Hoje Macau SociedadeUnionPay | ‘App’ permite a clientes de Macau fazer pagamentos na China [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]UnionPay International anunciou ontem o lançamento de uma aplicação de telemóvel que vai permitir aos portadores de cartões emitidos em Macau e Hong Kong efectuarem pagamentos dentro e fora das duas cidades. Em comunicado, a empresa diz que a nova ‘app’ surge em resposta à construção da Grande Baía e às crescentes necessidades de pagamentos trazidas pelas trocas entre Macau, Hong Kong e o interior da China. Desde ontem, os clientes de Macau e de Hong Kong podem ligar os seus cartões emitidos localmente à aplicação de telemóvel “UnionPay” e desfrutar do serviço de pagamento móvel dentro e fora das duas Regiões Administrativas Especiais. O CEO da UnionPay International, Cai Jianbo, afirmou que, em resposta ao avanço das tecnologias e à mudança dos hábitos de pagamento dos clientes, a UnionPay tem-se esforçado para promover a inovação de técnicas e produtos. Actualmente, a UnionPay é aceite em quase todos os multibancos e terminais POS (point of sale) de Macau e Hong Kong, onde foram emitidos cerca de 19 milhões de cartões.
Diana do Mar Manchete SociedadeDSEJ | Macau sem alunos classificados como sobredotados Não há alunos classificados como sobredotados em Macau. A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude garante estar a desenvolver instrumentos padronizados de avaliação, dispondo já de mecanismos no domínio da criatividade [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ctualmente, não existem alunos classificados como sobredotados na base de dados de avaliação da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). Em resposta ao HM, o organismo garante estar a trabalhar no desenvolvimento de instrumentos padronizados de avaliação, dispondo já de ferramentas em determinadas áreas. “A DSEJ está a desenvolver, sucessivamente, instrumentos padronizados de avaliação em diferentes domínios para este tipo de alunos e, até ao momento, desenvolveu quatro conjuntos no domínio intelectual e da criatividade”. Ferramentas que permitem ao pessoal docente ou de aconselhamento avaliar alunos, caso sinalizem características de sobredotação, aferindo capacidades e necessidades de aprendizagem, indicou o organismo liderado por Lou Pak Sang. Em resposta a uma interpelação escrita apresentada pelo deputado Ho Ion Sang, a subdirectora da DSEJ, Leong Vai Kei, revelou que, em Junho, solicitou apoio a uma instituição de consultadoria (não especificada) para a elaboração de normas de classificação dos alunos sobredotados. “Após a conclusão dos trabalhos, serão elaborados modelos de desenvolvimento do ensino dos alunos sobredotados, as estruturas de suporte e o estudo e definição das respectivas instruções para servir de referência às escolas para que possam detectar e preparar os alunos sobredotados”, afirmou. Na mesma resposta, datada de meados de Julho, Leong Vai Kei cita, entre os instrumentos de avaliação já aplicados pela DSEJ, as escalas de inteligência de Wechsler, bem como o Teste de Pensamento Criativo de Torrance. Formar para identificar Em paralelo, considerando que o corpo docente desempenha um papel fundamental, a DSEJ realça que tem organizado, “periódica e sistematicamente”, acções de formação relacionadas com a educação de alunos sobredotados, bem como sobre a utilização dos instrumentos de avaliação “com vista a aumentar a capacidade de identificação de alunos sobredotados”. Mais de 200 professores receberam este tipo de formação até ao momento, de acordo com a DSEJ que não menciona quando arrancaram estas iniciativas. Ao HM, a DSEJ explica que o primeiro passo quando são identificados sinais que apontam que uma criança pode ser sobredotada é requerer, junto do organismo, “uma consulta profissional do ensino especial, para que este tenha conhecimento da situação dos alunos, através de entrevistas e preste apoio e [dê] sugestões sobre como promover o desenvolvimento das potencialidades destes alunos”. Algo que pode ser solicitado tanto pelos docentes e agentes de aconselhamento como pelos próprios encarregados de educação. “Caso [os alunos] não possuam resultados satisfatórios nos estudos ou na sua adaptação e se forem identificados com necessidades educativas especiais, após a avaliação, a DSEJ sugere a frequência em escolas regulares, na qualidade de aluno inclusivo, recebendo apoio adicional na escola”. A DSEJ enfatiza que, neste caso, além de atribuição de apoio financeiro extraordinário à escola, envia ainda periodicamente funcionários, “no sentido de discutirem com os docentes ajustamentos ao currículo dos alunos ou a prestação de apoio extra para que estes usufruam de um ensino apropriado”. Aliás, argumenta, no Guia de Funcionamento das Escolas sugere-se já concretamente às escolas que “procedam ao ajustamento e apoio aos alunos sobredotados e que apresentem dificuldades na aprendizagem ou na adaptação”.
Hoje Macau SociedadeAviação | Simulação de bomba no aeroporto [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Autoridade de Aviação Civil (AAC) realizou uma simulação de ameaça de bomba entre a passada segunda-feira e ontem, de acordo com um comunicado do Governo. O exercício começou às 23h do dia 10 de Setembro e prolongou-se até à 1h da manhã do 11 de Setembro. De acordo com a AAC, o exercício teve como objectivo simular a activação do Plano de Emergência do Aeroporto e o procedimentos de segurança, num cenário em que foi simulada uma chamada anónima com a ameaça de bomba. O exercício envolveu vários organismos das forças de segurança, assim como a cooperação das operadoras de aviação.
