Tailândia censura cobertura de manifestações anti-governamentais em quatro órgãos de comunicação social

[dropcap]O[/dropcap] Governo da Tailândia ordenou hoje a quatro órgãos de comunicação locais que apaguem a cobertura das manifestações anti-governamentais nas quais participaram milhares de pessoas, nos últimos cinco dias, em Banguecoque.

As autoridades recorreram ao “decreto de emergência severo”, aprovado na quinta-feira, com o argumento de que os conteúdos representam uma ameaça para a segurança do país, de acordo com um comunicado publicado pelas autoridades. Os órgãos de comunicação social afectados pela medida são The Standard, Voice TV, The Reporters e Prachatai.

Na sexta-feira, a polícia tailandesa deteve um jornalista do Prachatai durante uma transmissão em direto das manifestações e apreendeu os dispositivos eletrónicos do repórter.

O Governo decretou o “estado de emergência severo” depois de uma manifestação maciça, que desafiou as ordens e decorreu pacificamente na quarta-feira a escassos metros da comitiva onde seguiam a rainha Suthida e o príncipe Dipangkorn, num gesto de rebeldia inédito na nação.

A ordem de emergência, vigente até 13 de novembro, pretende reprimir o movimento anti-governamental que está a decorrer de forma totalmente pacífica e impedir a publicação de notícias que afetem a segurança no país.

O decreto proíbe reuniões de carácter político de cinco ou mais pessoas e as autoridades podem deter por 30 dias, sem apresentar acusações, qualquer manifestante que viole esta disposição, entre outras medidas.

As autoridades detiveram mais de 70 manifestantes, incluindo quase todos os principais líderes do movimento estudantil pró-democracia, e na sexta-feira usaram canhões de água para dispersar manifestantes pacíficos e desarmados.

Desde 14 de outubro que estão a ser realizadas manifestações maciças, com uma presença esmagadora de jovens estudantes, em desafio da ordem para exigir reformas democráticas na Tailândia.

A principal exigência do movimento estudantil, que começou em julho e foi crescendo, é a demissão do primeiro-ministro, Prayut Chan-ocha, que liderou o golpe militar de Estado de 2014. No ano passado, num ato eleitoral controverso, o general foi reeleito no cargo.

Os manifestantes exigem ainda a dissolução do Parlamento e uma nova Constituição, já que a atual foi redigida pela extinta junta militar (2014-2019), bem como a diminuição da influência do exército e da monarquia na política tailandesa.

19 Out 2020

China aprova nova emenda à lei que proíbe insulto à bandeira nacional

[dropcap]O[/dropcap] Comité Permanente do Congresso da China aprovou emendas a uma lei que criminaliza o insulto à bandeira e ao emblema nacionais, depois de manifestantes anti-Governo profanarem a bandeira chinesa.

De acordo com a nova emenda à Lei da Bandeira Nacional e à Lei do Emblema Nacional, que entrará em vigor em 1 de Janeiro de 2021, quem intencionalmente queimar, mutilar, pintar, desfigurar ou pisar a bandeira e o emblema em público será investigado por responsabilidade criminal.

A lei também estabelece que a bandeira nacional não deve ser descartada, exibida de cabeça para baixo ou usada de qualquer forma que prejudique a sua dignidade.

A lei, já revista, também se aplica em Hong Kong e Macau. Às emendas à lei foram propostas depois de manifestantes anti-Governo terem pisado a bandeira chinesa em Hong Kong, provocando protestos na China. Pelo menos três manifestantes em Hong Kong foram condenados por terem profanado a bandeira chinesa.

18 Out 2020

China regista 13 novos casos importados, o mesmo número do dia anterior

[dropcap]A[/dropcap] Comissão de Saúde da China informou hoje que o país diagnosticou 13 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, o mesmo número do dia anterior, todos oriundos do exterior. Os 13 casos ‘importados’ registados nas últimas 24 horas foram diagnosticados em Xangai (5), Cantão (4), Shaanxi (2), Tianjin (1) e Sichuan (1).

As autoridades disseram que, nas últimas 24 horas, 20 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infetadas ativas no país asiático se fixou em 252, entre os quais cinco em estado grave. Este foi o terceiro dia consecutivo em que o surto recente na cidade de Qingdao não produziu novas infeções.

O surto no Hospital de Doenças Pulmonares da cidade de Qingdao pôs fim a quase dois meses sem infeções locais no país asiático. Qingdao somou um total de 13 casos confirmados e um assintomático, procedente do Reino Unido, e que está a cumprir quarentena.

Desde o início da pandemia, a China registou 85.672 infetados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 39,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

18 Out 2020

Centenas de manifestantes desafiam estado de emergência decretado na Tailândia

[dropcap]C[/dropcap]entenas de manifestantes estão a juntar-se no centro de Banguecoque, desafiando um decreto hoje adoptado que instaurou o estado de emergência para proibir reuniões de mais de cinco pessoas e dispersar uma manifestação contra o Governo e a monarquia.

“Libertem os nossos amigos”, gritam os manifestantes activistas, já que pelo menos quatro líderes de um protesto iniciado na quarta-feira, para exigir a renúncia do Governo e reformas da Constituição e da monarquia, foram detidos na manhã de hoje.

O Governo da Tailândia decretou hoje de manhã o estado de emergência na capital, proibindo reuniões com mais de cinco pessoas, o que permitiu dispersar a manifestação pacífica que cercava a sede do executivo.

A polícia, que tinha garantido que apenas as reuniões políticas seriam proibidas, informou, numa conferência de imprensa realizada ao meio-dia local, que deteve 22 manifestantes, dos quais pelo menos quatro eram líderes dos protestos.

Em resposta às detenções, um dos grupos que organizou os protestos convocou uma nova manifestação para esta tarde, no centro da zona comercial de Banguecoque, para onde já foram destacados cerca de 2.000 polícias e vários controlos de segurança.

“Estou a correr um risco pela minha segurança, mas quero estar aqui. A multidão vai proteger-me”, disse Khamin, um estudante de 20 anos à agência de notícias francesa AFP.

As autoridades endureceram o tom contra o movimento pró-democracia que tem organizado vários protestos nos últimos meses.

“Não permitiremos que se reúnam, seria uma violação do decreto de emergência”, advertiu o porta-voz da polícia, Yingyos Thepjumnong.

Na quarta-feira, dezenas de milhares de manifestantes pró-democracia saíram às ruas, no centro histórico de Banguecoque, para pedir a renúncia do Governo e reformas que limitem o poder dos militares e da monarquia, esta última uma questão altamente controversa no país.

O protesto, que coincidiu com o aniversário da revolução estudantil de 1973, foi pacífico, mas registou um gesto de rebelião sem precedentes quando os manifestantes se aproximaram da comitiva de carros onde viajava a rainha Suthida e o príncipe herdeiro Dipangkorn.

A principal reivindicação dos protestos é a renúncia do Governo, liderado por Prayut Chan-ocha, mas os manifestantes exigem também uma nova Constituição, já que a atual foi elaborada pela antiga junta militar (2014-2019), e a redução da influência do exército na política.

A exigência mais polémica é a reforma da monarquia, assunto tabu até há pouco tempo devido ao grande respeito que a instituição inspirou e à lei da lesa-majestade, que prevê penas de até 15 anos de prisão para quem criticar a coroa.

O rei Vajiralongkorn, que passa grande parte do seu tempo na Alemanha, chegou à Tailândia no último fim de semana para participar em cerimónias religiosas e no aniversário da morte do seu pai, Bhumibol Adulyadej, falecido em 13 de outubro de 2016.

