Grande Muralha da China | Badaling ganhou controlo de turistas 

[dropcap]B[/dropcap]adaling deixou de ser a zona mais visitada da Grande Muralha da China, em Pequim, desde que as autoridades chinesas impuseram um limite de 65 mil turistas por dia a partir do dia 1 de Junho deste ano. De acordo com a agência noticiosa Xinhua, esse número foi estabelecido para garantir a segurança não apenas dos turistas mas também do monumento.

Ainda assim, no final do mês de Julho a zona de Badaling tinha recebido mais de 2.23 milhões de visitantes, tendo sido lançados quatro alertas vermelhos sobre o excesso de capacidade do local. Só em 2018 mais de 9.9 milhões de pessoas visitaram Badaling, tendo o número de turistas flutuado entre as épocas baixas e altas. A enorme popularidade do local afectou o lado patrimonial, pelo que passou a ser obrigatória a marcação de visitas, de acordo com as autoridades que gerem a zona.

Localizada no distrito de Yanqing, em Pequim, a 60 quilómetros na zona norte da capital, Badaling tem sido o local mais conhecido para visitar a Grande Muralha da China. Muitas personalidades estrangeiras passaram pelo local desde a década de 50.

6 Ago 2019

Elon Musk lança companhia de túneis na China enquanto indústria espacial chinesa descola

A The Boring Company, a empresa de túneis e infra-estruturas subterrâneas de transportes de Elon Musk, vai ter uma subsidiária na China. Nascida a partir da SpaceX, The Boring Company tem projectos como o Hyperloop, um transporte que pode atingir os 1.200 km/h. Por outro lado, uma sonda chinesa aterrou pela primeira vez na face oculta da Lua

 

[dropcap]S[/dropcap]eja no Espaço, ou debaixo da terra, o futuro que traz para a realidade conceitos que só conhecemos da ficção científica faz-se, cada vez mais, na China. Exemplo disso é o lançamento da The Boring Company China, a empresa de Elon Musk responsável pelo desenvolvimento do Hyperloop, o transporte subterrâneo que promete revolucionar a forma como se viaja. O meio de transporte de altíssima velocidade move-se dentro de um tubo, usando propulsão electromagnética que dispara uma espécie de comboio para velocidades na ordem dos 1.200 km/h.

A notícia do lançamento da subsidiária chinesa foi divulgada no fim-de-semana pelo próprio Elon Musk na sua conta de Twitter. Aliás, o empresário e inventor referiu que vem à China apresentar a companhia, aproveitando a deslocação a Xangai onde vai participar numa conferência sobre inteligência artificial no final de Agosto.

A empresa do dono da Tesla conseguiu o primeiro contrato para desenvolver o sistema de transporte em túneis no passado mês de Maio, mais concretamente a construção de um shuttle, com a distância de pouco mais de um quilómetro e meio, para levar visitantes ao Las Vegas Convention Center.

A companhia que nasceu como uma subsidiária da SpaceX, dedicada a viagens espaciais, está também a construir um túnel de testes perto da sede em Hawthorne, no Estado da Califórnia.

A expansão da companhia para a China acontece num momento em que alguns projectos esbarraram em obstáculos no Estados Unidos. Nomeadamente, o túnel projectado para Los Angeles que foi cancelado depois de críticas ferozes de grupos de moradores. O projecto que Elon Musk tinha para Chicago também pode estar em risco depois de Rahm Emanuel, o grande aliado político do projecto, ter deixado de ser Mayor de Chicago. O projecto que tem como objectivo ligar Washington D.C. e Baltimore encontra-se actualmente em fase de avaliação de impacto ambiental.

Corrida ao Espaço

Passando do subsolo para as estrelas, a empresa privada chinesa, equivalente à SpaceX de Elon Musk, a iSpace, lançou na semana passada o foguetão Hyperbola-1 a partir da base de lançamento de satélites situada no Deserto de Gobi. A empresa chinesa, com provas dadas na emissão de satélites, pôs na órbita baixa da Terra, à boleia do Hyperbola-1, um satélite de rádio amador e três contentores de carga.

A iSpace é uma empresa dedicada à exploração espacial que nasceu da política, lançada pelo Governo de Xi Jinping, de incentivo ao investimento privado na construção de uma infra-estrutura espacial chinesa de natureza civil, ou seja, sem fins militares.

A companhia é financiada por uma parceria de firmas de capital de risco que incluem a gigante Baidu, a CDH Investments e a Matrix Partners China. Porém, a missão da semana passada foi paga pela companhia automóvel chinesa Chang’an Automobile Co, em troca do direito de baptizar o veículo de lançamento.

Apesar de ser tecnicamente uma empresa privada, a iSpace tem muitas empresas amigas com ligações ao Estado chinês, ao contrário da SpaceX que não só tem percorrido o seu caminho espacial a solo, como tem criado inimizades com a United Launch Alliance, com grande sucesso na captação de contratos públicos norte-americanos.

Aliás, a proximidade entre a iSpace e o Governo Central reflecte-se na vontade expressa por Pequim em subsidiar o sector privado das viagens espaciais, competindo no panorama internacional com a SpaceX de Elon Musk.

Num comunicado de imprensa emitido após o lançamento do Hyperbola-1, a iSpace agradeceu à China Aerospace Science and Technology Corporation e à China Aerospace Science and Industry Corporation, duas empresas estatais de defesa. A companhia “privada” de exploração espacial reconheceu ainda o contributo do regulador público “SASTIND” e a Comissão Central Militar, que está sob a alçada da Comité Central do Partido Comunista da China.

Chamariz de investimento

Apesar de, para já, a iSpace ser o melhor exemplo de sucesso da indústria aeroespacial chinesa, a quantidade de startups que surgem no panorama empresarial e os avultados montantes investidos colocam a China numa posição privilegiada na corrida ao Espaço. Para já, os competidores directos são as norte-americanas United Launch Alliance, Rocket Lab e a Vector. À velocidade que a indústria chinesa dá provas da sua capacidade, não é de admirar que as encomendas de clientes internacionais descolem, deixando para trás a competição norte-americana.

Um bom exemplo deste tipo de empresas está aqui ao lado em Shenzhen: a Link Space. Nos últimos dois anos, a Link Space tem trabalhado no “New Line-1”, um foguetão que deverá estar em funcionamento em 2021. O objetivo é ter capacidade para transportar 200 quilos de carga para orbita, por um preço de 2.25 milhões de dólares. Apesar da aposta da empresa de Shenzhen incidir em foguetes de tamanhos reduzido, a tecnologia usada permite que seja reutilizado.

Na face oculta

A Lua tem uma nova cratera. Desta vez não foi escavada por um meteorito, mas pelo satélite lunar Longjiang-2 que, segundo a Xinhua, se despenhou intencionalmente na face oculta da Lua no passado dia 31 de Julho. Este é o primeiro objecto construído pelo ser humano que chega à face oculta da Lua.

Com um peso de cerca de 47 quilos, o Longjiang-2 foi lançado para o espaço a 21 de Maio de 2018 juntamente com a sonda Chang’e 4. A chegada à orbita da Lua aconteceu quatro dias depois da descolagem. Depois de 437 dias à volta da Terra, a nave despenhou-se, de forma controlada, na superfície lunar.

“O microssatélite que transporta um detector de ondas de longa frequência desenvolvido pelo Centro Nacional de Ciências Espaciais da Academia de Ciências Chinesa, tem como objectivo conduzir observações e estudar radiação solar”, refere a Xinhua. A agência noticiosa estatal adianta ainda que a bordo seguiu também uma câmara óptica, desenvolvida por um instituto científico da Arábia Saudita com capacidade para tirar 30 fotografias de alta definição.

A resposta americana

No ano em que se celebram 50 anos de aniversário da missão Apollo 11, que levou pela primeira vez o Homem à Lua, as viagens espaciais parecem voltar à agenda da política norte-americana. Pelo menos, de acordo com o Twitter de Donald Trump, que aponta ao regresso ao satélite natural da Terra para o ano 2024. Desde os primeiros históricos passos de Neil Armstrong, apenas uma dúzia de astronautas voltaram a pisar o solo lunar.

O programa que pretende o regresso chama-se “Artemis”, nome inspirado na deusa grega da Lua. Porém, a retorno lunar tem como objectivo preparar voos mais altos. Jim Bridentine, administrador da NASA, disse que, “com o uso de novos trens de aterragem, robôs e, eventualmente, humanos, vamos conduzir experiências científicas e tecnológicas na superfície lunar, estudar melhor os recursos e usar o que aprendemos em missões futuras. Vamos avançar para a Lua, desta vez para ficar. Depois, com as lições que aprendermos, vamos seguir para Marte”.

O objectivo da missão é implementar a Estação de Pesquisa Científica Lunar, uma infra-estrutura com capacidade para acolher missões de longa duração, que servirá de apoio logístico a testes que ponham à prova capacidades tecnológicas e sirva de base para missões de prospecção de recursos.

6 Ago 2019

Hong Kong | Polícia deteve jornalista que pediu informações sobre colega ferido

[dropcap]A[/dropcap] Polícia de Hong Kong deteve um jornalista do diário Ta Kung Pao, uma publicação conhecida pelas posições abertamente Pró-Pequim e Governo Central. A detenção aconteceu há minutos e, de acordo com o portal Stand News, terá acontecido quando profissional abordou as forças de segurança para se inteirar do estado de um outro repórter, que foi ferido no local.

O caso aconteceu em Sham Shui Po e não foi avançada nenhuma explicação para a detenção. No entanto, minutos antes da detenção um colega da mesma publicação tinha sido filmado a sangrar. Perante a detenção, os outros jornalistas juntaram-se à porta da esquadra a gritar para que as autoridades expliquem o sucedido.