Hoje Macau SociedadeBanca | Empréstimos para habitação em queda em Julho [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s novos empréstimos hipotecários para habitação aprovados pelos bancos de Macau em Julho totalizaram 5,2 mil milhões de patacas, traduzindo uma queda de 9,4 por cento em termos anuais homólogos, indicam dados divulgados ontem pela Autoridade Monetária de Macau. Os aprovados para residentes subiram 34,7 por cento para 5,1 mil milhões, mas tal não foi suficiente para travar a diminuição anual homóloga, dado que os empréstimos concedidos aos não residentes sofreram uma queda de 95,7 por cento para 84,5 milhões de patacas. Os novos empréstimos comerciais para actividades imobiliárias também registaram uma forte descida: caíram 62,5 por cento para 4,09 mil milhões de patacas. Desta feita, a diminuição ficou a dever-se à forte queda dos empréstimos aprovados aos residentes que foram de 4,06 mil milhões de patacas em Julho, ou seja, menos 62,7 por cento face a igual período de 2017. Em sentido inverso, os empréstimos para os não residentes subiram 14,2 por cento em termos anuais homólogos para 38,7 milhões de patacas.
Hoje Macau SociedadeEnsino Superior | Politécnico de Castelo Branco recebe 45 alunos de Macau [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) recebeu 45 alunos de Macau que vão frequentar a Escola Superior de Educação no ano letivo de 2018-2019, foi ontem anunciado. “A vinda destes estudantes enquadra-se na estratégia de internacionalização do IPCB, abrindo-se as portas da instituição a grupos de estudantes que chegam ao IPCB num contexto de parceria com uma instituição de ensino superior internacional”, refere, em comunicado, o presidente do IPCB, António Fernandes. A iniciativa enquadra-se no protocolo de cooperação assinado entre o Politécnico de Castelo Branco e o Politécnico de Macau e centra-se na lecionação conjunta dos referidos cursos de licenciatura, com o objetivo de permitir aos alunos a imersão linguística e cultural na língua e cultura portuguesa, assim como a aquisição de conhecimentos que permita que os últimos anos do curso sejam ministrados em língua portuguesa. Os 45 alunos provenientes do Instituto Politécnico de Macau vão frequentar todo o ano letivo na Escola Superior de Educação (ESE) de Castelo Branco. “São alunos de duas turmas diferentes, uma do segundo ano da licenciatura em Ensino da Língua Chinesa como Língua Estrangeira e outra da licenciatura em Português”, lê-se na nota. António Fernandes realça a qualidade do corpo docente da Escola Superior de Educação, assim como a formação ministrada, validada pelo reconhecimento que o Instituto Politécnico de Macau faz da instituição de ensino superior de Castelo Branco. A iniciativa conta com o apoio da Câmara de Castelo Branco, ao nível do alojamento dos dois docentes do Instituto Politécnico de Macau que acompanham os alunos durante a sua permanência em Castelo Branco, até Julho de 2019. Os alunos ficam alojados nas residências de estudantes do IPCB.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJustiça | Sentença do caso do Hotel Estoril lida a 4 de Outubro Decidiu e está decidido. Apesar dos pedidos dos jornalistas, a juíza Leong Fong Meng não autorizou que o julgamento de Scott Chiang e Alin Lam tivesse tradução simultânea para português. O caso reporta-se à afixação de uma faixa com uma mensagem política no Hotel Estoril [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]caso do Hotel Estoril, que remonta a Agosto de 2016, quando Scott Chiang e Alin Lam alegadamente entraram no antigo hotel e afixaram uma faixa onde se lia “Alexis Tam: Assassínio do Património”, teve ontem lugar no Tribunal Judicial de Base. Na sessão que decorreu, ontem de manhã, foram ouvidas todas as cinco testemunhas, três de acusação e duas de defesa, com a leitura da sentença a ficar marcada para 4 de Outubro. Os activistas ligados à Novo Macau, Scott Chiang e Alin Lam, enfrentam acusações da prática de um crime de “introdução em lugar vendado ao público”, que é punido com pena de prisão até três meses ou pena de multa até 60 dias, e uma acusação de “dano”, prática punida com três anos de prisão ou pena de multa. No entanto, a sessão ficou marcada pelo facto da juíza que preside ao colectivo, Leong Fong Meng, ter recusado que fosse disponibilizada a interpretação simultânea de cantonense para português, apesar dos pedidos dos jornalistas, devido ao facto de nenhuma das partes envolvidas utilizar a idioma de Camões para se expressar. “O público tem de saber o que está a acontecer nos tribunais. Se uma parte relevante da sociedade só lê em inglês ou português e eles têm aqui pessoas que são pagas para desempenhar essas funções, qual é a razão que justifica que não haja tradução?”, questionou Scott Chiang, à saída do tribunal. “É uma questão que também sublinha a importância da educação chinesa”, ironizou. Para o deputado José Pereira Coutinho esta questão mostra a indiferença com que as línguas têm sido tratadas desde a criação da RAEM, em 1999. “É uma pena que passados quase 20 anos ainda estejamos a falar destas questões. O mínimo que se esperaria era que todos os serviços públicos, Governo, Assembleia Legislativa e Tribunais, pudessem sempre utilizar as duas línguas em simultâneo”, afirmou Coutinho, ao HM. “É uma realidade que dá para perceber que nos serviços relacionados com interesses empresariais e a plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa falta uma maior atenção ao uso das duas línguas. A língua portuguesa está de facto a ser maltratada”, acrescentou. Data de danos incertos Em relação ao julgamento, foram ouvidas três testemunhas de acusação. Uma das Serviços de Finanças, que gerem os edifícios e bens da RAEM, e dois polícias. O funcionário das finanças reconheceu que o Governo não sabe quando foram feitos os danos, apesar de gerir o espaço, e que só no dia dos acontecimentos foram chamados para reparar o buraco na rede. Por sua vez, os polícias explicaram que quando chegaram às traseiras do local que encontraram Scott Chiang a sair do edifício pelo buraco da rede. Já Alin Lam foi detido mais tarde, quando estava no segundo andar. Foi ainda dito em tribunal que não foram encontrados no local, nem nas imediações, quaisquer materiais que permitissem cortar a rede. As duas testemunhas de defesa ouvidas em tribunal afirmaram ter entrado no antigo Hotel Estoril, antes da data dos acontecimentos e que nessa altura já existia o buraco que alegadamente terá sido utilizado pelos activistas para entrar no edifício. As duas testemunhas pediram ainda desculpa à sociedade pelos eventuais “problemas” causadas pelo acesso não autorizado nas instalações do antigo Hotel Estoril. No final, em declaração aos jornalistas, Scott Chiang negou ter cometido qualquer danos e pediu desculpas por ter entrado num local, sem ter obtido autorização previamente. Acusação falsa “Honestamente, não sabíamos que era necessário um pedido para entrar. Não fomos lá dentro para cometer qualquer acto vândalo, ou para invadir a privacidade de alguém. Só queríamos transmitir uma mensagem. Mas honestamente pedimos desculpa por todos os problemas que causámos. Se soubéssemos que era necessário um pedido do Governo teríamos feito isso”, vincou. “A acusação de dano é falsa porque o buraco na rede está lá desde sempre. Na verdade, é um caso muito simples porque sabemos que desde sempre houve pessoas que entraram e saíram do edifício”, defendeu. O julgamento decorreu ontem de manhã e a juíza Leong Fong Meng anunciou que a sentença vai ser lida na tarde de 4 de Outubro.