15 Out 2020

China ameaça retaliar contra novas sanções dos Estados Unidos sobre Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap] China disse hoje que as novas sanções impostas pelos Estados Unidos contra funcionários responsáveis pela segurança de Hong Kong são uma tentativa de minar a estabilidade na região semi-autónoma e ameaçou retaliar.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, disse que o país “opõe-se firmemente e condena veementemente” a Lei de Autonomia de Hong Kong dos EUA, que exige que o secretário de Estado norte-americano informe o Congresso sobre pessoas que violam os direitos civis no território.

Dez funcionários do Governo central da República Popular da China e de Hong Kong foram incluídos no relatório este ano, incluindo a chefe do Executivo, Carrie Lam, e o Comissário da Polícia, Chris Tang.

O relatório é uma “interferência grosseira” nos assuntos internos da China e expõe ainda mais as “intenções sinistras” de Washington, de “minar a prosperidade e estabilidade de Hong Kong” e “conter o desenvolvimento da China”, acusou Zhao.

“Se os EUA insistirem em seguir este caminho, a China vai tomar contramedidas resolutas para salvaguardar a soberania nacional e os interesses de segurança, e salvaguardar os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas e pessoal relacionado”, acrescentou.

As sanções incluem restrições na emissão de vistos e potencialmente impedir negócios entre os indivíduos que constam na lista e instituições financeiras dos EUA.

Os mesmos funcionários foram sancionados por uma ordem executiva, em agosto passado, logo depois de Pequim ter imposto uma lei de segurança nacional na antiga colónia britânica.

“Através da imposição da Lei de Segurança Nacional, o [Partido Comunista da China] prejudicou as instituições democráticas, direitos humanos, independência judicial e as liberdades individuais em Hong Kong”, acusou a porta-voz do Departamento de Estado, Morgan Ortagus, num comunicado que acompanha o anúncio das sanções.

Ortagus citou as detenções de manifestantes pacíficos, o envio de agentes de segurança chineses para o território e o “atraso politicamente motivado” das eleições de setembro para a assembleia local, como prova de deterioração dos direitos prometidos a Hong Kong por Pequim na época da transferência da sua soberania, em 1997.

15 Out 2020

Covid-19 | China despede dois quadros da Saúde após novo surto em Qingdao

[dropcap]O[/dropcap] presidente de um hospital e o director da Comissão de Saúde da cidade de Qingdao, no nordeste da China, foram demitidos, após um novo surto de covid-19 no país, disseram hoje as autoridades locais.

Numa breve nota, o governo local anunciou que o director da Comissão de Saúde, Sui Zhenhua, e Deng Kai, presidente do hospital para doenças pulmonares de Qingdao, onde começou o novo surto, foram colocados sob investigação. Não foram dadas mais informações.

As autoridades ordenaram o teste dos 9 milhões de habitantes na cidade, depois de terem detectado um total de 12 casos, incluindo assintomáticos, desde o fim de semana passado.

O surto pôs fim a quase dois meses sem novos casos de infeção local na China. Os testes começaram com “contactos próximos” e “contactos mais casuais”, expandindo-se gradualmente para todos os distritos da cidade, disse o departamento de Saúde de Qingdao.

Qingdao é um importante porto comercial e centro industrial conhecido pelos componentes eletrónicos e pela marca de cerveja com o mesmo nome da cidade, além de abrigar a frota do norte da marinha chinesa.

A China, onde o coronavírus foi detectado pela primeira vez no ano passado, erradicou amplamente o vírus, mas permanece em guarda contra casos importados e uma segunda onda de transmissão doméstica.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e oitenta e sete mil mortos e mais de 38,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

15 Out 2020

Hong Kong | Polícia faz buscas em escritórios de magnata dos ‘media’ Jimmy Lai

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong realizou hoje novas buscas nos escritórios do magnata dos ‘media’ e ativista pró-democracia Jimmy Lai, segundo o seu assessor. O assessor de Lai, Mark Simon, escreveu na rede social Twitter que 14 polícias entraram no escritório do fundador da empresa de ‘media’ Next Digital, detentora do jornal pró-democracia Apple Daily, e confiscaram documentos.

Lai, de 71 anos, é uma figura pró-democracia que critica regularmente o governo chinês e de Hong Kong. Não está claro o que a polícia procurava ou por que realizou a operação. A polícia de Hong Kong não respondeu até ao momento a um pedido de comentário.

“Falei com a polícia, eles disseram que permaneceriam até à chegada de nosso advogado”, escreveu Simon. “Eles não fizeram isso, pegaram nos documentos e partiram antes que o nosso advogado chegasse”, acrescentou.

A operação ocorreu antes da audiência de Lai agendada para hoje no tribunal, sob a acusação de ter participado numa reunião não autorizada a 04 de junho, uma vigília que assinalava a sangrenta repressão da China em Tiananmen, em 1989. Uma vigília que é realizada anualmente, mas que foi proibida pelas autoridades este ano, com a justificação do risco pandémico.

Simon disse no Twitter que a polícia “ainda está a tentar transformar as disputas civis em casos criminais”. E adiantou que os fundos que Lai usava para apoiar o Apple Daily foram congelados.

A polícia deteve Lai em agosto, no âmbito da nova lei de segurança nacional de Hong Kong, e também fez buscas na sede da Next Digital, com o empresário a ser libertado mais tarde sob fiança.

A lei de segurança nacional, que proíbe a subversão, a secessão, o terrorismo e o conluio com forças estrangeiras para interferir nos assuntos internos de Hong Kong, aumentou os receios de que será usada para silenciar dissidentes.

15 Out 2020

Grande Baía | Xi coloca Shenzhen no centro do projecto de integração

O papel de Shenzhen no projecto da Grande Baía vai ser reforçado. Este foi um dos destaques do discurso do Presidente chinês na cerimónia do 40.º aniversário do estabelecimento da zona económica especial, onde Xi Jinping apelou à criação de incentivos para cativar jovens de Macau e Hong Kong a optarem por Shenzhen para estudar e trabalhar

 

[dropcap]“E[/dropcap]stamos à beira de mudanças sem precedentes neste século e devemos seguir o caminho da autossuficiência, isso significa que devemos tornar-nos independentes na busca pela inovação”, referiu Xi Jinping, citado pela CCTV. O Presidente chinês discursou ontem em Shenzhen, na cerimónia que marcou o 40.º aniversário da zona económica especial, um modelo que o líder referiu como forma de aprofundar a abertura da economia chinesa.

A cidade que serve de hub tecnológico está no centro do projecto da Grande Baía, algo que foi destacado no discurso do Presidente chinês como um factor de união com Macau e Hong Kong. “Devemos continuar a encorajar e a guiar os nossos compatriotas de Hong Kong, Macau e Taiwan, assim como os chineses emigrados, para o importante papel do seu investimento e empreendedorismo como contributos para a abertura, nos dois sentidos, das zonas económicas especiais”, indicou o líder chinês.

Xi Jinping referiu que o Partido Comunista Chinês vai emitir mais de 60 mudanças de política ou novas directrizes para a Shenzhen. Apesar de não dar pormenores, revelou que o objectivo é dar “mais autonomia em áreas importantes”.

Com tal, prometeu relaxar regulamentos para impulsionar novas indústrias e apelou aos empresários e trabalhadores de Shenzhen para que contribuam para o “grande rejuvenescimento da nação chinesa” e a “optimização e actualização da produção”, numa referência às ambições do país em tornar-se um competidor global em sectores de alto valor agregado, incluindo nas telecomunicações, biotecnologia, carros eléctricos ou energia renovável.

Amor profundo

A busca do “aprofundamento da integração” entre os jovens de Macau, Hong Kong e da província de Guangdong é uma prioridade social, entre os meus planos económicos, “para aumentar o sentido de pertença à pátria-mãe”.

Assim sendo, a China deve “utilizar completamente a importante plataforma Guangdong-Hong Kong-Macau para cooperar e atrair mais jovens de Hong Kong e Macau para estudar, trabalhar e viver na pátria-mãe”, indicou Xi Jinping.

