Hoje Macau China / ÁsiaVenezuela | Pequim garante apoio a Maduro O Presidente chinês garantiu sábado que a China vai continuar a apoiar a Venezuela para “salvaguardar a sua soberania e segurança nacional, dignidade da nação e estabilidade social”, na véspera do aniversário do chefe de Estado venezuelano. Numa carta enviada a Nicolás Maduro, e citada pela agência espanhola de notícias, a Efe, Xi Jinping rejeitou as “ingerências de forças externas” nos assuntos internos do país sul-americano “sob qualquer pretexto” e acrescentou que “a China e a Venezuela são amigos íntimos, irmãos queridos e bons parceiros”. Também numa carta enviada pela embaixada da Rússia em Caracas a Maduro, o Presidente russo, Vladimir Putin, reiterou o seu compromisso com a Venezuela na sua relação estratégica. “Sem dúvida, continuaremos o estreito trabalho conjunto em prol do fortalecimento contínuo das relações de parceria estratégica entre Moscovo e Caracas”, afirmou Putin na carta, que foi sábado divulgada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela. O Presidente russo disse ainda estar certo de que, sob o mandato de Maduro, a Venezuela “superará com dignidade todas as provações e defenderá os seus interesses legítimos nestes tempos turbulentos”. Estas declarações surgem num contexto de tensão entre a Venezuela e os Estados Unidos devido ao envio de tropas militares norte-americanas para o mar das Caraíbas, com o argumento de combater o narcotráfico, mas que Maduro considera ser apenas uma tentativa de o afastar do poder.
Hoje Macau China / ÁsiaMNE | Pequim “nunca permitirá” o regresso do militarismo japonês O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, deixou bem claro em declarações durante a sua visita ao Tajiquistão que a China não permitirá qualquer ingerência do novo governo japonês de direita nas decisões sobre Taiwan A China “nunca permitirá” o regresso do “militarismo” japonês, advertiu o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, numa reunião com o homólogo tajique, Sirojiddin Muhriddin, em plena escalada de tensões entre Pequim e Tóquio devido a Taiwan. Durante o encontro, realizado no sábado em Duchambé, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros expressou agradecimento ao Tajiquistão pelo “firme apoio” em questões que afectam os “interesses fundamentais da China”, entre as quais a situação de Taiwan. “A China nunca permitirá que as forças de direita do Japão façam retroceder a roda da história, nem permitirá a ingerência de forças externas na região chinesa de Taiwan ou um ressurgimento do militarismo japonês”, afirmou Wang, de acordo com declarações recolhidas pela agência oficial Xinhua. O ministro sublinhou que Pequim “trabalhará com todas as partes para defender o consenso internacional” em torno do “princípio de uma só China” e faz questão de “salvaguardar conjuntamente as conquistas da vitória na Segunda Guerra Mundial”. A China e o Japão estão envolvidos numa disputa diplomática tensa depois da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, que está no cargo há um mês, ter afirmado que um ataque da China a Taiwan poderia justificar a intervenção das Forças de Autodefesa japonesas. Após as declarações de Takaichi, a China aconselhou os seus cidadãos a não viajarem para o Japão, o que provocou centenas de cancelamentos de voos, assim como vetou novamente a importação de marisco japonês, entre outras medidas. Finca pé A primeira-ministra japonesa, por sua vez, recusou-se na sexta-feira passada a retratar-se das sobre Taiwan no Parlamento nipónico, considerando que se trata de uma “posição coerente” do governo japonês, e reiterou o apelo ao diálogo com a China. Pequim considera a ilha de Taiwan, governada de forma autónoma desde 1949, como uma “parte inalienável” do seu território e não descarta o uso da força para assumir o seu controlo. O Japão, que rompeu relações diplomáticas com Taipé para estabelecer relações com Pequim em 1972, mantém intercâmbios estreitos não-oficiais com a ilha, bem como um compromisso de segurança com os Estados Unidos. Disputa na ONU O Governo chinês levou a disputa diplomática com o Japão à ONU, acusando Tóquio de “lançar uma ameaça de uso da força” contra Pequim e advertindo que se defenderá de qualquer “acto de agressão” no estreito de Taiwan. Numa carta enviada sexta-feira ao secretário-geral da ONU, António Guterres, o embaixador da China junto da organização, Fu Cong, afirmou que a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, “fez comentários provocadores sobre Taiwan de forma flagrante”. O embaixador advertiu que, se o Japão se atrever a intervir militarmente no estreito de Taiwan, isso será considerado por Pequim um “acto de agressão”. “A China exercerá com determinação o seu direito à autodefesa ao abrigo da Carta da ONU e do direito internacional e defenderá firmemente a sua soberania e integridade territorial”, afirmou Fu. “Como país derrotado na Segunda Guerra Mundial, o Japão deve reflectir profundamente sobre os seus crimes históricos, cumprir estritamente o seu compromisso político relativo à questão de Taiwan, cessar imediatamente provocações e ultrapassagens de linhas vermelhas, e retratar-se das suas declarações erróneas”, concluiu o diplomata chinês.
Hoje Macau SociedadePJ | Pedida maior cobertura de programa anti-burlas O deputado Chan Lai Kei interpelou o Governo sobre a necessidade de reforçar e aumentar a cobertura do programa anti-burlas da Polícia Judiciária (PJ), tendo em conta os frequentes casos de burla que ocorrem associados a falsos funcionários da plataforma Taobao. Assim sendo, o deputado, com ligações à comunidade de Fujian, questionou se podem ser introduzidas, neste programa, análises com recurso à inteligência artificial (IA) para que possam ser dados alertas aos utilizadores sempre que encontrem mensagens com alto risco de burla. Além disso, o deputado lembrou que existe a técnica de troca de rosto com recurso à IA, o que leva idosos a serem, facilmente, vítimas de burla, esperando por isso que a PJ utilize este programa anti-burla para divulgar este tipo de casos a grupos de potenciais vítimas de burlas. Na mesma interpelação, o deputado pergunta ainda como vai o Governo reforçar a cooperação com as regiões vizinhas no que toca à partilha de dados transfronteiriços, a fim de rastrear a origem e fluxo de capital envolvido em burlas.
Hoje Macau Manchete SociedadeOceanos | China, Portugal e Brasil criam laboratório de investigação Entre as instituições envolvidas no novo projecto estão a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade de Macau (UM) e o Instituto Superior Técnico (IST) Instituições académicas da China, Portugal e Brasil criaram na sexta-feira, em Macau, um novo projecto para colaborar na investigação dos oceanos, incluindo o impacto das alterações climáticas e as mudanças nas correntes marinhas. “Vamos aprofundar o conhecimento dos oceanos e ter uma visão mais integrada, que nos permita antecipar o futuro de forma mais segura”, disse à Lusa o coordenador do Laboratório de Robótica e Sistemas de Engenharia. O objectivo do Centro de Investigação Oceânica entre a China e os Países de Língua Portuguesa é “colaborar e partilhar os dados, recursos e talentos”, acrescentou José Santos-Victor. Além do laboratório associado ao Instituto Superior Técnico, o novo centro integra a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade de Macau (UM) e o laboratório estatal chinês Laoshan Laboratory, com sede em Qingdao, no leste da China. “Há vários centros de investigação que fazem um excelente trabalho nestas várias áreas”, defendeu Santos-Victor, dando como exemplo a investigação e previsão dos efeitos das alterações climáticas nos oceanos. De acordo com grupos ambientalistas, as mudanças climáticas são uma das grandes ameaças aos oceanos, juntamente com a poluição e novas tecnologias que abrem as portas à exploração mineira em alto mar e à pesca mais intensiva. Uma prioridade será a formação, com planos para intercâmbios entre investigadores e estudantes de mestrado ou doutoramento entre os vários laboratórios do centro, sublinhou o académico português. Novos mestrados Durante a cerimónia de inauguração, o reitor da UM, Song Yonghua, prometeu o lançamento de programas conjuntos de mestrados entre as universidades que fazem parte da iniciativa. Ettore Apolonio de Barros, professor da USP, recordou à Lusa que a universidade brasileira criou, em 2024, o Centro USP-China, para “provocar a cooperação com universidades chinesas”. O investigador destacou o carácter multidisciplinar do centro inaugurado em Macau, como “uma das primeiras iniciativas” a juntar cientistas e engenheiros para colaborar na exploração e estudo dos oceanos. O especialista em sistemas electromecânicos automatizados lembrou que o projecto é “um importante desdobramento” da Aliança de Investigação Científica Oceânica entre a China e os Países de Língua Portuguesa. A aliança foi criada também em Macau, em 2022, por 19 universidades da China e de Portugal, Brasil, Angola e Moçambique, para lançar projectos conjuntos de investigação sobre os oceanos. O vice-reitor da UM, o português Rui Martins, disse à Lusa que recentemente a aliança foi reforçada, com a entrada de mais cinco instituições, incluindo a Universidade de Hainão, no sul da China. Do lado lusófono, aderiram a Universidade Técnica do Atlântico (Cabo Verde), a Universidade de Coimbra, o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e o INESC P&D Brasil.
