Habitação | Preços caíram 1,3% no terceiro trimestre

Entre Agosto de Outubro deste ano, o preço da habitação desceu 1,3 por cento, em comparação com o período transacto (Julho a Setembro de 2023), segundo dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Tendo em conta a comparação anual, durante o período entre Agosto e Outubro deste ano, os preços diminuíram 4,2 por cento face ao mesmo período de 2022, com destaque para a maior depreciação dos imóveis situados na península de Macau, que registou uma quebra anual de 5,3 por cento, enquanto a Taipa e Coloane registaram uma descida de 0,2 por cento dos preços. Por zonas, o preço dos imóveis para habitação caiu 1,5 por cento na península de Macau, e 0,4 por cento na Taipa e Coloane.

As habitações construídas também registaram quedas de preços. O índice de preços de habitações construídas pertencentes ao escalão dos 11 aos 20 anos de construção e o índice do escalão superior a 20 anos baixaram 5,4 e 0,8 por cento, respectivamente. Porém, o índice do escalão inferior ou igual a 5 anos cresceu 0,4 por cento, enquanto o índice de preços de habitações em construção foi semelhante ao do período precedente.

11 Dez 2023

Táxis | DSAT diz que concurso foi transparente

O director dos Serviços para os Assuntos do Tráfego (DSAT), Lam Hin San, afirmou ontem que todo o processo do concurso público para a atribuição de licenças de táxis decorreu com toda a transparência, desde a abertura ao encerramento das propostas das empresas candidatas.

As declarações foram prestadas à margem da Marcha da Caridade, que decorreu ontem. Depois de muitas críticas e uma queixa apresentada ao Comissariado contra a Corrupção por Ron Lam, o director da DSAT vincou que foram seguidos todos os procedimentos legais durante o concurso, e que os candidatos ou os seus representantes legais estiveram todos presentes à abertura das propostas.

Sem fazer mais comentários à forma como correu o concurso púbico, Lam Hin San afirmou que a DSAT não recebeu solicitações para actualizar tarifas ou bandeirada dos táxis, mas que se receber, entretanto, o assunto será tratado de acordo com os normais trâmites legais.

Por sua vez, o Comissário contra a Corrupção confirmou ter recebido a queixa de Ron Lam, mas não ter recebido queixas de candidatos ao concurso público para as licenças de táxis.

11 Dez 2023

Habitação intermédia | Ella Lei continua a questionar suspensão

A deputada Ella Lei continua a exigir justificações ao Governo sobre as razões que levaram à suspensão temporária do projecto da habitação intermédia na avenida Wai Long. Numa interpelação escrita, a deputada afirma duvidar dos argumentos já apresentados pelo Governo

Ella Lei, deputada ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), continua a não estar convencida com os argumentos apresentados pelo Governo para não avançar, para já, com a construção da habitação intermédia, destinada à classe média, e pensada para um terreno na avenida Wai Long.

Após ter colocado questões sobre o mesmo assunto nos últimos debates sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG), a deputada voltou a interpelar o Executivo por escrito, questionando a necessidade de se obter um “consenso” e fazer mais estudos para construir as casas intermédias, ideias deixadas tanto pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, como por Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas.

“Quanto ao consenso sobre a habitação intermédia, a taxa de apoio [para o projecto] chegou quase aos 92,6 por cento, com base no relatório final da consulta pública sobre o plano de habitação para a classe sanduíche publicado em Abril de 2021. Conforme o Estudo sobre a Política de Habitação para Fins Residenciais da Região Administrativa Especial de Macau, são requeridas 5400 e 10100 fracções deste tipo de habitação para 2025 e 2030. A decisão quanto ao plano de habitação intermédia foi concluída tendo em conta os estudos e inquéritos feitos na altura”, apontou.

Para Ella Lei, a população questiona a relação entre a suspensão temporária deste projecto habitacional com a pouca procura pelas casas de habitação económica, um dos argumentos usados pelo Governo para não avançar já com as obras na avenida Wai Long.

“O Governo sempre disse que a habitação económica e intermédia são casos diferentes, que a primeira tem uma natureza pública, enquanto a habitação intermédia se destina ao mercado privado. Então qual é a relação entre a decisão de suspender a habitação intermédia e a procura pela habitação económica? O Governo não explicou”, apontou a deputada.

Nada a ver

Para Ella Lei, estas são duas áreas habitacionais cujas políticas não se devem misturar, destacando que o número de candidatos às casas económicas não deve constituir um factor influenciador para o avanço do projecto da habitação intermédia, uma vez que aqueles que ficam de fora dos critérios de acesso à habitação económica esperam para poder adquirir uma habitação intermédia.

Assim, a deputada exige que o Governo apresente os estudos que servem de referência sobre as verdadeiras necessidades da população, nomeadamente da classe média, quanto às casas intermédias.

Na mesma interpelação, Ella Lei pede também um relaxamento dos critérios para o acesso às casas económicas, a fim de permitir que candidatos a título individual possam candidatar-se a um T2. De frisar que o Governo já esclareceu que está a pensar alterar a lei para criar um mecanismo de candidaturas permanentes a este tipo de habitação.

A deputada exige ainda que se faça uma avaliação à densidade populacional e necessidades de construção de espaços verdes e recreativos na zona A dos novos aterros, pois já existem mais terrenos sob domínio do Governo e as tendências da procura pela habitação económica mudaram nos últimos anos.

11 Dez 2023

Conselho das Comunidades | Rita Santos com mais de 1900 votos

A lista liderada por Rita Santos às eleições do Conselho das Comunidades Portugueses pelo círculo eleitoral da China, Singapura, Tóquio, Seul e Banguecoque venceu as eleições de 26 de Novembro, onde concorreu sem adversário.

Segundo um edital publicado pela Embaixada de Portugal em Pequim, a lista de Rita Santos recebeu 1909 dos 1972 votos, o que corresponde a mais de 96 por cento de votos favoráveis. Foram ainda contabilizados 29 votos em branco e 34 nulos.

A lista reagiu ao resultado na página de Facebook do Conselho das Comunidades Portuguesas da China. Macau e Hong Kong. “Caros portugueses, fui mesmo agora tirar fotografia do Edital do resultado do apuramento do resultado das Eleições das Comunidades Portuguesas do Círculo da China no Consulado Geral de Portugal em Macau. Muito obrigado pelo vosso apoio!” Juntamente com Rita Santos foram eleitos Rui Marcelo e Marília Coutinho.

11 Dez 2023

Turismo | Número de visitantes deve atingir 28 milhões em 2023

O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, disse ontem, à margem da Marcha de Caridade para Um Milhão, que espera atingir a fasquia dos 28 milhões de turistas este ano, tendo em conta que mais de 25 milhões de turistas visitaram Macau entre Janeiro e Novembro.

Segundo um comunicado oficial, Lei Wai Nong referiu que o número diário de turistas internacionais que visitaram Macau em Janeiro deste ano foi cerca de dez por cento de 2019, enquanto em Agosto esse número ultrapassou os 70 por cento do registado nesse mesmo ano. Tal “demonstra que a recuperação de Macau está a concretizar-se de forma satisfatória e o consumo dos turistas também está a aumentar”. Lei Wai Nong “espera que seja possível manter esta tendência no próximo ano”, tendo em conta que, em 2024, “a promoção turística do Governo vai focar-se no nordeste e sudeste da Ásia, e também em outras regiões com vista a expandir as fontes de visitantes para Macau”.

Questionado pelos jornalistas sobre o desempenho dos casinos, o secretário adiantou que as receitas dos impostos sobre o jogo atingiram 164,4 mil milhões de patacas entre Janeiro e Novembro, estimando-se que o valor total, no final deste ano, “será melhor do que o esperado”.

Lei Wai Nong admitiu ainda que as empresas “precisam de mais trabalhadores devido à recuperação da economia”. Até ao dia 9, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais ajudou 12 mil pessoas a encontrarem emprego “com sucesso”, explicou.

11 Dez 2023

Moody’s | Governo critica avaliação com tendência negativa

A agência de notação financeira Moody’s baixou a perspectiva da classificação de Macau de “estável” para “negativa” devido às “estreitas ligações” com o Interior da China, uma decisão criticada pelas autoridades da RAEM

 

“A mudança na perspectiva de classificação de Macau para negativa reflecte a avaliação da Moody’s das estreitas ligações políticas, institucionais, económicas e financeiras entre Macau” e o Interior da China, referiu a agência num comunicado. A Moody’s sublinhou que os sectores do turismo e do jogo, estão muito dependentes dos visitantes chineses e que o sistema bancário de Macau “está igualmente exposto” à China continental, cuja classificação a agência também reviu em baixa.

Em resposta, divulgada na quarta-feira à noite, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) defendeu que, pelo contrário, “os estreitos laços económicos” com o Interior da China “proporcionam um forte apoio ao desenvolvimento de Macau a longo prazo”. A economia mundial “enfrenta actualmente desafios complexos e com múltiplas incertezas”, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,2 por cento até Setembro, “o que terá um impacto positivo” para Macau, defendeu a AMCM, num comunicado.

