Covid-19 | Residentes continuam a esperar muitas horas à chegada

Mesmo realizando o teste logo à saída do avião, quem chega a Macau vindo do estrangeiro continua a ter de esperar mais de dez horas até ser levado para o hotel de quarentena. Testemunhos ouvidos pelo HM dizem que as novas medidas em nada aceleraram o processo. Permanecem as más condições para quem espera, assim como a falta de comunicação

 

Quem chega ao aeroporto de Macau vindo do estrangeiro continua a ter de esperar muitas horas até ver concluído o processo de testagem e a ida para o hotel para cumprir a quarentena obrigatória. Na quarta-feira, no programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, Lam Chong, responsável do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, anunciou a entrada em vigor de novas medidas para reduzir o tempo de espera dos que chegam, tal como a criação de um posto móvel num autocarro para fazer os testes à saída do avião.

Foi também dito que as pessoas iriam para os hotéis à medida que os resultados fossem ficando concluídos, ao contrário do que acontecia antes, com os passageiros a terem de esperar por todos os resultados.

No entanto, testemunhos ouvidos pelo HM de pessoas que chegaram a Macau na quarta-feira, revelam que as mudanças foram, na prática, muito poucas. Rui Barbosa viajou com a filha e teve de esperar mais de dez horas após a aterragem até entrar no quarto onde vão cumprir isolamento.

“Fui dos mais rápidos, pois o meu autocarro foi dos primeiros a sair do Pac On, mas cheguei ao hotel pouco mais de dez horas depois de termos aterrado. Tenho um colega que chegou na semana passada e passadas sete horas estava no hotel, por isso não sei em que medida é que o tempo de espera foi reduzido ou se não terá ficado exactamente tudo na mesma.”

O residente descreve ainda as parcas condições em que são feitos os testes. “Fomos encaminhados para um autocarro que estava à saída do avião consoante o lugar em que estávamos sentados no voo. Fizemos o teste no autocarro, do género dos autocarros públicos, com péssimas condições. Era semelhante a um autocarro público, o veículo parecia ter 30 anos, e não nos podíamos sequer sentar.”

Também Isabel Silva esperou mais de dez horas até ver concluído todo o processo. “No avião anunciaram que iam fazer as coisas de forma diferente, e à saída estavam dois autocarros para fazer a testagem. Começaram a chamar 16 pessoas de cada vez. O teste foi feito dentro do autocarro, e todos pensaram que seria mais rápido, mas esperámos bastante tempo. Fizemos o percurso praticamente igual ao que tem sido feito, a única diferença foi fazer o teste logo à saída do avião”, contou.

A residente fala de um cenário de espera no Pac On onde “a comunicação é difícil”. “É difícil perceber o que se passa, os funcionários tentam despachar. Têm de seguir as regras e é assim”, acrescentou.

Tudo ao molho

Rui Barbosa diz que é “desumana” a situação em que colocam as pessoas no terminal do Pac On. “Parece que é para nos darem as boas-vindas pelo facto de termos decidido viajar”, ironiza.

“Ficámos sentados com a distância entre bancos, mas depois as pessoas andam por ali durante seis e sete horas e contactam umas com as outras.”

O residente realça também as dificuldades de comunicação e muita desorganização ao longo da penosa espera após uma viagem longa. “Depois de oito horas de espera, apareceu um senhor com um papel escrito à mão, que presumimos ter o número de pessoas que estavam negativas. As pessoas foram depois encaminhadas para outro sítio. Ficámos por ali e fomos chamados, uma hora depois, para o autocarro. Só aí presumimos que estávamos negativos, pois íamos para o hotel. Os funcionários fazem o trabalho com a maior das vontades, mas não há ninguém a gerir a situação”, confessou.

Esta é a segunda vez que Isabel Silva faz quarentena com os dois filhos e diz não ter notado melhorias no processo. “No ano passado, chegámos ao hotel às 2h30. Desta vez o processo seria mais rápido, mas cheguei às 4h. É exigido o preenchimento de muita papelada, que poderia ser feito online, com confirmação no local.”

Para quem tem crianças, o local de espera está longe de ser ideal. “As instalações onde esperamos pelos resultados nem sequer têm uma casa de banho limpa, ou com condições para mudar as fraldas dos bebés. As pessoas têm contacto entre si e as crianças acabam por brincar umas com as outras, pois não há espaço e o tempo de espera é longo”, rematou.

Na conferência de imprensa de ontem do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, foi referido que os procedimentos precisam de ser melhorados. “Na verdade o processo implica vários serviços públicos, como os Serviços de Saúde e Corpo de Polícia de Segurança Pública. Fizemos várias reuniões conjuntas para melhorar os procedimentos. Foi o primeiro dia, era uma novidade e ainda estamos a tentar acertar os procedimentos com todos os colaboradores. Haverá uma optimização para reduzir ainda mais o tempo de espera”, disse Leong Iek Hou, médica coordenadora do centro.

19 Ago 2022

Primeiros moradores da zona A podem chegar em 2025

São elevadas as expectativas de alguns dos deputados que visitaram na terça-feira as habitações e espaços comunitários em construção na zona A dos novos aterros. Segundo o jornal Ou Mun, a visita foi feita em parceria com o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário.

Wu Chou Kit, deputado nomeado e engenheiro civil, disse que o processo de construção de habitação pública no local está a decorrer conforme o calendário e que os primeiros moradores podem começar a habitar nas casas em 2025 ou 2026. Wu Chou Kit acrescentou que, por essa altura, já haverá escolas, mercados e instalações complementares de saúde e transportes para servir a comunidade. No entanto, o deputado diz que a oferta de serviços comunitários poderá ser ainda insuficiente numa primeira fase, pelo que espera a compreensão da população.

Em declarações à mesma fonte, Ella Lei partilhou da opinião de Wu Chou Kit em relação ao atraso na construção da quarta ponte entre a península de Macau e a Taipa, esperando que os futuros moradores da zona A possam utilizar a infra-estrutura através de autocarros. Uma vez que muitos materiais de construção vêm de Xangai, a obra da quarta ponte sofreu atrasos devido à pandemia, mas os deputados estimam que a infra-estrutura esteja concluída em 2024.

Galeria atrasada

Wu Chou Kit referiu também que, tendo em conta as explicações do Governo, a galeria técnica na zona A, destinada ao fornecimento de electricidade, água, gás, e com uma rede de drenagem, não deverá estar pronta aquando da ida dos moradores para as habitações. Desta forma, deverá ser usada uma rede suplementar, para garantir todo o abastecimento aos moradores. Ella Lei espera que a construção da galeria técnica possa reduzir a repetição de obras viárias.

Por sua vez, o deputado Ma Io Fong afirmou que o Instituto para os Assuntos Municipais será instalado no edifício dos serviços públicos no lote B6 da zona A, conforme planeado pelo Governo. O deputado pediu, no entanto, mais esclarecimentos ao Executivo sobre o projecto e processos de construção das habitações económicas no local, exigindo maior supervisão na concretização das obras.

19 Ago 2022

IIM | Crónicas de Jorge Sales Marques sobre a pandemia editadas em livro

Jorge Sales Marques, médico pediatra e anterior porta-voz dos Serviços de Saúde de Macau para as questões relacionadas com a pandemia, acaba de editar, com a chancela do Instituto Internacional de Macau o livro “Covid-19 – Artigos e entrevistas durante a pandemia”. O autor entende que a obra não é mais do que uma “ferramenta” para não esquecer o passado e evitar erros no futuro

 

“Covid-19 – Artigos e entrevistas durante a pandemia” é a obra de Jorge Sales Marques que acaba de ser editada pelo Instituto Internacional de Macau (IIM) e que não é mais do que uma compilação de crónicas de jornal e entrevistas concedidas pelo médico pediatra sobre a pandemia, não apenas em Macau como também em Portugal, onde trabalha actualmente. Jorge Sales Marques foi, no início da pandemia que mudou o mundo, o porta-voz dos Serviços de Saúde de Macau (SSM) para estas questões.

“Para mim este livro é uma ferramenta para não nos esquecermos das coisas boas que foram feitas e para que possamos evitar repetir os mesmos erros numa próxima pandemia”, contou o autor ao HM. “Fui porta-voz dos SSM e, quando regressei a Portugal, ainda não levavam muito a sério o vírus que vinha do Oriente. Depois de ter dado várias entrevistas e escrito imensos artigos sobre a covid-19, achei que seria útil compilar 60 desses textos em livro”, acrescentou.

