Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Hong Kong deixa de permitir despedimento por recusa de vacinação As autoridades de Hong Kong anunciaram que deixarão de permitir o despedimento por justa causa de trabalhadores que as recusem exigências dos empregadores para se vacinarem contra a covid-19. A decisão é hoje publicada no Boletim do Governo de Hong Kong e deverá entrar em vigor a 16 de Junho, a não ser que o parlamento decida vetar a medida, anunciou na quarta-feira o Departamento de Trabalho da região chinesa. Num comunicado, o departamento justifica a mudança de política com o fim da obrigatoriedade de vacinação para a entrada em locais públicos, a partir de 29 de Dezembro, e com “a sociedade de Hong Kong a retomar a normalidade por completo” após a pandemia. O governo do território tinha decidido, em Junho de 2022, que não seria considerado “sem justa causa” o despedimento de um trabalhador que não se tivesse vacinado no espaço de 56 dias após uma exigência “legítima” do empregador. De acordo com o decreto, o empregador tinha de “acreditar razoavelmente” que as pessoas com quem o trabalhador poderia entrar em contacto directo “estariam expostas ao risco de infecção”. Hong Kong, com 7,4 milhões de habitantes, registou oficialmente quase 2,9 milhões de casos de covid-19 e 13.333 mortes desde o início da pandemia.
Hoje Macau EventosCreative Macau | Mostra de fotografia a partir de amanhã A Creative Macau apresenta, a partir de amanhã, uma nova exposição, desta vez de fotografia, intitulada “Capture the Light and Images [Capturar a Luz e a Imagem], com trabalhos de Lúcia Lemos, directora da Creative Macau, André Lui, Leo Fan, Alan Ieong, Alex Chao Io Chong e Stefan Nunes. A mostra pode ser vista até ao dia 6 de Maio. Esta pretende ser uma mostra com temas diversos, um reflexo da chamada “fotografia contemporânea”, que começou a desenvolver-se a partir dos anos 60 do século XX, retratando a vida real diária das pessoas. Assim, os seis fotógrafos “trazem muitas histórias que intersectam em si várias linguagens que emergem de espaços temporais comuns, em composições de luz e sombra, associados aos espaços físicos existentes e abstracções do imaginário”. São espelhadas “questões sociais, momentos íntimos ou expressões de retrato”, numa tentativa do fotógrafo em comunicar e “transmitir algumas singularidades da sociedade”. A nota da Creative Macau aponta ainda que a fotografia “documenta sempre verdadeiros momentos do nosso tempo, mas são escolhas do fotógrafo, cujas escolhas influenciam a nossa leitura que, mais tarde, diverge das definições do público”. A Creative Macau destaca também o papel que os smartphones têm desempenhado na área da fotografia, em que qualquer pessoa pode captar o imediato e publicar a imagem nas redes sociais ou em plataformas digitais. “Observar os trabalhos em exposição permite-nos distinguir a auto-expressão do artista, o estilo e a estética visual, dando-nos um enorme prazer em contemplar as imagens e os cenários que nos oferecem”, remata a mesma nota.
Hoje Macau EventosLivraria Portuguesa | Nova edição da Halftone lançada hoje O quinto volume da revista de fotografia Halftone será apresentado hoje, a partir das 17h, na Livraria Portuguesa. No novo número, a publicação da reúne trabalhos de Pascal Pun, Alexandre Marreiros, André Ritchie, João Miguel Barros e Nino Bártolo. Segundo a associação Halftone, os projectos apresentados são “de grande consistência pela sua forma particular de ver o mundo”. A publicação conta ainda com duas apresentações especiais. A primeira diz respeito ao projecto “Allegory of Dreams”, do colectivo YiiMa, grupo artístico formado em Macau por Ung Vai Meng e Chan Hin Io, que representou Macau na Bienal de Veneza em 2022. A segunda apresentação, inserida na secção “Photobook peek-a-boo”, explora o surpreendente livro-álbum “Autoportrait” de Martin Parr, que teve a sua primeira edição em 2000, revisto e aumentado em 2016. Publicada desde 2021, a revista é produzida pela associação Halftone, com base em Macau, com o objectivo de promover a fotografia contemporânea nos seus mais diversos aspectos. A organização acrescenta que com o lançamento de mais uma edição, “a Halftone pretende continuar o trabalho de divulgação dos trabalhos dos seus associados, estando aberta a todos os que pretendam integrar o colectivo e divulgar os seus projectos”.
Hoje Macau EventosFRC | Concerto com coro de estudantes amanhã A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta amanhã, às 17h, um concerto com o coro ESLCLGG, composto por estudantes da Escola Secundário Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes, e que se integra na série de concertos musicais “Os Sons da Praia Grande”, com co-organização da Associação Vocal de Macau. Segundo uma nota, os estudantes “estão muito entusiasmados com a oportunidade de participar nesta actuação especial, depois de um resultado bastante satisfatório no concurso de música daquela escola no ano passado”. Este é mais um dos eventos inseridos no programa de celebrações do 11º aniversário da FRC que acontece ao longo deste mês. Neste concerto serão apresentadas músicas em chinês, inglês e filipino, além de performances a solo de piano. Esta será a primeira apresentação do coro fora da escola. A Associação Vocal de Macau sempre teve como objectivo promover o desenvolvimento da arte da música vocal em Macau, cumprindo a missão de a divulgar junto dos jovens e do público local. A FRC aponta ainda que a “série de recitais e concertos feitos em parceria com instituições escolares do território visam proporcionar, através da música, um espaço de bem-estar e equilíbrio moral, intelectual, físico, social e estético, para pessoas de todas as idades nos seus tempos livres”.
Hoje Macau EventosRestos mortais de Eça de Queiroz transladados em breve para o Panteão Nacional O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou ontem que os restos mortais do escritor Eça de Queiroz serão trasladados para o Panteão Nacional brevemente. O chefe de Estado fez este anúncio quando discursava no Centro de Congressos de Lisboa, após a posse dos novos órgãos sociais da Confederação Empresarial de Portugal (CIP). Marcelo referiu-se ao grupo de intelectuais do fim do século XIX conhecido por “vencidos da vida”, a propósito de uma passagem do discurso do novo presidente da CIP, Armindo Monteiro. A este propósito, anunciou: “Vamos homenagear, aliás, brevemente, na transladação para o Panteão Nacional dos restos mortais de Eça de Queirós”. Dedo da AR A Assembleia da República aprovou por unanimidade, em Janeiro de 2021, um projecto de resolução do PS para “conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de José Maria Eça de Queiroz, em reconhecimento e homenagem pela obra literária ímpar e determinante na história da literatura portuguesa”. Ficou também decidido na altura, através da mesma resolução, “constituir um grupo de trabalho composto por representantes de cada grupo parlamentar com a incumbência de determinar a data e de definir e orientar o programa de trasladação, em articulação com as demais entidades públicas envolvidas, bem como um representante da Fundação Eça de Queiroz”. Eça de Queiroz morreu em 16 de Agosto de 1900 e foi sepultado em Lisboa. Em Setembro de 1989, os seus restos mortais foram transportados do Cemitério do Alto de São João, na capital, para um jazigo de família, no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião. A resolução aprovada em 2021 surgiu em resposta a um repto lançado pela Fundação Eça de Queiroz, nos termos da lei que define e regula as honras de Panteão Nacional, destinadas a “homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.