Hoje Macau PolíticaEducação | Si Ka Lon quer melhorias [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Si Ka Lon considera que é necessário implementar medidas para actualizar os métodos pedagógicos e melhorar as ideias a aplicar na educação dos mais novos. É este o conteúdo de uma interpelação escrita do deputado ligado ao empresário Chan Meng Kam. O pedido enviado ao Governo através da Assembleia Legislativa surge na sequência de um relatório sobre a avaliação escolar em Macau, que considerou que as metodologia no ensino local estão desactualizadas.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaCibersegurança | Multas podem chegar aos cinco milhões de patacas Terminou a discussão da proposta de lei da cibersegurança no Conselho Executivo. O diploma prevê multas até aos cinco milhões de patacas e cria um novo cargo que será assumido pelos operadores das infra-estruturas críticas e que irá funcionar como o “principal responsável da cibersegurança” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s multas a aplicar aos operadores de infra-estruturas críticas que violarem a lei da cibersegurança podem chegar aos cinco milhões de patacas, de acordo com o diploma que foi apresentado ontem pelo Conselho Executivo (CE). “A proposta de lei prevê que as infracções dos deveres da cibersegurança são punidas com multa de 50 mil a cinco milhões de patacas, sendo ainda aplicáveis sanções acessórias”, revelou ontem o porta-voz, Leong Heng Teng. No que respeita às sanções acessórias, o porta-voz do CE não foi claro, no entanto avançou a perda de subsídios do Governo a título de exemplo de possíveis penalizações. Os operadores de infra-estruturas críticas incluem serviços e órgãos públicos bem como entidades privadas de transporte, telecomunicações, bancos, seguros, cuidados de saúde entre outros. No que respeita às sanções aplicadas a entidades que abusem das competências que lhes vão ser atribuídas neste âmbito, o diploma não faz qualquer referência. Na proposta de lei está ainda definida a constituição das entidades que vão ter a seu cargo a implementação do sistema de cibersegurança. O sistema vai ser composto por uma Comissão Permanente para a Cibersegurança (CPC), pelo Centro de Alerta e Resposta a Incidentes de Cibersegurança (CARIC) e por entidades supervisoras de cibersegurança. A CPC é um órgão decisório do Governo, ao qual compete “definir orientações, objectivos de ordem geral e de estratégias”, apontou Leong. Já o CARIC será constituído “por entidades públicas com funções técnicas especiais em termos de segurança de rede e coordenado pela Polícia Judiciária”. Cabe ainda ao CARIC assumir funções de gestão e execução das medidas de resposta em caso de emergência. Por último, as entidades supervisoras ficam responsáveis pela fiscalização do cumprimento das regras por parte dos diferentes operadores. Cargos novos De acordo com a proposta que vai ser apresentado à Assembleia Legislativa, vai ainda ser criado um novo posto que será o “principal responsável da cibersegurança”. Esta é uma obrigação das operadoras e o profissional que ocupar o cargo tem de ter residência habitual no território. Segundo o assessor do gabinete do secretário para a Segurança, Chan Hin Chi, tem de ser alguém “com competência de mobilizar recursos humanos e financeiros e demais apoios logísticos para poder melhor monitorizar a segurança cibernética”, além de idóneo e com experiencia profissional na área da cibersegurança. Cabe ainda ao principal responsável da cibersegurança “avisar o CARIC sempre que ocorrerem “incidentes”, acrescentou Leong Heng Teng, bem como “proceder regularmente à auto-avaliação, submetendo o respectivo relatório à entidade supervisora”. Telefones controlados As operadores de telecomunicações têm, a partir da entrada em vigor da lei da cibersegurança, 60 dias para pedir aos utilizadores de cartões SIM pré-pagos os seus dados de identificação. Já os utilizadores têm, após este prazo, mais 60 dias para fornecer as informações solicitadas sem que ocorram em ilegalidade. “Se o cliente não quiser fornecer os seus dados à operadora, esta tem que desactivar aquele número”, apontou Chan Hin Chi. O objectivo é garantir que todos os utilizadores das redes telefónicas locais se encontrem devidamente identificados, acrescentou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeLECM | Laboratório que mudou a construção civil em Macau nasceu há 30 anos Corria o ano de 1988 quando o governador Carlos Melancia assinou o despacho de criação do Laboratório de Engenharia Civil de Macau. Com grandes projectos de construção a nascerem às portas da transferência de soberania, foi preciso criar regulamentos e fazer quase tudo de raiz. Ao Peng Kong, director, recorda os tempos de inovação que se viveram desde a génese do organismo [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ortugal ia entregar a administração de Macau à China e, nos finais dos anos 80, faltavam infra-estruturas essenciais ao território. Ainda não tinha sido erguido o Aeroporto Internacional de Macau, inaugurado em 1995 e só havia uma ponte a ligar a península à Taipa. Coube a Carlos Melancia assinar o despacho que decretou a criação do Laboratório de Engenharia Civil de Macau (LECM) no ano de 1988. Além de faltaram leis e regulamentos relativos a materiais e outras técnicas de construção, era necessário formar pessoas, como assegura o despacho publicado em Boletim Oficial. “A indústria da construção