Operação Trovoada | Detidas 118 pessoas por prostituição

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades prenderam 118 pessoas pela prática de prostituição entre 15 de Julho e 12 de Setembro, no âmbito da operação conjunta Trovoada 2019, que envolveu as autoridades de Macau, Cantão e Hong Kong.
Segundo os Serviços de Polícia Unitários (SPU), para esta operação foram mobilizados 11.239 agentes, com 3.777 indivíduos a serem conduzidos à Polícia para efeitos de averiguações da identidade, dos quais 917 foram encaminhados ao Ministério Público, por suspeitas de prática de crimes, envolvendo um total de 755 casos.
Entre os crimes, 28 são casos relacionados com tráfico de drogas, 126 de agiotagem, e 9 de auxílio à imigração ilegal. Ainda no âmbito desta operação, foram detidos 625 indivíduos pela prática de câmbio ilegal e 69 pela prática de empréstimo ilegal.

18 Set 2019

Perth | CPSP confirma que agente é uma das vítimas do acidente

Uma agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública, com 24 anos, e uma estudante universitária, de 23 anos, são as vítimas confirmadas do acidente de viação na Austrália

 

[dropcap]A[/dropcap]s vítimas do acidente de viação na Austrália, que tirou a vida a duas residentes, são uma agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e uma estudante da Universidade de Melbourne. A informação foi confirmada ao HM, no que diz respeito à agente, pelo CPSP.

Um porta-voz do CPSP informou que a agente fazia parte dos quadros desta autoridade desde o ano passado. O CPSP disponibilizou-se imediatamente para prestar todo o apoio aos familiares da vítima. Segundo o jornal Ou Mun, esta vítima tinha 24 anos de idade, mas o CPSP não quis entrar em pormenores sobre a sua identidade. “Lamentamos profundamente a morte da nossa agente neste terrível acidente de viação”, afirmou o porta-voz do CPSP. “Oferecemos todo o nosso auxílio aos familiares da vítima neste momento difícil”, foi acrescentado.

Em relação à segunda vítima, a mesma é uma estudante da Universidade de Melbourne e tem 23 anos de idade. Esta é igualmente a idade da única das três pessoas de Macau que sobreviveu ao impacto contra um autocarro de turismo.

O caso está igualmente a ser acompanhado pelo Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT), segundo os esclarecimentos prestados ao HM, que recebeu pedidos de apoio dos familiares da vítimas.

“Os familiares das vítimas falecidas entraram em contacto com o GGCT para pedirem informações e assistência. O GGCT está a coordenar a situação e em contacto permanente com a família de modo a prestar as possíveis assistências”, foi explicado ao HM. “O Consulado-Geral da China em Perth já entrou em contacto com a família dos afectados e destacou funcionários para visitar a terceira vítima ferida que se encontra hospitalizada em estado estável e fora de perigo de vida. O Consulado-Geral da China em Perth irá prestar assistência à família dos falecidos para dar o seguimento necessário ao acidente”, foi acrescentado.

O HM contactou o Chefe do Executivo para perceber se tinha entrado em contacto com as famílias afectadas, como fez em outros acidentes de turistas em Macau, mas até à hora do fecho não tinha havido qualquer resposta.

Na faixa errada

Ontem o canal televisivo 9 News relatou mais pormenores do acidente entre o carro Nissan SUV, em que seguiam as três residentes, e o autocarro de turismo, que levava 34 passageiros.

Segundo a versão de testemunhas ouvidas, o impacto terá ficado a dever-se ao facto de a viatura com as residentes ter entrado na faixa errada, quando estava a atravessar um cruzamento, vinda do Parque de Nambung e a entrar na auto-estrada. Terá sido num momento de hesitação da condutora, em que tentava perceber o sentido em que devia circular, que houve uma colisão com o autocarro, o que terá feito o carro capotar por três vezes. Na altura do impacto, uma testemunha afirmou que o autocarro devia circular a cerca de 100 km/h.

De acordo com os números citados pelo 9 News, só nos últimos cinco anos, 54 pessoas morreram ou ficaram seriamente feridas devido a acidentes na estrada em questão.

18 Set 2019

Perth | CPSP confirma que agente é uma das vítimas do acidente

Uma agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública, com 24 anos, e uma estudante universitária, de 23 anos, são as vítimas confirmadas do acidente de viação na Austrália

 
[dropcap]A[/dropcap]s vítimas do acidente de viação na Austrália, que tirou a vida a duas residentes, são uma agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e uma estudante da Universidade de Melbourne. A informação foi confirmada ao HM, no que diz respeito à agente, pelo CPSP.
Um porta-voz do CPSP informou que a agente fazia parte dos quadros desta autoridade desde o ano passado. O CPSP disponibilizou-se imediatamente para prestar todo o apoio aos familiares da vítima. Segundo o jornal Ou Mun, esta vítima tinha 24 anos de idade, mas o CPSP não quis entrar em pormenores sobre a sua identidade. “Lamentamos profundamente a morte da nossa agente neste terrível acidente de viação”, afirmou o porta-voz do CPSP. “Oferecemos todo o nosso auxílio aos familiares da vítima neste momento difícil”, foi acrescentado.
Em relação à segunda vítima, a mesma é uma estudante da Universidade de Melbourne e tem 23 anos de idade. Esta é igualmente a idade da única das três pessoas de Macau que sobreviveu ao impacto contra um autocarro de turismo.
O caso está igualmente a ser acompanhado pelo Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT), segundo os esclarecimentos prestados ao HM, que recebeu pedidos de apoio dos familiares da vítimas.
“Os familiares das vítimas falecidas entraram em contacto com o GGCT para pedirem informações e assistência. O GGCT está a coordenar a situação e em contacto permanente com a família de modo a prestar as possíveis assistências”, foi explicado ao HM. “O Consulado-Geral da China em Perth já entrou em contacto com a família dos afectados e destacou funcionários para visitar a terceira vítima ferida que se encontra hospitalizada em estado estável e fora de perigo de vida. O Consulado-Geral da China em Perth irá prestar assistência à família dos falecidos para dar o seguimento necessário ao acidente”, foi acrescentado.
O HM contactou o Chefe do Executivo para perceber se tinha entrado em contacto com as famílias afectadas, como fez em outros acidentes de turistas em Macau, mas até à hora do fecho não tinha havido qualquer resposta.

Na faixa errada

Ontem o canal televisivo 9 News relatou mais pormenores do acidente entre o carro Nissan SUV, em que seguiam as três residentes, e o autocarro de turismo, que levava 34 passageiros.
Segundo a versão de testemunhas ouvidas, o impacto terá ficado a dever-se ao facto de a viatura com as residentes ter entrado na faixa errada, quando estava a atravessar um cruzamento, vinda do Parque de Nambung e a entrar na auto-estrada. Terá sido num momento de hesitação da condutora, em que tentava perceber o sentido em que devia circular, que houve uma colisão com o autocarro, o que terá feito o carro capotar por três vezes. Na altura do impacto, uma testemunha afirmou que o autocarro devia circular a cerca de 100 km/h.
De acordo com os números citados pelo 9 News, só nos últimos cinco anos, 54 pessoas morreram ou ficaram seriamente feridas devido a acidentes na estrada em questão.

18 Set 2019

Cibercrime | Cooperação judicial obsoleta na recolha de provas

A proposta de alteração à lei de combate à criminalidade informática prevê que as autoridades de Macau possam, durante a recolha de provas para processo-crime, aceder a dados sem autorização da jurisdição onde estes estão armazenados. A cooperação judicial deixa de ser “a melhor solução”, mas mantém-se a necessidade de despacho de um juiz

 

[dropcap]O[/dropcap] gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, publicou ontem uma nota a dar conta da fragilidade da lei de combate à criminalidade informática, principalmente no que toca à recolha de provas em investigações criminais, quando os dados estão armazenados fora de Macau.

Uma coisa é certa. Para a tutela de Wong Sio Chak, “na era da internet, a cooperação judiciária já não é a melhor solução”. O meio mais eficaz será o acesso unilateral a dados relevantes em termos probatórios para um processo-crime, sem necessidade de autorização das autoridades da jurisdição onde estão armazenados, desde que o acesso seja público. Para que tal seja possível, é necessário alterar a lei actualmente em vigor. Em concreto, a secretaria para a Segurança sugere “que seja eliminada a expressão de limitação geográfica ‘situado na RAEM’, constante da alínea 6) do n.º 1 do artigo 16. ° da Lei de combate à criminalidade informática e que seja adoptado o novo modelo de ‘recolha de provas online’”.

Este método “consiste tanto na obtenção online, de acordo com a lei, de informações de dados acessíveis ao público, como na recolha online do conteúdo dos dados através de equipamentos electrónicos, relacionados com o crime, legalmente aprendidos, e directamente conectados aos serviços de internet”.

A nota da tutela de Wong Sio Chak destaca que o método é utilizado na União Europeia (nomeadamente em Portugal), Estados Unidos da América, China e Singapura.

Coisas do passado

A publicação desmonta a eficácia da cooperação judicial em matéria de investigação de crimes informáticos, uma das lacunas que o Governo quer colmatar na revisão legislativa. A cooperação judicial implica processos complexos e morosos, “muitas vezes os pedidos não são respondidos em tempo oportuno e alguns nem chegam a ser respondidos, havendo assim a possibilidade de provas digitais relevantes serem destruídas ou perdidas, suspendendo ou impedindo que a investigação seja concluída com eficácia”.

Além disso, a tutela diz que a cooperação judicial apenas funciona na obtenção de provas quando há “identificação clara do prestador de serviços em nuvem e do local onde estão armazenados os dados”.

O problema adensa-se quando os serviços de internet são anónimos, ou dissimulados intencionalmente, como acontece na deep web, dark web, em portais fictícios e dedicados a jogos ilegais. Nestes casos, “os dados armazenados não são identificáveis e o acesso e rastreio são impossíveis através de formas regulares”, o que dificulta a investigação.

Contudo, o gabinete de Wong Sio Chak destaca que a ser aprovada, a mudança legal “não irá alterar o actual procedimento penal em Macau”, mantendo-se a exigência de a polícia solicitar uma prévia autorização das autoridades judiciais. No fundo, a apreensão de equipamentos electrónicos “depende do despacho de autorização ou ordem do magistrado, emitido consoante as circunstâncias concretas do caso e nos termos da lei”, quer os dados tenham sido armazenados em Macau quer no exterior.

18 Set 2019

Cibercrime | Cooperação judicial obsoleta na recolha de provas

A proposta de alteração à lei de combate à criminalidade informática prevê que as autoridades de Macau possam, durante a recolha de provas para processo-crime, aceder a dados sem autorização da jurisdição onde estes estão armazenados. A cooperação judicial deixa de ser “a melhor solução”, mas mantém-se a necessidade de despacho de um juiz

 
[dropcap]O[/dropcap] gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, publicou ontem uma nota a dar conta da fragilidade da lei de combate à criminalidade informática, principalmente no que toca à recolha de provas em investigações criminais, quando os dados estão armazenados fora de Macau.
Uma coisa é certa. Para a tutela de Wong Sio Chak, “na era da internet, a cooperação judiciária já não é a melhor solução”. O meio mais eficaz será o acesso unilateral a dados relevantes em termos probatórios para um processo-crime, sem necessidade de autorização das autoridades da jurisdição onde estão armazenados, desde que o acesso seja público. Para que tal seja possível, é necessário alterar a lei actualmente em vigor. Em concreto, a secretaria para a Segurança sugere “que seja eliminada a expressão de limitação geográfica ‘situado na RAEM’, constante da alínea 6) do n.º 1 do artigo 16. ° da Lei de combate à criminalidade informática e que seja adoptado o novo modelo de ‘recolha de provas online’”.
Este método “consiste tanto na obtenção online, de acordo com a lei, de informações de dados acessíveis ao público, como na recolha online do conteúdo dos dados através de equipamentos electrónicos, relacionados com o crime, legalmente aprendidos, e directamente conectados aos serviços de internet”.
A nota da tutela de Wong Sio Chak destaca que o método é utilizado na União Europeia (nomeadamente em Portugal), Estados Unidos da América, China e Singapura.