Minutos depois o jornalista foi solto e explicou que foi detido porque a polícia considerou que ele tentou agredir um agente. Tudo terá acontecido quando o repórter procurava saber o que tinha acontecido com o seu colega e no meio da concentração de pessoas à frente da esquadra acabou por empurrar um agente. Depois de explicada a situação no interior da esquadra, o jornalista foi solto, com um pedido de desculpas, mas apresentava marcas de agressão.

Além deste caso, o dia ficou igualmente marcado pelos ataques contra os manifestantes em North Point, cometido alegadamente por tríades ligadas à comunidade de Fujian. Ao contrário do que aconteceu no mês passado, em que os gangues vestidos de branco carregaram com sucesso sobre pessoas inocentes no metro, desta vez os manifestante estavam em maior número e conseguiram defender-se.

 

5 Ago 2019

Hong Kong | Mais de 500 pessoas detidas desde o início dos protestos

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong deteve mais de 500 pessoas desde que começaram os protestos contra a lei da extradição na região vizinha, noticiou hoje o South China Morning Post. Além disso, foram também lançadas mais de mil rodadas de gás lacrimogéneo. Esta tarde foi lançado mais gás lacrimogéneo contra os manifestantes em várias zonas da cidade, tendo sido detidas em Tin Shui Wai mais 82 pessoas. Os participantes nas manifestações bloquearam as zonas de Harcourt Road, Nathan Road e Lung Chung no primeiro dia de uma greve agendada para esta segunda-feira e que já levou à suspensão de serviços no metro e aeroporto internacional de Hong Kong.

A agência noticiosa Xinhua publicou um comentário intitulado “A linha de fundo em Hong Kong não constitui um desafio”, referindo-se à manutenção do princípio “Um País, Dois Sistemas”, que desde 1997 tem sido a base de governação do território.

“A escalada de violência levada a cabo por radicais e instigada por mentes que se escondem nos bastidores desde meados de Junho tem minado severamente a governação baseada na lei e a ordem social em Hong Kong, tendo um impacto negativo na economia local e no modo de vida das pessoas, danificando também a imagem da região”, lê-se no comentário.

“Desde o regresso de Hong Kong à pátria que o Governo Central tem afirmado repetidamente que vai garantir que o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ se mantém inalterado e que se aplica totalmente sem qualquer distorção ou alteração”, acrescenta-se.

O mesmo comentário hoje publicado volta a fazer referencias a alegadas interferências estrangeiras na actual situação política do território. “Qualquer tentativa de colocar em perigo a soberania e segurança da China, ou de desafiar a autoridade do Governo Central, a santidade da Lei Básica de Hong Kong ou de usar Hong Kong como um canal de infiltração e sabotagem contra a China continental é um acto que ultrapassa os limites e que não é de todo permitido”, remata.

No texto lê-se ainda que “existe a confiança de que Hong Kong vai enfrentar todos estes desafios e dificuldades e avançar na prática do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”.

5 Ago 2019

Índia revoga autonomia especial de Caxemira. Paquistão rejeita medida

[dropcap]O[/dropcap] Governo indiano anunciou hoje a revogação da autonomia constitucional de Caxemira, uma decisão explosiva para a região, marcada por conflitos separatistas. As autoridades nacionalistas hindus aprovaram um decreto presidencial para abolir um estatuto especial do estado de Jammu-Caxemira, garantido pela Constituição indiana.

O anúncio foi feito no Parlamento pelo ministro do Interior, Amit Shah, e foi recebido com indignação por parte da oposição. Depois de uma reunião ao início da manhã, o responsável dirigiu-se ao Parlamento indiano para anunciar a intenção de revogar o artigo 370 que concede o estatuto especial à região, único estado indiano de maioria muçulmana.

“A partir do momento em que o Presidente dá o consentimento [à lei] e é publicado no Diário Oficial, nenhuma das disposições do artigo 370 será aplicável”, disse Shah no parlamento, de forma quase inaudível, entre os gritos contínuos do oposição.

O governante explicou aos membros da câmara alta que o Governo decidiu dividir o estado em dois territórios: Jammu e Caxemira, que terão um parlamento, e Ladakh, que será governado diretamente pelo Governo central.

A lei, artigo 370 da Constituição, proíbe que os indianos que não sejam naturais do estado de se estabelecerem permanentemente, de comprarem terras, de ocuparem cargos no governo local e de beneficiarem de bolsas de estudos.

Caxemira é dividida entre a Índia e o Paquistão, duas potências nucleares que já travaram duas guerras pelo domínio daquele estado. Os dois países disputam a região montanhosa na totalidade, desde a partição subcontinente, em 1947, no final da época colonial britânica.

Diferentes grupos separatistas combatem, há várias décadas, a presença de cerca de 500 mil soldados indianos na região, para exigir a independência do território ou a integração no Paquistão. Dezenas de milhares de pessoas, na grande maioria civis, morreram no conflito.

Paquistão rejeita

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Paquistão, Shah Mahmood Qureshi, rejeitou hoje a revogação da autonomia constitucional da Caxemira pela Índia, alegando que a medida viola uma resolução das Nações Unidas.

Qureshi disse hoje na televisão paquistanesa – a partir da Arábia Saudita, onde se encontra em peregrinação a Meca – que o Paquistão vai aumentar os esforços diplomáticos para impedir que a revogação da autonomia constitucional da Caxemira, determinada por ordem presidencial, entre em vigor.

O presidente da Caxemira controlada pelo Paquistão, Sardar Masood Khan, também rejeitou a ordem presidencial e disse que a Índia “pode entrar em guerra” com o Paquistão em tal situação.

5 Ago 2019

Yuan desvaloriza e ultrapassa ‘barreira psicológica’ de 7 para 1 face ao dólar

[dropcap]A[/dropcap]s taxas de câmbio do yuan chinês face ao dólar norte-americano quebraram hoje a ‘barreira psicológica’ de 7 para 1, após o anúncio do Presidente dos Estados Unidos de impor novas tarifas aos produtos importados da China.

De acordo com o portal de notícias financeiras chinês Yicai, cada dólar foi trocado por 7,0258 yuans, de acordo com a taxa “onshore” – aquela operada nos mercados locais, a cotação mais alta desde Abril de 2008.

Quando a taxa “onshore” cresce é um sinal de que o renminbi está a enfraquecer, já que é mais caro para os detentores de yuan comprar dólares. Enquanto isso, a taxa “offshore” – a que é operada em mercados internacionais como o de Hong Kong – subiu 1,38% e ficou em 7,0683 yuans por dólar norte-americano.

Foi a primeira vez que o yuan subiu acima de 7 em relação ao dólar, considerado por muitos analistas uma ‘barreira psicológica’ para os investidores, desde que o mercado ‘offshore’ foi aberto em Hong Kong em 2010.

Um porta-voz do Banco Popular da China disse, citado pelo mesmo portal, que a depreciação do yuan é justificada por “medidas unilaterais e proteccionismo comercial”, bem como “a imposição de aumento de tarifas contra a China”, numa clara referência ao último episódio da guerra comercial que Pequim e Washington mantêm desde Março de 2018.

Na quinta-feira, o Presidente norte-americano Donald Trump anunciou a imposição de novas tarifas de 10% sobre produtos chineses avaliados em 300 mil milhões de dólares até 1 de Setembro. O Ministério do Comércio da China respondeu que ia retaliar, sem adiantar pormenores.

Uma das principais queixas do Governo dos EUA no contexto do conflito comercial é de que Pequim manipula a moeda para evitar a valorização e, consequentemente, as exportações percam competitividade.

Um yuan mais fraco significa que os produtos chineses são mais baratos, o que pode ajudar a conter o efeito negativo das novas tarifas dos EUA sobre a competitividade da economia de Pequim.

Contudo, o Banco Popular da China indicou já que as flutuações do renminbi são ajustadas ao mercado, mas que a moeda chinesa “permanece estável e forte”, garantindo ter “experiência, confiança e capacidade” para manter a estabilidade a um “nível apropriado” das taxas de câmbio no país. Além disso, o banco central anunciou “mão dura” contra a especulação de curto prazo.

5 Ago 2019

Greve em Hong Kong | Cancelados mais de 200 voos no aeroporto

[dropcap]M[/dropcap]ais de 200 voos de e para Hong Kong foram hoje cancelados devido à greve geral convocada pelo movimento pró-democracia, num dia marcado por um protesto que paralisou parcialmente o serviço de metro na cidade.

Um terço dos controladores de tráfego aéreo juntou-se ao protesto contra as emendas à lei da extradição e está a condicionar fortemente as operações no Aeroporto Internacional de Hong Kong, segundo a emissora pública RTHK.

Aquele que é um dos aeroportos mais movimentados do mundo reduziu drasticamente as suas operações de voo e está a utilizar apenas uma das duas habituais pistas.

A Cathay Pacific e outras companhias aéreas domésticas, como a Hong Kong Airlines, foram as mais afectadas pelos cancelamentos. Os protestos de hoje, após dois dias de confrontos entre manifestantes e a polícia, já causaram a suspensão total ou parcial de pelos menos oito linhas de metro, indicou o jornal South China Morning Post (SCMP).

Esta é a terceira vez em três semanas que os manifestantes interrompem o serviço do metropolitano. O serviço de comboio rápido que liga o centro da cidade ao aeroporto também foi suspenso.

Os manifestantes bloquearam hoje a circulação do metro durante a hora de ponta, tendo obstruído as portas de acesso e das plataformas para evitarem a saída das carruagens das estações. O operador do metro, o MTR, adiantou que o serviço foi parcialmente suspenso em quatro linhas.