Hoje Macau EventosCCM | Dama das Camélias sobe aos palcos em Junho O Centro Cultural de Macau (CCM) recebe nos dias 9 e 10 de Junho o espectáculo de bailado “A Dama das Camélias”, uma adaptação bailada de um clássico literário trazida ao grande auditório pelo Ballet de Xangai. Os bilhetes começam a ser vendidos a partir deste domingo. Regressando à vida sumptuosa do século XIX francês, esta produção é uma exuberante demonstração coreográfica, plena de pujança física, com uma requintada cenografia e elegantes figurinos. Criada pelo britânico Derek Deane, antigo bailarino e actual director artístico do ballet xangainense, esta tragédia romântica revisita o romance homónimo de Alexandre Dumas filho, considerada uma das maiores histórias de amor de todos os tempos. Dançado ao som de uma pauta do compositor americano Carl Davis, o bailado envolve o público na esfera íntima de Margarite, uma mulher cuja vida reflecte a decadência moral e social da aristocracia parisiense. A peça abre com os momentos finais da heroína, flutuando retrospectivamente sobre a sua vida de luxo e pela paixão vivida com Armand, um atraente jovem burguês. Nesta reposição, os notáveis bailarinos da companhia dão nova vida a um clássico que, desde o século XIX, tem sido frequentemente adaptado ao teatro e a produções cinematográficas e líricas, antes de começar a ser encenado pelos maiores ballets internacionais. Esta história intemporal inspirou, entre outros, a conhecida ópera de Giuseppe Verdi, “La Traviata” e, mais recentemente, “Moulin Rouge”, um grande sucesso do teatro Musical da Broadway. Fundado há mais de 40 anos, o Ballet de Xangai tem produzido e levado ao palco uma série ecléctica de programas, dos clássicos como “Giselle” e “O Quebra-nozes”, aos ballets contemporâneos como “A Última Missão de Marco Polo”, bem como um conjunto de bailados históricos chineses.
Hoje Macau China / ÁsiaXangai | Lula da Silva questiona dólar e defende outras soluções no comércio mundial O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, atacou ontem, em Xangai, o domínio do dólar norte-americano como moeda de reserva mundial e apelou ao uso de outras divisas na relação comercial entre Brasil e China. “Eu todos os dias me pergunto por que motivo os países estão obrigados a fazer o seu comércio em dólar”, afirmou o chefe de Estado brasileiro, na sede do Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelo BRICS, o bloco de economias emergentes que junta Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “Quem é que decidiu que era o dólar a moeda de reserva depois de ter desaparecido o ouro como paridade?”, questionou. “Nós precisamos de ter uma moeda que dê aos países um pouco mais de tranquilidade”, acrescentou. A China tem tentado internacionalizar a sua moeda, o yuan, desde 2009, visando reduzir a dependência do dólar em acordos comerciais e de investimento e desafiar o papel da divisa norte-americana como a principal moeda de reserva do mundo. Esta questão tornou-se mais urgente num período de fricções geopolíticas, que resultaram na fragmentação das cadeias de produção, visando enfraquecer o papel central da China, e em sanções contra Moscovo, na sequência da invasão da Ucrânia. O dólar é utilizado em 84,3 por cento das trocas comerciais a nível global, segundo dados recentes divulgados pelo jornal britânico Financial Times. Mas a participação do yuan mais do que duplicou desde a invasão da Ucrânia, de menos de 2 por cento para 4,5 por cento, reflectindo o maior uso da moeda chinesa no comércio com a Rússia. As dificuldades de financiamento das nações mais pobres, que enfrentam já uma crise de dívida soberana, na sequência da pandemia de covid-19, agravaram-se, nos últimos meses, devido à subida das taxas de juro nos Estados Unidos, que visa combater a inflação galopante. O Brasil tem sido particularmente afectado: o Banco Central do país sul-americano manteve, no mês passado, a taxa de juros base em 13,75 por cento ao ano – o patamar mais alto desde Dezembro de 2016. Uma moeda para os BRICS? Lula da Silva questionou por que motivo “um país tem que correr atrás do dólar para poder exportar”. “Se tem uma coisa que os chineses sabem ter é paciência”, afirmou o líder brasileiro. “Se for necessário ter um pouco de paciência, a gente tem que ter, mas um banco como o do BRICS pode criar uma moeda capaz de financiar a relação comercial entre Brasil e China e entre o Brasil e outros países BRICS”, acrescentou. O Presidente brasileiro defendeu ainda a importância da criação de novas instituições multilaterais de financiamento e da reforma das instituições vigentes, visando gerar melhores condições para responder às necessidades dos países em desenvolvimento. “O Fundo Monetário Internacional (FMI), ou qualquer outro banco, quando empresta dinheiro a um país do terceiro mundo, sente-se no direito de mandar, de administrar a conta do país, de visitar o país para ver as suas contas”, observou Lula da Silva. “Nenhum governante pode trabalhar com uma faca na garganta”, disse. “Os bancos têm que ter paciência e, se for preciso, renovar os acordos e colocar a palavra ‘tolerância’ em cada renovação”. O chefe de Estado brasileiro lamentou que se esteja no século XXI como se estava no início do século XX, “com os ricos a tornarem-se mais ricos e os pobres a ficarem mais pobres”. Um banco de crédito sem condicionantes políticas Na senda de Lula da Silva, a antiga presidente do Brasil Dilma Rousseff, agora líder do Banco dos BRICS, prometeu na sua tomada de posse que a instituição de crédito multilateral vai conceder crédito aos países em desenvolvimento sem condicionantes políticas. “O Novo Banco de Desenvolvimento surge como uma verdadeira plataforma de cooperação entre as economias emergentes, em que condicionantes não farão parte do menu de soluções”, apontou Dilma, no discurso proferido durante a cerimónia de tomada de posse como presidente da organização, criada pelo BRICS, o bloco de economias que junta Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O banco multilateral “vai manter uma visão de desenvolvimento compartilhado, que respeite e afirme a soberania de cada país” e “não imporá condições extra financeiras”, disse. As palavras de Dilma reflectem a posição de Pequim, que frequentemente refere que as suas linhas de crédito “não têm condições políticas subjacentes”, contrastando com as instituições ocidentais, incluindo o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que geralmente exigem que o destinatário cumpra mudanças estruturais de governação e adote as “melhores práticas” internacionais. “A fundação do Novo Banco de Desenvolvimento pelo BRICS, além de um acontecimento histórico, é uma demonstração da importância da relação destes países e do seu compromisso com o multilateralismo e a cooperação Sul – Sul, num mundo que atravessa profundas transformações”, afirmou Dilma. A responsável apontou ainda para o “compromisso inarredável” da instituição com a agenda para o clima e ambiente. “Apoiamos as estratégias dos países membros que reduzem as emissões de gases com efeito estufa, financiando energias renováveis, infraestrutura verde e resiliente, na direcção de um crescimento de baixo carbono”, sublinhou. “O Banco do BRICS está comprometido em ajudar os países membros a alcançarem os objectivos do desenvolvimento sustentável e os compromissos assumidos sob o Acordo de Paris”. No conjunto, os BRICS representam cerca de 40% da população mundial e 24% do produto global bruto. O acordo para o estabelecimento do Novo Banco de Desenvolvimento foi assinado durante a cimeira do BRICS realizada na cidade brasileira de Fortaleza, em 2014, quando Dilma era presidente do Brasil. O banco iniciou as operações no ano seguinte. A instituição aprovou já 70 projectos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável no valor de mais de 25 mil milhões de dólares, incluindo nas áreas da energia limpa, saúde pública, educação, água, saneamento ou transporte. “Libertar” países emergentes da “submissão” Já o Presidente do Brasil, Lula da Silva, apontou o “potencial transformador” do banco dos BRICS enquanto instituição que “liberta” os países em desenvolvimento da “submissão” às organizações financeiras dominantes. “Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem a participação dos países desenvolvidos na sua fase inicial, estando, assim, livre das amarras das condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais às economias emergentes”, afirmou Lula, no discurso proferido durante a cerimónia de tomada de posse de Dilma Rousseff. O chefe de Estado brasileiro, que acusou as instituições financeiras dominantes de “pretenderem governar” os países emergentes, “sem que tenham um mandato para isso”, frisou ainda a importância do Novo Banco de Desenvolvimento no financiamento de projectos nas respectivas moedas locais dos países membros. Lula assegurou que o Novo Banco de Desenvolvimento é uma “ferramenta para a redução das desigualdades” entre países ricos e países emergentes, que se “traduzem em exclusão social, fome, extrema pobreza e migrações forçadas”. “Não queremos ser melhores do que ninguém: queremos oportunidades para expandir as nossas potencialidades e garantir aos nossos povos dignidade, cidadania e qualidade de vida”, enfatizou. O chefe de Estado brasileiro lembrou que as “necessidades de financiamento não atendidas dos países em desenvolvimento eram e continuam a ser enormes”, numa altura em que as nações mais pobres enfrentam uma crise de dívida soberana, agravada pelo aumento das taxas de juro nos Estados Unidos e na Europa, tornando o custo de financiamento mais caro. “A falta de reformas efectivas das instituições financeiras tradicionais limita o volume e as modalidades de crédito dos bancos já existentes”, observou Lula. “O Novo Banco de Desenvolvimento reúne todas as condições para se tornar o grande banco do Sul Global”.