A AMCM acrescenta que, “com a plena retoma dos intercâmbios de pessoas de Macau com as regiões vizinhas e outras jurisdições do mundo e o regresso gradual da indústria do turismo à sua capacidade normal, verificou-se uma recuperação gradual da economia de Macau”. Nesse capítulo, as autoridades locais realçam que nos primeiros três meses de 2023, o PIB da RAEM cresceu “77,7 por cento em termos reais, quando comparado com o período homólogo do ano passado”.

Amortecedores fortes

Apesar da revisão em baixa da perspectiva, a Moody’s manteve a classificação de Macau em Aa3. As classificações na categoria “Aa”, a quarta mais alta da agência, são de alto grau de investimento e estão sujeitas a um risco de crédito muito baixo.

As “grandes reservas fiscais e externas” de Macau dão à economia “amortecedores muito fortes para absorver choques e tendências negativas de longo prazo, incluindo o abrandamento estrutural da economia da China continental”, acrescentou a Moody’s.

Também na quarta-feira, a agência tinha baixado a perspectiva do ‘rating’ da China de “estável” para “negativo”, devido aos altos níveis de endividamento da segunda maior economia do mundo. “A alteração para perspectiva negativa reflecte os indícios crescentes de que o governo e o sector público vão prestar apoio financeiro aos governos regionais e às empresas públicas em dificuldades”, afirmou a Moody’s, em comunicado. Isto “gera riscos significativos (…) para a solidez orçamental da China”, face ao abrandamento da economia do país e às dificuldades no sector imobiliário, acrescentou.

Na sequência do relatório, o ministério das Finanças chinês declarou-se “desiludido” com a decisão da Moody’s. Durante muito tempo, o sector imobiliário representou um quarto do PIB da China, assegurando a subsistência de milhares de empresas e de trabalhadores pouco qualificados.

Nos últimos 20 anos, o sector registou um crescimento fulgurante, mas os problemas financeiros de grupos imobiliários emblemáticos estão agora a alimentar a desconfiança dos compradores, num contexto de casas inacabadas e de queda dos preços por metro quadrado.

Face a um mercado de capitais exíguo, o sector concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70 por cento, segundo diferentes estimativas. Para relançar o mercado imobiliário e estimular a actividade, o Governo intensificou o apoio ao sector nos últimos meses. Mas os resultados continuam a ser inconclusivos.

11 Dez 2023

USJ quer criar base de biotecnologia que liga China a Portugal

A Universidade de São José (USJ) quer ajudar a criar na região uma base de biotecnologia marinha e ambiental que ligue a China e Portugal, disse à Lusa um dirigente da instituição. A USJ criou em outubro o Laboratório Conjunto Sino-Português de Ciências Marinhas e Ambientais, em parceria com a Universidade Católica Portuguesa (UCP), o Instituto Português do Mar e da Atmosfera e a Academia de Ciências da China.

O director do Instituto de Ciências e Ambiente da USJ disse que o projecto quer “fomentar o desenvolvimento em Macau de um ‘hub’ tecnológico ligado à biotecnologia azul e verde”, uma área onde “a parceria China Portugal pode trazer bons frutos”.

David Gonçalves apontou como meta conseguir que a investigação não se fique pelos laboratórios e chegue à “implementação dessa inovação no mercado”, através da ligação a empresas. O biólogo acrescentou que um dos objectivos futuros é estabelecer parcerias “com empresas da China, de Portugal e algumas que existem já também em Macau para estabelecer um tecido empresarial”.

Portugal pioneiro

Gonçalves disse que a biotecnologia é “uma área interessante, onde há muitas pequenas empresas hoje em dia a surgirem em Portugal”.
O país tem sido “pioneiro numa certa forma moderna de olhar para o oceano enquanto um recurso que tem de ser explorado de uma forma sustentável”, defendeu o investigador, apontando como exemplo a aposta na aquacultura.

Portugal tem dado “passos interessantes” na definição de áreas protegidas na sua Zona Económica Exclusiva e a China “tem algum interesse” na investigação marinha desenvolvida no país, referiu o académico.

Por outro lado, sublinhou Gonçalves, a China está “extremamente avançada” na monitorização dos processos globais oceânicos e tem “uma grande sofisticação” técnica no que toca a navios de investigação, submersíveis e veículos operados remotamente. “Podiam-se fazer aqui equipas de sucesso para investigar determinados temas no mar”, defendeu o também presidente da Associação em Macau para a Cooperação Científica entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Gonçalves deu como exemplo a proliferação de algas, “um problema que afecta Portugal continental”, e novas técnicas e métodos para garantir uma aquacultura “de facto sustentável e que permita salvaguardar as populações naturais” de peixes. Outra potencial área de investigação é a exploração de recursos biológicos que possam ter utilizações comerciais, desde a indústria alimentar aos medicamentos, referiu o biólogo.

“Muitas vezes até podem ser não só moléculas novas, mas também dar valor a desperdícios que existem em indústrias, como por exemplo na indústria da aquacultura”, acrescentou Gonçalves. Em ligação com o novo laboratório, a USJ já apresentou à Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude, planos para uma licenciatura em biotecnologia, adiantou o reitor. Stephen Morgan disse à Lusa ter esperança de que a licenciatura, que será oferecida em conjunto com o Centro de Biotecnologia e Química Fina da UCP, poderá arrancar no ano letivo de 2024/2025.

O reitor acrescentou que, já em Setembro de 2024, a USJ deverá começar a oferecer uma licenciatura de grau duplo, também em parceria com a UCP, em ciências ambientais.

10 Dez 2023

Casa Garden apresenta xilogravuras do artista japonês Katsushika Hokusai

As xilogravuras do japonês Katsushika Hokusai, expostas a partir do próximo sábado na Casa Garden, sede da Fundação Oriente em Macau, são uma oportunidade de conhecer a técnica da gravura, muitas vezes confundida com a pintura, defende o curador da mostra.

A exposição “Hokusai The Wave Maker”, que apresenta três conjuntos de 64 gravuras ‘ukiyo-e’, na posse de uma “grande família de Osaka”, integra, entre outras, 46 peças da série “Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji”, disse à Lusa James Wong Cheng Pou.

“A Grande Onda de Kanagawa”, trabalho mais conhecido do artista do período Edo, entre 1603 e 1868, e que a partir de 2024 vai ser motivo da nota de mil ienes (6,44 euros), inaugura esta série, originalmente criada entre 1831 e 1934 e que retrata o monte Fuji em diferentes épocas do ano e de várias perspectivas.

“Há dois anos, peritos do Museu Britânico, que fez uma grande exposição sobre Hokusai, consideraram a possível existência de cerca de 8.000 cópias de ‘A Grande Onda [de Kanagawa]’ no mundo. Actualmente só se conseguem localizar cerca de 200”, notou.

Reimpressão de qualidade

Embora as gravuras expostas na delegação da Fundação Oriente em Macau sejam reimpressões da década de 1970 e anos mais recentes, James Wong nota que a qualidade é atestada pelas autoridades competentes japonesas, tendo a reprodução de respeitar “os métodos tradicionais”.

“É necessário utilizar o papel de estilo antigo, bem como madeira de cerejeira, para cortar os blocos [onde se faz a gravura], que geralmente tem de ter mais de 100 anos, além de todas as tintas das impressões serem de materiais minerais”, notou o também presidente do Centro de Pesquisa de Gravuras de Macau.

“A arte que vai ver nesta exposição são provavelmente os exemplares mais caros destas impressões recentes”, salientou.
Para Wong, membro fundador da Comunidade de Gravuras e da Trienal de Gravura em Macau, esta é também uma oportunidade para desmistificar a gravura, já que “não há muita gente que conheça a diferença entre pintura e gravura”. “Talvez [a população] tenha interesse em vir ver como são as impressões”, sugere.

A xilogravura japonesa ‘ukiyo-e’ junta dois elementos: o desenho que dá origem ao produto final e o bloco de madeira. Num primeiro momento, faz-se o desenho em papel e coloca-se sobre um bloco de madeira. Depois talha-se a madeira, deixa-se o desenho em relevo e, numa fase seguinte, o bloco é pintado e coberto com o papel onde vai ser feita a impressão, sendo que para uma só obra são necessários vários blocos. Ao longo do processo, pressiona-se o papel contra o bloco de madeira com uma ferramenta circular chamada ‘baren’.

A ‘ukiyo-e’ e o nome de Katsushika Hokusai não são completos desconhecidos do território. Em 2018, a Rádio Macau noticiou que o Fundo de Pensões tinha guardada uma coleção de arte japonesa, adquirida no final dos anos 1980 pela administração portuguesa e avaliada em 13,68 milhões de patacas.