Carrie Lam voltou a falar

Esta manhã, a líder do executivo de Hong Kong disse que a cidade está “à beira de uma situação muito perigosa” devido aos protestos, mas que o Governo está determinado em garantir a ordem pública.

Carrie Lam sublinhou que as acções de protesto estão a atingir sobretudo a classe trabalhadora, a desafiar o princípio “Um País, Dois Sistemas” e a prosperidade da cidade, onde se vive o caos e a violência.

Além disso, a Chefe do Executivo de Hong Kong disse que o território está “à beira de uma situação muito perigosa” devido aos protestos, mas o Governo está determinado em garantir a ordem pública.

Hong Kong vive há dois meses um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica.

5 Ago 2019

Kim Jong-un dirigiu novo disparo de projécteis com capacidade para atingir Seul

[dropcap]O[/dropcap] dirigente norte-coreano Kim Jong-un supervisionou sábado outro teste de lançamento de vários projécteis que podem reforçar a capacidade do país atingir alvos na Coreia do Sul e bases norte-americanas aí localizadas.

A informação foi avançada pela agência noticiosa oficial da Coreia do Norte, KCNA, um dia depois de os militares sul-coreanos terem afirmado que os norte-coreanos tinham disparado dois projécteis para o mar, a partir da sua costa oriental, no que foi o terceiro disparo de mísseis numa semana.

Vários analistas indicam que esta persistente actividade norte-coreana destina-se a aumentar a pressão sobre Washington e Seul, a propósito das negociações nucleares com os norte-americanos e dos planeados exercícios militares conjuntos entre os EUA e a Coreia do Sul.

Admitem ainda que estas demonstrações militares por parte dos dirigentes de Pyongyang possam intensificar-se nos próximos meses, se não houver progressos nas negociações.

A agência noticiosa da Coreia do Norte adiantou que Kim supervisionou o primeiro teste do mesmo sistema de artilharia na quarta-feira.

A KCNA adiantou que Kim expressou “uma grande satisfação” com os testes de sexta-feira, que confirmaram, na sua opinião, “o desempenho do controlo de altitude do voo, a capacidade de seguir a mudança de trajectória, a fiabilidade de atingir o alvo e o poder de explosão da carga do projéctil de artilharia guiado”.

A notícia não incluiu qualquer referência aos EUA ou à Coreia do Sul. O gabinete presidencial sul-coreano adiantou que os militares do país e norte-americanos partilham a avaliação de que os disparos de sábado foram provavelmente de mísseis balísticos de curto alcance.

Avisos do Norte

O Comando Conjunto dos Chefes de Estado-Maior da Coreia do Sul adiantou que os disparos foram feitos às primeiras horas (locais) de sábado da costa ocidental e que os projécteis voaram 220 quilómetros. Este alcance é o bastante para atingir a área metropolitana de Seul, onde vive metade da população sul-coreana e onde está a principal base militar norte-americana na península.

A Coreia do Norte adiantou que estes testes destinaram-se a fazer um “aviso solene” à Coreia do Sul por causa das suas compras de aviões de combate norte-americanos, de alta tecnologia, e dos planeados exercícios militares conjuntos, o que Pyongyang lê como eventual invasão.

Na quinta-feira, o Presidente norte-americano, Donald Trump, declarou que não estava preocupado com as armas disparadas recentemente pela Coreia do Norte, considerando-as “mísseis de curto alcance”, que eram “muito padronizados”.

5 Ago 2019

Filipinas | Número de mortos em naufrágios sobe para 31

[dropcap]O[/dropcap] número de mortos após naufrágios devido ao mau tempo de três ‘ferrys’ que ligavam duas ilhas na zona central das Filipinas subiu para 31, depois de mais seis corpos de pessoas desaparecidas terem sido recuperados, avançaram ontem os serviços de emergência. A informação anterior apontava para 25 vítimas mortais.

Os naufrágios ocorreram nas águas do arquipélago filipino, entre a cidade de Iloilo e a província de Guimaras, devido “à ondulação e às fortes chuvas”, segundo o Conselho Nacional de Gestão de Redução de Riscos de Desastres das Filipinas (NDRRMC, sigla em inglês).
Pelo menos 59 pessoas foram já resgatadas e assistidas pelos serviços de emergência e pela Cruz Vermelha, indicou o NDRRMC.

O serviço de meteorologia tinha alertado para as fortes chuvas de monções e tempestades, entre as quais uma tempestade que se encontrava a cerca de 875 quilómetros e que se aproximava da costa leste do país.

Escolas e empresas da cidade de Manila foram encerradas devido às fortes chuvas e inundações, que causaram engarrafamentos na sexta-feira, nas zonas baixas da capital.

Anualmente, em média, 20 tufões e tempestades atingem as Filipinas, fazendo com que o arquipélago, localizado no Anel de Fogo do Pacífico, regularmente atingido por sismos, seja um dos países mais exposto a desastres naturais.

5 Ago 2019

Comércio | Pequim promete retaliar caso Trump avance com novas taxas

Trump proclamou novas taxas alfandegárias sobre as importações chinesas a partir de 1 de Setembro. Pequim responde com a promessa de retaliações e acusa os Estados Unidos de violarem o acordo estabelecido entre Donald Trump e Xi Jinping

 

[dropcap]A[/dropcap] China prometeu sábado retaliar caso o Presidente norte-americano, Donald Trump, cumpra a promessa de impor taxas alfandegárias suplementares de 10 por cento sobre um total de 300 mil milhões de dólares de importações oriundas da China.
Trump anunciou na quinta-feira a entrada em vigor das taxas, a partir de 1 de Setembro, horas depois de as delegações dos dois países concluírem sem acordo uma nova ronda de negociações de alto nível em Xangai.

Tratou-se do primeiro frente-a-frente desde que Trump e o homólogo chinês, Xi Jinping, acordaram um segundo período de tréguas, em Junho passado, numa guerra comercial que dura há um ano e ameaça a economia mundial.

O primeiro período de tréguas entre Pequim e Washington colapsou quando Trump subiu as taxas alfandegárias sobre o equivalente a 200 mil milhões de dólares de bens importados da China, acusando Pequim de recuar em compromissos feitos anteriormente.

Desta vez, Trump acusou o lado chinês de faltar ao compromisso de adquirir mais produtos agrícolas norte-americanos.

Insatisfação chinesa

O ministério chinês do Comércio disse na sexta-feira que está “muitíssimo insatisfeito” com o anúncio dos EUA, que “viola seriamente” o acordo alcançado entre Trump e Xi.

Se Trump avançar com as taxas, a China “vai ter de tomar as contramedidas necessárias”, disse um porta-voz do ministério. “Todas as consequências serão suportadas pelos EUA”, acrescentou.

A China tem ameaçado com medidas “qualitativas” não especificadas, já que não consegue mais retaliar com taxas alfandegárias, devido a ter um largo superavit no comércio com os EUA.

As alfandegas chinesas poderão, por exemplo, dificultar o desembarque de produtos norte-americanos no país, alegando questões sanitárias, ou aumentar os entraves burocráticos a empresas dos EUA que operam no país.

O ministério chinês do Comércio disse na quinta-feira que as empresas do país começaram já a pedir valores a fornecedores dos EUA para comprar soja, algodão e sorgo e que algumas novas compras foram feitas, sem detalhar números.

O ministério chinês dos Negócios Estrangeiros também sugeriu que a ameaça de Trump pode anular os planos para uma segunda ronda de negociações, em Washington, no próximo mês.

Com esta decisão, as alfândegas norte-americanas passam a cobrar taxas sobre todos os produtos oriundos da China, abalando ainda mais as cadeias de distribuição globais.

Os dois países impuseram já taxas sobre milhares de milhões de produtos importados um do outro, numa guerra comercial motivada pelas políticas industriais de Pequim, que visam transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

5 Ago 2019

Hong Kong | Fim-de-semana voltou a ser marcado por protestos. Bandeira da China atirada ao mar 

Na noite de sábado para domingo os protestos chegaram em força às ruas de Hong Kong, tendo sido detidas 20 pessoas, noticiaram as agências internacionais. Os manifestantes atiraram a bandeira da China ao porto de Vitória e voltaram às ruas este domingo

 

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de manifestantes pró-democracia voltaram ontem a desfilar nas ruas de Hong Kong para manter a pressão sobre as autoridades. A antiga colónia britânica, que atravessa a sua maior crise política desde que passou a ser território chinês em 1997, vai já no oitavo fim-de-semana consecutivo de grandes manifestações, frequentemente seguidas de confrontos entre pequenos grupos radicais e as autoridades.

Para a tarde de ontem estavam previstas duas manifestações, que precedem a uma greve geral convocada para hoje.

Milhares de manifestantes marcharam nas ruas do bairro residencial de Tseung Kwan O. “Estou mais preocupada do que optimista”, disse à AFP, no meio da multidão, Florence Tung, uma advogada estagiária de 22 anos. “Parece-nos que, independentemente de quantos somos, não podemos mudar o nosso Governo”, acrescentou, em referência ao facto de os dirigentes da cidade não serem eleitos por sufrágio universal.

Kai Hou, de 41 anos, disse, por seu lado, não apoiar as tácticas violentas da franja mais radical de manifestantes, embora concorde com os objectivos gerais. “Ninguém concorda com as acções radicais, mas o seu objectivo é simples: querem fazer de Hong Kong um lugar melhor”, explicou.

