China | Plano quinquenal focado na auto-suficiência e políticas ambientais

Terminou ontem a quinta sessão plenária do Comité Central do Partido Comunista da China que discutiu o plano estratégico do país para os próximos cinco anos (2021-2025). O futuro deve trazer afastamento dos objectivos económicos aferidos pelo crescimento do PIB, corte drástico nas emissões de carbono, auto-suficiência na produção tecnológica, segurança alimentar e aposta no consumo interno

 

[dropcap]N[/dropcap]o clássico “Five Years”, David Bowie canta “the news guy wept and told us the earth was really dying”, traduzido à bruta “o pivot do noticiário disse-nos que a Terra estava a morrer”, restando cinco anos. Ora bem, o facto é que a actualidade mostra um mundo em profunda convulsão, sem estratégia conjunta para problemas globais, com uma pandemia a varrer vidas e recursos. No meio deste cenário, terminou ontem a quinta sessão plenária Comité Central do Partido Comunista da China, com o plano quinquenal em cima da mesa, destinado a traçar o futuro para os anos entre 2021 e 2025.

Apesar de as decisões da cúpula do partido apenas se tornarem públicas, oficialmente, quando a minuta do plano político para os próximos cinco anos for submetida à Assembleia Popular Nacional, que reúne no próximo ano, a estratégia pode ser aferida pelas publicações nos jornais oficiais.

A meta derradeira é a chamada “modernização socialista”, que implicará o rumo das políticas seguidas a nível nacional, provincial, assim como nas empresas controladas pelo Estado.

A agência Xinhua escrevia ontem que “a China é um país que cumpre a sua palavra, assim que ficar estabelecido o plano para os próximos cinco anos, tanto o Governo Central como os governos locais fazem tudo para assegurar a sua implementação”.

Um artigo extenso do jornal oficial Global Times aponta para o afastamento da medida que afere o sucesso económico com base no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Pela primeira vez, desde 2002, Pequim reviu em baixa este ano a previsão de crescimento, que era de 6,5 por cento. Para já, o Global Times cita economistas chineses que perspectivam a perda de importância das metas de crescimento sustentadas no PIB, “mantendo em níveis mais baixos, à volta de 5 por cento, ou mesmo deixando de apontar uma meta específica”.

No mercado financeiro, são esperadas medidas para libertar e baixar taxas de juro de forma a combater a desigualdade no acesso ao crédito, alargando as vantagens alcançadas apenas por grandes empresas estatais que conseguem crédito em bancos públicos, enquanto o sector privado enfrenta grandes dificuldades para conseguir empréstimos em condições vantajosas.

Mudança de ciclo

O jornal indica que o Governo Central pode afastar-se do modelo de crescimento puramente quantitativo, para se focar na optimização estrutural da economia, baseada na inovação e no investimento, “face aos anos difíceis que se avizinham”. Um dos economistas citados, Wang Yiwei, da Renmin University of China, refere “está a ocorrer uma mudança na filosofia dos decisores políticos, porque o crescimento rápido já não é representativo da força da economia chinesa”.

O conceito de “circulação mútua” é outro dos pontos-chave, que Xi Jinping já mencionou em Maio. A estratégia assenta no aprofundamento da “circulação doméstica”, ou seja, na produção, distribuição e consumo suportado por inovação tecnológica doméstica. Este ciclo interno terá o impulso adicional da exportação.

Estes são alguns dos mecanismos de defesa do Governo Central para responder às dificuldades dos próximos 10 a 15 anos, face à possibilidade de intensificar as tensões entra China e Estados Unidos, riscos do ressurgimento da pandemia e uma crise financeira global.

Como se viu no discurso de Xi Jinping em Shenzhen, um dos motores da economia é a aposta na inovação tecnológica, missão que se tornou ainda mais urgente desde as medidas restritivas à tecnologia chinesa, com imposições dos Estados Unidos a cortar a oferta de componentes essenciais as empresas como a Huawei.

Como tal, é expectável que surja a aposta na produção de semicondutores, no desenvolvimento da tecnologia de telecomunicações 5G, computação em nuvem, veículos autónomos, robótica fabril e inteligência artificial.

Varas de porcos

Uma das aparentes e mais ousadas propostas que podem sair do plano quinquenal é a entrada na classe média de mil milhões de chineses, algo que a Xinhua descreve como fruto “da magia dos planos quinquenais da China, sustentados na continuidade”.

A agência oficial aponta a redução da pobreza como um exemplo de política de longo prazo, implementada desde os anos 1980. “No final de 2019, o número de chineses a viver abaixo do limiar da pobreza desceu para 5,51 milhões, quando em 2012 eram 98,99 milhões. A China está a caminho de erradicar a pobreza extrema até ao fim de 2020, tornando-se no primeiro país do mundo a acabar com a pobreza extrema”, escreveu ontem a Xinhua.

Um dos pontos essenciais será garantir segurança alimentar, principalmente depois de o país ter atravessado problemas devido à escassez de carne de porco, resultante do surto de peste e das disrupções provocadas pela guerra comercial. Assim sendo, Pequim vai tentar assegurar a reconstrução da reserva de cereais, promover a produção doméstica de produtos agrícolas, diversificar o leque de abastecedores internacionais e repor os stocks de carne de porco.

Outra meta ousada do Governo Central é corrigir os desequilíbrios em termos de oportunidade entre populações rurais e urbanas, nomeadamente através da abertura para fixação de residência de cidadãos oriundos de povoações rurais em cidades. A ideia é responder à escassez de mão-de-obra em centenas de cidades chinesas, em vários níveis de desenvolvimento industrial, ao mesmo tempo que se aumenta o consumo.

Por outro lado, serão apresentadas reformas na gestão de terrenos para permitir aos agricultores conseguirem aceder a maiores parcelas de terra, abrindo o mercado imobiliário de propriedades rústicas.

Verdes anos

O Presidente Xi Jinping traçou 2060 como a meta para a China atingir níveis zero de emissões de carbono, algo que deverá sair reforçado no plano quinquenal. O Global Times refere que os objectivos de emissões de carbono devem ser reforçados, com políticas de combate às alterações climáticas, citando fontes do Ministério da Ecologia e Ambiente.

Quanto aos que apontam que a verdadeira aposta da China é o crescimento económico, o Global Times argumenta, categorizando o cepticismo como críticas ocidentais, que a China conseguiu cumprir oito dos nove objectivos ambientais definidos no plano quinquenal anterior. “O objectivo que falta conquistar, assegurar boa qualidade de ar em 337 cidades, durante mais de 84,5 por cento dos dias de 2020, será conseguido como foi planeado”, escrever o jornal oficial.

O artigo publicado ontem no jornal do partido não desperdiça a oportunidade para picar o adversário. “Enquanto a Administração Trump vira as costas às questões ambientais e climáticas, a China atinge grandes progressos e desenvolvimentos na gestão ambiental, sendo expectável que as medidas vigorosas prossigam no 14.º plano quinquenal para atingir a meta da neutralidade de carbono e assumir as responsabilidades de um país central na resposta global à crise climática”.

O vice-ministro da Ecologia e Ambiente, Zhao Yingmin, recordou o trabalho feito nesta matéria, cerca de uma semana antes das reuniões do Politburo. O governante apontou que as emissões de gases com efeito de estufa per capita caíram 18,2 por cento desde 2015, salientando que entre 2016 e 2020 a China alcançou os maiores progressos em termos ambientais.

29 Out 2020

Supremo Tribunal da Coreia do Sul mantém pena de prisão de 17 anos a ex-Presidente

[dropcap]O[/dropcap] Supremo Tribunal da Coreia do Sul, o mais alto tribunal do país, manteve hoje a condenação de 17 anos por corrupção do ex-Presidente Lee Myung-bak, de 78 anos. Myung-bak, no poder de 2008 a 2013, tinha sido libertado sob fiança enquanto aguardava a decisão e não estava presente no Supremo Tribunal.

O ex-Presidente sul-coreano, que não tem mais recursos legais, corre o risco de terminar a vida atrás das grades, a menos que lhe seja concedido um perdão presidencial.

Na Coreia do Sul, os chefes de Estado terminam muitas vezes na prisão depois de terem deixado o poder, em consequência da alternância política. Os quatro antigos presidentes que ainda estão vivos foram todos condenados desta forma.

Lee Myung-bak foi condenado por corrupção em 2018 pelo Tribunal Distrital Central de Seul a uma pena de 15 anos de prisão e uma multa de 13 mil milhões de won. Em Fevereiro, a sentença foi aumentada em recurso para 17 anos de prisão, mas permaneceu em liberdade até à decisão do tribunal supremo.

Hoje, o Supremo Tribunal manteve a decisão, confirmando as condenações do ex-Presidente por desvio de 25,2 mil milhões de won e por receber 9,4 mil milhões de won em subornos. “Não houve erro legal na condenação do tribunal de recurso por corrupção e desvio de fundos”, informou a instância judicial em comunicado.