Sales Marques entende que a obra é uma “memória descritiva” do bom e do mau que aconteceu “por falta de experiência” ou por “pura e simples teimosia”.

“Não devemos voltar a repetir as mesmas asneiras num futuro próximo que poderá ser já amanhã porque mais pandemias virão e, desta vez, teremos de estar mais bem preparados para evitar mortes desnecessárias”, referiu ainda o médico.

Vacinar e vacinar

Questionado sobre a actual situação pandémica em Macau, que recentemente registou um surto que obrigou a um confinamento parcial da população, Jorge Sales Marques diz não estar “espantado” com o ocorrido.

“Houve um surto que levou a diversas tomadas de posição por parte das entidades competentes, uma vez que a variante Ba5 da Ómicron é mais contagiosa e o uso de uma simples máscara cirúrgica pode não ser totalmente eficaz, daí ter-se optado pela máscara KN95. Sobre o confinamento prolongado, é uma decisão das entidades que decidiram ser o melhor para parar a propagação do vírus.”

Neste sentido, Jorge Sales Marques volta a insistir na necessidade de aumentar a taxa de vacinação, sobretudo no seio da população idosa. “É importante a vacinação da população com três doses e, quiçá, com uma quarta dose para as pessoas idosas que, do ponto de vista imunitário, são mais frágeis, apresentando um maior risco de mortalidade. Não foi por acaso que os casos fatais ocorreram nesta faixa etária.”

Para o médico, “quanto maior a percentagem de pessoas vacinadas menores serão os dias que terão de estar confinadas”, disse.

17 Ago 2022

Emprego | Poder do Povo exige protecção das vagas para residentes

Numa altura em que a taxa de desemprego está em 4,8 por cento, a associação Poder do Povo entregou ontem na sede do Governo uma carta a exigir a garantia do emprego para locais. A entidade deseja que a segunda ronda de apoios económicos, de 10 mil milhões de patacas, chegue a todos os residentes

 

A associação Poder do Povo entregou ontem uma carta na sede do Governo, dirigida a Ho Iat Seng e exigir que o Executivo garanta a protecção dos empregos para locais. A missiva pede atenção especial ao desemprego dos residentes, segmento demográfico que deve ser prioritário nas políticas laborais.

Lam Weng Ioi, secretário-geral da associação Poder do Povo, disse que a situação do desemprego dos residentes está cada vez pior. Nesta fase, a taxa de desemprego é de 4,8 por cento e a taxa de subemprego atingiu 4,1 por cento. Para criar mais vagas de emprego, o responsável defende que sejam lançados mais concursos para obras, sendo essencial a definição de critérios para garantir que, em cada projecto, haja uma proporção mais equilibrada entre residentes e trabalhadores não-residentes (TNR).

A Poder do Povo exige que todos os residentes sejam incluídos na segunda ronda de apoios económicos, no valor de dez mil milhões de patacas, uma vez que a medida não beneficia todos os locais. Desta forma, os residentes que ficam de fora deveriam receber mais um cheque pecuniário, apontou.

A associação vincou que também está atenta à inflação, exigindo que as autoridades supervisionem o aumento dos preços, sobretudo dos combustíveis, uma vez que representam o maior aumento no Índice de Preços do Consumidor.

Um caso exemplar

Wong, residente e desempregado do sector da construção civil, foi um dos que acompanhou a Poder do Povo na entrega da carta a Ho Iat Seng, acusando as autoridades de substituírem residentes por TNR. “A 15 de Março não renovaram os contratos de centenas de residentes, eu incluindo. Mas a obra ainda não estava terminada. Porque é que só deixam os TNR trabalhar em vez dos locais?”, questionou.

O residente queixa-se também de tratamento injusto por parte dos empregadores. “Os TNR podem fazer horas extraordinárias e trabalhar aos domingos. A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais encobre os sub-contratados”, acusa. No caso da construção civil, a maior parte dos trabalhadores subcontratados vêm do Interior da China porque as empresas responsáveis pelos projectos são desta zona do país, optando por não recrutar em Macau, alertou Wong.

O residente acusa ainda a DSAL de não fazer bem o acompanhamento da situação de quem está no desemprego. “A DSAL apresentou-me uma vaga de trabalho para um estaleiro de obras, mas depois de ter passado a fase de entrevistas, a empresa não me contratou. Quando perguntei as razões, disseram-me que já tinham sido contratadas pessoas suficientes.”

Wong queixa-se ainda de estar a passar por uma situação financeira difícil e um período complicado a nível psicológico. “Como estou desempregado há algum tempo, a minha família causa-me muito stress. A minha mulher queixa-se de mim todos os dias. Eu também queria ter um emprego, mas não consigo”, indicou. O residente declarou ainda que tem aproveitado este tempo para realizar diversas acções de formação, a fim de ter uma melhor preparação na hora de procurar emprego.

17 Ago 2022

Veículos eléctricos | Deputado alerta para problemas de importação

A qualidade dos motociclos eléctricos importados e os alegados problemas de inspecção e importação levaram Lam Lon Wai a questionar o Governo, que irá Assembleia Legislativa dar explicações sobre este assunto.

O deputado entende que os novos motociclos eléctricos adquiridos ao abrigo do plano de concessão de apoio financeiro ao abate de motociclos obsoletos, não têm a mesma qualidade. Isto porque “a capacidade de carregamento, autonomia e desempenho energético são insatisfatórios”, além de que os residentes “verificaram que os motociclos tinham saído da fábrica há mais de dez anos”.

O Governo assegurou que existem 241 tipos de veículos eléctricos com importação aprovada para efeitos de reconhecimento de marcas e modelos. Além disso, “desde a importação até à matrícula, os veículos têm de passar pela avaliação das especificações técnicas e de inspecção”. As autoridades prometeram ainda rever “os regimes de fiscalização relativo à atribuição de matrícula e os requisitos de inspecção”.

17 Ago 2022

Lisboeta | Okuda Yuta mostra trabalho em Macau pela primeira vez

A galeria Humarish Club, no empreendimento Lisboeta Macau, acolhe pela primeira vez o trabalho do artista japonês Okuda Yuta. A mostra “With Gratitude” pode ser vista até ao dia 11 de Setembro

 

O conceituado artista japonês Okuda Yuta mostra, pela primeira vez, o seu trabalho no território. Até ao dia 11 de Setembro o público poderá ver os trabalhos na exposição “With Gratitude” [Com Gratidão] na galeria Humarish Club Art Space, situada no empreendimento Lisboeta Macau, no Cotai.

O antigo designer de moda revela trabalhos cheios de cor e criatividade produzidos no período da pandemia, transmitindo a mensagem de que é necessário lidar com o mundo que nos rodeia com “um coração cheio de gratidão”. Esta é uma exposição que revela “o amor pela vida e o abarcar num mundo mais colorido”. A mostra foi inaugurada no último sábado.

Foi no pior período da pandemia, há cerca de dois anos, que o artista japonês compreendeu que “as coisas que sempre tinha tido como garantidas eram extraordinárias”, e desde então que começou a pintar flores focado em transmitir uma mensagem de gratidão num período difícil para a maioria das pessoas, que se viram obrigadas a parar as suas vidas e negócios e a ficar em confinamento em casa. As obras de arte de Okuda Yuta transmitem, assim, uma onda de positivismo, levando as pessoas a “abraçar a vida e o mundo”.

Em mudança

“With Gratitude” acontece em Macau depois de o artista ter marcado presença com a mesma exposição em Singapura, com a qual está a percorrer várias cidades. Muito antes de se dedicar à arte, a partir de 2016, participando em diversas mostras colectivas e individuais, Okuda Yuta foi também designer de moda para a marca Takeo Kikuchi. Nascido na prefeitura de Aichi, em 1987, Okuda Yuta estudou design de moda não apenas no seu país, mas também em Inglaterra.

A nova série de flores desenhadas para esta exposição marca uma transformação no seu trabalho, em busca de maior oportunidade e a descoberta de novas coisas por acaso. “As flores [desenhadas] em diferentes cores recordam-nos do trabalho feito pelos artistas pop, mas se observarmos com mais detalhe percebemos que cada pétala foi pintada de forma bastante delicada”, lê-se na nota de imprensa. Para os quadros, Okuda Yuta inspirou-se nas memórias de infância, num processo de busca e de salvação de si mesmo.