Entretanto, a China declarou ontem que não vai ficar “de braços cruzados” face às “forças abjectas” que minam a unidade nacional, no rescaldo dos confrontos entre manifestantes e polícia na noite passada em Hong Kong, adiantou a AFP, citando a Xinhua. “O Governo central não vai ficar de braços cruzados e não deixará que a situação avance”, adverte a agência.

Dezenas de detenções

Mais de 20 manifestantes foram detidos após os protestos que ocorreram entre sábado e a madrugada de ontem, acusados de reunião ilegal e agressão em Tsim Sha Tsui, Mong Kok e Wong Tai Sin, onde decorreram novos confrontos entre activistas e a polícia.

A polícia disse que alguns “manifestantes radicais” lançaram extintores, tijolos, garrafas de vidro e outros objectos contra as autoridades, depois de se recusarem a dispersar. Em sentido contrário, a polícia de choque lançou gás lacrimogéneo e ‘spray’ pimenta para forçar a dispersão, levando muitos moradores a juntarem-se ao protesto contra a polícia, que acusaram de perturbar a comunidade.

Num comunicado, a polícia salientou que os manifestantes se desviaram da rota autorizada para a manifestação, causaram cortes de trânsito e reuniram-se ilegalmente em frente à esquadra da polícia de Wong Tai Sin.

No sábado, os manifestantes ignoraram os limites impostos pela polícia e ultrapassaram o local definido para o fim da manifestação, que junta milhares de pessoas nas ruas da ex-colónia britânica, adiantaram agências internacionais. De acordo com a Associated Press (AP), a rua onde decorre o protesto, na zona de Mong Kok, esteve repleta de manifestantes. De frisar que Mong Kok tem um histórico de acolhimento de manifestações pró-democracia, nomeadamente as de 2014, no período em que decorreu o movimento dos guarda-chuvas amarelos.

Num ‘briefing’ antes da manifestação marcada para esta zona, a polícia alertou que seria considerado ilegal ultrapassar o limite imposto para o término da manifestação e disse que qualquer protesto que não tenha sido autorizado será considerado assembleia ilegal, adiantou a AP. A manifestação foi num primeiro momento proibida pela polícia, que a autorizou depois de um recurso, refere a AFP.

Num outro parque público juntaram-se milhares de manifestantes pró-Governo, empunhando bandeiras chinesas, acrescenta a mesma agência.

Na sexta-feira à noite, milhares de funcionários públicos juntaram-se, também num parque público, para mostrar solidariedade com o movimento, que cresceu e agora inclui exigências de eleições directas para o cargo de Chefe do Executivo e uma investigação a alegada brutalidade policial.

Os residentes de Hong Kong acusaram a polícia de negligência depois de 44 pessoas terem ficado feridas no mês passado num ataque que aparentemente era dirigido aos manifestantes.

As autoridades declararam que os seus recursos estão no limite devido às manifestações prolongadas.

Bandeira desprezada

Depois dos protestos e da vandalização ocorrida no edifício do Gabinete de Ligação do Governo Central em Hong Kong, os manifestantes voltaram a cometer actos contra os símbolos da China. No sábado foi retirada uma bandeira chinesa do mastro que foi depois atirada à água no icónico porto de Vitória após a manifestação pró-democracia ter desrespeitado o percurso aprovado pela polícia.

Numa manifestação separada, milhares de pessoas vestidas de branco juntaram-se num parque de Hong Kong para expressar o apoio à polícia, empunhando cartazes onde podia ler-se “Give Peace a Chance”.

Os manifestantes pró-democracia começaram a instalar postos de primeiros socorros e a distribuir capacetes algumas horas antes da manifestação e quando um grupo chegou à zona do porto, vários manifestantes subiram a um dos mastros em frente a um hotel de luxo e retiraram a bandeira chinesa.

Depois de algum debate sobre se deveriam pintar a bandeira de preto, decidiram atirá-la à água antes que a polícia pudesse intervir. Pouco depois, Paladin Cheng, um manifestante de 38 anos, colocou-se ao lado dos mastros com um conjunto de bandeiras, onde podia ler-se “Hong Kong Independence.”

Entretanto, o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado condenou este acto, tendo o seu porta-voz afirmado que a prática de atirar a bandeira ao mar viola a lei da bandeira nacional da República Popular da China, bem como o diploma “The National Flag and National Emblem Ordinance”, da Região Administrativa Especial de Hong Kong. Por estas razões, constitui “uma flagrante ofensa à dignidade nacional, ultrapassando o princípio “Um País, Dois Sistemas”, e prejudicando os sentimentos do povo em relação ao país.

O Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado voltou a expressar o seu apoio à polícia de Hong Kong e aos órgãos judiciais, esperando que os “criminosos” sejam punidos com a lei. O porta-voz desta entidade considerou ainda que este acto foi levado a cabo por um “pequeno número de radicais extremistas”, e que mostrou que os protestos vão muito além da livre expressão de opiniões, devendo este tipo de actos ser punidos severamente de acordo com a lei.

Também o Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEHK emitiu uma declaração condenando veementemente “os actos ilegais dos manifestantes extremistas de Hong Kong”, que têm insultado a bandeira nacional e desafiado a soberania do país, esperando que os autores da ocorrência sejam punidos de acordo com a lei.

Activista detido

Além dos protestos que têm marcado o ambiente social e político de Hong Kong, ocorreram mais detenções nos últimos dias. O activista pró-independência Andy Chan foi preso, juntamente com sete pessoas, durante uma rusga policial. De acordo com um comunicado da polícia de Hong Kong, sete homens e uma mulher foram detidos na quinta-feira à noite num edifício industrial em Sha Tin, no norte do território, sob acusações de posse de armas e posse ilegal de explosivos.

Apesar de a nota de imprensa não identificar os suspeitos, fonte policial garantiu à agência France-Presse (AFP) que o activista pró-independência Andy Chan era um dos oito. “Andy Chan foi detido e uma bomba de gás foi apreendida” disse a fonte, que pediu para não ser identificada.

Em resposta ao comunicado da polícia, centenas de manifestantes reuniram-se à porta de duas esquadras, durante toda a noite, exigindo a libertação dos activistas. O Partido Nacional de Hong Kong (HKNP), um pequeno partido pró-independência liderado por Chan, foi proibido pelas autoridades em Setembro do ano passado, por motivos de “segurança nacional”.

Também na quinta-feira Pequim voltou a pronunciar-se sobre os protestos, uma vez que o conselheiro de Estado da China, Yang Jiechi, acusou os Estados Unidos e outros países ocidentais de “atiçarem as chamas” nos protestos em Hong Kong, visando minar a prosperidade, estabilidade e segurança da região.

De acordo com a imprensa estatal chinesa, Yang acusou Governos ocidentais de se reunirem com altos funcionários e líderes dos protestos e incentivarem as acções. “É preciso salientar que os Estados Unidos e outros Governos ocidentais (…) estão constantemente a alimentar as chamas da situação em Hong Kong”, disse Yang, citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua. “A China expressa indignação e firme oposição (…) e exige que parem imediatamente de interferir nos assuntos de Hong Kong”, declarou.

No início da semana passada, um ex-quadro do governo de Hong Kong fez acusações semelhantes sobre os Estados Unidos e Taiwan, afirmando que estavam por detrás dos distúrbios. A Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, e outras autoridades e diplomatas chineses fizeram acusações semelhantes, enquanto o chefe do sindicato da polícia de Hong Kong, também citado pela imprensa chinesa, pediu uma investigação sobre o alegado papel dos EUA nos protestos.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, descreveu aquelas alegações como “ridículas”. “Eu acho que os protestos são da responsabilidade exclusiva do povo de Hong Kong e julgo que eles estão a exigir que o governo os ouça”, disse Pompeo.

Já o Presidente norte-americano, Donald Trump, ao ser questionado na quinta-feira sobre os protestos, considerou tratarem-se “de motins” e indicou que os EUA vão ficar de fora de um assunto que afirmou ser “entre Hong Kong e a China”.

Governos ocidentais e organizações de defesa dos direitos humanos emitiram já declarações em que expressaram preocupação relativamente à proposta de alteração da lei de extradição e à violência entre a polícia e os manifestantes.

5 Ago 2019

Detido em Hong Kong activista pró-independência Andy Chan

[dropcap]O[/dropcap]ito pessoas, incluindo o activista pró-independência Andy Chan, foram detidas esta quinta-feira em Hong Kong durante uma rusga policial, num momento em que a ex-colónia britânica atravessa uma grave crise política.

De acordo com um comunicado da polícia de Hong Kong, sete homens e uma mulher foram detidos na quinta-feira à noite num edifício industrial em Sha Tin, no norte do território, sob acusações de posse de armas e posse ilegal de explosivos.

Apesar de a nota de imprensa não identificar os suspeitos, fonte policial garantiu à agência France-Presse (AFP) que o activista pró-independência Andy Chan era um dos oito.
“Andy Chan foi detido e uma bomba de gás foi apreendida” disse a fonte, que pediu para não ser identificada.

Em resposta ao comunicado da polícia, centenas de manifestantes reuniram-se à porta de duas esquadras, durante toda a noite, exigindo a libertação dos activistas.

O Partido Nacional de Hong Kong (HKNP), um pequeno partido pró-independência liderado por Chan, foi proibido pelas autoridades em Setembro do ano passado, por motivos de “segurança nacional”.

Foi a primeira vez desde a transferência de soberania de Hong Kong, em 1997, que um partido político foi dissolvido desta forma. Apesar de o HKNP ter apenas um punhado de membros, o seu carácter independentista provocou a fúria das autoridades chinesas.

