Tabaco | Fumadores diminuíram para 15% do total da população

A queda de 2% em quatro anos no número de fumadores em Macau deve-se à nova lei anti-tabaco, dizem os Serviços de Saúde. Cerca de 15% da população ainda fuma, sendo a maioria homens. Muitos já tentaram desistir

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s fumadores representavam 15% da população de Macau com 15 ou mais anos de idade no ano passado, menos 1,9% do que no final de 2011, véspera da entrada em vigor da legislação anti-tabaco. Segundo os dados de um estudo dos Serviços de Saúde, ontem divulgados, a taxa de fumadores entre a população com pelo menos 15 anos era de 16,9% em 2011 e foi decrescendo progressivamente, até se situar nos 15% no final de 2015.
A grande discrepância entre géneros mantém-se: 6,8% dos homens são fumadores, enquanto esta taxa é de 3,7% entre as mulheres. No entanto, os homens que fumam diminuíram de 31,4% em 2011 para 26,8% no ano passado, enquanto nas mulheres a diferença é quase nula (de 3,8 para 3,7%).
É na faixa etária entre os 45 e os 54 anos que há mais homens fumadores (37,2%). Já entre as mulheres, há mais fumadores no grupo entre os 25 e os 24 anos de idade (6,5%).
Os SS revelaram que 27,7% dos fumadores com mais de quinze anos já tentou deixar o tabaco.
“A taxa de cessação tabágica pelos fumadores ocasionais é mais alta do que os fumadores diários e representam 40% e 26,2% respectivamente”, lê-se no comunicado, onde as autoridades atribuem a diminuição da população fumadora à aplicação da legislação que, desde 1 de Janeiro de 2012, proíbe o fumo em espaços públicos fechados.

Passo a passo

A Lei da Prevenção e Controlo do Tabagismo tem vindo a ser aplicada de forma gradual, começando por visar a generalidade dos espaços. Os casinos passaram a ser abrangidos em Janeiro de 2013, mas apenas parcialmente, já que as seis operadoras de jogo foram autorizadas a criar zonas específicas para fumadores, que não podiam ser superiores a 50% do total da área destinada ao público.
Contudo, em Outubro de 2014, “as zonas para fumadores” foram substituídas por salas de fumo fechadas, com sistema de pressão negativa e de ventilação independente, passando a ser proibido fumar nas zonas de jogo de massas dos casinos e permitido apenas em algumas áreas das zonas de jogo VIP.
Actualmente, encontra-se em análise uma alteração ao Regime de Prevenção e Controlo de Tabagismo no sentido de proibir totalmente o fumo nos casinos.

2 Jun 2016

Nuno Gonçalves, dos The Gift: “Queremos sempre o espectáculo como se fosse o último”

A abertura da digressão da banda portuguesa The Gift já conta com sala esgotada em Macau no concerto que tem lugar hoje no Centro Cultural. Nuno Gonçalves, fundador e músico da banda, está radiante, não só com este espectáculo que representa a abertura das comemorações dos 20 anos de carreira, como pelo disco – ainda sem nome – que aí vem e que contou com a produção de Brian Eno

[dropcap]E[/dropcap]sta digressão, iniciada hoje, marca os 20 anos de vida dos The Gift. Como é que nasceu e tem sido esta aventura?
A banda nasceu como qualquer banda nasce. Pelo menos tenho esperança que hoje as bandas ainda nasçam dessa forma. Amigos de escola com amor pela música, com uma vontade própria da idade em fazer coisas. Depois pelo facto de virmos de uma cidade pequenina, como é o caso de Alcobaça, e por isso não termos tanto acesso à cultura como nos grandes centros urbanos, o que criava em nós uma motivação extra. Foi assim que começámos, num sótão pequenino em Alcobaça. De 1994 até hoje é uma história com muito trabalho em que fazemos os discos das nossas vidas e investimos muito tempo e dinheiro nas digressões. Queremos sempre apresentar um espectáculo diferente e o melhor possível, como se fosse o último.

Algumas dificuldades quando se foram profissionalizando?
No início ainda estudávamos. A música era um hobby, apesar de ser um hobby que nos roubava muito tempo. A profissionalização da banda só se dá entre 1998 e 2000. Sentimos algumas dificuldades associadas ao facto de sermos uma banda de fora dos grandes centros urbanos, que cantava em Inglês, com um estilo não muito definido. Não éramos Fado, não éramos o Pop da época, éramos diferentes dos Santos e Pecadores ou dos Delfins….

Mantêm hoje essa diferença?
Acho que sim. Ao fim destes anos todos, e também pela presença e voz da Sónia e pela maneira como faço as músicas, acabamos por ter a nossa identidade e acho que essa também é uma das mais valias da banda.

A entrada da Sónia inicialmente não era prevista…
Não imaginava uma voz feminina, mas a partir do momento em que a Sónia cantou, fiquei rendido. É um dado curioso. Imaginava sempre a banda, o que também terá a ver com a adolescência, como uma coisa muito de rapazes.

Não é a primeira vez que está em Macau. Como foi em 2000?
Foi óptimo. Recordo-me desse ano em que andávamos com 12 músicos em palco. Vínhamos de Hannover e depois seguíamos para Paris. Foi uma época muito produtiva da banda. Foi um espectáculo muito engraçado porque na altura não vínhamos com muitas expectativas. Acho também que uma das grandes vantagens da banda é essa de não ter expectativas em muita coisa. Tentamos sempre fazer o nosso melhor e se corre bem, ainda bem. Lembro-me que estava cheio e que esgotámos os CDs todos que tínhamos trazido para venda. Divertimo-nos imenso. O público era também muito heterogéneo, dos oito aos 88 anos.

Esta abertura de digressão em Macau foi por acaso ou planeada?
Sabíamos que à partida seria mais ou menos por esta altura. Há uma lacuna de espectáculos normalmente entre Janeiro e Maio, apesar de nós, e por gostarmos de tocar em teatros, fazermos muitas vezes nesta altura os nossos concertos também. Aqui calhou e ficámos muito lisonjeados com isso. Por um lado vamos ter tempo para trabalhar e por outro vamo-nos divertir imenso porque vamos trabalhar para um público que à partida não está conquistado e isso é óptimo.

O que esperam deste espectáculo hoje?

Disseram-me que estava esgotado. Vamos fazer o nosso melhor e acho que as pessoas vão gostar muito.

Como é que é levar a música que se faz em Portugal ao mundo, visto os The Gift também já terem esse papel?
Acho que levar a música portuguesa ao mundo já se faz há muitos anos e mais especificamente no Fado. No nosso caso, é um bocadinho diferente, tentamos levar outra música. Na minha opinião é uma música mais identificativa do Portugal moderno do que propriamente duas guitarras e um xaile preto. Acho que Portugal tem bastante mais cor e é bastante mais luminoso do que isso. Nesse sentido, e o facto de ser também diferente, faz com que seja também mais difícil. Ainda não há estradas traçadas por uns Heróis do Mar, ou por uns GNR. Infelizmente essas grande bandas portuguesas e muito identificativas da nossa geração não conseguiram passar além fronteiras. Ao contrário de nomes como a Amália Rodrigues, Mariza, Dulce Pontes ou Madredeus. Existe uma auto-estrada com via verde aberta para o Fado na ‘worldmusic’, que não existe no Pop. O caminho é mais difícil. Nós, por exemplo, temos mercados em que estamos mais solidificados, como o de Espanha. Isso será também pela proximidade geográfica e por isso acaba por nos permitir abrir a nossa própria estrada. Por exemplo em Madrid já tocámos para 1700 pessoas. Já temos também uma presença forte nos média. Por outro lado já não temos a mesma projecção nos média de Portugal, o que pode significar que é um caminho já traçado, em que não somos mais a coqueluche da música portuguesa. Mas existe em Espanha um crescer de interesse ao ponto de virem a Portugal ver espectáculos nossos. No Brasil também temos tido destaque bem como nos Estados Unidos, onde com maior ou menor frequência, também vamos.

Relativamente à estrada aberta do Fado. Os The Gift também já tiveram um projecto associado a ele. Como correu?
É um projecto ligado ao Fado porque cantamos poemas de temas de Fado, mas que por si não o era. E só assim eu o poderia fazer. Não sou de todo amante do género, tal como não sou amante de Heavy Metal e convidei o Fernando Ribeiro dos Moonspell para fazer parte do projecto.

