João Santos Filipe PolíticaAL | Comissão vai debater sobre concessões e rede 5G A Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas definiu ontem os temas de debate para o primeiro ano da Legislatura. O sector do jogo vai ser abordado, mas os moldes ainda não estão definidos A questão das telecomunicações vai ser o primeiro assunto em discussão na Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas, que tem como presidente o deputado José Chui Sai Peng. O agendamento foi discutido ontem, entre os deputados da comissão, e ao longo do ano legislativo, que termina a 15 de Agosto, deverá haver espaço para focar o sector do jogo. “Em primeiro lugar, vamos abordar as concessões que vão terminar a curto prazo, para vermos quais são os trabalhos que podem ser feitos. Esperamos que as reuniões nos permitam fazer um ponto da situação sobre as diferentes concessões, perceber se os trabalhos estão a ser bem feitos, e avaliar bem as responsabilidades de todas as partes”, afirmou José Chui Sai Peng, no fim do encontro. Os deputados acordaram também solicitar ao Executivo um “mapa” com a informação sobre as concessões existentes e a validade dos contratos firmados. As concessões das telecomunicações vão ser as primeiras a ser discutidas. Espera-se que ao longo do próximo ano o Executivo emita as primeiras licenças para a utilização da tecnologia 5G. “Na próxima reunião vamos discutir o tema relacionado com as telecomunicações e queremos discutir o regime de convergência e a implementação da rede 5G. É o ponto mais importante que vai ser discutido, e vamos convidar representantes do Governo”, explicou. E o jogo? Na apresentação da agenda para o ano legislativo, José Chui Sai Peng não mencionou o tema das concessões do jogo, cujas concessões e subconcessões terminam no Verão do próximo ano. Porém, quando questionado sobre o assunto, admitiu que este poderá ser um tema abordado. “As concessões do jogo não são um tema simples. Está a decorrer uma consulta pública sobre o assunto, e, em breve, também vamos discuti-las”, avançou. Outros assuntos na agenda dos membros da comissão, deverão ser a concessão do Aeroporto de Macau (CAM), e também do Metro Ligeiro. O debate sobre a hasta pública de terrenos também não está afastado. “Discutimos a concessão de terrenos, a hasta pública, a dívida de terrenos, são temas a que damos importância”, concluiu.
João Santos Filipe Desporto Grande Prémio de MacauTaça GT: Pneus desconhecidos criam problema às equipas Para as equipas da Taça GT Macau a edição deste ano reveste-se de um grande desafio suplementar. Ao contrário do ano transacto, onde a escolha de pneus era livre, um pneu obrigatório, que é do total desconhecimento de todos os participantes, vai complicar a vida das equipas este fim de semana “Estamos este ano limitados a um único fornecedor de pneus, o qual não tem estado presente em campeonatos GT a nível internacional, nem regional, o que leva a obtenção de dados para podermos afinar os carros de maneira segura em pista muito difícil”, explicou ao HM, Duarte Alves, o engenheiro responsável pela UNO Racing Team, a equipa oficial da Aston Martin Racing Asia. Para dificultar a vida dos participantes, “o anúncio tardio também por parte da AAMC no que refere aos regulamentos e pneus não deu oportunidade às equipas para testarem os limites dos pneus. Portanto, para todos será um autêntico tiro no escuro, onde na minha perspectiva, até poderá ser um problema de segurança, pois não sabemos até onde podemos “puxar” e obviamente que todas as equipas e pilotos estão no Grande Prémio para lutar por bons resultados”, acrescenta o engenheiro do território. No início da semana, as equipas ainda estavam à espera de receber um boletim da marca com as especificações técnicas das borrachas disponíveis, assim como os limites que poderiam explorar numa pista com as especificações tão particulares do Circuito da Guia. À luz destes regulamentos e com decisões em cima da hora, o responsável macaense afirma que “faria mais sentido optar por um fornecedor que a maiorias das equipas já conhecesse e tivesse competido nos campeonatos GT da China continental, onde todas as equipas competiram este ano, e conseguir assim trabalhar dentro da margem de segurança e poder optimizar a performance dos carros”. Regresso britânico Esta será a primeira vez desde 2015 que a Aston Martin enfrenta a Taça GT Macau com ambições. Além de Marchy Lee, segundo classificado na pretérita edição, a equipa de Hong Kong inscreve também um carro para David Pun, o vencedor da Taça GT – Corrida da Grande Baía de 2020. Contudo, apesar das aparências, os carros que vieram a Macau são bastante diferentes daquele que Stefan Mücke levou ao quarto lugar na Taça do Mundo de há seis anos. “Este ano a UNO Racing Team inscreveu os mais novos Aston Martin Racing Vantage GT3, onde para além dos desafios que já mencionei, é um carro a que a nível mundial não existe informação sobre como afiná-lo para o Circuito da Guia. Partimos de antemão com esse ‘handicap‘ comparado às outras marcas, as quais já estiveram presentes em várias edições”, conclui Duarte Alves, que não se arrisca a prognósticos, visto que “o Marchy nunca correu com o Aston Martin e o David é um piloto amador. Porém, um carro no pódio e o outro no Top-10 seria um resultado muito positivo”. Drones | Proibição de voar em toda a Península Devido à realização do Grande Prémio de Macau fica proibida a utilização de drones na Península de Macau, entre 19 a 21 de Novembro, de acordo com um despacho publicado ontem no Boletim Oficial.” São proibidas, entre 19 a 21 de Novembro de 2021, todas as actividades de voo com aeronaves não tripuladas na península de Macau, excepto as actividades oficiais expressamente autorizadas pela Autoridade de Aviação Civil”, pode ler-se no despacho assinado por Chan Weng Hong, presidente da Autoridade de Aviação Civil. TDM | Cobertura com 26 câmaras na pista A Teledifusão de Macau assegura a transmissão televisiva do Grande Prémio de Macau e vai dedicar 26 das 31 câmaras disponíveis para o evento do Circuito da Guia. Além destas, existem ainda três câmaras instaladas ao nível do chão e duas para seguir as conferências de imprensa. “Temos 31 câmaras, das quais 3 câmaras são ao nível do chão – para ter ângulos mais espectaculares – e duas câmaras a servir o centro de imprensa. E temos 26 câmaras na pista”, afirmou Frederico do Rosário, membro da Comissão Executiva, citado pela própria emissora. Prémios | Quase 200 mil dólares de Hong Kong para distribuir Ao longo do fim-de-semana, a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau vai distribuir aos pilotos quase 200 mil dólares de Hong Kong, mais precisamente 198 mil. A informação consta do regulamento das diferentes competições. Se, por um lado, a corrida de Fórmula 4 é a principal do programa, o que é atestado pela Dança do Leão e pela presença do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, antes da partida, por outro, na hora de recompensar os vencedores, não há diferenças para os organizadores. Com o fim-de-semana divido em duas corridas por categoria, apenas a última vai atribuir prémios monetários. Os pilotos que ficarem no pódio no sábado limitam-se a receber os troféus, a garrafa de champanhe e a coroa de flores. Já no domingo, os vencedores das seis corridas vão receber 16 mil dólares de Hong Kong, ou seja, mais 10 mil do que a maioria pagou só para se inscrever no Grande Prémio. À excepção do Fórmula 4, todos os outros pagam 6 mil patacas. Os pilotos que ficarem no segundo lugar são recompensados com um cheque de 11 mil dólares de Hong Kong. O terceiro classificado recebe 6 mil dólares de Hong Kong, ou seja o que é pouco mais que o prémio pago só pela inscrição. Feitas as contas, cada corrida atribui 33 mil dólares de Hong Kong em prémios, o que multiplicando pelas seis competições representa 198 mil. Para receberem os prémios, os pilotos precisam de comparecer na Cerimónia Oficial de Atribuição dos Prémios, ou seja, um jantar que normalmente acontece na noite de domingo.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSaúde | Comunidade filipina em situação frágil devido a baixa literacia Um estudo elaborado por académicos do Instituto de Enfermagem do Hospital Kiang Wu conclui que a comunidade filipina na RAEM está menos informada sobre cuidados de saúde do que compatriotas seus que trabalham noutras regiões A comunidade Filipina em Macau tem grandes dificuldades em obter informação, conhecimentos e cuidados médicos. Esta é uma das conclusões de um estudo elaborado pelo Instituto de Enfermagem do Hospital Kiang Wu, publicado em Outubro na revista científica Healthcare. No documento intitulado a “Literacia em Saúde entre os Trabalhadores Domésticos Filipinos em Macau”, os académicos Cheong Pak Leng, Wang Hui, Cheong Wan e Lam Mei Ieng estudaram os conhecimentos da comunidade, na perspectiva da literacia em saúde. Este conceito diz respeito à capacidade de acesso a informação, à sua compreensão e utilização de forma a promover e manter um estado de boa saúde. Os 379 questionários válidos feitos na comunidade filipina de empregadas domésticas mostram que a maioria “não tem capacidade de aceder, compreender, avaliar e comunicar as suas necessidades face a diferentes situações do estado de saúde”. Os dados apurados demonstraram também que a proporção de indivíduos com conhecimentos para responder adequadamente ao estado de saúde é de 37,4 por cento em Macau, dado é inferior ao das comunidades filipinas em regiões como o Myanmar, Vietname, Indonésia, Cazaquistão, Malásia e Taiwan. Os mais novos são os que estão menos atentos às questões de saúde e que menos conhecimentos têm. Porém, esta tendência é vista pelos autores como generalizada em grupos com poucas qualificações académicas. Sobre os factores que contribuem para a baixa literacia, um dos principais é a falta de conhecimentos de chinês e inglês a um nível mais elevado. Em relação a este aspecto, os investigadores detectaram uma relação que explica que quanto melhor inglês falam, mais preparadas as pessoas se mostram. Contudo, o domínio do chinês é um desafio, porque apenas seis inquiridos disseram ter um bom nível. Ao mesmo tempo, 337 consideram o seu chinês “pobre”, enquanto 36 afirmaram ser “razoável”. Condições de vida complicadas O inquérito foi composto por 12 perguntas sobre a dificuldade ou facilidade a completar determinadas acções, como chamar uma ambulância, obter informações sobre o programa de vacinação de Macau ou pedir apoio caso sofram problemas mentais como depressão ou excesso de stress. A acção que levantou mais problemas à comunidade de trabalhadores domésticos foi o conhecimento sobre as vacinas necessárias em Macau, com 45 por cento dos inquiridos a considerar muito difícil obter a informação. Este foi um ponto destacado pelos autores, uma vez que o inquérito foi feito numa altura de pandemia. Os académicos sublinharam ainda que a população inquirida vive em condições de pobreza, com 39,6 por cento a sobreviver com um salário entre 4.001 e 4.500 patacas. Ainda mais abaixo, 36,7 por cento aufere rendimento igual ou inferior a 4.000 patacas, e apenas 17,4 por cento afirmou receber mensalmente um salário acima de 4.501 patacas.