Ruído | Queixas aumentam quase 50%, “conversas e gritos” foram principal razão

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental afirma que o ruído foi inferior aos anos anteriores, mas que as queixas se devem ao facto de a população estar mais atenta. O relatório sobre o ambiente de Macau em 2020 sublinha também a melhoria da qualidade do ar devido à pandemia

 

O número de queixas sobre o ruído ambiental aumentou em 4.279 casos entre 2019 e 2020, o que representa um crescimento de 45,4 por cento. A informação consta no Relatório do Estado do Ambiente de Macau 2020, feito pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), e as principais queixas deveram-se a “conversações e gritos”.

Entre as 13.701 queixas, as “conversas e gritos” foram o principal motivo, com 6.176 ocorrências. Seguem-se as reclamações devido a “música e karaoke”, com 1.854 queixas, “decoração interiores”, com 1.424, e ainda “obras de construção”, com 493 queixas. Em todos os campos apresentados, registaram-se aumentos face ao ano anterior que variaram entre 28,1 por cento e 53,7 por cento.

Segundo os dados da DSPA, o aumento das queixas é explicado com a maior atenção da população para o fenómeno. “Durante o período da epidemia em 2020, os níveis de ruídos registados em todas as estações de monitorização do ruído forma inferiores aos de 2019”, é afirmado. “Houve um aumento considerável de mais de 40 por cento no número de reclamações sobre o ruído em 2020 face a 2019, sendo os tipos principais, sucessivamente, ‘conversações e gritos’, ‘música e karaoke’, e ‘decorações de interiores’, todos provenientes da vida social, demonstrando que os moradores estiveram mais atentos ao estado sonoro do ambiente em que se inserem, durante a epidemia”, é acrescentado.

A DSPA propõe a redução da densidade populacional em algumas zonas, melhorar as condições de isolamento de som durante as fases de planeamento e concepção dos projectos de construção, controlo do número de veículos, incentivar uso dos transportes públicos e veículos eléctricos e redução do “impacto sonoro proveniente dos projectos de construção”.

Pandemia melhorou ar

Como consequência da pandemia, a redução das actividades sociais e económicas levaram a que em mais de 95 por cento do ano o ar fosse classificado como “bom” ou “moderado”. “Esta melhoria visível tem a ver com o abrandamento das actividades socioeconómicas durante a epidemia causada pelo novo tipo de coronavírus, devendo, no entanto, ser dada atenção à tendência de mudança à medida que as actividades socioeconómicas vão retomando a normalidade”, é acrescentado.

Ainda de acordo com os dados apresentados nas estações “Berma da Estrada (Macau)”, “Áreas de Alta Densidade Habitacional (Macau)” e “Áreas de Alta Densidade Habitacional (Taipa)” não houve qualquer dia de 2020 em que o ar estivesse “insalubre” ou “muito insalubre”. Nas estações “Ambiental (Taipa)”, “Ambiental (Coloane)” e “Berma da Estrada (Ká-Hó)” os dias com ar insalubre forma de 15, dias, 10, dias e 16 dias, respectivamente.

Ainda sobre a qualidade do ar, o relatório mostra-se preocupado com os níveis de ozono que afectam “amplamente a qualidade do ar da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau” e põem “em causa a saúde da população”.

Neste contexto, é sugerido ao Governo medidas para reduzir as emissões principalmente nas áreas da produção de electricidade e dos transportes. Contudo é também deixado um apelo aos cidadãos: “Cada um de nós deve pensar em si e nas próximas gerações, optar por um estilo de vida mais ecológico, de modo a promover o desenvolvimento de baixo carbono em Macau, contribuindo assim para enfrentar as mudanças climáticas”.

Descargas sem tratamento

No ano passado, entre um total de 186 saídas de drenagem costeira, 47 (cerca de um quarto) enviaram águas residuais domésticas para o mar sem qualquer tratamento. É por esse motivo, que as águas estão insalubres, de acordo com o Relatório do Estado do Ambiente de Macau 2020. A zona do Porto Interior é a mais afectada pelas descargas e deve-se ao facto de os colectores de intercepção estarem “constantemente cheios”. Porém, segundo director da DSPA, Raymond Tam Wai Man, há planos para construir três instalações provisórias de tratamento de água residual no Porto Interior.

7 Jun 2021

DSAL | Expectativas salariais afastam locais de trabalhos domésticos

O Governo diz que residentes locais têm pouco interesse em ser empregadas domésticas, porque procuram ordenados e horários que não correspondem às expectativas dos empregadores

 

Numa altura em o território atravessa problemas de falta de mão-de-obra na área do trabalho doméstico, devido às alterações à lei de contratação de não-residentes e ao encerramento das fronteiras, a Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) afirma que dificilmente os trabalhadores residentes serão solução para o problema. A explicação faz parte da resposta a uma interpelação do deputado Lam Lon Wai.

Segundo Wong Chi Hong, director da DSAL, existe um desfasamento entre as expectativas dos trabalhadores locais a nível do salário e dos horários face às ofertas de emprego. “Segundo a base de dados de desempregados da DSAL, poucos residentes locais têm vontade de trabalhar no âmbito do apoio domiciliário, ou poucos empregadores têm vontade de contratar funcionários de apoio domiciliário”, indicou. “As expectativas de salário e horário de trabalho que os candidatos têm são diferentes das condições que os empregadores estão dispostos a oferecer”, acrescentou.

Wong Chi Hong explicou também que no ano passado apenas cinco residentes locais procuraram empregos de “apoio domiciliário” com salários a rondar 10 mil patacas por mês. Porém, para esses trabalhadores apenas houve oito ofertas de emprego, com salários de 8.500 patacas.

Também segundo o director da DSAL, até o fim de Abril de 2021, foram registadas seis inscrições para vagas de apoio domiciliário, com os interessados a solicitarem um salário médio de 12,5 mil patacas. Contudo, houve apenas cinco ofertas, com um ordenado médio de 9.500 patacas.

Apesar do cenário, o Governo concorda com a sugestão do deputado de serem criadas “equipas de apoio domiciliário com trabalhadores locais” para resolver o problema. No caso de haver interessados, Wong esclarece que a DSAL está disponível para organizar as formações necessárias.

Cursos de formação

Em relação à formação nesta área, desde 2012 até ao final de Março de 2021, cerca de 400 pessoas participaram em cursos. Os números foram adiantados pelo director Wong Chi Hong, na resposta a interpelação escrita do deputado Lam Lon Wai.

Wong explicou que desde 2012 foram lançadas 17 edições do curso, que contaram com 400 participantes. Entre estes participantes, 80 por cento, ou seja aproximadamente 320, eram empregadas vindas do exterior e que se inscreveram por indicação dos patrões.

As formações incluem conteúdos técnicas de culinária, cuidado de idosos e crianças, conhecimentos higiénicos, segurança ocupacional e conhecimento legal.

No que diz a cursos para trabalhadores vindos do Interior, a DSAL realizou várias formações desde 2014, que abrangeram, até Março de 2021, 980 pessoas.

7 Jun 2021

Eleições | Mak Soi Kun não se candidata pela via directa à Assembleia Legislativa

Mak Soi Kun, o candidato mais votado nas eleições directas de 2017, confirmou que está fora da ‘corrida’ ao hemiciclo. Sobre a possibilidade de ser eleito pela via indirecta ou nomeado pelo Chefe do Executivo diz “não ter ideia”

 

Mak Soi Kun admitiu que não será candidato nas eleições pela via directa à Assembleia Legislativa. As declarações do deputado ligado à comunidade de Jiangmen foram prestadas na sexta-feira ao jornal Ou Mun, depois de no dia anterior não ter comparecido à entrega dos documentos para formalizar a comissão de candidatura da lista União de Macau-Guangdong.

De acordo com o empresário e ainda deputado, a decisão foi tomada devido à “esperança que a vaga seja aproveitada por uma geração mais nova interessada em participar no processo político” da RAEM.

Em relação às “novas caras”, Mak Soi Kun sublinhou a importância do patriotismo e do território ser governado por patriotas. “A essência da educação patriótica está na transmissão das melhores tradições. Se queremos cultivar os melhores talentos para governar Macau, não nos podemos limitar a falar e não fazer nada”, explicou. “Espero que a oportunidade de participar nas eleições directas seja aproveitada para treinar e ensinar os mais novos, para que a educação tradicional e patriótica continue nas eleições futuras”, acrescentou.

No que diz respeito às missões do elenco do próximo hemiciclo, Mak Soi Kun destacou a implementação do princípio “Um País, Dois Sistemas” e da política “Macau governado pelas suas gentes”. O deputado deixou também o desejo que os futuros legisladores continuem a “fiscalizar o Governo, de acordo com a lei” e que saibam “lutar pelos direitos e interesses dos residentes”.

Vias alternativas?

Questionado se seria candidato através das eleições indirectas ou por nomeação do Chefe do Executivo, Mak não recusou a possibilidade, mas limitou-se a dizer “não ter ideia”.