E como foi abordar essa coisa pela qual não se tem um gosto especial?
O facto de não gostar do estilo não é porque não ache que a Mariza, a Carminho ou a Ana Moura não tenham um talento tremendo. O mesmo se aplica aos novos compositores. Tem a ver com o xaile negro e toda aquela penumbra e melancolia que eu também tenho na minha música, mas gostava de ver mais cor nas coisas. O projecto da Amália Rodrigues foi pedido pela Paula Homem. No início disse imediatamente que não, mas depois ela disse-me que queria que fosse um projecto sem Fado e aí já entendi melhor e aceitei. Foi um grande sucesso e muito divertido para nós. Criámos laços que ficaram para a história, a Sónia por exemplo acabou por conhecer o Fernando e tiveram um filho, a minha filha nasceu nessa altura, etc. Foi uma época muito luminosa, divertimo-nos muito porque não havia a pressão de carreira e sabíamos que era um projecto que tinha um início e um fim.

A música que se faz em Portugal está boa e recomenda-se?
Sim, acho que sim e acho que sempre esteve. Não sou daquelas pessoas críticas em relação à música portuguesa. Quando começámos, por exemplo, existia um concurso de música moderna alternativa na nossa cidade de Alcobaça. Sem querer e sem se falar muito nisso nós tínhamos à porta uma pequena “Factory” do Andy Warhol naquele espaço todas as semanas. Nunca achei que a música portuguesa era de má qualidade. O que se fala muitas vezes é que não há oportunidades, que as rádios não passam esse tipo de bandas, etc. Nós não temos razão de queixa da rádio. Continuamos a perceber que é na rádio que se fazem os grandes sucessos e é de lá que saem os hits. Se a rádio está boa? Não considero. Acho que está muito má. Acho que há uma incoerência tremenda nas playlists. Não há uma linha condutora.

O que é que aí vem?
Vamos lançar um novo disco que já está feito. Se não for no final deste ano será para o ano. Tivemos a sorte de realizar este projecto de sonho produzido pelo melhor produtor do mundo que é o Brian Eno, misturado pelo não menos conhecido Flood, e é uma história de sonho. Aprendemos imenso. Foi tremendo. Foram dois anos de trabalho que chegaram agora ao fim. Temos um disco de sonho para lançar que rompe com barreiras dos The Gift e que constrói, para mim, as nossas melhores canções de sempre. Acho que ao final de 20 anos conseguirmos este projecto com o Brian Eno foi a cereja no topo do bolo e pode ser o início de uma nova etapa muito importante dos The Gift.

Como foi trabalho com esse “monstro” que é o Brian Eno?

Foi a melhor experiência que podíamos ter, quer profissional, quer enquanto relação. Um ser humano extraordinário. Tem também uma maneira muito interessante de conduzir as pessoas e os músicos. Eu nem tenho muitas palavras. Tudo poderá ser hipérbole. Quando falo do trabalho com ele é tudo muito grande e muito bom.

2 Jun 2016

Design | Iniciativa “This Is My Street” arranca amanhã

Arranca amanhã no Centro de Design de Macau a actividade “This Is My Street”, que dá o pontapé de saída para um conjunto de iniciativas de olhos postos no cruzamento, integração e comunicação entre o design e a comunidade

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]proximar e envolver a comunidade local dos designers e do seu trabalho é o mote para o “This Is My Street”, iniciativa que arranca amanhã no Centro de Design de Macau, pelas 15h00, com uma palestra explicativa. Com o intuito de dar a conhecer o projecto, foram convidados de Hong Kong Freeman Lau e Kurt Chan que lideraram uma acção idêntica na área de Kai Tak, onde se situava o antigo aeroporto da cidade vizinha.
Manuel Correia da Silva, co-fundador da Lines Lab e vice-presidente da direcção da Associação de Designers de Macau, adianta ao HM que a partir desta experiência a ideia é conseguir também na RAEM uma aproximação entre o trabalho dos designers em prol da comunidade e com o envolvimento desta.
“This Is My Street” tem como coração a área circundante do Centro de Design de Macau, sendo considerada pelo responsável como “marginal”. Situada na zona norte da península, tem uma forte componente residencial e alberga ainda antigas zonas industriais, concretizando-se como um espaço mais “à mão” e com necessidades inerentes.
Manuel Correia da Silva adianta que apesar de, por si só, não ser um projecto de intervenção urbana, pode acontecer que no decorrer do processo aconteçam acções de intervenção no espaço. A ideia é dar a conhecer aos vizinhos de bairro o papel do designer na comunidade que integra e com isso é intenção convidar cidadãos das redondezas para um diálogo. 2616P12T1

Procura de identidade

A escolha dos membros da comunidade será efectuada com a observação dos habitantes e frequentadores assíduos da vizinhança, representando a sua identidade. As entrevistas entre habitantes e designers tem início marcado para a semana que vem e tanto nelas, como no decorrer de todo o processo, “o objectivo é cruzar dois eixos, um que aborda o olhar dos designers sobre as necessidades que sentem no bairro sendo que consideram possuir competências para melhorar a situação e um outro que é o lado da rua, dos que lá moram e dela fazem parte e que em si representem a sua identidade”.
O registo da iniciativa pretende ser a produção de um filme documentário de cerca de dez minutos a ser apresentado no final de todo o processo e que documente todo o percurso. Manuel Correia da Silva salienta ainda que “o que interessa nesta estreia é a promoção deste tipo de relações, sendo que mais importante agora é o processo e não o resultado”.
Apesar de por agora ainda não existir feedback por parte da comunidade, serve o seminário de amanhã para dar a conhecer o que aí vem.
Manuel Correia da Silva há dez anos que leva a bom porto o festival “This Is My City”, que o mesmo considera “uma visão mais macro” da actual iniciativa” sendo que “acabam também por ser todos subprodutos da mesma ideia com elementos em comum”. O mote é sempre o discutir e pensar a cidade.

2 Jun 2016

Banco Asiático de Investimento terá 100 países membros

O Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII), a primeira instituição financeira internacional proposta pela China, vai alargar o número de países membros de 57 para cerca de 100, anunciou ontem o presidente Jin Liqun.
Em declarações ao jornal oficial China Daily, Jin disse que 30 países aguardam a adesão ao BAII e mais 20 indicaram já uma “intenção firme” de fazer parte da instituição.
Caso se concretize, o BAII ultrapassa assim o Banco Asiático de Desenvolvimento, criado pelo Japão em 1966, e que conta com 67 membros, 19 dos quais exteriores à região da Ásia-Pacífico.
Com uma participação de cerca de 13 milhões de dólares, Portugal é um dos 57 países fundadores do BAII, que no conjunto integra 14 países da União Europeia.
O Brasil é o nono maior accionista, com uma quota de 3.181 milhões de dólares e o único membro em todo continente americano.
Proposto pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em 2013, aquela entidade é vista como uma reacção do Governo chinês ao que considera o domínio norte-americano e europeu em instituições globais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

Gigantes de fora

Entre as grandes economias do planeta, apenas Estados Unidos da América e Japão não fazem parte, mas Jin frisou que “a porta continua aberta”, acrescentando que as empresas daqueles países serão tratadas de forma “igual e justa”, destaca o China Daily.
Segundo o antigo vice-ministro das Finanças da China, o banco irá anunciar a primeira rodada de projectos de infra-estruturas este mês, e a segunda e terceira no final deste ano.
O BAII vai também estender o financiamento a países exteriores à Ásia com “fortes relações económicas” com o continente e, para além de infra-estruturas, irá também financiar projectos nos sectores educação, saúde e planeamento e gestão urbana.
Com sede em Pequim, o BAII tem um capital inicial de 100.000 milhões de dólares (30,34% pertence à China) e é assumido como o principal instrumento de financiamento da iniciativa chinesa “Uma Faixa e Uma Rota”, um gigante plano de infra-estruturas, que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático.

