GT Asia | André Couto estreou-se com equipa de Macau

Foto de Chi Wai

André Couto regressou ao Fanatec GT World Challenge Asia by AWS na prova de abertura do maior campeonato de carros GT3 da Ásia, que se disputou no Circuito Internacional de Sepang, na Malásia. Não foi um fim de semana fácil para o piloto português de Macau, mas mesmo assim deixou boas indicações na sua estreia pela equipa Elegante Racing Team.

Sem ambições para lutar pelas primeiras posições da geral, ao volante de um Mercedes-AMG GT3, que partilhou com o dono do carro, o também piloto de Macau, Liu Lic Ka, André Couto esteve concentrado no que podia fazer na nova classe Silver-Am. Na manhã de sábado, Liu Lic Ka qualificou-se na 29.º posição para a primeira corrida, corrida essa que foi disputada em condições atmosféricas muito adversas e, que devido à chuva que se abateu na pista malaia, se iniciou uma hora mais tarde.

Numa corrida que não foi fácil para nenhum dos pilotos, onde metade dos carros arrancou com pneus slicks e a outra metade com pneus de chuva, a dupla da RAEM manteve-se longe das confusões, levando a bom porto a sua missão, obtendo a 20.ª posição da geral num pelotão de 33 carros e sexto entre os concorrentes da nova classe Silver-Am que contou com uma dúzia de participantes.

Traído pelo escape

Para a segunda corrida, no domingo, o Mercedes-AMG GT3 cor-de-laranja alinhou-se na grelha de partida no 21.º lugar. Aproveitando o balanço da partida lançada, Couto saiu que nem uma flecha, galgando posições até à primeira curva. Contudo, este bom arranque acabou por ser inconsequente, porque o escape do carro alemão resolveu não colaborar.

“Logo no arranque, ainda na primeira volta, o escape partiu e fechou de um lado. Perdi potência do motor, o que foi pena que até tinha feito um bom arranque. Depois da primeira e da segunda curva já estava ali junto aos dez primeiros, mas nessa mesma volta o motor deixou de dar toda a potência e fui outra vez passado praticamente por quase todos”, explicou Couto ao HM.

Apesar das dificuldades inerentes e perfeitamente audíveis de ter o escape danificado, Couto ainda conseguiu completar o seu turno de condução. No entanto, a presença de Liu Lic Ka em pista foi curta. Pouco depois de se sentar aos comandos do seu carro, o veterano piloto de carros de Turismo perdeu o controlo do Mercedes-AMG e bateu num dos muros de protecção.

Sentimento positivo

O resultado final do fim de semana não foi certamente aquele que André Couto gostaria, mas o piloto do território estava ciente das dificuldades quando aceitou este convite de última hora e saiu do circuito dos arredores de Kuala Lumpur satisfeito com a evolução da equipa.

“Claramente que o fim de semana poderia ter corrido muito melhor”, afirmou Couto, acrescentando que na segunda corrida “estava com esperanças de fazer muito melhor, mas não deu. Fiz um bom arranque, e depois de estar nos dez primeiros, com muita luta, era possível ficar por ali naquelas posições durante a minha meia hora de condução. Depois o Alex bateu e acabamos por desistir.”

Num pelotão que tem várias equipas apoiadas pelos grandes construtores, a pequena estrutura privada da Elegant Racing Team deu os seus primeiros passos ao mais alto nível das corridas de GT. “Na primeira corrida, o carro não estava assim tão muito bom. Há ainda algumas coisas a fazer, mas foi uma muito boa experiência. A equipa é nova e a malta não tem muita experiência nos GT3. Deu para afinar e também aprender, a ver se para próxima conseguimos fazer melhor e a ver nos entregam um carro ainda mais competitivo”.

A próxima prova do GT World Challenge Asia decorre no fim de semana de 11 e 12 de Maio em Buriram, na Tailândia. Porém, para André Couto, o regresso às pistas até poderá acontecer mais cedo e novamente no antigo palco do Grande Prémio da Malásia de Fórmula 1.

22 Abr 2024

GT3 | Couto regressa ao maior campeonato GT3 da Ásia

André Couto vai regressar em 2024 ao maior campeonato asiático de carros da categoria GT3, o Fanatec GT World Challenge Asia by AWS, após uma chamada de última hora para conduzir o Mercedes-AMG GT3 da equipa Elegant Racing Team, ao lado de outro piloto do território, Alex Liu Lic Ka. A primeira prova é já este fim de semana no Circuito Internacional de Sepang na Malásia.

No final da temporada passada, Couto estava confiante que após uma boa época de regresso ao TCR China ia continuar esta época ao serviço da equipa oficial da Dongfeng Honda. Os resultados do piloto português de Macau tinham sido bons e Couto estava convicto que poderia mesmo lutar pelo título, até porque o objectivo da marca era vencer o TCR China. Contudo, num volte-face inesperado, depois das festividades do Ano Novo Lunar, a Dongfeng Honda decidiu parar com o projecto e Couto viu-se novamente sem volante para a nova temporada.

Enquanto testava novos pneus para a Fórmula 4 no circuito de Sepang, na Malásia, Couto recebeu um convite para testar o Lamborghini Huracan SuperTrofeo EVO2 da Madness Racing Team. Após um teste em que terá impressionado a equipa chinesa, Couto guiou o mesmo carro nas 12 Horas de Sepang, no mês passado, ajudando a equipa a triunfar na categoria GTC na “clássica de resistência” malaia.

Uma nova oportunidade para testar em Sepang, desta vez o Mercedes-AMG GT3 de Alex Lui, transformou-se num regresso aos carros da categoria GT3, algo que Couto já não guiava desde a pré-temporada de 2020 em que era um dos pilotos da JLOC, a equipa oficial da Lamborghini no Japão. Também será um regresso ao GT World Challenge Asia, onde correu parcialmente em 2019 com a equipa chinesa TSRT.

De treinador a piloto

A ideia inicial, passava por Couto assumir a posição de “driver coach” de Alex Lui durante a temporada, quando surgiu o convite para correr no carro germânico do piloto da RAEM. Depois de dois testes, de dois dias cada, o vencedor do Grande Prémio de Macau de 2000 e ex-campeão da classe GT300 do Super GT está bastante satisfeito por voltar à ribalta.

“Quero divertir-me, voltar a correr num GT3 e fazer o melhor que posso e sei. Já não corro num GT3 há quatro anos e estou muito contente para voltar a estar nesta grelha de partida altamente competitiva. Este é também um reconhecimento de todo o trabalho que fiz no passado”, contou Couto ao HM.

Fazendo parte de uma grelha de partida com trinta e três carros, que conta com as maiores e melhores equipas da região, e vários pilotos de fábrica provenientes da Europa, para defender as cores dos oito construtores de automóveis representados, Couto reconhece que não será fácil lutar pelas posições de destaque estando inserido numa estrutura relativamente pequena e inexperiente a este nível das provas de GT. Contudo, o piloto português de Macau está motivado e sabe que pode contribuir, com sua experiência e rapidez, para evolução do seu companheiro de equipa.

“Tenho a noção que temos um grande desafio pela frente, mas o meu objectivo número um passa por tornar o Alex mais rápido e puxar pela equipa, e acima de tudo quero desfrutar desta oportunidade”, afirmou Couto que vai também somar pontos para a nova categoria Silver-Am, que conta com 12 participantes.

Com as duas qualificações na manhã sábado, a primeira corrida, de 60 minutos e uma paragem nas boxes obrigatória, do campeonato organizado pelo SRO Motorsport Group, está agendada para a tarde de sábado, terminando o fim de semana com uma corrida de igual duração na manhã de domingo.

17 Abr 2024

Fórmula 1 | Planos para circuito em Guangzhou geram expectativas

A notícia foi recebida com alguma surpresa na semana passada: Guangzhou prepara-se para ter o seu próprio circuito de Fórmula 1. Numa altura em que o “Grande Circo” vive uma fase pujante em termos comerciais, o projecto poderá fazer da capital da província de Guangdong o local perfeito para essa segunda corrida de Fórmula 1 no Interior da China

 

Em vésperas do regresso do Grande Prémio da China de Fórmula 1, em Xangai, os responsáveis da cidade de Guangzhou anunciaram a construção de um circuito de Grau 1 da FIA, capaz de acolher corridas da disciplina rainha do automobilismo. Uma vez concluído, o circuito tornar-se-á o segundo circuito de Fórmula 1 na China. O primeiro, em Xangai, foi inaugurado em 2004, pois o Circuito Internacional Zhuhai, o primeiro circuito permanente chinês e idealizado para receber a Fórmula 1, nunca recebeu a homologação máxima da FIA.

A futura pista de Guangzhou – que incluirá um parque desportivo pensado para actividades ligadas aos desportos motorizado – necessita de um investimento de 20 mil milhões de yuan. A proposta foi anunciada no âmbito do recentemente publicado Plano de Projectos de Construção Chave da Província de Guangdong para 2024, que inclui mais de mil e quinhentos projectos provinciais. Não foi divulgada uma data para o início da construção da nova infra-estrutura.

As corridas de F1 só se podem realizar em pistas com o Grau 1 da FIA. Por exemplo, o Circuito da Guia, em Macau, que habitualmente acolhe corridas de Fórmula 3, é desde 2019 uma pista com homologação Grau 2 da FIA. Dentro da lusofonia, e apesar de não receber a Fórmula 1 na actualidade, Portugal ainda tem duas pistas com Grau 1 da FIA – o Autódromo Internacional do Algarve e o Autódromo do Estoril – enquanto que o Brasil conta com o Autódromo José Carlos Pace, em Interlagos, que anualmente acolhe o Grande Prémio.

Do sonho à realidade

Diversas fontes contactadas pelo HM revelam que, por agora, este projecto ainda está numa fase embrionária e que teremos que esperar mais um ou dois anos para perceber se avança e como avançará. A localização projectada será próxima do Aeroporto Internacional Guangzhou Baiyun, o que lhe dará uma vantagem logística, pois trata-se do segundo aeroporto mais movimentado da China.

As autoridades competentes revelaram que, se o plano for concretizado, terá um grande impacto no desenvolvimento da economia local e na indústria do turismo. Neste momento, a província de Guangdong tem dois circuitos permanente, um em Zhuhai, erguido em 1996, e outro na cidade de Zhaoqing, mais conhecido pela sua designação oficial, Circuito Internacional de Guangdong, que foi inaugurado em 2009. Apesar de terem recebido provas internacionais no passado, nenhum destes circuitos é hoje palco de eventos de dimensão internacional.