Essas 84 gravuras remontam ao século XVIII e XIX e estão guardadas nos cofres do Banco Nacional Ultramarino (BNU) do território, de acordo com a emissora. O exemplar “Grande Onda de Kanagawa” – e as restantes 45 gravuras da série “Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji” – é a peça de arte de maior relevo adquirida pelo Fundo de Pensões.

James Wong recorda-se quando, nos anos 1990, passou “mais de uma hora” a observar essas impressões. Com ele, lembra à Lusa, encontrava-se também o artista e pedagogo português Nuno Barreto (1941-2009), na altura diretor da Academia de Artes Visuais de Macau.

“Fomos ao último andar do BNU e tivemos a oportunidade privilegiada de examinar [as peças]”, diz. A Lusa contactou o Fundo de Pensões para saber se a obra continua na posse do Governo de Macau, mas até ao momento não recebeu qualquer resposta.

10 Dez 2023

EAU denunciados por ignorarem promessas climáticas

A organização Human Rights Watch (HRW) denunciou ontem que os Emirados Árabes Unidos, anfitriões da Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP28), não cumprem as promessas de saúde e bem-estar que fizeram aos trabalhadores migrantes.

Numa nota, a HRW afirma que o compromisso de colocar a saúde no centro da acção climática, assumido por 124 países no início da reunião sobre o clima e assumido pela presidência dos Emirados Árabes Unidos (EAU) da reunião, continua a não ter importância “mesmo fora do local da conferência, onde os trabalhadores migrantes estão expostos a danos para a sua saúde”.

Estes danos estão “associados aos efeitos crescentes das alterações climáticas e dos combustíveis fósseis, incluindo o calor extremo e a poluição atmosférica”, que os migrantes enfrentam “sem protecção adequada”, segundo a organização não-governamental (ONG).

A declaração de saúde da COP28 sublinha “o combate às desigualdades dentro e entre países e a prossecução de políticas que permitam alcançar os objectivos de desenvolvimento sustentável”, mas isso, sublinha a HRW, “soa a falso para milhões de trabalhadores migrantes nos EAU, que constituem 88 por cento da população”.

“A HRW documentou a forma como as autoridades dos EAU estão a externalizar os riscos climáticos para os trabalhadores migrantes, que estão desproporcionadamente expostos ao calor extremo e não dispõem de protecção adequada, enviando para casa trabalhadores já cronicamente doentes sem remédio”, afirmou a ONG.

Isto transfere os encargos da saúde “para os sistemas de saúde já sobrecarregados dos países de origem dos migrantes, como o Bangladesh, o Paquistão ou o Nepal, que já estão na linha da frente das catástrofes climáticas”, apesar de serem emissores mínimos de gases com efeito de estufa.

Um migrante entrevistado pela HRW descreveu o país como “uma fábrica que produz doentes”, uma vez que “são poucos os que saem com saúde”. Da mesma forma, a declaração de saúde da COP28 assinala a importância da “investigação transversal e interdisciplinar no domínio da saúde”, bem como das “parcerias entre as populações mais vulneráveis aos impactos na saúde”.

No entanto, os EAU limitam severamente os grupos não-governamentais, proíbem os sindicatos e têm “tolerância zero para a dissidência”, o que dificulta ainda mais a vida dos migrantes que querem reformas estruturais.

Cimeira minada

A 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), que começou na quinta-feira, reúne os representantes de quase todos países do mundo no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, até 12 de Dezembro, para debater estratégias de adaptação e mitigação, apoios financeiros, e fazer um balanço de oito anos de acção climática.

O país que acolhe a cimeira é um dos maiores produtores mundiais de petróleo e é muito contestado a nível de direitos humanos, recusando-se a libertar dissidentes políticos.

A legislação e as práticas do governo dos Emirados impõem severas restrições aos direitos de liberdade de expressão, de associação e de reunião pacífica e violam outros direitos, incluindo o direito à privacidade e os direitos dos migrantes.

Ao contrário da maioria dos países, os EAU não assinaram o Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais e o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos.

7 Dez 2023

COP28 – A raposa na capoeira

No ano em que se atingiram emissões recordes de gases de efeito de estufa (GEE) e em que se alcançou o valor mais alto da temperatura média global, está a decorrer no Dubai a 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP28). Este encontro internacional teve início no dia 30 de Novembro e terminará em 12 de Dezembro de 2023.

Estranhamente, o governo dos Emirados Árabes Unidos (EAU) nomeou como Presidente da Conferência o chefe da empresa petrolífera estatal Sultan Al Jaber. É difícil compreender como esta presidência poderá defender o ponto de vista do IPCC e do Secretário-Geral da ONU, em cujo discurso de abertura recorreu à metáfora “não podemos salvar um planeta em chamas com uma mangueira de combustíveis fósseis”.

Essa nomeação foi na realidade um erro de “casting”, e uma manifestação clara de conflito de interesses. É como se tivesse deixado a capoeira à guarda da raposa.

Sultan Al Jaber não disfarça a sua relutância em relação aos objetivos das COP, chegando a afirmar, em resposta a uma pergunta feita durante uma conferência via Internet, alguns dias antes do início da COP28, que a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis não permitiria o desenvolvimento sustentável “a menos que se queira levar o mundo de volta às cavernas”. No entanto, perante numerosas críticas, veio mais tarde a afirmar que esta frase havia sido retirada do contexto.

Uma das condições para a realização de eventos sob os auspícios das Nações Unidas deveria ser o respeito pelos princípios que esta organização advoga. Países onde os direitos humanos mais básicos não são respeitados e onde prevalecem leis que violam a dignidade humana, não deveriam ser aceites para colaborar em eventos das Nações Unidas que possam contribuir para o branqueamento dos respetivos regimes. Neste caso o país anfitrião, onde é frequente a repressão sobre os seus cidadãos por delitos de opinião, está muito longe de respeitar esses direitos. Para ilustrar esta triste realidade pode-se referir a campanha da Amnistia Internacional, que decorre atualmente, para a libertação de Ahmed Mansoor, poeta e defensor dos direitos humanos, preso nos Emirados Árabes Unidos desde 2017.

Em defesa da ONU poder-se-ia alegar que, para a realização de eventos desta natureza, que implicam elevadas despesas, seria de fechar os olhos a certos aspetos relacionados com os governos dos países anfitriões. Mas nem sempre os fins justificam os meios.

Constitui, no entanto, um fator positivo o anúncio de contribuições para o chamado Fundo de Perdas e Danos, com o qual se pretende compensar os países mais vulneráveis às alterações climáticas, que são também os que menos contribuíram para essas alterações. Neste âmbito Portugal contribui com cinco milhões de euros, conforme anunciou o primeiro-ministro português na sua alocução na COP28, no passado dia 2. Além deste compromisso, Portugal apoiará Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, reconvertendo parte da dívida em prol de ações tendo em vista a transição energética naqueles países.

Pode-se também considerar um sinal positivo o facto de a China e os EUA terem acordado, num recente encontro entre Xi Jinping e Joe Biden, sobre a necessidade de reduzir as emissões dos GEE, em especial do metano, um dos que mais contribuem para o aquecimento global. Os chefes de estado dos dois maiores emissores deste gás, ultrapassando discordâncias que os dividem, concordaram em estabelecer novos compromissos tendo em vista mitigar as consequências das alterações climáticas. Foi também reiterado pelos chefes dos dois Estados o compromisso assumido pelo G20 de continuarem os esforços para triplicar a produção de energia renovável à escala global, até 2030. Tal como muitas outras intenções que não se concretizaram, estes compromissos poderão cair em saco roto, mas o facto de ter havido esta concordância já demonstra uma predisposição das duas grandes potências em intensificar esforços no sentido da descarbonização da atmosfera terrestre.

As eleições de Joe Biden como Presidente dos EUA (2020) e de Lula da Silva no Brasil (2022) deram esperança à comunidade científica de que haveria um maior empenhamento na luta contra as alterações climáticas. Na realidade, no Brasil, estão a ser tomadas medidas para corrigir os graves atropelos que a administração de Jair Bolsonaro havia introduzido na legislação referente à desflorestação da Amazónia e, nos EUA, foi recuperado o compromisso de cumprimento do Acordo de Paris, do qual Trump se havia retirado. Entretanto, na Argentina, o segundo maior país da América do Sul, instalou-se a incerteza no futuro com a eleição recente do autointitulado anarcocapitalista Javier Milei, que foi prontamente felicitado por Trump, Bolsonaro e outros líderes de extrema-direita. Entre as medidas por ele preconizadas consta acabar com o Ministério do Ambiente, além do Ministério da Cultura, entre outros, e o não cumprimento do Acordo de Paris.

As perspetivas também não são muito animadoras no que se refere às eleições para a presidência dos Estados Unidos da América, em 2024, atendendo a sondagens que dão a maioria a Trump nas intenções de voto, em Estados chave. Resta a esperança de que a justiça americana siga os mesmos passos da justiça brasileira, na medida em que o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil rejeitou um recurso do ex-presidente e confirmou o seu impedimento de concorrer a eleições, por abuso de poder político, durante oito anos. Como os desafios à democracia no Brasil parecem ter sido passados a papel químico do que aconteceu nos EUA, é provável que o julgamento de Trump venha ter epílogo semelhante, visto que um tribunal de recursos dos EUA decidiu recentemente que o ex-presidente deverá responder pelo papel que teve na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A sua responsabilização pelo sucedido seria uma benesse para a humanidade em geral, considerando que está em jogo cumprimento do acordo de Paris num dos países mais poluentes do globo.