2 Jun 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? | 15 – O estripador

*por José Drummond

[dropcap styçe’circle’]“M[/dropcap]eu Amor.
Escrevo-te aqui de uma cidade perdida nas montanhas do Japão. Espero que esta minha primeira carta desde que nos separámos te acalme e que te possa dar alguma esperança. É importante que saibas que eu não te esqueci. Vives dentro do meu coração. Sempre. Desculpa não ter conseguido contactar-te antes da minha partida. Tenho a certeza que ele desconfia de alguma coisa. Estou a ficar assustada. Ontem a voz dele alterou-se e frequentemente fica em suspenso e não acaba as frases. Como se estivesse realmente a pensar noutra coisa. Não sei porque não tive coragem de acabar isto aí. Deixei arrastar tudo e depois pensei que seria mais fácil de lidar com este palerma durante a viagem. Na verdade gostava que estivesses aqui ao meu lado. Agora. Neste preciso momento, para não ter que te escrever e poder sussurrar tudo ao teu ouvido. E deixar-me abraçar. E deixar-me beijar. Só estou bem ao pé de ti. Quero dar-me toda. Para que me conheças ainda melhor do que eu própria me conheço. Espero que não estejas triste. Não tolero o pensamento de que possas estar triste. Como sabes não sou o tipo de mulher que se enrola em infidelidades. Tudo isto é tão complicado. Tudo isto é tão novo para mim. Não sei como tens paciência para mim. Não sei o que vês em mim. Posso garantir-te que não estou nesta relação contigo para perder tempo ou para brincar com os teus sentimentos. Por favor acredita na minha sinceridade. Tu és o homem que eu amo. Que mais me iluminou. Que mais me faz feliz. O único que realmente me faz feliz. Aqui, ao lado dele, sinto-me rodeada por esta miséria. Untitled1

Espero com todo o meu ser que acredites que sou honesta quando te digo que tu és aquele que o meu íntimo deseja. Aquele que trago sempre no peito. Como gostaria de poder planear o tempo exclusivamente em tua função. Desculpa-me, sabes que nunca tive jeito para escrever, mas todas as palavras são puras e saem do meu coração. Contigo sou tão diferente. Estou sempre com vontade de fazer coisas. Como gostava de voltar a cantar ópera cantonense. Aquelas escapadas à sala privada de karaoke, onde acabamos uma vez por fazer amor, acordaram em mim o meu gosto em cantar. Sabes que quando era pequenina sempre quis ser como a minha mãe. Ela cantava frequentemente na associação de bairro. Ouve um período, no qual, fui a muitos concertos tradicionais com ela. Lembro-me que ela chegou a ganhar prémios. Dava gosto ouvi-la. ‘Uma mulher que sabe cantar bem pode hipnotizar o homem certo’, dizia-me ela com frequência. Ela podia cantar em todos os lugares. Era uma mulher muito corajosa e confiante de si própria e das suas decisões. Como gostava de ser um bocadinho mais como ela. Depois aquela horrível pneumonia acabou com as forças dela. Foi nessa altura que os meus tios me levaram para Macau. Nunca mais a vi e eles esconderam-me a sua morte até eu fazer 16 anos. Mentiram-me durante anos e anos. Nessa altura a minha vida começou a deixar de fazer sentido. Acreditei que o mundo estava contra mim e que Deus não existe. Acabei por seguir o trabalho mais estúpido do mundo. Como sempre odiei estar por ali a deitar fichas para jogadores porcos, almas penadas, pessoas sem interesse nenhum. Por causa do meu trabalho eu tinha que usar aquele uniforme completamente amorfo e sem estilo. Sempre que saia dirigia-me às casas de banho, na parte de trás do hotel, e carregava um pouco nos cosméticos até alterar o rosto. Trazia sempre um vestido leve num saco que me ajudava a voltar a fazer sentir-me pessoa de novo. Era mais forte que eu. Era o desejo de conseguir ter uma existência.

Sabes que a verdade é que eu sonhava um dia ainda conseguir fugir para Paris e estudar moda. Foi numa dessa noites depois do trabalho no Casino Lisboa que acabei por conhecer este palerma. Levou-me a comer ostras e lagosta e confesso-te que me deixei seduzir pelo seu dinheiro. A cada encontro comprava-me a alma com mais uma jóia. Não demorou muito até nos casarmos. Proibiu-me logo de trabalhar. Muitas vezes pensei que a minha vida acabou ali. Mal sabia eu que ainda te viria a conhecer. Uma vez resolvi pintar o cabelo com tons vermelhos. Nessa noite não me falou e na manhã seguinte deixou-me um bilhete, antes de sair para o trabalho, que dizia: ‘é favor mudar a cor do seu cabelo. Não é uma cor decente para a mulher de um político. Se alguém a vê com esse aspecto o meu lugar na assembleia fica em risco.’ E foi assim que nunca mais mudei o meu corte de cabelo nem o pintei de outra cor que não preto. Lembro-me que quando era miúda cuidava imenso do meu cabelo longo. Sonhava encontrar o meu príncipe e sonhava que ele me ajudava a lavar o cabelo. E que depois, com imenso carinho ajudava-me a secá-lo. E que brincava com ele quando encostava a minha cabeça no seu peito. A minha felicidade quando nos conhecemos. Meu amor. Finalmente alguém brinca com o meu cabelo. Finalmente alguém despertou em mim o romance. Esta paixão que me revelou que afinal a vida não tinha acabado.
Agora, aqui perdida de saudades tuas, sei que estou pronta para te dar todo o meu amor. Tu és tão especial. Espero que nunca te arrependas de estar comigo.
Sonha comigo meu amor. Dá-me tempo para acabar isto que estarei de volta muito, muito em breve.

Sempre tua.
Daphne.”

2 Jun 2016

Portugal quer ser um “ponto estratégico” da Rota Marítima da Seda

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ortugal quer ser um “ponto estratégico” da iniciativa chinesa Rota Marítima da Seda, disse o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em entrevista ontem publicada pelo jornal oficial do Partido Comunista da China (PCC).
“Portugal está disposto a mover, em conjunto com a China, todas as diligências, no sentido de se tornar um ponto estratégico da Rota Marítima da Seda”, frisou Rebelo de Sousa, numa extensa entrevista publicada na versão impressa do Diário do Povo e na edição digital em português, inglês e chinês.
Aquela iniciativa, anunciada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em 2013, refere-se a um gigante plano de infra-estruturas, que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático.
Segundo as autoridades chinesas, vai abranger 65 países e 4,4 mil milhões de pessoas, cerca de 60 por cento da população mundial.

Local apetecível

Neste aspecto, Rebelo de Sousa frisou o “elevado grau de operacionalidade” e a “localização privilegiada” do porto de Sines, na costa ocidental portuguesa, como “porta de entrada” para a Europa.
“Este porto encontra-se numa fase de atracção de investimento e acredito que poderá oferecer inúmeras vantagens a eventuais parceiros chineses”, disse.
Desde que a China Three Gorges comprou 21,3% da EDP (Energias de Portugal), em 2011, a China assumiu-se como um dos maiores investidores em Portugal, adquirindo participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca.
O chefe de Estado português destacou a relação de “complementaridade” no sector energético, “especialmente nas árceas produção e eficiência energética e energias renováveis”.
“Os investimentos levados a cabo por empresas chinesas neste sector traduziram-se em resultados palpáveis para ambos os lados”, frisou ao jornal oficial do PCC.
Para Rebelo de Sousa, existe hoje um número considerável de acordos assinados entre os dois países, nas “mais diversas áreas”, enquanto o número de visitas oficiais “tem aumentado, não só em quantidade, mas também em qualidade”.
No ramo da investigação científica, porém, o Presidente da República considerou que “existe ainda uma larga margem de progressão”, apesar de “centros de pesquisa das universidades dos dois países terem avançado com alguns programas de cooperação”.

Atracção sínica

Rebelo de Sousa, que revelou ter uma “atracção” pela China, disse ainda que Portugal sempre primou pelo reforço da colaboração entre empresas chinesas e portuguesas nos mercados de Angola, Moçambique e outros países de língua oficial portuguesa.
E propôs que ambos os lados avancem com um mecanismo de cooperação para operar em terceiros mercados, nomeadamente em África ou na América do Sul.
“As empresas portuguesas e chinesas podem trabalhar juntas nestes mercados nos sectores das infra-estruturas e energia”, indicou.
Quanto ao estatuto de Portugal como membro fundador do Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII), a primeira instituição financeira internacional proposta pela China, Rebelo de Sousa disse ao Diário do Povo que deseja que este sirva para aproximar Portugal de outros países da Ásia.
Fontes oficiais portuguesas estimam que a China investiu 10 mil milhões de euros em Portugal, desde 2012.
Fundado em 1948, na província chinesa de Hebei, o Diário do Povo tem uma tiragem diária superior a 2,5 milhões de exemplares e 300 milhões de visualizações na edição digital.
Não é o único órgão estatal chinês, mas logo junto à recepção nota-se o seu estatuto singular: quatro fotografias exibem os homens que lideraram a China, desde 1949, a ler atentamente o jornal.
Mao Zedong, o fundador da República Popular que dirigiu o país ao longo de 27 anos, e os seus sucessores – Deng Xiaoping, Jiang Zemin e Hu Jintao – estão lá todos.
Desde Setembro passado, o Diário do Povo ocupa um edifício de 33 andares construído de raiz no moderno e cosmopolita CBD (Central Business District) de Pequim, e emprega actualmente cerca de 10 mil pessoas.
 