Hong Kong reagiu

Esta notícia foi bem recebida na região administrativa vizinha, onde a Associação Automóvel de Hong Kong (HKAA) aproveitou para emitir um comunicado sobre o assunto, relembrando que “Hong Kong tem estado muito atrás de Xangai e Guangzhou nesta matéria, mas várias organizações locais de automobilismo, incluindo a HKAA, têm vindo a defender um circuito em Hong Kong há muitos anos e têm trabalhado arduamente para apresentar propostas e planos. Sendo uma das cidades mais importantes da região asiática, Hong Kong preenche plenamente os requisitos para a construção de um circuito de corridas de automóveis de nível internacional em termos de localização geográfica, benefícios económicos, ambiente local e cultura automóvel, entre outros.”

Recorde-se que em 2017, foi levado ao Conselho Legislativo de Hong Kong um estudo para a construção de um circuito na zona do antigo Aeroporto Internacional de Kai Tak. A própria associação revelou que “documentos relevantes foram submetidos à apreciação das autoridades em várias ocasiões, mas, infelizmente, não se registaram grandes progressos e, até à data, ainda não existe um plano específico ou concreto.”

O comunicado termina salientando “que a criação de um circuito de F1 de nível mundial em Hong Kong, não só proporcionará um local ideal para os pilotos locais e internacionais competirem e promoverem a indústria dos desportos motorizados, como também reforçará a economia local e o desenvolvimento do turismo, além de elevar o estatuto internacional de Hong Kong. Simultaneamente, estabelecerá uma ligação com os circuitos de Xangai e Guangzhou, tornando a China no mais importante centro internacional de desportos motorizados na Ásia e reforçando ainda mais a influência da China nos desportos motorizados internacionais.”

12 Abr 2024

Automobilismo | Célio Alves Dias regressa à competição esta temporada

Depois de um ano de interregno, Célio Alves Dias vai regressar este ano ao activo na competição de carros de Turismo organizada pela Associação Geral Automóvel de Macau-China, a Macau Roadsport Challenge. As duas provas agendadas para o Circuito Internacional de Zhuzhou, servem também para apurar os pilotos locais para a 71ª edição do Grande Prémio de Macau

 

O piloto macaense que venceu a Taça de Carros de Turismo de Macau em 2021 esteve afastado do automobilismo local na época passada por motivos pessoais, mas fará este ano a sua estreia na competição que junta em pista os Toyota GR86 (ZN8) e os Subaru BRZ (ZD8). A confirmação chegou-nos através do próprio piloto que avançou para este projecto na véspera do encerramento das inscrições na passada sexta-feira.

Apesar da vasta experiência em provas da especialidade, tendo conduzido várias gerações de carros de Turismo, Célio Alves Dias nunca tripulou os novos bólides que a AAMC introduziu na sua competição em 2023. O piloto do território está expectante para o novo desafio que tem pela frente e aguarda pela oportunidade de testar o seu Toyota do outro lado das Portas do Cerco.

“Estou muito contente por regressar, mas por agora não tenho muito que possa dizer. Ainda não experimentei o carro e o chassis não foi feito pela nossa equipa”, explicou o piloto da Fu Lei Loi Racing Team ao HM, acrescentando que “comprei este carro em segunda mão. Este está ainda em Macau e estou a pedir para o enviar, o mais rapidamente possível, para a China, para tentar afiná-lo.”

Em contagem decrescente

Célio Alves Dias espera ter a oportunidade de testar a sua nova máquina antes do arranque da competição no circuito de Zhuzhou no próximo mês. O trabalho de oficina está já a ser preparado e o objectivo passa “por trocar algumas peças, como as suspensões. Vou também baixar o carro um bocado e tenho que experimentar o carro. Encontrar uma boa afinação para este carro logo de início vai ser importante porque nunca guiei este carro anteriormente”.

Sendo um nome português habitual no Grande Prémio de Macau nas últimas décadas, Célio Alves Dias estreou-se em 2000 e desde aí foi uma presença assídua e sem faltas na prova até 2023. Se este ano conseguir o “carimbo” para a grande prova de final de ano, esta será a sua vigésima quarta participação em provas no Circuito da Guia.

Partindo em desvantagem face aos seus mais directos adversários, por não ter competido no ano passado com estes carros, e por também desconhecer o traçado de Zhuzhou, o piloto da RAEM acredita que mesmo assim é possível qualificar-se para o Grande Prémio do mês de Novembro.

“Espero que sim. Vou tentar o meu melhor”, refere Célio Alves Dias. “Eu sei que muitos deles [adversários] já começaram a preparar-se. O pilotos de Hong Hong já mandaram o carro para este circuito e já estão a testar, mas a malta de Macau ainda não, pois estamos a aguardar o envio dos carros”.

As duas jornadas duplas do Macau Roadsport Challenge planeadas para o traçado localizado na Província de Hunan estão agendadas para os fins-de-semana de 11 a 12 de Maio e de 6 a 7 de Julho. O 71º Grande Prémio de Macau decorrerá de 14 a 17 de Novembro.

9 Abr 2024

AAMC vai apostar na Taça GT – Corrida da Grande Baía

Para além da competição de carros de Turismo, Macau Roadsport Challenge, a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) irá promover este ano a Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT4) com duas provas de qualificação no Interior da China em 2024.

A AAMC não ficou alheia ao crescimento da categoria GT4 na região e aproveitou o empurrão dado pela boa adesão no Grande Prémio de Macau do ano passado para colocar esta sua competição no programa do Macao Touring Car Series (MTCS). Sendo assim, os carros da categoria GT4 vão também participar nas duas jornadas planeadas pela associação do território para o Circuito Internacional de Zhuzhou, sendo que a primeira prova será disputada de 10 a 12 de Maio e a segunda de 5 a 7 de Julho.

Serão quatro corridas de 15 voltas ao circuito da Província de Hunan que servirão de qualificação para o Grande Prémio de Macau em Novembro. Tal como acontecerá na competição de carros de Turismo, segundo o regulamento desportivo da competição de GT4: “A classificação das duas provas e os pontos da série serão enviados à Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau para que esta avalie se os melhores pilotos serão convidados a participar no 71º Grande Prémio de Macau”.

Para manter a competição credível, seguindo o exemplo do que tinha sido adoptado na edição de 2023 do Grande Prémio, a AAMC irá recorrer ao “Balance of Performance” (BoP) da empresa franco-britânica SRO Motorsport para a categoria. Este mecanismo regulamentar que equilibra a performance das diferentes viaturas é usado nos principais campeonatos de GT4, incluindo o europeu da especialidade, o campeonato japonês ou até mesmo no revitalizado Campeonato de Portugal de Velocidade.

De acordo com a lista publicada, a Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT4) vai acolher os BMW M4, os Ginetta G55, os KTM X BOW, os McLaren 570S, os Mercedes-AMG GT4, os Porsche 718 GT4 CS e RS, os Toyota GR Supra e os Lotus Emira. Contudo, é esperado que outros carros não listados mas homologados, como o Audi R8 LMS GT4 ou o Aston Martin Vantage GT4, sejam igualmente aceites. Qualquer piloto com Licença Desportiva Internacional C poderá participar, não existindo restrições à participação apenas a pilotos da região da Grande Baía.

Em crescimento

Só na Taça GT – Corrida da Grande Baía do 70.º Grande Prémio de Macau, dos dezoito concorrentes que se inscreveram com carros da classe GT4, quinze tinham licença desportiva da RAEM. Este tipo de viaturas Grande Turismo “low cost”, que não são tecnicamente demasiado complexas, tem um preço que ronda os 2 milhões de patacas, existindo oferta no mercado em segunda mão por preços ainda mais acessíveis. O menor custo dos carros GT4, em comparação com a categoria FIA GT3, e a sua relativa fácil manutenção têm ajudado à implementação da categoria nesta parte do globo.

“Os pilotos aspirarão sempre a competir na classe superior, mas a GT4 é um importante trampolim para lá chegar. Da mesma forma, e penso que é aqui que estamos a ver mudanças de atitude, também é agora visto como uma classe digna por direito próprio”, disse ao HM, no passado mês de Novembro, Benjamin Franassovici, o responsável pela Ásia da SRO Motorsport Group, a empresa europeia que criou e tem os direitos da categoria GT4 para todo o mundo.

A edição passada da Taça GT – Corrida da Grande Baía foi dominada pelos novos Lotus Emira GT4, com Luo Kailuo e Adam Christodoulou a oferecerem uma “dobradinha” à reputada marca britânica, que hoje pertence ao grupo automóvel chinês Geely, e cujo o CEO se deslocou pela primeira vez ao Circuito da Guia para assistir ao vivo a este triunfo.

25 Mar 2024

Automobilismo | André Couto ganha na Malásia as 12 Horas de Sepang

Dificilmente a temporada desportiva poderia ter começado melhor para André Couto. O piloto do território venceu a classe GTC nas 12 Horas de Sepang, a “clássica” de resistência do continente asiático, que teve lugar no Circuito Internacional de Sepang, na Malásia.

O piloto português aceitou um convite de última hora da Madness Racing Team – inscrita como D1 Racing Team – para conduzir um Lamborghini Super Trofeo EVO2 na prova de resistência malaia, fazendo equipa com os pilotos chineses Hong Shijie, Chen Fang Ping e He Xinyang. Rapidamente, André Couto assumiu a liderança da formação de Hong Kong, ajudando-a a colocar o carro de fabrico italiano no topo da tabela de tempos da categoria GTC durante a sessão de qualificação de sexta-feira.

Pelas 10h00 da manhã de sábado, os dezassete GT3, GTC e TCR, todos eles pertencentes a equipas da região Ásia-Pacifico, fizeram-se ao asfalto muito quente da antiga pista de Fórmula 1 da Malásia para meio dia de ritmo elevado numa das mais duras corridas de resistência de velocidade nesta parte do globo. A liderança na classe só esteve em causa pontualmente no início da corrida, quando na abordagem para a primeira curva André Couto não conseguiu evitar um ligeiro toque num Audi R8 LMS GT3 que travou demasiado cedo.

Recuperada a primeira posição, o Lamborghini Super Trofeo EVO2 nº710 nunca mais foi importunado pela concorrência, com a equipa a ver a bandeira de xadrez com duas voltas de avanço sobre os mais directos adversários e no oitavo lugar da classificação geral.

“É uma excelente sensação dar início à temporada com uma vitória”, disse André Couto no “flash interview” da corrida. “Parabéns aos meus colegas de equipa, especialmente os que estavam a fazer a sua primeira corrida de sempre (n.d.r: Chen e He) e terminaram no pódio, o que é fantástico. Estamos todos muito felizes e agradecidos à equipa”.

A preparar o futuro

Depois de ter competido pela Dongfeng Honda Racing Team em algumas provas do TCR China na época passada, incluindo no Grande Prémio de Macau, André Couto tem estado ocupado com as suas actividades de “Driver Coach”, mas também de pilotos de testes. O piloto da RAEM tem participado nos testes de desenvolvimento de pneus de uma marca chinesa para uma disciplina de monolugares, onde tem vindo a usar a sua experiência adquirida em mais de uma dezena de anos a trabalhar ao mais alto nível no automobilismo japonês.