O ex-Presidente, que chegou à política depois de uma longa carreira na Hyundai, foi condenado por aceitar subornos do Grupo Samsung para conceder um indulto presidencial ao antigo responsável da empresa Lee Kun-hee, que foi condenado por evasão fiscal. Lee Kun-hee faleceu no domingo.

O antigo Presidente Lee Myung-bak disse que estava “chocado” com as acusações, afirmando que tinha concedido um perdão presidencial ao chefe da Samsung, então membro do Comité Olímpico Internacional (COI), para que pudesse liderar a batalha para ganhar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2018. A Samsung também tinha negado as acusações.

29 Out 2020

Pompeo renova na Indonésia ataques às reivindicações da China no mar do Sul

[dropcap]O[/dropcap] Secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, insistiu hoje na Indonésia na sua campanha contra a China, parte dos esforços para deter a crescente assertividade de Pequim no Pacífico e no Índico. A visita ocorre a cinco dias das eleições nos Estados Unidos, em que a China é um dos principais temas, com Donald Trump a acusar o candidato rival, Joe Biden, de estar comprometido com Pequim.

Pompeo alertou para a “agressividade” da China no mar do Sul da China, que Pequim reivindica quase na totalidade, apesar dos protestos dos países vizinhos. Na sede da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Jacarta, Pompeo elogiou a liderança da Indonésia na organização, por rejeitar o que chamou de reivindicações “ilegais” da China.

“Respeitamos a liberdade [de navegação] nos mares, a soberania e o Estado de Direito”, disse, ao lado do ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, Retno Marsudi. Sem referir a China, Marsudi concordou que “as leis internacionais devem ser respeitadas”.

“As nossas nações cumpridoras da lei rejeitam as reivindicações ilegais do Partido Comunista Chinês no mar do Sul da China, como fica claro pela liderança corajosa da Indonésia neste tópico, dentro da ASEAN e nas Nações Unidas”, disse Pompeo.

“É uma causa que vale a pena perseguir no âmbito multilateral e a administração [de Donald] Trump apoia”, acrescentou. Em Julho passado, o governo de Trump rejeitou totalmente quase todas as reivindicações marítimas de Pequim no mar do Sul.

A decisão surgiu numa altura em que Trump iniciou um esforço para usar a China como um tópico na campanha para as presidenciais, contra o adversário democrata, o ex-vice-presidente Joe Biden.

Até então, a política dos EUA consistia em insistir que as disputas marítimas entre a China e os seus vizinhos menores fossem resolvidas pacificamente, por meio de arbitragem apoiada pela ONU.

Numa declaração emitida em 13 de julho, Pompeo disse que os EUA consideram agora ilegítimas praticamente todas as reivindicações marítimas chinesas fora das suas águas internacionalmente reconhecidas.

A China ignorou decisões de arbitragem internacional e tem avançado nas tentativas de fazer cumprir as suas reivindicações. Pompeo especificou que a China não pode reivindicar o baixio James, um banco oceânico perto da Malásia, as águas ao redor do coral Vanguard, ao largo do Vietname, ou o baixio Luconia, perto do Brunei. Pompeo disse ainda que a proteção das ilhas de Natuna pela Indonésia é de louvar.

O secretário de Estado norte-americano chegou à Indonésia oriundo das Maldivas, onde anunciou que os Estados Unidos vão abrir, pela primeira vez, uma embaixada no arquipélago do Oceano Índico, um movimento que reflete a crescente apreensão norte-americana com o aumento da influência chinesa na região.

“O Partido Comunista Chinês mantém o seu comportamento ilegal e ameaçador”, disse Pompeo, poucas horas depois de acusar a China de ser “predatória”, durante uma visita ao Sri Lanka.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, disse que a verdadeira intenção do secretário de Estado é “fazer com que a China volte a uma era de pobreza e estagnação e deixar o mundo cair no abismo do confronto e divisão”.

29 Out 2020

Hong Kong | Activista acusado de secessão

[dropcap]O[/dropcap] activista Tony Chung foi hoje acusado de secessão por um tribunal de Hong Kong, ao abrigo da lei de segurança nacional imposta por Pequim ao território, após dois dias de detenção. O activista, de 19 anos, foi detido há dois dias por polícias à paisana, num café a poucos metros do Consulado dos Estados Unidos em Hong Kong, onde se pensa que tentava pedir asilo, segundo um comunicado de um grupo designado “Amigos de Hong Kong”, até aqui desconhecido, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

O jovem fundou em 2016 o grupo de estudantes pró-independência “Student Localism”, dissolvido antes da entrada em vigor da lei da segurança nacional, em Junho. Chung, que já tinha sido detido no final de Julho com mais três activistas, por suspeita de promover a independência do território em publicações nas redes sociais, foi uma das primeiras vítimas da lei da segurança nacional, tendo então sido libertado sob fiança.

O activista é acusado de secessão, lavagem de dinheiro e conspiração para publicar material separatista. Chung, que esteve sob custódia policial até à comparência em tribunal, esta manhã, vai ficar detido até ao julgamento, tendo-lhe sido negado o pedido de fiança.

A lei da segurança nacional imposta por Pequim à antiga colónia britânica pune atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras com penas que podem ir até à prisão perpétua, e levou vários activistas pró-democracia a refugiar-se no Reino Unido e Taiwan.

29 Out 2020

China acusa senadores norte-americanos de mentirem sobre Xinjiang

[dropcap]A[/dropcap] China acusou hoje um grupo de senadores norte-americanos de mentirem, após estes terem proposto declarar Pequim culpada do “genocídio” de muçulmanos na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país. A resolução dos senadores acusa Pequim de repressão contra os chineses das minorias étnicas muçulmanas uigur e cazaque e culpa Pequim de levar a cabo um “genocídio”.

A China sofreu, nos últimos anos, vários ataques à bomba e esfaqueamentos atribuídos a separatistas e extremistas uigures, que resultaram na morte de dezenas de civis. Uma vasta região semidesértica, onde os uigures representam quase metade da população, Xinjiang foi convertido num Estado policial, em nome da luta contra o terrorismo.

Mais de um milhão de pessoas foram internadas em campos de doutrinação, segundo organizações de defesa dos Direitos Humanos.

A China afirma que estes campos são “centros de treino vocacional”, destinados a ajudar os uigures a encontrar empregos e afastá-los do extremismo religioso.

“Esses senadores norte-americanos estão empenhados em fabricar todos os tipos de mentiras para desacreditar a China e obter benefícios políticos”, disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em conferência de imprensa.

“Entre 2010 e 2018, a população uigur de Xinjiang aumentou de 10,17 milhões para 12,72 milhões (…) Em que se baseiam essas acusações de um alegado genocídio”, questionou. Wang culpou antes os Estados Unidos pela “assimilação e massacre em grande escala” dos nativos americanos. “Isso não é um genocídio”, questionou o porta-voz.

A resolução foi apresentada por senadores eleitos de ambos os partidos, Republicano e Democrata.

A ONU define genocídio como um crime cometido “com a intenção de destruir, na totalidade ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”, em particular através de medidas “destinadas a prevenir nascimentos dentro do grupo”.

A China é acusada por um estudo publicado pelo instituto de pesquisa norte-americano Jamestown Foundation de “esterilizações forçadas” em Xinjiang.

28 Out 2020

Secretário de Estado norte-americano realiza périplo anti-China nas nações do Índico

[dropcap]O[/dropcap] secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, levou hoje a retórica anti-China do Governo de Donald Trump a duas nações insulares do Oceano Índico que Washington considera estarem em risco de ficar reféns de Pequim.

Mike Pompeo está a visitar o Sri Lanka e as Maldivas, para pressionar os dois países a ficarem atentos contra potenciais “armadilhas do endividamento” e investimentos predatórios da China.

A visita ocorre a uma semana das eleições nos Estados Unidos, em que a China é um dos principais temas, com Donald Trump a acusar o candidato rival, Joe Biden, de estar comprometido com Pequim.

Pompeo planeia pressionar o Sri Lanka, as Maldivas e a Indonésia, que visita na quinta-feira, a resistir ao aumento da expansão chinesa no Indo-Pacífico, particularmente através de projetos de desenvolvimento e infraestrutura insustentáveis e suscetíveis de causar um excesso de endividamento, permitindo a Pequim ganhar influência sobre estes países.

No início deste mês, a China anunciou a doação ao Sri Lanka de 90 milhões de dólares para apoiar o desenvolvimento rural.

A China considera o Sri Lanka um elo crítico na sua iniciativa ‘uma faixa, uma rota’, um mega projecto de infra-estruturas que abrange Ásia, Europa e África, e que visa redesenhar o mapa da economia mundial.

O país emprestou milhares de milhões de dólares para a construção de infra-estruturas no Sri Lanka nos últimos dez anos. Os projetos incluem portos, um aeroporto, rodovias e centrais elétricas.