16 Ago 2022

Portugal | Comunidade chinesa manifesta-se junto à embaixada dos EUA 

A Liga dos Chineses em Portugal, presidida por Y Ping Chow, juntamente com outras associações representativas da comunidade chinesa, está a organizar uma manifestação contra a visita de Nancy Pelosi a Taiwan. O protesto vai decorrer junto à embaixada dos EUA em Lisboa, na próxima segunda-feira, dia 22

 

A comunidade chinesa em Portugal vai manifestar-se na próxima segunda-feira, dia 22, junto à embaixada dos EUA, em Lisboa, contra a recente visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a Taiwan. O protesto é organizado pela Liga dos Chineses em Portugal, presidida por Y Ping Chow, bem como por outras associações representativas da comunidade chinesa. Pretende-se que a manifestação seja “organizada, com slogans e bandeiras”.

“Os subscritores e apoiantes desta manifestação querem exprimir livre e pacificamente o seu protesto pela visita da senhora Nancy Pelosi, na qualidade de presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, à província chinesa de Taiwan, a que a diplomacia chinesa se opôs legitimamente, porque à luz daquela resolução e dos acordos estabelecidos com os EUA, representa uma violação da soberania da China”, lê-se no pedido de manifestação feito às autoridades portuguesas.

Ao HM, Y Ping Chow declarou que a visita de Nancy Pelosi “não cria apenas problemas à China, mas também instabilidade na região, além de promover uma guerra”. “Quando há instabilidade reflecte-se no comércio e na possibilidade de fazer negócios, não afectando apenas a Ásia mas todo o mundo. A intenção dos americanos cria instabilidade em todo o mundo, além da que já existe na Europa com a guerra na Ucrânia”, frisou o responsável.

Um dos rostos mais importantes da comunidade chinesa em Portugal, residente no Porto, confirmou que todos os dirigentes de associações chinesas vão marcar presença, bem como “algumas personalidades portuguesas”, sem querer referir quais. Y Ping Chow acredita mesmo que mais comunidades chinesas espalhadas pela Europa darão os mesmos passos contra a visita de Pelosi. “Os chineses são bastante pacíficos, mas tenho a certeza de que vamos ter bastante adesão”, disse ainda. As contas da Liga dos Chineses em Portugal apontam para um máximo de 1000 participantes.

“Uma só China”

No pedido feito às autoridades portuguesas, para a realização da manifestação, lê-se que “o princípio de ‘Uma Única China’ é o núcleo essencial dos três comunicados conjuntos China-EUA e a premissa e fundamento para o estabelecimento e desenvolvimento das relações diplomáticas entre a China e os EUA”.

É ainda feita uma referência à “afronta” feita “ao consenso mundial estabelecido pelas Nações Unidas de não ingerência nos assuntos internos dos países e do reconhecimento da unidade da nação chinesa, o que, no caso de Taiwan, significa respeitar o caminho soberano da República Popular da China de promover a reunificação pacífica com Taiwan através da política de ‘Um país, dois sistemas’”. Esta é uma fórmula “já aplicada com sucesso no regresso à mãe pátria de Hong Kong e Macau”, rematam os responsáveis.

16 Ago 2022

Conselho Executivo conclui análise sobre três diplomas legais

Está concluída a análise, por parte do Conselho Executivo, de três diplomas legislativos que darão entrada na Assembleia Legislativa. Um deles é o novo Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau (ETAPM) e diplomas conexos. O novo regime visa flexibilizar a mobilidade dos funcionários públicos e garantir um melhor aproveitamento dos recursos humanos. Além disso, “foram clarificadas as competências do pessoal de direcção na gestão [dos funcionários públicos]”, tendo sido introduzidas “disposições legais para regulamentar a digitalização” dos processos. Tudo para “elevar a eficiência administrativa”.

O Conselho Executivo concluiu ainda, na sexta-feira, a discussão do regulamento administrativo relativo ao regime jurídico da construção urbana, que define o procedimento a adoptar para o licenciamento de obras. Ficam, assim, definidos os critérios exigidos para pedir o licenciamento de uma obra, bem como “as fases de apresentação dos projectos de obra, os procedimentos e critérios de apreciação e aprovação dos projectos, a emissão de licença de obra, bem como a fiscalização e vistoria de obras concluídas”. São ainda acrescentadas as disposições sobre os projectos de segurança contra incêndios, sistemas de segurança contra incêndios e de telecomunicações.

O novo regulamento administrativo visa ainda a “simplificação dos circuitos”, sendo criado o regime de comunicação prévia. Desta forma será mais fácil fazer obras simples de reparação ou modificação sem necessidade de apresentar um pedido de licença.

Mudanças nos incêndios

Outro diploma analisado pelo Conselho Executivo foi o “regulamento técnico de segurança contra incêndios em edifícios e recintos”, que alarga as competências do Corpo de Bombeiros (CB) para estes locais, além de melhorar e actualizar as regras técnicas de segurança contra incêndios. É ainda reforçada a monitorização inteligente dos incêndios por parte do CB, para que estes possam acompanhar, em tempo real, o funcionamento dos sistemas de segurança contra incêndios. O diploma implementa também o novo regulamento técnico de segurança contra incêndios.

14 Ago 2022

Economia | Menos 518 sociedades face a 2.º trimestre de 2021

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que, no segundo trimestre deste ano foram criadas 923 sociedades, menos 518 por comparação a igual período do ano passado. Os números mostram também que a maior parte das sociedades, 346, pertence à área do comércio por grosso e retalho, enquanto que 237 pertencem ao ramo dos serviços prestados às empresas. No entanto, criaram-se, nestes segmentos económicos, menos 121 e 151 sociedades, respectivamente.

Relativamente ao capital social, mais de metade das sociedades, 69,6 por cento, tem um capital social inferior a 50 mil patacas, sendo que a totalidade do montante envolvido é de 17 milhões de patacas. A nível global, o capital das sociedades criadas no segundo trimestre deste ano foi de 322 milhões de patacas, mais 39,2 por cento em termos anuais. A DSEC explica este aumento no capital social devido “à constituição de sociedades com capital social relativamente elevado no ramo dos serviços prestados às empresas e no ramo das actividades financeiras”.

Sobre a origem do dinheiro investido, 78 por cento do capital social das sociedades veio do Interior da China, num total de 251 milhões de patacas, enquanto que o capital social da mesma zona do país, mas de cidades que pertencem à Grande Baía, foi de 154 milhões de patacas, dos quais 53 por cento de Zhongshan. O capital social proveniente de Macau foi de 62 milhões de patacas e o de Hong Kong fixou-se em seis milhões de patacas. Por sua vez, no mesmo período, foram dissolvidas 171 sociedades com um capital social de 27 milhões de patacas.

14 Ago 2022

Fronteiras | Song Pek Kei defende testes gratuitos

A deputada Song Pek Kei defendeu ontem na Assembleia Legislativa (AL), no período de antes da ordem do dia, a necessidade de o Governo pagar as despesas com testes realizados por quem necessita de atravessar a fronteira com regularidade.

“O Governo afirmou que a passagem fronteiriça é uma necessidade dos cidadãos e o seu custo não deve ser uma responsabilidade do Governo. Mas em Zhuhai é o Governo local que suporta as despesas normais com o teste de ácido nucleico, que é gratuito e serve para a entrada e saída de Macau. Em comparação, em Macau o teste só é gratuito para os grupos-alvo de risco, por isso é pago para a passagem fronteiriça. Após a introdução da concorrência, o Governo reduziu apenas o preço em cinco patacas, o que é muito pouco.”

Na mesma intervenção, Song Pek Kei entende que deve ser avaliada “a possibilidade de o resultado dos testes gratuitos servir também para a passagem fronteiriça com o código de saúde, aliviando os encargos dos cidadãos e maximizando a utilização do erário público”.

A deputada ligada à comunidade de Fujian pede também a redução do preço dos testes, que actualmente é de 50 patacas. “Em comparação com o Interior da China, o custo aqui ainda não consegue acompanhar as necessidades de desenvolvimento social face à normalidade da pandemia”, disse.