2 Jun 2016

Dia do Património Cultural da China comemorado em Macau

Da música às exposições, sem descurar a caligrafia e arte chinesas, são diversas as actividades organizadas pelo Instituto Cultural para assinalar a 11ª edição do Dia do Património Cultural da China na RAEM

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Dia do Património Cultural da China, assinalado a 11 de Junho, tem este ano como tema “Deixe que o Património Cultural faça parte da vida moderna”, numa iniciativa com o intuito de incentivar residentes e turistas a visitar o Centro Histórico de Macau. Na agenda está a realização de uma série de actividades a decorrer em locais históricos, museus e bibliotecas – exposições, palestras e visitas gratuitas são algumas delas, de modo a aproximar o público do património.
Entra as exposições, a organização destaca “Memórias do Tempo – Macau e a Lusofonia Afro-Asiática em Postais Fotográficos” e a exposição temática “Exposição da Colecção de Livros de Pedro Nolasco da Silva”. A primeira decorre entre 10 de Junho e 4 de Dezembro no Arquivo de Macau, onde são exibidos um conjunto de postais ilustrados seleccionados do acervo documental/iconográfico do organismo. Os trabalhos ilustram “uma perspectiva mais ampla dos aspectos urbano-arquitectónicos, etnográficos, históricos, naturais e socioeconómicos de países como Angola, Cabo Verde, ex-estados da Índia Portuguesa, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e Timor Leste, entre outros países da Lusofonia Afro-Asiática tendo em conta a sua relação com Macau”.

Junto aos livros

Já a Biblioteca Pública de Macau organiza a mostra temática “Exposição da Colecção de Livros de Pedro Nolasco da Silva”, entre 10 e 18 de Junho, das 13h00 horas às 19h00 horas, na biblioteca do edifício do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM).
A acompanhar o evento decorrerá uma palestra e uma visita sob o mote da exposição, numa iniciativa levada a cabo por Lee Shuk Yee e onde consta a apresentação dos livros deste “importante funcionário de Macau do séc. XIX, bem como o seu espírito de promoção das culturas chinesa e portuguesa”, adianta a organização. O evento tem lugar a 11 de Junho pelas 15h00, sendo de entrada livre, mas sujeita a reserva de lugares.
A arte e caligrafia chinesas também ocupam lugar nas festividades com o convite dirigido pela Academia Jao Tsung-I, numa iniciativa de 8 a 12 de Junho que tenciona proporcionar aos participantes uma oportunidade para apreciarem as obras de Jao.

Outros tons

A música está presente com a apresentação do concerto “Rapsódia Chinesa – Obras de Peng Xiuwen” pela Orquestra Chinesa de Macau e dirigido pelo “conceituado” maestro Bian Zushan, a 18 de Junho às 20h00 no teatro D. Pedro V sendo que os bilhetes já se encontram à venda.
Ainda nos dias 11 e 12 o Farol da Guia tem outra luz, sendo que abre especialmente ao público entre as 10h00 e as 17h00, enquanto que o Museu de Macau, nas mesmas datas, tem entrada gratuita.

1 Jun 2016

Graça Morais abre comemorações do Dia de Portugal

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas começa já hoje a comemorar-se na RAEM, com a abertura da exposição “Trás-os-Montes, Terra Mágica”, da artista portuguesa Graça Morais.
Com abertura marcada para as 18h30 na sala Ho Yin do Clube Militar, a mostra traz obras que, segundo a organização e citando Miguel Torga, exprimem a ligação íntima à terra e aos seus costumes, a esse espaço pedregoso, “parado e mudo”, onde “apenas se move e se faz ouvir o coração no peito, inquieto”.
Nas cerca de 35 obras que fazem parte da exposição “há um motivo quase constante que emana da pintura de Graça Morais.” Sem ser sempre declarada, está aqui a memória da terra que a viu nascer e onde passou a infância. A organização adianta ainda que “parece haver em cada uma das suas obras uma reminiscência, um traço, uma sombra que revivem e reflectem esse ‘reino maravilhoso’ – como Miguel Torga, ele próprio um nativo das terras de além-Marão, lhe chamou um dia.” CM-GM-Convite
É a experiência dessa infância mágica e a recordação de hábitos e gestos cujas raízes se prendem num passado longínquo que a organização e a artista pretendem partilhar com o público.
Graça Morais, transmontana, vive e trabalha agora por entre a terra onde nasceu e Lisboa. Da sua carreira, e após terminada a formação em Pintura na Faculdade de Belas Artes do Porto e de uma passagem por Paris, contam também trabalhos nas áreas da cenografia e da escrita. A sua vida e obra já foram também objecto de documentários como “As Escolhidas” (1997) de Margarida Gil ou “Na Cabeça de uma Mulher está a História de uma Aldeia” de Joana Morais. Ilustrou e colaborou com poetas e escritores, como José Saramago, Sophia de Mello Breyner Andresen, Agustina Bessa-Luís ou Miguel Torga e em 2008 foi inaugurado o Centro de Arte Contemporânea de Bragança com o seu nome sendo que as exposições destinadas à sua obra são frequentemente renovadas.
Graça Morais está hoje representada em diversas colecções públicas e privadas. A exposição estará patente ao público até 12 de Junho e tem entrada livre.

1 Jun 2016

Estética urbana pós-socialista ou o Tibete invisível 你知道多少?

* por Julie O’yang

[dropcap sryle=’circle’]N[/dropcap]ão é frequente vermos um filme que nos revele um universo intimista e que, simultaneamente, nos proporcione emoções fortes num contexto de transformação social. Kekexili (可可西里, Patrulha da Montanha) é a excepção.
A partir dos anos 90, a geração de lideres chineses que sucedeu a Mao Tsé-Tung iniciou uma série de reformas com vista a desenvolver a economia e que conduziram a uma explosão dos mercados. Este crescimento acelerado da economia trouxe profundas alterações sociais; o consumismo, o individualismo, e o planeamento urbano modificaram as funções e as faces das metrópoles. Estes factores promoveram uma migração massiva de jovens criativos, de todas as áreas, para as grandes cidades. Procuravam inserir-se nos circuitos intelectuais e de oportunidades profissionais. Ao contrário de Mao, que promovia o conceito de “o campo rodeado de cidades”, e que conduziu o Partido comunista à vitória, a China de hoje vive nas “cidades rodeadas pelo campo”. O sentimento crescente de urgência, intimo e pessoal, é um elemento determinante para compreender a China enquanto zona pivot do mundo actual.
Kekexili, realizado por Lu Chuan, é um exercício sobre a estética urbana (no artigo da semana passada falei sobre “Nanjing! Nanjing!”, um filme épico passado na II Guerra, do mesmo realizador). E é por isso que uma história poderosa, onde ressalta a extravagância da natureza humana, é ao mesmo tempo uma história intima. Curiosamente, esta narrativa profundamente pessoal acaba por nos revelar o espírito do Tibete com maior clareza do que – atrevo-me a dizer – o Budismo. Illu(3)
Kekexili é um filme inspirado numa história verdadeira em torno da caça ilegal de antílopes tibetanos na região de Kekexili, a maior reserva natural da China. O início do filme é desde logo chocante. Vemos um membro das patrulhas da montanha a ser executado pelos caçadores ilegais. Mas o protagonista da história é Ga Yu, um jornalista de Pequim que se desloca à região para fazer uma reportagem sobre os voluntários que lá trabalham. Nesta pesquisa é acompanhado por Ritai, o chefe da patrulha. Certo dia, Ritai convida-o a acompanhar a equipa numa emboscada aos caçadores de antílopes, após terem sido informados que eles se encontravam nas proximidades. À medida que se embrenham na natureza, perseguindo as suas presas, assistimos às tremendas dificuldades que os esperam, já que têm de enfrentar, não só, inimigos bem armados, como também as inclementes forças da natureza. Com o deslumbrante cenário do Planalto Tibetano como pano de fundo, Kekexili conta a história dos tibetanos que enfrentam a morte e a fome para salvar as hordas de antílopes das armas de caçadores impiedosos. Filmado in loco, Kekexili, é uma mistura do fatalismo dos Westerns com a realidade fulgurante de um documentário. Se imagina o Tibete como um local pacífico, repleto de monges piedosos em oração, este filme vai fazê-lo mudar de ideias. O filme é uma junção de detalhes poéticos, tensão de cortar à faca e heroísmo muy macho, à la Hemingway.
Veja o trailer de Kekexili em: bit.ly/1U4NYOB
Antes de terminar, queremos, contudo, pôr o dedo na ferida. Porque é que o Tibete é tão importante para o Regime chinês? Ocorrem-nos três motivos óbvios:
1: Já o detém.  Abrir mão do Tibete seria dar o dito por não dito e representaria um enorme embaraço.  A China quer manter o status quo. 
2: O Tibete é rico em recursos naturais.  Para além da riqueza em minérios, a maior parte da água potável que abastece esta zona da Ásia brota do Planalto Tibetano. O controlo da água dos rios é essencial para a agricultura chinesa.  
3: O Tibete é uma zona rica em espiritualidade. Muitos chineses (jovens) anseiam por uma âncora espiritual e encontram-na no Budismo tibetano e nas suas crenças exóticas.  O espiritualismo tibetano é um contraponto ao Cristianismo e ao Islamismo que alastram na China, numa onda de popularidade crescente.
Em 1279, Kublai Khan destronou a Dinastia Sulista Song. O Tibete tornou-se parte integrante do Império Mongol, também conhecido como, Dinastia Yuan, seguindo a histórica “linhagem” chinesa. A Dinastia Yuan conquistou a China e tornou-se orgulhosamente parte da história oficial chinesa.
Penso que, para além do cenário do poder político, esta questão mexe com os sentimentos humanos mais primitivos e involuntários, como respirar.