Por outro lado, apontou que até Agosto, altura em que termina o mandato dos legisladores eleitos em 2017, vai concentrar todos os seus esforços no trabalho que têm em mãos e a garantir que serve os interesses dos residentes.

Quanto aos três mandatos que serviu, desde 2009, Mak agradeceu aos cidadãos “todo o apoio” e a “confiança” que diz terem permitido “retribuir à sociedade” o que colheu em Macau ao longo dos anos.

Em 2017, a lista União de Macau-Guangdong foi a vencedora das eleições com 17.214 votos, mais 518 votos que a listas dos Operários de Macau. O resultado permitiu eleger os deputados Mak Soi Kun, deputado desde 2009, e Zheng Anting, eleito pela primeira vez em 2013.

7 Jun 2021

10 Marias | Associação recria ambiente burlesco em festa num barco

A Associação Cultural 10 Marias vai animar a noite de sábado com o evento “Barco do Amor”. No Rio das Pérolas, 13 artistas e 250 participantes são convidados a vestirem-se a rigor para o cabaré, partilhar os seus alter egos e criar “um mundo mágico de fantasia, brilhos e arte”

 

A Associação Cultural 10 Marias vai embarcar 250 pessoas e levá-las a vivenciar o ambiente burlesco de um cabaré. A iniciativa com o nome Love Boat (Barco do Amor) está agendada para este sábado e além do espectáculo com a duração de uma hora e quinze minutos, as pessoas vão ainda ter a oportunidade de apreciar a costa de Macau do Porto Interior até à Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e assistir a um DJ Set.

Através de artistas que apresentam diferentes trabalhos, que vão da música ao texto, o público é transportado para “um mundo mágico de fantasia, brilhos e arte”. “Nós lançamos um tema, depois convidámos vários artistas de todas as nacionalidades para virem fazer diferentes performances, como texto, música, o que quiserem, dentro do tema.

Cada um interpreta como quer”, explicou, ao HM, Mónica Coteriano, uma das organizadoras.
Este ano o amor volta a ser o tema principal, tal como tinha sido em 2018, a última vez em que a associação promoveu uma iniciativa também com um ambiente de cabaré. “Os nossos eventos são sempre organizados à volta do amor. O evento de 2018 era Sunday of Love, porque era de sábado para domingo”, justificou a membro da organização. “Como este evento é num barco, faz sentido chamar-se Love Boat”, acrescentou.

Durante uma noite, os artistas têm liberdade para fazer diferentes interpretações: “Apesar de o tema ser o amor, as pessoas não têm de apresentar uma visão ‘muito bonita’, podem ter um rasgo e passar uma ideia oposta sobre o amor”, indicou.

Mundo de alter egos

A experiência não se limita ao espectáculo, aos artistas é pedido que se mantenham nas personagens durante toda a duração da iniciativa. “Cada um arranja a sua personagem e tem a liberdade para explorar os seus alter egos. Mesmo os que não tiverem nomes de alter egos, nós inventamos um nome. Porque a ideia é mesmo experimentar um formato diferente, as personagens vão criar o ambiente de cabaré e mantêm-se na personagem do princípio até ao fim”, afirmou Mónica.

Para participantes não há um dress code, no entanto, os organizadores incentivam as pessoas que se sentirem bem a adoptarem igualmente personagens para a festa. “Há pessoas do público que depois entram na onda e vão vestidas com um ar mais extravagante. Não são todas porque não há um dress code, mas aconselhamos as pessoas a vestirem-se. Se as pessoas se sentirem à vontade, nós agradecemos porque contribui para o ambiente” considera. No entanto, ressalva que depende da vontade individual: “se não quiserem vestir-se a rigor não precisam, o importante é sentirem-se bem e divertirem-se”, ressalva.

Evento esgotado

Ainda antes de embarcar, o Love Boat já pode ser considerado um sucesso. Os 250 bilhetes disponíveis para a iniciativa estão esgotados e até houve pedidos para que houve um segundo dia de festa. Os números deixam os organizados felizes com a aceitação do evento.

“Os bilhetes estão esgotados, e a participação vai ser de 250 pessoas. Estou felicíssima com a participação. Se tivéssemos um cargueiro seria melhor… ficou muita gente de fora porque não conseguiu comprar bilhete”, admite Mónica Coteriano. “Na verdade, o barco poderia levar mais gente, mas optámos por não o encher para que as pessoas se sintam mais confortáveis”, reconheceu.

Segundo a organizadora, o interesse pela iniciativa deve-se a duas questões. Por um lado, a atracção de fazer uma viagem de barco pela costa de Macau, e, por outro, o sucesso da festa de 2018 no espaço da Live Music Association, em que o ambiente de cabaré foi igualmente recriado. “Quando fizemos o evento no LMA também já tínhamos lotação esgotada, mas a capacidade era mais reduzida, só 100 pessoas. Por isso, acho que o sucesso desse evento contribuiu para que as pessoas falassem sobre a iniciativa e quisessem participar”, apontou. “E claro, a viagem de barco contribui para haver mais inscrições. A experiência de haver um cabaré no barco deve ser única em Macau”, considerou.

O Love Boat será realizado no barco Blue Whale com embarque previsto a partir das 21h00 até às 21h50 no Cais 14. A embarcação parte do Porto Interior, passando pela Torre de Macau e pelas margens em frente ao Grande Lisboa, MGM, Wynn, Museu de Ciências de Macau em direcção à nova Ponte de Hong Kong-Zhuhai-Macau.

4 Jun 2021

Eleições | Mak Soi Kun falta a apresentação de comissão de candidatura

O deputado eleito pela lista mais votada em 2017 foi a ausência mais notada na apresentação da comissão de candidatura para o acto eleitoral de Setembro. A exclusão de Mak não foi confirmada, mas o presidente da Associação dos Conterrâneos de Jiangmen prometeu que a lista vai ter muitas “caras novas”

 

A lista União de Macau-Guangdong, que em 2017 elegeu os deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting, apresentou ontem a comissão de candidatura, com o apoio de 500 residentes, o máximo permitido por lei. No entanto, a entrega dos documentos com as 500 assinaturas ficou marcada pela ausência de Mak Soi Kun, deputado e cabeça de lista nas últimas eleições.

Face à ausência do deputado, Ian Soi Kun, presidente da Associação dos Conterrâneos de Jiangmen, acompanhado por Zheng Anting, ficou encarregue de prestar declarações aos jornalistas. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, depois de entregar os documentos, Ian prometeu que a lista vencedora de 2017 vai apresentar muitas “caras novas” de vários sectores da sociedade.

E será que na lista ainda há espaço para o vencedor das últimas eleições? Segundo Ian Soi Kun, a lista ainda está em aberto e só vai ser apresentada depois da comissão de candidatura ser validada. Ao HM, também o deputado Zheng Anting não quis confirmar se Mak Soi Kun vai abdicar de concorrer para fazer o quarto mandato na Assembleia Legislativa: “Não sei a razão de ele não ter comparecido. Talvez esteja ocupado com outros assuntos e por isso não tenha podido estar presente”, afirmou.

Ian Soi Kun indicou ainda que a base de programa político está a ser preparada, mas que a habitação e a questão do trânsito são tidas como prioritárias. “A habitação e o trânsito são assuntos que vamos seguir com atenção, bem como o envelhecimento da população, uma vez que Macau está a tornar-se numa sociedade envelhecida e é necessário cuidar dos idosos”, apontou Ian.

Ao mesmo tempo, o presidente da Associação dos Conterrâneos de Jiangmen sublinhou também que a integração na Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau e a questão da criação de mais empregos vão ser outros pontos importantes para a lista.

Em 2017, a lista União de Macau-Guangdong foi a vencedora das eleições com 17.214 votos, mais 518 votos que a listas dos Operários de Macau. O resultado permitiu eleger os deputados Mak Soi Kun, deputado desde 2009, e Zheng Anting, eleito pela primeira vez em 2013.

4 Jun 2021

Poderes do Pensamento Político apresenta comissão de candidatura às eleições

As questões da habitação, da função pública e das concessões do jogo são alguns dos aspectos que os membros esperam abordar durante o período de campanha

 

Uma candidatura que se vai focar nas questões da habitação, função pública e das concessões do jogo. A promessa foi deixada ontem por Nelson Kot, membro da Comissão de Candidatura com o nome Poderes do Pensamento Político, que apresentou o processo para validação na terça-feira.

Ao HM, o ex-candidato às eleições de 2017 e ex-funcionário da Direcção de Inspecção e Coordenação dos Jogos, explicou que a ordem da lista apenas vai ser apresentada após o processo de validação dos 350 membros pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa. Contudo, Nelson Kot adiantou que entre as prioridades para a campanha está o problema de habitação.

“O Governo criou muitos sistemas para a atribuição de habitação, o que nos faz prever que o futuro terá menos problemas”, reconhece Kot. “Mas, actualmente, ninguém sabe a quantidade de casas que vai ser disponibilizada para habitação neste ano, no próximo ano e até 2024. E essa informação é muito importante. O Governo tem de revelar mais informações sobre este assunto, que vai merecer a nossa atenção”, acrescentou.

