FAM | Festival recebe ópera inspirada em Macbeth de Verdi

É uma “peça escocesa” com nome envolto em agoiros. Agora, o espectáculo chega a Macau pela mão da companhia sul-africana Third World Bunfight, sob a batuta do maestro Premil Petrovic e numa encenação de Brett Bailey. Está em cena hoje e amanhã no Centro Cultural, pelas 20h00, prometendo universalizar os males do mundo e tendo como base “MacBeth” de Verdi

[dropcap styçe=’circle’]A[/dropcap] famosa ópera de Giuseppe Verdi, “MacBeth”, sobe hoje e amanhã ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), numa interpretação “única”, como afirma Premil Petrovic, o maestro vindo da ex-Jugoslávia e que tem a seu cargo a direcção musical deste espectáculo.
Da originalidade da mesma, ressalta o facto de aqui se estar perante uma composição de cantores reduzida a 12 elementos incluindo os coros e de uma orquestra – a “No Borders” – com o mesmo número de elementos. Outra característica distante da ópera tradicional e que caracteriza “Macbeth” é que não mais é uma história de amor, mas sim de crítica e alerta social, acerca de poder e ganância. Outro factor distintivo, como explicou ontem num encontro com os média, reside no facto de que, aqui, a orquestra estar no palco com os cantores com uma proximidade “nunca antes vista no género”, como afirma o maestro. Proximidade também com o público em que o contacto de alguma forma acontece numa peça que condensa as três horas de duração originais em 1h40m.

Dos bastidores ao palco

Os cantores são oriundos da África do Sul, país cuja história é marcada pela violência. O maestro e a orquestra vêm do pós guerra recente no leste europeu e a peça relata, em jeito de alerta, a situação do Congo actual.
Em palco estão representados um grupo de refugiados das zonas de conflito deste país, que contam a história trágica actual aqui vivida “mostrando a universalidade da dor”. O maestro considera ainda que o mundo não tem dado a atenção devida à situação.
A família representada na peça descobre um baú com a parafernália de uma companhia que havia representado “Macbeth”. Com as pautas de Verdi e instrumentos nas mãos, na tentativa de reprodução do clássico, sai esta obra, em que as “vozes bonitas” são substituídas por sonoridades cruas.
“O cantar aqui é entre o drama e o sussurro”, distingue Petrovic. “No nosso caso, e com estes cantores fantásticos, o trabalho foi não reduzir este drama às suas vozes.”
Já para Nobukumko Mngxekez, intérprete de Lady Macbeth, o maior desafio foi encontrar o oposto do melhor de si e dar-lhe vida para a voz e personagem.
Nesta “intervenção” artística, Petrovic refere também a possibilidade de transformar os clássicos em algo capaz de abarcar os problemas universais, sendo que Barbara Mathers, produtora, acrescenta ainda que, em busca da contemporaneidade, foi alterado o tipo de vocabulário utilizado de modo a “actualizar” o espectáculo.
A “No Borders” tem – além de uma vertente artística – uma forte veia política e interventiva, não só destacada pelo próprio nome, que reflecte o seu carácter anti-fronteiras e limites, mas também porque se manifesta contra todos os tipos de sistemas que cultivem o ódio ou o medo.
Numa “boneca russa”, com um Macbeth dentro de outro e mais outro, Mngxekeza salienta esta característica em camadas, sendo que o público vai descobrindo gradualmente a essência da história. Da mesma forma, o maestro refere que pela experiência que tem, nos já muitos espectáculos apresentados com sucesso em todo o mundo, num primeiro momento “o público acha piada e ri-se”, mas em actos posteriores “o semblante vai mudando, havendo quem verdadeiramente se emocione no final”.
“MacBeth” está ainda envolvido em mitos no mundo das artes. Reza a história que a pronúncia do seu nome traz má sorte e desgraças. Questionada acerca destas superstições, Nobukumko Mngxekez confessa que em palco nunca diz o nome da peça três vezes, não vá ela converter-se num fantasma.

27 Mai 2016

Shenzhen | Novo incidente na central nuclear de Ling Ao

Já tinham acontecido dois este ano. Um em Janeiro, o outro no mês passado. Da central dizem que foi insignificante. De Hong Kong, o organismo que supervisiona a central, dizem não existir razão para alarme. Todavia, um especialista avisa que o risco das centrais nucleares é a complacência, o que pode ter acontecido neste caso que acontece mesmo aqui ao lado

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] central nuclear de Ling Ao, mesmo junto a Hong Kong e Macau, na cidade vizinha de Shenzhen, registou o terceiro acidente operacional este ano. O evento foi classificado de grau 0, mas um especialista diz que o facto de nada ter acontecido foi pura sorte.
A informação divulgada ontem pelo South China Morning Post adianta que o incidente ficou a dever-se a um sistema de alarme defeituoso, segundo informação divulgada pelos responsáveis da unidade. Na terça-feira, o pessoal de serviço da Central Ling Ao descobriu que o alarme do sistema de refrigeração a água falhou pois, após ter sido desactivado, não voltou a ser ligado. A ocorrência deu-se na Unidade 1 da Fase II da instalação nuclear.
Ao relatarem o incidente conforme preconizado nos regulamentos, os Serviços de Segurança da central garantem que o alarme foi restaurado imediatamente e que o facto não afectou nem os trabalhadores, nem qualquer equipamento. Os níveis de radiação na fábrica durante o período em que ao alarme esteve desligado também foram considerados normais, segundo a mesma informação.
“Investigações posteriores revelaram que o alarme foi desactivado numa operação de rotina e depois não voltou a ser ligado” segundo um porta-voz da central.
O incidente foi classificado “abaixo da escala”, ou nível 0, querendo isto dizer que não interferiu com a operação em segurança da unidade, a saúde dos trabalhadores ou populações e ambiente vizinhos.
Todavia, este ano já tinham ocorrido dois incidentes do mesmo nível em Ling Ao.
O primeiro ocorreu em Janeiro e ficou a dever-se ao encerramento inesperado de uma conduta de ar, o segundo, acontecido apenas o mês passado, resultou de uma acumulação fora do vulgar largas quantidades de camarão tipo krill numa conduta de entrada de água.
Ho Chung-tai, presidente da Comité Consultivo de Segurança Nuclear de Hong Kong, entidade que monitora esta e a central de Daya Bay, onde Hong Kong se abastece, disse não existirem razões para alarme pois o incidente não afectou as operações.
Mas o engenheiro Albert Lai Kwong-tak da Professional Commons disse que o facto de nada sério ter acontecido foi pura sorte. “E se não tivessem descoberto? A segurança nuclear não pode ser baseada na sorte.”
Lai afirmou ainda que o maior risco para as centrais nucleares é a complacência.
“Muitos operadores acham que como tudo tem sido seguro até agora, vai ser seguro para sempre. Por isso baixam a guarda”, avisou.
Entretanto, grupos ambientalistas como o Greenpeace expressaram a sua preocupação sobre a segurança das centrais próximas de Hong Kong e de Macau, alertando para os desastres de Chernobyl e de Fukushima.
Em resposta a uma questão colocada na quarta-feira pelo deputado Kenneth Leung na sessão do conselho, o chefe da segurança de Hong Kong, Lai Tung-kwok disse que existem canais de comunicação e de cooperação regulares entre as autoridades de Hong Kong e de Guangdong para “trocas e revisões periódicas de acontecimentos como a monitorização das centrais nucleares e notificação das medidas tomadas”.