Apesar de ainda não ter um programa desportivo confirmado para este ano, André Couto mostra-se confiante que esta corrida lhe possa abrir portas no universo das corridas da Lamborghini. Recorde-se que esta não foi a primeira ligação de André Couto à marca de Sant’Agata Bolognese, tendo o piloto de Macau participado com um Huracán GT3 no campeonato japonês Super GT de 2019, onde foi oitavo classificado da categoria GT300, no Asian Le Mans Series 2019/2020 e competido ainda com um carro igual na Taça do Mundo FIA de GT do Grande Prémio de Macau em 2016.

18 Mar 2024

GP Macau | FIA não mexe no formato da Taça do Mundo

O Conselho Mundial de Automobilismo da Federação Internacional do Automóvel (FIA) confirmou no final da tarde de quarta-feira a continuidade de Macau como o palco de mais uma edição da Taça do Mundo de GT da FIA, a competição de “sprint” mais importante da popular categoria de carros GT3.
Numa comunicação esperada, visto que em 2023 a FIA e a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau assinaram um contrato de três anos, o órgão federativo referiu: “A sétima edição da Taça do Mundo de GT da FIA terá lugar no Circuito da Guia, de 12 a 17 de Novembro, no âmbito do Grande Prémio de Macau de 2024”.
Com a presença de várias equipas e pilotos de fábrica, a edição passada da Taça do Mundo foi ganha pelo italiano Rafaelle Marciello em Mercedes-AMG GT3. O sucesso da prova fez com que a FIA apostasse nos mesmos moldes para este ano. Os regulamentos desportivos e técnicos da competição também foram aprovados, e o formato mantém-se inalterado, com duas sessões de treinos de 30 minutos seguidas de uma única qualificação com a mesma duração.
A entrega deste prestigiado troféu “será realizada em duas corridas, com uma corrida de qualificação de 12 voltas seguida de uma corrida principal de 16 voltas para decidir o título”. Diz também o comunicado que pelo segundo ano consecutivo, “a Taça do Mundo de GT da FIA irá utilizar combustível sustentável fornecido pela ETS Racing Fuels”.
O Conselho Mundial também confirmou a Corrida da Guia como a prova de encerramento do campeonato FIA TCR World Tour. Por outro lado, não houve qualquer menção à prova de Fórmula 3 no comunicado difundido pela FIA à imprensa.

3 Mar 2024

Reino Unido | Macau em destaque na imprensa britânica

Na semana passada, Macau foi notícia no desporto motorizado do Reino Unido, tanto nos automóveis, como nas motos. Curiosamente, este destaque não está relacionado com o Grande Prémio, mas sim com a equipa de motociclismo FHO Racing e o piloto Kevin Tse

 

O nome da FHO Racing, propriedade de Faye Ho, saltou novamente para os jornais, após a empresária de Macau anunciar que a sua equipa não irá competir na North West 200, umas das corridas “clássicas” de estrada do motociclismo mundial. A proprietária e chefe de equipa afirmou que, após discussão com os seus pilotos Peter Hickman e Josh Brookes, a FHO Racing não estará presente “simplesmente devido à logística e ao facto de o evento ser entre provas do BSB (Campeonato Britânico de Superbike), e depois directamente para a TT”.

Para além da Ilha de Man TT deste ano, que terá início a 27 de Maio, as provas do BSB em Oulton Park e Donington Park também terão lugar no mesmo mês da North West 200, na Irlanda do Norte. Além disso, a responsável da equipa acrescenta que a decisão “permite que a equipa se concentre totalmente nos seus compromissos no Campeonato Britânico de Superbike, bem como na Ilha de Man TT”.

“No ano passado, como equipa, não nos sentimos 100% prontos quando fomos para o TT e isso é algo que nenhum de nós quer”, explicou a neta de Stanley Ho. “Claro que existe a situação do ano passado no evento, que foi tida em conta na nossa decisão, mas, em última análise, a principal razão deve-se simplesmente ao facto de o calendário estar com provas muito próximas entre si.”

Perante esta má notícia, os organizadores do North West 200 afirmam estar “desapontados” com a ausência da equipa FHO Racing, mas desejaram à equipa da empresária da RAEM “uma época de 2024 com segurança e bem-sucedida”. O vencedor da última edição do Grande Prémio de Motos de Macau, Peter Hickman, optou, no entanto, por estar presente na North West 200 deste ano, mas apenas com as suas próprias motos, assistidas pela PHR Performance, uma decisão que teve o aval da FHO Racing, com quem tem contrato.

 

Tse de Mercedes GT3

Entretanto, Kevin Tse Wing Kin foi o primeiro piloto de Macau a confirmar uma temporada além-fronteiras para 2024, ao anunciar que irá tripular um Mercedes-AMG GT3 com o alemão Maximilian Goetz pela equipa 2 Seas Motorsport, no Campeonato Britânico de GT.

Tse, que correu com um McLaren 720S da Sky Tempesta no Campeonato Britânico de GT de 2023 e terminou em segundo lugar na classificação da Silver-Am na época passada, mudou de ares este ano. Contudo, o piloto residente em Hong Kong e com licença de Macau também não é estranho às máquinas Mercedes-AMG, pois pilotou um carro igual para a equipa Sky Tempesta – que era supervisionada pela 2 Seas Motorsport na época passada – em dois eventos em 2022 e na prova de 2021 de Outon Park que venceu pela equipa RAM Racing.

“Depois de uma temporada completa na classe a GT3 Silver-Am, estou extremamente entusiasmado por me graduar para a classe Pro-Am no Campeonato Britânico de GT em 2024”, disse Tse. “A 2 Seas provou ser extremamente bem-sucedida ao longo dos anos, e a cereja no topo do bolo para mim é conduzir com o Maximilian. O campeão do DTM de 2021 não precisa de apresentações e, com ele a guiar-me ao longo do ano, estou ansioso por melhorar as minhas capacidades de condução. Está tudo a preparar-se para ser uma época fantástica!”

O novo copiloto de Tse tem um currículo formidável. Goetz está ao serviço da Mercedes-AMG há mais de uma década, tendo vencido as 24 Horas de Spa em 2013, antes de conquistar, no ano seguinte, o que agora é a coroa da Fanatec GT Europe Sprint Cup. O seu maior sucesso até à data chegou em 2021, quando Goetz, um dos habituais pilotos da Mercedes-AMG na Taça do Mundo de GT da FIA em Macau, conquistou o título do DTM durante uma dramática corrida final, tendo também vencido corridas no Fanatec GT Asia, no Intercontinental GT Challenge e no ADAC GT Masters.

27 Fev 2024

TCR World Tour muda calendário, mas não toca no GP

A principal competição de carros de Turismo na pirâmide da Federação Internacional do Automóvel (FIA) irá novamente passar por Macau este ano, no mês de Novembro, para a sua finalíssima, apesar das alterações forçadas a que o calendário do FIA TCR World Tour será sujeito

 

As provas australianas do FIA TCR World Tour, que estavam previstas para Sydney e Bathurst, em 2024 foram canceladas, tendo o WSC Group, a entidade promotora da competição para carros TCR, informado o Australian Racing Group, o promotor dos eventos e do TCR Australia, que “não está em condições de correr na Austrália em 2024”.

As causas para o cancelamento das duas provas da Oceania estão no enorme desafio e nos atrasos na logística internacional, e a escala de tempo apertada entre os eventos planeados na Austrália e em Macau – com os três eventos realizados no espaço de apenas 16 dias, todos em Novembro.

O TCR World Tour realizou eventos na Austrália e em Macau no final de 2023, dentro de um calendário igualmente apertado, mas este ano o WSC Group de Marcello Lotti não quis arriscar. A incerteza e o aumento do custo do transporte marítimo internacional que faz a travessia pelo Mar Vermelho pelo Iémen, com vários navios a serem atacados pelos rebeldes Houthi nos últimos meses, foi o motivo para esta drástica medida. Entre cancelar as duas corridas em solo australiano ou o evento icónico da RAEM, a opção recaiu pelas duas concorridas provas da Austrália.

 

O peso chinês

Marcello Lotti, o Presidente da WSC e o autor do conceito TCR, explicou a razão para estas alterações imprevistas. “Na sequência do encerramento do Canal do Suez, em consequência da actual crise do Mar Vermelho, e do seu subsequente impacto na indústria naval e dos grandes atrasos daí resultantes, o WSC Group, o promotor do Kumho FIA TCR World Tour, não teve outra alternativa senão reavaliar o calendário desta época”, afirmou o empresário italiano.

“O plano original era enviar o equipamento do Uruguai, após a quinta prova realizada em El Pinar (Uruguai), de 2 a 4 de Agosto, directamente para a China para o evento subsequente agendado em Zhuzhou de 20 a 22 de Setembro”, acrescentou Lotti. “No entanto, os atrasos no transporte impossibilitam que a carga seja entregue a tempo, deixando em dúvida a prova chinesa do campeonato, bem como as duas rondas seguintes na Austrália.”

O crescimento da categoria TCR na Ásia, nomeadamente na China, e o facto de a Corrida da Guia ser uma das provas mais mediáticas do calendário, com uma exposição internacional fortíssima, obrigou o WSC Group a ter que optar pela manutenção das provas em território chinês e preterir a ida à Austrália.

“Na sequência de consultas com as principais partes interessadas do campeonato e com as equipas participantes, foi tomada a difícil decisão de retirar as duas provas australianas (7ª ronda no Sydney Motorsport Park e a 8ª ronda no Mount Panorama Circuit) do calendário do Kumho FIA TCR World Tour deste ano, com a intenção de as reintegrar no calendário em 2025”, concluiu Lotti.

O calendário do FIA TCR World Tour actualizado será submetido à aprovação do Conselho Mundial do Automobilismo da FIA na próxima reunião que terá lugar a 28 de Fevereiro. O 71º Grande Prémio de Macau disputa-se de 14 a 17 de Novembro.

22 Fev 2024

Faleceu a primeira senhora a correr de moto na Guia

O motociclismo português está de luto. Faleceu aos 57 anos, vítima de doença, Fernanda Ramos, a primeira senhora a correr de moto no Circuito da Guia, em Macau

Em 2022, Nadieh Schoots foi a primeira senhora a participar no Grande Prémio de Motos de Macau, mas a verdade é que a holandesa não foi a primeira senhora a participar em corridas de motos no Circuito da Guia. Em 1997, com muito menos impacto mediático, Fernanda Ramos escreveu história no maior evento desportivo de carácter anual do território, ao alinhar na Corrida Super Challenge, para Superbikes, terminando num honroso 12.º lugar.

A piloto natural de Vila Real e residente em Lisboa, que anos antes se tinha estreado no Troféu Honda CBR nas pistas portuguesas, teve nas sinuosas ruas de Macau o seu baptismo de fogo nos palcos internacionais. Não se intimidando com o cenário temeroso do Circuito da Guia, Fernanda Ramos esperava, no entanto, ainda fazer melhor resultado na corrida, tendo em conta a evolução que revelou dos treinos para a corrida de dez voltas.