Críticos dizem que os projetos financiados pela China não são financeiramente viáveis e que o Sri Lanka terá dificuldades para pagar os empréstimos.

Em 2017, o Sri Lanka teve de arrendar um porto construído pela China, localizado perto de rotas de navegação estratégicas no Índico, a uma empresa estatal chinesa, por um período de 99 anos, face às dificuldades em reembolsar o empréstimo concedido por Pequim.

Pompeo chegou ao Sri Lanka na terça-feira, depois de uma visita à Índia, onde, em conjunto com o secretário de Defesa norte-americano, Mark Esper, intensificou a mensagem anti-China do governo Trump, numa altura de crescente rivalidade entre Pequim e Nova Deli.

“Os Estados Unidos estarão ao lado do povo da Índia enquanto este enfrenta ameaças à sua liberdade e soberania”, afirmou Pompeo.

“Os nossos líderes e cidadãos veem claramente que o Partido Comunista Chinês não é amigo da democracia, do Estado de Direito, da transparência, nem da liberdade de navegação – a base de um Indo-Pacífico livre, aberto e próspero”, disse.

Poucas horas depois de Pompeo e Esper aterrarem na Índia, o Governo de Donald Trump notificou o Congresso norte-americano sobre os planos de venda a Taiwan de sistemas de mísseis Harpoon, por 2,37 mil milhões dólares.

Os dois territórios separaram-se em 1949, depois de as forças nacionalistas terem fugido para Taiwan, após a derrota na guerra civil chinesa contra os comunistas.

A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se também rapidamente, nos últimos dois anos, com várias disputas simultâneas entre as duas maiores economias do mundo, em torno do comércio, tecnologia, a soberania do mar do Sul da China ou questões de direitos humanos. Em Pequim e em Washington, referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns.

28 Out 2020

Covid-19 | China diagnostica 16 casos importados e 26 assintomáticos locais

[dropcap]A[/dropcap] Comissão de Saúde da China anunciou hoje terem sido identificados 16 casos de covid-19, nas últimas 24 horas, todos oriundos do exterior, além de 50 casos assintomáticos, dos quais mais de metade são locais.

Os casos importados foram diagnosticados nos municípios de Xangai (leste) e Pequim (norte) e nas províncias de Shaanxi (noroeste), Hebei (norte), Sichuan (sudoeste), Mongólia Interior (norte), Heilongjiang (nordeste), Fujian (sudeste), Shandong (leste) e Guangdong (sul).

Entre os casos assintomáticos, 26 foram detetados na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país. Xinjiang detetou um surto este fim de semana, relacionado com uma adolescente infectada, e também sem sintomas, diagnosticada durante um exame de rotina.

Após o diagnóstico, as autoridades de saúde lançaram uma campanha de testes em grande escala que prevê abranger 4,7 milhões de pessoas. A China não inclui pessoas infectadas assintomáticas nas estatísticas oficiais até que apresentem sintomas da doença.

As autoridades disseram que, nas últimas 24 horas, 17 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infectadas activas no país se fixou em 264, incluindo quatro doentes em estado grave.

Desde o início da pandemia, a China registou 85.826 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 43 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

27 Out 2020

Secretários de Estado e da Defesa dos EUA visitam Índia com a China na mira

[dropcap]O[/dropcap]s secretários de Estado e da Defesa norte-americanos iniciam hoje uma visita oficial à Índia, com a missão de reforçar a aliança contra a China, a uma semana das eleições nos Estados Unidos.

Mike Pompeo e Mark Esper procuram capitalizar na crescente desconfiança da Índia face ao país vizinho, para sustentar uma frente regional que trave a crescente afirmação da China na região do Indo-Pacífico.

Os dois lados têm previsto assinar um acordo amplo para partilha de informação de satélites militares e cooperação estratégica.

Poucas horas depois de Pompeo e Esper aterrarem na Índia, o Governo de Donald Trump notificou o Congresso norte-americano sobre os planos de venda a Taiwan de sistemas de mísseis Harpoon, por 2,37 mil milhões dólares.

Trata-se da segunda grande venda de armamento em duas semanas para a ilha, que Pequim considera ser uma província sua, apesar de funcionar como uma entidade política soberana.

Os dois territórios separaram-se em 1949, depois de as forças nacionalistas terem fugido para Taiwan, após a derrota na guerra civil chinesa contra os comunistas.

A China reagiu à primeira venda com o anúncio de sanções contra empresas de defesa dos EUA.

Pouco antes de a venda ser anunciada, Pompeo reuniu com o ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, S. Jaishankar, para elogiar a “forte parceria entre os Estados Unidos e a Índia”.

O secretário de Estado norte-americano considerou esta parceria “essencial para a segurança e prosperidade de ambos os países, a região do Indo-Pacífico e o mundo”, segundo um comunicado do Departamento de Estado.

China e Índia têm registado confrontos na fronteira disputada nos Himalaias. Dezenas de milhares de soldados estão num impasse desde maio, quando violentos confrontos resultaram na morte de pelo menos 20 soldados indianos.

A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se também rapidamente, nos últimos dois anos, com várias disputas simultâneas entre as duas maiores economias do mundo, em torno do comércio, tecnologia, a soberania do mar do Sul da China ou questões de direitos humanos.

Em Pequim e em Washington, referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns. Índia e China travaram uma guerra de um mês pelos territórios disputados na fronteira, durante o auge da Crise dos Mísseis em Cuba, em 1962, e alguns temem que ocorra um confronto semelhante. Pompeo não escondeu o desejo da Casa Branca de contar com a ajuda da Índia para isolar a China. Desde que Trump se tornou Presidente, os EUA e a Índia reforçaram gradualmente a cooperação no âmbito militar.

Quando Trump visitou a Índia, em fevereiro passado, os dois lados concluíram acordos de defesa no valor de mais de 3 mil milhões de dólares. O comércio no âmbito da defesa bilateral aumentou de quase zero, em 2008, para 15 mil milhões de dólares, em 2019.

As negociações em Nova Deli esta semana seguem-se a uma reunião que Pompeo teve no início deste mês, em Tóquio, com os homólogos da Índia, Japão e Austrália, que juntos formam as quatro nações do Indo-Pacífico conhecidas como “Quad”.

O Quad é visto como um contrapeso para a ascensão da China, que tenciona reforçar o domínio militar em toda a região. Pompeo tem ainda planeadas deslocações ao Sri Lanka, Maldivas e Indonésia, com a intenção de pressionar estes países a resistirem à China.

27 Out 2020

Taiwan diz que recente compra de armas aos EUA serve para defender a ilha

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Taiwan disse hoje que a recente proposta de compra de mísseis e outras armas dos EUA irá aumentar a capacidade da ilha para se defender de forma credível, numa altura de ameaças crescentes da China. “A compra destas armas irá aumentar as capacidades de combate credíveis e assimétricas de Taiwan”, disse aos jornalistas o porta-voz do Ministério da Defesa, Shih Shun-wen.

“Isto irá também melhorar as nossas capacidades globais de combate para contribuir para a manutenção da paz e estabilidade em todo o Estreito de Taiwan”, acrescentou. Estas declarações vêm na sequência da compra de armas por um valor estimado em 2,4 mil milhões de dólares.

No mesmo dia em que a China anunciou sanções contra empresas americanas envolvidas na venda a Taiwan de baterias da última geração de defesa costeira, o Departamento de Estado disse ter aprovado a venda de outras 100 baterias da geração anterior.

A nova transação contempla 100 sistemas de defesa costeira Harpoon Coastal Defense Systems (HCDS), que podem incluir até 400 mísseis RGM-84L-4, com um alcance máximo de 125 quilómetros. Estes mísseis, fabricados pela divisão de defesa da Boeing, podem ser estacionados em plataformas fixas ou montados em camiões.

Enquanto a República Popular da China considera Taiwan como uma das suas províncias e ameaça utilizar a força, no caso de uma declaração formal de independência ou intervenção externa, os Estados Unidos querem dar a Taiwan uma capacidade de defesa credível contra uma potencial invasão pelo exército chinês.

Washington, que fez da luta contra a influência da China na região da Ásia-Pacífico uma prioridade, acelerou as vendas de armas à ilha nos últimos anos.

Taiwan fechou recentemente um contrato de compra maciça de 66 caças F-16 de nova geração, tem baterias de defesa antiaérea Patriot e pediu também aeronaves não tripuladas MQ9 Reaper.

Na quarta-feira passada, Washington anunciou uma primeira série de contratos no valor de 1,8 mil milhões de dólares, incluindo 135 mísseis de defesa costeira da nova geração Slam-ER, que, ao contrário do Harpoon, têm um alcance superior à largura do Estreito de Taiwan, que separa a ilha da China.

Pequim apelou pela primeira vez aos Estados Unidos na semana passada para “cancelar” a venda, “para evitar mais danos nas relações” entre os dois países.

