China / Índia | Pequim saúda “dinâmica positiva” das relações

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, em visita a Nova Deli, felicitou o seu homólogo indiano pela actual “dinâmica positiva” das relações bilaterais, apesar de um conflito fronteiriço, informou ontem Pequim.

Os dois países mais populosos do mundo, que juntos representam mais de 2,8 mil milhões de habitantes, travam uma luta por influência no sul da Ásia, para além de uma disputa na fronteira comum nos Himalaias, que em 2020, evoluiu para combates mortais.

As tensões têm sido gradualmente amenizadas através de um diálogo entre militares e diplomatas, e a imposição de direitos aduaneiros pelo presidente norte-americano, Donald Trump, ao comércio dos Estados Unidos com os dois países está a ajudar a reaproximação de Pequim e Nova Deli.

“As relações sino-indianas apresentam uma dinâmica positiva no sentido de um regresso à via da cooperação”, declarou na segunda-feira Wang Yi, em visita à Índia, ao seu homólogo indiano Subrahmanyam Jaishankar, de acordo com um comunicado do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros publicado ontem.

Os dois países “retomaram gradualmente as trocas e o diálogo a todos os níveis, mantendo a paz e a tranquilidade nas zonas fronteiriças”, acrescenta o texto.

A retoma das relações comerciais na fronteira dos Himalaias está no topo da agenda da visita de Wang Yi. Esse passo acrescentar-se-ia, enquanto símbolo decisivo, aos anúncios sobre o reinício dos voos directos e a emissão de vistos turísticos entre os dois países.

As duas partes devem “aprender com as experiências” do passado e “considerar-se mutuamente como parceiros perante as oportunidades, em vez de adversários ou ameaças”, defendeu Wang Yi. O chefe da diplomacia chinesa deve reunir-se com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, durante a estadia na Índia.

20 Ago 2025

Japão | Moçambique e Cabo Verde em conferência sobre África

O Presidente de Moçambique e o primeiro-ministro de Cabo Verde são alguns dos dirigentes africanos que participam na 9.ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África (TICAD 9), que decorre esta semana em Yokohama.

Com o tema ‘Fortalecimento das parcerias para o desenvolvimento sustentável do continente africano’, a conferência reúne dezenas de personalidades políticas, académicas e financeiras, incluindo o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para debater o apoio do Japão ao desenvolvimento africano, e é organizada pelo Governo nipónico e pelo Banco Mundial.

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, lidera a delegação que é composta, entre outros, pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, do Transporte e Logística, dos Recursos Minerais e Energia, e da Saúde.

“À margem da cimeira, o Presidente da República irá manter encontros com o primeiro-ministro do Japão, entidades de instituições governamentais, parlamentares e responsáveis de empresas japonesas com interesses em Moçambique, bem assim com a comunidade moçambicana residente no Japão”, lê-se na nota enviada à imprensa pela presidência moçambicana.

Também Cabo Verde estará representado a alto nível, com a presença do primeiro-ministro, José Ulisses Correia e Silva, que vai intervir no evento temático sobre ‘Construir um Sistema Alimentar Resiliente e uma Economia Local em África, ancorada na Economia Azul e na Agricultura’, organizado pela Sasakawa Peace Foundation, e que contará também com a participação do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba.

“Este evento visa reforçar a cooperação internacional em sectores estratégicos como a economia azul sustentável, a gestão de recursos marinhos e a agricultura, áreas nas quais Cabo Verde e Japão podem assumir liderança a nível regional e internacional”, lê-se no comunicado do governo de Cabo Verde, no qual se aponta que o chefe de governo manterá também vários “encontros bilaterais, incluindo uma reunião com o seu homólogo japonês”.

Acordos na mesa

De acordo com a imprensa japonesa, o governo e empresas locais deverão assinar mais de 300 memorandos de entendimento com os responsáveis políticos e líderes empresariais africanos que se deslocaram a Yokohama, nos arredores de Tóquio, para participar na conferência.

De acordo com a agência de notícias Nikkei, estes memorandos têm como objectivo ajudar os governos das nações africanas a importar produtos japoneses em várias áreas, incluindo a saúde e a agricultura, através da redução ou até isenção de tarifas.

Num artigo de opinião publicado na revista African Business, o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, defendeu que a TICAD é mais do que um fórum, “é uma plataforma vibrante e viva para forjar parcerias mais profundas, gerar soluções inovadoras e construir uma visão comum para um futuro próspero e sustentável para a África e o mundo”.

No artigo, o chefe do Executivo nipónico aponta três objectivos para o encontro: impulsionar o crescimento económico sustentável através da liderança do setor privado, capacitar jovens e mulheres, e fortalecer a integração regional e a conectividade.

A TICAD decorre de quarta-feira a sexta-feira, com dezenas de encontros e debates sobre o desenvolvimento de África.

20 Ago 2025

China | Li Qiang quer reforço de estímulos ao consumo e investimento

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, instou o Executivo do país a tomar mais medidas para “impulsionar o consumo e o investimento”, num momento em que a economia do país procura cumprir a meta de crescimento anual de 5 por cento.

“Devemos reconhecer as conquistas alcançadas com esforço e a sólida resiliência e dinamismo da nossa economia, o que reforça a confiança, mas, ao mesmo tempo, devemos reconhecer os riscos e desafios que enfrentamos num ambiente externo complexo”, afirmou Li na segunda-feira, numa reunião do Executivo, citado pela agência estatal Xinhua.

São necessárias mais medidas para impulsionar o consumo e o investimento, afirma Li, mencionando especificamente “a necessidade de estabilizar ainda mais o mercado imobiliário”.

Além disso, o chefe do Governo de Pequim pediu medidas para “consolidar a tendência estabilizadora actual” e “estimular a procura de imóveis através de projectos de renovação urbana, incluindo a renovação de habitações deterioradas”.