27 Mai 2016

GIT vai lançar concurso para oficinas do metro

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) deverá lançar em breve o concurso público para a construção do parque de materiais e oficinas do metro ligeiro, para que o segmento da Taipa possa funcionar em 2019. Segundo a Rádio Macau, o GIT explicou que “foram concluídos os trabalhos de revisão e ajustamento ao projecto, incumbidos anteriormente pelo Governo à equipa técnica de consultadoria” e que o Gabinete se encontra a realizar os trabalhos preparatórios finais no âmbito administrativo para o novo concurso. Terminado o contrato com o consórcio composto pela Top Builders e Mei Cheong, o Governo escolheu a empresa Consul-Asia para planear a execução da construção para “acelerar o progresso” da obra. O GIT prevê agora que “a empreitada da super-estrutura arranque novamente este ano e que o prazo de execução possa ser reduzido através do ajustamento ao projecto”. A Consul-Asia irá, na próxima fase, prestar “apoio e parecer técnicos” à construção, noticiou a Rádio Macau.

27 Mai 2016

Casinos sem lazer sofrem mais com proibição de fumo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s casinos tradicionais, em que os clientes apenas se focam no jogo, sofrem um impacto maior com a proibição de fumar do que os casinos “ao estilo Las Vegas”, mais orientados para o lazer, revela um estudo. Os três anúncios relacionados com restrições ao tabaco dentro dos casinos – os dois primeiros relativos a restrições parciais e o terceiro sobre uma proibição total que ainda não foi implementada – foram associados a alterações no valor das acções das operadoras.
Nos chamados “casinos tradicionais” verificaram-se perdas acumuladas entre 1 e 6% entre o retorno esperado das acções e o realmente obtido, após os anúncios entre 2011 e 2015, enquanto aqueles “ao estilo de Las Vegas”, mais focados no lazer, verificaram valorizações entre 1,4 e 4,8%, segundo o estudo sobre o impacto da proibição do fumar na indústria do jogo.
O trabalho, de três investigadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, sublinha que a maioria dos espaços detidos pela Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e pela Galaxy Macau foi construída entre 1987 e 1992 e tem fracos sistemas de ventilação e tetos baixos, herdados de uma altura em que “uma proibição de fumar era inconcebível”.
Como a renovação destes espaços tradicionais para acomodar sistemas de ventilação é extremamente complexa, as restrições ao uso de tabaco podem até fazer alguns casinos encerrar. “Em contraste, a Sands China e a Wynn Macau foram estabelecidas depois de 2004 e desenharam os seus casinos com infra-estruturas modernas e excelente ventilação”, estando ao corrente de restrições ao fumo em países como os Estados Unidos.

Ligados ao fumo

Os “casinos tradicionais” “focam-se no jogo e geram 97 a 99% das suas receitas com jogos”, aponta o estudo, descrevendo os clientes como “apostadores chineses tradicionais, estereotipados como jogadores ‘hardcore’”.
“Existe uma forte associação entre jogar e fumar entre estes apostadores. Antes das restrições, os jogadores sopravam fumo em praticamente todas as mesas de bacará de Macau (…) Entre 80 e 90% dos apostadores masculinos identificava-se como fumador activo”, é descrito.
Já os casinos “ao estilo de Las Vegas”, atraem “numerosos jogadores em lazer da classe média alta chinesa, particularmente mulheres, que mais frequentemente jogam para socializar e por divertimento, do que para ganho financeiro”. Estes clientes fumam “muito menos”, indica o estudo publicado este mês.
Segundo os investigadores, as restrições ao tabaco influenciam o potencial lucrativo de um casino de várias formas, a começar pela perturbação dos padrões de comportamento dos jogadores, que, ao interromperem para se deslocarem a um local onde podem fumar, têm oportunidade para reavaliar as apostas.
Por outro lado, as regulações relacionadas com a qualidade do ar podem resultar em despesas extra em obras e em multas. Em última instância, os jogadores podem passar a preferir outros destinos menos regulamentados.

26 Mai 2016

Economia | Moody’s baixa rating. Governo desvaloriza

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]agência norte-americana de notação financeira Moody’s baixou o rating da economia de Macau do nível Aa2 para Aa3. Ainda que Macau continue no grupo dos países ou regiões com estabilidade financeira e baixos riscos associados ao crédito, a descida deve-se ao “acentuado enfraquecimento da economia, com o crescimento ainda altamente volátil”, aliado à “limitada resposta” governamental à queda das receitas do jogo.
“A perspectiva negativa reflecte as incertezas que rodeiam a trajectória de crescimento, [e] a resposta política”, além das consequências nas reservas orçamentais da região administrativa especial, cuja economia é altamente dependente do jogo, um sector que há quase dois anos regista consecutivas quedas nas receitas.

