Comércio | China vai tentar renegociar tarifas e Biden procurar velhas alianças

Depois da relação bipolar com Donald Trump, entre rasgados elogios e tarifas brutais, Xi Jinping poderá suavizar as relações comerciais com a mudança na Casa Branca. Após negar durante a campanha que será simpático para Pequim, Joe Biden tem pela frente a missão de reconstruir as alianças tradicionais, como com a União Europeia. Porém, o foco do Presidente eleito deverá ser a economia doméstica

 

[dropcap]U[/dropcap]m dos mantras da economia global contemporânea é que os mercados se dão muito bem com a estabilidade política. Essa máxima vale também na relação comercial entre Pequim e Washington, que atingiu picos de crispação nunca antes vistos durante o mandato de Donald Trump.

A vitória de Joe Biden pode ser encarada pelo Governo Central chinês como uma oportunidade para atenuar as tensões comerciais e renegociar um acordo que é visto por Pequim como injusto e impossível de concretizar.

A primeira fase do acordo comercial foi conseguida depois de um ano e meio de troca de acusações e de tarifas amontoadas, com Pequim a comprometer-se a comprar 200 mil milhões de dólares em produtos norte-americanos, acima dos níveis de 2017, para equilibrar a balança comercial entre as duas maiores economias mundiais.

A redução das metas de importação e das tarifas às exportações para os Estados Unidos são pontos que Pequim gostaria de renegociar com a Administração Biden, de acordo com Shi Yinhong, analista do Conselho de Estado chinês, citado pelo South China Morning Post.

“Mais tarde ou mais cedo, Biden irá lançar a renegociação do acordo comercial, porque o actual não é realista. A renegociação também entra em linha com os desejos de Pequim”, afirmou o conselheiro ao jornal de Hong Kong, acrescentando que Biden deverá procurar mais mudanças estruturais numa nova ronda negocial.

Por outro lado, Shi Yinhong acha que “a Administração Biden provavelmente irá assumir uma posição dura em relação a Hong Kong, Taiwan, Xinjiang e Mar do Sul da China, assim como outros assuntos relativos a direitos humanos, além das alegadas actividades de espionagem chinesa nos Estados Unidos”.

Arrumar a casa

Como é natural, ainda é demasiado cedo para se apurar com alguma clareza as prioridades de Joe Biden, mesmo que tenha categorizado a guerra comercial com Pequim como “desastrosa e prejudicial”. Porém, os assuntos de política interna, a economia nacional fragilizada pela pandemia de covid-19 e um país dividido como nunca devem ser a prioridade do novo Presidente.

Apesar de o antigo vice-Presidente ter afirmado que assim que fosse eleito iria reavivar as ligações com os naturais aliados dos Estados Unidos para combater, em conjunto, a escalada de influência de Pequim no plano internacional, esse objectivo pode ficar para segundo plano. Elementos da campanha de Joe Biden revelaram à Politico que novas rondas de negociações com a China só seriam consideradas depois de investimentos internos em infra-estruturas e da aprovação de um pacote de estímulos para atenuar o impacto económico da pandemia do coronavírus nos Estados Unidos.

A aposta na agenda doméstica é uma abordagem apelativa para os congressistas democratas pertencentes a comités que se debruçam sobre comércio externo, como Earl Blumenaeur, representante democrata do Oregon, que não vê necessidade de incluir um novo acordo comercial na “agenda para os primeiros 100 dias”.

A posição não é consensual, levando mesmo a reacções de cepticismo, principalmente perante a exigência imediata de aliados que querem a revogação, o mais depressa possível, das políticas externas da Administração Trump. Outro argumento nesse sentido é a posição manifestada por Biden de querer atingir com os acordos comerciais prioridades mais profundas como novos compromissos na luta contra as alterações climáticas.

Abordagem populista

Enquanto não se dissipa o nevoeiro eleitoral, e as políticas que vão ser seguidas pela Administração Biden não ganham nitidez, há analistas que entendem que o novo Presidente eleito pode não seguir o mesmo caminho de regresso à primazia do mercado livre, bandeira tradicional das administrações Clinton e Obama.

A alternativa, considerada populista pela analista citada pela Politico, é o populismo de procurar objectivos de protecção ambiental e de luta pela melhoria de salários.

Nesse sentido, procurar tréguas na guerra comercial protagonizada por Trump pode resultar no aumento de oportunidades para fortalecer a capacidade fabril dos Estados Unidos.

Apesar de ter ganho 66 mil empregos fabris em Setembro, o sector perdeu 647 mil empregos desde Fevereiro, ou seja, desde o início da pandemia. Eliminar algumas das tarifas implementadas por Donald Trump, poderá dar um novo fôlego à indústria que tem sofrido com os elevados preços de importação e do acesso restrito a mercados estrangeiros.

Vista de Pequim

Um editorial publicado na noite de domingo no Global Times aponta para as prioridades do Governo Central na adaptação a uma nova realidade. “Pequim deve falar com a equipa de Biden da forma mais profunda possível para recuperar as relações entre China e Estados Unidos para um estatuto de maior previsibilidade”, aponta o editorial.

O jornal, que costuma dar eco à voz do Governo Central em negócios estrangeiros, refere que existe espaço para reajustes às relações entre os dois países, por exemplo, na luta contra a pandemia, uma das emergências da Administração Biden. O editorial destaca o facto de Biden ter referido a abordagem científica como a forma para lutar contra a propagação da covid-19 e, como tal, “será difícil os Estados Unidos continuarem a culpar a China”. A nova abordagem pode mudar a agulha do confronto para a cooperação pragmática.

O Global Times indica a intenção firme de retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris sobre alterações climáticas. Nesse âmbito, é afirmado que a cooperação entre Pequim e Washington é indispensável.

O jornal oficial assume que “é muito provável que Biden continue a campanha de ‘pressão máxima’ sobre a China, mas sem o estilo descuidado de um jogador de casino”. É salientado que apesar do aumento de tensões e tarifas, a balança comercial com a China não se alterou, mas com repercussões económicas nefastas para as empresas norte-americanas.

“A China não deve alimentar ilusões de que a eleição de Biden irá aliviar, ou fazer recuar as actuais relações entre os dois países, nem enfraquecer a esperança de que as relações bilaterais possam melhorar. A competição e protecção contra a China só vão aumentar”, prevê o editorial do Global Times.

Porém, é deixado uma expectativa positiva, baseada “no interesse comum dos povos dos dois países, e da comunidade internacional, que as relações entre Estados Unidos e China sejam aliviadas e controladas”. Como tal, os governantes dos dois países devem trabalhar em conjunto, encontrar uma base de entendimento para ter uma relação baseada no trabalho, estabilidade e previsibilidade.

Joe, o moderado

A origem política do Presidente eleito é outro facto tomado em conta pelos analistas de negócios estrangeiros. “Joe Biden pertence ao círculo político centrista, moderado, com experiência em lidar com relações internacionais e com compreensão do que é o multilaterialismo. Será um actor racional”, referiu Wang Huiyao, presidente do think tank sediado em Pequim Centre for China and Globalisation, citado pelo South China Morning Post.

Outro ponto de interesse, é verificar até que ponto Pequim irá continuar a respeitar o acordo comercial estabelecido com Donald Trump, quando o republicano já não se encontrar na Casa Branca. Ainda para mais, tendo em conta que renegociar acordos internacionais de comércio não está no topo das prioridades da nova Administração. Ainda assim, é expectável que a equipa de Joe Biden analise os acordos estabelecidos por Trump e decida quais devem manter-se em vigor, de forma a recuperar a credibilidade internacional.

Antes das eleições, a China aumentou a compra de produtos agrícolas norte-americanos, apesar de não ter atingindo os objectivos fixados para 2020. No final de Setembro, apenas estavam cumpridas 54 por cento das metas estabelecidas, apesar da subida considerável de importação de soja, milho e carne de porco dos Estados Unidos para a China. A continuar neste caminho, os objectivos acordados vão-se ficar pelos 65 por cento das metas de compras de bens agrícolas norte-americanos.

De acordo com dados oficiais chineses, divulgados no sábado, em Outubro a balança comercial agravou-se a favor da China em 46,5 por cento, em relação ao dia em que Donald Trump tomou posse.

9 Nov 2020

EUA/Eleições | Governantes das Filipinas, Malásia e Japão parabenizam Joe Biden

[dropcap]O[/dropcap] chefe de Estado das Filipinas e o primeiro-ministro da Malásia destacaram hoje as relações com os Estados Unidos, ao felicitar o Presidente eleito Joe Biden, nas presidenciais de 03 de novembro. “Em nome da nação filipina”, Rodrigo Duterte “felicita o antigo vice-Presidente Joe Biden, depois de ser eleito o novo Presidente dos Estados Unidos”, de acordo com um comunicado divulgado pela presidência das Filipinas.

“As Filipinas e os Estados Unidos têm relações bilaterais e estamos comprometidos em estreitar ainda mais os laços com os Estados Unidos durante a administração Biden”, acrescentou a mesma nota. As Filipinas são um dos principais aliados históricos de Washington no Sudeste Asiático e os Estados Unidos contam várias bases militares em território filipino, mas durante a sua administração, Duterte aproximou-se da Rússia e da China.

