Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteÓbito | Fundador da Galaxy, Lui Che Woo, morre aos 95 anos Com agências Apesar do início humilde e das adversidades sentidas na Hong Kong da 2ª Grande Guerra Mundial, Lui Che Woo ergueu um império bilionário e foi um dos principais protagonistas da indústria do jogo de Macau. O empresário, filantropo e fundador do grupo Galaxy morreu na última quinta-feira O empresário e filantropo Lui Che Woo, fundador e presidente do Galaxy Entertainment Group, morreu aos 95 anos, anunciou a concessionária de jogo na segunda-feira à noite. O grupo empresarial confirmou que o magnata morreu na quinta-feira passada e elogiou a “visão, tremenda liderança e orientação” do empresário, de acordo com um comunicado enviado na segunda-feira à noite à bolsa de valores de Hong Kong. Lui Che Woo fundou a empresa em 2002, depois de ter conquistado uma concessão para operar casinos em Macau, durante a liberalização do jogo na RAEM. A Galaxy está ligada ao grupo K. Wah, um conglomerado de Hong Kong dedicado ao imobiliário e à venda de material de construção, que Lui Che Woo criou em 1955. O líder do Governo de Hong Kong, John Lee, lamentou a morte de Lui Che Woo e lembrou o “empresário de sucesso” que “se dedicou activamente à promoção de causas filantrópicas e educativas na China continental, em Hong Kong e em todo o mundo”. Também o líder do Governo de Macau, Ho Iat Seng, sublinhou, num comunicado divulgado ontem, o “elevado espírito filantrópico” do magnata e recordou a criação em 2015 do Prémio Lui Che Woo – Civilização Mundial. Além disso, o Chefe do Executivo em exercício disse que o magnata deu “grandes contributos para a diversificação adequada da economia de Macau ao longo dos anos”, e que o prémio filantrópico por si criado “demonstra a sua firme convicção profunda no espírito de fraternidade”. “O Chefe do Executivo lamenta o falecimento do Doutor Lui Che Woo e apresenta os mais sentidos pêsames à família enlutada”, lê-se ainda na mesma nota. O Prémio Lui Che Woo, no valor total de 60 milhões de dólares de Hong Kong, é atribuído anualmente a instituições ou pessoas que trabalhem para um futuro sustentável, melhoria do bem-estar social humano e promoção da “energia positiva”. Numa entrevista concedida à Bloomberg News em 2018, o magnata declarou que o prémio “é, até certo ponto, um pouco semelhante ao Prémio Nobel da Paz, mas o conceito é mais amplo”. O prémio premeia contribuições relacionadas com o desenvolvimento sustentável, a melhoria do bem-estar humano e a promoção de atitudes positivas. Os laureados incluem a The Nature Conservancy, o Comité Paralímpico Internacional e o antigo presidente dos EUA, Jimmy Carter. A Galaxy garantiu que a morte do fundador “não terá qualquer impacto nas operações do grupo” e acrescentou que a empresa vai nomear um novo presidente “em tempo oportuno”. O actual vice-presidente do Galaxy é Francis Lui Yiu Tung, o filho mais velho de Lui Che Woo. A criação da riqueza Lui Che Woo era uma das pessoas mais ricas de Hong Kong, com um património líquido estimado em 14,5 mil milhões de dólares norte-americanos, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index. Aquando da liberalização do jogo, conseguiu competir com outros magnatas norte-americanos, nomeadamente Sheldon Adelson, ligado à Sands e também já falecido, e Steve Wynn. O primeiro casino a abrir em Macau foi o StarWorld, em 2006, seguido do Galaxy Macau na zona do Cotai. Apesar da fortuna que juntou ao longo da vida, Lui Che Woo percorreu um longo caminho para a obter. Nascido a 9 de Agosto de 1929, na cidade de Jiangmen, Guangdong, Lui foi, como tantos outros nacionais chineses, refugiado na II Guerra Mundial, fugindo em 1934 com a família para Hong Kong para escapar à invasão japonesa. Quando estes invadiram e ocuparam Hong Kong, em 1941, a família de Lui perdeu toda a fortuna que já tinha conseguido. Lui Che Woo cresceu em Kowloon e estudou numa escola em Yau Ma Tei, mas acabou por desistir no primeiro ano do ensino secundário porque não queria estudar japonês, língua que era obrigatória no decurso da ocupação de Hong Kong pelos japoneses, descreveu numa entrevista, em 2019, à emissora pública Radio Television Hong Kong (RTHK). Assim, o trabalho apareceu na sua vida logo aos 13 anos, ajudando a família a vender produtos de pastelaria chinesa, juntamente com as cinco irmãs. Na mesma entrevista à RTHK, o empresário lembrou os tempos em que milhares de refugiados moldavam a sociedade de Hong Kong e se debatiam para sobreviver. “Vi tantas pessoas pobres e em sofrimento na Hong Kong invadida pelo Japão. Tenho isso bem presente na minha mente”, disse Lui, em lágrimas, na entrevista. Terminada a II Guerra Mundial, em 1945, Lui Che Wo fez fortuna ao comprar excedente norte-americano de equipamentos de construção em Okinawa, no Japão, e importando-o para Hong Kong, que estava a atravessar um boom de construção à medida que as pessoas fugiam da turbulência no Interior da China. Assim, em 1955, Lui Che Woo fundou a empresa que deu origem à marca Galaxy, o Grupo K. Wah, dedicado, numa primeira fase, à extração de matéria-prima para a construção. Investiu os lucros obtidos na construção de propriedades residenciais e, mais tarde, hotéis em Hong Kong, Xangai, Pequim, Guangzhou, e nos Estados Unidos. No então, o seu primeiro hotel, que ao princípio parecia destinado a ser um Holiday Inn, começou a ser construído em 1979 em Tsim Sha Tsui East, Kowloon. O hotel acabaria por ser baptizado como InterContinental Grand Stanford e a sua construção custou 300 milhões de dólares de Hong Kong. Investir no jogo Em 2002, quando Macau já era RAEM, Lui Che Woo aventurou-se na indústria do jogo. Primeiro colaborou com a Las Vegas Sands Corporation, de Sheldon Adelson, mas, depois de um ano, as duas partes acabariam por dividir a licença de jogo e seguir caminhos diferentes. A Bloomberg escreve que os empresários não se entenderam em relação à estratégia de negócio, pois Adelson queria recriar Las Vegas na China, enquanto Lui queria apelar à satisfação dos gostos asiáticos. Para corresponder aos objectivos do fundador, a Galaxy apostou na abertura de mais restaurantes chineses e instalou sinais claros a indicar saídas. Francis Lui, que herdou o negócio, disse numa entrevista de 2006 à Next Magazine que o seu pai comparava os casinos americanos a labirintos. Ao HM, Óscar Madureira, advogado ligado ao sector do jogo destaca “uma das mais importantes figuras da indústria do jogo de Macau, no período pós-abertura do mercado do jogo”. Para o responsável, Lui Che Woo “teve a capacidade de fazer face a uma contrariedade inicial, que foi a separação da Venetian, logo no momento após ter ganho a concessão juntamente com o parceiro americano, e de transformar um grupo que não tinha background na indústria do jogo num dos operadores mais importantes e diferenciadores no panorama de Macau”. O advogado destaca que o magnata de Hong Kong “teve sempre a capacidade para perceber os gostos e preferências dos clientes locais” e também “saber gerir de forma muito capaz as relações e o contacto com o regulador e as autoridades de Macau”. Óscar Madureira destaca ainda o papel de filantropo de Lui. “À semelhança de outros empresários do sector teve um papel importante no que respeita a filantropia e as acções de responsabilidade social, tão reclamadas pela comunidade e pelo regulador”, deixando “definitivamente uma marca importante na indústria local”. Lui Che Woo tinha uma imagem informal, pois era quase sempre visto de boné, sendo adepto de golfe e de caligrafia chinesa. Em relação ao jogo, e segundo a Bloomberg, o empresário apostava mais no tradicional mahjong do que nas mesas de jogo do casino.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | PM confirmado no cargo pelo parlamento A câmara baixa da Dieta (parlamento) do Japão reelegeu ontem Shigeru Ishiba como primeiro-ministro, pela maioria simples da coligação no poder e depois de ter perdido a maioria absoluta nas últimas eleições. Ishiba obteve 221 votos de um total de 465 na câmara baixa na segunda volta da votação contra Yoshihiko Noda, o principal líder da oposição, que obteve 160 votos. O actual líder japonês vai chefiar um Governo numa posição muito mais fraca do que a que detinha antes das últimas eleições, quando o Partido Democrático Liberal Democrático (PDL) de Ishiba e o Komeito (budista) detinham a maioria absoluta. Ishiba vai liderar o primeiro governo minoritário do Japão em cerca de três décadas e, também pela primeira vez em 30 anos, foram necessárias duas voltas de votação na câmara baixa para eleger o primeiro-ministro. A fase política invulgar e incerta em que o Japão está a entrar, depois de o PDL, que tem governado praticamente sem interrupções desde 1955, ter sofrido um choque eleitoral nas eleições antecipadas do dia 27, convocadas por Ishiba, depois de ter ganhado as primárias partidárias. O político, de 67 anos, assumiu as rédeas de um PDL mergulhado numa profunda crise de liderança, desde a saída do histórico Shinzo Abe, em 2020, e sucessivos escândalos, o último dos quais de corrupção, uma das razões do castigo dos eleitores. As promessas de reformismo e honestidade, e a equipa governamental de que se rodeou no início de Outubro – repleta de figuras veteranas e de continuidade – não foram suficientes para reconquistar a confiança dos eleitores, e o PDL obteve o pior resultado nas últimas eleições desde a última vez que perdeu o poder, em 2009.