Tudo estável

Numa nota oficial divulgada ontem, a Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) desvaloriza esta ligeira descida no rating, referindo as agências de rating internacionais “concordam que a situação económica de Macau se mantém, em princípio estável”. O Governo lembrou ainda que a nota Aa3 também foi atribuída pela Moody’s à zona do interior da China e à Bélgica.
“A AMCM reiterou que a situação financeira e económica da RAEM se mantém, em princípio, estável, dispondo de condições para fazer face às evoluções económicas”, sendo que o Governo “não tem quaisquer dívidas”.
“As bases da economia geral de Macau continuam a manter-se positivas; não obstante o contexto marcado pelo ajustamento profundo da economia, designadamente, sob a conjuntura de o Produto Interno Bruto total ter registado um decréscimo de 20,3% no ano de 2015, o mercado de emprego mantém-se estável, a taxa de desemprego continua a situar-se em níveis inferiores a 2,0%, enquanto que o PIB per capita continua a ascender a USD71.984, nível relativamente elevado em termos mundiais”, explicou a AMCM.
Também a agência admite que o perfil de crédito de Macau continua “muito forte” em comparação com a maioria das economias avaliadas, ainda que note que o crescimento da RAEM “está altamente dependente do sector do jogo, que representa 58,3% dos resultados económicos aos preços de produção actuais”.

26 Mai 2016

Mais dois terrenos recuperados

Mais dois terrenos foram recuperados pelo Governo, um na Taipa, com 2170 metros quadrados, e outro nos NAPE, com 6480 metros quadrados. Por despacho em Boletim Oficial, Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, publica a decisão de recuperação dos terrenos por falta de aproveitamento. O terreno na Taipa, concedido à Polymar Internacional – Fibras Ópticas, Limitada, destinava-se à construção de um edifício industrial, de um piso, para instalação de uma unidade fabril destinada à produção de cabos de fibras ópticas, a explorar directamente pela concessionária. O terreno nos NAPE, da concessionária Fomento Predial Golden Bowl, deveria ter sido aproveitado para a construção de um edifício de duas torres com 13 pisos, destinado às finalidades de comércio, habitação e estacionamento. As concessionárias podem agora pedir recurso da decisão.

26 Mai 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? | 14 – O homem sem rosto

*por José Drummond

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]que descobriste no resto da casa? A viúva tem estado aqui perdida em memórias de coisas e parece querer nos propor uma saída. Ela ainda não percebeu que estás aqui. Esse é o nosso trunfo. Recordas-te de como para todos os movimentos que fizeste esboçavas  uma versão preliminar para me mostrar? Uma  pintura que tinha por base todos os desenhos, todos os movimentos. O que ela não sabe é que não foi apenas dor. Foi também prazer. Nas ondas ondulantes de luz e verde escuro. Naquele dia que tanto querias pintar a plantação de chá. Depois da separação. Recordas-te de como quando ainda eras  estudante de liceu, e não tinhas ideia nenhuma do que querias ser quando fosses grande? Não tinhas ideia de como a pintura te iria envolver. 
A viúva fala-me do filho. De como ele terá  fugido para Kyoto, e que, em seguida, se terá perdido.  Ele perdeu-se à tua procura. Mas o que permanece na minha mente são os campos de chá. Lembras-te de como as folhas se aveludavam, às vezes, ao final da tarde, às vezes, ao meio-dia, às vezes, à noite. Por isso a visão daquela plantação de chá, aquela tristeza da despedida, nos teus olhos muito abertos. Duas consonantes, de repente pressionadas  por encostas verdes. Os teus olhos uma vez discretos tocaram o meu coração. Naquela tarde, ao longo da linha ferroviária, havia montanhas, lagos, o mar, e, por vezes, até mesmo nuvens tingidas com cores sentimentais. 
Mas talvez esta melancolia não seja verde. Talvez nem seja melancolia. Talvez sejam apenas as sombras que são melancólicas. Sombras tardias e através delas a dor. Sombras como pequenas encostas, bem cuidadas, com sulcos profundamente desenhados. Sombras que não a natureza em estado selvagem. E as linhas de arbustos de chá. Arredondados os arbustos. E ao fundo, rebanhos de ovelhas. Mas sabes, afinal talvez esta melancolia seja mesmo verde. De um verde suave. 

A única coisa que eu preciso agora é uma vida de contemplação. Lembras-te de quando apareceste à porta daquela cabana? Era inverno, e eu não fazia a barba ou cortava o cabelo desde que te tinhas ido. Lembras-te que quando chegou a primavera eu cortei o cabelo e fiz a barba e nesse mesmo dia comecei a construir uma varanda. E por essa varanda podia-se ver apenas um jardim. O nosso jardim. Uma varanda completamente coberta pelo nosso jardim. Aquele que tratámos como se dele dependesse a nossa existência. Como se tudo dele dependesse. O dia e a noite. Eu e tu. E, consequentemente, o facto de eu conseguir ou não ver-te. Um jardim, cortado por um corredor principal, oblongo, com cerca de metade sempre banhada pelo luar. Um jardim, onde até mesmo os degraus que davam até à porta traseira da cabana, tinham cores diferentes de tudo o resto à volta. Nesse jardim uma azália branca com bordo escarlate floresceu na sombra, e parecia estar sempre a flutuar. O seu bordo escarlate ficava perto da varanda e ainda tinha pequenas pétalas frescas. Embora que escurecidas pela noite essas pétalas brilhantes soltavam um perfume próprio. A metade do jardim que não era banhada pelo luar tinha uma cobertura de musgo. Uma cobertura que servia um longo banco de pedra onde nos sentávamos. Como esse jardim se tornou tão familiar. Estávamos acostumados a vê-lo a todas as horas. Tu sempre sentada, com a cabeça levemente abaixada, com os olhos fixos na metade enluarada do jardim. E, eu? Eu, como tu, simplesmente viciado a tudo isto, como miséria e dor.

A viúva deu-me uma droga qualquer e começo a sentir-me tonto. Estou aqui preso. Preso agora num lugar diferente e de modo diferente. Estou preso e ainda não percebi porque raio está ela contar esta história do seu passado. O que poderá ter tudo isso a ver com a nossa situação. Não consigo manter-me acordado se não continuar a falar contigo. Lembras-te quando de repente uma pintura diferente apareceu nas tuas telas? O tom abstracto que não deixava perceber se eram peixes na água ou nuvens no céu. Eu nunca havia visto aquela combinação de cores. Certamente que aquela pintura era um passo bem diferente da pintura tradicional de flores que nos havias habituado. Uma pintura sem formas reconhecíveis e com cores ainda mais fortes e mais variadas do que as que usavas nas pinturas de flores. Provavelmente porque era composta por muitas linhas horizontais. À primeira vista não parecia haver muita harmonia nas cores. É claro que não havia nada aleatório ou casual sobre isso. Talvez por isso deixava em aberto a possibilidades de uma qualquer outra interpretação. Por um lado eu sempre quis pensar que existiam talvez sentimentos subjectivos aparentemente escondidos. Muito tempo olhei à procura do coração da imagem. Não o encontrei. Um dia fiquei assustado quando aquilo que li foi ciúme. Gradualmente comecei a ler naquela pintura não o crepúsculo da vida mas a realidade da tua existência. Não eram peixes na água nem nuvens no céu. Era um auto-retrato teu nesta tua nova forma.