A transmontana disputou a Corrida Super Challenge, que na altura estava apenas aberta aos pilotos portugueses e pilotos provenientes de países asiáticos, com uma Ducati 916 SP, uma moto que nunca tinha tripulado até aquele fim de semana de Novembro e muito mais potente que as 600cc com que competia em Portugal na altura.

“Gostei muito do circuito, mas o facto de não estar habituada à moto e de não conhecer a pista nunca me permitiu andar realmente depressa”, disse ao jornal português AutoSport, no final da corrida. Porém, a piloto e instrutora de condução estava naturalmente satisfeita com o facto de entre a qualificação e a corrida ter melhorado a sua volta mais rápida em oito expressivos segundos.

Ao jornal South China Morning Post, em jeito de gozo, a portuguesa foi muito mais assertiva: “Desta vez estava a correr com a cabeça. Da próxima vez, vou correr com os meus tomates – isso se os tiver.”

Citada na primeira pessoa, esta semana, pelo portal português especializado andardemoto.pt, Fernanda Ramos contava: “Nasci numa pequena cidade do norte de Portugal, Vila Real, considerada o equivalente português da Ilha de Man devido à sua tradição em corridas de rua. 1997 foi o meu ano mais feliz, corri no Grande Prémio de Macau, com uma Ducati 916 SP. Em 44 anos de corridas no Grande Prémio de Macau, fui a única mulher a correr lá (de moto).”

Fernanda Ramos não regressou ao Circuito da Guia, voltaria mais tarde à China, para fotografar, outra das suas paixões, a estreia do MotoGP no país em 2005. Contudo, a sua marca ficará para sempre na história do Grande Prémio de Macau.

8 Fev 2024

Fórmula E | Di Grassi sugere Circuito de Macau para os próximos carros

Lucas Di Grassi, o piloto brasileiro que venceu o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 em 2005, e um dos pilotos com mais provas disputadas no Campeonato do Mundo FIA de Fórmula E, sugere que o Circuito da Guia seria o palco ideal para provar a performance da próxima geração de viaturas eléctricas de competição

 

Numa altura em que o Campeonato do Mundo FIA de Fórmula E já trabalha na quarta geração de monolugares, a chamada Gen4, cuja introdução está prevista para a temporada de 2026/2027, Lucas di Grassi acredita que o desempenho destes carros irá traduzir-se numa maior rapidez e performance, o que significa que a competição estreada em 2014 pode finalmente ambicionar correr nos grandes palcos do automobilismo, em vez de circuitos citadinos improvisados e com pouco carisma. O piloto paulista sugere o exigente Circuito da Guia como a bitola para a próxima geração de monolugares propulsionados a electricidade.

“Em termos de desempenho, eu teria exigido que o Gen4 pudesse correr em todo o Circuito da Guia de Macau e que, pelo menos numa volta de qualificação, fosse mais rápido do que os carros de Fórmula 3 e GT3. Para mim, isso seria um grande indicador de que seguimos na direção certa”, referiu o ex-piloto de F1 numa crónica escrita na reputada revista inglesa Autosport.

A próxima geração de carros de Fórmula E, a construir pela francesa Spark Racing Technology, terão quatro rodas motrizes e serão capaz de debitar 600kW (cerca de 800cv). A Bridgestone será o fornecedor de pneus, enquanto a Marelli irá ser responsável pelo “powertrain” e a Podium Advanced Technologies pelas baterias.

“A essência da Fórmula E são as corridas em circuitos citadinos”, referiu o actual piloto da ABT Cupra. “O melhor circuito urbano do mundo é Macau, portanto qual o melhor lugar que deveremos ambicionar (um dia correr) tendo o carro mais rápido?”

Sugestão da FIA

Recorde-se que em 2013, Jean Todt, visitou o Grande Prémio de Macau no sexagésimo aniversário do evento, e o então presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA) disse à imprensa que faria todo o sentido que o campeonato de carros eléctricos, que na altura estava a dar os seus primeiros passos, tivesse um dia um evento na RAEM. Terão existido até contactos para que o campeonato realizasse um evento no território, mas a resposta de Macau terá sido “vamos esperar para ver”, pois a competição precisava de tempo para amadurecer.

Com o Circuito da Guia a ser incompatível com as necessidades dos monolugares eléctricos da altura e com o território sem grande vontade em realizar corridas numa outra localização, a vizinha Hong Kong acabou por avançar com a sua etapa da Fórmula E – em 2016, 2017 e 2019 – acabando por a perder em 2019 com a pandemia.

Regresso ao Interior da China

O Campeonato do Mundo FIA de Fórmula E regressa ao Interior da China este ano, um país que serviu de palco para estreia do campeonato em 2014. Depois de passagens por Pequim, pela ilha de Sanya e pela Região Administrativa Especial de Hong Kong, a competição de monolugares eléctricos vai finalmente cumprir o sonho de competir em Xangai. Após estudadas várias alternativas, a organização do campeonato decidiu que o ideal era mesmo utilizar o Circuito Internacional de Xangai. Os carros da Fórmula E não vão usar o circuito do Grande Prémio da China de Fórmula 1, mas sim um traçado alternativo e mais curto, muito mais adequado às performances destes carros que necessitam de vários pontos de travagem para regenerarem energia.

25 Jan 2024

Automobilismo | Rui Valente já delineou a temporada 2024

Se há um piloto de Macau que começa cedo a preparar a sua temporada desportiva, esse piloto é Rui Valente. O veterano piloto português teve uma participação no 70.º Grande Prémio de Macau quase para esquecer, mas isso não o desmotivou, bem pelo contrário

 

Rui Valente está decidido a regressar em força em 2024, colocando a fasquia alta: “Gostaria de vencer, tanto o campeonato, como no Grande Prémio de Macau”, explicou ao HM. E o plano para lá chegar já está delineado: “vou continuar a correr no Subaru e fazer algumas provas no Mini, aquelas de uma hora do GIC (Circuito Internacional de Guangdong), para manter a forma. Lá para Fevereiro começamos a rodar outra vez”.

Depois de ter dado boas indicações nas corridas de qualificação, em Zhaoqing, a estreia de Rui Valente no Circuito da Guia com o novo Subaru BRZ não foi brilhante. O piloto do território já não conduzia um carro com tracção à frente desde o BMW M3 em 1995, mas partia para as corridas do Desafio do 70.º Grande Prémio de Macau altamente motivado e a acreditar que um lugar no pódio era plausível. Contudo, nem tudo correu de acordo com as expectativas iniciais, e depois de ter corrido atrás do prejuízo nos treinos, um toque na corrida, na travagem para a Curva Lisboa, ditou o fim das possibilidades de obter um bom resultado.

“Tínhamos as afinações totalmente erradas para Macau, que fomos alterando ao longo do fim de semana para melhorar, depois de uma qualificação desastrosa. Infelizmente, um toque de um adversário estragou a possibilidade de conseguir um bom resultado na corrida”, recorda o piloto inscrito pela Premium Racing Team, que é uma uma presença habitual nas corridas do Grande Prémio desde 1988, ano em que se estreou na prova com um pódio, na então Corrida de Iniciados.

À espera do calendário

A Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) ainda não publicou o calendário de provas para a temporada de 2024, mas os concorrentes esperam que este seja preenchido por duas ou três provas. Para além do GIC, em Zhaoqing, em cima da mesa está novamente a possibilidade dos Toyota GR86 e Subaru BRZ rumarem até à Província de Hunan, para uma prova no Circuito Internacional de Zhuzhou.

A incerteza do calendário não preocupa Rui Valente, que reconhece que não sabe se o calendário “vai ser igual ou se irão alterar alguma coisa, mas suponho que iremos saber brevemente. Diz-se que teremos duas provas em Maio e depois em Julho. Eu pessoalmente já renovei a minha licença desportiva para 2024.”

Menos vagas para o GP

O programa da 71ª edição do Grande Prémio de Macau ainda não foi apresentado, mas uma coisa é certa, haverá menos vagas para os pilotos das corridas locais, muito devido ao facto do evento regressar ao formato de um fim de semana só este ano. Em 2023, os pilotos da competição bi-marca local puderam correr no Circuito da Guia na Corrida Macau Roadsport Challenge, no primeiro fim de semana, e no Desafio do 70.º Grande Prémio de Macau, no segundo fim de semana. Este ano, é previsível que só se realize uma corrida com os apurados das provas a realizar antes do Grande Prémio, o que aumentará a importância e a dificuldade destas corridas para os pilotos locais. O maior cartaz desportivo de caracter anual da RAEM está agendado para os dias 14, 15, 16 e 17 de Novembro.

18 Jan 2024

Automobilismo | Primeiro residente de Macau a vencer um troféu em Portugal

Apesar dos laços existentes entre Macau e Portugal no automobilismo, são raros os casos de pilotos de Macau a competirem em provas portuguesas e vice-versa. Contudo, em 2023, assistimos ao primeiro título num troféu monomarca português, e de cariz ibérico, por parte de um residente do território

 

Na pretérita temporada, Bruno Knudsen venceu o troféu Super Seven by Toyo Tires, a competição monomarca de maior longevidade em Portugal, na categoria “420R Gentleman”. Aos comandos do seu Caterham, modelo Super Seven, com motor Ford, Knudsen levou a melhor sobre a aguerrida concorrência ao longo da temporada de seis provas que compuseram o calendário da época passada, três delas realizadas em pistas espanholas.

“De facto não foi uma tarefa fácil” obter este título, reconheceu o piloto ao HM, pois este é um troféu “muito competitivo, um dos mais competitivos a nível europeu”, com algumas provas a serem disputadas em conjunto com o congénere troféu britânico.

Com a temporada de 2024 aí à porta, Knudsen já decidiu que vai continuar na Super Seven by Toyo Tires, mas numa categoria diferente. “Vamos entrar na categoria Pro, a categoria máxima, onde esperamos fazer bons resultados. Isto, embora saiba que tenha muito que evoluir ainda como piloto, mas também com o carro”, explica o piloto de 40 anos, filho de pai norueguês e mãe portuguesa.

Razões da internacionalização

Não é comum um piloto da RAEM correr tão longe de casa. Seria muito mais fácil para o piloto-empresário competir à porta de casa, numa das diversas ofertas que existem na região, mas esta opção tem um explicação e motivo.

“Na verdade, trata-se de um campeonato ibérico – metade das corridas são em Portugal e a outra metade em Espanha – e evoluiu bastante, tornando-se grande, tanto em número de pilotos como de provas internacionais. Para 2024, apesar de ser uma competição ibérica, um dos fins de semana será disputado em Paul Ricard, em França”, explicou o piloto e CEO da Syntech Fuels, empresa de Macau que nos últimos anos tem apostado nas energias renováveis, incluindo mais recentemente no hidrogénio verde.

