Hong Kong | Activista pró-independência condenado a seis anos de prisão

A juíza foi severa e condenou os arguidos de “acordo com a lei”. Mas há quem considere que a lei está a ser usada para fins políticos e que “não se ajusta aos parâmetros internacionais”

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] activista Edward Leung, rosto do movimento independentista em Hong Kong, foi ontem condenado a seis anos de prisão na sequência de um violento confronto com a polícia local em 2016, anunciaram as autoridades. Leung, de 27 anos, foi considerado culpado pela participação num ‘motim’ com a polícia no distrito de Mong Kok, na parte continental da região administrativa especial chinesa.

Os confrontos ocorreram em Fevereiro de 2016 e foram considerados os mais violentos dos últimos anos, constituindo a maior demonstração de descontentamento popular desde os protestos pró-democracia no final de 2014. Edward Leung é o antigo porta-voz do grupo independentista local Indigenous e uma das mais proeminentes vozes do movimento pró-independência de Hong Kong. A juíza Anthea Pang afirmou que Leung participou activamente nos distúrbios e descreveu suas acções como “excessivas e cruéis”.

O jovem já se encontrava detido, desde que se declarou culpado noutro processo por agredir um polícia durante as manifestações de 2016, caso em que foi sentenciado a um ano de prisão. As duas sentenças serão acopladas.

O tribunal rejeitou a alegação de que as motivações políticas seriam circunstâncias atenuantes e considerou que a condenação deveria ter um “efeito dissuasivo”. Leung, que estava no tribunal, manteve a calma durante a audiência e acenou para os simpatizantes após a leitura da sentença. Alguns manifestantes choraram depois do anúncio da condenação.

Outros dois manifestantes foram condenados a sete e três anos e meio de prisão, respectivamente.

Da comida de rua ao protesto político

O protesto começou em Fevereiro de 2016, coincidindo com o Ano Novo Chinês, com uma manifestação de apoios aos vendedores ambulantes de comida, que as autoridades queriam afastar das ruas. Mas rapidamente evoluiu para uma mobilização de carácter político, um protesto contra as autoridades em Hong Kong e Pequim. Quase 130 pessoas ficaram feridas, incluindo 90 agentes. Durante os distúrbios, os agentes deram tiros para o ar como medida de advertência. Dezenas de pessoas foram detidas.

Na vanguarda da mobilização estavam Leung e outros jovens do movimento chamado de “localista”, nascido das cinzas da “Revolução dos Guarda-Chuvas”, como ficaram conhecidos os protestos pró-democracia de 2014 que não conseguiram obter concessões de Pequim para as reformas políticas. Numa entrevista à AFP em 2016, Leung, que na época era um estudante de Filosofia, afirmou que “uma guerra ou uma batalha são inevitáveis”.

Chris Patten não gostou

Chris Patten, o último governador do período colonial de Hong Kong, denunciou a condenação, baseada na interpretação de uma lei sobre a manutenção da ordem pública.

“As vagas definições contidas na lei são uma porta aberta para os abusos e não se ajustam aos parâmetros internacionais”, afirmou Patten num comunicado divulgado pela Hong Kong Watch, ONG que monitora as liberdades na cidade. “É decepcionante ver que a lei é usada com fins políticos para condenar de modo rígido os democratas e outros activistas”, concluiu.

Num discurso proferido o ano passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou que qualquer actividade em Hong Kong que ameaçasse a soberania e a estabilidade da China seria “absolutamente inadmissível”.

12 Jun 2018

Acordo entre EUA e Coreia do Norte refere desnuclearização e troca de restos mortais de prisioneiros

Palavras de optimismo e elogios entre Donald Trump e Kim Jong-un marcaram o fim da cimeira histórica entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte. O acordo assinado aborda o fim progressivo do programa nuclear da Coreia do Norte e a troca de restos mortais de prisioneiros de guerra entre os dois países.

 

[dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]omeram um lauto almoço (ver caixa) e ambos saíram satisfeitos de um encontro histórico. Terminou ontem a cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, que decorreu em Singapura e, à saída, Donald Trump até garantiu que o encontro se poderá repetir nos próximos tempos.

“Vamos encontrar-nos novamente, vamos encontrar-nos muitas vezes”, disse aos jornalistas, de acordo com a agência Associated France-Press (AFP). “Fizemos grandes progressos, foi melhor do que esperávamos”, disse ainda.

Antes do encontro, as palavras trocadas pelos dois líderes, também revelaram um caminho diplomático a percorrer em prol da paz. “É uma honra reunir consigo e sei que vamos resolver o nosso grande problema, o nosso grande dilema, que até este ponto não foi possível resolver. Trabalhando juntos, vamos resolver o assunto”, disse Donald Trump.

Também Kim Jong-un falou em harmonia para o futuro. “Trabalhando em estreita harmonia consigo, senhor presidente, com desafios, estou disposto a fazer este grande trabalho.”

 

Desnuclearização e restos mortais

Palavras amistosas à parte, da cimeira saiu um acordo que aborda não só a possibilidade de desnuclearização da Coreia do Norte. De acordo com a AFP, que fotografou o documento, o texto não menciona a exigência norte-americana de “desnuclearização completa e irreversível” – a fórmula que significa o abandono completo do armamento e a aceitação de missões de inspecção –, mas reafirma o compromisso anterior, mais vago.

“As pessoas ficarão muito admiradas e muito contentes e nós vamos tratar de um problema muito perigoso para o mundo”, disse Trump, admitindo estar “muito orgulhoso com o que aconteceu hoje”. O presidente norte-americano disse que tinha criado “uma ligação muito especial” com Kim e que a relação com a Coreia do Norte iria ser muito diferente daqui em diante.

“Decidimos deixar o passado para trás. O mundo assistirá a uma grande mudança. Gostaria de expressar a minha gratidão ao presidente Trump por fazer este encontro acontecer”, afirmou Kim Jong-un na altura em que o documento foi assinado. Trump disse que iria “sem dúvidas” convidar Kim Jong-un para visitar a Casa Branca.

Por outro lado, no mesmo texto, os Estados Unidos “garantem a segurança da Coreia do Norte”. “O presidente Trump compromete-se a fornecer as garantias de segurança” à Coreia do Norte, indica a primeira informação sobre o documento conjunto.

“Paz e prosperidade”

O documento refere também o estabelecimento de novas relações entre os dois países no sentido “da paz e da prosperidade” e a troca de restos mortais de prisioneiros e informações sobre soldados desaparecidos em combate durante a Guerra da Coreia, que ocorreu entre 1950 e 1953. Os corpos de mais de 7.800 militares norte-americanos continuam por localizar desde o final do conflito.

Numa conferência de imprensa promovida já depois da saída de Kim Jong-un de Singapura, Donald Trump referiu-se ao líder norte coreano como sendo alguém “muito inteligente” que iria colocar os pontos do acordo em prática.

Ontem o editorial do jornal norte-coreano Rodong referia que o país “vai procurar, através do diálogo, a normalização das relações” com um país (sem identificar qual), sempre que essa nação “respeitar a autonomia” norte-coreana.

 

 

China quer fim das sanções

A China, o principal aliado da Coreia do Norte, reagiu aos resultados da cimeira, falando de uma “nova história”. “A China apoia, porque é aquilo que temos esperado”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang. Geng lembrou o contributo da China para a resolução da questão norte-coreana, nomeadamente a proposta de “dupla suspensão”: o fim das manobras militares dos EUA e da Coreia do Sul na península coreana e, ao mesmo tempo, a paragem dos testes com armamento nuclear por parte da Coreia do Norte. “A proposta de suspensão por suspensão é a correcta e foi concretizada”, afirmou Geng, lembrando que Pequim “tem vindo a apelar aos dois lados para que mantenham o diálogo diplomático”. O porta-voz lembrou ainda a importância de os EUA “levarem seriamente e atenderem as preocupações com a segurança da Coreia do Norte”. “A outra parte deve também tomar medidas construtivas”, afirmou.

Além disto, a China sugeriu ontem que o Conselho de Segurança da ONU suspenda as sanções contra a Coreia do Norte, face às actuais iniciativas diplomáticas de Pyongyang, após a cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un. “As sanções não são uma finalidade em si”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, em conferência de imprensa. “Acreditamos que o Conselho de Segurança deve fazer esforços para apoiar as atuais iniciativas diplomáticas”, acrescentou.

No ano passado, o Conselho de Segurança aprovou de forma unânime a aplicação de sanções contra o regime de Kim Jong-un, face aos seus sucessivos testes atómicos, proibindo as exportações norte-coreanas de carvão, ferro, chumbo, têxteis e marisco. A China teve ainda de reduzir o fornecimento de petróleo e produtos petrolíferos refinados a Pyongyang.