26 Mai 2016

Pinos e cambalhotas no Centro Cultural

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma “produção inesquecível”. É assim que a organização denomina o espectáculo circense “Carnaval dos Animais”, que tem lugar a 9 e 10 de Julho no Centro Cultural de Macau (CCM) pelas mãos da companhia australiana Circa.
Inspirado nas composições do francês Camille Saint Saens e nas suas obras que exultam “penas, pelagens e barbatanas” a Circa encena um espectáculo marcado pelas artes acrobáticas em que veste a pele do mundo animal numa produção acompanhada de música clássica, animações e 3D.
A companhia está em digressão mundial desde 2006 tendo já dado ares de graça em mais de 30 países com esta peça multimédia que abarca zebras malabaristas, cangurus e outras bichezas, numa viagem que acompanha por várias histórias. Para a organização, o “Carnaval dos Animais” é uma experiência única de teatro visual.
E para que o ramalhete fique mais florido, a companhia levará ainda a cabo dois workshops para os mais pequenos de modo a que possam “viver a sua primeira experiência acrobática”. Para isso vão ser ensinados truques de circo simples tendo em conta a estimulação dos níveis de energia, equilíbrio corporal, coordenação e motricidade física, com muitas gargalhadas à mistura.
O espectáculo de dia 9 é às 19h30 e no dia 10 às 15h00 e os bilhetes vão das cem às 180 patacas. O workshop tem o valor de cem patacas e decorre em duas turmas a 8 de Julho, às 14h30 para crianças dos cinco aos sete anos e às 16h30 para idades compreendidas entre os oito e os 12 anos.

26 Mai 2016

David Chow quer “bairro de Macau” na Ilha de Montanha  

A Associação Comercial Federal Geral das Pequenas e Médias Empresas de Macau, presidida pelo empresário David Chow, revelou que está a planear a criação de um “bairro com características de Macau” na Ilha de Montanha. A ideia é construir apartamentos com “preços limitados” para beneficiar os residentes do território. Segundo o canal Mastv, David Chow pediu, às autoridades da Nova Zona da Ilha de Montanha, um terreno para criar um “pequeno bairro de Macau”, que integra elementos comerciais, habitacionais e de lazer. O “bairro” terá capacidade para acolher 280 mil pessoas. “O pedido ainda está a ser tratado”, disse David Chow, afirmando que os residentes de Macau vão ter privilégios na compra das fracções a preços limitados. Caso existam muitos interessados na compra, a associação irá continuar a alargar a zona, com mais instalações, como por exemplo, centros comerciais, escolas e centros de saúde. 

26 Mai 2016

UM | Alunos que vendem como “pãezinhos quentes”

A Universidade de Macau (UM) assegura que os estudantes que dali saem “vendem como pãezinhos quentes”. Esta alegoria resulta do facto de, segundo a UM, mais de 400 dos seus estudantes formados entre 2013 e 2015 terem decidido continuar os seus estudos e terem sido aceites por algumas das principais universidades mundiais. Grupo onde se incluem Cambridge, Nanyang Technological University, Cornell e Columbia entre outras, revela uma nota publicada no site da instituição. Para Peter Yu, reitor dos estudantes, “ser aceite por universidades de nível mundial para estudos de pós-graduação mostra a qualidade dos cursos da UM e o seu reconhecimento pelo mundo fora”. Em jeito de conselho para os que pretendem seguir os estudos lá fora, o reitor diz que “devem tirar boas notas nos seus cursos e em Inglês e mostrarem os seus talentos em actividades extra-curriculares, bem como terem níveis altos de auto-disciplina e gestão das suas carreiras”.

26 Mai 2016

Vigília de 4 de Junho continua no Senado

A União para o Desenvolvimento da Democracia de Macau, dirigida pelos deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, afirmou ao HM que vai realizar a tradicional vigília de 4 de Junho no Largo do Senado. Au Kam San indicou que a vigília vai começar às 20h00. O deputado espera que “mais residentes participem” mas diz também que não se importa com que apareçam apenas dez pessoas, já que a “iniciativa tem como objetivo não esquecer o Massacre na Praça da Paz Celestial (Tiananmen)”, quando as tropas avançaram sobre estudantes que se manifestavam pacificamente.

26 Mai 2016

Imobiliária deixa 60 empregados sem salário

A Building Agency, agência imobiliária pertencente à empresa Macau Group, fechou repentinamente no dia 14 deste mês, deixando cerca de 60 empregados sem salários e comissões, num valor de mais de 500 mil patacas. Cerca de 20 destes 60 empregados foram já à Direcção dos Serviços dos Assuntos Laborais (DSAL) para se queixar do problema. Simon, um responsável por uma loja desta agência, indicou ao Jornal do Cidadão que a empresa não paga salários desde Janeiro. Os empregados souberam que a agência estava com problemas financeiros e pediram uma reunião com os dirigentes mas nunca obtiveram resposta. No dia 13 deste mês os equipamentos e o ar condicionado foram removidos e as lojas começaram a fechar no dia seguinte.

26 Mai 2016

Função Pública | Concurso centralizado aberto a todas as carreiras

Os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) indicaram que vão alargar o regime de concurso centralizado para ingresso na Administração, actualmente só para o técnicos superiores e adjuntos, para todas as carreiras de funcionários públicos.
Kou Peng Kuan, director dos SAFP, disse na resposta a uma interpelação escrita do deputado Si Ka Lon que, para garantir a transparência e justiça no recrutamento da Função Pública, o organismo vai alargar o regime para todas as carreiras de funcionários públicos, estando envolvidas 14 carreiras normais e 20 especiais.
O director sublinhou ainda que o mecanismo de recrutamento vai dividir-se em duas fases, sendo a primeira um exame de capacidades para os candidatos da função pública e a segunda exames dentro dos próprios organismos que pedem recursos humanos.
Além disso, o organismo governamental assegura que “vai melhorar a eficácia” do recrutamento da Função Pública através da criação de uma plataforma electrónica para os candidatos entregarem os seus documentos.
Si Ka Lon interpelou o Governo sobre a possibilidade de alargamento para as carreiras da Administração, além dos dois cargos que existem.