“Para além do elevado nível do campeonato, também quero fazer chegar a publicidade da minha empresa à Europa. Como empresa, queremos ter presença fora de Macau e esta é também uma forma muito boa de criar brand awareness”.

De olho no Grande Prémio

Como qualquer piloto residente de Macau, Knudsen não esconde a vontade de um dia participar no maior evento desportivo do território, o Grande Prémio. “Já pensei muitas vezes em participar, quem sabe se em 2024 não o faça”, afirma o “Gentleman Driver” residente permanente de Macau desde 1993.

Contudo, como nenhuma das corridas do programa do Grande Prémio aceita os Super Seven ibéricos, a participação no evento requereria um investimento suplementar e avultado, “que julgo só ser possível com o apoio de outras empresas de Macau, sejam do sector do jogo ou bancário assim como do Governo. O desporto automóvel é de facto um desporto muito caro que sem apoios para fazer uma prova específica fica bastante caro. De qualquer fora, seria uma forma de mostrar que pilotos de Macau, além de ganharem na Europa, podem ganhar em qualquer palco”.

10 Jan 2024

GPM | Browning prova que a F3 ainda conta no caminho para a F1

Longe vão os tempos em que vencer o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 era um passaporte de entrada directa para a Fórmula 1, até porque hoje os lugares no “Grande Circo” ficam praticamente todos fechados antes do mês de Novembro. Contudo, para Luke Browning, o vencedor da última edição, o triunfo no Circuito da Guia pode não significar a subida directa à Fórmula 1, mas pelo menos significou que poderá continuar a sonhar em lá chegar

 

O piloto de 21 anos venceu o campeonato britânico de Fórmula 4 em 2020 e o campeonato GB3 em 2022, tendo ainda garantido o prestigiado troféu “Autosport BRDC Young Driver of the Year Award”, o que lhe permitiu testar um monolugar de Fórmula 1 da Aston Martin em Outubro passado. Como era natural, em 2023, Browning deu o salto para o Campeonato de Fórmula 3 da FIA e no mês de Abril foi admitido como membro da Williams Driver Academy. Para a sua temporada de estreia na disciplina, o inglês juntou-se à equipa Hitech Pulse Eight, uma das mais fortes do campeonato que o apoiou, visto que sozinho, Browning dificilmente conseguiria os meios financeiros para subir na pirâmide do automobilismo.

Todavia, o que parecia uma combinação perfeita equipa-piloto, acabou por ser uma temporada para esquecer, principalmente a segunda metade, recheada de incidentes. O melhor resultado de Browning na sua época de estreia na Fórmula 3 saldou-se num segundo lugar nas ruas do Mónaco.

A moral da equipa Hitech Pulse Eight para a viagem ao Oriente no mês de Novembro era tão grande que o patrão Oliver Oakes nem sequer viajou com a equipa para a RAEM, deixando na liderança da operação, o chefe de equipa, Paul Bellringer, que já não visitava Macau desde os anos 1980s, e então para trabalhar nas motos, assessorado pelo português Duarte Fidalgo, o mecânico chefe da equipa baseada em Silverstone. Por seu lado, Luke Browning sabia muito bem que se quisesse continuar a fazer parte da academia de pilotos da Williams e recuperar a confiança da equipa tinha que mostrar algo mais no Circuito da Guia. E assim foi.

Apesar de nunca ter corrido anteriormente entre nós, Browning esteve a um nível que nunca tinha demonstrado até aqui na Fórmula 3, conquistando por 0,006 segundos o melhor tempo no cômputo das duas sessões de qualificação, vencendo indiscutivelmente a “Corrida Classificativa” e conquistando a corrida final com a mesma autoridade, mesmo numa corrida que teve vários reinícios e em que teve que defender por diversas vezes a sua primeira posição. No final, o jovem piloto confessou que para este sucesso contribuiu o facto de ter visto e estudado ao detalhe todas as partidas da prova de Fórmula 3 das duas últimas décadas.

O esforço compensa

Após um triunfo tão categórico como inesperado na exigente prova de Macau, Browning não só viu a sua continuidade na Williams Driver Academy garantida, como também assegurou mais uma temporada no Campeonato de Fórmula 3 da FIA este ano ao serviço da equipa Hitech Pulse-Eight.

“Tenho muita fé na equipa que me rodeia, com as coisas que aprendemos ao longo da época do ano passado, acredito que seremos capazes de desenvolver as nossas competências e a capacidade de execução que mostrámos mais recentemente em Macau”, disse Browning, que depois do triunfo no Circuito da Guia dizia aos jornalistas sentir “um bocado surreal” colocar o seu nome ao lado de nomes como Ayrton Senna na lista de vencedores do Grande Prémio.

Sobre o seu futuro, Browing admite que “este Campeonato nunca será fácil, não só pelo nível dos pilotos, mas também pela natureza do campeonato. No entanto, tendo já visitado todas as pistas para onde vamos no próximo ano, acredito que estamos numa excelente posição para marcar pontos em todos os fins-de-semana de corrida. Estou muito grato à Williams Racing e à Hitech Pulse-Eight pelo seu apoio na nova época.”

Este novo contrato permite-lhe sonhar com um regresso a Macau no final do ano para tentar um segundo triunfo na corrida de Fórmula 3 e caso o faça, e depois da imagem que deixou em 2023, certamente ninguém lhe roubará o título de “grande favorito” à vitória.

5 Jan 2024

Grande Prémio | F4 tem os ingredientes para constar no menu

Uma semana após ter revelado um calendário provisório com o Grande Prémio de Macau como uma das provas da temporada 2024, o organizador do Campeonato da China de Fórmula 4, que no próximo ano terá um monolugar da última geração, publicou uma nova versão do calendário já sem o evento do Circuito da Guia. Todavia, esta alteração não significa que os monolugares de Fórmula 4 deixarão de ser vistos no mundialmente famoso circuito citadino de Macau

Esta alteração no calendário do Campeonato da China de Fórmula 4 não foi explicada, mas não é uma situação inédita, pois este ano o Grande Prémio permaneceu no calendário da competição promovida até meados de Outubro. Recorde-se que o Campeonato da China de Fórmula 4 visitou a RAEM de 2020 a 2022, quando a pandemia impediu a realização da prova de Fórmula 3. Contudo, este ano, a Corrida de Fórmula 4 de Macau foi realizada com os monolugares da última geração do revitalizado Campeonato do Sudeste Asiático de Fórmula 4 e não com os carros da competição nacional chinesa.

Com o retorno do Grande Prémio ao seu formato habitual de um fim de semana num cenário pós-pandemia, o regresso da Fórmula 4 ao Circuito da Guia em 2024 é uma incógnita, embora haja um certo consenso sobre a relevância desta corrida no evento do Circuito da Guia.

“Acho que a Corrida de Fórmula 4 proporcionou um bom espetáculo este ano na 70.ª edição do evento. É sempre bom termos mais categorias oficiais da FIA, como é este o caso, em que vemos jovens que aproveitaram a oportunidade para dar o salto do karting para as corridas de monolugares”, explicou Rodolfo Ávila, o chefe de equipa da local Asia Racing Team, ao HM, equipa que no mês de Novembro passado colocou em pista dois jovens estreantes do território, Tiago Rodrigues e Markus Cheong.

Charles Leong Hon Chio, piloto que venceu o Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 em 2020 e 2021, partilha da mesma opinião de Ávila. “Vamos ver se eles quererão incluir uma outra corrida de fórmula no programa do Grande Prémio de Macau daqui em diante. Acho que o deveriam fazer porque beneficia os pilotos juniores. Seria bom dar mais oportunidades aos pilotos mais jovens e ajudá-los a aprender a pista única de Macau”, salientou o piloto que este ano terminou no pódio na corrida de Fórmula 4.

Bom para indústria local

Com a Fórmula 3 actual restrita às dez equipas que participam a tempo inteiro no Campeonato da FIA e com um nível de exigência elevadíssimo para os pilotos, a presença da Fórmula 4 no Grande Prémio poderá ser benéfica para a relativamente pequena indústria do automobilismo local.

“Só pelo facto de ser o Grande Prémio de Macau, esta corrida atrairá sempre os melhores do mundo na categoria, o que permitirá os jovens pilotos locais competirem com os próximos talentos mundiais do automobilismo”, refere Ávila, que acrescenta que “também para o lado das equipas locais e asiáticas, esta é um prova que a voltar a repetir-se ajudará bastante no crescimento das mesmas, pois ao medirmos forças com as equipas internacionais, que também têm os melhores engenheiros e mecânicos, aumentaremos a nossa competitividade.”

Um horário apertado e um paddock limitado não permitem hoje em dia que o programa do Grande Prémio tenha muito mais que seis corridas, no entanto, várias outras disciplinas de monolugares para jovens talentos fizeram parte do evento ao longo das sete décadas do evento.

“Penso que é possível a F4 regressar”, acredita Leong, relembrando que “quando houve uma corrida de Fórmula BMW ou de Fórmula Renault, utilizaram o paddock do parque de estacionamento subterrâneo e funcionou bem”. No mês passado, o piloto da Red Bull Academy, Arvid Lindblad, venceu a Corrida de Fórmula 4 de Macau, enquanto que Tiago Rodrigues, que se sagrou campeão chinês de F4 esta temporada, foi o sexto classificado, e Marcus Cheong foi o 12º.

29 Dez 2023

Kartódromo de Coloane | Sete corridas de karts e motas no fim-de-semana

O Kartódromo de Coloane vai vestir-se a preceito para receber este fim-de-semana várias corridas de karting e motociclismo, naquele que será o seu maior evento no pós-pandemia. O “2023 Galaxy Entertainment Group Asia & Greater Bay Area Racing Festival”, organizado pelo Instituto do Desporto e Associação Geral de Automóvel de Macau-China (AAMC), com o patrocínio pelo Galaxy Entertainment Group, terá lugar nos dias 15 a 17 de Dezembro, de sexta-feira a domingo.

O evento, apresentado no início da semana, contará com sete corridas de karting e de motociclos. No que respeita às provas de karting, serão três as classes em pista: ROK GP Junior, KZ e X30 Senior 125. Para pilotos com idades entre os 11 e os 16 anos, a classe ROK GP Junior reunirá nove pilotos, todos eles de Macau. A contrastar, a classe X30 Senior 125, que como o nome indica é para karts com motorizações até 125cc, juntará no kartódromo da RAEM dezassete pilotos de Macau, Hong Kong, Filipinas, Singapura e Interior da China. Destaque para o regresso às lides do veterano João Afonso, um dos pilotos com mais vitórias e êxitos conquistados no karting do território.