O primeiro-ministro também exortou a esforços redobrados para impulsionar o consumo, eliminando as restrições aos gastos e acelerando o desenvolvimento de novos motores de crescimento, como o sector de serviços e outras novas formas de consumo.

No final de julho, o Partido Comunista Chinês (PCC) comprometeu-se a “continuar a reforçar” a política macroeconómica no restante de 2025, pedindo o reforço das medidas “quando necessário”.

Nessa reunião, em que participou o Presidente chinês e secretário-geral do PCC, Xi Jinping, o partido acrescentou que “os fundamentos do comércio externo e do investimento serão estabilizados” e que “será dado apoio às empresas gravemente afectadas pelas recentes crises da economia mundial”.

Riscos globais

O PCC instou ainda a que fosse libertado “eficazmente o potencial da procura interna, uma das prioridades de Pequim, através de “medidas específicas para impulsionar o consumo, melhorar as condições de vida da população e dinamizar o investimento privado”.

Da mesma forma, o Banco Popular da China (BPC, banco central) pediu em Maio passado uma maior coordenação entre as políticas monetárias, fiscais e sociais com o objetivo de impulsionar os preços e fortalecer o consumo, no contexto de uma prolongada pressão em baixa sobre os principais indicadores de inflação.

Embora, segundo os dados oficiais, o PIB da China tenha crescido 5,2 por cento no segundo trimestre em termos homólogos, a recuperação ainda enfrenta riscos.

A guerra comercial com os Estados Unidos, a baixa procura nacional e internacional, juntamente com os riscos de deflação, estímulos insuficientes, e crise imobiliária que ainda não atingiu o fundo, ou ainda uma falta de confiança por parte dos consumidores são algumas das causas apontadas pelos analistas para explicar uma recuperação menos brilhante do que o esperado após os anos do “zero covid”.

20 Ago 2025

Ucrânia | China reitera apoio a todos os esforços de paz

A China reafirmou ontem o apoio a todos os esforços a favor da paz, após as conversações em Washington sobre a Ucrânia e o anúncio de uma possível cimeira entre os presidentes ucraniano e russo.

“A China esteve sempre convencida de que o diálogo e a negociação eram a única via viável para resolver a crise ucraniana”, declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning. “Apoiamos todos os esforços em prol da paz”, reiterou Mao durante uma conferência de imprensa em Pequim, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).

A porta-voz da diplomacia chinesa comentava as conversações de segunda-feira em Washington entre os presidentes norte-americano, Donald Trump, e ucraniano, Volodymyr Zelensky, com a participação de líderes europeus e da NATO. As conversações focam-se sobretudo na questão das garantias de segurança para a Ucrânia.

Trump anunciou no final que estava a preparar uma cimeira entre Zelensky e o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, com quem falou ao telefone durante as conversações. A reunião na Casa Branca (presidência) seguiu-se à cimeira do Alasca, na sexta-feira, entre Trump e Putin.

No encontro regular com a imprensa, Mao Ning reafirmou que a China não é parte directa na guerra na Ucrânia, uma ideia que Pequim tem repetido desde o início do conflito, em Fevereiro de 2022, apesar da proximidade com Moscovo.

“A China não é a criadora da crise na Ucrânia, nem uma parte directamente envolvida”, afirmou Mao, também citada pela agência de notícias espanhola EFE.

Clareza e coerência

A porta-voz da diplomacia chinesa disse que, desde o primeiro dia, a China manteve “uma posição coerente e clara a favor do diálogo e das conversações de paz”. Acrescentou que o Presidente Xi Jinping definiu os “quatro deveres” que norteiam a postura internacional da China, incluindo em relação ao conflito na Ucrânia.

Trata-se do respeito pela soberania e integridade territorial de todos os países, do cumprimento dos princípios da Carta das Nações Unidas, da consideração das preocupações legítimas de segurança de cada parte e do apoio a todos os esforços que favoreçam a resolução pacífica.

Tais princípios têm hoje “um significado ainda mais prático”, afirmou. Mao evitou comentar a hipótese levantada após as conversações de Washington de a próxima reunião sobre a Ucrânia se realizar na China e as eventuais garantias de segurança num futuro acordo de paz. As comunicações entre os presidentes Xi e Putin são “fluidas e abertas”, respondeu apenas.

20 Ago 2025

Livros | Associação defende feira internacional em Macau

Lam Fat Iam, presidente da Associação de Publicações de Ensino Cultural de Macau defende, segundo o jornal Ou Mun, que o território deveria ter uma feira do livro de cariz internacional, lamentando que Macau não tenha influência a nível regional no mercado livreiro.

O responsável deu os exemplos da Feira do Livro de Hong Kong ou do Festival do Livro do Sul da China como dois eventos bem conhecidos da região, afirmando que a RAEM deveria procurar, no futuro, criar uma parceria com Hengqin a fim de, em conjunto, se criar uma feira do livro mais internacional, para enriquecer a leitura na zona da Grande Baía.

Além disso, Lam Fat Iam espera que possa haver uma maior cooperação entre os sectores livreiros de Macau e Hong Kong com o Festival do Livro do Sul da China para que a cobertura, em termos de público e de títulos, seja mais abrangente e haja um maior espaço à internacionalização. Lam Fat Iam recordou que em 2016, pela primeira vez, o Festival do Livro do Sul da China criou um pavilhão de Macau, que atraiu mais de 100 mil visitantes. Até o início deste ano, o número de colecções da Biblioteca Pública já ultrapassou um milhão, aumentando 43 por cento em comparação a 1999.

20 Ago 2025

ZAPE | Samuel Tong defende continuidade da feira

O presidente do Instituto de Gestão de Macau, Samuel Tong, defende a continuidade da feira “ZAPE com Sabores”, tendo elogiado a eficácia com que o evento foi organizado. Segundo o jornal Ou Mun, o académico defende também que o Governo deve corrigir as falhas que possam ter sido registadas nesta primeira edição da feira e melhorar a organização.