Na questão da Função Pública, a comissão Poderes do Pensamento Político acredita que existe a necessidade de reformar o regime de carreiras da administração pública. Este é um processo que Nelson Kot considerou estar a ser adiado há demasiado tempo.

“O Governo tem levado muito tempo a reformar o regime da função pública, estão a ser demasiado lentos. O nosso regime foi estabelecido antes de 1999, tem quase trinta e tal anos. E nas carreiras especiais não tem havido alterações, o que causa insatisfação aos funcionários”, vincou.

Kot afirma que faz sentido nesta fase actualizar os salários a nível das carreiras especiais para que haja uma maior diferenciação entre a remuneração dos assessores e dos chefes de departamentos e divisões. “Os salários dos chefes são muito semelhantes aos salários dos assessores. Isso faz com que as pessoas não tenham interesse em subir na carreira e assumir cargos com mais responsabilidades”, explicou. “Tem de haver uma maior diferenciação para haver uma maior motivação”, atirou.

Questões e concessões

Na agenda da candidatura consta igualmente a situação das concessões do jogo, principal sector da economia, que terminam a meio do próximo ano. Neste aspecto, Nelson Kot admite que existe a preocupação pela falta de informação sobre o assunto.

“Há muitas dúvidas sobre os contratos e o Governo não tem disponibilizado informação. Queremos que o Executivo explique se vai haver um prolongamento das concessões ou se vai abrir o concurso público. Eles ainda não disseram nada, apenas sabemos que vai haver a consulta pública na segunda metade do ano…”, revelou. “Queremos que o Governo tenha atenção a este aspecto. As licenças são muito importantes para Macau e para o futuro do território”, alertou.

Nelson Kot foi o cabeça de lista também com o nome Poderes do Pensamento Político, em 2017. Na altura, a lista reuniu 672 votos, ou seja, ficou a 7.676 votos do último deputado eleito.

3 Jun 2021

Chefe de divisão da PJ encontrado morto junto aos Lagos Nam Van

O chefe da Divisão de Ligação entre Polícia e Comunidade e Relações Públicas da Polícia Judiciária, Cheang Pou Seong, foi encontrado ontem sem vida dentro da viatura. O corpo de Cheang foi detectado, junto do Lago de Nam Van, depois de a família ter dado o alerta para o desaparecimento do homem de 47 anos de idade

 

“Esta manhã, a Polícia Judiciária foi informada pela família de um investigador desta força sobre a impossibilidade de contactá-lo. Na sequência da denúncia, os agentes encontraram o carro do agente num parque de estacionamento junto do Lago de Nam Van”, afirmou a PJ numa mensagem escrita, em que o morto era identificado como agente Cheang. “O agente foi encontrado dentro do carro, onde também estavam alguns objectos de carvão que tinham sido queimados”, foi acrescentado.

Ainda de acordo com a informação oficial, o corpo do agente da PJ não apresentava sinais de lesões. Porém, a PJ diz que a causa da morte só vai ser identificada depois de ser feita a autópsia.

Ao HM, um porta-voz da PJ recusou prestar mais esclarecimentos sobre o caso, devido a motivos familiares, e indicou que a informação já tinha sido disponibilizada.

Contudo, a principal tese aponta para que Cheang Pou Seong tenha cometido suicídio, uma vez que com o corpo, além do carvão queimado, terá sido alegadamente encontrada uma carta.

Carreira de louvores

Cheang Pou Seong era licenciado em Direito e estava na Polícia Judiciária desde 1999. Ao longo da carreira assumiu os cargos de investigador criminal estagiário, investigador criminal e sub-inspector. Foi em Abril de 2013 que passou a assumir as funções que manteve até ontem. Até 2013, de acordo com uma nota do Gabinete de Comunicação Social, aquando a tomada de posse, tinha acumulado uma Menção de Mérito Excepcional, 4 louvores individuais e 8 louvores colectivos.

Em 2014, Cheang recebeu outra menção de Mérito Excepcional, atribuída pelo secretário para a Segurança, Cheong Kuoc Vá. “Revelou sempre dedicação, empenho e um espírito inovador, activo e responsável no trabalho. Para alargar os laços de cooperação entre a polícia e a população envidou grande esforço, procurando sempre manter uma boa cooperação com as associações, estabelecimentos de ensino e média”, destacou na altura o então secretário.

“Manteve uma boa interacção com os média, reforçando em diversos âmbitos, os laços de cooperação entre a polícia e a população, dando assim um contributo relevante para o desenvolvimento do trabalho de policiamento de proximidade”, foi igualmente destacado.

O Instituto de Acção Social (IAS) apela às pessoas com pensamentos suicidas e que necessitem de auxílio que contactem o Serviço de Auxílio da Cáritas, através do número 2852 5222, em chinês, ou do número 2852 5777, em inglês.

1 Jun 2021

Covid-19 | Surto em Cantão leva Governo a pedir que se evitem deslocações

Os vinte casos identificados domingo na província vizinha colocaram Macau em modo de alerta e o Governo apela aos residentes para que evitem as deslocações ao Interior. A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura realçou que em tempo de pandemia não se pode garantir a 100 por cento a segurança da RAEM

 

O surto comunitário dos últimos dias na Província de Cantão levou o Governo a apelar aos cidadãos para evitarem as deslocações ao outro lado da fronteira. A mensagem foi deixada ontem pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieng U, durante a conferência de imprensa semanal sobre a evolução da pandemia da covid-19.

Desde domingo, a província de Cantão relatou 20 casos, 18 dos quais na cidade de Guangzhou e dois em Foshan. Um dos casos esteve em contacto próximo com um residente local, o que fez com que a pessoa de Macau tivesse de ser colocada de quarentena.

“Uma vez que surgiram novos casos em Guangzhou e Foshan aproveito para uma vez mais apelar a todos os cidadãos que, caso não seja necessário, não saiam de Macau e não se desloquem a locais com casos identificados”, apelou.

“Talvez haja pessoas que pensem que Macau nunca vai passar pela epidemia, mas já antes houve recaídas e não podemos nunca garantir a 100 por cento que não há mais casos”, acrescentou.

O surto levou a que tenham sido adoptadas medidas mais restritivas de circulação de pessoas. Em Macau, ainda não se coloca o cenário de ser imposta quarentena para quem vem do outro lado da fronteira, mas poderá haver um agravar das restrições se surgirem casos. “Se houver casos temos de voltar a Junho do ano passado […] Por isso, espero que os residentes não se desloquem a países e regiões com casos confirmados”, sublinhou.

Mais testes e código amarelo

Também ontem foi anunciado que as pessoas que se deslocarem aos hospitais com febre vão ser testadas à covid-19 e durante o tempo em que aguardarem pelo resultado serão reencaminhadas para casa, onde se espera que cumpram o isolamento.

Nesse período, a cor do código de saúde dos afectados vai ser alterada para amarelo, até que se confirme que não estão infectados. “Como sabemos há casos novos nas regiões vizinhas […] por isso vamos testar as pessoas para descobrir o mais cedo possível potenciais infecções”, afirmou Alvis Lo Iek Long, director dos Serviços de Saúde (SSM).

Na ocasião, o médico abordou igualmente a situação das 31 pessoas que viajaram com o residente local que esteve em contacto próximo com um infectado, em Cantão. Apesar disso, apenas o homem do contacto próximo está de quarentena, e Alvis Lo avançou ontem com a explicação para os diferentes critérios. “As 31 pessoas são da mesma excursão, mas não estiveram no mesmo local que o contacto próximo. Mesmo assim, as 31 pessoas vão fazer três testes de ácido nucleico”, indicou. “Achamos que a medida é suficiente, porque também temos de ser razoáveis nas medidas que tomamos”, justificou.

Hong Kong mais longe

Durante a conferência de imprensa de ontem, os representantes foram questionados sobre a possibilidade de se aliviarem as restrições de circulação com Hong Kong. A pergunta foi feita com base nos dados de domingo, quando Cantão apresentou 20 casos, o que não impede a circulação para o outro lado da fronteira sem quarentena, enquanto Hong Kong apresentou zero casos. Contudo, neste momento, não é possível circular para a RAEHK sem cumprir o isolamento médico.

No entanto, a diferença foi explicada com uma maior confiança da RAEM nos mecanismos do Interior do que da RAEHK. “As nossas decisões têm por base dados científicos. O Governo tem contactado com Hong Kong e quando forem alcançados os 14 dias sem casos, vamos iniciar as negociações para uma circulação mais próxima”, afirmou Alvis Lo.

De seguida, o médico, fez a comparação com Interior: “Em relação a Guangdong foram aplicadas restrições muito fortes desde que foi descoberto o caso. Podemos considerar que têm capacidade para testar toda a zona afectada e que o risco é médio”, defendeu o director dos SSM. “A capacidade do Governo de Guangdong é muito forte e recebemos prontamente a comunicação com os casos confirmados. […] Acho que as medidas que tomaram são suficientes”, acrescentou.

