João Santos Filipe Manchete PolíticaLAG 2022 | Wong Sio Chak quer reforçar ensino da segurança nacional junto dos jovens Na apresentação das Linhas de Acção Governativa da Segurança, Ip Sio Kai acusou o Executivo de estar a ficar “para trás” no capítulo da protecção nacional. Si Ka Lon juntou-se à crítica e exigiu que a RAEM siga o exemplo de Hong Kong. Quase todos os deputados pediram o reforço da segurança nacional O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, prometeu reforçar o ensino da Segurança Nacional junto dos estudantes e recebeu elogios de vários deputados, durante a sessão sectorial de apresentação das Linhas de Acção Governativa. Durante a sessão vários deputados defenderam a necessidade de ensinar a segurança nacional aos mais jovens e prepará-los para actuar, caso seja necessário. No discurso inicial, Wong prometeu reforçar “a prevenção e capacidade de resposta aos actos de infiltração, de intervenção e acções de destruição protagonizadas por forças estrangeiras para o Estado e Macau”. Num ambiente que disse ter pressupostos “mais desfavoráveis” tanto a nivel externo como interno para o país, o governante sublinhou a necessidade sensibilizar para a “consciência de risco” e “desenvolver acções de sensibilização e de educação inovadoras e diversificadas sobre a segurança nacional, destinadas aos jovens estudantes”. Por sua vez, Chan Iek Lap quis saber os resultados das campanhas nos últimos anos de promoção da segurança nacional nas escolas e pediu para que fossem identificados os principais desafios. Queremos ser Hong Kong Uma das intervenções mais críticas sobre as políticas de segurança nacional foi Ip Sio Kai, director da sucursal do Banco da China em Macau. “Estamos num contexto sem precedentes e num curso de mudança nunca visto no passado. O tópico da segurança nacional é muito importante e tem uma relação estreita com todos nós”, começou por dizer o deputado eleito pelo sufrágio indirecto. “Vejo que o tópico da segurança nacional ocupa um lugar prioritário nas LAG da sua tutela, mas, a nível da acção policial defendo que deve haver intensificação”, apontou. Apesar de ter defendido que a nível da segurança geral, as polícias de Macau devem fazer mais para não sobrecarregar as autoridades do Interior, Ip Sio Kai considerou que a nível da segurança nacional o caminho deve ser o oposto, com mais cooperação, como acontece em Hong Kong. “Estamos a ficar para trás na protecção da segurança nacional. Tanto assim é que em Hong Kong há um gabinete especializado para estabelecer contactos com as autoridades centrais. Necessitamos de mais cooperação”, alertou. “Devemos fazer o nosso melhor e cumprir o nosso dever, de proteger a segurança nacional”, frisou. Também Si Ka Lon considerou que Macau deve aprender com a Lei de Segurança de Hong Kong, aprovada pela Associação Popular Nacional: “A lei resolveu muitos problemas e devemos aprender com a sua aplicação”, apelou. “Temos de aperfeiçoar a segurança nacional, que é um trabalho que merece elogios do presidente Xi. A lei actual só define sete crimes, por isso, temos de aprender com a lei de Hong Kong e implementar totalmente o princípio ‘Macau governado por patriotas’”, rematou. Agenda de trabalhos Ainda no tema da segurança nacional, Wong comprometeu-se até ao final do próximo ano entregar a proposta de revisão da Lei da Intercepção e Protecção das Comunicações. O mesmo vai acontecer com a Lei de Segurança Nacional, que segundo o Governo foi feita num contexto diferente, quando não havia tantos desafios. “Em 12 anos a conjuntura mudou, há novos desafios e temos de fazer uma revisão da segurança nacional. Vamos avançar no próximo ano”, indicou. “Esta lei da defesa de segurança nacional é especial, não tem normas procedimentais de como actuar, mas vamos introduzi-las”, acrescentou. Wong Sio Chak adiantou que a revisão irá introduzir várias alterações inspiradas nas soluções de Hong Kong, com a “implementação de 16 matérias”, no que disse ser uma expansão das áreas protegidas, face ao passado. “O nosso desenvolvimento não pode ser feito às custas do país. Temos de nos desenvolver dentro do nosso país”, frisou. Em relação aos mais jovens, Wong recusou fazer um balanço e referir os principais desafios de focar a segurança nacional, porque considerou ser um trabalho fundamental e sempre inacabado. “Acho que não se deve fazer uma análise de desempenho porque falamos de um trabalho ininterrupto. É um trabalho feito em família, na sociedade, nas corporações de polícia”, sustentou. “Os nossos jovens são educados para desenvolverem um sentido patriótico, de integridade, e respeito pela nação. Desde criança têm de receber formação para o reforço da consciência e defesa da segurança nacional. A segurança nacional é um dever e uma obrigação de cada um de nós”, reiterou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSuncity | Chau em prisão preventiva, Ho Iat Seng foi avisado antes da detenção Depois de mais de 14 horas de interrogatório, Alvin Chau foi enviado para o Estabelecimento Prisional de Coloane onde está em prisão preventiva. Antes da detenção, Ho Iat Seng foi avisado por Wong Sio Chak. O secretário para a Segurança considera não ser “estranho” a detenção do empresário ter ocorrido no dia seguinte à polícia de Wenzhou ter emitido um mandado de captura Tudo de acordo com a lei. A frase foi repetida ontem por Wong Sio Chak em comentário à detenção do presidente do grupo Suncity, Alvin Chau. Em declarações à margem da apresentação das Linhas de Acção Governativa da sua tutela, o secretário para a Segurança revelou ter avisado o Chefe do Executivo antes de Alvin Chau ser detido. “Agimos sempre de acordo com a lei. Claro que face a crimes comuns não precisamos avisar ou dizer ao Chefe do Executivo. Mas, neste caso específico falámos com o Chefe do Executivo. Claro que não posso divulgar o teor da nossa conversa e não posso comentar mais”, afirmou Wong Sio Chak. Questionado sobre a coincidência temporal entre o mandado de captura da polícia de Wenzhou, província de Zhejiang, e a detenção em Macau (no dia seguinte), o secretário para a Segurança repetiu a fórmula. “Não, não acho estranho. Após uma investigação que durou mais de um ano, a Polícia Judiciária levou o tempo necessário e decidiu fazer a detenção.” Quanto à possibilidade de extraditar ou acusar alguém por crimes praticados no Interior da China, o governante seguiu a linha de argumentação habitual. “Cumprimos a lei em vigor, só executamos a lei. Fizemos a detenção, de acordo com a lei”, afirmou sem responder à possibilidade de entregar o empresário às autoridades chinesas. Entretanto, Alvin Chau está no Estabelecimento Prisional de Coloane em prisão preventiva, decretada ontem pelo Juiz de Instrução Criminal, depois de um interrogatório que se alongou por mais de 14 horas, avançou a TDM – Rádio Macau. Choques na bolsa Após a notícia da detenção, o conselho de administração do grupo Suncity emitiu um comunicado no domingo a afirmar que os negócios iriam continuar. “Queremos enfatizar que as notícias que vieram a público dizem respeito à vida pessoal do Sr. Chau. O conselho de administração entende que este caso não tem impacto material na posição financeira, nos negócios e operações do grupo”. O comunicado acrescentava que os investidores e accionistas iriam ser actualizados em relação a qualquer desenvolvimento. Esse desenvolvimento chegou ontem, com o anúncio de que as empresas do grupo suspenderam as negociações na bolsa de valores de Hong Kong. Entretanto, as acções das operadoras de jogo de Macau reagiram mal ao caso e seguiram uma tendência de queda no mercado bolsista de Hong Kong, com destaque para a desvalorização dos títulos da MGM China em 11 por cento, Wynn Macau caiu 9 por cento, a Galaxy Entertainment Group 8,8% e a Sands China 6 por cento. Sobre a possibilidade de contágio sistémico na principal indústria do território, o consultor de jogo Carlos Lobo afirmou à agência Reuters que “o impacto na indústria do jogo é enorme … Mas (a Suncity) já não é demasiado grande para falhar, o sistema não entrará em colapso”. Porém, alertou para dimensão do grupo na economia local, que representa mais de metade do mercado junket de Macau, “cerca de 50 por cento das receitas de jogo, ou seja, a Suncity é responsável por aproximadamente 25 por cento das receitas do sector”. Trabalhadores da empresa muito preocupados com o futuro Os trabalhadores do Grupo Suncity temem pelos empregos depois da detenção