Por seu lado, o primeiro-ministro da Malásia, Muhyiddin Yassin, destacou a “histórica vitória” eleitoral de Biden, em comunicado. País do Sudeste Asiático diplomaticamente próximo dos Estados Unidos, a “Malásia dá grande importância às relações” com Washington, indicou o responsável, citado numa nota.

“A Aliança de Cooperação Global EUA-Malásia continua a ser o marco geral de uma colaboração proativa, multifacetada e mutuamente benéfica para os dois países”, acrescentou o primeiro-ministro malaio.

Joe Biden foi anunciado, no sábado, como vencedor das eleições presidenciais de 03 de novembro, de acordo com projeções dos ‘media’ norte-americanos.

Segundo as projeções, Biden totaliza 290 “grandes eleitores” do Colégio Eleitoral, derrotando o candidato republicano e atual Presidente Donald Trump. A posse de Biden como 46.º Presidente dos Estados Unidos está marcada para 20 de janeiro de 2021.

Primeiro-ministro japonês felicita Joe Biden

O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, felicitou Joe Biden pela sua eleição como Presidente dos Estados Unidos e disse estar ansioso por trabalhar com ele pela “paz, liberdade e prosperidade” numa região onde a China exerce influência crescente.

“Parabéns calorosos a @JoeBiden e @KamalaHarris. Estou ansioso por trabalhar convosco para reforçar ainda mais a aliança Japão-EUA e assegurar a paz, liberdade e prosperidade na região Indo-Pacífico e para além dela”, escreveu Yoshihide Suga na rede social Twitter.

Eleito em setembro passado chefe do governo japonês, Suga afirmou que prosseguirá o trabalho do seu antecessor, Shinzo Abe, que mantinha boas relações com o Presidente norte-americano Donald Trump.

8 Nov 2020

EUA/Eleições | Redes sociais chinesas festejam Biden, órgãos oficiais recomendam cautela

[dropcap]O[/dropcap]s internautas chineses celebraram efusivamente a vitória de Joe Biden, enquanto a imprensa estatal reagiu também com optimismo, mas recomendou cautela, face à crescente complexidade nas relações Estados Unidos-China.

“Deus salvou a América”, reagiu Gao Zhikai, intérprete do antigo líder chinês Deng Xiaoping e actualmente um dos mais conhecidos comentadores da televisão chinesa, num comentário difundido na rede social Wechat.

“[Donald] Trump ainda está a tentar manter-se à tona, mas mil veleiros passam um barco a afundar”, descreveu, recorrendo a um ditado chinês.

Memes e mensagens congratulatórias para Joe Biden inundaram as redes sociais chinesas às primeiras horas da madrugada na China, ilustrando a impopularidade de Donald Trump no país.

“Estás despedido”, escreveu um internauta chinês, num comentário dirigido a Trump, na rede social Weibo, o Twitter chinês. “Sinto-me feliz que os norte-americanos estejam finalmente a mostrar alguma inteligência e a exercitar o que consideram ser o seu conceito superior de democracia”, acrescentou.

“É um grande dia para o mundo e um evento ainda melhor para a China”, descreveu outro internauta.
Nos últimos meses, a insistência de Trump em apelidar a covid-19 de “vírus chinês” contribuiu para antagonizar as percepções sobre o líder norte-americano. “Donald Trump vem no topo da lista dos homens mais odiados na China”, comentou Penny Li, uma chinesa que viveu quase dez anos na Austrália, à agência Lusa. “[O secretário de Estado] Mike Pompeo está logo a seguir”.

Moderado e maduro

Alguns órgãos de comunicação chineses expressaram esperança de que Biden estabilize as relações entre Washington e Pequim, mas alertaram sobre futuras tensões entre as duas grandes potências. Outros sugeriram que a democracia norte-americana está em declínio.

“O resultado [das eleições] pode inaugurar um ‘período de amortecimento’ nas tensas relações China – EUA, e oferece uma oportunidade para retomar a comunicação de alto nível e reconstruir a confiança estratégica mútua”, escreveu o Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, num artigo em que cita especialistas chineses. Biden vai ser “mais moderado e maduro” do que Trump nas relações externas, previu o jornal.

O Southern Daily, um jornal oficial de Guangdong, escreveu que, embora Biden provavelmente tratará a Rússia, e não a China, como a maior ameaça externa aos Estados Unidos, os chineses “não se devem iludir”. “Uma coisa é certa, as coisas nunca mais voltarão a ser como antes”, apontou. “O mundo mudou”.

A imprensa do regime chinês explorou também a crescente divisão na sociedade norte-americana para descrever um país “caótico” e em “declínio”. Hu Xijin, editor do Global Times, lembrou, no Weibo, que “a sociedade norte-americana agora está altamente dividida, o que cria terreno propício para mais instabilidade política”.

8 Nov 2020

China condena ex-presidente do Hengfeng Bank à pena de morte por corrupção

[dropcap]O[/dropcap] banqueiro chinês Cai Guohua, ex-presidente do banco Hengfeng Bank, foi hoje condenado à pena de morte, com suspensão de dois anos, por desvio de fundos, abuso de poder, corrupção e por receber subornos e empréstimos ilegais.

O Tribunal Popular Intermédio da cidade de Dongying, na província de Shandong, nordeste da China, explicou num comunicado divulgado na rede social Weibo que se Cai não cometer mais crimes, nos próximos dois anos, a sua sentença será comutada para prisão perpétua.

O tribunal acrescentou que os seus direitos políticos foram anulados e os seus bens confiscados. A sentença indicou que Cai aproveitou-se da sua posição para “ocupar ilegalmente propriedades do bancos em benefício próprio”.

Segundo o jornal oficial Global Times, Cai é “um dos banqueiros mais corruptos da História” e terá recebido quantias superiores a 10,3 mil milhões de yuan. Com sede em Shandong, o Hengfeng Bank iniciou um processo de reestruturação em 2017, quando os reguladores chineses lançaram uma campanha para conter os riscos financeiros no setor bancário, acrescentou a publicação chinesa Caixin.

No ano passado, o antecessor de Cai no Hengfeng Bank, Jiang Yunxi, também foi condenado à morte com uma suspensão de dois anos.

6 Nov 2020

Vice-primeiro-ministro chinês elogia líder de Hong Kong por “restaurar ordem” na cidade

[dropcap]O[/dropcap] vice-primeiro-ministro chinês Han Zheng elogiou hoje a líder de Hong Kong por ter “restaurado a ordem” e “reavivado a economia” da região semiautónoma de Hong Kong, abalada por protestos em 2019.

Han, que reuniu com Carrie Lam no último dia da visita da chefe do Executivo de Hong Kong à capital chinesa, disse que o governo da região administrativa especial chinesa “superou todos os tipos de dificuldades e enfrentou os desafios”.

Hong Kong foi abalada por protestos, no ano passado, a exigir eleições totalmente democráticas e em oposição à crescente influência da China nos assuntos da cidade.

Lam, que foi escolhida como líder da região administrativa especial por um comité dominado por membros pró-Pequim, foi acusada pelos manifestantes de estar ao serviço do Governo central da China.

Pequim reagiu ao promulgar uma controversa lei de segurança para Hong Kong, no início deste ano, que é vista como uma ameaça às liberdades garantidas à cidade aquando da transferência da soberania do Reino Unido para a China, em 1997.

Han, um dos sete membros do comité permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC), a cúpula do poder na China, elogiou ainda o Executivo de Lam pela forma como lidou com a pandemia da covid-19.

Depois de visitar Pequim, Lam viajará para Guangdong, a província do sul da China que faz fronteira com Hong Kong e Macau.

O Governo central quer integrar as duas região administrativas especiais na Área da Grande Baía, onde Pequim quer criar uma metrópole mundial a partir de Hong Kong e nove cidades de Guangong, numa altura em que a China tenta aprimorar a produção, de forma a subir nas cadeias de valor.

Até 2022, a Grande Baía, com perto de 70 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto a rondar 1,3 biliões de dólares norte-americanos, vai converter-se num ‘cluster’ de classe mundial e, até 2035, numa área de excelência a nível internacional.

A visita de Lam ocorre após um plenário da liderança do Partido Comunista, que traçou o curso económico e político do país para os próximos cinco anos.

Em comunicado, a liderança chinesa prometeu garantir a prosperidade e estabilidade a longo prazo de Hong Kong e Macau.

De acordo com as recomendações do PCC, divulgadas na terça-feira, para o período entre 2021 e 2025, e que inclui metas a serem alcançadas até 2035, Pequim vai apoiar ambas as cidades a reforçar as vantagens competitivas, para se tornarem um centro de tecnologia e finanças global.

As propostas também prometem impedir que forças externas se intrometam nos assuntos de Hong Kong ou Macau como parte de uma estratégia para fortalecer a identidade chinesa e o patriotismo nos próximos cinco anos.

6 Nov 2020

Eleições EUA | Vice-ministro chinês do MNE pede que relações com EUA sigam “caminho certo”

[dropcap]L[/dropcap]e Yucheng, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, disse hoje esperar um “avanço” no relacionamento entre a China e os EUA, para que este siga “o caminho certo”. Citado pela Xinhua, Le Yucheng fez este comentário esta quinta-feira numa conferência de imprensa a propósito das eleições presidenciais que decorrem nos EUA.

