Filipa Araújo PolíticaFundo da Segurança Social | Aumento das contribuições em 2016 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]vontade de implementar um Regime de Segurança Social obrigatório foi tema de debate durante o segundo dia de apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. A rapidez na implementação deste regime foi defendida pelo Secretário, que adiantou ainda que será “promovida a implementação do aumento do montante de contribuições” já no próximo ano. O processo legislativo do Regime de Previdência Central Não Obrigatório será acompanhado, afirmou, pelo Fundo de Segurança Social e haverá, em 2016, uma promoção na “adesão dos empregadores e trabalhadores ao regime”. A deputada Angela Leong aproveitou o seu momento de debate para questionar Alexis Tam sobre os planos da sua equipa de trabalho quanto à implementação do sistema. “Temos esta ideia do Regime de Previdência Central [Obrigatório] porque achamos que é muito importante e está ligado às condições da população”, defendeu Alexis Tam. Em 2008, lembrou o Secretário, o Governo avançou com o projecto de consulta sobre a segurança social. A ideia de implementar o regime chegou, diz, porque “a maioria das empresas são pequenas e médias empresas (PME) e têm lucros baixos”, sendo que “algumas destas têm um fundo de previdência particular, portanto o consenso social foi de que não queríamos avançar logo com um regime de previdência obrigatório, mas sim com o não obrigatório”, indicou. Agradar aos grandes Uma vez mais, Alexis Tam voltou a mostrar a vontade de expandir este regime depois da primeira avaliação ao regime não obrigatório, três anos depois de implementado. “Depois de avaliar os resultados poderemos ver se é o momento oportuno para implementarmos o regime de previdência central compulsivo. O que nós queremos é atrair a adesão destas grandes empresas”, indicou Alexis Tam. O Secretário admitiu ainda que o Fundo de Segurança Social já apresentou uma proposta para que nos primeiros três anos os empresários possam usufruir de descontos fiscais nos impostos. Em reacção às explicações do Secretário, a deputada Angela Leong apontou que a questão da obrigatoriedade, ou não, deve ser “melhor articulada”. Ideia também defendida por Chan Meng Kam que apresentou algumas reservas quanto ao assunto.
Filipa Araújo Manchete PolíticaPortuguês | Leonel Alves pede “clarificação política sobre ensino” da língua O problema está entre a teoria e a prática. A criação de um espaço exclusivo para a formação de Português e a clarificação política sobre o ensino da língua foram ideias defendidas frente a Alexis Tam pelo deputado Leonel Alves. Já o Secretário assegura que o Português é uma mais-valia que deve e será aproveitada [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Leonel Alves pediu a Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, que o Governo crie um “estabelecimento de ensino autonomizado, vocacionado exclusivamente para a Língua Portuguesa”. As declarações surgiram no segundo dia de apresentação das Linhas de Acção Governativa da pasta de Alexis Tam, onde Leonel Alves disse ainda ser necessária uma “clarificação política sobre o que se pretende com o ensino da língua” lusa. “O ensino de uma língua é sempre importante, uma mais-valia”, disse o deputado, indicando ainda que existe “uma falta de sintonia entre a teoria e a prática, ou seja, entre o programa político [relativamente ao apoio e promoção da Língua Portuguesa] e a execução desse mesmo programa”. Leonel Alves considera que o Executivo crie um estabelecimento que permita a formação de intérpretes e “outros profissionais do saber”. Por isso, diz, é “urgente haver uma clarificação política sobre o que se pretende com o ensino da Língua Portuguesa”. É ainda muito necessário, defende, apostar na “moralização dos dirigentes” de Macau e dos seus serviços, visto que estes apresentam comportamentos de clara desmoralização. “É uma realidade constatável alguma desmoralização dos dirigentes que trabalham com esta matéria, basta ler os jornais. (…) E alguns até tencionam desistir da trajectória que têm vindo a desenvolver. Portanto, há necessidade de moralizar os dirigentes, há necessidade também de melhorar as estruturas de funcionamento e há também necessidade de incentivar cada vez mais os jovens na aprendizagem desta língua”, defendeu Leonel Alves. Referindo-se à Universidade de Macau (UM) e ao Instituto Politécnico de Macau (IPM), o deputado salientou a atitude de trabalho que esta última instituição de formação tem mostrado, em contraste com a primeira, que durante a semana passado avançou com o que seriam cortes no apoio à Língua Portuguesa, algo desmentido horas depois. “É preciso melhorar as estruturas de funcionamento (…) a autonomia [da UM] deve ser preservada, mas a universidade é nossa, é de Macau, e quem é responsável por Macau é o Governo, por isso tem que haver uma ligação entre o programa político e o que estas instituições fazem no dia a dia”, argumentou. Recado dado Alexis Tam assegurou ao deputado Mak Soi Kun que a aposta no Português será uma constante na sua pasta. “O Português é uma língua oficial, é uma vantagem para a nossa ligação mais íntima com os Países de Língua Portuguesa, porque somos uma plataforma”, indicou, sublinhando que também a China continental, ao longo dos últimos anos, tem apostado mais no ensino da Língua Portuguesa, tirando partido disso para as suas relações com o mundo. “Macau deve aproveitar bem esta vantagem, temos uma comunidade e muitos portugueses que contribuíram para Macau em várias áreas, seja na educação ou na jurídica, por exemplo. Temos que perceber as vantagens, porque somos uma ponte de ligação entre a China e o mundo”, frisou. Criticando aquilo que chama de “momentos e assuntos infelizes”, Alexis Tam apontou o dedo ao pouco trabalho que a UM tem realizado quanto à promoção da Língua Portuguesa. “Não deve haver contradições com as políticas consagradas nas LAG (…) Lancei uma instrução para a UM, porque eu também vi as notícias nos jornais. A UM tem autonomia, nós Governo podemos apenas lançar instruções e supervisionar. Só isto. (…) Mas eu quero apostar no Português e, por isso mesmo, quando o presidente do IPM me pediu mais recursos eu concordei. Esta é a minha posição”, reforçou. O trabalho realizado pela UM deve, para o Secretário, ser melhorado. “Nós temos de aproveitar a vantagem de Macau. E não só no ensino superior, eu quero investido [o ensino de Português] no ensino básico, irei apoiar sempre”, garantiu. Direito em linhas tortas Durante o momento de debate, Leonel Alves aproveitou ainda para questionar o Governo sobre o não reconhecimento do curso de Direito na UM em Portugal. “O que é o que Governo e a Universidade com a sua autonomia podem fazer para alterar esta situação?”, questionou. Em resposta, Alexis Tam, apontou apenas vontade de alterar a situação para que estes cursos voltem a ser reconhecidos em Portugal. “Desejo que a UM aplique o mecanismo que tinha para que os cursos feitos na universidade de Direito de Macau continuem a ter o reconhecimento de Portugal”, rematou. UM | Fernanda Gil Costa espera “futuro promissor” Fernanda Gil Costa, directora do Departamento de Português da Universidade de Macau (UM), disse ao HM que as recentes declarações de Hong Gang Jin, directora da Faculdade de Artes e Humanidades, a deixam “na expectativa de um futuro promissor para o departamento”. “Desejo que as suas palavras sejam a garantia de oportunidades adequadas ao valor e importância do departamento de Português”, acrescentou. A directora da Faculdade disse ao HM que as informações sobre o fim da disciplina opcional de Português noticiadas se trataram “de um mal entendido”, referindo que não há reduções no ensino da língua.
Filipa Araújo BrevesAlexis Tam | Não haverá fusão na educação Numa reacção à sugestão da deputada Ella Lei sobre a possibilidade de fusão da Direcção para os Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, foi claro: não é possível. “Uma fusão entre o GAES e a DSEJ? Não. Não é possível a fusão (…) são domínios diferentes, um é para o ensino superior e outro é para os ensinos básicos e secundários. (…) Isto não é só na China, em todo o mundo há esta divisão”, argumentou o Secretário. Relativamente ao estatuto de ter o GAES apenas como gabinete, Alexis Tam desvalorizou. “O GAES é um gabinete que funciona como se fosse uma direcção. Tem as suas funções relativamente ao ensino superior”, indicou. O Secretário alertou ainda a deputada que, quando a proposta de Lei do Regime do Ensino Superior entrar em vigor – estando neste momento em apreciação na especialidade –, serão atribuídos mais poderes ao GAES. “Estamos todos preparados [para a aprovação na especialidade]. O GAES passará a poder elaborar regulamentos e documentos para serem aplicados nas instituições de ensino superior. Portanto não vamos fazer uma fusão entre estes dois serviços”, rematou.
Filipa Araújo PolíticaLAG |Grupos vulneráveis na lista de Alexis Tam O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura incluiu na lista de prioridades para 2016 os grupos da sociedade mais vulneráveis. A ideia, defende, é concretizar mecanismos de apoio e cuidado de forma permanente [dropcap style=’circle’]I[/dropcap]dosos, jovens e deficientes são uma prioridade na lista de Alexis Tam, assegurou o responsável no segundo dia de apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) dos Assuntos Sociais e Cultura. O envelhecimento da população é um facto inegável para o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura que sublinhou ser esta uma das maiores preocupações da sua equipa. Confirmando a tendência de envelhecimento, o Secretário defendeu ser necessário enfrentar o desafio e, por isso, diz, em 2016, “serão definidos programas para o futuro”. Assim, vai ser criado um “mecanismo interdepartamental de coordenação e vai dar-se início a trabalhos de implementação do Plano Decenal de Acção para o Desenvolvimento dos Serviços de Apoio a Idosos”. Uma nova iniciativa foi ainda anunciada por Alexis Tam, que indicou que o Governo vai introduzir o conceito avançado pela Organização Mundial de Saúde de “idosos com vitalidade”. O aumento da pensão de idosos, que pouco mais ultrapassa as três mil patacas, foi ainda outra sugestão de alguns deputados. Em reacção, Alexis Tam, desvalorizou o possível aumento, pois esta pensão conta com o apoio de outras medidas complementares. “Temos um pacote de medidas que outros territórios não proporcionam”, frisou. Velhos e novos Não são só os idosos que estão no centro das atenções. Também as famílias em situações vulneráveis serão visadas, pelo que o Governo decidiu tornar o Plano de Apoio Alimentar de Curto Prazo numa medida de carácter permanente. Os deficientes serão contemplados por um conjunto de medidas de apoio definidas por um Plano Decenal para os Serviços de Reabilitação, “assim como se procurará tornar o subsídio provisório de invalidez numa medida a longo prazo”. Relativamente às crianças com deficiência congénita será também criado um grupo interdepartamental, sob a coordenação do Gabinete de Alexis Tam, que “será composto por membros dos Serviços de Saúde (SS), do Instituto de Acção Social (IAS) e da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). Este grupo pretende aumentar a capacidade de colaboração na detecção precoce de diagnósticos, na avaliação, mas também na disponibilidade de serviços, de forma a promover o desenvolvimento coordenado com do tratamento precoce e da educação no ensino especial. Quanto à polémica questão das vagas nas creches para as crianças, Alexis Tam garante que no próximo ano a população poderá contar com mais de dez mil lugares, o que permitirá “a entrada nas creches de crianças com dois anos de idade”. Feitas as contas, o número de vagas aumentará em duas mil, passando de 8500 para 10.500. Vícios e curas O Secretário informou que será aperfeiçoado o “novo regime de atribuição de apoio financeiro a instituições de serviços social e vai promover-se o processo legislativo do Regime de Credenciação e Inscrição para o Exercício de Funções de Assistente Social”. É preciso, disse ainda, alargar-se a rede de serviços de aconselhamento para a eliminação do vício do jogo e reforçar a sensibilização dos residentes sobre o combate à droga. Negociações em curso Durante a apresentação das suas LAG, Alexis Tam avançou ainda que já estão em cursos as negociações com a região vizinha de Zhuhai para a construção de um lar de idosos na Ilha da Montanha, aumentando para quatro o número de lares certificados até 2018. “O Chefe do Executivo, Chui Sai On, já está em contacto com as autoridades de Zhuhai sobre as questões do foro jurídico, o preço de aluguer do terreno e outras formalidades”, indicou o Secretário. Durante a apresentação das LAG, membros da equipa do IAS indicou que, neste momento, Macau conta com um total de 1700 camas e a fila de espera ultrapassa as 500 pessoas, sendo o tempo de espera superior a um ano. “Em Hong Kong o tempo de espera é de 30 meses”, contrastou, indicando que o número de camas aumentará, até 2018, para cerca de 750.