de Alvin Chau e face às perspectivas de colapso da empresa. É esta situação descrita por vários empregados, que pediram para permanecer anónimos, numa reportagem publicada ontem no jornal Ou Mun. Segundo um funcionário, que trabalha numa das salas VIP do grupo, ainda não se sente um forte impacto da detenção, porque as pessoas estão a trabalhar dentro da normalidade. Porém, as conversas reflectem um pessimismo e o receio de despedimentos, numa altura em que o mercado de trabalho é encarado como estando numa situação “muito preocupante” pela falta de oportunidades. À publicação, um outro empregado explicou que o impacto em termos do volume de negócio não tem sido significativo, porque a pandemia já tinha desviado muitos clientes das salas de jogo. Este explicou que há cerca de seis meses houve uma grande reestruturação interna, com a empresa a oferecer a possibilidade de os trabalhadores se demitirem em condições favoráveis ou serem demitidos. Contudo, apesar da proposta de despedimento, a situação agora é vista de uma forma diferente, muito mais preocupante, porque se acredita que o resultado do caso para a imagem do grupo é real e mais difícil de ultrapassar. Arrependimentos Houve também quem se tivesse mostrando arrependido de não ter aceite o programa de despedimentos com condições vantajosas. Foi o caso de um funcionário que explicou que há cerca de seis meses preferiu optar por permanecer com a empresa “nos tempos difíceis”, em vez de se demitir. Segundo este trabalhador, na altura não quis abandonar o grupo quando este estava em baixo e por acreditar que depois da pandemia a situação iria normalizar-se. Agora, teme ter cometido um grande erro: “Se perder o meu emprego, acho que não vou conseguir regressar ao mercado do trabalho tão depressa, o que vai colocar a minha família a uma situação financeira muito complicada. Estou numa situação que me deixa muito stressado”, admitiu. Por outro lado, o Ou Mun adianta que há muitos trabalhadores disponíveis para mudarem de emprego. O problema, consideram, é a crise económica que não lhes deixa alternativas. “As pessoas querem mudar de emprego, só que não há alternativas”, explicou o funcionário. Horas extra Wong Sio Chak ao comentar ontem de forma indirecta a detenção de Alvin Chau afirmou que o caso levou a um acréscimo dos trabalhos para os agentes da Polícia Judiciária. “Nestes últimos dias com aquele caso tão importante, houve muita gente que trabalhou muitas horas”, reconheceu. “Mas, as horas extra que trabalham por semana nunca vão chegar a 80 ou 90 horas”, sublinhou. O tema foi trazido para o debate após José Pereira Coutinho ter pedido um mecanismo mais justo do pagamento das horas extraordinárias para os agentes da polícia.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSuncity | Alvin Chau indiciado por associação criminosa, jogo ilegal e branqueamento Em menos de 48 horas as regras do jogo mudaram para sempre. Alvo de um mandado de captura no Interior desde sexta-feira, Alvin Chau, presidente da Suncity, foi detido em Macau. Caído em desgraça, o magnata arrisca uma pena de prisão pesada A Polícia Judiciária (PJ) anunciou a detenção Alvin Chau Cheok Wa, presidente e proprietário do grupo Suncity, o maior promotor de jogo VIP de Macau. A operação contra a maior operadora junket foi revelada ontem, com poucos pormenores além dos dados sobre os nove arguidos e dois suspeitos. De acordo com a informação apresentada pela PJ, Alvin Chau, de 47 anos, está indiciado pela prática de associação criminosa, onde era o cabecilha, que implica uma pena mínima de 8 anos e máxima de 15 anos de prisão, que ainda pode ser agravada em um terço. Além deste crime, Chau está indicado por exploração ilícita de jogo, que implica uma pena máxima de três anos, sem agravantes, e branqueamento de capitais (pena máxima de três anos de prisão). Porém, a sanção por lavagem de dinheiro pode ser agravada para oito anos de prisão, caso as autoridades considerem que Alvin tirou proveito do crime ou que dissimulou a origem ilícita do dinheiro, para evitar que os envolvidos respondessem criminalmente. A detenção do presidente do Grupo Suncity aconteceu no sábado de manhã, no dia em a polícia fez buscas no escritório da empresa, no NAPE, e na residência do arguido, em Coloane. Além de Chau, foram detidos 10 indivíduos, entre os quais oito são arguidos pelos mesmos crimes e outros dois são apenas “suspeitos”. Os envolvidos fazem parte da estrutura de direcção da empresa. “Após a investigação preliminar, os arguidos confessaram que tinham criado uma plataforma que permitia que pessoas fora de Macau pudesse apostar nos casinos do território, e ainda para outras actividades de jogo electrónico”, afirmou Chong Kam Leong, porta-voz da PJ. “No entanto, os arguidos recusaram cooperar com outras investigações”, acrescentou. Procurado desde sexta-feira A operação em Macau foi para o terreno depois de no dia anterior, na sexta-feira à noite, as autoridades do Interior terem revelado a existência de um mandado de captura para Alvin Chau. Em causa estaria uma investigação iniciada em Junho do ano passado. De acordo com a informação das autoridades de Wenzhou, na província de Zhejiang, o presidente da Suncity era acusado de “ameaçar seriamente a ordem social do país” através da criação de uma associação para “jogo transfronteiriço”, que envolvia clientes do Interior e “quantidades enormes” de capital. Ao empresário de Macau era ainda pedido que se entregasse voluntariamente para receber “um tratamento leniente”. As autoridades do Interior acusavam a organização de Chau de envolver cerca de 199 accionistas e representantes, mais de 12 mil promotores de jogo e ainda uma rede com mais de 80 mil jogadores no Interior. Afinal havia outra Só depois da situação no Interior ter sido tornada pública é que as autoridades de Macau foram para o terreno. No entanto, ontem, a PJ falou numa investigação feita com base nos dados das polícias locais. “A PJ inicia as suas investigações com base nas informações que recolhe… Recolhe sempre diferentes tipos de informações através da cooperação com diferentes jurisdições por todo o mundo, incluindo com o Interior”, respondeu Chong Kam Leong sobre a operação. Sobre possíveis ligações à investigação do Interior, o porta-voz da PJ não respondeu, limitando-se a dizer “que não disponha” dessa informação. Ainda de acordo com a PJ, a investigação que culminou com a detenção teve origem em Agosto de 2019, quando alegadamente a polícia foi informada de que Alvin Chau estaria a liderar uma associação criminosa que operava no Interior. Porém, as movimentações só chegaram mais tarde: “O processo foi instaurado em Abril de 2020. Após uma investigação que demorou um tempo oportuno, e a 27 de Novembro de 2021 [no sábado] foi realizada a operação”, justificou Chong. “A operação resultou na detenção do cabecilha do grupo, assim como em outros 10 membros chave. As buscas foram feitas num edifício comercial no ZAPE e numa habitação na Zona de Coloane”, explicou. Milhões e material electrónico As apreensões da PJ resultaram em 3 milhões de dólares de Hong Kong, em diferentes moedas como patacas, dólares de Hong Kong e libras esterlinas. Ao mesmo tempo, as autoridades dizem ter apreendidos materiais electrónicos que permitiam operar a plataforma de apostas online para residentes do Interior. “Na operação foi feita a apreensão de um grande número de dispositivos electrónicos, como computadores, servidores e outros materiais para criar redes”, foi explicado. Além de Alvin Chau, o caso implica mais 10 pessoas. Entre estas, oito são arguidos e há dois suspeitos, que ontem à tarde ainda não tinham o estatuto de arguidos. Os envolvidos têm idades entre os 30 e 57 anos, sendo que são oito homens e duas mulheres. Filantropia | Um historial de patriotismo e caridade Alvin Chau nasceu em Macau, tem 47 anos e um considerável historial de caridade não só com instituições locais, mas também no Interior, contribuindo na resposta a desastres naturais e campanhas nacionais. No perfil do grupo Suncity, Alvin Chau apresenta-se como um homem “dedicado à nação” e destaca que “o sucesso da pátria” é uma condição fundamental para a estabilidade e prosperidade de Macau. Por isso, em Julho deste ano, durante a exposição de fotografia comemorativa do 100.