O descontentamento por alguma ineficácia dos governantes e a exploração de aspetos negativos que as democracias ainda não conseguiram resolver, aliado à fraca memória dos povos, têm feito com que essa onda de extrema-direita ameace as democracias, o que poderá refletir-se no não cumprimento das medidas preconizadas nas várias COP. Na União Europeia há 25 países com deputados de extrema-direita nos respetivos parlamentos e 5 no governo (Eslováquia, Hungria, Itália, Letónia e Polónia).

Pretende-se nesta Conferência, entre muitos outros assuntos, avaliar o progresso da implementação do Acordo de Paris. Certamente se concluirá que ainda se está muito longe de limitar o aquecimento global aos almejados 1,5 °C até ao fim do século. Note-se que, segundo a Organização Meteorológica Mundial, a temperatura média global em 2022 foi de cerca de 1,15 °C acima da média referente ao período 1850-1900.

Apesar dos retrocessos nas políticas ambientais em alguns países, permanece a esperança de que a COP28 clarifique alguns aspetos dos compromissos previamente assumidos e contribua para o estabelecimento de políticas mais agressivas no que se refere à diminuição drástica da exploração dos combustíveis fósseis. Entretanto, esperemos que as Nações Unidas escolham melhor os países anfitriões das futuras COP.

*Meteorologista

7 Dez 2023

Timor-Leste | ONU apoia desenvolvimento sustentável

As Nações Unidas continuam a apoiar a luta da nação timorense contra as alterações climáticas e por um desenvolvimento sustentável

 

A representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Timor-Leste, Katyna Argueta, reiterou ontem o apoio ao país na luta pelo desenvolvimento sustentável.

“Reiteramos a disposição do PNUD para acompanhar os esforços do Governo na luta para o desenvolvimento sustentável”, afirmou a representante do PNUD em Timor-Leste, após um encontro de cortesia com o chefe de Estado timorense, José Ramos-Horta. Katyna Argueta explicou que durante o encontro com o Presidente foram abordados vários assuntos, incluindo a intervenção de José Ramos-Horta na cimeira sobre alterações climáticas.

No seu discurso, o chefe de Estado timorense apelou aos países desenvolvidos para aumentarem os apoios financeiros para que os países mais pobres possam fazer face às alterações climáticas e promover um desenvolvimento sustentável. “Falamos também da importância de promover o empoderamento das mulheres”, disse a representante do PNUD, salientando que foram discutidos os esforços do Governo para maior emancipação económica das mulheres e para o desenvolvimento humano.

Foco no futuro

Em Novembro, o Governo timorense lançou uma ‘task force’ interministerial para o desenvolvimento social, que tem como principal objectivo dar apoio ao desenvolvimento sustentável, com investimento no capital humano, e que junta vários ministérios e organizações internacionais parceiras do país. A ‘task force’ vai incidir sobre a infância, melhoria da nutrição e segurança alimentar e o empoderamento dos jovens.

“Estas três prioridades transversais requerem uma forte coordenação entre o Governo e os seus parceiros, que será vital para superar obstáculos institucionais, evitar duplicações, garantir a implementação eficiente de políticas e programas, alocar recursos de forma eficaz, promover a responsabilidade e fomentar uma cultura de comunicação, cooperação e colaboração”, referiu o Governo timorense.

O Banco Mundial alertou, num relatório divulgado em Novembro, que Timor-Leste enfrenta uma crise de capital humano e que é necessária “uma acção urgente” para que as crianças nascidas actualmente no país possam realizar o seu “potencial produtivo na vida adulta”.

7 Dez 2023

Myanmar | Pequim reforça campanha contra fraudes

A China está a intensificar o combate contra fraudes ‘online’ conduzidas por grupos criminosos a partir das zonas fronteiriças do Myanmar (antiga Birmânia), através de operações que incluíram tiroteios e transmissões televisivas de detenções de suspeitos. As fraudes, conduzidas por telefone ou via Internet, geram dezenas de milhares de milhões de dólares de receitas por ano.

No Verão, a China anunciou operações conjuntas com países vizinhos que levaram ao resgate de milhares de pessoas, muitas atraídas pela promessa de empregos bem remunerados. Estas pessoas foram mantidas em cativeiro e forçadas a executar esquemas.

Em 18 de Novembro, o ministério da Segurança Pública da China anunciou que as autoridades no norte do Myanmar capturaram cerca de 31.000 suspeitos de organizar fraudes. Entre eles, segundo a polícia, 63 eram líderes de diferentes organizações.

A Zona Auto-Administrada de Kokang e a Divisão Auto-Administrada de Wa partilham uma fronteira com a China e são fortemente influenciadas pelo gigante asiático. As pessoas que vivem em ambos os locais partilham a língua e a cultura com a China. As pessoas que vivem em Kokang são etnicamente chinesas. A elite política dos Wa, que têm o seu próprio Partido Comunista, tem ligações antigas ao regime chinês.

Em meados de Novembro, a polícia chinesa emitiu mandados de captura contra quatro pessoas, todas de apelido Ming, por suspeita de fraude, homicídio e detenção ilegal. A família é uma das mais poderosas de Kokang, com membros no governo e na polícia local.

A televisão estatal CCTV mostrou depois imagens da polícia a levar três dos quatro suspeitos para o outro lado da fronteira, na província de Yunnan, sudoeste da China.

De acordo com órgãos locais, os esforços renovados para acabar com as redes seguiram-se a um violento tiroteio ocorrido a 20 de Outubro em Kokang, num complexo pertencente à família Ming. Agentes da polícia militar da China morreram durante o tiroteio.

Poucos dias antes de os chineses emitirem os mandados de captura contra os Ming, Wei Qingtao, membro de uma outra poderosa família Kokang, foi visto num vídeo que circulou nas redes sociais chinesas a exortar os seus familiares a libertarem as pessoas forçadas a participarem em esquemas fraudulentos.

No final de Outubro, a China emitiu mandados de captura para dois homens que ocupavam altos cargos governamentais na divisão de Wa. Um deles era director do ministério da Construção de Wa. O outro era chefe de uma vila. Poucos dias depois, o Partido Comunista de Wa informou que os dois tinham sido expulsos da organização. A polícia de Wa entregou 194 cidadãos chineses às autoridades chinesas em 28 de Novembro, segundo a imprensa estatal de Wa.

Crime compensa

Nas últimas semanas, Kokang enviou cerca de 26.000 pessoas de volta para a China, disse Yin Masan, chefe do gabinete administrativo de Kokang. A campanha tornou-se um factor no conflito em curso no Myanmar.

Em 27 de Outubro, três grupos étnicos armados lançaram uma nova ofensiva contra o exército no norte do Estado de Shan. Designados por Aliança das Três Irmandades, incluem combatentes do Exército Arakan, do Exército da Aliança Democrática Nacional do Myanmar (MNDAA) e do Exército de Libertação Nacional de Ta’ang.

O MNDAA declarou que a ofensiva tem dois objectivos: derrotar as forças apoiadas pela junta militar que controlam Kokang e eliminar os grupos criminosos. A ofensiva exerceu pressão sobre o governo de Kokang.

“No mínimo, eles perceberam muito bem para que lado o vento soprava na China”, disse Richard Horsey, um conselheiro do International Crisis Group que acompanha o Myanmar. Embora possa ter-se tornado mais difícil executar as fraudes, os grupos ainda podem tirar partido da instabilidade e da corrupção que prevalecem nas zonas fronteiriças.

“Tornou-se mais arriscado”, disse Horsey. No entanto, “há um enorme incentivo financeiro para continuar a fazer isto” e “as recompensas continuam a existir”, acrescentou.

7 Dez 2023

Israel | Wang Yi defende que cessar-fogo é prioridade máxima em conversa com Blinken

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, disse ontem, em conversa por telefone com o homólogo norte-americano, Antony Blinken, que a prioridade “máxima” no conflito Israel – Hamas deve ser o cessar-fogo. “A prioridade máxima é o cessar-fogo para acabar com os combates o mais rapidamente possível”, afirmou Wang Yi, segundo um comunicado emitido pelo ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“Os principais países (…) devem manter a objectividade e a imparcialidade e demonstrar calma e racionalidade”, acrescentou o chefe da diplomacia chinesa, que apelou a “todos os esforços” para que “evitem uma catástrofe humanitária em grande escala”.

No mês passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou ao fim imediato das hostilidades, numa cimeira virtual extraordinária do bloco de economias emergentes BRICS. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, reiterou a Wang Yi o “imperativo de todas as partes trabalharem para evitar que o conflito se alastre”, segundo o serviço diplomático de Washington.