Além de destacar o autêntico milagre que transformou Shenzhen, uma vila de pescadores, num hub tecnológico, o Presidente chinês comprometeu-se com a necessidade de estabelecer um sistema de governação que recompense o talento, despromova os medíocres e expulse os incapazes. “Precisamos estabelecer um ecossistema político com determinação para lutar contra a corrupção e derrubar o formalismo e a burocracia institucional. A corrupção será combatida infalivelmente e a burocracia rejeitada. Vamos estabelecer um ecossistema político saudável e correcto”, perspectivou o líder.

“Estou aqui em Guangdong para mostrar à China e ao mundo que o Parido Comunista da China vai continuar firmemente a liderar o povo chinês pelo caminho da reforma e da abertura”, apontou.

14 Out 2020

Shenzhen | Xi Jinping promete apoio ao desenvolvimento de hub tecnológica na China

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu hoje apoiar o desenvolvimento do maior ‘hub’ de tecnologia da China, numa altura em que os Estados Unidos tentam conter as ambições de Pequim nas indústrias de alto valor agregado.

Xi realizou um discurso por altura do 40º aniversário desde que Shenzhen se abriu à economia de mercado, parte da política de reforma e abertura impulsionada pelo antigo líder chinês Deng Xiaoping.

O chefe de Estado da China prometeu relaxar os regulamentos para impulsionar novas indústrias e apelou aos empresários e trabalhadores de Shenzhen para que contribuam para o “grande rejuvenescimento da nação chinesa” e a “otimização e atualização da produção”, numa referência às ambições do país em tornar-se um competidor global em setores de alto valor agregado, incluindo nas telecomunicações, biotecnologia, carros elétricos ou energia renovável.

“Estamos perante mudanças sem precedentes no espaço de um século e devemos seguir rumo à autossuficiência. Isto significa que devemos tornar-nos independentes no nosso impulso de inovação”, apontou Xi Jinping, citado pela emissora estatal CCTV.

Situada na fronteira com Hong Kong, Shenzhen tornou-se um centro global para o fabrico de componentes eletrónicos e sede das principais firmas tecnológicas do país, incluindo o grupo de telecomunicações Huawei, a fabricante automóvel BYD ou o gigante da Internet Tencent.

Estas empresas enfrentam, no entanto, crescente pressão por parte dos Estados Unidos, que temem perder o domínio industrial em alta tecnologia.

Segundo Xi Jinping, o Partido Comunista Chinês vai emitir mais de 60 mudanças de política ou novas diretrizes. Sem avançar mais detalhes, o líder chinês afirmou que Shenzhen teria “mais autonomia em áreas importantes”.

As duas maiores economias do mundo enfrentam já uma prolongada guerra comercial, que inclui a imposição de taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares das exportações de ambos.

Mas a pressão do Governo norte-americano para que as empresas boicotem entidades chinesas específicas converteu-se num esforço concertado para forçar fornecedores e países terceiros a aderirem a um bloqueio à tecnologia chinesa.

Washington bloqueou o acesso da Huawei a componentes e tecnologia norte-americanos, o que ameaça paralisar as vendas de telemóveis e equipamentos da empresa.

Nos últimos dois anos, a administração de Donald Trump colocou outras 70 empresas chinesas na Lista de Entidades do Departamento de Comércio, limitando o seu acesso a tecnologia norte-americana.

Trump emitiu ainda uma ordem, em agosto passado, que declarou o WeChat, uma aplicação de mensagens instantâneas operada pela Tencent, como ameaça à segurança nacional.

Estas medidas aceleraram a urgência da China em desenvolver tecnologia autónoma, incluindo na produção de ‘chips’ para processadores e outros componentes, no qual Shenzhen desempenha um papel fundamental.

Shenzhen é também uma cidade central no projeto de integração regional apadrinhado por Xi Jinping, a Área da Grande Baía – uma metrópole mundial, que inclui também Macau e Hong Kong e mais oito cidades de Guangdong, através da criação de um mercado único e da crescente conectividade entre as vias rodoviárias, ferroviárias e marítimas.

14 Out 2020

FMI prevê que China será a única grande economia a crescer este ano

[dropcap]A[/dropcap] China vai ser a única grande economia do mundo a crescer em 2020, um ano marcado pela pandemia da covid-19, estimou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório Global Economic Outlook. O FMI estimou que a economia chinesa cresça 1,9%, este ano, e 8,2%, em 2021.

Trata-se de uma subida em nove décimas das projeções de crescimento para este ano, destacando a “rápida recuperação” da economia chinesa, no segundo trimestre. A projeção para 2021 manteve-se inalterada.

As perspectivas para a China “são muito melhores” do que para as restantes economias emergentes, acrescentou a agência. “A actividade normalizou-se mais depressa do que o esperado, depois de quase todo o país ter reaberto em abril”, ressaltou.

“O segundo trimestre registou uma surpresa positiva, graças ao forte apoio do Estado e à resistência das exportações”, acrescentou.

A China, onde a pandemia do novo coronavírus começou em dezembro passado, foi o primeiro país a tomar medidas de confinamento altamente restritivas, mas também o primeiro a reabrir, em março, depois de o Partido Comunista ter declarado vitória no combate à doença.

A economia chinesa alcançou uma expansão inesperada de 3,2%, no segundo trimestre do ano.

A outra grande economia asiática, a Índia, sofrerá um colapso de 10,3% este ano (bem acima dos 4,5% projetados anteriormente), antes de retornar à trajetória positiva, em 2021, com um crescimento de 8,8% (2,8% acima do cálculo anterior).

O Fundo realiza esta semana a sua tradicional reunião anual, na qual discutirá os principais desafios económicos gerados pela pandemia do novo coronavírus.

14 Out 2020

Covid-19 | China regista 20 novos casos, seis locais

[dropcap]A[/dropcap] Comissão de Saúde da China informou hoje que o país diagnosticou 20 casos de covid-19, entre os quais seis locais, na província de Shandong, nas últimas 24 horas.

Seis casos locais foram detetados na cidade portuária de Qingdao, depois de as autoridades terem detetado três doentes assintomáticos num hospital designado para tratar viajantes oriundos do exterior com resultados positivos nos testes realizados à covid-19, no fim de semana passado.

Os 14 casos restantes, todos ‘importados’, foram diagnosticados nas províncias de Guangdong (sudeste) e Shaanxi (noroeste) e no município de Xangai (leste).

As autoridades disseram que, nas últimas 24 horas, sete pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infectadas activas no país asiático se fixou em 241.

Desde o início da pandemia, a China registou 85.611 infetados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2.

As autoridades chinesas referiram que 842.832 pessoas que tiveram contacto próximo com infetados estiveram sob vigilância médica na China, das quais 8.912 permanecem sob observação.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e oitenta e um mil mortos e mais de 37,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

14 Out 2020

Economia | Banco Mundial prevê crescimento chinês, em contraciclo global

O Banco Mundial perspectiva o crescimento de 1,6 por cento do PIB chinês este ano, número que contrasta com a recessão global provocada pela contracção de 5,2 do PIB mundial. O resultado coloca Pequim na singular posição de ser a única potência a crescer. Nesse contexto, o Banco Mundial apelou ao perdão da dívida a países pobres e fortemente afectados pela pandemia

 

[dropcap]E[/dropcap]nquanto a economia global está ligada ao ventilador, paralisada pelo bloqueio imposto pela pandemia da covid-19, o Produto Interno Bruto chinês poderá crescer este ano a um ritmo de 1,6 por cento. Esta é a estimativa do Banco Mundial, que quantifica a hecatombe da economia global no recuo de 5,2 por cento do PIB global.

O organismo presidido por David Malpass destaca entre as razões para a boa performance chinesa, no contexto global de paralisia, a resposta rápida à pandemia, incluindo a imposição apertada de confinamento e medidas de controlo e despistagem de contactos de pessoas possivelmente infectadas.