civil tem vindo a assumir importância crescente em Macau, sendo já considerável a sua contribuição directa e indirecta para a economia do território, tanto através da sua componente pública, de que são exemplo os grandes empreendimentos já em curso ou a lançar brevemente, como da sua componente privada”, lê-se no despacho que oficializou a génese do organismo. Havia, por isso, a “necessidade de dispor de meios que permitam satisfazer as exigências técnicas e económicas da actividade”, pelo que se aconselhava “a criação de um organismo capaz de lhes responder oportuna e adequadamente, dando às empresas e aos serviços o apoio de que carecem”. Desta forma, foi criado um “organismo de tipo associativo”, que teria um “papel motor que esse organismo pode desempenhar na formação de técnicos locais, com todos os benefícios que daí advirão para o território”. Ao Peng Kong, actual director do LECM, começou a trabalhar no LECM quando faltava quase tudo no sector da construção civil ao nível de regulamentos técnicos. Ao HM, Ao Peng Kong recordou como foi fundamental nesta fase a colaboração com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), de Portugal. “O LNEC ajudou o LCEM. Macau ia passar para administração chinesa e o Governo português queria lançar grandes projectos para Macau. Na altura, a capacidade técnica existente no território não era tão elevada como é agora. Muitos especialistas foram enviados para Macau e era o início de tudo”, recordou. Uma vez que o LECM teve de “começar tudo praticamente do zero”, os desafios impuseram-se logo desde o início, pois os seus profissionais não tiveram oportunidade para trabalhar primeiro com obras de média ou reduzida dimensão. “O LECM começou a operar e recebeu logo grandes projectos, como é o caso do aeroporto. Tivemos de começar tudo praticamente do zero. Tínhamos a ajuda de Portugal e da China, mas Macau não tinha quase nada. Essa foi a grande dificuldade que sentimos”, apontou Ao Peng Kong. Depois de 1995, com a inauguração do aeroporto, já pelo governador Vasco Rocha Vieira, o LECM pôde dedicar-se à elaboração dos regulamentos técnicos. “Completámos praticamente os trabalhos relativos aos testes de materiais, questões geotécnicas, certificações. Passo a passo, o LECM construiu o seu próprio sistema de gestão.” Depois desse período, coube aos engenheiros civis e técnicos do laboratório trabalharem em projectos mais locais, como é o caso de algumas habitações públicas, o centro de ciência ou a ponte de Sai Van, uma das três travessias entre Macau e Taipa. Um dos nomes que fazem parte dos 30 anos do LECM é o do professor Henrique Novais Ferreira, falecido em 2016, que foi distinguido pelo Presidente da República no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Apesar de já estar com mais de 90 anos de idade, Novais Ferreira marcava presença diária no LECM. “Todos os dias, às 08h15 entro no meu gabinete. Todos os dias às 18h00 regresso a casa. Não há fim-de-semana. Por duas razões: uma delas é porque há bastante trabalho, outra é porque se eu soubesse só o que estudei na escola, hoje já não era engenheiro porque já estava completamente desactualizado”, afirmou aquele que foi considerado o “Manoel de Oliveira” da engenharia civil, e que acompanhou os primórdios do estabelecimento do LECM. Única entidade “independente” António Trindade, CEO da CESL-Ásia, defende que, 30 anos depois da sua criação, o LECM afigura-se no panorama local como a única entidade que certifica obras e materiais de forma totalmente independente. “O LECM é, provavelmente, a única entidade que funciona como certificador independente e que faz esse trabalho de forma profissional em Macau. Não conheço outra, e em Macau é fundamental o profissionalismo. Essa foi a grande razão para a criação do LECM”, disse ao HM. Trindade assegura que a população pode confiar no trabalho desenvolvido pelo LECM. “Na altura, não havia nenhuma entidade independente que fizesse esse trabalho e hoje em dia o LECM é, sem dúvida, uma entidade de referência. Os padrões utilizados são universais, ao nível da certificação de materiais e outras áreas. O LECM mantém a sua actualidade.” Quando não existia LECM, todos os edifícios eram certificados por entidades privadas “que não eram independentes e que eram, claramente, questionadas quando emitiam as suas opiniões”, recorda o CEO da CESL-Ásia. A qualidade das obras em Macau foi um ponto bastante discutido aquando da passagem do tufão Hato pelo território, o ano passado, que deixou um rasto de janelas e infra-estruturas recentes totalmente destruídas. António Trindade destaca aqui o “lado social” do LECM. “Posso garantir que todos os edifícios que o LECM analisou, e que disse que estão em condições, estão de facto em condições.” “Hoje as pessoas queixam-se das obras de má qualidade e que as coisas não são feitas como deve ser, mas a verdade é que houve projectistas que assinaram, houve fiscalizações e as coisas continuam a ser mal feitas. Há muitas entidades que certificam em Macau, mas nenhuma tem a independência do LECM”, acrescentou. Ao Peng Kong destaca o facto do LECM ter contribuído para a elaboração dos regulamentos que ainda hoje estão em vigor e que seguem as normas internacionais, garantindo a segurança de muitas obras. “Antes da transferência de soberania, elaborámos muitos regulamentos técnicos para o Governo. Estes eram os únicos regulamentos disponíveis para os grandes projectos de construção, ao nível de