A China tem boas relações com Israel, mas apoia a causa palestiniana há várias décadas e considera que a Palestina é um Estado soberano. Pequim tem defendido tradicionalmente a solução de “dois Estados”. Wang Yi deslocou-se a Nova Iorque no final de Novembro para uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o conflito entre Israel e o Hamas.

7 Dez 2023

UE | Pequim diz que restrições nas exportações de tecnologia “não fazem sentido”

O Governo chinês disse ontem que as restrições impostas pela União Europeia (UE) no fornecimento de alta tecnologia à China “não fazem sentido” e causam desequilíbrios comerciais, na véspera de uma cimeira em Pequim.

“Se a UE impõe restrições rigorosas à exportação de produtos de alta tecnologia para a China, por um lado, e espera aumentar significativamente as suas exportações para a China, por outro, receio que não faça sentido”, disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país asiático.

Os presidentes do Conselho e da Comissão Europeia, Charles Michel e Ursula von der Leyen, e o principal diplomata do bloco, Josep Borrell, vão reunir-se hoje e amanhã com as autoridades do país asiático, retomando um encontro anual que foi suspenso durante os três anos da pandemia.

A relação comercial entre a UE e a China é uma das mais importantes do mundo. Em 2022, o comércio bilateral ascendeu a 865 mil milhões de euros, um montante recorde.

No entanto, o défice comercial para a UE nas trocas com a China aumentou de 154,7 mil milhões de euros, em 2018, para 396 mil milhões de euros, no ano passado, suscitando fortes reclamações por parte de Bruxelas, que acusa o país asiático de práticas comerciais “injustas”.

Von der Leyen afirmou na terça-feira que “os líderes europeus não vão tolerar um desequilíbrio no comércio a longo prazo”. “A China é um parceiro fiável e indispensável para a UE”, reagiu Wang em conferência de imprensa regular. “A gestão adequada das diferenças através do diálogo e da consulta é importante para o desenvolvimento das relações entre a China e a UE”, sublinhou.

“Esperamos que a parte europeia colabore com a China para encontrar um meio-termo, crie uma atmosfera positiva para que a reunião entre os líderes da China e da UE tenha sucesso e envide esforços conjuntos para o desenvolvimento saudável e estável das relações”, acrescentou.

7 Dez 2023

China | Emenda à lei de contra-espionagem não afecta ambiente empresarial

O ministério da Segurança do Estado da China defendeu ontem que a emenda à lei de contra-espionagem “não afecta as actividades comerciais normais e o investimento e operações legítimas” das empresas estrangeiras na China.

Num comunicado publicado através da sua conta oficial na rede social WeChat, o organismo afirmou que a emenda tornou a lei “mais precisa, clara e transparente”, o que “reflecte o progresso do sistema jurídico chinês”.

A nota surge em resposta a alguns “mal-entendidos” sobre a lei, que suscitou a preocupação entre alguns setores empresariais estrangeiros de que poderia ser utilizada para restringir actividades ou dar acesso às autoridades a segredos comerciais. O ministério afirmou que a segurança é “indispensável para o desenvolvimento” e “a base para a manutenção de um ambiente empresarial aberto e estável”.

“É prática comum e legítima” os países aplicarem leis contra actividades de espionagem, afirmou. Aqueles que “exageram” e afirmam que “a lei prejudica o ambiente empresarial” na China “têm segundas intenções” e “procuram distorcer a realidade”, segundo o organismo.

Segurança apertada

No Verão, o ministério apelou à mobilização de “toda a sociedade” para “prevenir e combater a espionagem” e anunciou uma série de medidas para “reforçar a defesa nacional” contra “actividades de serviços secretos estrangeiros”. Em Abril, a China alterou a sua Lei Contra – Espionagem para incluir a “colaboração com organizações de espionagem e seus agentes” na categoria de espionagem.

A legislação, que entrou em vigor em Julho, passou a proibir a transferência de qualquer informação relacionada com a segurança nacional e alargou a definição de espionagem, à medida que o Presidente chinês, Xi Jinping, enfatiza a necessidade de construir uma “nova arquitectura de segurança”.

Todos os “documentos, dados, material e itens relacionados com a segurança e interesses nacionais” passaram a estar sob o mesmo grau de protecção que os segredos de Estado, de acordo com a emenda. As investigações efectuadas nos últimos meses a empresas de consultadoria e empresas estrangeiras na China suscitaram preocupações entre o sector e potenciais investidores estrangeiros.

7 Dez 2023

Nuclear | Primeiro reactor mundial de quarta geração do mundo começa a operar na China

A China dá um salto em frente em matéria energética com a entrada em funcionamento da primeira central do mundo de quarta geração. A central já está a produzir electricidade em Shandong

 

A primeira central nuclear de quarta geração do mundo entrou ontem em funcionamento comercial na Baía de Shidao, província de Shandong, leste da China, informou a imprensa estatal chinesa. Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, a central nuclear de alta temperatura está agora a produzir electricidade para uso comercial, após ter completado com êxito um teste de funcionamento contínuo de 168 horas.

A Corporação Nacional Nuclear da China (CNNC) disse que esta etapa marca um “feito histórico” para os projectos científicos e tecnológicos do país asiático e sublinhou que foram realizados com “direitos de propriedade intelectual completamente independentes”.

A central, que foi desenvolvida conjuntamente pela Huaneng Energy Company, a Universidade de Tsinghua e a CNNC, começou a ser construída em Dezembro de 2012 e foi ligada à rede pela primeira vez em Dezembro de 2021.

A central tem uma capacidade instalada de 200 megawatts e utiliza reactores nucleares de alta temperatura arrefecidos a gás (HTGR), reconhecidos internacionalmente como um tipo avançado de quarta geração com “segurança intrínseca”, disse Zhang Zuoyi, engenheiro-chefe do projecto.

“Sem quaisquer medidas de intervenção, o reactor pode manter-se num estado seguro caso perca toda a capacidade de arrefecimento, e não haverá fusão do núcleo nem fuga de substâncias radioativas”, acrescentou.

Mudança de energia

O primeiro reactor nuclear totalmente desenvolvido na China, o Hualong-1, começou a funcionar comercialmente em Janeiro de 2022 na central eléctrica de Fuqing, no sudeste da China. A China estabeleceu o objectivo de aumentar a sua capacidade de produção de energia nuclear em 50 por cento até 2025 e de produzir entre 100.000 e 200.000 toneladas de hidrogénio a partir de energias renováveis no mesmo ano.

Estes objectivos fazem parte dos planos do Governo chinês para atingir a neutralidade das emissões de dióxido de carbono até 2060. A energia nuclear e o hidrogénio são duas fontes de energia limpas e renováveis que podem ajudar a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

7 Dez 2023

Panda: Um importante símbolo chinês

Ana Cristina Alves, Coordenadora do Serviço Educativo do CCCM

O Panda (熊猫 Xiōngmáo), numa tradução literal “urso-gato”, ou Grande Panda (大熊猫Dàxiōngmáo), é um importante símbolo da China. A sabedoria proverbial diz muito sobre ele. Comece-se pelo nome que nos apresenta um urso ou de um grande urso, com o qual os chineses se identificam, não apenas do ponto de vista geográfico, já foi preservado e guardado por eles como um tesouro de valor inestimável, mas porque tem uma aparência física com a qual os descendentes do Dragão imediatamente se identificam do ponto de vista afetivo, já que é grande, fofo e redondo, recebendo por isso o epíteto de “Rolante”(滚滚 Gǔngǔn).

Ele é “brincalhão e ingénuo” como indica a expressão proverbial (憨态可掬hāntài-kějū), portanto o melhor amigo que as pessoas podem ter na pândega. Além disso, a sua atitude é uma verdadeira lição de vida, já que está sempre satisfeito com o seu destino, como se lê numa outra expressão proverbial, na qual se afirma que é “tranquilo e satisfeito” (悠然自得 yōurán-zide); somam-se a estas, novas características que distinguem o seu carácter: “autocontrolado e vigilante” (泰然自若 tàirán-zìruò), não entra em pânico, permanecendo sempre alerta, o que é associado, do ponto de vista cromático, à conjugação do preto e do branco no seu pelo.

Como relata Wolfram Eberhard em A Dictionary of Chinese Symbols (1986:35), nos tempos em que Mao Zedong (毛泽东) se quis dissociar da antiga União Soviética, corria na China que havia dois tipos de mascotes, o bom panda chinês e o urso mau soviético, ao ponto de terem surgido versões da história do Capuchinho Vermelho, nas quais o lobo mau era substituído por um urso pardo russo.

O Panda proverbial é ainda “vagaroso e deliberado” (慢条斯理màntiáo-sīlǐ), mas essa lentidão pensada confere-lhe a postura correta na vida. O passo estugado, o querer fazer muito em pouco tempo, o estar constantemente a produzir e em crescimento, seja por que motivo for, material ao espiritual, conduz à morte prematura.