Além das medidas de saúde pública, Pequim alocou centenas de milhões de de dólares em projectos de infra-estruturas, assim como subsídios individuais para estimular o consumo.

Os resultados foram visíveis durante a Semana Dourada, com o sector do turismo a dar sinais de vida e o aumento do consumo a fazer-se sentir.

Segundo números avançados pela CNN Business, a economia chinesa pode passar a valer 14,6 biliões de dólares até ao final de 2020, o que equivale a cerca de 17,5 por cento do PIB mundial.

Boom dourado

Os sinais positivos na economia chinesa foram evidentes durante a Semana Dourada, quando foram registados resultados ligeiramente abaixo dos de 2019, o que ainda assim foi visto pelos analistas do Banco Mundial como boas notícias.

Mais de 630 milhões de pessoas viajaram pela China durante a Semana Dourada, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Cultura e Turismo. O volume de viagens atingiu quase 80 por cento das realizadas durante o mesmo período no ano passado.

No que diz respeito a gastos, durante a Semana Dourada os turistas desembolsaram cerca de 70 por cento do que gastaram no ano passado, atingindo 70 mil milhões de dólares.

Outro indicador da saúde económica durante a pandemia é a participação em actividades em grupo, como por exemplo, idas ao cinema. Durante o último período da Semana Dourada a venda de bilhetes de cinema ultrapassou os 580 milhões de dólares, um volume de negócio 12 por cento inferior ao registado no mesmo período de 2019.

O economista chefe do Macquarie Group, Larry Hu, categoriza os números da Semana Dourada como “encorajadores”. Citado pela CNN Business, o especialista afirma que todos os indicadores apontam para “o regresso do consumo à normalidade na China, em especial o consumo de serviços que está em franca recuperação”, acrescentando que os resultados podem ter sido influenciados pela procura contida durante muito tempo, e que agora conseguiu concretizar-se.

Fábricas a laborar

Antes da Semana Dourada, a economia chinesa já dava sinais de estar a ganhar dinamismo.
A actividade manufatureira da China subiu em Agosto, prolongando a tendência crescente pelo sexto mês consecutivo, depois da forte queda causada pelas medidas adoptadas para travar a pandemia da covid-19.

O índice mensal dos gestores de compras da China (PMI, na sigla em inglês), divulgado pelo Gabinete Nacional de Estatísticas, fixou-se nos 51 pontos, depois de se ter fixado nos 51,1 pontos, em Julho. O número é 0,1 pontos inferiores ao alcançado no mês anterior e um pouco menor do que o esperado pelos analistas, que previam 51,2 pontos para Agosto.

Neste índice, uma leitura acima dos 50 pontos indica crescimento da actividade do sector, enquanto uma leitura abaixo indica contração.

Os dados confirmam a recuperação do sector, depois de forte quebra em Fevereiro, quando o PMI registou 35,7 pontos, devido às medidas adoptadas para travar a propagação do novo coronavírus, e que incluiu o encerramento de fábricas e estabelecimentos comerciais e ainda restrições na movimentação de centenas de milhões de pessoas.

O especialista em estatística GNE Zhao Qinghe disse em comunicado que “a procura continua a recuperar e o ciclo de oferta e procura está a melhorar gradualmente”.

No entanto, observou que “algumas (pequenas) empresas no centro do país, incluindo no município de Chongqing e na província de Sichuan, e em outros lugares, relataram que, devido ao impacto de fortes chuvas e inundações, o fornecimento de matérias-primas atrasou-se e as encomendas e a produção caíram”.

Segundo analistas da consultora britânica Capital Economics, os dados de Agosto mostram “um sector de serviços mais forte, que compensou a pequena perda de ímpeto nos sectores manufactureiro e da construção”. “Uma recuperação liderada pelo investimento vai acabar por incentivar o consumo e os gastos das famílias, colocando assim a recuperação económica no caminho certo”, lê-se na mesma nota.

Vigor na carteira

Outro sinal positivo é a recuperação do consumo, principalmente tendo em conta os alertas de economistas para a forte dependência de gastos públicos, nomeadamente em projectos de infra-estruturas. O mesmo aconteceu com o investimento estrangeiro, em particular vindo dos Estados Unidos, apesar do contexto de guerra comercial. Na primeira metade do ano, o investimento norte-americano na China cresceu 6 por cento, de acordo com dados oficiais.

Louis Kuijs, economista da Oxford Economics, citado pela CNN Business, destacou que “apesar das tensões entre China e Estados Unidos se terem agravado, muitas multinacionais predominantemente norte-americanas escolheram relacionar-se com a China”. O economista sublinha em especial a importância das barreiras levantadas por Pequim para investir no sector financeiro.

Porém, nem todas as carteiras estão recheadas e quem já era mais desfavorecido antes da pandemia foi quem mais sofreu com a influência económica da covid-19.

De acordo com dados do Governo Central, o salário médio dos trabalhadores rurais ou migrantes caiu quando 7 por cento no secundo trimestre do ano. Centenas de milhões de pessoas estão nesta categoria, que tipicamente inclui trabalhadores da construção civil e operários fabris.

O maior impacto económico provocado pela pandemia foi sentido pelos agregados familiares que auferem menos de 7.350 dólares por ano.

“Isto sugere que a recente recuperação do consumo foi conquistada pelas classes mais ricas”, descreveu a Fitch Ratings.

Nós somos o mundo

Na semana passada, o Banco Mundial apelou aos países mais desenvolvidos, incluindo a China, para cancelarem as dívidas de países pobres e serem activos na ajuda contra os efeitos da pandemia.

O presidente do Banco Mundial, numa conferência online, acusou a China ser implacável na cobrança de dívidas e de não participar na iniciativa de suspensão de dívidas, em particular em países africanos.
Angola não foi exemplo, uma vez que no mês passado o Presidente Xi Jinping telefonou ao seu congénere João Lourenço a recordar o papel que o Export-Import Bank of China teve na candidatura a fundos de emergência financeira do Fundo Monetário Internacional e mostrou-se disponível para suspender dívida, de acordo os mecanismos do Banco Mundial.

13 Out 2020

Covid-19 | Qingdao afirma ter testado 3 milhões de pessoas após detectar surto

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades da cidade portuária de Qingdao, no leste da China, disseram ontem que testaram já três milhões de pessoas para o novo coronavírus, após o primeiro surto local no país asiático em quase dois meses. A Comissão de Saúde da cidade afirmou que, entre os mais de 1,1 milhão de resultados já apurados, todos são negativos. A cidade disse ter um total de 12 casos, seis com sintomas e seis assintomáticos, desde que o novo surto foi detectado este fim de semana num hospital. A Comissão Nacional de Saúde, no entanto, disse ontem que pelo menos seis novos casos do vírus foram encontrados em Qingdao, nas últimas 24 horas.

O motivo da discrepância não foi imediatamente esclarecido. Os métodos da China para registar e relatar o número de vírus têm sido questionados desde que a pandemia começou, no final do ano passado, em Wuhan, no centro do país. Desde então, a China registou 85.591 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19. As autoridades chinesas referiram que 841.890 pessoas que tiveram contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre as quais 8.291 permanecem sob observação.

As autoridades de Qingdao anunciaram na segunda-feira que vão testar os mais de 9 milhões de habitantes daquela cidade para a covid-19 até ao final desta semana. Os testes começaram com “contactos próximos e contactos mais casuais” dos infectados, expandindo-se gradualmente a todos os distritos da cidade.