fundações, materiais, entre outros. Isso foi muito importante para Macau e levou a um desenvolvimento das regulações aplicadas a todo o sector da construção civil.” Nova ponte foi “boa experiência” No ano em que celebra 30 anos de idade, o LECM tem em mãos cada vez mais projectos que obrigam à cooperação regional com territórios vizinhos, nomeadamente China e Hong Kong. Para Ao Peng Kong, trabalhar na construção da nova ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau foi uma “boa experiência”. “O LECM esteve bastante envolvido, tal como tem estado noutros projectos de construção dentro e fora de Macau. A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes confia no LECM para o processo de certificação de todos os materiais fabricados na China que vêm para Macau. Ao nível da nova ponte, o LECM certificou todos os materiais utilizados, essa foi uma experiência bem sucedida para nós.” Questionado sobre as notícias relativas à falsificação de materiais e testes na nova ponte, por parte de engenheiros civis de Hong Kong, Ao Peng Kong apenas referiu que “este foi um projecto de construção com padrões bastante elevados”. “Posso dizer que tivemos uma boa experiência de trabalho com as autoridades de Hong Kong e todas as empresas subcontratadas. Foi desenvolvido um trabalho de grande qualidade e houve uma boa cooperação com o LECM. Foram respeitados padrões de qualidade elevados e estamos felizes por termos participado neste projecto.” O LECM é uma “organização técnico-científica, sem fins lucrativos, de utilidade pública, com autonomia técnica e financeira e património próprio”. Tem inúmeras associações, profissionais e empresas associadas, além do próprio Governo de Macau, que representa 33 por cento, sendo que 30 por cento são empresas de construção. Nomes como o do empresário chinês Ng Fok, que tem laços empresariais ao primeiro Chefe do Executivo da RAEM, Edmund Ho, fazem parte da lista de associados, tal como o arquitecto Eddie Wong, autor de vários projectos públicos e responsável pelo projecto do novo hospital das ilhas. A Universidade de Macau também faz parte da lista, onde as empresas fornecedoras de materiais representam apenas sete por cento. A cerimónia de celebração dos 30 anos do LECM decorre na próxima terça-feira, 18 de Setembro.
Hoje Macau DesportoFutebol | Coreia do Sul de Paulo Bento empate com o Chile [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Sul, treinada pelo português Paulo Bento, empatou ontem sem golos com o Chile, em jogo particular disputado em Busan, na Coreia do Sul. Foi o segundo jogo dos sul-coreanos sob o comando do técnico português, que em agosto assumiu a seleção principal daquele país asiático. Paulo Bento tinha-se estreado com um triunfo diante da Costa Rica (2-0), na última sexta-feira, também em jogo particular. Na sua carreira, Paulo Bento destacou-se ao serviço do Sporting, clube com o qual ganhou duas Taças de Portugal e duas Supertaças, num percurso em que treinou também a seleção portuguesa, o Cruzeiro, o Olympiacos e os chineses do Chongqing Lifan, o seu último clube.
Hoje Macau DesportoVice-campeã mundial Croácia “cai com estrondo” em Espanha para a Liga das Nações [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Croácia, no seu primeiro jogo oficial desde que é vice-campeã mundial de futebol, caiu com ‘estrondo’ em Elche, goleada por 6-0 pela Espanha, que assim somou o segundo triunfo na Liga das Nações. A ‘estrelinha’ de Luís Enrique, o treinador da ‘roja’ pós-mundial, já tinha brilhado na vitória por 2-1 em Inglaterra, mas hoje foi ‘ofuscante’, perante a forte seleção croata, de Modric e Rakitic. O resultado deixa a Espanha mais primeira no Grupo 4 da Liga A, com seis pontos, enquanto que Croácia e Inglaterra, ambos com um jogo a menos, ainda estão sem pontuar. Também se jogou para o Grupo 2 desta ‘primeira divisão europeia’, na Islândia, onde a Bélgica confirmou todo o seu poder ofensivo, com um golo de Eden Hazard, de grande penalidade, e dois de Romelu Lukaku. Em Elche, apostar-se na vitória da Espanha até tinha lógica, mas antever uma goleada de ‘meia dúzia’ era totalmente impensável, sobretudo porque conseguida ante a seleção que no Mundial só foi travada pela campeã França. Bastaram pouco mais de 10 minutos, entre o 24 e o 35, para a Espanha ‘desbaratar’ o adversário, em jogo que até então seguia equilibrado. Saul Niguez (24), Asensio (34) e Kalinic (35, na própria baliza), fizeram os golos que chegaram antes do intervalo. Depois do descanso, ainda marcaram o ex-benfiquista Rodrigo (49), Sérgio Ramos (57) e Isco (70), para um resultado histórico da seleção espanhola. Em grande forma continuam as vedetas da Bélgica, com Kevin de Bruyne, lesionado, a ser a única ‘baixa’ relevante em Reiquejavique. De grande penalidade, Eden Hazard abriu o marcador, aos 29 minutos, após o que Lukaku ‘bisou’, com golos aos 31 e 81, o último a passe de Mertens. O Grupo 2 segue com comando repartido de Suíça e Bélgica, com três pontos, à frente da Islândia, ainda ‘a zeros’ e com um impressionante ‘goal-average’ negativo de 0-9. Para a Liga B, segundo escalão da competição, apenas se jogou a receção da Bósnia-Herzegovina à Áustria, com vitória dos balcânicos por 1-0, graças a um tento do ‘inevitável’ Edin Dzeko. Dois jogos na Liga C – Hungria-Grécia (2-1) e Finlândia-Estónia (2-1) – e outros tanto na Liga D – San Marino-Luxemburgo (0-3) e Moldávia-Bielorrússia (0-0) – completaram o programa de hoje na Liga das Nações.