 

 

Japão espera comportamento “responsável”

“Esperamos que a Coreia do Norte se comporte como um país responsável na comunidade internacional” a partir de agora, disse o porta-voz do executivo japonês numa conferência de imprensa. O responsável escusou-se a avaliar o resultado da cimeira até Trump telefonar ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, nas próximas horas para o informar, mas enfatizou “a liderança e o esforço do presidente Trump para tornar realidade [a reunião]”. Entretanto, o Japão lançou ontem um satélite destinado a vigiar as instalações militares da Coreia do Norte e conseguir imagens de áreas afectadas por desastres naturais, informou a Agência de exploração Aeroespecial do Japão (JAXA). O satélite do tipo radar foi lançado num foguete H-2ª do centro espacial Tanegashima, na província de Kagoshima (sudoeste), informou a Jaxa em comunicado. “O foguete voou como planeado e o satélite de colheita de dados foi devidamente separado.”

 

 

A ONU e a questão humanitária

O secretário-geral da ONU, António Guterres, estava confiante, na segunda-feira, de que a cimeira entre os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte permitirá avanços no sentido da paz e da desnuclearização da península coreana. “O mundo está a seguir de perto o que se vai passar dentro de horas em Singapura.” Guterres elogiou o “valor” dos dois líderes e disse esperar que eles possam “quebrar o perigoso ciclo que tanta preocupação causou o ano passado”. O objectivo, sublinhou, deve continuar a ser “a paz e a desnuclearização verificável”. Perante as potenciais dificuldades, Guterres assegurou que a ONU está pronta para apoiar o processo “de qualquer modo, incluindo a verificação, se for solicitado pelas partes-chave”. “Eles são os protagonistas”, insistiu, realçando que as Nações Unidas apenas oferecem a sua ajuda e que o seu único objectivo é o êxito das negociações. Guterres pediu, por outro lado, para que se preste atenção à situação humanitária na Coreia do Norte e recordou que a ONU está a tentar obter 111 milhões de dólares para dar resposta às necessidades imediatas de seis milhões de pessoas.

 

Seul diz que acordo “põe termo à Guerra Fria”

O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, saudou o acordo de Singapura entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte como um “acontecimento histórico que põe termo à Guerra Fria”. Moon Jae-in disse ainda que está preparado para iniciar uma nova etapa nas relações com a Coreia do Norte e que Pyongyang se comprometeu com a desnuclearização completa do seu arsenal. O chefe de Estado sul-coreano homenageou Kim e Trump pela sua “coragem e determinação”, considerando que cabe agora às duas Coreias virarem a página de um “passado sombrio, feito de guerra e confrontos”.

 

 

Calma em Pyongyang

A AFP, uma das poucas agências internacionais com delegação em Pyongyang, descreveu a capital norte-coreana, durante o decurso da cimeira entre Trump e Kim, como a “calma no centro da tempestade”. “Com poucas fontes de informação, além da imprensa estatal, rumores e passa-a-palavra, a maioria dos norte-coreanos está às cegas sobre o histórico evento, que potencialmente transformará as suas vidas”, descreve Eric Talmadge, correspondente da agência.

 

 

Bimi e costeletas de vitela

Costelas de vitela com verduras e molho de vinho ou “oiseon”, um prato típico coreano a base de pepino e carne, foram alguns dos pratos degustados nesta terça-feira por Donald Trump e Kim Jong-un durante a histórica cimeira. Pratos que homenageiam a comida americana e norte-coreana, bem como Singapura, a sede do encontro, foram os protagonistas do almoço entre os dois líderes e suas respectivas delegações. No começo, Trump e Kim experimentaram um cocktail de camarões com salada de abacate e um kerabu, um prato típico malaio de arroz com manga, lima e polvo fresco; ou o conhecido “oiseon”, um pepino cozido recheado de carne bastante popular na Coreia do Norte. Como prato principal, os líderes comeram costelas de vitela com batata gratinada e bimi, um vegetal que surgiu no Japão como um híbrido entre os brócolos e um tipo de couve oriental. O outro prato principal foi o zhao, um arroz frito do estilo Yangzhou (leste da China), igualmente homenageado pela comida de Singapura. Como sobremesa, Trump, Kim e o restante de suas delegações comeram sorvete de baunilha e torta de chocolate.

 

Ivanka deixa os chineses perplexos

Os chineses tentavam encontrar nesta terça-feira a origem de um suposto provérbio da sua cultura que Ivanka Trump, filha do presidente Donald Trump, publicou no Twitter poucas horas antes da reunião do seu pai com o líder norte-coreano Kim Jong Un. “O céptico não tem que interromper o que actua – Provérbio chinês”, escreveu no twitter Ivanka Trump na segunda-feira à noite. Esta referência deixou os internautas chineses perplexos e muitos tentaram encontrar a origem do suposto provérbio. “O nosso chefe de redacção não encontra de que provérbio se trata. Ajuda!”, pediu a conta oficial da Sina, a empresa que administra o Weibo. Em milhares de mensagens, os utilizadores do Weibo discutiram sobre a possível origem do provérbio e alguns criticavam directamente a filha de Trump. “Leu em um biscoito da sorte do Panda Express”, afirmou um internauta, em referência aos biscoitos de uma conhecida rede de comida chinesa nos Estados Unidos. Ivanka Trump é muito popular na China, sobretudo depois de publicar um vídeo de sua filha de seis anos recitando um poema em mandarim.

12 Jun 2018

Cimeira EUA/Coreia do Norte: Trump confiante e Kim destaca superação de obstáculos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s equipas do presidente dos Estados Unidos e do líder norte-coreano iniciaram uma reunião alargada, após um primeiro encontro de cerca 40 minutos entre os dois líderes, sem conselheiros e apenas com os tradutores.

À chegada à sala onde o encontro está a decorrer, Trump mostrou-se confiante de que ele e Kim Jong-un vão “resolver um grande problema, um grande dilema”.

No início da histórica cimeira em Singapura, o Presidente dos Estados Unidos disse “não ter dúvidas” de que iria ter um “ótimo relacionamento” com o líder norte-coreano.

“Antigos preconceitos e velhos hábitos têm sido obstáculos, mas superámos todos para nos encontrarmos aqui hoje”, disse por sua vez vez Kim Jong-un.

A cimeira histórica entre o Presidente dos Estados Unidos e o líder da Coreia do Norte teve início hoje, em Singapura, com um histórico aperto de mão entre Donald Trump Kim Jong-un.

Este é o primeiro encontro entre os líderes dos dois países depois de quase 70 anos de confrontos políticos no seguimento da Guerra da Coreia e de 25 anos de tensão sobre o programa nuclear de Pyongyang.

Este encontro histórico ocorre depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), face aos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington.

A cimeira começou pouco depois das 09:00 de terça-feira (02:00 em Lisboa), num hotel em Singapura, e resulta de uma corrida contra o tempo – com uma frenética atividade diplomática em Washington, Singapura, Pyongyang e na fronteira entre as duas Coreias -, em que houve anúncios, ameaças, cancelamentos e retratações surpreendentes.

12 Jun 2018

Coreias | Trump e Kim Jong-un encontram-se hoje em Singapura

É a primeira reunião bilateral de dois países que são inimigos declarados desde a década de 50, quando se deu a guerra da Coreia. Hoje Donald Trump reúne com Kim Jong-un em Singapura, numa altura em que a cidade-estado está sob fortes medidas de segurança. O programa nuclear da Coreia do Norte e uma possível pacificação das duas Coreias são os pontos principais da agenda de uma cimeira imprevisível

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] marcação da cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte tem estado sujeita a um imenso pingue-pongue diplomático, com declarações contraditórias de Donald Trump, presidente norte-americano, nos últimos meses. Mas a Casa Branca anunciou mesmo a realização do encontro bilateral para hoje, em Singapura. Desde o fim-de-semana que os dois líderes estão na cidade Estado. Ambos os países estão de costas voltadas desde os anos da Guerra da Coreia, ocorrida entre 1950 e 1953, pelo que os olhos do mundo estão depositados neste encontro.

A possibilidade da Coreia do Norte pôr termo ao seu programa nuclear é um dos pontos fortes da agenda, mas, de acordo com o académico Arnaldo Gonçalves, especialista em ciências políticas, tudo pode acontecer e é difícil fazer prognósticos antes dos líderes irem a jogo.

“Uma cimeira destas é imprevisível. Não se sabe o que poderá acontecer. Houve realmente uma preparação significativa, houve encontros ao mais alto nível e haverá com certeza uma agenda que nem a imprensa nem ninguém conhece, mas vamos a ver o que irá acontecer.”

O académico defende que seja construída “uma base de entendimento entre os dois países, que nunca foi tentada por outros presidentes e que estes pelos vistos estão a tentar criar. Se for criada também não é nada de original, porque já o foi entre o Estados Unidos e a União Soviética na crise de Cuba e depois foi mantida até ao final da URSS. Foi uma importante via de comunicação entre dois países que se conheciam mal”.

Se existir um acordo, será “uma coisa muito positiva e que pode ser continuada”. “Não há soluções milagrosas sobretudo como o mundo está. Cada país funciona pelo seu interesse nacional. O regime da Coreia do Norte é um regime estalinista, muito fechado, muito crispado. Tem as suas ambições politicas que são perceptíveis, não digo que são justificáveis, na reunificação da Coreia do Norte sob um regime comunista. Acho que a comunidade internacional, sobretudo os países democráticos, não podem aceitar uma coisa destas porque seria voltarmos atrás, num regresso a antes de 1989. Estou expectante, mas sobretudo não tenho nenhuma certeza.”