Hoje Macau SociedadeCasa Real | Casino encerrou no sábado O encerramento do casino Casa Real, ligado à concessionária SJM Resorts, decorreu na manhã de sábado “de acordo com os procedimentos previstos”. A informação foi revelada pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, que coordenou o fecho e garantiu “a conformidade dos termos legais e o encerramento ordenado”. “Após o encerramento do Casino Casa Real, às 23h59 do dia 21 de Novembro, a DICJ procedeu, de imediato, à suspensão do funcionamento das mesas de jogo, tendo assegurado a coordenação, de forma activa, com diversos serviços, o acompanhamento do processo de retirada do respectivo recinto, entre outros. O encerramento do casino decorreu de forma ordenada”, foi comunicado. “No decurso do encerramento do referido casino, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais enviou pessoal ao local para prestar esclarecimentos aos trabalhadores em causa, tendo-lhes sido fornecido informações sobre uma linha aberta para consultas posteriores”, foi acrescentado.
Hoje Macau SociedadeInflação atinge valor mais elevado dos últimos 14 meses A inflação anual em Macau acelerou em Outubro, pelo quarto mês consecutivo, atingindo 0,6 por cento, o valor mais elevado dos últimos 14 meses, foi anunciado na sexta-feira. A subida do índice de preços no consumidor (IPC) em Outubro cresceu 0,13 pontos percentuais face a Setembro, e o foi o valor mais alto desde Agosto de 2024 (mais 0,74 por cento), segundo dados oficiais. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a aceleração da inflação deveu-se sobretudo aos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas (mais 0,7 por cento). O custo das refeições adquiridas fora de casa subiu 1,54 por cento. Os gastos com rendas ou hipotecas de apartamentos subiram 0,83 por cento e 0,58 por cento, respectivamente. Em 30 de Outubro, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) aprovou a segunda descida da taxa de juro em dois meses. A Assembleia Legislativa aprovou, em Abril de 2024, o fim de vários impostos sobre a aquisição de habitações, para “aumentar a liquidez” no mercado imobiliário, defendeu na altura o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. Joalharia a subir Com a recuperação no número de visitantes, a região registou uma subida de 29,8 por cento no preço da joalharia, ourivesaria e relógios, produtos populares entre os turistas da China continental. O custo das excursões e hotéis para viagens ao exterior de residentes de Macau aumentou 5,87 por cento, enquanto os gastos com educação e combustíveis para veículos subiram 1,67 por cento e 3,18 por cento, respectivamente. A inflação em Macau acelerou em Outubro, num período em que o IPC voltou a subir a cair na China continental, depois de quatro meses em queda. Na China continental, de longe o maior parceiro comercial de Macau, o IPC registou uma subida homóloga de 0,2 por cento. A China registou deflação em seis dos dez meses deste ano. A deflação reflecte debilidade no consumo doméstico e no investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias. O valor registado em Setembro surpreendeu os analistas, que previam que o indicador se mantivesse inalterado em comparação com Outubro de 2024.
Hoje Macau Manchete SociedadeTurismo | Novo recorde de visitantes para mês de Outubro O território recebeu cerca de 33,1 milhões de visitantes nos primeiros dez meses, mais 14,1 por cento do que em igual período do ano passado. É o segundo valor mais elevado de sempre, abaixo dos registos pré-pandemia Macau recebeu 3,47 milhões de visitantes em Outubro, mais 10,8 por cento do que no mesmo período de 2024 e o valor mais elevado de sempre para este mês, foi anunciado. O número de turistas que passou pelo território foi o mais elevado para qualquer mês de Outubro desde que a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) começou a compilar dados mensais, em 1998, ainda durante a administração portuguesa. A região já tinha registado no mês anterior um máximo histórico para Setembro: quase 3,8 milhões de visitantes, mais 9,8 por cento do que no mesmo período de 2024. No entanto, em Outubro quase 61 por cento dos visitantes (2,1 milhões) chegaram em excursões organizadas e passaram menos de um dia em Macau. Em 2024, o Governo Central divulgou uma série de medidas de apoio ao território, como o aumento do limite de isenção fiscal de bens para uso pessoal adquiridos por visitantes da China. Ao mesmo tempo, as autoridades chinesas alargaram a mais 10 cidades da China a lista de locais com “vistos individuais” para visitar Hong Kong e Macau. Além disso, desde 1 de Janeiro, os residentes da vizinha cidade de Zhuhai podem visitar Macau uma vez por semana e ficar até sete dias. Em resultado, a esmagadora maioria (89,8 por cento) dos turistas que chegaram a Macau em Setembro vieram da China continental ou Hong Kong, enquanto pouco mais de 353 mil foram visitantes internacionais. A cidade recebeu no total cerca de 33,1 milhões de visitantes nos primeiros dez meses, mais 14,1 por cento do que no mesmo período de 2024 e o segundo valor mais elevado de sempre para um arranque de ano. Abaixo de 2019 De acordo com dados oficiais, o número de turistas que passou por Macau só foi superado entre Janeiro e Outubro de 2019 – antes da pandemia de covid-19 -, período em que registou mais de 33,4 milhões de visitantes. Em 17 de Janeiro, a directora dos Serviços de Turismo de Macau disse esperar entre 38 e 39 milhões de visitantes este ano. Em Agosto, Maria Helena de Senna Fernandes apontou como meta mais de três milhões de visitantes internacionais em 2025. Nos primeiros dez meses do ano, Macau recebeu quase 2,97 milhões de turistas vindos do estrangeiro, mais 14,9 por cento do que no mesmo período de 2024. Cidadãos da Arábia Saudita, Qatar, Kuwait, Barém e Omã passaram a estar dispensados de visto para entrar na cidade a partir de 16 de Julho. Apesar do aumento no número de turistas, o consumo médio de cada visitante em Macau, excluindo nos casinos, caiu 9,5 por cento nos primeiros nove meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2024. No início de Maio, a DSEC apontou a “alteração do padrão de consumo dos visitantes” como uma das principais razões para a queda de 1,3 por cento da economia de Macau entre Janeiro e Março. Foi a primeira vez que o Produto Interno Bruto do território encolheu, em termos homólogos, desde o final de 2022, quando a região começou a levantar as restrições devido à pandemia de covid-19. Macau recebeu no ano passado 34,9 milhões de visitantes, mais 23,8 por cento do que no ano anterior, mas ainda longe do recorde, 39,4 milhões, fixado em 2019, antes da pandemia.
Hoje Macau PolíticaLAG | Miguel de Senna Fernandes pede mais foco em Macau O presidente da Associação dos Macaenses, Miguel de Senna Fernandes, defendeu a importância da integração regional, mas destacou que Macau atravessa um momento “delicado” e precisa de mais atenção do Governo. A posição de Senna Fernandes foi tomada em declarações ao Canal Macau. “Macau está integrado na Grande Baía, não se espera outra coisa que não melhorias para a aceleração do desenvolvimento da Grande Baía. Mas, não se pode esquecer que estamos em Macau. Isto é fundamental”, começou por dizer o presidente da associação, sobre as Linhas e Acção Governativa. “Não há cidadão, por mais nobre, por mais que defenda o Governo, por mais que aplauda o Governo nesta política e contribuição de Macau para o desenvolvimento, não há cidadão que não tenha Macau como uma prioridade”, acrescentou. Num contexto em que a recuperação do turismo abrange a sociedade de forma desigual, Miguel de Senna Fernandes pediu mais atenção a Macau, porque se atravessa um período complicado: “Apesar dos números da retoma económica, não podemos esquecer que ainda há uma faixa de cidadãos aos quais isto não chega”, vincou. “É preciso dizer as medidas, e não digo de longo prazo, mas de médio prazo para que se melhorem as condições, as perspectivas de futuro desta camada de trabalhadores, de profissionais em Macau. Não se vá alimentar apenas o sonho de Hengqin, por exemplo. Há pessoas que gostam de ficar em Macau e para eles Macau é sempre o futuro”, sublinhou.