Filipa Araújo Manchete PolíticaLAG 2016 | Saúde é “prioridade máxima” para Alexis Tam, que promete Academia de Medicina [dropcap style=’circle’]“C[/dropcap]onsidero que a Saúde é a prioridade das prioridades”, apontou Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, durante a apresentação, ontem, das Linhas de Acção Governativa da sua pasta. A área da saúde foi, de facto, o tema mais falado durante toda a sessão plenária na Assembleia Legislativa. Reflectindo sobre o trabalho até agora feito, Alexis Tam mostra-se positivo. A extensão das horas em quatro serviços especializados do Centro Hospitalar Conde de São Januário e dois Centros de Saúde, a diminuição do tempo de espera para a primeira consulta foram alguns dos pontos elogiados pelo Secretário. Alexis Tam apontou ainda o recrutamento de 591 profissionais de saúde – 529 já contratados -, sendo que 60 são médicos e 62 ainda estão m processo de recrutamento, como um “grande esforço” de sucesso. De forma geral, os deputados reagiram de forma positiva ao trabalho realizado pela equipa de Tam, elogiando os resultados. Ainda assim, dizem, há muito há a fazer. Mais e melhor “Vejo que a área da saúde melhorou, mas não o suficiente. Por exemplo, no recrutamento de recursos humanos não vejo melhorias”, disse a deputada Wong Kit Cheng. A deputada considera que transformar o hospital público numa espécie de dois hospitais, funcionando num sistema diurno e nocturno, irá pressionar os recursos humanos já existentes. “Temo que os profissionais sofram mais pressão com o alargamento dos horários e o sistema prolongado nas consultas externas. Tudo isto implica gestão de recursos humanos e os que existem já têm muito trabalho”, argumentou. Em resposta, Alexis Tam não concordou com as afirmações avançadas pela deputada. “Estamos todos a colaborar, eu falo com todos os meus colegas e estamos todos a trabalhar. No mês passado vi uma sondagem que me permitiu perceber que pela primeira vez em 16 anos, a população está a sentir satisfação nos serviços prestados na área da saúde”, indicou. Melinda Chan também aproveitou o seu tempo para questionar Alexis Tam sobre o processo de recrutamento, pedindo ao representante para explicar como será. O Secretário indicou que o recrutamento vai continuar para melhorar os serviços de saúde e “dar resposta à sociedade de Macau”. O recrutamento será prioritário para locais e, caso estes não consigam responder, o Governo conta com o “apoio da Administração de Saúde da China, serviços de saúde de Hong Kong, Taiwan e Portugal”. “Todas as entidades já identificaram a vontade de trabalhar connosco”, assentou, indicando que a sua pasta “não está a desperdiçar recursos com o recrutamento, está sim a investir”. Alexis diz ainda que “será definido um plano de recursos humanos. Pretende-se, no futuro, dar mais formação aos médicos de clínico geral e de especialidades médicas, bem como começar os trabalhos preparatórios para a criação da Academia de Medicina de Macau”. As áreas do Oftalmologia, Cirurgia Plástica, Oncologia e o hospital de dia contarão com o prolongamento o horário de funcionamento das consultas externas já no início do próximo ano, adiantou o Secretário. Alexis Tam afirmou ainda que será criado um Centro de Recursos para o Controlo do Tabaco para que sejam disponibilizadas “informações diversificadas relativas ao controlo do tabagismo”. Inseminação artificial é hipótese A inseminação artificial foi uma das novidades também avançadas ontem. Pela voz do próprio director do hospital público, Kuok Cheong U, ficou a saber-se que os Serviços de Saúde estão a pensar na possibilidade de implementação deste formato no território, ainda que o responsável diga que “este não é um meio indispensável, mas sim complementar”. Neste momento, as utentes interessadas precisam de ir às regiões vizinhas, como Hong Kong, para conseguir realizar o tratamento. “Isto é possível, há, é verdade, vários serviços aos quais recorremos e investimos nas regiões vizinhas, inclusivamente no âmbito da inseminação”, começou por explicar. “É possível fazermos este tratamento em Macau? É uma matéria a estudar. Estamos a analisar a todos os níveis. Estamos a pensar”, indicou o director, avançando que neste momento estão 30 utentes em tratamento. Uma hora para amamentar O deputado José Pereira Coutinho quis saber, comparando com os dados de Hong Kong – bem mais elevados do que Macau –, como é que o Governo justifica o baixos níveis de amamentação no território. “O que é o Governo vai fazer para aumentar o número de amamentação? Existe uma estratégia? Os dados indicam que depois de saírem do hospital as mães deixam de amamentar”, questionava ontem. Em resposta, Lei Chin Ion atribuiu os números à cultura da própria sociedade, admitindo que o Governo terá de fazer mais. “A sociedade tem de estar preparada, mas nós também precisamos de fazer mais (…) O [serviço] público já dá uma hora para amamentar, esperamos que o privado também faça o mesmo”, rematou. Reacções| Alexis Tam passa teste com distinção “Alexis Tam conseguiu ser concreto e evitou divagar nos assuntos que lhe competiam. Conseguiu apresentar ideias concretas, mostrou-se melhor preparado, mais do que antes [na apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2015]. Parece que aprendeu”, afirmou o deputado José Pereira Coutinho, em reacção à apresentação das LAG para 2016 do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Para o deputado, esta apresentação foi, até ao momento, a melhor de todas as pastas, surgindo depois de uma semana que começou “muito morna”. “Nota-se uma diferença enorme na preparação e segurança nas palavras do Secretário, quando comparamos, por exemplo, com o discurso do Secretário da Segurança, Wong Sio Chak, no início desta semana”, argumentou. “Alexis Tam focou os pontos essenciais e tentou responder a todas as perguntas que lhe foram colocadas pelos deputados. Acho que é desta forma que os Secretários devem estar preparados. Acho muito bem”, sublinhou. Também o deputado Gabriel Tong concorda com Pereira Coutinho. “Fiquei com muito boa impressão do Secretário e com o que ele apresentou. Mostrou vontade de saber comunicar com os deputados e mostrou querer responder a tudo. Parece-me que o projecto que ele apresentou é bastante grande e isto exige um grande esforço para o realizar”, disse, frisando a confiança que tem em Alexis Tam e na sua equipa. O destaque na Saúde como ponto principal foi a “melhor opção”, como classificou Pereira Coutinho, por ser um dos maiores problemas para resolver em Macau. Contrariando esta ideia, esteve o deputado Kou Hoi In que diz-se “pouco satisfeito” com as respostas dadas pelo Secretário. “Não consigo ver novos pontos nas LAG, nem respostas [aos problemas] por Alexis Tam, por exemplo, desenvolver os bairros antigos como zonas turísticas ou a ligação entre as zonas para distribuir os turistas para essas mesmas zonas. O Secretário usa apenas os pontos turísticos antigos, não fala em novos elementos”, argumentou, indicando que talvez “o tempo limitado para responder” justifique as “respostas vagas”. Com Flora Fong
Filipa Araújo PolíticaSecretário Alexis Tam com políticas na área do lazer e lança “Anim’Arte Macau” Mais museus, esplanadas, arte e cultura portuguesa. São as promessas e planos de Alexis Tam para 2016 na área do turismo e do lazer [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo vai lançar o programa “Anim’arte Macau” para promover novos produtos turísticos. A informação foi avançada por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) da sua pasta. O objectivo é, diz, “enriquecer o conteúdo cultural e de lazer, na área do turismo”, incluindo, por exemplo, a transformação total do Centro de Actividades Turísticas, que alberga já um museu temático do Grande Prémio, num complexo apenas dedicado a esse evento desportivo. A ideia é “aproveitar a marca e criar um projecto de alta qualidade”. Alexis Tam disse querer expandir a vertente de lazer da cidade, criando para isso mais espaços e museus dedicados à cultura. Uma das apostas é a cultura portuguesa e dos países lusófonos. “No Jardim do Carmo e nas Casas-Museu da Taipa podemos [dar a possibilidade] aos turistas para conhecerem a cultura portuguesa. Já falei com os cônsules dos países lusófonos e eles poderão usar o espaço para apresentarem a cultura desses países e fazerem semanas dinâmicas”, começou por dizer o Secretário. A ideia, frisou, é tornar aqueles espaços da Taipa num ambiente “mais europeu”, com “lojas de lembranças, esplanadas e cafés”, para que os turistas fiquem por cá mais tempo. Barcos para Coloane A parte velha da cidade não fica esquecida: o Porto Interior, na zona da Barra, era antigamente ponto de saída de barcos da Barra para as ilhas de Coloane e da Taipa. O Secretário quer voltar ao passado. “Vamos reavivar esses cenários do passado. Vamos fazer uma remodelação das pontes em frente da Barra e voltar a permitir a travessia de barco daí até Coloane. Desta forma, Macau pode aproveitar a sua costa”, frisou. O espaço em frente à Sede do Governo, em Macau, vai também ser transformado: “vamos criar entretenimento para os turistas” no espaço, assegurou Tam. No âmbito do desporto, o Secretário prometeu continuar a prestar grande atenção à criação do sistema de quadros qualificados e reforçar a formação dos jovens atletas e de talentos. Dois novos regulamentos de prémios desportivos, vão ajudar a impulsionar o nível do desporto de rendimento”, rematou.
