Visita | Câmara de comércio pede aproveitamento de tensões comerciais

Integrado na comitiva de Luís Montenegro à China, Japão e Macau, Bernardo Mendia, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, defende que Portugal deve aproveitar as tensões comerciais actuais para atrair mais investimento chinês, aproveitando Macau como plataforma

 

As tensões comerciais entre a Europa, os Estados Unidos da América (EUA) e a China abrem uma janela de oportunidade para Portugal atrair investimento industrial chinês, defendeu ontem, em Pequim, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, Bernardo Mendia.

Em declarações à agência Lusa, à margem da visita do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, ao país, Mendia destacou diversas áreas em que as empresas chinesas são competitivas e que coincidem com prioridades europeias, como a transição energética.

“Energias renováveis, veículos eléctricos, baterias, armazenamento de energia, tecnologias associadas ao 5G e a inteligência artificial são áreas em que Portugal deve dar a mão e aproveitar o facto de termos Macau como ponte”, frisou.

A Comissão Europeia impôs taxas de até 35 por cento sobre fabricantes de carros eléctricos chineses, para evitar concorrência desleal face às subvenções atribuídas pelo Estado chinês. Isto criou um incentivo à deslocalização da produção para a Europa. A fabricante chinesa BYD prevê inaugurar uma nova fábrica no sul da Hungria, num investimento avaliado em 4 mil milhões de euros. A China acumula também já mais de 10 mil milhões de euros em investimentos em Espanha, nas áreas dos veículos eléctricos e da energia verde.

A CALB (China Aviation Lithium Battery), uma das maiores fabricantes chinesas de baterias, confirmou em Fevereiro passado um investimento de dois mil milhões de euros em Portugal, para a construção de uma fábrica de baterias de iões de lítio em Sines, no âmbito da estratégia de expansão europeia.

Referindo-se ao investimento da CALB, Mendia considerou que esse é o tipo de projecto que “deve ser multiplicado”. “Temos de recordar, nesta visita, as vantagens de Portugal para acolher este tipo de investimento. Não só atrai capital, como gera emprego qualificado, novas receitas fiscais e exportações futuras”, afirmou.

A concorrência

Bernardo Mendia lembrou que Portugal chegou a atrair bastante investimento chinês em anos anteriores, mas que a concorrência aumentou, nomeadamente de Espanha e da Hungria, e que “é preciso mais”.

A guerra comercial entre Pequim e Washington ameaça penalizar a produção chinesa de quase todos os produtos exportados para os EUA, incentivando os fabricantes chineses a deslocar produção para contornar as tarifas, actualmente fixadas em 30 por cento, como resultado de uma trégua temporária entre ambos os lados.

“É uma forma de contornar essas barreiras, mas também de gerar boa vontade e relações duradouras, tal como a Europa fez quando deslocalizou produção para a China há 20 ou 30 anos”, afirmou.

Mendia advertiu, contudo, que é preciso ter noção das diferentes escalas entre os dois países. “Portugal não tem a mesma capacidade industrial instalada. Para cada 140 empresas chinesas que investem em Portugal, nós, para sermos proporcionais, traríamos uma”, ilustrou.

Durante a permanência na China, a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa participa em várias feiras e fóruns, como a China International Fair for Trade in Services (CIFTS) e a cimeira da Iniciativa Faixa e Rota, em Hong Kong.

“Queremos mostrar que Portugal está aberto à colaboração e transmitir oportunidades concretas. Por vezes resultam contactos com empresas, outras vezes com governos locais chineses que também procuram investimento estrangeiro para os seus municípios”, indicou.

“O que os chineses procuram é viabilidade. E a nossa missão é apresentar Portugal como uma alternativa estável e aberta, num momento em que a tensão comercial e o proteccionismo estão a crescer”, concluiu.

Bernardo Mendia considerou que a visita de Montenegro “é sempre muito positiva”, sublinhando que “já não havia uma visita deste nível desde 2016”. “A presença do primeiro-ministro tem muito peso, sobretudo do lado chinês. Portugal tem essa tradição de boas relações com várias culturas e esta viagem, que inclui também Macau e o Japão, reflete isso mesmo”, afirmou.

9 Set 2025

China | Montenegro espera frutos de “relação próxima” com a Rússia

O primeiro-ministro português disse ontem, num encontro com o Presidente Xi Jinping, que espera que a “relação próxima” entre a China e a Rússia ajude a alcançar um acordo de paz na Ucrânia. De visita oficial à China, com passagem por Macau, Luís Montenegro realçou papel fundamental da China no contexto global

 

O primeiro-ministro português afirmou ontem, perante o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, que conta com a sua relação próxima com a Rússia para “construir uma paz justa e duradoura” na Ucrânia.

Luís Montenegro fez estas declarações no início do primeiro dia da visita oficial à China, durante o encontro com Xi Jinping, do qual os jornalistas só puderam gravar os primeiros três minutos. “Não posso deixar de, em nome do Governo de Portugal, transmitir ao Sr. Presidente que contamos muito com o vosso contributo e a relação próxima que a China mantém com a Federação Russa para podermos, o mais rápido que seja possível, construir uma paz justa e duradoura na Ucrânia”, afirmou.

Antes, Montenegro sublinhou que, no contexto internacional, Portugal e a China têm mantido “em muitas ocasiões uma base de cooperação e de partilha de valores”. “A China tem um papel fundamental no contexto global e internacional, é membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e nós esperamos o vosso contributo para podermos construir pontes entre povos, aproximar alguns daqueles que se encontram em conflito, promover a paz, promover o multilateralismo, promover o respeito pelos direitos humanos”, afirmou o político português.

Montenegro disse estar confiante de que o apelo que dirigiu ao Presidente da China, sobre o conflito Rússia-Ucrânia, vai ser ouvido. “Creio que o apelo, vindo de um país amigo, vindo de um país da União Europeia (UE), vindo de um país, como o Sr. Presidente Xi Jinping enfatizou também, que tem uma identidade de valores e de percurso, não cairá em saco roto”, afirmou.

Dizendo não poder responder pelo Presidente da China, Montenegro manifestou-se convicto de que Portugal tem feito o que lhe é exigido quanto a este conflito.

“A minha convicção é que, à nossa dimensão e sem nenhum tipo de pretensiosismo, nós fazemos aquilo que se exige a uma nação com a história e com a respeitabilidade internacional que Portugal tem. Nós somos construtores de pontes, nós somos protagonistas da aproximação entre povos, nós somos defensores da paz, defensores dos valores, do respeito pelos direitos das pessoas”, sublinhou.

Montenegro considerou que, no encontro com Xi Jinping, se limitou “a ser franco, leal e directo no apelo” para que a capacidade de influência da China possa ser desenvolvida e “trazer resultados práticos” para a Ucrânia.

Luís Montenegro referiu também que “é com muito gosto” que realiza esta visita oficial à China, depois de breves declarações do Presidente chinês, Xi Jinping.

“Como o Sr. Presidente afirmou, Portugal e a China têm uma relação fundada numa história que partilharam com vários momentos em comum, mas também uma relação virada para o futuro. Recordo bem a visita do Sr. Presidente a Portugal há sete anos e quero transmitir-lhe também os cumprimentos do Sr. Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa”, disse.

Bons amigos

O primeiro-ministro português manifestou concordância com as palavras de Xi Jinping sobre a forma como decorreu a transição da administração de Macau de Portugal para a China, em 1999.

“Tivemos na transição de Macau uma boa expressão da forma como conseguimos convergir e conseguimos garantir a identidade cultural e o relacionamento entre a região administrativa especial de Macau, com Portugal e com a China”, disse.

No encontro de ontem, Xi Jinping disse que “Portugal é um bom amigo da China”, referindo ser “um prazer” conhecer o primeiro-ministro, Luís Montenegro.

“Seja bem-vindo na visita à China. Lembro que em 2018 eu fiz uma visita de Estado a Portugal, que me deixou uma bela impressão, e profunda”, disse, aproveitando para pedir a Montenegro que transmita ao chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, “sinceros cumprimentos”, de acordo com a tradução simultânea para português das suas declarações.

O Presidente chinês salientou que China e Portugal “são países com profunda história, e os dois povos possuem idiossincrasia, abertura, inclusão, progresso e autonomia”, defendendo que “Portugal desempenha um papel importante e singular no palco internacional”.

Xi Jinping destacou ainda “o papel importante” desempenhado por três antigos primeiros-ministros portugueses nos assuntos internacionais e regionais.

“O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o ex-presidente da Comissão Europeia Durão Barroso. Eu tenho boas relações com eles”, frisou.

Na breve declaração, o Presidente chinês afirmou que “Portugal é bom amigo da China” e considerou que ambos os países resolveram “de forma adequada a questão de Macau através de negociações amistosas”.