13 Out 2020

Comércio externo da China continuou a crescer em setembro

Apesar de ter sofrido com a pandemia da covid-19, tal como a maioria dos países do mundo, a economia chinesa dá sinais de uma rápida recuperação, uma vez que as exportações registaram um aumento de 9,9 por cento em setembro, depois de um aumento de 9,5 por cento em Agosto

 

[dropcap]O[/dropcap] comércio externo da China continuou a acelerar, em setembro, confirmando a rápida recuperação da segunda maior economia do mundo. As exportações aumentaram 9,9 por cento para 239.800 milhões de dólares, depois de terem crescido 9,5 por cento em Agosto, segundo dados das alfândegas chinesas. As importações aumentaram 13,2 por cento, para 202.800 mil milhões de dólares, depois de terem contraído 2,1% no mês anterior. As exportações beneficiaram da reabertura precoce da China, face ao resto do mundo.

O país foi o primeiro a detectar casos de covid-19 e a aplicar restritas medidas de prevenção, mas foi também o primeiro a repor a normalidade, fornecendo equipamento de protecção e médico, numa altura em que muitos países continuam a combater a epidemia.

Os exportadores chineses aumentaram assim a sua participação no mercado, face a concorrentes estrangeiros limitados por medidas de confinamento e distanciamento social.

As exportações para os Estados Unidos aumentaram 20,5 por cento para 44.000 milhões de dólares, apesar da guerra comercial entre os dois países, que incluiu a imposição de taxas alfandegárias punitivas sobre produtos oriundos da China. As importações de produtos norte-americanos aumentaram 24,5 por cento para 13.200 milhões de dólares.

Procura mantém-se

“Novos surtos do vírus em parceiros comerciais constituem um desafio, mas a exportação de produtos que beneficiam da procura relacionada com o vírus deve manter-se”, disse Louis Kuijs, da consultora Oxford Economics, num relatório.

O excedente na balança comercial da China aumentou 6,6 por cento, em relação a setembro do ano anterior, para 37.000 milhões de dólares, mas caiu drasticamente, face a Agosto, quando registou um ‘superavit’ de 58.900 milhões de dólares.

Nos primeiros nove meses do ano, o ‘superavit’ comercial do país foi de 2,31 biliões de yuan, um aumento de 12,7 por cento face ao mesmo período de 2019.

As construtoras de automóveis e outros grandes fabricantes estão de volta à actividade, ajudando a impulsionar a procura por minério de ferro, cobre e outros materiais industriais importados. Os importadores beneficiaram ainda da queda nos preços do petróleo e de outras matérias primas, devido à fraca procura mundial.

As vendas no sector retalhista abrandaram nos meses anteriores, no entanto, já que os consumidores adiaram grandes compras, face à instável situação laboral. Os gastos regressaram aos níveis anteriores à pandemia em Agosto, mas ficaram apenas 0,5 por cento acima do mesmo mês do ano anterior.
Economistas alertaram que alguns exportadores chineses de telemóveis e outros produtos de alta tecnologia podem enfrentar problemas devido às restrições impostas por Washington no acesso a componentes produzidos nos Estados Unidos.

13 Out 2020

MNE chinês diz que EUA representam “enorme risco de segurança” para a Ásia

[dropcap]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros da China avisou hoje que os Estados Unidos representam um “enorme risco de segurança” para a Ásia, durante uma viagem ao sudeste asiático, onde Pequim e Washington disputam influência.

Wang Yi, que se encontra na Malásia, disse que o verdadeiro objetivo dos EUA é “construir uma NATO na região do Indo-Pacífico”, numa estratégia que considerou remontar à Guerra Fria.

Washington está a tentar “incitar o confronto entre diferentes grupos e blocos e acirrar a competição geopolítica, enquanto mantém a predominância e o sistema hegemónico”, disse Wang, em conferência de imprensa conjunta com o homólogo malaio, Hishammuddin Hussein. “Neste sentido, a estratégia em si é um grande risco de segurança”, frisou.

Wang Yi também pediu aos países do sudeste asiático, que pretendem elaborar um código de conduta com a China no Mar do Sul da China, que eliminem a “perturbação externa” nas águas disputadas, mas não deu mais detalhes.

As acusações de Wang surgem num período de crescentes tensões entre os dois países. A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se rapidamente nos últimos dois anos, com várias disputas simultâneas entre as duas maiores economias do mundo. Em Pequim e em Washington, referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns.

A crescente assertividade da China nas suas reivindicações territoriais no mar do Sul da China, por onde passa um terço do transporte marítimo global, é condenada pelos Estados Unidos e tornou-se um ponto de inflamação, já que também Vietname, Filipinas, Malásia e Brunei reivindicam partes do território.

Hishammuddin disse que as disputas devem ser resolvidas pacificamente, por meio do diálogo regional.

Os Estados Unidos defendem que o seu envolvimento no Indo-Pacífico apoia a soberania, transparência, boa governação e uma ordem baseada em regras. Ao usar o termo ‘Indo-Pacífico’, os EUA também querem propagar a ideia de que a região se estende além das proximidades da China e dos países do leste da Ásia, para incluir o Oceano Índico.

13 Out 2020

China condena pressão exercida pelos Estados Unidos sobre Portugal

[dropcap]A[/dropcap] China condenou hoje a pressão exercida pelos Estados Unidos para Portugal banir o grupo de telecomunicações chinês Huawei da infra-estrutura de redes 5G, defendendo que nenhum país com “espírito independente” cederá a Washington.

“Coagir outros países para que obedeçam à sua vontade não é apenas um acto flagrante de assédio, mas também uma evidente rejeição dos princípios de economia de mercado defendidos pelos Estados Unidos”, apontou à agência Lusa o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

“Nenhuma nação com um espírito independente se associará a esta campanha” de Washington, acrescentou o Ministério, em comunicado. Durante uma visita a Lisboa, na semana passada, o subsecretário de Estado norte-americano Keith Krach frisou a importância de excluir a Huawei das redes de quinta geração (5G), a Internet do futuro.

A visita de Krach ocorreu poucos dias depois de, numa entrevista ao Expresso, o embaixador norte-americano em Lisboa, George Glass, ter considerado que os portugueses “têm de fazer uma escolha agora” entre “trabalhar com os parceiros de segurança, os aliados, ou trabalhar com os parceiros económicos, os chineses”.

Glass admitiu que “Portugal acaba inevitavelmente por ser parte do campo de batalha na Europa entre os Estados Unidos e a China” e alegou que o país asiático tem “planos de longo prazo para acumular influência maligna através da economia, política ou outros meios”.

As palavras do diplomata foram criticadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que lembrou que “em Portugal, quem decide acerca dos seus destinos são os representantes escolhidos pelos portugueses”.

Na mesma nota, enviada à Lusa, a China acusou os Estados Unidos de “infringirem as regras do comércio internacional” e “danificarem os interesses dos consumidores e negócios”.

“Acreditamos que todos os países vão manter uma posição justa e objetiva e fazer escolhas independentes, de acordo com os seus interesses, os interesses em comum com outros países e a tendência do desenvolvimento da humanidade”, lê-se no comunicado. O Governo chinês lembrou ainda que Portugal e a China mantêm uma parceira estratégica global.

A Parceria Estratégica Global entre Portugal e a China foi assinada em outubro de 2010, durante a visita de Estado a Lisboa do então Presidente chinês, Hu Jintao, a que se seguiram importantes investimentos chineses na economia portuguesa.

A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se rapidamente nos últimos dois anos, com várias disputas simultâneas entre as duas maiores economias do mundo. Em Pequim e em Washington, referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns.

Para além do boicote à Huawei, a administração de Donald Trump colocou outras 70 empresas chinesas na Lista de Entidades do Departamento de Comércio, limitando o seu acesso a tecnologia norte-americana.

No Mar do Sul da China, uma faixa de navegação vital na região Ásia-Pacífico, navios de guerra norte-americanos e chineses disputam agora constantemente posições, enquanto Washington passou a realizar visitas de alto nível a Taiwan, uma afronta a Pequim, que considera a ilha parte do seu território.