Hoje Macau SociedadeTufão Barijat | Sinal 3 será içado às 13h00 de hoje. “Super tufão” Mangkhut chega no fim-de-semana [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) acabam de anunciar que o sinal 3 de tempestade tropical referente à tempestade tropical “Barijat” será içado às 13h00, sendo que às 11h00 o ciclone tropical se situava a cerca de 240 quilómetros a sueste de Macau. A possibilidade de içar o sinal 8 na noite de hoje é “moderada”, uma vez que se prevê que o “Barijat” se aproxime de Macau “gradualmente hoje à noite”, podendo cruzar a cerca de 200 quilómetros “no ponto mais próximo do território”. De acordo com o comunicado ontem emitido, “espera-se que se continue a intensificar e que venha a atravessar a parte norte do mar do sul da China, movendo-se a uma velocidade relativamente rápida para oeste, em direcção à península de Leizhou”. A partir desta tarde os SMG apontam para uma intensificação dos ventos, existindo a possibilidade de ocorrência de aguaceiros e trovoadas. O sinal de “Storm Surge” foi emitido esta manhã, às 11h00, prevendo-se que entre a noite e a madrugada de quinta-feira, dia 13 de setembro, “possam ocorrer inundações ligeiras no Porto Interior”, apelando-se à população “que preste atenção e tome medidas preventivas necessárias”. Os SMG alertam para a chegada do intitulado “super tufão” “Mangkhut”, que actualmente está localizado na parte noroeste do oceano pacífico, continuando a mover-se em direcção a oeste. “Prevê-se que no fim-de-semana o sistema afecte significativamente a costa meridional da China”, apontam os SMG, que pedem que se tome atenção, para já, ao “Barijat”. “Como o ciclone tropical vai afectar o território durante hoje e amanhã, apelamos à população que preste atenção ao impacto do ‘Barijat’ em Macau em primeiro lugar”, lê-se.
Hoje Macau EventosPrimeira gravação conhecida de David Bowie valeu 45 mil euros em leilão [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] primeira gravação conhecida de David Bowie, que na altura tinha 16 anos e era vocalista da banda The Konrads, foi vendida esta terça-feira num leilão na Grã-Bretanha por cerca de 45 mil euros. A Omega Autions, especialista em leilões relacionados com a música, disse que o leilão foi “frenético”, por uma gravação que remonta a 1963. O registo foi descoberto este ano num sótão. A música, intitulada “I Never Dreamed”, foi gravada num estúdio em 1963, quando o grupo pediu a David Bowie, então conhecido pelo seu nome verdadeiro David Jones, que a cantasse. Esboços promocionais feitos por David Bowie, na época um desconhecido, fotografias e documentos do grupo também foram vendidos por 19.235 euros, enquanto um poster do grupo The Konrads, também de 1963, valeu 6.737 euros, disse a casa de leilões. David Bowie deixou a banda e apenas seis anos depois, em 1969, atingiu o sucesso com a música “Space Oddity”. Bowie morreu em 10 de janeiro de 2016, dois dias depois de lançar o seu último álbum, “Blackstar”, por ocasião do seu 69.º aniversário.
Hoje Macau Eventos“Extinção”, video-instalação de Salomé Lamas, tem estreia no Museu do Chiado, em Lisboa [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] nova vídeo-instalação “Extinção”, o mais recente projeto de Salomé Lamas, sobre a problemática das fronteiras na actual Rússia, vai ter estreia nacional no dia 20 de setembro, no Museu do Chiado, em Lisboa. De acordo com o sítio ´online´ do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, a nova obra ficará patente até 25 de novembro e tem curadoria de Emília Tavares. O mais recente filme de Salomé Lamas “aborda a problemática das fronteiras na atual Rússia e o latente conflito que algumas destas regiões mantêm, sob o peso da história da ex-URSS”. A obra, de acordo com um texto do museu, acaba por tornar-se um documento sobre a construção da identidade coletiva e o confronto com a crescente vaga de nacionalismos. O filme decorre na região da Transnistria, “um dos países mais pobres da Europa, onde, através de um mosaico de elementos ficcionais e reais, lidos por Kolya, é revelada a ´guerra surda´ que o regime autocrático de Putin tem implementado na região, sob a estratégia da ´guerra sem guerra´ e da ´ocupação sem ocupação´”. Salomé Lamas estudou cinema em Lisboa e Praga, artes visuais em Amesterdão, e é doutoranda em arte contemporânea em Coimbra. O seu trabalho tem sido exibido tanto em contextos artísticos como em festivais de cinema tais como Berlim, Museo Arte Reina Sofia, Museu do Chiado, DocLisboa, Cinema du Réel, Visions du Réel, MoMA, Guggenheim Bilbao, Harvard Film Archive, Jewish Museum de Nova Iorque, Fid Marseille, Viennale, Culturgest, Centro Cultural de Belém, Hong Kong Film Festival, Museu de Serralves, Tate Modern, entre outros. Lamas recebeu diversas bolsas, tais como a Gardner Film Study Center Fellowship da Universidade de Harvard, Fundação Botin, Fundação Rockefeller – Bellagio Center, Fundação Calouste Gulbenkian, Festival Sundance e Fundação Bogliasco. Colabora com a produtora O Som e a Fúria e é representada pela Galeria Miguel Nabinho, em Lisboa.