Filipa Araújo PolíticaCooperação Macau-Shenzhen “elevada e produtiva” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] balanço está feito. A cooperação entre Macau e Shenzhen durante o ano de 2015 foi elevada e tem “resultados cada vez mais visíveis”. Quem o diz é o Governo, depois de, numa reunião que decorreu ontem, Chui Sai On, Chefe do Executivo da RAEM, e Xu Quin, presidente daquele município, terem concordado no bom trabalho realizado até agora no âmbito da economia, do comércio, das convenções e exposições, das finanças, da criação de negócios por jovens, do turismo, da educação e da saúde. Os dois assinaram ainda um par de novos memorandos. “No próximo ano, a cooperação entre Shenzhen e Macau vai continuar a aprofundar-se, avançando com projectos principais e levando a cabo os protocolos de cooperação já assinados, no sentido de contribuir para o desenvolvimento mútuo e melhoria da qualidade de vida dos dois territórios. Entretanto, as duas partes vão explorar gradualmente a cooperação na inovação financeira e criação de negócios por jovens, para além dos domínios já amadurecidos, tais como de economia, comércio, convenções e exposições, educação e cultura”, explica o comunicado. A próxima fase conta com uma forte aposta na cooperação da construção da Região do Grande Golfo de Guangdong, Hong Kong e Macau e no aproveitamento das vantagens das áreas de Qianhai e de Shekou do munícipio de Shenzhen, que fazem parte da Zona de Comércio Livre de Guangdong. Na reunião foram assinados dois memorandos: o de “Aprofundamento da Cooperação entre Macau e Shenzhen e Estímulo Conjunto à Construção da Região do Grande Golfo de Guangdong, Hong Kong e Macau” e o de “Cooperação no Sector do Turismo”, que permitem reforçar o estreitamento da cooperação no âmbito da economia, do comércio, das finanças, da cultura, da inovação e da criação de negócios. O Governo está a estudar alargar o Plano de Apoio a Jovens Empreendedores até às três áreas que fazem parte da Zona de Comércio Livre de Guangdong.
Filipa Araújo Manchete PolíticaTabaco | Proibições igual a queda dos negócios. E aumento do contrabando O consumo não diminui. As vendas sim. E o contrabando aumenta. São reacções de vendedores de tabaco à proposta de proibição de fumar e de expor produtos, que dizem que vai afectar e muito o sector [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s medidas do Governo contra o tabaco estão a destruir o negócio às empresas de venda de produtos ligados ao sector. O consumo não está a diminuir, mas a compra sim, dizem associações, sendo que o contrabando é o vilão principal desta série iniciada com as proibições efectuadas pelo Governo. O aumento do imposto sobre o tabaco, em Julho passado, o limite de transporte entre fronteiras de 19 cigarros por pessoa – já implementado – e a proposta de proibição de exposição dos produtos de tabaco nas montras das lojas são factores de “grande pressão” para os vendedores do sector. As queixas foram ouvidas ontem, durante uma reunião com a 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), por representantes da indústria de tabaco de Macau e por um grupo de operadores de estabelecimentos de vendas exclusivas de charutos. “[Estas medidas] vão afectar os respectivos sectores. [Os representantes afirmam que] a aprovação da proposta de Lei [de Prevenção e Controlo do Tabagismo] vai colocar em causa a sua sobrevivência”, indicou o presidente da Comissão, Chan Chak Mo. A Comissão analisa, actualmente, a revisão à Lei do Tabaco que, se aprovada, irá implementar a proibição total de fumar e a exposição destes produtos. Consumo mantém-se Os representantes argumentaram que o objectivo de diminuir o consumo de tabaco, sempre defendido pelo Governo, não está a ser atingido. “Eles disseram que estas medidas não contribuíram para baixar ou reduzir o consumo de tabaco. Deram vários exemplos, como em Singapura em que não é permitida a entrada de tabaco, mas é permitido o fumo nos casinos”, indicou. Os representantes indicaram ainda ter levado a cabo um inquérito que permitiu perceber não estar a ser respeitado pelos consumidores de tabaco o limite de transporte de 19 cigarros por pessoa na passagem das fronteiras, promovendo o contrabando. Em linhas simples, o número de consumidores não diminuiu, argumentam os membros do sector, mas o de compras sim. Face aos novos preços, que sofreram um aumento substancial, os fumadores compram tabaco fora de Macau e continuam a consumir. Quem perde, dizem, são os vendedores locais. Para além disso, “retirar os produtos das montras quando eles já trazem as indicações nos pacotes é ir contra a Lei da Defesa dos Direitos e Interesses dos Consumidores”, foi outro dos argumentos apresentados. A diferença está no charuto Relativamente à venda exclusiva de charutos, os membros do grupo argumentaram que a inclusão das salas de provas nas lojas na proibição total de fumar em recintos fechados vem destruir o negócio. “A opinião dos vendedores de charutos é que este produto é diferente do tabaco. Só é consumido por adultos. Deve por isso ser tratado de uma forma diferente dos cigarros”, explicou o presidente da Comissão. Segundo os dados do Governo, existem actualmente 20 charutarias em Macau, envolvendo cem trabalhadores e com representação de centenas de marcas de charutos importados. “Cada caixa de charutos custa entre sete a oito mil patacas. Sem uma sala de prova, os representantes argumentam que perdem o negócio porque os consumidores só escolhem depois da degustação dentro dessas salas”, explicou Chan Chak Mo. Os empresários alegaram ainda que noutros países estas salas de prova são uma excepção na lei para que as lojas possam manter o seu negócio. “Eles alegaram que aquelas salas são só para charutos e não cigarros”, afirmou. Questionado pelos jornalistas, Chan Chak Mo não adiantou qualquer reacção por parte da Comissão, indicando apenas que o grupo de trabalho sabe que o inquérito e dados apresentados representam a visão dos representantes e que o Governo via ser questionado sobre os resultados das medidas.
Filipa Araújo EventosLivraria Portuguesa acolhe debate político com figuras locais Um debate apartidário sobre a Esquerda no contexto político acontece amanhã na Livraria Portuguesa. Para onde caminha a Esquerda depois do trilho percorrido nas últimas décadas será o ponto de partida para a tertúlia [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Livraria Portuguesa abre amanhã as portas para um debate político. Subordinado ao tema “A Esquerda no Contexto Político Actual”, e de organização apartidária, o evento surgiu de uma ideia de Rui Simões, advogado, e Tiago Pereira, secretário-geral do Partido Socialista de Macau. “É um debate apartidário, foi organizado por mim e pelo Rui Simões. Não queríamos que isto estivesse associado a nenhum partido em particular, porque não se deseja que esteja associado a nenhuma visão política particular”, explicou o político ao HM. São cinco os temas em cima da mesa: a Esquerda na pós-Guerra Fria e a Terceira Via, Desafios da Globalização – Um novo Socialismo Democrático, Identificação Esquerda – Direita versus Identificação Partidária – Crise de Representatividade?, Polarização Política na Europa e, por fim, o Cenário Político em Portugal. Carlos Morais José, antropólogo, Frederico Rato e Sérgio Almeida Correia, advogados, constituirão a mesa de intervenções, que vai ser moderada pelo jornalista Rogério Beltrão Coelho. Os intervenientes “são pessoas de posições políticas conhecidas e que ocupam diferentes lugares no espectro político da esquerda”, indica Tiago Pereira. O debate tem como objectivo principal perceber o que se chama de Esquerda, actualmente. “O mundo mudou muito nas últimas décadas. A globalização desenvolveu-se, a par com avanços tecnológicos, destacando-se aqui a internet. O Bloco Soviético desapareceu e a crise no Médio Oriente transformou-se com a ameaça terrorista. Conflitos propagaram-se em África e a catástrofe Síria alarga-se. O Iraque foi invadido e o regime anterior aniquilado. Os chamados mercados emergentes desenvolveram-se, destacando-se a China e a Índia”, argumentou o organizador. O contexto histórico produziu “repercussões enormes” a nível económico, geopolítico, e “até mesmo das próprias sociedades”. “Os padrões mudaram. Os desafios são outros. E a Europa vive actualmente uma crise que resulta desses factores e de uma deficiente arquitectura da União Europeia”. O debate irá permitir assim, “explorar em que posição isto deixa a Esquerda, enquanto alternativa às políticas falhadas que têm sido levadas a cabo”. A tertúlia política é aberta à sociedade e começará às 18h15, nas instalações da Livraria Portuguesa.
Filipa Araújo PolíticaOrçamento | Relatório de 2014 com falhas e baixa execução do PIDDA [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Assembleia Legislativa encontrou problemas no relatório de execução orçamental do ano passado. “A nossa equipa de assessoria encontrou problemas no relatório de execução do orçamento de 2014, tais como aqueles apontados na apreciação da propostas de orçamentos, em 2013”, indicou ontem Cheang Chi Keong, presidente da 3.ª Comissão Permanente da AL, que analisa o diploma na especialidade. Depois de justificar que a 2.ª Comissão Permanente – grupo que avaliou as propostas de lei sobre o orçamento – está com muito trabalho em mãos e, por isso, este relatório foi passado para a Comissão que preside, o também deputado indicou que a baixa taxa de execução do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) continua a ser um dos problemas mais comuns. Depois de uma reunião interna, Cheang Chi Keong assegura que o orçamento de 2014 foi executado de acordo com a lei e avaliado positivamente pelo Comissariado da Auditoria, mas adiantou que, no próximo encontro, os membros da Comissão irão colocar questões aos representantes do Governo. Isto porque a pouca execução do orçamento é a maior preocupação dos deputados, sinal claro, diz Cheang Chi Keong, de alguma “falta de rigor” por parte do Governo. “Tivemos aumento das despesas, mas a taxa de execução [do PIDDA] foi baixa”, apontou. “O Governo quer ter margem”, indicou, mas “é preciso ter uma orçamento mais apertado, mais certo e, claro, mais perto da realidade”. Com isto, o presidente indicou que a Comissão irá apresentar alguns pedidos de esclarecimento ao Executivo. Há desvios nas contas, conforme explicou o presidente, e os excedentes, indicou ainda Cheang Chi Keong, serão, depois de concluída a análise, canalizados para a reserva financeira já no início de 2016.