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTaiwan | Políticos locais apoiam as posições de Xi Jinping Tina Ho, Kou Hoi In, Liu Chak Wan e Chui Sai Peng foram alguns dos políticos que vieram a público apoiar o Presidente Xi Jinping, após a conferência com Joe Biden, e a defender a inevitabilidade da reunificação com Taiwan Um grupo de políticos e personalidades de Macau apoiou publicamente Xi Jinping e declarou total intransigência face a movimentos independentistas de Taiwan. A posição de representantes de forças tradicionais foi tomada ontem num artigo no jornal Ou Mun, na sequência da cimeira online entre Xi Jinping e Joe Biden. Tina Ho, presidente da Associação Geral das Mulheres e irmã do Chefe do Executivo, sublinhou que a reunificação com Taiwan é uma certeza absoluta. De acordo com a dirigente, tudo vai ser feito para que a reunificação pacífica se torne uma realidade. A histórica dirigente da Associação Geral das Mulheres afirmou que os residentes devem explicar a todos os compatriotas “o sucesso” do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, que no seu entender é um exemplo que Taiwan vai querer seguir, impulsionando a reunificação. Também Liu Chak Wan, membro permanente do Comité Nacional do CCPPC, indicou apoiar totalmente o Presidente Xi, e destacou a mensagem contra qualquer força separatista que vise cortar o cordão umbilical entre Taiwan e a China. Liu vincou também que os próprios EUA se mostraram contra a independência da Ilha Formosa, mostrando respeitar os três comunicados, ou seja, os documentos que defendem a existência de uma única só China e que permitiu reestabelecer as relações diplomáticas entre os dois países. Por sua vez, a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) também manifestou o apoio total a Xi Jinping, com o vice-presidente, Fong Ka Fai, a afirmar que o destino da China passa pela reunificação com Taiwan, que considera inevitável. Fong destacou ainda que a maioria da população de Taiwan, assim como de Hong Kong e Macau, almeja a reunificação e que quem promover a divisão do país vai ser punido severamente. “Player” internacional Kou Hou In, presidente da Assembleia Legislativa, veio também a público tomar uma posição sobre as conversações entre os presidentes da China e dos Estados Unidos da América. Segundo o líder do órgão legislativo da RAEM, apresentado no artigo como presidente da Associação Comercial de Macau, após a transferência da soberania, Macau tornou-se num agente internacional com a responsabilidade de promover a reunificação, ao mesmo tempo que desempenha um papel positivo na construção de uma relação saudável entre a China e os EUA. O presidente da AL manifestou ainda total apoio a Xi nas políticas necessárias para a reunificação e para conduzir as relações com os EUA. Finalmente, o deputado José Chui Sai Peng considerou que a conversa entre os dois países foi honesta e que a relação bilateral saiu valorizada. Chui Sai Peng destacou igualmente que os EUA entendem que uma relação saudável entre os dois países é positiva para a ordem global.
João Santos Filipe InternacionalMilitares usam gás lacrimogéneo para repelir migrantes na fronteira da Polónia As forças de segurança polacas usaram ontem gás lacrimogéneo e granadas atordoantes contra um grupo de migrantes concentrados na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia, segundo imagens divulgadas pela televisão bielorrussa e pela agência estatal Belta. De acordo com as mesmas fontes, os migrantes romperam as cercas na zona de passagem da fronteira de Bruzgui-Kuznica para tentar entrar na Polónia, ou seja, no espaço da União Europeia (UE), e atiraram pedras contra os militares polacos. A situação também foi divulgada pelo Ministério da Defesa polaco, que, numa declaração divulgada através da rede social Twitter, descreveu os acontecimentos em Kuznica. “Kuznica: Os migrantes estão a atacar os nossos soldados e oficiais com pedras e a tentar destruir a cerca para entrar na Polónia”, escreveu o ministério, acrescentando que “as forças [polacas] usaram gás lacrimogéneo e granadas atordoantes para repelir o ataque dos migrantes”. Depois do confronto, a situação acabou por acalmar e os migrantes regressaram ao seu acampamento improvisado, em território bielorrusso. A generalização dos confrontos com os seus vizinhos europeus foi precisamente o que o Presidente bielorrusso afirmou ontem que quer evitar. Alexander Lukashenko garantiu que quer evitar a escalada da crise migratória na fronteira com a Polónia, da qual é acusado de ser responsável, e adiantou ter conversado com a chanceler alemã sobre uma possível solução. Segundo o regime de Minsk, o Presidente bielorrusso propôs, durante uma conversa telefónica realizada na segunda-feira com a chanceler alemã, Angela Merkel, uma forma de resolver a crise migratória na fronteira, mas escusou-se a referir pormenores. “Decidimos com Merkel que, para já, não vamos falar especificamente sobre isso. Ela pediu tempo, uma pausa, para discutir essa proposta com os membros da UE”, justificou. Lukashenko adiantou que aguarda um novo telefonema de Merkel para continuar a discutir uma possível solução e sublinhou que o maior problema é a situação dos mais de 2.100 migrantes que se reuniram perto da passagem da fronteira em Bruzgui-Kuznica, no lado bielorrusso da fronteira com a Polónia. “O problema, como disse Merkel, é que se não salvarmos estas pessoas, todos perderemos: a Bielorrússia, mas também e ainda mais a UE, que não permitiu a entrada destes refugiados. É por isso que a situação dos refugiados deve ser resolvida imediatamente”, referiu. Troca de acusações Varsóvia tem acusado a Bielorrússia de usar migrantes, maioritariamente oriundos do Médio Oriente, para desestabilizar a UE, atraindo-os com vistos e facilitando-lhes a chegada à fronteira com países do bloco comunitário. Na semana passada, Merkel conversou telefonicamente com o Presidente russo, Vladimir Putin, tendo afirmado considerar “inaceitável e desumana a instrumentalização de migrantes” na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia, onde milhares de pessoas estão concentradas em acampamentos precários, sem alimentos e expostas a baixas temperaturas, à espera de uma oportunidade para entrar no espaço da UE. Na segunda-feira, Bruxelas e Washington anunciaram querer ampliar, nos próximos dias, as sanções ao regime de Minsk, já sancionado devido à repressão contra a oposição desde as eleições de 2020. “O principal hoje é defender o nosso país, o nosso povo e evitar confrontos”, disse Lukashenko, citado esta terça-feira pela agência Belta. “Este problema não deve transformar-se num confronto feroz”, concluiu.
João Santos Filipe SociedadeInvestigador alerta para perigo do peso de mochilas escolares Cerca de três por cento dos alunos locais com idades entre 8 e 15 anos sofre de escoliose, uma deformação lateral da coluna. O académico Kou Seng Man pede às autoridades que sejam mais activas na prevenção de problemas decorrentes do peso das mochilas O académico Kou Seng Man, do Instituto de Pesquisa Académica Internacional (Macau), alerta para os perigos do peso excessivo das mochilas escolares. O aviso surge após a divulgação dos resultados de uma investigação que concluiu que três por cento dos alunos de Macau, com idades entre 8 e 15 anos, sofrem de escoliose, ou seja, de deformação lateral da coluna vertebral. Ao Jornal do Cidadão, Kou Seng Man explicou que a escoliose nos mais novos é originada pelo peso excessivo das mochilas. Além disso, os problemas de coluna também podem surgir pela forma desequilibrada como é distribuída a carga, ou seja, com o peso a recair mais num ombro. O académico acrescenta também que o problema é agravado pelo facto de as crianças estarem em fase de crescimento, com músculos pouco consolidados e ossos mais susceptíveis de serem alterados por interferências externas, como o peso excessivo. Kou Seng Man revelou igualmente ter participado em exercícios para ensinar as crianças de escolas locais a distribuírem melhor os materiais quando arrumam as mochilas e preparam o dia seguinte. No entanto, reconheceu que os resultados foram limitados, porque mesmo que a mochila esteja bem arrumada o peso continua a ser demasiado. Medidas de fundo O investigador defende assim que as autoridades devem ser mais activas e intervir nesta matéria. Apesar de reconhecer que no passado foram formuladas orientações que limitam o peso das mochilas a 15 por cento do peso das crianças, não há uma prática generalizada de cumprimento e fiscalização, entre encarregados de educação e directores das escolas. O académico considera necessário “criar nos alunos o hábito de arrumar a mochila diariamente e evitar materiais desnecessários”, “escolher mochilas mais leves e feitas a pensar na redução do impacto para a coluna”, “realizar alongamentos aos músculos” e ainda “racionalização pelas escolas dos recursos necessários para as aulas”, para evitar que se carreguem pesos desnecessários. Em relação às editoras dos manuais escolar, Kou considera que devem fazer uma divisão dos temas por diferentes livros, para que não seja necessário carregar muito peso de uma só vez.
