Investimento no exterior cai mais de 40% até Outubro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] investimento da China além-fronteiras entre Janeiro e Outubro registou uma queda homóloga de 40,9%, para 86.300 milhões de dólares, anunciou ontem o ministério chinês do Comércio.

Os sectores comércio, manufactureiro, venda por atacado, retalho e tecnologias de informação foram os principais beneficiários do investimento chinês no exterior.

Durante este período não se registou nenhuma grande operação nos sectores imobiliário, desportivo ou entretenimento, reflectindo os esforços de Pequim para travar o que considera serem investimentos desnecessários ao desenvolvimento do país.

“O investimento irracional no exterior abrandou de forma mais efectiva”, afirmou o ministério, em comunicado, destacando que o país melhorou a sua estrutura industrial.

Encorajadas pelo Governo, as empresas chinesas aumentaram nos últimos anos os investimentos além-fronteiras, como forma de assegurarem fontes confiáveis de retornos e adquirirem tecnologia avançada.

Coisa rara

Os reguladores chineses emitiram este ano, no entanto, um raro comunicado conjunto, no qual advertem para investimentos “irracionais” além-fronteiras, em sectores nos quais abundam “riscos e perigos ocultos”.

Algumas das empresas chinesas cujas aquisições no exterior praticamente pararam nos últimos meses detêm participações em importantes empresas portuguesas, como a Fosun e o HNA Group.

A Fosun é a maior accionista do banco Millennium BCP com 25,1% do capital, também detém 85% da seguradora Fidelidade (os restantes 15% do capital são da CGD) – que por sua vez é ‘dona’ do Grupo Luz Saúde – e conta ainda com uma participação de 5,3% na Redes Energéticas Nacionais (REN).

A HNA é accionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul.

Segundo dados oficiais portugueses, desde que a China Three Gorges comprou 21,3% da EDP, em 2012, o montante do investimento chinês em Portugal já ultrapassou os 10.000 milhões de euros.

17 Nov 2017

Visita | Pequim e Manila reforçam laços de cooperação

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e as Filipinas assinaram acordos de cooperação esta quarta-feira, assumindo o compromisso de fortalecer o “impulso positivo” nas relações bilaterais.

Depois de se encontrar com o presidente filipino, Rodrigo Duterte, o primeiro-ministro chinês Li Keqiang comunicou à imprensa que as relações sino-filipinas melhoraram, e que ambos os lados esperam “trabalhar conjuntamente para compensar o tempo perdido”, informa o Diário do Povo.

Li é o primeiro chefe de Governo chinês a realizar uma visita oficial às Filipinas na última década, tendo chegado ao país num momento em que os laços bilaterais se fortalecem — reflexo do esforço contínuo levado a cabo por Duterte desde que assumiu a presidência no ano passado.

Os dois líderes testemunharam a assinatura de 14 acordos de cooperação sobre financiamento de infraestruturas, construção de pontes, emissão de títulos, reabilitação de toxicodependência, mudanças climáticas, proteção de propriedade intelectual e cooperação na capacidade industrial.

Os líderes anunciaram também o início dos trabalhos para a construção de duas pontes fluviais em Manila e dois centros de reabilitação de toxicodependência em Mindanao, no sul das Filipinas.

A China irá fazer uso da sua experiência no fabrico de equipamentos e no desenvolvimento de infraestruturas, de modo a gerir a cooperação bilateral na capacidade industrial e formular uma estratégia de desenvolvimento a longo prazo, afirmou Li.

Alvos definidos

O primeiro-ministro chinês destacou vários pontos centrais de cooperação, incluindo: facilitação de investimentos comerciais, tecnologia da informação, agricultura, pesca, combate à pobreza e reconstrução de áreas degradadas.

Li prometeu ainda 150 milhões de yuans em subsídios do governo chinês para auxiliar a reconstrução de Marawi, devastada pela guerra no sul das Filipinas.

O governo filipino em Outubro declarou a vitória sobre os extremistas ligados ao Estado Islâmico em Marawi, pondo um fim a quase cinco meses de confrontos que destruíram várias partes da cidade.

Por sua vez, Duterte agradeceu à China pela ajuda fornecida às Filipinas na reconstrução de Marawi e pela assistência no impulso para a iniciativa de desenvolvimento de infraestruturas das Filipinas.

“É com entusiasmo que testemunho a reviravolta positiva e o vigoroso impulso das relações sino-filipinas”, afirmou Duterte.

O chefe de Estado filipino salientou que os esforços conjuntos para melhorar os laços promovem a paz, a estabilidade e o desenvolvimento na região.

No seu encontro com Li, Duterte vincou que espera tirar lições do desenvolvimento da China, fortalecendo a cooperação em áreas como os transportes, telecomunicações e agricultura.

17 Nov 2017

Nissan perde certificado de qualidade internacional nas fábricas japonesas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fabricante japonês Nissan perdeu o certificado de qualidade internacional nas suas fábricas de produção local, no Japão, devido a irregularidades nos controlos de automóveis, informou ontem a agência nipónica Kyodo.

A multinacional empregou trabalhadores sem qualificações necessárias para realizarem a revisão final dos seus automóveis, tendo estas irregularidades sido detectadas em Setembro passado.

A Organização Internacional de Normalização, encarregada de assegurar o controlo de qualidade, retirou a 31 de Outubro a certificação 9001 em seis fábricas de montagem de veículos da marca.

“Consideramos que a revogação é lamentável”, disse à agência Efe um porta-voz da empresa, adiantando que agora que retomaram a produção para o mercado interno vão trabalhar para obter a certificação o “mais depressa possível”.

A norma 9001, uma das mais conhecidas da organização com sede na Suíça, assegura que os produtos e serviços cumprem os requisitos do cliente e que melhoram a sua qualidade de forma constante.

Estes controlos dos automóveis irregulares foram revelados em Setembro, depois de ter sido feita uma inspecção pelo Ministério do Trabalho japonês às unidades do grupo.

A Nissan, que assegurou de forma pública que os seus veículos são seguros, deverá responder perante o Ministério dos Transportes nas próximas semanas para garantir que estas situações não se repetem.

16 Nov 2017

China | Governo envia alto quadro a Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China anunciou ontem que vai enviar a Pyongyang um alto quadro da sua diplomacia, na sequência da visita do Presidente norte-americano, Donald Trump, a Pequim, e após um prolongado afastamento entre os dois países vizinhos.

Song Tao, chefe do Departamento de Colaboração Internacional do Partido Comunista Chinês (PCC), vai viajar para a capital norte-coreana esta sexta-feira, informou a agência noticiosa oficial Xinhua.

Apesar do distanciamento dos últimos anos, devido à insistência de Pyongyang em avançar com um programa nuclear e de mísseis balísticos, Pequim continua a ser o principal aliado diplomático e maior parceiro comercial do regime de Kim Jong-un.

A Xinhua não menciona a visita de Trump a Pequim ou o programa nuclear norte-coreano, mas o líder da Casa Branca apelou repetidamente à China para que use mais a sua influência visando pressionar Pyongyang a mudar de comportamento.

Song será o primeiro funcionário com nível ministerial a visitar a Coreia do Norte, desde Outubro de 2015, quando Liu Yunshan, então membro do Comité Permanente do Politburo do PCC, se reuniu com Kim Jong-un.

Liu entregou uma carta a Kim, endereçada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a expressar esperança por boas relações.

Mudanças de rumo

Nos anos 1950, os dois países lutaram juntos contra os EUA. O PCC e o Partido dos Trabalhadores, formação política única na Coreia do Norte, têm ligações de longa data.

No entanto, desde que, em 2013, ascendeu ao poder, Xi Jinping nunca se encontrou com Kim Jong-un, tendo-se mesmo tornado no primeiro líder chinês a visitar a Coreia do Sul antes de ir à Coreia do Norte.