“Portugal também foi o primeiro país da Europa Ocidental a assinar com a China actos de cooperação no âmbito da iniciativa ‘Uma faixa, uma rota”, e o primeiro país da Zona Euro que emitiu títulos” na moeda chinesa, disse.

Uma ajudinha na crise

Por sua vez, Luís Montenegro agradeceu o apoio da China a Portugal durante o período da crise financeira. “Ao nível da nossa cooperação económica bilateral, é meu dever dizer-lhe que não nos esquecemos, pelo contrário, temos muito bem presente e respeitamos a aposta que a China desenvolveu na economia portuguesa, num dos momentos mais críticos do nosso país, aquando da crise financeira”, afirmou.

Tal como tinha sido destacado momentos antes pelo Presidente da República Popular da China, também Montenegro considerou que, nos últimos anos, os dois países reforçaram laços “em vários sectores da economia, da energia à banca, da saúde ao abastecimento de água”. “A nossa convicção é que podemos continuar a trilhar esse caminho na base da confiança”, disse o primeiro-ministro.

Luís Montenegro aterrou em Pequim ao início da tarde de segunda-feira, num momento fechado à comunicação social, e não teve qualquer agenda pública nesse dia. A agenda oficial do primeiro-ministro começou ontem de manhã com uma cerimónia de deposição de uma coroa de flores no monumento aos Heróis do Povo, na Praça Tiananmen, em que esteve acompanhado pela mulher e pelos três ministros que integram esta visita: Paulo Rangel, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Manuel Castro Almeida, ministro da Economia e da Coesão Territorial, e Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia.

Além do encontro com Xi Jinping, Luís Montenegro reuniu-se antes com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji.

Ao final da tarde, o chefe do Governo português teve um encontro de trabalho com o homólogo chinês, Li Qiang, também no Grande Palácio do Povo, tendo seguido para Macau, onde tem hoje agenda apenas na parte da manhã. Amanhã e sexta-feira, Montenegro fará uma visita oficial ao Japão, com passagens por Tóquio e Osaka.

Medir o pulso

Ao HM, o analista Tiago André Lopes, professor auxiliar responsável pela área de estudos sobre a Ásia na Universidade Lusíada do Porto, defendeu que “Lisboa e Pequim partilham visões bastante diferentes no que concerne aos conflitos internacionais”. De frisar que Montenegro visita a China quando passam poucos dias sobre a realização da cimeira da Organização da Cooperação de Xangai, que decorreu na cidade chinesa de Tianjin, e onde foram discutidos conflitos Gaza ou Rússia-Ucrânia.

“Podemos notar que Lisboa é displicente na questão palestiniana, parecendo pouco incomodada com a barbárie que se abate sobre os palestinianos; enquanto a China se posiciona num espectro diferente de Portugal na Guerra da Ucrânia. O que é que isto nos diz? A viagem será muito focada na dimensão de diplomacia económica e muito menos na chamada diplomacia tradicional”, defendeu o analista.

Tiago André Lopes considera que Portugal poderia aproveitar esta viagem pela Ásia “para se autonomizar um pouco da dependência do eixo Bruxelas-Washington e ganhar espaço de manobra integrando a força de Pequim”, embora considere que “o actual Governo aposta num Atlanticismo-Europeísta sem ambições globais”.

Questionado sobre a questão do 5G, que pautou a relação Portugal-China nos últimos meses, Tiago André Lopes entende que a ida de Montenegro a Pequim serve para “minimizar o impacto” dessa questão e “tentar alavancar a cooperação económica entre os dois países”.

“Um elemento que poderá ajudar a medir o pulso da visita do Primeiro-Ministro de Portugal será a assinatura de documentos. Serão assinados Memorandos de Entendimento (que geralmente não são vinculativos), ou Acordos Comerciais? Ou apenas notas de imprensa vagas? Este será o melhor barómetro, para além das palavras de circunstância que naturalmente serão proferidas”, destacou.

Investimentos | Montenegro diz que Portugal é “confiável e confiante”

Luís Montenegro afirmou ontem que, durante a visita oficial à China e depois ao Japão, quer trazer a mensagem de que Portugal “é um país confiável e confiante” para investimentos económicos.

Segundo o primeiro-ministro, o programa “congrega a oportunidade que o primeiro-ministro português tem de conversar e interagir directamente com o presidente da Assembleia Nacional da República Popular da China, com o Presidente da República, com o primeiro-ministro”.

“Ao mesmo tempo que o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, o ministro da Economia e a ministra do Ambiente e Energia interagem bilateralmente com os seus congéneres e também com empresários e empresas chinesas que operam em Portugal e com empresas portuguesas que operam na China”, acrescentou.

Para Montenegro, o facto de as visitas estarem a ser feitas “com alguma compressão em termos de durabilidade” – quatro dias divididos entre China e Japão – deve ser visto por outra perspectiva.

“É apenas o registo de que nós somos capazes de fazer tudo isto em simultâneo, somos capazes de partir daqui para Macau, somos capazes de Macau partir para Tóquio e para podermos, nesta área geográfica, trazer a mensagem de que Portugal é um país confiante, é um país confiável, é um país para onde vale a pena olhar e que também olha para o mundo”, defendeu.

Montenegro salientou ainda que Portugal já “usufrui de vários investimentos que têm origem na China e que têm sido alavancas para a transformação e desenvolvimento económico de Portugal”.

“É a nossa pretensão contribuir com esta nossa vinda cá para podermos também abrir portas a que mais empresas portuguesas possam encontrar no mercado chinês o destino dos seus produtos e, por via disso, também aumentar a nossa quota de exportação para esta geografia”, afirmou. A.S.S. / Lusa

9 Set 2025

Kiang Wu | Hospital planeia expansão do museu

A directora do Hospital Kiang Wu, Ung Pui Kun, revelou que está a planear expandir o museu para poder exibir mais conteúdos.

Em declarações à emissora RTHK, de Hong Kong, Ung afirmou ainda que está a ser estudada a prolongação do horário de funcionamento do museu, na sequência de ser classificado como o segundo memorial de guerra contra a agressão japonesa de nível nacional em Macau pelo Conselho de Estado da República Popular da China.

Segundo a Rádio Televisão de Hong Kong, a responsável apontou que os guias do museu são os funcionários e a equipa médica, por isso o hospital vai reforçar as acções de formação para que conheçam bem a história que devem transmitir aos residentes. Ung Pui Kun também espera que mais pessoas conheçam as contribuições históricas de Macau durante a guerra sino-japonesa através do museu, como a operação do resgate secreto de Hong Kong.

9 Set 2025

ONU | Líderes israelitas acusados de “retórica genocida”

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos acusou ontem líderes israelitas de “retórica genocida” em relação à Faixa de Gaza, apelando à comunidade internacional para que impeça um genocídio no território palestiniano.

“Estou horrorizado com o uso aberto da retórica genocida e com a vergonhosa desumanização dos palestinianos por parte de altos funcionários israelitas”, disse Volker Türk na abertura da 60.ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

O Alto-Comissário apelou a “acções imediatas para pôr fim à carnificina”, afirmando que a comunidade internacional “está a falhar no seu dever”.

“Estamos a falhar com o povo de Gaza. Onde estão as medidas decisivas para prevenir o genocídio? Porque é que os países não estão a fazer mais para prevenir estes crimes atrozes?”, declarou.

“A região clama por paz. Gaza é um cemitério”, disse Volker Türk.

O território palestiniano, sitiado por Israel, está devastado e a sofrer com a fome, segundo a ONU. O exército israelita, que afirma controlar aproximadamente 75 por cento da Faixa de Gaza e 40 por cento da Cidade de Gaza, indicou a sua intenção de tomar esta última, a maior cidade do território, situada a norte do enclave.

A ofensiva israelita foi lançada na Faixa de Gaza em resposta a um ataque realizado em solo israelita em 07 de Outubro de 2023 pelo grupo islamita palestiniano Hamas.

Passar à acção

“Os massacres de civis palestinianos em Gaza por parte de Israel; o sofrimento indescritível e a destruição massiva infligida; a obstrução do fornecimento de ajuda humanitária adequada e a consequente fome de civis; os assassinatos de jornalistas, funcionários da ONU e de organizações não-governamentais (ONG), e os crimes de guerra que comete, chocam a consciência do mundo”, disse Türk.

O Alto-Comissário apelou aos países para que “interrompam o fluxo de armas para Israel, arriscando infringir as leis de guerra; que “exerçam a máxima pressão para garantir um cessar-fogo, a libertação de reféns e pessoas detidas arbitrariamente; e a entrada de ajuda humanitária suficiente em Gaza por todos os meios ao seu dispor”.

Türk pediu ainda que a comunidade internacional tome “medidas decisivas para se oporem à tomada militar de Gaza planeada por Israel e à anexação acelerada da Cisjordânia ocupada”. Logo após o regresso do Presidente norte-americano, Donald Trump, à Casa Branca, Israel, tal como os Estados Unidos, deixou de participar nos debates perante o Conselho dos Direitos Humanos.