Coisas do passado

A publicação desmonta a eficácia da cooperação judicial em matéria de investigação de crimes informáticos, uma das lacunas que o Governo quer colmatar na revisão legislativa. A cooperação judicial implica processos complexos e morosos, “muitas vezes os pedidos não são respondidos em tempo oportuno e alguns nem chegam a ser respondidos, havendo assim a possibilidade de provas digitais relevantes serem destruídas ou perdidas, suspendendo ou impedindo que a investigação seja concluída com eficácia”.
Além disso, a tutela diz que a cooperação judicial apenas funciona na obtenção de provas quando há “identificação clara do prestador de serviços em nuvem e do local onde estão armazenados os dados”.
O problema adensa-se quando os serviços de internet são anónimos, ou dissimulados intencionalmente, como acontece na deep web, dark web, em portais fictícios e dedicados a jogos ilegais. Nestes casos, “os dados armazenados não são identificáveis e o acesso e rastreio são impossíveis através de formas regulares”, o que dificulta a investigação.
Contudo, o gabinete de Wong Sio Chak destaca que a ser aprovada, a mudança legal “não irá alterar o actual procedimento penal em Macau”, mantendo-se a exigência de a polícia solicitar uma prévia autorização das autoridades judiciais. No fundo, a apreensão de equipamentos electrónicos “depende do despacho de autorização ou ordem do magistrado, emitido consoante as circunstâncias concretas do caso e nos termos da lei”, quer os dados tenham sido armazenados em Macau quer no exterior.

18 Set 2019

Pearl Horizon | CCAC dá razão ao Governo em todos os pontos contestados

Os lesados do caso Pearl Horizon voltaram a perder mais uma batalha contra o Governo. Desta vez é o Comissariado contra a Corrupção a dar razão ao Executivo em todos os pontos alvos de queixa, considerando que a recuperação do terreno concessionado foi feita dentro da lei e que o regime de habitação para troca dá resposta aos que ficaram sem as casas

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo volta a sagrar-se vencedor em mais um capítulo de uma longa batalha que opõe o Executivo aos lesados do empreendimento habitacional Pearl Horizon. Desta vez viu o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) dar-lhe razão no âmbito de uma queixa apresentada pelos lesados.

De acordo com um comunicado ontem emitido, o CCAC defende que o Governo agiu de acordo com a lei não só em relação ao processo de recuperação do terreno para a hasta pública como ao nível do regime de habitação para troca.

No que diz respeito ao processo da recuperação do terreno do Pearl Horizon, situado na zona da Areia Preta, os lesados consideram que o Governo levou a cabo uma prática “ilegal, constituindo uma violação do princípio da não retroactividade da lei”. Contudo, o CCAC determina que o Governo “declarou a caducidade da concessão do lote de terreno e procedeu à sua recuperação nos termos da Lei de Terras”, uma vez que “decorreu o prazo de 25 anos da concessão provisória e o seu aproveitamento (do terreno) não foi concluído”. De frisar que a última sentença jurídica sobre o caso data de Maio de 2018, tendo sido proferida pelo Tribunal de Última Instância (TUI).

Os queixosos alegaram também que o Governo “violou o compromisso de realizar um concurso público para o lote do Pearl Horizon”. O CCAC reconhece que as autoridades chegaram a afirmar, em Dezembro de 2015, que “iriam considerar” a possibilidade de realizar um novo concurso público para a concessão do terreno em causa. No entanto, “após estudos aprofundados, (o Executivo) considerou que a proposta de realização de concurso público não só era inviável no âmbito jurídico como, ainda por cima, não conseguiria, na prática, proteger os direitos e interesses dos compradores das fracções em construção”, justifica o CCAC.

No que diz respeito ao facto de os lesados exigirem do Governo o pagamento de indemnizações, o CCAC corrobora uma recente decisão do Tribunal Administrativo, que entende que não deve ser o Executivo a pagar esses montantes.

Novo regime é viável

A queixa dos lesados do Pearl Horizon versa ainda sobre o regime de habitação para troca. Contudo, também aqui o CCAC considera que a proposta apresentada pelo Governo vem dar resposta à situação dos promitentes-compradores.

“Na sequência da análise das respectivas informações, o CCAC considera que, através do regime jurídico referido e da disponibilização do acesso à compra de habitação para troca, o Governo da RAEM já respondeu efectivamente aos pedidos dos compradores das fracções em construção.”

O regime de habitação para troca determina que um comprador de uma fracção do Pearl Horizon só se pode candidatar à compra de uma habitação para troca, algo que consideram “injusto para aqueles que compraram várias fracções”.

Relativamente a este ponto, o CCAC “considera que a norma que limita o número de habitações para troca requeridas por compradores de fracções em construção foi elaborada após diversas discussões que tiveram lugar na Assembleia Legislativa, não sendo a mesma destinada exclusivamente à resolução do caso do Pearl Horizon”.

O CCAC relata casos de lesados que adquiriram mais de dez casas ainda em construção, pelo que a ausência de um limite nas candidaturas “implicaria uma contradição relativamente à intenção legislativa originária, bem como à intenção originária de satisfazer as necessidades de aquisição de imóvel pelos compradores de fracções em construção e de melhoramento do seu ambiente habitacional”.

Os lesados alertaram também o CCAC para o facto de casais terem adquirido, de forma individual, casas em construção, podendo apenas candidatar-se a uma habitação para troca. O CCAC volta a dar razão ao Governo, apontando que existem 15 casais nesta situação e que uma mudança iria alterar os objectivos iniciais da lei. O limite de uma casa por casal é uma regra “legal e razoável, devendo a mesma merecer respeito e cumprimento”.

Com tempo

Outro assunto alvo de queixa prende-se com o facto de alguns lesados não terem efectuado o registo predial dos apartamentos em construção, o que os impede de se candidatarem a uma habitação para troca. Na queixa apresentada, foi alegado que os lesados em questão “não estavam em Macau e não receberam quaisquer notificações do respectivo mediador imobiliário sobre esta questão”.

No entanto, o CCAC recorda que os lesados nesta condição tiveram tempo suficiente para efectuar o registo. O organismo entende que “entre a data da implementação da Lei sobre os edifícios em construção e a data da caducidade da concessão do terreno, decorreu um período de um ano e meio para proceder ao respectivo registo predial, sendo que a lei dispõe também a isenção de emolumentos de registo num prazo transitório de um ano”, além de que a Polytex, antiga concessionária do terreno, notificou, por escrito, os lesados para procederem ao registo predial.

Neste sentido, “os compradores das fracções em construção devem suportar as consequências resultantes da falta de registo predial, visto que o não conhecimento das disposições legais ou o facto de ‘o mediador imobiliário não ter efectuado devidamente a notificação’ não constituem fundamentos para se isentarem do cumprimento dos requisitos previstos na lei sobre habitação para troca”.

O comunicado ontem emitido dá conta que, de um total de 2,128 compradores de fracções do Pearl Horizon em condições de participar no regime de habitação para troca, 1,932 já requereram a aquisição de habitações para troca. Apesar de ser uma das vozes mais críticas de todo o processo, o próprio porta-voz dos lesados, Kou Meng Pok, já apresentou a sua candidatura. Nesses números incluem-se, portanto, “os pedidos efectuados pelo presidente e outros membros da Associação dos Proprietários do “Pearl Horizon”.

18 Set 2019

Pearl Horizon | CCAC dá razão ao Governo em todos os pontos contestados

Os lesados do caso Pearl Horizon voltaram a perder mais uma batalha contra o Governo. Desta vez é o Comissariado contra a Corrupção a dar razão ao Executivo em todos os pontos alvos de queixa, considerando que a recuperação do terreno concessionado foi feita dentro da lei e que o regime de habitação para troca dá resposta aos que ficaram sem as casas

 
[dropcap]O[/dropcap] Governo volta a sagrar-se vencedor em mais um capítulo de uma longa batalha que opõe o Executivo aos lesados do empreendimento habitacional Pearl Horizon. Desta vez viu o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) dar-lhe razão no âmbito de uma queixa apresentada pelos lesados.
De acordo com um comunicado ontem emitido, o CCAC defende que o Governo agiu de acordo com a lei não só em relação ao processo de recuperação do terreno para a hasta pública como ao nível do regime de habitação para troca.
No que diz respeito ao processo da recuperação do terreno do Pearl Horizon, situado na zona da Areia Preta, os lesados consideram que o Governo levou a cabo uma prática “ilegal, constituindo uma violação do princípio da não retroactividade da lei”. Contudo, o CCAC determina que o Governo “declarou a caducidade da concessão do lote de terreno e procedeu à sua recuperação nos termos da Lei de Terras”, uma vez que “decorreu o prazo de 25 anos da concessão provisória e o seu aproveitamento (do terreno) não foi concluído”. De frisar que a última sentença jurídica sobre o caso data de Maio de 2018, tendo sido proferida pelo Tribunal de Última Instância (TUI).
Os queixosos alegaram também que o Governo “violou o compromisso de realizar um concurso público para o lote do Pearl Horizon”. O CCAC reconhece que as autoridades chegaram a afirmar, em Dezembro de 2015, que “iriam considerar” a possibilidade de realizar um novo concurso público para a concessão do terreno em causa. No entanto, “após estudos aprofundados, (o Executivo) considerou que a proposta de realização de concurso público não só era inviável no âmbito jurídico como, ainda por cima, não conseguiria, na prática, proteger os direitos e interesses dos compradores das fracções em construção”, justifica o CCAC.
No que diz respeito ao facto de os lesados exigirem do Governo o pagamento de indemnizações, o CCAC corrobora uma recente decisão do Tribunal Administrativo, que entende que não deve ser o Executivo a pagar esses montantes.

Novo regime é viável

A queixa dos lesados do Pearl Horizon versa ainda sobre o regime de habitação para troca. Contudo, também aqui o CCAC considera que a proposta apresentada pelo Governo vem dar resposta à situação dos promitentes-compradores.
“Na sequência da análise das respectivas informações, o CCAC considera que, através do regime jurídico referido e da disponibilização do acesso à compra de habitação para troca, o Governo da RAEM já respondeu efectivamente aos pedidos dos compradores das fracções em construção.”
O regime de habitação para troca determina que um comprador de uma fracção do Pearl Horizon só se pode candidatar à compra de uma habitação para troca, algo que consideram “injusto para aqueles que compraram várias fracções”.
Relativamente a este ponto, o CCAC “considera que a norma que limita o número de habitações para troca requeridas por compradores de fracções em construção foi elaborada após diversas discussões que tiveram lugar na Assembleia Legislativa, não sendo a mesma destinada exclusivamente à resolução do caso do Pearl Horizon”.
O CCAC relata casos de lesados que adquiriram mais de dez casas ainda em construção, pelo que a ausência de um limite nas candidaturas “implicaria uma contradição relativamente à intenção legislativa originária, bem como à intenção originária de satisfazer as necessidades de aquisição de imóvel pelos compradores de fracções em construção e de melhoramento do seu ambiente habitacional”.
Os lesados alertaram também o CCAC para o facto de casais terem adquirido, de forma individual, casas em construção, podendo apenas candidatar-se a uma habitação para troca. O CCAC volta a dar razão ao Governo, apontando que existem 15 casais nesta situação e que uma mudança iria alterar os objectivos iniciais da lei. O limite de uma casa por casal é uma regra “legal e razoável, devendo a mesma merecer respeito e cumprimento”.