A China votou a favor das várias sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas contra Pyongyang, mas continua a apelar a um diálogo entre os vários países envolvidos na crise nuclear da península coreana.

O Governo chinês opõe-se a um embargo que ameace a estabilidade do regime, o que acarretaria uma reunificação da península coreana sob a égide da Coreia do Sul, país aliado dos EUA, e uma possível crise de refugiados nas suas fronteiras.

Na semana passada, Trump voltou a apelar a Xi Jinping que pressione a Coreia do Norte a abdicar do seu programa nuclear.

A China pode resolver o problema “fácil e rapidamente”, afirmou Trump, durante uma visita de Estado a Pequim, urgindo o homólogo chinês a empenhar-se seriamente.

“Se ele fizer esse esforço, irá acontecer. Não tenho dúvidas sobre isso”, afirmou.

Em 3 de Setembro último, Pyongyang realizou o sexto e mais poderoso teste nuclear até à data, no que revelou ter sido a detonação de uma arma termonuclear para ser colocada num míssil balístico intercontinental.

No entanto, desde então, o país não voltou a testar engenhos nucleares ou mísseis balísticos intercontinentais, alimentando a esperança de que Pyongyang está a responder à pressão internacional, face ao impacto das sanções na sua economia.

16 Nov 2017

Homossexuais | ONG apela a fim de terapia de conversão na China

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma organização não-governamental de defesa dos direitos humanos apelou ao Governo chinês para que hospitais e outras instalações médicas deixem de sujeitar homossexuais a terapias de conversão, que incluem electrochoques, isolamento involuntário e medicação forçada.

O relatório da Human Rights Watch, que tem por base entrevistas com 17 pessoas submetidas àquela terapia desde 2009, surge numa altura em que tem aumentado na China a sensibilização para os direitos dos homossexuais, bissexuais e transexuais.

Em 2001, a homossexualidade foi retirada da lista de perturbações mentais identificadas pela Sociedade Chinesa de Psiquiatria, mas os casos de pais que submetem os filhos a tratamentos que visam mudar a sua orientação sexual continuam a ser comuns.

O relatório revela que muitas das vítimas da terapia de conversão são trazidas à força, por familiares, para os hospitais, uma acção que resultou este ano num processo judicial inédito.

A China carece de leis contra a descriminação de homossexuais, o que detém as vítimas da terapia de conversão de procurar justiça, temendo que a sua orientação sexual seja exposta.

Segundo directrizes emitidas pelo Comité Nacional de Saúde, o Governo deve investigar actividades que possam violar a Lei de Saúde Mental, que proíbe o isolamento forçado de pessoas, a menos que constituam um perigo para os outros.

Mas não existem regulamentos que proíbam expressamente a terapia de conversão.

Caso inédito

Em Julho passado, um homossexual ganhou um processo contra um hospital psiquiátrico, após ser forçado à terapia de conversão, no que activistas celebraram como a primeira vitória para a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais) na China.

Um tribunal da província de Henan ordenou a unidade hospitalar a pedir desculpas publicamente num jornal local e indemnizar a vítima, um homem de 38 anos, em 5.000 yuan.

O homem foi levado à força para o hospital, em 2015, pela mulher e familiares, diagnosticado com um “distúrbio na preferência sexual” e obrigado a tomar medicamentos e receber injecções, até ser libertado 19 dias depois.

No entanto, a Human Rights Watch considera que um só processo não chega para deter a terapia de conversão.

A prática persiste porque “muitos médicos são ignorantes sobre a homossexualidade, e seguem a opinião dominante, de que ser-se homossexual é uma anormalidade, uma doença que deve ser tratada”.

16 Nov 2017

População forçada a trocar imagens de Cristo por retratos de Xi Jinping

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s autoridades da comarca no sul da China, Yugan, estão a obrigar os cristãos locais a substituir os retratos de Jesus Cristo, cruzes e outros símbolos religiosos que têm em casa por imagens do Presidente chinês, Xi Jinping.

Segundo o jornal de Hong Kong South China Morning Post (SCMP), milhares de cristãos de Yugan, na província de Jiangsi, sudeste do país, cederam à pressão das autoridades, alguns sob ameaças de deixar de receber subsídios de combate à pobreza.

O SCMP estima que 10% da população em Yugan vive abaixo do nível da pobreza (menos de um dólar por dia), uma percentagem que coincide com a do número de cristãos na região.

As autoridades locais lançaram uma campanha que visa “transformar os crentes na religião em crentes no Partido [Comunista]” e que inclui a entrega de centenas de retratos do Presidente Xi e visitas dos líderes locais a comunidades cristãs para convencê-las a substituir as imagens religiosas, escreve o jornal.

“Muitos camponeses são ignorantes, crêem que Deus é o seu salvador, mas depois do trabalho dos líderes perceberão os seus erros e verão que já não se devem apoiar em Jesus, mas sim no Partido Comunista”, destacou um dos líderes locais citado pelo SCMP.

 

O bom caminho

Xi Jinping é o mais forte líder chinês das últimas décadas, um estatuto consagrado durante o XIX Congresso do Partido Comunista Chinês, realizado no mês passado.

Na China, as manifestações católicas são apenas permitidas no âmbito da Associação Patriótica Chinesa, a igreja católica aprovada pelo Estado e independente do Vaticano.

Oficialmente, o número de cristãos na China continental rondará os 24 milhões, a maioria dos quais protestantes, o que não chega a dois por cento da população chinesa – 1.375 milhões de habitantes.

O Governo chinês apela às igrejas católicas do país para aderirem ao “socialismo com características chinesas” e adoptarem “à direcção correta de desenvolvimento”.

15 Nov 2017

China | Registados 68 mil novos casos de SIDA até Junho

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China registou quase 68 mil novos casos de infecção com o vírus da SIDA entre Janeiro e Junho deste ano, elevando para 718 mil o número total de infectados, segundo dados oficiais divulgados hoje.

Trata-se de um aumento de 8,5%, face ao mesmo período do ano passado, segundo números do Centro Chinês para o Controlo de Doenças, citados pelo jornal oficial China Daily.

A SIDA, outrora encarada na China como uma “doença de estrangeiros”, fruto de “um estilo de vida capitalista e decadente”, fez a primeira vítima no país em 1985.

Até ao final de 2015, matou 177.000 pessoas na nação mais populosa do mundo, com cerca de 1.375 milhões de habitantes.

As relações sexuais continuam a ser a principal via de transmissão da doença e têm assumido uma proporção crescente entre os novos casos de infecção, segundo os dados citados pelo China Daily.

Em 2010, cerca de 12% das infecções resultavam de relações homossexuais. Entre Janeiro e Junho deste ano, a proporção fixou-se em 25,6%.

Homens mais velhos tornaram-se também um grupo mais vulnerável, com o número de casos envolvendo homens com 60 anos ou mais a triplicar desde 2010, para 16.505.

“Hoje, mais idosos têm tempo livre para se divertirem (…) o que lhes dá mais oportunidades para encontrarem parceiros”, afirmou Gao Fu, diretor do Centro Chinês para Controlo de Doenças, citado pelo jornal.

O primeiro surto de SIDA na China aconteceu em meados dos anos 1990, na província de Henan. Centenas de milhares de camponeses pobres ficaram infectados, devido a um esquema ilegal de comércio de sangue.

O sangue de diferentes origens era misturado e, depois de extraído o plasma para ser vendido à indústria de biotecnologia, injectado de novo nos camponeses, para evitar anemias.

Até então, a maioria dos poucos casos oficialmente conhecidos na China dizia respeito a chineses que tinham trabalhado fora do país.

15 Nov 2017

Países emergentes vão crescer 6,4% em 2017

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s países emergentes da Ásia, incluindo a China, Índia e as economias do Sudeste Asiático, vão crescer 6,4% este ano, acima de 1,1% na América Latina e de 3,4% em África, afirmou ontem a OCDE.