27 Out 2020

Parlamento tailandês começa a discutir mudanças democráticas

[dropcap]O[/dropcap] parlamento da Tailândia iniciou ontem uma sessão especial, convocada para debater as tensões políticas e protestos pró-democracia quase diários, que exigem a demissão do primeiro-ministro, mudanças constitucionais e reformas da monarquia.

O principal partido da oposição pediu ao primeiro-ministro da Tailândia, Prayut Chan-ocha, que renuncie ao cargo, acusando-o de “colocar lenha na fogueira” com a sua gestão dos protestos pró-democracia liderados por estudantes. “A forma como o general Prayut tenta resolver o problema agravou a situação. A suas palavras e acções colocaram lenha na fogueira, tornando tudo mais difícil e complicado”, disse o líder do Pheu Thai (o maior partido da oposição), Sompong Amornvivat.

A crítica foi feita durante a sessão extraordinária do parlamento, que irá durar dois dias e que foi convocada de forma consultiva pelo Governo em resposta aos protestos que, desde Julho passado, reclamam reformas democráticas.

No discurso de abertura, Prayuth afirmou estar ciente de que esta é uma era de mudanças, impulsionada pela tecnologia, mas defendeu que “na Tailândia, há milhões ou dezenas de milhões de pessoas que não querem ver mudanças através de caos”. Prayuth pediu ao parlamento que “seja criativo e encontre um equilíbrio” entre pontos de vista concorrentes.

Depois de vários dias de trégua, os manifestantes pró-democracia convocaram novamente um grande protesto, para entregar uma petição à embaixada da Alemanha em Banguecoque, para que se investigue se o rei Vajiralongkorn da Tailândia toma decisões políticas em solo alemão, violando o seu estatuto no país europeu.

O monarca, que há vários anos passa grande parte do seu tempo na Alemanha, chegou à Tailândia há três semanas, juntamente com a rainha Suthida, para participar em vários eventos e cerimónias.

Vai tudo abaixo

Os manifestantes, cujos principais líderes foram presos, exigem uma nova Constituição, uma vez que a actual foi elaborada por uma junta militar (2014-2019) liderada por Prayut, bem como a dissolução do parlamento e a realização de eleições.

A exigência mais ousada e polémica é, no entanto, a reforma da monarquia para reduzir o poder do rei, que aumentou o controlo sobre várias unidades militares e sobre a vasta fortuna da casa real, avaliada em pelo menos 35 mil milhões de dólares.

As críticas públicas à monarquia que foram apresentadas por alguns dos manifestantes não têm precedentes no país, onde a instituição real é considerada sacrossanta, e levou monarquistas a organizar os seus próprios contraprotestos para denunciar os manifestantes por levantarem a questão.

O presidente da Câmara, Chuan Leekpai, advertiu que a sessão especial do parlamento não tinha sido convocada para discutir o papel da monarquia.

26 Out 2020

Xi Jinping diz que país “não vacilará” perante pressão dos EUA

[dropcap]O[/dropcap] Presidente da China declarou hoje que “chantagens, bloqueios e pressão máxima não levam a lugar nenhum” e que o país jamais “cederá, nem será subjugado”, num aviso velado aos Estados Unidos.

“A China nunca permitirá que nenhuma força viole ou separe o território sagrado”, afirmou Xi Jinping, num discurso proferido no Grande Palácio do Povo, em Pequim, para marcar o 70.º aniversário da chegada à Coreia do Norte dos voluntários chineses que lutaram na Guerra da Coreia (1950-53), para “resistir à agressão norte-americana”.

Sem mencionar o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Xi denunciou o “unilateralismo, protecionismo e egoísmo extremos”, bem como “atos arrogantes, hegemónicos e hostis, que não levam a lugar nenhum”. “É preciso falar com os invasores na língua que eles conhecem”, afirmou, numa referência à guerra travada há 70 anos.

“Uma guerra deve ser travada para deter a invasão e a violência. Deve ser enfrentada com violência. É necessário vencer para conquistar paz e respeito”, salientou.

Num forte tom nacionalista, Xi Jinping apelou para um “avanço mais rápido” na modernização das forças armadas da China, e à “união na formidável força que une todos os chineses” para que “lidem com os problemas com a cabeça erguida”.

“A China nunca vacilará perante ameaças ou será subjugada. Nós, os chineses, somos firmes e confiantes e olhamos para o futuro com a expectativa do rejuvenescimento desta nação”, garantiu.

As declarações surgem um dia depois do anúncio de uma possível venda de armas dos Estados Unidos a Taiwan, ilha que funciona como uma entidade política soberana, mas que Pequim considera uma província rebelde e sobre a qual afirmou já que não renunciará ao uso da força para conseguir “a reunificação” de Taiwan com o resto da República Popular da China.

O Departamento de Estado norte-americano anunciou a intenção de vender três lotes de armas à ilha, incluindo mísseis SLAM-ER e unidades HIMARS, um sistema de lançamento múltiplo de mísseis.

O negócio está avaliado em 1,8 mil milhões de dólares. China e Taiwan dividiram-se em 1949, quando os nacionalistas se refugiaram na ilha, após perderem a guerra civil para os comunistas, que governam a República Popular da China desde então.

O Presidente chinês lembrou que há 70 anos as tropas chinesas e os norte-coreanos derrotaram os rivais e “destruíram o mito da invencibilidade do Exército dos Estados Unidos”.

“Nós destruímos o plano dos agressores. Após a vitória, os chineses finalmente puderam remover o rótulo de serem ‘os doentes do Leste Asiático'”, apontou.

“Mostrámos ao mundo a coragem das nossas forças armadas para lutar e vencer”, acrescentou, indicando ainda que cerca de 197 mil chineses morreram no campo de batalha. O líder chinês assegurou que a participação da China na Guerra da Coreia mostrou o compromisso com a salvaguarda da paz mundial e apelou aos chineses para “promoverem o espírito dessa guerra”.

Ao mesmo tempo, defendeu que Pequim “não procura a expansão” e “está preparada para trabalhar com o mundo”. “O desenvolvimento pacífico e a cooperação mutuamente benéfica continuam a ser o caminho certo”, reiterou.

A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se rapidamente nos últimos dois anos, com várias disputas simultâneas entre as duas maiores economias do mundo. Em Pequim e em Washington, referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns.

À guerra comercial e tecnológica ou à luta diplomática e ideológica juntaram-se renovadas tensões em torno de Taiwan ou da soberania do mar do Sul da China.

23 Out 2020

Coreia do Sul | Grupo de trabalhadores migrantes denuncia ‘escravatura’

Um grupo de trabalhadores migrantes, que inclui pelo menos um timorense, denunciou casos de exploração laboral e de ‘escravatura moderna’ na Coreia do Sul, onde empregadores beneficiam de um programa de importação de mão-de-obra

 

[dropcap]A[/dropcap]s denúncias feitas numa conferência de imprensa em Seul por vários migrantes foram publicadas ontem no jornal Korea Herald. Um dos migrantes que denunciou o abuso foi o pescador timorense Lopes M., que explicou aos jornalistas ter suportado condições de trabalho terríveis e violações dos direitos humanos numa pequena ilha coreana onde esteve vários anos.

“Durante a época das anchovas, eu ia ao mar duas vezes por dia, tinha de secar anchovas e cuidar das redes de pesca, trabalhando cerca de 15 a 20 horas por dia. Isso não quer dizer que eu tenha ganhado mais dinheiro”, disse. O pescador disse que viveu praticamente preso e isolado na ilha de Gaeyado, ao largo da costa de Gunsan, não lhe sendo permitido ausentar-se sem autorização do patrão.

Ainda que o contrato de trabalho proibisse transferência para outros locais de trabalho, foi enviado para outras zonas várias vezes e só há pouco tempo teve acesso à caderneta bancária, controlada pelo patrão, onde supostamente era depositado o seu salário de cerca de 1.765 dólares mensais. “Quando estava no barco a pescar não havia refeição e apenas comíamos pão e chocolate”, contou.

O jovem chegou pela primeira vez à Coreia do Sul em julho de 2014, tendo trabalhado para o mesmo patrão em Gaeyado durante quatro anos e 10 meses. No ano passado obteve uma segunda licença de trabalho, válida por mais quatro anos e 10 meses, com a condição de ficar com o mesmo empregador, mas em Setembro último acabou por fugir da ilha, estando desde então num abrigo.

Mestres e servos

Em causa estão trabalhadores de vários países, incluindo timorenses, que estão na Coreia do Sul ao abrigo do programa conhecido como “Sistema de Licenças de Emprego” que assenta na importação de mão-de-obra da região asiática que procura melhores salários que nos seus países.

O jornal referiu que o programa existe há 16 anos, mas que tem sido criticado por permitir o tratamento desigual de migrantes, face a trabalhadores coreanos, “tornando-os vulneráveis a práticas abusivas e até mesmo exploração escrava por parte dos empregadores”.