Hoje Macau PolíticaNova lei ajuda Macau a vender dispositivos médicos aos PALOP Um novo regime pode ajudar Macau a fabricar e exportar dispositivos médicos para os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), defendeu ontem a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura da região. A Assembleia Legislativa (AL) aprovou, na generalidade, novas regras para dispositivos médicos, desde pensos adesivos até máquinas de tomografia axial computadorizada, conhecidas como TAC. A proposta prevê a criação de um sistema de gestão de classificação de risco, com três classes, e a emissão de licenças para o fabrico e exportação de dispositivos médicos. A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, recordou aos deputados que as leis de Macau são escritas nas duas línguas oficiais do território: chinês e português e que, por isso, exportar dispositivos médicos “para os PALOP, é benéfico”, disse. “Se, no futuro, forem fabricados em Macau temos esta conveniência para os fabricantes”, sublinhou a responsável. Regra que dá jeito Elsie Ao Ieong U defendeu que as leis em português já ajudaram países como Portugal, Brasil e Moçambique a estarem “mais convencidos a aceitar medicina tradicional chinesa” fabricada ou exportada através de Macau. Também ontem, a AL aprovou na generalidade uma proposta de lei para encorajar a criação de fundos de investimento que possam atrair investidores do estrangeiro, incluindo dos países lusófonos. O documento cancela a taxa de fiscalização, permite aos fundos investir em imobiliário fora de Macau e elimina o número mínimo de participantes e o valor mínimo de captação para a constituição de fundos de investimento. Estas restrições já tinham sido removidas em outras jurisdições, disse o presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), acrescentando que o Governo teve “em conta a prática em Singapura, Hong Kong e Portugal”. Benjamin Chan Sau San defendeu que a actual lei está desactualizada, uma vez que data de Novembro de 1999, antes da transição da administração da região de Portugal para a China. A 25 de Outubro, a presidente substituta da AMCM disse que o objectivo é “criar melhores condições” para a criação de “mais produtos de investimento que possam atrair investidores do exterior, incluindo dos países de língua portuguesa”.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesLicença parental As leis laborais de alguns locais, contemplam a “licença parental” destinada a facultar aos trabalhadores com filhos mais tempo livre para se ocuparem das crianças e de assuntos familiares, de forma a ser obtido um maior equilíbrio entre o trabalho e a vida familiar. Tomando o exemplo de Guangxi, na China, os “Regulamentos para o Planeamento da População e da Família da Região Autónoma de Guangxi Zhuang” estipulam que cada um dos membros do casal tem direito a dez dias de licença parental por ano até que os filhos atinjam os três anos de idade. Se os dois progenitores tiverem 20 dias de licença parental todos os anos, têm a possibilidade de lidar com vários assuntos relativos à criança e à própria vida familiar. Olhando para Hong Kong e para Macau, verificamos que em Macau não existe actualmente licença parental. Nas linhas para a governação, recentemente apresentadas, o Governo de Hong Kong propõe-se implementar a partir de Abril de 2025 a licença parental anual para funcionários públicos com crianças até 3 anos de idade. Um estudo realizado em Hong Kong mostrou que perto de 80 por cento dos inquiridos acredita que criar um filho até aos 22 anos custa pelo menos 6 milhões de dólares de Hong Kong. Este tipo de pessoas espera que as empresas possam ter mais flexibilidade laboral. Os inquiridos ainda acrescentaram que se pensarem ter um filho num período em que estão muito ocupados, para se dedicarem totalmente ao trabalho e atingirem os seus objectivos, podem ter de adiar ou desistir dessa ideia. Os resultados do referido estudo demonstram que mesmo que as pessoas queiram ter filhos, a sua principal preocupação é a questão económica. Se a situação económica for boa, a hipótese de virem a ser pais mais melhora relativamente. Se a empresa que os emprega lhes proporcionar medidas que os ajudem a tratar das crianças e dos problemas familiares esse factor será certamente tomado em conta. As notícias não mencionavam se, para além da licença parental a ser atribuída aos funcionários públicos, o Governo de Hong Kong irá tomar outras medidas para ajudar a coordenar as relações entre o trabalho e a família. Mas podemos encontrar outros exemplos na sociedade de Hong Kong que ilustram estas medidas. Para que os empregados lidem melhor com as questões familiares, uma empresa permitiu que coordenassem com os seus superiores horas e locais de trabalho flexíveis e, ao mesmo tempo, aumentou as licenças parentais. Esta empresa criou também o “Dia de Levar o Filho para o Trabalho” para permitir que a próxima geração tenha contacto com o mundo empresarial e ainda para aumentar e cultivar o relacionamento entre os empregados e os seus filhos. Durante o “Dia de Levar o Filho para o Trabalho”, a empresa proporciona actividades para pais e filhos, tais como brincadeiras com balões, espectáculos de magia, confecção de sobremesas, etc., para assegurar que o trabalho dos pais não afecta a vida familiar. Licença parental, disposições para a flexibilização do trabalho, licença paterna, “Dia de Levar o Filho para o Trabalho”, etc. são todas medidas favoráveis implementadas no local de trabalho. “Ambiente de trabalho amigável” é sinónimo de reconhecimento por parte das empresas dos diversos talentos dos seus elementos, pelo que lhes proporcionam cuidados extensos, não discriminatórios e justos, para que eles possam trabalhar sem preocupações, dar o seu melhor e usar as suas capacidades a bem dos empregadores e da produtividade da empresa. Um ambiente de trabalho amigável contem três elementos: diversidade, igualdade e inclusão. Podemos dar como exemplo típico de diversidade uma empresa que emprega diferentes tipos de pessoas; mais velhas, mais jovens, pessoas de diferentes etnias e nacionalidades, etc. Uma empresa que pratica a igualdade trata todos os funcionários com equidade e submete todos aos mesmos procedimentos. Uma empresa inclusiva ouve e respeita as opiniões dos empregados. Por exemplo, algumas universidades realizam todos os semestres sessões de perguntas e respostas com funcionários e estudantes para ouvir as suas opiniões. Para alcançar estes três elementos, diversidade, igualdade e inclusão, uma empresa não deva apenas proporcionar licenças parentais, trabalho flexível, licenças paternas, etc, mas também ter em termos gerais um código interno que proíba os vários tipos de discriminação. Estas medidas ajudam os empregados a compreender que a criação de um ambiente de trabalho amigável faz parte da cultura ética da empresa. Ambiente de trabalho amigável é uma designação que surgiu nos últimos anos. As disposições e medidas que implementa permitem que os empregados tenham espaço para as suas famílias, e evoluíram do conceito de “equilibrar o trabalho com a família” para “integrar o trabalho e a família”, tornando assim os empregados mais devotados ao trabalho, aumentando a produtividade e a competitividade das empresas, e, por conseguinte, alcançando uma situação vantajosa para todos. São medidas que vale a pena a sociedade vir a considerar. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Escola de Ciências de Gestão da Universidade Politécnico de Macau Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
Hoje Macau EventosDocumentário “Heritople” exibido segunda-feira na USJ É já na próxima segunda-feira que será exibido, a partir das 19h, o documentário “Heritople”, da autoria de António Sanmarful. Esta exibição é acompanhada de um seminário de investigação em história coordenado pela professora Priscilla Roberts. “Heritople” é um documentário trilingue, produzido pelo Instituto Internacional de Macau (IIM) e apoiado pela Fundação Macau e que inclui uma série de entrevistas a cidadãos de Macau, revelando “a importância do património cultural e as suas experiências neste território, onde se cruzam as culturas ocidental e oriental”, descreve-se numa nota sobre o evento. Assim, o realizador registou “testemunhos que nos fazem compreender a importância do legado cultural, bem como a importância de preservar e dar continuidade a esse legado”, nomeadamente a Ip Tat, presidente da Associação do Templo Na Tcha ou Harry Kwah Hou Ieong, presidente da Associação de Estudos para a Reinvenção do Património Cultural de Macau. Outras figuras entrevistadas foram Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM), Matias Lao Hon Pong, presidente da Associação dos Embaixadores do Património de Macau, Santos Pinto, proprietário do Restaurante “O Santos”, Lin Yin Cong, professora do Ensino Secundário e Fundadora da livraria Júbilo 31 livros, André Lui Chak Keong, Arquitecto e Elisabela Larrea, presidente da Associação de Investigação Cultural Macaense. Com mão do IIM “Heritople” foi uma proposta do IIM a António Sanmarful, tendo sido feito com a colaboração da Associação dos Embaixadores do Património de Macau para um projecto comunitário dedicado ao estudo do património cultural de Macau pelos jovens. Este documentário foi realizado com o objectivo de ampliar a promoção da ligação entre as pessoas e o património local, “o que será importante para uma maior compreensão do legado cultural de Macau e para a harmonia da coexistência da intersecção entre o Oriente e o Ocidente”, é revelado na mesma nota. António Sanmarful nasceu em Macau e licenciou-se em Cinema e Fotografia em Madrid, Espanha. A nível profissional, dedicou oito anos a trabalhar em publicidade, séries, cinema, videoclipes e documentários. Regressou a Macau em 2014, tendo começado como técnico de câmara, passando depois a director de fotografia. Actualmente, é freelancer.