Para Samuel Tong, a “ZAPE com Sabores” mostrou o efeito positivo na transformação, a título experimental, da economia comunitária dessa zona, uma vez que nos dois primeiros dias do evento registaram-se 25 mil visitantes. Porém, Samuel Tong destacou que alguns comerciantes, nomeadamente farmácias, casas de penhores ou lojas de roupa talvez não tenham beneficiado com o evento, pelo que defende que o Executivo deve pensar em medidas para resolver este problema no futuro.

Além disso, o académico defende que o espaço da feira deve ser alargado com ligação à Praça Flor de Lótus, ao Museu do Grande Prémio e ao Jardim Comendador Ho Yin, porque nesta primeira edição a feira apenas se realizou junto às ruas de Cantão e de Xangai.

20 Ago 2025

Burla | Vítimas de falsos programas de viagem perdem 17 mil patacas

A Polícia Judiciária (PJ) recebeu três denúncias de pessoas que, alegadamente, terão perdido 17 mil patacas na compra de falsos bilhetes de voo e pacotes de alojamento.

Segundo o jornal Ou Mun, um dos casos ocorreu este domingo, e contemplou um idoso que fez a compra depois de ter visto uma publicidade de uma agência de viagens local no Facebook. O idoso pagou quase sete mil patacas para dois pacotes turísticos com voos de ida e volta entre Macau e Osaka. Porém, após ter dado o sinal de três mil patacas para o pagamento, deixou de conseguir contactar a agência de viagens.

Processo semelhante ocorreu com outro homem de meia idade, mas neste caso, pagou seis mil patacas para um pacote de viagens com voos entre Macau e Seul através da plataforma MPay. Percebeu depois que a conta da pessoa que ia receber o dinheiro não tinha ainda sido verificada, e quando pediu reembolso foi colocado na lista negra para terminar os contactos com a agência.

Esta segunda-feira, um outro residente pagou oito mil patacas para quatro pacotes de ida e volta de voos entre Macau e Banguecoque e vouchers de hotel. Foi-lhe pedida a transferência do dinheiro para confirmação da viagem, mas depois de ter desconfiado do processo e pedido o reembolso, não mais conseguiu contactar a agência.

20 Ago 2025

Imobiliário | Vendas de casas caíram 18,2 % em Julho

No passado mês de Julho, foram vendidas 291 fracções para habitação, total que representou um decréscimo de 18,2 por cento face ao mesmo mês de 2024 quando foram vendidas 356 casas.

Os dados constam no portal da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) de acordo com o número das fracções autónomas destinadas à habitação que foram declaradas para liquidação do imposto do selo por transmissões de bens em Julho.

Também o preço médio do metro quadrado registou uma quebra anual de 18,8 por cento, de 93.374 patacas em Julho de 2024 para 75.806 patacas. Em termos mensais, os dados da DSF mostram uma evolução positiva, com o aumento de 32 por cento das vendas, ou mais 72 fracções vendidas. Também o preço médio do metro quadrado subiu 9 por cento face a Junho.

20 Ago 2025

FSS | Estudo orçamental ainda este ano

O Fundo de Segurança Social (FSS) “incumbiu uma instituição académica de efectuar um estudo no segundo semestre de 2025” a fim de analisar e rever “as actuais políticas de segurança social”.

Esta informação consta numa resposta do Instituto de Acção Social (IAS) a uma interpelação da deputada Ella Lei, sendo que, com este estudo, o FSS pretende “optimizar o mecanismo de ajustamento das prestações do regime da segurança social”, tendo ainda em conta “as opiniões apresentadas pela sociedade sobre a indexação da base da pensão para idosos ao valor do risco social”.

Pretende-se, com este estudo, que o FSS se possa “adaptar melhor ao desenvolvimento social e dar resposta às necessidades reais dos residentes, assegurando que os recursos sejam alocados com precisão para os grupos com necessidades”.

20 Ago 2025

Eleições | Menos 4.520 eleitores inscritos para votar

O presidente da Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), Seng Ioi Man, revelou ontem que, até meados de Agosto, 4.520 eleitores tiveram a sua inscrição para votar cancelada devido a doença mental, sentença judicial ou óbito. Como tal, o responsável indicou que actualmente o “número de eleitores singulares que podem participar nas eleições foi reduzido para cerca de 328.611 pessoas”.

O juiz Seng Ioi Man afirmou também que quase 260 residentes se inscreveram para votar antecipadamente, mas que não podem exercer o direito de voto por no dia das eleições, 14 de Setembro, ainda serem menores de idade.

O presidente da CAEAL aproveitou a conferência de imprensa de ontem para exortar os cidadãos, especialmente funcionários públicos, assim como trabalhadores de empresas públicas e concessionárias, a darem o exemplo participando activamente nas eleições para a Assembleia Legislativa e a incentivar familiares e amigos a fazerem o mesmo.

20 Ago 2025

Coloane | Governo recupera terreno em Ká Hó

O Governo lançou ontem uma acção interdepartamental conjunta para recuperar um terreno do Estado com uma área de cerca de 7.500 metros quadrados, situado a norte da Barragem de Ká Hó, em Coloane, bem como vários terrenos adjacentes que se encontravam ocupados, com uma área de cerca de 3.600 metros quadrados.

A recuperação do terreno principal surgiu na sequência da rescisão da concessão, indicou ontem a Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana, de acordo com o Despacho do secretário para os Transportes e Obras Públicas n.º 38/2023. O Governo havia dado um prazo para a concessionária desocupar o terreno, o que não aconteceu e levou à acção de recuperação realizada ontem.

20 Ago 2025

Ásia | Coreia do Sul e EUA iniciam exercício miliar anual conjunto

A Coreia do Sul e os Estados Unidos iniciaram ontem o exercício militar conjunto anual em grande escala para melhor lidar com as ameaças da Coreia do Norte, que alertou que os exercícios iriam aprofundar as tensões regionais.