Hoje Macau PolíticaTrabalho | Johnson Ian critica excesso de TNR Johnson Ian, ex-candidato a um lugar de deputado na Assembleia Legislativa (AL), defendeu que o Governo não demonstrou verdadeira determinação para substituir os trabalhadores não residentes (TNR) por residentes na área laboral, isto a propósito do mais recente relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2026. Na coluna de opinião publicada no jornal Sou Pou, Johnson Ian recordou que um dos destaques do relatório das LAG, divulgado na última semana, é a exigência junto de instituições financeiras e de ensino superior, entre outras, da libertação de mais postos de trabalho para os residentes de Macau. No entanto, Johnson Ian apontou que os residentes têm dificuldade em encontrar trabalho no território porque há muitos TNR. O responsável afirma também no mesmo artigo que os residentes querem trabalhar e até pretendem assumir postos de trabalho de categoria inferior, mas as empresas não têm vontade de os recrutar. Johnson Ian citou dados oficiais que demonstram que existem, actualmente, 183 mil TNR, devendo, na sua opinião, o Governo reduzir este número de trabalhadores estrangeiros, sobretudo nas empresas de jogo, para aliviar o problema do desemprego dos residentes.
Hoje Macau Manchete PolíticaEconomia | UE expressa “preocupação com questões políticas” Harvey Rouse, chefe da Delegação da União Europeia (UE) em Hong Kong e Macau, esteve reunido com o secretário para a Economia e Finanças de Macau, Tai Kin Ip, para discutir o investimento de empresas europeias na diversificação da economia de Macau A União Europeia (UE) escusou-se a revelar se Au Kam San, detido com nacionalidade portuguesa, foi mencionado numa reunião com as autoridades de Macau, em que um representante europeu demonstrou “preocupação com questões políticas”. Na quinta-feira, o chefe da Delegação da União Europeia (UE) em Hong Kong e Macau, Harvey Rouse, escreveu nas redes sociais que se tinha encontrado com o secretário para a Economia e Finanças de Macau, Tai Kin Ip. Os dois falaram sobre como as empresas europeias podem apoiar “a diversificação económica” de Macau, altamente dependente do turismo, e “o desenvolvimento contínuo” da vizinha zona económica especial de Hengqin (ilha da Montanha). “Também expressei preocupação com questões políticas”, acrescentou o britânico Rouse. Questionado pela Lusa sobre se tinha discutido a detenção do ex-deputado Au Kam San com Anton Tai, o diplomata britânico não respondeu. “Não comentamos o conteúdo específico de reuniões bilaterais”, disse à Lusa a Delegação da UE em Hong Kong e Macau, numa resposta escrita. “Nas nossas reuniões com as autoridades de Macau, levantamos regularmente preocupações sobre as alterações políticas e jurídicas na RAEM [Região Administrativa Especial de Macau], em consonância com o Relatório Anual da UE sobre Macau, incluindo sobre casos individuais”, acrescentou a delegação. Em 11 de Setembro, a Comissão Europeia alertou que a “insistência na segurança nacional do governo de Macau” está a levar à “limitação do espaço para vozes pluralísticas quer da política, quer da sociedade”. Revisões incómodas Num relatório, a comissão deu como exemplo a revisão das leis eleitorais para o líder do Governo e para o parlamento local, para excluir candidatos considerados não patriotas. Em 31 de Julho, a polícia de Macau anunciou a detenção do activista pró-democracia Au Kam San, no primeiro caso ao abrigo da lei de segurança nacional da região, que entrou em vigor em 2009 e cujo âmbito foi alargado em 2023. Em 10 de Setembro, durante uma visita a Macau, o primeiro-ministro português Luís Montenegro admitiu que não falou de Au Kam San com o líder do Governo local, Sam Hou Fai, e defendeu que o caso exige “a necessária discrição” e “algum recato”. Em 21 de Outubro, a presidente do Tribunal de Última Instância de Macau, Song Man Lei, declarou que a justiça local tem o “dever indeclinável” de julgar “de forma justa, independente e profissional” os casos de segurança nacional, bem como “garantir que sejam punidos nos termos da lei todos os actos de ofensa à segurança do Estado”. Recentemente, após a apresentação das Linhas de Ação Governativa para 2026, Sam Hou Fai abordou, brevemente, e pela primeira vez, a detenção de Au Kam San. “Em Agosto, tivemos o primeiro caso relacionado com a lei de segurança nacional”, disse em conferência de imprensa, sem referir o nome do activista. Ainda não é conhecida a acusação e não há informações sobre quem vai defender o ex-deputado.
Hoje Macau Grande Plano MancheteLAG | Governo restringe uso de aparelhos “ocidentais” por representarem um “risco” O Governo está a apostar em dispositivos electrónicos chineses, para evitar riscos associados a equipamentos vindos de países com “postura hostil” em relação à China. Wong Sio Chak revelou que todos os funcionários públicos, incluindo portugueses, vão prestar juramento de lealdade à China e RAEM até ao fim do ano O Governo revelou na sexta-feira que a Administração Pública está a dar prioridade a dispositivos electrónicos chineses, porque aqueles vindos de países ocidentais “com uma postura hostil em relação à China” representam “um risco”. “Foram já emitidas instruções pela DSAFP [Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública], sobretudo para as infra-estruturas críticas”, disse o secretário para a Administração e Justiça de Macau. “Ponderámos, prioritariamente, o recurso aos aparelhos do nosso país” nos serviços e departamentos governamentais da RAM, sublinhou Wong Sio Chak. O dirigente admitiu na Assembleia Legislativa que “existe um risco” no fornecimento de dispositivos electrónicos de telecomunicações. “É uma questão muito sensível e em que também se verifica uma fragilidade”, referiu Wong, apontando o dedo aos “países do Ocidente, sobretudo alguns com uma postura hostil em relação à China”. No entanto, o secretário sublinhou, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa para 2026 na área da Administração e Justiça, que as limitações apenas se aplicam à administração pública de Macau. “Temos um mercado aberto e não iremos restringir o sector privado para utilizar os dispositivos estrangeiros. As entidades e o privado têm a liberdade de escolher esses aparelhos”, explicou Wong. Em 19 de Outubro, o Governo Central acusou os Estados Unidos de realizarem um ciber-ataque contra o Centro Nacional de Serviço de Horário (NTSC, na sigla em inglês), responsável por manter a precisão da hora oficial do país. O Ministério da Segurança do Estado chinês disse que o ataque “sistemático e planeado há muito tempo” começou em 2022, através de uma vulnerabilidade no serviço de SMS (mensagens curtas) de uma “marca estrangeira” de telemóveis. A vulnerabilidade permitiu “atacar secretamente e obter o controlo dos telemóveis de vários funcionários do NTSC e roubar dados confidenciais armazenados nos mesmos”, referiu o ministério. Fiéis e leais Outro dos pontos de destaque da apresentação de Wong Sio Chak prendeu-se com o juramento de lealdade à China e à RAEM que todos os funcionários públicos, incluindo os de nacionalidade portuguesa, terão de prestar até ao fim do ano. O juramento faz parte de uma revisão dos estatutos do pessoal de direcção e chefia e dos trabalhadores da Administração Pública, que entrou em vigor a 1 de Novembro. As duas leis revistas determinam que os trabalhadores já em funções têm 90 dias para fazer o juramento, sendo que a recusa implica automaticamente a anulação da nomeação para o cargo ou a demissão. Mas o secretário para a Administração e Justiça disse acreditar que o processo esteja concluído mais cedo e que “todos os trabalhadores dos serviços públicos prestem juramento até ao final do corrente ano”. Wong Sio Chak, que tomou posse em 16 de Outubro, defendeu durante a apresentação das Linhas de Açcão Governativa para 2026 que a revisão “aperfeiçoou a gestão e o regime de responsabilização do pessoal de direcção e chefia”. Logo em 1 de Novembro, 264 dirigentes de entidades e serviços públicos prestaram juramento numa cerimónia, declarando que “se dedicarão com toda a lealdade à Região Administrativa Especial de Macau [RAEM] da República Popular da China”. Num discurso proferido durante a cerimónia, o Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, pediu aos dirigentes da função pública que “salvaguardem com firmeza o poder pleno de governação do Governo Central” chinês. Em Dezembro de 2024, a Assembleia Legislativa aprovou, por unanimidade e sem qualquer debate, a lei que prevê que os funcionários públicos de Macau podem ser demitidos caso pratiquem “actos contrários” ao juramento. Um mês antes, ao apresentar a proposta, o então porta-voz do Conselho Executivo, André Cheong, alertou que os funcionários públicos podem ser despedidos devido a conversas privadas ou comentários publicados em redes sociais. O juramento será