Com tempo

Outro assunto alvo de queixa prende-se com o facto de alguns lesados não terem efectuado o registo predial dos apartamentos em construção, o que os impede de se candidatarem a uma habitação para troca. Na queixa apresentada, foi alegado que os lesados em questão “não estavam em Macau e não receberam quaisquer notificações do respectivo mediador imobiliário sobre esta questão”.
No entanto, o CCAC recorda que os lesados nesta condição tiveram tempo suficiente para efectuar o registo. O organismo entende que “entre a data da implementação da Lei sobre os edifícios em construção e a data da caducidade da concessão do terreno, decorreu um período de um ano e meio para proceder ao respectivo registo predial, sendo que a lei dispõe também a isenção de emolumentos de registo num prazo transitório de um ano”, além de que a Polytex, antiga concessionária do terreno, notificou, por escrito, os lesados para procederem ao registo predial.
Neste sentido, “os compradores das fracções em construção devem suportar as consequências resultantes da falta de registo predial, visto que o não conhecimento das disposições legais ou o facto de ‘o mediador imobiliário não ter efectuado devidamente a notificação’ não constituem fundamentos para se isentarem do cumprimento dos requisitos previstos na lei sobre habitação para troca”.
O comunicado ontem emitido dá conta que, de um total de 2,128 compradores de fracções do Pearl Horizon em condições de participar no regime de habitação para troca, 1,932 já requereram a aquisição de habitações para troca. Apesar de ser uma das vozes mais críticas de todo o processo, o próprio porta-voz dos lesados, Kou Meng Pok, já apresentou a sua candidatura. Nesses números incluem-se, portanto, “os pedidos efectuados pelo presidente e outros membros da Associação dos Proprietários do “Pearl Horizon”.

18 Set 2019

Centro POAO | Comerciantes chineses dizem-se insatisfeitos com espaço

Localizado a poucos quilómetros de Lisboa, o Centro POAO foi pensado para ser um novo hub de negócios para comerciantes chineses, mas a verdade é que a maior parte das lojas permanecem vazias. Muitos dos que investiram dizem-se insatisfeitos com a baixa rentabilidade do negócio. Choi Hin Man, sócio da empresa detentora do Centro, encara a situação como normal e assegura que há novos projectos em vista, apesar da queixa de um cliente apresentada às autoridades da cidade de Yiwu, em Zhejiang

 

[dropcap]C[/dropcap]ontam-se pelos dedos das mãos o número das lojas de comércio por grosso e a retalho que mantêm as portas abertas no Centro POAO, na zona do Porto Alto, a cerca de meia hora de Lisboa. O espaço desenvolvido pela POAO II – Investimentos Imobiliários, empresa que está a ser investigada em Portugal por uma alegada burla contra investidores chineses, mais parece uma cidade fantasma.

O HM visitou o local num dia de semana e era visível a falta de clientes e de movimento. A maior parte das lojas está vazia e os poucos comerciantes que ali trabalham mostram-se insatisfeitos com a fraca rentabilidade que as lojas estão a ter.

É o caso de Lucas Lei, natural da província de Zhejiang, que há vários anos escolheu Portugal como sítio para viver. “Não estou satisfeito, isto está muito fraco, há poucas pessoas. O negócio faz-se muito no Porto e em Lisboa, se este lugar fosse mais longe (de Lisboa) era diferente”, contou ao HM.

Questionado sobre se tem conhecimento de outros projectos que possam vir a abrir portas no centro POAO, Lucas Lei assume: “não há clientes, como vão abrir mais lojas?”. “Isto nem sequer encheu, mas antes havia 30 ou 40 lojas que já fecharam. Isto está cada vez pior”, assegura.

Uns metros mais à frente, Ting Ting tem um discurso semelhante. Sentada ao balcão e sem clientes, a empresária, que abriu a loja com o marido, referiu que esperava que os negócios tomassem outro rumo. Se Lucas Lei arrenda o espaço, Ting Ting decidiu comprar o imóvel em 2017 juntamente com o marido.

“No Martim Moniz há mais pessoal e mais clientes. É raro virem para aqui e vão mais ao Martim Moniz, onde já há um centro. Há clientes que me dizem que escusam de gastar gasóleo para vir para aqui.”

Apesar disso, Ting Ting mantém-se firme em continuar o seu negócio no centro POAO. “Há poucas lojas e não há, por exemplo, roupa de criança ou pijamas, mas por enquanto vamos continuar por aqui, se não é pior. Espero que a situação melhore, também não gosto de mudanças.”

O Centro POAO foi notícia em Portugal por estar, alegadamente, envolvido num caso de burla na venda de uns terrenos a empresários chineses, relacionado com um processo de vistos gold. Estes dizem terem assinado contratos para a compra de lojas quando, na verdade, adquiriram armazéns, um tipo de imóvel em que não tinham qualquer interesse. Uma das entidades que também está sob investigação é o escritório de advogados Rui Cunha, Glória Ribeiro e Associados, de que é sócio Rui Cunha, advogado radicado em Macau e fundador do escritório C&C Lawyers. Este assegurou nada ter a ver com o assunto e que o escritório em causa apenas deu “apoio jurídico” em todo o processo. Ao HM, o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa garantiu que o caso continua a ser investigado e que os autos estão em segredo de justiça.

Processo obscuro

Ting Ting, também oriundo da província de Zhejiang, assegura que nunca ouviu falar do processo que envolve a POAO II. “Não têm entrado mais comerciantes para aqui, talvez haja um problema com os donos, mas nada mais do que isso”, assegura. Também Lucas Lei diz nunca ter ouvido falar do processo, pois alugou a loja a outra pessoa. “Não conheço o senhor Choi. Aqui somos todos conhecidos e eu resolvi alugar a loja.”

O comerciante adiantou ainda que nada sabe sobre contratos celebrados no âmbito da política dos vistos gold. “Quem tem vistos gold está na China, no máximo fica cá uma semana. Mas não me interessam esses casos, eu pago a renda e vou-me embora.” Para o empresário, comprar o espaço está fora de questão. “Comprar? Isto aqui não vale nada”, defende.

António Chi Fang Yu, que tem uma loja logo à entrada do centro POAO, assegura que “não tem muitos lucros”. “Só há aqui nove lojas abertas, não há muitas pessoas que venham para cá.” Num outro espaço é Chiara Chen que conversa com o HM, por ter mais facilidades em falar português.

No seu caso, conhece o empresário Choi Man Hin, mas garante nunca ter tido problemas, apesar da incerteza do futuro.

“Aqui há pouca gente, mas vamos ver se conseguimos ter mais oportunidades, pois temos produtos diferentes. Já tínhamos uma loja na zona (do Martim Moniz) mas decidimos mudar para aqui. Não temos nada a apontar, há segurança e foi tudo construído a partir de 2010, mas não temos a certeza se vamos cá ficar.”

Também Chiara Chen garante “nunca ter ouvido falar de nada” no que diz respeito ao alegado processo de burla.

Nuno Grilo, director de uma agência imobiliária que ali funciona mediante contrato de arrendamento assinado em Junho do ano passado, diz apenas ter tido conhecimento do processo através dos meios de comunicação social.

“O assunto apanhou-me de surpresa”, disse ao HM. “Havia aqui uma farmácia e um café ao lado que fecharam entretanto, mas não sei porquê. Não temos qualquer relacionamento nem vínculo com a POAO que nos permitam opinar.” No entanto, o cenário de lojas vazias pouco ou nada mudou desde que a agência imobiliária abriu portas. “Desde 2018 que tem estado tal e qual como está.”

O responsável assegura que a escolha do centro POAO recaiu no facto de este estar próximo de uma estrada nacional, a poucos quilómetros da capital lisboeta. “Somos uma rede imobiliária e instalámo-nos neste espaço um pouco na projecção do que viria a ser o mercado imobiliário na zona, tendo em conta a proximidade do futuro aeroporto. Nunca tivemos negócios de mediação imobiliária com estes espaços.

Ideias para o futuro

Contactado pelo HM, Choi Man Hin encara como normal o facto do centro POAO estar, na sua maioria, vazio. “A decisão de sair do centro é determinada pelo comerciante, de acordo com suas próprias necessidades e modelo de negócios. Numa plataforma comercial, a entrada e saída ou rotação de comerciantes é perfeitamente normal.”

O responsável aponta ainda que “existem muitos factores determinantes para os comerciantes entrarem, permanecerem ou saírem duma plataforma comercial. Estes pretendem instalar-se num local de maior popularidade para vender o mais possível. A decisão de aí se manterem ou mudarem ocorre de acordo com seus próprios custos operacionais (rentabilidade), sendo na verdade essa a lei do mercado.”

O empresário, que é também presidente da comissão executiva do grupo Estoril-Sol, assegura que o encerramento de duas lojas no centro POAO se deveu a mudanças na estratégia por parte dos próprios comerciantes.

“Dois dos comerciantes que deixaram o centro POAO passaram a depender principalmente de pedidos feitos online. As lojas físicas deixaram de ser em muitas situações um elemento essencial nalguns negócios, bastando um espaço mais barato, um bom software/uma boa aplicação para gerir os pedidos e a logística das entregas, todos temos essa consciência.”

Na visão do empresário, o arrendamento é uma opção natural para muitos comerciantes chineses. “A maioria dos empresários chineses desenvolvem a sua actividade através de pequenas empresas que constituem o seu meio de subsistência. São micro ou pequenas empresas que operam com capacidade limitada. Arrendar é simplesmente a opção mais realista e flexível para eles.”

“Portugal está cheio de exemplos dessa natureza, os pequenos comerciantes costumam optar por arrendar lojas em vez de comprá-las, para manter um fluxo de caixa mais forte. Para a POAO, vender ou rentabilizar o seu património são soluções totalmente compatíveis e igualmente importantes”, acrescentou.

Questionado sobre as estratégias de desenvolvimento do centro POAO para os próximos tempos, Choi Man Hin revelou que há ainda dossiers a serem negociados.

Ainda assim, está a ser desenvolvido um software de gestão de pedidos e logística de entregas”, sendo que a POAO II – Investimentos Imobiliários “está a trabalhar com uma empresa para encontrar uma solução adequada”.

Está também a ser pensada a construção de um “centro de exibição de produtos de qualidade”. “Tínhamos chegado a um acordo preliminar com (a cidade de) Yiwu sobre este projecto, mas infelizmente, a queixa infundada apresentada pelo cliente Cao Yu, ao Governo municipal de Yiwu, provocou a suspensão do projecto, que aguarda agora o seu prosseguimento”, rematou.
Choi Man Hin afirmou publicamente que o Centro POAO foi pensado como uma alternativa à zona do Martim Moniz, por esta já estar sobrecarregada em termos de espaços de negócio. No Norte existe outra zona importante de armazéns e lojas de comércio por grosso e a retalho destinada a comerciantes chineses em Varziela, concelho de Vila do Conde. Estas zonas são as principais fornecedoras de produtos destinados às várias lojas espalhadas por todo o país.