A classe KZ também promete bastante em termos de espectáculo, num duelo entre as duas RAE. As cores do território estarão muito bem defendidas por uma nova geração de pilotos: Tiago Rodrigues, que este ano se sagrou campeão da China de Fórmula 4, Marcus Cheong, que se estreou no Circuito da Guia no mês passado na prova de Fórmula 4, ou Maximiano Manhão, que também já fez a sua estreia nos monolugares. A estes juntam-se pilotos habituais das provas de karting do território, como Lam To, Leong Kin On ou Gonçalo Ferreira.

Também há motos

Durante muitos anos, este fim de semana do mês de Dezembro foi preenchido pelo Grande Prémio Internacional de Kart de Macau, evento que até chegou a acolher uma prova do Campeonato do Mundo de Karting da CIK FIA em 2012. Infelizmente, por todo o continente asiático, a modalidade ainda se encontra a recuperar das fracturas causadas pela pandemia, o que quer dizer que o programa deste fim-de-semana será completo por provas de motociclos, à imagem do que acontece nos fins-de-semana de corridas organizados pela AAMC na infraestrutura localizada na Estrada Seac Pai Van.

Sendo assim, o “2023 Galaxy Entertainment Group Asia & Greater Bay Area Racing Festival” contará com quatro corridas na categoria de motociclos: Mini Bike, 150-190 cc (a 4 tempos), 250 cc (a 4 tempos), e a Taça de Motos da Grande Baía (150 cc). Esta última corrida é aquela que tem mais inscritos à partida, contando com a participação de vinte concorrentes, entre eles o bem conhecido e multifacetado piloto macaense Álvaro Mourato.

Com um formato de três dias, com treinos no dia 15 e corridas nos dias 16 e 17, a entrada no Kartódromo de Coloane durante o fim de semana será gratuita.

15 Dez 2023

Grande Prémio | Corrida de resistência é hoje um cenário improvável

Muitas das provas clássicas do automobilismo mundial são provas de resistência, como as 24 Horas de Le Mans ou as 24 Horas de Spa. O próprio Grande Prémio de Macau nasceu inspirado nas provas de “endurance”, mas hoje realizar uma “maratona” dessa natureza no Circuito da Guia é quase uma missão impossível

 

Quando em 1954 os criadores do primeiro Grande Prémio de Macau avançaram com a sua corrida, esta foi inspirada nas 24 Horas de Le Mans, em França, para carros de Turismo, de Sport ou Especiais. Dada a fragilidade e limitações do parque automóvel da altura, os organizadores decidiram que a duração da prova seria de quatro horas. Com a excepção da “Guia 101” – que oficialmente se chamava “As 101 Voltas da Guia” e foi até hoje a única corrida de realizada no Circuito da Guia fora do contexto do Grande Prémio de Macau – nunca mais se realizou uma corrida desta natureza no circuito urbano mais famoso do Sudeste Asiático.

Nesse remoto ano de 1969, a ideia inicial da Filial de Macau do Automóvel Clube de Portugal era organizar uma corrida de doze horas – as 12 Horas de Macau – mas esta acabou por ter apenas seis horas de duração. Muitos se interrogam sobre as razões de Macau nunca mais ter voltado a organizar uma prova de “endurance” e outros tantos ainda sugerem porque não fazê-la agora.

Stéphane Ratel, o fundador da SRO Motorsports, a empresa co-organizadora da Taça do Mundo de GT da FIA, revelou, em entrevista recente, que foi abordado por um responsável de uma conceituada marca alemã que lhe sugeriu uma corrida de resistência dentro do Grande Prémio, algo que o empresário francês descartou de imediato.

“Seria de facto emocionante, mas talvez também demasiado [para a estrutura do circuito]”, afirmou ao HM, Benjamin Franassovici, braço direito de Stéphane Ratel para a Ásia, e também Director do Campeonato GT World Challenge Asia e Co-Coordenador da Taça do Mundo de GT da FIA do Grande Prémio de Macau. Para o próprio, uma corrida deste género “exigiria que os organizadores fizessem alterações significativas ao evento como um todo.”

Formato perfeito

As provas de resistência em circuitos citadinos praticamente desapareceram. O Circuito Internacional de Vila Real, no norte de Portugal, tentou realizar uma prova de seis horas este ano, mas não o conseguiu por falta de quórum. Para além da dificuldade de cativar interessados e motivar o público para uma corrida tão longa, a FIA é bastante rigorosa no que respeita às normas de segurança nos reabastecimentos.

O responsável pela maior competição regional de Grande Turismo nesta parte do globo, Benjamin Franassovici reconhece que “actualmente, o pitlane [do Circuito da Guia] não é suficientemente grande e seria necessário mais equipamento, como plataformas de combustível.”

Mesmo que os obstáculos estruturais fossem ultrapassados, com a capacidade de organizar grandes eventos que a RAEM já nos habituou, existiria sempre um desafio suplementar que requeria um esforço considerável para ser superado, pois “isto teria um impacto logístico e orçamental que poderia ser prejudicial para os participantes internacionais e locais.”

O próprio Benjamin Franassovici partilha da opinião generalizada de que o formato actual da Taça do Mundo de GT da FIA é a opção mais apropriada: “Pessoalmente, também acredito que o formato de ‘sprint’ é adequado para Macau. Existem inúmeras corridas de resistência para carros de GT em todo o mundo, mas muito poucos eventos de ‘sprint’ com pilotos profissionais. É algo que marca Macau.”

Nos próximos dois anos, a Taça GT Macau vai manter o mesmo formato e acolher a Taça do Mundo de GT da FIA nos moldes que conhecemos. O que virá a seguir é uma incógnita, mas repetir 1954 é altamente improvável.

12 Dez 2023

Promotores do Interior querem regressar ao Grande Prémio em 2024

Menos de duas semanas passaram desde a conclusão do 70.º Grande Prémio de Macau, mas já os promotores dos campeonatos de automobilismo do Interior da China tentam marcar posição para a edição número 71 do maior evento desportivo de carácter anual da RAEM

O Campeonato da China de Fórmula 4 lançou o seu calendário para a temporada de 2024, colocando o Grande Prémio de Macau como a sua prova de encerramento, numa clara e pública demonstração de intenções sobre um eventual regresso à RAEM no próximo ano. Após três visitas consecutivas a Macau, o Campeonato Chinês de Fórmula 4 teve este ano a sua prova de encerramento agendada para o Circuito da Guia. Porém, a Comissão Organizadora do Grande Prémio acabou por optar pelos mais modernos e seguros monolugares Tatuus F4-T421 do revitalizado Campeonato do Sudoeste Asiático de Fórmula 4. Esta “derrota” gerou uma resposta imediata por parte do promotor do campeonato chinês que foi ganho este ano pelo jovem do território, Tiago Rodrigues.

No próximo ano, o Campeonato Chinês de Fórmula 4, irá finalmente introduzir um monolugar de F4 da última geração. O novo Mygale M21-F4 vai substituir o desactualizado Mygale M14-F4, visto a correr no Grande Prémio de 2020 a 2022, que estava em uso desde 2015. O promotor da única competição nacional de monolugares da China apostará num calendário de seis provas, com a primeira a ser disputada no fim de semana do regresso do Grande Prémio da China de Fórmula 1, em Xangai, e a última agendada para o circuito citadino de Macau.

Também o promotor do Campeonato da China de Carros de Turismo/TCR China, já divulgou às equipas o rascunho do calendário da próxima época. O Grande Prémio de Macau é a prova de final de ano, sendo que a competição onde correu André Couto esta temporada poderá optar por colocar a prova do Circuito da Guia como extra-campeonato, ao contrário deste ano, em que serviu de palco para a decisão dos títulos de pilotos e construtores.

Mais ou menos fechado

Com o regresso ao formato de fim de semana único, não se esperam grandes mexidas no programa do 71.º Grande Prémio de Macau. O acordo entre as autoridades competentes de Macau e a Federação Internacional do Automóvel (FIA) contempla a presença da Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA e a Taça do Mundo de GT da FIA no Circuito da Guia até 2025. O TCR World Tour ainda não anunciou o seu calendário para o próximo ano, mas dado o bom relacionamento entre o WSC Group e as entidades desportivas do território, é esperado que a Corrida da Guia volte a ser o palco para a prova de fim de temporada da maior competição internacional de carros de Turismo.

O Grande Prémio de Motos de Macau, um dos elementos diferenciadores do evento, continua de boa saúde e ninguém acredita que o troféu bimarca Toyota GR86-Subaru BRZ, lançado com sucesso este ano pela Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC), não tenha o seu lugar no evento do mês de Novembro. A sexta prova é com certeza a Taça de Carros de Turismo de Macau, que provavelmente regressa como a prova final do Campeonato da China de Turismo/TCR China, ao passo que uma sétima corrida no evento, mesmo num horário já por si apertado, não é teoricamente impossível, tendo tal acontecido pela última vez em 2016. Contudo, para além da Corrida de Fórmula 4, a Taça GT – Corrida da Grande Baía, é outra forte candidata caso essa “slot” seja aproveitada.

1 Dez 2023

Grande Prémio | Electrificação dos Turismo é uma possibilidade no futuro

Numa altura em que as viaturas eléctricas vão invadindo o mercado automóvel, com as marcas a apostar forte neste segmento, o desporto ainda carece de opções. O WSC Group, o detentor dos direitos do conceito TCR, esteve na linha da frente nesta área, embora a ETCR, a versão electrificada do TCR e que chegou a ser uma Taça Europeia da FIA, não tenha alcançado o mesmo sucesso e a competição tenha terminado ao fim do segundo ano.

“Diferentes razões levaram ao término do acordo com o promotor do campeonato, e por isso tornou-se impossível organizar o campeonato em 2023”, explicou Marcello Lotti, o responsável máximo do WSC Group, ao HM. “Estamos a ter reuniões com os construtores e com a FIA para analisar o projecto com o objectivo de reconstruirmos o campeonato de uma forma que seja interessante para todas as partes envolvidas. O objectivo é relançar a competição de carros de Turismo eléctricos em 2025”.

Com a presença oficial da Cupra e da Hyundai, e de uma equipa privada Romeos Ferrari, o modelo desportivo da ETCR nunca convenceu os fãs. Devido às limitações técnicas, que obrigavam a corridas curtas, as provas tinham um formato mais próximo do rallycross do que de corridas de velocidade, com apenas seis carros em pista ao mesmo tempo e mangas com poucas voltas. “O formato foi escolhido pelo promotor e era completamente novo”, assevera Marcello Lotti. “Pessoalmente, não tinha nada contra, e achava-o inovador. Contudo, quando a categoria for recuperada, iremos para um formato mais tradicional”.

Um dos factores que certamente prejudicou a ETCR reside no facto da electrificação no automobilismo não estar a ser recebida com enorme entusiasmo pelos fãs. “Quanto aos fãs, penso que ainda estão ligados às formas clássicas do desporto automóvel, pelo que o primeiro passo é educá-los”, diz o empresário italiano, o mentor do ressurgimento das provas de carros de Turismos no final dos anos 1990s e mais tarde do WTCC. “Vai levar tempo e temos de esperar até que haja mais carros eléctricos na estrada, especialmente carros de alto desempenho, porque, por enquanto, a primeira mensagem transmitida pelos construtores é sobre a autonomia. No momento em que começarem a falar do desempenho dos seus produtos, os adeptos ficarão cientes de que os carros eléctricos têm um enorme potencial desportivo.”