12 Ago 2022

Queixas sobre malas devem ser dirigidas à Autoridade de Aviação Civil

Vários residentes dizem ter ficado com roupas e outros produtos danificados devido à desinfecção das bagagens à chegada a Macau, no Aeroporto Internacional de Macau. Liz Lam, relações públicas da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), confirmou ontem na conferência de imprensa do centro de coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus que as queixas devem ser dirigidas à Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM) ou às próprias companhias aéreas.

“Não temos queixas e recebemos essa informação [dos produtos danificados] por parte dos meios de comunicação social. [Os residentes] devem apresentar queixa junto da autoridade de aviação civil. Sobre o processo de desinfecção é melhor consultar os serviços competentes ou as companhias aéreas, porque diferentes companhias têm diferentes orientações”, adiantou.

O HM falou com duas residentes que ficaram com roupa completamente inutilizada devido às manchas de lixívia, peças que estavam junto aos fechos das malas. As residentes indicaram vontade de apresentar queixa colectiva sobre esta situação, tendo uma das residentes sido informada, no aeroporto, para reclamar junto da companhia aérea com a qual viajou.

Sem risco comunitário

Entretanto, foi ontem confirmado que o segundo caso de infecção importado de Zhuhai diz respeito à esposa do homem infectado, que levou ao bloqueio de um prédio residencial. As autoridades realçaram não haver risco de infecção na comunidade e que a mulher trabalha numa loja de produtos de beleza e cosméticos na zona das Portas do Cerco.

“O caso diz respeito à mulher da pessoa que já estava infectada antes e foi detectado na parte de gestão e controlo. O casal teve os mesmos itinerários, mas não trabalham juntos. Não divulgamos o percurso da mulher porque foi detectado em Zhuhai e é semelhante ao do marido”, explicou a médica Leong Iek Hou, coordenadora do centro de coordenação e de contingência.

Para já os testes realizados nas zonas alvo junto às Portas do Cerco deram negativo, pelo que “afastamos a possibilidade de infecção comunitária causada pelo casal”.

Quanto ao homem, a infecção é da estirpe BA 5.2 da variante Ómicron, “diferente da estirpe que circulava em Macau”, mas em relação à esposa ainda está a ser feita a análise. As autoridades estão ainda a estudar as fontes destas infecções.

Sobre o caso detectado na quarta-feira, respeitante a um trabalhador de um navio de carga entre Macau e Hong Kong, foi também referido que o risco para a comunidade é baixo. Entre quarta-feira e as 16h de ontem foram recolhidas 80 mil amostras de testes de ácido nucleico realizadas na zona do Porto Interior, todas com resultados negativos.

As autoridades apelaram ainda ao uso de mais postos fronteiriços que não o de Qingmao, que tem registado grande fluxo. “Temos enviado polícias para manter a ordem, fazendo uma triagem das pessoas e mantendo a ordem social. Abrimos mais canais [de passagem] e disponibilizamos autocarros gratuitos em coordenação com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego. As pessoas podem ir para outras fronteiras de autocarros”, disse o responsável do Corpo de Polícia e Segurança Pública.

12 Ago 2022

Contentores | Peso de mercadorias mais que duplica

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que houve um grande aumento da carga transportada nos contentores por via terrestre nos últimos meses. O peso bruto da carga em contentores, na entrada e saída de Macau, em Junho, foi de 5.271 toneladas, o que representa um aumento de 122,7 por cento face a Junho de 2021.

No primeiro semestre deste ano, o peso foi de 24.577 toneladas, mais 86,8 por cento face ao igual período do ano passado. Nos portos, porém, registou-se uma quebra de 4,2 por cento do peso da carga transportada em contentores em Junho, num total de 11.238 toneladas. No caso do Porto Interior, houve uma quebra de 6,2 por cento no peso da carga transportada, enquanto que no Porto de Ka-Hó registou-se uma subida de 3,3 por cento.

Até Junho deste ano, o peso bruto da carga contentorizada entrada e saída pelos portos totalizou 77.186 toneladas, mais 11 por cento, em relação ao mesmo semestre de 2021.

Relativamente à circulação automóvel nas fronteiras, houve uma quebra de 17,5 por cento em Junho, tendo circulado um total de 250.967 viaturas. No primeiro semestre, o movimento de automóveis nos postos fronteiriços foi de 1.896.852, menos 11 por cento face ao mesmo semestre de 2021. Dos 383 carros com matrículas novas registadas em Junho, apenas 69 eram eléctricos.

11 Ago 2022

Reolian | RAEM absolvida de pagamento de indemnização

O Tribunal de Última Instância (TUI) deu razão à RAEM no caso do ajustamento de tarifas que colocou nos tribunais o Governo contra a Reolian, antiga empresa de autocarros que abriu falência. Segundo o acórdão, a Reolian exigia à RAEM o pagamento de uma indemnização no valor de 39.9 milhões de patacas pela diferença entre os valores acordados no contrato de prestação de serviços e os novos valores de tarifas fixados pelo despacho do então Chefe do Executivo, Chui Sai On.

O caso remonta a 26 de Julho de 2012, quando o Governo reuniu com representantes das três empresas de autocarros, TCM, Transmac e Reolian, a exigir uma melhoria dos serviços prestados para poder actualizar as tarifas, após várias críticas da sociedade sobre o mau funcionamento dos serviços. Apenas a Reolian não correspondeu aos critérios exigidos pelo Governo, não tendo sido alvo de uma actualização de tarifas.

O acórdão do TUI destaca que, à data, “existiam ainda vários casos punitivos associados à sociedade que se encontravam em fase de acompanhamento”, além de que “se registava ainda um grande défice do nível dos serviços prestados” pela Reolian.

Da indiferença

O TUI entende que a Reolian, após a reunião do Executivo com os representantes das três empresas de autocarros, fez “‘tábua rasa’ e descaso absoluto do acordado”. “Na verdade, depois da recorrida [Reolian] não ter conseguido satisfazer as exigências de melhoria do nível de serviços que lhe foram impostas pela RAEM é que propôs uma acção no Tribunal Administrativo, reclamando o cumprimento, pelo Governo, da actualização dos preços unitários antes acordada”, destaca o TUI. Desta forma, a Reolian “pretendeu restaurar a sua posição jurídica, agindo em claro e manifesto ‘abuso de direito’”.

11 Ago 2022

Marco Duarte Rizzolio, co-fundador da competição de startups “928 Challenge”: “Pandemia tem sido um desastre para as empresas”

O “928 Challenge”, uma competição de startups entre Macau, China e os países de língua portuguesa acaba de vencer em Angola, na Angola Innovation Summit, o prémio de melhor programa de ideação e competição de startups. Marco Duarte Rizzolio, co-fundador do programa, que conta com o apoio do Fórum Macau, deseja obter um maior reconhecimento das autoridades e continuar o trabalho feito em prol do empreendedorismo local

 

O 928 Challenge venceu o prémio “Melhor programa de ideação e competição de startups”, na Angola Innovation Summit. O que representa este prémio?

É o reconhecimento do bom trabalho que desenvolvemos no 928 Challenge e da importância que o nosso projecto tem, sobretudo junto dos países de língua portuguesa. É um programa que permite aos jovens desses países terem uma experiência internacional, porque muitos dos programas de ideação em competições são sempre muito locais, e este evento trouxe a vantagem de abrir uma porta para o mundo, neste caso ao 928 Challenge, a Macau e à China. O 928 Challenge foi criado pela primeira vez no ano passado e o nome significa nove cidades da Grande Baía, duas regiões administrativas especiais e oito países de língua portuguesa. Trata-se de uma competição em que o maior co-organizador da competição é o Fórum Macau.

Como funciona a competição?

No fundo, vamos de encontro aos objectivos da plataforma comercial de Macau. O 928 Challenge é uma competição de ideação de startups, e no ano passado focámo-nos apenas nos projectos de startups universitárias. Este ano teremos projectos universitários e as startups que existem no mercado. Seguimos a filosofia do Fórum Macau, que é dinamizar ideias de negócio que fazem a ponte entre a China e os países de língua portuguesa, e vice-versa, pois temos muitas equipas chinesas a participar. Teremos agora a segunda edição [da competição] que começa em Outubro, com candidaturas até 30 de Setembro, e gostaríamos que Macau reconhecesse este prémio como uma entidade que faz parte do ecossistema [de negócios] que está a promover Macau como uma plataforma. Queríamos ter mais reconhecimento de Macau do nosso trabalho e que nos continue a apoiar.