João Santos Filipe Manchete PolíticaPolítica de ‘zero casos’ e encerramento ao estrangeiro vão continuar A política de combate à pandemia será mantida no próximo ano, mas o Governo admite trabalhar para normalizar a circulação com o Interior da China e Hong Kong no segundo semestre de 2022. No pólo oposto, a reabertura ao estrangeiro é vista como cenário distante e arriscado em termos de perigo de contágio A continuidade da política de zero casos de covid-19 e falta de metas para aliviar a circulação com o estrangeiro, ou redução das exigências de quarentena, marcou ontem o discurso do Chefe do Executivo, na apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG). Na Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng afirmou esperar uma melhoria da situação internacional, mas todas as atenções estão focadas “nas regiões vizinhas”, ou seja, o Interior da China e Hong Kong. “Iremos persistir na estratégia de ‘prevenir casos importados e evitar o ressurgimento interno’ e promover efectivamente a normalização da prevenção epidémica, disse Ho Iat Seng. Este aspecto foi reforçado na conferência de imprensa com perguntas da comunicação social, face à abertura com Hong Kong. “Depende do consenso entre as três partes [Macau, Hong Kong e Interior], não podemos abrir e fechar fronteiras só por nós. Seguimos as exigências [do Interior]”, explicou. O próximo ano pode trazer a facilitação da circulação com o Interior e a reabertura com Hong Kong sem a exigência de quarentena. Estes dois destinos vão ser a prioridade: “Espera-se que a circulação de pessoas entre Macau e as áreas vizinhas, especialmente o Interior da China e Hong Kong, seja retomada com a brevidade possível e que mais turistas visitem Macau”, traçou. Segundo o Chefe do Executivo, para a normalização com o Interior e Hong Kong, a população tem cumprir as suas “responsabilidades: “Apelamos, aqui, à população em geral para que cada um assuma as suas responsabilidades sociais, aderindo activamente à vacina, no sentido de aumentar a taxa de vacinação e criar condições necessárias para o reinício da circulação normal de pessoas entre Macau, Interior da China, Hong Kong e outras regiões”, indicou, na Assembleia Legislativa. Mais tarde, na conferência de imprensa, Ho Iat Seng admitiu que as negociações para normalizar as passagens fronteiriças com a China exigem taxa de vacinação de 80 por cento na RAEM, o que definiu como “um longo caminho”. Ainda sobre a normalização com o Interior e Hong Kong não foi afastado o cenário de as restrições vigorarem até ao final do próximo ano: “Estamos há dois anos com restrições de circulação. Será que vamos chegar aos três anos? Não posso garantir que não vamos chegar, mas gostava que as coisas melhorassem num futuro próximo. Espero que possamos normalizar a circulação [com Hong Kong e o Interior] no segundo semestre”, respondeu. O perigo lá fora A abertura com o estrangeiro não está no horizonte. Na perspectiva de Ho, a situação internacional da pandemia até pode melhorar, ser controlada, o que poderia criar condições para a reabertura, mas o estrangeiro é fonte de contágio: “Devemos continuar em alerta para um eventual ressurgimento da epidemia em alguns países e regiões, situação em que as medidas de controlo de entrada e saída e as restrições à circulação poderão ser ajustadas”, avisou. “Na abertura com o exterior, Macau tem certas considerações. Como vai ser se abrirmos as fronteiras ao estrangeiro e houver um surto súbito? Temos de considerar muita coisa. Se os residentes de Macau não puderem ir ao Interior [devido a um surto], como é que respondemos a essa situação”, justificou. No caso de o Governo sentir que pode abrir exterior, Ho diz que o levantamento das restrições deve começar pelos países do sudeste asiático. Fechados com ‘trancas na porta’, a aposta para a recuperação económica vai assim passar exclusivamente pelo Interior, o principal parceiro comercial da RAEM e a maior fonte de turistas. “A pátria é o sustentáculo do desenvolvimento de Macau. Prevemos que em 2022, com o reforço das medidas de prevenção e controlo epidémicos adoptadas pelo país e os resultados alcançados em termos de desenvolvimento económico e social, a economia continue a recuperar de forma estável e com uma tendência constante de consolidação e de melhoria”, anteviu. O tabu do jogo Ao longo de um discurso com perto de 50 páginas, na versão portuguesa, o Chefe do Executivo apenas mencionou o sector do jogo num parágrafo. “Iremos aperfeiçoar os diplomas legais relacionados com o sector do jogo e os procedimentos e processos de fiscalização de jogos. Iremos promover adequadamente os trabalhos no âmbito do direito de exploração de jogos, tendo em conta o enriquecimento do Centro Mundial de Turismo e Lazer de Macau, o desenvolvimento estável da indústria do jogo, a garantia do emprego dos residentes e a respectiva ascensão profissional”, afirmou. O Chefe do Executivo não revelou a meta temporal para o concurso de atribuição das novas licenças dos casinos, nem esclareceu se as actuais licenças vão ser renovadas. O assunto só foi abordado mais tarde, depois das questões dos jornalistas. Recorde-se que as licenças terminam no próximo Verão e que o tempo para avançar com novo concurso é escasso. Além da promessa de fazer “trabalhos”, Ho Iat Seng destacou a necessidade de apostar nos elementos de diversificação da economia e das concessionárias “assumirem devidamente as suas responsabilidades sociais”. Apoios sociais sem alterações Ho Iat Seng reconheceu que os últimos anos sujeitaram “os residentes a pressões sem precedentes” e que se vive num ambiente pandémico que “agrava a difícil situação dos diversos sectores sociais”. Por isso, o líder da RAEM prometeu um Executivo “firme no princípio de não redução das despesas com os benefícios em prol do bem-estar da população”. Neste sentido, o Governo volta a distribuir o plano de comparticipação pecuniária de 10 mil patacas para residentes permanentes e 6 mil para não permanentes. Quanto ao cartão de consumo, a medida não está prometida, mas, como aconteceu durante este ano, poderá ser lançada conforme as condições económicas. “O Governo […] continuará as medidas de benefícios fiscais implementadas no ano anterior e prolongará a aplicação das demais medidas relativas, designadamente, à educação, aos cuidados de saúde, à segurança social e à comparticipação pecuniária”, sublinhou. “Tendo em consideração a nova conjuntura, serão ainda lançadas outras novas medidas em prol do bem-estar da população”, acrescentou. A nível dos apoios sociais e apoios para as empresas, o Chefe do Executivo não apresentou novidades, além da criação de centros de serviços para pessoas com deficiências e idosos. O Governo referiu novos benefícios fiscais, isenções de rendas e taxas de licenciamento para as Pequenas e Médias Empresas, ou seja, as medidas que já tinham sido anunciadas em Outubro, através de um comunicado da secretaria para a Economia e Finanças. IPM muda de nome e ambiciona ser referência regional Ho Iat Seng anunciou que “o Instituto Politécnico de Macau passará a denominar-se Universidade Politécnica de Macau, e envidará esforços para se tornar na principal universidade de ensino prático na Região Ásia-Pacífico”. Ho destaca redução de não residentes Ho Iat Seng considerou positiva a diminuição de 25 mil trabalhadores não residentes da mão-de-obra local, durante o período de crise pandémica. “Numa situação de recessão económica é particularmente importante garantir o emprego aos residentes locais […] Foi, ainda, efectuado o ajustamento do número de trabalhadores não residentes; em Setembro de 2021, eram menos 25.120 os trabalhadores não residentes com autorização de permanência, em comparação com finais de Dezembro de 2019”, destacou. Reconhecidos erros de comunicação Durante a apresentação das LAG para 2022 o Chefe do Executivo fez um balanço da governação deste ano. Ho Iat Seng reconheceu que houve erros, mas só de comunicação, e prometeu melhorar. “Estamos cientes das insuficiências na nossa acção governativa. Reconhecemos que algumas medidas adoptadas neste tempo atípico causaram impacto negativo na efectiva implementação de políticas públicas devido à insuficiente comunicação de antemão com os diversos sectores sociais, havendo, portanto, espaço para o reforço e melhoramento dos nossos trabalhos de prevenção e controlo de epidemia”, reconheceu. “A este respeito, o Governo irá humildemente ouvir a sociedade, fazer um balanço das experiências e retirar ensinamentos e, no futuro, aperfeiçoar o modelo e o estilo da sua governação. Irá também realizar estudos, auscultar amplamente as opiniões dos residentes e apresentar planos optimizados em prol da concretização do objectivo fundamental de ‘governar com diligência para o povo’”, adicionou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMelco anuncia novo investimento de 10,4 mil milhões A operadora de jogo Melco Resorts & Entertainment anunciou ontem um investimento de 10,4 mil milhões de patacas para alargar um dos resorts integrados do grupo de Lawrence Ho, filho de Stanley Ho. O novo projecto, que faz parte da fase 2 do casino Studio City, deverá estar concluído até ao final do próximo ano e “irá ter o maior parque aquático interior e exterior da Ásia, um experiência temática cinematográfica e entretenimento orientado para a família, duas torres de hotel com 900 quartos e suites”, pode ler-se comunicado. Na cerimónia de apresentação, ontem, o director e presidente-executivo da Melco, Lawrence Ho, garantiu que o grupo vai focar-se em projectos não relacionados com o jogo. “Cerca de 99 por cento dos novos projectos terão elementos não relacionados com jogos e as diferentes instalações de entretenimento continuarão a ser desenvolvidas no futuro para apoiar a diversificação do desenvolvimento de Macau”, afirmou o filho do ex-magnata do jogo. O ‘megaprojeto’ estará a cargo da empresa fundada pela arquitecta Zaha Hadid, falecida em 2015. Optimismo para o futuro Face às dificuldades a curto prazo, relacionadas com a covid-19, o responsável mostrou-se confiante no desenvolvimento futuro de Macau. A ocasião serviu igualmente para que Lawrence Ho apelasse à população para que se vacine. A maioria dos operadores de jogo em Macau registaram no terceiro trimestre os piores resultados do ano, com prejuízos de centenas de milhões de patacas no território que permanece praticamente paralisado devido às políticas de combate à covid-19. Desde o início da pandemia, o território registou apenas 77 casos da doença. Como consequência da política de casos zero que Macau continua a prosseguir, os casinos do território voltaram a ressentir-se. A operadora de jogo Melco Resorts & Entertainment registou perdas de 232,2 milhões de dólares americanos no terceiro trimestre do ano. Os resultados foram apresentados na semana passada, quando Lawrence Ho já se tinha mostrado confiante no futuro do território.