Uma prolongada guerra comercial subsiste também entre os dois países, apesar de um acordo de Fase 1, que não conheceu novos desenvolvimentos desde o final do ano passado.

Os dois lados mantêm taxas alfandegárias punitivas sobre centenas de milhares de milhões de dólares das exportações de cada um.

12 Out 2020

Covid-19 | Três infectados assintomáticos levam China a isolar edifícios e hospital

[dropcap]E[/dropcap]difícios residenciais e acessos a um hospital foram isolados na cidade chinesa de Qingdao (leste) depois de serem detetados três casos assintomáticos de covid-19, anunciaram hoje as autoridades sanitárias locais.

A Comissão de Saúde municipal indicou que os dois primeiros casos foram detetados numa auxiliar do hospital, onde são tratados contágios oriundos do exterior, e no marido, um taxista.

O terceiro assintomático é um homem, de 58 anos, com tuberculose, que voltou a ser internado naquele hospital, especializado em doenças respiratórias, depois de ter tido alta uns dias antes.

As autoridades disseram terem começado de imediato a analisar os contactos próximos dos infectados, através de testes de ácido nucleico, tendo fechado os acessos e saídas dos edifícios onde residiam aquelas três pessoas, do centro médico em questão e também as urgências do hospital central de Qingdao, cidade com 9,5 milhões de habitantes.

No mesmo comunicado, as autoridades pediram que a população mantenha as medidas de higiene e de distância física, lembrando a necessidade de se dirigirem a uma clínica designada aos primeiros sintomas relacionados com a covid-19.

A China anunciou hoje ter detectado 21 casos de covid-19 em viajantes oriundos do exterior, quando soma 56 dias consecutivos sem infecções locais.

Desde o início da pandemia, a China registou 85.557 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19. A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e sessenta e nove mil mortos e perto de 37 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

11 Out 2020

Hong Kong | Activistas exigem informações sobre grupo preso em Shenzhen

A agitação volta às ruas em Hong Kong. Desta vez em Lantau, junto à sede do Serviço de Aviação Governamental, onde um grupo, que contava com Joshua Wong e com o antigo deputado Chu Hoi-dick, protestou contra a falta de informações sobre os doze detidos em Shenzen. Os manifestantes afirmam ter provas de que o Governo enviou uma aeronave para rastrear os activistas que se deslocavam numa lancha para Taiwan a 23 de Agosto

 

[dropcap]U[/dropcap]m grupo de activistas e familiares de 12 detidos em Shenzhen, em que se inclui um jovem português, manifestou-se ontem em Hong Kong, exigindo informações sobre as detenções.

O protesto realizou-se junto à sede do Serviço de Aviação Governamental de Hong Kong (GFS, em inglês), em Lantau, e entre os presentes estavam o activista Joshua Wong e o antigo deputado Chu Hoi-dick, que dizem ter provas de que o GFS enviou uma “aeronave de asa fixa” para rastrear o grupo em 23 de Agosto, noticiou ontem a emissora local RTHK.

Segundo a mesma fonte, os activistas não acreditam nas declarações das autoridades de Hong Kong, que dizem não ter estado envolvidas nas detenções.

Durante a acção de protesto, agentes da polícia estiveram no local e exigiram aos manifestantes que retirassem os seus cartazes e alertaram para o risco de violação das restrições contra as concentrações de pessoas em locais públicos, acrescenta a RTHK.

Os protestos surgem depois de o GFS ter anunciado, na quarta-feira, que não divulgaria quaisquer registos de voos de 23 de Agosto, considerando que esta é uma prática comum.

A Chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, disse na terça-feira que a polícia de Hong Kong “não teve absolutamente qualquer papel” na detenção das 12 pessoas.

Sem contacto

Os 12 activistas pró-democracia, que incluem o estudante universitário Tsz Lun Kok, com dupla nacionalidade chinesa e portuguesa, foram detidos em 23 de Agosto pela guarda costeira chinesa, por suspeita de “travessia ilegal”, quando se dirigiam de barco para Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo político.

O advogado em Hong Kong do estudante com passaporte português disse à Lusa em 4 de Setembro que as autoridades chinesas recusaram o acesso ao advogado mandatado pela família no continente chinês, alegando que “a investigação do caso não está concluída, e que [o detido] não tem o direito de ver um advogado”.

Segundo familiares dos detidos, desde a detenção nenhum dos activistas pôde contactar a família nem ter acesso a advogados mandatados pelos seus familiares, tendo a China nomeado, em alguns casos, advogados oficiosos.

O jovem de nacionalidade portuguesa Tsz Lun Kok tinha já sido detido em 18 de Novembro em Hong Kong, e mais tarde libertado, durante o cerco da polícia à Universidade Politécnica daquele território, sendo acusado de motim, por ter participado alegadamente numa manobra para desviar as atenções das forças de segurança com o objectivo de permitir a fuga de estudantes refugiados no interior.

9 Out 2020

Estudo mostra que opiniões negativas sobre a China aumentaram nos países democráticos

[dropcap]U[/dropcap]m inquérito, divulgado na terça-feira, mostrou um aumento acentuado de percepções negativas sobre a China em vários países democráticos, sobretudo na Austrália e no Reino Unido. A pesquisa do Pew Research Centre foi realizada numa altura em que o país asiático está envolvido em várias disputas comerciais e diplomáticas, motivadas em parte por uma abordagem diplomática mais assertiva.

O inquérito, que abrangeu 14 países democráticos com economias desenvolvidas, mostrou que a maioria das pessoas tem uma visão desfavorável sobre a China. A pesquisa foi realizada entre 10 de junho e 03 de agosto, por via telefónica, junto de 14.276 adultos. Na Austrália, 81% das pessoas disseram ter uma visão desfavorável da China, segundo a pesquisa, um aumento de 24% em relação ao ano passado.

Este aumento corresponde à tensão nas relações bilaterais, depois de Camberra ter apelado para uma investigação internacional sobre as origens do novo coronavírus responsável pela covid-19.

A China retaliou com a suspensão das importações de carne bovina australiana, aumento das taxas alfandegárias sobre a cevada importada da Austrália e uma investigação ‘antidumping’ sobre as importações de vinho australiano.

Outros países mostraram uma tendência semelhante: no Reino Unido, 74% dos inquiridos têm uma visão desfavorável em relação à China, um aumento de 19%, em relação ao ano passado; 71% na Alemanha (mais 15%); e 73% nos Estados Unidos (mais 13%).

Os 14 países abrangidos pela pesquisa são Estados Unidos, Canadá, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha, Suécia, Reino Unido, Austrália, Japão e Coreia do Sul.

A margem de erro da pesquisa variou entre 3,1%, na Coreia do Sul, e 4,2% na Bélgica.

Na maioria dos países, a população com níveis de rendimentos mais elevados altos era tão propensa quanto aqueles com níveis de rendimento mais baixos a ter opiniões negativas sobre a China.

As opiniões negativas também ocorreram em todos os níveis de educação.

Em nove dos países pesquisados – Espanha, Alemanha, Canadá, Países Baixos, Estados Unidos, Reino Unido, Coreia do Sul, Suécia e Austrália – as opiniões negativas atingiram o nível mais alto em 12 ou mais anos, segundo a Pew Research Center.

Muitos países democráticos condenaram a China no início deste ano, quando Pequim aprovou uma nova lei de segurança nacional em Hong Kong que, segundo os críticos, infringe os direitos prometidos à antiga colónia britânica quando retornou à soberana chinesa.

Um dos factores mais importantes em relação à reputação da China no exterior é o novo coronavírus.

O vírus surgiu no final do ano passado na cidade chinesa de Wuhan (centro) e desde então espalhou-se pelo mundo. A China foi criticada por não ter sido suficientemente rápida na resposta inicial e por tentar encobrir os primeiros relatos sobre a doença.