Hoje Macau Via do MeioGiorgio Sinedino: “O domínio do idioma e a experiência de vida na China são indispensáveis” Por Alessandra S. Brites, da agência Xinhua Nos últimos tempos, as relações entre China e Brasil têm sido desenvolvidas com foco na aproximação e entendimento mais aprofundado de ambas as partes, em diversas áreas. Mas, no que diz respeito ao sector cultural e, especificamente, o literário, muito ainda necessita ser explorado, melhorado e consolidado. O sinólogo, professor e tradutor brasileiro residente em Macau, Giorgio Sinedino, responsável pela tradução de clássicos directamente do chinês clássico para o português, como “Analectos” de Confúcio, “Dao De Jing” de Laozi e o “Imortal do Sul da China” de Zhuangzi, em entrevista exclusiva para a Xinhua, abordou alguns dos desafios que a literatura chinesa ainda enfrenta para ser mais conhecida no Brasil. “Acredito que existe um mercado, de nicho, que cresce em função do aumento da influência chinesa e de sua paulatinamente maior visibilidade. No entanto, tal como em outros países ocidentais, o nosso interesse pela literatura chinesa ainda é motivado pelo quadro político e geopolítico. Julgo importante tentarmos dar um valor autónomo para a literatura chinesa, deixando de lado outros problemas que não sejam o de simplesmente compreender a China e a sua civilização em si”, afirmou. Sinedino, que neste ano vai lançar uma tradução de “Grito”, de Lu Xun, pela Editora 34, e planeia uma tradução comentada da “Arte da Guerra” de Sunzi para o ano vindouro, pela Editora da Unesp, diz ainda que entre os empecilhos para a cooperação no sector literário está a tradição intelectual e artística da China que se destaca fundamentalmente do mundo ocidental, local onde também é incluída a literatura brasileira. “Alguns dos obstáculos são estruturais, difíceis de ultrapassar. Por exemplo, o facto de que a língua chinesa pertence a uma outra família, a sino-tibetana, sem parentesco algum com o nosso português. Na realidade, o chinês é uma colecção de dialectos. É uma família linguística que cresceu milenarmente para dentro, sem estar relacionada a qualquer outro idioma de qualquer outro país vizinho no mundo moderno”, argumentou o professor que enfatiza ser a tradução de obras clássicas chinesas, ainda que com os desafios apresentados, uma boa aposta para o mercado no Brasil. Uma lição da literatura coreana e japonesa Actualmente uma série de obras japonesas e sul-coreanas estão disponíveis em maior número no mercado literário brasileiro do que títulos de obras chinesas. Para o sinólogo Giorgio Sinedino esta questão ocorre não apenas em razão da presença de um maior número de imigrantes, no caso do Japão, mas também porque as culturas japonesa e coreana utilizaram meios de massa, a criação de estilos e de modas, para dar mais visibilidade ao que têm de característico em termos literários. “Ambos aproveitaram um mercado cultural internacional, mediado pelas indústrias dos EUA, para se enraizarem globalmente no sector cultural. Quanto à literatura, esta beneficia-se e cresce no empuxo da vanguarda da cultura de massa. Hoje em dia, o meio literário tem forças limitadas para se projetar independentemente das artes multimidiáticas, pelo menos no que se refere ao grande público”, salientou. A capacitação de futuros tradutores no Brasil De acordo com Sinedino, o Brasil necessita constituir uma base sólida na capacitação de profissionais que venham a trabalhar com literatura e artes chinesas. “O domínio do idioma chinês e a experiência de vida na China são indispensáveis, o que infelizmente se constitui numa barreira económica proibitiva para muitos. Esses profissionais de ponta teriam os meios para desenvolver o ‘nicho chinês’, não só oferecendo traduções de qualidade produzidas sem intermediários, mas, sobretudo, sendo qualificados para educar o público leitor.” Segundo o professor, antes de julgar as obras escritas em chinês antigo, é preciso conhecê-las e fazer as referências adequadas à língua e cultura das quais originaram-se, o que presume um certo conhecimento sistemático da literatura chinesa e das regras e padrões que segue. “À medida que aliviamos a influência desses gargalos, podemos pensar em como organizar equipes de tradutores. É preciso também destacar pontos de apoio em instituições de ensino ou associações civis para mantermos o momento dessas obras, quem sabe através de departamentos académicos especializados, de instituições de fomento, de iniciativas como prémios”, diz o académico. “Esse é o ponto de partida para falarmos sobre os desafios do tradutor de língua portuguesa. Ele não pode, não deveria, começar a trabalhar antes de enfrentar certas questões sobre a natureza do texto que tem diante de si. Por exemplo, o que é literatura, na trajectória do pensamento chinês? Qual a sua função social? Quais os critérios que separaram esta obra que está traduzindo das outras, como representativa do que há de melhor na tradição chinesa? O que os leitores originais apreciaram e apreciam nesse texto e como esses valores literários podem (se for o caso) ser reproduzidos numa tradução? A partir de um tal diagnóstico, o tradutor é capaz de planejar melhor o seu esforço de mediação cultural, demanda tão mais exigente, quanto mais antigo for o texto”, conclui. Quanto aos desafios de traduzir obras da literatura chinesa moderna, Sinedino acredita que a falta de experiência por parte do leitor de língua portuguesa sobre o que significa ser chinês, viver na China e escrever sobre ela é um obstáculo difícil ainda de ser superado. Porém, à medida que o conhecimento aprofundado sobre China vai sendo mais difundido ao longo dos anos no Brasil, tais dificuldades começam a ser menos preponderantes. Primeira parte do século XX: o encontro possível entre a literatura brasileira e chinesa Como explica Sinedino, a história literária de ambos os países diferencia-se e muito, pois a literatura brasileira é uma ramificação das literaturas em línguas românicas, provenientes da literatura em Latim, a qual conta cerca de 1500 anos de desenvolvimento. “Já a literatura chinesa cresceu em torno de um conjunto de obras, os ‘Jing’ – Clássicos Ortodoxos relacionados ao Confucionismo, escritos em chinês antigo, uma língua artificial muito diferente do idioma falado”, explicou. Contudo, a política de Abertura e Reforma impulsionou na China um grande movimento de tradução de literatura estrangeira, principalmente durante os anos 1990 e 2000, relatou Sinedino. “É possível encontrarmos pontos em comum desde as referências mútuas que os autores e leitores contemporâneos, brasileiros e chineses, fazem de suas influências. Falando um pouco mais especificamente sobre estilo e forma literária, a prosa chinesa do século XX é predominantemente de esquerda. Por tal motivo, aos nossos olhos, é uma contínua reiteração do realismo social. Não vejo erro em afirmarmos que há alguma margem de comparação entre essa literatura chinesa, crítica, sobre a vida no campo e a situação do campesinato, e a nossa literatura modernista regionalista de 1930-1945. No entanto, é sempre importante estarmos atentos para as diferenças, porque são elas que ensinam melhor sobre o que é a China e o que é a sua cultura. Creio que a leitura mais interessante de uma obra literária é a que dá destaque às diferentes experiências culturais e diferentes formas de pensar.”