Hoje Macau EventosArtes visuais | Bienal itinerante na China com presença portuguesa Ricardo Meireles é o único português num grupo de dez artistas que expõem na secção de Macau na Bienal de Artes Visuais de Hong Kong e Macau 2024. O espaço expositivo, intitulado “Não é Macau, mas chama-se Macau” mostra fotografia, pintura e demais artes plásticas em 30 conjuntos. Depois da estreia em Hangzhou, a mostra fará um périplo que termina em Pequim Inaugurada no passado dia 18 de Outubro, a Bienal de Artes Visuais de Hong Kong e Macau 2024 apresenta 30 trabalhos ou conjuntos de obras de dez artistas locais, que expõem na secção “Não é Macau, mas chama-se Macau”. Esta é uma iniciativa artística organizada ao mais alto nível não apenas pelo Ministério da Cultura e Turismo da China, como também pelas autoridades de Macau e Hong Kong. A mostra pode ser visitada no Museu de Arte de Gongwang, em Hangzhou, passando depois pelas cidades de Nanjing, Guangzhou, Shenzhen e Pequim até Agosto de 2025. O evento mantém-se em Hangzhou até esta sexta-feira. Desde 2008 que a Bienal se realiza, tratando-se de uma “plataforma importante de promoção do intercâmbio entre artistas do Interior da China, de Hong Kong e de Macau”, tendo-se tornado “um importante evento de intercâmbio cultural entre os três territórios”, destaca uma nota. No rol de dez artistas locais, inclui-se o português Ricardo Meireles, que apresenta fotografia, bem como Cai Guo Jie, Ieong Wan Si, Im Fong, Lam Im Peng, Lo Hio Ieng, Lou Kam Ieng, Ng Sang Kei, Sit Ka Kit e Xie Yun. Ricardo Meireles leva à China o projecto “Rua de Macau: Uma Sinfonia de Vida e Memória”, que combina vídeo e fotografia, capturando “a essência desta paisagem urbana em constante mudança”. A instalação de vídeo intitula-se “Passageiros” e “documenta as ruas da cidade, onde câmaras capturam a dança em tempo real do movimento urbano, acompanhada pelos sons reais de Macau”. Para a curadora, trata-se de um trabalho “que explora o ritmo da cidade, um lugar onde áreas movimentadas coexistem com espaços tranquilos”, levando ainda à reflexão “sobre a natureza efémera da nossa existência, à medida que as pessoas passam sem realmente reparar nos espaços que as rodeiam”. Há ainda três fotografias de Ricardo Meireles numa série intitulada “Reflexo de Vida: Uma Ode à Rua de Macau”, onde se explora “a estreita ligação entre os espaços da cidade e as suas pessoas”. “Macau, com a sua rica mistura de culturas, é uma entidade viva que cresce e se adapta. As ruas, praças, becos e pátios da cidade são lugares onde o tradicional e o moderno se encontram. Através deste trabalho, os espectadores irão reparar e reflectir sobre os espaços que muitas vezes passam despercebidos”, descreve a curadora, que defende que esta é uma “oportunidade para redescobrir as memórias e a identidade entrelaçadas no ambiente urbano de Macau”. Trata-se, na visão da curadora, de uma cidade “onde as experiências são mais importantes do que o imutável, e onde cada rua, praça e beco contribui para o rico retrato da vida que conecta o passado ao presente”. O tema da Bienal é “Integração e Diálogo”, apresentando trabalhos nas mais diversas áreas culturais. Desta forma, revela-se “o desenvolvimento da cultura urbana e a singular paisagem e espírito cultural urbano contemporâneo, formados pela convergência de diversas culturas”. No caso dos artistas de Macau, as obras revelam “estilos distintos que reflectem a compreensão e as impressões pessoais de cada um sobre Macau, transmitindo ao público as suas ligações emocionais e afectivas com a cidade”. Ser e não ser Uma nota da curadora da exposição, Vivien Heong Hong Lei, explica que o nome Macau atribuído à secção da Bienal não remete para um “sentido físico, espacial ou geográfico, mas antes como cada um de nós o percepciona e compreende”. Assim, nesta Bienal, Macau surge como um “conceito relativo, construído por cada pessoa através da sua própria percepção e ideação”, sendo que a ideia de “Não é Macau” significa que o território “não é imutável, alterando-se continuamente de acordo com as percepções e compreensão das pessoas”. Assim, Macau “é um certo ‘nome’ que só existe enquanto tal, mas não como uma entidade física”. Trata-se de algo que, quando visto ou vivido, “só existe nesse mesmo instante, pois no instante seguinte já se torna uma memória, uma ilusão que não pode ser tocada ou guardada”. Porém, segundo a curadoria, este é um território que deixa memórias e fragmentos emocionais, que “sofrem uma permanente reconstituição, arquivo e armazenamento, de acordo com as nossas próprias percepções, experiências de vida e até o próprio curso do tempo”. Trata-se de uma “ilusão que sempre se reflectiu na nossa natureza interior”. Do lado dos artistas são múltiplas as ligações a Macau. Ng Sang Kei e Lou Kam Ieng, “nascidos e criados em Macau”; Im Fong, “que se mudou do continente para Macau ainda novo para prosseguir o seu sonho”; Ricardo Filipe dos Santos Meireles, “um português que trata Macau como a sua segunda casa”; Lo Hio Ieng e Lam Im Peng, “jovens artistas que regressaram a Macau com expectativas depois de estudos no exterior”; ou ainda Ieong Wan Si, “outro regressado a casa, após completar estudos no estrangeiro, e que já tentou explorar o sentido de identidade entre Macau e a cidade onde estudou”. Por sua vez, Sit Ka Kit mudou-se para a zona da Grande Baía, vivendo entre Macau e Zhuhai; Cai Guo Jie, que é “um novo imigrante que tem Macau no seu destino por via do casamento” e Xie Yun, “uma jovem e esforçada trabalhadora na Europa”.