João Santos Filipe Manchete SociedadeResidentes preocupados com situação da economia O Chefe do Executivo apresenta esta tarde as Linhas de Acção Governativa para o próximo ano. Um inquérito realizado pela Associação das Mulheres, mostra que a economia é a área que mais preocupa os residentes e que esperam ver destacada por Ho Iat Seng A economia é o assunto que mais preocupa os cidadãos, que esperam ver respostas para os problemas do sector com a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG). É este o resultado de um inquérito realizado pela Associação Geral das Mulheres de Macau, enviado ao Chefe do Executivo, e apresentado por Lam Un Mui, presidente, e Chong Leong Leong, vice-presidente. De acordo com os dados mencionados por Chong Leong Leong, citados pelo jornal Cheng Pou, cerca de 70 por cento dos 2.000 inquiridos, ou seja, 1.400 pessoas, tem como principal preocupação a situação da economia da RAEM, que tem sido fortemente atingida pela pandemia. Os resultados apontam que a preocupação está mais presente entre os que estão em lay-off e os que se encontram em subemprego. Segundo Chong Leong Leong, apesar de o Governo ter lançado várias medidas de apoio à economia, a expectativa é que a crise se vá prolongar a médio-prazo. Porém, a responsável da associação tradicional pró-Pequim, sublinhou também que existe “confiança no desenvolvimento a longo prazo” da RAEM. Os resultados apontam igualmente que 60 por cento dos inquiridos está preocupado com a questão do acesso a habitação própria. Segundo a vice-presidente da associação, este é um problema importante porque é necessário criar condições, principalmente para os mais jovens, de mobilidade social. Preocupações familiares Fora das questões económicas, 50 por cento dos inquiridos considerou a família como a prioridade, e a necessidade de medidas mais viradas para a promoção do agregado familiar. A questão é vista como mais importante para as inquiridas do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 26 e 45 anos. O estudo da associação mostra ainda a esperança de que o Executivo dê prioridade às famílias em que ambos os membros trabalham, e que em muitos casos têm mais do que um único emprego. Neste caso concreto, esperam-se medidas para ajudar as famílias quando o Governo declara o encerramento das escolas, devido a programa de testes em massa ou o registo de novos casos de infecções. Finalmente, a Associação Geral das Mulheres de Macau afirma que jovens com idades entre os 26 e 35 anos mostraram-se muito atentos ao desenvolvimento conjunto entre a RAEM e Cantão e Hengqin e à Grande Baía, sem revelar, no entanto, em que percentagem.
João Santos Filipe Manchete PolíticaReserva Financeira | Ron Lam defende comunicação transparente Apesar de o Governo ter afirmado repetidamente que gastou 40 mil milhões de patacas da Reserva Financeira, o deputado Ron Lam entende que esta informação é enganadora e carece de contexto. Segundo o legislador, o Executivo nunca refere que a Reserva Financeira gerou no ano passado 31 mil milhões de patacas O deputado Ron Lam considera que o Governo deve ser mais transparente quando refere dados sobre a Reserva Financeira da RAEM. Segundo o legislador, desde que começou a crise pandémica, o Executivo menciona o aumento dos gastos feitos com recurso à reserva, mas “esquece-se” de indicar o retorno gerado. “O retorno das reservas financeiras pode atingir cinco por cento. Só no ano passado, o retorno do investimento da reserva foi de 31 mil milhões de patacas. No entanto, o Governo quando fala da reserva financeira, só nos diz o montante que vai gastar, nunca fala dos retornos que obtém”, afirmou o deputado, durante um fórum realizado pela Aliança de Povo de Instituição de Macau sobre as Linhas de Acção Governativa para 2022, que são apresentadas esta tarde. Ron Lam reconheceu que o orçamento é deficitário e que vai requerer a utilização de parte da reserva financeira. Contudo, considerou que face ao impacto da crise económica, que se o Governo cortar nos apoios a população vai sofrer. Além disso, o recém-eleito deputado afirmou que o custo dos apoios nos cofres públicos é muito menor em comparação com a ideia transmitida pelo Governo. Lam vincou também que, “apesar de terem sido despendidos 40 mil milhões de patacas, só este ano as perdas são muito inferiores, tendo em conta o retorno, ainda assim situando-se entre 7 mil e 8 mil milhões de patacas”, facto que apenas se verificou agora, quando a RAEM atravessa uma situação anormal. O novo legislador recordou igualmente que o Governo tem reservas financeiras avaliadas em 600 mil milhões de patacas. “Acho que o Executivo não é sincero na forma como comunica. Como deputados, recebemos as informações completas, mas estas nem sempre estão disponíveis na internet, mesmo que os documentos não sejam confidenciais”, opinou. Dúvidas sobre critérios O deputado Nick Lei Leong Wong, presidente da Aliança de Povo de Instituição de Macau também participou no fórum realizado ontem. O legislador reconheceu que em 2022 a prioridade deve continuar a ser o combate à pandemia, mas defendeu a necessidade de as decisões que envolvem Macau e Cantão serem tomadas com base em critérios compreensíveis para a população. “Apesar de a passagem das fronteiras já decorrer sem restrições de quarentena, a validade do resultado do teste ácido nucleico mantém-se 48 horas. Os residentes duvidam quais são critérios para a validade do resultado do ácido nucleico”, frisou. “No passado sabíamos que se fossem registados mais 28 dias sem casos novos, a validade tornar-se-ia sete dias. Só que agora já passaram mais de 28 dias e a validade mantém-se nas 48 horas”, explicou. Nelson Kot, ex-candidato a deputado, afirmou no mesmo evento esperar que o Governo apresente medidas corajosas ao nível da redução da despesa pública e que emita obrigações. Kot questionou o facto de vários governos provinciais do Interior emitirem obrigações, enquanto Macau não faz. “É uma prática conservadora e parva [não emitir obrigações]. Mesmo em Hong Kong, também há o iBond, e os residentes de Hong Kong que têm vontade podem investir e ganhar com os juros”, rematou.
João Santos Filipe PolíticaQuadros Qualificados | Associação Budista pede BIR para monges A Associação Geral Budista de Macau defende o acesso de monges ao regime de captação de talentos devido ao trabalho feito pela promoção da cultura chinesa, a “luta” contra as religiões ortodoxas e pela coordenação, no Interior, com o Governo Central A Associação Geral Budista de Macau espera que o futuro regime de captação de quadros qualificados não deixe de fora os monges budistas da RAEM, permitindo que mais líderes espirituais do Interior da China tenham bilhete de identidade de residente (BIR). A opinião foi defendida no domingo, durante uma sessão de consulta pública para discutir a futura lei, com que o Executivo espera atrair para a RAEM vencedores do prémio Nobel e atletas medalhados nos Jogos Olímpicos, entre outros. Segundo o jornal All About Macau, Sik Sum Wai, a presidente da associação budista, interveio na sessão da consulta pública e explicou que apesar de a associação estar representada na Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo que “muito poucos associados têm BIR”. Sik Sum Wai sublinhou que os monges trabalham em prol da sociedade de Macau evitando religiões ortodoxas, e que as suas tarefas são desempenhadas sem nunca colocar em causa os interesses dos residentes. “Nós seguimos o caminho da fé e da integridade, por isso, não queremos que Macau seja uma cidade bela com uma religião ortodoxa, que coloca em perigo os residentes”, afirmou perante representantes do Governo. Por outro lado, a presidente da Associação Geral Budista de Macau destacou a boa relação entre os monges budistas e o Governo Central, assim como a missão que desempenham para a promoção da cultura tradicional chinesa. Monges habilitados Sik Sum Wai argumentou também que nos templos budistas do Interior foi montado um sistema, em cooperação com a o Gabinete para os Assuntos Religiosos da Frente Unida, que permitiu que todos sejam pelo menos licenciados. “Todos os nossos licenciados foram aprovados pelo Departamento de Trabalho da Frente Unida. Por isso, nos ensinamentos da Darma, os monges têm de assumir as suas responsabilidades sociais”, destacou. Em resposta, Chao Chong Hang, secretário-geral da Comissão de Desenvolvimento de Talentos, recusou que a religião tenha influência na captação de quadros altamente qualificados. “Será que os monges podem fazer parte do regime de captação? O nosso plano actual vai focar a captação de talentos para quatro indústrias”, respondeu. As indústrias identificadas como prioritárias são saúde, finanças, tecnologia de ponta, cultura e desporto. De acordo com o representante do Governo, os critérios adoptados pela comissão vão ter por base os benefícios para o desenvolvimento da indústria, e não as crenças religiosas ou factores como o sexo do candidatos.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAutocarros | Sem condições para frota totalmente eléctrica É possível fazer melhor, mas a falta de estacionamento é uma grande limitação para que Macau tenha uma frota de autocarros públicos totalmente eléctrica. Actualmente, a RAEM tem 200 espaços de carregamento de veículos eléctricos Faltam condições a Macau para concretizar o desejo de ter uma frota de autocarros públicos exclusivamente movida a electricidade. Os limites foram explicados por Li Jiliu, representante da construtora Zhong Tong, em declarações à TDM, que argumentou com a falta de locais para estacionar. “Cidades como Macau e Hong Kong são relativamente pequenas, as ruas são estreitas e não há estacionamentos suficientes em Macau [para permitir os carregamentos]”, justificou Li Jiliu, à margem da Exposição Internacional Automóvel da China. “É impossível resolver as questões relacionadas com a criação de estações centralizadas de carregamento”, acrescentou. Apesar das limitações, a Zhong Tong trouxe a Macau um veículo desenhado a pensar no mercado local, que recorre ao diesel para alimentar baterias. “Este modelo de autocarro tem um motor tradicional a diesel, que carrega as baterias e depois circula com um motor movido a bateria, menos poluente do que um motor a diesel tradicional”, foi explicado. Até 2025, Macau tem como meta implementar uma frota de autocarros públicos com mais de 95 por cento dos veículos movidos através de energias alternativas, com menos impacto para o ambiente e emissão de poluentes reduzida. Ligar à ficha Actualmente, de acordo com a Companhia de Eletricidade de Macau (CEM), Macau dispõe de 200 espaços de carregamento de veículos eléctricos em 42 parques de estacionamento públicos e em sete ruas de Macau, Taipa e Coloane. “A cobertura em parques de estacionamento públicos é de quase 80 por cento, com a maioria dos tipos de fichas disponíveis”, revelou a CEM num comunicado, citado pela Lusa, que recordou faltarem “instalações de carregamento em conjuntos habitacionais privados”. Em Fevereiro de 2019, existiam 172 espaços de carregamento em 70 por cento dos parques automóveis públicos. A empresa pretende “aumentar ainda mais a cobertura” e prevê instalar, no futuro, estações de “carregamento padrão” para facilitar o uso perto de zonas residenciais e escritórios, durante o tempo de estacionamento. De acordo com as “Especificações Técnicas de Fornecimento de Energia” revistas em 2018, os parques de estacionamento em novos edifícios devem estar 100 por cento equipados com infraestruturas de carregamento, para melhorar as instalações de carregamento e incentivar o público a conduzir de forma ecológica, indicou a CEM. No final de Junho, as autoridades contabilizaram 1.852 veículos eléctricos, entre automóveis (1.612) e motorizadas (240), números pouco impressionantes que, ainda assim, representam um aumento de 38 por cento em relação ao final de 2020. Em Junho, o Governo de Macau usava 36 veículos eléctricos, de acordo com dados publicados no website da Direção de Serviços para os Assuntos do Tráfego (DSAT).