Hoje Macau SociedadeColina da Guia | Conselheira propõe espaço cultural no Túnel Pedonal A coordenadora-ajunta do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central, Wu Hang San, defende a transformação do Túnel Pedonal da Colina da Guia num corredor cultural e artístico com a instalação de obras de arte com elementos sino-portugueses. A ideia de Wu foi sugerida na reunião de quarta-feira do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central. Citada pelo jornal Ou Mun, a coordenadora considerou que desta forma o túnel pode permitir aos turistas sentirem a história e cultura únicas de Macau. Wu Hang San sugeriu também que o Governo coopere com os grupos de artes e associações comunitárias, aumentando gradualmente a instalação de produtos criativos e culturais locais nos espaços abertos à volta das portas do túnel. A nível das obras de arte, e em caso de dificuldades, a coordenadora-adjunta apontou como alternativa a possibilidade de o Instituto Cultural estabelecer parcerias com países de língua portuguesa para a exposição de livros ilustrados em chinês e português e a exibição de filmes portugueses durante o Festival da Lusofonia. O Túnel Pedonal da Colina da Guia foi inaugurado a 1 de Outubro do ano passado, ligando a Avenida de Horta e Costa e o ZAPE. Desta forma, a ligação pedonal entre as duas zonas passou a fazer-se em 400 metros, quando antes era feita em 1,1 quilómetros.
Hoje Macau SociedadeGuangzhou | Terminal de Pazhou vai ligar a Macau de Hong Kong O Ministério dos Transportes chinês aprovou a abertura das ligações para Macau e Hong Kong a partir do Terminal de Ferries de Pazhou, de acordo com um comunicado publicado no site do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho do Estado. O edifício do terminal, que fica perto do Complexo da Feira de Cantão, ainda está em construção, sem que haja, para já, data prevista para a viagem inaugural. A primeira fase das obras está orçamentada em quase 400 milhões de yuans e estende-se por uma área de cerca de 8.500 metros quadrados. Numa fase inicial, o terminal vai funcionar com duas embarcações com capacidade para transportar 260 passageiros (com 60 lugares em primeira classe). Além da ligação a Macau (que deverá ter como destino o aeroporto), serão estabelecidas ligações ao aeroporto de Hong Kong, com a possibilidade de os passageiros fazerem check-in ainda em Guangzhou e obter bilhete de embarque para os seus voos. A ligação ao aeroporto de Hong Kong terá uma duração prevista de duas horas. A segunda fase de construção contemplará uma torre de exposições e convenções. As autoridades de Guangzhou estão a projectar a abertura de ligações fluviais a partir do Terminal de Pazhou para outras cidades da Grande Baía, incluindo Zhuhai.
Hoje Macau Manchete SociedadeComércio | Saldo com Macau favorável a Lisboa em quase 20,5 milhões No ano passado, a balança comercial entre a RAEM e Portugal apresentou um saldo vantajoso para Lisboa, com as exportações para Macau a valerem 21 milhões de euros. Ainda assim, apesar da afinidade institucional entre os dois territórios, Macau é apenas o 85.º cliente da exportação de produtos portugueses As exportações de Portugal para Macau representaram 21 milhões de euros no ano passado, com as compras a Macau a valerem 529 mil euros, tornando a balança comercial largamente favorável a Portugal. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), disponíveis no site da Agência para o Investimento, o saldo das trocas comerciais entre Portugal e Macau é favorável ao país europeu em quase 20,5 milhões de euros. Macau foi o 85.º cliente das exportações portuguesas de bens em 2022, com uma quota de 0,03 por cento no total, ocupando a 140.ª posição ao nível das importações, que valeram apenas 0,001 por cento. Apesar do valor residual das vendas de Macau a Portugal, as exportações daquela região para Portugal têm aumentado de forma consistente, tendo mais do que duplicado nos últimos anos. “Ao longo do período 2017-2021 verificou-se uma diminuição média anual das exportações de 5,4 por cento e um crescimento de 164,6 por cento nas importações”, lê-se no site da AICEP, no qual se acrescenta que “a balança comercial de bens apresentou um excedente de 19 milhões de euros em 2021”, tendo melhorado para quase 20,5 milhões no ano passado. Cabaz luso Entre os principais produtos exportados para este mercado asiático destacam-se os Produtos Alimentares (46,2 por cento), os Produtos Agrícolas (20,5 por cento), os Produtos Químicos (19,4 por cento), os Instrumentos de Ótica e Precisão (2,7 por cento) e as Máquinas e Aparelhos (2,4 por cento), ao passo que os principais grupos de produtos importados foram os Produtos Químicos (59,4 por cento), as Máquinas e Aparelhos (15,7 por cento), as Pastas Celulósicas e Papel (4,5 por cento), o Vestuário (4,3 por cento) e o Calçado (3,8 por cento), segundo a AICEP. No que diz respeito às remessas dos emigrantes portugueses em Macau, o Banco de Portugal apresenta um valor zero para os últimos anos, registando apenas um envio de 20 mil euros dos portugueses a trabalhar em Macau em 2020.
Hoje Macau PolíticaLei Chan U pede abertura de campos para prática desportiva O deputado Lei Chan U está preocupado com a falta de espaços para a prática de desporto em Macau. A questão foi mencionada ontem, através de uma interpelação escrita, em que o legislador aponta que a educação desportiva tem evoluído, mas continua a ser algo desprezada. O membro da Assembleia Legislativa indica que no ano de 2022/2023 houve 14 escolas que decidiram abrir os seus espaços à população, para serem utilizados por associações ou grupos de jovens. Porém, as escolas apenas optaram por disponibilizar as bibliotecas, deixando de fora os campos e pavilhões para a prática desportiva. No entanto, como Macau regista uma crónica falta de espaços para a prática desportiva, Lei Chan U quer saber os planos do Governo para alterar a situação. “Actualmente, quantas escolas têm campos desportivo? E no futuro, como o Governo vai fazer com que mais escolas disponibilizem os seus campos, para fazer frente à falta de espaços para praticar desporto?”, questiona. “E será que o Governo vai estudar o tipo de medida que pode encorajar as escolas a sentirem-se mais motivada para abrirem os seus espaços ao público?”, acrescentou. No texto Lei Chan U não deixa de reconhecer que a Zona A dos Aterros promete resolver muitos dos problemas relacionados com a falta de espaços para o desporto, mas justifica que no curto e médio prazo não existem soluções. Ao mesmo tempo, Lei pede ainda que seja divulgada informação sobre o número de campos de futebol, piscinas, campos de basquetebol e badminton que vão ser construídos na Zona A dos novos aterros.