1 Jun 2016

IPIM abre candidaturas de apoio ao comércio online

O IPIM vai dar até 20 mil patacas às empresas de Macau que queiram colocar os seus produtos à venda em plataformas online. As candidaturas decorrem até ao final do ano

[dropcap sryle=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) abre na próxima semana o Plano de Incentivo para a Promoção do Comércio Electrónico. Destinado a empresas locais ou com metade do capital de Macau, a iniciativa visa dar a conhecer os produtos da RAEM ao mesmo tempo que incentiva este tipo de comércio.
A ideia é encorajar a utilização da Internet como ferramenta promotora da venda de produtos locais e a entrada em novos mercados, como anunciou ontem o IPIM em conferência de imprensa. Após o plano de 2009 que tinha como base a divulgação em plataformas “Business to Bussiness” (B2B), é agora a vez de avançar com a promoção em plataformas que chegam directamente aos consumidores, as “Business to Consumer” (B2C).
Na próxima segunda-feira, 6 de Junho, abrem as candidaturas ao apoio especialmente concebido para ajudar as pequenas e médias empresas (PME). É também neste dia que as empresas podem conhecer quais as plataformas já acreditadas pelo IPIM onde os produtos podem ser postos à venda. Plataformas estas semelhantes, por exemplo, ao Ali Baba.

À espera da centena

O IPIM promete dar até 20 mil patacas a cada empresa, incentivos que incluem apoio para “despesas técnicas anuais e despesas ligadas à publicidade e promoção”. O limite é de 70% do total da despesa e cada empresa poderá beneficiar do apoio apenas uma vez por ano fiscal.
Para serem elegíveis ao apoio financeiro as empresas têm que estar registadas na Direcção dos Serviços de Finanças, ter pelo menos 50% das quotas detidas por residentes de Macau e ter actividade comercial nas áreas de produção e/ou comércio de produtos.
Para já, o subsídio está apenas numa fase experimental – que decorre a partir de 6 de Junho e até 31 de Dezembro -, sendo que o IPIM pretende cativar o interesse de pelo menos cem entidades, tendo disponibilizado uma verba total de dois milhões patacas.
No entanto, Glória Batalha Hung adianta que, caso o interesse no projecto seja superior ao estimado e as empresas cumpram os requisitos, o montante “poderá ser aumentado”. Por outro lado, se as candidaturas forem muito inferiores ao número previsto, a presidente-substituta do IPIM adianta que pode ser sinal de que “alguma coisa não esteja a correr bem e que o próprio projecto necessitará de ser revisto.”
Já António Lei, Director do Centro de Apoio Empresarial do IPIM, refere que o tempo de espera da aprovação não excederá os 30 dias não esquecendo que, se por agora as plataformas acreditadas pelo IPIM são essencialmente chinesas, incluindo de Macau, a instituição está também aberta a propostas de creditação de outras origens de modo a internacionalizar cada vez mais o comércio local.

1 Jun 2016

Comércio externo de mercadorias desce 20%

O valor do comércio externo de mercadorias caiu 19,8% até Abril, face ao período homólogo do ano passado, atingindo 26,24 mil milhões de patacas, indicam dados oficiais ontem divulgados. Segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), nos primeiros quatro meses, Macau exportou bens avaliados em 3,45 mil milhões de patacas – menos 5,6% –, enquanto as importações ascenderam a 22,78 mil milhões de patacas – menos 21,6%.
Por conseguinte, o défice da balança comercial agravou-se, atingindo 19,33 mil milhões de patacas. Em termos de destino, aumentou o valor das exportações para a China (565 milhões de patacas, mais 7,1% em termos anuais), enquanto o de Hong Kong diminuiu (2,08 mil milhões de patacas, menos 9,5%).
Significativas quebras foram registadas também nos valores exportados de mercadorias para a União Europeia (58 milhões de patacas) e para os Estados Unidos (49 milhões de patacas), os quais caíram, respectivamente, 29,5 e 27,6% em termos anuais.
Já do lado das importações, foram verificadas diminuições no valor dos bens oriundos da China (8,23 mil milhões de patacas) e da União Europeia (5,42 mil milhões de patacas), respectivamente, de 24,6 e 19,9%.
O comércio externo desceu 4,5% em 2015 para 99,87 mil milhões de patacas, face ao ano anterior, a primeira diminuição desde 2009.

1 Jun 2016

Acordo de comércio de serviços em vigor

Entra hoje em vigor o Acordo sobre Comércio de Serviços no âmbito do Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau (CEPA). Com a implementação deste acordo são liberalizados na China 153 sectores de serviços de Macau, constituindo-se este como o primeiro acordo de comércio livre que liberaliza de forma generalizada a área do comércio de serviços para todo o interior da China, adianta um comunicado do Governo.
Esta liberalização representa 95,6% dos 160 sectores de serviços classificados segundo os critérios da Organização Mundial do Comércio e introduz novas cláusulas, tidas como mais favoráveis, onde se inclui expressamente que os acordos de comércio livre assinados entre o interior da China e outros países/regiões serão estendidos a Macau.
Em articulação com a entrada em vigor, o Centro de Informações sobre o CEPA da Direcção dos Serviços de Economia (DSE) irá melhorar as suas funções de serviços, sendo que a sua denominação será alterada, também a partir de hoje, para Centro de Informação sobre Cooperação Regional. Ao mesmo tempo, com o objectivo de servir melhor a população, o website será actualizado no sentido de acrescentar informações relativas a esta cooperação incluindo as informações sobre a Cooperação Guandong-Macau e a Zona Piloto de Comércio Livre da China.

1 Jun 2016

USJ | Design de finalistas em exposição

Os estudantes finalistas do curso de Design da Universidade de S. José vão ter os seus trabalhos apresentados de 3 a 18 de Junho, na Ponte 9, Creative Platform. Numa organização do Departamento de Arquitectura e Design da Faculdade de Indústrias Criativas da instituição, a exposição conta com trabalhos relativos ao ano lectivo de 2014/2015 tendo como mote a preocupação acerca da cultura e história locais. Os trabalhos abordaram áreas como o design gráfico, interactivo, de interiores ou de produto numa iniciativa que pretende mostrar os talentos que são “feitos” na RAEM.

1 Jun 2016

Hong Kong integra digressão de Birdy

O Kitec Music Zone na vizinha Hong Kong vai receber em modo de estreia a britânica Birdy. O evento está marcado para 26 de Julho e faz parte dos concertos promovidos pela YourMum. Birdy começou a dar nas vistas aos 14 anos com uma versão de “Skinny Love”, de Bon Iver, e estreou-se com álbum próprio homónimo em 2011 que atingiu o top de tabelas em diversos países. O seu último LP, “Beautiful Lies”, saiu este Março e contou com a colaboração na produção de artistas como Adele, Arctic Monkeys,Florence and the Machine ou London Grammar. Com 20 anos, Birdy já conta com temas escritos para filmes como “The Fault In Our Stars” ou “The Hunger Games” e tem agora para um número limitado de concertos na Ásia. Os bilhetes já estão à venda e custam 420 dólares de Hong Kong.

1 Jun 2016

Reparações nas Antigas Muralhas demora seis meses

O Instituto Cultural indicou ontem que a reparação do troço das Antigas Muralhas vai demorar pelos menos seis meses e a reparação vai começar depois do Ministério Público finalizar o processo jurídico implementado depois do espaço ter sido vandalizado com graffiti. No programa Macau Talk do canal chinês da Rádio Macau, Ip Kin Hong, da Divisão de Salvaguarda do Património Cultural do IC, referiu que o organismo bloqueou o troço para que não continue a ser vandalizado, mas diz que é difícil arranjar o mural, pelo que vai levar algum tempo. “Como o caso está no Ministério Público, o trabalho de reparação vai começar logo que o processo termine” disse Ip Kin Hong, sublinhando que a reparação demora pelos menos seis meses. O troço foi feito com materiais como argila, areia, terra, palha de arroz, pedras e conchas e foi distinguido como património em 2005.