O vice-ministro lembrou que a contagem dos votos ainda decorre e que não é certo se Joe Biden será o próximo Presidente dos EUA, apesar de estar, para já, à frente de Donald Trump. Le Yucheng disse esperar que o processo decorra com normalidade e de forma calma.

“A atitude da China em relação à ligação bilateral é clara e consistente. Apesar de existirem diferenças entre os dois países, também existem extensos interesses em comum e lugar para a cooperação”, frisou.

A manutenção de uma relação bilateral com os EUA assegura os interesses das populações de ambos os países e corresponde às aspirações da comunidade internacional, frisou. “Esperamos que o próximo Governo dos EUA reúna com a China sob os princípios do não conflito, não confronto, mútuo respeito e benefícios, além do foco na colaboração e gestão das diferenças.” Tudo para que “haja um avanço dos laços bilaterais no caminho certo”, referiu.

Sem um resultado final, a Rússia não comenta, para já, as eleições. “A situação que se está a desenrolar não nos permite fazer qualquer comentário”, disse esta quinta-feira aos jornalistas Dmitri Peskov, porta-voz do Presidente russo, Vladimir Putin, de acordo com o New York Times.

“Preferimos, claro, dar um tempo e esperar por alguma clareza no que se está a passar”, acrescentou.
Joe Biden conta, a esta altura, com 253 votos contra 214 arrecadados por Donald Trump. As projecções apontam para a vitória do candidato democrata em Estados como Wisconsin, Michigan, Arizona e Nevada. Donald Trump contesta resultados eleitorais em quatro Estados norte-americanos.

5 Nov 2020

Covid-19 | China proíbe entrada a estrangeiros que cheguem da Bélgica e Filipinas

[dropcap]A[/dropcap] China acrescentou a Bélgica e as Filipinas aos países a partir dos quais passa a estar suspensa a entrada de titulares de passaporte estrangeiro no seu território, face a uma nova vaga de covid-19. A medida abrange titulares de vistos ou de autorizações de residência, com excepção para diplomatas, segundo um comunicado divulgado pelas embaixadas chinesas naqueles países.

Anteriormente, a embaixada chinesa no Reino Unido tinha já tinha anunciado a mesma medida para cidadãos estrangeiros que voem a partir daquele país. As embaixadas e os consulados chineses naqueles países deixaram assim de emitir certificados sanitários que corroborem a validade dos testes negativos de ácido nucleico (PCR), e que são obrigatórios para embarcar num voo para a China. A embaixada da China em Londres afirmou que a suspensão vai ser “avaliada de acordo com a evolução da situação”.

A China conteve amplamente a disseminação do novo coronavírus dentro do país, mas continua a registar casos importados. Nas últimas 24 horas, somou 20 novas infeções oriundas do exterior.

Em setembro, a China voltou a permitir a entrada no país de estrangeiros com uma autorização de residência válida, sem a necessidade de pedir novo visto. A medida abrange autorizações de residência válida para três categorias: trabalho, assuntos pessoais e reagrupamento familiar. As demais restrições à entrada de estrangeiros no país anunciadas em março continuam em vigor, nomeadamente para turistas.

No dia 26 de março, a China praticamente fechou as fronteiras, permitindo a entrada de estrangeiros no país só em casos considerados essenciais. Quem entra no país tem de cumprir duas semanas de quarentena num centro designado pelas autoridades.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,2 milhões de mortos em mais de 47,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

5 Nov 2020

FMI prevê crescimento da economia chinesa em quase 2 por cento, contrariando tendência mundial

[dropcap]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) previu hoje que a economia da China cresça 1,9%, este ano, e 8,2%, em 2021, evitando a contração registada a nível global devido à pandemia da covid-19.

Estas previsões representam a última actualização do FMI, depois de uma ronda de consultas, incluindo reuniões entre o chefe da missão para a China, Helge Berger, o primeiro vice-diretor-geral, Geoffrey Okamoto, e o governador do banco central chinês e os diretores dos reguladores do mercado de ações, do setor bancário e de seguros.

Apesar das perspectivas positivas, Okamoto alertou que o crescimento continua a ser desequilibrado, pois depende excessivamente da intervenção do Governo, enquanto o consumo privado “ficou para trás”.

O vice-director lembrou que a economia chinesa ainda está exposta a “crescentes vulnerabilidades financeiras” e a um “ambiente estrangeiro cada vez mais complexo”.

As projecções do FMI são de que os preços de produtos tradicionalmente mais voláteis, como de alimentos ou energia, vão manter-se sem aumentos, o que levará o índice de preços ao consumidor, o principal indicador da inflação no retalho, a não ultrapassar, no próximo ano, o limite de 3% estabelecido por Pequim antes da crise do novo coronavírus.

Okamoto exortou o Governo chinês a continuar “a modernizar” as políticas monetárias, a apoiar os grupos mais vulneráveis na sociedade chinesa e a fortalecer os marcos regulatórios do sistema financeiro para reduzir riscos.

O FMI instou Pequim a aprofundar a reforma das empresas estatais para que não sejam beneficiadas face às empresas privadas, e a abrir o mercado doméstico às empresas estrangeiras.

Sobre o papel do país na crise global da covid-19, o director do FMI lembrou que a China “pode ajudar a comunidade internacional a superar muitos dos principais desafios que a economia global enfrenta”.

O responsável citou o acesso a possíveis vacinas contra o novo coronavírus, o alívio da dívida dos países pobres, o financiamento sustentável para o investimento global em infraestrutura e o combate às mudanças climáticas.

De acordo com dados oficiais, o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 4,9%, em termos homólogos, no terceiro trimestre do ano, o que representou um retorno a valores positivos, no conjunto do ano até setembro (+0,7%), após uma queda de 6,8% no primeiro trimestre de 2020 e uma subida de 3,2% no segundo.

5 Nov 2020

Hong Kong | Chefe do Executivo viaja até Pequim em busca de apoio para recuperação económica

[dropcap]A[/dropcap] chefe do Executivo de Hong Kong viaja hoje para Pequim, onde se vai reunir com as autoridades chinesas, para revitalizar a economia da região semi-autónoma e discutir a reabertura das fronteiras com a China.

Carrie Lam disse que as reuniões, entre quarta-feira e sexta-feira, incluem discussões sobre como Hong Kong se pode integrar nos planos de desenvolvimento da China, e como o território pode cooperar com Shenzhen, adjacente à região administrativa, no âmbito do plano de integração regional da Grande Baía.

Shenzhen, uma das mais prósperas cidades chinesas, foi usada como laboratório da abertura do país à economia de mercado, nos anos 1980, tornando-se num centro global para a indústria eletrónica e sede das principais firmas tecnológicas da China.

A responsável também disse aos jornalistas que planeia abordar quando é que Hong Kong e a China podem retomar o fluxo de pessoas, sem a necessidade de realizar quarentena.

Desde março passado, devido à pandemia do novo coronavírus, os residentes da China e de Hong Kong são obrigados a ficar em quarentena, por duas semanas, sempre que cruzam a fronteira.

“Isto é muito importante para retomar a atividade económica, desde a prestação de serviços profissionais, visitas a familiares e idas à escola”, disse.

A viagem de Lam a Pequim acontece depois do adiamento do discurso anual sobre o futuro da cidade, alegando que o apoio de Pequim vai permitir um discurso capaz de aumentar a confiança no futuro económico de Hong Kong.

Questionada sobre a eleição presidencial nos Estados Unidos, Lam disse esperar que o próximo Presidente considere a importância de Hong Kong nas relações entre a China e os Estados Unidos.

“Espero que a nova administração dos EUA lide com as relações com Hong Kong de forma abrangente, tendo em consideração os interesses de muitas empresas norte-americanas em Hong Kong, que empregam muitas pessoas, e que não permita irrefletidamente que considerações políticas tenham um efeito injustificado sob Hong Kong”, disse.

3 Nov 2020

Reguladores chineses convocam Jack Ma antes de Ant Group entrar em bolsa

[dropcap]O[/dropcap]s reguladores chineses convocaram hoje Jack Ma, fundador do Ant Group e o homem mais rico da China, para uma reunião, poucos dias antes das acções da empresa começarem a ser negociadas em bolsa.

Em comunicado, o Banco do Povo da China (banco central), a Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China, a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários e a Administração Estatal de Câmbio informaram terem realizado “entrevistas regulatórias” com Ma, com o presidente do conselho da administração do Ant Group, Eric Jing, e o diretor da empresa, Hu Xiaoming.

O comunicado não avança detalhes, embora estas chamadas dos reguladores sejam vistas como um alerta ou uma espécie de repreensão. “Houve uma troca de opiniões sobre a saúde e a estabilidade do sector financeiro”, disse o Ant Group, em comunicado.

O grupo “está empenhado em implementar as opiniões recolhidas durante a reunião em profundidade e continuar no rumo, com base nos princípios de inovação estável, cumprimento da regulação, servir a economia real e cooperação com ganhos para todas as partes”, disse.

“Continuaremos a melhorar as nossas capacidades para fornecer serviços inclusivos e promover o desenvolvimento económico, visando melhorar a vida dos cidadãos comuns”, acrescentou a empresa.