As previsões constam do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) intitulado “Prognóstico económico para o Sudeste Asiático, China e Índia: promovendo o crescimento através da digitalização”, apresentado ontem em Manila, nas Filipinas, no âmbito da cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

“Em 2017, prevê-se que o crescimento na China e na ASEAN se mantenha devido a um renovado e robusto consumo doméstico, enquanto se antecipa que o crescimento na Índia desacelere ligeiramente devido às reformas fiscais e monetárias”, detalha Mario Pezzini, assessor especial da OCDE no documento.

Segundo o relatório, a rápida normalização da política monetária nos países desenvolvidos, o crescimento da dívida do sector privado e as expansivas restrições comerciais são os principais riscos para o crescimento.

A OCDE prevê que a economia chinesa cresça 6,8% em 2017 – abaixo da média de 7,9% que a segunda potência mundial registou entre 2011 e 2015 –, prognosticando ainda um abrandamento do crescimento até 6,2% para o período 2018-2022.

A OCDE atribui a moderação do crescimento chinês a problemas de capacidade e vulnerabilidade do mercado financeiro, ao passo que o consumo privado, os investimentos e as exportações manter-se-ão em alta.

Já o Produto Interno Bruto (PIB) da Índia vai aumentar 6,6% este ano – contra 7,1% em 2016 –, enquanto a projecção para o período 2018-2022 é de 7,3%.

O relatório avalia ainda positivamente a liberalização em algumas indústrias indianas, apesar de alertar que “maus activos” nos bancos podem limitar a procura.

No caso da ASEAN, a OCDE prognostica para este ano um aumento de 5,1% do PIB do bloco regional e de 5,2% para o período 2018-2022.

O Myanmar, com 7,2%, é o país que mais vai crescer no seio do bloco de dez nações, seguindo-se o Camboja (7,1%), Laos (6,9%), Filipinas (6,6%), Vietname (6,3%), Malásia (5,5%), Indonésia (5%), Tailândia (3,8%), Singapura (3,2%) e Brunei, com crescimento zero.

 

Outros avanços

A ASEAN, que este ano celebra o seu 50.º aniversário, ainda deve fazer mais progressos na eliminação de impostos comerciais, digitalizar a sua economia, liberalizar serviços e permitir o movimento de profissionais para avançar rumo à sua integração efectiva”, de acordo com a OCDE.

O organismo multilateral realça a importância da digitalização da economia asiática, com a emergência do desenvolvimento de ‘software’ no Vietname, o sector de serviços na Internet nas Filipinas ou o pagamento digital na China.

Contudo, assinala que a Internet, pré-requisito para a digitalização, tem uma presença desigual na região: desde 81% em Singapura a 22% no Laos.

“A promoção do crescimento inclusivo através da digitalização exige reformas nas políticas de comércio e investimento, o desenvolvimento de infra-estruturas e que se enfrentem os desafios do mercado laboral”, de acordo com o relatório da OCDE.

15 Nov 2017

Visita de Trump à Ásia foi “tremendo sucesso”

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, regressou ontem a Washington, depois de uma visita à Ásia que declarou ter sido um “tremendo sucesso” e serviu para alertar o mundo de que as “regras mudaram” no comércio.

O líder norte-americano revelou que fará, esta semana, uma “declaração importante” sobre o comércio e o seu périplo pela Ásia, na Casa Branca, onde deverá promover o plano de reforma fiscal do Partido Republicano.

Um avião Air Force One partiu ontem de Manila, onde Trump disse aos jornalistas que se deslocam com ele que “foram 12 dias fantásticos”. Sobre o comércio, o Presidente norte-americano afirmou que os parceiros comerciais dos EUA “vão passar a tratar [os EUA] de forma muito diferente”.

O Presidente partiu de Washington, em 3 de Novembro, para um périplo de quase duas semanas que incluiu Japão, Coreia do Sul, China, Vietname e Filipinas.

“Penso que os frutos do nosso trabalho vão ser incríveis, seja para a segurança das nossas nações, ou para a segurança do mundo, ou em questões comerciais”, afirmou.

Trump, que durante a campanha eleitoral prometeu rasgar acordos comerciais multilaterais, que considera prejudicarem os Estados Unidos, insistiu durante a viagem que o défice comercial norte-americano, de centenas de milhares de milhões de dólares, será reduzido a zero.

O líder norte-americano frisou que o comércio deve ser justo e mutuamente benéfico.

“Os Estados Unidos devem ser tratados de forma justa e reciproca”, escreveu ontem Trump, na rede social Twitter. “Os défices comerciais gigantes devem reduzir-se rapidamente”, acrescentou.

Trump afirmou que, durante a viagem, foram fechados negócios no valor conjunto de 300.000 milhões de dólares, uma soma que previu irá triplicar num curto período de tempo.

“Explicámos que os EUA estão abertos ao comércio, mas que queremos comércio reciproco”, disse.

15 Nov 2017

Trump evita falar nas Filipinas sobre campanha anti-drogas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, evitou ontem a questão dos direitos humanos na sua visita às Filipinas, rejeitando comentar a sangrenta campanha antidrogas lançada pelo Presidente filipino, Rodrigo Duterte.

Trump elogiou repetidas vezes Duterte e referiu-se a este pelo nome próprio, evitando criticar a situação dos direitos humanos no país. Os dois homens riram juntos quando Duterte chamou “espiões” aos jornalistas.

Num jantar de gala em Manila que juntou os 20 líderes estrangeiros que participam na cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) nas Filipinas, Duterte cantou a canção “Ikaw” em dueto com a cantora Pilita Corrales, dizendo à audiência que o fizera “sob as ordens do comandante supremo dos Estados unidos”, motivando gargalhadas da assistência e um sorriso de Donald Trump.

Duterte lançou uma sangrenta guerra contra as drogas e frequentemente vangloria-se de ter matado pessoas. No ano passado, chamou filho da mãe ao então Presidente dos EUA, Barack Obama.

Baixa pressão

Ontem, durante um breve encontro com os jornalistas, Trump afirmou que tem “uma óptima relação” com Duterte, evitando responder sobre se mencionou a questão dos direitos humanos.

Rompendo com uma tradição dos líderes norte-americanos, Trump deixou de pressionar líderes estrangeiros em público sobre questões relativas aos direitos humanos.

A Casa Branca informou mais tarde que os dois líderes falaram, durante 40 minutos, da organização extremista Estado Islâmico, drogas ilegais e do comércio bilateral.

A polémica campanha contra o narcotráfico lançada por Duterte já causou milhares de mortos, com organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos a afirmarem que a polícia filipina executa consumidores e passadores de droga, bem como elementos das suas famílias.

14 Nov 2017

Timor | Portugueses condenados escapam para a Austrália

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s portugueses Tiago e Fong Fong Guerra, condenados em Timor-Leste a oito anos de prisão por peculato, fugiram do país e estão detidos em Darwin, no Território Norte da Austrália onde entraram ilegalmente de barco, confirmou a Lusa.

Fonte do Australian Border Force (ABF) confirmou que dois portugueses tinham entrado ilegalmente no país, escusando-se a prestar informações adicionais.

Fonte consular portuguesa indicou que se trata do casal Tiago e Fong Fong Guerra, que viajaram com passaportes e cartões de cidadão portugueses, mas sem visto de entrada na Austrália.

O casal está detido no centro de acolhimento de estrangeiros próximo do aeroporto de Darwin, cidade a que Tiago e Fong Fong Guerra chegaram, de barco, na quinta-feira 9 de Novembro, segundo a ABF.

A mesma fonte consular portuguesa confirmou à Lusa que o assunto está a ser acompanhado pelas autoridades portugueses e que o processamento do caso pode “demorar até duas semanas”, segundo a lei em vigor.

Álvaro Rodrigues, advogado de defesa do casal, disse à Lusa que “até ao momento” não receberam qualquer informação ou contacto sobre o assunto, não tendo ainda confirmado sequer se o casal está de facto na Austrália.