Vacinação com 48 mil marcações

De acordo com a informação disponibilizada, o processo da vacinação começa a ser mais requisitado. Segundo a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, só na última semana houve mais de 48 mil marcações, o que representou uma média diária superior a 7 mil agendamentos por dia. O número levou a secretária a agradecer à população.

Este aumento vai fazer com que os cidadãos que pretendam ser inoculados com a vacina BioNTech/Pfizer tenham de aguardar alguns dias, depois de realizarem a marcação. Os que têm agendada a segunda dose não vão ser afectados por eventuais atrasos.

“Neste momento temos cerca de 20.500 doses da vacina MRNA. Essas doses são de reserva e para as pessoas levarem a segunda dose. Por isso, se fizermos os cálculos já não temos vacinas de MRNA suficientes e as pessoas que fizerem a marcação vão ter de esperar um pouco mais”, reconheceu Tai Wa Hou, coordenador do Plano de Vacinação contra a Covid-19.

A necessidade de espera foi explicada pela secretária, que acrescentou que o fornecimento está a ser feito de acordo com a procura, para evitar o desperdício. “Temos vacinas suficientes. Mas uma vez que o período da validade é mais curto, pedimos aos fornecedores que nos abastecessem pouca quantidade de uma vez”, clarificou. “Antes havia centenas de pessoas a receber esta vacina por dia, mas recentemente houve um grande aumento de marcações, com cerca de mil vacinas MRNA por dia. Por isso, no armazém não temos vacinas suficientes, temos de pedir imediatamente ao fornecedor. Temos de pedir para satisfazer a procura”, acrescentou.

Ainda de acordo com as contas de Elise Ao Ieng U, a espera entre a marcação e a vacinação deverá ser de “um ou dois dias”, pelo que considerou que as pessoas não se precisam de preocupar porque “as vacinas são suficientes”.

Óbito | Notícia da morte de advogado atrasada a pensar na família

Durante a conferência de imprensa de ontem, Alvis Lo admitiu que a notícia da morte do advogado Francisco Gaivão foi atrasada por motivos familiares. “Sentimos que tínhamos de considerar a situação da família”, reconheceu o médico. Os esclarecimentos foram prestados, depois de os responsáveis do Governo terem sido questionados sobre uma eventual ligação entre a morte e a vacinação do advogado de 48 anos. Inicialmente, o caso tinha sido classificado como de reacção adversa à vacinação, mas o Governo acabou por considerar que não havia ligação entre a vacinação e a morte.

“Sabemos que a epiglotite necrosante aguda pode causar asfixia, por isso achamos que o caso não tem a ver com a vacinação”, sublinhou Alvis Lo.

Sobre a qualificação como reacção adversa, o director dos SSM diz que faz parte de um processo inicial, em que por uma questão de transparência qualquer sintoma é tido como reacção adversa e que só mais tarde, em caso de necessidade, é investigada.

Código de saúde | Problema sem impacto

A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, garantiu que os problemas com o código de saúde de Cantão não afecta a capacidade dos Governo de detectarem o percurso das pessoas infectadas com Covid-19. A posição foi explicada com base na “comunicação permanente” entre as autoridades das regiões. Contudo, a secretária mostrou-se preocupada com a concentração nos últimas dias de pessoas nas Portas do Cerco e apelou aos residentes para que utilizem outras fronteiras.

1 Jun 2021

Covid-19 | Melco vai sortear seis milhões para encorajar vacinação

A empresa de Lawrence Ho subiu a “parada” no esforço das concessionárias para encorajar a vacinação e atingir imunidade de grupo em Macau. Cada funcionário da Melco habilita-se a receber mil patacas depois de receber duas doses da vacina contra a covid-19

 

A operadora Melco Entertainment vai entregar 1000 patacas a cada funcionário vacinado com as duas doses contra a covid-19 e ainda sortear 6 milhões de patacas, consoante o grau de imunidade dos trabalhadores locais da empresa. A informação foi divulgada pela empresa aos trabalhadores na semana passada e partilhada por Cloee Chao, presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo, nas redes sociais.

Segundo a informação apresentada, os trabalhadores locais que forem vacinados com as duas doses vão ter direito a 1.000 patacas.

Além dessa recompensa, e para reforçar o encorajamento à vacinação, as pessoas inoculadas ficam igualmente habilitadas a participar em seis sorteios que vão distribuir 6 milhões de patacas.

O primeiro sorteio vai realizar-se quando 25 por cento dos trabalhadores locais da empresa estiverem vacinados, o que significa 3.350 vacinas. Nessa ocasião, a Melco realizar o primeiro sorteio, de um milhão de patacas. O vencedor é responsável por assumir o encargo com os impostos.

Com 25 por cento da imunidade da empresa alcançada, a companhia sobe a parada. Quando 50 por cento dos trabalhadores locais estiveram vacinados, e for atingida a marca de 6.700 vacinas, a empresa de Lawrence Ho vai fazer dois sorteios, para distribuir mais 2 milhões de patacas.

No entanto, o ‘El Gordo’ chega só numa terceira fase, quando a empresa chegar à meta dos 75 por cento dos trabalhadores locais vacinados, vão realizar-se três sorteios, para atribuir os restantes três milhões de patacas.

A medida recebeu elogios de Cloee Chao, presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo, que explicou ainda que a Melco vai organizar dias de vacinação e disponibilizar transporte aos interessados. Além disso, os trabalhadores que levarem a vacina vão ter direito a dois dias extra de folga, que serão pagos.

A Melco é a operadora responsável pelos casinos City of Dreams, Studio City, no Cotai, e ainda Altira, em Macau. A empresa pertence a Lawrence Ho, milionário e filho do falecido Stanley Ho.

24 Mai 2021

TUI | Recusada legalidade do afastamento de Miguel Ian do Fundo de Pensões

A defesa argumentou que a dispensa não tinha sido justificada, e o tribunal aceitou os argumentos, considerando a medida de Sónia Chan de dispensar o ex-chefe de departamento ilegal. Miguel Ian está em Coloane a cumprir quatro anos de prisão na sequência do caso IPIM

O Tribunal de Última Instância (TUI) considerou que Sónia Chan, enquanto secretária para a Administração e Justiça, actuou de forma errada quando dispensou Miguel Ian Iat Chun, ex-chefe do Departamento do Regime de Aposentação e Sobrevivência do Fundo de Pensões. A decisão do TUI foi revelada na sexta-feira, e o despedimento ocorreu a 9 de Setembro de 2019.

Segundo o HM apurou, a defesa do ex-funcionário público, que foi condenado a quatro anos de prisão efectiva no âmbito do caso do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), pretendia que a decisão fosse anulada por falta de fundamentação. No Boletim Oficial, a decisão de finalizar a “comissão de serviço” foi justificada com o facto de o “titular” estar “impedido de exercer funções por mais de seis meses” e por lhe ter sido atribuída uma avaliação do desempenho de “satisfaz”. Na altura, Miguel Ian estaria suspenso das funções, devido a processo disciplinar.

Contudo, Miguel Ian decidiu recorrer aos tribunais para reverter a decisão, tendo agora visto o TUI aceite o argumento, numa decisão que é final e não admite mais nenhum recurso.

Logo após o Fundo de Pensões ter sido informado pelo Comissariado Contra a Corrupção do processo que envolvia Miguel Ian, a 6 de Novembro de 2018, Sónia Chan nomeou um inspector “independente” para o processo disciplinar. Este foi instaurando um ano antes do ex-chefe do Departamento do Regime de Aposentação e Sobrevivência ter sido dispensado.

A cumprir pena

Miguel Ian encontra-se actualmente a cumprir a pena de prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Coloane, depois de ter sido provado que tinha praticado sete crimes de falsificação de documento.

O ex-director-adjunto do Departamento Jurídico e de Fixação de Residência por Investimento foi condenado com a pena mais pesada entre os funcionários públicos do caso IPIM, em que constavam igualmente Jackson Chang, presidente, e Glória Batalha, ex-vogal.

Na sentença lida em Outubro do ano passado, a juíza que presidiu ao colectivo, Leong Fong Meng, afirmou que Miguel Ian não tinha feito parte da alegada associação criminosa criado pelo empresário Ng Kuok Sao para vender autorizações de residência em Macau, mas isso não impediu que tivesse utilizado conhecimentos adquiridos no IPIM para contornar obstáculos na aprovação dos pedidos de residência.

A decisão do caso IPIM foi contestada para o Tribunal de Segunda Instância, que ainda não se pronunciou. Contudo, o TSI recusou a Miguel Ian um pedido para que aguardasse pelo desfecho final do caso em liberdade.