18 Set 2019

Centro POAO | Comerciantes chineses dizem-se insatisfeitos com espaço

Localizado a poucos quilómetros de Lisboa, o Centro POAO foi pensado para ser um novo hub de negócios para comerciantes chineses, mas a verdade é que a maior parte das lojas permanecem vazias. Muitos dos que investiram dizem-se insatisfeitos com a baixa rentabilidade do negócio. Choi Hin Man, sócio da empresa detentora do Centro, encara a situação como normal e assegura que há novos projectos em vista, apesar da queixa de um cliente apresentada às autoridades da cidade de Yiwu, em Zhejiang

 
[dropcap]C[/dropcap]ontam-se pelos dedos das mãos o número das lojas de comércio por grosso e a retalho que mantêm as portas abertas no Centro POAO, na zona do Porto Alto, a cerca de meia hora de Lisboa. O espaço desenvolvido pela POAO II – Investimentos Imobiliários, empresa que está a ser investigada em Portugal por uma alegada burla contra investidores chineses, mais parece uma cidade fantasma.
O HM visitou o local num dia de semana e era visível a falta de clientes e de movimento. A maior parte das lojas está vazia e os poucos comerciantes que ali trabalham mostram-se insatisfeitos com a fraca rentabilidade que as lojas estão a ter.
É o caso de Lucas Lei, natural da província de Zhejiang, que há vários anos escolheu Portugal como sítio para viver. “Não estou satisfeito, isto está muito fraco, há poucas pessoas. O negócio faz-se muito no Porto e em Lisboa, se este lugar fosse mais longe (de Lisboa) era diferente”, contou ao HM.
Questionado sobre se tem conhecimento de outros projectos que possam vir a abrir portas no centro POAO, Lucas Lei assume: “não há clientes, como vão abrir mais lojas?”. “Isto nem sequer encheu, mas antes havia 30 ou 40 lojas que já fecharam. Isto está cada vez pior”, assegura.
Uns metros mais à frente, Ting Ting tem um discurso semelhante. Sentada ao balcão e sem clientes, a empresária, que abriu a loja com o marido, referiu que esperava que os negócios tomassem outro rumo. Se Lucas Lei arrenda o espaço, Ting Ting decidiu comprar o imóvel em 2017 juntamente com o marido.
“No Martim Moniz há mais pessoal e mais clientes. É raro virem para aqui e vão mais ao Martim Moniz, onde já há um centro. Há clientes que me dizem que escusam de gastar gasóleo para vir para aqui.”
Apesar disso, Ting Ting mantém-se firme em continuar o seu negócio no centro POAO. “Há poucas lojas e não há, por exemplo, roupa de criança ou pijamas, mas por enquanto vamos continuar por aqui, se não é pior. Espero que a situação melhore, também não gosto de mudanças.”
O Centro POAO foi notícia em Portugal por estar, alegadamente, envolvido num caso de burla na venda de uns terrenos a empresários chineses, relacionado com um processo de vistos gold. Estes dizem terem assinado contratos para a compra de lojas quando, na verdade, adquiriram armazéns, um tipo de imóvel em que não tinham qualquer interesse. Uma das entidades que também está sob investigação é o escritório de advogados Rui Cunha, Glória Ribeiro e Associados, de que é sócio Rui Cunha, advogado radicado em Macau e fundador do escritório C&C Lawyers. Este assegurou nada ter a ver com o assunto e que o escritório em causa apenas deu “apoio jurídico” em todo o processo. Ao HM, o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa garantiu que o caso continua a ser investigado e que os autos estão em segredo de justiça.

Processo obscuro

Ting Ting, também oriundo da província de Zhejiang, assegura que nunca ouviu falar do processo que envolve a POAO II. “Não têm entrado mais comerciantes para aqui, talvez haja um problema com os donos, mas nada mais do que isso”, assegura. Também Lucas Lei diz nunca ter ouvido falar do processo, pois alugou a loja a outra pessoa. “Não conheço o senhor Choi. Aqui somos todos conhecidos e eu resolvi alugar a loja.”
O comerciante adiantou ainda que nada sabe sobre contratos celebrados no âmbito da política dos vistos gold. “Quem tem vistos gold está na China, no máximo fica cá uma semana. Mas não me interessam esses casos, eu pago a renda e vou-me embora.” Para o empresário, comprar o espaço está fora de questão. “Comprar? Isto aqui não vale nada”, defende.
António Chi Fang Yu, que tem uma loja logo à entrada do centro POAO, assegura que “não tem muitos lucros”. “Só há aqui nove lojas abertas, não há muitas pessoas que venham para cá.” Num outro espaço é Chiara Chen que conversa com o HM, por ter mais facilidades em falar português.
No seu caso, conhece o empresário Choi Man Hin, mas garante nunca ter tido problemas, apesar da incerteza do futuro.
“Aqui há pouca gente, mas vamos ver se conseguimos ter mais oportunidades, pois temos produtos diferentes. Já tínhamos uma loja na zona (do Martim Moniz) mas decidimos mudar para aqui. Não temos nada a apontar, há segurança e foi tudo construído a partir de 2010, mas não temos a certeza se vamos cá ficar.”
Também Chiara Chen garante “nunca ter ouvido falar de nada” no que diz respeito ao alegado processo de burla.
Nuno Grilo, director de uma agência imobiliária que ali funciona mediante contrato de arrendamento assinado em Junho do ano passado, diz apenas ter tido conhecimento do processo através dos meios de comunicação social.
“O assunto apanhou-me de surpresa”, disse ao HM. “Havia aqui uma farmácia e um café ao lado que fecharam entretanto, mas não sei porquê. Não temos qualquer relacionamento nem vínculo com a POAO que nos permitam opinar.” No entanto, o cenário de lojas vazias pouco ou nada mudou desde que a agência imobiliária abriu portas. “Desde 2018 que tem estado tal e qual como está.”
O responsável assegura que a escolha do centro POAO recaiu no facto de este estar próximo de uma estrada nacional, a poucos quilómetros da capital lisboeta. “Somos uma rede imobiliária e instalámo-nos neste espaço um pouco na projecção do que viria a ser o mercado imobiliário na zona, tendo em conta a proximidade do futuro aeroporto. Nunca tivemos negócios de mediação imobiliária com estes espaços.

Ideias para o futuro

Contactado pelo HM, Choi Man Hin encara como normal o facto do centro POAO estar, na sua maioria, vazio. “A decisão de sair do centro é determinada pelo comerciante, de acordo com suas próprias necessidades e modelo de negócios. Numa plataforma comercial, a entrada e saída ou rotação de comerciantes é perfeitamente normal.”
O responsável aponta ainda que “existem muitos factores determinantes para os comerciantes entrarem, permanecerem ou saírem duma plataforma comercial. Estes pretendem instalar-se num local de maior popularidade para vender o mais possível. A decisão de aí se manterem ou mudarem ocorre de acordo com seus próprios custos operacionais (rentabilidade), sendo na verdade essa a lei do mercado.”
O empresário, que é também presidente da comissão executiva do grupo Estoril-Sol, assegura que o encerramento de duas lojas no centro POAO se deveu a mudanças na estratégia por parte dos próprios comerciantes.
“Dois dos comerciantes que deixaram o centro POAO passaram a depender principalmente de pedidos feitos online. As lojas físicas deixaram de ser em muitas situações um elemento essencial nalguns negócios, bastando um espaço mais barato, um bom software/uma boa aplicação para gerir os pedidos e a logística das entregas, todos temos essa consciência.”
Na visão do empresário, o arrendamento é uma opção natural para muitos comerciantes chineses. “A maioria dos empresários chineses desenvolvem a sua actividade através de pequenas empresas que constituem o seu meio de subsistência. São micro ou pequenas empresas que operam com capacidade limitada. Arrendar é simplesmente a opção mais realista e flexível para eles.”
“Portugal está cheio de exemplos dessa natureza, os pequenos comerciantes costumam optar por arrendar lojas em vez de comprá-las, para manter um fluxo de caixa mais forte. Para a POAO, vender ou rentabilizar o seu património são soluções totalmente compatíveis e igualmente importantes”, acrescentou.
Questionado sobre as estratégias de desenvolvimento do centro POAO para os próximos tempos, Choi Man Hin revelou que há ainda dossiers a serem negociados.
Ainda assim, está a ser desenvolvido um software de gestão de pedidos e logística de entregas”, sendo que a POAO II – Investimentos Imobiliários “está a trabalhar com uma empresa para encontrar uma solução adequada”.
Está também a ser pensada a construção de um “centro de exibição de produtos de qualidade”. “Tínhamos chegado a um acordo preliminar com (a cidade de) Yiwu sobre este projecto, mas infelizmente, a queixa infundada apresentada pelo cliente Cao Yu, ao Governo municipal de Yiwu, provocou a suspensão do projecto, que aguarda agora o seu prosseguimento”, rematou.
Choi Man Hin afirmou publicamente que o Centro POAO foi pensado como uma alternativa à zona do Martim Moniz, por esta já estar sobrecarregada em termos de espaços de negócio. No Norte existe outra zona importante de armazéns e lojas de comércio por grosso e a retalho destinada a comerciantes chineses em Varziela, concelho de Vila do Conde. Estas zonas são as principais fornecedoras de produtos destinados às várias lojas espalhadas por todo o país.

18 Set 2019

Empresas recusam trabalho de relações públicas pedido pelo Governo de Hong Kong

[dropcap]E[/dropcap]mpresas de relações públicas rejeitaram o pedido de ajuda do Governo de Hong Kong, que procura restaurar a imagem do território após mais de três meses de protestos, anunciou a chefe do Executivo.

As empresas, que não foram identificadas por Carrie Lam, alegaram que “o momento não é propício”, já que a violência e a agitação na antiga colónia britânica não mostram sinais de abrandamento.

Os protestos foram desencadeados em Junho contra as emendas propostas à lei de extradição, que muitos viam como um exemplo da crescente interferência da China e de uma erosão nas liberdades de Hong Kong.

Após meses de agitação social, com manifestações quase diárias, o Governo retirou, formalmente, a controversa proposta no início deste mês, mas as manifestações prosseguem, com os manifestantes a exigirem outras quatro reivindicações, incluindo o sufrágio universal.

No domingo, dezenas de milhares de pessoas desafiaram a proibição da polícia de sair à rua para se manifestarem e participaram numa marcha não autorizada, que começou em Causeway Bay, para comemorar o Dia Internacional da Democracia.

A violência acabou por eclodir mais tarde, com a polícia disparar canhões de água e a lançar gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes na zona onde se encontra a sede do Governo. A intervenção da polícia ocorreu depois de actos violentos de vários grupos de manifestantes, que atiraram tijolos, ‘cocktails molotov’ e ovos contra as autoridades.

Hoje, Carrie Lam descreveu como “decepcionante” a descida do ‘rating’ de Hong Kong, esta semana, pela agência Moody’s, a segunda agência de notação financeira a fazê-lo, depois da Fitch.