“Não tenho confirmação nenhuma porque não tivemos ainda nenhum contacto. Não sabemos nada. Não tivemos qualquer contacto nem antes nem depois e aguardamos serenamente alguma informação”, disse o advogado contactado em Macau. “Até ao momento não tivemos qualquer contacto das autoridades timorenses, portuguesas ou australianas”, disse ainda.

A embaixada portuguesa em Díli recusou fazer qualquer comentário sobre o assunto, remetendo declarações para o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Lisboa.

Caso bicudo

O casal foi preso pela polícia timorense, em Díli, a 18 de Outubro de 2014. Desde então, estavam impedidos de sair de Timor-Leste, com Tiago Guerra obrigado a comparências semanais na Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL).

A Lusa confirmou que se apresentou na passada segunda-feira, não tendo sido possível obter qualquer comentário oficial da PNTL ontem, dia em que em Timor-Leste se marca uma tolerância de ponto por ocasião do feriado de domingo.

A 24 de agosto um colectivo de juízes do Tribunal Distrital de Díli condenou o casal a oito anos de prisão efectiva e uma indemnização de 859 mil dólares por peculato. O tribunal declarou os dois arguidos co-autores do crime de peculato e absolveu-os pelos crimes de branqueamento de capitais e falsificação documental de que eram igualmente acusados.

O casal recorreu da sentença, pedindo a absolvição e considerando que esta “padece de nulidades insanáveis” mais comuns em “regimes não democráticos”, baseando-se em provas manipuladas e até proibidas.

Cerca de 3.500 pessoas assinaram uma petição, que já chegou ao parlamento português, a pedir ao Governo a extradição para Portugal do casal.

A petição, que chegou ao parlamento português em Outubro reclama que “o Governo de Portugal intime o Governo de Timor-Leste para que este processo seja transferido para Portugal, uma vez que o sistema judicial timorense tem provado ser incapaz de lidar com um caso como este”.

14 Nov 2017

Mar do Sul |  China e Vietname chegam a “consenso”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e o Vietname chegaram ontem a um “consenso” sobre a gestão das suas tensões no mar do sul da China, uma zona disputada reivindicada por Pequim, informou a agência oficial Nova China.

O acordo foi conseguido num encontro entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o chefe do partido comunista do Vietname, Nguyen Phu Trong, que está em visita de Estado a Hanói.

As duas partes “chegaram a um importante consenso (…) para gerir as questões marítimas de modo apropriado” e “esforçarem-se conjuntamente para manter a paz e a estabilidade no mar do sul da China”, indica a Nova China sem dar mais pormenores.

Pequim reivindica como sua a maioria do mar do sul da China, que também conta com reivindicações do Vietname, Filipinas, Malásia e Brunei.

Desde a sua chegada ao poder no final de 2012, Xi Jinping reforçou os recifes controlados pela China para construir instalações, incluindo militares.

Este mar estratégico, por onde transitam anualmente cerca de 5.000 mil milhões de dólares  de mercadorias, terá vastas reservas de gás e petróleo.

As tensões recorrentes entre países com fronteiras com o mar do sul da China são consideradas como uma fonte potencial de conflito na Ásia.

14 Nov 2017

ASEAN | Li Keqiang em Manila para discutir cooperação

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, chegou no domingo a Manila, capital das Filipinas, para dar início a uma visita oficial ao país e a um conjunto de reuniões para a cooperação do Leste Asiático.

Durante a sua estadia de cinco dias, Li irá assistir ao 20º encontro de líderes China-ASEAN, ao 20º encontro de líderes ASEAN-China, Japão e Coreia do Sul e à 12ª Cimeira do Leste Asiático, informa o Diário do Povo.

“Com a recuperação titubeante da economia mundial, o Leste Asiático manteve uma tendência de cooperação e desenvolvimento regional, tendo-se tornado uma força estabilizadora, face à complexidade global em constante mudança”, disse Li na chegada à capital filipina.

A China e a ASEAN marcarão o 15º aniversário da sua parceria estratégica em 2018.

Esta é a primeira visita de Li a um país estrangeiro desde o 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCCh), ocorrido em Outubro. A visita deverá aprofundar a cooperação amistosa entre a China e as Filipinas, promover laços China-ASEAN e reforçar a cooperação regional no Leste Asiático, segundo avançaram as autoridades chinesas antes da visita ter início.

Recados do congresso

Em Manila, Li irá apresentar aos restantes líderes o espírito do 19º Congresso Nacional do PCC bem como a posição e a política da China face à cooperação no Leste Asiático, segundo informações avançadas pelo assistente do chanceler chinês, Chen Xiaodong, em conferência de imprensa realizada na semana passada.

O primeiro-ministro apresentará cerca de 30 novas iniciativas para aprofundar a cooperação pragmática em domínios como: interconectividade, segurança alimentar, redução da pobreza, turismo e combate à corrupção, acrescentou Chen.

Além disto, Li assistirá à reunião de líderes sobre a Parceria Económica Regional Abrangente, um acordo de livre comércio que envolve os dez membros da ASEAN e seis outros países – China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.

Durante sua visita, o primeiro-ministro chinês conversará ainda com o presidente filipino, Rodrigo Duterte, sobre os laços bilaterais e assuntos de interesse comum.

Trata-se da primeira visita de um primeiro-ministro chinês às Filipinas nos últimos dez anos.

Li reafirmou o seu objectivo de partilhar pontos de vista com os líderes filipinos em torno do reforço da amizade entre as duas nações e da cooperação em áreas que vão de encontro às necessidades de desenvolvimento das duas partes.

“Espero que a visita contribua para melhorar a amizade entre os dois povos, aprofundar a cooperação bilateral e abrir novas perspectivas para as relações sino-filipinas”, escreveu Li num artigo publicado pelos principais jornais filipinos na antecipação da visita.

14 Nov 2017

Mar do Sul da China | Trump oferece-se para arbitrar disputas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ofereceu-se para ser mediador nas disputas territoriais no Mar do Sul da China, num encontro com o Presidente do Vietname.

Trump disse a Tran Dai Quang que tinha conhecimento da disputa do Vietname com a China sobre as águas estratégicas, e sublinhou ser “um muito bom mediador e muito bom árbitro”, disposto a ajudar.

O Presidente norte-americano falava com o homólogo vietnamita no início dos seus encontros em Hanoi. Trump disse que a Coreia do Norte “continua a ser um problema” e espera que o Presidente chinês Xi Jinping seja “uma tremenda ajuda”, bem como a Rússia.

O Governo chinês reivindica a quase totalidade do Mar do Sul da China, incluindo zonas perto das costas do Vietname, Filipinas, Malásia, Brunei, Tailândia, Camboja, Birmânia, Laos, Indonésia e Singapura.

Nos últimos anos, Pequim reforçou a presença neste mar estratégico através da construção de ilhas artificiais que podem ser usadas como bases militares, apesar de o tribunal internacional de Haia ter considerado as reivindicações marítimas chinesas ilegítimas.

Trump e Quang falaram brevemente aos jornalistas após a chegada do chefe de Estado norte-americano ao palácio presidencial em Hanoi, com Trump a prometer “uma tremenda quantidade de comércio” com o Vietname, envolvendo “milhares de milhões” de dólares.

O Presidente norte-americano está no Vietname no âmbito de uma viagem asiática. No final do dia de ontem deslocou-se às Filipinas, o último destino do périplo.

Questão coreana

Donald Trump, afirmou também que o seu homólogo chinês, Xi Jinping, aceitou endurecer as sanções contra a Coreia do Norte em resposta ao programa nuclear de Pyongyang.

“O Presidente chinês Xi declarou que reforçou as sanções contra [a Coreia do Norte], escreveu Trump na rede social Twitter, a partir de Hanoi.

Durante a sua passagem, na quinta-feira, por Pequim, o Presidente norte-americano instou Xi Jinping a aumentar a pressão sobre o regime norte-coreano que realizou em Setembro um novo teste nuclear.