Mesmo sem certezas, Arnaldo Gonçalves levanta a ponta do véu do que poderá ser discutido hoje. “Provavelmente a estratégia é estabelecer uma linha de comunicação entre os dois lados, colocar a posição americana, que é a de um programa de desmilitarização acompanhado pelas autoridades internacionais que têm competência nesta matéria, haver um controlo do fechamento dos silos atómicos e das unidades de produção de misseis.”

Do lado da Coreia do Norte, os pontos de discussão podem passar “pela exigência do levantamento de todas as sanções, porque elas estão sobretudo a penalizar as exportações norte coreanas e a situação em termos económicos é terrível, mas no que diz respeita à elite, porque ele deve estar preocupado é com a elite e não com o povo norte coreano”. “A situação não deve ser nada fácil porque o dinheiro que foi transferido para o estrangeiro e que está em paraísos fiscais está congelado e eles não o podem movimentar”, acrescentou o académico.

A posição da China

Neste jogo, a China já mostrou apoiar a cimeira, de acordo com declarações recentes de Wang Li, professor chinês de relações internacionais na Universidade de Jilin. “Apesar de existirem diferentes visões sobre o envolvimento da China na península coreana (…) o papel da China na desnuclearização e estabilidade da região é tido como incontornável”, disse à agência Lusa, dias antes da cimeira.

Wang sustentou que, apesar de “alguns cépticos” temerem que a cimeira enfraqueça o papel da China e que uma possível reunificação da península coreana venha a constituir uma ameaça para o país a longo prazo, Pyongyang vai continuar a depender de Pequim.

De frisar que, em Março, Kim Jong-un visitou Pequim e encontrou-se com Xi Jinping, na sua primeira visita ao estrangeiro desde que assumiu a liderança da Coreia do Norte, há mais de seis anos. Menos de dois meses depois, Kim voltou a reunir-se com Xi, na cidade chinesa portuária de Dalian, no nordeste do país, numa cimeira surpresa.

O professor da universidade de Jilin explica que a China “precisa de estabilidade e paz nas suas fronteiras”. Caso a península seja pacificada, Pequim “pode então concentrar as suas energias” no Mar do Sul da China, que reclama quase na totalidade – apesar dos protestos dos países vizinhos -, e em Taiwan, cujos laços com o continente se deterioraram desde a eleição da Presidente Tsai Ing-wen, pró-independência, afirma Wang.

Para Arnaldo Gonçalves, “não podemos desvincular a China deste encontro, mas não sabemos, não temos ainda informações acerca de qual é a sua linha de influência em relação às negociações. A China esconde muito bem o jogo e é perita em fazê-lo e não sabemos que influência tem. Penso que a sua expectativa é que a situação se mantenha neste momento, porque lhe é favorável”.

Isto porque “se a posição do ocidente, e se a situação da Coreia evoluir para uma pacificação e uma reunificação dentro do modelo da Coreia do Sul, a China sente-se um pouco ameaçada porque seria um país democrata e uma economia liberal que funcionaria na sua fronteira oriental, e isso seria uma ameaça ao seu regime. O cenário que é mais favorável é tudo continuar como está, ou seja, existirem duas coreias que convivem sem estarem encrespadas ou em situação de guerra”.

Putin e Trump

Arnaldo Gonçalves traça ainda o retrato do posicionamento da Rússia neste contexto geopolítico, sobretudo numa altura em que o seu presidente, Vladimir Putin, já falou da vontade de reunir com Trump.

“Putin está na China porque a China, neste momento, tornou-se o pivot de todas estas negociações e ultrapassou o Putin e a União Soviética. Durante toda a Guerra Fria o principal fornecedor de armamento a toda a Coreia do Norte era a Rússia. Mas por via desta situação toda e devido a uma jogada de antecipação do presidente Xi, a China colocou-se no centro e a Rússia está absolutamente ultrapassada. O Putin vai visitar a China para tentar reposicionar-se outra vez nesta zona do mundo que é muito importante para a Rússia.”

O factor fundamental neste jogo são os recursos naturais. “Se olharmos para o mapa os grande oleodutos e gasodutos que vêm da Sibéria da zona central da Rússia, vêm desaguar na costa chinesa muito perto da fronteira com a Coreia. Aquilo é uma zona fundamental para os Russos fazerem valer o seu interesse”, rematou.

Singapura tem estado sob fortes medidas de segurança para uma cimeira que foi organizada a contra relógio. Donald Trump reuniu com Lee Hsien Loong, primeiro-ministro de Singapura, tendo referido, de acordo com a Reuters, que a cimeira de hoje “pode funcionar muito bem”. Aguardemos.

 

Coreia do Sul: espera-se um “marco histórico no caminho para a paz”

O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, disse hoje esperar que a cimeira que junta os presidentes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte seja “um marco histórico no caminho para a paz”.

“A cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, que o mundo tem estado a desejar, celebra-se amanhã [hoje] depois de uma longa espera”, disse o líder sul-coreano numa mensagem aos seus colaboradores, na qual disse desejar que surja um “acordo significativo” que seja “um marco histórico no caminho para a paz”.

Segundo o gabinete de imprensa do Presidente, que divulgou a mensagem, Moon Jae-in destacou a “sinceridade e determinação” dos dois líderes, mas ressalvou que as divergências entre os dois líderes dificilmente serão ultrapassadas numa só reunião.

“Mesmo que ambos iniciem o diálogo, podemos precisar de um longo processo que levará um ano, dois anos ou talvez mais para resolver completamente os problemas que nos ocupam”, disse o Presidente da Coreia do Sul, que teve um papel determinante no encontro entre Trump e o líder norte-coreano.

Nesse sentido, concluiu que é preciso “pensar a longo prazo” e sublinhou que para um processo com sucesso é preciso um “esforço sincero” não só das duas Coreias e dos Estados Unidos, mas também a “contínua cooperação” dos países vizinhos, como a China, Rússia e Japão, nações que participaram em anteriores negociações sobre a desnuclearização da península.

 

Cronologia de uma cimeira

8 março:

– Kim Jong-un convida Trump a reunir-se com ele, numa carta entregue em Washington por um enviado de Seul;

– No mesmo dia, e contra todos os prognósticos após meses de tensões e troca de insultos, o Presidente dos Estados Unidos aceita realizar a cimeira, sendo inicialmente apontada a data de finais de maio.

13 março:

– Trump demite abruptamente o secretário de Estado, Rex Tillerson, e substitui-o pelo então diretor da CIA, Mike Pompeo, um dos seus “falcões”, cuja linha dura em matéria de política externa faz temer pelo futuro da cimeira com Pyongyang.

25-28 março:

– Kim Jong-un vai em segredo à China e reúne-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, naquela que foi a sua primeira viagem ao estrangeiro e a sua primeira cimeira desde que chegou ao poder, em 2011.

09 abril:

– Donald Trump diz que o seu histórico encontro com Kim poderá realizar-se “em maio ou princípios de junho”.

18 abril:

– O Governo norte-americano informa que Mike Pompeo se deslocou à Coreia do Norte e se reuniu com o dirigente norte-coreano em finais de março para acertar pormenores sobre as condições do encontro entre os líderes de Washington e Pyongyang.

21 abril:

– A Coreia do Norte anuncia que suspende os seus testes nucleares e balísticos e que encerrará o centro de ensaios atómicos do nordeste do país, onde realizou os seus seis testes nucleares, no que representou uma importante concessão com vista à realização dos encontros de Kim com os Presidentes da Coreia do Sul e dos Estados Unidos.

27 abril:

– Kim Jong-un e o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, realizam na fronteira, na zona desmilitarizada, a primeira cimeira entre as duas Coreias em 11 anos, na qual acordam trabalhar para alcançar a paz e a desnuclearização da península.

07-08 maio:

– O Presidente chinês e o líder norte-coreano voltam a reunir-se de surpresa na cidade chinesa de Dalian, e o encontro desperta receios em Washington.

08 maio:

– O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, vai a Pyongyang pela segunda vez num mês e torna a reunir-se com Kim.

09 maio:

– Trump anuncia que Pompeo regressa de Pyongyang trazendo os três cidadãos norte-americanos que estavam presos na Coreia do Norte e classifica a sua libertação como “um gesto positivo de boa vontade”.

10 maio:

– O Presidente norte-americano revela que a cimeira com o líder norte-coreano será a 12 de junho em Singapura.

16 maio:

– A Coreia do Norte ameaça cancelar a cimeira com os Estados Unidos em protesto contra manobras militares de Seul e Washington.