Pouco tempo depois, o executivo de Hong Kong recusou-se a renovar o visto do jornalista do Financial Times Victor Mallet, que tinha convidado Chan para uma conferência no Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong (FCC, sigla em inglês).

A proibição do HKNP e a decisão sobre Mallet foram vistos como dois exemplos de um declínio das liberdades em Hong Kong. Hong Kong vive há dois meses um clima de contestação social, com milhares de pessoas nas ruas contra uma proposta de lei que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica.

3 Ago 2019

Turismo | Taiwan critica decisão de proibir visitas individuais à ilha

O Governo de Taiwan criticou ontem a decisão da China de proibir viagens individuais à ilha, considerando que Pequim está a impedir o seu povo de visitar um país “livre e tolerante”

 

[dropcap]D[/dropcap]everia ser-lhes permitido juntarem-se a mais e mais viajantes de todo o mundo para vivenciarem um país onde a liberdade, a abertura e a tolerância estão na ordem do dia. O que há a temer?”, questionou o ministro dos Negócios Estrangeiros taiwanês. Joseph Wu deixou a mensagem na rede social Twitter, apelidando de “triste” a restrição que entrou ontem em vigor.

A China anunciou na quarta-feira que vai proibir viagens individuais a Taiwan, alegando o deteriorar das relações com a ilha democraticamente governada, em mais uma medida para aumentar a pressão financeira e diplomática sobre Taipé.

Os chineses estão agora limitados a visitarem Taiwan como participantes de excursões de grupo, que diminuíram drasticamente depois de Pequim ter ordenado que as agências de viagens diminuíssem o número de visitas à ilha.

Em comunicado, o ministério chinês da Cultura e do Turismo anunciou a suspensão das viagens a partir de quinta-feira, “face às actuais relações entre os dois lados”. O comunicado não detalha se também as viagens em grupo serão suspensas.

A China só permite aos residentes das suas 47 maiores cidades que visitem Taiwan. Todos os outros têm de pedir permissão, através de agências de viagens seleccionadas, e de viajar em excursões em grupo.

Não é claro o impacto da medida na indústria do turismo de Taiwan, que também recebe visitantes da Coreia do Sul, Japão e Sudeste da Ásia, atraídos pelas praias, regiões montanhosas e comida de rua.

Amizades complicadas

A China está também alarmada com os sinais de aumento do apoio militar pelos EUA a Taiwan.
Embora Washington não tenha laços diplomáticos formais com Taipé, a lei norte-americana determina que forneça a Taiwan equipamentos e serviços de defesa suficientes para autodefesa.

No início deste mês, os EUA aprovaram provisoriamente a venda de 2,2 mil milhões de dólares de armamento a Taiwan, incluindo tanques e mísseis de defesa anti-aérea.

2 Ago 2019

Donald Trump diz que China muda sempre os acordos a seu favor

[dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou ontem a China de “mudar sempre o que foi acordado” para seu benefício e ameaçou Pequim com uma posição mais dura no comércio bilateral se vencer as eleições de 2020.

“A China está a fazer muito mal, o pior em 27 anos”, disse o Presidente em uma sequência de mensagens publicadas na sua conta do Twitter. “Eles deveriam começar a comprar os nossos produtos agrícolas agora e não há sinal de que estejam a fazer isso”, declarou ainda. “Esse é o problema com a China, eles simplesmente não cumprem”, disse Trump, acrescentando que a economia norte-americana “tornou-se muito maior do que a economia chinesa nos últimos três anos”.

Representantes da China e dos Estados Unidos reuniram-se ontem em Xangai, na primeira ronda de negociações comerciais após a reunião de 29 de Junho entre o Presidente Trump e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, no âmbito da cimeira do G20 em Osaka, no Japão.

“A minha equipa está a negociar com eles agora, mas (os chineses) mudam sempre o que foi acordado no final para se beneficiarem”, disse Trump. “Provavelmente, devem estar à espera das nossas eleições para ver se conseguem um dos democratas durões como Sleepy Joe (Joe Biden). Então, poderiam fazer um óptimo negócio, como nos últimos 30 anos, e continuar a enganar os Estados Unidos mais e melhor do que nunca”, declarou ainda.

As negociações entre os dois países haviam parado em Maio, e Trump elevou de 10 para 25 por cento as tarifas sobre inúmeros produtos chineses, levando Pequim a impor mais taxas sobre produtos norte-americanos.

As tensões entre Washington e Pequim têm as suas raízes no desequilíbrio da balança comercial a favor da China, que exporta 419 mil milhões de dólares a mais do que importa dos Estados Unidos, e Trump diz que é devido às práticas comerciais desleais do gigante asiático.

“O problema de [os chineses] esperarem, no entanto, é que se e quando eu ganhar, o acordo que terão será muito mais difícil do que o que estamos a negociar agora … ou não haverá acordo”, disse Trump. “Temos todas as cartas. E nossos líderes anteriores nunca as tiveram!”, acrescentou o Presidente norte-americano.

31 Jul 2019

5G | Huawei exige “competição saudável” para desenvolver tecnologia na UE

A tecnológica chinesa Huawei exigiu ontem uma “competição saudável” no desenvolvimento das redes móveis de quinta geração (5G) na União Europa, numa altura em que os Estados-membros decidem se permitem o acesso da empresa aos seus mercados

 

[dropcap]O[/dropcap] 5G é provavelmente a melhor coisa que pode acontecer na Europa nos próximos dois anos. Precisamos de uma competição saudável para trazer benefícios reais às pessoas e à sociedade em geral”, afirmou ontem o responsável da Huawei para as instituições europeias e vice-presidente da empresa para a Europa, Abraham Liu.

Falando aos jornalistas no centro de cibersegurança da empresa, em Bruxelas, após a empresa apresentar na China os resultados financeiros do primeiro semestre, Abraham Liu notou que a União Europeia (UE) está “a tomar, legitimamente, as suas próprias decisões sobre o 5G”, numa alusão à possibilidade dada pela Comissão Europeia aos Estados-membros de poderem eliminar dos seus mercados empresas por razões de segurança, aquando da implementação desta tecnologia.

“A Europa está a definir altos parâmetros [na área da cibersegurança], mas não importa o quão altos são esses parâmetros, a Huawei está confiante que os vai alcançar”, acrescentou o responsável, vincando que “toda a indústria deve trabalhar em conjunto e fazer o mesmo”. Abraham Liu disse ser “com agrado” que a Huawei vê a “caixa de ferramentas sobre segurança na tecnologia 5G” que está a ser criada pelos Estados-membros.

Amigos europeus

Assumida como uma prioridade desde 2016, a aposta no 5G já motivou também preocupações com a cibersegurança, tendo levado a Comissão Europeia, em Março deste ano, a fazer recomendações de actuação aos Estados-membros, permitindo-lhes desde logo excluir empresas ‘arriscadas’ dos seus mercados.

Bruxelas pediu, ainda, que cada país analisasse os riscos nacionais com o 5G, o que aconteceu até ao mês passado, seguindo-se agora uma avaliação geral em toda a UE para, até final do ano, se encontrarem medidas comuns de mitigação das ameaças.

A Europa é o maior mercado da Huawei fora da China. De um total de 50 licenças que a empresa detém para o 5G, 28 são para operadoras europeias. O desenvolvimento desta tecnologia tem, contudo, sido marcado por acusações de espionagem nas redes 5G que a administração norte-americana tem feito à empresa chinesa.

Washington, que proibiu já a Huawei de participar na implantação do 5G em solo norte-americano, está também a pressionar os aliados a tomarem medidas semelhantes, incluindo Portugal, que desvalorizou as pressões.

Hoje, a Huawei divulgou que as vendas no primeiro semestre do ano aumentaram 23,2 por cento, para o equivalente a 52.333 milhões de euros, apesar da ofensiva de Washington para boicotar a gigante chinesa das telecomunicações.

Mostra de força

Nos primeiros seis meses de 2019, a Huawei vendeu 118 milhões unidades de diferentes produtos, incluindo uma subida homóloga de 24 por cento nas vendas de telemóveis, um ritmo de crescimento superior ao registado na totalidade de 2018, de 19,5 por cento.

Em Bruxelas, Abraham Liu disse aos jornalistas que estes resultados mostram “resiliência”, apesar das pressões dos Estados Unidos, que também incluem barreiras à venda de tecnologia de empresas norte-americanas à Huawei. E notou que “o que não mata a Huawei, torna-a mais forte”.

Abraham Liu afirmou ainda não esperar “um impacto de maior” na facturação da companhia na UE devido a esta tensão.

31 Jul 2019

Branqueamento de capitais | Crime organizado oriundo da China recorre a retalho de luxo na UE 

O mais recente relatório da Comissão Europeia sobre branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo revela que grupos de crime organizado da China recorrem ao retalho de luxo para lavar dinheiro. Actividades como jogo, investimento no imobiliário ou vistos gold são outras das vias mais comuns para lavar dinheiro. O relatório refere casos de norte coreanos que usam outros passaportes para fazer negócios fora do país

 

[dropcap]A[/dropcap] Comissão Europeia publicou um relatório sobre as formas mais comuns de lavagem de dinheiro ou de financiamento de actividades terroristas na União Europeia (UE), prejudicando, desta forma, o mercado interno do Espaço Schengen.

O relatório, com mais de 200 páginas e tornado público no passado dia 24, dá conta da presença de grupos de crime organizado oriundos da China que recorrem ao sector do retalho de luxo para lavar dinheiro. “Foi detectada a presença de grupos de crime organizado da China que exploram artigos de luxo (alta costura) e de marcas europeias de topo no mercado chinês. O dinheiro é fornecido de forma ilegal a nacionais da China que o usam para adquirir produtos de luxo. Esses produtos são, na sua maioria, vendidos online na China e os lucros são usados para pagar compensações na China”, lê-se.