º aniversário do Partido Comunista da China, Alvin Chau liderou uma comitiva com cerca de 50 pessoas. Em sintonia com o discurso oficial, em Junho, após as cheias que massacraram a província de Henan, o empresário doou 3 milhões de patacas para os trabalhos de reconstrução. Este não é um caso único, quando surgiu a covid-19, a Suncity fez donativos de 30 milhões de patacas para comprar equipamento médico para a província de Hubei. As doações não se ficaram apenas pelo grupo empresarial, Alvin Chau contribuiu, do seu bolso, com 30 milhões de patacas. A caridade foi reconhecida pelo Governo Central, que em Julho de 2020 recebeu o empresário na sede do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM. Yao Jian, vice-director do Gabinete de Ligação na altura, entregou uma placa de agradecimento ao empresário. Ainda no princípio do ano passado, Alvin Chao fez um donativo de 20 milhões de renminbis para a campanha nacional da China Foundation for Disabled Persons, entidade para a qual foi nomeado um dos directores. Em termos das instituições locais, além de contribuir para eventos do Governo da RAEM, a Suncity tem apoiado ao longo do anos a Santa Casa da Misericórdia de Macau, Cáritas, Associação Geral de Macau de Respeito pelos Cidadãos Seniores, Associação de Reabilitação Fu Hong de Macau, Associação de Apoio aos Deficientes Mentais de Macau, União Geral das Associações dos Moradores de Macau, Cruz Vermelhas, Fundo de Beneficência dos Leitores do Jornal Ou Mun, entre outras. Um grupo com um império vasto Fundado em 2007, sob a liderança de Alvin Chau, o Grupo Suncity é actualmente um império que se estende a vários ramos. Além da promoção do jogo em vários locais como Macau, Filipinas, Coreia do Sul ou Austrália, a operadora lançou-se com a construção de um casino em Hoi An, no Vietname, e, mais recentemente, adquiriu o casino Tigre de Cristal, na Rússia, que começou como um investimento de Lawrence Ho. Outra das áreas em que a Suncity investiu foi no entretenimento, muitas vezes em parceria com o Governo da RAEM. O grupo foi o principal organizador do Festival Internacional de Cinema de Macau, em conjunto com os Serviços de Turismo, e foi o principal patrocinador em várias edições do Grande Prémio de Macau, com contratos que superaram os 20 milhões de patacas por edição. O apoio não se repetiu no evento deste ano, que decorreu há duas semanas. Na área do entretenimento musical, a Suncity trouxe a Macau alguns dos maiores nomes da indústria em mandarim, como Jay Chou, que em 2019 esgotou quatro dias de concertos na Cotai Arena, e ainda o veterano Fei Yu-ching. No canto pop Aaron Kwok é um dos principais artistas do grupo. A restauração é outro sector em que o grupo marca uma grande presença. Na península de Macau detém os restaurantes Sky21, no edifício AIA, e ainda Tian Chao, Champion Congee, no NAPE. Em Coloane e Seac Pai Van, é responsável pelas operações dos espaços Hot Pot Master, Bottles, Sun Cafe e ainda Jam & Butter. A Suncity é ainda proprietária de um stand de automóveis virado para o mercado de luxo, denominado Sun International Automobile, que além de vendas assegura a manutenção de viaturas. As consequências da detenção de Alvin Chau no emprego ainda são incertas. Os accionistas e as subsidiarias do grupo tem influência em outras áreas, como a comunicação social. O jornal Exmoo é um dos exemplos de uma empresa cuja sobrevivência está dependente do grupo Suncity.
João Santos Filipe SociedadeChina Media Group e RAEM em parceria para promover o território no mundo O Governo espera que uma parceria com o China Media Group, proprietário do canal CCTV, ajude a divulgar ao mundo os “elementos mais maravilhosos, histórias e cultura de Macau”. O desejo foi deixado por Ho Iat Seng, durante a cerimónia de parceria com o grupo estatal chinês, que serviu também para a estreia do documentário “Sabor de Macau”, que apresenta parte da história gastronómica da RAEM. No discurso da cerimónia, o Chefe do Executivo sublinhou também que no âmbito da construção da Grande Baía, a RAEM tem de criar “uma base de intercâmbio e cooperação que, tendo a cultura chinesa como predominante, promova a coexistência de diversas culturas”. O multiculturalismo com predominância da cultura chinesa foi de resto apontado como “vantagem única de Macau”. Ho Iat Seng garantiu que “Macau é uma cidade turística segura e adequada para viajar” e todos os turistas são convidados a “experimentar o encanto único e multicultural do território”. Contar bem a história Por sua vez, Shen Haixiong, vice-ministro do departamento de publicidade do Comité Central do Partido Comunista da China e presidente do China Media Group, considerou que a parceria vai permitir não só “contar bem a história de Macau na nova era”, mas “divulgar a execução bem-sucedida do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ com características de Macau e apoiar activamente a integração da RAEM na conjuntura do desenvolvimento nacional”. Shen Haixiong explicou também que a parceria entre o Governo da Macau e o China Media Group cumpre o espírito do discurso de Xi Jinping durante as celebrações do 20.º aniversário da RAEM, de concretizar “um maior alargamento das áreas de cooperação com o Governo da RAEM” e ainda o “o enriquecimento da implementação pelos média do princípio de ‘um país, dois sistemas’”. O documentário estreia a 20 de Dezembro, no canal CCTV-9 do China Media Group, com transmissão simultânea no China Media Group Mobile e CCTV.COM. No exterior a transmissão vai ficar a cabo do CGTN.
João Santos Filipe Manchete SociedadeHotel Tesouro | Marcações disponíveis para quem vem da Europa A partir de amanhã os residentes vindos de Portugal vão poder marcar a estadia no Hotel Tesouro para cumprir quarentena. Cerca de 53 mil pessoas já fizeram download da aplicação que permite guardar o percurso As marcações para o Hotel Tesouro ficam disponíveis a partir de amanhã, de acordo com a informação avançada ontem pelos Serviços de Turismo (DST), na conferência de imprensa sobre a evolução da covid-19. Segundo Liz Lam, representante do turismo, as marcações podem ser feitas através de contacto telefónico ou do portal do hotel, mas não foram disponibilizados mais pormenores. “As pessoas que quiserem saber mais sobre as marcações e outros pormenores podem contactar o hotel por email ou telefone”, respondeu Lam, quando questionada sobre os procedimentos. A medida cumpre o anúncio do Governo, feito há duas semanas, que obriga quem chegue a Macau através de Singapura, como acontece com as ligações áreas entre a RAEM e Portugal, a fazer quarentena no Hotel Tesouro. A medida deve entrar em vigor a 1 de Dezembro, obrigando igualmente a testes diários nos primeiros 10 dias do total de 21. App gerou 159 mil códigos Na conferência foi igualmente revelado que entre terça-feira e as 09h de ontem, a nova aplicação dos Serviços de Saúde foi utilizada para gerar 159.255 códigos de saúde. Este número significa que cada um dos 53.079 utilizadores recorreu, em média, três vezes à app para gerar o código de saúde e entrar em diferentes espaços públicos. A nova aplicação dos SSM, lançada recentemente, permite gravar o percurso dos utilizadores, e o Governo tem como objectivo torná-la obrigatória para todos os cidadãos. A médica Leong Iek Hou revelou que até ao momento 8 por cento da população descarregou a aplicação, que ainda está em fase de teste. A coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença apelou ao download do programa para o smartphone, para que as pessoas gravem o seu percurso e sejam alertadas quando tiverem de ser colocadas em quarentena forçada, ou submetidas a testes. O sol nasce para todos A conferência de imprensa serviu ainda para comentar a possibilidade de os atletas chineses medalhados nos Jogos Olímpicos visitarem Macau, vindos de Hong Kong, sem cumprirem quarentena. A coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença explicou que a quarentena é aplicada com base no percurso dos indivíduos nos últimos 21 dias. “Não consideramos se as pessoas são medalhadas ou não. Na nossa decisão vamos considerar onde estiveram nos últimos 21 dias antes de entrarem em Macau. E dependendo do percurso vamos aplicar as medidas de controlo pandémico”, justificou. A circulação entre Macau e Hong Kong pode estar cada vez mais perto de ser concretizada. Segundo o South China Morning Post, os governantes do Interior estiveram ontem na RAEHK para ultimar os detalhes sobre a retoma da circulação. “Se o Interior e HK abrirem as fronteiras, já podemos avançar para a abertura [com Hong Kong]”, admitiu Leong. Contudo, por agora, aguarda-se por fumo branco.