25 Mai 2016

Coração revelado 一堂歷史課

* por Julie O’yang
[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á pouco tempo descobri um álbum de 2004, da autoria da dupla de fotógrafos RongRong(da China) e Inri (do Japão), 榮榮&映里. Este duo de artistas marcou a fotografia contemporânea não só na China, como em todo o mundo. OK, mas voltem lá atrás e leiam outra vez a frase de cima. Não notam nada de invulgar? Pois é, isso mesmo. Ele é chinês e ela é japonesa.
De repente a minha memória dispara. Não foi há muito tempo, estava uma noite numa cidade do sul da China e deu-se um acontecimento que até hoje me continua a intrigar.
Na altura estava de visita à família. Um dia, ao fim da tarde, um amigo da escola ligou-me para me convidar para um jantar com outros amigos comuns de longa data. Depois do jantar, desafiaram-me para ir a um bar, pese embora uma série de restrições impostas pelo local onde estava alojada. Acabei por acompanhá-los. No bar descobri que comigo só tinham ficado homens. O que aconteceu a seguir, foi, no mínimo, bizarro. Os meus amigos da escola perguntaram-me se me podiam violar em grupo. Bom, ainda bem que perguntam. Não, não estavam bêbados. A ideia deste extraordinário pedido surgiu por terem lido uma das minhas novelas, na qual eu tratava as Violações de Nanjing de uma forma “moralmente ambígua”. Não defendi a perspectiva chinesa, e isso foi um erro. Nessa noite estive cara a cara com o passado do meu País e, pela primeira vez, senti o regresso da História, na carne. A Justiça é a Vingança. Depois de quase 80 anos, para os homens chineses a única possibilidade de conservar o orgulho masculino é fazer com que todos e cada um dos guizi*, incluindo eu, a anti-patriota, paguem por terem violado as suas mulheres.
Como é que eu saí desta estranhíssima situação, ao mesmo tempo fascinante e ameaçadora, não é para ser contado hoje. Em vez disso, vou convidar-vos a ver um filme que vos vai fazer ficar com pele de galinha.

Nanking! Nanking!, ou A Cidade da Vida e da Morte, é a terceira produção de Lu Chuan. Lu é independente e corajoso. Ele nunca pisca o olho a Zhang Yimou-ism (Lanternas Vermelhas). É brutal e brilhante e a sua narrativa cinematográfica é provocadora.
O cenário da história de Lu Chuan é a II Guerra Mundial, que começou na Ásia. Abalado por um colapso económico de longa data, o regime militar japonês sonhou com uma solução e arranjou um problema. O passe de magia passava por subjugar a China para catapultar o Japão para o futuro expansionista. Em 1931, o Imperador Hiroshito, passando por cima dos procedimentos parlamentares, deu uma ordem directa para que o exército japonês invadisse a Manchúria. No entanto, o Japão esperou até Julho de 1937, quando perto de Pequim se deu o incidente da Ponte Marco Polo, cuidadosamente encenado. O Japão declarou oficialmente guerra à China e ao resto do mundo. Em Novembro o Exército Imperial tomou Xanghai. Um mês depois, o Governo Nacionalista abandonou Nanking, a capital chinesa ao tempo.
Nanking! Nanking! conta, no período que se seguiu, a vida e morte de várias pessoas, misturando personagens ficcionadas e o histórico “Bom Nazi de Xanghai”, John Rabe. Mas este filme não quer ser a Lista de Schindler chinesa. Lu Chuan escolheu uma perspectiva corajosa para contar uma história nunca antes contada. Através do olhar de um jovem soldado japonês, Kadogawa, um “rapaz como todos os outros”, somos levados até ao campo de carnificina onde ocorreu o Massacre de Nanking, também conhecido como, Violações de Nanking. O trabalho da câmara é intencionalmente sóbrio e embalador, não perdendo de vista um objectivo maior. Transporta de forma impressionante os espectadores horrorizados para outro tempo e outro lugar, onde tudo era tão INSUPORTAVELMENTE “real”. Assassínios, roubos, incêndios, mutilações, violações em grupo, apunhalamentos com baionetas e crianças espetadas com um longo pau de bambu… Mas então, de repente, a câmara muda para o acampamento militar nas margens do Rio Yangtze. Jovens, pouco mais que crianças, cantam, dançam e falam sobre as suas terras. “O o-mochi da minha mãe é delicioso,” diz um soldado que toma banho no rio. “E Tóquio é tão incrivelmente bela!” respondem os amigos, enquanto lhe lavam as costas com rebentos de cerejeira e com ternura na voz. Estes homens são assassinos, exterminadores, que há um minuto atrás tínhamos visto em acção. A que será que lhes sabe o o-mochi!?
Quando estreou em 2009 Nanking! Nanking! revelou-se um imenso sucesso – para grande surpresa do realizador. Pouco depois Lu recebia ameaças de morte por email, que o visavam a si e à sua família. O seu pecado foi ousar mostrar um soldado japonês parecido com um ser humano.

A história foi clara? Sem dúvida. A história foi útil? Aí está uma coisa que dá que pensar.