Uma investigação recente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Coreia do Sul às condições de trabalho de 63 migrantes no sector da pesca na costa oeste do país constatou que, em média, trabalhavam 12 horas por dia, com uma pausa de menos de uma hora. Cerca de 90 por cento dos trabalhadores disseram que não tinham dias de folga durante um ano, com o rendimento médio mensal a ser menos 40 por cento que o salário mínimo nacional. Em seis casos os trabalhadores migrantes tinham os seus passaportes confiscados e em 23 os patrões é que guardavam as suas cadernetas bancárias.

Tratamento desumano

Outro dos migrantes a denunciar maus tratos foi um cidadão vietnamita a trabalhar no país desde Junho de 2019 que, no decurso do trabalho, desenvolveu problemas respiratórios por exposição prolongada a fumos e gases de soldadura na unidade onde trabalhava. Quando contou ao patrão em Janeiro, a sua situação, ouviu a promessa de que seria mudado de local de trabalho, mas seis meses depois a transferência nunca ocorreu.

Depois de voltar a repetir o pedido ao patrão foi agredido e até acusado de ter coronavírus, tendo o patrão obrigado a que assinasse um papel para trabalhar para si mais três anos. Após nova agressão do patrão fez queixa à polícia e apresentou um pedido no centro de emprego a pedir autorização para mudar de local de trabalho. Está a aguardar a decisão do centro.

O programa de trabalho engloba actualmente mais de 248 mil trabalhadores de 16 países asiáticos que estão destacados em pequenas e médias empresas dos setores da indústria transformadora, agrícola e das pescas.

Empregos pouco qualificados que são muitas vezes evitados pelos trabalhadores coreanos pelas suas más condições de trabalho e pelos baixos salários.

Os trabalhadores migrantes chegam à Coreia com um contrato, que inicialmente lhes permite trabalhar até três anos. Se os seus empregadores concordarem, podem prolongar o contrato por um ano e 10 meses. Se forem considerados “trabalhadores diligentes”, podem ter a oportunidade de reentrar no país e trabalhar aqui por mais quatro anos e 10 meses.

Só podem mudar de local de trabalho até três vezes durante a sua estadia, e apenas em casos excepcionais. Aqueles que abandonam os seus empregos sem consentimento dos empregadores são comunicados à polícia como imigrantes ilegais e podem acabar por ser deportados, dizem activistas que acompanham os casos.

O Ministério do Trabalho e do Emprego, por seu lado, defendeu que as polémicas restrições são necessárias para impedir que o sistema se transforme numa rota de imigração ilegal.

22 Out 2020

EU | Presidência portuguesa pode contribuir para relação pragmática com China

Portugal está numa boa posição para usar a sua presidência para definir uma abordagem pragmática da UE em relação à China, porque “reconhece a complexidade da relação”, “mas considera-a crucial”, defendem especialistas

 

[dropcap]P[/dropcap]ortugal pode ter uma importante influência funcional na forma como a União Europeia se relaciona com a China. A posição consta de um relatório, a que a Lusa teve acesso, do ‘think tank’ independente Conselho Europeu para as Relações Externas (ECFR), que analisa como a presidência portuguesa pode impulsionar uma maior cooperação na UE para consolidar uma liderança global, tendo em atenção as opiniões dos europeus.

Evocando a chamada “diplomacia da máscara”, que a China promoveu face à pandemia provocada pelo novo coronavírus e que se “traduziu numa ajuda intencional de equipamento de saúde, pessoal médico e apoio à investigação”, o relatório aponta que ela correspondeu a mais uma forma de Pequim “explorar as diferenças entre os Estados-membros da UE”.

Essa ajuda teve influência na opinião dos cidadãos sobre a China, com estudos a indicarem que em países como Itália ou a Bulgária, que receberam “quantias bastante significativas de ajuda chinesa”, apenas cerca de um terço dos respectivos cidadãos afirma que a sua percepção sobre a China piorou durante a crise, enquanto na Dinamarca ou em França, que receberam “muito menos” ajuda, 62 por cento dos cidadãos demonstraram ter uma opinião mais negativa.

No caso de Portugal, o país “recebeu níveis comparativamente elevados de apoio médico de Pequim”, estando “a meio da tabela” dos 27, “mas 46 por cento dos portugueses afirmam que a sua percepção da China piorou durante a crise”, “o que parece sugerir que os portugueses estão bastante cientes de que as doações da China não são totalmente altruístas”.

“Do ponto de vista do governo português, não ter um relacionamento com este interlocutor – que é afinal um país com 1,4 mil milhões de cidadãos, a segunda maior economia do mundo e com uma capacidade crescente de projecção de poder global – equivaleria a ignorar um dos principais elementos da realidade estratégica da actualidade”, lê-se no documento.

Portugal tem “uma das ligações mais antigas de qualquer país europeu com a China” e, “com a excepção do Estado Novo de Salazar, as relações entre os dois países sempre foram estáveis e frutíferas”.

Todavia, a actual relação “é profundamente assimétrica”: “as exportações de Portugal para a China têm um valor inferior a mil milhões de euros por ano, enquanto o valor das importações da China ultrapassa os 2,2 mil milhões de euros”. Por outro lado, “o investimento chinês em Portugal intensificou-se após a crise financeira de 2008” e traduz-se hoje em “interesses significativos” nos sectores da energia, banca, seguros, turismo, portuário e na saúde.

Neste contexto, a abordagem do governo português à relação com a China, e depois de “alguns os críticos” lhe terem chamado o “amigo especial da China na UE”, tem sido a de alertar “contra tendências proteccionistas na Europa” e de frisar que “até agora, a China tem mostrado absoluto respeito pelos quadros jurídicos português e da UE”.

“Na perspectiva de Lisboa, a UE deve reforçar pragmaticamente o seu diálogo estratégico com a China, abordando a assimetria nas suas relações, ao mesmo tempo que reconhece que Pequim é um parceiro indispensável num mundo de interdependência global e múltiplos desafios”.

Questão de intenção

Na UE, sustenta o estudo, “só aumentando a cooperação em áreas de interesse mútuo é que os Estados-membros podem criar um relacionamento mais equilibrado […] e evitar que Pequim aproveite a crise da covid-19 para explorar as diferenças entre eles”.

O relatório defende que “se, até ao final do ano passado, as relações de Portugal com a China eram essencialmente motivadas por preocupações económicas de curto e médio prazo, isso parece estar a mudar”, provavelmente devido à “pressão dos EUA”, a “uma mudança na opinião pública portuguesa” e a “preocupações crescentes sobre as verdadeiras intenções da China longo prazo”.

O relatório “Presidência de crise: Como a liderança portuguesa pode guiar a UE na era pós-covid”, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e realizado por Susi Dennison e Lívia Franco, vai ser divulgado a 27 de Outubro.

O Conselho Europeu para as Relações Externas (European Council on Foreign Relations, ECFR) é um centro de reflexão política independente (‘think tank’), com investigadores em todos os 27 Estados-membros da UE.
Portugal vai exercer a presidência do Conselho da União Europeia no primeiro semestre de 2021.

22 Out 2020

Investigação | Trump tentou investir no mercado chinês durante uma década

Ao longo de 10 anos, Donald Trump tentou investir na China, chegando mesmo a abrir um escritório em Xangai em parceria com uma das maiores empresas estatais chinesas, à qual esteve ligado até 2017, segundo apurou o The New York Times. As declarações fiscais mostram que entre 2013 e 2015 o Presidente norte-americano pagou muito mais impostos na China do que nos Estados Unidos, quase 200 mil dólares

 

[dropcap]A[/dropcap] posição de Washington face à China tem sido um dos principais tópicos da campanha de Donald Trump, que acusa sempre que tem um microfone à frente, ou um telemóvel nas mãos, o opositor na corrida à Casa Branca, Joe Biden, de ser brando com Pequim.

Bem ao género de um drama televisivo, o The New York Times revelou ontem o novo episódio com um artigo de investigação, baseado nas declarações fiscais do Presidente norte-americano, que levanta o véu sobre as tentativas de negócio de Trump na China.

Parte dos argumentos dos republicanos quanto à posição de fraqueza de Biden face a Pequim assenta nos negócios do filho do antigo vice-Presidente. Inclusive foi escrito num relatório de uma investigação do Senado norte-americano, liderada por senadores leais à Casa Branca, que Hunter Biden “abriu uma conta bancária com um empresário chinês”, algo que foi elencado como “uma de inúmeras ligações com estrangeiros e governos estrangeiros pelo mundo fora”.

Porém, um artigo publicado ontem no The New York Times detalha o historial de negócios de Donald Trump. Com base nas declarações fiscais do Presidente norte-americano, o jornal demonstra como tentou durante uma década investir, sem sucesso, em vários projectos na China. Aliás, durante a primeira campanha eleitoral na corrida à Casa Branca, e já depois de ser eleito, Trump tinha um escritório em Xangai e assinou uma parceria com uma empresa controlada pelo Governo chinês.