obrigatório para todos os funcionários públicos, incluindo os portugueses, mas poderá ser feito em português, uma das duas línguas oficiais de Macau, juntamente com o chinês. De acordo com o mais recente Relatório de Recursos Humanos da Administração Pública, em 2023 a região tinha 34.311 funcionários públicos. O documento não refere quantos têm nacionalidade portuguesa, mencionando apenas que 257 nasceram em Portugal. As duas propostas obrigam ainda os funcionários públicos a prestar o juramento de forma “sincera e solene”. A sinceridade do juramento será avaliada pelo superior hierárquico e qualquer demissão poderá ser alvo de recurso para os tribunais. Cada cabeça O Governo quer lançar, já no início de 2026, negociações com Portugal sobre um acordo para o reconhecimento recíproco de sentenças civis e comerciais. O secretário para a Administração e Justiça de Macau, Wong Sio Chak, disse que pretende “fortalecer a cooperação judiciária com o exterior e alargar ainda mais o intercâmbio jurídico”. De acordo com o relatório das LAG, Macau quer, a partir do primeiro trimestre de 2026, começar a negociar um “acordo sobre a confirmação e execução recíprocas de decisões judiciais em matéria civil e comercial” com Portugal. No entanto, o documento não refere qualquer data para a conclusão das negociações e a eventual assinatura de um acordo final. Macau e Portugal assinaram em 2019 um acordo relativo à entrega de infractores em fuga, cuja legalidade penal foi posta em causa pela Ordem dos Advogados portuguesa. O protocolo não está em vigor, uma vez que não foi a votos na Assembleia da República. O relatório das LAG de Macau revela também planos para a celebração, até ao final de 2026, de três acordos com Angola para transferência de pessoas condenadas, entrega de infractores em fuga e auxílio judiciário mútuo em casos criminais. Estes três acordos com Angola têm sido mencionados nas LAG de Macau desde Novembro de 2023, e esse relatório apontava como meta para a conclusão das negociações o final de 2024. Angola e a China continental assinaram em 2006 um tratado de extradição, que só foi aprovado pelo Parlamento angolano em 2011, tendo sido ratificado pelo Governo de Luanda dois anos mais tarde. Durante a discussão no Parlamento angolano, o então vice-ministro angolano da Justiça, João Monteiro, defendeu a importância do acordo devido ao grande movimento migratório entre os dois países. Na altura, as autoridades estimavam que perto de 50 mil chineses viviam em Angola, trabalhando sobretudo na construção civil, em projectos de reconstrução financiados em grande parte por empréstimos concedidos pela China. João Monteiro garantiu que os dois Estados concordaram que os pedidos de extradição não podem incluir crimes de natureza política ou militar. Macau Simplex Wong Sio Chak reiterou perante os deputados uma promessa antiga da pasta da Administração e Justiça: a simplificação administrativa. A prioridade governativa terá como meta acelerar os processos e licenças, por exemplo, para estabelecimentos comerciais. Em resposta a uma questão do deputado Si Ka Lon, o secretário para a Administração e Justiça referiu que, “desde que não haja obras de grande envergadura”, um estabelecimento de comidas e bebidas pode obter licença para operar em dois dias, mediante a apresentação de todos os documentos exigidos. O governante vincou que por trás da flexibilização da máquina administração estão os conceitos de “simplificar, descentralizar e optimizar”. Mãos à obra O secretário para a Administração e Justiça afirmou na Assembleia Legislativa que o Governo vai continuar os esforços para implementar o sistema de quotas para os trabalhadores da Função Pública e reorganizar algumas carreiras, eliminando as que estão desactualizadas e promovendo a mobilidade. Wong Sio Chak salientou que desde o lançamento do sistema de gestão de quotas na Administração, em 2020, o número de funcionários públicos aumentou, e que antes de alterar as regras de progressão ou acesso entre carreiras da máquina administrativa o Governo irá ouvir os trabalhadores.
Hoje Macau EntrevistaIndependência | Ramos-Horta: É “graças ao Xanana” que Timor-Leste está aqui O Presidente timorense, José Ramos-Horta, destacou, em entrevista à Lusa, o percurso do atual primeiro-ministro e antigo líder da residência, salientando que é “graças ao Xanana [Gusmão]” que hoje Timor-Leste está aqui. “Xanana sobreviveu e com uma força de vontade impressionante, que poucos seres humanos conseguem ter, reorganiza a resistência, novas investidas contra os indonésios”, disse Ramos-Horta, em entrevista à Lusa a propósito dos 50 anos da declaração da independência, em 28 de novembro de 1975, lembrando os ataques de que o primeiro-ministro foi alvo. O líder timorense perdeu homens e sofreu reveses, mas organizou a rede clandestina e a resistência das cidades ocupadas. Xanana Gusmão foi eleito líder da resistência e comandante-chefe das Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste (FALINTL) em 1981, tendo lançado a Política de Unidade Nacional, desenvolvido a Frente Clandestina e instituído o Conselho Nacional de Resistência Maubere, mais tarde nomeado Conselho Nacional de Resistência Timorense. “Chegamos a 1999 ao referendo graças ao Xanana, não graças a mais ninguém, obviamente, a igreja envolveu-se, porque o Xanana teve a lucidez de falar com D. Martinho da Costa Lopes, abandonar o marxismo-leninismo. Graças ao Xanana que hoje nós estamos aqui”, afirmou o chefe de Estado. Martinho da Costa Lopes foi uma das figuras mais importantes da Igreja Católica em Timor-Leste durante a ocupação indonésia e desempenhou um papel central na defesa dos direitos humanos dos timorenses. José Ramos-Horta lamentou também que agora digam que Xanana Gusmão já não é o grande homem que foi durante a luta. “Eu digo: senhores agora também foi ele que ganhou para nós a fronteira marítima. Não sei quem é que ganharia”, disse, referindo-se à negociação das fronteiras marítimas com a Austrália, concluídas em 2018 e lideradas pelo atual primeiro-ministro. O Presidente salientou também que Xanana Gusmão é que tomou a decisão histórica de diversificar do Fundo Petrolífero em 2009, o que “trouxe para Timor já 11 mil milhões de dólares de retorno” e fez a reconciliação, sem perseguições e sem julgamentos de ninguém. José Ramos-Horta destacou igualmente que é Xanana Gusmão que “continua a ter competência técnica” para discutir as fronteiras marítimas com a Indonésia, cujo processo de negociações se iniciou este ano, bem como para resolver a questão do Greater Sunrise, esperando-se que o acordo seja assinado no início do próximo ano. “Ele quer resolver todas essas questões antes de deixar o poder. Ele não quer deixar para a nova geração esses dossiers muitos complexos”, acrescentou o Presidente. Ideias e defesas José Ramos-Horta afirmou que não foi a favor da declaração unilateral da independência, em 28 de novembro de 1975, considerando que foi feita “apressadamente” perante a iminência da ocupação pela Indonésia. “Eu não era a favor da declaração unilateral da independência, eu era, mas não era no dia 28 de novembro. Era preciso mais tempo de preparação, porque quando se faz uma declaração unilateral da independência sem quaisquer preparativos, o resultado foi o que foi. Não havia ninguém. Ninguém reagiu”, disse Ramos-Horta, em entrevista à Lusa por ocasião dos 50 anos da efeméride. Do dia 28 de novembro de 1975, o atual chefe de Estado recorda uma cerimónia sem a presença de uma “única personalidade mundial” e uma noite escura. “A declaração unilateral da independência foi feita apressadamente por razões determinadas pelas circunstâncias da altura. A queda de Atabae [município de Bobonaro]”, disse o Ramos-Horta. “A base caiu com uma investida grande já de forças regulares da Indonésia, já muito no interior de Timor-Leste. Primeiro caiu Batugadé, isso foi em outubro, caiu Balibó e Maliana, em outubro e Atabai, cai em vinte e poucos de novembro. Logo a seguir a Fretilin declara a independência unilateral”, explicou o Presidente. A ocupação pela Indonésia concretiza-se em 7 de dezembro de 1975. “As forças indonésias já estavam no território nacional antes de 7 de dezembro e a decisão em Jacarta tinha sido feita em 1974 ou Timor-Leste integra na Indonésia pacificamente através de algum ato pseudodemocrático, ou Timor-Leste passaria para dominação Indonésia sob a via da força”, disse o chefe de Estado timorense. A invasão é apoiada pelos Estados Unidos, Austrália e alguns países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). “Obviamente, naquele quadro de 1975, os Estados Unidos não iriam apoiar Portugal na questão de Timor-Leste. Na questão de Timor-Leste a Indonésia é que pesava mais, sobretudo, no quadro pós-guerra do Vietname, em que os Estados Unidos saíram desacreditados e a fugir. Para os Estados Unidos e para os países