João Santos Filipe Manchete SociedadeQuarentena | Viajantes vindos por Singapura ficam no Hotel Tesouro Isolados num hotel “especializado” e obrigados a fazer 10 testes de ácido nucleico nos primeiros 10 dias de quarentena. É esta a nova realidade para quem viaja de Portugal, ou de qualquer outra zona de alto risco, para Macau O Governo reviu as medidas de observação médica para quem viaja para Macau vindo de Singapura, como acontece com as ligações áreas entre a RAEM e Portugal, tornando-se obrigatório cumprir quarentena no Hotel Tesouro a partir de 1 de Dezembro. As novidades foram apresentadas ontem, por Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. “Os indivíduos com diferentes riscos serão distribuídos por instalações diferentes. Os indivíduos de risco máximo ficam no Centro Clínico do Alto de Coloane. Os indivíduos de risco elevado secundário têm de ir para os hotéis especializados, sem poderem fazer escolha”, explicou Leong. Segundo Liz Lam, dos Serviços de Turismo, os indivíduos de risco elevado secundário são “todos os que viajam vindos de Singapura”. Ainda de acordo com a responsável, o primeiro espaço designado como especializado é o Hotel Tesouro, o mesmo que estava a ser utilizado para isolamentos e que há dois meses registou um surto entre os trabalhadores de segurança. A escolha surgiu após a avaliação dos Serviços de Saúde e, neste momento, estão a decorrer obras na unidade hoteleira. “Escolhemos o Hotel Tesouro porque tem 500 quartos, uma capacidade grande, que facilita muito as operações. Também está fora das zonas residenciais, o que facilita as operações dos SSM”, justificou Lam. As pessoas que vierem do Interior, Hong Kong e Taiwan podem continuar a escolher o hotel para cumprir quarentena. Revisão das medidas Além da divisão das pessoas em quarentena por hotéis diferentes, foram anunciadas quatro novas medidas para os isolamentos. Quem vier de Singapura tem de fazer 10 testes nos primeiros 10 dias da quarentena. Leong Iek Hou explicou que o objectivo é detectar os casos o mais cedo possível. Questionada sobre se as mudanças da política podiam ser vistas como discriminatórias, o cenário foi recusado: “Não há rotulagem nem discriminação. A situação epidémica no estrangeiro está grave e, por isso, adoptámos medidas”, defendeu Leong. Nas outras alterações constam ainda a divisão clara de tarefas entre os serviços públicos, a realização de testes e gestão de circuito fechado para os trabalhadores dos hotéis em quarentena e a obrigação de fazer a reserva de hotel antes de viajar para Macau. Desde o início da pandemia até à passada segunda-feira, 58.060 pessoas cumpriram quarentena. No pico das quarentenas, 12 hotéis estiveram reservados para o efeito, onde foram detectados 25 dos 77 casos de Macau.
João Santos Filipe Manchete SociedadeDesemprego | Procura de subsídio cai em 2021 mas triplica em 2020 O desemprego está a abrandar, mas a pandemia levou à corrida ao subsídio do Fundo de Segurança Social em 2020, altura em que o valor dos apoios mais do que triplicou, passando de 14,43 milhões de patacas para 52,31 milhões A situação do desemprego tem melhorado ao longo deste ano com uma quebra de 3,6 por cento no número de indivíduos a receber o subsídio. Os dados foram apresentados na segunda-feira por Iong Kong Io, presidente do Conselho de Administração do Fundo de Segurança Social, ao canal chinês da Rádio Macau, e citados pelo jornal Cheng Pou. De acordo com Iong, nos primeiros dez meses do ano houve um total de 3.813 pessoas a receberem subsídio de desemprego, no que representou um valor de 36,88 milhões de patacas. O número de pessoas a recorrer a este apoio social demonstra uma redução de 143 indivíduos face aos 3.956 apoiados nos primeiros três meses do ano passado. Os dados anunciados por Ieong mostram assim uma quebra de 3,6 por cento. Em relação às despesas com o subsídio, no final de Outubro do ano passado, estas cifravam-se em 43,24 milhões de patacas, o que significa uma redução de 15 por cento. “Os dados mostram-nos que em comparação com o ano passado a situação do desemprego abrandou”, afirmou o presidente do Conselho de Administração do Fundo de Segurança Social. Ainda de acordo com o dirigente, desde o ano passado foram adoptados procedimentos para que os pedidos sejam aprovados o mais rapidamente possível. Ao mesmo tempo, em vez de se pagar o subsídio uma vez por mês, o valor permaneceu o mesmo, mas é pago em duas tranches, a cada 15 dias, de forma a “facilitar o pagamento”, foi explicado. Crise económica Os dados do FSS mostram também um agravar das condições de vida da população com o primeiro ano da pandemia, e as restrições de circulação, que atingiram gravemente a indústria do turismo. Em 2019, o último ano sem pandemia, o número de requerentes do subsídio de desemprego foi de 3.511, porém, no ano passado subiu para 12.141. Nem todos, entre os 12.141 requerentes, terão tido os pedidos aprovados, mas o montante anual gasto com este subsídio cresceu de 14,43 milhões de patacas para 52,31 milhões de patacas, ou seja, mais do que triplicou. Nos termos das leis em vigor, o subsídio de desemprego equivale a uma prestação diária de 150 patacas. Cada residente pode, por ano, receber 90 dias de subsídio, o que equivale a um limite máximo de 13.500 patacas por ano. O subsídio é pago a cada 15 dias, ou seja, 2.250 patacas de cada vez. Caso um residente receba as 13.500 patacas, tem de voltar a esperar um ano até poder a voltar a receber um valor semelhante.
João Santos Filipe PolíticaAlojamento ilegal | Deputados preocupados com abusos criados com nova lei Alteração à lei permite que se possa acolher familiares e amigos “bem” conhecidos. Porém, os legisladores temem que a vertente dos amigos possa ser utilizada para contornar a lei Segundo a revisão proposta pelo Governo à proibição de prestação ilegal de alojamento, a disponibilização de dormidas gratuitas a pessoas “bem” conhecidas, devido a motivos “familiares, profissionais de estudo ou relações pessoais” não é considerada ilegal. No entanto, os deputados da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa temem que termos como “relações pessoais” possam ser utilizados de forma abusiva, para continuar a prestar um serviço ilegal. A questão foi colocada ontem, durante a primeira reunião do grupo de trabalho, e vai ser apresentada nos encontros com os representantes do Governo, explicou Ella Lei, presidente da comissão. “Se uma pessoa presta alojamento a outra, e existe uma relação familiar ou pessoal, então considera-se que não é alojamento ilegal. Os deputados acham que as pessoas podem abusar desta regra para contornarem a lei”, explicou. De acordo com a proposta, o alojamento ilegal acontece sempre que alguém acolhe uma pessoa que esteja no território com um visto com uma duração inferior a 90 dias, a troco de dinheiro, sem ter uma licença de pensão ou hotel. Mais informações Porém, para analisarem o diploma, os membros da comissão pretendem ainda receber mais dados do Governo, nomeadamente o tipo de vistos de quem recorre ao alojamento ilegal, mas também a condição dos prestadores deste serviço, para se saber se são maioritariamente residentes ou não-residentes. “Queremos saber os tipos de vistos que detêm os prestadores de alojamento ilegal e os seus ocupantes. Pretendemos também obter dados sobre os alojamentos a baixo custo”, afirmou Ella Lei. Os legisladores querem ainda ser informados sobre os principais desafios na cobrança da multas e nas operações conjuntas entre a Direcção de Serviços de Turismo e o Corpo de Polícia de Segurança Pública. “Queremos perceber o estado da cooperação inter-departamental, porque no passado recebemos queixas de moradores sobre este aspecto. Sabemos que os Serviços de Turismo são a entidade que executa a lei, mas queremos perceber se há problemas durante a investigação e na cooperação com o Corpo de Polícia de Segurança Pública”, revelou a presidente da comissão. “Será que durante as investigações são descobertos outros crimes que depois podem criar problemas na investigação conjunta? E como é que está a ser feita a cooperação? São perguntas que os deputados querem deixar”, sublinhou.