Outro detalhe revelado pelas declarações fiscais é que, afinal, a China é o terceiro país onde Donald Trump tem contas bancárias, além do Reino Unido e Irlanda. Estas contas não surgem na informação financeira pública do alegado magnata, onde estão listados os bens que detém, uma vez que pertencem a pessoas colectivas.

Sem que se conheça qual a instituição financeira, os documentos revelados pelo The New York Times indicam que a conta bancária chinesa é controlada pela International Hotels Management L.L.C., e que foram pagos 188.561 dólares em impostos ao Estado chinês devido a negócios para tentar comprar licenças entre 2013 e 2015.

Os registos fiscais do Presidente não detalham quanto dinheiro terá passado entre contas no estrangeiro, apesar de o fisco norte-americano obrigar os contribuintes a declarar rendimentos que tenham sido apurados noutros países.

O jornal nova-iorquino indica que as contas britânicas e irlandesas são usadas por empresas que operam os campos de golfe do universo empresarial de Trump na Escócia e Irlanda, e que estes declaram regularmente rendimentos na ordem dos milhões de dólares. Porém, a Trump International Hotels Management apenas declarou quantias na casa dos milhares de dólares na sequência dos negócios na China.

Patentes em Macau

Em Agosto de 2017, menos de um ano depois de ser eleito, foi noticiado pela agência Reuters que uma companhia ligada a Donald Trump conseguira a aprovação de várias marcas registadas em Macau. A DTTM Operations LLC, com endereço fiscal na Trump Tower, 5ª Avenida em Nova Iorque, recebeu a aprovação de quatro registo de marcas, segundo documentos publicados pelo Governo de Macau. As marcas referem-se a negócios nas áreas do imobiliário, construção, propriedade hoteleira, comidas e bebidas e infra-estruturas para conferências.

O licenciamento em Macau de marcas ligadas a Donald Trump data do ano de 2005, quando este registou a empresa DTTM and Trump Companhia Limitada.

Em Novembro de 2018, em plenas negociações da Guerra Comercial, o Gabinete de Registo de Marcas chinês aprovou 34 novas marcas, 16 delas em nome da Ivanka Trump Marks LLC.

Bicho da conta

Em resposta às questões endereçadas pelo The New York Times, um advogado da Trump Organization, Alan Garten, afirmou que a empresa “abriu uma conta num banco chinês, com balcões nos Estados Unidos, para poder pagar impostos” associados aos “esforços” para estabelecer negócios na China.

A conta foi aberta depois do escritório estabelecido em Xangai para explorar a possibilidade investir no sector hoteleiro. “Nenhum negócio, transacção ou actividade de negócio alguma vez se materializou e, desde 2015, o escritório está inactivo apesar da conta bancária permanecer aberta, sem ter sido usada para outro propósito”, adiantou o advogado ao jornal nova-iorquino.

Alan Garten não esclareceu qual o banco chinês onde o Presidente norte-americano tem a conta.
Importa recordar que, até ao ano passado, o Bank of China, a maior instituição bancária controlada pelo Estado chinês, arrendou três andares na Trump Tower, num acordo milionário que levantou suspeitas de conflito de interesses. Outro dado, noticiado em Abril pelo jornal Politico, é que Donald Trump deve 211 milhões de dólares ao Bank of China, dívida que vence a meio do segundo mandato, se for reeleito.

Torre em Cantão

Em 2008, Trump tentou negociar a construção de uma torre de escritórios em Guangzhou, um projecto que não chegou a sair do papel. Os esforços foram revigorados com a abertura do escritório em Xangai, em 2012, com a informação fiscal a que o The New York Times teve acesso a mostrar que a THC China Development L.L.C. fez 84.000 dólares em deduções nesse ano com viagens, taxas legais e custos de escritório.

Depois de entrar na China, a empresa de Trump assinou uma parceria com a State Grid Corporation, uma das maiores companhias estatais, controlada pelo Governo Central, com o intuito de desenvolver um projecto em Pequim. Mesmo durante os primeiros tempos na Casa Branca, Trump tentou levar avante o projecto, mas o escândalo de corrupção em que a empresa estatal chinesa se envolveu acabaria por colocar um ponto final no negócio.

Segundo os dados fiscais, e apesar de ser impossível determinar com precisão a quantidade de dinheiro gasto para fazer negócios na China, os registos mostram que terão sido investidos, pelo menos, 192.000 dólares em cinco pequenas empresas. Estas companhias pagaram impostos ao Estado chinês até 2018, através da THC China Development L.L.C., que as detinha.

Porém, a larga maioria dos negócios em solo chinês foi feita através da Trump International Hotels Management.

Déjà-vu eleitoral

Durante a campanha para as eleições de 2016, uma empresa de fachada controlada por um casal chinês comprou 11 fracções num prédio em Las Vegas de que Donald Trump é um dos proprietários, por 3,1 milhões de dólares.

Um empresário do sector financeiro sediado em Las Vegas contou ao The New York Times que fora visitado por dois agentes do FBI sobre a compra das fracções, uma vez que a empresa compradora terá usado a sua morada como o endereço oficial. Não foi apurado se a investigação prosseguiu, mas Alan Garten afirmou ao jornal de Nova Iorque que nunca foi contactado pelo FBI e não tem conhecimento de estar em curso qualquer investigação.

21 Out 2020

Covid-19 | Província de Shaanxi regista três casos importados via Portugal

[dropcap]A[/dropcap] província de Shaanxi, no centro da China, registou três casos de covid-19 na sexta-feira, todos cidadãos chineses regressados ao país através do aeroporto de Lisboa, disse hoje à Lusa fonte das autoridades.

Segundo a Comissão Provincial de Saúde de Shaanxi, na sexta-feira dois chineses, um de 47 anos e outro de 55, fizeram um teste positivo para o novo coronavírus, que provoca a covid-19, ao chegarem à capital da província, Xi’an.

Um dos homens veio de Angola e o outro de Cabo Verde, sendo que ambos passaram por Lisboa, onde apanharam um voo da Beijing Capital Airlines com destino a Xi’an.

Já no domingo, a Comissão revelou um outro caso de covid-19, desta vez assintomático, detectado durante o período de isolamento de um homem de 40 anos. O chinês partiu da Bolívia e passou por São Paulo e Lisboa antes de aterrar em Xi’an a 4 de Outubro, tendo feito um teste negativo à chegada.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

21 Out 2020

Hong Kong | Cathay Pacific corta cerca de 8.500 postos de trabalho

[dropcap]A[/dropcap] companhia aérea de Hong Kong Cathay Pacific anunciou hoje que vai avançar com uma reestruturação que contempla a eliminação de 8.500 postos de trabalho e fechar a sua subsidiária Cathay Dragon.

“Aproximadamente 8.500 postos de trabalho em todo o Grupo Cathay Pacific (incluindo a Cathay Dragon) serão eliminado, o que representa cerca de 24% do Grupo, que tem cerca de 35 funcionários, pode ler-se no comunicado enviado à bolsa de valores de Hong Kong.

“Destes 8.500 postos de trabalho, cerca de 5.300 funcionários em Hong Kong serão despedidos nas próximas semanas, com aproximadamente 600 funcionários fora de Hong Kong a serem possivelmente afectados”, detalhou a empresa.

Os restantes 2.600 postos de trabalho a serem eliminados não estão atualmente preenchidos, devido à redução de custos nos últimos meses promovida pela companhia aérea, que incluíram o congelamento de contratações e o encerramento de certas bases no exterior, segundo a mesma nota.

O grupo avançou também que a reestruturação vai custar cerca de 2,2 milhões de dólares de Hong Kong e que o fecho da Cathay Dragon, que realizava voos regionais, tem efeitos a partir de hoje.

A Cathay Pacific, que voa para quase uma centena de destinos e que liderou em 2014, 2015 e 2016 o ‘ranking’ do Jet Airliner Crash Data Evaluation Center como a companhia aérea mais segura do mundo, junta-se à longa lista de empresas que estão a despedir milhares de funcionários devido ao impacto económico causado pela pandemia do novo coronavírus.

21 Out 2020

Internet | Fortuna dos bilionários chineses com crescimento recorde em 2020

[dropcap]O[/dropcap]s bilionários chineses, sobretudo do sector da Internet, registaram níveis recorde de criação de riqueza em 2020, ano marcado por uma profunda recessão na economia mundial devido à pandemia da covid-19.

“O mundo nunca viu tanta riqueza ser criada no espaço de apenas um ano”, disse Rupert Hoogewerf, contabilista britânico que criou a Hurun Report In, considerada a Forbes chinesa.

“Os empresários da China saíram-se muito melhor do que o esperado. Apesar da covid-19, as suas fortunas alcançaram níveis recorde de crescimento”, apontou.