Filipa Araújo SociedadeSão Januário | Alargamento de horários é bom, “se não prejudicar trabalhadores” A medida de alargar os horários do hospital público, idealizada por Alexis Tam, agrada a alguns profissionais da área da Saúde. Mas o alerta é dado: é preciso garantir que os recursos humanos não serão sobrecarregados [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ideia apresentada por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de “usar um hospital como dois”, ou seja, alargar os horários do Centro Hospitalar Conde de São Januário até que esteja concluída a construção do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, prevista para 2020, parece agradar aos profissionais da área. Em termos claros, a ideia é que os residentes possam ir a consultas de especialidade também à noite. “Tendo em conta que a ideia é oferecer aos utentes novos horários, permitindo que os mesmos não tenham que muitas vezes faltar ao trabalho, ou ter de ir a uma consulta de manhã, [concordo]. Assim, é melhor ter uma consulta às 19h00. Concordo, só podia concordar”, indicou Estela Loureiro, médica, actualmente do serviço privado. No entanto, este novo cenário idealizado pelo Secretário “não pode prejudicar os recursos humanos do próprio hospital”, apontou, frisando “que os profissionais não poderão trabalhar mais horas”. Um médico de Cirurgia, que preferiu manter o anonimato, indicou ao HM que “está é uma ideia muito vaga”. A concretizar poderá funcionar mas “é necessário apostar nos recursos humanos”. “Não sei quantos serão precisos. 200 [profissionais]? Talvez mais? E este pessoal precisará também de formação”, indicou ao HM, argumentando que também os profissionais que irão fazer parte dos quadros do novo hospital, quando construído, precisam “de formação” que só o actual hospital público poderá dar. “Não sei como será. Não sei”, apontou. Alexis Tam falava em adicionar mais dois mil profissionais de saúde ao hospital devido à nova ideia. A outra face Para Winnie Wai (nome fictício), enfermeira do hospital, a ideia de Alexis Tam não é viável, sendo até “completamente absurda”. “Em Macau existem 1800 enfermeiros. Conforme o critério internacional, cada mil residentes deve ter quatro enfermeiros, agora a população de Macau é de cerca de 600 mil, estão em falha mais de 700 enfermeiros, ou seja, não correspondemos ao critério”, defendeu. Actualmente, diz, o cenário é de um excesso de horas de trabalho constante. “Estamos muitos saturados”, apontou. “O limite de horas para ser excesso de trabalho é de 300 horas, no meu caso, ultrapasso quase sempre as 260 horas e agora o Governo ainda diz que podemos trabalhar além do limite para recuperar rendimentos”, argumentou. Mãos amigas Se não conseguir recrutar, o Governo vai aumentar a carga horária e a pressão dos enfermeiros e de todo o restante pessoal, sendo que, aponta a enfermeira, os trabalhos por turnos são sempre muito mais cansativos. “É verdade que o número de mão-de-obra está a aumentar, mas é preciso perceber que os novos profissionais não conseguem ajudar nos primeiro meses de trabalho, são precisos pelo menos três a seis meses de trabalho”, indicou. “Ninguém está preocupado com a saúde dos enfermeiros, também nós podemos ficar doentes e cansados. Percebo que o Governo queira ajudar os residentes, mas nós também somos residentes, também precisamos de boas condições”, rematou. Questionada sobre a conclusão do novo hospital, a enfermeira considera que será sempre necessária a aquisição de novos equipamentos e de aumentar as equipas de profissionais numa maior escala, visto que a actualmente a oferta não corresponde à procura.
Filipa Araújo SociedadeSão Januário | Alargamento de horários é bom, se não prejudicar trabalhadores A medida de alargar os horários do hospital público, idealizada por Alexis Tam, agrada a alguns profissionais da área da Saúde. Mas o alerta é dado: é preciso garantir que os recursos humanos não serão sobrecarregados [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ideia apresentada por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de “usar um hospital como dois”, ou seja, alargar os horários do Centro Hospitalar Conde de São Januário até que esteja concluída a construção do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, prevista para 2020, parece agradar aos profissionais da área. Em termos claros, a ideia é que os residentes possam ir a consultas de especialidade também à noite. “Tendo em conta que a ideia é oferecer aos utentes novos horários, permitindo que os mesmos não tenham que muitas vezes faltar ao trabalho, ou ter de ir a uma consulta de manhã, [concordo]. Assim, é melhor ter uma consulta às 19h00. Concordo, só podia concordar”, indicou Estela Loureiro, médica, actualmente do serviço privado. No entanto, este novo cenário idealizado pelo Secretário “não pode prejudicar os recursos humanos do próprio hospital”, apontou, frisando “que os profissionais não poderão trabalhar mais horas”. Um médico de Cirurgia, que preferiu manter o anonimato, indicou ao HM que “está é uma ideia muito vaga”. A concretizar poderá funcionar mas “é necessário apostar nos recursos humanos”. “Não sei quantos serão precisos. 200 [profissionais]? Talvez mais? E este pessoal precisará também de formação”, indicou ao HM, argumentando que também os profissionais que irão fazer parte dos quadros do novo hospital, quando construído, precisam “de formação” que só o actual hospital público poderá dar. “Não sei como será. Não sei”, apontou. Alexis Tam falava em adicionar mais dois mil profissionais de saúde ao hospital devido à nova ideia. A outra face Para Winnie Wai (nome fictício), enfermeira do hospital, a ideia de Alexis Tam não é viável, sendo até “completamente absurda”. “Em Macau existem 1800 enfermeiros. Conforme o critério internacional, cada mil residentes deve ter quatro enfermeiros, agora a população de Macau é de cerca de 600 mil, estão em falha mais de 700 enfermeiros, ou seja, não correspondemos ao critério”, defendeu. Actualmente, diz, o cenário é de um excesso de horas de trabalho constante. “Estamos muitos saturados”, apontou. “O limite de horas para ser excesso de trabalho é de 300 horas, no meu caso, ultrapasso quase sempre as 260 horas e agora o Governo ainda diz que podemos trabalhar além do limite para recuperar rendimentos”, argumentou. Mãos amigas Se não conseguir recrutar, o Governo vai aumentar a carga horária e a pressão dos enfermeiros e de todo o restante pessoal, sendo que, aponta a enfermeira, os trabalhos por turnos são sempre muito mais cansativos. “É verdade que o número de mão-de-obra está a aumentar, mas é preciso perceber que os novos profissionais não conseguem ajudar nos primeiro meses de trabalho, são precisos pelo menos três a seis meses de trabalho”, indicou. “Ninguém está preocupado com a saúde dos enfermeiros, também nós podemos ficar doentes e cansados. Percebo que o Governo queira ajudar os residentes, mas nós também somos residentes, também precisamos de boas condições”, rematou. Questionada sobre a conclusão do novo hospital, a enfermeira considera que será sempre necessária a aquisição de novos equipamentos e de aumentar as equipas de profissionais numa maior escala, visto que a actualmente a oferta não corresponde à procura.
Filipa Araújo EventosFundação Oriente | Hugo Pinto vence Prémio Reportagem com peça sobre o Jogo É Hugo Pinto quem assina o trabalho escolhido pela Fundação Oriente para a atribuição do prémio reportagem de 2014. “As Novas Regras do Jogo” foi emitida no início do presente ano, na Rádio Macau, e reuniu, por unanimidade, o voto a favor da mesa de júri para o melhor trabalho do ano. Filipa Queiroz e Inês Santinhos Gonçalves ganharam menções honrosas [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão é novato nestas andanças e volta a provar isso. Hugo Pinto, jornalista da Rádio Macau, angariou pela segunda vez o Prémio Reportagem atribuído anualmente pela Fundação Oriente. “É sempre uma grande satisfação ver o esforços, o trabalho reconhecido. Enche-me de satisfação. Fico muito feliz”, reagiu o jornalista ao HM. A reportagem “As Novas Regras do Jogo”, emitida na Rádio Macau no dia 25 de Janeiro de 2015, foi o trabalho – dos 17 em avaliação – escolhido pelo júri, composto pela Coordenadora da Delegação da Fundação Oriente em Macau, Ana Paula Cleto, e por mais quatro elementos: Maria José dos Reis Grosso e Yao Jing Ming, professores associados da Universidade de Macau, Margarida Pinto, delegada da Agência Lusa em Macau, e Harald Bruning, director do jornal “The Macau Post Daily”. O júri indicou que a reportagem aborda “um tema sensível, da maior actualidade e de grande impacto socio-económico”, afectando toda a sociedade de Macau. “A reportagem foi considerada um trabalho jornalístico de qualidade excepcional, preenchendo todos os requisitos jornalísticos para a categoria em causa: um tema da maior actualidade, uma ideia bem planeada, um texto muito bem construído com base numa diversificação equilibrada de fontes consultadas e, ainda, uma cuidada montagem da peça”, argumentou a Fundação Oriente. Perguntas no ar O trabalho teve como intenção “desconstruir a narrativa em torno do Jogo, desde o momento que a indústria do Jogo começou a atravessar no ano passado, quando, no final desse ano, se confirmou a queda [das receitas]”. Com o novo rumo que Macau precisava de ter e a necessidade da aposta na diversificação da economia, o jornalista questionou-se: “afinal que filme é este?” “Tentei perceber o que se estava a passar (…) Passaríamos de um filme com gangsters, salas de Jogo com apostas ilimitadas, com muito fumo e prostituição à mistura nos casino e hotéis, para um centro de turismo e lazer (…)”, recorda Hugo Pinto, admitindo que foi à procura de respostas. “Tentei pegar nessa história e desconstruí-la e questionando se é possível de um dia para o outro mudar assim a identidade de Macau”, rematou, frisando a importância de cada um de nós se questionar sobre esta nova necessidade moralizar o território. Honra nas menções A Fundação Oriente atribuiu ainda duas menções honrosas à jornalista Filipa Queiroz, com o texto “The Nine Lives of Lilau”/ “As Sete Vidas do Lilau”, publicado na Revista Macau em língua inglesa em Maio de 2013, e à jornalista Inês Santinhos Gonçalves com a reportagem “Língua da mãe-pátria tem cada vez mais a voz em Macau”, publicada pela Agência Lusa, a 20 de Fevereiro de 2014.
Filipa Araújo BrevesRaimundo do Rosário |Plano director só no final do ano 2016 A elaboração do plano director deve ser iniciada em finais do próximo ano. A explicação foi dada pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas que disse, na passada reunião do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), que a elaboração do plano director de Macau, são precedidos de um estudo estratégico e que, por isso, só em 2016 haverá novidades sobre o plano director. Neste momento é necessário, como anteriormente avançado pelo Governo, este estudo estratégico, que, segundo o Chefe do Executivo, Chui Sai On, deverá ter início ainda este ano. Relativamente ao relatório da 3ª fase de auscultação pública sobre o projecto do Plano Director dos Novos Aterros, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes indicou, em comunicado à imprensa, que está prevista a sua conclusão e apresentação no próximo mês de Fevereiro.