24 maio:

– Pyongyang acusa Washington de pôr em perigo a cimeira de Kim e Trump por fazer comentários “estúpidos”, referindo-se a declarações do vice-presidente norte-americano, Mike Pence, e do conselheiro de Trump para a Segurança Nacional, John Bolton, sobre a imposição do modelo líbio para a sua desnuclearização;

– Horas depois, o Presidente Trump cancela abruptamente a cimeira com Kim Jong-un, devido à “tremenda ira e hostilidade” do regime;

– Ao mesmo tempo, a Coreia do Norte destrói com explosões os túneis do seu centro de testes nucleares de Punggye-ri, no nordeste do país, na presença de imprensa estrangeira.

25 maio:

– Trump volta a mostrar-se disponível para se reunir com Kim depois de o regime norte-coreano ter manifestado a intenção de retomar o diálogo “em qualquer momento e de qualquer forma”.

26 maio:

– Os líderes das duas Coreias realizam em segredo e de surpresa a sua segunda reunião em apenas um mês para tentar melhorar as suas relações e salvar a cimeira de Kim Jong-un e Donald Trump.

30 maio:

– O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, recebe em Nova Iorque o ‘número dois’ do regime norte-coreano, o general Kim Yong-chul.

01 junho:

– O militar norte-coreano é recebido na Casa Branca por Trump, que confirma que a cimeira com o líder de Pyongyang continua de pé para 12 de junho, em Singapura.

 

12 Jun 2018

Admiração chinesa por Putin reflecte sentimento anti-ocidental

Reportagem de João Pimenta, da Agência Lusa
[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilhões de chineses declararam-se fãs do líder russo, Vladimir Putin, segundo uma pesquisa ‘online’ realizada nas vésperas da sua visita à China, ilustrando o ressentimento antiocidental no país, apesar das reformas económicas pró-capitalistas das últimas décadas.

“É seguro afirmar que Putin tem mais apoiantes na China do que qualquer outro líder estrangeiro”, afirmou Li Xing, diretor do Centro de Estudos da Eurásia, da Beijing Normal University, citado pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.

Dezenas de biografias e ensaios sobre Putin estão hoje disponíveis na China, onde o atual Presidente, Xi Jinping, pôs fim à noção de liderança coletiva que perdurou no país nas últimas décadas, assumindo-se como o líder chinês mais forte desde Mao Zedong, o fundador da República Popular.

“Putin: Ele Nasceu para a Rússia”, “O Punho de Ferro de Putin”, “Putin: O Homem Perfeito aos Olhos das Mulheres” e “O Charme do Rei Putin” são alguns dos títulos expostos nas livrarias chinesas.

Coletâneas de discursos e entrevistas de Putin estão também publicadas na China, numa distinção rara para um estadista estrangeiro.

Uma pesquisa ‘online’ realizada pela emissora estatal China Media Group, ao longo de uma semana, com a questão “Quem é fã de Putin?” foi preenchida por cerca de dez milhões de internautas chineses, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

“Putin tornou-se um ícone político, duro e implacável, na resistência à hegemonia do ocidente”, afirma um estudante chinês de 26 anos, formado em Relações Internacionais. “Ele é um grande estadista, que renovou as esperanças e a fé do povo russo após a desintegração da União Soviética”, acrescentou.

No Sina Weibo, o Twitter chinês, um internauta explica a admiração dos chineses por Putin assim: “Gostamos dele porque o mundo ocidental teme-o”.

O próprio Presidente chinês, que este ano emendou a Constituição para poder permanecer no poder sem limite de mandatos, admitiu já que ele e Putin têm “personalidades semelhantes”.

A admiração é reciproca. Numa entrevista recente a uma emissora estatal chinesa, Vladimir Putin afirmou que Xi é o único líder mundial que ele convidou para a sua festa de aniversário.

“Bebemos um ‘shot’ de vodka e comemos umas salsichas no final de um dia de trabalho”, afirmou.

O líder russo considerou Xi um “parceiro agradável” e “um amigo de confiança”.

A Rússia e a China alinharam já posições nas Nações Unidas, ao oporem-se a uma intervenção na Síria e anularem tentativas de criticar as violações dos direitos humanos pelos dois países.

Moscovo apoia a oposição de Pequim à navegação da marinha norte-americana no Mar do Sul da China.

Ambos os países realizaram já exercícios militares conjuntos, incluindo no Báltico. A Rússia partilhou também com a China alguma da sua tecnologia militar mais avançada.

A nível económico, no entanto, a cooperação segue aquém da cooperação política e no âmbito da segurança.

A China é o principal parceiro comercial da Rússia, enquanto a Rússia surge em décimo lugar entre os parceiros de Pequim. O comércio bilateral fixou-se, em 2017, em 90 mil milhões de dólares (76 mil milhões de euros).

Em comparação, as trocas comerciais entre Pequim e Washington ascenderam a 636 mil milhões de dólares (538 mil milhões de euros), no mesmo período, com os EUA a registaram um deficit de 375,2 mil milhões de dólares (mais de 317 mil milhões de euros).

Putin visita entre hoje e domingo a China, onde participará no fórum da Organização de Cooperação de Xangai, organização que reúne vários países da eurásia e é dedicada a questões de segurança.

11 Jun 2018

Xi Jinping saúda alargamento de fórum regional à Índia e Paquistão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, saudou a entrada da Índia e do Paquistão na Organização de Cooperação de Xangai, cuja reunião decorreu em contraste com a cimeira do G7. Xi deu as boas-vindas ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e ao Presidente do Paquistão, Mamnoon Hussain, afirmando que a presença destes é de “um grande significado histórico”.

O líder chinês falava durante a abertura da cimeira da OCX, na cidade portuária de Qingdao, norte da China. Os dois países aderiram àquele bloco como membros permanentes no ano passado.

“Mais estados-membros significa mais força para a organização, assim como mais atenção e expectativas dos povos dos países da região e da comunidade internacional”, disse Xi, acrescentando que o país partilha, “também, grandes responsabilidades na manutenção da segurança e estabilidade regionais e na promoção do desenvolvimento e prosperidade”.

O bloco liderado por Pequim é visto como uma tentativa de desafiar a ordem global assegurada pelo ocidente. O grupo é dominado pela China e Rússia e inclui ainda o Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tajiquistão.

Fundado em 2001, foi inicialmente concebido como um mecanismo de resolução de disputas fronteiriças, de luta antiterrorismo e, de forma mais implícita, para contrariar a influência norte-americana na Ásia Central, após a invasão do Afeganistão.

Nos últimos anos, o fórum ganhou uma componente mais económica, impulsionado pela iniciativa chinesa “Nova Rota da Seda”, um gigante projeto de infraestruturas que visa reativar as antigas vias comerciais entre a China e a Europa através da Ásia Central.

O projecto não é bem recebido por todos os membros do bloco, particularmente a Índia, que recusou apoiá-lo. Também a Rússia está cautelosa face à crescente influência da China, pelo que, apesar de ter apoiado a iniciativa, está também a tentar expandir a sua preponderância política e económica na região, através de uma união aduaneira designada União Económica da Eurásia.

A China desvalorizou preocupações de que a organização visa projectar a influência de Pequim no exterior.

O Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, afirmou em editorial que, ao contrário das organizações ocidentais como a NATO e o G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo), que procuram “consolidar a ordem económica global favorável ao ocidente”, a Organização de Cooperação de Xangai é inclusiva. “Não se trata de um instrumento para jogos de geopolítica, de procura de hegemonia ou de engrenagem em confrontação internacional”, lê-se.

Mas à medida que as disputas comerciais com Washington se agravam, Pequim têm-se aproximado mais de Moscovo e Nova Deli. Na sexta-feira, Xi ofereceu ao presidente russo, Vladimir Putin, a primeira Medalha de Amizade da China, numa cerimónia em Pequim. No sábado, Xi reuniu com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pela segunda vez em dois meses, tendo assinado acordos comerciais e de partilha de informação sobre as águas do rio Brahmaputra, que corre entre os dois países.

A aparição altamente coreografada de Xi Jinping na abertura do fórum, marcou um contraste claro com a cimeira do G7, que terminou no sábado no Canadá, tendo ficado marcada pelas crescentes fricções entre os Estados Unidos e os seus aliados em torno do comércio.

11 Jun 2018

EUA/Coreia do Norte: China “apoia” cimeira mas com “reservas”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] professor chinês de Relações Internacionais Wang Li afirma que, “no geral”, a China apoia a cimeira entre Coreia do Norte e Estados Unidos, admitindo existirem algumas “reservas” face à aproximação de Pyongyang a Washington.

“Apesar de existirem diferentes visões sobre o envolvimento da China na península coreana (…) o papel da China na desnuclearização e estabilidade da região é tido como incontornável”, disse à agência Lusa, dias antes da cimeira, Wang, formado em Ciência Política pela universidade inglesa de Aberdeen, e professor na Universidade de Jilin, província chinesa situada junto à fronteira com a Coreia do Norte.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu homólogo da Coreia do Norte, Kim Jong-un, reúnem-se na terça-feira, em Singapura, num encontro histórico que ocorre depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), face aos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington.

