, digno e sustentável é impossível”.

Por outro lado, elogiou a resposta humanitária do Bangladesh – um país pobre – e de organismos internacionais em relação aos rohingya, embora alertando para os “devastadores efeitos” que o início da estação das chuvas trará para os campos de refugiados.
O Bangladesh e Myanmar assinaram um acordo para começar a repatriar os refugiados em finais de Janeiro deste ano, mas Dacca suspendeu-o à última hora.

O exército birmanês negou os abusos, depois de no passado mês de Janeiro ter admitido um caso de assassínios extra-judiciais de rohingya que foram enterrados numa vala comum, em Setembro de 2017.

Myanmar não reconhece a cidadania aos rohingya, que considera imigrantes bengalis, e submete-os desde há décadas a todo o tipo de discriminações, incluindo restrições à liberdade de movimentos e ao acesso ao mercado de trabalho.

7 Mar 2018

Coreias | Kim Jong Un tem conversa de “coração aberto” com dirigentes sul-coreanos

 

O líder norte-coreano, Kim Jong Un, teve ontem uma “conversa de coração aberto” com os enviados do Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, noticiou a agência noticiosa estatal da Coreia do Norte, a KCNA

Esta foi a primeira reunião de dirigentes de Seul com Kim Jong Un, em carne e osso, desde que este sucedeu ao seu pai, que faleceu em 2011. O despacho da agência norte-coreana adiantou que Kim exprimiu o desejo de “escrever uma nova história de reunificação nacional” durante um jantar na noite anterior.
Dado o sangue já derramado, os testes de armas pela Coreia do Norte e as ameaças de guerra ao longo do último ano, há um considerável cepticismo sobre os aparentes sinais de descongelamento entre as Coreias.

Mas cada novo desenvolvimento também aumenta a possibilidade de os rivais usarem a atmosfera criada durante a participação da Coreia do Norte nos Jogos Olímpicos de Inverno, que decorreram em Pyeongchang, na Coreia do Sul, para reduzir a tensão em torno das ambições nucleares de Pyongyang e recomeçar as conversações entre a Coreia do Norte e os EUA.

Atmosfera sincera

Ainda segundo a KCNA, Kim Jong Un acolheu com satisfação os visitantes sul-coreanos, a quem apresentou as suas perspectivas em relação à “activação de um diálogo versátil, contacto, cooperação e intercâmbio”.

A Kim é também atribuída a afirmação de que deu “instruções importantes para a área relevante para tomar medidas práticas rapidamente” para uma cimeira com Moon Jae-in.
O papel de um líder confiante e acolhedor de representantes, de grau inferior, do Sul rival, é um dos que agradam claramente a Kim. Tirou fotos com os sul-coreanos e promoveu o que foi descrita como “uma atmosfera sincera e co-patriótica”.
Mas muitos no Sul e nos EUA querem saber o que Kim Jong Un planeia fazer depois da barragem de testes com armas, que levantaram o espectro da guerra.

O Norte tem dito, repetidamente, que não prescinde do seu armamento nuclear, enquanto prossegue a construção de um arsenal que possa alcançar o território continental norte-americano.

A delegação sul-coreana, com 10 elementos, é liderada pelo director de segurança nacional, Chung Eui-yong.
Esta viagem ao Norte de dirigentes sul-coreanos de nível elevado é a primeira conhecida desde há 10 anos.

7 Mar 2018