Uma média de 61% dos inquiridos nos 14 países tinha uma visão negativa sobre a forma como a China lidou com o coronavírus SARS-CoV-2.

Aqueles que disseram que a China não geriu bem a pandemia mostraram mais probabilidades de ver o país sob uma luz negativa.

Os cidadãos dos países pesquisados também indicaram não confiar no Presidente chinês, Xi Jinping: uma média de 78% disse não confiar nele na gestão de assuntos internacionais.

7 Out 2020

Presidente das Filipinas afirma já ter suspeitado de homicídios extrajudiciais na guerra anti-droga

[dropcap]O[/dropcap] Presidente das Filipinas afirmou que, tal como os seus críticos, também suspeitou da ocorrência de homicídios extrajudiciais durante a campanha anti-droga, que causou milhares de mortos no país. Em declarações transmitidas na segunda-feira pela televisão, Rodrigo Duterte disse ter procurado investigar a origem daqueles assassínios e de ter sido informado que muitas vezes os traficantes são abatidos por grupos rivais ou por tentarem fugir com o dinheiro do tráfico.

Mais de 5.800 suspeitos foram mortos e 256 mil detidos desde que Duterte chegou ao poder em meados de 2016. Grupos de defesa dos direitos humanos alegaram que muitos homicídios servem para eliminar supostos traficantes. O chefe de Estado e a polícia afirmaram que, na maioria dos casos, os suspeitos são abatidos quando tentam ripostar.

Governos ocidentais pediram uma investigação independente aos homicídios, que continuaram durante a pandemia da covid-19, mas Duterte considerou estes pedidos uma interferência nos assuntos internos do país.

Para o Presidente das Filipinas, “está em curso uma guerra” e “não se consegue travar os homicídios, dos traficantes e dos soldados e da polícia”.

Um procurador do Tribunal Penal Internacional examinou as acusações de crimes contra a humanidade em relação aos homicídios durante a campanha antidroga de Duterte, mas ainda não indicou se existem provas suficientes para abrir um inquérito formal.

Duterte ordenou hoje a destruição de grandes volumes de droga confiscada ao longo de uma semana, para impedir a venda dos estupefacientes apreendidos por polícias, como aconteceu já em casos passados.

Só uma pequena quantidade é mantida como prova dos casos de tráfico, indicou o Presidente filipino, manifestando esperança de que os tribunais autorizem esta medida. Duterte acrescentou que pretende inspecionar as drogas confiscadas e armazenadas.

“Porque temos de suportar a responsabilidade de manter contrabando ou mercadorias que podem ser roubadas, usadas e recicladas?”, questionou.

“Por causa da grande quantidade de ‘shabu’ que não conseguimos vigiar diariamente, mesmo que só desapareça uma colher, o Governo será o culpado”, disse.

‘Shabu’ é a designação local de metanfetamina, um estimulante proibido e muito traficado nas Filipinas. Desde que começou a campanha antidroga em 2016, mais de sete mil quilogramas de metanfetamina, com um valor nas ruas de 53 mil milhões de pesos, foram apreendidos, juntamente com quantidades mais pequenas de cocaína, marijuana e drogas de festas, disseram responsáveis.

A advogada dos direitos humanos Edre Olaila afirmou que as declarações de Duterte destinam-se a desviar a atenção do público do fracasso da campanha do Presidente para acabar com os problemas de droga no país e da injustiça da morte de milhares de alegados suspeitos, na sua maioria pobres.

“É um outra dessas mensagens populistas que esconde o fracasso de uma campanha sangrenta contra as drogas”, afirmou a advogada filipina.

6 Out 2020

Em Tóquio, secretário de Estado dos EUA denuncia “actividades dissimuladas” da China

[dropcap]O[/dropcap] secretário de Estado norte-americano denunciou hoje “as actividades dissimuladas” da China, durante um encontro, em Tóquio, com os homólogos australiano, indiano e japonês, para mostrar uma frente unida perante o gigante asiático.

Mike Pompeo e a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Marise Payne, manifestaram “preocupações partilhadas sobre as actividades dissimuladas” da China na região do Indo-Pacífico, de acordo com um comunicado do Departamento de Estado norte-americano.

A visita de Pompeo ao Japão foi mantida apesar da pandemia da covid-19 e do contágio do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de parte dos conselheiros da Casa Branca. Devido a esta situação, Pompeo anulou, no último momento, duas escalas, na Coreia do Sul e na Mongólia. Mas a reunião em Tóquio do “Quad”, grupo estratégico informal que integra Estados Unidos, Austrália, Índia e Japão, foi mantida na agenda.

A deslocação ao Japão é também a primeira de um responsável norte-americano desde a nomeação, em meados do mês passado, do novo primeiro-ministro nipónico, Yoshihide Suga. Suga e Pompeo têm agendada uma reunião durante o dia.

“Na primeira declaração depois de assumir as novas funções, Suga descreveu a região livre e aberta do Indo-Pacífico como ‘a base a paz e da estabilidade regionais’.

“Estou totalmente de acordo”, declarou Pompeo. “Acrescentaria apenas que a pedra angular desta base é a relação americana-japonesa e a segurança e a prosperidade que ela traz aos nossos povos”, disse, antes de um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros nipónico, Toshimitsu Motegi.

A constituição do “Quad”, formado pela primeira vez em 2019, em Nova Iorque, foi fortemente apoiada pelo ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, do qual Suga era um fiel conselheiro. Mas a razão de ser deste grupo parece ser, por enquanto, essencialmente simbólica.

Antes de partir para Tóquio, Pompeo afirmou esperar “alguns anúncios importantes” no final destes encontros quadrilaterais, mas precisou que só seriam feitos após o regresso dos ministros aos países e a consulta dos respetivos dirigentes.

O objetivo das principais democracias da região é intensificar a cooperação perante uma China cada vez mais poderosa e ambiciosa.

Pompeo e a administração Trump opõem-se a Pequim em questões de segurança, de comércio e de tecnologias. As relações de Nova Deli e Camberra com Pequim também conheceram uma forte deterioração nos últimos meses.

Em contrapartida, para Tóquio, trata-se de um exercício de equilíbrio, com Suga preocupado com a China, tal como Abe antes dele.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro japonês sublinhou a intenção de promover o “Quad”, e ao mesmo tempo construir “relações estáveis com os países vizinhos, incluindo a Rússia e a China”.

Pompeo, Motegi, Payne e o chefe da diplomacia indiana, Subrahmanyam Jaishankar, vão também abordar a pandemia da covid-19, a segurança marítima e a cibersegurança, indicou um diplomata japonês.

6 Out 2020

Coreia do Norte | Kim Jong-un lança campanha de 80 dias para relançar economia

[dropcap]O[/dropcap] dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, ordenou uma campanha de 80 dias para relançar a economia, antes de um congresso extraordinário do partido no poder, em janeiro, foi hoje noticiado. A decisão, anunciada pelo meios de comunicação oficiais, foi tomada durante uma reunião do Partido dos Trabalhadores e surgiu na sequência de inundações recentes e num contexto de pandemia da covid-19, que contribuíram para enfraquecer ainda mais a economia já em crise do isolado país.

As campanhas de mobilização de massas, para exigir aos norte-coreanos que façam horas extraordinárias e assumam novas tarefas, são frequentes na Coreia do Norte, antes de grandes eventos.

Em coreano são chamadas de “batalhas”, termo usado pela agência de notícias oficial norte-coreana KCNA, de acordo com uma terminologia bélica usada por Pyongyang. Mas, na versão em inglês, a agência usou “campanha”, mais diplomático.

“Alcançámos proezas históricas graças aos nossos duros esforços, ultrapassando este ano com coragem provas e dificuldades de uma gravidade sem precedentes, mas não devemos descansar à sombra dos nossos louros”, afirmou a KCNA.