Veja o fragmento em: bit.ly/1U7jsq3

南京! 南京! (Cidade da Vida e da Morte)
Lu Chuan, 132 min / Drama, História, Guerra

* Guizi (termo insultuoso que pode designar estrangeiros e tem também uma conotação racista)

25 Mai 2016

Yoga Loft | Formação de professores para bebés abre em Macau

Numa altura em que se assiste cada vez mais e pelo mundo fora à introdução de actividades como o yoga nas escolas, Macau acolhe a primeira formação desta modalidade dedicada aos mais pequenos. A formação de professores para este público especial é o objectivo do Yoga Loft

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]estúdio Yoga Loft é o espaço onde vai decorrer nos dois primeiros fins-de-semana de Julho o curso dedicado à formação de professores de yoga para crianças e bebés. O workshop estará a cargo de Jenny Smith, criadora da “Gecko Yoga”.
Como explica ao HM Rita Gonçalves, responsável pelo estúdio anfitrião, a importância do yoga para os mais pequenos no aprender a relaxar é ainda mais relevante quando “agora, mais que nunca, vivemos numa sociedade em que estamos constantemente em estado de ‘vigilância’. Para a também professora de yoga, “é muito importante nesta conjuntura actual ajudar as crianças a desenvolverem a capacidade de se acalmarem e se concentrarem” de modo a poderem lidar com os desafios de forma mais positiva.
Na prática do yoga é conjugada tanto uma vertente física constituída como uma ginástica capaz de estimular a força, a flexibilidade e coordenação, como uma vertente psicológica aliada à capacidade de se fazer o caminho rumo à conquista de novas metas. Aqui é salientada a aprendizagem do aceitar desafios e trabalhar gradualmente na sua conquista, sem descurar a capacidade de concentração e do “recentrar” no que se passa com cada um, enquanto ferramenta de vida.

Satisfação para todos

Na componente dedicada aos bebés, Rita Gonçalves salienta que nesta interacção entre pais e filhos são explorados movimentos em que através da massagem é estimulada a coordenação motora e visual nos mais novos. Por outro lado, para os mais crescidos, esta é uma actividade “cativante e divertida” em que através da brincadeira se aprende a descobrir a respiração, a relaxar, a explorar o movimento e a sua coordenação num conjunto de posturas e sequências que muitas vezes se assemelharem a animais ou objectos. Com isto, traz-se não só a diversão, como também o sentimento de segurança aliado à familiaridade.

Módulos e formadora

Organizado em dois módulos, o primeiro fim-de-semana deste workshop é dedicado à formação para idades dos quatro aos 12. O segundo fim-de-semana, 9 e 10, dá lugar ao módulo sobre yoga para bebés dos 6 meses aos três anos. “Foi uma aposta que achámos valer a pena, por haver tantos bebés a nascerem nestes últimos meses em Macau” esclarece Rita Gonçalves.
Jenny Smith, formadora, é criadora da “Gecko Yoga” baseada em Hong Kong e líder na Ásia. É ainda uma instituição afiliada à Yoga Alliance, entidade mundial que garante a qualidade do ensino da modalidade.
“Para alguém que quer aprender yoga para crianças, faz toda a diferença”, garante Rita Gonçalves. “Há muitas formações, livros e até vídeos que se podem ver na Internet, mas nada se compara com uma formação feita por alguém com as competências que a professora Jenny Smith tem”.
Com a experiência da formadora está garantida a segurança das crianças na realização dos exercícios propostos de modo a prevenir lesões futuras, um cuidado tido como essencial, assegura ainda a responsável pelo Yoga Loft. As inscrições devem ser feitas através da página do Facebook do estúdio.

24 Mai 2016

Alunos da EPM com admissão directa na USJ

A Universidade de São José (USJ) firmou um acordo que prevê a admissão directa por parte dos alunos finalistas da Escola Portuguesa de Macau, a partir do próximo ano lectivo. Ao abrigo do acordo, assinado na sexta-feira, os alunos da Escola Portuguesa de Macau podem solicitar admissão directa, ficando isentos de realizar exames – têm apenas que fazer um teste de aferição de Inglês e uma entrevista –, e gozam ainda de prioridade no acesso aos cursos, de acordo com um comunicado divulgado pela USJ.
A USJ pertence à Fundação Católica, uma instituição fundada pela Universidade Católica Portuguesa e pela Diocese de Macau.
Em declarações reproduzidas ontem pelo jornal Ponto Final, a vice-reitora da USJ, Maria Antónia Espadinha, afirmou que o protocolo representa “a possibilidade de atrair bons alunos”, enquanto o presidente da direcção da Escola Portuguesa de Macau, Manuel Machado, destacou, por seu lado, que o acordo “significa que é reconhecida a qualidade com que eles [alunos] concluem os seus estudos no 12.º ano”.
Esse acordo, que entra em vigor no próximo ano lectivo, é renovável de três em três anos, explicou Manuel Machado, citado pelo jornal.

24 Mai 2016

Artesanato, prémios e música na Tap Seac

Vinte sete de Maio é a data marcada para a inauguração da Feira de Artesanato do Tap Seac que continua nos dois fins-de-semana que lhe seguem, havendo ainda uma extensão na Praça do Lago Nam Van de 3 a 12 de Junho. Em fim-de-semana de inauguração – às 18h00 de sábado – acontece ainda a Cerimónia de Abertura, a Entrega dos Prémios e o Concerto do Programa de Subsídios à Produção de Álbuns de Canções Originais.
É esperada nesta edição a presença de cerca de 200 stands onde estarão representados, para além de profissionais do sector cultural e criativo local, participantes do sector de Hong Kong, Guangzhou, Taiwan, Malásia, Singapura e Coreia. Em coordenação com o Projecto de Melhoria da Zona Junto ao Lago Nam Van e com as Regatas Internacionais de Barcos-Dragão, o projecto, este ano, entende-se às margens do lago e contará ainda com workshops e espectáculos de música.
Por sua vez, no âmbito do Programa de Subsídios à Produção de Álbuns de Canções Originais, serão homenageados os oito beneficiários, onde se inclui a Tuna Macaense, Queena Tam, Sean Pang, Fall to Fly (em representação de Bobby Lio), Forget the G, Eunice Wong e Riejohn, que irão interpretar ao vivo canções seleccionadas a partir dos álbuns contemplados. Segundo a organização, esta Feira que decorre desde 2008 é a primeira plataforma integrada de exibição e comercialização de produtos culturais e criativos em larga escala de Macau.

24 Mai 2016

Aurelio Porfiri lança livro de poesia

Chama-se “Dança das Palavras: Poemas no Exílio” e é o nome do livro da autoria de Aurelio Porfiri, que se encontra agora disponível em edição portuguesa com tradução de Mariana Pereira. O autor, nascido em Roma e especialista em música, passou sete anos em Macau, tendo regressado recentemente a “casa”. Foi durante a estadia na RAEM que deu início à escrita de poesia, como adianta Mariana Pereira no texto de apresentação da versão portuguesa desta obra. A tradutora refere ainda que o autor abarca a vida “na perspectiva de alguém que durante vários anos viveu e trabalhou numa terra estrangeira, numa espécie de ‘exílio’ voluntário do seu amado país” e onde terá sentido ausência de condições para o desenvolvimento dos seus projectos. Esta é uma colectânea que reflecte ainda este espaço “que lhe é metafísico” e com o qual desenvolveu uma relação aqui espelhada de amor/ódio em que são abordadas as várias forças, positivas e negativas que movem esta Cidade do Nome de Deus.