Wang sustenta que, apesar de “alguns cépticos” temerem que a cimeira enfraqueça o papel da China e que uma possível reunificação da península coreana venha a constituir uma ameaça para o país a longo prazo, Pyongyang vai continuar a depender de Pequim.

“A RPDC [República Popular Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte] precisa da China como tremenda retaguarda estratégica, que funciona desde aliado ideológico, parceiro político, fornecedor de apoio económico e tecnologia, modelo institucional até janela para o mundo exterior”, defende.

O académico recorda ainda que Kim Jong-un precisa de uma retaguarda forte na aproximação a Donald Trump, por “motivos simbólicos e reais”.

Pequim e Pyongyang combateram lado a lado contra os EUA na Guerra da Coreia e a relação entre os dois países costumava ser descrita como sendo “unha com carne”.

Nos mapas chineses impressos até há cerca de 20 anos, a península coreana correspondia a apenas um país, a RPDC, com a capital em Pyongyang. Seul tinha então o estatuto de cidade de província.

No entanto, a insistência do regime norte-coreano em desenvolver um controverso programa nuclear levou Pequim a afastar-se do país, consciente que este representava um embaraço para a sua diplomacia e uma fonte de instabilidade regional.

No entanto, os dois lados reaproximaram-se, à medida que Kim embarca numa ofensiva diplomática e põe a hipótese da desnuclearização, em troca de garantias de segurança.

Em Março passado, Kim Jong-un visitou Pequim e encontrou-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, na sua primeira visita ao estrangeiro desde que assumiu a liderança da Coreia do Norte, há mais de seis anos. Menos de dois meses depois, Kim voltou a reunir-se com Xi, na cidade chinesa portuária de Dalian, no nordeste do país, numa cimeira surpresa.

Wang explica que a China “precisa de estabilidade e paz nas suas fronteiras”.

Caso a península seja pacificada, Pequim “pode então concentrar as suas energias” no Mar do Sul da China, que reclama quase na totalidade – apesar dos protestos dos países vizinhos -, e em Taiwan, cujos laços com o continente se deterioraram desde a eleição da Presidente Tsai Ing-wen, pró-independência, afirma Wang.

Outra vantagem no regresso ao diálogo na península é “a promoção da imagem da China como mediadora da paz e grande potência responsável”, diz o académico, numa altura em que Pequim abdica do tradicional perfil discreto na cena internacional e reclama a liderança na governação de questões globais.

“A China é o principal país a defender o diálogo a seis na península”, que envolve ainda Rússia, EUA, Japão, Coreia do Sul e Coreia do Norte, “se essa proposta avançar, será verdadeiramente um grande sucesso para a imagem internacional da China”, conclui Wang.

11 Jun 2018

Dennis Rodman pode participar na cimeira entre Trump e Kim

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] antigo jogador da NBA e concorrente do “The Celebrity Apprentice”, apresentado por Donald Trump, pode ser o elemento surpresa no histórico encontro entre os líderes norte-americano e norte-coreano, que se realiza no dia 12 de Junho, em Singapura. Rodman visitou a Coreia do Norte cinco vezes e é um improvável amigo de Kim Jong-un, uma vez que o líder do país mais isolado do mundo é um fã da NBA, em particular dos Chicago Bulls.

A presença de Rodman no encontro não foi oficialmente confirmada por nenhuma das partes, mas uma fonte explicou ao The New York Post que “muitas vezes, em casos diplomáticos complexos, os países procuram encontrar embaixadores de boa vontade [que ajudem na aproximação”. “Quer se goste ou não, Dennis Rodman preenche todos os requisitos”, disse a mesma fonte ao referido jornal.

Outro dos agentes da ex-estrela da NBA, Chris Volo, que acompanhou Rodman em quatro das cinco visitas realizadas a Pyongyang, revelou ao The Washington Post que o jogador “adorava ir, mas que existem alguns detalhes logísticos a tratar antes de confirmar a viagem”.

Volo referiu ainda que acredita que Dennis Rodman ficaria muito feliz perante a oportunidade de marcar presença na cimeira de Singapura, para “prestar apoio moral”.

O polémico ex-atleta é um dos poucos ocidentais com “livre acesso” à Coreia do Norte. A primeira das cinco vezes que visitou Pyongyang foi em 2013 e, na altura, considerou o líder norte-americano “um amigo para a vida”. Rodman descreveu sempre as suas viagens como sendo “diplomacia de basquetebol” e, em Junho do ano passado, disse que “tentava apenas abrir a porta” a um entendimento entre os dois países com a sua presença na Coreia do Norte.

O fascínio da família Kim com a NBA já tem alguma história. Há 18 anos, no final de uma histórica visita à Coreia do Norte, a secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright, ofereceu a Kim Jong Il, pai do actual líder, uma prenda inesperada: uma bola de basquetebol assinada por Michael Jordan, a icónica estrela dos Chicago Bulls.

O agente de Dennis Rodman, Darren Prince, revelou ontem à CNN que apesar de “ainda não haver planos, ou voos marcados” o antigo jogador de basquetebol está a considerar viajar para Singapura, até porque é a única pessoa no mundo que conhece os dois chefes de Estado.

 

 

8 Jun 2018

Secretas | “Ataque acústico” levam EUA a retirar funcionários da China

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] s Estados Unidos retiraram vários funcionários governamentais de Cantão, sul da China, depois de testes médicos terem revelado sintomas semelhantes aos causados pelos “ataques acústicos” em Cuba, no ano passado, informou o Departamento de Estado.

A porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, revelou que “várias pessoas” foram levadas para os EUA, para além de uma outra que anteriormente registou sintomas semelhantes. Os funcionários foram retirados juntamente com as famílias depois de um segundo caso de um funcionário do consulado em Cantão ter sentido dor de cabeça, sonolência e náuseas, levando Washington a enviar uma equipa médica para realizar análises.

A China reafirmou ontem que “não encontrou causas ou pistas” sobre possíveis ataques a diplomatas dos EUA no país. “Há pouco, num outro caso de um diplomata norte-americano, a China realizou investigações e informou os EUA de que não encontramos sequer pistas” de que se trata de um ataque deliberado, afirmou ontem a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, em conferência de imprensa.

Alerta sonoro

No primeiro caso, ocorrido no mês passado, um alerta de saúde emitido pela embaixada norte-americana em Pequim revelava que “um funcionário do Governo dos EUA reportou recentemente sensações subtis e vagas, mas anormais, de ruído e pressão”. Hua disse que o segundo alegado caso não foi sequer oficialmente notificado à diplomacia chinesa. “Se há realmente algum problema, esperamos que os EUA possam comunicá-lo directamente, para que a China adopte uma atitude responsável e investigue”, acrescentou.

O Departamento de Estado comparou estes casos com os ocorridos, no ano passado, com 24 diplomatas norte-americanos e respectivos familiares estacionados em Cuba, que experimentaram misteriosos “ataques acústicos”, que provocaram sintomas como perda auditiva, náuseas, tonturas, dor facial, dor abdominal, problemas cognitivos e danos cerebrais.

No caso de Cuba, a imprensa norte-americana escreveu mais tarde que o FBI não conseguiu determinar a causa dos sintomas, apesar das acusações de Washington.

Funcionários do Departamento de Estado insistiram, no entanto, que as pistas apontavam todas para um ataque coordenado.

8 Jun 2018

Diplomacia | Presidente Russo visita Pequim para reforçar laços

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] Presidente russo, Vladimir Putin, começa hoje uma visita de Estado à China, um mês depois de iniciar um novo mandato, o que ilustra a reaproximação entre Pequim e Moscovo face à crescente pressão dos Estados Unidos.

A Rússia e a China têm reagido à estratégia de segurança nacional norte-americana, que classifica os dois países como os principais rivais dos EUA, com o compromisso de reforçarem a sua cooperação económica, política e militar.

A reaproximação entre Pequim e Moscovo é impulsionada pela forte relação pessoal entre Putin e o Presidente da China, Xi Jinping, considerado o líder chinês mais forte desde Mao Zedong, o fundador da República Popular.

Os dois líderes reuniram já por 25 vezes, cinco das quais no ano passado. Sublinhando a sua relação próxima com Xi, Putin afirmou a uma emissora estatal chinesa que o Presidente chinês é o único líder mundial que ele já convidou para a sua festa de aniversário.

“Bebemos um ‘shot’ de vodka e comemos umas salsichas no final de um dia de trabalho”, afirmou Putin, na entrevista difundida na quarta-feira. O líder russo considerou Xi um “parceiro agradável” e “um amigo de confiança”.

Os dois líderes reforçaram o autoritarismo nos respetivos países para travarem qualquer oposição às suas lideranças.

Xi emendou a constituição para poder permanecer no poder sem limite de mandatos, enquanto Putin, o líder russo há mais tempo no poder desde Josef Stalin, acabou de ser reeleito para o sexto mandato.

Moscovo depende cada vez mais do comércio e investimento chineses, após uma vaga de sanções impostas pelos países ocidentais atingir o seu sector energético e indústrias militares e limitar o acesso do país aos mercados financeiros mundiais.

