EUA mantêm-se concentrados no Indo-Pacífico, que moldará o século, diz Anthony Blinken

Os Estados Unidos mantêm-se concentrados a longo prazo na região do Indo-Pacífico, apesar das preocupações com uma eventual agressão da Rússia à Ucrânia, disse ontem na Austrália o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken.

O chefe da diplomacia norte-americana encontra-se na cidade de Melbourne, onde vai encontrar-se com os homólogos da Austrália, Índia e Japão.

Os quatro países formam o bloco conhecido como Quad (Quadrilateral Security Dialogue) ​​​constituído em 2007 para contrariar a influência da República Popular da China na região.

“Há outras coisas a acontecer no mundo nesta altura, como já devem saber. Temos alguns desafios na Ucrânia e com a ‘agressão’ da Rússia. Estamos a trabalhar 24 horas e sete dias por semana nesse assunto”, declarou Blinken à chegada à Austrália.

“Mas todos sabemos, o Presidente (Joe Biden) sabe melhor do que qualquer outra pessoa, que muito do que vai acontecer neste século vai ser determinado pelo que acontecer aqui, na região do Indo-Pacífico”, acrescentou.

A região do Indo-Pacífico é apontada como a zona de maior crescimento a nível mundial contando com dois terços do crescimento da economia global, sobretudo nos últimos cinco anos, e concentra metade da população mundial, disse ainda o secretário de Estado norte-americano.

Blinken sublinhou que os assuntos que preocupam os países da região preocupam todo o mundo, referindo que questões como as alterações climáticas e a pandemia do SARS CoV-2 não podem ser resolvidas por um só Estado.

“Mais do que nunca precisamos de parcerias, precisamos de novas alianças e de coligações de países dispostos em envidar esforços, recursos e capacidades para resolver estes problemas”, afirmou. “O que nos move é a partilha da visão sobre uma sociedade livre e aberta”, frisou.

A visita do secretário de Estado norte-americano foi concebida para reforçar os interesses dos Estados Unidos na Ásia, assim como afirmar os interesses de Washington no recuo da influência de Pequim na região.

Blinken vai também visitar as Ilhas Fiji e deve analisar a situação na Coreia do Norte com os representantes do Japão e da Coreia do Sul num encontro, mais tarde, no Havai. Para Blinken, os países parceiros estão juntos na partilha de valores referindo que “não estão contra a China”.

“Isto não é estar contra alguém em particular, mas sim uma afirmação a favor de uma ordem baseada em regras”, disse Blinken, em declarações à Australian Broadcasting Corporation (ABC).

Questionado pelos jornalistas sobre se Washington encara a Rússia e a China como ameaças à segurança global, Blinken respondeu que “se trata de diferentes desafios” e que a Rússia é, “neste momento, um desafio imediato”.

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Marise Payne, que vai coordenador os trabalhos da conferência de Melbourne, disse que o encontro do Quad vai incluir assuntos como a distribuição das vacinas contra a covid-19, tecnologia, cibernética, combate à desinformação, terrorismo, segurança marítima e alterações climáticas.

A Índia vai estar representada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Subrahmanyam Jaishankar, e o Japão pelo chefe da diplomacia de Tóquio, Hayashi Yoshimasa.

“Como rede de democracias ‘liberais’, nós estamos comprometidos com aspetos relacionados com a cooperação e para garantirmos aos países da região do Indo-Pacífico, pequenos e grandes, capacidade para tomarem decisões estratégicas próprias de forma livre e sem coação”, disse Payne.

Na quarta-feira, o porta-voz da diplomacia chinesa, Zhao Lijian, disse que a visita de Blinken a Melbourne é um esforço de Washington para fazer vingar os padrões norte-americanos.

“Com uma democracia em colapso há muito tempo, os Estados Unidos estão a forçar outros países a adotar os padrões da América traçando linhas com valores e montando grupos. Isto é uma completa traição à democracia”, disse Zhao.

Hoje, o ministro da Defesa da Austrália, Peter Dutton, expressou preocupações sobre a aliança entre a Rússia e a China, frisando que as ameaças de Pequim estão a intensificar-se.

“Sabemos que o nosso país está a enfrentar o ambiente de segurança regional mais complexo e potencialmente catastrófico desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)”, disse Dutton no Parlamento de Camberra.

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