9 Set 2025

BRICS | Xi Jinping participa em cimeira virtual

A China confirmou a participação do Presidente chinês, Xi Jinping, numa cimeira virtual extraordinária do bloco de economias emergentes BRICS, que decorreu ontem e foi convocada pelo homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

“O grupo BRICS procura fomentar a cooperação e solidariedade entre mercados emergentes e países em desenvolvimento, para defender a justiça e ser uma força estável e positiva nos assuntos internacionais, num momento em que cresce o proteccionismo”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lin Jian, em conferência de imprensa.

Lin confirmou que Xi iria proferir um discurso na reunião e que Pequim espera “manter conversações” com outros líderes, com vista a “novas contribuições em prol de um mundo multipolar”. Segundo a imprensa brasileira, a cimeira extraordinária foi convocada para discutir “as ameaças à ordem mundial multipolar e uma resposta comum às tarifas” impostas pelos Estados Unidos.

O encontro decorre num contexto de tensão comercial com os EUA, exacerbada pela guerra tarifária impulsionada pela administração do Presidente norte-americano, Donald Trump. A última cimeira dos BRICS – grupo fundado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – teve lugar em Julho deste ano, no Rio de Janeiro. Estava previsto que a próxima fosse realizada na Índia, em 2026.

O grupo conta actualmente com dez membros, incluindo Egipto, Etiópia, Indonésia, Irão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

9 Set 2025

23.ª edição do Festival Fringe já está na rua

Começou na passada sexta-feira mais uma edição do Festival Fringe, que habitualmente traz a Macau várias artes performativas num contacto estreito com o público, os palcos e a rua. A passagem do tufão “Tapah” já obrigou a alguns ajustes na agenda, nomeadamente o cancelamento, ontem, da actividade “Um Mar na Velha Casa das Orquídeas”, enquanto que o espectáculo “Orquídeas à Velha Casa”, originalmente previsto para ter lugar no domingo, decorre hoje, às 18h, no Yuan Coffee.

Mas há ainda muito mais para ver: nas imediações da Rua do Cunha, na Taipa, entre amanhã e sexta-feira, a partir das 15h, acontece a performance “Para Sobreviver nas Cidades”, do grupo “Co.SCOoPP”, oriundo do Japão.

Com direcção de Asami Yasumoto e música de Sachie Fujisawa, a performance dura 25 minutos e conta com um “grupo de criaturas brancas, fofas e misteriosas que, em nome de nós, sobreviventes, oscila pela cidade em busca de uma direcção”. Então, coloca-se a questão: “devem seguir as multidões para se forjar ou abrir o próprio caminho?”. Este grupo vem do Japão e assume contribuir “para o desenvolvimento das artes performativas contemporâneas através de actividades criativas e experimentais no novo género de circo contemporâneo”.

À descoberta

Também a partir de amanhã, e até ao dia 21 de Setembro, decorre a actividade gratuita e interactiva “Velado Brilho: Exposição de Instalação de Micro-Sensações Urbanas”, com os artistas Calvin Lam, Shadow Fong, Kaze Chan e Chloe Lao. Trata-se de uma “caminhada nocturna para descobrir os brilhos ocultos pela cidade”, entre as 17h e as 23h, num percurso traçado por uma aplicação de telemóvel em que os participantes são levados a tornarem-se “exploradores urbanos, caminhando por ruas e vielas para descobrir miniaturas quase invisíveis e cantos que guardam memórias e histórias”.

Dentro das experiências digitais e interactivas inclui-se ainda o “Livro de Aventura ‘Uma Janela Oculta em Macau’ – Versão com Acompanhamento Musical”, um projecto de Kaze Chan, Chikara Fujiwara, Minori Sumiyoshiyama e Erik Kuong. Entre esta quarta-feira e o dia 21 de Setembro, existe um percurso a explorar de forma digital entre as freguesias de São Lázaro, Santo António e São Lourenço, entre as 10h e as 23h, em que é necessária uma aplicação. Este “Livro” foi criado pelo colectivo artístico japonês “Orangcosong”, tratando-se de uma reinvenção “da cidade através de livros, jogos e teatro, oferecendo uma nova e emocionante forma de explorar Macau”. O “Livro” conta com quatro rotas pré-definidas.

Nas mesmas datas, acontece também a actividade “Diários à Deriva – Teatro do Passeio Urbano”, nas mesmas zonas da península. Trata-se de um projecto de Chikara Fujiwara e Minori Sumiyoshiyama, onde se observa uma “busca pelas memórias flutuantes da cidade”, e se contam “histórias subtis nas paisagens urbanas familiares” do território. A produção também está a cargo do grupo japonês “Orangcosong”.

A partir de sexta-feira, e até ao dia 21, há ainda lugar a uma outra experiência digital, “O Monstro – Um Teatro de Aventura Imersiva e Pessoal”, de Barrie Lei, Nero Lio, Kaze Chan, Erik Kuong, numa redefinição “do teatro na fusão entre a realidade e virtualidade”.

9 Set 2025

“Arte Macau” | Novas exposições para ver a partir do final do mês

Há vários meses que a “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau 2025” deambula pelo território, mas está longe de chegar ao fim. A partir do dia 24 deste mês serão inaugurados mais três projectos: “Mãos Emprestadas”, “Mercadorias e Guerreiros” e “Não Terminal”. O primeiro vê-se no Teatro D. Pedro V, os restantes levam a reflexões e interacções entre a Rua da Tercena e a praça do Centro Cultural de Macau

 

Em Setembro há ainda tempo e espaço para desfrutar das novas exposições que a “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau 2025” traz ao território. A partir do dia 24, apresentam-se ao público três projectos integrados na secção “Exposição de Arte Pública”, subordinada ao tema “Ondas e Caminhos”.

Trata-se de cinco peças ou conjuntos de obras da autoria de nove artistas, intituladas “Mãos Emprestadas”, “Mercadorias e Guerreiros” e “Não Terminal”.

Além disso, também no dia 24 de Setembro, entre as 19h e as 20h30, decorre o colóquio “Conversa e Diálogo: A Natureza Pública da Arte Pública”, no auditório do Museu de Arte de Macau, e que conta com Wu Wei, co-curadora da bienal, e os artistas Ann Hamilton, Yin Xiuzhen, Jason Ho e Assemble, bem como com o curador Feng Boyi e o co-curador Liu Gang.

A palestra irá incidir “sobre formas de cultivar uma nova abordagem ampla, dinâmica e vibrante no contexto da arte pública ‘presencial'”. As inscrições decorrem até ao dia 19 de Setembro na plataforma da Conta Única de Macau.

Ann Hamilton, artista norte-americana, é o nome que está por detrás de um dos novos projectos em exposição, “Mãos Emprestadas”, patente no Teatro D. Pedro V. Esta artista é, segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), “reconhecida internacionalmente pelas suas instalações multimédia de grande escala, pelos projectos públicos e pelas suas colaborações em performances”. Em Macau a artista recria “a memória histórica do comércio sino-ocidental com arte multimédia”.

Caminhos interactivos

Outra das artistas participantes no colóquio, Yin Xiuzhen, é considerada uma “conceituada artista contemporânea chinesa”. Apresenta em Macau a “Não Terminal”, uma instalação de vídeo interactiva patente na praça do Centro Cultural de Macau (CCM).

Esta instalação, que pode ser vista até ao dia 12 de Dezembro, centra-se numa “passadeira de bagagens estática” feita de metal, madeira e borracha, formando uma plataforma interactiva, onde o público pode descansar, movimentar-se e socializar.

Em redor da passadeira, existem tapetes de plástico onde o público pode correr, andar de skate e de bicicleta. Os nove ecrãs pendurados acima da instalação exibem imagens ao vivo do local e cenas da vida pré-gravadas, podendo o público também enviar os seus próprios vídeos para criar em conjunto um teatro animado da vida. “Esta obra transforma os espaços culturais e as cenas artísticas num campo experimental para o comportamento social, evidenciando a ideia de que a viagem da vida e da arte não tem fim e sugerindo a fluidez da vida, da memória e da identidade”, descreve o IC.

O papel da agricultura

Por fim, o colectivo interdisciplinar britânico Assemble, conhecido por revitalizar espaços urbanos através da colaboração comunitária e de design criativo, apresenta “Mercadorias e Guerreiros”, um projecto que “serve para reflectir sobre a relação entre a terra e as pessoas”.

Disponível no número 19 da Rua da Tercena, em Macau, este projecto “examina os desenvolvimentos actuais da agricultura de pequena escala na China e no Reino Unido, recorrendo a instalações de vídeo e técnicas de micronarrativa para apresentar directamente cenas da vida quotidiana e do trabalho em pequenas propriedades rurais em ambas as regiões”.

Desta forma, explora-se “a relação simbiótica entre a terra e a humanidade através da exibição de documentos e da realização de eventos públicos, criando-se assim uma ligação emocional entre a terra e o público de Macau”, descreve o IC.