17 Set 2019

Japão denuncia incursão de navios chineses em águas territoriais nipónicas

[dropcap]O[/dropcap] Japão denunciou ontem uma incursão de navios chineses em águas territoriais sob administração nipónica, o terceiro incidente do género registado em menos de um mês nas remotas Ilhas Senkaku.

De acordo com o canal de televisão público NHK, que cita fontes da Guarda Costeira do Japão, quatro navios da Marinha Chinesa entraram nas águas de Senkaku esta segunda-feira de manhã.

A incursão, que durou cerca de uma hora e meia, ocorreu em águas próximas da Ilha Uotsuri, a maior do arquipélago, que é desabitada e que está localizada no sudoeste do Japão.

Os navios chineses deixaram a área depois de receberem avisos da Guarda Costeira do Japão, de acordo com a NHK. Incidentes semelhantes foram registados a 25 e 29 de Agosto.

O Japão mantém uma disputa com Pequim sobre a soberania de Senkaku (Diaoyu em chinês), administrada por Tóquio, mas reivindicada por Pequim. A tensão entre os dois países aumentou após a construção de ilhas artificiais e instalações militares por parte de Pequim, no Mar do Sul da China.

A China reivindica quase todo o Mar do Sul da China, apesar das reivindicações dos países vizinhos. Nos últimos anos, construiu sete recifes em ilhas artificiais, capazes de receber instalações militares. As novas ilhas ficam próximas de outras ocupadas pelo Vietname, Filipinas e Taiwan.

Malásia e o Brunei são outros dos territórios que disputam a jurisdição sobre ilhas e recifes, ricos em pesca e potenciais depósitos de combustíveis fósseis.

17 Set 2019

HRW pede à China que devolva crianças uigures mantidas em internatos sem consentimento

[dropcap]U[/dropcap]ma organização não-governamental de defesa dos direitos humanos apelou ontem à China que devolva as crianças da minoria étnica de origem muçulmana uigure, mantidas em internatos no extremo noroeste do país sem consentimento das famílias.

Segundo a Human Rights Watch (HRW), as autoridades chinesas estão a abrigar em instituições e internatos estatais, sem o consentimento ou acesso das famílias, crianças uigures cujos pais estão detidos em campos de doutrinação política ou exilados.

A China mantém detidos cerca de um milhão de uigures em campos de doutrinação política, na região de Xinjiang, extremo noroeste do país.

Depois de, inicialmente, negar a existência dos campos, Pequim diz agora que se tratam de centros de “formação vocacional”, destinados a treinar uigures, como parte de um plano para trazer a minoria étnica para o mundo “moderno e civilizado”, e eliminar a pobreza em Xinjiang.

Antigos detidos relataram maus tratos e violência, e afirmam terem sido forçados a criticar o islão e a sua própria cultura, e a jurar lealdade ao Partido Comunista.

“A separação forçada de crianças pelo Governo chinês é talvez o elemento mais cruel da sua opressão em Xinjiang”, escreveu a diretora da HRW para a China, Sophie Richardson.
“As crianças devem ser imediatamente devolvidos à custódia de parentes na China ou autorizados a juntarem-se aos pais fora do país”, apelou.

A organização relata o caso de cinco famílias de Xinjiang, radicadas fora da China, que perderam o contacto com as suas crianças.

A HRW aponta ainda que que o número de crianças em Xinjiang colocadas em instituições estatais e internatos sem consentimento é desconhecido, já que o controlo e vigilância exercidos pelas autoridades na região, incluindo punições severas para quem falar ou tiver contactos no exterior, impedem uma informação abrangente.

Segundo reportagens difundidas pela imprensa estatal chinesa, as crianças uigures colocadas em internatos são ensinadas em chinês – levantando preocupações sobre o direito de aprenderem o seu próprio idioma.

Os órgãos de Pequim têm ainda exaltado os benefícios para as crianças que vivem em instalações estatais, incluindo evitar que sejam influenciadas por “pensamentos extremos” e desenvolvam melhores hábitos e higiene pessoal.

Desde que, em 2009, a capital do Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional, a China tem levado a cabo uma agressiva política de policiamento dos uigures.

O Governo chinês considera que a repressão é necessária para combater o separatismo e o extremismo islâmico, enquanto activistas uigures afirmam que serve apenas para alimentar as tensões.

17 Set 2019

Óbito | Morreu ex-embaixador de Portugal em Pequim

[dropcap]O[/dropcap] diplomata Octávio Neto Valério, que participou nas negociações do acordo com a China para a transição de Macau, morreu na passada quinta-feira, aos 89 anos, disse no fim-de-semana à agência Lusa fonte próxima da família.

O velório do diplomata decorreu no sábado, no Centro Funerário de Cascais, em Alcabideche, e no domingo realizou-se uma cerimónia religiosa seguida de cremação. Octávio Neto Valério esteve na delegação do Governo português que negociou a declaração conjunta luso-chinesa sobre Macau, assinada em Pequim, onde era embaixador, em 13 de Abril de 1987, pelos então chefes de Governo de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, e da República Popular da China, Zhao Ziyang. Depois de Pequim, Octávio Neto Valério esteve colocado em Berna, Suíça, entre 1989 e 1992.

17 Set 2019

Óbito | Morreu ex-embaixador de Portugal em Pequim

[dropcap]O[/dropcap] diplomata Octávio Neto Valério, que participou nas negociações do acordo com a China para a transição de Macau, morreu na passada quinta-feira, aos 89 anos, disse no fim-de-semana à agência Lusa fonte próxima da família.
O velório do diplomata decorreu no sábado, no Centro Funerário de Cascais, em Alcabideche, e no domingo realizou-se uma cerimónia religiosa seguida de cremação. Octávio Neto Valério esteve na delegação do Governo português que negociou a declaração conjunta luso-chinesa sobre Macau, assinada em Pequim, onde era embaixador, em 13 de Abril de 1987, pelos então chefes de Governo de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, e da República Popular da China, Zhao Ziyang. Depois de Pequim, Octávio Neto Valério esteve colocado em Berna, Suíça, entre 1989 e 1992.

17 Set 2019

O rugido do leão (I)

[dropcap]N[/dropcap]a noite que marca o início do Festival de Outono, 13 de Setembro, centenas de pessoas envolvidas nos protestos contra a lei de extradição, responderam a uma convocatária online e fizeram uma cadeia humana no cimo do monte Lion Rock, em Hong Kong. Esta cadeia humana iluminou-se subitamente com a luz de telemóveis e de canetas laser. Alguns dos manifestantes, que usavam máscaras e lanternas, gritavam slogans como “Cinco reivindicações, já!”. A escolha do local foi determinada pela tradição. É precisamente no topo do monte Lion Rock que as pessoas costumam celebrar a chegada do Outono. Festejam e admiram a Lua, um ritual chinês muito antigo de boas vindas a esta estação do ano. Mas existiu outro motivo que presidiu à escolha dos manifestantes. Lion Rock é mais do que um miradouro sobre a cidade, é o símbolo da unidade e da identidade de Hong Kong.

Mas será Lion Rock apenas a materialização do espírito de Hong Kong?

Esta pergunta não tem resposta fácil. Por isso, vou recorrer às letras de canções muito famosas e que marcaram uma época para tentar explicar o significado do “espírito de Lion Rock e de Hong Kong”.

Os hongkongers têm desde sempre vivido no sopé do monte Lion Rock, por isso ele passou a ser o símbolo da sua identidade. Nos anos 70, os célebres compositores Huang Wei e Gu Jiahui criaram a canção, “Under the Lion Rock”. Desde essa altura, este tema tem sido o estandarte do “espírito de Lion Rock e de Hong Kong”.

Nos anos 60 e 70, Hong Kong estava mergulhada em corrupção, violência, pornografia, jogo e droga. A polícia tinha uma ligação com o sub-mundo. Era voz corrente que as autoridades controlavam indirectamente estes negócios. Não é difícil imaginar o descrédito em que tinham caído as forças da ordem. Nessa altura, Hong Kong era uma colónia britânica. Para dialogar com o Governo era necessário falar inglês. No entanto, na época, o ensino superior estava reservado às elites e poucas pessoas falavam inglês fluentemente.

A economia estava sub-desenvolvida e a vida das pessoas era muito difícil. Neste período, o Governo de Hong Kong homologou a “Lei do Trabalho” que garantia aos empregados uma certa protecção, o que era melhor que nada. A famosa canção “Workers”, de Xu Guanjie, falava do problema social e laboral da época.

Além da questão das relações sociais e laborais, as pessoas trabalhavam em espaços sem condições. Devido a um sistema de abastecimento deficitário, Hong Kong ficava frequentemente sem água. Numa determinada altura a cidade só tinha fornecimento de água um em cada quatro dias. Mais uma vez a música veio dar voz ao descontentamento popular. Desta feita foi através da canção “The Water Song”, de Xu Gongjie, que o desagrado se fez ouvir.

Foi um período de pobreza e de dificuldades em Hong Kong. As pessoas só podiam contar umas com as outras, porque todos estavam a passar um mau bocado. Havia pouco dinheiro, poucas condições, mas muita solidariedade. Foi precisamente nesta altura que Roman Tam, interpretou a emblemática canção “Under the Lion Rock”:

“A vida é muito dura,
tanta preocupação,
Sob a Lion Rock, navegamos juntos
e damos as mãos,
esquecemos as diferenças, buscamos a união.”

Como vemos, desde os primórdios, o espírito de Hong Kong, materializado em Lion Rock, é o espírito de união e de inter-ajuda. Ponhamos de parte o preconceito e tentemos compreender o ambiente social que se vivia na altura. Continuemos a escutar a canção:

“Esquece o que divide os nossos corações,
Lembra-te dos ideais que nos movem,
Navegamos no mesmo barco,
Seguimos juntos, sem medo”

Os hongkongers seguem no mesmo barco. Será que já avistam terra?

“Aqui, na curva do cabo,
Unam as mãos, enfrentem as altas vagas,
Eu sou cada um de vós,
Sofro para deixar escrito
o lema da imortal Xiangjiang (Hong Kong)”

É o espírito de união face à adversidade que aqui é louvado. Embora o caminho seja difícil, podemos imortalizar o nome de Hong Kong.

A intenção do poema “Under the Lion Rock” é muito clara. Apela à inter-ajuda, à superação das dificuldades e dos preconceitos e à construção conjunta de Hong Kong.
Continua na próxima semana.