Jack Ma foi convocado pelos reguladores poucos dias depois de ter afirmado que os regulamentos financeiros estão desatualizados, referindo-se aos acordos de supervisão bancária de Basileia como obra de um “clube de velhos”. Ma questionou se o sistema financeiro chinês se deve submeter a esses regulamentos.

“Os acordos de Basileia são usados para tratar as doenças de um sistema bancário envelhecido, são remédios para idosos (…), mas o sistema bancário chinês é jovem”, disse o empresário, citado pela imprensa local.

O empresário defendeu que a China precisa de canais de financiamento alternativos, além dos grandes bancos estatais, fortemente dominantes no país.

“Os grandes bancos são como rios, mas precisamos de lagoas, riachos e canais no sistema. Sem eles, vai haver sempre enchentes ou secas”, descreveu.

Ma garantiu que os bancos tradicionais funcionam como “casas de penhores” e garantiu que as futuras decisões de crédito terão que ser feitas por meio de ‘big data’ (análise maciça de dados) e históricos de crédito, em vez de solicitar grandes garantias para conceder empréstimos, ao mesmo tempo que criticou a excessiva burocracia do sistema financeiro chinês.

O Ant Group opera a Alipay, a maior e mais valiosa empresa de tecnologia financeira (‘fintech’) do mundo e uma das duas carteiras digitais dominantes na China, país onde o dinheiro físico praticamente desapareceu.

Jack Ma fundou o gigante do comércio eletrónico Alibaba, em 1999. O Alipay foi introduzido como método de pagamento, para aumentar a confiança dos utilizadores na plataforma.

As ações do Ant Group devem começar a ser negociadas em Hong Kong e em Xangai na quinta-feira, na que se espera ser a maior entrada em bolsa de sempre.

A empresa enfrenta crescente escrutínio e regulamentação mais rígida, à medida que amplia a gama de serviços que oferece.

Entre as novas regulamentações estão limites para o uso de títulos garantidos por ativos para financiar empréstimos ao consumidor, novos requisitos de capital e licenciamento e limites para as taxas de empréstimos.

Na segunda-feira, o banco central aumentou a exigência de capital registado para credores como o Ant para um mínimo de cinco mil milhões de yuan.

3 Nov 2020

Sobe para 20 número de mortos nas Filipinas na sequência do tufão Goni

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades das Filipinas elevaram ontem para 20 o número de pessoas mortas na sequência da passagem do tufão Goni, considerado o mais forte deste ano e que deixou um rasto de destruição naquele arquipélago. O anterior balanço das autoridades dava conta de 16 mortos.

Acompanhado por vento forte com rajadas na ordem dos 225 quilómetros por hora e por chuvas torrenciais, o tufão Goni destruiu nas Filipinas dezenas de milhares de casas, fez danos nas redes eléctrica e de telecomunicações e provocou deslizamentos de terras. As comunicações com as áreas afetadas pela intempérie permanecem cortadas.

A ilha de Catanduanes e a província insular de Albay, na ilha de Luçon, a maior e a mais populosa das Filipinas, foram as áreas mais afetadas pelas condições meteorológicas extremas que atingiram o território filipino no domingo.

O tufão, que seguiu uma trajetória em direção a oeste, perdeu intensidade ao atingir a área metropolitana de Manila (capital), antes de progredir no Mar da China do Sul em direção ao Vietname.

“Estamos horrorizados com os danos provocados por este tufão em muitas áreas, incluindo na ilha de Catanduanes e na província insular de Albay”, disse o chefe da Cruz Vermelha nas Filipinas, Richard Gordon, num comunicado.

“Em algumas áreas, até 90% das casas ficaram gravemente danificadas ou destruídas”, reforçou o representante.

Os serviços de proteção civil filipinos contabilizaram mais de 20 mil casas destruídas e outras 58 mil que ficaram parcialmente danificadas.

Várias áreas agrícolas também sofreram danos significativos.

Antes da passagem do tufão, centenas de milhares de pessoas foram retiradas das zonas de risco.

O chefe dos serviços de prevenção de catástrofes da província de Albay, Cedric Daep, destacou que “milhares de pessoas poderiam ter morrido” caso as autoridades não tivessem acionado este plano de evacuação.

“Infraestruturas e habitações sofreram danos significativos”, prosseguiu Cedric Daep, relatando ainda que esta intempérie veio agravar ainda mais a situação social de muitos filipinos.

“Muitas pessoas estão a passar fome. Já estavam a sofrer com a (pandemia) covid-19, por causa da perda de emprego. Algumas nem têm utensílios de cozinha”, reforçou Cedric Daep, citado pelas agências internacionais.

O Goni, que se formou no Oceano Pacífico, foi descrito pelos meteorologistas como o tufão mais forte deste ano e classificado inicialmente na categoria de “super-tufão”.

As Filipinas são afetadas anualmente, em média, por duas dezenas de tempestades tropicais e tufões, que destroem culturas, casas frágeis e infraestruturas, mantendo populações inteiras em situação de pobreza permanente.

O pior da história recente foi, em 2013, o super-tufão Haiyan, que matou mais de 7.300 pessoas, particularmente na cidade central de Tacloban, que foi submersa por ondas gigantes.

2 Nov 2020

Especialista diz que segunda vaga de covid-19 na China é “improvável”

[dropcap]O[/dropcap] principal especialista em doenças infecciosas na China considera improvável uma segunda vaga de infeções pelo novo coronavírus no país, numa altura em que os casos disparam em vários países europeus.

Zhong Nanshan disse numa conferência que, embora a China continue a lutar contra surtos esporádicos, os controlos existentes significam que é “improvável” que haja um ressurgimento generalizado da transmissão, “na casa das dezenas de milhares”.

“Temos uma experiência inestimável acumulada. O Governo central adotou uma estratégia de bloquear a propagação no epicentro, enquanto pratica métodos de prevenção em massa em outros lugares”, disse Zhong. “Esta é a chave para a nossa vitória decisiva”, explicou.

A China tomou medidas duras para controlar um surto em Kashgar, ao isolar a cidade, que fica em Xinjiang, no extremo noroeste do país, e testar cerca de 4,75 milhões de pessoas em cerca de três dias. Xinjiang registou, até à data, um total de 54 casos confirmados. A primeira infeção deste surto, o mais recente no país, foi relatada em 24 de outubro, mas a origem dos casos permanece desconhecida.

Na província de Shandong, no nordeste do país, as autoridades estão a tentar rastrear um lote de carne de porco congelada importada do Brasil, após a descoberta, na quinta-feira passada, de vestígios do coronavírus numa embalagem.

O rastreamento tornou-se outra estratégia importante para o controlo da doença na China. No domingo, mais de 8.000 amostras de produtos e embalagens, além de funcionários que podem ter manuseado a mercadoria importada do Brasil, foram testados pelas autoridades na cidade de Yantai. Os resultados foram todos negativos, segundo as autoridades.

Os clientes de uma churrascaria e os compradores no mercado de carnes nas proximidades de Weihai, para onde parte da carne de porco seguiu, foram solicitados a realizarem o teste de ácido nucleico no sábado.

Embora cientistas estrangeiros tenham expressado dúvidas de que alimentos congelados possam causar infeções, pesquisadores do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças de Pequim e da Academia Chinesa de Ciências Médicas publicaram descobertas no mês passado que ligam salmão importado a um surto em Pequim, em junho passado, que envolveu 335 casos.

Zhong disse que a China vai continuar a viver com estes surtos “esporádicos” e que não deve relaxar as medidas de prevenção da epidemia. “O ambiente actual na China é seguro agora, mas isso foi conquistado com dificuldade”, disse.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,2 milhões de mortos e mais de 46,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

2 Nov 2020

China reduz carga fiscal em mais de 2,09 biliões de yuan

[dropcap]A[/dropcap] China reduziu a carga fiscal em 2,09 biliões de yuan, nos primeiros três trimestres do ano, anunciou hoje a Administração Estatal de Finanças. Mais de 65% dessas reduções foram produzidas através de mecanismos aprovados pelo Governo chinês para apoiar o desenvolvimento económico, devido ao impacto da pandemia da covid-19.

Entre janeiro e setembro, o número de contribuintes no país cresceu 7,5%, com destaque para o terceiro trimestre, em que o número subiu 26%, em termos homólogos, segundo os dados oficiais. Para 2020, o Executivo elevou o objectivo de reduzir a carga tributária das empresas em 25%, para 2,5 biliões de yuan. No ano passado, a China cortou 2,36 biliões de yuan em impostos e taxas, acima da meta original de dois biliões de yuan.

Em abril de 2019, o Governo reduziu o IVA de 16% para 13% para sectores como vendas ou importação de bens, e de 10% para 9% para outros, como transporte ou construção, enquanto manteve os impostos sobre os serviços em 6%.

Os pequenos contribuintes, quer sejam cidadãos comuns ou donos de pequenas empresas, que registam vendas abaixo de um determinado patamar, beneficiaram de uma redução do IVA até 3%, segundo um relatório da consultora PwC.

Devido ao impacto da covid-19, esta última taxa foi reduzida para 1% em todas as províncias da China, excepto em Hubei, onde foram detetados os primeiros casos da doença e que sofreu as medidas mais restritivas. Nesta região foi aplicada isenção do pagamento do IVA para os pequenos contribuintes.