Hoje Macau Grande Plano ManchetePortugal | Visita de Ho Iat Seng “muito aguardada pela comunidade chinesa” O presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, disse ontem à Lusa que a visita do chefe de Governo de Macau a Portugal “é muito aguardada pela comunidade chinesa”, seja macaense ou não “É a primeira visita após a covid. É uma visita muito aguardada pela comunidade chinesa, de Macau ou não de Macau”, disse à Lusa, no Porto, o também presidente da Câmara de Comércio de Pequenas e Médias Empresas Portugal – China (CCPC – PME). Y Ping Chow disse contar com o apoio de Ho Iat Seng, que visita Portugal entre 18 e 22 de Abril, para compreender “melhor o desenvolvimento da ilha de Hengqin e da Grande Baía”. O empresário reconheceu que a pandemia de covid-19 e as medidas adoptadas no território têm “atrasado muito as relações comerciais, de turismo, até mesmo empresariais”, dizendo ter “a certeza” que a visita contribuirá para as restabelecer. Y Ping Chow disse ainda que a CCPC-PME está interessada em desenvolver projectos na ilha de Hengqin. Já sobre o investimento de Macau em Portugal, Y Ping Chow afirmou que “neste momento, há muita possibilidade e capacidade de investir em Portugal”, apesar de haver “um bocadinho” uma separação entre a comunidade chinesa macaense e não macaense. Quanto à situação actual na Região Administrativa Especial, e falando sobre os 30 anos da Lei Básica, Y Ping Chow disse que quanto ao princípio de “Um País, Dois Sistemas”, “todos os chineses o aceitam”, tal como o Governo português. Apesar disso, reconheceu que a transição é “algo muito difícil” para os chineses que “viviam em Macau e Hong Kong, que tinham uma vida diferente, uma gestão diferente, um hábito diferente, e de repente passaram a ter um hábito como na China”. “Mas habituam-se, para o bem e para o mal, ao hábito de como funciona na China”, disse à Lusa, dizendo que “a segurança em Macau tem melhorado muito por causa de um controlo mais apertado”. Tamanho importa Questionado acerca de relatórios da ONU, dos Estados Unidos e da União Europeia acerca das liberdades e direitos humanos em Macau, Y Ping Chow disse que o “direito à liberdade, direito de pensamento, e das acções, é muito bonito”. Mas, “o que posso dizer é que se uma pessoa está sujeita a insegurança, fome e ‘et cetera’, tudo isso passa a ser secundário”. Y Ping Chow disse ainda que “a interferência do Governo português em Macau e a interferência do governo inglês em Hong Kong são diferentes”, estando Hong Kong sob “mais influência dos americanos” do que Macau dos europeus. Já sobre os anos que restam até 2049, fim do período de transição entre a administração portuguesa e a chinesa, Y Ping Chow disse que a data é “uma base para criar mais aproximação, para criar melhor integração”. “Pode ser 40, até pode ser 60 anos. 50 anos é uma data para fazer esta junção o melhor possível”, afirmou. Y Ping Chow considera ainda que o Governo da RAEM “tem interesse em que a cultura e os hábitos [portugueses], até mesmo aqui em Portugal, se mantenham, e até em desenvolver mais” no território. “Mas este desenvolvimento depende muito da sociedade civil”, como por exemplo “das participações das empresas” portuguesas, algo que reconheceu que “é difícil”. “Os empresários portugueses são pequeninos. Os grandes já lá estão. É muito difícil aos empresários pequenos entrarem individualmente”, assumiu. Y Ping Chow disse ainda que Portugal “deveria fazer mais pelo interesse em participar no desenvolvimento com Macau”, algo que “está a acontecer”, mas em que se pode “fazer muito mais”. Ponto de encontro O Chefe do Executivo visita Portugal entre 18 e 22 de Abril, estando previstos encontros com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho. A acompanhar Ho Iat Seng está uma comitiva de 50 empresários locais, com várias visitas a parceiros portugueses, com foco nos sectores alimentar e farmacêutico. Com o apoio do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, a comitiva tem visitas agendadas para Lisboa e Porto, com encontros com a Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa e a Câmara de Comércio Portugal-China Pequenas e Médias Empresas. Visitas de trabalho ao hospital da Luz, Quinta da Marmeleira (Alenquer), grupos Amorim, Sovena e Delta, entre outras, estão também agendadas. Em paralelo, entre 15 e 22 de Abril, será realizado diariamente um espectáculo de ‘videomapping’ no Terreiro do Paço evocativa de Macau, numa iniciativa da Direcção dos Serviços de Turismo de Macau.
Hoje Macau China / ÁsiaAutoridade tributária de Guangdong lança guias para investidores em países lusófonos A autoridade tributária da província de Guangdong, no sudeste da China, lançou um conjunto de guias para o investimento em países de língua portuguesa, avançou a imprensa chinesa. De acordo com o jornal oficial Nanfang Daily, o Serviço de Impostos da Província de Guangdong lançou na quarta-feira a primeira série de guias tributários para investidores chineses, que cobre Portugal, Moçambique e Cabo Verde. Os documentos incluem informação sobre a economia, o ambiente de negócios, as políticas fiscais, o sistema de cobrança e gestão de impostos e acordos bilaterais tributários em vigor nos três países, O objetivo é “disponibilizar referências e orientação a empresas no processo de se tornarem globais”, disse, na apresentação dos guias, o chefe do Gabinete de Cooperação de Tributação para os Países e Regiões de Língua Portuguesa, Yuan Hongbing. Os documentos foram publicados por este gabinete, criado em abril de 2022 na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, em Hengqin (ilha da Montanha), adjacente a Macau. A apresentação dos documentos aconteceu nesta área especial, estabelecida em 2021, sob gestão conjunta de Macau e da província de Guangdong, um dos centros industriais mais importantes do mundo. Além da livre circulação de capitais, outra das vantagens da zona de cooperação, para captação de empresas e investimento, é a política de isenção e suspensão de impostos sobre as mercadorias, cuja entrada em todo o mercado chinês, de mais de 1,4 mil milhões de pessoas, estará facilitada. A área especial na ilha de Hengqin acolhe ainda, desde 2011, o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong–Macau (GMTCM, na sigla em inglês). Na quarta-feira, durante a apresentação, o diretor financeiro do GMTCM, Xie Zhi, disse que os guias serão “muito úteis” para ajudar as empresas a trabalhar no parque a “evitar alguns riscos fiscais”. O responsável sublinhou que as empresas a operar no GMTCM conseguiram a aprovação dos reguladores farmacêuticos para registar nove produtos com origem na medicina tradicional chinesa em Moçambique e sete no Brasil. As trocas comerciais entre Pequim e os mercados lusófonos tiveram o melhor arranque de ano desde que o Fórum Macau começou a compilar este tipo de dados, em 2013. As trocas atingiram 29,4 mil milhões de dólares nos dois primeiros meses de 2023, um aumento homólogo de 2,2%, de acordo com estatísticas da Administração Geral das Alfândegas da China, divulgadas pelo Fórum Macau na terça-feira.