João Santos Filipe Manchete PolíticaImposto de Circulação | Deputados temem que nova lei crie confusão A partir de Janeiro deixa de ser obrigatório afixar nos veículos o selo do imposto de circulação. Os deputados que estão a analisar na especialidade o diploma temem que o tempo para explicar as mudanças à população não seja suficiente As alterações legais que vão abolir a obrigação de afixar nos veículos o dístico do imposto de selo estão a causar preocupações aos deputados da comissão da Assembleia Legislativa que analisa na especialidade o diploma. Falta pouco mais de mês para a entrada em vigor das mudanças e teme-se que o tempo para promover e explicar as alterações à população não seja suficiente. “O objectivo da lei é eliminar a afixação do dístico. O senhor secretário explicou-nos que não vai alterar o dever do pagamento do imposto de circulação. As pessoas têm de pagar entre Janeiro a Março, como nos anos anteriores, mas não precisam de imprimir ou afixar o dístico”, começou por explicar Ella Lei, presidente da comissão. No entanto, o tempo para a entrada em vigor das alterações começa a apertar. Até Janeiro, ainda falta concluir a análise na especialidade, a comissão emitir o seu parecer e a proposta de lei ser votada em plenário. “Hoje é 25 de Novembro, estamos preocupados. O Governo diz que ainda vai fazer alguns ajustes na redacção da lei, que tem poucos artigos, e a proposta tem de ser aprovada antes de 1 de Janeiro do próximo ano”, traçou como cenário. “Estamos preocupados porque falta pouco mais de um mês e não sabemos se o Governo vai ter tempo”, acrescentou a deputada. Tudo nos conformes Contudo, o Executivo, que ontem se fez representar pelo secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, acredita que tem meios para terminar a lei a tempo. “O Governo respondeu-nos que está preparado para responder às dúvidas dos cidadãos [após a entrada em vigor da lei]. Disseram-nos também que vão ter tempo para formar pessoal antes da entrada em vigor das alterações à lei”, revelou Lei, sobre a posição do Executivo. Sem a obrigação de afixar o dístico espera-se uma simplificação dos processos relativos ao imposto de circulação. Contudo, não haverá redução do preço, o que não implica que as mudanças não beneficiem a população. Foi esta opinião da deputada que lidera a comissão. “Se as pessoas não têm de imprimir o dístico, ficam numa situação melhor. Antes, elas podiam fazer o pagamento, mas como não tinham colado o dístico num lugar bem visível do veículo ficavam sujeitas a uma sanção. Agora, o cidadão fica apenas com o dever de pagar o imposto, não tem de afixar o dístico”, justificou Ella Lei. “Os cidadãos ficam a ganhar, o processo torna-se mais conveniente”, acrescentou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJustiça | TUI diz que António Coelho Neves foi despedido sem justa causa Em Abril de 2020 o chef António Coelho foi despedido do restaurante que fundou, por ser acusado de ter faltado vários dias ao trabalho. O cozinheiro contestou a acusação e argumentou que o despedimento foi feito sem justa causa. Os tribunais deram-lhe razão O Tribunal de Última Instância (TUI) considerou que o chef António Neves Coelho foi despedido sem justa causa pelo António Grupo Limitada. A decisão final foi tomada no dia 10 de Novembro, não há mais hipótese de recurso, e revelada pelos tribunais da RAEM. A disputa entre as duas partes surgiu em Abril de 2020, quando, segundo vários relatos da imprensa na altura, António terá sido abordado pelo grupo para baixar o salário várias vezes. Como recusou, acabou por ser despedido, com a alegação de que havia justa causa para o despedimento. Entre as razões para a justa causa, o grupo alegou que António Coelho tinha gozado 118 dias de licença extra não autorizada, além de ter sido acusado de tentar convencer o staff do restaurante a demitir-se em bloco. Na altura do despedimento, António Coelho já não trabalhava como chef, visto que desde 2018 tinha o cargo de Embaixador de Culinária. Ao HM, António mostrou-se satisfeito com a decisão, por sentir que foi feita justiça. Contudo, recusou haver qualquer sentimento de felicidade. “Não se pode dizer que estou contente. O que sinto é que se fez justiça, e quando isso acontece as pessoas ficam satisfeitas”, afirmou. “Era óbvio que não tinha faltado ao trabalho e toda a gente sabe isso. Todos me encontravam no restaurante até altas horas das noite”, acrescentou. O chef destacou também o funcionamento da justiça. “É uma decisão de um caso laboral, mas o que é importante realçar é o funcionamento da justiça em Macau, e, pessoalmente, sinto que funcionou”, sublinhou. Com a decisão, António deverá receber o montante por despedimento sem justa causa, além de outras despesas relacionadas com o processo. Em curso Além deste caso que chegou agora ao fim, António Coelho e o António Grupo Limitada, controlado pela empresa Sniper Capital, estão envolvidos em outras disputas. Segundo a Macau News Agency, num artigo de Abril em 2020, uma das batalhas legais implica a questão dos direitos de autor do restaurante António, que manteve o nome original e o logótipo, apesar da saída do fundador. O logótipo do restaurante ainda hoje tem a assinatura de António Coelho, apesar do chef principal ter passado David Abreu, em Junho de 2020. António Coelho é um dos chefs de comida portuguesa mais conhecidos e bem-sucedidos do território e em 2013 foi distinguido pelo Governo da RAEM, devido ao seu contributo para o desenvolvimento do turismo.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTurismo | Número de visitantes a subir e CCTV elogia Macau Um “ponto iluminado”. É desta forma que um dos principais órgãos estatais chineses elogiou a RAEM e as medidas de controlo da pandemia A RAEM é um “ponto iluminado” para o turismo, devido à segurança e às medidas aplicadas para controlar a pandemia. Os elogios partiram de um artigo publicado na segunda-feira no canal estatal CCTV, citado pela Reuters, sobre o mercado do turismo do Interior este ano. A região de Macau é assim destacada no que diz respeito às previsões sobre o crescimento do turismo por parte dos cidadãos do Interior. De acordo com as estimativas oficiais, apresentadas pela CCTV, até ao final do ano o mercado do turismo do Interior deverá ser de 25,62 milhões de viajantes, o que representa um aumento de 25 por cento face a 2020, quando o número registado foi de 20,34 milhões de viajantes. No entanto, grande parte dos turistas não viajaram para Macau. De acordo com as estatísticas oficiais, entre Janeiro e Setembro, a RAEM foi visitada por 5,24 milhões de pessoas do Interior. O número de 25,62 milhões de viajantes está muito longe dos níveis pré-pandemia, quando o mercado do turismo do Interior representava um valor superior a 100 milhões de turistas e 255 mil milhões de dólares norte-americanos em despesas nos lugares visitados. Macau tem sido um dos destinos mais afectados com a queda do turismo do Interior. No ano de 2019, o último antes da pandemia, a RAEM tinha recebido 27,93 milhões de turistas do Interior. Em 2020, os visitantes foram “apenas” 4,75 milhões. E o futuro? As estatísticas oficiais não apresentam estimativas para o mercado do turismo no próximo ano. No entanto, a mensagem transmitida é que as viagens podem ser facilitadas, dependendo das medidas de controlo da pandemia adoptadas pelos diferentes destinos. Segundo a CCTV, citada pela Reuters, o ritmo da recuperação em 2022 vai “depender de como cada destino lidar com a pandemia”. Com as medidas restritivas de circulação em Macau e o encerramento ao exterior, tal poderá indicar que o mercado vai continuar a crescer. Macau é uma das poucas jurisdições com uma bolha de viagem com o Interior, que dispensa o cumprimento de medidas de quarentena. Estas só são implementadas quando são detectados casos em regiões específicas ou na própria RAEM. O Governo já mostrou vontade de recuperar entradas ao nível das visitas de excursionistas, suspensas desde o início da pandemia. Esta retoma seria um reforço para o turismo local. Contudo, Ho Iat Seng já indicou que a taxa de vacinação entre a população vai ter de subir para 80 por cento. Por outro lado, o esforço pode implicar que a RAEM vai continuar a exigir quarentenas elevadas a destinos considerados de risco elevado, como é classificado todo o mundo, à excepção do Interior, Hong Kong e Taiwan.