24 Mai 2021

Países de Língua Portuguesa | Song Pek Kei quer seguros para comércio

Song Pek Kei defende que o portal do IPIM para investidores nos Países de Língua Portuguesa precisa de mais informação, como as leis, regulamentos e normas para as diferentes indústrias dos países destino do investimento

 

Para promover trocas comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa, a deputada Song Pek Kei defende que deve ser criada uma instituição para fornecer seguros de crédito às exportações. A ideia surge numa interpelação escrita, em que a deputada ligada à comunidade de Fujian afirma que uma instituição deste tipo poderia complementar os serviços das instituições de seguro e apoiar as Pequenas e Médias Empresas (PME).

“O Governo da RAEM continua empenhado na construção de uma plataforma de serviços financeiros e cooperação empresarial com os Países de Língua Portuguesa, para a assumir o papel de ponte e promoção das trocas económicas e comerciais entre a China e o os Países de Língua Portuguesa”, começa por destacar Song.

“Mas, para construir verdadeiramente uma plataforma comercial, é necessário aprofundar o sistema de seguro de crédito à exportação. Será que o Governo considerou criar uma instituição de crédito global e unificada, seguindo os exemplos do Interior e Hong Kong, para que haja mais protecção às empresas e Pequenas e Médias Empresas que fazem o comércio entre a China e os países de Língua Portuguesa?”, questiona.

Actualmente, existe um sistema de seguro de crédito às exportações, promovido pelo Executivo, em cooperação com as instituições bancárias, mas para a deputada é insuficiente e pouco abrangente.

Comércio com potencial

Ainda segundo os dados da legisladora, apesar da pandemia, e contra a tendência mundial, as trocas comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa atingiram 140 mil milhões de dólares norte-americanos.

Por isso, Song Pek Kei acredita que passados os efeitos da pandemia vai ser possível promover ainda mais o comércio, e pede ao Executivo que se prepare atempadamente, para que Macau assuma o papel de plataforma.

Como parte da preparação, Song Pek Kei indica que é necessário melhorar a informação disponível do site “Portal para a Cooperação na Área Económica, Comercial e de Recursos Humanos entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

Segundo a deputada, o portal que começou a operar em 2015 e pertence ao Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) não tem informação que é indispensável para os investidores. Entre os exemplos de informação Song indica leis, regulamentos e normas que se aplicam às diferentes indústrias dos países envolvidos.

Por isso, a legisladora questiona o Governo de Ho Iat Seng se vai aproveitar totalmente as potencialidades do portal e oferecer este tipo de informação, também como forma de atingir a diversificação económica de Macau.

24 Mai 2021

Cortes Orçamentais | Leong Sun Iok pede para não se mexer em apoios sociais

O deputado ligado aos Operários considera importante manter os apoios sociais, garantir que há dinheiro para pagar horas extra aos funcionários públicos e assegurar a qualidade do serviço

 

Após o Governo de Ho Iat Seng ter anunciado que vai manter os cortes de 10 por cento no orçamento do próximo ano, o deputado Leong Sun Iok vem exigir garantias de que os mais desprotegidos da sociedade não serão afectados. O pedido foi feito através de interpelação escrita, divulgada na sexta-feira pelo membro da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

“O Governo decidiu continuar com os cortes orçamentais para o próximo ano. A sociedade está preocupada com a forma como a sua vida e bem-estar vão ser afectados. Por isso, como é que o Governo pode garantir que a vida da população e o bem-estar não vão sofrer alterações com os cortes”, questiona Leong Sun Iok.

Contudo, o legislador dos Operários foca também as preocupações dos funcionários públicos e a possibilidade de não serem compensados pelo trabalho prestado nas horas extra. “Como é que vai ser garantido que o orçamento para pagar aos funcionários públicos e as horas extra vai ser suficientes para as necessidades?”, acrescenta.

No documento, Leong Sun Iok sustenta que o pagamento de horas extra é essencial para aliviar a pressão dos funcionários públicos e garantir a qualidade dos serviços prestados à população.

Controlo da inflação

A partir do próximo mês, arranca o programa de consumo do Governo, que disponibiliza 5.000 patacas aos residentes, além de descontos, financiados pelo Erário Público, que podem chegar às 3.000 patacas.

Contudo, depois dos exemplos do ano passado, Leong Sun Iok indica que existe a preocupação de que os preços possam aumentar. “Há muitos cidadãos preocupados com os aumentos irrazoáveis dos preços. Em relação à fiscalização dos preços, quais são as medidas de que o Governo dispõe?”, questiona.

“Será que as autoridades vão ter medidas para impedir que os empresários que aumentarem os preços de forma irrazoável sejam afastados do programa de descontos”, pergunta.

Na interpelação escrita, o deputado está igualmente preocupado com o desemprego, que diz se ter transformado em estrutural, uma vez que se mantém nos 4,8 por cento, apesar de dar conta da “recuperação económica”. Neste sentido, pergunta ao Executivo como vai melhorar os mecanismos para expulsar trabalhadores não-residentes de Macau e libertar empregos para os locais.

24 Mai 2021

Pais abandonam bebé após discussão e arriscam pena de prisão de cinco anos

O Ministério Publico está a investigar um casal que terá abandonado um bebé com 5 meses em casa, depois de discutir. A investigação foi revelada ontem, através de um comunicado, em que é sublinhada a necessidade de “prestar atenção e tomar conta de menores face à sua imaturidade física e mental”.

O caso terá acontecido “há dias”, depois de uma participação que alertava para um bebé que teria sido deixado sozinho em casa.

Ao HM, a Polícia Judiciária explicou que foi chamada ao local por um segurança, que estava a par da discussão entre os pais. “O segurança tinha ido apartamento do casal, a pedido da mulher, porque estava a haver uma discussão.

Como o homem acabou por deixar o apartamento, o segurança também foi para seu posto”, foi contado. “Alguns minutos depois, o segurança viu que a mulher também saiu do edifício. Como sabia que havia uma criança, preocupou-se e foi ao apartamento, onde encontrou a porta aberta e o bebé sozinho em cima do sofá. Por isso, chamou a polícia”, foi acrescentado.

“Feita a investigação preliminar, o Ministério Público autuou o inquérito contra os pais do bebé por terem cometido o crime de abandono […] punido […] com pena de prisão de 1 a 5 anos, que pode ser agravada nos termos da lei caso exista relação de parentesco em linha recta entre o agente e o ofendido”, foi revelado sobre o andamento do processo.

Apelo à sociedade

Segundo o MP, foram ainda aplicadas medidas de coacção, que não foram reveladas, enquanto prossegue a investigação.

Neste contexto foi deixado o apelo para que a sociedade preste atenção aos menores, “nomeadamente dos bebés e crianças ou aqueles que não sejam capazes de cuidar de si próprios, cabendo aos pais ou àqueles que tenham o dever de auxílio legalmente previsto pela lei cumprir o dever de os guardar, vigiar ou assistir”. O MP recorda ainda que caso a negligência resulte em lesões tal implica responsabilidade criminal.

21 Mai 2021

Arte contemporânea | Exposição de Judy Lei até 27 de Maio no espaço 10 Fantasia

Da confusão e perdas provocadas pela pandemia surgiu a procura e reflexão por um caminho de vida. O ideal de busca é o conceito que está no centro da mais recente exposição a solo de Judy Lei, intitulada “O que queres agarrar?”, onde são apresentados trabalhos de fotografia e vídeo

 

A pandemia como perda e tempo para reflexão é a ideia subjacente à exposição da artista Judy Lei Iok Kuan que decorre no Espaço 10 Fantasia, até 27 de Maio, com o nome “O que queres agarrar?”. Ao contrário do habitual, a artista trocou a arte performativa pela fotografia, vídeo e texto e apresenta várias obras para promover o tipo de arte em que tem focado a carreira.

“A ideia para o tema ‘O que queres agarrar?’ nasceu nos últimos dois anos. Acho que neste período, fiquei mais confusa, mas também o mundo ficou mais confuso, devido à pandemia e a outros factores”, começou por explicar Judy Lei, ao HM. “As pessoas estão mais confusas, houve um momento de reflexão motivado por sentimentos de perda, com a pandemia, que levou a que as pessoas voltassem a ponderar de novo nos seus objectivo”, acrescentou.

Contudo, para Judy Lei esta é igualmente uma oportunidade para promover as partes performativas, foi por isso que o material em exposição reflecte o processo por trás dos trabalhos antigos e também os resultados.

“O objectivo da exposição também é divulgar a arte performativa, porque em Macau não há muitas pessoas a trabalhar nesta área. O objectivo é mostrar o meu conceito criativo, que foca a relação entre indivíduos e a sociedade”, indicou.

Regresso ao passado

Este conceito transparece igualmente nos trabalhos passados da artista. “A mostra tem fotografias, textos e vídeos. As fotografias surgiram do processo de criação dos trabalhos de performance arte. Os vídeos são fragmentos da gravação da arte performativa e os textos descrevem o conceito dos processos de concepção”, afirmou.

Numa exposição que foca perdas provocadas pela pandemia, também o sector da arte foi afectado, com as limitações e menos participações em eventos internacionais. “Todos os anos antes da covid-19, realizava-se em Macau o festival de artes performativas, e os artistas estrangeiros eram convidados para participar, de onde nascia intercâmbio com os artistas locais”, explicou. “Nestes dois anos durante a pandemia, só os artistas do Interior da China podem ser convidados, porque a circulação de pessoas no mundo está limitada. E claro isso teve um impacto”, adicionou.