Filipa Araújo SociedadeSIDA | Teste rápido passa a estar disponível permanentemente [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois da actividade de rastreio do vírus HIV, no sábado passado, que contou com a participação de 105 pessoas, os Serviços de Saúde (SS) lançaram o Programa de Testes de Rotina de HIV. Este permite, agora, que se faça o teste rápido da SIDA permanentemente, algo que não estava sempre disponível. O objectivo é claro: as autoridades de saúde querem atingir a meta intitulada de “90-90-90”. Proposta pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA (UNAIDS), a meta estimada é que, até 2020, o Governo quer que 90% dos infectados com SIDA conheçam a infecção, 90% dos infectados que conheçam a infecção recebam tratamento e que 90% dos infectados que recebam tratamento possam inibir eficazmente a doença. Para isso, está agora disponível de forma permanente o exame rápido do HIV. Qualquer cidadão pode ir a um Centro de Saúde, ou entidade médica, e pedir para realizar o teste. Em apenas dez minutos o utente terá o resultado, sendo que seguidamente será encaminhado para uma consulta médica. Grupos de risco Permitindo um alternativa ao exame de SIDA mais demorado, este programa tem como foco quatro grupos considerados, pelos SS, de “maior risco”. São eles as pessoas com manifestações clínicas sugestivas de infecção pelo HIV, doentes suspeitos ou diagnosticados de serem infectados de quaisquer tipos de doenças sexualmente transmissíveis, indivíduos que tomam a iniciativa de pedir o teste de HIV ou de outras doenças sexualmente transmissíveis e, por fim, indivíduos suspeitos ou que afirmaram ter comportamento de risco de infecção por HIV. Em comunicado à imprensa, os SS indicam que esperam, com a implementação deste novo programa, criar um incentivo à participação de todas as instituições de Macau no programa, fazendo-se notar um aumento da aceitação do teste de HIV pelos cidadãos, “de modo a que seja possível identificar precocemente os indivíduos infectados, para possibilitar, o mais cedo possível, o tratamento e os cuidados abrangentes no controlo eficaz da doença e reduzir o risco de transmissão de HIV a nível comunitário”.
Filipa Araújo PolíticaOrçamento | Governo chamado a justificar gastos e PIDDA [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), presidida por Chan Chak Mo, considera ser necessário o Governo dar mais explicações quantos aos gastos previstos na Lei do Orçamento de 2016, agora em análise na especialidade, depois de aprovada na generalidade na semana passada. “Hoje ouvimos a nossa [equipa de] assessoria económica que diz que há falta de informações [na proposta de lei]”, começou por dizer Chan Chak Mo, dando como exemplo o caso do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA). A Comissão considera que, entre o período de Janeiro a Setembro, o orçamento peca por falta de informações importantes. “Ainda no PIDDA, sabemos que constam 18 projectos que compreendem construções e grande reparações (…) com um valor bastante avultado de 145 mil milhões [de patacas], mas há falta de informações sobre estas obras”, apontou o presidente, indicando que espera que o Governo pormenorize os gastos já na próxima reunião com a Comissão, agendada para quarta-feira. Alexis na cadeira As informações suplementares já atribuídas à Comissão sobre o orçamento para o próximo ano não são, portanto, suficientes. A Comissão notou ainda que o Gabinete para os Assuntos Sociais e Cultura registou um aumento notório nas despesas previstas, sendo por isso necessário que o Governo justifique esta previsão de gastos. “Verifica-se [no Gabinete para os Assuntos Sociais e Cultura] um aumento bastante significativo no que diz respeito às despesas para o próximo ano”, apontou Chan Chak Mo, sublinhando que na próxima reunião conta com a presença de vários representantes do Governo. Em relação aos outros serviços, Chan Chak Mo explica que a Comissão irá convidar os respectivos representantes para reuniões futuras para “conhecer a situação de cada” um.
Filipa Araújo PolíticaLAG Economia e Finanças | Como sair do círculo vicioso? Da dependência do Jogo para o futuro. Que caminhos? Lionel Leong deu algumas pistas. Que carecem de nitidez [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s hostilidades abriram com uma questão algo perturbante, da lavra do deputado Tsui Wai Kwan: “Parece-me que o Secretário [Lionel Leong] só está preocupado com as convenções. Pois bem… e as exposições?”. Assim abria o debate das Linhas de Acção Governativa (LAG), pasta de Economia e Finanças. Prometia… “O Secretário fala muito das convenções para promover o desenvolvimento [de Macau]. Isto quer dizer que vai dar prioridade às convenções. Mas o que é que isto significa? Há motivos para dar prioridade as convenções? Tenho a sensação que as exposições estão em segundo lugar”, argumentava o deputado, algo desiludido com as preferência do Secretário. Em resposta, Lionel Leong garantiu que não. Até porque não existe um conceito de convenções sem exposições, que as duas estão ligadas e por isso qualquer plano que o Governo tenha para as convenções, terá para as exposições. “Damos muita importância as convenções, preocupamo-nos como é que podemos desenvolver este sector. Antes tínhamos alguns obstáculos, por exemplo, de hardware, para a realização das convenções em que mais de 60% eram realizadas sempre no mesmo sítio. Tudo estava concentrado”, explicou o Secretário, frisando que o Governo deve aproveitar os espaços que tem, incluindo nas cadeias hoteleiras. “As convenções estão relacionadas com as exposições, não podemos separar. Com uma dinâmica entre estes dois elementos, podemos dinamizar a vinda de visitantes”, argumentou. Estas novas visitas, indicou Lionel Leong, poderão “gostar e considerar Macau como um sítio de bom ambiente, com várias oportunidades de comércio e por isso vão interiorizar a vontade de expor aqui os seus próprios produtos e comercializá-los”. “Até podem querer marcar reuniões com os empregados ou a equipa e escolher Macau como destino”, reforçou, frisando “o maior poder de compra” que estes visitantes carregam consigo. O Secretário caracterizou este sector como um lugar de grande peso para a economia local, sendo por isso necessário todo o empenho da sua equipa na sua promoção e melhoria. PLP| uma arma mal usada Passado este momento sui generis, Lionel Leong foi questionado sobre o papel de Macau como uma plataforma de cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP). Sem hesitar, o Secretário tornou clara a importância desta função: “A plataforma com os PLP é muito importante, com isto podemos conseguir bons resultados”, defendeu. Quanto ao movimento lusófono em Macau, o Secretário garantiu que são precisas mais “actividades neste sector para depois se definirem objectivos e estruturar, para se conseguir promover”. Um grupo de trabalho presidido pelo próprio Chefe do Executivo, Chui Sai On, que reunirá membros de vários pastas, tais como os Serviços de Alfândega ou dos Assuntos Sociais e Cultura, é uma ideia que Lionel Leong está a trabalhar. No fundo, um grupo que se dedique à promoção da Lusofonia como chamariz aos investidores de China Continental. “Vamos convidar os países lusófonos a desenvolver um projecto para a China (…) queremos apostar nos elementos dos PPL, criando uma semana dinâmica”, indicou o Secretário, sublinhando que o “Fórum para a Cooperação Económica e Comercial de Macau terá um papel fundamental na promoção das características dos PLP em zonas do interior da China. “Queremos criar bolsas de contacto directo para que os empresários tenham mais conhecimento e percebam mais do mercado lusófono. Assim seremos uma plataforma”, rematou. Será também feito um pedido aos PLP relativamente à protecção ambiental, ainda segundo o Secretário. “Vamos convidar os PLP para trazerem mais tecnologia, para estabelecer ou organizar contactos entre empresários de protecção ambiental destes países com a China”, explicou. IPIM e medicina tradicional no mundo Durante as suas respostas aos deputados, Lionel Leong afirmou ainda que o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM) vai abrir uma representação no Brasil e em Portugal para divulgar e abraçar uma cooperação de promoção dos produtos dos PLP. “Pretendemos contratar contabilistas e advogados para prestarem serviços de consultadoria, finanças e direito, em relação ao Brasil e Portugal. Assim os investidores conseguirão obter os serviços adequados”, explicou. A Medicina Tradicional Chinesa é também uma das preocupações do Secretário, que a quer no mundo. Segundo afirmou, este ramo da medicina poderá ser a rampa de lançamento de muitas empresas para os mercados estrangeiros, sejam “na Europa ou até nos Estados Unidos da América”. Uma aposta no Parque Científico e Industrial de Medicina, tornando-o num grande foco de investimento poderá levar a esta expansão. Incluindo os medicamentos, rematou. “Além da missão que já apresentámos, vamos tentar que as empresas que entram no Parque possam criar a sua própria industrialização e ao mesmo tempo que atraiam pequenas e médias empresas para investir na Medicina Tradicional Chinesa. Assim podemos sair de Macau para o mundo”, indicou. Sessões de apresentação é um dos objectivos de Lionel Leong, que também pretende industrializar a própria Medicina Tradicional Chinesa. “Vamos estudar a melhor maneira para sermos conhecidos no mundo, vamos convidar médicos para participar nas sessões”, acrescentou, frisando que esta é uma medida a “longo prazo, portanto não vai ser rápido”. Fundo com todos Ainda durante a sessão de debate das LAG, Lionel Leong esclareceu que o Executivo irá “desenvolver o Fundo de Desenvolvimento e Investimento com a participação dos cidadãos, quando se puder garantir a segurança do investimento”. “Claro que os residentes de Macau podem participar no fundo”, afirmou, respondendo ao deputado Vitor Cheung Lup Kwan sobre a participação popular no projecto. Assim, continuou o Secretário, o Governo irá desenvolver este fundo contando com a participação dos residentes de Macau que estejam interessados. “Vai haver um retorno pequeno, mas é normal, depois é maior. Com tempo, quando pudermos garantir a segurança dos investimentos [dos residentes], vamos aceitar a participação dos cidadãos”, explicou. Quanto ao mercado do petróleo, questionado pela deputada Wong Kit Cheng, Lionel Leong garantiu que o Governo irá estudar mais sobre a situação. “A gasolina representa 97,3% do volume de importação e o gás butano 92,6%. Isto vem da China [continental]. Temos um grupo de trabalho que está a estudar sobre os preços do consumo e temos estado a estudar a nova situação dos produtos alimentares para que possamos ter uma oferta e uma estabilidade dos preços de consumo. Vamos estudar e acompanhar”, rematou Lionel Leong. As ideias de Lionel Leong • Aposta nas convenções e exposições •Relações com PLP – Grupo de Trabalho transversal para dinamizar relações – IPIM em Portugal e no Brasil – Aposta na protecção ambiental • Industrializar e comercializar Medicina Chinesa no mundo • Participação dos residentes no Fundo de Desenvolvimento e Investimento
Filipa Araújo PolíticaInspecção de Jogos | Leonel Alves questiona estrutura orgânica [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]urante a sua intervenção na sessão de debate das Linhas de Acção Governativa (LAG), o deputado Leonel Alves questionou o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, quanto à estrutura orgânica da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), regulamentada desde 2003, sem alteração até agora. Tendo em conta o “novo ciclo dos Jogos” e quase passados 15 anos o deputado questiona a pouca adequação da mesma estrutura. “Como vai evoluir esta estrutura de jogos?”, questionou o deputado, aproveitando também para pedir a Lionel Leong explicações quanto ao futuro e estrutura orgânica do Gabinete de Informação Financeira (GIF), inicialmente criado com para uma duração de três anos. O Secretário admitiu que o Governo, e a sua equipa, concordam que o “DICJ merece uma melhoria para que os trabalho possam efectuar bem as suas funções”, sendo que o “pessoal da área de direito também deve ser reforçado”. Melhorias informáticas necessárias foram ainda apontadas pelo próprio Secretário, porque ainda hoje “se utiliza a presença de trabalhadores quando se poderiam introduzir novas tecnologias e melhorar o trabalho”. “Quando conseguirmos ter estes profissionais e melhorias podemos efectuar um ajustamento à DICJ”, explicou o Secretário. Relativamente o GIF, Lionel Leong foi claro: em quanto o GIF não realizar o exame perante a organização internacional sobre branqueamento de capitais e combate ao terrorismo – que acontecerá no próximo ano – a equipa e a estrutura não serão mexidas. “Antes disso não vamos fazer nada, só depois do exame internacional é que saberemos se o órgão internacional também pretende que a RAEM disponha de uma unidade financeira permanente. No fim do exame vamos colocar em hipótese a reformulação”, apontou.