O Ulchi Freedom Shield, que terá uma duração de 11 dias, é o segundo de dois exercícios em grande escala realizados anualmente na Coreia do Sul, depois de outro conjunto de manobras em Março, e envolve 21.000 soldados, incluindo 18.000 sul-coreanos, em operações de posto de comando simuladas por computador e treino de campo.

Os exercícios, que os aliados descrevem como defensivos, podem desencadear uma resposta da Coreia do Norte, que há muito tempo retrata estas manobras militares como ensaios de invasão e frequentemente as usa como pretexto para demonstrações e testes de armas, muitas vezes associadas ao seu programa nuclear.

Numa declaração na semana passada, o ministro norte-coreano da Defesa, No Kwang Chol, disse que os exercícios mostram a postura dos aliados de “confronto militar” com o Norte e declarou que as suas forças estariam prontas para neutralizar “qualquer provocação que ultrapassasse a linha de fronteira”.

O Ulchi Freedom Shield surge num momento importante para o novo Presidente da Coreia do Sul, Lee Jae Myung, a poucos dias da cimeira com o homólogo norte-americano Donald Trump, em Washington, agendada para 25 de Agosto.

Factura a pagar

Trump suscitou preocupações em Seul de que possa decidir fazer mexidas na aliança de décadas, exigindo pagamentos mais elevados pela presença das tropas americanas na Coreia do Sul e, eventualmente, reduzi-la, à medida que Washington muda o foco para a China.

Desde o seu primeiro mandato, Trump tem pedido regularmente que a Coreia do Sul pague mais pelos 28.500 soldados americanos estacionados no seu território.

Comentários públicos de altos funcionários da Administração Trump, incluindo o subsecretário de Defesa Elbridge Colby, sugeriram um impulso para reestruturar a aliança, o que, segundo alguns especialistas, poderia afectar o tamanho e o papel das forças americanas na Coreia do Sul.

Numa recente reunião com jornalistas, o general Xavier Brunson, comandante das Forças dos Estados Unidos na Coreia, salientou a necessidade da aliança se “modernizar” para fazer face à evolução do ambiente de segurança, incluindo as ambições nucleares da Coreia do Norte, o seu alinhamento cada vez mais estreito com a Rússia e o que o militar designou como ameaças chinesas a um “Indo-Pacífico livre e aberto”.

As relações entre as duas Coreias continuam tensas, com o Norte a ignorar várias tentativas de reaproximação da nova liderança em Seul.

Na sua última mensagem a Pyongyang na sexta-feira, Lee, que assumiu o cargo em Junho, disse que irá procurar restaurar o acordo militar intercoreano de 2018, destinado a reduzir as tensões na fronteira, e apelou à Coreia do Norte para que responda aos esforços do Sul para reconstruir a confiança e reativar as negociações.

O acordo militar de 2018, alcançado durante um breve período de diplomacia entre as Coreias, criou zonas tampão em terra e no mar e zonas de exclusão aérea acima da fronteira para evitar confrontos.

19 Ago 2025

Ucrânia | Pequim espera um acordo favorável para todas as partes

A República Popular da China disse ontem que espera um acordo “aceitável para todas as partes” sobre a Ucrânia, referindo-se ao encontro entre Donald Trump e Volodimir Zelensky que estará acompanhado por vários líderes europeus.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim, Mao Ning, disse ontem numa conferência de imprensa, que a República Popular da China espera que todas as partes alcancem um acordo de paz justo e duradouro o mais rapidamente possível.

Na cimeira realizada na sexta-feira no Alasca entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, não foi alcançado acordo para um cessar-fogo. Questionada sobre o encontro entre Trump e Putin, a porta-voz diplomática de Pequim afirmou que a República Popular da China apoia todos os esforços que visam uma resolução pacífica para a crise.

Mao Ning acrescentou que a República Popular da China “está satisfeita por ver a Rússia e os Estados Unidos” a manterem contacto, a melhorarem as relações e a promoverem uma solução política para a “crise ucraniana”.

Entretanto, o chefe de Estado norte-americano, Donald Trump, afirmou que o homólogo ucraniano pode terminar “a guerra com a Rússia quase imediatamente”.

Numa declaração difundida através das redes sociais, Trump afastou a possibilidade de Kiev retomar o controlo da Península da Crimeia, anexada por Moscovo em 2014, assim como não pode integrar a Aliança Atlântica.

O presidente ucraniano tinha ontem agendado um encontro com Donald Trump, em Washington, a partir das 13:00. Depois da reunião bilateral, estava previsto um encontro com os vários líderes europeus que vão acompanhar o Presidente da Ucrânia.

Além de Zelensky, eram esperados na capital dos Estados Unidos, o Presidente francês, Emmanuel Macron; o chanceler alemão, Friedrich Merz; a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni; o primeiro-ministro britânic,o Keir Starmer e o líder da NATO, Mark Rutte.

19 Ago 2025

Julgamento de empresário dos media de Hong Kong Jimmy Lai em alegações finais

Um tribunal de Hong Kong ouviu ontem, depois do fecho desta edição, as alegações finais no julgamento histórico de segurança nacional de Jimmy Lai, que pode ser condenado a prisão perpétua, se for considerado culpado.

Lai, com 77 anos, foi preso em 2020 ao abrigo de uma lei de segurança nacional imposta por Pequim depois dos protestos antigovernamentais em 2019 na região administrativa especial chinesa. O empresário da comunicação social está a ser julgado sob a acusação de conspirar com forças estrangeiras para pôr em risco a segurança nacional e conspirar para publicar material sedicioso.

O julgamento de Lai, fundador do Apple Daily, um dos meios de comunicação locais mais críticos do governo de Hong Kong, prolonga-se há quase meio ano, muito além da estimativa inicial de 80 dias. Não é ainda claro quando será proferido o veredicto do tribunal.

O procurador do Ministério Público Anthony Chau desenvolveu ontem de manhã argumentos sobre a lei de segurança que enquadra as acusações de conluio, sustentando que uma imposição de sanções deve abranger funcionários e não apenas Estados. Chau deverá proferir uma declaração final na terça-feira.