Além disso, “as actividades ilegais dos grupos de crime organizado da China na Europa são a principal origem dos rendimentos ilegais para comprar esses produtos. Estas actividades ilegais incluem fraudes ao nível dos impostos e zonas aduaneiras no transporte de mercadorias chinesas, artigos de contrafacção, tráfico de drogas, exploração sexual e laboral”.

O relatório cita dados relativos aos anos de 2015 e 2016, que mostram que “os nacionais chineses a residir na UE eram usados para transportar dinheiro. Abriram contas bancárias, fizeram depósitos em numerário e transferiram capital para a China”. Foi também utilizado outro método, através dos turistas chineses, que “transferiram dinheiro aquando do seu regresso à China”.

Ciclos e mais ciclos

A regulação existente na UE obrigou estes grupos a mudarem de estratégia, aponta o relatório da Comissão Europeia. Como tal, passaram a utilizar “compradores para adquirir produtos de luxo”, que, depois de serem adquiridos na Europa, “eram levados para a China onde eram vendidos com uma margem de lucro e todos os ganhos eram transferidos internamente no país entre compradores e as estruturas criminosas”.

Este método “é uma forma dos criminosos conduzirem um ciclo completo de lavagem de dinheiro, ao ponto de poderem usar livremente os ganhos na China para pagar novas remessas de transporte de mercadorias, por exemplo”.  “Quando importadas da Europa, estas remessas podem ser subavaliadas e vendidas sem documentos. O dinheiro gerado vai de novo ser lavado e levado da Europa para a China, criando-se assim um ciclo de crime que contorna tanto os reforços feitos à legislação como as intervenções das autoridades ao nível dos impostos”, acrescenta o relatório.

Apesar da UE considerar o comércio de produtos de luxo e de pedras preciosas como tendo um risco “muito significativo” de branqueamento de capitais, a verdade é que as autoridades europeias acreditam que estas actividades pouco ou nada ajudam ao financiamento do terrorismo.

Os vistos gold

Actualmente, há 20 Estados-membros da UE com programas de atribuição de cidadania através do investimento no país, os chamados vistos gold. Contudo, a Bruxelas considera que estes programas acarretam elevados riscos ao nível de lavagem de dinheiro e corrupção. “Nos últimos anos, verificou-se uma crescente tendência de programas de atribuição de cidadania através do investimento. Estes esquemas aumentaram as preocupações sobre determinados riscos que estão inerentes, no que diz particular respeito à segurança, lavagem de dinheiro, fuga aos impostos e corrupção”, lê-se.

O relatório dá mesmo o exemplo de norte-coreanos que recorreram a outros passaportes para investirem fora do seu país. “Os nacionais da Coreia do Norte fizeram por obter passaportes alternativos, que usam para levar a cabo negócios fora do país – dois norte-coreanos foram identificados com passaportes das ilhas Kiribati e Seicheles para operar em Hong Kong e no Japão. Apesar de ambas as nações terem cancelado o programa de vistos, acredita-se que os seus passaportes foram emitidos depois da alegada data de cancelamento.”

No seio da UE, há o caso do Chipre, que, aos olhos das autoridades europeias, tornou-se “num refúgio financeiro para oligarcas russos e ucranianos e uma plataforma para operações de branqueamento de capitais”, uma vez que o país permite que se seja cidadão cipriota em menos de seis meses, mediante investimento de dois milhões de euros. Em dois anos, cerca de metade dos dois mil passaportes emitidos foi dentro deste esquema de vistos gold.

Apesar do relatório não mencionar directamente os cidadãos chineses que obtém cidadania portuguesa através dos visto gold, a verdade é que esta nacionalidade continua a liderar o número de processos no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Dados desde Outubro de 2012 até Junho deste ano mostram que foi emitido um total de 4.291 passaportes para cidadãos chineses, seguindo-se o Brasil com 764 passaportes.

Em ligação com a atribuição de vistos gold está o investimento na área do imobiliário, e que o relatório aponta como uma forma “muito significativa” de branqueamento de capitais ou mesmo de financiar actividades terroristas. Isto porque, apesar das regulações existentes, ainda há muitos pagamentos feitos a dinheiro.

“Apesar desta forma estar a diminuir, o dinheiro pode ainda ser usado em algumas transacções de imobiliário em alguns Estados-membros. Tal aumenta o risco de ocorrência de transacções anónimas. Os agentes do imobiliário estão normalmente envolvidos em relações de negócio com outros profissionais, dificultando a monitorização do negócio de forma efectiva.”

Desta forma, “as actividades do imobiliário podem constituir uma base para a circulação de dinheiro que chega de fora da UE por parte de clientes de alto risco, como pessoas que estão politicamente expostas”, acrescenta o relatório.

Os casinos

Apesar de existir legislação que regula o sector do jogo na UE há cerca de dez anos, as autoridades continuam a ter algumas preocupações, sobretudo no que diz respeito à falta de harmonização legislativa e na falta de regulamentação efectiva de apostas em tempo real.

O relatório considera que, apesar de o jogo nos casinos não constituir uma ferramenta para o financiamento do terrorismo, nem particularmente para actividades de lavagem de dinheiro, a verdade é que jogos como lotarias ou outro tipo de apostas constituem um risco.

“No caso de outras actividades de jogo, constituem risco de infiltração ou de domínio por parte de grupos de crime organizado”, lê-se. “Órgãos de aplicação de leis indicaram que os casinos estão particularmente expostos a ameaças de infiltração. Contudo, os casinos que são geridos por monopólios estatais ou empresas públicas parecem estar menos expostos a essa infiltração, devido às regulações impostas, ao nível da transparência e da propriedade”, aponta ainda o relatório.

31 Jul 2019

Balanço final de deslizamentos na China é de 42 mortos e nove desaparecidos

[dropcap]P[/dropcap]elo menos 42 pessoas morreram e nove estão desaparecidas na sequência dos deslizamentos de terra na província de Guizhou, sudoeste da China, anunciaram ontem as autoridades num balanço final.

Um forte deslizamento de terra atingiu na noite de terça-feira uma aldeia na cidade de Liupanshui, localizada a 2.300 quilómetros de Pequim, na província montanhosa de Guizhou.
“As operações de resgate foram suspensas no domingo, 28 de Julho, às 23:30 locais”, indicaram as autoridades provinciais, justificando essa decisão pelo risco de deslizamento de terra afectar os socorristas ou pela baixa probabilidade de encontrar sobreviventes.

Segundo um comunicado, publicado no portal da província de Guizhou, “um total de 11 pessoas foram retiradas com vida e hospitalizadas, 42 morreram e nove estão desaparecidas”. O anterior balanço apontava para 38 vítimas mortais e 13 desaparecidos.

A televisão pública CCTV transmitiu nos últimos dias imagens de equipas de resgate e máquinas escavadoras a tentar salvar possíveis sobreviventes.

O Governo destinou 30 milhões de yuans para as operações de busca e o realojamento das vítimas do desastre, de acordo com a agência de notícias Xinhua. Os deslizamentos de terra ocorrem frequentemente em áreas rurais e montanhosas da China, especialmente durante as chuvas fortes.

30 Jul 2019

Universidade de elite na China inclui português como disciplina opcional

[dropcap]A[/dropcap] Universidade Tsinghua, uma das mais prestigiadas da China, vai passar a ter português como disciplina opcional, já no próximo ano lectivo, ilustrando a crescente importância dos países lusófonos para o comércio e diplomacia chineses.

A partir de Setembro, a Universidade Tsinghua vai oferecer português como disciplina opcional aos alunos de todos os cursos de licenciatura, disse ontem à agência Lusa fonte da instituição.

Localizada no norte de Pequim, a Tsinghua é uma das mais prestigiadas universidades chinesas e onde se formaram muitos dos líderes do país, incluindo o actual Presidente chinês, Xi Jinping, e o antecessor, Hu Jintao. Estabelecido em 1911, o ‘campus’ da Tsinghua foi construído a partir de um antigo jardim imperial do século XVIII, preservando os lagos, espaços verdes e edifícios centenários. A universidade tem mais de 25 mil estudantes, segundo o ‘site’ oficial da instituição, e destaca-se sobretudo pelo ensino de engenharia.

A aposta da Tsinghua reflecte a crescente necessidade da China em formar melhores quadros para trabalhar com os países de língua portuguesa, face à evolução das trocas comerciais, que só em 2018 se cifraram em 147.354 milhões de dólares, um aumento de 25,31 por cento, em termos homólogos. O destaque vai para Angola e Brasil, cujas trocas com a China compõem a maioria deste comércio.

Nos últimos anos, a China tornou-se, também, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, enquanto milhares de particulares chineses compraram casa em Portugal à boleia dos vistos ‘gold’.

Propagação da língua

A contar com a Tsinghua são já 34 as universidades da China continental que têm português como cadeira opcional, entre as quais 25 que oferecem também licenciaturas em português. No total, mais de 1.500 estudantes chineses frequentam agora cursos em português.

Até 1999, apenas a Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim e a Universidade de Estudos Internacionais de Xangai ofereciam licenciaturas em português.

30 Jul 2019

Vietname | Polícia detém quase 400 chineses por apostas ilegais

[dropcap]A[/dropcap] polícia vietnamita deteve quase 400 cidadãos chineses no norte do país, na maior operação de sempre contra jogos de azar no Vietname, envolvendo estrangeiros, informou ontem a imprensa oficial de Hanói.