João Santos Filipe SociedadeJogo | Lawrence Ho conservador face à reabertura do território A operadora Melco está preparada para que o levantamento das restrições de circulação com o Interior demore quase um ano, devido à política de zero casos de covid-19. Resultados da empresa agravaram-se no último trimestre A concessionária Melco está cautelosa face à reabertura das fronteiras e à recuperação do sector do jogo no próximo ano. Segundo Lawrence Ho, as condicionantes da política de zero casos de covid-19, as restrições de circulação, assim como os eventos de cariz político no Interior e em Hong Kong vão continuar a ter impacto no território. As explicações foram avançadas após a apresentação dos resultados financeiros, e o empresário revelou acreditar que a reabertura da circulação sem restrições para o Interior vai demorar entre seis e 12 meses, devido às medidas pandémicas adoptadas. “Acho que neste momento quase metade das províncias da China tem casos ou casos de contacto próximos. Isso afecta as viagens e vamos ter uma abordagem conservadora [nas previsões sobre o levantamento de restrições de circulação]”, justificou o empresário. “O próximo ano é igualmente muito importante para a China, devido à organização dos Jogos Olímpicos, à Eleição do Chefe do Executivo de Hong Kong, celebração do 25.º aniversário da transição de Hong Kong e à realização do Congresso do Partido Comunista, onde o Presidente Xi vai procurar assegurar um terceiro mandato”, explicou. “Estas são todas razões para sermos super conservadores em termos da abertura”, acrescentou. Apesar dos desafios, o filho de Stanley Ho garantiu que a empresa “está preparada para o pior”. Prosperidade comum Quanto à política de prosperidade comum, anunciada por Xi Jinping, e que tem sido encarada por alguns analistas como negativa para a liberdade do mercado, Lawrence Ho desvalorizou a questão. “A política [de prosperidade comum] tem como objectivo enriquecer as pessoas com rendimentos mais baixos e ajudá-las a subir na vida. Por isso, não acho que vá ter qualquer impacto no nosso mercado de massas, que é o futuro de Macau. Também não vejo impacto no mercado premium de massas”, frisou. “No segmento VIP a situação é diferente, mas, de qualquer maneira, a história do jogo VIP está estruturalmente comprometida”, considerou. Sobre a consulta pública da revisão da lei do jogo e a atribuição de novas concessões, o CEO da Melco disse que muitas das dúvidas foram esclarecidas durante as sessões da consulta pública e que a finalização da lei deve demorar “entre um a dois anos”. De acordo com os resultados anunciados, a Melco Resorts and Entertainment registou perdas de 1,87 mil milhões de patacas, o equivalente a 233.2 milhões de dólares americanos. O valor é um agravar da situação da empresa face ao segundo trimestre, quanto as perdas tinham sido de 1,49 mil milhões de patacas.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAL | Pereira Coutinho de fora da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo Apesar de ter liderado uma das listas mais votadas no sufrágio directo, José Pereira Coutinho não vai fazer parte, como deputado, da comissão que elege o Chefe do Executivo. Entre os 23 deputados que se candidataram ao lugar, o português foi o único a ficar de fora José Pereira Coutinho falhou a eleição para integrar a Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo, que decorreu ontem na Assembleia Legislativa. Entre os 33 legisladores, apenas 23 se candidataram às 22 vagas existentes e o deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) foi o menos votado, inclusive atrás do colega de bancada e deputado estreante Che Sai Wang. No final da votação, Pereira Coutinho desvalorizou o resultado. “Para mim é igual, as minhas funções são as de deputado e é por isso que a população votou em mim”, afirmou. “Não estou desiludido, não era a minha função primordial. Fui eleito para defender os interesses da população de Macau”, sustentou. Pereira Coutinho recusou ter sido prejudicado devido à nacionalidade. “Não sinto, de maneira nenhuma, que tenha sido penalizado por ser português. O meu colega também é português e foi eleito”, vincou. Contudo, não foi tão categórico na altura de avaliar se tinha sido castigado pelas suas posições políticas. “Não sinto que haja uma mudança no ambiente político. Mas, não posso ser eu a avaliar se fui penalizado [devido às ligações à ala pró-democracia], deixo que os outros avaliem a minha conduta”, desabafou. Por outro lado, destacou a eleição do número dois da sua lista Che Sai Wang. “Estou contente com a eleição do meu colega de bancada. Era importante que um de nós fosse eleito. Ele foi, por isso, é igual”, considerou. Com 17 votos Na eleição de ontem participaram 33 deputados. Cada um tinha 22 votos, para escolher entre 23 candidatos. Porém, muitos deputados não utilizaram todos os votos, o que fez com que dos 726 votos possíveis, só fossem contados 699. Pereira Coutinho foi o candidato menos votado, com 17 votos, atrás de Che Sai Wang, que obteve 19, e Ron Lam, com 22. Estes legisladores, que não fazem parte das associações tradicionais, foram os únicos com menos de 30 votos. No polo oposto, os mais votados foram Chan Iek Lap, Ângela Leong, Wong Kit Cheng, Ip Sio Kai, Lam Lon Wai, Ella Lei, Ma Chi Seng, Ho Ion Sang, Pang Chuan e Iau Teng Pio, cada um com 33 votos. Por sua vez, Song Pek Kei, Ma Io Fong, Lei Chan U e Ngan Iek Hang obtiveram 32. Vong Hin Fai, Zheng Anting, Leong Sun Iok tiveram 31 votos, e, finalmente, Lo Choi In, Chan Hou Seng, e Lei Leong Wong somaram 30 votos, cada.
João Santos Filipe Manchete PolíticaConsulado das Filipinas pede a cidadãos que desistam de eventos políticos O Consulado Geral das Filipinas em Macau apelou ontem aos seus cidadãos para que desistam de actividades e encontros de cariz político. A mensagem foi difundida ontem, depois de no domingo o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) ter “convidado” 16 pessoas para a esquadra, por estarem envolvidas em actividades relacionadas com as presidenciais de 2022 nas Filipinas. “O Consulado gostava de recordar a todos os Filipinos em Macau para desistirem de se envolverem em encontros, reuniões e outras actividades com um cariz político ou partidário, incluindo a utilização de faixas e uniformes”, pode ler-se na mensagem, partilhada ontem à tarde. “Aos Filipinos é recordado, mais uma vez, que devem observar de forma rigorosa as leis e regulamentos do Governo de Macau e respeitar as sensibilidades da comunidade local”, foi acrescentado. A mensagem do consulado, actualmente liderado por Porfirio Mayo Jr, destaca as declarações dos governantes locais que negam aos não-residentes o direito de reunião e manifestação. “As recentes declarações das autoridades de Macau têm enfatizado que o direito de reunião e manifestação em espaços públicos é dos residentes permanentes de Macau e está sujeito às leis e regulamentos aplicáveis, incluindo a necessidade de obter uma autorização prévia”, é indicado. Deportação em causa O consulado recorda também aos trabalhadores não-residentes que no caso de infringirem a lei podem ver os contratos de trabalho terminados com justa causa e serem deportados, através do cancelamento do título de trabalhador não-residente. No domingo, as autoridades levaram 16 pessoas da comunidade filipina que estariam nas Ruínas de São Paulo e nas imediações da Torre de Macau para a esquadra a fim de prestarem depoimento. Em causa, estão investigações que podem envolver a violação ao direito de reunião e manifestação e ainda a utilização do símbolo da RAEM na produção de materiais de promoção do candidato presidencial Ferdinand Romualdez Marcos Jr.. As eleições presidenciais das Filipinas estão agendadas para 9 de Maio do próximo ano.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCaso Criptomoeda | Autoridades de Hong Kong ignoraram pedidos de assistência Um investigador da Polícia Judiciária reconheceu que não há provas de transferências bancárias que demonstrem que Frederico Rosário lucrou com o esquema da criptomoeda. A investigação admite dificuldades, uma vez que as autoridades de Hong Kong não responderam aos pedidos de assistência A Polícia Judiciária (PJ) desconhece o destino 12 milhões de dólares de Hong Kong enviados para contas bancárias na RAEHK, no âmbito do esquema de investimento em criptomoeda, promovido por Dennis Lau e Frederico Rosário. Segundo um agente da PJ, ouvido ontem no tribunal, a polícia não recebeu qualquer auxílio de Hong Kong durante a investigação, nem depois de ter pedido assistência através de Interpol. Chamado a depor para explicar a investigação a Dennis Lau e Frederico Rosário pela prática de burla, o agente de apelido Lok confessou que as provas sobre transferências de dinheiro foram entregues pelo próprio Frederico Rosário e as vítimas. Os documentos mostram que num total de 18 milhões de dólares de Hong Kong enviados para a RAEHK, seis regressaram a Macau para pagar “juros” e 12 milhões desapareceram. Terá sido também através da informação disponibilizada pelo filho de Rita Santos que as autoridades perceberam que Rosário era accionista de 10 por cento da empresa Forgetech. “Nunca recebemos qualquer informação sobre as contas bancárias de Hong Kong. Foi o arguido [Rosário] que nos forneceu os dados da Forgetech e da Genesis”, explicou Lok. Face à falta de cooperação das autoridades de Hong Kong e do banco DBS, para onde terá sido enviado o montante de 12 milhões de dólares de Hong Kong, o agente Lok reconheceu que não há provas que indiquem que Rosário tenha ficado com qualquer parte do montante. Foi também reconhecido não existirem provas que indiquem se Rosário pode, ou não, aceder às contas e às informações sobre as empresas em que estava envolvido com Dennis Lau. Questionado pelo advogado de defesa, se isso indicava que