Com “Mercadorias e Guerreiros”, apresenta-se uma “perspectiva ascendente” da ligação da agricultura com as pessoas e o “valor único da economia agrícola de pequena escala para o equilíbrio ecológico, a resiliência comunitária e a estabilidade económica, desafiando-se a ideia pré-concebida do ‘centrismo urbano’ e reexaminando-se também o papel construtivo das práticas rurais na construção de um futuro sustentável”.

“Mercadorias e Guerreiros” também fica disponível para visita do público até ao dia 12 de Dezembro deste ano, visando “estabelecer um elo entre terra, comida e sentidos humanos e desenvolver um novo diálogo entre o público urbano e as paisagens agrícolas que o nutrem, oferecendo, ao mesmo tempo, uma validação visual para o valor cultural e a sabedoria de sobrevivência necessários para o futuro desenvolvimento urbano face às crescentes incertezas da globalização”.

9 Set 2025

MNE | Pequim contra lista de países que detêm cidadãos dos EUA de forma injusta

A China declarou ontem a sua firme oposição à criação, pelos Estados Unidos, de uma lista negra de países onde cidadãos norte-americanos estão, segundo Washington, detidos de forma injusta – lista na qual Pequim deve figurar.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, assinou na sexta-feira um decreto que prevê a elaboração de uma lista negra de países a sancionar por alegadamente deterem norte-americanos para os utilizarem como moeda de troca. Um alto responsável, sob anonimato, indicou que os casos da China, do Irão e do Afeganistão seriam analisados com particular atenção.

“Alguns nos Estados Unidos fazem declarações totalmente enganosas e motivadas por segundas intenções. A China opõe-se firmemente a isso”, comentou Lin Jian, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, durante uma conferência de imprensa.

“A China é um Estado de direito e a questão de supostas detenções injustificadas não se coloca”, acrescentou.

“Todos sabem que são os Estados Unidos que detêm o monopólio das detenções injustificadas, das detenções arbitrárias, da coerção diplomática, da justiça extraterritorial e das sanções unilaterais”, afirmou o porta-voz.

9 Set 2025

Relatório indica que Pequim acelera valorização do yuan

O banco central da China tem vindo a valorizar gradualmente o yuan desde Maio, numa estratégia que poderá reflectir tanto objectivos económicos internos como sinais políticos dirigidos a Washington, segundo um relatório do grupo de reflexão Gavekal Dragonomics.

Desde a trégua comercial com os Estados Unidos alcançada em Maio, o Banco Popular da China (banco central) tem ajustado diariamente a taxa de referência do yuan, fazendo-a subir de 7,19 para 7,13 por dólar até Agosto – uma valorização de cerca de 1 por cento. Mas na última semana de Agosto, a instituição acelerou o ritmo, fortalecendo a taxa em mais 300 pontos-base em apenas cinco sessões, para 7,10 por dólar.

“Se este ritmo se mantiver, o yuan poderá em breve romper a barreira simbólica dos 7 por dólar”, observou a Gavekal Dragonomics.

Segundo o relatório, esta mudança coincide com o discurso do presidente da Reserva Federal dos EUA, Jerome Powell, em Jackson Hole, onde manifestou abertura a um corte de juros. O banco central da China começou a fixar o yuan mais forte logo na segunda-feira seguinte, embora o índice do dólar (DXY) tenha permanecido estável, sugerindo que a decisão chinesa não foi motivada diretamente pelos mercados cambiais.

O ‘think tank’ aponta várias hipóteses para esta decisão. Uma delas é que o banco central chinês espera uma tendência de enfraquecimento do dólar nos próximos meses, à medida que os mercados antecipam taxas de juro mais baixas nos Estados Unidos e possíveis pressões políticas sobre a independência da Fed, por parte da Administração do Presidente Donald Trump.

Outra possibilidade, é que a valorização do yuan sirva para “libertar pressão acumulada” e manter os mercados alinhados com os sinais do PBOC. Isto permitiria, segundo o relatório, cortar juros mais tarde este ano sem gerar desvalorizações abruptas da moeda.

O gesto poderá também ser interpretado como uma tentativa de melhorar o clima nas negociações comerciais com os EUA. “Ao mostrar que não está a desvalorizar o yuan para compensar os efeitos das tarifas norte-americanas, o PBOC ajuda a criar uma atmosfera mais propícia a um eventual acordo”, considera a Gavekal, recordando que o vice-ministro chinês do Comércio, Li Chenggang, esteve em Washington entre 27 e 29 de Agosto.

8 Set 2025

Visita | PM português desde ontem a Pequim

Luís Montenegro chegou ontem a Pequim onde será recebido pelo Presidente chinês, Xi Jinping. Segue depois para o Japão com uma curta passagem por Macau pelo meio

 

O primeiro-ministro português aterrou ontem em Pequim para uma visita oficial à China que se inicia hoje, durante a qual terá um encontro com o Presidente Xi Jinping e passará por Macau, seguindo depois para o Japão.

A deslocação aos dois países, com um total de quatro dias de programa oficial, acontece nove anos depois de o anterior primeiro-ministro, António Costa, ter visitado a China em 2016 e de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter estado no território em 2019.

Integram a comitiva o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, – que terá à chegada um encontro oficial com o seu homólogo chinês – e o ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, além da presidente da AICEP, Madalena Oliveira e Silva.

A agenda oficial da visita do primeiro-ministro arranca hoje, com uma cerimónia de deposição de coroa de flores no monumento aos Heróis do Povo, na Praça Tiananmen, seguindo depois para o Grande Palácio do Povo.

Além do encontro com o Presidente da República Popular da China Xi Jinping – o mais significativo politicamente por o chefe de Estado chinês receber em audiência poucos primeiros-ministros estrangeiros -, Luís Montenegro reunir-se-á antes com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji.

Ao final da tarde, terá uma reunião de trabalho com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, estando prevista uma cerimónia de assinatura de instrumentos jurídicos.

Paragem em Macau

A visita do primeiro-ministro português à China acontecerá na semana seguinte ao encontro em Pequim dos dirigentes chinês, Xi Jinping, russo, Vladimir Putin, e norte-coreano, Kim Jong-un, numa parada militar que assinalou o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico.

Este encontro foi classificado na quarta-feira pela chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, como um “desafio directo” à ordem internacional baseada em regras, que envia “sinais antiocidentais”.

Fonte do gabinete do primeiro-ministro enquadrou a visita de Luís Montenegro à China na “tradição diplomática” de Portugal, já que todos os chefes de Estado e vários primeiros-ministros visitaram este país, a “segunda maior economia do mundo” e membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Além dos encontros políticos “ao mais alto nível”, em termos económicos, o objectivo é melhorar a balança comercial entre os dois países, “fortemente desequilibrada” a favor de Pequim, devendo ser assinados alguns memorandos de entendimento na área agroalimentar.

O primeiro-ministro parte ainda hoje à noite para a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), onde tem prevista agenda na manhã de quarta-feira, seguindo nesse dia para o Japão, com programa em Tóquio e Osaka até sexta-feira, regressando nessa noite a Lisboa.

8 Set 2025

Febre de Chikungunya | Registado terceiro caso local

Um residente com 37 anos e sem qualquer historial de deslocações ao exterior foi identificado como o terceiro caso local de febre de Chikungunya. O anúncio foi feito pelas autoridades ao final de domingo, num comunicado que apenas foi divulgado em chinês, e representa o terceiro caso local desde o início do ano.

De acordo com os Serviços de Saúde, o homem vive na zona da Areia Preta e não deixou o território nas últimas semanas. Além disso, o afirmou que grande parte das suas deslocações são de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Neste período, não visitou qualquer parque público nem fez desporto ao ar livre.

O paciente associou a infecção a uma picada de um mosquito que aconteceu a 2 de Setembro naquela zona. No entanto, os sintomas só surgiram dois dias depois, a 4 de Setembro, quando começou a sentir dores musculares.

No dia 5 de Setembro, foi ao Hospital Kiang Wu, devido aos sintomas e foi diagnosticado no dia seguinte com a febre de Chikungunya, depois de terem sido obtidos os resultados pelo Laboratório Público dos Serviços de Saúde.

As autoridades indicaram que o homem se encontra hospitalizado e numa situação estável. Os familiares do paciente não apresentaram sintomas da doença. Como consequência deste caso local as autoridades vão avançar com acções de extermínio químico dos mosquitos perto da zona da Areia Preta.

8 Set 2025

Qingmao | Mais de 100 milhões de travessias em quatro anos

Em quatro anos, a fronteira de Qingmao foi utilizada para mais de 100 milhões travessias da fronteira entre Macau e o Interior. O número foi apontado pelo jornal Ou Mun, uma vez que ontem se celebrou o quarto aniversário da abertura da fronteira para peões, que apenas pode ser atravessada por pessoas com nacionalidade chinesa.