A maior parte dos jogos de azar está proibido a cidadãos do Vietname, apesar de alguns casinos operarem em ‘resorts’ e hotéis, para estrangeiros. Nos últimos anos, grupos criminosos da China têm usado o país para operar casinos ‘online’.

Este fim-de-semana, cerca de 500 policias cercaram um condomínio fechado na cidade portuária de Hai Phong, no norte do Vietname, onde as salas eram usadas para transaccionar apostas num valor superior a 400 milhões de dólares, segundo a imprensa de Hanói. “Trata-se da maior apreensão de sempre a nível de volume e do número de estrangeiros detidos”, sublinhou a televisão estatal VTV.

Os 380 chineses geriam apostas ‘online’ em resultados desportivos, para apostadores da China continental, e administravam uma lotaria ilegal, acrescentou. A polícia confiscou quase dois mil ‘smartphones’, 530 computadores, cartões bancários e dinheiro.

No ano passado, dezenas de pessoas foram condenadas no Vietname por integrarem uma rede de jogos ‘online’, administrada por um alto funcionário encarregado de supervisionar as apostas ‘online’.

30 Jul 2019

Dissidente Huang Qi condenado a doze anos de prisão

Um tribunal chinês condenou ontem o dissidente Huang Qi a 12 anos de prisão por ter revelado segredos de Estado a uma entidade estrangeira, parte de uma campanha lançada por Pequim contra vozes dissidentes

 

[dropcap]H[/dropcap]uang Qi, que dirigia uma plataforma distinguida pela organização Repórteres Sem Fronteiras com o prémio de liberdade de imprensa, foi detido em várias ocasiões por denunciar abusos do poder político, incluindo em 2008, depois de advogar por pais cujos filhos morreram num terremoto na província de Sichuan, sudoeste do país. Milhares de estudantes morreram quando as suas escolas, de fraca construção, ruíram, mas as autoridades nunca divulgaram os resultados de qualquer investigação e nunca responsabilizaram alguém.

Um comunicado difundido ontem pelo Tribunal Popular Intermédio de Mianyang, província natal de Huang, em Sichuan, não detalhou quais foram os segredos revelados ou os receptores. Em 1998, Huang fundou o portal “64 Tianwang”, onde revelava histórias de abusos por parte das autoridades.

A mãe de Huang, Pu Wenqing, pediu às autoridades que o transferissem para um hospital, para receber tratamento, devido a função renal limitada e perda de peso severa.

A organização não-governamental Human Rights China revelou que “em resultado dos espancamentos e outros abusos que sofreu durante períodos de detenção”, Huang sofre de acumulação de líquido no cérebro, uma doença cardíaca reumática e insuficiência renal crónica, que requerem medicação diária. Numerosos dissidentes chineses adoeceram durante a prisão.

Outros exemplos

O Prémio Nobel da Paz Liu Xiaobo estava a cumprir uma pena de onze anos por “incitar a subversão do poder do Estado” quando morreu de cancro no fígado, há dois anos.

Sob a liderança do actual líder chinês, Xi Jinping, que após uma emenda constitucional, no ano passado, poderá exercer como Presidente vitalício, as autoridades chinesas têm reforçado o controlo sobre a sociedade civil, ensino ou religião.

30 Jul 2019

Hong Kong | Apoio à polícia abre caminho a mais violência, diz activista

[dropcap]A[/dropcap] porta-voz da organização que tem liderado as manifestações em Hong Kong alertou que o apoio “incondicional” expresso ontem por Pequim ao Governo e à polícia do território abre caminho “a mais violência”.

“Apesar dos relatórios de organizações internacionais, que dão provas do abuso policial, Pequim decidiu apoiar a polícia, o que é perigoso porque significa que, independentemente do que faça, a polícia vai ter o apoio” do Governo Central, afirmou Bonnie Leung. Tal representa “uma enorme ameaça” para os manifestantes, advertiu a vice-coordenadora da Frente Civil de Direitos Humanos, antevendo “maior violência” por parte das autoridades em futuros protestos, que, garantiu, vão existir.

Para a activista, a conferência de imprensa sem precedentes realizada ontem pelo Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado teve apenas dois destinatários: o Governo e a polícia da antiga colónia britânica. “A conferência de imprensa não foi feita para os cidadãos e para os manifestantes de Hong Kong. A mensagem teve como objectivo, sobretudo, garantir que a polícia e o Governo de Hong Kong têm o apoio total de Pequim”, reiterou a activista.

“Temos de olhar para a realidade: Em todos os protestos com confrontos, a provocação partiu das autoridades”, frisou Bonnie Leung.

30 Jul 2019

Hong Kong | Pequim mantém apoio a Carrie Lam e condena protestos “inaceitáveis”

O Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado chinês pronunciou-se ontem, pela primeira vez, sobre o que se está a passar na região vizinha. Foi reafirmado o apoio à actual Chefe do Executivo e à garantia da continuação do princípio “Um País, Dois Sistemas”. O organismo mostrou apoio à polícia e disse que os protestos ultrapassaram “o limite do aceitável”

 

[dropcap]D[/dropcap]epois de dois dias de confrontos em Hong Kong, que levaram à detenção de 49 pessoas entre a noite de domingo e a manhã de segunda-feira, o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado da China pronunciou-se sobre a situação vivida na região vizinha em Pequim. Yang Guang e Xu Luying foram os porta-vozes de serviço do Gabinete, que falou sobre Hong Kong, pela primeira vez, desde que a Administração do território passou para a China, em 1997.

De acordo com o South China Morning Post (SCMP), foram traçados três objectivos pelo Governo Central em relação a Hong Kong. Pequim espera que “os vários sectores se oponham firmemente à violência”, que “garantam firmemente o Estado de Direito” e que “a sociedade possa afastar-se dos conflitos políticos o mais rapidamente possível”

Yang Guang deixou ainda claro que o princípio “Um País, Dois Sistemas”, regra basilar do funcionamento das duas regiões administrativas especiais, é para manter. “’Um País, Dois Sistemas’ é a melhor forma para governar Hong Kong, e o Governo Central não vai mudar essa direcção”. Contudo, quando questionado sobre qual a melhor forma de garantir o respeito pelo princípio no território, Yang Guang disse que “tudo dependia do entendimento deles (Hong Kong)”, uma vez que está em causa “uma completa ideologia”. “Há três linhas básicas: não se deve ir contra a segurança nacional, não se deve desafiar a autoridade do Governo Central e da Lei Básica, e não se deve usar Hong Kong como base para minar a China”, referiu.

Ainda no que diz respeito à Lei Básica, os porta-vozes do Conselho de Estado nada adiantaram relativamente à possibilidade do Exército de Libertação Popular em Hong Kong poder intervir nas ruas a pedido do Governo da RAEHK. “A Lei Básica tem definições claras sobre essa matéria e não tenho mais nada a acrescentar”, frisou Yang Guang.

Na conferência de imprensa de ontem, foi também dado o total apoio a Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, não sem antes apontar algumas críticas. “Ela tem desenvolvido muito trabalho desde que assumiu o mandato. Notámos que o Governo tenta rever as suas deficiências… o Governo vai ser mais inclusivo e ouvir diferentes opiniões”, disse Yang Guang.

“Desde que tomou posse como Chefe do Executivo, em 2017, é reconhecida a contribuição de Carrie Lam nas áreas da segurança social e do desenvolvimento económico”, adiantou o responsável, que não deixou de dar esclarecimentos adicionais sobre a intenção da lei da extradição. Actualmente, a proposta de lei mantém-se suspensa no Conselho Legislativo sem que, no entanto, tenha sido totalmente retirada, como é desejo dos manifestantes. “O objectivo inicial desta proposta de lei era resolver uma lacuna legal, e Pequim reconhece isso. Pequim também compreende e respeita a decisão do Governo da Região Administrativa Especial (RAE) de suspender a proposta de lei. O Governo da RAE reflectiu, à sua maneira, sobre as formas de lidar com a proposta de lei da extradição. A 1 de Julho tomámos conhecimento de que Carrie Lam estaria a levar a cabo uma forma de governação mais tolerante e aberta. Pequim continua a apoiar de forma resoluta a sua Administração”, acrescentou o porta-voz.

Apoio à polícia

O Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado chinês pronunciou-se também sobre os últimos confrontos no território, que provocaram uma onda de feridos e detenções. A polícia de Hong Kong tem estado debaixo de fogo por parte dos manifestantes, sobretudo desde o ataque, alegadamente organizado por tríades, na estação de metro de Yuen Long. A polícia é acusada de nada ter feito para travar a violência que atingiu não apenas manifestantes, mas também jornalistas e transeuntes apanhados no sítio errado à hora errada.

“No último mês, a polícia de Hong Kong tem estado sob grande pressão. Tem feito o seu melhor para proteger a sociedade e a estabilidade, e fizeram um grande sacrifício”, referiu Yang Guang, que lembrou que os familiares das autoridades têm sido alvo de abusos e ataques nas redes sociais.

Nesse sentido, os porta-vozes mostraram-se contra o uso de qualquer tipo de violência. “O Estado de Direito é algo de que os naturais de Hong Kong se orgulham. Violência é violência; actos ilegais são ilegais. Isso não muda, não importa qual seja o alvo. O Governo Central apoia os vários departamentos e a polícia na protecção do Estado de Direito.”

Citado pela Xinhua, Yang Guang defendeu que a população de Hong Kong deve, acima de tudo, defender a manutenção do Estado de Direito: “Não podemos simplesmente sentar-nos a observar um pequeno grupo de pessoas atropelar, de forma imprudente, o Estado de Direito.”