o filho de Rita Santos podia ser uma vítima, Lok respondeu que a investigação não seguiu esse caminho, porque Rosário tinha promovido o investimento, era accionista de uma das empresas e não terá conseguido provar que o dinheiro foi efectivamente utilizado para a minerização de criptomoeda. Por outro lado, o investigador reconheceu que os materiais da investigação indicam que Frederico Rosário terá perdido perto de 450 mil dólares de Hong Kong com o investimento na Forgetech. Sem informação Na parte da manhã da sessão de ontem, foram ainda ouvidas três lesadas com o esquema de investimento. Todas elas foram a Hong Kong apresentar queixa contras as empresas de Dennis Lau e Frederico Rosário, em 2018, mas nenhuma tinha recebido, até ontem, qualquer indicação das autoridades vizinhas sobre o desenrolar das investigações. A sessão serviu ainda para analisar o papel de Manuela, mulher de Frederico Rosário, em todo o processo. Sílvia Mendonça, advogada da única assistente pediu ao Ministério Público (MP) para ponderar avançar com um procedimento criminal contra a esposa do filho de Rita Santos. “Na queixa inicial a minha cliente tinha visado a Manuela e o Frederico”, começou por revelar Sílvia Mendonça. “O Ministério Público deve ponderar se não deve levantar um procedimento criminal contra a Manuela, e deixar o procedimento contra o Frederico, tendo em conta o que vem deste julgamento”, apelou. A intervenção da causídica não mereceu qualquer resposta por parte do Ministério Público nem do colectivo de juízes. No entanto, foi o papel de Manuela que marcou a parte da manhã do julgamento, uma vez que uma testemunha identificada como Violeta revelou ter tratado sempre do “investimento” com a esposa de Frederico. A ouvida somou perdas de 925 mil dólares de Hong Kong, depois de ter investido 1,4 milhões. A desilusão Violeta vincou também que Manuela utilizava um grupo de Whatsapp para promover os investimentos na criptomoeda e as sessões na Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau. No depoimento, Violeta, que admitiu ter sido testemunha do casamento entre Manuela e Frederico, lamentou a forma como o casal se comportou ao longo do processo. “Acho que eles encobriram [informações relevantes]. Não digo que tenham tido a intenção de enganar os investidores, mas tiveram proveitos, como comissões. E eles nunca nos disseram bem como eram as coisas”, considerou. “Só no fim é que soubemos que eles não podiam mexer nas contas [da empresa]”, revelou. Segundo a testemunha, Frederico terá afirmado ao longo dos seminários de investimentos realizados na Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) que era o patrão da empresa. Contudo, era apenas um accionista com uma participação de 10 por cento, que não lhe daria acesso às contas e movimentos de dinheiros da empresa. “Acho que não é no fim que vem dizer que afinal não tem responsabilidade. Não é assim que se fazem as coisas”, vincou. “Quando nos falaram no início, nunca nos disseram que não podiam gerir. Se tivessem dito não tinha investido”, lamentou. O papel de Manuela foi reforçado por outras duas testemunhas, Choi Teng e Lei Iok Meng, que também terão tratado dos investimentos através da esposa de Frederico Rosário. Choi Teng mencionou mesmo que Manuela terá reconhecido receber comissões pela captação de investidores.
João Santos Filipe Manchete SociedadeVeículos Eléctricos | Sector apela à uniformização de baterias e carregadores O Instituto dos Engenheiros Electrotécnicos e Electrónicos de Macau acredita que o futuro da RAEM passa pelos veículos eléctricos e considera essencial que haja uma uniformização para facilitar as importações O Instituto dos Engenheiros Electrotécnicos e Electrónicos de Macau (IEEEM) apelou ao Governo para uniformizar as normas para baterias e carregadores dos carros eléctricos, de forma a tornar mais popular este meio de transporte. A posição foi tomada por Michael Choi Tak Meng, vice-presidente do instituto, numa conferência de imprensa realizada ontem. “Consideramos que o melhor é o Governo definir quanto mais cedo possível as normas, para que as empresas que querem importar ou vender carros electrónicos em Macau tenham uma referência e possam seguir essas normas”, explicou Choi. “Como sabemos actualmente há vários tipos de carros electrónicos no mercado, e faz sentido que os agentes do mercado saibam que tipos devem importar”, acrescentou. O IEEEM realizou ontem uma palestra sobre as oportunidades e desafios na utilização dos carros eléctricos, assim como a utilização de internet nos veículos. À margem do evento, Michael Choi apelou ao Executivo para uniformizar as normas. O vice-presidente do IEEEM destacou igualmente os benefícios sociais, económicos e ambientais dos carros eléctricos, e sublinhou integrarem-se nas estratégias de desenvolvimento da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau e no Plano Quinquenal de Desenvolvimento Socioeconómico da RAEM. Michael Choi revelou ainda acreditar que os eléctricos são o futuro, dando como exemplo os veículos pesados de passageiros em Macau que adoptam a Norma Euro 4 e vão ter de ser abatidos, devido ao nível das emissões que produzem. “É uma direcção inevitável”, considerou, sobre a necessidade de haver uma redução das emissões de carbono. Desenvolvimento do 5G Além de vice-presidente da IEEEM, Michael Choi é ainda director executivo da MTEL, empresa de telecomunicações. O responsável foi questionado sobre o lançamento da 5G e a utilização desta rede nos veículos em circulação. “Espero que Macau possa lançar em breve os serviços da rede 5G. Acredito que o prazo para alcançar o nível do Interior no fornecimento de internet aos veículos possa ser curto”, deixou como previsão. Por acreditar numa rápida recuperação com a implementação da tecnologia 5G, Michael Choi desvalorizou, nesse campo, o atraso para o Interior. Em Setembro de 2021, de acordo com os dados da Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC), havia 112.506 automóveis ligeiros, dos quais 1.505 eléctricos, ou seja, 1,3 por cento.
João Santos Filipe Manchete SociedadePresidenciais filipinas | Polícia admite ter levado 16 pessoas para a esquadra A Polícia de Segurança Pública afirma ter convidado a ir à esquadra pessoas que usavam t-shirts e exibiam faixas sobre as eleições presidenciais Filipinas. Os “convites” foram feitos no domingo e a estadia na esquadra prolongou-se até ontem. Em causa, pode estar a realização de manifestações ilegais e a utilização indevida do símbolo da RAEM As autoridades levaram 16 pessoas da comunidade Filipina que estariam nas Ruínas de São Paulo e nas imediações da Torre de Macau para a esquadra para prestarem depoimento. Em causa, estão investigações que podem envolver a violação ao direito de reunião e manifestação e ainda a utilização do símbolo da RAEM na produção de materiais de promoção do candidato presidencial Ferdinand Romualdez Marcos Jr.. O número foi avançado pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), ao HM, depois de a autoridade ter sido questionada sobre detenções nos dois locais e ainda possíveis acusações. Na resposta, o CPSP recusou ter havido qualquer detenção e sublinhou que as pessoas foram apenas ouvidas como “assistentes na investigação”. “Ainda estamos a trabalhar no relatório que vai ser entregue ao Ministério Público, mas não houve nenhum detido. As pessoas estão envolvidas no caso e foram constituídas assistentes para a investigação”, explicou Lei Tak Fai, o porta-voz do CPSP. O grupo de pessoas nas Ruínas de São Paulo “convidado”, na tarde de domingo, para uma visita à esquadra era composto por 12 indivíduos. Nesse dia, várias pessoas estiveram juntas na escadaria das Ruínas com t-shirts vermelhas de apoio a Ferdinand Romualdez Marcos Jr., também conhecido como Bongbong Marcos. O caso nas imediações das Torre de Macau está relacionado com a utilização do logótipo da RAEM em materiais de campanha. Segundo fonte ouvida pelo HM, terão sido quatro os envolvidos. “No domingo à noite houve quatro detidos. Não só as pessoas responsáveis pela elaboração da faixa com o símbolo de Macau, mas também aquelas que estavam apenas a segurar as faixas”, relatou, ao HM, uma fonte que pediu para permanecer anónima. “As detenções foram feitas apenas devido à utilização de forma indevida da faixa com o símbolo de Macau”, foi acrescentado. A polícia confirmou o número de “assistentes”. Sentimentos difusos A fonte ouvida pelo HM apresentou o relato dos acontecimentos ainda antes da resposta do CPSP, porém, revelou que “os assistentes” terão deixado a esquadra, já na tarde de ontem, com a sensação de que ficavam a aguardar uma decisão sobre se iriam, ou não, ser acusados. De acordo com a Lei da Utilização e Protecção da Bandeira e do Emblema Regionais, a bandeira e o emblema regionais “não podem ser exibidos nem utilizados em marcas ou publicidade” e “outras ocasiões ou locais em que o Chefe do Executivo restrinja ou proíba a sua exibição ou uso”. As infracções relacionadas com o símbolo da RAEM são punidas com uma multa que vai das 2 mil às 20 mil patacas. No caso das infracções à lei de manifestação, os suspeitos arriscam a uma pena que pode chegar aos dois anos de pena de prisão, ou multa. O método de “convidar” pessoas que se suspeita estarem a infringir a lei de reunião e manifestação não é novo na RAEM. Em Março deste ano, cerca de 13 pessoas foram levadas para a esquadra, depois de se terem recusado a abandonar o Tap Siac, local para onde estava agendada uma manifestação, entretanto cancelada, sobre o cartão de consumo electrónico. Apesar de levadas nos veículos das autoridades, por se recusarem a abandonar o local, o CPSP veio horas depois negar ter feito quaisquer detenções e tratou as pessoas como “assistentes”. As eleições presidenciais das Filipinas estão agendadas para 9 de Maio do próximo ano.