Hoje Macau China / ÁsiaLíbano | Taiwan nega produção de pagers explosivos O gabinete de investigação do Ministério da Justiça de Taiwan concluiu que “nenhum fabricante taiwanês” esteve envolvido na explosão de centenas de dispositivos electrónicos no Líbano, em meados de setembro. Num comunicado, o órgão judicial indicou que a empresa de Taiwan Gold Apollo, cujo logótipo estava nos dispositivos detonados, não fabricou o modelo de ‘pager’ AR-924 envolvido no incidente, desenvolvido e produzido no estrangeiro pelo Frontier Group Entity (FGE). “Este grupo assinou um memorando de entendimento de cooperação comercial, obtendo autorização da Gold Apollo para rotular os produtos com a sua marca” referiu a nota. “A Gold Apollo testou apenas uma amostra inicial do modelo AR-924 sem função explosiva e não prestou consultoria técnica, materiais ou serviço pós-venda”, indicou o comunicado. “Além disso, os documentos alfandegários de Taiwan não mostram as exportações do modelo AR-924 para o Líbano e não foram encontradas provas que ligassem os fabricantes taiwaneses à explosão”, acrescentaram as autoridades de Taiwan, sem fornecer mais detalhes sobre o país de origem e as actividades comerciais da FGE. Assim, a procuradoria distrital de Shilin, o órgão judicial encarregado da investigação em Taiwan, decidiu encerrar o caso depois de não ter encontrado provas de que crimes ou atividades ilegais tenham ocorrido por parte de empresas ou indivíduos taiwaneses, informou a agência de notícias estatal CNA. No final de setembro, dois conjuntos de explosões simultâneas de ‘pagers’ e dispositivos de comunicação sem fios causaram dezenas de mortos e mais de 3.000 feridos no Líbano, num ataque atribuído a Israel e que teve como alvo membros do grupo xiita libanês Hezbollah.
Hoje Macau China / ÁsiaRússia | Sergey Shoigu em Pequim com Wang Yi O secretário do Conselho de Segurança russo e antigo ministro da Defesa, Sergey Shoigu, deslocou-se ontem à China, onde se reuniu com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, anunciou a diplomacia chinesa. Shoigu, que permanecerá na China até 15 de novembro, participará na 19ª ronda anual de consultas estratégicas em matéria de segurança entre Pequim e Moscovo e na 9.ª reunião do mecanismo sino-russo de cooperação em matéria de segurança para a aplicação da lei, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado. Shoigu foi demitido em Maio do cargo de chefe da pasta da Defesa da Rússia, na sequência de críticas à sua gestão das forças russas na guerra na Ucrânia. O actual ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, e o chinês Dong Jun apelaram no mês passado, em Pequim, para o reforço da cooperação militar estratégica entre os dois países. “A cooperação militar russo-chinesa é um elemento importante para aumentar o potencial de defesa e manter a estabilidade regional e global”, afirmou Belousov na altura.
Hoje Macau China / ÁsiaChina atualiza medidas ‘antidumping’ sobre importações da UE Na guerra comercial que a União Europeia abriu com a China, através do aumento das tarifas sobre veículos eléctricos, Pequim começou a responder na mesma moeda. Primeiro, é o brandy. Seguem-se os laticínios. O Ministério do Comércio da China actualizou ontem a imposição de medidas ‘antidumping’ provisórias sobre o brandy importado da União Europeia, com efeito a partir de sexta-feira. A medida surge após negociações realizadas na semana passada pelas equipas técnicas da União Europeia (UE) e da China, que, segundo o ministério, alcançaram “alguns progressos”, visando encontrar uma solução para as taxas impostas pela Comissão Europeia sobre as importações de veículos elétricos chineses. De acordo com o ministério, a medida, que já tinha sido anunciada em outubro, significa que os importadores do licor terão de entregar depósitos de segurança às alfândegas chinesas a partir de 15 de novembro. Os importadores de brandy de origem europeia devem, então, apresentar às alfândegas chinesas um depósito baseado em margens de ‘dumping’ – venda abaixo do custo de produção – entre 30,6% e 39%. A China afirmou inicialmente, no final de agosto, que não ia instituir medidas ‘antidumping’ provisórias sobre o brandy importado, o que afecta principalmente França, apesar de ter constatado que os produtores europeus vendiam o licor no mercado chinês “com margens de ‘dumping’ de 30,6% a 39%”. O inquérito, que teve início em 5 de janeiro deste ano, determinou então que estas práticas de ‘dumping’ representam uma ameaça significativa para a indústria local de aguardente na China. Em 18 de julho, a pasta analisou os efeitos industriais e de interesse público relacionados com a importação de brandy europeu, refletindo a abordagem seletiva de Pequim em resposta às taxas europeias. A China lançou outras investigações ‘antidumping’ sobre produtos como os laticínios e a carne de porco da União Europeia, no que é visto como uma resposta aos atritos comerciais com o bloco comunitário. Após nove meses de investigação, Bruxelas aumentou as taxas alfandegárias devido ao apoio do Estado chinês a empresas que fabricam carros eléctricos. A França considerou a proposta da Comissão Europeia (CE) de aumentar as taxas sobre os carros elétricos chineses como “proporcional e calibrada”, o que difere da posição da Alemanha.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Medidas governamentais estimulam sector imobiliário O mercado imobiliário da China terá batido no fundo e mostra sinais de recuperação, com as vendas de casas a acelerarem nas principais cidades em Outubro Desde que uma série de políticas de estímulo económico começou a entrar em vigor no final de setembro, a tendência de desenvolvimento do mercado imobiliário chinês está a mudar discretamente, prevendo-se um crescimento contínuo das vendas de casas nos últimos meses do ano, segundo analistas citados pelo Global Times. Tradicionalmente, os meses de setembro e outubro são os dois meses de maior transação de casas, sendo amplamente conhecidos no país como o período “setembro Dourado, outubro Prateado”. Nos últimos anos, no entanto, esta época foi relativamente calma no que diz respeito às transacções de imóveis – mas este ano, em outubro, a actividade do mercado imobiliário melhorou, com vários indicadores a mostrarem um crescimento anual após um período prolongado de declínio, segundo os últimos dados do Ministério da Habitação e do Desenvolvimento Urbano-Rural. As transacções imobiliárias nas cidades chinesas de primeiro nível – Pequim, Xangai, Guangzhou e Shenzhen – registaram um crescimento acentuado, com as vendas online de casas novas a aumentarem 14,1 por cento em termos anuais e as vendas de casas em segunda mão a subirem 47,3 por cento, segundo os dados. Em outubro, Pequim registou 17.000 transacções online de casas em segunda mão – um máximo de 19 meses – enquanto as vendas de casas novas aumentaram 50,1 por cento em relação ao mês anterior, segundo dados da Comissão Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural de Pequim. Desde novembro, as vendas de casas em segunda mão em Pequim mantiveram o ritmo de recuperação de outubro, permanecendo em níveis relativamente elevados, informou o China Securities Journal na segunda-feira. De acordo com dados do portal de transacções imobiliárias de Xangai, o volume total de transacções de casas em segunda mão na cidade (incluindo residenciais, comerciais, escritórios e lugares de estacionamento) atingiu 21.922 unidades entre 1 e 28 de outubro. Entretanto, o mercado de casas novas registou um aumento de quase 40% nas transacções mês a mês. O sentimento do mercado imobiliário noutras grandes cidades chinesas também registou alguma melhoria. Por exemplo, o mercado de casas novas na cidade de Nanjing registou um volume de transacções de 401.200 metros quadrados em outubro, o que representa um aumento de 8,77% em relação ao mês anterior. Segundo os analistas de mercado, a procura de habitação reprimida dos últimos três anos está a ser libertada. Ao mesmo tempo, os efeitos de transmissão entre mercados reforçaram-se, com o aumento da atividade no mercado da habitação em segunda mão, o que também ajuda a impulsionar as vendas de casas novas. O impacto positivo das políticas de estímulo económico do governo está a fazer-se sentir activamente, continuando a baixar os custos de aquisição de habitação e a acelerar o entusiasmo dos compradores, segundo um relatório do E-house China R&D Institute, sediado em Xangai. A implementação das políticas incrementais do governo a favor do crescimento deverá estimular ainda mais o mercado imobiliário no quarto trimestre, disse Yan Yuejin, director de investigação do instituto. “Espera-se que a dinâmica do mercado imobiliário continue, com os preços das casas novas a manterem-se estáveis. Prevê-se que, até 2025, o mercado imobiliário nas principais cidades chinesas recupere ainda mais, com os volumes de transação a manterem-se fortes”, previu Yan. Em 17 de outubro, o Ministério da Habitação e do Desenvolvimento Urbano-Rural, juntamente com quatro outros departamentos governamentais, realizou uma conferência de imprensa para anunciar novas medidas políticas para estimular as vendas de imóveis, que incluíam o aumento do limite de crédito para projectos de habitação “em lista branca” para 4 biliões de yuans (557 mil milhões de dólares).