João Santos Filipe PolíticaNovo armazém para substâncias perigosas concluído em Setembro A Assembleia Legislativa aprovou ontem na generalidade e por unanimidade o Regime Jurídico do Controlo de Substâncias Perigosas. O diploma visa regular a produção, comercialização, transporte, armazenagem e utilização de substâncias perigosas e surge na sequência das explosões de Tianjin, que em 2015 vitimaram 173 pessoas. Com a apresentação do diploma, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, mencionou os detalhes sobre o futuro armazém permanente de substâncias perigosas, que deve ficar concluído em Setembro de 2022. O edifício vai ser construído no antigo centro de reabilitação de toxicodependentes Desafio Jovem, em Ká-Ho, atrás do estabelecimento prisional. “A exploração das novas instalações pode ser feita por entidades públicas ou privadas. Neste momento, estamos mais inclinados para uma entidade privada, porque, por um lado, o Governo não pode fazer tudo, e por outro, uma entidade privada pode ter mais experiência a lidar com estes materiais”, justificou Wong Sio Chak. Segundo o secretário, as Obras Públicas estão a trabalhar no terreno para abrir uma estrada para o local e a nivelar os acessos. O terreno está envolvido numa acção judicial, ainda em curso, assunto em que Wong Sio Chak não tocou, mas que prometeu não irá afectar a conclusão das obras. O armazenamento vai ser pago pelas empresas, mas o preço ainda não está definido, porque necessita de um “diálogo com o sector”. Numa primeira fase, as sete substâncias mais perigosas vão ser transferidas para um novo local, “em edifícios industriais”. O secretário identificou as substâncias consideradas mais perigosas. A nova lei vai ainda criar um novo “crime de detenção, produção ou utilização de substâncias perigosas proibidas, punida com uma pena de prisão de três anos. Ao mesmo tempo, é criado um novo crime de desobediência, para quem se opuser à fiscalização das autoridades, que pode implicar uma pena de prisão de dois anos.
João Santos Filipe PolíticaAbuso de menores | Wong Kit Cheng quer prisão obrigatória Wong Kit Cheng defende a aplicação de penas de prisão mais pesadas e sempre efectivas para punir crimes de abuso sexual de menores. A sugestão da deputada surgiu no seguimento do acórdão do Tribunal de Segunda Instância que condenou a pena de prisão efectiva de um ano e seis meses um indivíduo por este tipo de crime. Na primeira instância, a pena tinha sido suspensa. De acordo com Wong, a suspensão da pena chocou a comunidade: “Há muitas vozes na sociedade que entendem que a sentença do Tribunal Judicial de Base que suspendeu a execução da pena é demasiado leve. Se se seguisse a sentença inicial, o resultado ficaria muito aquém das expectativas da sociedade”, sustentou. “O Governo deve rever a parte do Código Penal relativa a crimes sexuais, estudar a alteração legislativa para reforçar as penas para o crime de abuso sexual de menores, e prever que, no caso deste crime, não haja suspensão da execução da pena, nem à aplicação de multas, nem sequer à substituição de penas de prisão por multas”, apelou. Em cima da mesa ficou igualmente a criação de um sistema de registo com os nomes dos criminosos: “Desta forma, os empregadores que prestam serviços a menores e a pessoas incapacitadas podem consultar o registo de condenação por crimes sexuais, o que lhes permite tomar a iniciativa de saber se os seus futuros empregados cometeram crimes sexuais e proteger melhor os menores”, sugeriu Wong. A legisladora recordou ainda que em 2020 houve 24 casos de abuso sexual de crianças, “o maior número dos últimos 20 anos”, sublinhou. De acordo com os dados, a ocorrência em 2020 foi superior à média de todos os anos desde 2000, que foi de 9,76 casos por ano.
João Santos Filipe Manchete PolíticaPensões | Deputados querem reforma obrigatória de trabalhadores idosos Os deputados do sector comercial e financeiro querem que o privado tenha um regime de reforma forçada, como na função pública. O objectivo é evitar o despedimento de trabalhadores mais velhos e encarar a reforma como a celebração de uma nova vida Wang Sai Man, Chui Sai Peng, Kou Hoi In e Ip Sio Kai querem que seja estabelecida uma idade de reforma, para que as empresas não tenham de despedir os funcionários. A ideia foi apresentada ontem na Assembleia Legislativa pelo deputado Wang Sai Man. “Face à necessidade de garantir a segurança no trabalho e a renovação dos recursos humanos, os empregadores só podem recorrer ao despedimento sem justa causa para despedir os trabalhadores idosos, afectando a relação laboral harmoniosa entre trabalhadores e empresas”, afirmou. Segundo Wang, estes despedimentos acabam por transformar “a reforma, que devia ser um momento para celebrar uma nova fase da vida, num cenário de usar e deitar fora”. O legislador sugeriu que o sistema de reformas da função pública fosse referência, nomeadamente a obrigatoriedade de passar à aposentação quando atingida uma idade limite. Presidente da AL apoia Durante a sua intervenção, Wang Sai Man mencionou falar em nome de Chui e Ip, no entanto, na conclusão do discurso afirmou tratar-se de um pedido conjunto dos quatro deputados do sector comercial e financeiro, o que implica que a medida tem apoio do presidente da AL, Kou Hoi In. A menção não causou alarido nem qualquer protesto de Kou. “O que falta é definir uma idade para a reforma na Lei das relações de trabalho, e que seja a mesma na função pública e no sector privado”, apelou. “Nós, os quatros deputados do sector comercial e financeiro, apelamos ao Governo para estudar o estabelecimento de um regime que defina bem a idade da reforma, aperfeiçoando a legislação, com vista a consolidar a base em prol de Macau”, acrescentou. Além da questão da relação laboral, os deputados acreditam também que um regime de reforma é benéfico para, o que dizem ser, o início de uma nova fase na vida. “Um regime humanizado com a definição da idade da reforma permite que os seniores usufruam duma vida nova e de liberdade num ambiente mais seguro e adequado”, concluíram. Online | Ma Io Fong quer jornais a transmitir energias “positivas” Ma Io Fong considera que os órgãos de comunicação social online são a principal fonte de informação dos jovens e que, por isso, devem transmitir “energias positivas”. Segundo o deputado apoiado pela Associação das Mulheres, esta responsabilidade é uma forma de consolidar a formação dos mais jovens para se integrarem na Grande Baía e no desenvolvimento social. “Os meios de comunicação online são a fonte de informação com que os jovens mais contactam. Sugiro aos diversos sectores da sociedade e aos órgãos de comunicação social que assumam a sua grande responsabilidade, e que, em conjunto, aumentem e ajudem a reunir energias positivas, com vista a fornecer informações positivas aos jovens, a promover a formação de valores éticos e bons costumes, e a criar, em conjunto, um lar saudável para o crescimento dos jovens”, apelou. Estudo de políticas | Ella Lei arrasou falta de dados Ella Lei criticou o Governo devido à falta de dados sobre desemprego ou habitação na altura de discutir políticas novas, apesar dos muitos estudos encomendados. “Nos últimos dois anos, quando a sociedade pretendeu discutir com o Governo algumas políticas, este ignorou ou rejeitou tal solicitação, com o pretexto de falta de dados”, recordou. “E, muitas vezes, o Governo até pede à sociedade para lhe facultar dados sobre desemprego, procura de emprego, trabalhadores em férias não remuneradas e necessidades e habitação”, indicou. “Os serviços públicos responsáveis pelo estudo das políticas gastam anualmente avultados montantes do erário público para incumbir instituições de efectuar pesquisas e estudos […]. Então, aquando da discussão, porque é que o Governo alega sempre ‘não ter informações’? Isto é totalmente incompreensível!”, apontou. Função Pública | Deputado alerta para trabalho depois do expediente Lei Leong Wong, deputado ligado à comunidade de Fujian, recebeu queixas de funcionários públicos devido a contactos de chefias no horário pós-laboral com pedidos urgentes de trabalho. “Embora o uso de mensagens instantâneas possa aumentar a eficiência de trabalho, aumenta ao mesmo tempo o volume de trabalho dos funcionários, especialmente no período fora do horário de expediente e nos feriados, porque têm de tratar com frequência das ordens de superiores”, relatou Lei. “Como nestas circunstâncias não estão reunidas condições para o cálculo de trabalho extraordinário, caso a situação seja comum e contínua, os direitos e o descanso dos trabalhadores são afectados”, acrescentou. Segundo Lei Leong Wong, muitas mensagens chegam aos funcionários depois das 23h ou 00h e, mesmo para tarefas não urgentes, requerem resposta imediata.