O Governo chinês anunciou ainda medidas como permitir que pequenas e médias empresas atrasem o pagamento dos impostos referentes a 2020 para o próximo ano. Empresas em sectores particularmente afectados, como transporte, restaurantes, turismo ou cinema, podem carregar suas perdas operacionais líquidas por oito anos em vez dos cinco permitidos até agora.

As empresas que mais sofreram com a pandemia também podem atrasar o pagamento das contribuições para a segurança social, por um período de meio ano.

2 Nov 2020

Reis da Tailândia recebidos nas ruas por milhares de apoiantes da monarquia

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de apoiantes da monarquia saudaram no domingo o rei e a rainha da Tailândia, que saíram à rua depois de assistirem a uma cerimónia religiosa, numa altura em que o país vive protestos crescentes contra a instituição.

A multidão esperou horas em frente ao palácio para ver o rei Maha Vajiralongkorn e a rainha Suthida, a maioria envergando camisas amarelas, símbolo de lealdade à coroa, e muitos a exibir retratos dos monarcas e a agitar bandeiras tailandesas.

Questionado sobre o que diria aos manifestantes que têm vindo a exigir reformas da monarquia, o rei respondeu de forma breve, numa declaração sem precedentes feita aos órgãos de comunicação social. “Amamo-los a todos da mesma forma”, disse, ao Canal 4 do Reino Unido. Sobre a possibilidade de fazer cedências face às reivindicações dos manifestantes, Vajiralongkorn respondeu: “a Tailândia é a terra do compromisso”.

O casal foi recebido com vivas ao rei, tendo muitos beijado os pés do monarca, numa altura em que manifestantes pró-democracia exigem a reforma da instituição, uma reivindicação considerada histórica, num país com uma lei de lesa-majestade que prevê penas de prisão de três a 15 anos.

Vajiralongkorn ascendeu ao trono em outubro de 2016, com a morte do pai, o rei Bhumibol, que governou durante 70 anos, mas não herdou o respeito de que o progenitor gozava.

O opulento padrão de vida do monarca, que passa a maior parte do tempo na província alemã da Baviera, tem suscitado críticas durante a pandemia de covid-19, que atingiu duramente a economia tailandesa.

O rei regressou à Tailândia há cerca de um mês, para participar numa série de eventos, numa altura em que os protestos dos estudantes aumentaram em todo o país.

Além da reforma da monarquia, os estudantes exigem igualmente uma nova Constituição e querem ver reduzido o poder dos militares, responsáveis por 13 golpes de estado desde o fim da monarquia absoluta, em 1932.

O último foi liderado em 2014 por Prayut Chan-ocha, atual primeiro-ministro, que venceu as eleições de 2019, criticadas pela falta de transparência.

2 Nov 2020

China | Plano quinquenal focado na auto-suficiência e políticas ambientais

Terminou ontem a quinta sessão plenária do Comité Central do Partido Comunista da China que discutiu o plano estratégico do país para os próximos cinco anos (2021-2025). O futuro deve trazer afastamento dos objectivos económicos aferidos pelo crescimento do PIB, corte drástico nas emissões de carbono, auto-suficiência na produção tecnológica, segurança alimentar e aposta no consumo interno

 

[dropcap]N[/dropcap]o clássico “Five Years”, David Bowie canta “the news guy wept and told us the earth was really dying”, traduzido à bruta “o pivot do noticiário disse-nos que a Terra estava a morrer”, restando cinco anos. Ora bem, o facto é que a actualidade mostra um mundo em profunda convulsão, sem estratégia conjunta para problemas globais, com uma pandemia a varrer vidas e recursos. No meio deste cenário, terminou ontem a quinta sessão plenária Comité Central do Partido Comunista da China, com o plano quinquenal em cima da mesa, destinado a traçar o futuro para os anos entre 2021 e 2025.

Apesar de as decisões da cúpula do partido apenas se tornarem públicas, oficialmente, quando a minuta do plano político para os próximos cinco anos for submetida à Assembleia Popular Nacional, que reúne no próximo ano, a estratégia pode ser aferida pelas publicações nos jornais oficiais.

A meta derradeira é a chamada “modernização socialista”, que implicará o rumo das políticas seguidas a nível nacional, provincial, assim como nas empresas controladas pelo Estado.

A agência Xinhua escrevia ontem que “a China é um país que cumpre a sua palavra, assim que ficar estabelecido o plano para os próximos cinco anos, tanto o Governo Central como os governos locais fazem tudo para assegurar a sua implementação”.

Um artigo extenso do jornal oficial Global Times aponta para o afastamento da medida que afere o sucesso económico com base no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Pela primeira vez, desde 2002, Pequim reviu em baixa este ano a previsão de crescimento, que era de 6,5 por cento. Para já, o Global Times cita economistas chineses que perspectivam a perda de importância das metas de crescimento sustentadas no PIB, “mantendo em níveis mais baixos, à volta de 5 por cento, ou mesmo deixando de apontar uma meta específica”.

No mercado financeiro, são esperadas medidas para libertar e baixar taxas de juro de forma a combater a desigualdade no acesso ao crédito, alargando as vantagens alcançadas apenas por grandes empresas estatais que conseguem crédito em bancos públicos, enquanto o sector privado enfrenta grandes dificuldades para conseguir empréstimos em condições vantajosas.

Mudança de ciclo

O jornal indica que o Governo Central pode afastar-se do modelo de crescimento puramente quantitativo, para se focar na optimização estrutural da economia, baseada na inovação e no investimento, “face aos anos difíceis que se avizinham”. Um dos economistas citados, Wang Yiwei, da Renmin University of China, refere “está a ocorrer uma mudança na filosofia dos decisores políticos, porque o crescimento rápido já não é representativo da força da economia chinesa”.

O conceito de “circulação mútua” é outro dos pontos-chave, que Xi Jinping já mencionou em Maio. A estratégia assenta no aprofundamento da “circulação doméstica”, ou seja, na produção, distribuição e consumo suportado por inovação tecnológica doméstica. Este ciclo interno terá o impulso adicional da exportação.

Estes são alguns dos mecanismos de defesa do Governo Central para responder às dificuldades dos próximos 10 a 15 anos, face à possibilidade de intensificar as tensões entra China e Estados Unidos, riscos do ressurgimento da pandemia e uma crise financeira global.

Como se viu no discurso de Xi Jinping em Shenzhen, um dos motores da economia é a aposta na inovação tecnológica, missão que se tornou ainda mais urgente desde as medidas restritivas à tecnologia chinesa, com imposições dos Estados Unidos a cortar a oferta de componentes essenciais as empresas como a Huawei.

Como tal, é expectável que surja a aposta na produção de semicondutores, no desenvolvimento da tecnologia de telecomunicações 5G, computação em nuvem, veículos autónomos, robótica fabril e inteligência artificial.

Varas de porcos

Uma das aparentes e mais ousadas propostas que podem sair do plano quinquenal é a entrada na classe média de mil milhões de chineses, algo que a Xinhua descreve como fruto “da magia dos planos quinquenais da China, sustentados na continuidade”.

A agência oficial aponta a redução da pobreza como um exemplo de política de longo prazo, implementada desde os anos 1980. “No final de 2019, o número de chineses a viver abaixo do limiar da pobreza desceu para 5,51 milhões, quando em 2012 eram 98,99 milhões. A China está a caminho de erradicar a pobreza extrema até ao fim de 2020, tornando-se no primeiro país do mundo a acabar com a pobreza extrema”, escreveu ontem a Xinhua.

Um dos pontos essenciais será garantir segurança alimentar, principalmente depois de o país ter atravessado problemas devido à escassez de carne de porco, resultante do surto de peste e das disrupções provocadas pela guerra comercial. Assim sendo, Pequim vai tentar assegurar a reconstrução da reserva de cereais, promover a produção doméstica de produtos agrícolas, diversificar o leque de abastecedores internacionais e repor os stocks de carne de porco.

Outra meta ousada do Governo Central é corrigir os desequilíbrios em termos de oportunidade entre populações rurais e urbanas, nomeadamente através da abertura para fixação de residência de cidadãos oriundos de povoações rurais em cidades. A ideia é responder à escassez de mão-de-obra em centenas de cidades chinesas, em vários níveis de desenvolvimento industrial, ao mesmo tempo que se aumenta o consumo.

Por outro lado, serão apresentadas reformas na gestão de terrenos para permitir aos agricultores conseguirem aceder a maiores parcelas de terra, abrindo o mercado imobiliário de propriedades rústicas.

Verdes anos

O Presidente Xi Jinping traçou 2060 como a meta para a China atingir níveis zero de emissões de carbono, algo que deverá sair reforçado no plano quinquenal. O Global Times refere que os objectivos de emissões de carbono devem ser reforçados, com políticas de combate às alterações climáticas, citando fontes do Ministério da Ecologia e Ambiente.

Quanto aos que apontam que a verdadeira aposta da China é o crescimento económico, o Global Times argumenta, categorizando o cepticismo como críticas ocidentais, que a China conseguiu cumprir oito dos nove objectivos ambientais definidos no plano quinquenal anterior. “O objectivo que falta conquistar, assegurar boa qualidade de ar em 337 cidades, durante mais de 84,5 por cento dos dias de 2020, será conseguido como foi planeado”, escrever o jornal oficial.