Participaram, também em Angola, no primeiro encontro de ecossistemas de empreendedorismo e inovação dos países de língua portuguesa. Como analisa este ecossistema, com países muito diferentes ao nível empresarial? Macau apresenta mais vantagens ou desvantagens neste contexto?

Em primeiro lugar, foi interessante saber o grau de desenvolvimento do ecossistema de empreendedorismo, saber quem são as entidades que estão mais à frente neste processo, e vermos o potencial de podermos criar uma cadeia internacional de mentores e jurados. Mas os ecossistemas são, de facto, muito diferentes. De um lado temos Portugal e o Brasil, que são muito desenvolvidos, e os restantes países estão em vias de desenvolvimento, portanto não podemos comparar. São muito diferentes e em relação à inovação estão muito atrás, mas têm um papel fundamental no empreendedorismo, ao incentivarem cada vez mais jovens a aprender e a criarem os seus próprios negócios. É também importante a inovação nestes países dado o grau muito menos avançado de digitalização, e há muita coisa que pode ser melhorada.

Portugal cresceu muito nos últimos anos em matéria de inovação, por exemplo.

Portugal, com a Web Summit, registou um boom e é um dos ecossistemas de empreendedorismo que tem crescido muito na Europa. Uma grande notícia é o facto de a Web Summit agora ser não só em Portugal mas também no Rio de Janeiro, com dois eventos anuais. Isso, para a lusofonia, é muito importante, porque temos os maiores eventos ligados ao empreendedorismo e inovação que vão ser em dois países lusófonos. Daí ser importante estarmos mais unidos e conhecermo-nos melhor, as entidades e as realidades de cada país, pois isso permite uma troca de mentores e oradores, ou equipas que se podem mover no contexto da Lusofonia.

Quais os projectos que estão a ser desenvolvidos neste momento no contexto do 928 Challenge?

Na primeira edição tivemos 800 participantes, 150 equipas, com a participação de todos os países de língua portuguesa. A Universidade do Porto ganhou, em segundo lugar ficou a Guiné-Bissau. Este ano a grande novidade é a abertura da competição a todas as startups já no mercado, e não apenas a projectos universitários. Mantemos o foco na ligação entre a China e os países de língua portuguesa, mas agora em seis áreas: cuidados de saúde, Fintech [tecnologia associada à área financeira], Agribusiness [negócios ligados às áreas da agricultura e pecuária], Blue Economy [negócios relacionados com a exploração e preservação das zonas marinhas] e Renewables [negócios ligados às energias renováveis]. As startups dentro dessas áreas podem participar. Temos um Boot Camp de duas semanas, com duas horas online por dia, onde damos a conhecer as oportunidades de negócio nos países de língua portuguesa e a Grande Baía. Aí falamos dos ambientes de negócio, e os participantes ficam com um maior conhecimento do que é a lusofonia e as oportunidades que existem. A segunda semana é mais virada para o apoio à construção da ideia dos jovens universitários, e no caso das startups ajudamos a que as ideias sejam enquadradas no mercado da lusofonia e na plataforma de Macau. No ano passado, 89 equipas submeteram um pitching [apresentação do projecto em prol da captação de investimento] e seleccionamos 16 finalistas, 8 projectos universitários e 8 startups. Não temos ainda a lista dos membros do júri, mas no ano passado tivemos personalidades como o CEO do BNU ou o empresário Kevin Ho, por exemplo. Temos vários prémios e a Alibaba é um dos nossos apoiantes.

Neste contexto de pandemia há receio de arrancar com startups, em investir?

Graças à pandemia fizemos o 928 Challenge, pois foi o online que permitiu fazer esta conexão. O evento é híbrido, uma vez que os países de língua portuguesa não podem vir a Macau. Mas os chineses podem, e o ano passado vieram à primeira edição. Mas, por outro lado, a pandemia tem sido um desastre para todas as empresas. As startups, pequenas e médias empresas e as multinacionais. Em 2022 há uma grande retoma em termos de investimento em startups, já em níveis pré-pandemia, nos EUA e na China. Nos países de língua portuguesa também já há uma retoma. As empresas têm agora fome de retomar os negócios e de crescimento.

A economia de Macau está a mudar muito rapidamente, com o jogo a perder peso e as atenções viradas para Hengqin. Onde é que os jovens empreendedores querem apostar?

A diversificação vai demorar muito tempo, mas pode ser feita com vários sectores. O empreendedorismo e a inovação são dois ingredientes para essa diversificação. Dependemos demasiado do jogo e temos de nos abrir a outros sectores e precisamos de empreendedores de várias áreas. É isso que eles querem fazer, Hengqin quer atrair empreendedores, mas é uma coisa que leva tempo. Shenzhen levou cerca de 20 anos. No ano passado, com 800 participantes, quisemos demonstrar que há esse interesse em fazer negócios dentro da plataforma, mas é preciso ter meios para que isso aconteça.

O mercado laboral é também pouco flexível, o que não ajuda à expansão das startups.

Sim, muita coisa tem de mudar. É preciso ter a residência, e tem de haver uma flexibilização se queremos ter mais talentos de fora. É também difícil para os chineses arranjarem emprego, por exemplo. Uma das chaves para desenvolver outros sectores económicos é, sem dúvida, através do empreendedorismo. Para a diversificação de Macau podemos falar de três eixos: o Governo, o principal impulsionador, as empresas e as universidades.

Como olha então para a aposta no empreendedorismo por parte do ensino superior local?

A Universidade de Macau é a que está mais à frente, com mais meios. Já tem um centro de incubação [de startups], tal como a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau e o Instituto de Formação Turística, que criou, no ano passado, a primeira incubadora. A Universidade de São José também anunciou a criação de uma incubadora, pelo que vemos aqui um movimento, com as universidades locais a apoiarem cada vez mais o empreendedorismo. Vejo cada vez mais eventos, cursos e acções virados para esta área e espero que isso continue.

Na Angola Innovation Summit, como foi a reacção ao projecto da Grande Baía?

Quando os países de língua portuguesa tomam conhecimento de que há um concurso lusófono que pode dar acesso à China ficam com os olhos a brilhar, porque normalmente as competições são dentro dos países. Aqui damos o acesso ao maior mercado do mundo e, este ano, os vencedores, além de receberem os prémios, vão ter sessões de Business Matching [conexão de negócios] com entidades da Grande Baía.

Tem uma empresa, a Follow Me Macau, ligada à organização de eventos e turismo. Como está o negócio?

Estamos completamente parados há quase três anos. A situação é muito frustrante, e tenho sorte porque somos uma pequena empresa. Estava numa incubadora, éramos apenas três pessoas e os custos eram os de um negócio online. Hoje em dia sou apenas eu na empresa. Estamos à espera de melhores dias.

11 Ago 2022

Desinfecção de bagagens no aeroporto danifica bens de residentes

Duas residentes que regressaram a Macau nos últimos dias queixam-se de terem ficado com a roupa danificada devido ao produto usado pelas autoridades para desinfectar as bagagens à chegada ao Aeroporto Internacional de Macau, que aparenta conter lixívia.

Já a realizar a quarentena obrigatória, as duas residentes não quiseram dar o nome, mas asseguram que pretendem avançar para uma queixa colectiva sobre o assunto, a apresentar junto do centro de coordenação de contingência do novo tipo de coronavírus.

“Estamos a pensar apresentar uma queixa, mas onde? Falei com outras pessoas e talvez possamos enviar uma queixa para o centro de coordenação de contingência, pois as normas devem vir daí. Neste momento, estamos a tentar perceber o número de pessoas com este problema para apresentarmos uma queixa conjunta, no mesmo dia. Não se trata de um caso isolado. Sabemos de três pessoas, mas o nosso voo trazia cerca de 80 a 90 pessoas”, contou uma das residentes contactada pelo HM, que ficou com parte da roupa dos filhos com manchas brancas do que aparenta ser lixívia.

“Abrimos no quarto uma mala que tinha coisas já preparadas para a quarentena. Quando outras pessoas me disseram que tinham coisas estragadas, vi que a roupa que estava junto ao fecho ficou completamente inutilizada. A lixívia entrou pelo fecho. As malas com plástico não tinham nada estragado. No meu caso são as roupas já usadas, das crianças, mas mesmo assim… Como é que um vírus sobrevive a uma viagem destas? É um passo completamente ultrapassado”, apontou.