Unidos contra os estados

“Durante a última década, desenvolvemos as relações para um nível sem paralelo no mundo actual”, afirmou Putin na entrevista. “Estas relações são baseadas na consideração de interesses mútuos”, afirmou.

Entretanto, as fricções entre a China e os EUA agravaram-se, face a uma possível guerra comercial e às críticas de Washington à reclamação por Pequim da soberania do Mar do Sul da China.

“Tudo o que os EUA fazem para tentar sancionar a Rússia e restringir a China levam os dois países a elevar a cooperação a todos os níveis”, afirmou Li Xin, director do Centro de Estudos da Rússia e Ásia Central do Instituto de Estudos Estrangeiros de Xangai, citado pela agência Associated Press.

A Rússia e a China alinharam já posições nas Nações Unidas, ao oporem-se a uma intervenção na Síria e anularem tentativas de criticar as violações dos direitos humanos pelos dois países.

Moscovo apoia a oposição de Pequim à navegação da marinha norte-americana no Mar do Sul da China. Ambos os países realizaram já exercícios militares conjuntos, incluindo no Báltico. A Rússia partilhou também com a China alguma da sua tecnologia militar mais avançada.

No nível económico, no entanto, a cooperação segue aquém da cooperação política e no âmbito da segurança. A China é o principal parceiro comercial da Rússia, enquanto a Rússia surge em décimo lugar entre os parceiros de Pequim.

O comércio bilateral fixou-se, em 2017, em 90 mil milhões de dólares.

Em comparação, as trocas comerciais entre Pequim e Washington ascenderam a 636 mil milhões de dólares, no mesmo período, com os EUA a registaram um deficit de 375,2 mil milhões de dólares.

8 Jun 2018

China | Resgatados 23 mineiros após explosão que fez 11 mortos

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m total de 23 trabalhadores foram resgatados com vida após uma explosão numa mina de ferro, na província chinesa de Liaoning, no nordeste do país, que fez pelo menos 11 mortos, noticiou ontem a imprensa estatal.

A explosão ocorreu na terça-feira às 16h10 à entrada da mina, na cidade de Benxi, depois de os mineiros atirarem explosivos pelo poço da mina, a cerca de mil metros de profundidade, indicou a agência noticiosa oficial Xinhua. A detonação destruiu o sistema de elevação da mina e deixou 25 mineiros presos, a maioria dos quais foi resgatada durante a madrugada de ontem. As equipas de resgate continuam a tentar localizar os restantes mineiros.

Todos os mineiros resgatados não estão em perigo de vida, apesar de cinco deles terem ferimentos graves e estarem a receber tratamento hospitalar, segundo a Xinhua, que citou as autoridades locais.

No ano passado, morreram 375 pessoas em 219 acidentes em minas na China, segundo dados oficiais, o que faz das minas chinesas, sobretudo as de carvão, das mais perigosas do mundo. No início da década passada, o número de mortos em acidentes em minas chinesas chegou a atingir os sete mil por ano.

Cerca de dois terços da energia consumida no “gigante” asiático é produzida através da combustão de carvão.

Muitos acidentes ocorrem em depósitos que operam ilegalmente e não colocam em prática medidas de segurança básicas.

7 Jun 2018

Site disponibiliza informações de locais “amigos das tatuagens”

[dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]m novo site japonês disponibiliza informações sobre banhos termais e praias que permitem a entrada de pessoas com tatuagens no corpo, algo raro num país onde as tatuagens ainda são, muitas vezes, associadas à máfia. A página “Tattoo Friendly” pretende ser uma referência para turistas estrangeiros tatuados que querem ir a hotéis, spas, ou piscinas no Japão, entre outros locais públicos, onde normalmente há restrições de entrada às pessoas com tatuagens.

A ideia surgiu porque “a comunicação é difícil devido à língua” e desta forma os turistas podem “aceder a novos conteúdos”, afirmou o criador do site, Miho Kawasaki. O responsável da “Tattoo Friendly” disse ainda não fazer sentido continuar a aplicar medidas “rígidas e restritivas” contra as tatuagens por causa da associação das tatuagens a grupos criminosos, como a ‘yakuza’ (máfia japonesa).

O site, lançado em inglês a 28 de Maio, já registou mais de 10.000 visualizações e permite aos utilizadores verem o mapa do arquipélago japonês e verificar as regras de acesso relacionadas com a permissão de tatuagens em vários tipos de estabelecimentos.

Kawasaki quer combater os preconceitos e, desta forma, evitar situações difíceis para os turistas, quando confrontados com a proibição de entrada nos locais.

Mais de metade dos estabelecimentos termais e banhos públicos no Japão não permitem tatuagens, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Governo nipónico em 2015.

7 Jun 2018

Airbnb suspende grande maioria dos anúncios no Japão

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] plataforma de arrendamento turístico Airbnb suspendeu ontem a grande maioria dos anúncios no Japão devido a uma nova lei imposta pelo Governo nipónico, que entra em vigor na próxima semana, para supervisionar a actividade.
Os proprietários que queiram arrendar as casas através desta plataforma têm de se registar junto das autoridades, um procedimento que muitos ainda não fizeram. Além deste procedimento administrativo, a lei impõe várias restrições, como a limitação do período de arrendamento a 180 noites por ano por habitação.
A cidade de Kyoto decidiu que só vai permitir arrendamentos deste tipo em áreas residenciais entre meados de Janeiro e meados de Março, ou seja, fora da temporada turística. Em Tóquio, muitos distritos, como Shinjuku, também tomaram medidas deste tipo.
“Neste fim de semana, entrámos em contacto com aqueles que ainda não se registaram e informámos os proprietários que não podem arrendar as casas”, a partir de 15 de Junho, quando a lei entra em vigor, afirmou o porta-voz do Airbnb para a região da Ásia Pacífico, Jake Wilczynski.
O representante da Airbnb não indicou o número de utilizadores da plataforma que vão ser afectados, mas os ‘media’ locais informaram que cerca de 80 por cento das mais de 60.000 residências registadas vão ter de encerrar.
“Estamos no caminho certo para registar dezenas de milhares de novos anúncios no Japão nos próximos meses”, disse Wilczynski.
O número de turistas no Japão tem vindo a aumentar ao longo dos anos e em 2017 o arquipélago recebeu quase 29 milhões de turistas. As autoridades esperam atrair 40 milhões de visitantes estrangeiros em 2020, ano dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

7 Jun 2018

Regulador encerra pela primeira vez um operador de moeda virtual no Japão

O regulador japonês do sector de criptomoedas vai retirar, pela primeira vez, a permissão de operação de uma correctora de moeda virtual por violação de regulamentos, anunciaram os ‘media’ locais

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] agência de serviços financeiros do Japão (FSA) decidiu rejeitar o pedido de registo da correctora de criptomoedas FSHO, fundada em 2014, o que na prática significa que vai ter de cessar a atividade. O regulador nipónico tomou esta decisão depois de concluir que a FSHO não aplica os protocolos necessários para verificar a identidade dos utilizadores, de acordo com o jornal económico Nikkei.

Esta é a primeira vez que a FSA nega permissão a uma casa de câmbio digital de poder operar, embora no passado já tenha suspendido outras empresas do sector. A FSHO já tinha sido advertida em Março, sendo mesmo forçada a suspender temporariamente a actividade. Esta penalização foi prorrogada em Abril porque a operadora continuou a não aplicar os requisitos de transparência destinados a impedir o branqueamento de dinheiro ou outros crimes financeiros.

 

Regulador atento

As autoridades japonesas intensificaram a vigilância deste mercado no país, na sequência de um ataque informático e consequente desaparecimento de 523 milhões da divisa virtual NEM, cujo valor total ascendia a 58 mil milhões de ienes (430 milhões de euros), na maior casa de câmbio de criptomoedas no país, Coincheck.

Em 2014, o Japão foi palco do escândalo Mt.Gox, na altura a maior casa de câmbio de criptomoedas, que faliu após o desaparecimento de 850 mil unidades de Bitcoin, num valor estimado de 48 mil milhões de ienes (368 milhões de euros).

O Japão é o segundo maior mercado mundial deste tipo de divisas e, em Abril último, passou a ser o primeiro país a reconhecê-las como forma de pagamento e a estabelecer requisitos legais para que as casas de câmbio possam operar de forma segura e para prevenir delitos como o branqueamento de capitais.

7 Jun 2018

Ébola | Governo chinês envia médicos e vacina para República Democrática do Congo

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]equim enviou esta semana uma equipa de médicos chineses para a República Democrática do Congo com uma vacina produzida na China para ajudar na luta contra o ébola, informou ontem o jornal oficial em língua inglesa China Daily.

A equipa, composta por quatro especialistas em saúde pública do Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças (CCDC, na sigla em inglês) e sete de outras instituições, incluindo a Academia de Ciências Médicas Militares, vai avaliar a situação e ajudar no combate ao vírus. Os especialistas vão permanecer no país durante um mês, segundo o plano inicial, afirmou Gao Fu, director do CCDC, citado pelo China Daily.