João Santos Filipe Desporto Grande Prémio de MacauPenalização relegou Junio Pereira para o 26.º lugar O macaense Junio Pereira realizou a estreia no Grande Prémio ao participar na corrida de Carros de Turismo de Macau. Apesar de um enorme susto, e de ter entrado em pião no principal acidente do fim-de-semana, Pereira conseguiu atravessar a confusão sem qualquer dano. No final, admitiu ter adorado a adrenalina da competição. “Era um sonho participar no Grande Prémio e depois desta corrida, se tiver a oportunidade, vou regressar”, disse Pereira, ao HM. “Depois dos problemas dos primeiros dias, hoje [ontem] ganhei muitos lugares. Acabou por ser um fim-de-semana muito mais intenso do que estava à espera”, confessou. Na altura das declarações, Pereira ainda não tinha sido penalizado com 30 segundos, por ultrapassar durante o período de Safety Car.
João Santos Filipe Desporto Grande Prémio de MacauRui Valente terminou em 5.º apesar de acidente Rui Valente esteve envolvido num acidente muito violento e, no final, não conseguiu esconder toda a emoção. Numa altura em que atravessa um momento complicado da vida pessoal, devido à morte do pai, o português não conseguiu evitar as lágrimas. “Tinha dito que se ganhasse era o último ano de Grande Prémio de Macau. Não ganhei, apesar de fazer uma grande corrida. Não sou vaidoso no que faço, mas acho que foi uma das minhas melhores prestações em Macau”, disse Rui Valente. “Estava muito empenhado. Muita coisa se passou nos últimos dois meses, com o falecimento do meu pai, e agora com este acidente. Estou muito emocionado, mas não ganhei. Vou voltar”, prometeu.
João Santos Filipe Desporto Grande Prémio de MacauSabino Osório Lei alcançou o segundo lugar da corrida de Carros de Turismo de Macau Para Sabino Osório a corrida acabou por ter um sabor misto. Feliz por ter terminado no pódio, o piloto não deixou de lamentar os violentos acidentes. “Estou feliz com o segundo lugar, porque é a terceira vez que estou a competir nesta pista, que é um lugar muito especial para mim. Adoro esta corrida”, começou por dizer Sabino. “Infelizmente aconteceu este acidente, e só desejo que todos fiquem bem. São acontecimentos que ninguém gosta de ver nas corridas”, acrescentou.
João Santos Filipe Desporto Grande Prémio de MacauCélio Alves Dias venceu a corrida de Carros de Turismo de Macau A corrida de ontem marcou a estreia de Célio Alves Dias a vencer em Macau, depois de várias tentativas e de um ritmo muito forte. “Estou contente com a vitória, mas foi uma corrida muito agridoce. Não estava à espera de ganhar e acabar com o carro todo destruído. Era novo e vai para a sucata. É uma sensação agridoce”, afirmou, no final, ao HM. Apesar da destruição, Célio não afasta a possibilidade de voltar a competir no próximo ano. “Claro que quero voltar para competir. Mesmo sem carro, vou pensar numa solução”, sublinhou.
João Santos Filipe Desporto Grande Prémio de MacauJerónimo Badaraco desistiu na Challenge Cup Badaraco foi o piloto mais rápido na corrida de ontem, ao fazer a melhor volta com uma distância de pelo menos um segundo para todos os outros. Todavia, tal como no sábado, faltou na fiabilidade o que tinha sobrado na velocidade. “Este fim-de-semana não estive acompanhado pela sorte e as coisas não correram muito bem. Na última corrida, e talvez tenha tido culpa no que aconteceu, puxei demasiado e fiquei sem travões, na curva da Melco. Se não fossem os travões acredito que tinha ficado no pódio”, considerou. “O carro estava com um ritmo mesmo muito elevado, mas depois de sair na Melco só parei quando cheguei à passadeira [à frente do Edifício da DSAT]. Os travões também se incendiaram, e como tinha perdido muitas posições, desliguei o carro e decidi parar por ali”, explicou.
João Santos Filipe Desporto Grande Prémio de MacauLuciano Lameiras foi 11.º na Challenge Cup Durante a prova, Luciano Lameiras rodou por várias voltas no terceiro lugar e até esteve na luta pelo segundo. Contudo, problemas com o aquecimento do carro condicionaram o resultado. “No início o carro estava muito bom, com muita velocidade. Só que a meio da prova comecei a ter problemas. No início não eram muito sérios, mas a temperatura do carro começou a aquecer e tive de reduzir o ritmo. Já não podia ir a 100 por cento, só a 90 por cento”, revelou o piloto do Mitsubishi Evo 9. Contudo, pressionado por Delfim Mendonça, de quem até sofreu um toque na traseira, acabou por ver os problemas agravarem-se. “Ao ritmo de ataque era difícil arrefecer o carro, porque estava a ser muito pressionado. Isso fez com que não pudesse gerir a temperatura. E depois os problemas agravaram-se. Fiquei desiludido por não ir ao pódio”, admitiu. “Mas as corridas são assim, tive duelos interessantes e diverti-me bastante”, contou.
João Santos Filipe Desporto Grande Prémio de MacauEurico de Jesus terminou a Challenge Cup no 7.º lugar Eurico de Jesus alcançou o sétimo lugar, numa corrida com muitas desistências. No entanto, a selecção dos pneus para a prova foi uma grande condicionante. “Não posso dizer que este ano o meu desempenho tenha sido tão bom. Não porque não tenha conduzido bem, até acho que não estive mal, mas os pneus eram novos, não tive tempo de pista suficiente e não acertei com as afinações”, explicou. “Tive uma prova muito solitária, porque não tinha andamento para quem estava à minha frente e, para os pilotos de trás, tinha uma vantagem superior a um minuto. Foi uma corrida em que estive focado em terminar e em desfrutar da pista”, acrescentou.
João Santos Filipe Desporto Grande Prémio de MacauDelfim Mendonça foi 2.º na Taça Challenge Delfim subiu pela primeira vez ao pódio no Circuito da Guia e cumpriu um sonho de infância: “Estar no pódio em Macau é um sonho. Vou celebrar muito com a minha família, a namorada e a minha equipa. É um resultado muito especial”, afirmou Delfim, ao HM. “Nunca parei de puxar durante toda a prova e tive muitas lutas intensas até alcançar este resultado”, confessou. Apesar disso, Mendonça acredita que poderia ter alcançado mais: “Este segundo lugar foi um bom resultado, mas gostava de ter alcançado o primeiro. Talvez se a prova tivesse mais voltas eu conseguisse fazer a diferença para o primeiro, ou, pelo menos, dar outra luta”, frisou.
João Santos Filipe Desporto Grande Prémio de MacauVitória de Wong Wan Long na Challenge Cup marcada por duelo macaense O primeiro vencedor do dia de ontem foi Wong Wan Lon, que se impôs a toda a concorrência e com muito à vontade, durante as 12 voltas da corrida Challenge Cup. O piloto já tinha mostrado no sábado que tinha o melhor ritmo, porém, um excelente arranque na prova de ontem permitiu-lhe fugir luta à entre os perseguidores. “Estou muito feliz com a vitória. Parti como líder do pelotão e estava à espera de ser muito atacado. Não foi isso que aconteceu e felizmente encontrei um bom ritmo que me permitiu chegar ao fim e ganhar”, disse Wong, no final da prova. Imune a pressões, o vencedor distanciou-se dos três Mitsubishi de Delfim Mendonça Choi, Luciano Lameiras e Chan Chi Ha, responsáveis por um dos duelos mais interessantes de todo o fim-de-semana. Delfim Mendonça a levou a melhor, com um segundo lugar. O piloto arrancou em terceiro, foi relegado para quarto, mas nunca desistiu. A luta pelo segundo lugar foi a mais intensa e Choi chegou mesmo a bater na traseira de Luciano Lameiras na parte mais lenta do circuito. Na altura do toque, Lameiras já enfrentava problemas de sobreaquecimento, que fizeram com que tivesse de abrandar e perder várias posições, o que jogou a favor de Chan, que assim foi terceiro. Ao longo das 12 voltas, Jerónimo Badaraco foi o piloto mais rápido em pista. No entanto, como já tinha acontecido na prova de sábado, em que desistiu com problemas mecânicos, o carro não aguentou até ao fim. Badaraco perdeu os travões quando já tinha recuperado várias posições e era o mais rápido em pista, e acabou por sair em frente no gancho da curva Melco. No final, assumiu as responsabilidades no incidente, por ter puxado demasiado o carro.