Julie Oyang Via do MeioElizabeth Ross: “A mesa virou e o Sul Global está a crescer, com a China na vanguarda” “A mesa virou e o Sul Global está a crescer, com a China na vanguarda em todas as áreas” Entrevista com Elizabeth Ross, curadora do Festival de Artistas de Vídeo Chineses Chama-se a si própria Yueniang, a Senhora da Lua. Elizabeth Ross, mexicana, é tão ambiciosa como o programa lunar da China. E como artista, Yueniang adora a China, tanto no seu gesto antigo como no seu gesto hipermoderno. É por isso que a curadora quer celebrar o 10º aniversário do seu festival internacional de videoarte na China. A China Edition 2025 realizar-se-á em Pequim: Gaze from The East, 《东方之眼:地标中国》 JO: Fale-me do seu “yuanfen” 缘分 com a China. Quando é que começou e o que é que o viciou? ER: Mmmmh, talvez quando recebi um talismã de cerâmica como presente em 1999, e nele estava gravado o carácter chinês “yuan”. Ou talvez quando estava a ver guerreiros a voar sobre os telhados nos filmes wuxia. Os meus filhos e eu adoramo-los! A verdade é que não consigo identificar o início. É como um amor subtil que se aprofunda cada vez mais com o tempo, entrelaçado com muitas vidas do passado e do futuro. É, como disse, yuanfen, um emaranhado predestinado… Em todo o caso, decidi aprender chinês quando vivia em Espanha, por isso foi nessa altura que me lembro claramente de abraçar a sinicidade de todo o coração. JO: O que a motivou a criar o festival? Sentiu que a China vai estar na vanguarda da cena mundial e que os artistas de vídeo chineses vão ser um fenómeno? De que forma? ER: Lembra-se certamente dos anos 90, quando a arte contemporânea chinesa surgiu na cena mundial e se tornou o tema de conversa da cidade. Foi uma descoberta sensacional da China pelo Ocidente! Durante esse período, muitos artistas que eu conhecia foram à China para participar em exposições, programas de residência, projectos de curadoria, etc. Pensei para mim próprio: “Porque é que eu não estou lá?” Eu devia, eu vou, eu tenho de lá estar também! Mas na altura não conhecia ninguém que me pudesse ajudar, por isso tive de esperar. No final de 2009, quando vivia em Espanha, uma das minhas ex-mulheres acolheu três jovens artistas chineses num programa de residência e uma delas contactou-me. Ela vive em Wuhan. Convidou-me para fazer parte de uma exposição que estava a organizar no ano seguinte. Foi assim que tudo começou. O resto é história. JO: A China não é só emoção e entusiasmo. É preciso muita paciência, não é? ER: Sempre quis fazer algo com a China, algo que me pertence e que eu criei. Quando os anos 90 acabaram, já ninguém olhava para a China. A China foi esquecida por toda a gente sem mais nem menos. Mas a China tornou-se parte de mim, não foi uma questão de tendência. A China enraizou-se no meu coração. Apercebi-me de que levar obras de arte físicas para a China é caro, por isso a videoarte tornou-se uma escolha natural para mim. Depois de falar com um amigo artista chinês, decidi mergulhar nas águas do festival. E descobri que a videoarte é um fenómeno que merece ser exposto! Descobri também que todas as universidades chinesas têm uma faculdade de artes e que existem milhares delas. A animação chinesa surpreendeu-me com os seus visuais únicos que têm raízes na tradição ancestral que alimenta os criadores e os artistas. Viver na China foi uma experiência avassaladora que tornou mais forte o meu amor pelo país e pelo seu povo. JO: Porquê o olhar do Oriente? Porque é que é importante observar o mundo atual e as tendências culturais a partir da perspetiva oriental/chinesa? ER: Bob Dylan, Prémio Nobel da Literatura, cantou “The times they are a’changing”. Os tempos mudaram, isso é certo. No entanto, sinto que ainda estão a chegar grandes mudanças. A mesa virou e o Sul Global está a crescer, com a China na vanguarda em todas as áreas. O Ocidente está a perder relevância em todos os sentidos. Penso que o Ocidente deveria olhar para si próprio e aprender uma ou duas coisas. A China está, sem dúvida, a tornar-se o centro do nosso mundo actual. O seu contributo tem um impacto poderoso. Sinto que nós, na América Latina, temos mais em comum com a China do que, por exemplo, com a França. Por isso, decidi levar o festival para a China e partilhar o ecrã com a América Latina e as vozes espanholas. Esta ponte artística será alucinante e emotiva. JO: Fale-me mais sobre a China Edition 2025. Quais são os países que vão participar? ER: Nunca consegui levar o Festival à China, vai ser um grande desafio para mim. Mas chegou a hora, não posso esperar mais. Actualmente, participarão artistas de quatro países de língua espanhola, incluindo o México, o Peru e a Costa Rica da América Latina e a Espanha da Europa e, claro, a China e os artistas de vídeo chineses, independentemente do local onde vivam. Ainda estou na fase de planeamento. Estou interessada em chegar a um público mais vasto e diversificado. Já estou a ficar louca da cabeça quando penso na quantidade de trabalho. A China é uma obrigação. Dentro da China, Pequim é uma obrigação. Tenho a sorte de ter a KiWen International Culture and Art Co. Ltd. como meu colaborador especial na China. A empresa foi fundada como resposta direta ao apelo do presidente chinês Xi Jinping para o renascimento da China. Estou muito entusiasmado com a possibilidade de criar confiança cultural juntamente com os meus colegas artistas e criadores.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Macau já recebeu mais visitantes do que em 2023 O número de visitantes a chegar a Macau, este ano, já ultrapassou os 30 milhões, anunciou o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), mais do que em todo o ano passado. O CPSP indicou que o total de 30 milhões de turistas foi ultrapassado até às 12h de domingo, num comunicado divulgado no mesmo dia à noite. No ano passado, Macau recebeu 28,2 milhões de visitantes, quase cinco vezes mais do que no ano anterior e 71,6 por cento do recorde de 39,4 milhões fixado em 2019, de acordo com dados oficiais da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos. O CPSP acrescentou que o número de turistas “tem registado um acréscimo notório” durante 2024. Até domingo, Macau registou a chegada de cerca de 95 mil visitantes, em média, por dia, mais 27 por cento do que no ano passado e cerca de 87 por cento do nível antes do início da pandemia. Cerca de 91 por cento dos visitantes vieram do Interior da China ou de Hong Kong, enquanto apenas 7 por cento vieram do estrangeiro.
Hoje Macau SociedadeDengue | Detectado novo caso local Os Serviços de Saúde (SS) registaram no sábado mais um caso local de febre de dengue, com ligação a um caso importado, sendo este o nono caso de febre de dengue registado em Macau este ano. Segundo uma nota dos SS, o caso atingiu um homem de 38 anos, residente de Macau, na Rua dos Curtidores, e que trabalha na Rua da Alegria. No dia 3 de Novembro, o homem visitou um familiar em Zhuhai para ir ao médico, tendo ido à vila de Tanzhou, em Zhongshan, no dia seguinte, e apresentou, nessa tarde, sintomas como febre, dores nas articulações e dores musculares. No dia 9, o homem passou a ter erupções cutâneas na parte da frente do tronco, tendo-se dirigido ao Hospital Kiang Wu. Foi aí que, mediante análises clínicas, foi diagnosticado com febre da dengue do tipo I. O homem está internado, “sendo o seu estado clínico considerado estável”, descrevem os SS, sendo que os familiares com quem coabita “não se sentiram indispostos”. Os SS descobriram, entretanto, que há uma relação “de tempo e espaço entre a residência do doente e o 18.º caso importado de febre de dengue confirmado no passado dia 26 de Outubro”, ligado ao edifício Lai Hou, na Rua de Coelho do Amaral, sendo também um caso de vírus de dengue tipo I.