Antes, a acusação alegou que Lai pediu a países estrangeiros, especialmente aos Estados Unidos, que tomassem medidas contra Pequim, “sob o pretexto de lutar pela liberdade e pela democracia”.

No primeiro dia do seu depoimento, Lai negou ter pedido ao então vice-presidente Mike Pence e ao então secretário de Estado Mike Pompeo que tomassem medidas contra Hong Kong e a China durante os protestos de 2019.

O advogado de Lai questionou-o sobre uma reportagem do Apple Daily dizendo que ele tinha pedido ao governo dos Estados Unidos para sancionar os líderes de Pequim e Hong Kong, e o empresário admitiu que deve ter discutido isso com Pompeo, pois não tinha motivos para duvidar da veracidade da reportagem do jornal, entretanto extinto, que ele fundou.

Lai disse, no entanto, que não teria incentivado sanções estrangeiras após a promulgação da lei de segurança nacional em 30 de Junho de 2020.

As alegações finais foram adiadas duas vezes, primeiro devido ao clima e depois por preocupações com a saúde de Lai.

Saúde e outras promessas

Na passada sexta-feira, o seu advogado, Robert Pang, informou que Lai sofreu perturbações cardíacas na prisão e os juízes fizeram questão que Lai fosse monitorizado e medicado.

O governo de Hong Kong acusou na passada sexta-feira os meios de comunicação estrangeiros de tentarem induzir o público em erro sobre os cuidados médicos de Lai, afirmando que foi feito um exame médico, que não revelou anomalias, assim como foram adequados os cuidados médicos que recebeu.

Quando Lai entrou ontem no tribunal, acenou e sorriu para as pessoas sentadas na galeria do público e deu instruções breves à sua equipa jurídica, em voz alta, para que os presentes pudessem ouvir.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, antes de ser reeleito em Novembro, disse que falaria com o líder chinês Xi Jinping para solicitar a libertação de Lai: “Vou tirá-lo de lá”, afirmou, segundo recorda a agência Associated Press.

Entretanto, numa entrevista com a rádio Fox News divulgada em 14 de Agosto, Trump negou ter dito que salvaria Lai, mas sim que levantaria a questão. “Já levantei a questão e farei tudo o que puder para salvá-lo”, disse agora. A China acusou Lai de incitar um aumento dos sentimentos anti-chineses em Hong Kong e disse que se opõe firmemente à interferência de outros países nos seus assuntos internos.

19 Ago 2025

Ásia | China acusa Alemanha de “exagerar tensões” regionais

Pequim responde ao ministro dos Negócios Estrangeiros alemão e afirma que a situação no Mar do Sul da China é estável

 

A China criticou ontem a Alemanha que acusou de “exagerar as tensões” entre Pequim e os países vizinhos, depois das declarações do chefe da diplomacia alemã que considerou Pequim “cada vez mais agressiva” na Ásia-Pacífico.

Uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês declarou, durante uma conferência de imprensa regular, que a situação nos mares da China de Leste e de Sul “permanece globalmente estável”.

“Exortamos as partes envolvidas a respeitar os países da região, a resolver os problemas através do diálogo e da consulta e a preservar os interesses comuns de paz e estabilidade, em vez de provocar confrontos e exagerar as tensões”, salientou Mao Ning, numa reacção do Governo chinês ao comunicado alemão.

“A questão de Taiwan faz parte dos assuntos internos da China”, lembrou ainda. Durante uma visita ao Japão, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Johann Wadephul, afirmou que o gigante asiático ameaçava “alterar unilateralmente o ‘status quo’ e mudar as fronteiras a seu favor”.

Wadephul citou, em particular, as acções de Pequim no estreito de Taiwan e no mar do Sul da China e no mar da China Oriental, onde a país tem disputas de soberania com o Japão e as Filipinas, entre outras nações.

“Qualquer escalada neste sensível centro nevrálgico do comércio internacional teria graves consequências para a segurança e a economia mundiais”, acrescentou Wadephul, no final de uma reunião com o homólogo japonês, Takeshi Iwaya.

Numa declaração publicada no domingo, antes do início da visita ao Japão, Wadephul indicou que a China “afirma cada vez mais a supremacia regional e, ao fazê-lo, também questiona os princípios do direito internacional”.

“O comportamento cada vez mais agressivo da China (…) também tem implicações para nós na Europa: os princípios fundamentais da nossa coexistência global estão em jogo aqui”, acrescentou, de acordo com a mesma nota.

Questão ucraniana

Johann Wadephul também criticou “o apoio da China à máquina de guerra russa” na Ucrânia. “Sem esse apoio, a guerra de agressão contra a Ucrânia não seria possível. A China é o maior fornecedor de bens de dupla utilização da Rússia e o melhor cliente de petróleo e gás”, afirmou.

Wadephul considerou, antes das negociações previstas entre os Presidentes norte-americano, Donald Trump, ucraniano, Volodymyr Zelensky, e líderes europeus, que as garantias de segurança para Kiev “eram cruciais”.

A cimeira de sexta-feira entre Trump e o homólogo russo, Vladimir Putin, no Alasca “mostrou claramente que, para uma paz justa e duradoura, Moscovo tem de agir finalmente. Até que isso aconteça, a pressão sobre a Rússia deve ser reforçada, nomeadamente através de uma maior ajuda à Ucrânia”, observou Wadephul.

19 Ago 2025

Tempestade | Sinal 3 já está içado

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) içaram esta noite (domingo) o sinal 3 de tempestade tropical devido à aproximação de uma depressão tropical formada na parte central do Mar do Sul da China e que tem vindo a deslocar-se para noroeste, aproximando-se da ilha de Hainão.

O sinal 3 de tempestade foi içado devido “às características da depressão tropical, ocorrência de fortes ventos periféricos associados a uma monção e à influência combinada de uma crista de alta pressão”.