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

17 Set 2019

A indiscernibilidade humana

[dropcap]L[/dropcap]eonardo era um “habitué” do bar Academia da Cachaça, na Barra da Tijuca e fazia parte da equipa de roteiristas da Globo. Apesar de ter cursado engenharia mecânica, era apaixonado por filosofia e cachaça, e entre vários assuntos que dominava verbalmente com prazer, costumava discursar acerca da natureza humana. Começava quase sempre por contar a mesma estória de um homem que não distinguia um “doberman” de um “rothweiler”, mas gostava de cães, que não distinguia um acorde menor de um acorde maior, mas gostava de música, que ao comer, ou quando ia ao mercado de peixe, não distinguia um dourado de um namorado, mas gostava de peixe. Por fim, rematava: “Nós não precisamos de saber para gostar. Se para gostar fosse necessário conhecimento, ninguém gostava de ninguém. E o amor só existe porque se sabe muito pouco de nós e do mundo. É uma espécie de compensação. Já que não se sabe, pega-se no gosto.” E pedia mais um chopp e uma “Boazinha”. A cachaça era um dos assuntos preferidos e que dominava, mostrando com orgulho o cartão de “Notório Cachaceiro”, atribuído pela Academia da Cachaça a quem se destacava na apreciação dessa aguardente de cana, a quem conseguia distinguir as diferentes proveniências desse líquido e não a quem mais o bebia. Ao tempo, em 2005, o número do seu cartão era o 241, num universo de apenas 350 já entregues. Ter esse cartão, além de ser uma distinção, dava-lhe direito a um caldinho de feijão e uma cachaça à sua escolha – desde que não fosse a Anísio Santiago – todos os dias, gratuitamente. Acerca do assunto, dizia que havia duas famílias distintas de cachaça: “As que têm entre 38 e 39º de álcool e as de 42º a 45º de álcool. A diferença alcoólica faz com que sejam quase duas bebidas diferentes. Contrariamente ao que as pessoas julgam, as madeiras onde são envelhecidas não tem muita influência nesta diferença, embora de modo geral as cachaças com menos álcool sejam envelhecidas em carvalho, como as de Friburgo (Rio de Janeiro), e as com mais álcool sejam envelhecidas em jaquitebá e em bálsamo, principalmente em Salinas (Minas Gerais).” Ouvi-lo falar e mostrar as diferentes cachaças era um modo delicioso de ouvi-lo contradizer-se. Pois acabava sempre por acrescentar: “Quanto mais se sabe de cachaça, mais se aprecia”. O que levava sempre os seus camaradas de mesa a contrapor que isso era o que acontecia também com a música e com tudo o resto, que quanto mais se conhecia o assunto mais se apreciava. Mas Leonardo tinha resposta para tudo: “É claro que quanto mais se sabe, mais se aprecia, mas não é necessário saber para apreciar. E é isso que contrapõe a natureza humana à ciência. A vida não só não precisa de leis como elas atrapalham uma boa gestão da mesma. Saber de música ou de cachaça é a ciência que se pode ter na vida, é uma imitação de ciência, necessária para nos esquecermos de que não sabemos o que realmente importa: porque estamos aqui, quem somos, o que é esse tal de universo.” O que o atraía na cachaça, para além do sabor, era a natureza humana que encontrava em cada garrafa. Depois de uma pausa e enquanto terminava a “Boazinha”, dizia: “Nada é mais parecido com a incongruência do que uma boa cachaça!”

Leonardo era um bom camarada de mesa, ninguém contestava e todos apreciavam a sua companhia e os seus dislates. Aliás, ele mesmo não discordaria que uma boa mesa precisa mais de dislates do que de ciência. Chegava a uma hora da noite que se despedia, dizendo: “Galera, vão ter de me desculpar, mas agora vou para casa fazer o ódio com a minha mulher.” E lá ia, voltando sempre ao final do dia seguinte, religiosamente, para as suas cachaças e os seus dislates, que dizia darem-lhe mais saúde do que ir para o paredão ou para a academia.

17 Set 2019

Pärt, o expoente máximo da avant-garde soviética

[dropcap]A[/dropcap]rvo Pärt, nascido no dia 11 de Setembro de 1935 em Paide, na Estónia, é um dos representantes mais radicais da chamada “avant-garde soviética” e um dos compositores cujo output criativo, que passou por um profundo processo de evolução, alterou significativamente a forma como compreendemos a natureza da música.

Em 1944, com 9 anos de idade, Arvo Pärt presencia a ocupação da Estónia pela União Soviética, ocupação que duraria 50 anos, e deixaria profundas impressões sobre si. Em 1954, ingressa na escola secundária de música de Tallinn, a capital do país. Durante e após estudos de composição na classe de Heino Eller no Conservatório de Tallinn, onde se formou em 1963, trabalhou como engenheiro de som na Rádio da Estónia até 1967. Em 1962, uma das suas composições, para coro infantil e orquestra, O Nosso Jardim (1959), rende-lhe o primeiro prémio de jovens compositores da URSS.

O seu primeiro período criativo começou com música de piano neoclássica. Seguiram-se dez anos nos quais fez o seu próprio uso individual das técnicas composicionais avant-garde mais importantes: dodecafonia, composição com massas sonoras, aleatoricismo, técnica de colagem.

Nekrolog (1960), a primeira peça de música dodecafónica escrita na Estónia, e Perpetuum mobile (1963) proporcionaram ao compositor o seu primeiro reconhecimento no Ocidente. Ainda no início dos anos 60, inicia-se na composição serial, com as suas duas primeiras sinfonias. Isto provoca inimizades, dado que a música serial era considerada um produto da decadência burguesa ocidental. Nessas circunstâncias, a sua obra seria severamente limitada. Ambos o espírito avant-garde das suas obras iniciais, assim como o aspecto religioso da música que compôs nos anos 70, levaram a críticas controversas e a confrontos com as autoridades soviéticas.

Também incorretas politicamente, no contexto soviético, eram as suas composições de inspiração religiosa e a técnica de colagem que adoptou por algum tempo. Nas suas obras de colagem, o avant-garde e a música antiga confrontam-se ousada e irreconciliavelmente, um confronto que atinge a sua expressão mais extrema na sua última peça de colagem Credo (1968), um ponto de viragem na sua obra e na sua vida. Nessa altura, todos os dispositivos de composição que Pärt havia empregue até ao momento haviam perdido o seu fascínio anterior e começaram a parecer inúteis para ele, renunciando às técnicas e meios de expressão usados até então.

Em 1976, após um período de silêncio de quase oito anos, durante os quais se envolveu no estudo do canto gregoriano, da escola de Notre Dame e da polifonia vocal clássica, em busca da sua própria voz, criou uma linguagem musical única chamada tintinnabuli (do latim: ‘pequenos sinos’), que alcançou um público vasto e que definiu o seu trabalho até hoje. O compositor explica: “Eu trabalho com muito poucos elementos – somente uma ou duas vozes. Construo a partir de um material primitivo – com o acorde perfeito, com uma tonalidade específica. As três notas de um acorde perfeito são como sinos. Por isso eu o chamei tintinnabulação”. Não há nenhuma escola de composição que siga Pärt, nem este ensina; no entanto, uma grande parte da música contemporânea foi influenciada pelas suas composições tintinnabuli. A primeira obra desse período foi a pequena peça para piano Für Alina (1976), rapidamente seguida por obras como Cantus in Memory of Benjamin Britten (1977), Fratres (1977), Tabula rasa (1977), Spiegel im Spiegel (1978) e muitas outras. É óbvio que, com esse trabalho, Pärt descobriu o seu próprio caminho. O “princípio tintinnabuli” não busca um aumento progressivo da complexidade, mas sim uma redução extrema dos materiais sonoros e uma limitação ao essencial. Em 1980, os problemas constantes com a censura soviética levam o compositor e a sua família a emigrar, primeiro para Viena e a seguir para Berlim, com uma bolsa DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Académico), onde ficaram mais de 30 anos.

O ano de 1984 marca o início da sua colaboração criativa com a distinta editora ECM Records e com o produtor Manfred Eicher, e a primeira gravação de Tabula rasa. Desde então a sua música foi apresentada e gravada pelas melhores orquestras dos nossos tempos. Em 1996, torna-se membro da American Academy of Arts and Letters. Em 2010, regressou à Estónia onde reside hoje em dia. A obra de Pärt é rica e versátil, incluindo muitas composições de grande escala para orquestra, quatro sinfonias e obras para solistas e orquestra, assim como numerosas peças corais e de câmara. A maior parte das suas obras mais recentes são baseadas em textos e orações litúrgicas, como Passio (1982), Te Deum (1985), Miserere (1989/92), Kanon pokajanen (1997), e Adam’s Lament (2010), para mencionar apenas algumas. Actualmente o compositor continua a aperfeiçoar o seu estilo tintinnabulum. As suas obras foram executadas em todo o mundo e foram objeto de mais de 80 gravações, além de terem sido muito usadas em bandas sonoras de filmes e em espetáculos de dança.

 

Sugestão de audição:
Arvo Pärt: Für Alina
Alexander Malter (piano) – ECM New Series Classics, 2008

17 Set 2019

Automobilismo | André Couto, Rodolfo Ávila e Tiago Monteiro correram em Ningbo

[dropcap]O[/dropcap] saldo final da presença portuguesa pelo Ningbo Speedpark International foi algumas mazelas e resultados que poderiam ser bem melhores, mas por diversas razões não o foram. André Couto, chamado à última da hora para ajudar a Dongfeng Honda Team na prova do TCR China Series, apenas cumpriu metade do objectivo que lhe tinha sido incumbido.

Rodolfo Ávila teve duas corridas estragadas no Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC), mas foi para casa ocupando a mesma posição no campeonato do que quando chegou à cidade que um dia os portugueses chamaram de Liampó. O piloto da RAEM voltou novamente a participar nas provas do TCR China e até poderia ter dado o primeiro pódio à geral da MG no campeonato, se a equipa não tivesse decidido o contrário. Por fim, Tiago Monteiro teve uma jornada chinesa da Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) para esquecer, não somando qualquer ponto e deixando o seu Honda em muito mau estado.

TCR China: soube a pouco

Couto arrancou do quarto lugar da grelha de partida e por ali andou nas 13 voltas da corrida, servindo de tampão ao Audi líder do campeonato de Huang Chu Han, enquanto Daniel Lloyd e Martin Xie, nos outros dois Honda Civic Type-R da Dongfeng Honda Team, terminavam em 2º e 3º respectivamente, mas muito longe do vencedor Luca Engstler (Hyundai). Como o recém-campeão do TCR Asia não está na luta pelo campeonato, o segundo lugar de Lloyd foi uma boa operação para a equipa da província chinesa de Guangdong, até porque Couto acabou por roubar pontos ao líder do campeonato.

Porém, o bom astral na Dongfeng Honda Team, que na prática é a equipa do território MacPro Racing Team, evaporou-se na segunda corrida no domingo. Couto assumiu rapidamente a liderança da corrida, mas à segunda volta, o piloto luso perdeu momentaneamente o controlo do Honda Civic Type-R e atrás de si, a discutir o segundo posto com Luca Engstler, vinha Daniel Lloyd que não conseguiu evitar a colisão com o seu companheiro de equipa. Os estragos foram demasiados para continuar para desespero dos homens da MacPro Racing Team. Huang Chu Han foi segundo e ainda saiu mais líder do campeonato quando falta apenas realizar uma prova.

No novo MG 6 TCR, Ávila foi o décimo classificado na primeira corrida, isto depois de ter cortado a linha de meta com o carro a arrastar-se em três rodas, após a suspensão ter cedido na última volta ao passar por cima de um corrector. No domingo, o novo recruta da MG Power Racing levou o carro de matriz britânica ao quarto lugar. O piloto português rodou a maior parte da corrida no quarto lugar, à frente do seu companheiro de equipa, mas acabou por deixar Zhang Zhen Dong passar a três voltas para o fim, respeitando as ordens da equipa, quando se confirmou que ambos seriam promovidos uma posição, um deles ao pódio, com a penalização de um adversário.

Depois dos problemas de motor na quinta-feira e de caixa-de-velocidades ontem, Rodolfo Ávila levou o novo MG 6 TCR da MG Power Racing ao final da corrida no 10º lugar, a prioridade da equipa para o fim-de-semana. Isto, apesar do piloto português residente em Macau ter cortado a linha de meta muito devagar depois da suspensão do carro de matriz inglesa ter cedido na última volta.