Roupas novas no lixo

Uma outra residente contactada pelo HM trazia na bagagem roupas completamente novas, ainda com etiqueta, que vão agora para o lixo. “A roupa que estava junto ao fecho da mala ficou estragada. Algumas peças de roupa eram novas, não muito caras, mas muitas delas usadas.”

A residente abriu a mala ainda no aeroporto e quis apresentar queixa, mas foi-lhe dito para contactar as companhias aéreas que operaram os voos até Macau.

“Um funcionário não sabia responder e um superior disse-me que eu tinha de falar com as companhias aéreas. Disse que não, porque todos nós vimos as malas a serem desinfectadas quando estávamos dentro do avião à espera. Não é uma prática que ocorra noutro local do mundo. Não me deram a indicação da entidade para onde deveria reclamar. Mas a ideia é reclamar, porque isto não pode ser.”

A residente recorda “um cheiro intenso” quando abriu a mala, semelhante ao cheiro de “uma casa de banho que é desinfectada com lixívia e na qual se entra uns minutos depois”. Além disso, a residente não deixa de criticar um passo que considera completamente obsoleto.

“Felizmente, que na mala maior não tive estragos. Não há nada que garanta que o vírus sobrevive tanto tempo numa mala despachada em Lisboa, depois de todas estas viagens. E depois a desinfecção com recurso à lixívia é obsoleto. Querem mostrar que nós é que transportamos o vírus?”, questiona.

Inúmeros estudos científicos têm demonstrado a baixíssima probabilidade de um objecto reter vestígios de covid-19 com carga viral suficiente para contaminar um ser humano. O novo tipo de coronavírus “precisa de um hospedeiro animal ou humano para se multiplicar”, indica a Organização Mundial de Saúde na sua página de internet.

11 Ago 2022

“Mulan” | Sinal 8 de tempestade içado às 7h

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) vão içar o sinal 8 de tempestade tropical às 7h de hoje devido à aproximação do ciclone tropical “Mulan”, estando prevista uma intensificação do vento.

Às 4h o “Mulan” estava acerca de 390 quilómetros a su-sudoeste de Macau, em direcção à península de Leizhou. Os SMG alertam ainda para a possibilidade do vento atingir, nas pontes, “o nível forte com rajadas”. Está também prevista a ocorrência de inundações nas zonas baixas do território entre as 5h e as 11h, com o nível da água a poder atingir os 0.5 e um metro de altura.

10 Ago 2022

Avenida Wai Long | Projecto de concepção concluído até Dezembro

O Chefe do Executivo garantiu ontem na Assembleia Legislativa que o projecto de concepção das casas públicas no terreno situado na avenida Wai Long, junto ao aeroporto, deverá estar concluído no final deste ano, devendo ser destinado à chamada classe sanduíche.

Outro projecto que também deverá estar concluído ainda este ano é a proposta de lei sobre a habitação para a classe sanduíche. “O projecto na avenida Wai Long não está suspenso, mas prevemos que o número de facções na zona A já corresponde às necessidades dos residentes. Talvez tenhamos de reservar [o terreno] na avenida Wai Long para as necessidades dos jovens. Talvez possamos apresentar a proposta de lei sobre a habitação para a classe sanduíche ainda este ano”, referiu Ho Iat Seng perante os deputados.

O governante avançou ainda mais detalhes sobre o tamanho dos apartamentos em Wai Long, uma vez que as tipologias T1 e T2 “terão áreas diferentes das habitações privadas”. “Vamos concluir todos os trabalhos de concepção até ao final do ano. Queremos que os jovens possam escolher entre uma fracção económica e intermédia. O terreno poderá ser usado o quanto antes, mas há ainda procedimentos administrativos a resolver”, apontou.

10 Ago 2022

Executivo avança com obrigações e leilões de terrenos públicos 

Com as receitas oriundas dos impostos do jogo a cair, o Governo começa a pensar em outras possibilidades para encher os cofres públicos. Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, garantiu ontem, numa sessão plenária destinada a responder a dúvidas dos deputados, que vão ser lançadas obrigações a subscrever pelos residentes, além de serem leiloados terrenos públicos.

“Analisamos a possibilidade de lançar obrigações. Pedimos um relatório de análise a um banco e ainda estamos a fazer estudos. Com o consenso da sociedade e o aval da Assembleia Legislativa (AL) poderemos vir a lançar obrigações.”

Ho Iat Seng frisou também que será criada legislação que regulamente esta área. Sobre os terrenos, o governante declarou que terá de ser feito primeiro um estudo à condição dos solos. “Não tenhamos muitas expectativas face às receitas obtidas, pois não queremos que os valores dos terrenos sejam inflacionados e os residentes fiquem a perder com isso. Vamos ter terrenos para leiloar, mas só depois de termos os relatórios com os dados sobre as perfurações dos solos é que as pessoas poderão calcular os preços dos terrenos”, concluiu.

10 Ago 2022

Covid-19 | Mais de 7 mil idosos fora dos lares sem vacinas 

O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, disse ontem no plenário que há mais de sete mil idosos, sem estarem nos lares, que ainda não foram vacinados contra a covid-19.

Nesse sentido, o Chefe do Executivo pediu ajuda aos deputados ligados às associações tradicionais, por terem um contacto mais próximo com os idosos. “A taxa de vacinação nos lares de idosos é alta devido aos esforços dos trabalhadores, e isso pode reduzir o risco de infecção nos lares. Incentivamos os restantes idosos a que tomem as vacinas. Faço um apelo aos deputados que têm mais contacto com eles. Esperamos poder contar com o vosso apoio para uma maior vacinação dos idosos”, disse.

10 Ago 2022

Governo afasta atribuição de apoios financeiros a TNR

O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, afastou ontem a possibilidade de o Governo vir a disponibilizar um apoio financeiro aos trabalhadores não residentes (TNR) no contexto da pandemia. A sugestão de atribuir três mil patacas em cartão de consumo aos TNR, e também em dinheiro, com a criação de um subsídio universal, partiu da Associação Comercial de Macau, uma das mais tradicionais e influentes do território, mas nem isso faz o Executivo mudar de posição.

“Quanto às opiniões das associações, essa não é a política do Governo, mas vamos continuar a analisá-las”, começou por dizer Ho Iat Seng na sessão plenária destinada a responder às questões dos deputados. “A política dos TNR difere daquela que apresentamos a 16 de Julho. Cada associação ou pessoas podem apresentar as suas opiniões. O Governo vai ouvi-las, mas não podemos aceitá-las todas.”

Sem absoluta igualdade

O deputado José Pereira Coutinho foi um dos que abordou a questão, ao alertar para casos em que pessoas pedem dinheiro na rua. “Há sempre grupos mais desfavorecidos. Porquê esta reacção à política das três mil patacas a atribuir aos TNR? Há idosos acamados que gastam cerca de mil patacas em fraldas, há muitas necessidades”, exemplificou.

Ho Iat Seng pediu ao deputado para “não induzir as pessoas em erro ou misturar as coisas”. “O apoio de três mil patacas é sugerido pelas associações e, da nossa parte, limitamo-nos a recolher as opiniões. Mas será que há uma igualdade absoluta? Não. Este é o terceiro ano em que fazemos a mesma coisa [atribuir apoios económicos]. Sabemos as dificuldades que as camadas mais baixas da população sofrem e podem sempre deslocar-se ao Instituto de Acção Social. O deputado pode ir com esses residentes ao IAS para pedir apoios”, rematou o Chefe do Executivo.

Muitos deputados questionaram ainda quando é que a segunda ronda de apoios financeiros, no valor de 10 mil milhões de patacas, vai começar a chegar aos bolsos dos residentes, tendo Ho Iat Seng pedido mais tempo, garantindo que depois do dia 17 deste mês serão conhecidos mais detalhes.

“Peço que nos dêem algum tempo. O secretário [para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, disse que ia analisar o quanto antes, e só depois de autorizar a primeira verba [de 10 mil milhões de patacas] é que iremos analisar a segunda. A AL vai entrar de férias e temos de fazer isso em primeiro lugar. Só depois da aprovação do Orçamento é que poderemos aprovar os nossos trabalhos”, rematou. Ho Iat Seng deixou claro que estes apoios serão atribuídos apenas a quem tem BIR.