“A China pode resolver este problema facilmente e rapidamente”, afirmou.

Noutra publicação no Twitter, o Presidente norte-americano evocou directamente o dirigente norte-coreano: “Porque é que Kim Jong-un me insulta chamando-me ‘velho’, quando eu NUNCA o chamei de ‘pequeno e gordo?’ Bom, eu tento tento ser amigo dele – e talvez um dia isso vá acontecer!”.

Trump abordou também na rede social a questão da Rússia, criticando os “‘haters’ e os imbecis”, após uma troca de palavras com Putin.

“Quando é todos os ‘haters’ e imbecis vão perceber que ter uma boa relação com a Rússia é uma coisa boa, não é uma coisa má? Estão sempre a fazer jogo político – mau para o nosso país. Quero resolver a Coreia do Norte, Síria, Ucrânia, terrorismo, e a Rússia pode ajudar muito!”, escreveu.

No sábado, Donald Trump garantiu que Vladimir Putin negou as acusações de interferência russa na campanha eleitoral norte-americana, depois de os dois se terem encontrado no Vietname.

Horas depois destas declarações, a CIA reafirmou as acusações contra a Rússia, explicando que a conclusão a que tinham chegado sobre essa interferência não tinha mudado.

13 Nov 2017

Pequim e Taipé colaboram num satélite para prever sismos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e Taiwan fecharam um acordo para cooperarem num satélite de detecção de ondas electromagnéticas que possa prever sismos.

O satélite será lançado no próximo ano, no âmbito de um projecto conjunto ontem revelado pelo jornal South China Morning Post.

Alguns sismos geram anomalias electromagnéticas antes de ocorrerem, e este projecto pretende detectar esses fenómenos para tentar prever os sismos, que afectam com regularidade tanto a China como Taiwan.

Esta cooperação entre Pequim e Taipé representa um marco, principalmente tendo em conta a actual relação política entre as duas partes, desde a subida ao poder, no ano passado, da actual Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, de um partido independentista.

“Esta é a primeira vez. Nunca ouvi falar de cooperação com Taiwan de qualquer tipo neste campo. Este tipo de dados é normalmente secreto”, disse ao jornal de Hong Kong Li Zaoshe, investigador da Academia de Ciências da China, em Pequim.

O secretismo prende-se com o facto de estes satélites poderem também ter um importante uso militar, como a localização de estações de radar ou de centros de lançamento de mísseis.

Dois mortos em derrocada num supermercado

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]elo menos duas pessoas morreram sábado e seis ficaram feridas na derrocada do segundo piso de um supermercado na cidade chinesa de Xangai, provavelmente por excesso de peso de mercadoria, segundo os meios de comunicação social locais.

O desastre aconteceu sábado de manhã num supermercado em Zhuqiao, no distrito de Pudong, que pertence à cidade de Xangai. Inicialmente, uma pessoa morreu e sete foram resgatadas vivas entre a pilha de mercadorias e escombros, mas um dos feridos acabou por morrer pouco depois no hospital. Segundo as autoridades locais, o supermercado em causa é pequeno e parte do segundo piso era usada para armazenar produtos. Terá sido o excesso do peso de mercadorias que fez derrubar o piso. As autoridades chinesas estão agora a avaliar supermercados e centros comerciais da mesma região para avaliar os riscos para a segurança.

13 Nov 2017

‘Dia dos Solteiros’ | O maior evento de comércio ‘online’ do mundo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Dia dos Solteiros na China, uma data nascida na década de 1990 entre estudantes universitários, é hoje o maior evento de comércio electrónico do mundo, com os chineses a gastarem milhares de milhões de yuan em compras ‘online’.

O gigante de comércio electrónico Alibaba disse este sábado que as vendas dos milhares de retalhistas que constam da sua plataforma excederam os 130 mil milhões de yuan entre a meia-noite de sexta-feira e o início da noite de sábado.

Já o maior rival do Alibaba, o revendedor ‘online’ JD.com, divulgou que as vendas atingiram os 16,7 mil milhões de dólares. Contudo, os números não são comparáveis, uma vez que as transacções da JD vão desde 1 de Novembro até sábado.

Por comparação, os norte-americanos gastaram o ano passado cinco mil milhões de dólares  em compras ‘online’ no Dia da Acção de Graças e na ‘Black Friday’ (a sexta-feira seguinte à Acção de Graças, que os comerciantes transformaram num evento comercial). A época da Acção de Graças assinala-se no final de Novembro e marca, nos Estados Unidos da América, o início das compras de Natal.

Já na ‘Cyber Monday’ (a segunda-feira a seguir ao Dia de Acção de Graças, em que empresas promovem compras ‘online’), os americanos gastaram 3,39 mil milhões de dólares o ano passado, ainda de acordo com a Adobe, que faz esta monitorização.

Sempre a crescer

A China é, actualmente, o maior mercado de comércio electrónico do mundo e a as compras ‘on-line’ representam uma proporção cada vez maior das despesas de consumo dos chineses.

A consultora Boston Consulting Group prevê que os gastos ‘online’ aumentarão 20% ao ano, atingindo 1,6 biliões de dólares em 2020, em comparação com o crescimento de 6% previsto para as compras presenciais.

O Dia dos Solteiros foi iniciado por estudantes universitários chineses na década de 1990 como uma versão do Dia dos Namorados para pessoas sem parceiros românticos, tendo sido transformado num evento de comércio ‘on-line’, com os retalhistas a anunciaram promoções, com o objectivo de atrair jovens consumidores.

A despesa deste dia na China dá um impulso aos esforços do Partido Comunista chinês para estimular o crescimento económico baseado no consumo interno.

A China tem 731 milhões de utilizadores de Internet, um aumento de 6% face a 2016, segundo as estatísticas do Governo.

13 Nov 2017

Rússia | Putin denuncia intenção dos EUA em influenciar eleições

[dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]ladimir Putin denunciou ontem as intenções dos EUA em influenciar as eleições presidenciais na Rússia, marcadas para Março de 2018, que relacionou com o que diz ser “imaginária ingerência” russa no acto eleitoral que elegeu Donald Trump, em 2016.

“Em resposta à nossa imaginária ingerência nas eleições [norte-americanas], querem criar problemas nas eleições presidenciais”, afirmou Putin, Presidente da Rússia, numa reunião com trabalhadores de uma fábrica em Cheliabinsk, nos Urais.

Putin fez escala naquela cidade do nordeste russo a caminho do Vietname, onde participará na cimeira de líderes dos países do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), com início esta sexta-feira, em Danang.

Durante a cimeira, está previsto que Putin mantenha um encontro com Donald Trump, num périplo pelo Oriente, mas não há ainda confirmação de que os dois líderes se encontrem.

A agência russa RIA Novosti citou ontem o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Ribakov, com a garantia de que a reunião entre Putin e Trump ocorra na sexta-feira, de manhã.

Porém, mais tarde, o secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson garantiu que o encontro não está marcado.

Questão olímpica

Putin afirmou também que existem denúncias contra a Rússia de apoio à dopagem de desportistas e estabeleceu uma relação com a realização das eleições presidenciais, em 18 de Março do próximo ano.

“Há algo que me preocupa: as Olimpíadas devem começar em Fevereiro e quando são as eleições presidenciais? Em Março. São grandes as suspeitas de que isso é feito para criar descontentamento entre fãs e desportistas, partindo do pressuposto de que o Estado é responsável pelas irregularidades”, disse.

O Presidente russo observou que as organizações desportivas internacionais, incluído o Comité Olímpico Internacional, são altamente dependentes, em particular dos patrocinadores, dos proprietários de direitos de televisão e de publicidade.

Putin notou que os Estados Unidos têm “as principais empresas que pagam pelos direitos de televisão, os principais patrocinadores e os principais compradores de espaços publicitários”.