É baixa a possibilidade de ser içado o sinal 8 de tempestade, mas prevê-se que ocorram chuvas intensas e trovoadas hoje e amanhã. Os SMG alertam ainda para a ocorrência de inundações nas zonas baixas “devido à precipitação intensa de curta duração”.

17 Ago 2025

Trump inclui libertação de Jimmy Lai nas negociações de tarifas com a China

O Presidente norte-americano disse ontem que incluiu a libertação do magnata Jimmy Lai, conhecido pelas suas alegadas ligações à CIA, preso desde 2020 em Hong Kong, entre os temas a discutir nas actuais negociações com a China, centradas nas tarifas.

Donald Trump, que tinha declarado anteriormente que ia procurar a libertação de Lai antes de regressar ao poder, indicou já ter levantado a questão junto de Pequim e insistiu que fará “tudo o que puder para salvar” o antigo proprietário do jornal anti-China Apple Daily, a ser julgado em Hong Kong por acusações de conluio e sedição, pelas quais pode ser condenado a prisão perpétua.

No entanto, Trump reconheceu que “o Presidente Xi [Jinping] não ficará propriamente entusiasmado” em libertar Lai. “Dito isto, o nome [de Lai] entrou no círculo de questões de que estamos a falar e veremos o que podemos fazer”, acrescentou Trump, alertando que Lai “não é um homem jovem” e que a sua saúde “não está muito boa”.

O Presidente norte-americano assinou esta semana uma ordem executiva a suspender por mais 90 dias as sobretaxas punitivas nas importações da China, enquanto continua a ser negociado um acordo abrangente. A suspensão da aplicação das tarifas é o resultado esperado da última ronda de negociações entre norte-americanos e chineses, realizada em Estocolmo, na Suécia, no final do mês passado.

A possível libertação de Jimmy Lai, acusado de vários crimes ao abrigo da Lei de Segurança Nacional da região semiautónoma chinesa de Hong Kong, seria uma demonstração de boa vontade de Xi em avançar para um acordo comercial com os EUA, de acordo com analistas ocidentais com ligações a agências norte-americanas.

Lai e as três empresas ligadas ao extinto jornal Apple Daily, que foram dos uns dos principais mentores das acções anti-China decorridas na ex-colónia britânica, incluindo o pedido de ocupação de Hong Kong por tropas estrangeiras, enfrentam acusações ao abrigo da Lei de Segurança Nacional, que prevê penas que podem ir até à prisão perpétua para actos como traição, insurreição, sabotagem, interferência externa, sedição, roubo de segredos de Estado e espionagem, algo comum neste tipo de legislação.

Imposta por Pequim após meses de protestos e de caos nas ruas da cidade, a lei levou ao encerramento de escritórios de organizações como a Radio Ásia Livre, além de meios de comunicação como o Apple Daily e o Stand News, que abertamente defendiam a independência de Hong Kong e eram considerados organizações anti-China, com inspiração e financiamento inglês e norte-americano.

17 Ago 2025

Cavaleiro português aposta na formação de cavalos de competição na China

Reportagem de João Pimenta, agência Lusa

Passo, trote e galope: numa quinta nos arredores de Pequim, o português João Ruas treina diariamente seis cavalos à prática de dressage, disciplina olímpica equestre que procura expor o máximo das capacidades atléticas do animal.

“É uma relação muito própria”, descreveu à agência Lusa o cavaleiro, natural de Lisboa. “Há dias em que somos quase como um pai a ensinar o filho, outros em que é o cavalo que nos ensina a nós. Mas tem de haver sempre respeito mútuo”, frisou.

Ruas, de 28 anos, chegou à China há um ano para criar seis cavalos e dar formação em dressage numa quinta em Shunyi, o distrito no nordeste de Pequim onde as aldeias e campos agrícolas lembram mais o interior da China do que a capital de 22 milhões de habitantes.

A dez quilómetros do reservatório de Huairou, lago artificial de 12 quilómetros quadrados que abastece Pequim e regula o caudal de rios locais, a quinta está cercada por cursos de água, encostas arborizadas, campos de milho e reservas naturais.

No horizonte, as cadeias montanhosas que se erguem a norte dos distritos de Changping e de Huairou completam uma paisagem que contrasta com o emaranhado de torres envidraçadas e blocos de apartamentos da malha urbana de Pequim. “Quando estou aqui não me lembro se estou na China, em Portugal ou na Alemanha”, explicou João Ruas. “Estou numa bolha, digamos assim, e é uma bolha boa”.

Sem experiência anterior no país, o português foi surpreendido pela simpatia dos chineses e pelo acolhimento da comunidade local. No dia em que foi entrevistado pela agência Lusa, o seu triciclo de carga avariou a caminho do supermercado. Depressa, os vizinhos acorreram a tentar consertar o veículo.

“Sou o único estrangeiro aqui. Comunico por gestos, ainda estou a aprender chinês, mas fui sempre muito bem tratado. Os vizinhos ajudam em tudo”, contou.

Apesar do entusiasmo com a vida no campo, o treinador admite dificuldades no exercício da modalidade que pratica desde os nove anos. “Há muito amadorismo, pouca técnica, provas caras e com pouca frequência. E tudo o que envolve cavalos aqui é francamente mais caro do que na Europa”.

O cavalo “não se domina pela força: requer paciência, conhecimento e sensibilidade”, realçou. “É como um atleta. Tem dias bons e dias maus. E não fala. Temos de saber ler os sinais. Uma pequena reação pode indicar um problema sério”, observou.

Em Portugal, João Ruas estudou na Escola Profissional Agrícola D. Dinis, onde conciliava as aulas com os fins de semana passados com o treinador. Desde então, nunca mais deixou os cavalos. “Comecei com uma vez por semana, depois duas, depois três, até chegar a cinco. Tive de insistir muito com os meus pais para começar”, contou.