1 Jun 2016

Mais três igrejas em risco de queda

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o Instituto Cultural (IC) criou um grupo de trabalho, depois da queda de parte do telhado na Igreja de Santo Agostinho, e já foram realizadas análises a alguns monumentos que não foram classificados. O IC explicou que neste momento existem quatro igrejas em risco de danos ou queda em caso, por exemplo, de tufão. São elas a Igreja de São José, a Igreja de Santo António, a Capela de Nossa Senhora da Penha e ainda o espaço Armazém do Boi. O Governo indicou que vai começar, de imediato, com os trabalhos de verificação e inspecção a estes edifícios.

1 Jun 2016

FIVCM | Festival chega ao fim com películas internacionais

Está a chegar ao fim mais um Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Macau e com ele uma semana de novo dedicada ao cinema internacional. As opções vão do documentário ao humor negro e ao surreal, passando ainda pelo cinema para a família numa série de projecções diárias

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]De amanhã e até 5 de Junho são os dias marcados para as últimas projecções internacionais de mais uma edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Macau (FICVM). Depois da abertura com o que veio de fora, dos Macau Indies – com o que de melhor se vai fazendo por cá – e de um programa recheado de actividades ligadas à sétima arte, é tempo de despedidas com um retorno ao cinema internacional. 31516P11T1-B
Está marcado “Um café no fim do mundo” já para dia 1 de Junho pelas 19h30. Numa co-produção do Japão e Taiwan, a película conta com a realização de Chiang Hsiu-Chiung. A realizadora de Taiwan faz assim a sua estreia no cinema nipónico com este filme à volta de temáticas como a identidade, o desgosto e a definição familiar. Misaki regressa à cidade onde nasceu, na península japonesa de Noto, oito anos depois do desaparecimento do seu pai. Transforma a velha casa flutuante num pequeno café ao mesmo tempo que desenvolve amizade com a família vizinha. Com o passar do tempo desenvolvem-se laços afectivos numa tentativa de unidade familiar num cenário situado no “fim do mundo”.

Alpinistas em documentário

Em formato documental é exibido o americano “Meru” a 2 de Junho à mesma hora. De Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi este “documentário vertiginoso”, como é adjectivado pela organização, conta a história de três alpinistas que tentam cumprir a missão impossível de subir a este pico também conhecido por “Barbatana do Tubarão”. Por entre tempestades de neve, avalanches e lesões que atingem um dos membros da equipa e que agoiram a indomabilidade do lugar, este documentário “celebra a amizade, a perseverança e o espírito humano”.

Comédia no feminino

Para o serão de sexta-feira, dia 3, está marcado um encontro no feminino com “Jacky no Reino da Mulheres”. Agendada para as 21h30, esta realização francesa de Riad Sattouf faz uma incursão na República Democrática de Bubunne, onde são as mulheres que governam, dão ordens e fazem a guerra e o uso de véus e as tarefas domésticas cabe aos homens. Jacky é um desses homens que sonha em casar com a filha da ditadora-general Collonelle, aqui protagonizada por Charlotte Gainsbourg, numa “divertida comédia que aborda a inversão de papéis”.
O festival soma e segue com “Operação Ártico”, recomendado para as famílias, numa produção norueguesa levada a cabo por Grethe Boa_Waal. No sábado às 16h30 a “Operação” arranca com a história de Julia, que se muda com a mãe e os irmãos gémeos para uma pequena cidade. Na ânsia de se reencontrarem com o pai que trabalha no sul do país, os irmãos entram escondidos num helicóptero que voaria nessa direcção. A rota não seria essa e os irmãos vêem-se perdidos e sozinhos numa ilha deserta onde são obrigados a enfrentar tempestades, fome e ursos polares. Para a organização é um filme de coragem e resiliência para lidar com a vida.
No mesmo dia também vai pairar no ecrã o humor negro com a “Festa de Despedida”. É “uma comédia negra e emocional sobre a amizade e a importância de aprendermos a dizer adeus”. Aqui, um grupo de amigos de uma casa de repouso de Jerusalém, para ajudar um companheiro em estado terminal, constrói uma máquina de auto-eutanásia. Quando o conhecimento da existência deste dispositivo se espalha, cada vez são mais os doentes a pedirem este “apoio”, confrontando os protagonistas com os dilemas daí advindos.

Despedidas

Dia 5 de Junho encerra as projecções internacionais com “A Múmia do Príncipe” e “Deus Branco”, ambos às 16h30.
O primeiro, dedicado ao cinema em família, vem da Holanda e conta com a realização de Pim van Hoeve na narração da história de uma criança de 11 anos cuja vida muda ao encontrar uma múmia “encantada”. A múmia de Dummie, um jovem príncipe, volta à vida após ser atingida por um raio quando é transportada para o museu. Dummie é o oposto do tímido Gus e ambos desenvolvem uma amizade improvável.
“Deus é Branco” é o filme vencedor do prémio “Un Certain Regard” do Festival de Cannes 2014 de produção húngara e alemã e que conta a história de “terror e vingança” numa perspectiva canina. Realizado por Kornél Mundruczó, o filme mostra os direitos à rebelião a partir do ponto de vista de um cão. Numa altura em que as novas legislações taxam as raças mistas levando ao abandono de inúmeros animais, Haggen, abandonado nas ruas, passa pela experiência de sem abrigo sendo posteriormente capturado e levado para um canil. Ali, e com poucas esperanças de sobrevivência, os cães vão aproveitar uma oportunidade de fuga para se revoltarem contra a humanidade.
A produção que conta com a participação de Israel e Alemanha e com a realização de Sharon Maymon e Tal Granit está agendada para as 21h30.
Os bilhetes rondam as 60 e 80 patacas e os filmes vão estar em exibição no Centro Cultural de Macau.

31 Mai 2016

Economia com contracção de 13,3% no primeiro trimestre

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]economia registou uma contracção real de 13,3% em termos anuais no primeiro trimestre de 2016, arrastada pela queda do sector do Jogo, segundo dados oficiais ontem divulgados. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o Produto Interno Bruto (PIB) caiu devido “principalmente à contínua diminuição nas exportações de serviços e à redução do investimento”.
A procura externa “não melhorou”, registando-se, entre Janeiro e Março, descidas de 24,6% nas exportações de bens e de 13,7% nas de serviços – com destaque para a quebra de 17,1% nas de serviços do jogo – e a procura interna “enfraqueceu”, verificando-se decréscimos de 2,3%, de 31,4% e de 19,9%, respectivamente, na despesa de consumo privado, no investimento e nas importações de bens.
A despesa de consumo final do Governo foi o único principal componente da despesa que registou um crescimento positivo – aumentou 1,5% em relação ao primeiro trimestre de 2015.
Apesar de o mercado de emprego ter permanecido favorável, como refere a DSEC em comunicado, “o rendimento do emprego não aumentou, arrastando o decréscimo homólogo de 2,3% na despesa de consumo privado, em particular a queda da despesa em bens duradouros”. A despesa de consumo final das famílias diminuiu 2,3% no mercado local, e aumentou 3,9% no exterior.

Investimento a cair

A formação bruta de capital fixo (que reflecte o investimento) teve uma quebra notória “em consequência da diminuição substancial do investimento do sector privado” – o qual sofreu uma quebra de um terço (33%) – “quer devido à desaceleração do ritmo de construção das instalações de turismo e entretenimento de grande dimensão, quer em virtude da elevação da base de comparação com o volume de construção do ano passado”.
A DSEC releva ainda, neste capítulo, “as descidas de 35% nos investimentos em construção e de 18,9% em equipamento do sector privado”.
Já o investimento do sector público desceu 5,5%, com uma redução de 6,5% no investimento em construção, mas um aumento de 91,1% no investimento em equipamento.
O PIB alcançou 84,3 milhões de patacas no primeiro trimestre do ano.

31 Mai 2016

Cinema | Festival Internacional vai custar mais de 50 milhões

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Festival Internacional de Cinema de Macau, que estreia em Dezembro, quer mostrar filmes “’mainstream’ mas com diferença” e tornar a cidade num ‘hub’ cinematográfico, disse o director do evento, Marco Mueller, na apresentação do evento. O festival tem um orçamento total de 55 milhões de patacas, sendo que 20 dos quais serão asseguradas pelos Serviços de Turismo (DST).