David Chan VozesCrimes, escapadelas e computadores (II) [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]semana passada analisámos um caso ocorrido numa escola básica. Quatro professoras divulgaram as perguntas de um teste para admissão de alunos e foram acusadas de “aceder a computadores com intenção criminosa ou desonesta” ao abrigo da alínea 161(1)(c) do Código Penal de Hong Kong. Esta alínea cobre este género de delitos e ainda as infracções por recolha e divulgação de imagens intímas. Relacionado com a esta última infracção, destacamos um caso que deu muito que falar. Atlex Chow Lik-sing, um motorista de taxi de 50 anos, alegou inocência após ter sido acusado de fotografar uma passageira que amamentava o seu bebé, e de ter colocado as imagens no Facebook, em Dezembro de 2016. A juiza Ada Yim Shun-yee recusou-se a adiar o julgamento e quis saber porque é que os advogados de acusação, que estavam sempre a pedir adiamentos, tinha optado pela acusação de uso de computador com intenção criminosa ou desonesta, e não tinham escolhido outra mais apropriada. Basicamente, a alínea 161(1)(c) é um saco onde cabe quase tudo. Se for usado um computador em qualquer fase da preparação de um crime, pode recorrer-se à alínea 161(1)(c) para adicionar mais uma acusação de fraude ou até de corrupção. Após o smart phone ter sido equiparado a um “computador”, a alínea 161(1)(c) pode ser amplamente aplicada. É válida para casos de fuga de informação de testes escolares, como para o registo de imagens de mulheres a amamentar ou ainda para divulgação de imagens intímas. Sem este enquadramento legal, seria difícil acusar os responsáveis. No entanto, o caso das professoras revelou uma interpretação diferente da alínea 161(1)(c), e por isso é provável que agora, nestas situações, a acusação tenha algum cuidado até se ficar a saber a decisão do Tribunal de Recurso. Para que a legalidade prevaleça, em certos casos devem aplicar-se outras leis para “substituir” a alínea 161 (1) (c). A divulgação de imagens intímas pode constituir um problema. Considera-se captação de imagens intímas, quando são feitas fotografias ou videos, num certo ângulo e de forma sub-reptícia, de forma a revelar a anatomia feminina por baixo dos vestidos. Aos olhos da lei de Hong Kong ainda não é considerado crime sexual. Desta forma, o réu só pode ser acusado de ociosidade ou de crime contra a honra. É por este motivo que a decisão do juiz de absolver as professoras que divulgaram as perguntas dos testes resultou num desastre legal. Vejamos agora, porque é que o Tribunal de Primeira Instância recusou condená-las. Durante a audiência, o juiz Pang colocou uma questão fundamental: seriam apropriadas as acusações que lhes eram imputadas? Por outras palavras, os actos que praticaram ao “aceder a computadores” poderiam ser considerados infracções ao abrigo da alínea 161(1)(c) do Código Penal? Esta pergunta causou surpresa a ambas as partes, porque nunca tinha sido feita numa sala de audiências. Pang adiantou ainda que “obter acesso a um computador” com intenções criminosas ou desonestas, não é o mesmo que “usar um computador” com esses intuitos. Se a infracção era baseada no uso do computador, tinha um largo espectro e seria incompatível com o precedente “caso Li Man Wai”. Este caso demonstrou que a lei não castiga por igual todas as formas de acesso a computadores, só proibe a extracção e o uso, não autorizado e desonesto, de informação. Mas este caso ainda não está encerrado pois aguarda a decisão final do Supremo Tribunal de Hong Kong. No entanto, a julgar pelas palavras do juiz, podemos verificar a importância da interpretação legal. As palavras “acesso” e “uso” são semelhantes, mas acabam por ter significados diferentes. O juiz tem o dever de assegurar que o seu uso é correcto. Em casos do foro do direito penal é crucial, sobretudo para o réu, que a lei seja interpretada à letra. E a interpretação de um juiz pode vir a ser usada por outros no futuro. É por este motivo que devemos encarar a lei com toda a seriedade. Se todos compreenderem a importância do cumprimento da lei, o estado de direito será alcançado. Talvez esteja na altura de o Governo de Hong Kong fazer algumas emendas às leis. O registo de imagens íntimas é disso exemplo. Se o Supremo Tribunal aceitar a argumentação do juiz Pang, as mulheres de Hong Kong vão precisar de uma lei de protecção. Para concluir, divulgar as perguntas dos testes com antecedência é obviamente uma conduta imprópria e condenável. Nenhum professor o deverá fazer, sem qualquer sombra de dúvida.
Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasPoemas de Li Bai [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]primeira vez que tive contacto com Li Bai remonta ao ano de 1992, com a tradução de António de Graça Abreu dos poemas deste poeta da Dinastia Tang. Seguiram-se outras traduções ou versões que fui encontrando, aqui e ali. Mais tarde, em 2001, nos três meses que passei por Macau, o contacto com o poeta Yao Jing Ming – que tinha conhecido no ano anterior em Lisboa – motivou-me para aprofundar o conhecimento do poeta. Estive sempre ciente do enorme muro da língua chinesa e limitei-me às traduções de outros e alguns textos teóricos acerca do poeta. Assim, os poemas que aqui vou apresentar, são poemas que cruzam inúmeras traduções e, sempre que possível, esclarecimentos com pessoas chinesas. Não pretendo que os poemas sejam lidos como traduções, que não são, evidentemente, nem tão pouco assumo qualquer tipo de autoridade que não seja o do amor à poesia em geral e aos poemas de Li Bai – ou o que julgo serem os seus poemas – em particular. De resto, respeito o número de versos de cada poema e tento sempre que posso apresentá-los com a concisão que me é possível, exigência dos próprios originais. A FLAUTA DE BAMBU NA NOITE DE PRIMAVERA EM LUOYANG De quem é este coração, que sopra implacável a flauta de jade? Alaga por toda a aldeia de Luoyang o doce vento da Primavera E prende-me aos ramos de uma canção antiga, “O salgueiro que se parte”. Fico sem quaisquer forças para não pensar na terra onde nasci. DESCENDO A MONTANHA ZHONGNAN E FICAR A BEBER COM UM AMIGO A MEIO DA NOITE Com o sol em declínio e a lua a seguir os meus passos, Desço a montanha azul. Olho para trás, para tudo o que já fiz, E só vejo sombras de muitas sombras. Junto ao conhecido portão coberto de flores Os filhos de um velho amigo chamam-me. No estreito e longo caminho verde de bambus A minha roupa agarra-se às silvas, não quer que eu siga. Mas é uma alegria poder descansar E beber o precioso vinho do meu amigo. Cantamos, afinados pelo vento que faz vibrar os pinheiros, Até que as estrelas brilhantes não passem de recordações. Mais bêbados e mais alegres que qualquer coração apaixonado, Esquecemo-nos de nós, do mundo e de tudo a que se possa dar importância.