João Luz Manchete SociedadeMar do Sul da China | Quatro tempestades em simultâneo Pouco depois de terem sido retirados os sinais de alerta para o Tufão Yinxing, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos emitiram um novo alerta, desta vez em antecipação à passagem do Toraji. Ontem à tarde, entre o Mar do Sul da China e zona oeste do Pacífico, havia quatro tufões em actividade. O Toraji será a sexta tempestade a levar a alertas em Macau Apesar de em Macau a época de tufões deste ano não ter causado estragos de maior no território, zonas costeiras de Fujian, Hainão, Japão, Vietname, Filipinas e Taiwan têm sido fustigadas sem misericórdia, registando o maior número de mortos da última década. O fim da “temporada” de tufões na região, que normalmente vai de Maio a Outubro, tem sido particularmente activo. Desde o fim de Maio, quando os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) emitiram o primeiro sinal de alerta devido ao tufão Maliksi, o território somou seis ocasiões que levaram a avisos. O mais recente alerta foi emitido ontem, devido à aproximação do Toraji do Mar do Sul da China, apenas um dia depois de terem sido retirados os alertas devido ao tufão Yinxing. Dos seis tufões que levaram a sinais de alerta dos SMG, três ocorreram desde o fim de Outubro, numa sucessão quase contínua. As autoridades estimavam ontem que o Toraji iria atravessar a ilha de Luzon, nas Filipinas, em direcção ao Mar do Sul da China, podendo chegar a passar a cerca de 250 quilómetros de Macau ainda esta semana. Apesar de sublinhar a incerteza quanto à trajectória do Toraji, os SMG indicaram ontem que em conjugação com a monção de nordeste, a tempestade poderá originar ventos fortes e alguns aguaceiros no meio e fim desta semana, mas também perder intensidade devido à descida da temperatura das águas. Montes de vendavais Apesar de em Macau a tranquilidade ser a tónica, ontem as autoridades das Filipinas retiraram milhares de pessoas de 2.500 aldeias no norte do país, antes da chegada do Toraji, a quarta tempestade a afectar o arquipélago em menos de um mês. Os SMG realçaram ontem a presença em simultâneo de quatro ciclones tropicais/tufões no Mar do Sul da China e na zona do oeste do Pacífico. Até agora, o tufão que levou ao alerta mais elevado este ano foi o Yagi, que chegou a sinal 8, paralisando a cidade e provocando três feridos. Porém, o Yagi deixou um rasto de devastação desde as Filipinas, até ao Vietname, passando por Hainão, provocando a morte de quase 850 pessoas e o desaparecimento de mais de 2.000. Entre o Yingxing, que levou a alertas no fim da semana passada, e o Yagi, as SMG ainda emitiram sinal 3 à passagem do Trami. Com seis tufões contados este ano, desde o inaugural Maliksi no fim de Maio, a contabilidade dá razão à previsão dos SMG que no início de Maio estimavam a passagem entre quatro e sete tufões em 2024.
Hoje Macau PolíticaJuros | Ip Sio Kai antevê redução das taxas O presidente da Associação de Bancos de Macau, Ip Sio Kai, antevê que os bancos vão reduzir os juros dos empréstimos nos próximos dias, o que poderá aliviar a situação das famílias endividadas. O cenário foi previsto em declarações ao jornal Exmoo. A redução dos juros é esperada porque as instituições locais acompanham a realidade de Hong Kong, devido à indexação da pataca ao dólar de Hong Kong. Ontem, vários bancos de Hong Kong cortaram a taxa dos juros de 0,25 por cento. A movimentação da região vizinha era esperada, devido à indexação do dólar de Hong Kong ao dólar americano. Na sexta-feira passada, a Reserva Federal tinha anunciado a redução da taxa de juro de 4,75 por cento para 4,50 por cento. Segundo o também vice-presidente da sucursal de Macau do Banco da China, a redução das taxas de juro vai trazer alívio para algumas famílias mais endividadas, por representar uma redução das despesas mensais. Ip Sio Kai também admitiu que redução da taxa de juro pode contribuir para que mais pessoas se sintam com confiança para investir em negócios particulares ou para avançarem para a compra de imobiliário. Contudo, o presidente da associação de bancos apontou que o efeito nesta área deve ser ligeiro, porque os residentes estão mais cautelosos no momento de investir. Esta cautela tem sido demonstrada pelo facto de o valor dos depósitos dos residentes estar a aumentar, ao mesmo tempo que o montante dos empréstimos está em quebra. Sobre a possibilidade de haver uma maior redução da taxa de juros, Ip Sio Kai disse que nesta altura é difícil de prever o futuro, principalmente porque a situação nos Estados Unidos pode mudar muito, devido à eleição de Donald Trump.
João Luz Manchete SociedadeIlha Verde | Direitos de propriedade preocupam deputado Leong Hong Sai está apreensivo em relação ao Planeamento de Ordenamento Urbanístico da Ilha Verde devido à dispersão de terrenos com múltiplos proprietários. Além de pedir justiça e imparcialidade na resolução destes problemas, o deputado indica que a criação de zonas comerciais, escritórios e hotéis na Ilha Verde pode aliviar áreas como ZAPE e Nam Van O Planeamento de Ordenamento Urbanístico da Ilha Verde, apresentado na passada quarta-feira, deixou o deputado Leong Hong Sai preocupado com possíveis conflitos legais em relação aos terrenos da zona, em particular da Colina da Ilha Verde. Em declarações ao Exmoo, o deputado da União Geral das Associações dos Moradores de Macau referiu temer que os problemas com direitos de propriedade e concessões com múltiplos titulares possam atrasar a execução do planeamento que prevê a saída de quase metade da população daquela zona. O representante dos Moradores recorda que no próprio plano é indicado que, “actualmente, na Colina da Ilha Verde, há muitos terrenos não desenvolvidos, que estão muitos dispersos e existem ainda problemas de diferentes titularidades”. Desde terrenos que são propriedade privada, passando por terrenos concedidos por arrendamento e concessões por aforamento ou a título gratuito, o deputado sublinha que estes casos devem ser tratados com prudência, respeitando os princípios da imparcialidade, justiça e publicidade. Seja através da junção de parcelas de terreno ou permutas, o deputado apelou ao futuro Governo liderado por Sam Hou Fai que aborde este problema, que não se verifica apenas na Ilha Verde, de uma forma equilibrada. Quem te ajuda Recorde-se que o planeamento urbanístico para a Ilha Verde prevê, numa primeira fase, a relocalização do matadouro, e de outros edifícios e armazéns, assim como a redução da densidade populacional dos cerca de 23 mil moradores actuais para 13 mil. Está também prevista a criação de corredores visuais para a Colina da Ilha Verde, hotéis, espaços desportivos e comerciais e novos acessos para veículos e peões. Além de sugerir a realização de um estudo para optimizar o planeamento do trânsito na zona, Leong Hong Sai entende que o reordenamento da Ilha Verde pode ser uma oportunidade para resolver problemas no centro da cidade. A criação de zonas comerciais, hotéis e instalações de turismo, aliada à abertura de escritórios e outros negócios, pode aumentar os empregos na Ilha Verde, aliviando o trânsito no centro da cidade para aceder a áreas como o ZAPE e Nam Van.
Hoje Macau PolíticaBairros comunitários | Lo Choi In pede apoios ao consumo Loi Choi In, deputada ligada à comunidade de Jiangmen, defendeu que a sobrevivência das Pequenas e Médias Empresas nos bairros comunitários passa por assegurar a capacidade de consumo dos residentes, em vez de tentar atrair turistas para essas zonas. “Para promover verdadeiramente a recuperação da economia comunitária e estimular o consumo, o Governo deve, através da redistribuição da riqueza, reforçar os benefícios sociais, incluindo o aumento da pensão e do subsídio para idosos. Mais, para manter o desenvolvimento económico estável, é indispensável aumentar os postos de trabalho, promover a ascensão profissional e aumentar os rendimentos dos cidadãos”, afirmou. A deputada vincou também que, ao contrário de outras opiniões, considera que o Governo tem feito um bom trabalho a promover os bairros comunitários entre os turistas, mas que a estratégia é naturalmente limitada. “Há quem critique o Governo por ter lançado medidas ineficazes e definido um rumo uniforme, mas eu não concordo, porque os esforços e tentativas do Governo e dos serviços públicos nos últimos anos não podem ser desprezados”, vincou. “Só que, em termos objectivos, existem, de facto, certas condições e limitações, e os dados demonstram que a economia dos bairros comunitários depende sempre do consumo local, e perante a perda deste consumo, por várias razões, não se pode depender apenas da reconversão dos estabelecimentos comerciais ou das visitas dos turistas para se conseguir colmatar a situação e alcançar a recuperação total”, acrescentou.
Andreia Sofia Silva SociedadeAMCM | Empréstimos para habitação e imobiliário a crescer Dados da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) relativos ao mês de Setembro revelam que os novos empréstimos hipotecários para habitação (EHHs) e os empréstimos comerciais para actividades imobiliárias (ECAIs) aprovados cresceram face a Agosto, mas houve “um declínio no saldo bruto” dos empréstimos à habitação, enquanto nos empréstimos para o sector imobiliário se registou uma subida. Em Setembro de 2024, os novos EHHs aprovados pelos bancos cresceram 142,1 por cento em relação ao mês anterior, no valor de 3,05 mil milhões de patacas. Neste tipo de empréstimo, os residentes representaram 98,4 por cento do total, um crescimento de 145,1 por cento, tendo os empréstimos sido de três mil milhões. Por sua vez, os empréstimos a não residentes subiram ligeiramente mais, 145,1 por cento, no valor total de 48,66 milhões. No tocante aos empréstimos para o imobiliário, registou-se um crescimento de 8,4 por cento face a Agosto, com o valor total de 1,03 mil milhões de patacas. Os residentes locais que pediram este tipo de empréstimo representaram 91,4 por cento, mais 0,5 por cento face ao mês anterior.