Os filmes serão escolhidos com “tripas, coração e pensamento”, o que significa que o júri vai lançar um olhar particular sobre o cinema de género “popular, mas singular”. “Não pode ser o simples cinema comercial, tem de ser ‘mainstream’ mas com uma diferença”, sublinhou o antigo director do festival de Roma na passada sexta-feira. “Vão ter de ser filmes extremamente acessíveis e ao mesmo tempo extremamente criativos, ‘mainstream’ mas muito originais.”
A 1.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau vai acontecer entre 8 e 13 de Dezembro e prevê a exibição de 43 filmes, em diferentes categorias, incluindo a “Dragões Escondidos”, dedicada “às últimas tendências do cinema asiático”, e a “Melhor do Panorama do Festival”, com longas-metragens premiadas nos principais festivais de cinema em 2016.

O evento, que conta com uma longa lista de patrocinadores incluindo operadoras de jogo, vai ainda ter a secção “Crossfire”, em que são exibidos 12 filmes oriundos da América do Sul, Europa, Sudeste Asiático e Austrália, recomendados por 12 realizadores asiáticos.

“Escolhem um filme que é, para eles, uma referência, que está no seu coração. É uma mistura fascinante que prova que a partilha sempre existiu e Macau é o melhor sítio para isso continuar, para se consolidar de forma diferente do que acontece noutros festivais”, afirmou o director do festival, que diz que o evento vai “começar pequeno” porque “Macau é um sítio pequeno”.

A vibrar

O realizador português Ivo Ferreira, radicado em Macau, manifestou elevadas expectativas em relação ao evento. “De certeza que vai ser um festival vibrante. O Marco [Mueller] sempre foi um programador louco, ousado, sempre arriscou imenso, é o único capaz de juntar na mesma sessão dois filmes completamente antípodas que ao mesmo tempo se complementam.”

O cineasta está agora a trabalhar no seu novo filme, “todo passado em Macau e sobre Macau”, apesar da “imensa dificuldade em arranjar dinheiro no território” para o financiar. “Hotel Império” debruça-se sobre “questões identitárias do território e alguns fantasmas do passado”, explicou.

“Embora pareça tristonho, há um lado de esperança, como se a própria erosão urbana acabasse por obrigar as pessoas a tomar uma posição em relação à destruição da cidade”, disse.

O filme, que começa a ser rodado em Outubro, não estará terminado a tempo do Festival, mas Ivo Ferreira pondera concorrer com outro trabalho na 2.ª edição.

Este que será o primeiro Festival Internacional de Cinema no território representa uma oportunidade para a internacionalização de Macau e para o fomento de sinergias entre o turismo e a cultura, disse Helena de Senna Fernandes, directora da DST. Alvin Chau, presidente da Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau, sendo também vice-presidente executivo do evento, referiu que estarão presentes “filmes originais relativamente bem acolhidos pelo mercado, com o objectivo de transformar o festival num dos principais eventos de cinema no mercado da Ásia”.

30 Mai 2016

Pintura de Leung Kui Ting em exposição no IACM a 1 de Junho

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m de Junho é a data marcada para a inauguração de “Visão Indefinida + Digital: Exposição de Pintura a Tinta” de Leung Kui Ting. A mostra, que apresenta 28 obras do artista de Hong Kong, abre pelas 18h00 na Galeria de Exposições Temporárias do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM).
O artista estudou Pintura com o “conceituado” artista Lui Shou-kwan, tendo ainda estudado Design com Wucius Wong. Em 1980, fundou o Instituto de Artes Visuais Chingying de Hong Kong, tendo integrado o corpo docente da Universidade Politécnica da região vizinha ao longo de mais de uma década. Actualmente, trabalha como consultor especializado no âmbito dos serviços culturais para o Departamento de Serviços de Lazer e Culturais da RAEHK.
Leung revela que sente o mundo externo com o coração para atingir a unidade da mente e dos objectos, como que para observar tudo no universo na forma dos próprios objectos. Criadas com base na sua transformação e exploração de pinturas tradicionais chinesas, as suas pinturas paisagísticas partem do coração, adianta a organização, abstraindo-se das aparências concretas, ao invés de constituírem meros reflexos da realidade. É ainda criador de uma técnica de pintura paisagística digital, a qual sobrepõe linhas e pontos sobre os contornos de desenhos de montanhas e rochas tradicionais, dando origem a obras de arte contemporânea “verdadeiramente únicas”.
Além da exposição, realiza-se ainda no dia 12 de Junho a palestra “Visão Indefinida + Digital: Palestra sobre a Pintura a Tinta de Leung Kui Ting”, aberta ao público em geral, agendada entre as 15h00 e as 16h30 no auditório do Museu de Arte de Macau. Será um momento de partilha em que Leung fala do seu processo artístico na composição de pinturas paisagísticas tradicionais com elementos digitais.
Exposição e palestra são de entrada livre e a mostra estará patente até 10 de Julho.

30 Mai 2016

CCM | Verão para todos com mais uma sessão de InspirARTE

O Verão está à porta e com ele o Centro Cultural volta à carga com uma série de espectáculos vindos do outro lado do mundo para animar famílias. Há circo, teatro, marionetas e outras surpresas

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]InspirARTE no Verão” está de volta para alegrar pequenos e graúdos com uma série de espectáculos promovidos pelo Centro Cultural de Macau (CCM). Conta com palhaços, dança e teatro, em iniciativas especialmente concebidas para toda a família.
De 30 de Junho a 3 de Julho, chega a Macau “Sr. Satie de Papel” da Polónia, pelas mãos da companhia Atofri Theatre, a mais reputada no teatro infantil daquele país do leste europeu. A peça é uma produção de teatro musical que mostra como a imaginação pode transformar papel num vistoso cenário, servindo também como instrumento e parceiro de brincadeiras, explica a organização. Estimuladas pelos ritmos, sons e música de Satie, as crianças entre um e três anos são desafiadas a jogar e a desvendar mistérios e adivinhas.

Animais e outros circos

O “Carnaval dos animais” é o circo da bicharada que traz da Austrália acrobacias e um workshop de iniciação aos mais pequenos, naquele que também é denominado como o “maior espectáculo do mundo” e que terá lugar a 9 e 10 de Julho. Para a organização esta é “uma experiência única de teatro visual acrobático que irá permanecer por muito tempo nas mentes dos nossos miúdos”. Chook & Gek
A Escócia entra em cena de 21 a 24 de Julho com “Hup”. Um espectáculo da Starcatcheres de Edimburgo criado em colaboração com a Orquestra Real Nacional Escocesa, que revela uma ligação entre a natureza e a música, deixando que bebés se descontraiam através de uma aventura íntima com a música clássica. Quase como num jogo, o pequeno público é desafiado a interagir com ambiências e ritmos musicais. Esta peça é uma criação para pais que cedo pretendam expor os seus filhos até aos 24 meses ao mundo da música e da imagética.
A 23 e 24 de Julho os russos Melting Point trazem para cena “Chook e Gek”. A peça é um espectáculo teatral que combina palhaços, marionetas e instalação vídeo, baseada num conto clássico do autor Arkady Gaidar. A encenação conta as aventuras de dois irmãos que partem com a mãe rumo ao norte longínquo para se encontrarem com o pai. Descrita como “uma peça alegre, engraçada e visualmente adorável”, “Chook e Gek” é concebida para miúdos a partir dos cinco anos. O espectáculo convida o público a descobrir a força e a beleza das coisas simples, levando os mais velhos numa viagem de regresso à infância.

A cantar

“Spot” vem da Holanda de 6 a 8 de Agosto pelo Theater Terra. Um musical para a família que sobe ao palco com um desfile de marionetas em ponto grande, cenários coloridos e “adoráveis” personagens. Inspirada na internacionalmente reconhecida colecção de livros “Spot the Dog”, de Eric Hill, esta introdução às artes performativas é acompanhada de canções, encenada em diálogos simples e dança tradicional holandesa. A história começa quando o cão Spot leva Helen, a hipopótama azul, a visitar o pai na quinta. Quando lá chegam, os dois amigos descobrem que todos os animais tinham desaparecido. Um espectáculo para miúdos maiores de dois anos.Chalk About_Tuur Uyttenhove
A Escócia retorna a 27 e 28 de Agosto, desta feita com “Conversas a giz” pela companhia Curious Seed. Divertida, emocional e imprevisível, adianta a organização, a peça de dança teatro transforma o palco num imenso quadro negro onde, para além dos corpos, a própria vida é delineada a giz. A companhia escocesa leva ao palco dois bailarinos que vão fazer perguntas grandes a um público pequeno. Equilibrando humor e descontracção com movimentos corporais, a dupla vai interagir com uma plateia de crianças a partir dos oito anos tocando em temas universais, do amor à felicidade.
Ainda a 28 de Agosto e em jeito de despedida entra em cena o “InspirARTE à Solta” uma celebração que vai juntar milhares de crianças e pais no CCM. Dos workshops aos espectáculos e aos jogos, grandes e pequenos vão juntos à descoberta das artes com os animais da floresta.
Os bilhetes para todos os espectáculos já estão à venda.