Filipa Araújo PolíticaNg Kuok Cheong |Mecanismo para salário mínimo não é realizável [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado Ng Kuok Cheong questionou o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, sobre a promoção de um salário mínimo geral, incluindo todos as profissões. O deputado defende que há necessidade deste salário – que agora contempla apenas empregados de limpeza e seguranças – se tornar universal, através de “mecanismo fiáveis” para que não causar “impactos na sociedade”. Ng Kuok Cheong relembrou a promessa do Governo, em Janeiro passado, de criar um “mecanismo dinâmico” de apoio às pequenas e médias empresas (PME) na implementação dos regime do salário mínimo. “Até agora não temos nada”, frisou o deputado, questionando quais os planos do Governo para a criação do tal mecanismo. Em resposta, Lionel Leong sublinhou a vontade de “apoiar de uma forma maior os trabalhadores que têm um salário muito baixo”, para que, “possam ter um salário razoável”. Daí, justifica, o Governo ter avançado com um salário para os empregados da área de segurança e limpeza. “Nós próximo três anos, queremos que esta medida seja abrangente para todos, achamos que é muito importante ter um salário mínimo. Estou muito atento a este assunto”, reforçou o Secretário. Perante o mecanismo dinâmico citado por Ng Kuok Cheong, Lionel Leong indicou que o Governo tem mantido relações estreitas, de contacto constante, com diferentes associações e pessoas para que estas conheçam as condições necessárias. “Convidámos o Instituto de Habitação (IH) para que este possa fornecer os dados às pessoas e aos interessados, como os patrões para saberem a lei. (…) Temos falado com as Obras Públicas, estamos atentos ao pessoal efectivo. Perguntamo-nos se este pode ser afectado após o lançamento do salário mínimo. Se isso acontecer, vem contrariar o nosso objecto. Achamos que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) tem que falar com o IH para estarem atentos a toda esta situação”, respondeu. Perante a resposta dada pelo Secretário, Ng Kuok Cheong considerou haver muita coisa para explicar, sendo que, pela explicação de Lionel Leong, o “mecanismo dinâmico” está longe de acontecer e, parece-lhe muito pouco “realizável”.
Filipa Araújo PolíticaLAG | Empregadas domésticas são tema de destaque As empregadas domésticas e a agências de trabalho estão na mira do Governo. Muito questionado sobre o futuro, Lionel Leong garante que a sua equipa está atenta a situação e prevê mudança para breve [dropcap style=’circle’]T[/dropcap]erminado o segundo dia de apresentação das Linha de Acção Governativa (LAG) da secretaria da Economia e Finanças, da responsabilidade de Lionel Leong, a situação da contração das empregadas domésticas voltou a ter bastante destaque. Para a deputada Chan Hong “Macau precisa de alterar os diplomas relacionadas com a protecção e contratação de empregadas domésticas”. Na visão da deputada, a qualidade do serviços em causa deixa muito a desejar e é preciso garantir um bom serviço. Chan Hong aproveitou o momento de debate com o Secretário Lionel Leong para saber se o Governo está a acompanhar a situação e qual o trabalho que tem realizado relativamente às agências de trabalho, mecanismo utilizado para a contratação da empregadas domésticas. A deputada Song Pek Kei voltou, uma vez mais, a insistir na necessidade do Governo assumir uma posição perante a situação actual das agências de trabalho. Em resposta, Lionel Leong indicou que o Govenro “já ouviu a população que também mostrou a sua preocupação quanto à qualidade do serviço”. “Queremos melhorar o serviços de gestão e importação de empregadas domésticas. E vamos melhorar todo o mecanismo quanto ao número de contingência, duração de trabalho, etc”, afirmou o Secretário. Durante a apresentação das suas directrizes de governação, e respondendo às perguntas colocadas pelos deputados, Lionel Leong afirmou ainda que o Governo pretende criar uma “nova forma de contratação de empregadas domésticas”. A contratação, indicou o Secretário, corresponde à forma de contratação nominativa. Forma esta que traz “vantagens e desvantagens”. “Por exemplo, só quando [a empregada doméstica] entra no território é que é activo o visto de trabalho. Isto vai permitir perceber melhor”, indicou, frisando que neste momento as empregadas domésticas, com visto de turista ou de trabalho, “entram e saem [do território] e não possível controlar”. “É preciso criar novas regras para a fiscalização. Mas como sabemos, uma moeda tem sempre duas faces”, argumentou o representante do Governo. A deputada Song Pek Kei insistiu para a necessidade de Lionel Leong levar acabo a revisão das leis que regulamento as agências de trabalho e as contratações de empregadas domésticas. Lionel Leong disse estar atento à necessidade de revisão, apesar de neste momento estar em cumprimento com a lei, o Secretário adiantou que o Governo tem mantido um contacto estreito com a parte laboral e a patronal para que se possa melhorar o cenário actual. Relativamente ao regulamento das agências de trabalho, Lionel Leong, adiantou que é possível que seja entregue uma proposta de lei no primeiro trimestre do próximo ano. “Se há erros, [as agências de emprego] vão ser punidas (…) ao longo do ano tivemos quatro casos de atribuírem trabalho a vistos turistas”, indicou ainda o Secretário. Lugar para todos A deputada Chan Hong fez ainda referência aos portadores de deficiência. “Há falta de recursos humanos”, argumentou, explicando que existindo esta carência é uma oportunidade para “os portadores de deficiência terem mais oportunidades em encontrar trabalho”. Para a deputada é preciso que o Governo esteja atento e a trabalhar para proteger os direitos deste tipo de trabalhadores, ajudando-os com, por exemplo, isenções fiscais e outras medidas fiscais. “O Governo precisa de ajudar estes portadores de deficientes para que eles sejam contratados”, alertou, questionando Lionel Leong sobre a existência de uma “calendarização do trabalho”. “Eles também têm direitos, temos de ajudar estes deficientes a ter um emprego”, rematou. Pela voz do director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong, surgiu a garantiu de mais descontos fiscais, “acumulação de descontos”, às empresas, casos estas pretendam recrutar um maior número de portadores de deficiência. O director avançou ainda que estas isenções ficais podem ultrapassar as 62 mil patacas no imposto complementar.