Judy Lei é uma artista local, que se licenciou no Instituto de Artes Plásticas da Universidade Nacional de Artes de Tainan e na Academia de Cantão de Belas Artes, em Design de Exposições. Além de ter exposto em Macau, já participou em exposições em Taiwan e em Zhuhai.

21 Mai 2021

Corrupção | Pandemia aumenta queixas ligadas a “segurança no emprego”

O Comissário Contra a Corrupção divulgou ontem o relatório de 2020, que reflecte impacto da pandemia também nas queixas de corrupção. O organismo liderado por Chan Tsz King está ainda preocupado com os subsídios públicos e pede ao Governo mais acção na hora de fiscalizar

 

O impacto económico da pandemia resultou no aumento de queixas relacionadas com segurança no emprego junto do Comissariado Contra a Corrupção. A informação foi revelada ontem no relatório anual de 2020 do órgão que tem como missão combater a corrupção.

Apesar de não revelar o número de queixas relacionadas com emprego no sector privado, o relatório adianta que visam a “procura de emprego”, “renovação de contratos ou a promoção profissional” e que envolvem práticas de corrupção activa e passiva.

Face ao desenvolvimento, o CCAC garante que “irá acompanhar de perto a situação de integridade nos sectores público e privado e investigar, com toda a firmeza, quaisquer eventuais indícios de corrupção”.

Os sectores mencionados são as concessionárias do jogo, empresas de segurança, construção civil e envolvem trabalhadores locais, do Interior da China e ainda do Sudeste Asiático.

Entre as 497 queixas, 101 levaram à abertura de instrução de processos de combate à corrupção, e 282 a processo entregues à área da provedoria da justiça. Além disso, 100 queixas e denúncias foram arquivadas directamente, o que foi explicado por ter sido considerado que os factos não eram “claros” e a informação apresentada ser “claramente insuficiente”.

Entre os casos instruídos, a que se juntaram os transitados de 2019, 387 foram concluídos no ano passado. Entre estes, 18 foram reencaminhados para o Ministério Público.

Atenção aos subsídios

Outra área que mereceu atenção do CCAC foi a burla através da atribuição de subsídios públicos a associação. O relatório menciona o caso em que um sócio de uma associação denunciou o presidente, por ter exagerado as despesas com uma refeição e ter feito um relatório falso de actividades, para conseguir um subsídio maior à Direcção dos Serviços para os Assuntos laborais.

A investigação foi concluída em Março do ano passado e reencaminhada para o MP. O presidente da associação foi indiciado da prática dos crimes de burla e de falsificação de documento.

O relatório aborda ainda outras duas burlas com subsídios, que causaram perdas de 2 milhões de patacas ao Instituto de Acção Social e perdas superiores a 1 milhão de patacas à Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) no âmbito do aperfeiçoamento contínuo.

O CCAC aponta que as burlas com associações “continuam a registar-se em número elevado” e que entre os 18 casos reencaminhados para o MP, oito envolveram “burla ao erário público ou crimes de falsificação de documento conexos ao crime de burla”.

Neste sentido, o CCAC aponta que “a ideia de reforço da fiscalização dos subsídios atribuídos pelo Governo” se tornou em “um chavão”. Contudo, elogia os esforços mais recentes da DSEDJ na fiscalização aos apoios para os cursos de aperfeiçoamento contínuo.

Todavia, o CCAC deixa ainda um recado ao Governo: “Espera-se que os serviços públicos e os diversos tipos de fundos públicos passem das palavras à prática, promovendo efectivamente a implementação de mecanismos para a prevenção da corrupção no âmbito dos financiamentos pelo erário público”, pode ler-se.

21 Mai 2021

Polícia do Interior deteve suspeito de homicídio no Cotai

O homem de 40 anos sufocou uma mulher no início do mês com um cinto de roupão, durante uma troca ilegal de dinheiro. O suspeito foi detido pela polícia do Interior na Província de Hebei

 

A Polícia Judiciária (PJ) anunciou a detenção de um homem no Interior suspeito de ter assassinado uma mulher, no início de Maio, num quarto de hotel no Cotai. A informação foi divulgada ontem, em conferência de imprensa.

Segundo as explicações da polícia, depois de identificar o suspeito, a PJ recorreu ao mecanismo de cooperação regional e pediu assistência às autoridades do Interior. Na sequência da troca de informações, o homem foi detido a 10 de Maio, na Província de Hebei, onde foi encaminhado para o Ministério Público local.

Ouvido no outro lado da fronteira, o suspeito, de apelido Huo e com 40 anos de idade, confessou a autoria do crime. Ontem, a PJ anunciou que vai continuar em conversações com as autoridades do Interior para levar o suspeito à justiça.

Ainda em relação ao caso, a PJ anunciou que a investigação revelou que o indivíduo estaria em excesso de permanência, uma vez que tinha entrado em Macau a 9 de Abril e devia ter saído a 16 de Abril.

Troca de dinheiro

Quando apresentou o caso, no dia 7 de Maio, a PJ já havia anunciado que o corpo da mulher de 50 anos foi encontrado num quarto de hotel, por empregados de limpeza, com feridas à volta do pescoço, e que foi excluída a hipótese de suicídio.

A investigação no local concluiu que a mulher tinha sido sufocada com um cinto de roupão branco, que ainda se encontrava enrolado à volta do pescoço da vítima.

Os agentes apuraram que o homem tinha levado a vítima para o seu quarto, no dia 3 de Maio, com o pretexto de trocar de dinheiro ilegal. A entrada no quarto deu-se por volta das 22h30, e o homicídio terá ocorrido cerca de 15 minutos depois, com o suspeito a abandonar o local levando o dinheiro e o telemóvel da vítima. A PJ não sabe o valor do montante subtraído, mas um familiar da vítima disse acreditar que ela tinha cerca de 250 mil dólares de Hong Kong, à altura do crime. Posteriormente, o homem deixou Macau, através das Portas do Cerco, mas primeiro usou o dinheiro para jogar no casino.

20 Mai 2021

Jogo | Operadores e economistas acham que concessões serão prolongadas e concurso público adiado

A pouco mais de um ano do fim das actuais concessões de jogo, e face à incerteza no mercado causada pela covid-19, os operadores do sector e economistas locais acreditam que o adiamento do concurso público é cada vez mais uma possibilidade, que acaba por ser mais vantajosa

 

Com as actuais concessões do jogo a terminar em Junho de 2022, os operadores do sector e economistas locais acreditam que o futuro passa pelo adiamento do concurso público. Esta é uma opção cada vez mais encarada como possível, não só devido à pandemia da covid-19, que afectou o sector com quebras de receitas quase únicas, mas também devido aos procedimentos legais exigidos para fazer uma lei nova. Tudo factores que conjugados parecem materializar o ditado popular “a pressa é inimiga da perfeição”.

Na semana passada, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, esteve na Assembleia Legislativa (AL) a ouvir a opinião dos deputados sobre a atribuição das novas concessões. Quando, horas depois, falou sobre o encontro, Lei limitou-se a dizer que o Governo estava a seguir um planeamento e reafirmou que a consulta pública sobre o futuro do jogo vai ser realizada na segunda metade do ano. Lei Wai Nong foi parco em palavras e não quis revelar se a consulta pública vai começar no terceiro ou no quarto trimestre.

No entanto, os prazos para procedimentos formais começam a encurtar. Nesta altura, além da consulta pública, que poderá ter uma grande participação e exigir um maior esforço para organizar a apresentação dos resultados, o Governo vai ter de transpor as conclusões para uma proposta de alteração à lei.

A seguir a ser elaborado o documento legal, este terá de passar pela AL, ser aprovado na generalidade, discutido na especialidade, com a elaboração de parecer que poderá ser longo, e submetido a votação final, que é realizada praticamente artigo a artigo. Com vários interesses envolvidos, não é de excluir que os deputados aproveitem a oportunidade para tentar canalizar mais fundos para as suas bases de apoio, o que poderá prolongar a discussão.

Após a aprovação da lei, o Executivo vai finalmente poder organizar o concurso público, que exige a escolha de um júri e tempo para que os interessados apresentem propostas. Só depois ficarão a ser conhecidas as futuras empresas do sector, o que pode envolver a entrada e saída de operadores do mercado.

O processo ainda poderá sofrer mais atrasos, no caso de alguma operadora optar por recorrer aos tribunais para contestar a decisão do júri.

Com muita cautela

Para o economista José Sales Marques, o Governo tem adoptado uma postura de cautela face ao futuro do sector do jogo, o que o leva a considerar que o prolongamento das actuais concessões, e o adiamento do concurso, deverá ser o caminho seguido.