Na China, trabalha com cavalos europeus, trazidos de propósito para competir em provas de dressage. O objetivo é preparar os animais desde os três anos para competições que começam normalmente aos quatro. “Falta ainda uma tradição de criação com foco desportivo. Criam-se cavalos há muitos anos, mas não com critério seletivo para o desporto”, disse.

Xangai, a “capital” económica do país, lidera a prática de dressage no país, com mais provas e melhor infraestrutura. Em Pequim, nota-se um interesse crescente, mas ainda há um longo caminho a percorrer. “Pode ser bom começar assim, quase do zero. Permite fazer as coisas bem. Sem vícios”, refletiu Ruas.

Com a chegada de mais um cavalo em breve e a perspetiva de continuar o trabalho na China, João Ruas diz-se realizado. “Vejo-me aqui por muitos mais anos. Só custa a distância. Mas com a tecnologia de hoje, conseguimos encurtá-la”, afirmou. “Há sacrifícios que fazem bem à alma”.

17 Ago 2025

China | Restringida acumulação de terras raras por empresas estrangeiras

Pequim pediu a empresas estrangeiras que evitem acumular reservas de terras raras, numa altura em que o receio de restrições às exportações está a aumentar a procura destes metais, cruciais para várias tecnologias estratégicas, informou o Financial Times.

Segundo fontes citadas pelo jornal, Pequim avisou que o armazenamento excessivo de terras raras e de produtos derivados, como ímanes usados em motores eléctricos, poderá expor as empresas a maiores riscos de escassez. As autoridades estariam também a limitar deliberadamente os volumes de exportação aprovados para travar a criação de grandes inventários no estrangeiro.

A China processa cerca de 90% do fornecimento mundial de terras raras e fabrica 94% dos ímanes permanentes, tendo usado este controlo como instrumento de pressão durante a guerra comercial com os Estados Unidos. Em Abril, colocou sete categorias de terras raras médias e pesadas na lista de controlo de exportações, medida que abrangeu também ímanes permanentes e outros produtos acabados, provocando escassez em sectores como o automóvel.

Os esforços para impedir que as empresas acumulem grandes inventários, o que lhes daria mais flexibilidade para responder a escassez e flutuações de preços, mostram a determinação de Pequim em manter a máxima influência no sector, disseram as fontes.

A China colocou, em abril, sete categorias de terras raras médias e pesadas numa lista de controlo de exportações, em resposta às tarifas impostas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump. A medida, que também abrangeu ímanes permanentes e outros produtos acabados, provocou escassez em vários setores, particularmente na indústria automóvel.

Embora Washington e Pequim tenham acordado esta semana uma nova extensão de 90 dias na guerra comercial, o controlo chinês sobre o fornecimento de terras raras continua a ser uma parte importante das negociações.

Pequim controla a produção de terras raras através de quotas de extração e processamento. No ano passado, apenas duas empresas estatais receberam quotas.

A China exportou 3.188 toneladas de ímanes permanentes de terras raras em junho, mais do dobro do volume de maio, mas menos 38% do que no mesmo mês do ano passado. Nos três meses até junho – desde que Pequim impôs as restrições comerciais – as exportações de ímanes ficaram cerca de metade do volume registado no mesmo período do ano anterior.

Um estudo do Conselho Empresarial EUA -China, realizado em julho, indicou que metade das empresas inquiridas viu os seus pedidos de exportação pendentes ou rejeitados, sobretudo quando o volume excedia a média histórica.

17 Ago 2025

China | Produção industrial cresceu 5,7% em julho

A produção industrial na China cresceu 5,7% em Julho, em termos homólogos, desacelerando face ao mês anterior e ficando abaixo das previsões dos analistas, segundo dados divulgados hoje pelo Gabinete Nacional de Estatísticas do país asiático. Os analistas esperavam uma descida para 5,9%, após o crescimento homólogo de 6,8% registado em Junho. Entre os três principais sectores considerados no indicador, o sector manufatureiro registou a maior subida (6,2%), seguida da extracção mineira (5%) e da produção e fornecimento de electricidade, aquecimento, gás e água (3,3%). No acumulado de 2025, a produção industrial aumentou 6,3%. As vendas a retalho, principal indicador do consumo, cresceram 3,7% em julho, abrandando face aos 4,8% de junho.

O organismo destacou que a economia “superou um ambiente externo complexo e em mudança”, mas apontou o impacto negativo de “fenómenos meteorológicos extremos” que afetaram várias regiões do país, incluindo chuvas intensas, inundações e secas.

A taxa oficial de desemprego urbano situou-se em 5,2% em julho, contra 5% no mês anterior. Já o investimento em ativos fixos aumentou 1,6% nos primeiros sete meses do ano, abaixo dos 2,8% registados até junho e inferior às previsões de 2,7%.

Por setores, o investimento no setor manufatureiro cresceu 6,2% e em infraestruturas 3,2%, enquanto o destinado à promoção imobiliária caiu 12%, refletindo a prolongada crise do setor. As vendas comerciais de imóveis, medidas pela área de terreno, recuaram 9,2% no acumulado até julho.

17 Ago 2025

China | Preços das casas caem pelo 26º mês consecutivo

Os preços da habitação nova na China caíram pelo vigésimo sexto mês consecutivo em julho, apesar das medidas governamentais para travar a prolongada crise que afeta o setor, segundo dados oficiais divulgados ontem.

Nas 70 cidades analisadas, os preços recuaram 0,31% face a junho, de acordo com cálculos feitos com base nos dados divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatísticas da China, que apontaram uma queda de 0,27% no mês anterior.

Sessenta cidades registaram descidas nos preços da habitação nova, contra 56 em junho, enquanto seis – incluindo Xangai – registaram aumentos, menos do que as 14 no mês anterior. Em quatro cidades, os preços permaneceram inalterados.

Os cálculos mostram ainda que o preço das habitações em segunda mão caiu 0,51% em julho face a junho, um abrandamento relativamente à descida de 0,61% do mês anterior. Neste segmento, praticamente todas as cidades analisadas registaram quebras, exceto Xining, capital da província de Qinghai (oeste), onde os preços não variaram, e Taiyuan (centro), que registou uma ligeira subida.