O Circuito da Guia nunca esteve na rota do ETCR, mas de futuro não é de excluir que a Corrida da Guia, a grande clássica das corridas de Turismo no Sudoeste Asiático possa seguir esse caminho, até porque as marcas chinesas apostam forte neste mercado. “Eu acredito que o automobilismo irá ter uma evolução, devido a esta nova tendência que as marcas estão a seguir. Claro, isto também acontecerá na China, onde o mercado automóvel está a puxar bastante em direcção da electrificação.”

Em 70 anos de história, o Circuito da Guia nunca recebeu uma corrida de carros eléctricos, no entanto, em 2018, dois protótipos propulsionados pela XPT, uma subsidiária do construtor automóvel chinês NIO, realizaram voltas de exibição. Estes carros foram mais tarde utilizados no Campeonato de Carros Eléctricos da China que apenas durou uma temporada.

13 Nov 2023

GPM | Pódios para André Couto e Tiago Rodrigues em Zhuzhou

Em contagem decrescente para a 70.ª edição do Grande Prémio de Macau, no pretérito fim de semana, no Circuito Internacional de Zhuzhou, André Couto e Tiago Rodrigues, que defendem as cores da RAEM, subiram ao pódio no Campeonato TCR China e no Campeonato do Sudeste Asiático de Fórmula 4 respectivamente

De regresso aos comandos do Honda Civic Type-R FL5, após ter cedido por razões comerciais o seu volante ao actor Daniel Wu na prova de Xangai, André Couto voltou a mostrar porque é uma mais valia para Dongfeng Honda Racing Team. Depois de se ter qualificado em quinto para a primeira corrida do fim de semana, o piloto do território ficou imobilizado na grelha de partida. Fazendo uma corrida de recuperação, com a pista molhada e a presença do “safety-car” em pista, Couto terminou no quinto posto.

No domingo, com o sol e muito público a marcarem na pista da província de Hunan, Couto encetou outra corrida de recuperação desde o nono lugar da grelha de partida. O piloto português foi o melhor representante da Dongfeng Honda, terminando no segundo lugar, apenas atrás de Ma Qing Hua, o “ponta de lança” da equipa de fábrica da Lynk & Co.

“Na Corrida 1, partindo de segundo, deixei o carro ir a baixo no arranque e caí para 14º, mas consegui regressar à 5ª posição no final da corrida. O ritmo era bom! Na Corrida 2, com a grelha de partida invertida para os dez primeiros, arranquei em 9º e terminei no pódio em 2º. Foi um bom fim de semana para mim, pois foi uma boa preparação para o GP de Macau”, sumariou André Couto nas redes sociais.

Ausente desde 2018 do Grande Prémio de Macau, Couto regressa à prova que lhe é tão querida na Taça de Carros de Turismo de Macau, que será a decisiva última jornada da temporada do TCR China, campeonato que é actualmente liderado pelo irlandês Jack Young, que tripula outro dos Civic Type-R FL5 oficiais.

Liderança no campeonato

O primeiro classificado do campeonato chinês de Fórmula 4, Tiago Rodrigues, esteve em destaque na prova de abertura do revitalizado Campeonato do Sudeste Asiático de Fórmula 4, uma competição que usa a última geração dos monolugares Tatuus da disciplina, ao contrário da competição chinesa, que ainda utiliza os fórmulas da primeira geração. A adaptação ao novo chassis Tatuus e a uma nova equipa, a Asia Racing Team, foi rápida e Rodrigues qualificou-se na segunda linha da grelha de partida para a primeira e terceira corrida do programa.

Na corrida de sábado, Rodrigues teve um mau começo, ficando parado na grelha de partida, mas uma recuperação exemplar levou-o ao terceiro lugar final. Nas duas corridas de domingo, o jovem de 16 anos somou dois segundos lugares, o que lhe permitiu sair de Zhuzhou na frente do campeonato, com um ponto de vantagem sobre Jack Beeton, o australiano que venceu o programa Ferrari Driver Academy Asia Pacific and Oceania Selection em 2022, que fez duas pole-positions e ganhou duas das três corridas.

“Foi um bom fim de semana. A segunda corrida foi bastante caótica e fiz o meu melhor para evitar os incidentes, conduzindo o melhor que pude. Na terceira corrida, fiquei ligeiramente atrás em termos de ritmo do Jack Beeton. Reduzir esta diferença para Macau vai ser um desafio, mas vou dar o meu melhor”, disse Rodrigues na conferência de imprensa, citado no comunicado da sua equipa.

Tiago Rodrigues fará a estreia no Circuito da Guia na Corrida de Fórmula 4 de Macau, uma prova que não conta para o Campeonato do Sudeste Asiático de Fórmula 4, mas que reúne uma grelha de partida com vários pilotos europeus, japoneses e australianos.

31 Out 2023

GPMacau | Poucos pilotos de matriz lusófona na 70.ª edição

Apesar do Grande Prémio de Macau ter um número superior de corridas e de participantes este ano, dado que as celebrações do 70.º aniversário se prolongam em dois fins de semana de corridas, o contingente de pilotos de matriz lusófona no Grande Prémio de Macau é o mais pequeno de sempre desde o início dos anos 1980

 

“São poucos mas bons”, mas são apenas cinco os pilotos de matriz lusófona da RAEM que irão alinhar nas onze corridas do Grande Prémio. A Taça de Carros de Turismo de Macau – China Touring Car Championship conta com a presença de André Couto e Filipe Souza, sendo que este último já afirmou publicamente que esta será a última vez que disputa o evento enquanto piloto, dado que já cumpriu o seu objectivo de vencer a Corrida da Guia.

Ainda nas corridas de Turismo, Jerónimo Badaraco vai alinhar na TCR Asia Challenge, e caso termine nos oito melhores classificados ainda poderá participar no segundo fim de semana na Corrida da Guia Macau – TCR World Tour, ao passo que Rui Valente tem presença confirmada no Desafio do 70.º Aniversário do Grande Prémio de Macau, uma corrida que acolhe os carros do novo troféu bimarca Toyota/Subaru.

Num ano de muitas ausências, e um pouco contra a corrente, o jovem Tiago Rodrigues, o actual líder do Campeonato da China de Fórmula 4, vai estrear-se no evento na Corrida de Fórmula 4 de Macau, a prova principal do primeiro fim de semana do evento.

Ausências várias

De fora ficarão muitas caras conhecidas do desporto motorizado local, principalmente pelas dificuldades em colocar projectos de pé. Junio Pereira, que se tinha estreado em 2021 nestas andanças, já tinha revelado ao HM no início do ano que dificilmente iria competir este ano. Depois de ter subido ao pódio na Corrida Macau Roadsport Challenge em 2022, Sabino Osório Lei confirmou que não conseguiu concretizar os seus planos de correr este ano, enquanto Delfim Medonça Choi também teve a mesma sorte, ele que estava apostado em correr na TCR Asia Challenge.

Por motivos pessoais, Célio Alves Dias estava fora de Macau quando foram disputadas as corridas de qualificação do AAMC, e assim, ficou impossibilitado de alinhar nas provas de qualificação da Corrida Macau Roadsport Challenge. Luciano Lameiras, outro piloto que também subiu ao pódio em Macau, e o veterano Eurico de Jesus, figuras habituais do Grande Prémio, não constam das listas de inscritos publicadas na passada quarta-feira.

Sem um programa desportivo definido para este ano, após a MG ter colocado em pausa o seu projecto no automobilismo, Rodolfo Ávila é outra das ausências notadas em pista na edição deste ano. Porém, o campeão do TCR China em 2021 terá um primeiro fim de semana bastante ocupado como chefe de equipa, visto que terá de liderar a formação de quatro carros da Asia Racing Team na Corrida de Fórmula 4 de Macau.

Nenhum de Portugal

A exemplo dos dois primeiros anos da pandemia, 2020 e 2021, não viajará nenhum piloto de Portugal para participar no evento, nem nos automóveis nem nas motas. Com oito presenças no Grande Prémio de Motos de Macau, incluindo um sétimo lugar na edição do ano passado, André Pires não foi convidado para a edição deste ano, para enorme desgosto do piloto de Vila Pouca de Aguiar. Sheridan Morais, terceiro na prova do ano, também não irá comparecer, o que colocará um ponto final a uma presença ininterrupta de pilotos portugueses na prova de motociclismo de Macau que durava desde 1986.

O HM sabe do interesse de pilotos de Portugal em participar no evento, em provas de automóveis, mas a obrigatoriedade de terem de participar em provas de qualificação no Interior da China e a tardia publicação dos regulamentos das várias corridas terão arrefecido esse interesse.

27 Out 2023

GPM | Filipe Souza desiste da Corrida da Guia para correr no TCR China

Filipe Souza tinha inicialmente planeado participar na Corrida da Guia do 70º Grande Prémio de Macau, mas o vencedor da edição transacta desta corrida mudou de ideias e não irá defender o ceptro conquistado em 2023

 

O único piloto de Macau a vencer a Corrida da Guia abdicou do plano de competir contra os “craques” do TCR World Tour, para tentar voltar subir novamente ao pódio no maior acontecimento desportivo da RAEM e despedir-se do automobilismo enquanto piloto. Para isso, Filipe Souza vai alinhar na corrida pontuável para o competitivo campeonato TCR China.

Questionado pelo HM sobre o volte-face, Filipe Souza explicou que esta mudança de planos se deve à enorme vontade de voltar a subir ao pódio: “Eu quero mesmo ir ao pódio, e isto é porque já decidi que este ano será o meu último ano no Grande Prémio de Macau. E se consegui ir ao pódio este ano, no 70º aniversário do Grande Prémio, ainda será mais fantástico…”

O piloto macaense admite que ao não competir na Corrida da Guia, que servirá de última jornada do TCR Word Tour, está a sacudir “muita pressão”, para além do “elevado custo que é participar nesta corrida”. O experiente piloto de carros de Turismo local reconhece que a diferença entre participar na Corrida da Guia ou na Taça de Carros de Turismo de Macau, corrida onde deverá ser novamente inserido o pelotão do TCR China, é um “valor superior a duzentas mil patacas”.

Pesou também na decisão de Filipe Souza, o facto de “não estarem assim tantos carros na grelha”, pois a corrida só deverá contar com dezasseis pilotos internacionais, aos quais se juntarão, muito provavelmente, uma dezena de pilotos locais provenientes da corrida do TCR Asia Challenge do primeiro fim-de-semana.