João Santos Filipe Desporto Grande Prémio de MacauCarros de Turismo Corrida marcada por acidentes violentos e pilotos no hospital Célio Alves Dias foi o grande vencedor da prova, mas faltou à cerimónia do pódio, por se encontrar no hospital. Para Rui Valente, a manhã começou com o pior acidente de sempre no Circuito da Guia Célio Alves Dias foi o vencedor da Corrida de Carros de Turismo de Macau, que terminou com dois acidentes que envolveram 19 viaturas. As colisões aconteceram após a saída do safety car, e levaram três pilotos para o hospital, entre os quais o vencedor e Lin Li. A confusão começou à terceira volta, quando Cheong Chi Hou (Peugeot RCZ) parou com uma avaria perto da recta da meta e a viatura teve de ser removida da pista. O procedimento levou à entrada do Safety Car. Com o recomeço da corrida, gerou-se a confusão. A existência de óleo no circuito terá levado a que Cheang Kin Sang (Mini) se despistasse, após a Curva R, e a uma colisão com 16 viaturas. O carro de Cheang ficou numa zona cega e de aceleração, e os outros concorrentes pouco conseguiram fazer para evitar as colisões. Ao HM, Célio Dias afirmou que a existência de óleo pode ter estado na origem do acidente. “Quando passei naquele local do acidente [na altura do recomeço], senti que havia ali óleo porque o carro escorregou bastante”, revelou. Junio Pereira (Ford Fiesta) também esteve envolvido no acidente, entrou em pião, mas evitou danos. “Vi que as bandeiras amarelas já não estavam a ser mostradas e comecei acelerar a fundo, para acompanhar o carro que estava à minha frente. De repente, e sem que esperasse, vi surgiram vários carros batidos, a bloquear a maior parte da pista”, contou Pereira, ao HM. “Só pensei em encontrar um buraco para me desviar da confusão, foi o que fiz, mas perdi a traseira. Felizmente não acertei no muro”, acrescentou. Menos sorte teve Lin Li (Honda Civic) ao embater no carro de Lam Ka Chun (Ford Fiesta) e capotar. A piloto teve de ser transportada de ambulância para o hospital, onde foi diagnosticada com uma fractura da vértebra T11. Lin está numa situação estável. Um mal nunca vem só Além da curva R, também a curva seguinte, a primeira do circuito causou problemas. Célio Dias que liderava, ao mesmo tempo que atrás acontecia a confusão, foi igualmente surpreendido por óleo na pista. O Mini perdeu o controlo e foi atingido por Lui Man Fai (Mini), que sofreu uma fractura lombar. O piloto está numa condição estável. “Eu não sei bem o que se passou. Acho que havia óleo na pista, porque fui cuidadoso na abordagem à curva. No entanto, o carro começou a escorregar na curva, por isso, acho que havia óleo”, relatou Célio Dias. No mesmo local, bateu também Rui Valente (Mini). O piloto travou forte para evitar Célio e Liu, mas acabou por perder o controlo e ter o “acidente mais violento da carreira” em Macau. “Quando entrei na curva, apercebi-me que houve um acidente e puxei o carro para a esquerda. Em vez de virar, entrei em pião, por isso, não sei se fui tocado por trás, ou se havia óleo”, relatou. “O carro ia muito depressa e já só me apercebi que ia bater no rail. Bati muito forte, e tenho o carro todo partido”, acrescentou. A corrida foi imediatamente dada por terminada. Célio Dias foi considerado vencedor, à frente de Sabino Osório Lei e Lui Man Fai. “É a primeira vez que fiquei em primeiro em Macau. Por isso, estou contente com a vitória, mas também fiquei com um carro novo destruído”, afirmou Célio sobre a vitória. O vencedor faltou à cerimónia do pódio, porque foi transportado para o hospital onde esteve três horas a ser observado. No seu lugar do pódio esteve a mulher, Kitty.
João Santos Filipe Desporto Grande Prémio de MacauFórmula 4 Charles Leong conquistou o segundo triunfo no Circuito da Guia O piloto de Macau é o rei das edições do Grande Prémio em tempos de covid-19 ao somar a segunda vitória consecutiva na Fórmula 4. No final, Leong definiu o fim-de-semana como perfeito e mostrou-se satisfeito por ter tido a oportunidade de mostrar o seu “talento” Charles Leong venceu a prova rainha da edição de 2021 do Grande Prémio de Macau, ao dominar treinos livres, qualificação e as duas corridas. Ao longo do fim-de-semana apenas Andy Chang pareceu rodar perto de Leong, mas alguns azares e erros fizeram com que nunca tivesse em posição de verdadeiramente ameaçar o rival. No domingo, Leong arrancou da pole-position e fez uma corrida solitária. Ainda foi pressionado por Andy Chang logo no arranque, mas o segundo classificado saiu largo e perdeu o contacto com a frente. A partir daí, o vencedor apenas teve de gerir, apesar de recusar que a vitória tenha sido simples. “Pode parecer muito fácil visto de fora, mas é sempre necessário evitar que o carro atinja as barreiras. Por exemplo, quando se compete com uma distância grande para os adversários não quer dizer que não se corra riscos, é preciso estar sempre muito concentrado, porque não deixamos de travar tarde para as curvas e há riscos na pista”, explicou. No entanto, Charles adorou o fim-de-semana: “Foi uma corrida perfeita, desde a preparação feita em Zhuhai [onde ganhou quatro corridas de F4 em Outubro] até hoje [ontem]. É fantástico, não tive qualquer falha mecânica”, indicou. “É um sentimento incrível, é mesmo muito especial, porque sou de Macau, nasci aqui e cresci aqui. É simplesmente especial. Não sei como descrever este sentimento de ganhar pela segunda vez” confessou. A prova teve pouca história, mas o mesmo não se pode dizer da participação de Andy Chang. Após falhar o arranque na corrida de sábado, foi penalizado com drive through quando seguia em segundo, por falsa partida. Cumprida a penalização, voltou à pista em quarto. Porém, como Andy e Charles estavam tão acima da concorrência, não teve problemas em recuperar. “Foi uma corrida dura, e o meu início foi terrível, porque acho que estava a ser muito lento. Arrisquei na Curva do Hotel Lisboa ao tentar travar mais tarde, porque achei que era a única hipótese de ultrapassá-lo [ao Charles], mas não consegui”, resumiu. “Depois recebi uma penalização, mas ainda consegui regressar ao segundo lugar. Fiquei feliz com o resultado”, considerou. Apesar do início lento, Chang foi melhorando os tempos de forma progressiva e à nona das 12 voltas estabeleceu o tempo de 2m29s331, novo recorde para a F4 no traçado da Guia. Vence e admite abandonar a carreira de piloto Minutos depois de vencer pela segunda vez o Grande Prémio de Macau, Charles Leong admitiu sentir que nas condições actuais é incapaz de acrescentar muito mais à carreira. O piloto pretende assim focar-se na licenciatura universitária e numa carreira como agente e promotor dos pilotos locais. “Não tenho a certeza sobre o que vou fazer no próximo ano. Tenho de terminar os estudos universitários, porque estou no segundo ano da licenciatura. Também nestas condições é muito complicado competir. Antes das corridas de Zhuhai, no mês passado, quase não corri. Foram 10 meses sem entrar no carro”, desabafou. “Com tantas limitações e como não se pode competir em Macau, pelas condições naturais, fico com o sentimento já cumpri a minha parte [no automobilismo local]”, acrescentou. No entanto, o futuro não implica um afastamento da modalidade. Charles Leong diz estar focado na promoção de talentos locais. “Quero ajudar a desenvolver os pilotos locais e a cultura de automobilismo. Temos bons recursos em Macau, como o Grande Prémio, a pista e provas de karting, mas sinto que falta alguém que saiba acompanhar os jovens e agência-los”, admitiu. “Como eu e o Andy temos experiência das corridas na Europa e conhecemos o meio, talvez possamos fazer esse papel”, acrescentou. “Acho que posso dar um acompanhamento aos pilotos que não tive, quando aos 16 anos fui para o Reino Unido. Na altura, tive de organizar as coisas por mim, mas os outros tinham agentes. Isso ajuda”, sublinhou. Andy Chang entusiasmado com GT3 No próximo ano, Andy Chang espera competir em Macau, dando o salto para a categoria