Hoje Macau China / ÁsiaPríncipe herdeiro saudita é pragmático e procura assegurar papel de líder no Médio Oriente, diz analista O analista de política internacional Filipe Pathé Duarte defende que a retoma das relações entre a Arábia Saudita e o Irão demonstra o “pragmatismo” do príncipe herdeiro saudita na procura de assegurar o papel de líder no Médio Oriente. Em declarações à agência Lusa, o académico da NOVA School of Law de Portugal lembrou que o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman está a procurar “isolar” Israel para que se possa, paralelamente, pôr em causa os Acordos de Abraão (assinados em 2020 pelo Estado israelita com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein e, mais tarde, com Marrocos e o Sudão), devendo ainda ter-se de perceber se a “guerra por procuração” no Iémen vai ou não continuar. Questionado pela Lusa sobre se o recente acordo entre Riade e Teerão, patrocinado pela China e assinado a 06 deste mês, é “contranatura”, Pathé Duarte admitiu que tudo é possível. “Não sei se é contranatura. Bin Salman é um líder extremamente pragmático. Temos de perceber verdadeiramente o futuro deste acordo. Por um lado, isola Israel, por outro, pode pôr em causa os Acordos de Abraão e temos ainda de pensar na efetividade desse acordo. Para isso, temos de pensar no que está a acontecer no Iémen e perceber se a guerra por procuração vai ou não continuar”, respondeu. “De qualquer maneira, o acordo parece ser uma espécie de acordo antinatura, mas não é. Bin Salman é um pragmático e está a tentar assegurar, cada vez mais, a sua posição como líder do Médio Oriente”, sustentou. Para Pathé Duarte, as consequências da retoma das relações entre sauditas e iranianos, além de pôr em causa os Acordos de Abraão e o isolamento de Israel, suscita ainda mais uma questão, que é tentar perceber se a causa palestiniana voltará a tornar-se “uma forma de unificação de todo o mundo árabo-muçulmano contra Israel”. “Nos últimos anos tem havido uma espécie de um apagar da causa israelo-palestiniana precisamente por esta aproximação de Estados árabo-islâmicos a Israel [os Acordos de Abraão], isolando progressivamente o Irão. O que temos aqui, eventualmente, é o resultado do pragmatismo de Bin Salman, podendo assistir-se aqui a um volta-face das dinâmicas no Médio Oriente em que Israel pode sofrer”, argumentou. Para o docente e investigador, os Acordos de Abraão “foram um passo altamente positivo para Israel porque isolava o Irão e unificava o mundo árabo-islâmico, aproximando-o progressivamente” de Telavive, ao mesmo tempo que “diluía” a causa palestiniana. “Mas, quando há uma fragilidade em termos de política interna em Israel, por regra, o que acontece é que surge sempre uma violência sectária. E pergunta-se: será que essa violência sectária é instigada para que surja num momento de instabilidade política para Israel? E é instigada por quem?”, questionou, sublinhando que só o tempo poderá responder cabalmente a estas questões. “Mas, sim, acho que o que estamos a assistir é a um isolamento de Israel, tendo, sobretudo, como pano de fundo, cada vez mais, a situação interna de Israel [cujo atual Governo é o mais à direita da história do país ao integrar parceiros ultraortodoxos e de extrema-direita], que está confrontado com um problema existencial”, afirmou. Para Pathé Duarte, esse problema existencial passa por se saber se Israel quer verdadeiramente ser um Estado democrático secular ou se quer ser um Estado judaico. “Se quer ser um Estado judaico, vai ter de, possivelmente, contar com movimentos de âmbito mais extremista no poder, que, por sua vez, são um desafio às liberdades, direitos e garantias e ao próprio Estado de Direito. Neste momento, Israel sabe que está a confrontar-se com esse problema. E sabendo que está a ser confrontado com esse problema, há imediatamente um reequilíbrio no plano regional, com uma aparente aproximação entre Irão e Arábia Saudita”, justificou. “Temos de olhar para o pragmatismo de Bin Salman e de olhar também para o que vai acontecer no Iémen, para, a partir daí, podermos perceber se, de facto, há um acordo e uma aproximação com pernas para andar ou se é meramente resultado de um momento contextual”, declarou. O Iémen vive desde 2014 mergulhado num conflito entre os rebeldes xiitas Huthis, próximos do Irão, e as forças do Governo, apoiadas por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita e que inclui os Emirados Árabes Unidos. Ainda questionado pela Lusa sobre se a atual contestação interna ao Governo israelita deixa no ar a ideia de que o executivo está a prazo, Pathé Duarte sublinhou ser “difícil perceber”, embora defenda que a legitimidade do primeiro-ministro Benjamim Netanyahu “está a ser posta em causa”. “E, se num Estado de Direito a legitimidade está posta em causa, os governos alteram-se”, concluiu.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Investidos 2.600 Milhões de euros em mísseis de longo alcance O Japão assinou contratos no valor de 2.600 milhões de euros com a principal empresa de defesa do país, para o desenvolvimento e produção em massa de mísseis de longo alcance para implementação em 2026, divulgou ontem o Governo. O Ministério da Defesa referiu que os contratos incluem versões modernizadas dos mísseis Type 12 da empresa Mitsubishi Heavy Industries, para lançamentos em terra, mar e ar, e um míssil balístico hipersónico para a defesa de ilhas remotas, noticiou a agência Associated Press (AP). A produção em massa de mísseis guiados terra-navio Type 12 e mísseis hipersónicos, que já foram desenvolvidos, começará este ano, acrescentou a mesma fonte. As autoridades recusaram-se a indicar o número de mísseis que o Japão planeia implementar, mas indicaram que a produção deve aumentar gradualmente nos próximos cinco anos. Devido ao espaço terrestre limitado, o Japão planeia realizar testes de mísseis em bases militares nos Estados Unidos, destacou ainda o Governo japonês. Outro contrato assinado prevê o desenvolvimento de mísseis guiados antinavio de longo alcance, lançados por submarinos, que começará este ano até 2027. O momento para a sua implantação ainda é incerto. O plano de desenvolvimento é baseado numa nova Estratégia de Segurança Nacional que o Japão anunciou em Dezembro, enquanto procura aumentar significativamente o seu poder militar. A nova estratégia inclui o desenvolvimento de uma capacidade de ataque preventivo, uma ruptura acentuada com o compromisso pós-guerra do Japão de limitar as suas Forças Armadas à autodefesa.
Hoje Macau China / ÁsiaPortugal-Coreia do Sul | Salientados valores e visões comuns Os primeiros-ministros de Portugal e da Coreia do Sul defenderam ontem que os dois governos partilham valores comuns e uma ordem mundial baseada na democracia, no Estado de Direito e na livre iniciativa económica. Estas posições foram transmitidas por António Costa e Han Duck-soo no início da reunião entre ambos, na sede do Executivo sul-coreano, em Seul, à qual se seguirá uma cerimónia de assinatura de instrumentos jurídicos. Numa breve intervenção, o líder do Executivo português considerou que Portugal e a Coreia do Sul “têm uma tradição de boas relações” diplomáticas e políticas, e “partilham uma visão comum e valores comuns” no que respeita à ordem política internacional. “Nesta base comum, temos de reforçar e desenvolver as nossas relações económicas. Na terça-feira e esta manhã tive a oportunidade de me encontrar com alguns dos mais importantes empresários sul-coreanos e de lhes apresentar as oportunidades de investir em Portugal”, disse. De acordo com António Costa, o mundo “enfrenta grandes desafios”, estando em curso uma dupla transição ao nível do digital e da energia. “A crise da covid-19 foi um momento para se abrir os olhos no sentido de compreender o quanto eram frágeis as nossas cadeias de abastecimento e sobre os riscos resultantes de uma escassez de matérias-primas e de falta de componentes críticos, como os microchips e semicondutores. Temos de caminhar juntos para reorganizar estas cadeias de abastecimento e aumentar a resiliência das nossas economias”, advertiu. Na perspectiva do primeiro-ministro português, Portugal e a Coreia do Sul “estão numa boa posição para isso”. “A Coreia do Sul é uma das mais importantes economias do mundo e Portugal é um dos países mais seguros do mundo. Somos a porta de entrada para mercados de 500 milhões de pessoas”, disse, numa alusão à União Europeia e aos países de língua portuguesa, “desde Timor-Leste ao Brasil”. Boas posturas Perante Han Duck-soo, Costa insistiu na ideia de que Portugal “é campeão na transição energética e é o único país com conexões por cabo de fibra óptica com todos os continentes”. “Estamos em boa posição para cooperar com as empresas coreanas, num momento em que o mundo precisa de enfrentar grandes desafios”, declarou, já depois de Han Duck-soo ter lembrado que a visita de António Costa é a primeira de um chefe do Governo português ao fim de 23 anos. “Tivemos sempre boas relações entre os dois países. Com a sua visita, acreditamos que as nossas relações serão reforçadas e irão mais longe no futuro, na economia, na cultura e no comércio. Após a pandemia da covid-19, está a aumentar o intercâmbio entre estudantes e os jovens são o nosso futuro”, observou o primeiro-ministro sul-coreano. Do ponto de vista das relações internacionais, Han Duck-soo deixou a seguinte mensagem: “Portugal e a Coreia partilham os valores universais simbolizados na democracia, no Estado de Direito, no mercado livre, e estão empenhados no cumprimento dos Direitos Humanos”. De acordo com o primeiro-ministro sul-coreano, com base nesses valores comuns, os dois países mostram-se empenhados na resolução dos principais problemas ao nível mundial, “estabelecendo uma ordem mundial assente no Direito Internacional”. “A sua visita será um ponto de viragem em relação aos principais indicadores da cooperação bilateral”, acrescentou.