A deliberação deste urso na redução da velocidade, não implica excesso de racionalidade, como se pode verificar pela atitude espontânea e humilde, transmitida no modo oscilante e despreocupado como se move, “abanando a cabeça e o rabo” (摇头摆尾yáotóu-bǎiwěi).

Recebe ainda muita simpatia entre as gentes do País do Meio por ser tão “desajeitado e fofo” (笨拙可爱bènzhuō-kě’ài). Num outro dito é descrito como “inteligente e vivo” (聪明伶俐cōngmíng-línglì), vivacidade esta que deixa transparecer nos saltos, manifestando a vigorosa alegria com que atravessa a existência “aos pulos” (活蹦乱跳huóbèng-luàntiào) .

Aliás, ele vive sem qualquer atenção à sua “imagem social”, “movendo-se como se não houvesse ninguém por perto (旁若无人pángruò-wúrén), numa falta de cuidado pelo retrato, que se irá encontrar em muitos chineses.

Enquanto urso, o panda simboliza “a fecundidade masculina, a virilidade e a força” (Steens, 1980: 354). Acrescenta Wolfram Eberhard (1986: 34) que ao representar o homem, quando alguém sonha com ursos terá filhos do sexo masculino, encontrando-se ainda ligado a um imperador mítico chinês, o Grande Yu (大禹Dàyǔ), que era, tal como o seu pai, multifacetado: aquele que soube dominar o dilúvio na China, abriu canais e conduziu as águas dos rios até ao mar, a fim de os dragar, podia transformar-se num urso.

Dayu casou com Nujiao (女娇), a quem matou de susto quando assumiu o aspeto de urso, numa das suas metamorfoses essenciais, para mais facilmente abrir um túnel na montanha Xuanyuan. Ora a mulher que lhe ia levar a comida, quando viu um enorme mamífero atrás de si com a voz do cônjuge, morreu de susto: “Nujiao ouvia a voz do marido, mas quando voltava a cabeça só via um urso em sua perseguição. Apavorada, correu até à montanha Song (Songshan 嵩山), onde caiu exausta, transformando-se numa estátua de pedra” (Wang, Alves, 2009: 86). Teve ainda a gentileza de lhe deixar o filho que transportava no ventre, a pedido dele, abrindo-se a estátua por milagre celestial.

O Panda não é apenas a mascote da China, que simboliza o homem, remete ainda para importantes símbolos astrológicos, as duas Ursas, a Maior e a Menor, e dentro destas constelações de sete estrelas para cada, pode ser visualizada na Ursa Menor a Estrela Polar. O Norte, a orientação suprema, irmã da Maior, onde se firma o trono do Imperador Celestial (上帝Shàngdì).

Portanto, o Panda da terra está ligado aos seus ancestrais astrológicos, as Ursas, que conferem a orientação correta a seguir nos céus, mas como firmamento e terra pertencem a um mesmo cosmos, este animal pode e dever conferir o caminho a seguir no nosso planeta, onde foi eleito modelo filosófico existencial pelos chineses, sobretudo quando os protagonistas dos nossos dias surgem um tanto desnorteados, à procura de uma guia, como é o caso da narradora de “Ursa Maior”, um conto de Macau contemporâneo na voz artística feminina de Mong Shi “O tempo em que eu via a Ursa Maior parece-me agora completamente remoto (…) Escondo-me na colina do Monte, escondo-me debaixo das árvores desta pequena cidade, com os olhos enevoados, com os olhos perdidos, oriente, ocidente, sul e norte, todas as direções em confusão; mas continuo a guardar o hábito de erguer os olhos no céu à noite à procura da Ursa Maior, a constelação que tenho no meu coração…” (Mong: 1998: 183/4).

Por que razão o Panda é ainda modelo existencial na China? Antes de mais, porque nos primórdios, tal como os outros mamíferos da espécie, era carnívoro, mas progrediu em direção a uma nutrição vegetariana, alimentando-se essencialmente de bambu. Tal significa no oriente chinês um caminho de vida mais simples e despojado, revelando ainda grande tenacidade e adaptabilidade na luta pela sobrevivência. Além disso, é um importante símbolo de preservação da biodiversidade nesta nova era do socialismo ecológico chinês. Quase em vias de extinção, aquele que um dia andou por terras asiáticas e muito recentemente só podia ser encontrado na China, estava a perder-se não fosse o esforço constante da nova política verde assumido pelas autoridades políticas e científicas do país.

É ainda um excelente representante zoológico da cultura chinesa pela configuração cromática. A aliança entre o preto e o branco no seu corpo transporta logo a dois dos principais símbolos da filosofia chinesa, o Yin (阴 Yīn) feminino e Yang (阳 Yáng) masculino, que vemos também representados no emblema do Taiji (太极 Tàijí ), o “Supremo último” com que o país se exporta em termos de Soft Power pelo mundo. Ora o emblema, que surgiu no âmbito da Alquimia Interior, revela a via espiritual para obtenção do autodomínio, controlo espiritual, longevidade e até imortalidade. Um dos representantes mais destacados da escola alquímica foi Chen Tuan (陈抟, c. 906-989), o autor do Taiji (Alves, 2007:81), que ao simbolizar o autodomínio, se cruza não apenas nas cores com as características atribuídas ao urso chinês.

Se o panda adulto representa o homem, é natural que os chineses encontrem grandes semelhanças entre as crias de pandas e humanas, o que de facto sucede, sobretudo no que respeita a emissão de sons vocálicos. Mas podemos ir mais longe nas analogias em termos filosóficos. O modelo existencial encarnado pelo panda aproxima-o do estilo de vida proposto pelos taoistas. Ele é ingénuo, brincalhão, porém, ao mesmo tempo, alerta na sua espontaneidade. Oferece-se à existência despojado de artifícios. O seu vegetarianismo remete-nos para os três tesouros taoistas: a compaixão, a frugalidade e a simplicidade (《道德经•67》我有三宝 /持而保之/ 一曰慈/ 二曰俭/ 三曰不敢为天下先). E a maneira de estar na natureza deste mamífero recorda o modelo de recém-nascido oferecido pela experiência biográfica de Laozi (老子), inspirando assim silenciosamente os que o quiserem seguir, a partir do capítulo 20 do Clássico da Via e da Virtude (《道德经•20》), de cuja segunda parte apresento a minha tradução:

众人皆有余

Todos têm em excesso

而我独若遺

Só a mim me falta tudo

我愚人之心也哉

Sou completamente idiota!

沌沌兮

Tão obscurecido

俗人昭昭

As pessoas vêm claro

我独昏昏

Só eu sou confuso

俗人察察

Os outros são perspicazes

我独闷闷

Eu retraio-me

澹兮若海

Ondulante como o mar

恍兮若无止

Numa deriva sem fim

众人皆有以

Todos têm utilidade

而我独顽似鄙

Mas eu que estúpido e desprezível

我独异于人

Sou diferente dos outros

而贵食母

Alimento-me do seio da Mãe

Tal como um panda gigante, remato, rolando e vagueando pelos bambuais, agarrado ao seio da Mãe Natureza e ao sopro vital da terra, bamboleando-se redondo e pacífico.

Bibliografia

Alves, Ana Cristina. 2007. A Mulher na China. Lisboa Editorial Tágide.

Eberhard, Wolfram. 1986. D Dictionary of Chinese Symbols. Hidden Symbols in Chinese Life and Thought. Tradução de G. L. Campbell. Londres e Nova Iorque: Routledge.

Graça de Abreu, António. 2013. (trad.) Laozi. Tao Te Ching. O Livro da Via e da Virtude. Ed. Bilingue. Lisboa: Nova Vega.

Steens, Eulalie. 1980. Dictionaire de la Civilization Chinoise. Du neólitique au début de la dynastie Qing (XVIIe siècle). Prefácio de Alain Decaux. Editions du Rocher.

Mong Shi. 1998. “A Ursa Maior”. Sete Estrelas. Antologia de Prosas Femininas. Trad. Maria José Trigoso. Apresentação de Tong Mui Siu. Macau: Instituto Cultural de Macau.

Wang, Alves. 2009. Mitos e Lendas da Terra do Dragão. Lisboa: Caminho.

Webgrafia

形容熊猫的成语有哪些 (Quais são os provérbios descritivos do panda?). Baidu. https://zhidao.baidu.com/question/1179336365885654819.html

南宫问天2019熊猫的故事 The Story of Panda Taotao

IPanda- 《你不知道的大熊猫故事》大家的成就 (Sabes qual é a história do panda Chengjiu?) | CCTV纪录https://www.youtube.com/watch?v=DcEG2FxoDos

7 Dez 2023

Cinema | Documentário “SOM TAM” retrata residentes tailandeses em Macau

Volta a ser exibido este sábado, na Casa Garden, o novo documentário de Vanessa Pimentel, “SOM TAM”, que retrata a comunidade tailandesa de Macau. A realizadora quis abordar as particularidades de um dos grupos étnicos de menor dimensão a residir no território, mas que, ainda assim, consegue ter bastante visibilidade

 

A comunidade tailandesa de Macau surge como pano de fundo no novo documentário de Vanessa Pimentel, realizadora portuguesa e ex-residente no território. “SOM TAM”, exibido pela primeira vez no passado dia 1, no âmbito do festival “Macau Films & Videos Panorama”, promovido pela Associação CUT, volta a ser mostrado ao público este sábado na Casa Garden, às 18h30.