João Santos Filipe Manchete PolíticaPensões | Defendido mecanismo automático de actualização O legislador ligado à Comunidade de Fujian, Nick Lei, espera que o futuro Chefe do Executivo aumente o valor das pensões e recorda que um dos pontos da campanha eleitoral foi a melhoria do bem-estar da população O deputado Nick Lei defende a criação de um mecanismo automático de aumento da pensão dos idosos indexado ao índice mínimo de subsistência. A ideia foi deixa em declarações citadas pelo Jornal do Cidadão. Actualmente, as pessoas com mais de 65 anos podem receber uma pensão para idosos que pode chegar até aos 3.750 patacas por mês, dependendo do tempo de contribuição. No entanto, o valor é inferior ao valor de referência do índice mínimo de subsistência, que actualmente é de 4.350 patacas. Neste sentido, o deputado ligado à comunidade de Fujian considera que devia ser criado um mecanismo automático, para que o valor da pensão de idosos acompanhasse sempre o valor do índice mínimo de subsistência. Além disso, defende Nick Lei, sempre que o valor do índice mínimo de subsistência fosse actualizado, o mesmo deveria acontecer com o valor mensal da pensão para idosos. “As pensões para idosos são um dos importantes apoios de todo o sistema de segurança social”, afirmou o legislador. “O Governo da RAEM tem melhorado de forma gradual as políticas do sistema de segurança social de Macau em diferentes áreas, no entanto, as pensões para idosos, uma das garantias mais essenciais de sustento após a reforma, não foram actualizadas”, lamentou. O membro da Assembleia Legislativa considerou ainda desajustado o mecanismo de actualização das pensões, que apenas é activado quando a inflação atinge uma taxa de três por cento. O prometido é devido Nas declarações prestadas, Nick Lei deixa ainda a esperança deque Sam Hou Fai tome as medidas necessárias para melhorar o bem-estar da população, depois de ter feito uma campanha eleitoral em que esse foi um dos aspectos prometido. Ao jornal do Cidadão, Lei afirmou que durante a campanha eleitoral Sam Hou Fai “expressou, em várias ocasiões, a sua preocupação com as questões do quotidiano e o bem-estar da população”, pelo que existe a expectativa de que o futuro governo vá “seguir a direcção de colocar a população em primeiro lugar”. Além das pensões para idosos, Nick Lei indicou que o bem-estar continua a passar pelo acesso a habitação em boas condições. Neste sentido, o deputado pretende que o Governo reveja as políticas de habitação e adopte medidas para aumentar a oferta no território. Sam Hou Fai vai tomar pesse como Chefe do Executivo a 20 de Dezembro, e deverá apresentar as Linhas de Acção Governativa do seu Governo nos primeiros meses do próximo ano.
João Santos Filipe PolíticaEconomia | Aprovada nova lei para fundos de investimento Os deputados aprovaram ontem na generalidade a nova lei dos fundos de investimento, que se espera contribuir para desenvolver o sector financeiro e para a diversificação da economia. De acordo com o Governo o diploma votado ontem visa a modernização das leis que regulam o sector, dado que várias das leis datam dos anos 90, o desenvolvimento da área da gestão de fortunas, a remoção de obstáculos à criação de fundos de investimentos e uma maior protecção dos investidores. Também ontem os deputados deram luz verde à nova lei de supervisão e administração de dispositivos médicos. O novo diploma prevê que passe a existir um registo online dos dispositivos médicos que podem ser comercializados em Macau e que vão poder ser acedidos através do portal do Instituto para a Supervisão e Administração Farmacêutica (ISAF). As duas leis vão ser discutidas e votadas na especialidade, antes de entrarem em vigor.
João Santos Filipe PolíticaTrabalho | Aprovada subida de indemnizações por despedimento A Assembleia Legislativa aprovou ontem na generalidade a subida de 500 patacas do valor do salário mensal para efeitos de cálculo de indemnizações por despedimento sem justa causa. Actualmente, o valor é 21.000 patacas, mas deverá subir para 21.500 patacas, quando os deputados voltarem a aprovar a proposta na especialidade. Esta é a primeira alteração desde 2021, representando um aumento de 2,4 por cento. O valor do salário mensal para efeitos de cálculo de indemnizações é ainda importante porque a lei define que a indemnização por despedimento sem justa causa, em condições legais, nunca pode ultrapassar o valor da remuneração mensal multiplicado por doze. Devido a este limite, actualmente, um despedido não recebe uma indemnização superior a 252 mil patacas. Porém, com a subida do valor da remuneração de base, pode haver um aumento de 6.000 patacas, para uma indemnização máxima de 258 mil patacas.
João Santos Filipe PolíticaPME | Ma Chi Seng quer resolver crise com “caça ao tesouro” O deputado Ma Chi Seng, nomeado pelo Chefe do Executivo, considera que o Governo pode contribuir para resolver os problemas económicos das pequenas e médias empresas (PME) nos bairros comunitários, com a criação de “zonas de check in”. Estas são zonas onde os turistas podem ir, numa lógica de caça ao tesouro, tirar fotos, fazer a leitura de códigos QR ou recolher carimbos para ganhar prémios. O legislador defendeu que o Governo deve apostar numa grande acção do género, no âmbito das celebrações do 25.º aniversário da RAEM: “Espera-se que essas actividades consigam atrair novos clientes e reter os actuais, promovendo a vitalidade económica das zonas comunitárias e impulsionando o desenvolvimento das PME”, afirmou. O deputado sugeriu também às PME que se adaptem às novas tendências para sobreviverem: “Os consumidores são cada vez mais jovens e dão mais importância à personalização, à beleza, à procura de valores emocionais e à satisfação das necessidades de relacionamento social”, indicou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCrime | Ella Lei alerta para o aumento de casamentos falsos Numa intervenção antes da ordem do dia, a deputada da FAOM deixou forte críticas ao Governo, por aquilo que entende ser a falta de vontade para mudar leis e aplicar sanções mais pesadas pela contratação de trabalhadores ilegais Ella Lei alertou ontem para a necessidade de intensificar o combate aos casamentos ilegais e o trabalho ilegal, pedindo penas mais pesadas para a contratação de trabalhadores ilegais. A mensagem foi deixada ontem numa intervenção antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa, em que a deputada criticou abertamente o Governo pela falta de vontade política para combater o fenómeno do trabalho ilegal. De acordo com as estatísticas oficiais citadas pela deputada ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), no primeiro semestre do ano foram registados 27 casamentos fictícios, um aumento de dois casos em termos anuais. Houve também 64 casos de “simulação de casamento, adopção ou contrato de trabalho”, um crescimento anual de 12 por cento. “As pessoas que simulam o casamento ou o contrato de trabalho para obter BIR, procuram benefícios ilegais, ocupam recursos e regalias sociais, e perturbam o mercado de emprego, como também causam outros problemas de segurança”, argumentou. “No passado, também houve pessoas que aproveitaram a sua qualidade de falso trabalhador não-residente e vieram a Macau para praticar crimes de usura e câmbio ilegal ou outras infracções, ameaçando a segurança de Macau”, acrescentou. Durante a intervenção, Ella Lei elogiou os esforços das autoridades que combatem o fenómeno do trabalho ilegal, mas responsabilizou o Governo pela situação actual, devido à falta de vontade política para castigar os patrões que contratam trabalhadores ilegais. “Mesmo que o pessoal da linha da frente se esforce na execução da lei, as sanções baixas e a falta de efeitos dissuasores continuam a ser os principais problemas de Macau no combate ao trabalho ilegal ou ao trabalho não autorizado”, vincou. “Por exemplo, de acordo com o relatório de trabalho da DSAL, em 2023, […] cada empregador ou entidade contratante foi punida, em média, com uma multa de 9366 patacas”, revelou. “Em comparação com os lucros ilícitos obtidos, o custo da infracção é extremamente baixo”, destacou. A leveza do ser A deputada pediu também ao Governo para inverter o imobilismo que indicou pautar a política actual: “Face às solicitações da sociedade ao longo dos anos quanto ao aperfeiçoamento das leis, o Governo responde sempre o seguinte: está a prestar uma atenção contínua, a auscultar opiniões e tem uma consideração prudente, etc., mas não tem ainda qualquer plano de trabalho nem calendarização concretos”, descreveu. “Por esta razão, solicito mais uma vez ao Governo para aperfeiçoar uma série de regimes jurídicos de combate ao trabalho ilegal, incluindo o estudo sobre o aumento do limite máximo das multas, o aperfeiçoamento dos mecanismos eficazes de execução das normas relativas à reincidência e às sanções acessórias, para reprimir o trabalho ilegal e garantir o emprego dos residentes locais e o desenvolvimento saudável do sector”, frisou.