Hoje Macau EventosIC | Publicada colecção “Património de Macau 2023” O Instituto Cultural (IC) acaba de editar a colecção de obras intitulada “Património de Macau 2023”, uma actualização dos conteúdos já editados na colecção “Património de Macau 2021”, tendo em conta o aumento do número dos bens imóveis classificados de Macau nos últimos anos. Assim, a nova colecção integra a totalidade dos 159 bens imóveis classificados de Macau, entre os quais se incluem 69 monumentos, 53 edifícios de interesse arquitectónico, 12 conjuntos e 25 sítios, com vista a aprofundar e a promover os conhecimentos da população sobre o valor dos bens imóveis classificados de Macau. Em “Património de Macau 2023”, cada edifício incluído “tem uma introdução sumária sobre a história, as características arquitectónicas e os aspectos mais relevantes de cada item, devidamente ilustrados com belas imagens que reforçam o interesse da leitura”. Esta colecção de livros surge compilada em quatro volumes independentes, com base nos diferentes tipos de bens imóveis classificados acima referidos. Cada um dos volumes é escrito em chinês e português. A colecção de livros está disponível gratuitamente no edifício sede do IC ou nas bibliotecas públicas do IC.
Hoje Macau EventosCinema | “Estranha forma de vida” de Pedro Almodóvar estreia-se em Cannes A curta-metragem “Estranha forma de vida”, do realizador espanhol Pedro Almodóvar, terá estreia mundial em maio no Festival de Cinema de Cannes, em França, revelou terça-feira a organização. O filme, que integra a seleção oficial de Cannes, é protagonizado pelos actores Ethan Hawke e Pedro Pascal, nos papéis de Silva e Jake, dois ‘cowboys’ que se reencontram mais de 20 anos depois de terem trabalhado juntos como “pistoleiros a soldo”. Na curta-metragem entram ainda o português José Condessa (“Pôr do sol”, “Salgueiro Maia – o Implicado” e “Rabo de Peixe”), Pedro Casablanc, Sara Sálamo, Jason Fernández, George Steane e Manu Ríos. “Estranha forma de vida”, rodado no Verão passado em Espanha, remete para um fado de Amália Rodrigues, cuja letra se encaixa na narrativa, “porque não há vida mais estranha do que aquela que se vive de costas para os próprios desejos”, referiu Almodóvar, em comunicado. Em Junho passado, em entrevista à publicação Indiewire, o realizador revelou que o fado de Amália Rodrigues abriria o filme. Na mesma entrevista disse que a curta-metragem é uma resposta à longa-metragem “O segredo de Brokeback Mountain” (2005), para a qual chegou a ser apontado como realizador, mas cuja rodagem acabou por ser entregue a Ang Lee. Pedro Almodóvar volta a Cannes onde apresentou em 2004 o filme “Má Educação” e presidiu ao júri da competição em 2017. A selecção oficial do Festival de Cannes será anunciada na quinta-feira, embora já tenha sido confirmada a presença de alguns filmes, nomeadamente “Killers of the flower moon”, de Martin Scorsese, “Indiana Jones e o Marcador do Destino”, de James Mangold, e “Jeanne du Barry”, da realizadora Maïwenn, protagonizada por Johnny Depp, que abrirá a 76.ª edição. A 76.ª edição do Festival de Cannes decorrerá de 16 a 27 de Maio.
Hoje Macau EventosConjunto de projectos de Álvaro Siza candidato a Património Mundial da UNESCO Oito obras do arquitecto Álvaro Siza em Portugal compõem uma candidatura a Património Mundial, que foi submetida na passada quinta-feira, depois de revista, disse terça-feira o director da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP). A candidatura intitulada “Obras de Arquitectura de Álvaro Siza em Portugal” faz parte da lista indicativa do Património Mundial de Portugal desde 2016, com uma lista de 18 projectos, tendo sido, entretanto, diminuída para oito. Os oito projectos são o edifício da FAUP, a Piscina das Marés, a Casa de Chá da Boa Nova, o Museu de Serralves, o Pavilhão de Portugal em Lisboa, o Bairro da Bouça, a Igreja do Marco de Canavezes e a Casa Alves Costa em Caminha. O director da FAUP, João Pedro Xavier, explicou à Lusa que a selecção dos oito projectos se justifica com o “facto de a maior parte deles já ser património” e pela “variedade tipológica ou funcional dos edifícios propostos”. Os casos do Bairro da Bouça, no Porto, e a Casa Alves Costa, em Caminha, foram submetidos para classificação nacional, pelo que João Pedro Xavier salientou que também será preciso que haja “alguma ‘luz verde’” em relação a esses dois imóveis. No que diz respeito à Bouça, há também a expectativa de que venha a ser alvo de “algumas obras”, em particular de pintura. O director da FAUP disse que “a candidatura está preparada com as chamadas extensões futuras”, para que, mais tarde, se possam associar outros projectos do arquitecto Prémio Pritzker, incluindo no estrangeiro. “Aí, a ideia é incluir não só algumas obras que já estão na lista indicativa, a Malagueira [em Évora], o Chiado [em Lisboa] e outras obras significativas, mas também abrir para obras no estrangeiro que estejam fora de Portugal”, afirmou João Pedro Xavier. Candidatura em curso De acordo com um comunicado da FAUP, datado do final de Março, a 15 de Janeiro decorreu a primeira submissão da candidatura, que obteve “parecer favorável”. “A FAUP está a coordenar, desde 2021, os trabalhos conducentes à candidatura para a inscrição de um conjunto de obras de Álvaro Siza na Lista do Património Mundial da UNESCO” e o “director da FAUP é o responsável pela submissão da candidatura”, segundo o mesmo documento. São parceiros da candidatura a Universidade do Porto, Universidade de Lisboa, Câmara Municipal do Porto, Câmara Municipal de Matosinhos, Câmara Municipal de Lisboa, Câmara Municipal do Marco de Canavezes, Câmara Municipal de Caminha e a Fundação de Serralves. Teresa Cunha Ferreira é a coordenadora executiva no âmbito da Cátedra UNESCO “Património Cidades e Paisagens. Gestão Sustentável, Conservação, Planeamento e Projecto”. A equipa de trabalho integra os docentes e investigadores Ana Tostões, Carlos Machado, José Miguel Rodrigues e Rui Fernandes Póvoas; e os consultores Bénédicte Gandini, Jörg Haspel, Špela Spanžel, Mariana Correia, Soraya Genin, Nuno Ribeiro Lopes, José Aguiar, Xavier Romão, Isabel Breda Vásquez, Isabel Coimbra. O trabalho diplomático está a ser coordenado pelo embaixador José Filipe Morais Cabral, presidente da Comissão Nacional da UNESCO.