Em Novembro de 2015, a Agência Mundial Antidoping revelou um estudo a denunciar que atletas russos ingeriram substâncias dopantes e a revelar a existência de um programa estatal russo de doping, que foi negado pelo Kremlin.

10 Nov 2017

Tufão Damrey faz quase 100 mortos no Vietname

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]e acordo com os dados das autoridades vietnamitas, disponibilizados ontem, 91 pessoas morreram em inundações e deslizamentos de terras provocados pelo tufão que atingiu o centro e sul do país.

Outras 23 pessoas continuam desaparecidas desde a tempestade, uma das mais mortíferas das últimas décadas.

A cidade de Danang, que acolhe a cimeira da APEC, foi atingida por fortes chuvas, mas a água não atingiu níveis muito elevados.

Mais de 120 mil casas e 250 mil hectares de terras agrícolas foram danificadas pela tempestade em todo o país, segundo a autoridade de gestão das catástrofes do país.

A vila de Hoi An, classificada como património mundial pela UNESCO, foi muito afectada.

“A nossa família passou alguns dias no segundo piso da casa, a comer massa instantânea seca porque a electricidade estava cortada”, explicou à agência AFP Nguyen Thi Dung, um residente.

Agora que o nível das águas desceu, a vila tem estado ocupada a limpar as suas antes da visita dos dirigentes da APEC.

10 Nov 2017

Trump | Pequim pode resolver “fácil e rapidamente” crise norte-coreana

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ontem que a China pode “solucionar fácil e rapidamente” a crise nuclear e de mísseis balísticos da Coreia do Norte, durante uma visita de Estado a Pequim.

Trump apelou ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, que estava sentado ao seu lado, que trabalhe “muito intensamente” nesta questão.

“Uma coisa sei sobre o vosso Presidente: se trabalha em algo intensamente, consegue o que quer, não tenho dúvidas”, afirmou Trump, perante os executivos das maiores empresas da China.

O líder dos EUA agradeceu a Xi pelas medidas já adoptadas por Pequim, nos últimos meses. Para além de apoiar as sanções impostas pelas Nações Unidas a Pyongyang, a China adoptou ainda sanções unilaterais.

Trump apelou ainda à Rússia “para que ajude a controlar esta situação, que pode ser potencialmente muito trágica”.

“Todos os países” se devem unir para evitar que o regime “assassino” da Coreia do Norte “ameace o mundo com as suas armas nucleares”, insistiu Trump numa conferência de imprensa posterior.

O Presidente norte-americano disse que acordou com Xi “não replicar métodos que falharam no passado”, nos esforços pela desnuclearização da península coreana.

E revelou que ele e Xi Jinping se comprometeram a “aumentar a pressão económica até que a Coreia do Norte abandone o seu caminho imprudente e perigoso”.

Xi Jinping assegurou que Pequim e Washington estão “comprometidos com a desnuclearização” da península coreana e procurarão uma solução através do “diálogo pacífico”, visando alcançar a “estabilidade a longo prazo” na região.

10 Nov 2017

China / EUA |  Assinados acordos no valor de 253,4 mil milhões de dólares

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China assinou ontem acordos de negócios com empresas norte-americanas no valor total de 253,4 mil milhões de dólares, durante a visita do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Pequim.

Os acordos foram assinados durante uma cerimónia que contou com a presença de Trump e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, e incluem a compra de chips, aviões, componentes para automóveis e soja dos EUA.

Ambos os lados concordaram em cooperar num projecto de gás no Alasca avaliado em 43.000 milhões de dólares e num projecto de gás de xisto avaliado em 83,7 mil milhões de dólares.

O ministro chinês do Comércio, Zhong Shan, avançou à imprensa que os acordos ontem assinados valem, no total, 253,4 mil milhões dólares. A este valor somam-se outros acordos, avaliados em 9 mil milhões de dólares, e assinados na quarta-feira.

Donald Trump definiu como prioridade reduzir o défice dos EUA na balança comercial com a China – 347 mil milhões de dólares, em 2016. Ross revelou que esse foi o “enfoque principal” nas suas reuniões com Xi.

Bom ambiente

Após a assinatura dos acordos, Xi prometeu um ambiente de negócios mais aberto para as empresas estrangeiras na China, depois de Trump ter apelado a uma mudança nas relações comerciais “injustas”.

“A China não fechará as suas portas e irá abrir-se ainda mais”, afirmou o líder chinês, prometendo que as empresas estrangeiras terão um mercado chinês “mais aberto, mais transparente e mais ordenado”.

Os contratos ontem assinados incluem a aquisição de jactos da construtora norte-americana Boeing, no valor de 37 mil milhões de dólares, chips para telemóveis da Qualcomm, por 12 mil milhões de dólares, e veículos e componentes para automóveis da General Motors e da Ford, por um total de 11,7 mil milhões de dólares.

Os contratos assinados na quarta-feira incluem o compromisso de uma das maiores plataformas de vendas ´online’ chinesas, o JD.com, de comprar 1,2 mil milhões de dólares  de bife e carne de porco dos Estados Unidos.

O excedente comercial da China com os EUA, em Outubro, aumentou 12,2%, face ao mesmo mês do ano passado, para 26,6 mil milhões de dólares. No conjunto, entre Janeiro e Outubro, Washington registou um défice de 223 mil milhões de dólares no comércio com Pequim.

A China é o terceiro maior mercado para os produtos norte-americanos, depois do Canadá e do México.

Durante a sua campanha eleitoral, Trump acusou várias vezes a China de concorrência desleal e, antes de partir para a visita à Ásia em curso, o líder norte-americano afirmou que o défice norte-americano na balança comercial com Pequim “é tão mau que dá vergonha”.

Cuidar da imagem

O Presidente dos Estados Unidos rejeitou ontem responder a qualquer questão, durante uma conferência de imprensa conjunta com o homólogo chinês, Xi Jinping, cooperando com os esforços de Pequim para controlar a imagem da sua visita à China. Durante a conferência de imprensa, os jornalistas não puderam fazer perguntas, uma redução na já mínima interacção com a imprensa habitual em visitas de Estado de líderes estrangeiros a Pequim. Trump, que já chamou à imprensa “inimigos do povo americano”, não aceitou ontem questões.

10 Nov 2017

Importações sobem 15,9% e exportações 6,1% em Outubro

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s importações chinesas aumentaram 15,9%, em Outubro, face ao mesmo mês de 2016, um crescimento superior ao das exportações, que aumentaram 6,1%, segundo dados oficiais ontem divulgados pelas alfândegas chinesas.

As importações da China alcançaram, em Outubro, 994.000 milhões de yuan, enquanto as exportações se fixaram em 1,25 mil milhões de yuan.

A China registou assim, no mês passado, um superavit comercial de 254.470 milhões de yuan, uma queda homóloga de 20,3%.

No conjunto dos dez primeiros meses do ano, as exportações aumentaram 11,7%, enquanto as importações subiram 21,5%.

Entre Janeiro e Outubro, a China exportou um total de 12,41 biliões de yuan e importou 10,11 biliões de yuan.

Os dados deste mês estão ligeiramente abaixo das expectativas dos analistas.

Em Setembro, as exportações chinesas registaram uma subida homóloga de 9%, enquanto as importações cresceram 19,5%.

“Pensamos que isto reflecte um ligeiro abrandamento do crescimento em outros mercados emergentes, em conjunto com uma procura interna mais débil, resultado de um gasto menor em infra-estruturas”, comentou num relatório o analista da consultora Capital Economics, Julian Evans-Pritchard.

9 Nov 2017

Visita | Crianças e guarda de honra dão boas-vindas a Trump

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, foi ontem recebido no aeroporto em Pequim com uma cerimónia que incluiu guarda de honra, banda de marcha e crianças a entoar bem-vindo.

Chefes de Estado em visita a Pequim têm geralmente uma recepção discreta no aeroporto, reservando-se a pompa e circunstância para o Grande Palácio do Povo, no centro da capital chinesa.