Filipa Araújo Entrevista ManchetePaulino Comandante: “Se alguém quer tirar o curso a sério, ou tira na UM ou vai para Portugal” Os advogados querem retomar o protocolo com Portugal, mas Paulino Comandante admite que existirão mais condicionalismos do que antes: limitação do número e gente mais experiente. A relação patrono/estagiário e a a mediação e arbitragem como alternativas aos tribunais são alguns dos pontos fulcrais referidos pelo advogado e secretário-geral da AAM, para quem só a UM ensina o verdadeiro Direito de Macau A falta de magistrados é sempre um dos pontos de enfoque no ano judiciário. É verdade que continua a existir falta de magistrados? Em termos quantitativos, o que acho é que, ao longo dos anos, tem-se notado um aumento. Naturalmente esta equipa [de magistrados] é composta por bons elementos, de níveis de habilitações académicas elevadas. Mas, como podemos notar, são jovens, precisam de mais experiência da vida. Apesar de dominarem a língua chinesa e portuguesa, é preciso experiência para resolver os problemas que temos nos tribunais. Para isso é preciso tempo. Os magistrados que temos, este grupo, são jovens. Não quero dizer que não têm experiência, mas precisam de mais e isso só se ganha com o tempo. Portanto Macau precisa de magistrados mais experientes. Sim, defendo isso, que Macau precisa desses magistrados, experientes, maduros. Sendo Portugal a única via a que, neste momento, podemos recorrer. É preciso recorrer a Portugal para resolver os casos que neste momento temos pendentes nos tribunais. Estes magistrados, oriundos de Portugal, carecem da realidade de Macau. Por mais experiência que tenham, se não conhecerem a realidade do território, não são adequados para nos dar essa ajuda. É preciso mais magistrados experientes mas que conheçam esta realidade. Portanto sim, há falta de magistrados. Um dos motivos que justifica a suspensão do protocolo com Portugal é a chegada incessante de advogados ao território. Mesmo sem protocolo, a verdade é que eles continuam a chegar… Não há um impedimento da movimentação de advogados, mas o que actualmente é exigido, e na altura não era, é que essa movimentação seja feita através de um mecanismo. Ou seja, para quem venha de Portugal, mesmo que seja um advogado, tem de ser sujeito ao nosso exame de acesso, é sujeito a todo o processo de inscrição. É igual para todos. A suspensão do protocolo não é uma barreira para impedir que os advogados de vir para Macau. Antes, com o protocolo, o reconhecimento profissional era directo, agora têm de cumprir o processo. Durante este tempo de suspensão houve contacto com o presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), Neto Valente, e a Ordem dos Advogados de Portugal. Existirá um futuro protocolo? Daquilo que me lembro, houve duas assembleias dos nossos associados para discutir esta possibilidade. A opinião da maioria é a de não acabar de vez com o protocolo, mas sim mantê-lo. Mas não será um regime com o modelo do passado, não. Será diferente, existirá algum condicionalismo, tal como a limitação do número de advogados vindos de Portugal, por exemplo. Também não serão bem-vindos advogados muito jovens, aqueles que acabaram há pouco tempo o estágio. Naturalmente vamos exigir profissionais com alguma experiência, que sejam três anos dela, talvez, ainda não sabemos. É preciso um maior controlo, uma maior fiscalização às actividades. Voltando ao caso do curso da Direito orientado pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST). A AAM aceita os recém-formados, mas continua a colocar em causa a sua formação. Pois, a AAM aceitou o acórdão da decisão do tribunal, embora no estado de Direito nós não concordemos com esse entendimento. Naturalmente, o que acho, é que da parte do Governo poderia ter sido feito alguma política no sentido de coordenar os diversos cursos de Direito de Macau. Actualmente há em Macau mais do que uma universidade a leccionar Direito. Mas é claro que a Universidade de Macau (UM) é a instituição que quase exclusivamente lecciona o verdadeiro Direito de Macau. Na MUST – não é segredo – o seu curso [de Direito] não é composto por disciplinas maioritariamente do Direito de Macau. A Universidade Cidade de Macau vai também lançar o curso de Direito. Têm acompanhado? Sim, a AAM está a par disso, fomos consultados. O problema é que os meios são escassos para se poder leccionar um curso de qualidade. Há também a questão do mercado, em termos de alunos interessados. Não é grande. Para mim é claro, se alguém quiser tirar o curso de Direito a sério ou tira na UM ou vai para Portugal. Como avalia o estágio obrigatório para os recém-licenciados? Não o acha longo? E com tantas exigências, como o exame e as matérias, não estará a AAM a descredibilizar as próprias instituições de ensino? Não acho, também não acho que seja um estágio difícil. Aqui em Macau, para se entrar na nossa profissão é preciso fazer um exame de acesso, algo que não é exigido, por exemplo, em Hong Kong. São processos diferentes. Em Macau só acompanhamos o curso da UM. A MUST avançou o curso sem qualquer opinião. É preciso perceber que neste curso, da MUST, a maioria das cadeiras incide sobre o Direito Chinês e este é um problema que justifica a necessidade do nosso curso e do exame. Por outro lado, temos notado que os cursos de Língua Portuguesa e chinesa de UM estão diferentes. Mas houve uma altura que os licenciados da UM não eram sujeitos ao exame. Sim, e foi aí que decidimos sujeitar todos os candidatos à nossa profissão ao estágio e ao exame de acesso. Para quem tem uma formação sólida, segura, durante quatro anos na faculdade não é nada difícil, é até bastante acessível. A taxa de reprovação, em alguns exames, é elevada, mas isto acontece por causa do tipo de matéria. Há candidatos que no seu curso não tiveram determinadas cadeiras e talvez seja mais difícil. Se não aprenderam o Direito de Macau, aí é mais difícil. Notámos também uma coisa, que muitas vezes o patrono não acompanha devidamente o estagiário. A AAM não devia tomar uma acção? E vamos. Posso garantir que a direcção actual, e até a anterior, está atenta a esta questão e iniciámos um estudo para que no futuro possamos eventualmente atribuir alguma responsabilidade ao patrono em causa. Por exemplo, estamos a falar, apesar de nada estar definido, em aplicar uma penalização de proibição de voltar a ter estagiários, num determinado tempo, caso se note, ou se confirme esta situação do não acompanhamento correcto por parte do patrono. As oficiosas são uma grande questão em Macau, ou pela remuneração ou pela nomeação. Nos processos cíveis há uma Comissão, da qual faz parte, que seleciona o advogado, nos processos crimes é o juiz que o nomeia. Não considera que esta escolha dá azo a favoritismos? O modelo actual nos processos crimes já vem do passado, a escolha é na base do Código do Processo Penal. A AAM envia uma escala [de advogados], agora se o juiz segue essa escala ou não, não sei. Este ano ainda não temos os dados estatísticos, mas temos notado que houve situações em que determinado advogado ou advogado estagiário, sobretudo estes, foi nomeado, durante esse ano, muitas vezes. Nós conseguimos detectar isto só a olhar para os honorários recebidos. Temos advogados que chegam até às 200 mil [patacas] e outros sem nada. Isto, claro, pode estar relacionado com o domínio da língua. Pode haver situações em que um advogado estagiário que domine só o Português opte por não querer aquele caso, mesmo por causa da língua. Pouco a pouco, naturalmente, os juízes que querem despachar e facilitar o processo escolhem quem domine a língua, é mais fácil. Não se deve assumir que se faz de forma consciente. A escolha do advogado pode também passar por este ou aquele ser menos controverso, talvez. Depende, depende… Falando da remuneração das oficiosas, de que muitos profissionais se têm queixado. Considera ser um pagamento, tanto na quantia como forma, justo? Houve duas situações complicadas. Uma delas foi o Governo ter diminuído os montantes para os processos crime. Isto é um problema, sim. Já tivemos oportunidade para conversar com a Secretária para Administração e Justiça, Sónia Chan, e referimos esta situação. Os valores não deviam ter baixado. Um segundo problema, que me parece estar resolvido, dizia respeito à forma de pagamento. No passado, embora não houvesse uma referência expressa na lei, os honorários dos defensores oficiosos eram adiantados pelo cofre do gabinete do Tribunal de Última Instância, depois a dada altura deixaram de fazer isto, ou seja, o defensor é arbitrado pelo tribunal e pode nunca mais receber. Actualmente, depois de um acórdão que deu razão ao profissionais, parece-me que já estão de novo a pagar antecipadamente. Pelo menos a AAM nunca mais recebeu nenhuma queixa. Os atrasos dos juízes são uma constante. Como é que se resolve? Sim, é um problema. Mas a AAM já explicou esta questão. Acho que só com o aumento de magistrados não se vai resolver esta situação. Como já defendi é preciso pensar noutros meios, meios alternativos, de solução de litígio. A mediação é um meio para isso e a arbitragem também. O Governo deve apostar mais neste último meio, a arbitragem. A AAM já começou essa preparação e temos organizado, com uma entidade de Hong Kong, cursos de formação de arbitragem. Acaba para a próxima semana a primeira turma. Esta pode ser uma solução. Porque é que não existem sociedades de advogados em Macau? Dizemos muitas vezes escritório, mas nem escritórios são, são empresas. O que fez a AAM para mudar isso? Deviam existir, sim. Macau não tem um diploma que regulamente isso. Esta é uma questão que já vem do passado, com a Administração portuguesa. Já apresentámos um projecto de lei para regular as sociedades de advogados, mas ficou lá, esquecida. Com a administração da RAEM também apresentámos. Naturalmente vamos continuar a insistir neste pedido. Considera a justiça lenta? Sim, é lenta. É uma questão complexa. Há vários problemas. Por um lado a sociedade de Macau evoluiu tão rápido e bastante que passámos de um espaço pequeno e agora falamos de nós como uma cidade internacional. Há muitos mais problemas, sejam sociais ou comercias, e, embora os tribunais de Macau tenham aumentado a sua velocidade – temos de ser justos, eles tentaram com mais magistrados –, não é suficiente. Temos necessidade de magistrados experientes, que conheçam a realidade de Macau, para facilitar. Por outro lado, não nos podemos esquecer que o processo judicial é sempre um processo lento, existem fases que não podem ser eliminadas, pois não queremos comprometer os direitos fundamentais dos cidadãos. Podemos simplificar, mas isso pode não querer dizer que seja o melhor. Não podemos aumentar a velocidade sem proteger os direitos fundamentais. Isso não. É altura de pensarmos nos meios alternativos, a mediação e a arbitragem. Qual será o futuro do Direito de Macau, com um pai gigante como o Direito Português e uma cada vez maior influência do Chinês? O Direito faz parte da cultura de uma sociedade e essa cultura vai evoluindo, não fica parada. Para o Direito de Macau o que me parece é que, tendo uma relação muito estreita com o Direito Português, irá continuar com esta relação mas haverá transformações. O próprio Direito de Macau irá evoluir, tal como o Direito de Portugal se transformou depois de integrado na União Europeia. Podemos olhar para os Direitos que tiveram um contacto íntimo com o português, por exemplo, o Direito do Brasil, ou de países lusófonos. Cada vez mais se afastam do que eram, mas é um fenómeno natural. No futuro, o Direito de Macau será sui generis, ou seja, terá uma identidade muito própria com elementos do Direito de Portugal e, pouco a pouco, elementos do Direito da China continental e até da Ilha Formosa. Prevalecerá depois de 2049? Não sei. Mas acredito que este Direito não será afectado, nos seus princípios basilares. Embora oriundo do Direito de Portugal, este nosso Direito faz parte da nossa história e do sistema jurídico da Europa. Esta estrutura de base não deve ser mexida, não deve ser alterada.