“As circunstâncias actuais parecem indicar que a viabilidade de se fazer um concurso no próximo ano, ou mesmo daqui a dois anos, é cada vez mais difícil. Nada parece ser, ainda, completamente impossível, mas a questão é saber se será desejável”, afirmou Sales Marques, ao HM. “Por isso, penso que a probabilidade de o concurso acontecer [até Junho] e ter um efeito positivo para o futuro do jogo em Macau não é muito evidente”, acrescentou.

O economista acredita que a atitude do Governo reflecte “um certo pragmatismo” para entender melhor o valor de uma indústria que está a lidar com os impactos da covid-19 e, ao mesmo tempo, a sofrer mudanças estruturais. “Obviamente que o Governo está a agir de acordo com a conjuntura. […] O sector ainda não recuperou do impacto da covid-19, embora esteja a dar sinais positivos, e há vários factores cuja evolução é de difícil previsão”, indicou. “Não são factores relacionados apenas com a procura no mercado, mas estão relacionadas com a própria estrutura da procura do jogo. Qualquer observador atento percebe que a estrutura do jogo está a mudar muito no sentido de que o sector VIP vai perdendo peso”, sublinhou.

Neste sentido, o economista crê que o Governo está a ganhar tempo para “fazer o concurso numa altura em que a indústria esteja mais consolidada”.

Quanto vale o mercado?

Também o economista José Morgado acredita que o Governo vai seguir o caminho do adiamento do concurso público. Segundo Morgado, todas as partes têm a ganhar com esta opção porque vai permitir a entrada numa fase de “normalidade” perceber melhor o valor do jogo.

“O adiamento parece-me adequado e acho que deveria ser a situação a curto prazo, pelo menos para a indústria normalizar. E depois, com base na normalidade, poderem-se cumprir as previsões de cashflow [fluxos de capital] mais ajustadas à realidade”, afirmou Morgado, ao HM. “Caso não haja adiamento, é complicado para os actuais operadores poderem ajuizar o que vai acontecer no mercado e apresentar propostas bem fundamentadas [no concurso]”, opinou.

Em relação aos interesses do Governo, José Morgado acredita que o tempo joga a favor e que vai legitimar maior exigências ao nível da responsabilidade social das concessionárias. “O adiamento seria benéfico para todos, de outra maneira vai estar a jogar-se com base em mais incerteza […] Com mais tempo, o Governo vai conhecer melhor o valor do mercado e vai ter melhor capacidade para estabelecer as contrapartidas às concessionárias”, disse.

Neste cenário, o economista defende o prolongamento do prazo: “Não seria mal prorrogar o prazo durante mais um ano, porque haveria mais segurança em relação ao que se conhece do mercado”, vincou.

Apesar da posição, José Morgado acredita que “é possível” fazer o concurso até Junho, “desde que a máquina funcione e haja pessoas capazes de fazerem os procedimentos”. Porém, o adiamento, na opinião do economista, pode contribuir para melhores resultados a todos os níveis.

Prolongamento das concessões

Entre os operadores do sector do jogo existe a opinião que o prolongamento das concessões é a melhor opção. Em declarações ao jornal Hong Kong Economic Journal, citadas pelo portal GGR Asia, Ambrose So, vice-presidente da SJM [Sociedade de Jogos de Macau] Holdings, defendeu o prolongamento da concessão pelo período de pelo menos um ano.

Ainda segundo o vice-presidente da empresa responsável pelos casinos Lisboa e Grand Lisboa, o prolongamento permitia às concessionárias recuperar a nível económico do impacto da covid-19, sem prejuízos para a economia local.

Ambrose So explicou igualmente que o adiamento permitiria ao Governo ter mais tempo para decidir os critérios do concurso público. Segundo as leis actuais, o Executivo pode prolongar as concessões um máximo de cinco anos, sem ter de recorrer a concurso público.

Quanto a argumentos a favor do adiamento do concurso público, o vice-presidente da SJM holdings defendeu que no cenário actual os interessados do exterior estão em desvantagem e que é contranatura realizar um concurso público para atribuir concessões às empresas que já se encontram a operar no sector.

A voz da experiência

A dificuldade de terminar o processo legislativo antes do fim das actuais licenças foi igualmente reconhecida por Melinda Chan, ex-deputada e membro da direcção da Macau Legend, empresa que gere os casinos Macau Legend Palace e Landmark, através de um acordo com a concessionária Sociedade de Jogos de Macau.

Ao portal GGR Asia, Melinda Chan afirmou que finalizar o processo legal para o concurso público a tempo seria “difícil” e não afastou a hipótese de o Governo prolongar as actuais concessões das operadoras de jogo.

Por outro lado, Melinda Chan apelou ainda ao Executivo para consultar as operadoras de casinos satélites, como a Macau Legend, na altura de ouvir opiniões sobre o futuro da indústria. Os casinos satélites são geridos por empresas independentes das concessionárias, mas com as quais é acordada a gestão de espaços de jogo.

A empresária e ex-deputada deixou ainda o desejo que com as novas concessões se mantenha o mesmo estatuto dos casinos satélite.

20 Mai 2021

Alfândega Antiga | IC promete estudar “mapa histórico”

O Instituto Cultural (IC) admite que vai estudar o mapa de 1838 do cartógrafo Cândido António Osório para tentar apurar se a antiga alfândega chinesa ficou situada nos lotes 5 a 7 do Pátio do Amparo. O volte-face no processo de aprovação da planta de condições urbanísticas para o terreno foi revelado pela presidente do Instituto Cultural, em resposta a uma interpelação da deputada Agnes Lam.

“Relativamente ao mapa histórico recentemente descoberto por um académico, o IC irá analisá-lo e estudá-lo devidamente, consultando os correspondentes dados históricos”, é revelado por Mok Ian Ian, presidente do IC.

“Presentemente, e em negociação com a Direcção de Solos, Obras Públicas e Transportes, suspendeu-se a emissão da planta de condições urbanísticas dos lotes 5 a 7 do Pátrio do Amparo”, é acrescentado.

A aprovação de uma nova planta para se construir no terreno em causa tinha sido discutida no Conselho do Planeamento Urbanístico a 31 de Março deste ano. Na altura, o arquitecto André Lui Chak Keong alertou o IC para o facto de o terreno ter sido o local da antiga alfândega da dinastia Qing, um símbolo da soberania da China sobre Macau.

A alfândega acabou por ser destruída pelo Governador Ferreira do Amaral, por volta de 1844, quando decidiu expulsar os mandarins chineses de Macau e fazer com que Portugal deixasse de pagar impostos à China, pelo aluguer do território. Como prova da localização, André Lui referiu o mapa de Macau de Cândido António Osório, que tinha sido elaborado para a Marinha Portuguesa. Contudo, na reunião, o IC, através da vice-presidente Deland Leong, recusou haver vestígios arqueológicos da antiga alfândega no local.

Sem provas

Os detalhes sobre a falta de provas de localização da alfândega foram agora aprofundados pelo IC, na resposta a Agnes Lam. Segundo a explicação avançada, em 2011 foi convidado “um organismo profissional em arqueologia do Interior da China para realização escavações arqueológicas no Pátrio do Amparo”.

No entanto, o IC adianta igualmente que “após quase dois anos de escavações arqueológicas, não foram encontradas provas que comprovassem directamente que os vestígios arqueológicos do terreno em causa ou os objectos desenterrados pertencessem aos Serviços de Alfândega da época”.

Só após a conclusão dos trabalhos de escavação, explica o IC, o terreno foi devolvido ao proprietário. O organismo do Governo defende-se ainda face à forma como conduziu o processo. “O IC tem dado sempre a devida atenção aos estudos históricos, à classificação de dados e à preservação do património cultural de Macau”, é realçado. “Sempre que surgem informações novas sobre materiais encontrados e resultados de investigações na comunidade, presta sempre a devida atenção às matérias”, é acrescentado.

18 Mai 2021

Restauração | Limites de botijas de gás geram queixas

Devido a medidas de segurança, os restaurantes apenas podem ter no estabelecimento quatro botijas de gás, o equivalente a 200 litros. Ontem, o deputado Ip Sio Kai queixou-se que a limitação cria dificuldades à operação, que se arriscam a ficar sem gás enquanto aguardam distribuição.

“Segundo os estabelecimentos do sector da restauração, esse limite legal não dá para satisfazer as necessidades quotidianas, que precisam de ser supridas pelas empresas de combustíveis no período de funcionamento, situação que faz correr o risco de suspensão do abastecimento”, indicou Ip Sio Kai. O deputado diz compreender as preocupações com a segurança, mas pede ao Executivo que reconsidere a situação.

18 Mai 2021

Deputados apelam à vacinação contra a covid-19

José Chui Sai Peng e Mak Soi Kun apelaram ontem à população que se vacine e colabore com o Governo na luta contra a pandemia da covid-19, evitando consequências para o turismo.

“Macau posiciona-se como centro mundial de turismo e lazer e como cidade habitável, se a taxa de vacinação for baixa em comparação com outros países e regiões, Macau poderá ficar marginalizada, criando-se incertezas para a recuperação económica e para o seu desenvolvimento futuro”, alertou Mak Soi Kun.