Ao sair do avião, o líder norte-americano e a sua mulher, Melania Trump, foram recebidos por dignitários chineses e dos EUA, guarda de honra, música marcial e crianças que agitaram as bandeiras dos dois países enquanto entoavam bem-vindo.

As cerimónias de boas-vindas na China têm-se tornado cada vez mais elaboradas, desde a ascensão ao poder do Presidente chinês, Xi Jinping, cuja política externa se tem revelado mais assertiva do que a dos seus antecessores.

Mais tarde, Donald Trump e Xi Jinping tomaram chá juntos, acompanhados pelas suas mulheres.

A Cidade Proibida, um antigo complexo imperial situado no coração de Pequim, está normalmente repleto de turistas, mas ontem encontrava-se vazio para receber Trump.

Os líderes das duas maiores economias do planeta terão entre várias reuniões, centradas em questões comerciais e no programa nuclear da Coreia do Norte.

Pressões habituais

Trump aterrou em Pequim horas após ter feito um discurso na Assembleia Nacional da Coreia do Sul, onde voltou a pressionar a China a parar de apoiar a Coreia do Norte.

Pequim é o principal aliado diplomático e parceiro comercial de Pyongyang.

A visita ocorre também numa altura de crescente tensão entre Washington e Pequim em torno de questões como o acesso ao mercado e transferência de tecnologia.

Durante a sua campanha eleitoral, Trump acusou várias vezes a China de concorrência desleal.

Antes de partir para a visita à Ásia em curso, o líder norte-americano afirmou que o défice norte-americano na balança comercial com Pequim – 347 mil milhões de dólares em 2016 – “é tão mau que dá vergonha”.

Um óptimo momento”

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ontem que está a ter um “óptimo momento” na China, horas após ter aterrado em Pequim para aa visita oficial de dois dias. O comentário de Trump aos jornalistas foi feito após o chefe de Estado e a mulher, Melania Trump, terem assistido a uma ‘performance’ com música e dança na Cidade Proibida, antigo complexo imperial situado no coração de Pequim, por jovens estudantes de ópera vestidos com trajes tradicionais chineses.

Trump e Melania foram acompanhados pelo Presidente chinês, Xi Jinping, e a mulher, Peng Liyuan.

Acordos assinados

Empresas chinesas e norte-americanas assinaram acordos de negócios no valor de 9 mil milhões de dólares (7,7 mil milhões de euros), anunciaram os dois países, no arranque da visita do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Pequim. Até ao momento, não foram avançados detalhes sobre os 19 acordos assinados ontem, durante uma cerimónia que contou com a presença do Secretário do Comércio norte-americano, Wilbur Ross.

9 Nov 2017

Paradise Papers | Cunhado de Xi Jinping envolvido no escândalo

Deng Jiagui, cunhado do presidente chinês Xi Jinping. Li Xiaolin, filha do ex-primeiro-ministro chinês Li Peng. Jasmine Li, jovem chinesa que fez a sua formação superior nos Estados Unidos e neta de Jia Qinglin, nome forte do Politburo do Partido Comunista Chinês até 2012. Estas são as individualidades da China com empresas offshore, reveladas pelos Paradise Papers

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á dois anos o mundo ficava a saber as individualidades que detêm empresas offshore em paraísos fiscais, através da divulgação dos Panama Papers. Desta vez, uma nova investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas (ICIJ, na sigla inglesa) divulgou novos dados sobre offshores inseridos nos Paradise Papers.

A origem dos documentos partiu de uma fuga de informação da Appleby, um escritório de advogados com sede nas Bermudas, e da Asiaciti, uma empresa que gere offshores e que está sediada em Singapura. Há cerca de um ano que o ICIJ anda a investigar as inúmeras informações recebidas.

O nome da rainha Isabel II de Inglaterra veio à tona, tal como o de outras figuras do panorama político mundial, mas a lista dos Paradise Papers contém três nomes de personalidades chinesas com ligações indirectas ao poder.

O primeiro é o Deng Jiagui, cunhado do actual presidente chinês, Xi Jinping, e que está casado, desde 1996, com Qi Qiaoqiao, irmã mais velha de Xi e filha de Xi Zhongxun, “um dos heróis revolucionários da China e um antigo dirigente de topo”.

O ICIJ revela que Deng Jiagui “fez fortuna com o desenvolvimento do mercado imobiliário” e não é de agora que os milhões da sua conta bancária são notícia. “Uma reportagem de investigação feita pela agência Bloomberg em 2012 revelou que Deng Jiagui e a sua mulher detinham centenas de milhões de dólares investidos em imobiliário, acções de empresas e outro tipo de investimentos.”

Foi em 2004 que o cunhado de Xi Jinping adquiriu a empresa Supreme Victory Enterprises Ltd, registada nas Ilhas Virgens Britânicas. Deng Jiagui era o único director e accionista de uma empresa cujo registo acabaria por ser cancelado em 2007.

Contudo, a experiência de Deng Jiagui no mundo das offshores não se ficaria por aqui. Em Setembro de 2009, este empresário criou mais duas empresas, também nas Ilhas Virgens Britânicas, consideradas, segundo o ICIJ, “empresas na prateleira”, e que constavam no inventário dos escritórios da Mossack Fonseca, a firma de advogados de onde veio a documentação que deu origem aos Panama Papers.

As duas empresas tinham como nome Best Effect Enterprises Ltd e Wealth Ming International Limited, mas Deng Jiagui não usou a sua assinatura para registar a Best Effect Enterprises Ltd.

Ao invés disso, os advogados da Mossack Fonseca ajudaram Deng Jiagui a obter uma peça “usada por empresários chineses para validar documentos ao invés de assinaturas”. “Não é claro para que eram usadas as duas empresas”, afirmam os jornalistas do ICIJ responsáveis pela investigação.

A filha do primeiro-ministro

É considerada na China a “rainha da energia”, por ser vice-presidente da empresa estatal China Power Investment Corporation. Fez, aliás, a sua formação em engenharia num dos estabelecimentos de ensino superior mais conceituados do país e do mundo: a Universidade Tsinghua.

Ela é Li Xiaoling, filha de Li Peng, primeiro-ministro chinês entre 1987 e 1998. Na política desempenha funções como delegada da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. O seu nome também consta nos Paradise Papers, por deter offshores que traçaram um estranho rumo entre o Estado do Lichestein, na Europa, e as Ilhas Virgens Britânicas.

Segundo a investigação do ICIJ, Li Xiaoling e o seu marido, Liu Zhiyuan, criaram a “Fondation Silo”, uma fundação constituída no Lichenstein e que era a única accionista da empresa “Cofic Investments Ltd.”, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. Esta acção “decorreu no período em que Li Peng era primeiro-ministro chinês”, apontam os jornalistas.

Li Xiaolin tentou ocultar a sua ligação familiar ao primeiro-ministro chinês com a ajuda do seu advogado suíço, Charles-Andre Junod. Este disse aos advogados da Mossack Fonseca que “os fundos da Cofic Investments tinham origem nos lucros obtidos com a ajuda dada a outros clientes da sua firma para que estes exportassem maquinaria pesada da Europa para a China”.

Além disso, Charles-Andre Junod “submeteu o passaporte [de Li Xiaolin] atribuído por Hong Kong e uma carta que fala dela como tendo o nome de ‘Xiaolin Liu-li’, para que a ligação a Li Peng fosse mais difícil de estabelecer”.

O consórcio de jornalistas afirma que a Mossack Fonseca “pareceu não ter a percepção de que Li Xiaolin era a filha do antigo primeiro-ministro chinês”.

Charles-Andre Junod não fez grandes comentários ao ICIJ, mas frisou que “sempre respeitou a lei” neste processo. Li Xiaolin não respondeu às perguntas dos jornalistas.