De acordo com os mesmos dados, esta fronteira tem vindo a registar um crescimento anual superior a 80 por cento. Para a grandeza do número, contribui o facto de a fronteira ter começado a funcionar numa altura em que se vivia a pandemia da Covid-19, com grandes restrições nas deslocações, inclusive com exigência do cumprimento de quarentenas quando eram registados casos tanto em Macau ou como no outro lado da fronteira.

A fronteira está aberta 24 horas por dia e a travessia pode ser feita através dos portões automáticos. No entanto, de acordo com o jornal Ou Mun, as autoridades de Macau e do Interior estão actualmente a ponderar instalar um sistema de máquina única, com o mesmo equipamento a ser utilizado para registar a saída de um território e, ao mesmo tempo, a entrada no outro. Actualmente, este processo está separado em dois momentos, com a necessidade de utilizar um equipamento para registar a saída e outro para assinalar a entrada.

8 Set 2025

Sanções | Deputado japonês proibido de entrar em Macau

O Ministério dos Negócios Estrangeiros Governo Central decretou que o deputado japonês Seki Hei está impedido de entrar em Macau, devido à aplicação de uma sanção relacionada com comentários feitos sobre assuntos como as ilhas disputadas entre a China e o Japão, Taiwan, Xinjiang, Tibete, Hong Kong e eventos históricos. A decisão foi revelada ontem através do portal do MNE, e a proibição de entrada aplica-se igualmente ao Interior da China e a Hong Kong.

Seki Hei nasceu na China, mas naturalizou-se japonês. O MNE criticou também Seki por visitar “abertamente” o templo Yasukini, em Tóquio, que presta homenagem aos soldados japoneses caídos nas guerras em que o Japão participou, incluindo os soldados que participaram na invasão da China e na Segunda Guerra Mundial. O património de Seki nos territórios chineses vai ficar congelado, e empresas e cidadãos chineses ficam proibidos de estabelecer contacto com o político.

8 Set 2025

Eleições | Campanha avança para os últimos dias ao estilo “mpop”

As eleições para a Assembleia Legislativa estão marcadas para o dia 14 e, por isso, a campanha eleitoral está quase a chegar ao fim. Numa reportagem da agência Lusa, contam-se detalhes do “estilo ‘mpop'” da campanha eleitoral, com muita música e pedidos de apoios financeiros à mistura

 

Plateia lotada, todos vestidos com as batas da lista com que concorrem às eleições do próximo dia 14; tambores chineses ao lado do palco e em cima candidatos e apoiantes, vários microfones, música e coreografias. É assim a campanha para as legislativas de Macau, num estilo que se pode chamar de “mpop”.
Os microfones vão mudando de mãos, reproduzindo os mesmos slogans com vozes diferentes, em frases curtas e escalas agudas, que terminam quase todas numa instrução de festa. Nesta altura, os tambores fazem-se ouvir bem alto e a plateia reproduz a última nota ouvida, ao mesmo tempo que agita bem alto o ‘merchandising’ político que lhe é entregue no início do comício: mãos de plástico para bater palmas, números da lista com luzes de led, canudos maleáveis, leques, tudo com a mesma cor forte.

As acções de campanha em Macau, restringidas às últimas duas semanas antes das eleições legislativas para o parlamento local, não contém discursos nos eventos das seis listas que irão eleger 14 dos 33 deputados à Assembleia Legislativa (AL).

Os restantes 12 candidatos são escolhidos através das associações, pela via do sufrágio indirecto, sendo que há ainda sete deputados nomeados pelo Chefe do Executivo, neste caso Sam Hou Fai.

Descrever os eventos de campanha é como um exercício de semelhança a espectáculos musicais, nomeadamente o género “kpop”, entre as listas lideradas por candidatos mais jovens, ou o género “pop old-style”, como se se tratasse de figuras como Elvis ou Olivia Newton John ressuscitados.

As concentrações são constituídas pelos membros das listas e pelas pessoas mobilizadas por estas, uns e outros vestidos com os mesmos uniformes. Mas não há políticos nos palcos e espectadores a ouvi-los.

Nestes eventos, os políticos parecem assumir-se como artistas, mas não há propriamente plateias, porque estas parecem fazer parte da coreografia. Finalmente, há muito pouca gente para além de uns e de outros, isto é, pessoas a assistir que não estejam directamente ligadas às listas.

A abstenção é o grande fantasma que paira por cima de todo o processo, que decorre pela primeira vez sob o enquadramento da nova lei eleitoral de Abril de 2024, que visa “reforçar a implementação do princípio ‘Macau governada por patriotas'”.

Os desafios económicos

Ilia Chou, 40 anos, funcionária do sector financeiro, estava com uma criança e uma amiga a assistir a um destes comícios e parecia ser uma dessas poucas pessoas ali presentes não envolvida na lista que fazia campanha. Aceitou falar com a Lusa depois de já ter falado para outro microfone.
Ilia sentiu-se atraída pela lista que ali estava porque aquelas pessoas têm um “aspecto jovem e comunitário” e estão preocupadas em “oferecer perspectivas de progresso” aos jovens. “Dado o actual clima económico desafiante, enfrentamos uma questão crítica: os nossos jovens têm agora menos opções do que antes. Este aspecto específico é o que mais me atrai nesta iniciativa”, disse.

Mas “outros grupos também falam sobre juventude e emprego, quais são as diferenças? Por que gosta deste grupo em particular?”, perguntámos. “Não os conheço [os outros grupos]. Bem, fui atraída pelos caracteres encantadores desta lista”, respondeu. “Acho esses quatro caracteres bastante encantadores”, acrescentou Ilia, falam em “amor, o título é muito encantador, e a cor é rosa, parece muito acolhedora”.

Os programas políticos são, sem excepção, listas de pedidos a um “pai provedor”, encarnado pelo Executivo, que tem a responsabilidade de gerir uma Reserva Financeira confortável e em crescimento, alimentada pelos impostos pagos pelas seis concessionárias do jogo em Macau.

Os números mostram este conforto. Em Agosto, a Reserva Financeira de Macau, que esteve sempre a crescer durante todo o primeiro semestre, atingiu as 647,3 mil milhões de patacas, e encontrava-se aplicada em investimentos subcontratados, depósitos, contas correntes, e títulos de crédito.

As listas querem que seja também aplicada em iniciativas como a criação de um fundo de desenvolvimento e a reversão de 10 por cento dos lucros para distribuição por todos os cidadãos, querem o aumento das pensões ou mais dinheiro em cupões de consumo, subsídios e licenças de maternidade, querem mais habitação social, querem a gratuitidade da saúde e do ensino superior, ou simplesmente exigem uma maior distribuição anual de dinheiro.

Massas para as massas

Também há outras exigências, como a promoção da diversificação da economia, medidas de apoio à transformação e modernização das Pequenas e Médias Empresas ou desenvolvimento da cidade inteligente, mas a parte mais significativa dos programas das seis listas aponta directamente à distribuição de dinheiro por parte do Governo, sob as mais variadas formas.

Os outros destinatários dos pedidos são as concessionárias de jogo, a que os candidatos se dirigem com avisos de que estão determinados a defender a prioridade dos residentes no acesso aos empregos melhor remunerados.

A taxa de desemprego de Macau está nos 2 por cento e a dos residentes permanentes nos 2,6 por cento. Ou seja, tecnicamente, Macau tem pleno emprego. Porém, como dizia à Lusa um candidato, a questão do emprego não tem a ver com estatísticas, apenas se prende com “percepção”.

E de facto a questão do desemprego, sobretudo dos que acabaram de se licenciar, é uma questão premente dos programas políticos, conforme o HM indicou. É o caso da primeira lista a concorrer pelo sufrágio directo, a “Associação dos Cidadãos Unidos de Macau”, e que é liderada por Song Pek Kei, deputado ligada à comunidade de Fujian, que deu os primeiros passos na política ao lado do empresário Chan Meng Kam.

A lista liderada pela deputada pede, por exemplo, a criação de uma quota para residentes em todas as áreas profissionais, o “apoio ao emprego e empresas locais”, e a garantia de que “85 por cento, ou mais, dos funcionários sejam residentes locais”.

Já a lista Nova Esperança, liderada por José Pereira Coutinho, e um dos poucos macaenses participantes nestas eleições, pede “emprego para todos”, um slogan presente no seu programa eleitoral onde se promete a “prioridade de emprego aos residentes permanentes de Macau nas concessionárias de jogos”.

Quem sai aos seus

As campanhas das listas para o sufrágio indirecto podem parecer mais discretas, mas isso não significa que não haja novidades. Depois de investir na Global Media, em Portugal, e de apostar na área do imobiliário, no Porto, Kevin Ho, sobrinho do primeiro Chefe do Executivo, Edmund Ho, aposta na política local, ao entrar para a lista “União dos Interesses Empresariais de Macau”, liderada por José Chui Sai Peng. Também ele é familiar, neste caso primo, de um anterior Chefe do Executivo da RAEM, Chui Sai On, já afastado da cena política.