Por sua vez, Chui focou a segurança das vacinas e indicou que após a aprovação pela Organização Mundial de Saúde que produto da Sinopharm está ao nível da vacina da Pfizer.

18 Mai 2021

Nacionalismo | Aprovadas alterações à Lei do Hino

A Assembleia Legislativa aprovou ontem, na generalidade, as alterações à Lei da Utilização, Protecção da Bandeira, Emblema e Hino Nacionais.

As alterações visam acompanhar as mudanças mais recentes no Interior e, entre outras, coisas impede que os símbolos sejam utilizados para fins comerciais ou em funerais, à excepção dos casos estipulados por lei. A lei encoraja igualmente o ensino dos símbolos aos estudantes do ensino primário.

18 Mai 2021

Despesa Pública | Lei da contratação pública actualizada

Os deputados aprovaram ontem as alterações à lei que obriga a que os concursos públicos sejam obrigatórios para obras superiores a 15 milhões de patacas, ou aquisições de serviços um valor de 4,5 milhões ou mais. Apesar da aprovação da lei, vários deputados mostraram-se preocupados com a possibilidade de corrupção e por considerarem que as alterações não contribuem para aumentar a transparência.

“O decreto-lei em causa e os valores foram definidos em 1989 e estão desactualizados. Temos de ter em conta os preços dos materiais, a situação económica e outros valores”, explicou Lei Wai Nong. O secretário para a Economia e Finanças prometeu ainda nova lei para o próximo ano para lidar com outras questões de fundo nas contratações públicas, para aumentar a transparência. Enquanto a nova proposta não é apresentada, Lei disse que vão ser emitidas instruções internas no Governo sobre como conduzir os concursos públicos.

18 Mai 2021

Deputado diz que agentes imobiliários não têm meios para executar despejos

O deputado Wang Sai Man afirmou que os agentes imobiliários estão a ser prejudicados devido à concorrência desleal de administradores de prédios, que, segundo o legislador, actuam muitas vezes como intermediários. A queixa foi deixada ontem na Assembleia Legislativa e o deputado alertou para a necessidade de criar um tribunal específico para lidar com os “arrendatários trapaceiros”.

“Nestes últimos anos tem sido frequente administradores prediais, devido à sua familiaridade com moradores e ao seu conhecimento dos edifícios, desempenharem o papel de intermediário, para facilitar a venda e compra de propriedades”, alertou.

A lei não permite a intermediação por parte de agentes sem licença. Contudo, Wang queixou-se que o Executivo não trabalha activamente na supervisão. “A Lei da actividade de mediação imobiliária prevê sanções para mediadores imobiliários sem licença, vulgarmente designados por “agentes não licenciados”. Porém, segundo os operadores, só quando há denúncias os serviços fiscalizam e aplicam sanções, portanto, enfrentam dificuldades”, indicou.

Tribunal especial

As reivindicações do deputado exigiram igualmente a criação de um tribunal só para as questões do arrendamento. “Nesta situação de epidemia, os atrasos no pagamento de rendas e as rendas em dívida destacam-se cada vez mais, e os proprietários não querem recorrer à via judicial para defender os seus direitos. Por isso, o sector está preocupado com o arrastamento dos eventuais processos judiciais e a utilização de muitos recursos humanos, o que pode gerar despesas avultadas, sem se saber se é possível recuperar rendas”, revelou.

Por isso, num contexto em que diz que a arbitragem é ignorada pelos inquilinos, apontou os tribunais como a única solução. “Proponho ao Governo a criação de um tribunal para resolver conflitos de arrendamento, e criar bom ambiente para o mercado imobiliário, com vista a proporcionar mais espaço de sobrevivência ao sector e a apoiar o seu desenvolvimento saudável e ordenado”, vincou.

Na intervenção antes da ordem do dia de ontem na Assembleia Legislativa, Wang defendeu ainda alterações às leis da publicidade no sector do imobiliário e da intermediação imobiliária. O deputado diz que se os agentes estiverem obrigados a identificar os donos das casas na publicidade que se arriscam a violar a lei de protecção de dados.

“A lei sobre a actividade publicitária prevê que, na venda de imóveis, ‘é obrigatória a divulgação do nome do proprietário e da empresa construtora’. Porém, os operadores entendem que é difícil satisfazer esta exigência no processo de compra e venda de imóveis de segunda mão”, indicou. “O acto de divulgar o nome completo do proprietário pode violar a Lei de protecção de dados pessoais. A par disso, é difícil aceder às informações sobre os construtores civis de prédios baixos construídos há muitos anos”, atirou.

18 Mai 2021

AL | Coutinho sugere que o Governo compense lesados do Yoga World

José Pereira Coutinho aqueceu o ambiente no hemiciclo ao sugerir que o Governo compensasse os lesados do Yoga World. O deputado argumentou que os residentes foram prejudicados devido à lentidão da Assembleia Legislativa, gerando um aceso debate

 

Pereira Coutinho afirmou ontem que o Governo devia compensar os lesados do espaço de Yoga World, porque a Primeira Comissão da Assembleia Legislativa está a discutir há mais de dois anos a nova lei de protecção dos consumidores. Contudo, a interpelação ofendeu outros deputados, que pediram esclarecimentos sobre a intervenção de Coutinho, respondendo que este nunca compareceu às reuniões da comissão que analisa a lei.

Numa altura em que há mais de 100 queixas de lesados pelo espaço de ioga que fechou portas, depois de pedir aos utilizadores para anteciparem anuidades, Coutinho levou o caso à Assembleia Legislativa.

Na única intervenção em português, o deputado culpou os colegas por não terem concluído os trabalhos relacionados com a lei de protecção dos consumidores. “Como se explica, perante os cidadãos, este enorme atraso na aprovação do projecto lei de protecção dos direitos e interesses do consumidor ora ‘cozinhado’ a ‘lume brando’ na 1ª. Comissão da AL?”, começou por perguntar.

Assim sendo, sugeriu que o Governo compense os prejudicados devido às falhas dos deputados: “Pelas razões acima apontadas, nomeadamente os atrasos causados pelo Governo na aprovação do referido projecto lei ainda em sede da 1ª. Comissão da AL desde Março de 2019, sugerimos que o Governo compense financeiramente os prejudicados por via de um dos vinte e seis fundos públicos, com por exemplo, através da Fundação Macau”, afirmou.

A intervenção gerou prontamente resposta por parte da comissão visada, através do presidente da mesma, Ho Ion Sang. “Como presidente da comissão mencionada vou dizer que manifesto o meu protesto. Durante a apreciação da lei, a comissão reuniu mais de 16 vezes com os representantes do Governo, além das reuniões técnicas. Foram elaborados cinco textos de trabalho, a comissão e o governo já procederam a uma apreciação global e profunda da proposta e os trabalhos estão prestes a serem terminados”, fez um ponto da situação.

Depois, Ho atacou Coutinho: “Nunca esteve presente nas reuniões, nem deu qualquer contributo. Face a isto a acusação sobre o trabalho da comissão é injusta. É injusta para todos os que participamos nos trabalhos. Manifesto um forte protesto. Peço que retire a intervenção”, pediu o deputado ligado à União Geral das Associações dos Moradores de Macau.

Porém, Pereira Coutinho não é membro da comissão e não está obrigado a comparecer às reuniões. Todavia, pode participar de forma voluntária nos trabalhos.

Tradutor, traidor?

Também Ip Sio Kai se mostrou incomodado com o pedido de indemnização. “Não concordo com a intervenção. Há leis em vigor que protegem os direitos dos cidadãos. Está mesmo a dizer que o Governo deve pagar à população devido à lentidão do nosso trabalho? Está a exagerar…”, vincou.

Ip ainda colocou a hipótese de a intervenção de Coutinho ter sido um erro de tradução do português para o chinês. Não foi, mas o deputado pediu a Coutinho que clarificassem esse aspecto.

Em resposta, José Pereira Coutinho atacou o Governo, por não apresentar propostas de lei bem trabalhadas, o que no seu entender terá levado a cinco versões diferentes. O legislador ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau recusou ainda ter dito que os colegas não trabalhavam.

“Eu nunca disse que os deputados não trabalharam, disse que o tempo gasto foi muito longo. A população acha que é impossível uma comissão levar tanto tempo a discutir uma lei que protege interesses nucleares”, clarificou. “As pessoas acham que levam muito tempo”, frisou.

No entanto, Coutinho fugiu à questão sobre reafirmar o pedido para que o Governo pagasse as compensações aos lesados devido à lentidão dos deputados, um aspecto que o presidente da AL, Kou Hoi In não deixou passar em claro:

“Não sei se pretende fazer alguma alteração à sua intervenção. O deputado Ip Sio Kai pediu esclarecimentos porque houve uma crítica. Se não disse que a comissão está a demorar, então há que alterar a intervenção ou retirar a intervenção”, afirmou. O apontamento ficou sem resposta.

18 Mai 2021