Com sede em Xangai, a “capital” financeira da China, a Hurun Report Inc publica anualmente uma lista dos mais ricos da China.

A China, onde a pandemia do novo coronavírus começou em Dezembro passado, foi o primeiro país a tomar medidas de confinamento altamente restritivas, mas também o primeiro a reabrir, em Março, depois de o Partido Comunista ter declarado vitória no combate à doença.

Os empresários chineses beneficiaram do retorno precoce da economia à normalidade, tendo conseguido conquistar quota de mercado a concorrentes estrangeiros que continuam a ser afectados pelas medidas de prevenção e controlo da doença. Foi sobretudo a economia digital da China que mais beneficiou da pandemia.

Jack Ma, fundador do gigante do comércio electrónico Alibaba, manteve o estatuto de magnata mais rico da China este ano, à medida que o confinamento impulsionou o comércio e serviços ‘online’.

A fortuna de Ma aumentou 45 por cento, em relação a 2019, para 58,8 mil milhões de dólares, segundo a Hurun Report Inc.

Se “os primeiros dois meses da epidemia eliminaram enormes quantidades de riqueza (…), a nova economia, impulsionada pela tecnologia digital, atingiu níveis sem precedentes desde Junho”, observou Rupert Hoogewerf, no relatório.

Soma e segue

Wang Xing, fundador da empresa de entrega de refeições Meituan, quadruplicou a sua fortuna este ano e converteu-se no 13.º homem mais rico da China.

Richard Liu, chefe do gigante do comércio electrónico JD.com, duplicou a sua fortuna, que se fixa agora nos 23,5 mil milhões de dólares, a 16.ª maior do país.

A fortuna de Eric Yuan, da plataforma de videochamadas Zoom, que tem sede na Califórnia, subiu mais de 10 mil milhões de dólares, para 16,2 mil milhões de dólares.

Os empresários do sector da saúde também beneficiaram: Jiang Rensheng, fundador da fabricante de vacinas Zhifei, triplicou a sua fortuna, estimada em 19,9 mil milhões de dólares, e ocupa agora o vigésimo lugar.

“Houve mais riqueza criada este ano na China do que nos cinco anos anteriores combinados”, apesar da pandemia, descreveu a Hurun.

Face à ascensão dos bilionários da Internet, o presidente do grupo Fosun, Guo Guangchang, de 53 anos, e que detém várias empresas em Portugal, caiu 27 lugares entre os mais ricos da China, para a 72.ª posição, detalhou a Hurun.

A fortuna pessoal de Guo manteve-se inalterada, face ao ano anterior, nos 8.400 milhões de dólares.
O país asiático tem já mais bilionários do que os Estados Unidos. Ao todo, o país somou mais 257 bilionários do que no ano passado, somando agora 878, só na China continental, que exclui Macau e Hong Kong.

20 Out 2020

Covid-19 | China regista 19 novos casos importados

[dropcap]A[/dropcap] Comissão de Saúde da China informou hoje que o país diagnosticou 19 casos de covid-19, nas últimas 24 horas, todos oriundos do exterior. Os 19 casos ‘importados’ registados nas últimas 24 horas foram diagnosticados em Xangai, Tianjin, Cantão, Sichuan, Jiangsu, Fujian, Chongqing e Pequim.

O surto detectado em 11 de outubro, na cidade portuária de Qingdao, não contribuiu com nenhum novo caso de contágio local pelo quinto dia consecutivo. As autoridades disseram que, nas últimas 24 horas, 10 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infectadas activas no país asiático se fixou em 258, entre os quais quatro em estado grave.

O surto no Hospital de Doenças Pulmonares da cidade de Qingdao pôs fim a quase dois meses sem infeções locais no país asiático. Qingdao somou um total de 13 casos confirmados e um assintomático, procedente do Reino Unido, e que está a cumprir quarentena.

Desde o início da pandemia, a China registou 85.704 infetados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

20 Out 2020

Austrália em exercícios militares com EUA, Japão e Índia no Mar do Sul da China

[dropcap]A[/dropcap] Austrália vai participar, uma década depois, em exercícios militares no Mar do Sul da China, em novembro, com os Estados Unidos, Índia e Japão, quando se intensificam as tensões diplomáticas e comerciais entre Camberra e Pequim.

As manobras são “críticas para melhorar as capacidades marítimas da Austrália, criar interoperabilidade com os parceiros próximos e demonstrar (…) determinação coletiva em apoiar um Indo-Pacífico aberto e próspero”, disse a ministra da Defesa australiana, Linda Reynolds, em comunicado.

Os exercícios militares, iniciados em 1992 por Washington e Nova Deli, juntam este ano quatro potências indo-pacíficas, onde persistem as preocupações com a militarização da China e as disputas territoriais entre os países da região.

Reynolds, que se encontrou com o homólogo japonês, Nobuo Kishi, em Tóquio, na segunda-feira, expressou “forte oposição a qualquer ação unilateral coerciva ou desestabilizadora que possa alterar o ‘status quo’ ou aumentar as tensões no Mar do Sul da China”.

Da mesma forma, a ministra australiana indicou que se opõe a qualquer tentativa de modificar o ‘status quo’ do Mar do Sul da China e reafirmou a importância da livre navegação na região estratégica em termos militares e comerciais, sem mencionar abertamente Pequim.

O executivo de Camberra “acredita que a participação nas manobras militares vai fortalecer a capacidade da Índia, da Austrália, do Japão e dos Estados Unidos de trabalharem juntos para manter a paz e a estabilidade em toda a região”, disse a chefe da diplomacia australiana, Marise Payne, citada no mesmo comunicado.

A Austrália tinha participado, pela última vez em 2007, nestes exercícios denominados de Malibar, descritos por Pequim como ações de uma “coligação antiChina”, após forte pressão sobre o Governo trabalhista de Kevin Rudd para manter relações com o gigante asiático, o maior parceiro comercial.

Este ano, as relações entre Pequim e Camberra ficaram ainda mais tensas depois da Austrália lançar uma investigação independente sobre a origem da pandemia da covid-19. A China, por sua vez, suspendeu ou aumentou as tarifas sobre vários produtos importados do país oceânico.

Da mesma forma, as recentes leis contra espionagem e interferência em assuntos internos na Austrália também contribuíram para o escalar da tensão com Pequim, além de matérias relacionadas com direitos humanos e liberdade de imprensa.

20 Out 2020

China e Taiwan trocam acusações após confrontos entre funcionários nas Fiji

[dropcap]C[/dropcap]hina e Taiwan trocaram acusações, na segunda-feira, sobre o confronto físico que envolveu diplomatas chineses e funcionários do Governo de Taiwan, durante a receção do Dia Nacional de Taiwan, nas ilhas Fiji. Os dois lados confirmaram o incidente, ocorrido a 08 de outubro, mas contestaram a versão um do outro. Um funcionário taiwanês foi levado para o hospital com um ferimento na cabeça. Um dos diplomatas chineses também ficou ferido.

O confronto, que ilustra a crescente tensão entre Pequim e Taipé, eclodiu quando taiwaneses presentes no encontro tentaram impedir que diplomatas chineses tirassem fotos dos convidados na receção, que perturbou o Dia Nacional de Taiwan, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros taiwanês.

“Condenamos veementemente a violência contra o nosso diplomata nas Fiji, por parte dos ‘lobos guerreiros’ incivilizados da China”, acusou o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, na rede social Twitter.

O termo ‘lobo guerreiro’ tem origem num dos filmes mais vistos de sempre na China e que representa a mudança da política externa do país para um estilo mais assertivo. O filme conta a história de um soldado chinês numa zona de guerra em África.

“Taiwan é uma força do bem no mundo e não seremos intimidados”, avisou Joseph Wu. Taiwan apresentou um protesto formal ao Governo das Fiji. A embaixada da China nas Fiji disse em comunicado que o relato de Taiwan era “inconsistente com os factos”. A mesma fonte disse que um dos seus funcionários também ficou ferido.

“Naquela mesma noite, a equipa do Escritório Comercial de Taipé nas Fiji agiu de forma provocadora contra a equipa da Embaixada da China, que estava a realizar as suas funções oficiais na área pública, fora do local do evento, e causaram ferimentos e danos a um diplomata chinês”, lê-se na nota da embaixada.

O lado chinês também criticou a celebração do Dia Nacional, dizendo que “viola o princípio de ‘uma só China’ e as regras e regulamentos relevantes do Governo das Fiji, com a tentativa de criar ‘duas Chinas’ ou ‘uma China, uma Taiwan’ internacionalmente”.

Para Pequim, o princípio de ?uma só China’ significa que a ilha de Taiwan faz parte da China. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, criticou as bandeiras e o bolo que o lado taiwanês exibiu.

“O escritório comercial de Taipé nas Fiji, em 08 de outubro, realizou flagrantemente um chamado evento de celebração nacional. A bandeira falsa foi exibida publicamente no local, e o bolo também estava marcado com o padrão dessa bandeira falsa”, acusou em conferência de imprensa. Estas ações “violam gravemente o princípio de ‘uma só China'”.