da região a ameaça comunista era real e Timor-Leste foi votado ao isolamento, abandonado”, salientou o também prémio Nobel da Paz. A libertação de Timor-Leste acontece em 30 de agosto de 1999, quando se realiza o referendo pela autodeterminação, que dá a vitória à independência, que acabaria por acontecer em 20 de maio de 2002, depois de uma administração transitória das Nações Unidas. “Vinte e quatro anos depois o país é liberto contra todos os profetas da derrota, todos os que apregoavam para nós, para mim, o realismo, alguns diziam irrealismo atroz, outros diziam causa perdida, ouvimos muito, incluindo em Portugal”, acrescentou Ramos-Horta, salientando que Timor-Leste conseguiu prevalecer. Defesa da emenda constitucional José Ramos-Horta defendeu, na mesma entrevista, uma emenda constitucional para adoção do sistema presidencialista no país, porque é preciso uma “autoridade clara” e “sem dualidade” e afastou uma recandidatura ao cargo. “Eu acredito que devemos fazer uma emenda constitucional e passar para o sistema presidencialista. O Presidente é o executivo, acabou-se isso do dito semipresidencialismo”, disse José Ramos-Horta, em entrevista à Lusa no âmbito dos 50 anos de declaração unilateral da independência, em 28 de novembro de 1975. Atualmente, Timor-Leste tem um sistema semipresidencialista de pendor parlamentar, com o Governo a emanar do parlamento. Segundo o chefe de Estado, o sistema escolhido na Constituição, elaborada em 2001 e 2002, “não tem sido mau de todo”, mas já se viu que em “vez de ser um fator de equilíbrio”, pode ser um “fator de instabilidade”. Ramos-Horta exemplificou com o que aconteceu no oitavo Governo, após a coligação liderada por Xanana Gusmão ter vencido as eleições legislativas com maioria absoluta. “Xanana é convidado para formar Governo, apresentaram a lista de governantes e o Presidente Lu Olo decide vetar, não quis dar posse a nove membros”, disse o também prémio Nobel da Paz. “É preciso uma autoridade clara e sem esta dualidade, dividir o poder com o Presidente. Não funciona. Funciona bem em Portugal”, salientou Ramos-Horta. Para o Presidente timorense, “não há razão nenhuma” para Timor-Leste ter adotado aquele modelo, porque para o “equilíbrio está o parlamento, está o poder judicial”. “Estes três órgãos são a constituição do Estado. Creio que toda a gente vai concordar”, disse. José Ramos-Horta considerou que “é altura”, após cerca de 25 anos da atual Constituição, para fazer “algumas emendas” e passar para o sistema presidencialista. “Para mim, o Xanana Gusmão deveria continuar. Chegamos a 2027, termino o meu mandato, novas eleições em 2028. Entre o período de 2027, em que eu saio, e 2028 trabalharmos ativamente numa emenda constitucional para que a eleição de 2028 já seja com base na nova Constituição, isso é que eu defendo”, explicou. Questionado pela Lusa sobre se não pretende candidatar-se a um novo mandato, o Presidente afirmou não estar “minimamente motivado”. “Eu, em 2027, vou à cerimónia de transição da pasta para o novo Presidente à meia-noite de 19 de maio de 2027 e nem assisto à cerimónia no dia 20. Já estou na AeroDili a caminho de Singapura”, afirmou. Problemas da nova geração Na mesma conversa, José Ramos-Horta destacou também alguns problemas actuais do país, nomeadamente quanto ao facto de a geração posterior a 1975 ainda não ter conseguido um líder com afirmação nacional. Este salientou que desde 2002 que membros dessa geração ocupam lugares no Governo e no parlamento. “Nova geração está lá desde 2002. O problema é que a nova geração não conseguiu ainda uma única pessoa que se afirme como líder nacional. Não apareceu ainda. Esse é o problema. Estão no Governo, nos tribunais, no parlamento tudo nova geração”, disse o Presidente em entrevista à Lusa por ocasião do 50.º aniversário da declaração unilateral da independência. José Ramos-Horta questionou também sobre quem é o líder da nova geração que “tem dimensão nacional”. “Não há, nem um, porque em democracia tu tens de ganhar o eleitorado”, disse, salientando que se cria um partido e esse partido concorre às eleições. O chefe de Estado destacou, no entanto, que hoje Timor-Leste já tem 210 doutorados e 1.700 mestres, formados em “boas universidades” e “há gente que sabe”. A sociedade civil timorense tem acusado a atual liderança timorense, que continua concentrada em figuras da era da resistência, de criar obstáculos para o surgimento de novos líderes com capacidades de responder aos desafios contemporâneos. Questionado sobre se, após 50 anos da declaração unilateral da independência, os timorenses estão reconciliados, Ramos-Horta afirmou que entre as “fações de [19]75 mais do que reconciliados”. “Alguns até já morreram, a maioria morreu. Não há problema nenhum. Quando eu vejo algum ser brilhante a dizer ‘ainda são as divisões de 75’, o senhor não sabe que a maioria já morreu, só se forem as almas no cemitério”, disse José Ramos-Horta. Segundo o Presidente, as divisões resultam da luta democrática. “Acho ridículo, interessante, às vezes frustrante quando oiço que os timorenses estão divididos”, disse o Presidente. “Muito bem, vamos todos unir como se faz na Coreia do Norte, ou melhor, partido único, candidato único, já se sabe quem ganha as eleições na Coreia do Norte, portanto, não há muita dor de cabeça tudo simples, 97% vota pelo Kim Jong-un, depois fazem a recontagem e afinal não foi 97%, mas foi 101%. É uma opção, aí estamos todos unidos”, ironizou Ramos-Horta. Mas, acrescentou, os timorenses optaram pela democracia. “Uma democracia que hoje é elogiada e sobrevive à onda retrocessos da democracia na Ásia, na América Latina, na África e na Europa. Estamos muito bem com a democracia”, concluiu.
Hoje Macau Grande PlanoDescolonização em Timor-Leste deixou traumas profundos nos militares portugueses, defende investigadora A investigadora do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova Zélia Pereira afirmou que o processo de descolonização em Timor-Leste deixou traumas profundos nos militares portugueses, levando muitos ao silêncio durante o período da ocupação indonésia. “O processo de descolonização em Timor, para além do trauma da invasão indonésia para os próprios timorenses, deixou traumas profundos para os militares portugueses, traumas pessoais, psicológicos, consequências nas carreiras profissionais, a generalidade deles acabou por abandonar a vida militar, porque foram preteridos sucessivamente em promoções”, disse à Lusa a investigadora. “Lemos Pires, quando foi promovido a general, teve uma campanha interna contra ele”, disse. O general Mário Lemos Pires foi o último governador do Timor português (entre 8 de novembro de 1974 e 27 de novembro de 1975). Zélia Pereira está a coordenar, em conjunto com Pedro Aires de Oliveira, professor de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, a reedição do relatório elaborado pela comissão para a análise e esclarecimento do processo de descolonização de Timor-Leste, criada pelo antigo Presidente Ramalho Eanes, que vai incluir testemunhos desclassificados de militares e civis ouvidos em 1975 e 1976. O projeto está a ser financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, com o apoio da comissão para a celebração do 50.º aniversário do 25 de Abril, no âmbito de um concurso para projetos exploratórios. “É um trauma muito grande de tal maneira que durante todo o período de ocupação indonésia, tirando Lemos Pires, nenhum outro militar quis falar. Depois do referendo, começaram a ser publicadas algumas memórias e só agora mais recentemente é que começaram a aceder fazer algumas entrevistas”, explicou a investigadora. Segundo Zélia Pereira, os testemunhos dados em 1976, com a “memória muito fresca” e com o “trauma muito vívido” vai permitir acesso a um conjunto de informações muito “pormenorizado, muito interessante”. A investigadora espera também que aqueles testemunhos ajudem os timorenses a “compreender melhor um período que para eles é muito traumático”. “É preciso compreender o seguinte, ainda hoje se continuam a publicar livros, artigos que replicam todas as acusações feitas em 1975. Em teses de doutoramento, de mestrado, porque vão beber aos livros publicados nos 70, 80, 2000, até ao presente e que partem ainda hoje de ideias e pressupostos, que nem todos estão 100% errados, mas que precisam de ter outras interpretações”, salientou. A história, disse Zélia Pereira, é colocar vários contextos em análise em simultâneo, porque ninguém é dono da verdade. “O que queremos é que isto venha abrir outras perspetivas, outras perspetivas de investigação, e sarar mágoas, reconciliar as pessoas com o seu passado, independentemente de terem tomado decisões que não se revelaram as mais acertadas”, acrescentou. Timor-Leste tornou-se independente de Portugal em 28 de novembro de 1975, mas nove dias depois, em 07 de dezembro, foi ocupado pela Indonésia.