No caso destas listas, representativas dos sectores do trabalho, da cultura, educação ou dos interesses empresariais, o emprego é uma preocupação, mas o que os candidatos procuram é um Governo que saiba apoiar as empresas e, finalmente, diversificar a economia.

Assim, na “União dos Interesses Empresariais de Macau”, defende-se “o apoio à transformação digital e de alta tecnologia para modernizar indústrias tradicionais e desenvolver sectores emergentes”. Os candidatos prometem fazer o papel de intermediários entre aqueles que enfrentam dificuldades para se manter neste tecido empresarial e o Executivo, ao “escutar atentamente as dificuldades e reivindicações das indústrias comercial e financeira, especialmente as pequenas e médias empresas”. Os nomes dos sete deputados nomeados ainda não são conhecidos, pois habitualmente a escolha do Chefe do Executivo só é tornada pública depois das eleições. A.S.S. / Lusa

8 Set 2025

Tufão | “Tapah” traz chuvas e ventos fortes até amanhã

Já está içado desde as 15h o sinal 3 de tempestade tropical a propósito da passagem do ciclone tropical “Tapah”.

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) estimam que o tempo deverá manter-se instável até ao dia de amanhã, tendo em conta a “influência de uma banda de chuva externa do sistema tropical”, pelo que continuam os aguaceiros e trovoadas. Haverá também “ventos ocasionais de níveis 6 ou 7, com rajadas”.

Os SMG destacam numa nota que apesar do “Tapah” estar a seguir a sua trajectória a caminho da China, afastando-se de Macau, “o tempo vai continuar instável entre hoje e o início da manhã de amanhã”, terça-feira. Além disso, espera-se que os aguaceiros diminuam esta semana, pelo que o “tempo vai voltar a ser ensolarado e muito quente”.

O “Tapah” foi o nono ciclone tropical a afectar Macau este ano, tendo estado 18 horas em vigor. Os SMG esclarecem que “a última vez que houve nove tempestades tropicais a afectar Macau no mesmo ano foi em 1993”.

8 Set 2025

“Tapah” | Possibilidade “relativamente baixa” de ser içado sinal 9 de tempestade

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) consideram “relativamente baixa” a possibilidade de vir a ser içado o sinal 9 de tempestade devido à passagem do ciclone tropical severo “Tapah”. De frisar que o sinal 8 de tempestade foi içado. Os SMG explicam ainda que o “Tapah” está “localizado na parte norte do Mar do Sul da China, continuando a deslocar-se no sentido de norte a noroeste, em direcção à costa oeste de Guangdong”, esperando-se que se intensifique “gradualmente”.

Assim, o ciclone vai “passar o ponto mais próximo do território, a cerca de 130 quilómetros a sudoeste de Macau”, sendo que o vento “vai intensificar-se ainda mais, poderá atingir os níveis de 8 a 9, e ser acompanhado de aguaceiros fortes e trovoadas”.

Esta segunda-feira deverão ocorrer inundações no Porto Interior, com uma altura de 0,5 a 1 metro, “devido à maré astronómica nos próximos dias e ao impacto do aviso ‘Storm Surge'”, mantendo-se em vigor o aviso amarelo de “Storm Surge”. Há a possibilidade deste passar a laranja, sendo uma possibilidade “que não pode ser completamente excluída”, avisam os SMG, uma vez que o “Tapah” ainda pode se aproximar mais da foz do Rio das Pérolas e intensificar-se.

8 Set 2025

Japão | PM s Shigeru Ishiba anuncia demissão por derrota nas eleições de julho

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, decidiu demitir-se na sequência de crescentes apelos do seu partido para que assuma a responsabilidade pela grande derrota nas eleições legislativas de Julho, avançou ontem a imprensa local.

A televisão NHK adiantou que Ishiba quer evitar divisões dentro do partido, enquanto o jornal Asahi Shimbun afirmou que o primeiro-ministro já não conseguia resistir aos crescentes pedidos de demissão. Ishiba, que assumiu o cargo em Outubro, resistia às exigências dos seus opositores, maioritariamente de direita e do seu próprio partido, há mais de um mês.

A decisão do primeiro-ministro japonês acontece um dia antes de o seu Partido Liberal Democrata decidir se realiza uma eleição antecipada para a liderança caso seja aprovada uma moção de censura contra Ishiba.

Em Julho, a coligação governamental de Ishiba falhou o objectivo de conseguir a maioria da câmara alta do parlamento, tendo o Partido Liberal Democrata e o parceiro Komeito conseguido apenas 46 dos 50 lugares que tinham como meta, para se juntar aos 75 lugares que já tinham.

Estas eleições eram tidas como um teste para o primeiro-ministro, que governava em minoria depois de ter perdido o controlo da câmara baixa do parlamento, a Câmara dos Representantes, nas eleições gerais antecipadas de Outubro de 2024.

O descontentamento público com o aumento do custo de vida, que os aumentos salariais não conseguiram resolver, esteve no centro da campanha, com Ishiba a prometer distribuir 20 mil ienes (cerca de 120 euros) a cada residente.

8 Set 2025

Japonês de 102 anos torna-se a pessoa mais velha a escalar o Monte Fuji

Kokichi Akuzawa quase desistiu durante a caminhada para se tornar a pessoa mais velha a escalar o Monte Fuji aos 102 anos, um feito recentemente reconhecido pelo Guinness World Records após a chegada ao topo, no início de agosto.

“Fiquei realmente tentado a desistir a meio. Chegar ao cume foi difícil, mas os meus amigos incentivaram-me e correu tudo bem. Consegui chegar ao topo porque muitas pessoas me apoiaram”, contou Akuzawa à agência Associated Press (AP) depois da subida.

Akuzawa escalou com a filha Motoe, de 70 anos, a neta, o marido desta e quatro amigos de um clube de escalada local. O grupo de escalada acampou durante duas noites no trilho antes da subida ao topo da montanha mais alta do Japão, que atinge os 3.776 metros, em 5 de agosto.

“Estou impressionado por ter escalado tão bem”, frisou, comunicando com a ajuda da filha Yukiko, de 75 anos, que repetia perguntas ao ouvido do pai por este ter problemas de audição. Akuzawa acrescentou que, na sua idade, não considera nenhuma montanha como garantida: “É melhor escalar enquanto se pode”, apontou.

A viagem não foi a primeira subida recorde de Akuzawa ao Monte Fuji. Tinha 96 anos quando se tornou a pessoa mais velha a escalar a montanha mais famosa do país. Nos seis anos seguintes, superou problemas cardíacos, herpes-zóster (zona) e dores de uma queda na escalada.

Akuzawa passou três meses a treinar antes da escalada do Fuji, acordando às 5 da manhã para caminhadas de uma hora e escalando aproximadamente uma montanha por semana, principalmente em redor da região de Nagano, a oeste de Gunma, no centro do Japão.

Outras artes

Rodeado de familiares e pinturas emolduradas de montanhas na sua casa em Maebashi, a cerca de 241 quilómetros a noroeste de Tóquio, Akuzawa recordou o que o atraiu para as montanhas há 88 anos.

Embora a magia de chegar ao cume seja inegável, foram as pessoas que o fizeram regressar. “Eu escalo porque gosto. É fácil fazer amigos na montanha”, sublinhou.

Akuzawa era um aluno competente e trabalhou como engenheiro de projecto de motores e, mais tarde, como inseminador artificial de gado, profissão que manteve até aos 85 anos, segundo a sua família. Questionado sobre se pretende escalar novamente o Monte Fugi, o japonês destacou que gostava de “escalar para sempre”, mas duvida que consiga novamente o feito.

“Estou agora ao nível do Monte Akagi”, um cume próximo com cerca de metade da altura do Fuji, com um pico de 1.828 metros. Actualmente, Akuzawa passa as manhãs como voluntário num centro de cuidados a idosos e a dar aulas de pintura no seu estúdio em casa.

O montanhismo e a pintura exigem tempo e dedicação, mas ambos oferecem paz, salientou. As filhas de Akuzawa querem que ele pinte o Monte Fuji ao nascer do sol como a próxima adição às representações de cadeias de montanhas que cobrem as paredes da sua sala de estar.

8 Set 2025

Ucrânia | China “opõe-se firmemente” a qualquer pressão dos EUA ou da Europa

A China disse sexta-feira opor-se a qualquer tipo de coerção, depois dos Estados Unidos terem pedido aos líderes europeus para aumentar a pressão económica sobre Pequim devido ao alegado apoio à máquina de guerra russa.

A China “opõe-se firmemente às chamadas pressões económicas” contra o país, tal como “se opõe à tendência de ser invocada para tudo”, declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun, em conferência de imprensa em Pequim. “A China não está na origem desta crise, nem é parte envolvida”, sublinhou.