10 Ago 2022

Desemprego | Governo promete regular postos de trabalho com redução do jogo 

Ho Iat Seng foi ontem ao hemiciclo dizer que o Governo está a ser “activo” na resolução do desemprego, mas não avançou detalhes sobre a forma como serão mantidos postos de trabalho com o novo concurso para as licenças do jogo. A palavra de ordem é a transição para os elementos não jogo e para a criação de novas indústrias

 

As autoridades querem reduzir o peso do jogo na economia, mas Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, não conseguiu ontem explicar, com detalhes, aos deputados, como é que serão garantidos os postos de trabalho nesta fase de transição, sobretudo tendo em conta o novo concurso público para a atribuição de licenças de jogo. O futuro passará, sem dúvida, pela maior aposta nos elementos não jogo e por uma diversificação de indústrias, tendo sido dados os exemplos das áreas da ciência, saúde e inteligência artificial, entre outras.

“Com o novo concurso esperamos ter uma via de desenvolvimento para Macau e as novas concessionárias poderão trabalhar nas áreas não jogo. Quer em termos de lei e dos contratos vamos regular a questão dos postos de trabalho”, frisou.

Ho Iat Seng fez um exercício de memória sobre os tempos áureos do sector do jogo, entre 2013 e 2014, quando os casinos registaram os melhores números de sempre em matéria de receitas, para lembrar que a linha política actual não deverá seguir esse rumo.

“Esperamos que haja um equilíbrio para o desenvolvimento dos sectores económicos. Tínhamos em 2013 e 2014 [melhores resultados do jogo], mas não era uma situação saudável. Queremos que as associações do sector industrial possam ver as áreas económicas que possam ser desenvolvidas e os sectores com maior potencial, mas temos de esperar pelos estudos. O sector do jogo já é fixo, mas o essencial é que haja uma maior optimização.”

Assumindo que “a pandemia é uma incógnita”, pois um novo surto “pode aparecer de repente”, há que manter “aquilo que mantemos” em termos sócio-económicos. “Estamos a trabalhar arduamente para atrair mais turistas. Este é o nosso primeiro passo, pois ainda não atingimos os objectivos da diversificação económica e temos de a manter com aquilo que temos”, apontou o Chefe do Executivo.

Retirar TNR?

Relativamente ao desemprego, que regista actualmente uma taxa de 4,8 por cento, o Governo “diz estar muito activo na resolução do problema”. “Cada um por cento representa três mil pessoas, portanto com quase cinco por cento temos 15 mil pessoas no desemprego. Temos oito mil desempregados registados na Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e pedimos aos residentes que não tenham trabalho que se registem, para que possamos fazer os nossos trabalhos de apoio. Esperamos que as empresas possam disponibilizar cinco mil postos de trabalho para a construção de habitação pública”, exemplificou.

Muitos deputados, incluindo Ella Lei e Leong Sun Iok, falaram da necessidade de garantir empregos para residentes. Ho Iat Seng disse que essa ideia está sempre em cima da mesa, mas que haverá locais que não querem fazer determinados trabalhos.

“Vamos cancelar [todas as quotas] para trabalhadores não residentes (TNR) e resolver a elevada taxa de desemprego? Claro que sim, porque o número de TNR é muito maior, mas será que os desempregados podem fazer o mesmo trabalho que os TNR fazem? Teremos de pensar”, declarou. O Chefe do Executivo disse que já houve uma redução de 34 mil TNR nas áreas da hotelaria e restauração, incluindo a construção civil.

Hemiciclo | Dia de todos os agradecimentos 

Ho Iat Seng aproveitou ontem a ida à Assembleia Legislativa para agradecer a todos os intervenientes, desde funcionários públicos, a voluntários e aos trabalhadores em circuito fechado, entre outros, sobre o trabalho desenvolvido durante o último surto de covid-19. Foram ainda deixadas condolências pelo falecimento de seis idosos por complicações de saúde originadas pela covid-19. “Agradeço a toda a população [sobre a postura] durante a última vaga pandémica, mas também aos médicos e a todos os que participaram nos trabalhos de prevenção e combate. Agradeço ainda aos trabalhadores dos lares pelo esforço feito por não poderem ir a casa. Houve seis mortes devido à pandemia e lamento esta situação”, disse. 

FSS | Nem tudo vem do jogo, diz CE

O Chefe do Executivo comentou ainda o estado das finanças do Fundo de Segurança Social (FSS), tendo garantido que nem sempre o sector do jogo é o grande financiador do Governo. “35,5 por cento do dinheiro injectado (no FSS) vem do jogo, mas o dinheiro injectado pelo Governo representa 64,5 por cento, pelo que a fatia principal das receitas do FSS não provém do sector do jogo. Não podemos dizer que tudo vem do jogo”, adiantou. 

Balanço | Três anos de problemas 

O líder do Governo declarou ser difícil fazer previsões sobre a economia ou o evoluir da pandemia. “Estou no cargo há três anos e tenho enfrentado diversos trabalhos por causa da pandemia. Sempre pensámos que iríamos ter melhores planos para o período do Verão, mas com a pandemia não foi possível. Tivemos sempre problemas nos períodos dourados [de viagens e férias prolongadas], e em Outubro foi quando sofremos mais. A nível mundial também [há dificuldades], com a guerra [da Ucrânia]. Este ano é difícil fazemos previsões”, apontou. 

10 Ago 2022

SMG | Sinal 8 deverá ser içado entre o fim da tarde de hoje e a noite

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) consideram “moderada a relativamente alta” a possibilidade de vir a içar o sinal 8 de tempestade tropical entre a fim da tarde de hoje e o período da noite. O sinal 3 foi içado às 11h30. Segundo uma nota de imprensa, o ciclone tropical localizado na parte central do Mar do Sul da China “continua a mover-se para as regiões entre a costa oeste de Guangdong e a Ilha de Hainan”.

“Se o sistema adoptar uma trajectória mais para norte e mais próximo de Macau ou se intensificar perto da costa, esta Direcção vai emitir o sinal 8 de tempestade tropical, de acordo com as condições atmosféricas”, lê-se ainda.

Uma vez que o ciclone tropical traz consigo chuvas fortes, espera-se que o tempo em Macau seja instável nas próximas horas, com o vento a intensificar-se entre hoje e amanhã, podendo atingir os níveis 6 ou 7, “ocasionalmente 8”, na escala de Beaufort. Poderão ocorrer “aguaceiros fortes e trovoadas”.

O aviso de “Storm Surge” azul foi emitido hoje às 14h. Devido à influência da maré astronómica combinada com o “Storm Surge” e com a chuva contínua, amanhã e quinta-feira, entre a madrugada e a manhã, espera-se que possam ocorrer inundações em zonas baixas e no Porto Interior, apontam os SMG.

9 Ago 2022

Covid-19 | Governo estuda redução da espera para quem chega do estrangeiro

As autoridades prometem reduzir o tempo de espera pelo resultado dos testes feitos à entrada no território exigidos a quem vem do estrangeiro. No entanto, aguardar pelo resultado no hotel de quarentena está, para já, fora de questão. A suspensão dos testes rápidos vai depender da análise de todos os resultados submetidos

 

Quem chega a Macau vindo do estrangeiro tem de esperar mais de oito horas entre o momento em que o avião aterra no aeroporto e o momento em que entra no quarto do hotel designado para cumprir quarentena. Ao longo do penoso processo, a maior delonga está relacionada com o tempo que demoram a chegar os resultados dos testes de ácido nucleico feitos à chegada, antes de o encaminhamento para o hospital ou hotel de quarentena.

Tendo em conta que nas testagens em massa, é possível verificar o resultado na aplicação do código de saúde cinco horas após a recolha da amostra, o tempo de espera à saída do aeroporto é difícil de explicar.

Neste contexto, as autoridades prometem reduzir o tempo de espera e explicam que a situação se deve aos inúmeros procedimentos a cumprir antes da entrada no hotel.

“Esta situação não é a ideal e sabemos que as pessoas fazem muitas horas de voo. Estamos a ver que etapas podem ser reduzidas e feitas antes da chegada a Macau para que se reduza o tempo de espera”, adiantou Leong Iek Hou, médica e coordenadora do centro de coordenação de contingência do novo tipo de coronavírus.

As diferenças de espera foram explicadas pelas autoridades com o facto de as bagagens terem de ser desinfectadas à chegada e de o número de pessoas que chega num só voo ser elevado. Apesar de incomparável com a afluência aos testes em massa, e do risco de contágio para quem fica meio dia numa sala de espera com inevitáveis períodos em que se retira a máscara para comer e beber.