João Santos Filipe SociedadeComércio | Residentes sofrem com “boom” no mercado paralelo Com o fim da quarentena entre Zhuhai e Macau, os moradores das Portas do Cerco queixam-se do aumento do comércio paralelo, com as ruas a ficarem congestionadas e cheias de caixas de cartão Após o fim da exigência de quarentena entre Macau e Zhuhai, o comércio paralelo, ou seja, bens comprados na RAEM a preços mais baratos e levados para o Interior, disparou. No entanto, de acordo com o jornal Exmoo, a população da zona das Portas do Cerco está descontente com a situação e queixa-se de que quem transporta os bens para o Interior deixa as caixas de cartão espalhadas pelas ruas do Bairro Va Tai. De acordo com o cenário traçado pela publicação, as ruas, que no início do mês passado estavam desertas, apresentam-se agora muito diferentes, com as lojas, que mais parecem armazéns, cheias de clientes e os passeios ocupados com caixas de cartão. Por todo o lado, pode ver-se pessoas a colocarem bolachas, chocolates, leite em pó e outros produtos, de marcas ocidentais, dentro das malas. A enchente começa logo por volta das cinco da manhã, com a compra de grandes quantidades de produtos, que depois são divididos pelas malas de várias pessoas que assim ganham a vida a atravessar a fronteira entre Macau e Zhuhai. Vendas dispararam Segundo o empregado de uma farmácia no Bairro Va Tai, só com o fim das medidas que exigia o cumprimento de uma quarentena de 14 dias entre Macau e Zhuhai, o volume de vendas aumentou pelo menos 50 por cento. Entre os produtos mais procurados, estão o leite em pó ou medicamentos e outros para crianças e bebés. Um outro comerciante ouvido pelo Exmoo, que pediu anonimato, também reconheceu que com o fim da quarentena o negócio recuperou quase de imediato. Contudo, as queixas dos moradores na zona, que se dizem muito incomodados com o lixo e o congestionamento, tem levado as autoridades a apertarem o controlo às actividades de comércio paralelo. Neste sentido, o jornal relata que na passada sexta-feira e sábado, teve lugar uma operação do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e dos Serviços de Alfândega com o objectivo de investigar as práticas das lojas naquele local e os bens transportados para o Interior. No âmbito destas operações, na semana passada, foi desmantelada uma rede de comércio paralelo que envolvia 15 pessoas. Além disso, foram ainda apreendidas verbas no valor de 430 mil patacas. A maior parte deste montante dizia respeito a peles para o sector têxtil feitas com pêlo de animal.
João Santos Filipe Manchete PolíticaLei Sindical | Dirigente ligada aos Moradores aponta “motivações políticas” Chan Fong considera que a lei sindical vai levar ao declínio económico, como diz acontecer no Ocidente. Além disso, a dirigente associativa ligada aos Kaifong entende que o diploma servirá para que uma minoria controle os trabalhadores, sem supervisão do Governo Central Chan Fong, representante dos Moradores de Macau, criticou a criação de uma Lei Sindical e avisou que caso o projecto vá para a frente que o território corre o risco de seguir exemplo do Ocidente e entrar num ciclo de recessões económicas. A opinião foi partilhada pela representante da associação, falando em nome individual, durante a sessão de consulta de domingo sobre a futura Lei Sindical. Chan Fong disse que o diploma é desnecessário e que a defesa do proletariado já é garantida pela Lei Básica e a Lei das Relações Laborais. Porém, alertou para os interesses políticos de uma minoria: “Quais são os objectivos e a motivação política para criar esta lei?”, começou por questionar, de acordo com o jornal Cheng Pou. “Vai fazer com as posições tomadas pelos sindicatos, o direito à greve e a defesa dos interesses dos trabalhadores fique controlados por uma minoria política, que já recorre a recursos e operações sem qualquer supervisão do Governo Central e do Governo de Macau”, defendeu. Chan defendeu que actual contexto legal permite a defesa dos direitos laborais e que a nova lei coloca Macau no caminho de declínio económico seguido pelo Ocidente há vários anos. Por isso, a dirigente dos Kaifong questionou se a legislação não vai apenas contribuir para ameaçar os postos de trabalho dos residentes. Sem negociação colectiva Ella Lei também marcou presença na sessão de consulta pública. A deputada e vice-presidente da Federação das Associações dos Operários defendeu que o diploma deve prever a questão da negociação colectiva, algo que no seu entender não está estabelecido no documento de consulta. A deputada disse também que funcionários públicos, trabalhadores das empresas públicas e pessoal de saúde não devem ser limitados na participação da reunião e associação sindical, ao contrário do que o Executivo pretende. Em resposta a esta opinião, o director dos Serviços para os Assuntos Laborais, Wong Chi Hang, considerou a proposta justa e adequada ao ambiente de Macau. Por sua vez, Vong Kok Seng, vice-presidente da Associação Comercial de Macau, recusou a hipótese de criar um sindicato com o número mínimo de sete pessoas, exigindo, pelo menos, 15. O representante do patronato avisou ainda que a consulta pública corre o risco de ser pouco representativa das entidades patronais, e explicou que em Macau há uma proporção de um empregador para cinco empregados, o que pode levar à falta de voz do.
João Santos Filipe Desporto MancheteTCR China | Rodolfo Ávila vence em Xangai e é o novo campeão O triunfo no Campeonato do TRC China chegou quando a esperança num desfecho vitorioso estava praticamente perdida. Aliás, Rodolfo Ávila já tinha feito o check-out do hotel, para regressar a Macau o mais depressa possível. Com a vitória, a viagem foi adiada, mas na bagagem veio a taça de campeão Rodolfo Ávila (MG 6 XPower TCR) sagrou-se ontem em Xangai o grande vencedor do Campeonato de Carros de Turismo da China, depois de uma prova em que conseguiu recuperar de uma desvantagem de 14 pontos. “Tinha de recuperar os 14 pontos e achava que ia ser uma tarefa muito complicada. Até já tinha feito o check-out do hotel, porque pensava que ia hoje [ontem] para casa. Afinal só vou amanhã [hoje]!”, confessou Ávila, em declarações ao HM, momentos depois de se ter sagrado campeão. “É uma vitória muito boa porque tenho 34 anos, faço 35 no próximo ano, e começa a ser uma idade difícil para o desporto automóvel. A nova geração já é muito mais desenvolvida, devido à preparação e aos simuladores, e consegue mostrar resultados muito mais cedo”, reconheceu. “Ser campeão é muito bom, porque termino a época e o campeonato em altas, o que deve possibilitar a minha continuidade no próximo ano com a equipa MG”, acrescentou. O fim-de-semana nem começou da melhor maneira para Rodolfo Ávila. Partindo para a prova no Circuito de Xangai Tianma na liderança do campeonato, o piloto de Macau não foi além de um sexto e um oitavo lugares à geral, no sábado. Com estes resultados, o colega de equipa, Zhang Zhen Dong, instalou-se no topo do campeonato com 14 pontos. Contudo, no domingo, tudo mudou. Na corrida matinal, Ávila partiu do sexto posto, mas chegou ao fim em segundo, o que lhe permitiu adiar as decisões para a última corrida. Depois, na prova decisiva, o piloto local arrancou do quarto lugar da grelha, e à segunda volta já liderava, ultrapassando pelo caminho Zhang Zhen Dong. A entrada em pista do safety-car ainda assustou o novo campeão, devido à aproximação do colega, mas o destino estava traçado e Ávila sagrou-se campeão. “Foi uma época com altos e baixos, e tive alguns problemas ao longo da temporada. Felizmente, no final do campeonato alcançámos o objectivo, e consegui ganhar o campeonato. Sinto que fiz o meu trabalho” indicou. Este foi o quarto título do piloto que defende as cores da RAEM, após ter conquistado os campeonatos da Ásia e da China de Fórmula Renault (2003) e o Asia SuperCar Challenge (2008). Ausente de Macau Apesar de se ter sagrado campeão, o piloto de Macau não vai ter “direito” a uma corrida de consagração no Circuito de Guia. Isto porque a equipa MG 6 XPower optou por não participar no Grande Prémio, uma vez que, e ao contrário do ano passado, a prova não está integrada no calendário do TCR China. “A equipa compete no Campeonato TCR China. Mas, este ano a prova de Macau não conta para o campeonato, só para o TCR Ásia, por isso a MG não tem interesse. Os custos da participação são elevados, e o mercado de Macau não é um daqueles em que a MG vende mais carros”, explicou. “Nós gostamos de competir, mas para as marcas as corridas são uma forma de marketing, por isso a equipa foca-se mais na China, onde a MG tem vendido bastantes carros nos últimos anos”, justificou. Rodolfo Ávila ainda esteve para participar no evento de Macau integrado na Taça Porsche Challenge, mas o cancelamento da prova [ver texto secundário] acabou com qualquer esperança. “Estive bastante perto de participar, era para correr na Taça Porsche Challenge, mas a prova foi cancelada há uns dias”, admitiu. “Estava feliz por poder competir de Porsche, uma marca com que competi durante muitos anos e tenho boas ligações. Por isso, fiquei um bocado desiludido com o desfecho”, reconheceu. Apesar disso, Rodolfo Ávila vai estar presente no Circuito da Guia, não só como espectador, mas integrado na equipa Asia Racing Team (ART), que vai prestar assistência a Li Si Cheng, piloto que compete na Fórmula 4. “É um bocado chato estar presente e não poder correr. Mas espero que seja uma boa edição do Grande Prémio e espero poder regressar no próximo ano”, concluiu o também Team Manager, da ART.