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteEstudo | Meios digitais podem potenciar marca cultural de Macau Um estudo de académicos da MUST conclui que o uso de meios digitais nas áreas do património, cultura e turismo contribui para a internacionalização e o fomento de Macau como marca cultural. Estas são algumas das conclusões do artigo “O digital irá capacitar Macau e promover intercâmbios culturais internacionais e a aprendizagem mútua” Inteligência artificial, computação em nuvem, “big data” são conceitos tecnológicos transversais a quase todos os domínios da vida nos dias que correm. Dois académicos da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST na sigla em inglês), Jing Zhang e Sheng Nan Pang, analisaram as repercussões das últimas revoluções tecnológicas e o seu uso nas áreas do turismo, cultura e divulgação do património. No estudo “O digital irá capacitar Macau e promover intercâmbios culturais internacionais e a aprendizagem mútua”, os académicos entendem que Macau está no bom caminho no que diz respeito à crescente digitalização destes sectores, criando uma nova marca global em termos arquitectónicos e culturais. Segundo o estudo, publicado na plataforma de estudos académicos “EasyChair”, a aplicação de ferramentas digitais na promoção da cultural e do turismo locais tem sido cada vez mais uma realidade, servindo para internacionalizar Macau como marca de turismo e cultura. Segundo os autores, “a aplicação da tecnologia digital tem desempenhado um importante papel na promoção do desenvolvimento da cultura internacional em Macau, injectando um novo ímpeto na comunicação global das suas marcas culturais”. É também referido o facto de o Governo, nos últimos anos, ter reforçado “o desenvolvimento do turismo cultural, da tecnologia digital, do empreendedorismo juvenil, do lazer, dos negócios e das exposições”, com o objectivo de “realçar o processo de diversificação industrial em Macau”. Para os autores, “os benefícios da tecnologia digital têm sido notáveis, dando não só um forte impulso ao desenvolvimento global da economia e sociedade de Macau, mas tornando-se também uma força fundamental para promover o processo de internacionalização”. Ao apostar “numa profunda integração de tecnologias de ponta como o ‘Big Data’, computação em nuvem ou inteligência artificial, Macau deu um salto inovador em muitas áreas-chave, nomeadamente a herança cultural, a promoção do turismo e a cooperação empresarial”. Desta forma, construiu-se “um sistema de desenvolvimento [destas áreas] mais eficiente, inteligente, aberto e inclusivo”. O artigo dos académicos contém também a ideia de que a digitalização ajudará Macau a dinamizar a sua herança cultural em conjunto com a criação de marcas. “Com a aceleração da globalização, e a diversidade cultural cada vez mais proeminente, Macau vai continuar a defender a relevância do património cultural, aprofundando a sua protecção e investigação e promovendo a integração desse mesmo património na sociedade moderna.” Assim, através do digital, haverá uma maior expansão “da influência internacional [de Macau] no domínio da proteção do património cultural”. Os autores destacam os investimentos feitos pela RAEM nos últimos anos em termos tecnológicos, nomeadamente ao nível da rede 5G, a criação de “grandes centros de dados e inteligência artificial”, levando a à “modernização das infra-estruturas em rede e ao forte apoio dado à aplicação diversificada [dessas estruturas] e inovação da economia digital”. O caso do turismo O Instituto Cultural (IC) é uma das entidades que mais tem apostado nas novas tecnologias para mostrar a cultura local. Um dos exemplos destacados pelos académicos foi a exposição “Visitando as Ruínas de S. Paulo no Espaço e no Tempo – Exposição de Realidade Virtual nas Ruínas de S. Paulo”, entre 2022 e 2023, uma “experiência de turismo cultural inovadora com realidade virtual digital”. Nesta mostra, foram utilizadas “pela primeira vez tecnologias de simulação avançadas, como a modelação tridimensional, a realidade virtual ou a autoestereoscopia no Património Mundial de Macau, a fim de realizar a recuperação digital da igreja”. Desta forma, segundo explicou o IC na altura, “os participantes puderam conhecer o aspecto histórico da Igreja de Madre de Deus do Colégio de S. Paulo há 400 anos, ultrapassando as limitações temporais e espaciais”. Jing Zhang e Sheng Nan Pang apresentam outro exemplo de uma exposição que pode atrair outro tipo de público a Macau e ajudar na tal criação de uma nova marca: a “Exposição Futura de Artes Digitais de Macau”, planeada pela equipa de licenciados da MUST, em que a arte digital foi “conceito central”, promovendo-se um debate em torno “do poder da integração multidimensional do design, tecnologia, comércio, utilizadores e cultura”. Na mostra apresentou-se “uma perspectiva única da arte digital, integrando-se algoritmos ou estratégias de planeamento de caminhos de inteligência artificial”. Estes são exemplos de como cada vez mais há uma nova forma de fazer turismo baseado no mundo virtual. “A integração da cultura com meios científicos e tecnológicos tornou-se numa nova forma de turismo. Com o [uso] do formato digital no património cultural tradicional, os museus lançam o modelo de turismo de exposições com recurso a meios científicos e tecnológicos”, pode ler-se. Desta forma, “através da aplicação da tecnologia digital, é criado o ‘novo cenário turístico, realizando-se a reconstrução dos recursos do turismo cultural e dos serviços integrados das indústrias” desse mesmo turismo. Assim, os autores entendem, que “Macau não só tem liderado o ritmo do turismo global ao nível da transformação digital, como também estabeleceu um modelo de integração e inovação da ciência e tecnologia no turismo, contribuindo para a construção de uma valiosa experiência em prol do desenvolvimento do turismo internacional”. Outra ideia deixada no estudo prende-se com o facto de Macau estar “a integrar e aprofundar de forma activa a cooperação internacional no domínio da digitalização”, tendo em conta que a China “está a reforçar o desenvolvimento da economia regional através de meios digitais, promovendo a influência global e o poder de comunicação da cultura chinesa para continuar a crescer”. Um “posicionamento único” Os autores do estudo entendem que, no contexto do “rápido desenvolvimento e a ampla aplicação da tecnologia digital”, a RAEM “tem criado gradualmente o seu posicionamento único, em termos de marca, na cena internacional”, ao apresentar “recursos multiculturais”, tendo em conta a “posição geográfica no centro da região Ásia-Pacífico, demonstrando uma influência internacional reforçada de forma significativa”. Assim, “a aceleração deste processo mostra como a tecnologia digital é pioneira da mudança dos tempos, proporcionando oportunidades e possibilidades para Macau se transformar numa indústria emergente” ao nível da cultura e turismo digitais. Os autores citam ainda um relatório da Organização Mundial do Turismo que determina que, até 2030, “a aplicação generalizada das tecnologias digitais deverá conduzir a um crescimento significativo de 34 por cento no comércio global”. Tendência que irá “remodelar profundamente a estrutura das cadeias de valor globais, perturbar e optimizar o modo de funcionamento tradicional do comércio mundial”. Assim, para os autores do estudo, Macau destaca-se neste novo posicionamento, tendo em conta os planos de cooperação regional com Hengqin e toda a província de Guangdong. Existe, portanto, uma “aceleração da transformação das formas tradicionais de comércio na direcção do digital e [plataformas] inteligentes com orientações políticas e afectação de recursos”. Macau apresenta “uma perspectiva estratégica virada para o futuro com a utilização plena do poder da inovação da tecnologia digital”. Tal servirá não só para “guardar e activar o rico património cultural local, mas também para, com recurso a plataformas digitais de inovação, realizar intercâmbios culturais e de aprendizagem mútua no palco cultural global”. “A tecnologia digital permitiu a Macau promover o novo processo de intercâmbio cultural internacional e de aprendizagem mútua com um grande impulso”, rematam os autores, que defendem que a tecnologia “rompe as barreiras do intercâmbio cultural tradicional, constrói uma ponte cultural através do tempo e do espaço e promove a partilha e a aprendizagem mútua dos recursos culturais globais”.