Filipa Araújo PolíticaLAG 2016 |Poupança, iniciativas criativas e cooperação com PLP na mira Lionel Leong assume que a conjuntura interna e externa vai ser “muito complexa” para o próximo ano e por isso quer organizar a sua pasta apostando na poupança e na cooperação entre a China e os PLP sem esquecer o desenvolvimento de mais indústrias predominantes [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, admitiu que para o ano de 2016 está prevista uma “conjuntura interna e externa muito complexa e em constante evolução, com intensificação da pressão concorrencial regional”. O responsável assume que os factores que têm afectado o desenvolvimento económico do território se vão manter, ainda que assegure que o “profundo ajustamento” na economia criou as “condições adequadas para a diversificação”. “Estamos numa fase de ajustamento – não é uma fase má para a sociedade, pelo contrário. Devemos saber como agarrar bem esta oportunidade de ajustamento do nosso tecido económico, fazermos com que toda a gente ganhe com este cenário”, afirmou o Secretário. As declarações surgiram durante o discurso de apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, que decorreu ontem em sessão plenária da Assembleia Legislativa (AL). Lionel Leong explicou quais os objetivos a colocar em prática durante o próximo ano. “No próximo ano, daremos continuidade ao prosseguimento escrupuloso do espírito do presidente Xi Jinping (…), partindo do posicionamento traçado em torno da construção do Centro Mundial de Turismo e Lazer e da Plataforma de Serviços para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Iremos reforçar o planeamento global e coordenar a concepção dos respectivos projectos”, discursou o Secretário. Ponto por ponto Da lista de metas a cumprir, Lionel Leong iniciou com a “prestação de apoio às iniciativas criativas e estímulo ao dinamismo”, defendendo que a criatividade é a “força motriz” que conduz ao desenvolvimento, sendo a inovação um “elemento fulcral para sustentar o desenvolvimento continua da economia de Macau”. Assim o Governo irá “adoptar uma postura pragmática” e “promover conceitos criativos”, recorrendo ao programa Internet+, tornando-o um “motor impulsionador de ideias inovadoras” que permitam estimular o aparecimento e a criação de novas indústrias. Os serviços públicos da área da Economia e Finanças, afirmou, terão também que accionar “por iniciativa própria” uma reforma e optimização dos serviços prestados, para que possam ser criadas novas ideias. Os jovens e as pequenas e médias empresas (PME) continuarão a ocupar um lugar de destaque nas preocupações da equipa de trabalho. Lionel Leong indicou que o Governo irá dar atenção e apoio necessários para que estas PME possam encontra a direcção do crescimento. O estímulo à elevação da qualidade, divulgando a confiança, construindo em conjunto uma “Macau com qualidade e com confiança” é a segunda meta definida pela equipa de Lionel Leong. Para atingir esta meta, o Secretário considera ser crucial a aposta nos próprios recursos humanos. “Assim sendo (…) iremos estreitar a cooperação com o sector empresarial e as entidades associativas, no sentido de encorajar os trabalhadores dos diferentes sectores a participar nas acções de formação profissional direccionadas e exames de certificação profissional específicos, conforme as suas próprias necessidades, procurando, deste modo, elevar a competitividade dos mesmos para que possam ser promovidos vertical e horizontalmente na sua carreira profissional”, defendeu. Jogo, indústrias e cooperações Uma avaliação global – com base nos estudos da revisão intercalar no sector do Jogo – às legislações em vigor ficou também prometida pelo Governo. Esta avaliação, indicou o Secretário, irá permitir dar conta da situação operacional do sector e o ponto de situação da execução das directrizes internas relativas aos promotores do Jogo, permitindo ainda avaliar e aperfeiçoar os regimes jurídicos e mecanismos de fiscalização do sector. Será também exigido às operadores do Jogo o aumento “dos elementos não Jogo”, para enriquecer os conteúdos turísticos e do próprio sector através de projecto integrados de turismos de grande dimensão. “Exigiremos que as operadores de Jogo adoptem – medida defendida já em 2015 – a modalidade de ‘grandes empresas impulsionam as pequenas’, para incentivar as micro e PME a instalarem actividades nos seus complexos turísticos”, referiu. A promoção do desenvolvimento de mais indústrias predominantes está também em destaque na lista de tarefas do Governo. Lionel Leong garantiu que irá promover o desenvolvimento das convenções e exposições, dando prioridade à “realização de conferências, passando o foco de atenção centrada na qualidade em detrimento da quantidade”. Caberá também o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) coordenar todos os trabalhos relacionados com o desenvolvimento das actividades de convenções e exposições, aperfeiçoando os diversos planos de apoios. Será ainda criada uma nova subunidade orgânica no IPIM, para se focar exclusivamente aos trabalhos económicos e comerciais relativos aos países lusófonos, dando continuidade à aposta no aumento da promoção na cooperação económica e comercial entra a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP). “As plataformas físicas de exibição de produtos alimentares dos PLP, instaladas em Macau e no interior da China, irão ser interligadas com a plataforma online no sentido de prestar serviços online e offline para os empresários interessados. Ao mesmo tempo iremos dar prosseguimento aos trabalhos relativos à formação de profissionais bilingues, de língua chinesa e Português”, adiantou. No poupar é que está o ganho O aceleramento da construção do Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa está também na lista de Lionel Leong, assim como o apoio e promoção do Parque Industrial de Cooperação Guangdong-Macau na Ilha da Montanha. “Da poupança nasce o sucesso, do luxo resulta o fracasso” é o lema que Lionel Leong quer seguir. Para o Secretário, é preciso poupar. “A poupança das despesas, a prudência financeira e o melhor aproveitamento de cada centavo do erário público são deveres do Governo da RAEM independentemente das boas ou más circunstâncias”, defendeu, frisando a necessidade de priorizar o reforço na gestão das finanças públicas e no empenho na elevação da rentabilidade dos recursos. “Iremos reforçar a construção do sistema jurídico em relação ao regime orçamental e ao regime tributário, procurando que seja concluído, com a maior brevidade possível, o processo legislativo da nova Lei do Enquadramento Orçamental e fiscalizando rigorosamente a utilização do erário público dentro das nossa competências, no pressuposto de não afectar o bem-estar da população”, indicou. A reserva financeira, disse, será gerida de forma mas rigorosa seguindo-se pelo principio da segurança e eficácia”, garantiu ainda.
Filipa Araújo PolíticaLAG 2016 |Lionel Leong quer jovens empreendedores e inovação em cima da mesa [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, afirmou, ontem, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2016 que os jovens e a inovação no desenvolvimento e diversificação da economia de Macau são uma prioridade de trabalho no próximo ano. Defendendo uma necessidade de apoio ao jovens empreendedores, Lionel Leong afirmou que esta faixa etária é de facto a actriz principal da reforma e inovação. Depois de ouvir a apresentação do seu discurso, os deputados Mak Soi Kun, Ho Ion Sang e José Chui Sai Peng não se pouparam nas apreciações e perguntas ao Governo sobre a situação dos jovens. Para Mak Soi Kun é necessário apostar nos jovens empreendedores, de acordo com a leis vigentes. José Chui Peng quis que o Governo explicasse de que forma é que os apoios monetários aos jovens têm melhorado a economia e têm fomentado o interesse dos jovens empreendedores. A criação do Centro de Incubação de Negócios para os Jovens foi também questionada quanto à sua utilidade pelos deputados. Em resposta, Lionel Leong indicou que é preciso abandonar a ideia de que os jovens só precisam do apoio monetário por parte do Governo. “Tenho falado com vários jovens, tenho ouvido e eles estão preocupados com vão ter o seu espaço e como vão conseguir vender os seus produtos. O nosso plano de apoio aos jovens não é só a atribuição do dinheiro, há por trás disso uma coisa mais importante. Antes de receber o dinheiro, os jovens são chamados para formações para que lhes sejam incutidos conhecimentos sobre as necessidades dos mercados, noções sobre contabilidade, sobre o regime fiscal e até de marketing”, indicou o Secretário. Para Lionel Leong é importante existir esta formação, este apoio do Governo e também a troca de experiências, seja de sucessos ou insucessos, para que os jovens percebam os erros que não podem cometer. “Vamos intervir mais”, garantiu aos deputados o Secretário, frisando, uma vez mais, que para além do dinheiro, os jovens precisam de “perceber que alguém lhes reconhece, aceita e admite os seus projectos. No futuro vamos continuar a aproveitar os apoios e programas que temos para integrar com os jovens”, garantiu. Inovação em acção O deputado José Chui Sai Peng questionou ainda o Governo sobre os meios de promoção do empreendedorismo. “É preciso inovação e diversificação do empreendedorismo”, anotou. Também o deputado Ma Chi Seng apontou o dedo a um empreendedorismo sem inovação em que todos os novos negócios seguem um modelo, sem grande variedade. Lionel Leong apontou que a inovação, muito defendida pelo Governo, não diz respeito apenas ao jovens empreendedores, mas também às lojas tradicionais de Macau e às pequenas e médias empresas (PME). “Todos, todos, têm de ter uma mentalidade inovadora. A inovação não é apenas para os jovens, é para todos, para as lojas tradicionais, para as PME. Claro, o Governo tem de ter uma cooperação com os serviços de tecnologias, claro que sim. Uma cooperação que permita prestar serviços in loco”, afirmou. O Secretário adiantou ainda que o Centro de Transformação e Transferência de Tecnologia terá que assumir uma postura de responsabilidade na introdução da aposta na inovação na economia e no desenvolvimento de Macau. “Queremos proporcionar um serviços especializado e de qualidade, o centro vai ficar encarregue disse”, garantiu, frisando a clara tendência do “comércio electrónico” e a necessidade das PME nessa vertente.
Filipa Araújo PolíticaLAG 2016 | Lionel Leong admite preços chocantes de rendas pagos pelo Governo O Secretário para a Economia e Finanças diz ser chocante os valores pagos pelo Governo pelas rendas dos serviços públicos, mas não dá soluções para já. Leong não dá números, mas o HM sabe que são cerca de 600 milhões anuais, feitas as contas já em Maio deste ano Com Joana Freitas [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ionel Leong admitiu ontem que os preços das rendas pagas pelo Executivo para os serviços públicos são elevados. O montante despendido pelo Executivo em rendas para estes espaços, espalhados por diversos sítios, foram motivo de questões levantadas pelo deputado Chan Meng Kam, durante a apresentação das LAG do Secretário para a Economia e Finanças. O deputado quis saber se o Governo poderia tornar pública a lista de gastos para o arrendamento dos espaço e apresentou a sugestão de se construírem edifícios que acolhessem provisoriamente estes órgãos. A resposta do responsável não tardou. “Os serviços públicos pagam rendas muito elevadas todos os anos. Também eu sinto muito o preço das rendas, fico muito chocado com estes montantes gastos no arrendamento”, começou por indicar o Secretário, que relativamente à publicação dos valores das rendas pagas, apresentou algumas reticências. “Eu, como Secretário, tenho que estar ciente destes valores, mas relativamente à publicação destes valores acredito que isto possa, ou até não, afectar o mercado do arrendamento. Será que vão subir? Será que vão descer? É preciso ouvir a sociedade porque a divulgação dos dados pode trazer algum impacto”, defendeu. Relativamente à construção de edifícios específicos para os serviços públicos, apesar de Lionel Leong ter clarificado que esse assuntou não era contemplado pela sua pasta, “do ponto de vista financeiro”, o Secretário admite que faz mais sentido ter “edifícios permanentes” que é, aliás, o que o Executivo quer. “Assim limitamos as quantias gastas no arrendamento em apartamentos ou edifícios no mercado privado, assim como poupamos nos custos das mudanças”, indicou, adiantando que este tipo edifícios permanentes irão permitir o controlo “melhor dos gastos do próprio erário público”. Caso não exista a possibilidade de se construírem edifícios permanentes, a solução dos provisórios “não é a pior solução”, diz. É possível adoptar a medida, assegura, mas não para já. 600 milhões por ano Apesar de não querer apontar números, conforme o HM avançou em Maio deste ano, o Governo paga cerca de 600 milhões por ano em rendas para mais de meia centena de espaços de serviços públicos. Dados fornecidos ao HM pela Direcção dos Serviços de Finanças indicavam que, mensalmente, 48,1 milhões de patacas eram pagas por rendas. A maioria dos espaços estão em prédios privados, com o Macau Square e o China Plaza a serem os espaços mais requisitados. Em 2009, o Comissariado de Auditoria aconselhava o Governo a fazer precisamente estes prédios para que não houvesse estas despesas.