Hoje Macau SociedadePLP e China querem plataforma de arbitragem internacional A Federação dos Advogados de Língua Portuguesa assinou um protocolo na zona económica especial de Hengqin, vizinha de Macau, para a cooperação em arbitragem entre a China e a lusofonia, disse ontem à Lusa o presidente da instituição. “Em Portugal, os conflitos nos tribunais arrastam-se por vários anos e, obviamente, sabemos que a arbitragem é um meio expedito de obter justiça e, por isso, daí toda a conveniência de termos a arbitragem a funcionar, a arbitragem de língua portuguesa, em que as partes possam, no fundo, dirimir os seus litígios na língua que nos une”, explicou Pedro Pais de Almeida. O responsável, que está em Macau para participar no Congresso da FALP, notou que o acordo foi assinado na quarta-feira com a Associação dos Advogados de Macau, “várias ordens de advogados” de países de língua portuguesa e a comissão executiva de Gestão da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, em Hengqin. A Zona de Cooperação Aprofundada é uma área económica especial, com cerca de 106 quilómetros quadrados, criada em 2021 com vista à diversificação económica e integração regional de Macau no resto do país. De acordo com o protocolo, que Pedro Pais de Almeida forneceu à Lusa, a iniciativa, do Centro de Serviços Económicos e Comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa/Espanhola (CECPS) – criado pelo Governo de Macau e pela comissão executiva da Zona de Cooperação Aprofundada – visa a “promoção da cooperação em arbitragem transfronteiriça entre a China e os países de língua portuguesa”. “Em resposta à urgente necessidade das empresas de resolver litígios comerciais e de investimento transfronteiriços, o CECPS planeia mobilizar recursos humanos e materiais, em colaboração com os parceiros sectoriais dos países de língua portuguesa e espanhola, com vista ao estabelecimento de uma plataforma de arbitragem internacional que se destina ao serviço da cooperação económica, comercial e de investimento entre a China e os respectivos países”, lê-se no documento. Tudo em aberto Para impulsionar a criação da plataforma, propõe-se, entre outras iniciativas, estudar a forma de “integrar as particularidades dos regimes jurídicos, práticas comerciais e procedimentos de arbitragem e mediação” da China e dos países lusófonos, além de estabelecer uma plataforma de diálogo regular para o aprofundamento da cooperação profissional nos domínios de arbitragem e mediação. Refere-se ainda que a iniciativa se mantém “aberta à participação futura”, podendo, por exemplo, associações ou escritórios de advogados, árbitros, peritos e académicos participar de forma voluntária. Na quarta-feira, o chefe do executivo de Macau, Sam Hou Fai, disse que o CECPS já está desde “o início do corrente ano” a dar às empresas estrangeiras serviços “a nível jurídico e contabilístico”. A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003. Mais de duas décadas depois, Macau vem alargar o foco aos países que falam castelhano. A cooperação deve incidir, como indicou o Governo na apresentação geral das Linhas de Acção Governativa para 2025, entre outros sectores, nas áreas das finanças, cultura, turismo e comércio eletrónico transfronteiriço. O congresso da FALP arrancou na quarta-feira, com uma visita a Hengqin, e termina hoje, com um jantar de gala e uma homenagem a dois advogados a exercer há várias décadas em Macau, Jorge Neto Valente e Rui Cunha.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão reitera preocupação com flutuações “rápidas” e “unilaterais” O Governo japonês reiterou ontem a preocupação com as flutuações cambiais “rápidas” e “unilaterais” do iene, quando a moeda japonesa atinge mínimos de dez meses em relação ao dólar e perante expectativas do aumento da despesa orçamental. O Japão está a monitorizar a moeda “com um elevado sentido de urgência”, afirmou o porta-voz do Executivo japonês, Minoru Kihara, ontem durante a conferência de imprensa diária, em declarações recolhidas pela agência de notícias japonesa Kyodo. A Bolsa de Tóquio negociou ontem moeda japonesa a cerca de 157 ienes por dólar, ao nível mais baixo desde Janeiro. Já na quarta-feira, a ministra das Finanças japonesa, Satsuki Katayama, admitiu a preocupação do governo com a fraqueza do iene, que atingiu na véspera um mínimo em relação ao euro, gerando expectativas de uma possível intervenção das autoridades para travar movimentos bruscos. O iene chegou a cair para 180 unidades por euro durante as negociações na bolsa de Nova Iorque na segunda-feira, o nível mais baixo em relação à moeda comunitária desde a sua introdução em 1999, e oscilou na faixa alta das 179 unidades durante a sessão em Tóquio. Katayama afirmou que é importante que as moedas se movam de forma estável, reflectindo os fundamentos económicos, sendo que comentários semelhantes foram feitos no passado, antes de as autoridades financeiras japonesas intervirem no mercado cambial para travar movimentos bruscos do iene. Os comentários de Katayama na quarta-feira surgiram um dia após a publicação dos dados do produto interno bruto (PIB) japonês, que mostrou uma contração de 0,4 por cento entre Julho e Setembro, a primeira redução em seis trimestres, o que levou a ministra justificar existirem “razões suficientes para implementar medidas de estímulo e orçamentais”, em defesa da posição do Governo da conservadora Sanae Takaichi, que assumiu o poder em Outubro. As operações de venda da moeda nipónica têm-se intensificado num contexto de preocupação com a saúde orçamental do Japão e do impacto do mega pacote de estímulo em finalização pelo Executivo de Takaichi. Ao mesmo tempo, os esperados aumentos das taxas do Banco do Japão (BoJ) continuam em pausa, enquanto o banco central analisa o impacto das tarifas norte-americanas e a política económica do novo Executivo japonês, o que contribui também para a fraqueza do iene. Em busca de equilíbrio Uma das economistas pertencentes ao conselho de política do BoJ, Junko Koeda, insistiu ontem, porém, na necessidade do banco central prosseguir com os aumentos planeados da taxa de juros de referência, que continua em 0,5 por cento, que permitam à quarta maior economia do mundo retornar a um “estado de equilíbrio”, avançou a Kyodo. A ministra das Finanças manteve uma reunião na quarta-feira com o governador do BoJ, Kazuo Ueda, embora, de acordo com a publicação Nikkei, que cita fontes próximas, os responsáveis não tenham discutido em detalhe a situação do iene, o que contribuiu para a venda da moeda. O banco central tem-se mostrado favorável ao aumento dos custos do endividamento como parte dos esforços para normalizar a política monetária, se a economia e os preços evoluírem de acordo com as metas estabelecidas, mas Ueda alertou que o impacto real das tarifas na economia japonesa ainda não se materializou completamente, pelo que o BoJ adotou uma postura cautelosa. A este factor juntou-se a chegada ao poder de Takaichi, conhecida pela postura orçamental moderada e defensora de uma política monetária expansionista, que se mostrou crítica em relação ao caminho de subidas das taxas que o BoJ iniciou em março de 2024. O banco central japonês aumentou as taxas de juro pela última vez em Janeiro último, mas o ciclo de “normalização” foi interrompido após o regresso de Donald Trump à Casa Branca e a política tarifária agressiva que Washington tem vindo a exercer desde então.