CTCC: do mal, o menos

As duas corridas de Ávila no CTCC não foram muito diferentes as anteriores. O piloto da SVW333 Racing luta por posições no topo do pelotão e acaba invariavelmente abalroado, sem que haja qualquer punição para os seus adversários. Na primeira corrida, Ávila levou um toque logo nos primeiros metros da prova, o que o obrigou a recuperar do 16º lugar até ao 8º posto final. No segundo confronto, partindo do 3º lugar conquistado na qualificação, Ávila foi novamente empurrado para fora por um oponente e terminou no 13º lugar com a suspensão danificada no VW Lamando.

“É muito difícil quando se corre com mais 100kg que os Ford e mais 90kg que os KIA”, explicou Ávila, que representa a SAIC Volkswagen, em comunicado. “Fui sempre o mais rápido da minha equipa ao longo do fim-de-semana, mas no confronto com os adversários das outras equipas foi muito complicado. Ao fim de quatro voltas ficámos sem pneus e somos alvos fáceis. Houve novamente pilotos que se excederam e voltei a ser prejudicado nas duas corridas devido a toques.”

Apesar das duas corridas não terem corrido de feição, Ávila manteve o quinto posto na classificação de pilotos, no entanto, a SVW333 Racing perdeu a liderança dos construtores para a rival Kia.

WTCR: Monteiro quer esquecer

Como cabeça de cartaz na pista da província de Zhejiang esteve a Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR). Os líderes do campeonato Yvan Muller (Lynk & Co), com duas vitórias, e Norbert Michelisz (Hyundai), com uma, dividiram os triunfos naquela que terá sido as provas mais caóticas da temporada, com vários acidentes e colisões a deixarem mais de metade do pelotão muito mal tratado.

Apesar de ter chegado a Ningbo motivado pelo triunfo nas ruas de Vila Real há dois meses, Tiago Monteiro teve um fim-de-semana para esquecer. O piloto português do Honda Civic Type-R da equipa KCMG, de Hong Kong, foi 21º na primeira corrida e desistiu, fruto de acidentes, nas outras duas.

“As corridas são cada vez mais disputadas, ninguém cede um milímetro. Na segunda corrida, bati violentamente no muro a cerca de 130 km/h, mas fisicamente estou bem. A equipa terá agora muito trabalho pela frente até à próxima prova, pois vão ter de trocar o chassis e é um processo demorado. Será uma corrida contra o tempo”, disse o piloto portuense depois de ter sido enviado contra um muro pelo marroquino Mehdi Bennani na terceira corrida.

Antes da visita a Macau, em Novembro, a caravana do WTCR tem uma corrida em Suzuka, no Japão, no fim-de-semana de 26 e 27 de Outubro.

17 Set 2019

Automobilismo | André Couto, Rodolfo Ávila e Tiago Monteiro correram em Ningbo

[dropcap]O[/dropcap] saldo final da presença portuguesa pelo Ningbo Speedpark International foi algumas mazelas e resultados que poderiam ser bem melhores, mas por diversas razões não o foram. André Couto, chamado à última da hora para ajudar a Dongfeng Honda Team na prova do TCR China Series, apenas cumpriu metade do objectivo que lhe tinha sido incumbido.
Rodolfo Ávila teve duas corridas estragadas no Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC), mas foi para casa ocupando a mesma posição no campeonato do que quando chegou à cidade que um dia os portugueses chamaram de Liampó. O piloto da RAEM voltou novamente a participar nas provas do TCR China e até poderia ter dado o primeiro pódio à geral da MG no campeonato, se a equipa não tivesse decidido o contrário. Por fim, Tiago Monteiro teve uma jornada chinesa da Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) para esquecer, não somando qualquer ponto e deixando o seu Honda em muito mau estado.

TCR China: soube a pouco

Couto arrancou do quarto lugar da grelha de partida e por ali andou nas 13 voltas da corrida, servindo de tampão ao Audi líder do campeonato de Huang Chu Han, enquanto Daniel Lloyd e Martin Xie, nos outros dois Honda Civic Type-R da Dongfeng Honda Team, terminavam em 2º e 3º respectivamente, mas muito longe do vencedor Luca Engstler (Hyundai). Como o recém-campeão do TCR Asia não está na luta pelo campeonato, o segundo lugar de Lloyd foi uma boa operação para a equipa da província chinesa de Guangdong, até porque Couto acabou por roubar pontos ao líder do campeonato.
Porém, o bom astral na Dongfeng Honda Team, que na prática é a equipa do território MacPro Racing Team, evaporou-se na segunda corrida no domingo. Couto assumiu rapidamente a liderança da corrida, mas à segunda volta, o piloto luso perdeu momentaneamente o controlo do Honda Civic Type-R e atrás de si, a discutir o segundo posto com Luca Engstler, vinha Daniel Lloyd que não conseguiu evitar a colisão com o seu companheiro de equipa. Os estragos foram demasiados para continuar para desespero dos homens da MacPro Racing Team. Huang Chu Han foi segundo e ainda saiu mais líder do campeonato quando falta apenas realizar uma prova.
No novo MG 6 TCR, Ávila foi o décimo classificado na primeira corrida, isto depois de ter cortado a linha de meta com o carro a arrastar-se em três rodas, após a suspensão ter cedido na última volta ao passar por cima de um corrector. No domingo, o novo recruta da MG Power Racing levou o carro de matriz britânica ao quarto lugar. O piloto português rodou a maior parte da corrida no quarto lugar, à frente do seu companheiro de equipa, mas acabou por deixar Zhang Zhen Dong passar a três voltas para o fim, respeitando as ordens da equipa, quando se confirmou que ambos seriam promovidos uma posição, um deles ao pódio, com a penalização de um adversário.
Depois dos problemas de motor na quinta-feira e de caixa-de-velocidades ontem, Rodolfo Ávila levou o novo MG 6 TCR da MG Power Racing ao final da corrida no 10º lugar, a prioridade da equipa para o fim-de-semana. Isto, apesar do piloto português residente em Macau ter cortado a linha de meta muito devagar depois da suspensão do carro de matriz inglesa ter cedido na última volta.

CTCC: do mal, o menos

As duas corridas de Ávila no CTCC não foram muito diferentes as anteriores. O piloto da SVW333 Racing luta por posições no topo do pelotão e acaba invariavelmente abalroado, sem que haja qualquer punição para os seus adversários. Na primeira corrida, Ávila levou um toque logo nos primeiros metros da prova, o que o obrigou a recuperar do 16º lugar até ao 8º posto final. No segundo confronto, partindo do 3º lugar conquistado na qualificação, Ávila foi novamente empurrado para fora por um oponente e terminou no 13º lugar com a suspensão danificada no VW Lamando.
“É muito difícil quando se corre com mais 100kg que os Ford e mais 90kg que os KIA”, explicou Ávila, que representa a SAIC Volkswagen, em comunicado. “Fui sempre o mais rápido da minha equipa ao longo do fim-de-semana, mas no confronto com os adversários das outras equipas foi muito complicado. Ao fim de quatro voltas ficámos sem pneus e somos alvos fáceis. Houve novamente pilotos que se excederam e voltei a ser prejudicado nas duas corridas devido a toques.”
Apesar das duas corridas não terem corrido de feição, Ávila manteve o quinto posto na classificação de pilotos, no entanto, a SVW333 Racing perdeu a liderança dos construtores para a rival Kia.

WTCR: Monteiro quer esquecer

Como cabeça de cartaz na pista da província de Zhejiang esteve a Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR). Os líderes do campeonato Yvan Muller (Lynk & Co), com duas vitórias, e Norbert Michelisz (Hyundai), com uma, dividiram os triunfos naquela que terá sido as provas mais caóticas da temporada, com vários acidentes e colisões a deixarem mais de metade do pelotão muito mal tratado.
Apesar de ter chegado a Ningbo motivado pelo triunfo nas ruas de Vila Real há dois meses, Tiago Monteiro teve um fim-de-semana para esquecer. O piloto português do Honda Civic Type-R da equipa KCMG, de Hong Kong, foi 21º na primeira corrida e desistiu, fruto de acidentes, nas outras duas.
“As corridas são cada vez mais disputadas, ninguém cede um milímetro. Na segunda corrida, bati violentamente no muro a cerca de 130 km/h, mas fisicamente estou bem. A equipa terá agora muito trabalho pela frente até à próxima prova, pois vão ter de trocar o chassis e é um processo demorado. Será uma corrida contra o tempo”, disse o piloto portuense depois de ter sido enviado contra um muro pelo marroquino Mehdi Bennani na terceira corrida.
Antes da visita a Macau, em Novembro, a caravana do WTCR tem uma corrida em Suzuka, no Japão, no fim-de-semana de 26 e 27 de Outubro.

17 Set 2019

Taiwan | Governo põe fim às relações diplomáticas com Ilhas Salomão

[dropcap]T[/dropcap]aiwan anunciou ontem que cortou relações diplomáticas com as Ilhas Salomão depois de saber que o novo Governo deste Estado do Pacífico decidiu transferir o seu reconhecimento diplomático para a China.

“O Governo declarou hoje [ontem] o fim das suas relações diplomáticas com as Ilhas Salomão”, indicou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, numa conferência de imprensa em Taipei.

Este anúncio é a consequência da decisão do “Governo das Ilhas Salomão de transferir as suas relações diplomáticas para a República Popular da China”, explicou Joseph Wu.

O novo primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, considerou, numa entrevista áudio transmitida há alguns dias em formato ‘podcast’, que no plano económico e político Taiwan era “totalmente inútil”.

Essa mudança de aliança é um novo golpe para Taiwan. A lista de países ainda ligados a Taipei diminuiu consideravelmente ao longo das décadas, caindo para 16 com a saída das Ilhas Salomão.

Em Agosto de 2018, Taiwan anunciou o corte de relações diplomáticas com El Salvador.
Também Burkina Faso rompeu as relações diplomáticas com Taipé, depois de a República Dominicana ter anunciado, em 1 de Março desse ano, a ruptura com Taiwan.

Em Dezembro de 2016, São Tomé e Príncipe também rompeu relações diplomáticas com Taiwan e passou a reconhecer a República Popular da China.

Após a ruptura do Burkina Faso, a Suazilândia é o único país africano a manter relações com Taipé.
Desde 2000 que diversos países africanos, incluindo o Chade e o Senegal, que recebiam ajudas de Taiwan, romperam as suas relações com a ilha para beneficiar da cooperação chinesa.

17 Set 2019

Taiwan | Governo põe fim às relações diplomáticas com Ilhas Salomão

[dropcap]T[/dropcap]aiwan anunciou ontem que cortou relações diplomáticas com as Ilhas Salomão depois de saber que o novo Governo deste Estado do Pacífico decidiu transferir o seu reconhecimento diplomático para a China.
“O Governo declarou hoje [ontem] o fim das suas relações diplomáticas com as Ilhas Salomão”, indicou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, numa conferência de imprensa em Taipei.
Este anúncio é a consequência da decisão do “Governo das Ilhas Salomão de transferir as suas relações diplomáticas para a República Popular da China”, explicou Joseph Wu.
O novo primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, considerou, numa entrevista áudio transmitida há alguns dias em formato ‘podcast’, que no plano económico e político Taiwan era “totalmente inútil”.
Essa mudança de aliança é um novo golpe para Taiwan. A lista de países ainda ligados a Taipei diminuiu consideravelmente ao longo das décadas, caindo para 16 com a saída das Ilhas Salomão.
Em Agosto de 2018, Taiwan anunciou o corte de relações diplomáticas com El Salvador.
Também Burkina Faso rompeu as relações diplomáticas com Taipé, depois de a República Dominicana ter anunciado, em 1 de Março desse ano, a ruptura com Taiwan.
Em Dezembro de 2016, São Tomé e Príncipe também rompeu relações diplomáticas com Taiwan e passou a reconhecer a República Popular da China.
Após a ruptura do Burkina Faso, a Suazilândia é o único país africano a manter relações com Taipé.
Desde 2000 que diversos países africanos, incluindo o Chade e o Senegal, que recebiam ajudas de Taiwan, romperam as suas relações com a ilha para beneficiar da cooperação chinesa.