A estudante investidora

Jasmine Li faz parte da geração de jovens chineses milionários que tiveram a oportunidade de estudar fora da China, mas ela fez mais do que isso. Quando ainda era estudante da Universidade de Stanford, na Califórnia, já investia no mundo das offshores. Jasmine Li é neta de Jia Qinglin, que deteve a quarta posição do Politburo do Partido Comunista Chinês até à sua saída, em 2012.

O ICIJ recorda que a jovem começou a sua ascensão social “depois de ser fotografada num baile em Paris, em 2009, ao lado de jovens amigas ligadas a meios políticos e de riqueza”.

A carreira de Jasmine Li começou pelo mundo da arte, tendo começado a trabalhar como assistente do artista chinês Cai Guoqiang, sedeado em Nova Iorque. A jovem “trabalhou depois como uma espécie de relações públicas de uma galeria para a Artsy, um retalhista de arte online em Nova Iorque e Hong Kong”, aponta o ICIJ.

Ainda no período em que era estudante universitária, Jasmine Li “tornou-se a única accionista da Harvest Sun Trading Limited, uma empresa registada nas Ilhas Virgens Britânicas em 2009”.

A empresa transferiu um dólar para Jasmine Li através de Zhang Yuping, o fundador da distribuidora chinesa de joalharia de luxo Hengdeli Holdings Limited, em Dezembro de 2010. Jasmine Li era também a única accionista de uma outra empresa registada nas Ilhas Virgens Britânicas, intitulada Xin Sheng Investments.

Os documentos divulgados nos Paradise Papers revelam que estas duas empresas offshore tinham ligações a duas outras consultoras com registo em Pequim.

“Como Jasmine Li detinha estas duas consultoras através das entidades offshore, o seu nome não aparece publicamente nos documentos de registo, permitindo-lhe deter a propriedade secreta dessas empresas”, explica o ICIJ.

 

Nomeados nos documentos rejeitam qualquer irregularidade

O secretário do Comércio norte-americano e porta-vozes da rainha de Inglaterra e dos ministros brasileiros e russos defenderam a legalidade dos respectivos investimentos em offshores expostos nos Paradise Papers.

A União Europeia considerou as revelações chocantes e exigiu “sanções dissuasivas”. Referido nos documentos, Wilbur Ross, o secretário do Comércio da administração de Donald Trump, considerou que não há “absolutamente nada de repreensível” no facto de deter 31% da Navigator Holdings, uma empresa de transporte marítimo que tem como um dos principais clientes a empresa russa de gás e produtos petroquímicos Sibur.

Ora, entre os proprietários da Sibur estão Guennadi Timtchenko, próximo do Presidente russo, sancionado pelo Tesouro norte-americano após a anexação da Crimeia, e um genro de Vladimir Putin, segundo o diário The New York Times.

“Não existem ligações ao nível dos conselhos de administração, nem ao nível dos accionistas, não tenho nada que ver com a negociação desse acordo” comercial entre a Navigator e a Sibur, defendeu-se Wilbur Ross na televisão pública britânica BBC. Sublinhou igualmente que o contrato tinha sido negociado antes de integrar o conselho de administração da Navigator e que a empresa Sibur, em si mesma, “não foi sancionada”.

O governante norte-americano indicou, todavia, à Bloomberg TV que vai “provavelmente” ceder o resto das acções que detém na Navigator. “Eu estava prestes a vendê-las, de qualquer maneira, mas não por causa de tudo isto”, observou.

Contactado pela agência noticiosa francesa AFP, o Departamento do Comércio dos Estados Unidos disse considerar que o secretário respeita as normas do Governo.

Um antigo responsável do gabinete de ética durante a presidência de George W. Bush, Richard W. Painter, sustentou contudo que o caso de Wilbur Ross poderá levantar questões éticas.

O esquema de Isabel II

O ICIJ pôs igualmente a nu estratégias de “optimização fiscal” de outros altos dirigentes políticos. A rainha de Inglaterra, Isabel II, dispõe, assim, através do Ducado de Lancaster, propriedade privada da soberana e fonte de receitas, de uma dezena de milhões de libras esterlinas em fundações nas Ilhas Caimão e nas Bermudas, segundo a BBC e o jornal The Guardian.

As verbas colocadas nesses paraísos fiscais estão investidas em numerosas empresas, entre as quais a Brighthouse, uma empresa de aluguer com opção de compra de móveis e material informático acusada de lucrar com a miséria alheia, ou ainda uma cadeia de lojas de bebidas alcoólicas actualmente em processo de falência.

“Todos os nossos investimentos estão a ser alvo de uma auditoria completa e são legítimos”, disse à AFP uma porta-voz do Ducado de Lancaster.

“Efectuamos um certo número de investimentos, alguns dos quais em fundações no estrangeiro”, disse a porta-voz, acrescentando que estes representam apenas 0,3% do valor total do Ducado.

O líder da oposição britânica, o trabalhista Jeremy Corbyn, classificou, no entanto, a situação como “escandalosa” e exigiu que sejam “fortemente punidas” pessoas com fortuna pessoal ou multinacionais que lucram com as falhas do sistema para pagar o mínimo de impostos possível.

Do Brasil ao Canadá

No Brasil, os ministros da Economia e da Agricultura, Henrique Meirelles e Blairo Maggi, negaram, por sua vez, qualquer irregularidade, depois de os seus nomes terem sido ligados a sociedades ‘offshore’ em paraísos fiscais.

No Canadá, o multimilionário Stephen Bronfman, à frente da antiga empresa de vinhos e bebidas espirituosas Seagram, colocou, com o seu padrinho Leo Kolber, 60 milhões de dólares norte-americanos (52 milhões de euros) numa sociedade ‘offshore’ nas Ilhas Caimão, revelou o jornal Toronto Star.

Este amigo de Justin Trudeau, responsável pela angariação de fundos para o Partido Liberal canadiano na campanha eleitoral de 2015, poderá tornar-se uma pedra no sapato do primeiro-ministro, eleito após prometer reduzir as desigualdades e promover a justiça fiscal.

Os responsáveis políticos russos desvalorizaram também diversas fugas de informação dos ‘Paradise Papers’ sobre duas empresas públicas, a VTB, o segundo maior banco russo, sujeito a sanções dos Estados Unidos e que terá investido na rede social Twitter, e a Gazprom, a gigante petrolífera russa, que terá financiado indirectamente um veículo de investimento que tem acções da rede social Facebook.

“[Estas fugas de informação tentam] inflamar os ânimos com formulações confusas”, acusou um responsável do Senado russo, Constantin Kosachev, citado pela agência oficial RIA Novosti.

9 Nov 2017

Livro | Publicado segundo volume de “Xi Jinping: a governança da China”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] segunda parte do livro do Presidente chinês, “Xi Jinping: a governança da China”, foi ontem publicada em chinês e inglês, informou a agência oficial Xinhua, depois de o primeiro volume ter vendido 6,42 milhões de cópias.

O livro compila dezenas de fotos do líder chinês, 99 discursos, conversas, instruções e cartas, que “reflectem o desenvolvimento e os princípios do pensamento” de Xi, explica um comunicado da editora da Foreign Languages Press.

A obra descreve ainda as orientações do Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC), com Xi no seu núcleo, “para unir e guiar os chineses na manutenção e desenvolvimento do socialismo com características chinesas numa nova era”, acrescenta a mesma nota.

Durante o XIX Congresso do PCC, que se celebrou em Outubro passado, a teoria de Xi foi incluída na Constituição do partido, o que eleva o estatuto do Presidente chinês ao nível dos líderes históricos comunistas Mao Zedong e Deng Xiaoping.

“Também se espera que o novo volume ajude a comunidade internacional a compreender melhor a trajectória, o conceito e o modelo de desenvolvimento da China”, aponta a editora.

Publicada em Setembro de 2014, a primeira parte do livro vendeu 6,42 milhões de cópias, em mais de 160 países, e foi traduzida para 21 idiomas.

8 Nov 2017