O artigo publicado ontem no jornal do partido não desperdiça a oportunidade para picar o adversário. “Enquanto a Administração Trump vira as costas às questões ambientais e climáticas, a China atinge grandes progressos e desenvolvimentos na gestão ambiental, sendo expectável que as medidas vigorosas prossigam no 14.º plano quinquenal para atingir a meta da neutralidade de carbono e assumir as responsabilidades de um país central na resposta global à crise climática”.

O vice-ministro da Ecologia e Ambiente, Zhao Yingmin, recordou o trabalho feito nesta matéria, cerca de uma semana antes das reuniões do Politburo. O governante apontou que as emissões de gases com efeito de estufa per capita caíram 18,2 por cento desde 2015, salientando que entre 2016 e 2020 a China alcançou os maiores progressos em termos ambientais.

29 Out 2020

China | Plano quinquenal focado na auto-suficiência e políticas ambientais

Terminou ontem a quinta sessão plenária do Comité Central do Partido Comunista da China que discutiu o plano estratégico do país para os próximos cinco anos (2021-2025). O futuro deve trazer afastamento dos objectivos económicos aferidos pelo crescimento do PIB, corte drástico nas emissões de carbono, auto-suficiência na produção tecnológica, segurança alimentar e aposta no consumo interno

 

[dropcap]N[/dropcap]o clássico “Five Years”, David Bowie canta “the news guy wept and told us the earth was really dying”, traduzido à bruta “o pivot do noticiário disse-nos que a Terra estava a morrer”, restando cinco anos. Ora bem, o facto é que a actualidade mostra um mundo em profunda convulsão, sem estratégia conjunta para problemas globais, com uma pandemia a varrer vidas e recursos. No meio deste cenário, terminou ontem a quinta sessão plenária Comité Central do Partido Comunista da China, com o plano quinquenal em cima da mesa, destinado a traçar o futuro para os anos entre 2021 e 2025.

Apesar de as decisões da cúpula do partido apenas se tornarem públicas, oficialmente, quando a minuta do plano político para os próximos cinco anos for submetida à Assembleia Popular Nacional, que reúne no próximo ano, a estratégia pode ser aferida pelas publicações nos jornais oficiais.

A meta derradeira é a chamada “modernização socialista”, que implicará o rumo das políticas seguidas a nível nacional, provincial, assim como nas empresas controladas pelo Estado.

A agência Xinhua escrevia ontem que “a China é um país que cumpre a sua palavra, assim que ficar estabelecido o plano para os próximos cinco anos, tanto o Governo Central como os governos locais fazem tudo para assegurar a sua implementação”.

Um artigo extenso do jornal oficial Global Times aponta para o afastamento da medida que afere o sucesso económico com base no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Pela primeira vez, desde 2002, Pequim reviu em baixa este ano a previsão de crescimento, que era de 6,5 por cento. Para já, o Global Times cita economistas chineses que perspectivam a perda de importância das metas de crescimento sustentadas no PIB, “mantendo em níveis mais baixos, à volta de 5 por cento, ou mesmo deixando de apontar uma meta específica”.

No mercado financeiro, são esperadas medidas para libertar e baixar taxas de juro de forma a combater a desigualdade no acesso ao crédito, alargando as vantagens alcançadas apenas por grandes empresas estatais que conseguem crédito em bancos públicos, enquanto o sector privado enfrenta grandes dificuldades para conseguir empréstimos em condições vantajosas.

Mudança de ciclo

O jornal indica que o Governo Central pode afastar-se do modelo de crescimento puramente quantitativo, para se focar na optimização estrutural da economia, baseada na inovação e no investimento, “face aos anos difíceis que se avizinham”. Um dos economistas citados, Wang Yiwei, da Renmin University of China, refere “está a ocorrer uma mudança na filosofia dos decisores políticos, porque o crescimento rápido já não é representativo da força da economia chinesa”.

O conceito de “circulação mútua” é outro dos pontos-chave, que Xi Jinping já mencionou em Maio. A estratégia assenta no aprofundamento da “circulação doméstica”, ou seja, na produção, distribuição e consumo suportado por inovação tecnológica doméstica. Este ciclo interno terá o impulso adicional da exportação.

Estes são alguns dos mecanismos de defesa do Governo Central para responder às dificuldades dos próximos 10 a 15 anos, face à possibilidade de intensificar as tensões entra China e Estados Unidos, riscos do ressurgimento da pandemia e uma crise financeira global.

Como se viu no discurso de Xi Jinping em Shenzhen, um dos motores da economia é a aposta na inovação tecnológica, missão que se tornou ainda mais urgente desde as medidas restritivas à tecnologia chinesa, com imposições dos Estados Unidos a cortar a oferta de componentes essenciais as empresas como a Huawei.

Como tal, é expectável que surja a aposta na produção de semicondutores, no desenvolvimento da tecnologia de telecomunicações 5G, computação em nuvem, veículos autónomos, robótica fabril e inteligência artificial.

Varas de porcos

Uma das aparentes e mais ousadas propostas que podem sair do plano quinquenal é a entrada na classe média de mil milhões de chineses, algo que a Xinhua descreve como fruto “da magia dos planos quinquenais da China, sustentados na continuidade”.

A agência oficial aponta a redução da pobreza como um exemplo de política de longo prazo, implementada desde os anos 1980. “No final de 2019, o número de chineses a viver abaixo do limiar da pobreza desceu para 5,51 milhões, quando em 2012 eram 98,99 milhões. A China está a caminho de erradicar a pobreza extrema até ao fim de 2020, tornando-se no primeiro país do mundo a acabar com a pobreza extrema”, escreveu ontem a Xinhua.

Um dos pontos essenciais será garantir segurança alimentar, principalmente depois de o país ter atravessado problemas devido à escassez de carne de porco, resultante do surto de peste e das disrupções provocadas pela guerra comercial. Assim sendo, Pequim vai tentar assegurar a reconstrução da reserva de cereais, promover a produção doméstica de produtos agrícolas, diversificar o leque de abastecedores internacionais e repor os stocks de carne de porco.

Outra meta ousada do Governo Central é corrigir os desequilíbrios em termos de oportunidade entre populações rurais e urbanas, nomeadamente através da abertura para fixação de residência de cidadãos oriundos de povoações rurais em cidades. A ideia é responder à escassez de mão-de-obra em centenas de cidades chinesas, em vários níveis de desenvolvimento industrial, ao mesmo tempo que se aumenta o consumo.

Por outro lado, serão apresentadas reformas na gestão de terrenos para permitir aos agricultores conseguirem aceder a maiores parcelas de terra, abrindo o mercado imobiliário de propriedades rústicas.

Verdes anos

O Presidente Xi Jinping traçou 2060 como a meta para a China atingir níveis zero de emissões de carbono, algo que deverá sair reforçado no plano quinquenal. O Global Times refere que os objectivos de emissões de carbono devem ser reforçados, com políticas de combate às alterações climáticas, citando fontes do Ministério da Ecologia e Ambiente.

Quanto aos que apontam que a verdadeira aposta da China é o crescimento económico, o Global Times argumenta, categorizando o cepticismo como críticas ocidentais, que a China conseguiu cumprir oito dos nove objectivos ambientais definidos no plano quinquenal anterior. “O objectivo que falta conquistar, assegurar boa qualidade de ar em 337 cidades, durante mais de 84,5 por cento dos dias de 2020, será conseguido como foi planeado”, escrever o jornal oficial.

O artigo publicado ontem no jornal do partido não desperdiça a oportunidade para picar o adversário. “Enquanto a Administração Trump vira as costas às questões ambientais e climáticas, a China atinge grandes progressos e desenvolvimentos na gestão ambiental, sendo expectável que as medidas vigorosas prossigam no 14.º plano quinquenal para atingir a meta da neutralidade de carbono e assumir as responsabilidades de um país central na resposta global à crise climática”.

O vice-ministro da Ecologia e Ambiente, Zhao Yingmin, recordou o trabalho feito nesta matéria, cerca de uma semana antes das reuniões do Politburo. O governante apontou que as emissões de gases com efeito de estufa per capita caíram 18,2 por cento desde 2015, salientando que entre 2016 e 2020 a China alcançou os maiores progressos em termos ambientais.

29 Out 2020

Supremo Tribunal da Coreia do Sul mantém pena de prisão de 17 anos a ex-Presidente

[dropcap]O[/dropcap] Supremo Tribunal da Coreia do Sul, o mais alto tribunal do país, manteve hoje a condenação de 17 anos por corrupção do ex-Presidente Lee Myung-bak, de 78 anos. Myung-bak, no poder de 2008 a 2013, tinha sido libertado sob fiança enquanto aguardava a decisão e não estava presente no Supremo Tribunal.

O ex-Presidente sul-coreano, que não tem mais recursos legais, corre o risco de terminar a vida atrás das grades, a menos que lhe seja concedido um perdão presidencial.

Na Coreia do Sul, os chefes de Estado terminam muitas vezes na prisão depois de terem deixado o poder, em consequência da alternância política. Os quatro antigos presidentes que ainda estão vivos foram todos condenados desta forma.