Ao HM, Vanessa Pimentel conta que este projecto nasceu da vontade de explorar a temática das populações migrantes que residem em Macau, “um tema tão vasto”.

“SOM TAM” foca-se na comunidade tailandesa de Macau por esta ser “muito pequena, talvez das mais pequenas” do território, em comparação com as comunidades filipina, indonésia ou vietnamita, embora consiga “marcar uma presença tão forte”.

“Isso deixou-me sempre bastante curiosa e sempre quis perceber como é que isto acontece, além de querer conhecer estas pessoas. Não sei se respondo a essas questões no filme, mas é essa a motivação. Fascinava-me, de facto, o tamanho da comunidade e a diferença que eles fazem. Só o festival tailandês é um evento que fecha uma rua inteira durante três dias para que se possa ver, provar e ouvir a cultura tailandesa em Macau, e acho fascinante que consigam fazer isso.”

A realizadora destaca também o facto de a comunidade tailandesa ter “particularidades diferentes face a outras comunidades estrangeiras de Macau, que têm a ver com um diferente enraizamento”.

“Há muitas pessoas da comunidade que foram para Macau há 20 ou 30 anos e não pretendem sair. Continuam a visitar a família na Tailândia, mas firmaram família em Macau e não querem morar noutro lugar. Fizeram de Macau a sua casa, e é interessante, pois não é a regra de outras comunidades estrangeiras, mesmo que sejam em maior número”, frisou.

Lugar de pertença?

Vanessa Pimentel começou a trabalhar melhor a ideia original de “SOM TAM” quando a realizadora portuguesa Catarina Mourão realizou um workshop sobre o género documentário em Macau, em 2019. Seguiram-se mais duas formações com o Instituto de Cinema de São Paulo, no Brasil, com Maria Clara Escobar, e um workshop na Universidade Nova de Lisboa com Raquel Rato.

Sendo financiado pelo Instituto Cultural e falado em tailandês, inglês e cantonês, o documentário foi rodado com uma equipa “bastante reduzida” de Macau. “Nem o projecto se faria de outra forma, pois os documentários vivem muito de intimidade e isso é fundamental na relação com as personagens e os espaços. Não há necessidade técnica, muitas vezes, de ter uma equipa maior.”

Outra vertente que Vanessa Pimentel quis explorar, prende-se com a questão de Macau ser um território que, economicamente, vive de mão-de-obra estrangeira. “Interessava-me falar disso. As operadoras dos casinos vão buscar mão-de-obra ao Ministério do Trabalho à Tailândia por considerarem que este é um dos países que melhor forma as pessoas na área do turismo. Isto é bastante interessante, e duas das personagens vieram para Macau no âmbito desses programas e ainda estão no território.”

Para a realizadora, este aspecto “é interessante tendo em conta a forma como os estrangeiros são tratados em Macau” e a existência de “campanhas meio proteccionistas que acontecem um pouco pelo mundo inteiro, relativamente à ilusão de se achar que a mão-de-obra estrangeira tira trabalho à mão-de-obra local”. “Talvez não seja assim”, frisou.

“SOM TAM” remete ainda para a ideia de definição de casa ou do lugar de pertença, uma característica tão presente nas vidas dos tailandeses que escolheram Macau para viver.

“No filme aparece uma personagem que resulta do casamento entre um local e uma tailandesa. Ela própria vive esta dualidade de não saber muito bem onde pertence, se é mais a Macau ou à Tailândia. Também queria trabalhar esta dualidade, a questão do sítio com o qual nos identificamos mais e quais os ambientes que preferimos, que nos fazem sentir em casa. O título do documentário tem a ver com essa sensação de estar em casa.”

Depois da estreia mundial em Macau, Vanessa Pimentel pretende mostrar o documentário noutros festivais da Europa e EUA no próximo ano. “Estou a enviar o filme para outros festivais que me parecem adequados. Um filme nunca é um filme se não for visto, tem de ser mostrado para que exista, para que se complete”, rematou.

7 Dez 2023

Coronel Mesquita | Obras a partir de segunda-feira

A Avenida do Coronel Mesquita será repavimentada a partir desta segunda-feira, tratando-se, segundo um comunicado do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), de uma obra que vai decorrer durante a noite a fim de “diminuir, tanto quanto possível, o impacto junto de cidadãos e trânsito das zonas circundantes”. O IAM assegura que será possível circular na zona durante o dia, existindo trânsito condicionado durante a noite, entre as 20h e as 6h.

As obras serão feitas numa área que inclui a Avenida do Coronel Mesquita, a Rotunda de S. João Bosco e ainda várias vias circundantes, sendo realizada em três fases. A primeira fase da obra será feita entre os dias 11 e 14 de Dezembro na zona entre o canil municipal e a Rua de Francisco Xavier Pereira, enquanto a segunda fase será levada a cabo entre esta rua e a Rotunda de S. João Bosco, no período de 15 a 19, e nos dias 23 e 24 de Dezembro. Por sua vez, a terceira fase da obra terá lugar entre esta rotunda e a Estrada de Cacilhas, entre os dias 25 e 28 de Dezembro.

No total, o IAM planeia realizar a obra em 15 noites úteis. Além das devidas alterações ao trânsito, serão suspensas temporariamente algumas paragens de autocarros.

7 Dez 2023

Aprendizagem | Relação docente-aluno com influência determinante

Um estudo da investigadora Cheung Pui Man conclui que a relação entre professores e alunos influencia “directamente o nível do sucesso escolar” no ensino secundário ao nível da “cognição”, “afectividade” e “competência” dos estudantes. A autora defende que o Governo deve prestar atenção a este factor quando elaborar políticas educativas

 

Um estudo de Cheung Pui Man, investigadora adjunta do Education Development Research Institute, do International (Macau) Institute of Academic Research, conclui que a relação docente-aluno “influencia directamente o nível de sucesso escolar [dos estudantes do ensino secundário] nos domínios da ‘cognição’, ‘afectividade’ e ‘competência'”.

Ficou provado que “o nível de sucesso escolar do aluno pode ser influenciado pela relação docente-aluno”, e que esta ligação “pode ainda causar um impacto no nível do sucesso escolar do aluno, influenciando a sua atitude geral de aprendizagem”.

A conclusão surge no estudo intitulado “Politica do Governo da RAEM para o Aumento do Sucesso Escolar dos Alunos do Secundário: Uma Análise Empírica Baseada no Impacto da Relação Docente-aluno sobre os Diferentes Domínios de Sucesso Escolar  Efeito de Mediação da Atitude de Aprendizagem”, publicado na última edição da revista “Administração”, editada pelos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP).

Estas conclusões têm por base 305 questionários válidos realizados em dez escolas secundárias locais, tendo sido usado o “método de amostragem bola de neve” e o “efeito de mediação” para analisar os dados. Cheung Pui Man entende que os resultados “servem como um sinal inspirador para o Governo no desenvolvimento do ensino não superior”, pois, para promover um maior sucesso escolar, as autoridades devem implementar políticas educativas que “ajudem os professores e alunos a estabelecerem uma boa relação docente-aluno”.

Deve dar-se “importância a esta relação” na hora de elaborar políticas, com foco em quatro critérios, como a “orientação na aprendizagem”, a “atenção no quotidiano”, a “proximidade e confiança” e “interacção de sentimentos”.

Caixa de sugestões

A investigadora deixa ainda algumas sugestões ao Governo tendo em conta os resultados obtidos, nomeadamente a necessidade do “reforço da promoção da relação docente-aluno” ou a “promoção de estudos” relacionados com este tema. Devem ainda ser promovidos mais “intercâmbios com as escolas” além de ser organizadas “diferentes competições”.

Cheung Pui Man sugere mesmo a criação de um “serviço de gestão de crises juvenis”, que serviria para “prestar apoio escolar, familiar e económico aos alunos com problemas emocionais, familiares ou com falta de recursos”.

É também sugerido que a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude “simplifique os procedimentos de candidatura para as bolsas de estudo”, reduzindo o tempo de espera nas candidaturas, por exemplo.

A investigadora entende que, para se conseguir uma boa relação professor-aluno, deve ser promovido “o ensino em turmas reduzidas”, além de serem produzidas mais leis sobre “a aprendizagem interdisciplinar no ensino não superior”, nomeadamente quanto à “organização de cursos de aprendizagem interdisciplinar nas escolas”, com a concessão de apoios e financiamento.