24 Mai 2016

Festival das Artes arranca para semana final

O próximo fim-de-semana marca o final do XXVII Festival de Artes de Macau onde cabe a música portuguesa e novas reinterpretações em ópera sul africana e de Macau

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]ermina mais uma edição daquele que representa um dos maiores eventos anuais dedicado às artes na RAEM, o Festival de Artes de Macau. O fim-de-semana conta com um cartaz de luxo, que arranca com produção portuguesa.
Sexta e sábado são dias de “Coppia”, que vem de terras lusas num projecto musical que convida a “uma viagem pelo que, em todos nós, só faz sentido a dois”, afirma a organização. O projecto integra Manuela Azevedo, vocalista dos Clã, e dois “parceiros de crime”, Hélder Gonçalves – que tem a cargo a direcção musical – e Victor Hugo Pontes, com a direcção cénica e cenografia. Este é um projecto que remete não só para a dualidade e a parelha, como para a réplica e o reflexo. É no sentido de explorar todas estas vertentes que “Coppia” vai buscar canções de artistas como David Byrne, Sérgio Godinho, Gilberto Gil, Sonny and Cher ou Clã enquanto pontos de partida para um espectáculo de música e dança num campo de ténis. O evento tem lugar no Teatro Sands, sendo que na sexta é às 20h00 e no sábado às 15h00.
Os mesmo dias são ainda dias de ópera no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau pelas 20h00, desta feita com a Associação de Representação Teatral Hiu Kok. A convite do FAM a Associação leva a cena “Alguém em ‘Foragidos do Pântano’”, com o intuito de representar uma comédia capaz de combinar os estilos chinês e ocidental enquanto marco de uma nova era na opera cantonense.
Esta é uma reinterpretação da história original, que narra a saga de duas personagens desconhecidas com toques de humor e sátira em que os estereótipos dos heróis de “Salteadores do Pântano” são despojados do seu carácter sagrado e chamados à sua pertença humana. Após o espectáculo de dia 27, os interessados poderão participar de uma conversa com os artistas.

Mais um clássico

Em tom de encerramento, o festival volta a acolher um clássico de Shakespeare, “Macbeth”, numa adaptação em ópera feita por  Giuseppe Verdi e que chega à RAEM pelas mãos da companhia sul-africana Third World Bunfight. Exultada pela crítica internacional, esta é uma oportunidade de assistir a uma ópera renovada e adaptada ao mundo contemporâneo em que, e segundo o “The Telegraph”, “não se pode negar o poder e a originalidade desta extraordinária apropriação de Macbeth”. O espectáculo tem lugar sábado e domingo pelas 21h00 no grande auditório no Centro Cultural de Macau, sendo que para domingo está agendada uma conversa pós-espectáculo.
O FAM termina, mas não sem deixar rasto e de 27 de Maio a 9 de Outubro vai ter em exposição “O Encantador Barco Vermelho – Um episódio da Cultura da opera Cantonense” no Museu de Macau. Para tal, a entidade anfitriã procedeu a uma selecção dos artefactos mais representativos desta ópera que desde 2009 integra a Lista Representativa do Património Cultural Intangível da Humanidade. É objectivo desta exposição proporcionar ao publico um momento de contemplação da beleza desta arte tradicional, do seu percurso e desenvolvimento em Macau, bem como a vida e técnicas dos seus encenadores.

23 Mai 2016

“Nuvem” no lago

Numa colaboração entre os estudantes de Arquitectura da Universidade de S. José e dos alunos de Média da City University de Hong Kong está a ser posta de pé a estrutura “Nuvem”, que será inaugurada na quarta-feira pelas 19h30 no Lago Sai Van. O pavilhão “Nuvem” constitui-se como uma estrutura construída com recurso a materiais como o bambu, cabos de aço e painéis de tecido ao mesmo tempo que é envolvida numa instalação de luz e som. Nesta conjunção entre a aplicação de técnicas de design avançadas e matérias tradicionais é objectivo representar a ligação entre as tradições de construção históricas de Macau e a paisagem contemporânea. A cerimónia de abertura contará ainda com um conjunto de performances a cargo de artistas que vivem na RAEM na praça dos lagos Sai Van e a “Nuvem” estará montada até 3 de Junho.

23 Mai 2016

“Final Fantasy” em concerto

O conhecido jogo “Final Fantasy” sai da consola para versão musical desta feita em concerto da Orquestra de Macau a 11 de Junho no Venetian. “Mundos Distantes – música de Final Fantasy” será dirigido pelo maestro Arnie Roth, que terá a seu cargo a orientação das composições do japonês Nobuo Uematsu, conhecido pelo seu trabalho para a banda sonora de jogos, entre eles o “Final Fantasy”. Segundo a organização, esta interpretação é mais que um concerto, uma vez que pretende ser um espectáculo que pretende proporcionar “uma experiência audio-visual onde serão projectadas imagens do jogo durante a apresentação musical”.
O concerto “Final Fantasy” estreou-se no Japão em 2002, sendo posteriormente apresentado e aclamado mundialmente. Depois de ter estado em Hong Kong em 2013, chega agora a vez Macau receber o espectáculo sob a liderança do maestro músico e vencedor de um Grammy Award.
Os bilhetes já se encontram à venda e têm valores entre as cem e as 300 patacas.

23 Mai 2016

Bélgica com sabor

A Bélgica quer mostrar-se a Macau que vê como “a plataforma ideal para introduzir os produtos do país aos clientes locais, aos da China e do resto da Ásia”. Como, para além de diamantes e moda também produz alimentos e bebidas de qualidade, o Consulado-Geral da Bélgica em Hong Kong – em colaboração com o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) – vai apresentar hoje ao fim da tarde um evento chamado “Sabor da Bélgica”. No local, vão estar uma dúzia de fornecedores de produtos belgas, com o objectivo de proporcionarem aos representantes dos sectores hoteleiro e de retalho de Macau uma oportunidade para experimentarem os produtos alimentares, bebidas e o estilo de vida da Bélgica.
O evento inicia-se com uma apresentação das marcas e dos produtos presentes e, durante a sessão de bolsas de contacto, os convidados poderão também degustar algumas das melhores cervejas, chocolates, bolachas e outros produtos da Bélgica. O evento terá lugar no restaurante “The Seasons” da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Taipa, hoje, pelas 18h00. O acesso é efectuado por inscrição, processada por ordem de chegada, junto do Núcleo de Serviço às PMEs do IPIM.