de GT3. O piloto cumpriu este ano a segunda prova com os Fórmula 4, após se ter batido em anos anteriores com os melhores do mundo na categoria de Fórmula 3. “Acho que os GT eram uma aposta interessante, porque são carros rápidos. Também como competi com os F3, acho que me conseguiria adaptar bem, ao contrário dos Carros de Turismo que têm tracção dianteira”, afirmou. Todavia, o piloto não deixou de reconhecer que o objectivo apresenta vários desafios, devido à falta de patrocínios. “É cada vez mais difícil conseguir os patrocínios, o que é muito limitativo”, sublinhou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Governo apresenta aplicação para registar itinerários Era para ser voluntária e assim será no período experimental. Mas, Leong Iek Hou deixou ontem o aviso: a aplicação de registo de percurso pode tornar-se obrigatória. Segundo o Executivo, as informações sobre o trajecto “apenas” ficam registadas numa aplicação do telemóvel e o acesso depende do consentimento do utilizador O Governo apresentou ontem uma aplicação para telemóvel que vai registar o percurso de todos os cidadãos. A instalação do software será voluntária, numa primeira fase, mas, ao contrário do prometido em conferências anteriores, Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, avisou que há grandes probabilidades de passar a ser obrigatória. Durante a fase experimental será voluntária e vai ter três funções: servir de código de saúde, registar o percurso dos utilizadores e o cruzar o percurso dos utilizadores com o de infectados e casos de contacto próximo. A última funcionalidade permite detectar se o utilizador é um caso de contacto próximo, alterando automaticamente a cor do código de saúde, o que irá implicar a realização de teste de ácido nucleico e obrigatoriedade de cumprir quarentena. “Pretendemos através desta aplicação saber que pessoas estiveram em contacto com infectados e contactos próximos. É uma aplicação para acelerar a eficácia do combate à epidemia”, justificou Leong Iek Hou. Segundo Leong, os estabelecimentos vão ter um código QR único. Assim, quando o utilizador digitalizar esse código, a informação sobre a localização vai ser guardada no telemóvel, onde fica durante 28 dias. Após esse prazo, o Governo diz que o registo é eliminado. Também numa primeira fase, a informação sobre o percurso não pode ser acedida pelas autoridades sem o consentimento do utilizador, mesmo em caso de infecção. “Após o consentimento do infectado, o seu percurso é carregado no sistema e pode ser utilizado para comparar com o percurso de outros utilizadores”, informou. “É uma aplicação que, por agora, tem como função auxiliar as pessoas a registarem o seu trajecto. Esta informação é muito importante para combater a epidemia”, justificou. Obrigações de excepção Em caso de “surto grave”, as autoridades não afastam a possibilidade de aceder ao registo do percurso de infectados. O cenário foi admitido por Leong, que afirmou depender da “situação real”. A aplicação entrou numa fase experimental e já pode ser utilizada nas instalações dos Serviços de Saúde (SSM), no Grande Prémio de Macau e no Festival de Gastronomia. Dependendo do período experimental, o sistema poderá ser alargado a outros espaços como “estabelecimentos de comes e bebes”, que terão o seu código QR único. Também por agora, é possível usar o código de saúde normal, mas o Governo já antevê o encerramento do site. “A manutenção do site para declaração de saúde vai depender da utilização. Se as pessoas vão na maioria utilizar a aplicação, então vamos desligar o website”, explicou a médica. No caso de haver cidadãos sem telemóveis, os SSM estão a estudar a instalação de máquinas em estabelecimentos comerciais, e outros espaços afins, para registar a identidade dos clientes, assim como as horas a que entraram e saíram. Descontos só com registo A partir de 11 de Dezembro os utilizadores do Macau Pass só podem gozar do desconto de três patacas caso associem o cartão à sua identidade. Se viajarem de forma anónima, perdem o desconto actualmente em vigor e têm de pagar seis patacas, tal como acontece quando o transporte é pago com dinheiro vivo. O registo para associar o documento de identificação ao Macau Pass arranca a 27 de Novembro e pode ser feita no portal www.macaubusreg.com.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEleições | Secção do Partido Socialista vai escolher nova direcção José Rocha Diniz, secretário-coordenador, pediu para deixar a direcção e os socialistas vão ter de eleger um novo representante. O prazo das candidaturas termina a 26 de Novembro A secção do Partido Socialista (PS) vai escolher uma nova direcção no dia 3 de Dezembro, em Assembleia Eleitoral que vai acontecer entre as 18h e 22h no Clube Militar. A convocatória já foi anunciada e as eleições surgem depois de José Rocha Diniz, actual secretário-coordenador, ter pedido para abandonar o cargo. “Não tenho intenções de me candidatar. Fui eu que pedi para fazerem eleições, porque já estou no cargo há mais de 20 anos [ndr. com uma interrupção] e, por isso, não tenho intenção de me candidatar a nada, a absolutamente a nada”, afirmou Rocha Diniz, em declarações ao HM. De acordo com o secretário-coordenador, a decisão já havia sido tomada há vários meses, mas devido à pandemia só nesta altura foi possível avançar para um novo acto eleitoral. “Entendi que queria deixar a direcção há vários meses. Só que com a pandemia havia dificuldades, portanto, e, apenas por isso, as eleições só vão poder ser realizadas agora”, indicou. “Mas as eleições vão acontecer porque eu pedi para deixar de estar na direcção”, sublinhou. Até à manhã de ontem, a mesa da Assembleia Geral da secção de Macau do Partido Socialista ainda não tinha recebido qualquer candidatura. Os interessados têm como data limite para avançarem as 23h59 de 26 de Novembro, ou seja, na próxima sexta-feira. “Ainda não recebi nenhuma candidatura”, confirmou Tiago Pereira, presidente da mesa. De acordo com os dados avançados, nesta altura, há mais de 20 militantes activos na secção do PS de Macau. O número representa uma quebra face ao passado. “Tivemos alguns militantes que saíram de Macau. Não foi propriamente nos últimos tempos, porque a grande maioria saiu ainda antes de 2020. As saídas não estão propriamente relacionadas com a pandemia”, acrescentou o presidente da mesa. Um dever As eleições de Dezembro podem marcar uma mudança na história mais recente da secção local do PS. Incentivado a fazer um balanço sobre os seus mandatos, Rocha Diniz optou por focar que tudo se tratou de um dever. “Não faço balanço nenhum, é uma realidade local e não posso fazer um balanço. Sou militante do Partido Socialista e cumpri uma obrigação”, apontou. “É uma obrigação, nem quero entrar em considerações se foi, ou não, uma experiência gratificante”, acrescentou. As eleições para a secção local acontecem a pouco mais de um mês das Legislativas de Portugal, agendadas para 30 de Janeiro. No Consulado de Portugal em Macau, o acto deverá ocorrer entre os dias 29 e 30 de Janeiro. Questionado se as eleições locais podem ter impacto no acto para a Assembleia República, Rocha Diniz deixou antever uma menor participação da comunidade portuguesa face a actos anteriores, mas por motivos diferentes. “O que vai afectar a votação é a saída de muitos portugueses de Macau, militantes e simpatizantes do PS. Saíram durante a pandemia e isso é que vai afectar”, argumentou. O ainda secretário-coordenador desvalorizou a importância dos votos dos portugueses em Macau para os resultados em Portugal. “Quando Mário Soares venceu a primeira eleição em Portugal, perdeu em Macau com uma margem superior a 90 por cento. Os votos em Macau são sempre muito poucos”, explicou. As urnas de Macau são contabilizadas no círculo fora de Europa, que elege dois dos 230 deputados que vão constituir a Assembleia da República. Os actuais deputados eleitos por este círculo são José Cesário (PSD) e Paulo Porto (PS).