30 Mai 2016

“Pega-Monstros” no IPOR

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]companhia de teatro para crianças “Carruagem – Tráfego de Ideias” traz a Macau, pela mão do Instituto Português do Oriente (IPOR) a peça “Pega-Monstros”. A peça irá chegar a mais de 600 crianças das escolas luso-chinesas da Flora e Zheng Guanying, do Infantário D. José da Costa Nunes, da Escola Portuguesa de Macau e também das que queiram assistir ao espectáculo aberto ao público, que terá lugar no Auditório Dr. Stanley Ho, do Consulado-Geral de Portugal, no dia 1 de Junho, às 17h30.
O espectáculo junta a brincadeira, porque estimula a vertente imaginativa e criativa da criança através de uma actividade lúdica, a educação – que pretende o reforço de mensagens positivas em torno de valores e atitudes – e, ao mesmo tempo, reforça conteúdos escolares e a aprendizagem da Língua Portuguesa, assegura a organização, na medida em que a aprendizagem de uma língua aumenta quando se estimula o envolvimento em situações comunicativas novas e se suscita a criação de laços afectivos com experiências nessa língua.

Viagem pela memória

Em “Pega-Monstros”, a segunda criação da plataforma artística de investigação e criação multidisciplinar “Carruagem – Tráfego de Ideias”, as actrizes Diana Melo e Inês Barros personificam Camila e Mel, duas crianças de nove anos, amigas desde que se lembram. Prestes a terminarem a escola primária, quando têm de entregar um trabalho sobre a “A minha coisa favorita”, tomam consciência de que não sabem do que gostam mais.
Decididas a entregar o trabalho, as duas amigas partem numa viagem pelas suas memórias: regressam ao primeiro dia de escola para tentarem recordar tudo aquilo que as fez vibrar durante os quatro anos do primeiro ciclo, em busca do que é realmente importante para elas. Essa aventura leva-as à conclusão que não há nada como a amizade, como aquela que as une, e o amor pela família, mas também recordam algumas coisas muito importantes que aprenderam nesse percurso.

30 Mai 2016

Governo começou a vedar estaleiros de Lai Chi Vun

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água decidiu-se pela vedação dos estaleiros da povoação de Lai Chi Vun, em Coloane, por constituírem um “alto risco à segurança”. A situação foi avaliada ontem por diversos departamentos do Governo, tendo sido confirmado que “os estaleiros em alguns lotes se encontram em mau estado, devido à falta de manutenção permanente e alguns deles apresentam risco de queda da estrutura, constituindo risco grave à segurança pública”.

27 Mai 2016

Coppia: “Macau muda muito e muito rápido”

Manuela Azevedo, Hélder Gonçalves e Victor Hugo Pontes são os mentores de “Coppia”, um projecto em pares que junta música, dança e cenografia num espectáculo com definição ambígua mas que promete animar as últimas noites do FAM, hoje e amanhã no teatro do Sands

Como é que apareceu este projecto?
M.A. – Nasce da iniciativa do Centro Cultural de Belém, que se chama Carta Branca, onde se lança um desafio a um artista para criar o espectáculo que quiser e com quem quiser. Fiquei muito contente com o convite mas também sem saber o que fazer. Havia coisas que já sabia que não queria, não queria envolver os Clã (de que faz parte com Hélder Gonçalves) porque tínhamos acabado de fazer um disco novo e não era justo obrigá-los a fecharem-se outra vez, e também não queria um concerto clássico, do género “As canções favoritas da Manuela Azevedo”ou qualquer coisa muito centrada em mim. Sabendo o que não queria, fui à procura do que podia fazer. Encontrei uma palavra que me deu essa ideia. Era “coppia” em Italiano, que quer dizer dupla, parelha, casal. Pensei então que podíamos fazer um espectáculo em que só haveria dois músicos, dois bailarinos e tudo o que tivesse em palco e mesmo as canções teriam a haver com essa ideia de dupla em todos os seus significados. Por outro lado era uma maneira de me desafiar a mim também musicalmente. Estando só dois músicos em palco ia-me obrigar a fazer mais coisas do que aquilo a que estou habituada e, por outro lado, ao ter dois bailarinos em cena também ia poder ter ao meu lado uma outra linguagem artística, que é a dança. Poderia também colaborar com o Victor Hugo Pontes, com quem os Clã já colaboram há muito, mas que é também coreógrafo, actor, encenador, bailarino e muitas outras coisas. Outra pessoa que admiro muito é o Hélder e era também importante tê-lo como co-criador na direcção musical e escolha de reportório, bem como ser o meu parceiro de palco.

Este é um projecto que apresenta as canções de outros. Como funciona esta escolha?
M.A. – Aqui a escolha baseou-se essencialmente no tema. Mais do que andarmos a ver coisas que gostávamos e conhecíamos, queríamos canções que também reflectissem esta ideia de parelha, do ser a dois ou do deixar de o ser. Não queríamos que fosse nenhum tipo de tratado disso que é ser a dois, mas antes uma coisa desempoeirada, com um olhar irónico sobre a nossa própria natureza e sobre aquilo que são as relações humanas. De toda essa ironia de olharmos para nós próprios num tom irónico e bem humorado.

Este é um projecto de carácter multidisciplinar. Como é fazer um projecto assim e que mais valias vos traz?
H.G. – Já temos vindo a investir um bocadinho nisso, em ter espectáculos mais trabalhados. É muito importante a parte musical, mas temos sentido ao longo dos tempos que, se conseguirmos juntar a isso algo que faça sentido e que seja forte, é uma coisa que nos diverte mais e que nos desafia.
M.A. – Nesse encontro o que acho que é mais importante é que tenha como motor uma vontade artística e não uma coisa artificial. Se sentimos que naquele espectáculo há uma dimensão cénica para ser explorada, uma movimentação em palco que também pode ser desenvolvida e que vai trazer, em termos expressivos, uma outra camada importante para a comunicação, aí sim. Com “Coppia” a ideia era mesmo esse encontro entre música e dança e tentar que fosse feito de forma orgânica. O princípio era construir um objecto híbrido em que as pessoas tivessem dificuldades em dizer concretamente o que tinham visto.

Não é a primeira vez em Macau. Como tem sido esta experiência?
H.G. – Francamente nem sabemos muito bem o que dizer. Viemos cá sempre em momentos muito distantes entre si e Macau muda muito e muito rápido. Na realidade é a terceira vez que aqui estamos mas é sempre como se estivéssemos a chegar a um sítio novo. Perdemos sempre as referências anteriores.

M.A. – Temos também sempre experiências diferentes. A primeira vez que cá estivemos foi em 1999 na Escola Portuguesa. Foi uma experiência surreal, termos andado de avião tantas horas e chegar a um sítio com uma temperatura diferente, cheiros estranhos e muito chineses na rua e depois chegamos ao local do concerto e parecia que não tínhamos saído de Portugal. Na segunda ocasião, que foi numa Festa da Lusofonia , já havia mais mistura de pessoas. Mas a reacção foi óptima e as memórias que levamos são muito boas. Para hoje já esperamos uma coisa completamente diferente. Disseram-nos que é essencialmente público chinês, portugueses e também e turistas. Vai ser uma plateia mais internacional.

“Coppia” é filho único.
M.A. – Pois, não sei se fará muito sentido fazer uma segunda edição deste projecto. Mas está em aberto fazermos coisas do género, por exemplo com o Victor Hugo.

Isto de viver da música como é e que conselhos deixam?
M.A. – Os Clã começaram a trabalhar em 92 e estivemos a dar no duro até à saída do primeiro disco em 96. Saiu com excelentes críticas mas não vendeu nada e penámos durante algum tempo. Mas continuámos e acho que o facto de toda a banda ter resistido foi o que fez com que conseguíssemos criar uma carreira sólida. Devíamos ser as cigarras da fábula, mas temos que ser as duas coisas, temos que ser a formiga também e ter esse espírito de poupança para depois ter que aguentar os longos Invernos de concepção de um disco ou de um novo projecto. Agora ainda mais porque somos os nossos próprios editores.

Projectos na calha?
H.G. – Quando chegarmos a Portugal vamos começar a trabalhar no nosso próximo disco. Temos também alguns projectos já marcados, coisas pequeninas, e temos também um convite que ainda não sabemos muito bem quando vai para a frente para fazer um musical para a infância.

27 Mai 2016