Lee Myung-bak foi condenado por corrupção em 2018 pelo Tribunal Distrital Central de Seul a uma pena de 15 anos de prisão e uma multa de 13 mil milhões de won. Em Fevereiro, a sentença foi aumentada em recurso para 17 anos de prisão, mas permaneceu em liberdade até à decisão do tribunal supremo.

Hoje, o Supremo Tribunal manteve a decisão, confirmando as condenações do ex-Presidente por desvio de 25,2 mil milhões de won e por receber 9,4 mil milhões de won em subornos. “Não houve erro legal na condenação do tribunal de recurso por corrupção e desvio de fundos”, informou a instância judicial em comunicado.

O ex-Presidente, que chegou à política depois de uma longa carreira na Hyundai, foi condenado por aceitar subornos do Grupo Samsung para conceder um indulto presidencial ao antigo responsável da empresa Lee Kun-hee, que foi condenado por evasão fiscal. Lee Kun-hee faleceu no domingo.

O antigo Presidente Lee Myung-bak disse que estava “chocado” com as acusações, afirmando que tinha concedido um perdão presidencial ao chefe da Samsung, então membro do Comité Olímpico Internacional (COI), para que pudesse liderar a batalha para ganhar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2018. A Samsung também tinha negado as acusações.

29 Out 2020

Pompeo renova na Indonésia ataques às reivindicações da China no mar do Sul

[dropcap]O[/dropcap] Secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, insistiu hoje na Indonésia na sua campanha contra a China, parte dos esforços para deter a crescente assertividade de Pequim no Pacífico e no Índico. A visita ocorre a cinco dias das eleições nos Estados Unidos, em que a China é um dos principais temas, com Donald Trump a acusar o candidato rival, Joe Biden, de estar comprometido com Pequim.

Pompeo alertou para a “agressividade” da China no mar do Sul da China, que Pequim reivindica quase na totalidade, apesar dos protestos dos países vizinhos. Na sede da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Jacarta, Pompeo elogiou a liderança da Indonésia na organização, por rejeitar o que chamou de reivindicações “ilegais” da China.

“Respeitamos a liberdade [de navegação] nos mares, a soberania e o Estado de Direito”, disse, ao lado do ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, Retno Marsudi. Sem referir a China, Marsudi concordou que “as leis internacionais devem ser respeitadas”.

“As nossas nações cumpridoras da lei rejeitam as reivindicações ilegais do Partido Comunista Chinês no mar do Sul da China, como fica claro pela liderança corajosa da Indonésia neste tópico, dentro da ASEAN e nas Nações Unidas”, disse Pompeo.

“É uma causa que vale a pena perseguir no âmbito multilateral e a administração [de Donald] Trump apoia”, acrescentou. Em Julho passado, o governo de Trump rejeitou totalmente quase todas as reivindicações marítimas de Pequim no mar do Sul.

A decisão surgiu numa altura em que Trump iniciou um esforço para usar a China como um tópico na campanha para as presidenciais, contra o adversário democrata, o ex-vice-presidente Joe Biden.

Até então, a política dos EUA consistia em insistir que as disputas marítimas entre a China e os seus vizinhos menores fossem resolvidas pacificamente, por meio de arbitragem apoiada pela ONU.

Numa declaração emitida em 13 de julho, Pompeo disse que os EUA consideram agora ilegítimas praticamente todas as reivindicações marítimas chinesas fora das suas águas internacionalmente reconhecidas.

A China ignorou decisões de arbitragem internacional e tem avançado nas tentativas de fazer cumprir as suas reivindicações. Pompeo especificou que a China não pode reivindicar o baixio James, um banco oceânico perto da Malásia, as águas ao redor do coral Vanguard, ao largo do Vietname, ou o baixio Luconia, perto do Brunei. Pompeo disse ainda que a proteção das ilhas de Natuna pela Indonésia é de louvar.

O secretário de Estado norte-americano chegou à Indonésia oriundo das Maldivas, onde anunciou que os Estados Unidos vão abrir, pela primeira vez, uma embaixada no arquipélago do Oceano Índico, um movimento que reflete a crescente apreensão norte-americana com o aumento da influência chinesa na região.

“O Partido Comunista Chinês mantém o seu comportamento ilegal e ameaçador”, disse Pompeo, poucas horas depois de acusar a China de ser “predatória”, durante uma visita ao Sri Lanka.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, disse que a verdadeira intenção do secretário de Estado é “fazer com que a China volte a uma era de pobreza e estagnação e deixar o mundo cair no abismo do confronto e divisão”.

29 Out 2020

Hong Kong | Activista acusado de secessão

[dropcap]O[/dropcap] activista Tony Chung foi hoje acusado de secessão por um tribunal de Hong Kong, ao abrigo da lei de segurança nacional imposta por Pequim ao território, após dois dias de detenção. O activista, de 19 anos, foi detido há dois dias por polícias à paisana, num café a poucos metros do Consulado dos Estados Unidos em Hong Kong, onde se pensa que tentava pedir asilo, segundo um comunicado de um grupo designado “Amigos de Hong Kong”, até aqui desconhecido, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

O jovem fundou em 2016 o grupo de estudantes pró-independência “Student Localism”, dissolvido antes da entrada em vigor da lei da segurança nacional, em Junho. Chung, que já tinha sido detido no final de Julho com mais três activistas, por suspeita de promover a independência do território em publicações nas redes sociais, foi uma das primeiras vítimas da lei da segurança nacional, tendo então sido libertado sob fiança.

O activista é acusado de secessão, lavagem de dinheiro e conspiração para publicar material separatista. Chung, que esteve sob custódia policial até à comparência em tribunal, esta manhã, vai ficar detido até ao julgamento, tendo-lhe sido negado o pedido de fiança.

A lei da segurança nacional imposta por Pequim à antiga colónia britânica pune atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras com penas que podem ir até à prisão perpétua, e levou vários activistas pró-democracia a refugiar-se no Reino Unido e Taiwan.

29 Out 2020

China acusa senadores norte-americanos de mentirem sobre Xinjiang

[dropcap]A[/dropcap] China acusou hoje um grupo de senadores norte-americanos de mentirem, após estes terem proposto declarar Pequim culpada do “genocídio” de muçulmanos na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país. A resolução dos senadores acusa Pequim de repressão contra os chineses das minorias étnicas muçulmanas uigur e cazaque e culpa Pequim de levar a cabo um “genocídio”.

A China sofreu, nos últimos anos, vários ataques à bomba e esfaqueamentos atribuídos a separatistas e extremistas uigures, que resultaram na morte de dezenas de civis. Uma vasta região semidesértica, onde os uigures representam quase metade da população, Xinjiang foi convertido num Estado policial, em nome da luta contra o terrorismo.

Mais de um milhão de pessoas foram internadas em campos de doutrinação, segundo organizações de defesa dos Direitos Humanos.

A China afirma que estes campos são “centros de treino vocacional”, destinados a ajudar os uigures a encontrar empregos e afastá-los do extremismo religioso.

“Esses senadores norte-americanos estão empenhados em fabricar todos os tipos de mentiras para desacreditar a China e obter benefícios políticos”, disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em conferência de imprensa.

“Entre 2010 e 2018, a população uigur de Xinjiang aumentou de 10,17 milhões para 12,72 milhões (…) Em que se baseiam essas acusações de um alegado genocídio”, questionou. Wang culpou antes os Estados Unidos pela “assimilação e massacre em grande escala” dos nativos americanos. “Isso não é um genocídio”, questionou o porta-voz.

A resolução foi apresentada por senadores eleitos de ambos os partidos, Republicano e Democrata.

A ONU define genocídio como um crime cometido “com a intenção de destruir, na totalidade ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”, em particular através de medidas “destinadas a prevenir nascimentos dentro do grupo”.

A China é acusada por um estudo publicado pelo instituto de pesquisa norte-americano Jamestown Foundation de “esterilizações forçadas” em Xinjiang.

28 Out 2020

Secretário de Estado norte-americano realiza périplo anti-China nas nações do Índico

[dropcap]O[/dropcap] secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, levou hoje a retórica anti-China do Governo de Donald Trump a duas nações insulares do Oceano Índico que Washington considera estarem em risco de ficar reféns de Pequim.

Mike Pompeo está a visitar o Sri Lanka e as Maldivas, para pressionar os dois países a ficarem atentos contra potenciais “armadilhas do endividamento” e investimentos predatórios da China.

A visita ocorre a uma semana das eleições nos Estados Unidos, em que a China é um dos principais temas, com Donald Trump a acusar o candidato rival, Joe Biden, de estar comprometido com Pequim.

Pompeo planeia pressionar o Sri Lanka, as Maldivas e a Indonésia, que visita na quinta-feira, a resistir ao aumento da expansão chinesa no Indo-Pacífico, particularmente através de projetos de desenvolvimento e infraestrutura insustentáveis e suscetíveis de causar um excesso de endividamento, permitindo a Pequim ganhar influência sobre estes países.

No início deste mês, a China anunciou a doação ao Sri Lanka de 90 milhões de dólares para apoiar o desenvolvimento rural.