A vacina, desenvolvida em conjunto pela Academia de Ciências Médicas Militares e a CanSinobio, empresa chinesa encarregue do desenvolvimento e produção de vacinas, foi aprovada em Outubro passado pelo regulador chinês para os medicamentos. A China torna-se assim o terceiro país, a seguir aos Estados Unidos e Rússia, a conceber uma vacina para combater o ébola.

A taxa de mortalidade do vírus está fixada entre 25 e 90 por cento, segundo a Organização Mundial de Saúde.

O ministério da Saúde da República Democrática do Congo (RDCongo) contabilizou até Sábado 25 mortes por ébola em 53 casos confirmados ou suspeitos. A epidemia teve início a 8 de Maio em Bikoro, junto à fronteira com a República do Congo, 600 quilómetros ao norte de Kinshasa, capital da RDCongo, e atingiu também a cidade de Mbandaka, com 1,2 milhões de habitantes.

Trata-se da nona vez que a RDCongo é atingida por uma epidemia de Ébola desde o surgimento da doença no território deste país da África Central em 1976.

7 Jun 2018

Facebook partilhou dados de utilizadores com grupo Huawei

O Facebook admitiu ontem ter partilhado dados de utilizadores com quatro empresas chinesas, incluindo o grupo de telecomunicações Huawei, que Washington considera uma ameaça à segurança nacional, agravando a pressão sobre a política de privacidade da empresa

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s fabricantes chineses Huawei, Lenovo, OPPO e TCL estão entre as empresas com quem o grupo partilhou dados, de forma “controlada”, admitiu o vice-presidente do grupo Francisco Varela, em comunicado. A partilha fazia parte de um acordo entre o Facebook e os fabricantes para facilitar o acesso dos utilizadores aos serviços da rede social. A nota surge após uma investigação do jornal The New York Times ter revelado que o Facebook estabeleceu acordos com 60 fabricantes de dispositivos móveis, que tiveram acesso, sem o consentimento explícito, a vários dados pessoais dos utilizadores, como religião, tendências políticas, amigos, eventos e estado civil.

O Huawei esteve sob investigação pelo Congresso dos Estados Unidos, que num relatório de 2012 considerou que a firma tem uma relação próxima com o Partido Comunista Chinês.

Agências governamentais e o exército norte-americano baniram recentemente telemóveis fabricados pela Huawei devido a questões de segurança. “Queremos clarificar que toda a informação partilhada com o Huawei foi armazenada nos dispositivos e não nos servidores do Huawei”, afirmou Varela.

“Justo e transparente”

Em Abril passado, Zuckerberg esteve no Congresso norte-americano para testemunhar no caso que envolve a empresa Cambridge Analytica, que usou, indevidamente, dados de 87 milhões de utilizadores do Facebook. Em Maio, Zuckerberg foi ouvido no Parlamento Europeu e pediu desculpa pelo uso indevido de dados pessoais dos utilizadores.

A Huawei tem escritórios em Lisboa, onde conta também com um centro de inovação e experimentação. Segundo a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), desde 2004, a firma chinesa investiu 40 milhões de euros em Portugal.

O Governo chinês pediu ontem aos Estados Unidos que facilitem “um ambiente justo e transparente para que as empresas chinesas operem e invistam”, em resposta à denúncia de acesso a dados do Facebook por grupos tecnológicos chineses.

A porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, disse em conferência de imprensa que o ministério não comenta o caso, por se tratar de “cooperação entre empresas privadas”, mas insistiu na necessidade de que os EUA tratem de forma justa e transparente as firmas chinesas.

7 Jun 2018

Cimeira entre Trump e Kim vai decorrer em hotel de luxo em ilha de Singapura – Casa Branca

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] encontro histórico entre o Presidente norte-americano e o líder norte-coreano vai decorrer num hotel de luxo na ilha Sentosa, em Singapura, a 12 de junho, anunciou a porta-voz da Casa Branca.

O encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un vai começar às 09:00 (02:00 em Lisboa), indicou Sarah Sanders, na terça-feira, na sua páginal oficial da rede Twitter.

“A cimeira de Singapura entre o Presidente dos EUA e o líder Kim Jong-Un será no Capella Hotel, na ilha Sentosa”.

De acordo com a agência noticiosa norte-americana Associated Press, eram já visíveis, na terça-feira, os trabalhos preparatórios no ‘resort’, com as fachadas a serem pintadas, tapetes vermelhos a ser estendidos e a segurança reforçada na ilha, no sul de Singapura, com cerca de cinco quilómetros quadrados e 1.690 moradores.

A reunião entre Trump e Kim será a primeira entre líderes destes dois países após quase 70 anos de confrontação iniciados com a Guerra da Coreia (1950-53) e de 25 anos de negociações fracassadas e de tensões por causa do programa nuclear do regime de Pyongyang.

Depois de vários avanços e recuos, incluindo mesmo um anúncio por parte de Trump sobre o cancelamento da cimeira em reação “à hostilidade” manifestada pela Coreia do Norte, os dois lados retomaram os contactos e as negociações para o encontro histórico e confirmaram, novamente, a realização da reunião em Singapura a 12 de junho, a data avançada desde o início.

A nova confirmação aconteceu na passada sexta-feira, depois de Trump ter recebido na Casa Branca, em Washington, o general Kim Yong-chol, apresentado como o braço direito do líder norte-coreano.

No final do encontro, Trump declarou que a Coreia do Norte pretende desnuclearizar-se e sugeriu que o diálogo com Pyongyang será “um processo coroado de sucesso”.

Após considerar que a reunião com o enviado norte-coreano “correu muito bem”, o chefe da Casa Branca reiterou que o encontro de dia 12 será “um começo”.

6 Jun 2018

Diplomacia | Visita de Putin considerada como de “grande significado”

A futura visita do presidente russo Vladimir Putin à China é de grande significado para o planeamento da próxima fase das relações sino-russas, reiterou o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi

 

[dropcap style≠’circle’]W[/dropcap]ang Yi comentou a importância da visita do líder máximo russo quando se encontrou com o seu homólogo, Sergei Lavrov, no passado domingo durante a reunião dos chanceleres dos BRICS, em Joanesburgo, África do Sul.

O presidente Putin realizará uma visita de Estado à China entre os dias 8 e 10 de Junho e participará na cimeira da Organização de Cooperação de Shanghai (OCS), afirmou Wang.

Esta será a primeira visita de Putin à China durante o novo mandato do presidente chinês, além do primeiro encontro entre Xi e Putin este ano. De acordo com informações veiculadas pela agência Xinhua a reunião reveste-se de grande significado para o planeamento para a próxima fase do crescimento das relações sino-russas, afirmou Wang.

A China está disposta a reforçar a coordenação com o lado russo de modo a garantir que a visita seja bem-sucedida e frutífera, e sejam promovidos fortes impulsos ao desenvolvimento das relações bilaterais, assinalou o ministro chinês.

A China e a Rússia devem fazer esforços conjuntos para que a cimeira da OCS em Qingdao, a primeira após a expansão da organização, continue a promover o “Espírito de Shanghai”, materializando os resultados positivos e práticos e transmitindo uma mensagem de solidariedade, reforçou.

Por seu turno, Lavrov afirmou que Moscovo também encara o encontro entre os dois líderes máximos como sendo de grande importância à próxima visita de Estado de Putin à China.

A Rússia está contente com os progressos obtidos na preparação para a visita e está disposta a fazer esforços em conjunto com a China para garantir que a mesma cumpra com todas as metas estipuladas, disse. Lavrov acrescentou ainda que a Rússia concorda totalmente com a China no seu pensamento sobre a actual situação internacional e deseja fortalecer a coordenação com Pequim nos mecanismos multilaterais, tais como a OCS, BRICS, G20 e ONU. Xinhua

6 Jun 2018

Corrupção | Ministro japonês abdica de um ano de salário depois de escândalo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro das Finanças do Japão anunciou que vai abdicar de um ano de vencimento, depois de um escândalo de falsificação de documentos e de favorecimento ilícito ter vindo a público.

“Entrego voluntariamente 12 meses do salário de ministro, enquanto este problema continuar a abalar a confiança do público no meu Ministério e em toda a administração” japonesa, declarou Taro Aso à imprensa. As revelações sobre este escândalo, em Março, têm abalado fortemente o Governo chefiado pelo primeiro-ministro, Shinzo Abe.

Os nomes de Shinzo Abe e da mulher, Akie, assim como do próprio Taro Aso foram removidos de documentos relacionados com a venda de um terreno do Estado, a um preço quase dez vezes inferior ao do mercado, a favor de uma instituição educativa privada com ligações a Abe e à mulher.

“Os documentos administrativos oficiais nunca deviam ter sido alterados antes de serem apresentados ao Parlamento e por isso estou arrependido”, sublinhou o ministro das Finanças.

Taro Aso, que recusou demitir-se, recebe cerca de 30 milhões de ienes (235 mil euros) por ano. Membro de uma família de industriais, Aso é um dos governantes mais abastados do Governo japonês. Este caso levou ainda à aplicação de sanções a 20 membros do Ministério, muitos dos quais viram os salários reduzidos.