Hoje Macau China / ÁsiaTimor-Leste | Presidente contra sede da ONU em Nova Iorque Numa visita a Itália, onde recebeu um doutoramento ‘honoris causa’ em Ciências Política, o Nobel da paz defendeu a reforma urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e expressou a sua angústia e indignação pela situação que se vive em Gaza O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, afirmou quarta-feira, em Messina, Itália, que a sede das Nações Unidas não deve permanecer numa cidade de uma superpotência, como acontece com Nova Iorque, nos Estados Unidos. “Ao longo das últimas décadas, aprendemos lições importantes”, afirmou Ramos-Horta, num discurso proferido na Universidade de Messina, em Itália, onde se encontra em visita de trabalho, salientando que uma delas é a de que a sede das Nações Unidas não deve permanecer na cidade de uma “superpotência ou de um membro permanente do Conselho de Segurança”, ou seja, Nova Iorque, nos Estados Unidos. No discurso, proferido por ocasião da cerimónia de atribuição do título doutor ‘honoris causa’ em Ciências Políticas, o chefe de Estado destacou que outra lição aprendida é a necessidade urgente de reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas. “Ampliar a sua composição para 31 Estados, eliminar a categoria de membros permanentes e substituir o veto por uma maioria qualificada de dois terços, a ser confirmada no mesmo dia pela Assembleia Geral”, disse o também prémio Nobel da Paz, explicando que as regiões asiática e africana estão sub-representadas e que o grupo ocidental está “excessivamente representado”. Na sua intervenção, José Ramos-Horta propôs também que a escolha do secretário-geral da ONU seja feita com base em “candidaturas abertas a qualquer cidadão qualificado de um Estado-membro”. “Com experiência internacional comprovada, fortes competências linguísticas, sensibilidade intercultural e responsabilidade demonstrada em liderança e governação. As candidaturas poderiam ser apresentadas por universidades, parlamentos ou governos, preferencialmente através de coligações inter-regionais”, disse. Abismos morais No seu discurso, o Presidente timorense abordou também a situação no Médio Oriente. “É impossível estar neste púlpito sem expressar a angústia e a indignação provocadas pelo sofrimento extremo do povo palestiniano. O que está a acontecer em Gaza e na Cisjordânia constitui um abismo moral e político no qual caímos. A cumplicidade silenciosa de parte da comunidade internacional, a retórica ambígua e a continuação da exportação de armas são incompatíveis com os valores que afirmamos defender”, declarou. O chefe de Estado afirmou que admira o povo judeu, mas que aquela admiração não o pode impedir de ver “claramente a injustiça histórica infligida ao povo palestiniano desde 1984”. “Expulsões em massa, expropriações, colonatos ilegais, detenções arbitrárias, tortura e assassinatos sistemáticos. Hoje, as consequências acumuladas de 80 anos de sofrimento tornaram-se insuportáveis, e as perdas humanas atingiram níveis que a nossa consciência não pode ignorar”, afirmou Ramos-Horta. O chefe de Estado timorense recordou também uma conversa com o Papa Francisco durante a qual falou da sua frustração e desilusão com a comunidade internacional devido à indiferença e dualidade de critérios. “Sua Santidade, com a serenidade que o caracteriza, respondeu simplesmente: mas devemos continuar a luta pela paz”, acrescentou. No âmbito da sua visita, o Presidente timorense será recebido hoje, em audiência privada, pelo Papa Leão XIV, tendo depois um encontro com o arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais da Santa Sé.
Hoje Macau China / ÁsiaMNE do Japão garante que vai resolver divergência com China pelo diálogo O chefe da diplomacia japonês garantiu que vai tentar resolver as divergências com a China através do diálogo, depois de declarações da primeira-ministra do Japão sobre uma possível intervenção em Taiwan terem irritado a China. “A comunicação a vários níveis será essencial. Ainda não foi decidido a que níveis serão realizadas as conversas, mas, ao realizá-las em diferentes fóruns, reduziremos as preocupações e os problemas e aumentaremos o entendimento e a cooperação”, avançou Toshimitsu Motegi. As declarações do ministro foram feitas numa comissão parlamentar sobre a reunião de terça-feira, em Pequim, entre o responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês para os Assuntos da Ásia e Oceânia e o homólogo chinês. A reunião terminou sem avanços significativos e gerou controvérsia nas redes sociais depois de terem sido divulgados nas redes sociais vídeos que pareciam mostrar o enviado japonês a agir de forma subserviente e o enviado chinês a ser desrespeitoso. “Essa não foi, de todo, a situação em que a reunião ocorreu”, assegurou o chefe da diplomacia japonesa. Segundo Motegi, durante a reunião, o representante japonês refutou as alegações das autoridades chinesas sobre o agravamento da situação de segurança no arquipélago, usadas como justificação para desaconselhar os cidadãos chineses a visitarem a ilha, e a posição de Tóquio em relação a Taipé. Alta tensão O Japão e a China estão a viver um período de grande tensão diplomática causada por declarações depois de a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, que assumiu o cargo há um mês, ter dito no parlamento nacional que um ataque chinês a Taiwan poderia justificar uma intervenção das Forças de Autodefesa do Japão. O Governo chinês criticou Takaichi e instou o Japão a “retirar as declarações erradas, a parar de criar problemas e a tomar medidas concretas para salvaguardar a base política das relações bilaterais”. A China avisou ainda que continuará a tomar medidas duras se Tóquio não se retratar dos comentários sobre Taiwan, depois de ter anunciado a suspensão da importação de marisco japonês.
Hoje Macau China / ÁsiaImobiliário | Governo planeia novas medidas contra crise As autoridades chinesas deverão ter em mãos um novo plano de ataque à crise que afecta o mercado imobiliário há mais de dois anos. Apoio às hipotecas e incentivos fiscais são algumas das medidas previstas por analistas O Governo da China está a ponderar aprovar um novo pacote de medidas para revitalizar o mercado imobiliário, afectado por uma crise prolongada, por temer a destabilização do sistema financeiro, revelou ontem a Bloomberg. De acordo com fontes que pediram o anonimato, citadas pela agência de notícias financeiras, Pequim poderá apoiar as hipotecas, reduzir os custos associados e aumentar os incentivos fiscais às transações de imóveis. Um eventual apoio às hipotecas – uma medida sem precedentes na China – poderia atrair mais compradores para o mercado imobiliário, cujos preços estão em queda há 29 meses consecutivos, quase dois anos e meio. Um primeiro pacote de medidas, aprovado em 2024, teve um efeito positivo no sector, mas o impulso acabou por perder força. Desde o início do ano, as vendas medidas pela área do terreno caíram 6,8 por cento em termos homólogos, e o investimento em desenvolvimento imobiliário diminuiu 14,7 por cento. A crise imobiliária, que começou no início da década, afectou a riqueza das famílias, o consumo e o emprego, resultando numa menor capacidade de pagamento de hipotecas e, por conseguinte, segundo a agência de notação financeira Fitch, num maior risco de incumprimento para os bancos. No final de Setembro, a banca chinesa detinha um valor recorde de 492 mil milhões de dólares em empréstimos mal-parados e continuava a enfrentar uma forte pressão sobre as margens de juro. A Bloomberg sublinha ainda que os preços — tanto de imóveis novos como usados — sofreram em Outubro as maiores quedas no espaço de um ano. Isto apesar do Governo chinês ter removido restrições à compra de mais de uma casa — introduzidas para tentar arrefecer o mercado durante os anos de expansão — e implementado medidas de apoio, mesmo em metrópoles como Pequim e Xangai. Para quando? Face à incerteza económica e à desvalorização dos imóveis, os consumidores chineses têm optado por reduzir as dívidas. O saldo em dívida das hipotecas caiu 3,9 por cento desde o pico histórico, atingido no início de 2023. A Bloomberg garante que Pequim está a discutir o novo pacote de medidas desde o terceiro trimestre de 2025, mas admitiu não saber se já existe um consenso sobre as políticas específicas a implementar ou quando serão anunciadas. A situação financeira das empresas imobiliárias chinesas agravou-se depois da China ter, em Agosto de 2020, restringido o crédito bancário para promotores que tinham acumulado elevados níveis de dívida, principalmente a Evergrande, com passivos de quase 330 mil milhões de dólares. Nos últimos anos, as autoridades chinesas lançaram sucessivas medidas para conter o colapso do setor imobiliário. Os bancos estatais abriram linhas de financiamento multimilionárias, dando prioridade à conclusão de projectos cujos apartamentos já tinham sido vendidos. A crise no sector é apontada como uma das principais causas do abrandamento económico da China, com o peso do imobiliário no Produto Interno Bruto (PIB), incluindo os efeitos indirectos, estimado em cerca de 30 por cento, segundo analistas.