Pequim reagia a declarações feitas na véspera pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, que instou a UE a “pressionar economicamente a China pelo apoio ao esforço de guerra da Rússia” na Ucrânia, de acordo com um responsável da Casa Branca.

O porta-voz escusou-se a comentar a recente decisão da Casa Branca de passar a referir o Departamento de Defesa como “Ministério da Guerra”, por considerar tratar-se de “um assunto interno dos Estados Unidos”.

8 Set 2025

Tribunal de Hong Kong rejeita recurso de português condenado por subversão

Um tribunal de Hong Kong rejeitou sexta-feira um pedido apresentado pelo cidadão português Joseph John para tentar recorrer da pena de cinco anos de prisão a que foi condenado pelo crime de incitação à subversão.

De acordo com a imprensa local, três juízes de um tribunal intermédio, Jeremy Poon, Derek Pang e Anthea Pang, negaram o pedido, apresentado em Maio, para enviar um recurso para o Tribunal de Última Instância.

Em Abril de 2024, a justiça de Hong Kong condenou Joseph John a cinco anos de prisão pelo crime de incitação à subversão, no primeiro caso de segurança nacional a envolver um arguido com dupla nacionalidade. A lei de segurança nacional foi promulgada em 2020 por Pequim, para pôr fim à dissidência na região semiautónoma chinesa.

Mais tarde, o advogado do português, Randy Shek Shu Ming, pediu ao Tribunal de Recurso que reduzisse a pena para quatro anos e quatro meses, sublinhando que Joseph John se tinha declarado culpado. Randy Shek é conhecido em Hong Kong por defender arguidos ligados aos protestos de 2019, um dos maiores desafios às autoridades de Pequim desde a transferência de poder.

Mas, em Abril passado, o Tribunal de Recurso recusou o pedido da defesa do português, concluindo que qualquer crime ligado à segurança nacional que seja classificado como “sério” implica uma pena mínima de cinco anos.

Os juízes do Tribunal de Recurso citaram uma sentença de 2023 do Tribunal de Última Instância como base para esta decisão.

Na decisão de sexta-feira, os três juízes do mesmo tribunal usaram a mesma justificação para rejeitar o recurso de Joseph John, também conhecido como Wong Kin Chung. O português tem como última opção apresentar um pedido directamente junto do Tribunal de Última Instância, que conta entre os seus juízes com o lusodescendente Roberto Ribeiro.

Apelos à independência

Joseph John, funcionário do Royal College of Music, no Reino Unido, está detido desde o final de Outubro de 2022 e, caso a pena se mantenha inalterada, poderá sair em liberdade no final de 2027.

Entre Julho de 2020 e Novembro de 2022, o português fez 42 publicações nos perfis em redes sociais e na página da Internet do Partido para a Independência de Hong Kong, dos quais era um dos administradores.

A organização foi fundada no Reino Unido em 2015, mas a comissão eleitoral britânica revogou o estatuto de partido político em 2018. O português pediu a Londres para declarar que a China estaria a “ocupar ilegalmente” Hong Kong, assim como apelou ao Reino Unido e aos Estados Unidos para enviarem tropas para a antiga colónia britânica, cujo controlo passou para Pequim em 1997.

Joseph John defendeu também “uma invasão” da cidade vizinha de Shenzhen, para libertar 12 activistas de Hong Kong que tinham tentado fugir de barco para Taiwan, grupo que incluía Kok Tsz-Lun, com dupla nacionalidade portuguesa e chinesa.

8 Set 2025

Kim garante a Xi vontade “inabalável” de desenvolver relações bilaterais

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, expressou ao Presidente da China, Xi Jinping, a “vontade inabalável” de aprofundar as relações entre os dois países, informou sexta-feira a imprensa oficial norte-coreana.

De acordo com a agência de notícias KCNA, o dirigente norte-coreano declarou que “os sentimentos de amizade entre a República Popular Democrática da Coreia e a China não mudarão, aconteça o que acontecer no cenário internacional”.

“A vontade do Partido dos Trabalhadores da Coreia [partido único] e do Governo da RPDC [sigla oficial da Coreia do Norte] de desenvolver continuamente as relações com a China é inabalável”, afirmou Kim, durante o encontro bilateral realizado em Pequim, na quinta-feira.

No dia anterior, o líder norte-coreano reuniu-se, também na capital chinesa, com o Presidente russo, Vladimir Putin.

Horas antes, Kim participou, ao lado de Xi e Putin, no desfile militar realizado na Praça Tiananmen, em Pequim, por ocasião do 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico – um gesto simbólico que gerou críticas do Ocidente.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, acusou os três líderes de “conspirarem contra os Estados Unidos”, enquanto a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, classificou o encontro como um “desafio directo” à ordem internacional.

Ainda segundo a KCNA, Kim garantiu que Pyongyang continuará a apoiar “invariavelmente” os esforços da China para defender a sua soberania, integridade territorial e interesses nacionais. Xi Jinping reafirmou que a vontade da China de aprofundar os laços com a Coreia do Norte “permanecerá inalterada, independentemente das mudanças no cenário global”.

“A amizade entre os povos da Coreia do Norte e da China permanece constante, independentemente das mudanças no mundo”, declarou Kim, elogiando ainda o “acolhimento caloroso” recebido em Pequim, de acordo com imagens divulgadas pela televisão estatal chinesa CCTV.

Apita o comboio

A reunião entre Kim e Xi foi a primeira desde 2019. Os dois países mantêm relações estreitas desde a Guerra da Coreia (1950-1953), na qual Pequim apoiou militarmente Pyongyang.

Apesar do apoio político, diplomático e económico da China ser crucial para o regime da Coreia do Norte, o crescente alinhamento de Kim com Moscovo, no contexto da guerra na Ucrânia, é visto com reservas por analistas chineses.

Kim chegou a Pequim na terça-feira, acompanhado pela filha, Kim Ju-ae, e pela irmã, Kim Yo-jong. Esta foi a sua segunda viagem ao estrangeiro em seis anos e a primeira à China desde 2019. O comboio blindado do líder norte-coreano foi visto a abandonar Pequim na noite de quinta-feira.

8 Set 2025

Corrupção | Investigado ex-regulador dos mercados bolsistas

Mais um “tigre” que cai em desgraça. Yi Huiman, que chegou a ser presidente do banco estatal ICBC, é acusado de ter cometido infracções graves à lei

 

As autoridades da China estão a investigar Yi Huiman, ex-presidente do regulador dos mercados bolsistas, por “graves violações da disciplina e das leis”, anunciou sábado o órgão anticorrupção do Partido Comunista. De acordo com um breve comunicado publicado no portal na Internet da Comissão Central de Inspecção Disciplinar, o dirigente de 60 anos enfrenta “uma revisão disciplinar e uma investigação de supervisão”.

Yi, que teve uma longa carreira no sector bancário e chegou a ser presidente do banco estatal ICBC — o maior banco do mundo em volume de activos —, era actualmente vice-director do comité económico da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, um importante órgão consultivo do Governo.

O jornal de Hong Kong South China Morning Post refere que Yi seria o segundo chefe da Comissão de Regulação dos Valores Mobiliários da China (CSRC, na sigla em inglês) a ser investigado por corrupção na última década, após ter sido o terceiro a ser demitido desde 2016.

Yi Huiman foi substituído em Fevereiro de 2024, após meses de turbulência em que os mercados de acções chineses caíram, causando perdas no valor de biliões de euros aos investidores.

O antecessor, Liu Shiyu, foi demitido em 2019 e posteriormente investigado por alegadamente aceitar presentes e dinheiro, assim como por promover vendas de ações de empresas da sua cidade natal. Liu tinha assumido o cargo após Xiao Gang ter sido demitido em 2016, devido à queda bolsista do ano anterior, no qual os mercados chineses perderam quase três biliões de euros.

“A CSRC é mais do que um regulador do mercado bolsista na China, pois há muito que é responsável pela protecção dos interesses dos pequenos investidores que investem as suas poupanças no mercado bolsista”, explica Ding Haifeng, da empresa de consultoria financeira Integrity.

Sem tréguas

Em 2024, a China sancionou mais de 889 mil funcionários públicos por violações disciplinares. Este ano, as autoridades anunciaram investigações por corrupção a vários executivos de grandes empresas públicas e a um antigo alto funcionário do principal organismo de planeamento económico.

Pequim condenou ainda à pena de morte, com suspensão condicional da pena, um antigo executivo da comissão de gestão dos ativos estatais. Esta etapa da campanha anticorrupção surge depois de o líder chinês Xi Jinping, ter afirmado que o país deve tornar-se uma “superpotência financeira”, face ao risco de isolamento dos Estados Unidos.