Nesse sentido, e de acordo com o jornal online Hong Kong Free Press, Yang Guang defendeu que os últimos protestos “excederam os limites do que deve ser um protesto aceitável”.

Além disso, referiu que “algumas pessoas e media com segundas intenções” tiraram vantagens da falta de familiarização do público para com o sistema legal da China. Foram essas mesmas pessoas que, aos olhos do Conselho de Estado, levaram milhares de pessoas a oporem-se à lei da extradição proposta pelo Executivo de Carrie Lam. “Se Hong Kong continuar em caos, isso vai trazer custos à sociedade”, disse Yang Guang, de acordo com o HKFP.

Nas últimas semanas, números impressionantes de manifestantes povoaram as ruas da região vizinha não apenas contra a lei da extradição no LegCo mas também a favor de mais democracia no território. Além disso, exigem ainda a demissão de Carrie Lam. Os manifestantes não têm colocado muito o foco das suas reivindicações nos problemas sociais que se verificam em Hong Kong, tal como o encarecimento de vida e da habitação, mas o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado também foi confrontado com essa matéria. Xu Luying deu a resposta.

“Há muitos problemas profundamente enraizados, tal como a mobilidade dos jovens e a habitação. É uma questão muito complicada e multilateral. Necessitamos de várias formas para resolver esses problemas”, disse a responsável, que lembrou o apoio que o plano da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau pode dar em termos de inovação.

Nesse sentido, disse Yang Guang, o Governo de Carrie Lam “tem de encontrar formas de fomentar o desenvolvimento económico e resolver as queixas dos mais jovens no que respeita à qualidade de vida e perspectivas de carreira”.

As influências externas

A conferência de imprensa serviu também de alerta às alegadas influências externas de que o território tem sido alvo e que, aos olhos de Pequim, têm um papel preponderante no caminho que a luta contra a lei da extradição segue.

“Algumas pessoas irresponsáveis de países do Ocidente fizeram observações irresponsáveis. Tenho tomado atenção a alguns discursos. Têm uma lógica estranha: esperam empatia para com a violência e acções ilegais, mas no que diz respeito ao trabalho da polícia na manutenção da lei, ordem e estabilidade na sociedade, os manifestantes acreditam que os polícias deveriam ser responsabilizados e condenados. Isto é ridículo”, disse Yang Guang. O mesmo responsável não respondeu quanto à possibilidade de ser criada uma comissão de inquérito independente sobre os últimos acontecimentos.

“Hong Kong é a Hong Kong da China. Os assuntos internos de Hong Kong são os assuntos internos da China. A interferência não é permitida. Os políticos dos países do Ocidente têm feito uma série de declarações e a sua intenção é transformar Hong Kong num local que cria problemas à China e que traz dificuldades ao seu desenvolvimento”, frisou o porta-voz.

O Parlamento Europeu foi uma das entidades que mais recentemente condenou o que se passa em Hong Kong, aprovando uma resolução contra a violência policial e a proposta de lei da extradição. A China condenou esta posição da União Europeia (UE), inclusivamente com o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em Hong Kong a referir-se aos parlamentares europeus como hipócritas. Em comunicado, foi referido que a resolução aprovada “ignora os factos e confunde o que é certo com o errado”.

Para Pequim, o documento do PE “está cheio de ignorância, orgulho e é duplamente hipócrita. Aponta o dedo e dá ordens ao nível das políticas adoptadas pela Região Administrativa Especial de Hong Kong e pelo Governo Central. A sua ignorância e atitude deixaram as pessoas sem palavras com espanto e horror”.

A conferência de imprensa foi transmitida em directo por meios de comunicação de Hong Kong, como o SCMP e o jornal online Hong Kong Free Press. Contudo, e de acordo com o SCMP, às agências noticiosas internacionais, como a Associated Press e a Reuters, foram cancelados os direitos de transmissão. Uma decisão da responsabilidade do Conselho de Estado da China.

30 Jul 2019

Malaca | Guardião da herança portuguesa desapontado com falta de apoio

O responsável do museu do Bairro Português em Malaca, Malásia, está desapontado com Portugal por não ajudar na remodelação do espaço, visivelmente degradado, que conta uma história do legado português com mais de 500 anos

 

[dropcap]E[/dropcap]m entrevista à Lusa no museu situado no coração do Bairro Português em Malaca onde se estima viverem ainda mil a dois mil luso-descendentes em cerca de 180 casas, Jerry Alcantra afirma estar desapontado com os portugueses que “dizem querer ajudar”, sem que esta chegue. “Não quero ofender ninguém, só digo o que deve ser dito”, sublinha o lusodescendente.

Carpetes velhas, molduras partidas e danificadas, quadros rasgados, pratos do séc XVI partidos, entre algumas outras relíquias em relativo bom estado, é o cenário que se vê ao entrar neste espaço, no qual se procura preservar uma história que remonta a 1509 quando Diogo Lopes Sequeira, enviado do Rei D. Manuel, aportou em Malaca para estabelecer relações e dois anos mais tarde Afonso de Albuquerque desembarcou, demoliu a Grande Mesquita, e levantou no local uma fortaleza que seria um importante entreposto comercial.

“Um museu precisa de ter boas molduras, boas luzes (…) isto assim não pode ser considerado um museu”, diz, visivelmente triste e revoltado, Jerry Alcantra, que toma conta do museu há sete anos.

O lusodescendente explica que antigamente o museu era em parte subsidiado pelo estado de Malaca, mas que “agora eles não têm dinheiro” e por isso toma conta do local de forma gratuita, pedindo apenas a quem entra algum donativo.

Para Jerry Alcantra, o facto de as autoridades malaias não ajudarem resulta de os luso-descendentes serem praticamente todos católicos romanos, num país onde o islamismo é a religião oficial, praticado por mais de 50 por cento da população malaia (31 milhões de habitantes). O budismo (17 por cento) e o taoismo (12 por cento) estão à frente do catolicismo, que é praticado por cerca de 8 por cento da população do país. “O Governo [da Malásia] não nos ajuda porque nós não somos malaios, isto é um país muçulmano, eles não nos vão ajudar, nós somos católicos romanos”, afirma.

Este cenário, juntamente com o facto de os portugueses os “terem deixado para trás”, põe em risco a própria manutenção deste legado. “Os portugueses deixaram-nos para trás”, acusa, garantindo que, apesar de tudo, aqui neste pequeno recanto de Malaca o bailado, a música, o português ‘antigo’, o Natal e as festas de São Pedro são rituais respeitados e praticados religiosamente por esta população.

“A cultura é o que nos resta para nós termos a noção que somos portugueses, mais nada. Nós não parecemos portugueses, nós somos a quinta geração”, diz, sublinhando que o cruzamento de culturas tem sido feito ao longo de 500 anos, até através do casamento.

“Se eu falar devagarinho vocês [os portugueses de Portugal] entendem”, dando depois alguns exemplos como “comer, beber, branco, janela”, em crioulo de matriz portuguesa kristang, uma língua agora ameaçada de extinção, que emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai as suas influências dos dialectos chinês e indiano.

“O meu pai é português e a minha mãe é chinesa, o que é que isso faz de mim? Como é que querem que eu me pareça convosco?”, aponta.

Miguel Mâncio, enviado da agência Lusa

29 Jul 2019

Hong Kong | Polícia dispersou manifestantes lançando gás lacrimogéneo

A polícia de Hong Kong lançou ontem gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes que se concentraram junto ao Gabinete de Ligação em mais uma acção de protesto que teve origem nas emendas à lei da extradição

 

[dropcap]A[/dropcap]s imagens transmitidas por vários canais de televisão mostraram as forças policiais a recorrer a bombas de gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes que se barricaram junto à zona do Gabinete de Ligação do Governo Central em Hong Kong, cujo símbolo foi atacado com ovos e tinta há exactamente uma semana. Protesto que motivou uma reacção pronta de Pequim. Um escudo protector transparente foi, entretanto, colocado sobre o símbolo para o proteger.

No sábado a polícia de Hong Kong instalou barreiras de contenção e reforçou a segurança junto às esquadras do Distrito Ocidental, na zona de Sheung Wan e de Central, e reforçou o pavimento das ruas para impedir que fosse arrancado e arremessado.

Segundo noticiou a estação de rádio local RTHK, os manifestantes foram autorizados a concentrarem-se no jardim Chater, no centro da cidade, tendo as autoridades recusado autorizar a marcha até ao parque Sun Yat Sen em Sheung Wan, perto do Gabinete de Ligação do Governo Central em Hong Kong.

Aldeia de bambu

No sábado, pelo menos 23 pessoas ficaram feridas, duas das quais com gravidade, e 11 foram detidas durante a manifestação em Yuen Long, no noroeste do território, que se realizou apesar de ter sido proibida pelas autoridades, de acordo com meios de comunicação social locais.

A polícia, que usou granadas de gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar milhares de manifestantes, indicou que quatro agentes ficaram feridos na marcha em Yuen Long, perto da fronteira com a China, em protesto contra o ataque de domingo da semana passada.

Em 21 de Julho, homens encapuzados e também de cara destapada, vestidos de branco e munidos com bastões, investiram indiferenciadamente contra uma multidão, na sua maioria manifestantes que tinham participado num protesto na cidade, e que se encontravam na estação de metropolitano de Yuen Long. Pelo menos 45 pessoas ficaram feridas.

As manifestações deste fim de semana são mais um capítulo da contestação na rua, iniciada em Junho contra as emendas à lei da extradição, entretanto suspensas.

Os manifestantes exigem uma resposta do Governo de Carrie Lam a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de Junho e 1 de Julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da Chefe do Executivo.

29 Jul 2019