7 Dez 2023

Emprego | Feiras oferecem 98 vagas na próxima semana

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), em cooperação com a Federação das Associações dos Operários de Macau, vai organizar feiras de emprego, em três sessões, nos dias 14, 15 e 18 de Dezembro, para as quais estão abertas as inscrições entre hoje de manhã, às 09h, e o meio-dia da próxima quarta-feira. Ao todo, durante as três sessões serão disponibilizadas 98 ofertas de trabalho.

A primeira sessão, que irá decorrer o dia inteiro a 14 de Dezembro, irá disponibilizar 62 ofertas de emprego para o sector da hotelaria e tem lugar marcado no 7.º andar do Hotel Grand Lisboa de Macau.

As vagas são para os cargos de agente dos serviços de autocarro de shuttle, cozinheiro, supervisor da secção dos serviços de restauração e empregado de mesa. A sessão referida decorrerá no 7.º andar do Hotel Grande Lisboa de Macau.

No dia 15 de Dezembro, à parte, será a vez do sector da venda a retalho de vestuário, disponibilizando 17 ofertas de emprego para os postos de supervisor de loja, ajudante do supervisor de loja e empregado de loja. Esta sessão decorrerá no 2.º andar da sede da FAOM, na Rua da Ribeira do Patane nº 2 a 6.

Finalmente, a última sessão está marcada para 18 de Dezembro, oferecendo 19 vagas para o sector de hotelaria, para os cargos de “gerente de promoção de actividades e planeamento de entretenimento, ajudante do gerente de entretenimento audiovisual, director superior de promoção de marketing digital, director superior de média social e de gestão social, agente de promoção das actividades e planeamento de entretenimento, técnico de entretenimento audiovisual e designer superior dos gráficos”. Esta sessão irá decorrer no 2.º andar do Grand Lisboa Palace, no Cotai.

7 Dez 2023

Saúde | UPM assina acordo com Universidade Católica

A Universidade Politécnica de Macau (UPM) firmou ontem um acordo na área das ciências da saúde com a Universidade Católica Portuguesa (UCP).

Segundo um comunicado da UPM, trata-se de um protocolo que tem por objectivo “apoiar o desenvolvimento de alta qualidade da indústria de ‘Big Health’ de Macau”, visando o “lançamento conjunto de projectos de investigação inovadores”. Pretende-se “proporcionar a docentes, investigadores e estudantes um leque mais vasto de oportunidades de aprendizagem e investigação”, a fim de contribuir “para o desenvolvimento da indústria educativa”, pode ler-se.

No âmbito deste protocolo, a UPM e a UCP prometem reforçar “a cooperação tecnológica e científica, bem como os programas de intercâmbio de professores e estudantes entre as duas partes”, estabelecendo-se “uma cooperação académica a longo prazo”. Serão ainda “realizados conjuntamente projectos de investigação inovadores para promover o intercâmbio e a partilha de conhecimentos”.

Com esta parceria, aponta o comunicado, irá contribuir-se “de forma positiva para o desenvolvimento da investigação científica e da educação na China e em Portugal”.

7 Dez 2023

Sands China | Las Vegas reforça participação na operadora

A Las Vegas Sands, empresa norte-americana detentora de 70 por cento das acções da Sands China, pretende aumentar a participação na operadora de jogo em 1,19 por cento, foi ontem anunciado. Para a consultora JP Morgan Securities, este negócio é sinal de estabilização do investimento no sector depois da pandemia

 

A Sands China, uma das seis operadoras de jogo a operar no território, anunciou ontem que a empresa-mãe, a norte-americana Las Vegas Sands (LVS), pretende aumentar a sua participação no capital social da operadora em 1,19 por cento, sendo que a LVS já detém 70 por cento da Sands China.

Segundo um comunicado revelado esta terça-feira, e citado pelo portal GGRAsia, o aumento de capital será feito através da Venetian Venture Development Intermediate II, uma subsidiária indirecta detida a 100 por cento pela LVS e que é o accionista controlador imediato da Sands China. Assim, a Venetian Venture Development irá pagar até 1,95 mil milhões de dólares de Hong Kong, cerca de 250 milhões de dólares americanos, para adquirir mais acções da Sands China, uma transacção que foi firmada com uma instituição financeira esta terça-feira.

O preço por acção foi firmado em 20,20 dólares de Hong Kong, sendo que o montante adquirido pela Venetian Venture Development equivale a cerca de 96.600.247 acções. Trata-se de números que “representam aproximadamente 1,19 por cento do total de acções emitidas”, descreve a Sands China no mesmo comunicado.

Bons ventos

A consultora JP Morgan Securities para a região da Ásia Pacífico já reagiu a esta transacção, que considera positiva para o mercado local de jogo e para a estabilização do investimento depois dos anos difíceis da pandemia.

“Consideramos este acontecimento como significativamente positivo para a Sands China (e marginalmente positivo para as suas congéneres em geral), uma vez que a notícia assinala uma forte confiança e compromisso por parte da administração, algo que é necessário para estabilizar o sentimento de investimento (frustrantemente) pessimista dos últimos tempos”, escreveu o analista DS Kim.

A JP Morgan considera também que a escala do investimento feito “não é negligenciável” face ao “float” da empresa, ou seja, ao número de acções que a Sands China colocou no mercado para investimento, uma vez que “o montante [de investimento] planeado, de cerca de 250 milhões de dólares [americanos], equivale [em média] a 6,5 dias de valor comercial da Sands China”.

De frisar que, em meados de Outubro, aquando da apresentação dos resultados do terceiro trimestre deste ano, a LVS anunciou a recompra de acções no valor de dois mil milhões de dólares. Patrick Dumont, presidente e director de operações do grupo, disse na altura que a empresa iria privilegiar a recompra de acções ao invés da distribuição de dividendos, como forma de devolver valor aos accionistas.

No final de Novembro a LVS anunciou que tencionava recomprar até 250 milhões de dólares das suas acções, que seriam vendidas pela maior accionista do grupo, Miriam Adelson, viúva do magnata Sheldon Adelson, antigo CEO da Sands China, falecido em 2021.

7 Dez 2023

IH | Concurso para 30 lojas em edifícios de habitação pública

Foi ontem aberto um concurso público para o arrendamento de três dezenas de espaços comerciais em edifícios de habitação pública. As lojas vão estar situadas em prédios no Fai Chi Kei, Ilha Verde, Mong Há, Taipa e Seac Pai Van. As bases de licitação, consoante a área, variam entre 5.000 e 60,5 mil patacas

 

O Instituto de Habitação (IH) abriu ontem o concurso público para arrendamento de 30 espaços comerciais nos edifícios de habitação pública destinados a lojas de bebidas e comidas ou fins comerciais gerais. Destes, 19 espaços têm como finalidade o comércio geral, enquanto 11 lojas destinam-se à venda de comidas e bebidas (seis dos quais não têm autorização para ter cozinha com chama).

Os interessados têm até às 17h30 do dia 5 de Janeiro para apresentar as candidaturas ao concurso público, aberto para “aperfeiçoar as instalações comerciais e de apoio à vida quotidiana das zonas”, referiu ontem o IH.

A área útil dos espaços comerciais para arrendar varia entre 21 e 359 metros quadrados, enquanto os preços base de licitação situam-se entre 5.000 e 60.500 patacas. O IH informou que o concurso público seguirá o formato de licitação verbal, sendo o valor de cada lance de 500 patacas ou múltiplos de 500.

Os concorrentes interessados podem dirigir-se à delegação de Cheng Chong do IH, na Rua do Laboratório, n.º 39 em Macau, para consultar ou obter o processo do concurso. Para adquirir os documentos, o interessado deve pagar 500 patacas para cobrir custos de fotocópias, mas também é possível aceder à documentação na página do IH.

Os actos públicos de licitação verbal estão marcados para o dia 25 de Janeiro, entre as 10h30 e as 15h30, na delegação das Ilhas do IH. Os espaços a arrendar são adjudicados aos concorrentes que ofereçam a renda de valor mais elevado.

Pontos de negócio

Os 30 espaços comerciais alvo do concurso público situam-se nos edifícios de Habitação Social de Fai Chi Kei – Edifício Fai Fu, Edifício Fai Ieng, Edifício do Bairro da Ilha Verde, Habitação Social de Mong Ha – Edifício Mong Tak, na zona de Macau. Na Taipa, estarão disponíveis para arrendamento espaços no Edifício Iat Seng e Edifício do Lago. Na zona de Coloane, os espaços para arrendar situam-se nos edifícios de Habitação Social de Seac Pai Van (Lok Kuan e Ip Heng).

O IH providenciou também pessoal nos locais onde estão situadas as lojas para receber concorrentes que pretendam visitar dos espaços para arrendar, até à próxima quarta-feira, entre as 13h e as 18h. Além disso, será realizada uma sessão para esclarecer dúvidas sobre o concurso no dia 18 de Janeiro, às 10h, na delegação das Ilhas do IH, na Rua de Zhanjiang, nº 66-68, Edifício do Lago, 1.º andar D, na Taipa.

7 Dez 2023