Taiwan é reconhecido como um Governo independente por apenas 15 nações, a maioria Estados pequenos e pobres, mas o seu Governo, democraticamente eleito, tem laços comerciais e informais extensos com muitos países. As Fiji reconhecem Pequim como o único Governo legítimo de toda a China desde 1975.

Os dois territórios dividiram-se em 1949, quando os nacionalistas se radicaram em Taiwan, após perderem a guerra civil para os comunistas, que governam a República Popular da China desde então.

20 Out 2020

Diplomatas da China e Taiwan entram em confronto físico nas ilhas Fiji

[dropcap]D[/dropcap]iplomatas da China e funcionários do Governo de Taiwan entraram em confronto físico durante uma recepção nas ilhas Fiji, que marcou o dia nacional de Taiwan, ilustrando a crescente tensão entre Pequim e Taipé.

A luta começou quando os funcionários taiwaneses tentaram impedir os diplomatas chineses de tirarem fotografias dos convidados presentes no evento, em 08 de outubro, descreveu a porta-voz da diplomacia de Taiwan, Joanne Ou, em comunicado.

Ou disse que um funcionário taiwanês foi transportado para o hospital com um ferimento na cabeça, enquanto a polícia levou os diplomatas chineses.

“O Ministério dos Negócios Estrangeiros condena veementemente a embaixada chinesa pelas suas ações em Fiji, que violam gravemente o Estado de Direito e as normas de comportamento civilizado”, acusou Ou.

A porta-voz disse que Taiwan apresentou um protesto formal ao governo das Fiji. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China ainda não reagiu.

A China está a aumentar a pressão sobre outros governos para isolarem Taiwan, que funciona como um Estado soberano, apesar de Pequim considerar a ilha parte do seu território.

Os dois territórios dividiram-se em 1949, quando os nacionalistas se radicaram em Taiwan, após perderem a guerra civil para os comunistas, que governam a República Popular da China desde então.

Taiwan é reconhecido como um governo independente por apenas 15 nações, a maioria Estados pequenos e pobres, mas o seu governo, democraticamente eleito, tem laços comerciais e informais extensos com muitos países. O evento do Dia Nacional em Suva, a capital das Fiji, foi organizado pelo Escritório Comercial de Taipé.

19 Out 2020

Covid-19 | China regista 13 novos casos importados, o mesmo número do dia anterior

[dropcap]A[/dropcap] Comissão de Saúde da China informou hoje que o país diagnosticou 13 casos de covid-19, nas últimas 24 horas, o mesmo número do dia anterior, todos oriundos do exterior. Os 13 casos ‘importados’ registados nas últimas 24 horas foram diagnosticados em Xangai, Cantão, Shaanxi, Tianjin e Shanxi.

O surto detetado em 11 de outubro, na cidade portuária de Qingdao, não contribuiu com nenhum novo caso de contágio local pelo quarto dia consecutivo. As autoridades disseram que, nas últimas 24 horas, 16 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infetadas ativas no país asiático se fixou em 249, entre os quais quatro em estado grave.

O surto no Hospital de Doenças Pulmonares da cidade de Qingdao pôs fim a quase dois meses sem infeções locais no país asiático. Qingdao somou um total de 13 casos confirmados e um assintomático, procedente do Reino Unido, e que está a cumprir quarentena.

Desde o início da pandemia, a China registou 85.685 infetados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e quase 40 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

19 Out 2020

Organização não-governamental denuncia tortura na Coreia do Norte

[dropcap]U[/dropcap]ma organização não-governamental denunciou hoje que o sistema norte-coreano de detenção pré-julgamento e de investigação é cruel e arbitrário, com ex-detidos a descreverem tortura sistemática, corrupção e trabalhos forçados não-remunerado.

No relatório de 88 páginas, “Vale menos que um animal: Abusos e violações no processo de prisão preventiva na Coreia do Norte”, a Human Rights Watch (HRW) descreveu o “opaco sistema de justiça criminal do país” e destacou a “frágil estrutura legal e institucional da Coreia do Norte e a natureza política dos tribunais e entidades que aplicam a lei”.

“O sistema de detenção e investigação pré-julgamento da Coreia do Norte é arbitrário, violento, cruel e degradante”, disse o diretor para a Ásia da organização não-governamental (ONG) HRW.

“Os norte-coreanos dizem que vivem com medo constante de serem apanhados num sistema onde os procedimentos oficiais geralmente são irrelevantes, a culpa é presumida e a única saída é por meio de subornos e conexões”, acrescentou Brad Adams.

A HRW entrevistou oito ex-funcionários do Governo, que fugiram do país, e 22 norte-coreanos (15 mulheres e sete homens), que estiveram em instalações de detenção e interrogatório desde 2011, quando o atual líder do país, Kim Jong-un, assumiu o poder.

A partir do momento em que um indivíduo enfrenta uma investigação oficial, há poucas hipóteses de evitar uma sentença de trabalho forçado não remunerado de curto ou longo prazo. Algumas mulheres detidas relataram assédio e agressão sexual, incluindo violação.

Os ex-detidos disseram que foram forçados a ficar sentados no chão durante dias, ajoelhados ou com as pernas cruzadas, os punhos ou as mãos no colo, a cabeça baixa e os olhos voltados para o chão. Se um detido se movesse, os guardas puniam-no ou ordenavam uma punição coletiva a todos os detidos.

19 Out 2020

Economia da China continua a recuperar e cresce 4,9% no terceiro trimestre

[dropcap]A[/dropcap] economia da China cresceu 4,9%, no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2019, à medida que o país asiático regressou à normalidade, depois de praticamente erradicar o novo coronavírus. Os dados hoje anunciados pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) do país estão em linha com as expectativas.

A China, onde a pandemia do novo coronavírus começou em dezembro passado, foi o primeiro país a tomar medidas de confinamento altamente restritivas, mas também o primeiro a reabrir, em março, depois de o Partido Comunista ter declarado vitória no combate contra a doença.

A produção nas fábricas aumentou, impulsionada pela procura global por máscaras, ventiladores e outro equipamento médico. As vendas no retalho, que tardavam em recuperar, finalmente voltaram aos níveis anteriores à pandemia.

A economia “manteve uma recuperação estável”, destacou o GNE, num relatório. No entanto, alertou para um ambiente internacional “complexo e grave”. A mesma nota apontou que a China ainda está sob “grande pressão”, para evitar o ressurgimento do vírus.

No primeiro trimestre do ano, o PIB (Produto Interno Bruto) da China contraiu 6,8%, o pior desempenho da economia chinesa desde 1970, depois de Pequim ter ordenado encerramento de fábricas e estabelecimentos comerciais. As autoridades isolaram cidades com um total de 60 milhões de pessoas e suspenderam viagens, após terem reconhecido a gravidade da epidemia, no final de janeiro.

As autoridades anularam gradualmente as restrições, apesar de medições de temperatura continuarem a ser frequentes à entrada de edifícios. Viajantes que chegam do exterior devem ser colocados em quarentena por duas semanas.

Na semana passada, mais de 10 milhões de pessoas foram testadas para o novo coronavírus, na cidade de Qingdao, depois de terem sido detetados 12 casos, pondo fim a quase dois meses sem infeções locais na China.

Entre julho e setembro, a produção industrial cresceu 5,8%, em relação ao mesmo trimestre do ano passado, informou o GNE, numa melhoria acentuada, face à contração de 1,3%, ocorrida no primeiro semestre do ano.

Os exportadores chineses beneficiaram da reabertura precoce da economia e da procura global por máscaras e outro equipamento médico, tendo conseguido conquistar quota de mercado a concorrentes estrangeiros que continuam a ser afetados pelas medidas de prevenção e controlo da doença.

As vendas a retalho subiram 0,9%, em relação ao ano anterior. Este valor foi muito superior a uma contração de 7,2%, nos dois primeiros trimestres do ano, já que os consumidores, preocupados com a desaceleração da economia e uma guerra comercial com Washington, adiaram compras importantes. Num sinal de que a procura está a acelerar, as vendas em setembro aumentaram 3,3%.

No total, a China registou 4.634 mortes pelo novo coronavírus e 85.685 casos confirmados. Analistas do setor privado afirmaram que até 30% da força de trabalho urbana, ou até 130 milhões de pessoas, podem ter perdido o emprego, pelo menos temporariamente. Cerca de 25 milhões de empregos podem ter desaparecido para sempre este ano.

O Partido Comunista prometeu gastar 280 mil milhões de dólares para estimular a economia, incluindo a criação de nove milhões de novos empregos, mas evitou juntar-se aos Estados Unidos, Japão e Europa no lançamento de pacotes de estímulo no valor de biliões de dólares, devido ao receio de aumentar o endividamento público.

19 Out 2020