23 Mai 2016

Mak Soi Kun sugere pontos para calcular imposto de jogo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Mak Soi Kun sugeriu a criação de um regime de pontos para o cálculo do imposto sobre o jogo, a fim de garantir a competitividade da principal indústria da cidade.
“Segundo especialistas e académicos, o Governo pode criar um regime de pontuação para o cálculo do imposto do jogo e para decidir acerca das futuras concessões e renovações dos contratos para a exploração do jogo”, afirmou na passada sexta-feira, na Assembleia Legislativa. “Por exemplo, pode definir-se, expressamente, no respectivo contrato de exclusividade, medidas de incentivo fiscal, tais como a redução de imposto, para as concessionárias que assumirem as suas responsabilidades sociais e que promoverem, com sucesso, projectos não ligados ao jogo. E quando, pelo contrário, tal não acontecer, o Governo pode descontar pontos e aumentar a taxa do imposto”, sublinhou.
Na semana passada, foi apresentado o relatório da revisão intercalar do sector do jogo após a liberalização, em 2002, que traça um retrato macro da indústria, sem facultar, no entanto, pistas sobre o futuro das actuais seis licenças de jogo, que expiram entre 2020 e 2022.
O deputado adverte que o Governo “deve preparar-se, antecipadamente, para reforçar a sua competitividade a nível regional”, dado que jurisdições vizinhas “já estão a liberalizar, progressivamente, o jogo” e o imposto cobrado é “bastante diferente” do de Macau, dando o exemplo das Filipinas e do Vietname, onde o valor corresponde a 15% e 10%, respectivamente.
As receitas dos casinos encontram-se em declínio há aproximadamente dois anos, um cenário que Mak Soi Kun também não ignorou. “Tudo isto é um risco para o desenvolvimento a longo prazo dos elementos extra-jogo e do próprio sector, o qual terá de enfrentar a possibilidade da redução sucessiva da sua competitividade a nível regional”, apontou. “Como é que Macau, sob a influência de tantos factores, vai manter as vantagens concorrenciais do seu sector do jogo e, ainda, manter ou reforçar o desenvolvimento dos outros sectores? Trata-se de uma missão importante para o Governo.”

Trabalho sim, mas mais

Ella Lei também usou o relatório sobre o jogo para a sua intervenção, mas colocou a tónica no mercado laboral.
“É verdade que o desenvolvimento do sector do jogo, ao longo de mais uma década, criou muitos postos de trabalho. Segundo a revisão intercalar, seis empresas concessionárias de jogo recrutaram mais de 95 mil trabalhadores e, face à pressão das aspirações sociais, nos últimos anos, entre 94 e 97% dos postos na área do jogo passaram a ser desempenhados por residentes, assim, o emprego destes é relativamente estável”, começou por observar.
No entanto, ressalvou, o número de trabalhadores locais na área não ligada ao jogo só é um pouco maior do que o dos não residentes.
“É de notar que neste sector ainda há 2247 cargos de gerente, ou de categoria superior, desempenhados por não residentes, registando-se um aumento anual desde 2010, o que contraria, evidentemente, a política de ascensão dos residentes para um patamar superior”, acrescentou. “Estas concessionárias devem assumir a responsabilidade social de criar mais oportunidades de emprego para os residentes e o Governo também tem a responsabilidade de não permitir tantos trabalhadores não residentes em postos não ligados ao jogo e adequados aos residentes”, defendeu ainda.

23 Mai 2016

Saúde | Mais médicos, enfermeiros e camas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]número de médicos e enfermeiros aumentou no ano passado 5,2% e 14,5%, respectivamente, segundo dados oficiais divulgados na semana passada. Em 2015, havia 1674 médicos no território – 2,6 por cada mil habitantes. Quanto aos enfermeiros, passaram a ser 2279 no ano passado em Macau, ou 3,5 por cada mil habitantes.
Apesar do aumento de profissionais, esta taxa de cobertura da população manteve-se quase inalterada – era 2,5 em 2014, abaixo da média da OCDE (3,2 por mil habitantes), mas acima da média dos países e regiões da Ásia (1,2). A taxa de enfermeiros é também um pouco melhor do que em 2014, quando o rácio estava nos 3,1 por cada mil habitantes, também abaixo da média da OCDE (8,7), mas acima da média na Ásia (2,8).
Em Maio do ano passado, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, disse que o território precisava de 2640 profissionais de saúde nos próximos cinco anos, incluindo quase 500 médicos.
“Está previsto que serão necessários nos próximos cinco anos cerca de 480 médicos, 1700 enfermeiros, 120 farmacêuticos, 200 técnicos superiores de saúde, 140 técnicos de diagnóstico e terapêutica, num total de 2640 profissionais de saúde”, na Assembleia Legislativa.
Em Dezembro, o responsável disse que no ano passado foram recrutados 529 profissionais de Saúde, incluindo 60 médicos e 188 enfermeiros. E acrescentou a intenção de contratar mais 300 médicos e enfermeiros, incluindo em Portugal.
“Temos já dados para confirmar as necessidades dos recursos humanos. E daí que, para fazermos face ao recrutamento de mais trabalhadores – mais médicos e mais enfermeiros – aumentámos o orçamento em sete mil milhões de patacas, um aumento de 13% em 2015. Mas não só: vamos aumentar o número de profissionais num total de 300 profissionais”, afirmou, tendo reconhecido que “há insuficiência de recursos humanos no hospital público” e que perante o aumento da população e visitantes há “necessidade de continuar a contratar” pessoal médico.
Segundo as estatísticas divulgadas, as camas hospitalares para internamento em Macau em 2015 também aumentaram: passaram a ser 1494, mais 73 do que em 2014. Os internamentos chegaram aos 54 mil, mais 4% do que no ano anterior.
 

23 Mai 2016