A China considera o Sri Lanka um elo crítico na sua iniciativa ‘uma faixa, uma rota’, um mega projecto de infra-estruturas que abrange Ásia, Europa e África, e que visa redesenhar o mapa da economia mundial.

O país emprestou milhares de milhões de dólares para a construção de infra-estruturas no Sri Lanka nos últimos dez anos. Os projetos incluem portos, um aeroporto, rodovias e centrais elétricas.

Críticos dizem que os projetos financiados pela China não são financeiramente viáveis e que o Sri Lanka terá dificuldades para pagar os empréstimos.

Em 2017, o Sri Lanka teve de arrendar um porto construído pela China, localizado perto de rotas de navegação estratégicas no Índico, a uma empresa estatal chinesa, por um período de 99 anos, face às dificuldades em reembolsar o empréstimo concedido por Pequim.

Pompeo chegou ao Sri Lanka na terça-feira, depois de uma visita à Índia, onde, em conjunto com o secretário de Defesa norte-americano, Mark Esper, intensificou a mensagem anti-China do governo Trump, numa altura de crescente rivalidade entre Pequim e Nova Deli.

“Os Estados Unidos estarão ao lado do povo da Índia enquanto este enfrenta ameaças à sua liberdade e soberania”, afirmou Pompeo.

“Os nossos líderes e cidadãos veem claramente que o Partido Comunista Chinês não é amigo da democracia, do Estado de Direito, da transparência, nem da liberdade de navegação – a base de um Indo-Pacífico livre, aberto e próspero”, disse.

Poucas horas depois de Pompeo e Esper aterrarem na Índia, o Governo de Donald Trump notificou o Congresso norte-americano sobre os planos de venda a Taiwan de sistemas de mísseis Harpoon, por 2,37 mil milhões dólares.

Os dois territórios separaram-se em 1949, depois de as forças nacionalistas terem fugido para Taiwan, após a derrota na guerra civil chinesa contra os comunistas.

A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se também rapidamente, nos últimos dois anos, com várias disputas simultâneas entre as duas maiores economias do mundo, em torno do comércio, tecnologia, a soberania do mar do Sul da China ou questões de direitos humanos. Em Pequim e em Washington, referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns.

28 Out 2020

Covid-19 | China diagnostica 16 casos importados e 26 assintomáticos locais

[dropcap]A[/dropcap] Comissão de Saúde da China anunciou hoje terem sido identificados 16 casos de covid-19, nas últimas 24 horas, todos oriundos do exterior, além de 50 casos assintomáticos, dos quais mais de metade são locais.

Os casos importados foram diagnosticados nos municípios de Xangai (leste) e Pequim (norte) e nas províncias de Shaanxi (noroeste), Hebei (norte), Sichuan (sudoeste), Mongólia Interior (norte), Heilongjiang (nordeste), Fujian (sudeste), Shandong (leste) e Guangdong (sul).

Entre os casos assintomáticos, 26 foram detetados na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país. Xinjiang detetou um surto este fim de semana, relacionado com uma adolescente infectada, e também sem sintomas, diagnosticada durante um exame de rotina.

Após o diagnóstico, as autoridades de saúde lançaram uma campanha de testes em grande escala que prevê abranger 4,7 milhões de pessoas. A China não inclui pessoas infectadas assintomáticas nas estatísticas oficiais até que apresentem sintomas da doença.

As autoridades disseram que, nas últimas 24 horas, 17 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infectadas activas no país se fixou em 264, incluindo quatro doentes em estado grave.

Desde o início da pandemia, a China registou 85.826 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 43 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

27 Out 2020

Secretários de Estado e da Defesa dos EUA visitam Índia com a China na mira

[dropcap]O[/dropcap]s secretários de Estado e da Defesa norte-americanos iniciam hoje uma visita oficial à Índia, com a missão de reforçar a aliança contra a China, a uma semana das eleições nos Estados Unidos.

Mike Pompeo e Mark Esper procuram capitalizar na crescente desconfiança da Índia face ao país vizinho, para sustentar uma frente regional que trave a crescente afirmação da China na região do Indo-Pacífico.

Os dois lados têm previsto assinar um acordo amplo para partilha de informação de satélites militares e cooperação estratégica.

Poucas horas depois de Pompeo e Esper aterrarem na Índia, o Governo de Donald Trump notificou o Congresso norte-americano sobre os planos de venda a Taiwan de sistemas de mísseis Harpoon, por 2,37 mil milhões dólares.

Trata-se da segunda grande venda de armamento em duas semanas para a ilha, que Pequim considera ser uma província sua, apesar de funcionar como uma entidade política soberana.

Os dois territórios separaram-se em 1949, depois de as forças nacionalistas terem fugido para Taiwan, após a derrota na guerra civil chinesa contra os comunistas.

A China reagiu à primeira venda com o anúncio de sanções contra empresas de defesa dos EUA.

Pouco antes de a venda ser anunciada, Pompeo reuniu com o ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, S. Jaishankar, para elogiar a “forte parceria entre os Estados Unidos e a Índia”.

O secretário de Estado norte-americano considerou esta parceria “essencial para a segurança e prosperidade de ambos os países, a região do Indo-Pacífico e o mundo”, segundo um comunicado do Departamento de Estado.

China e Índia têm registado confrontos na fronteira disputada nos Himalaias. Dezenas de milhares de soldados estão num impasse desde maio, quando violentos confrontos resultaram na morte de pelo menos 20 soldados indianos.

A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se também rapidamente, nos últimos dois anos, com várias disputas simultâneas entre as duas maiores economias do mundo, em torno do comércio, tecnologia, a soberania do mar do Sul da China ou questões de direitos humanos.

Em Pequim e em Washington, referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns. Índia e China travaram uma guerra de um mês pelos territórios disputados na fronteira, durante o auge da Crise dos Mísseis em Cuba, em 1962, e alguns temem que ocorra um confronto semelhante. Pompeo não escondeu o desejo da Casa Branca de contar com a ajuda da Índia para isolar a China. Desde que Trump se tornou Presidente, os EUA e a Índia reforçaram gradualmente a cooperação no âmbito militar.

Quando Trump visitou a Índia, em fevereiro passado, os dois lados concluíram acordos de defesa no valor de mais de 3 mil milhões de dólares. O comércio no âmbito da defesa bilateral aumentou de quase zero, em 2008, para 15 mil milhões de dólares, em 2019.

As negociações em Nova Deli esta semana seguem-se a uma reunião que Pompeo teve no início deste mês, em Tóquio, com os homólogos da Índia, Japão e Austrália, que juntos formam as quatro nações do Indo-Pacífico conhecidas como “Quad”.

O Quad é visto como um contrapeso para a ascensão da China, que tenciona reforçar o domínio militar em toda a região. Pompeo tem ainda planeadas deslocações ao Sri Lanka, Maldivas e Indonésia, com a intenção de pressionar estes países a resistirem à China.

27 Out 2020

Taiwan diz que recente compra de armas aos EUA serve para defender a ilha

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Taiwan disse hoje que a recente proposta de compra de mísseis e outras armas dos EUA irá aumentar a capacidade da ilha para se defender de forma credível, numa altura de ameaças crescentes da China. “A compra destas armas irá aumentar as capacidades de combate credíveis e assimétricas de Taiwan”, disse aos jornalistas o porta-voz do Ministério da Defesa, Shih Shun-wen.

“Isto irá também melhorar as nossas capacidades globais de combate para contribuir para a manutenção da paz e estabilidade em todo o Estreito de Taiwan”, acrescentou. Estas declarações vêm na sequência da compra de armas por um valor estimado em 2,4 mil milhões de dólares.

No mesmo dia em que a China anunciou sanções contra empresas americanas envolvidas na venda a Taiwan de baterias da última geração de defesa costeira, o Departamento de Estado disse ter aprovado a venda de outras 100 baterias da geração anterior.

A nova transação contempla 100 sistemas de defesa costeira Harpoon Coastal Defense Systems (HCDS), que podem incluir até 400 mísseis RGM-84L-4, com um alcance máximo de 125 quilómetros. Estes mísseis, fabricados pela divisão de defesa da Boeing, podem ser estacionados em plataformas fixas ou montados em camiões.

Enquanto a República Popular da China considera Taiwan como uma das suas províncias e ameaça utilizar a força, no caso de uma declaração formal de independência ou intervenção externa, os Estados Unidos querem dar a Taiwan uma capacidade de defesa credível contra uma potencial invasão pelo exército chinês.

Washington, que fez da luta contra a influência da China na região da Ásia-Pacífico uma prioridade, acelerou as vendas de armas à ilha nos últimos anos.

Taiwan fechou recentemente um contrato de compra maciça de 66 caças F-16 de nova geração, tem baterias de defesa antiaérea Patriot e pediu também aeronaves não tripuladas MQ9 Reaper.

Na quarta-feira passada, Washington anunciou uma primeira série de contratos no valor de 1,8 mil milhões de dólares, incluindo 135 mísseis de defesa costeira da nova geração Slam-ER, que, ao contrário do Harpoon, têm um alcance superior à largura do Estreito de Taiwan, que separa a ilha da China.

Pequim apelou pela primeira vez aos Estados Unidos na semana passada para “cancelar” a venda, “para evitar mais danos nas relações” entre os dois países.

27 Out 2020