Esta troca de corrida não tornará a vida de Filipe Souza muito mais fácil, pois a corrida do TCR China não será muito mais fácil para o piloto do Audi RS 3 LMS TCR. Numa grelha de partida que terá mais de duas dezenas de viaturas, incluem-se uma dezena de carros apoiados por marcas. A Dongfeng Honda, a Link & Co e a Hyundai estão representadas oficialmente este ano na maior competição chinesa de carros de Turismo da actualidade e consigo trazem um naipe de pilotos muito capazes e igualmente conhecedores dos segredos do Circuito da Guia.

Para enfrentar uma forte concorrência, que ficou a conhecer em primeira mão no mês de Setembro, aquando da participação na corrida de Xangai, Filipe Souza vai contar com o apoio técnico da equipa belga Comtoyou Racing, a mesma estrutura que prepara os Audi semi-oficiais de Rob Huff e Frédéric Vervisch.

Parar sem desligar

Já há alguns anos que Filipe Souza considerava poisar o capacete de vez, mas a decisão tinha vindo a ser adiada sucessivamente pelas mais diversas razões. Todavia, depois do feito obtido na Corrida da Guia em 2022, pouco mais haverá para Filipe Souza vencer nas pistas.

“Decidi que chegou a altura, já corri muitos anos. Este ano já é o meu 21º Grande Prémio de Macau”, explicou o piloto do território. “Se este não fosse o 70º aniversário do Grande Prémio, já tinha parado de correr. Consegui vencer no ano passado e assim o meu objectivo no automobilismo, como piloto, já foi alcançado.”

Apesar de colocar um ponto final numa carreira que teve início no ano 2000, Filipe Souza não se quer desligar totalmente do desporto motorizado. “Não só vou ver corridas, mas vou também ajudar os pilotos amadores e os novos pilotos que queiram entrar nas corridas de automóveis”, afirma.

17 Out 2023

Automobilismo | Primeiras corridas em Zhuhai realizaram-se há 30 anos

Há trinta anos, a cidade vizinha de Zhuhai, com o apoio do Hong Kong Automobile Association, avançava para a organização do primeiro grande evento de desporto motorizado de velocidade realizado na República Popular da China. Em Macau, havia muitas reticências e apreensão sobre o que poderia representar este evento, em tudo semelhante ao Grande Prémio de Macau

 

Com a coordenação desportiva a cargo de Phil Taylor, o inglês que então também era o Director de Corrida do Grande Prémio de Macau, e com uma forte presença da associação automóvel da então colónia britânica, a prova de Zhuhai teve logo desde o arranque o “know how” que necessitava para se afirmar além-fronteiras. Contudo, ao contrário do que era temido em alguns sectores em Macau, as autoridades do Interior da China não quiseram copiar o que melhor se fazia no território sob administração portuguesa.

A cidade Zhuhai tinha outras ambições que iam para além deste circuito provisório que durou apenas três edições. A Zona Económica Especial chinesa queria mais do que isso, queria receber a Fórmula 1 no Circuito Internacional de Zhuhai (ZIC). Isto, anos depois de Macau ter fechado a porta ao “Grande Circo” e ter desistido da construção de um autódromo no território.

“Sempre tive o espírito aberto a essas coisas e nunca acreditei que os nossos vizinhos pudessem vir a assombrar o evento de cartaz de Macau”, recorda Carlos Barreto, o primeiro colaborador do Automóvel Clube de Macau (ACM), agora Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC), a receber a Licença Desportiva da Federação Internacional de Motociclismo (FIM) como Director de Prova e Comissário Desportivo, precisamente em 1993.

Outros voos

Com cem mil espectadores espalhados pelos quatro quilómetros deste circuito devidamente asfaltado para receber os 127 carros e motos que compareceram – curiosamente só dois concorrentes eram do Interior da China – o primeiro evento decorreu sem sobressaltos, permitindo que em 1994 e 1995 a prova entrasse para o calendário internacional da FIA, acolhendo o campeonato BPR GT Endurance Series.

“Os organizadores, para garantirem uma assistência em massa, como foi o caso, tiveram de ser criativos. Os bilhetes davam direito a sorteio de prémios como televisões, máquinas de lavar roupa, frigoríficos, ar condicionado e outras coisas”, lembra o piloto Rui Valente, que na altura se deslocou ao outro lado das Portas do Cerco para assistir à prova, onde participou o seu amigo José Mariano da Rosa.

Assim que o ZIC abriu portas, em 1996, as corridas de Zhuhai passaram para a infra-estrutura permanente localizada em Jinding. O sonho da F1 esfumou-se, mas o ZIC ficou a “casa do automobilismo chinês”, tendo durante décadas desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento dos desportos motorizados na República Popular da China. “Sempre pensei que tendo um circuito permanente em Zhuhai poderia ser benéfico para os pilotos e para os comissários desportivos e de pista”, afirma Carlos Barreto.

“Para os pilotos realizarem provas com frequência, coisa que não se podia fazer em Macau (e veio a acontecer), para os comissários desportivos e de pista, o ganhar a experiência em provas a sério, depois da formação, para se sentirem mais à vontade no Grande Prémio. Nem tudo correu bem, realizaram-se provas, mas os comissários de pista raramente tiveram essa possibilidade. Contudo, era cedo para antever o que iria acontecer e havia o receio, na mente de alguns, de eles entrarem por aí e acabarem com o Grande Prémio”.

Macau ficou a ganhar

O desconforto que estas provas causaram no então território português ultramarino era apenas causada por uma visão limitada que ignorava as vantagens desportivas e económicas, como Mário Sin, que presidiu o ACM e ex-membro da Comissão do Grande Prémio de Macau, relembra: “Não existia uma visão global das oportunidades [que iria trazer o circuito em Zhuhai] para os pilotos locais, pois [com o circuito] iriam poder praticar mais vezes e com menores encargos”.

O início das corridas em Zhuhai serviu como trampolim para outros voos para os pilotos do território. “Para provar, basta ver que os pilotos de Macau começaram a obter mais lugares no pódio em todas as categorias, depois de poderem praticar mais vezes antes do Grande Prémio de Macau”, assevera Mário Sin, acrescentando que ”os pilotos de Macau começaram ganhar aos pilotos de Hong Kong, que tinham quase o exclusivo dos lugares de pódio.”

No final de contas, o saldo é hoje visto como muito positivo, pois “o Grande Prémio continua vivo e Macau tem colaboradores que desempenham funções de relevância na FIA e na FIM. O ZIC ganhou o seu espaço, com provas nacionais e internacionais, e continua aberto a ser utilizado por quem lá queira ir sentir a adrenalina da alta velocidade”, conclui Carlos Barreto, que durante muitos anos desempenhou o cargo de Director de Corrida do Grande Prémio de Motos de Macau.

4 Out 2023

Carlos Sainz gostaria de uma corrida com os 20 pilotos da F1 em Macau

O Circuito da Guia deixa uma marca inesquecível em todos os pilotos que um dia têm a possibilidade de participar no Grande Prémio de Macau. Durante o périplo asiático do mundial de Fórmula 1, Carlos Sainz surpreendeu a imprensa ao sugerir que “devíamos todos [os pilotos de F1] correr na Fórmula 3 em Macau”.

Com as exigências do calendário da Fórmula 1 a serem cada vez maiores, com mais obrigações para os pilotos, dentro e fora da pista, Carlos Sainz foi questionado sobre qual a regra que mudaria na Fórmula 1 da actualidade. Em resposta à esta questão, o filho do ex-campeão do mundo de ralis sugeriu que todos os pilotos da disciplina rainha do automobilismo corressem no lendário Circuito da Guia, em Macau, em monolugares de Fórmula 3, uma vez por ano.

“Esta é uma pergunta difícil”, disse Carlos Sainz, citado pelo portal Planet F1. “Tenho a certeza que há uma, mas acho que uma vez por ano, todos nós deveríamos ir a Macau e correr na F3, [ter] 20 pilotos de F1 por lá.”

Depois de ter vencido a corrida da Fórmula BMW Asia, na edição de 2010, Carlos Sainz participou, por duas vezes, na corrida de Fórmula 3 no Grande Prémio de Macau, tendo obtido um sétimo lugar como o seu melhor resultado, na altura defendendo as cores da Red Bull. Apesar de nunca ter subido ao pódio, o piloto madrileno disse que gostaria de ter a oportunidade de ver os actuais vinte pilotos do mundial de Fórmula 1 a acelerarem no traçado único do Circuito da Guia.

Quando questionado sobre o quão próximos os pilotos estariam se corressem num circuito como o de Macau, Carlos Sainz indicou que a singularidade da pista da RAEM poderia levar a uma diferença um pouco maior entre o actual grupo de pilotos, pois se todos tivessem de correr com os mesmos carros numa pista tradicional do calendário da Fórmula 1, o espanhol acredita que não haveria grande diferença entre os 20 pilotos do mundial.

“Acho que em Macau é diferente. Em Macau pode haver mais diferenças [entre os pilotos]”, explicou Carlos Sainz, “[mas numa] pista normal, se formos todos amanhã a Barcelona, por exemplo, e fizermos uma volta de qualificação, em condições normais de piso seco, seis conjuntos de pneus macios e novos como temos sempre? Não creio que haja mais de meio segundo entre nós.”

Ideia que não é nova

Obviamente, por diversos motivos, a ideia de Carlos Sainz não é hoje plausível. Contudo, esta não seria a primeira vez que o Circuito da Guia acolheria numa só corrida, e em carros iguais, grandes nomes do automobilismo.

Pela mão do empresário Teddy Yip, em 1968, realizou-se a “Corrida dos Gigantes”, que reuniu ex-vencedores do mundial de Fórmula 1, das 500 milhas de Indianapolis e das 24 Horas de Le Mans. Ao volante de Ford Escort iguais, nomes sonantes do automobilismo mundial Phil Hill, Mike Stirling Moss, Jack Brabham, Denis Hulme, Jacky Ickx, Bobby Unser, ou o Príncipe Bira do Sião, mediram forças no Circuito da Guia. O belga Jacky Ickx, ex-piloto da Ferrari na F1 e multi-vencedor das 24 Horas de Le Mans, venceu a corrida categoricamente.

Em 1989, o entuasiasta Teddy Yip reeditou a ideia, desta vez usando os Mazda MX5 Miata versão troféu. Agora baptizada como “Corrida de Campeões”, a prova foi ganha pelo britânico Geoff Lees, o vencedor do Grande Prémio de Macau em 1979 e 1980.

Na edição do 60º aniversário, em 2013, a corrida “Scirocco R China Masters Challenge” voltou a trazer-nos à memória as corridas organizadas por Teddy Yip, ao reunir vários nomes grandes do Circuito da Guia numa só grelha de partida. Duncan Huisman, piloto que venceu por quatro vezes na Corrida da Guia, triunfou nesta corrida que usou os Scirocco construídos na Volkswagen Autoeuropa em Portugal.

27 Set 2023