“Sempre fomos confrontados com desafios que não podem ser negligenciados e temos numerosos objetivos a alcançar este ano”, insistiu.

A participação nestas “batalhas” esgotantes é vigiada e usada como um meio de medir a lealdade da população ao regime.

As anteriores foram denunciadas por grupos de defesa dos direitos humanos e para estes trata-se de trabalho forçado.

O partido deve apresentar um plano destinado a dinamizar a economia no congresso extraordinário de janeiro, o primeiro a ser organizado em cinco anos.

O país sofre de uma má gestão crónica da economia e o anterior plano foi discretamente abandonado no início deste ano. Em agosto, uma sessão plenária do Partido dos Trabalhadores reconheceu que “os objetivos para melhorar a economia do país estavam seriamente atrasados”.

A Coreia do Norte foi também duramente atingida pelas sanções internacionais destinadas a obrigar Pyongyang a renunciar aos programas nuclear e balístico, que conheceram um rápido avanço sob a direção de Kim.

Especialistas disseram esperar que o país anuncie, no sábado, as medidas de aplicação destes novos programas, por ocasião do 75.º aniversário do Partido dos Trabalhadores.

6 Out 2020

Hong Kong | Mãe de Tsz Lun Kok pede ajuda ao Consulado português

A mãe do jovem com nacionalidade portuguesa detido, juntamente com outros 11 activistas, desde 23 de Agosto, foi até ao Consulado de Portugal em Hong Kong pedir ajuda, mas saiu de lá sem qualquer resposta. Tsz Lun Kok está isolado em Shenzhen há 37 dias, sem contacto da família nem advogado

 

[dropcap]A[/dropcap] mãe do estudante com passaporte português detido em Shenzhen, na China, pediu ajuda ao Consulado de Portugal em Hong Kong, mas não teve resposta, disse ontem à Lusa o advogado do jovem.

“A mãe foi ontem [segunda-feira] ao Consulado de Portugal em Sheung Wan, em Hong Kong, pedir ajuda, foi lá pessoalmente, e não teve resposta”, contou à Lusa o advogado do estudante naquele território, que pediu para não ser identificado.

Tsz Lun Kok, que enfrenta acusações relacionadas com os protestos pró-democracia em Hong Kong no ano passado, foi detido pela guarda costeira chinesa em 23 de Agosto, com mais 11 activistas, quando tentavam chegar por mar a Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo.

Desde então, nenhum dos 12 detidos pôde contactar com a família, tendo-lhes sido também negado acesso a advogados mandatados pelos familiares. Em alguns casos, os advogados foram alvo de ameaças por parte das autoridades chinesas, que alegaram que já teriam sido nomeados advogados oficiosos pelo Estado chinês.

Tanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) como o Consulado de Portugal em Macau e Hong Kong afirmaram que estão a acompanhar o caso, apontando, no entanto, que “a China não reconhece a dupla nacionalidade a cidadãos chineses”, o que limitaria a intervenção das autoridades portuguesas “ao domínio humanitário, procurando assegurar que o detido se encontra bem, que lhe seja dispensado um tratamento digno e que possa ser defendido por um advogado”.

Apesar disso, o advogado do jovem de 19 anos disse ontem à Lusa que o Consulado continua sem informações sobre o detido.

“Ele está isolado há 37 dias, sem contacto da família nem advogado”, recordou o jurista, que questionou várias vezes o Consulado, nomeadamente sobre se as autoridades consulares já tentaram visitá-lo no Centro de Detenção Yantian de Shenzhen, a 50 km de Hong Kong, onde está detido.

Na semana passada, o Consulado tê-lo-á informado apenas, num e-mail enviado na terça-feira, de que tem “vindo a prosseguir os contactos com as autoridades competentes”, mas que “uma resposta ainda está pendente”, acrescentando que “a única informação [de que o posto consular dispõe] é a veiculada pelas autoridades públicas de Hong Kong”.

“Basicamente, até agora, só sabem o que o público sabe em Hong Kong”, lamentou o advogado, considerando “inaceitável” que as autoridades consulares ainda não tenham visitado o detido, com nacionalidade portuguesa e chinesa.

Pressão internacional

Na segunda-feira, a organização não-governamental Human Rights Watch apelou às autoridades portuguesas para que visitem o estudante universitário, recordando que o direito internacional permite essa intervenção.

“A Convenção de Viena sobre Relações Consulares permite que funcionários consulares portugueses visitem [o detido] e lhe providenciem representação legal. O consulado português deve imediatamente procurar encontrar-se com Kok, se ainda não o fez”, instou a ONG, em comunicado.

A Lusa questionou o Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre a situação do detido, em 11 de Setembro, mas não obteve resposta.

Em novas questões enviadas ontem ao gabinete de Augusto Santos Silva, a Lusa perguntou que diligências foram feitas para garantir o acesso do detido a um advogado e se as autoridades consulares tentaram visitá-lo, mas voltou a não obter resposta.

O advogado em Hong Kong do estudante com passaporte português disse à Lusa em 4 de Setembro, quando tinham passado 12 dias desde a detenção, que as autoridades chinesas recusaram o acesso ao advogado mandatado pela família no continente chinês, alegando que “a investigação do caso não [estava] concluída, e que [o detido] não tem o direito de ver um advogado”.

Um segundo advogado foi igualmente levado a abandonar o caso, devido a alegadas pressões das autoridades chinesas, indicou no domingo a rádio pública RTHK.

Lei e desordem

O jovem com passaporte português tinha sido detido em 18 de Novembro, e mais tarde libertado, durante o cerco da polícia à Universidade Politécnica de Hong Kong, sendo acusado de motim, por ter participado alegadamente numa manobra para desviar as atenções das forças de segurança com o objectivo de permitir a fuga de estudantes refugiados no interior.

A lei da segurança nacional imposta por Pequim à antiga colónia britânica, em 30 de Junho, levou vários activistas pró-democracia a refugiar-se no Reino Unido e Taiwan.

O diploma pune actividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras com penas que podem ir até à prisão perpétua.

29 Set 2020

Proibidas manifestações do dia 1 de Outubro em Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Hong Kong proibiram hoje um grupo de activistas pela democracia de realizar uma manifestação no dia 1 de Outubro, aniversário da fundação da República Popular da China. Na China, o dia é feriado e marcado pelas celebrações cuidadosamente coreografadas, mas em Hong Kong tornou-se um dia de preocupação face ao aumento do controlo de Pequim sobre o território.

“A polícia opôs-se à manifestação sob o pretexto da saúde pública, segurança e proteção dos direitos de liberdade das pessoas”, disse hoje o chefe da polícia aos jornalistas.

O pedido de autorização para a manifestação foi feito pela Frente Cívica de Direitos Humanos (CHRF), que organizou os principais protestos pró-democracia no ano passado, para exigir a libertação de um grupo de 12 habitantes de Hong Kong detidos na China.

A polícia de Hong Kong vai mobilizar-se a 1 de Outubro, com pelo menos 3.000 polícias disponíveis no caso de uma manifestação, afirmou uma fonte policial, que pediu anonimato, à agência francesa France-Presse.

Desde o início do ano, os protestos foram quase impossíveis de realizar em Hong Kong, já que a polícia recusou todos os pedidos de autorização, citando a proibição de qualquer reunião de mais de quatro pessoas dentro das medidas na luta contra a covid-19.

Desde junho, a nova lei de segurança adoptada em Hong Kong permite que as autoridades criminalizem a expressão de certas opiniões.

Durante as raras manifestações que se realizaram, a polícia de choque e polícias à paisana intervieram rapidamente, num único dia de setembro quase 300 pessoas foram presas.

Mais de 10.000 pessoas foram presas nos últimos 16 meses e muitos líderes da oposição estão a ser perseguidos na justiça.

29 Set 2020