Hoje Macau SociedadeLegionella | Homem em estado grave As autoridades de saúde anunciaram o registo do quinto caso de Legionella desde o início do ano, num residente que se encontra em estado crítico e ligado ao ventilador. A infecção, também conhecida como Doença dos Legionários, foi diagnosticada num residente de Macau, com 69 anos, e antecedentes de doenças crónicas. “No dia 12 de Novembro, o doente recorreu ao serviço de urgência do Hospital Conde de São Januário, queixando-se de falta de ar. Os exames complementares revelaram um derrame pleural à direita e uma pneumonia aspirativa, tendo o doente sido imediatamente internado para tratamento”, foi revelado. “No dia 19 de Novembro, o exame da amostra de expectoração deu positivo para doença dos legionários, tendo o doente sido diagnosticado com legionela”, foi acrescentado. Os serviços de saúde indicaram que o homem está em estado crítico e ligado a um ventilador.
Hoje Macau SociedadeGrupo Sa Sa | Menos vendas mas maiores lucros Entre Abril e Junho, o grupo Sa Sa apresentou uma redução anual de 1,4 por cento nas vendas a retalho e de 3,6 por cento na venda de medicamentos e cosméticos em Macau. Os números constam dos resultados dos primeiros seis meses do ano, que foram divulgados ontem pela cadeia de lojas de Hong Kong. Apesar das menores vendas em Macau, a situação em Hong Kong, no Interior e em outros países, como Singapura, Malásia ou nas Filipinas, apresentou melhorias que contribuíram para um lucro de 50,2 milhões de dólares de Hong Kong, um aumento anual de 54,8 por cento. Na apresentação dos resultados, o grupo reconhece que os novos vistos para turistas do Interior visitarem Macau e Hong Kong estão a beneficiar os dois mercados. No entanto, as deslocações dos residentes de Macau e Hong Kong para o Interior são vistas como um desafio, dado que levam a uma diminuição do consumo. Os dados de Hong Kong mostram deslocações recorde para o Interior. Em Macau, as deslocações também estão a aumentar, mas o grupo indica que o Governo não revela os dados. Ao mesmo tempo, em relação ao aumento do turismo do Interior, o relatório reconhece que os novos turistas estão cada vez mais interessados em “vivenciar novas experiências”, em vez de estarem tão focados nas compras, sendo indicado que estes novos padrões de consumo podem ter impacto nos resultados do grupo. Além disso, é pedido um maior acesso à mão-de-obra local: “O Grupo Sa Sa continua cautelosamente optimista em relação aos mercados de Hong Kong e Macau. No entanto, os governos das RAE de Hong Kong e Macau precisam resolver a escassez de mão-de-obra local para manter altos padrões de serviço e acomodar os clientes durante a noite”, foi alertado.
Hoje Macau SociedadeCrime | Burlada em 2,33 milhões de patacas por falsos polícias Uma residente de Macau perdeu 2,33 milhões de patacas na sequência de um esquema de burla em que os criminosos se fazem passar por agentes policiais. Segundo o jornal Ou Mun, a vítima recebeu uma chamada de burlões, que se identificaram como agentes da polícia de Wuhan, da província de Hubei, que afirmaram estar a investigar a vítima por suspeitas de envolvimento em apostas online no Interior da China. Para prosseguir as falsas investigações, a vítima foi solicitada a participar numa videochamada, onde lhe foi mostrado um suposto mandado de detenção onde constavam alguns dos seus dados pessoais. No passo seguinte, e depois de convencida a mulher, os burlões pediram para a vítima fazer partilha de ecrã e entrar na sua conta bancária, digitando a palavra-passe de acesso, para verificarem a existência de movimentos de conta suspeitos. De seguida, a mulher acedeu aos pedidos dos falsos agentes e foi ao banco para fazer uma transferência de 200 mil dólares de Hong Kong. Nessa altura, foi alertada pelo funcionário do banco que lhe disse que a conta bancária destinatária da transferência apresentava transacções suspeitas. Além disso, apercebeu-se que o dinheiro que tinha depositado havia desaparecido. Ao aperceber-se da burla de que havia sido alvo, denunciou o caso à Polícia Judiciária.
Hoje Macau Manchete PolíticaEspaços comerciais | Proposta de lei apresentada O Instituto de Habitação (IH) apresentou ao Conselho para os Assuntos de Habitação Pública e a associações a proposta de alteração do decreto-lei que regulamenta atribuição, arrendamento e cedência gratuita dos espaços adequados ao exercício de actividades comerciais que existam em edifícios destinados a habitação social. Os regulamentos relativos ao Fundo de Reparação Predial também foram discutidos. Segundo um comunicado divulgado ontem pela IH, “os participantes concordaram basicamente com as propostas de alteração legislativa”. O instituto comprometeu-se em definir os conteúdos concretos sobre as duas propostas de alteração legislativa, tendo em consideração as opiniões recolhidas. O IH recordou ainda que realizou recentemente uma reunião, com o Conselho para os Assuntos de Habitação Pública e três sessões de apresentação, com o objectivo de auscultar as opiniões dos membros e de mais de 20 associações sociais e profissionais, contando estas com a participação de mais de 80 pessoas.
Hoje Macau Manchete PolíticaConstrução | Pedidas garantias de emprego dos residentes Leong Pou U, eleito pela via indirecta, mostra-se preocupado com as dificuldades dos trabalhadores locais da construção civil em encontrarem trabalho. Apesar de elogiar os esforços do Executivo a nível da redução da taxa de desemprego, pede mais medidas direccionadas para os empregos dos pedreiros O deputado Leong Pou U questionou o Governo sobre as medidas que vão ser adoptadas para garantir o acesso prioritário dos residentes aos empregos no sector da construção civil. A questão faz parte de uma interpelação escrita do deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). O legislador começa por indicar que as condições para os trabalhadores locais são cada vez mais difíceis: “Desde o início deste ano, afectados pela redução dos projectos de construção privados e obras públicas, os trabalhadores da construção civil têm, em geral, enfrentado horas de trabalho insuficientes, com salários estagnados há vários anos, o que pressiona os seus meios de subsistência”, defende. O deputado elogiou ainda a medida do Executivo de Sam Hou Fai de criar o Grupo de Trabalho para a Coordenação da Promoção do Emprego, por considerar que é eficaz a recolher informações sobre as vagas de emprego e as carências em vários sectores. No entanto, pede um maior aproveitamento deste trabalho: “Dada a crescente pressão de emprego enfrentada pelos trabalhadores da construção civil, é necessário que o Governo aproveite ainda mais o papel do Grupo de Trabalho para a Coordenação da Promoção do Emprego para introduzir medidas mais direccionadas para ajudá-los a garantir o emprego”, apontou. Neste sentido, o deputado quer saber se o Governo definiu “directrizes para a contratação prioritária de residentes locais em projectos de obras públicas subcontratadas” e se vai exigir que quando há obras públicas se defina uma proporção de residentes locais cada vez maior. Leong Pou U considera fundamental garantir que a população local se encontra numa situação de pleno emprego. Rol de elogios Apesar dos alertas para a situação de emprego na construção civil, a interpelação escrita de Leong Pou U dedica vários elogios ao Governo. Leong sublinha que entre Julho e Setembro, a taxa de desemprego é de 1,8 por cento, e que no caso do emprego dos residentes não vai além de 2,4 por cento. Valores positivos para o legislador, que destaca que “a situação do emprego continuou a melhorar com o declínio nas taxas de desemprego” apesar do “grande influxo de recém-formados no mercado de trabalho”, o que mostra “os esforços eficazes do Governo na promoção do emprego entre os residentes”.
Hoje Macau PolíticaEconomia | Feriados podem ter impacto negativo A Associação Geral das Mulheres de Macau teme que os feriados de Dezembro tenham um impacto negativo no comércio local, devido à possibilidade de os residentes viajarem para fora e com o aproximar do fim do Grande Prémio do Consumo. O alerta foi deixado ontem através de um comunicado do coordenador do Gabinete de Estudo das políticas da associação, Ip Weng Hong. Na mensagem, alerta-se que o comércio local vai sofrer com os feriados da transferência de soberania e do Natal, porque os residentes podem optar por gozar as férias fora do território. Nesta perspectiva, um dos aspectos que pode mitigar os efeitos é o Grande Prémio do Consumo. No entanto, a iniciativa termina no final deste mês e ainda não há planos para prolongá-la. A Associação Geral das Mulheres de Macau apela assim ao Executivo que prolongue a iniciativa até ao final do ano para “aliviar o stress operativo dos comerciantes”. Além disso, Ip Weng Hong quer que o Governo continue a lançar actividades de subsídio ao consumo dos residentes nos bairros comunitários, com vista a apoiar a economia.