Após assumir o poder, em 2012, Xi iniciou uma campanha na qual vários altos dirigentes, tanto governamentais como de empresas estatais, foram condenados por aceitarem subornos multimilionários. Nos últimos meses, a campanha expandiu-se para sectores como o tabaco e os produtos farmacêuticos.

8 Set 2025

FIMM | Cuca Roseta actua ao lado da Orquestra Chinesa de Macau

O cartaz do Festival Internacional de Música de Macau deste ano traz a fadista portuguesa Cuca Roseta, que sobe aos palcos ao lado da Orquestra Chinesa de Macau, numa fusão de sonoridades que já não é novidade em Macau. Destaque também para a ópera “Carmen”, do francês Georges Bizet

 

O Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) conta, pela terceira edição consecutiva, com uma fadista. Desta feita, a eleita é Cuca Roseta que vai actuar acompanhada pela Orquestra Chinesa de Macau (OCM), tal como Mariza em 2024, anunciou a organização na sexta-feira.

O Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe, a 11 de Outubro, a lisboeta de 43 anos, descrita num comunicado como uma “diva portuguesa do fado” pelo Instituto Cultural (IC), que organiza o festival. O programa do FIMM sublinha que o concerto “materializa um intercâmbio cultural”, entre a “rica herança cultural” da OCM e as “influências de jazz, bossa nova e músicas do mundo” no estilo de Cuca Roseta.

O FIMM voltou aos palcos em 2022, após um interregno de dois anos devido à pandemia, com um programa que incluía dois espectáculos de convidados estrangeiros, um dos quais do português António Zambujo, mas apenas através de actuações gravadas.

O regresso dos artistas estrangeiros aconteceu em 2023, após o fim das restrições à entrada na região, num programa que incluiu um concerto de Gisela João. No ano passado, foi a vez de Mariza actuar com a OCM.

A orquestra foi criada ainda durante a administração portuguesa de Macau, em 1987 – ano em que decorreu também a primeira edição do FIMM – e utiliza instrumentos tradicionais chineses. Desde então já realizou concertos com músicos portugueses, incluindo os fadistas (e irmãos) Camané e Hélder Moutinho, o guitarrista Custódio Castelo e o grupo Ala dos Namorados.

Regresso de “Carmen”

O FIMM arranca em 3 de Outubro, com a ópera clássica do francês Georges Bizet (1838-1875) “Carmen”, que será levada à cena pela Ópera de Zurique e pela Opéra Comique de Paris, sob a batuta do maestro norueguês Eivind Gullberg Jensen. O espectáculo inclui ainda uma colaboração com a Orquestra de Macau, o Coro da Orquestra Sinfónica Nacional da China e o Coro Juvenil de Macau.

O programa do festival apresenta ainda dois concertos com obras de Xian Xinghai (1905-1945), um compositor nascido em Macau e conhecido por escrever músicas patrióticas durante a luta contra a invasão japonesa, a partir de 1937.

Os dois concertos, em 18 de Outubro e 7 de Novembro, irão comemorar não apenas os 120 anos do nascimento de Xian Xinghai, mas também o 80.º aniversario do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico.

Em 31 de Outubro, será a vez de “Duetos nas Pontas dos Dedos”, que juntará em palco um casal russo, a bailariana Svetlana Zakharova e o violinista Vadim Repin, acompanhados de vários bailarinos principais do Ballet Bolshoi, com sede em Moscovo.

Mahler e Rachmaninoff

Destaque também para o espectáculo “Thomas Hampson Canta Mahler”, marcado para o dia 16 de Outubro, às 20h, naquela que promete ser “uma noite de enorme mestria artística pela voz de Thomas Hampson, barítono mundialmente reconhecido, num recital dedicado às evocativas canções (lieder) de Gustav Mahler”.

Segundo a programação do festival, há muito que Hampson “é saudado como um dos maiores intérpretes vocais do compositor austro-boémio”, participando agora no FIMM com um repertório “de inigualável visão emocional, elegância vocal e profundidade intelectual”.

“Neste recital, Hampson explora uma selecção das canções mais apreciadas, joias únicas na obra do compositor, a maioria delas relacionadas com a lendária ‘Des Knaben Wunderhorn’ (A Trompa Mágica do Rapaz). A interpretação de Hampson ilumina a poesia minuciosa e complexa que define a arte do grande mestre. Mergulhemos na alma da música de Mahler, usufruindo de um momento que promete ser um ponto alto deste festival, uma celebração do poder eterno das canções”, descreve-se no cartaz do evento.

Com o apoio da Melco decorre também outro concerto de música clássica, mas desta vez dedicado a um compositor russo, Rachmaninoff. O espectáculo “Mikhail Pletnev e a Orquestra Internacional Rachmaninoff” sobem ao palco do grande auditório do CCM nos dias 25 e 26 de Outubro, a partir das 20h.

No dia 8 de Novembro é a vez do mesmo palco receber a actuação “As Quatro Estações – Daniel Hope e a Orquestra do Festival de Gstaad”, a partir das 20h.

O programa é composto pelas composições de Vivaldi e Max Richter, nomeadamente com as “Quatro Estações”, originalmente composto pelo primeiro, e depois “Recomposto – As Quatro Estações de Vivaldi”, uma homenagem do segundo.

Descreve o cartaz do FIMM que “quando o primor barroco de Antonio Vivaldi se funde com a reinvenção pós-moderna de Max Richter, nasce uma intemporal celebração da beleza e da inovação”, sendo que a versão de Richter consiste numa “ousada transformação do original de Vivaldi”.

Ainda assim, Max Richter, compositor germano-britânico, usou “uma linguagem musical distinta, tendo reconstruindo a obra inspirado pelo minimalismo, nas texturas pós-clássicas e na música electrónica”. Neste trabalho de composição, “as melodias da composição de Vivaldi emergem, desaparecem e reaparecem inesperadamente, criando uma paisagem sónica que é ao mesmo tempo assombrosamente familiar e surpreendentemente nova”.

Daniel Hope é também figura central deste concerto “enquanto intérprete fluente e conhecedor da obra de Richter”, distinguido-se “pela virtuosidade expressiva e interpretações arrojadas, trazendo à peça uma intimidade e autoridade inigualáveis”.

O FIMM conta ainda com 14 actividades do Festival Extra, incluindo palestras e ‘masterclasses’. De acordo com a imprensa local, tem este ano um orçamento de 25,5 milhões de patacas, menos 22,7 por cento do que em 2024.

8 Set 2025

Burla | “Namoro” online custou 700 mil patacas

Um homem perdeu 700 mil patacas, depois de ter feito vários pagamentos com a esperança de receber serviços sexuais de uma mulher que conheceu online. O caso foi relatado pela Polícia Judiciária (PJ) e citado ontem pelo jornal Ou Mun.

O residente é um homem de “meia idade” que conheceu a alegada mulher em Junho deste ano, através de uma aplicação de encontros. Depois de algumas semanas de conversa, a mulher disponibilizou-se para sair com o homem e fornecer-lhe “serviços sexuais” em troca de dinheiro. O homem concordou com a proposta e fez uma transferência bancária para a mulher.

Contudo, esta afirmou sempre que nunca tinha recebido o dinheiro. O homem foi repetindo as transferências entre 17 e 30 de Junho até atingir 700 mil patacas. Nessa altura, o residente suspeitou que tinha sido burlado e apresentou queixa. As PJ está a investigar o caso, mas não realizou qualquer detenção.

Violência Doméstica | Luta em habitação resulta em dois feridos

O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) foi chamado a intervir depois de uma alegada luta numa habitação, que terminou com dois feridos. O caso foi registado por volta do meio-dia, na Rua da Praia do Manduco, quando depois de se terem ouvido gritos a mulher foi vista a sair do prédio com feridas nas costas. As autoridades foram chamadas ao local, e a mulher foi transportada para o hospital.

Também o homem teve de ser transportado para o hospital. Os dois apresentam ferimentos ligeiros, embora à hora de fecho desta edição não houvesse pormenores sobre as lesões de ambos. A troca de agressões terá envolvido a utilização de armas brancas pelo que o caso está a ser investigado pelas autoridades.

Crime | Homem burlado em 300 mil patacas

Um homem local “de meia idade” foi burlado em 300 mil patacas, depois de ter sido convencido por burlões que estava a ser investigado no Interior. De acordo com a informação da Polícia Judiciária (PJ), os burlões ligaram ao homem a fazerem-se passar pelas autoridades do Interior.

Durante a chamada acusaram-no de ter praticado burlas no Interior e disseram-lhe que estava a ser investigado. Para prosseguir com a investigação, pediram ao homem que fornecesse os seus dados bancários, que permitiam aceder às suas contas.

O homem não desconfiou de nada, acreditou que estava a ser investigado e revelou a informação pedida. Contudo, dois dias depois da chamada telefónica verificou que tinham sido retiradas 300 mil patacas da sua conta. Após a transferência bancária, apresentou queixa junto da Polícia Judiciária.

8 Set 2025