Hoje Macau China / ÁsiaJunta Militar no Myanmar assume a responsabilidade pelo bombardeamento sobre centena de civis O exército birmanês admitiu ontem ser o autor dos bombardeamentos, na terça-feira, contra as pessoas que estavam numa cerimónia da oposição ao regime militar, provocando mais de uma centena de mortos, incluindo dezenas de crianças. O porta-voz do regime militar de Myanmar (ex-Birmânia), Zaw Min Tun, disse ontem ao canal de televisão Myawaddy, ligado ao Governo, que os militares lideraram o ataque às Forças de Defesa do Povo (FDP), um movimento de oposição formado principalmente por jovens e constituído após o golpe militar realizado em 01 Fevereiro de 2021. “Provavelmente, também morreram civis forçados a apoiá-los”, declarou o general, que, em linha com a retórica militar, qualificou as FDP de “terroristas”. A Força Aérea birmanesa bombardeou na terça-feira uma cerimónia de inauguração de um escritório administrativo ligado ao Governo de Unidade Nacional (GUN) – braço político do FDP e que se declara autoridade legítima do país após o golpe militar – na cidade de Pazigyi, na região noroeste de Sagaing, um dos principais redutos rebeldes. Um porta-voz do GUN confirmou à EFE na terça-feira a morte de pelo menos 50 pessoas, enquanto diferentes meios de comunicação locais noticiaram que mais de uma centena de pessoas poderá ter morrido no bombardeamento. Segundo a agência de notícias EFE, estima-se que cerca de 150 pessoas estavam no evento, incluindo dezenas de mulheres e crianças e no qual foram servidas refeições aos moradores da cidade. “Realizámos o ataque durante a cerimónia de inauguração. Os membros das FDP foram mortos. São estes que se opõem ao Governo deste país”, declarou Zaw Min Tun. Sem piedade O porta-voz do GUN afirmou que a localidade foi novamente bombardeada quando voluntários procuravam sobreviventes entre os escombros e retiravam os corpos sem vida, muitos deles mutilados. A comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, a União Europeia (UE) e a ONU, condenou o ataque a Sagaing, um dos piores massacres desde o golpe militar, que encerrou uma década de transição democrática e mergulhou o país numa espiral de violência. O relator das Nações Unidas para Myanmar, Thomas Andrews, denunciou em Março que mais de 3.000 civis foram mortos, 1,3 milhão de pessoas tiveram de fugir das suas casas e 16.000 tornaram-se prisioneiros políticos desde o golpe militar, incluindo a líder deposta em Fevereiro de 2021, a Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
Hoje Macau China / ÁsiaRedução do peso do dólar nas trocas com Brasil é “inevitável” O analista chinês Zhou Zhiwei disse na terça-feira que o incremento das moedas chinesa e brasileira nas trocas comerciais e investimento bilaterais é uma “tendência inevitável”, num “contexto de politização das políticas monetárias pelos países desenvolvidos”. “A liquidação comercial em moeda local ajuda a reduzir os custos comerciais bilaterais e contribui para a estabilidade das relações económicas e comerciais bilaterais”, apontou o director do Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais, um grupo de reflexão (‘think tank’) sob tutela do Governo chinês, nas vésperas de o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, visitar a China. Zhou realçou que uma parte “muito importante” da reforma do sistema monetário internacional é limitar a hegemonia do dólar norte-americano. “Essa deveria ser a aspiração comum da maioria dos países”, sublinhou. Durante um fórum de negócios Brasil – China, realizado em Pequim, no final de Março, foram anunciados vários acordos a nível financeiro, incluindo a adesão do banco sino-brasileiro BOCOM BBM ao CIPS (China Interbank Payment System), a alternativa chinesa ao Swift, o sistema internacional de pagamentos, visando incrementar o câmbio directo entre as moedas dos dois países, o yuan e o real. Também a sucursal brasileira do banco estatal chinês Industrial and Commercial Bank of China passou a actuar como banco de compensação da moeda chinesa no Brasil, visando “reduzir as restrições” ao uso do yuan e “promover ainda mais o comércio bilateral e facilitar investimentos”. Crescer em flecha Em Fevereiro, os bancos centrais do Brasil e da China assinaram um memorando de entendimento para o estabelecimento de acordos de compensação do yuan, como parte dos esforços de Pequim para internacionalizar a moeda chinesa. O estabelecimento desses padrões “vai beneficiar as transações transfronteiriças e promover ainda mais o comércio bilateral e a facilitação de investimentos”, disse então, em comunicado, o Banco Popular da China (banco central).A China tem tentado internacionalizar o yuan desde 2009, visando reduzir a dependência do dólar em acordos comerciais e de investimento e desafiar o papel da moeda norte-americana como a principal moeda de reserva do mundo. Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com o comércio bilateral a passar de nove mil milhões de dólares, em 2004, para 150 mil milhões, em 2022. O Brasil desempenha, em particular, um papel importante na segurança alimentar da China, compondo mais de 20 por cento das importações agrícolas do país asiático.
Hoje Macau China / ÁsiaVisita | Lula vai ao Banco dos BRICS em Xangai e reúne com Xi em Pequim A preenchida agenda da visita de dois dias do Presidente brasileiro inclui participar na tomada de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento em Xangai e um encontro com Xi Jinping no dia seguinte O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, inicia esta quinta-feira uma viagem de dois dias à China, com uma visita ao Novo Banco de Desenvolvimento e às instalações do grupo Huawei, em Xangai. A delegação de Lula inclui sete ministros, 19 deputados e cinco governadores. A visita vai arrancar com a participação na cerimónia de tomada de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelo BRICS, o bloco de economias emergentes que junta Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O mandato de Dilma prolonga-se até 2025. Após o almoço, Lula vai realizar uma visita de trinta minutos às instalações em Xangai do grupo de telecomunicações chinês Huawei, líder em redes de quinta geração (5G). De seguida, o Presidente brasileiro regressa ao hotel onde vai ficar hospedado, situado no “Bund”, a famosa marginal neoclássica de Xangai. No hotel, Lula da Silva vai reunir com os directores executivos da fabricante chinesa de veículos eléctricos BYD e do grupo China Communications Construction Company, o accionista chinês da Mota-Engil. Ao fim da tarde, o líder brasileiro vai reunir e jantar com o líder do Partido Comunista Chinês em Xangai, Chen Jining. Na capital Após o jantar, Lula vai partir para Pequim, onde, na sexta-feira, vai reunir de manhã com o director executivo da State Grid, a estatal chinesa que, em Portugal, detém 25 por cento da REN (Redes Energéticas Nacionais) e que é também uma das maiores empresas no sector eléctrico brasileiro. A empresa opera as duas linhas de alta tensão que conectam a hidroeléctrica de Belo Monte, no Pará, à região Sudeste do país latino-americano. No final da manhã na China, Lula da Silva vai reunir com Zhao Leji, o presidente da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo do país asiático. De seguida, o chefe de Estado do Brasil vai participar na cerimónia de entrega de cestos florais ao Monumento dos Heróis do Povo, situado na Praça Tiananmen. De tarde, Lula vai reunir com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang. O encontro com o Presidente chinês e secretário-geral do Partido Comunista, Xi Jinping, está marcado para as 16:45.
Hoje Macau SociedadePJ | Descoberto corpo de idoso na colina de Mong-Há A Polícia Judiciária (PJ) descobriu na terça-feira o corpo de um idoso na colina de Mong-Há. Segundo o jornal Ou Mun, estão, para já, afastados indícios de crime, pois não foram encontrados sinais de agressão no corpo tendo as autoridades indicado que o homem pode ter-se sentido mal e falecido devido à falta de socorro. Familiares do falecido disseram às autoridades que o homem se tinha queixado, nos últimos dias, que não se sentia bem. O corpo foi descoberto perto de um arbusto às 14h30 por um caminhante que passava no local, que alertou as autoridades. O falecido tinha 73 anos e frequentava o local muitas vezes.