Nos últimos anos, as autoridades chinesas anunciaram várias medidas para conter o colapso do mercado imobiliário, cuja estabilização é vista como crucial para a estabilidade social, dado que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas.

A crise do sector imobiliário, que representa cerca de 30% do produto interno bruto da China, incluindo efeitos indiretos, é apontada como um dos principais factores da recente desaceleração da economia do país.

17 Ago 2025

Xi Jinping felicita Indonésia

O Presidente chinês, Xi Jinping, felicitou ontem o líder indonésio pelo 80.º aniversário da independência da Indonésia e destacou as relações bilaterais, que este ano celebram 75 anos, informou a agência de notícias estatal Xinhua. Xi sublinhou que, nestas oito décadas, a Indonésia alcançou um “desenvolvimento notável” e desempenha “um papel cada vez mais importante” na cena regional e internacional.

Em 2025, recordou o dirigente chinês, os dois países celebram 75 anos de laços diplomáticos, tendo as relações alcançado “grandes progressos”, enquanto a amizade tradicional “foi reforçada ao longo do tempo”.

Os dois líderes tiveram duas reuniões no ano passado, nas quais chegaram a consensos sobre a construção de uma “comunidade China-Indonésia com um futuro partilhado e influência regional e global”, elevando as relações bilaterais a “um novo nível”, notou ainda o Presidente chinês.

O governante afirmou estar disposto a trabalhar com o homólogo indonésio para “novas conquistas” que apoiem a modernização dos dois países e contribuam para a paz, a estabilidade e o desenvolvimento regional e mundial.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, enviou uma mensagem de felicitações ao homólogo indonésio, Sugiono, salientando a “forte dinâmica” dos laços bilaterais.

A China e a Indonésia celebram este aniversário depois de terem assinado vários memorandos de entendimento em 2024 em áreas como turismo, agricultura, saúde, investimento e cadeias de abastecimento. Os países cooperam em projetos de alto nível como o desenvolvimento de veículos elétricos e a nova capital da Indonésia, Nusantara.

17 Ago 2025

Trump diz que China não avançará contra Taiwan durante o seu mandato

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ontem que o seu homólogo chinês, Xi Jinping, lhe garantiu que não ordenará qualquer ofensiva contra Taiwan, pelo menos durante o seu mandato na Casa Branca. Numa entrevista à Fox News, Trump descartou que Pequim planeie “avançar” numa ilha que considera estar sob a sua soberania e à qual Washington ofereceu ajuda militar nos últimos anos.

“Não acho que isso vá acontecer enquanto estiver aqui”, disse Trump, que adiantou ter garantias expressas do Presidente do gigante asiático. “O Presidente Xi disse-mo”, acrescentou, sem dar detalhes sobre as negociações.

Trump e Xi têm falado por telefone desde o regresso do magnata republicano à Casa Branca, em janeiro, mas o último encontro direto entre os dois remonta a 2019. Os dois países têm agora várias frentes políticas em aberto, incluindo a guerra tarifária promovida por Trump e ainda pendente no caso da China.

Na semana passada, Washington e Pequim estenderam por mais três meses o prazo para chegar a algum tipo de acordo que evite a imposição de tarifas indiscriminadas sobre o fluxo comercial bilateral.

Nos últimos anos, os EUA intensificaram a sua atenção sobre Taiwan, realizando com maior frequência visitas à ilha, vendendo armas e outros equipamentos militares e estimulando em Taipé uma atitude mais musculada em relação a Pequim.

17 Ago 2025

China defende paz interna, reconciliação e harmonia social em Myanmar

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês disse esperar que as próximas eleições em Myanmar (antiga Birmânia) tragam “paz interna”, “reconciliação nacional” e “harmonia social” ao país, durante um encontro com o homólogo do país vizinho.

O encontro decorreu na cidade chinesa de Anning, no âmbito do fórum sub-regional Lancang-Mekong, que reuniu representantes da China, Tailândia, Camboja, Laos, Myanmar e Vietname.

Segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi afirmou que Pequim “apoia Myanmar na procura de uma via de desenvolvimento adaptada às suas condições nacionais e com o apoio do povo, bem como na proteção da soberania, independência e unidade nacional”.

O chefe da diplomacia chinesa garantiu que Pequim “continuará a prestar apoio e assistência a Myanmar dentro das suas possibilidades” e apelou para a elaboração de um plano de reconstrução após o terramoto que abalou o país em março, causando mais de 3.000 mortos.

Wang expressou ainda o desejo de que as autoridades birmanesas “continuem a combater o crime transfronteiriço e a manter a paz e estabilidade na fronteira entre os dois países”.

Nos últimos anos, grupos criminosos poderosos, muitos com ligações à China, transformaram partes de Myanmar num centro de burlas ‘online’, envolvendo vítimas em vários países, sobretudo na China, o que trouxe tensão às relações bilaterais. “Pequim espera que Myanmar garanta a segurança do pessoal, instituições e projectos chineses no país”, acrescentou o ministro.

De acordo com o comunicado, o chefe da diplomacia birmanesa, Than Shwe, “agradeceu à China o valioso apoio e assistência para o desenvolvimento económico e social de Myanmar e para a reconstrução após o terramoto”. “O estado de emergência terminou e Myanmar prepara ativamente as eleições gerais previstas para o final deste ano. O país esforçar-se-á por garantir eleições seguras, estáveis, fluidas e credíveis, e está disposto a convidar uma delegação chinesa para as observar”, afirmou o governante.

A oposição considera o sufrágio, agendado para dezembro, uma “farsa”. Com mais de 2.100 quilómetros de fronteira comum, a China mantém uma abordagem pragmática face ao volátil país vizinho, preservando laços com os generais, mas também com grupos rebeldes e a oposição pró-democracia, para assegurar os seus numerosos projetos económicos na região.

17 Ago 2025