“No mesmo avião chegam muitas pessoas, é necessário muito tempo para que saiam do avião e as bagagens têm de ser desinfectadas. Estão envolvidos muitos serviços públicos e leva muito tempo.”

A possibilidade de esperar pelo resultado do teste de ácido nucleico no hotel de quarentena está posta de lado. “Têm havido muitas entradas em Macau oriundas de Singapura, e só no sábado tivemos 100 pessoas, com 11 casos positivos [ver caixa]. A proporção de pessoas infectadas vindas do exterior é mais alta, e é preocupante se levarem o vírus para o hotel. Achamos que é melhor aguardar pelo resultado [do teste] logo na entrada”, disse Leong Iek Hou.

Reclusos ainda sem visitas

A entrada plena no período de normalização vai depender dos últimos resultados dos testes rápidos. Ontem cerca de 510 mil pessoas já tinham carregado os dados no código de saúde, mas havia ainda 90 mil que não conseguiram fazê-lo, ficando com o código de saúde amarelo. “Se os testes de ácido nucleico forem todos negativos amanhã [hoje], não faremos mais testes rápidos”, frisou Leong Iek Hou.

Por outro lado, espaços como creches, lares de idosos e o Estabelecimento Prisional de Macau (EPM) mantêm as mesmas restrições para evitar situações de contágio. O Instituto de Acção Social declarou ontem que está “temporariamente suspenso o funcionamento das creches subsidiadas, dos serviços de cuidados especiais diurnos para idosos e dos serviços de apoio vocacional para pessoas portadoras de deficiência”, bem como a prestação do serviço aos utentes mais necessitados. Por sua vez, nos lares de idosos, de reabilitação e de desintoxicação “mantêm-se as medidas básicas de gestão em circuito fechado e os utentes continuam a permanecer nos lares sem sair”. Estão ainda suspensas as visitas, tal como acontece no EPM.

“Não podemos ainda permitir as visitas aos reclusos, e será igual para as actividades ao ar livre. Tudo dependerá da situação epidemiológica”, adiantou Leong Iek Hou.

A tal infecção

Quanto ao caso positivo detectado em Zhuhai relativo ao trabalhador não-residente que morou no edifício Polytec Garden, as autoridades indicaram que não acarreta risco para a comunidade. “Os resultados dos testes dos colegas e pessoas que com ele coabitaram são todos negativos e o risco não é muito alto. Mas hoje, na zona das Portas do Cerco, ainda estão a ser feitos testes, por isso temos de aguardar os resultados. Só aí poderemos saber qual é o risco para Macau”, referiu Leong Iek Hou.

As autoridades estão ainda a avaliar a origem desta infecção. “Zhuhai determinou que é um caso importado de Macau, mas ainda não sabemos qual a fonte da infecção. Estamos a fazer o trabalho de controlo para ver se é possível encontrar mais casos.”

Por confirmar está também a informação de que o homem, de 26 anos de idade, se dedicava ao contrabando. “Creio que os serviços competentes vão analisar se a pessoa infringiu, ou não, outros diplomas legais”, foi acrescentado na conferência de imprensa. De frisar que o homem saiu de Macau na última quinta-feira, às 19h19, através da fronteira de Qingmao, tendo voltado a entrar no dia seguinte às 07h15, pelas Portas do Cerco. Depois de realizar vários percursos de ida e volta, voltou a entrar em Macau no sábado, às 15h57, através das Portas do Cerco, saiu às 16h19 e voltado a entrar e a sair do território através do posto de Qingmao.

Quatro profissões com testes diários

Os trabalhadores da linha da frente dos postos fronteiriços, os condutores de autocarros que fazem viagens entre Macau e Hong Kong, quem trabalha nos aviões ou no transporte de mercadorias deve realizar um teste de ácido nucleico todos os dias. Na que medida entrou ontem em vigor, os Serviços de Saúde definiram prazos diferentes conforme as profissões e o grau de risco. As despesas com os testes serão suportadas pelo Governo e empresas, sendo que apenas os testes suportados pelos empregadores servirão para passar a fronteira. Na conferência de imprensa de ontem foi dito que os trabalhadores que gozarem férias superiores a três dias “podem interromper os testes”, uma situação que deve ser fiscalizada pelas próprias empresas.

Uma entrada por dia

As autoridades de Zhuhai comunicaram ontem que quem entrar na cidade vindo de Macau só o poderá fazer uma vez por dia. “Todos os postos fronteiriços terão a passagem limitada. Num dia as pessoas podem sair e entrar uma vez, e os alunos transfronteiriços poderão ser acompanhados por uma pessoa. As pessoas com necessidades médicas ou os motoristas não têm limitações. Quem precisa de entrar e sair mais do que uma vez tem pedir ao Corpo de Polícia de Segurança Pública, Centro de Serviços da RAEM e terminal do Pac On, e a circulação deve ser feita usando o posto fronteiriço de Hengqin. As autoridades de Zhuhai irão depois tomar uma decisão”, foi ontem explicado. Os limites de circulação de pessoas entre Macau e Zhuhai prolongam-se até 9 de Setembro.

11 casos importados

No total, 11 pessoas oriundas do exterior testaram positivo à covid-19 no sábado, à chegada a Macau. De acordo com uma nota emitida ontem pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, os pacientes, cinco homens e seis mulheres, têm entre 19 e 59 anos, negaram qualquer histórico de infecção da doença e não apresentam sintomas, tendo sido encaminhados para isolamento médico. Da totalidade dos casos registados em Macau, apenas 791 são considerados “confirmados”, dado que os pacientes apresentaram sintomas. Os restantes 1.398 infectados são considerados casos assintomáticos, não entrando para essa contabilização.

8 Ago 2022

Governo rejeita “politização” de análise feita pela ONU 

O Governo rejeita a análise feita pelo Comité dos Direitos do Homem da Organização das Nações Unidas (ONU) a propósito da implementação do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos em Macau. A ONU chamou a atenção, entre outros pontos, para a criminalização de actos contra os símbolos nacionais, como a bandeira e hino chineses, ou a necessidade de uma maior democratização do regime político.

Em comunicado, o Executivo entende que a ONU deveria evitar “a ‘politização’ da apreciação, abstendo-se de formular conclusões tendenciosas e falsas, com base em reportagens e fontes de informação não verificadas”. “O Governo da RAEM não pode concordar com algumas partes elencadas nas observações finais e manifesta a sua oposição, considerando que o Comité, enquanto órgão de tratados de direitos do Homem, deve respeitar a finalidade de proceder ao diálogo construtivo com a Parte que se sujeita à apreciação”, lê-se ainda.

“A ‘preocupação’ manifestada pelo Comité deve-se ao facto de que não compreende o sistema de interpretação da Lei Básica de Macau. Obviamente, é irrazoável que o Comité exija à RAEM considerar a ‘descriminalização’ dos actos de ultraje à bandeira, emblema e hino nacionais”, lê-se na nota de imprensa divulgada ontem.

Quanto ao sistema político, o Governo lembra que “o desenvolvimento da democracia tem sido promovido conforme a lei”, além de que “os factores democráticos da metodologia para a escolha do Chefe do Executivo e para a constituição da Assembleia Legislativa têm sido constantemente enriquecidos, enquanto que o regime eleitoral tem sido cada vez mais aperfeiçoado”.

Leis e revisões

O Comité da ONU analisou, entre os dias 13 e 15 de Julho, outros pontos da implementação do Pacto como “o sufrágio universal, a independência judicial, o combate ao tráfico de pessoas, a salvaguarda da privacidade, a liberdade de expressão, a reunião pacífica e a liberdade de associação, entre outros”. A análise foi feita com base num relatório feito pelo Governo que abordou a implementação da lei de prevenção e combate à violência doméstica e o salário mínimo para os trabalhadores.

Foi também feita a referência à revisão do Código Penal e lei laboral, incluindo a transformação da pornografia infantil como um crime independente e a ampliação do âmbito do crime de prostituição infantil. As autoridades frisaram ainda o aumento do número de dias de licença de maternidade e o estabelecimento da licença de paternidade.

Apesar da discordância, a RAEM promete olhar para “algumas recomendações construtivas apresentadas”, garantindo que se empenha na protecção dos direitos humanos e na implementação das disposições do Pacto “de acordo com a Lei Básica”.

28 Jul 2022