17 Set 2019

Economia | Vendas de activos além-fronteiras superam compras pela 1ª vez

Apesar do abrandamento do crescimento económico e da guerra comercial com os Estados Unidos, as empresas chinesas mudaram de estatuto e, pela primeira vez, passaram de compradoras a vendedoras líquidas de activos globais

 

[dropcap]A[/dropcap]s empresas chinesas tornaram-se este ano, pela primeira vez, vendedoras líquidas de activos globais, depois de, na última década, terem sido das principais protagonistas em fusões e aquisições internacionais, incluindo em Portugal.

A mudança de estatuto ocorre numa altura em que o crescimento económico da China cresce ao ritmo mais baixo dos últimos trinta anos e Pequim tenta combater um ‘boom’ do endividamento corporativo, que ameaça a estabilidade financeira do país, enquanto trava uma guerra comercial com Washington.

Desde 2017, o Governo chinês aumentou também o escrutínio sobre investimentos além-fronteiras, apontando a “irracionalidade” de algumas das aquisições.

Segundo a consultora financeira Dealogic, desde o início do ano, as empresas chinesas puseram à venda cerca de 40 mil milhões de dólares em activos no exterior.

Durante o mesmo período, os grupos chineses compraram 35 mil milhões de dólares em activos além-fronteiras, tornando o país um vendedor líquido global.

Exemplos lusos

Em Portugal, por exemplo, o conglomerado chinês HNA anunciou, em Março passado, a venda da participação de 9 por cento que detinha na TAP, através da Atlantic Gateway, por 55 milhões de dólares.

A HNA, que detém ainda importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank, enfrenta uma grave crise de liquidez e está sob supervisão de um grupo de credores.

Desde o final de 2017, o grupo vendeu 20 mil milhões de dólares em activos fora do país.
Também o grupo chinês Anbang, que foi apontado como candidato à compra do Novo Banco, deparou-se nos últimos anos com várias dificuldades.

O fundador, Wu Xiaohui, foi condenado à prisão, no ano passado, e o Estado chinês acabou por assumir a gestão do grupo, forçando a venda de grande parte do seu portfólio global.

Muitos dos activos colocados agora à venda por grupos chineses foram adquiridos em 2016, antes de Pequim ter aumentado o escrutínio sobre os investimentos.

Nesse ano, os investimentos chineses além-fronteiras atingiram um pico de 200 mil milhões de dólares, contribuindo para o rápido crescimento das dívidas corporativas.

Analistas associam ainda a escalada de vendas este ano a uma escassez de divisas, devido à fraqueza na balança de pagamentos, causada em parte pelas disputas comerciais com os EUA.
Washington e Pequim aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de ambos os países, numa guerra comercial que começou há mais de um ano.

Segundo dados das alfândegas da China, em Agosto, as exportações chinesas caíram 1 por cento.
O excedente comercial da China recuou, assim, para 34,8 mil milhões de dólares, depois de, no mês passado, se ter fixado nos 45 mil milhões de dólares.

17 Set 2019

Economia | Vendas de activos além-fronteiras superam compras pela 1ª vez

Apesar do abrandamento do crescimento económico e da guerra comercial com os Estados Unidos, as empresas chinesas mudaram de estatuto e, pela primeira vez, passaram de compradoras a vendedoras líquidas de activos globais

 
[dropcap]A[/dropcap]s empresas chinesas tornaram-se este ano, pela primeira vez, vendedoras líquidas de activos globais, depois de, na última década, terem sido das principais protagonistas em fusões e aquisições internacionais, incluindo em Portugal.
A mudança de estatuto ocorre numa altura em que o crescimento económico da China cresce ao ritmo mais baixo dos últimos trinta anos e Pequim tenta combater um ‘boom’ do endividamento corporativo, que ameaça a estabilidade financeira do país, enquanto trava uma guerra comercial com Washington.
Desde 2017, o Governo chinês aumentou também o escrutínio sobre investimentos além-fronteiras, apontando a “irracionalidade” de algumas das aquisições.
Segundo a consultora financeira Dealogic, desde o início do ano, as empresas chinesas puseram à venda cerca de 40 mil milhões de dólares em activos no exterior.
Durante o mesmo período, os grupos chineses compraram 35 mil milhões de dólares em activos além-fronteiras, tornando o país um vendedor líquido global.

Exemplos lusos

Em Portugal, por exemplo, o conglomerado chinês HNA anunciou, em Março passado, a venda da participação de 9 por cento que detinha na TAP, através da Atlantic Gateway, por 55 milhões de dólares.
A HNA, que detém ainda importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank, enfrenta uma grave crise de liquidez e está sob supervisão de um grupo de credores.
Desde o final de 2017, o grupo vendeu 20 mil milhões de dólares em activos fora do país.
Também o grupo chinês Anbang, que foi apontado como candidato à compra do Novo Banco, deparou-se nos últimos anos com várias dificuldades.
O fundador, Wu Xiaohui, foi condenado à prisão, no ano passado, e o Estado chinês acabou por assumir a gestão do grupo, forçando a venda de grande parte do seu portfólio global.
Muitos dos activos colocados agora à venda por grupos chineses foram adquiridos em 2016, antes de Pequim ter aumentado o escrutínio sobre os investimentos.
Nesse ano, os investimentos chineses além-fronteiras atingiram um pico de 200 mil milhões de dólares, contribuindo para o rápido crescimento das dívidas corporativas.
Analistas associam ainda a escalada de vendas este ano a uma escassez de divisas, devido à fraqueza na balança de pagamentos, causada em parte pelas disputas comerciais com os EUA.
Washington e Pequim aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de ambos os países, numa guerra comercial que começou há mais de um ano.
Segundo dados das alfândegas da China, em Agosto, as exportações chinesas caíram 1 por cento.
O excedente comercial da China recuou, assim, para 34,8 mil milhões de dólares, depois de, no mês passado, se ter fixado nos 45 mil milhões de dólares.

17 Set 2019

SCML | Exposição em Lisboa marca os 20 anos de transferência de Macau

Chama-se “Um Rei e Três Imperadores – Portugal, China e Macau no tempo de D.João V” e é o nome da exposição organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para celebrar os 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China. A mostra é inaugurada a 20 de Dezembro no Museu de São Roque, em Lisboa, e conta com peças de Macau e de Pequim

 

[dropcap]A[/dropcap] Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) está a organizar uma exposição que terá lugar no Museu de São Roque, em Lisboa, que visa celebrar as datas que simbolizam a ligação de Portugal ao Oriente, e que este ano ganham um especial significado.

Além dos 40 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e China e dos 450 anos da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCMM), serão também recordados os 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China.

A exposição, intitulada “Um Rei e Três Imperadores – Portugal, China e Macau no tempo de D.Joao V” será inaugurada a 20 de Dezembro deste ano no Museu de São Roque, em Lisboa, espaço afecto à SCML. Margarida Montenegro, directora do departamento da cultura da SCML, explicou ao HM a importância que o reinado do rei português D. João V teve nas relações com a China da época.

“Não só estamos muito ligados a D. João V, porque mandou construir a capela de São João Baptista, a mais importante da Igreja de São Roque, como foi o período de relação entre Portugal e China mais harmonioso.” O rei português governou durante 50 anos, o suficiente para se relacionar com três imperadores chineses da dinastia Qing: Kangxi, Yonzheng e Qianlong.

“É neste período que houve mais contactos com a China, e este período foi também muito importante para Macau, que era um porto internacional de comércio entre os dois impérios”, adiantou Margarida Montenegro. Na proposta de exposição, elaborada pelo académico Jorge Santos Alves, do Instituto de Estudos Orientais da Universidade Católica Portuguesa, lê-se que, neste reinado, “a dimensão político-diplomática corporizou-se com o envio da embaixada do imperador Kangxi a D. João V, protagonizada pelo jesuíta António de Magalhães, depois retribuída em 1726 pela embaixada de Alexandre Metello de Sousa e Meneses já ao imperador Yongzheng”.

Além deste relacionamento diplomático, destaque ainda para o papel do bispo de Macau à época, Frei Hilário de Santa Rosa, num tempo de “projectos megalómanos para a conquista da China”.

Nesse período, Macau viveu, na primeira metade do século XVIII, “um tempo de reajustamento à dinastia Qing”, um período “marcante para a história de Macau e para a sua qualidade de porto internacional de comércio e de porto entre dois impérios, o português e o chinês”.

A nota assinada por Jorge Santos Alves dá conta que Macau teve, nesta fase, de “reajustar a sua geografia comercial aos novos tempos da concorrência europeia nos mercados chineses e asiáticos em geral”. Além disso, o território e “as suas instituições locais, especialmente o Senado da Câmara e a Misericórdia, tiveram que encontrar um novo padrão de relacionamento com a Coroa Portuguesa, mais centralizadora, e os seus representantes na cidade, os governadores”.

Pedidos em avaliação

Os contactos para a integração de peças nesta exposição ainda estão ainda a ser desenvolvidos. Margarida Montenegro disse ao HM que foi pedida à SCMM o retrato de um mercador chamado Francisco Xavier Roquette, “reconhecido mercador da comunidade portuguesa em Macau e que é um dos beneméritos da SCMM. A entidade liderada pelo provedor António José de Freitas também sugeriu outras peças, que ainda estão a ser alvo de uma avaliação por parte da SCML, que também requisitou um empréstimo ao Museu do Palácio de Pequim, de dois retratos dos imperadores Yongzheng e Kangxi.

Neste período, “a dimensão comercial do relacionamento entre a China e a Europa (e Portugal) conheceu uma verdadeira explosão em intensidade, volume e valor. As mercadorias chinesas (em especial a seda, porcelana e, cada vez mais, o chá) eram crescentemente desejadas nos mercados consumidores europeus e das colónias”, aponta a nota de Jorge Santos Alves.

Nesse sentido, “os primeiros exemplos de adesão ao vestuário e à moda europeus incluíram até imperadores como Yongzheng”, enquanto que, nessa fase, “a arte e a arquitectura europeias ou de inspiração europeia entraram no mundo cultural imperial chinesa”, conclui a mesma nota.

A exposição será composta por quatro núcleos, sendo um deles destinado à temática “Macau: O Tempo dos Novos Tempos”. A mostra, composta por 40 a 48 peças, conta, além da parceria com Jorge Santos Alves, com a colaboração científica de António Vilhena de Carvalho, ligado à Universidade Católica Portuguesa, João Paulo Salvado, Susana Munch Miranda e Isabel Pina, esta última ligada ao Centro Científico e Cultural de Macau.

17 Set 2019