De acordo com as últimas sondagens, a popularidade de Shinzo Abe caiu para os 40 por cento, o que poderá pôr em perigo a reeleição, em Setembro, para um terceiro mandato à frente do Partido Liberal Democrático (PDL).

6 Jun 2018

Ambiente | Veículos motorizados são a maior causa da poluição atmosférica

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China pretende estabelecer regulamentos mais apertados para controlar as emissões dos veículos motorizados, de modo a reduzir a poluição do ar, segundo o Ministério da Ecologia e do Meio-ambiente, segundo um relatório publicado na última sexta-feira.

O ministério irá expandir a supervisão da qualidade dos produtos e motores a diesel, bem como incrementar o uso dos transportes ferroviários em serviços de logística visando reduzir a poluição atmosférica, segundo o relatório.

Os camiões com motores a diesel, que representam apenas 7,8 por cento dos veículos motorizados da China, produzem 57,3 por cento do óxido de nitrogénio e 77,8 por cento das partículas poluentes no ar, os dois principais poluentes no país, de acordo com o relatório.

Até ao ano de 2017, a China vinha sendo o maior produtor e comprador de veículos no mundo por nove anos consecutivos, com 310 milhões veículos a circularem nas rodovias até o final do ano passado, e com um aumento de 5,1 por cento em comparação com o ano anterior.

Estes veículos foram responsáveis pela emissão de cerca de 43,59 milhões de toneladas de poluentes no ano passado, uma queda de 2,5 por cento em termos anuais, segundo o documento.

6 Jun 2018

China | Criada lista de agressores sexuais para prevenir abuso de crianças

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai ampliar a todo o país um programa piloto que já funciona em Xangai e que visa evitar que agressores sexuais trabalhem com crianças, através da elaboração de uma lista negra para os empregadores consultarem.

Segundo o jornal oficial China Daily, a medida afastará pessoas com antecedentes de agressão sexual ou indecência face a menores de trabalhar em 11 profissões. Estas estão relacionadas com escolas, jardins de infância, centros de formação, instituições médicas, espaços de diversão, estádios ou bibliotecas.

No processo de recruta de trabalhadores para aquelas 11 profissões, os empregadores terão que consultar a base de dados e verificar antecedentes.

O programa vigora em Xangai, a capital económica da China, desde Agosto passado e, até agora, verificou mais de 7.000 candidatos a postos de trabalho sem detectar qualquer irregularidade.

Dados oficiais mostram que, entre Janeiro de 2017 e Abril deste ano, os tribunais do país condenaram 60.000 pessoas por infringir os direitos de menores, incluindo abusos sexuais, sequestros ou causar lesões. A maioria das vítimas tem menos de 14 anos e provém de famílias de trabalhadores rurais migrados nas cidades.

6 Jun 2018

Secretas | Ex-funcionário norte-americano acusado de vender informações

Um funcionário dos serviços secretos militares (DIA) dos Estados Unidos foi detido e acusado na segunda-feira de vender informações confidenciais à China por mais de 800 mil dólares

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Departamento de Justiça norte-americano declarou que Ron Rockwell Hansen, de 58 anos, foi detido no sábado quando se dirigia para o aeroporto de Seattle, nordeste dos Estados Unidos, onde ia embarcar num voo para a China, transportando com ele informações confidenciais.

De acordo com a acusação, Hansen, fluente em mandarim e russo, recrutado para a DIA em 2016, tinha reuniões constantes com agentes dos serviços secretos chineses que não reportou aos superiores, e usava telemóveis fornecidos por fontes chinesas.

O Departamento de Justiça identificou ainda centenas de milhares de dívidas que o arguido contraiu entre 2013 e 2016, sendo precisamente desde 2013 que Hansen foi acusado de ter recebido mais de 800 mil dólares em pagamentos por parte das autoridades chinesas.

Esta detenção é a mais recente de uma série de casos de ex-funcionários dos serviços secretos norte-americanos que estão envolvidos em acusações criminais relacionadas espionagem para a China.

Outros casos

No início do ano, Jerry Chun Shing Lee, antigo agente dos serviços secretos norte-americanos, despedido em 2009, foi detido por suspeitas de passar informações para a China.

Em 2017, um antigo militar norte-americano, que trabalhou para o Departamento de Estado, foi detido e acusado de espionagem por ter alegadamente vendido documentos da administração dos Estados Unidos à China. De acordo com o Departamento de Justiça norte-americano, Kevin Mallory, residente em Leesburg (estado da Virgínia, leste), vendeu documentos secretos a agentes dos serviços de informações chineses, durante viagens a Xangai. Também em 2017, a diplomata norte-americana Candace Marie Claiborne, foi acusada entregar informações a agentes chineses em troca de milhares de dólares em dinheiro.

6 Jun 2018

Hong Kong | Quatro semanas de prisão para dois ex-deputados independentistas

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois antigos deputados independentistas de Hong Kong, expulsos dos assentos parlamentares em 2016, foram ontem condenados a quatro semanas de prisão por tentarem forçar a entrada no parlamento.

O tribunal determinou que os ex-deputados “violaram directamente a dignidade do Conselho Legislativo [LegCo, o parlamento de Hong Kong]”.

Baggio Leung, de 31 anos, e Yau Wai-ching, de 27, pertencem ao movimento de independência da ex-colónia britânica, que exige o “divórcio” da China.

Os dois jovens foram eleitos para a legislatura no Outono de 2016, mas nunca puderam tomar posse depois de um protesto que realizaram durante a cerimónia de juramento. À data, empunhavam cartazes com expressões como “Hong Kong não é a China”.

Numa rara interferência na Constituição de Hong Kong, Pequim decidiu que os jovens deviam ser desqualificados, o que foi validado depois pelo poder judicial da região administrativa especial chinesa.

Embora o juiz tenha concordado em conceder-lhes a fiança durante o possível recurso, a deputada Yau desistiu do direito de recorrer e decidiu cumprir a sentença de prisão.

5 Jun 2018

Timor-Leste | Parlamento convoca para 13 de Junho arranque da legislatura

O presidente do Parlamento Nacional timorense assinou ontem a convocatória para 13 de Junho da sessão de tomada de posse dos 65 deputados eleitos nas legislativas de 12 de Maio, disse à Lusa fonte parlamentar

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] marcação da sessão inaugural da V legislatura, assinada por Aniceto Guterres Lopes, é o primeiro passo no processo que levará, depois, à formação e tomada de posse do VIII Governo constitucional, apoiado pela coligação Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), que obteve a maioria absoluta na votação.

O dia marcado para o arranque da legislatura é 16 dias depois da data em que o Tribunal de Recurso certificou os resultados das eleições antecipadas.

Ontem o Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, recebeu pela primeira vez as lideranças das quatro forças políticas que elegeram deputados para o parlamento, nomeadamente a AMP (34), a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) – que terá 23 deputados, o Partido Democrático (PD) – que terá cinco – e a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD) – que se estreia com três.

Os actuais deputados vão participar na sessão de abertura da nova legislatura, em que tomam posse os novos eleitos, sendo posteriormente escolhido o novo presidente do Parlamento Nacional.

O regimento parlamentar determina que as candidaturas para o cargo de presidente do Parlamento Nacional devem ser subscritas por um mínimo de dez e um máximo de 20 deputados e o vencedor tem que ter a maioria absoluta dos votos. Depois, serão escolhidos os restantes elementos da mesa, nomeadamente os vice-presidentes, secretário e vice-secretários, cujas candidaturas devem ser subscritas “por um mínimo de oito e um máximo de 12 deputados, mediante lista fechada, completa e nominativa”.

O regimento determina ainda a criação de uma “comissão de verificação de poderes” dos deputados.

A legislatura tem a duração de cinco anos com quatro sessões legislativas de um ano que, segundo o regimento, deviam começar a 15 de Setembro e terminar a 14 de Setembro do ano seguinte.

Por outro lado

A Fretilin, segunda força mais votada nas legislativas timorenses, vai ser “oposição forte” e todos os militantes estão impedidos de integrar o próximo Governo, anunciou ontem o secretário-geral do partido. “A Fretilin está pronta para ser oposição”, disse, aos jornalistas, Mari Alkatiri, em declarações no Palácio Presidencial em Díli. Mari Alkatiri falava depois de uma reunião de cerca de 45 minutos que a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) manteve com o Presidente timorense, Francisco Guterres Lu-Olo.

O encontro insere-se numa primeira ronda de audições entre Lu-Olo e os responsáveis das quatro forças políticas que elegeram deputados para o Parlamento Nacional, a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), a Fretilin, o Partido Democrático (PD) e a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD).

Alkatiri confirmou que o Comité Central da Fretilin já determinou a postura do partido na nova fase política do país. “Ficou claro no Comité Central que vamos fazer oposição total, com apurado sentido de Estado e não vamos admitir que quadros da Fretilin sejam convidados e aceitem. Se aceitarem ficam sujeitos às penalizações previstas, incluindo expulsão”, confirmou.

5 Jun 2018