Rui Filipe Torres h | Artes, Letras e IdeiasLabirinto da saudade [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]o nome do filme documentário/ensaio de Miguel Gonçalves Mendes que teve estreia a 24 de Maio com distribuição da NOS Lusomundo Audiovisuais e fez 1.722 espectadores nas 170 sessões que tiveram lugar nas salas das Amoreiras e El Corte Inglês em Lisboa, Alameda Shop e Arrábida Shopping no Porto, Alma Shopping em Coimbra. O número referido de espectadores corresponde a uma receita bruta de 9.225,16€. Mas dizer isto é quase nada dizer sobre o filme e sobre as condições de produção e visibilidade/exibição do cinema português. O labirinto da Saudade, é uma adaptação da obra homónima, é um ensaio documental narrado pelo próprio Eduardo Lourenço que percorre os espaços da sua memória e da própria história e identidade portuguesa, em busca da resposta do que é, afinal, isto de se ser português. É assim que a produtora LONGSHOT apresenta o filme e com esta introdução começa-se a perceber melhor ao que o filme vem e o que trabalha. Eduardo Lourenço e o filme que é filmado na sua cabeça Diz Eduardo Lourenço após uma sessão de visionamento em casa de Pilar Del Rio: “Nunca imaginei na minha vida ser actor de mim próprio. Obrigado Miguel. Isto foi uma das grandes surpresas da minha vida, tudo isto. Que não sei bem o que é: uma espécie de ficção – uma ficção encantatória -, diria, para me dar algum relevo antes de me ir embora. É uma espécie de requiem. É uma imagem interessante porque uma das coisas que mais me impressionou na vida foi o primeiro filme que eu vi sobre Dom João, rodeado de musas. Há demasiadas musas neste filme. Tenho a sorte de ter tido bons amigos na vida, como este cineasta. No princípio, por ser baseado no livro, pensei que não haveria qualquer referência à Annie, a minha mulher. Mas está lá tudo, o que devia estar, o amor e uma ausência sem solução. E com ela estão os meus amigos que partilharam estes pensamentos e foram de uma generosidade talvez excessiva, pra mim, e que me é muito difícil de suportar. Eu sou eu. Comigo eu entendo-me. Ou vou-me entendendo mais ou menos. Mas não posso, não consigo pensar-me com o olhar dos outros. Sinto-o como uma coisa excessiva para uma pessoa que não tem uma notoriedade que corresponda a esta espécie de “conto de fadas”. Com alguns pontos infelizmente negativos, pelo meio. Tudo isto é moderado e modelado pelas intervenções dos diálogos que eu vou tendo com as diversas pessoas que se cruzam no meu percurso. Gente que quis dialogar comigo, que quis perceber o que é que eu andei a dizer por ai de maneiras talvez um pouco crípticas e misteriosas. O filme é demasiado, demasiado grande para mim, demasiado… quer dizer, toca-me em pontos que são muito sensíveis. Não quero dizer com isto que achei o filme chato. Pelo contrário, a questão é que chato sou eu na realidade. E eu não posso sair deste filme como se não estivesse lá dentro. E isso é obra e consagração de quem fez o filme. Eu não queria nada imitar o Agostinho da Silva mas tenho algum receio que me transformem numa espécie de segunda versão do Agostinho. E é muito interessante que no filme apareçam essas referências ao Brasil. Que às vezes parecem um tema tabu. Esse diálogo com o Gregório é um dos melhores. Nunca tinha oportunidade de dizer o que me vai realmente na alma sobre o Brasil – essa presença/ ausência. De nós com ele e deles de nós. Tudo isto foi uma aventura, uma das aventuras, digamos, pouco romanescas como no nosso passado. Sobretudo, dos tempos em que fomos descobridores de mundos. Mas eu não descubro nem descobri coisa nenhuma. O que eu conheço já está descoberto há muito tempo. Eu limito-me a navegar na navegação dos outros por minha própria conta. Cada um julgará da minha performance neste filme ou falta dela. No Sentido que poderá ter esta navegação, por conta de um sonho, que é maior do que eu. Claro que nunca imaginei ser ator de mim próprio. E eu tenho a consciência de que não sou ator de modo nenhum. Como disse nunca imaginei na minha vida ser ator de mim mesmo. Esta é uma aventura que não corresponde às minhas capacidades. Esta aventura de me vestir nela de uma maneira criadora como aquilo que tentei fazer, por minha própria conta, quando escrevi o Labirinto da Saudade. De maneira que esta foi uma nova oportunidade de refletir toda uma mitologia que muitos contestam, e talvez até com razão, e assim foi me oferecida a oportunidade de emendar de novo um certo número de temas ou propósitos. Enfim, quem me ouve, quem me lê. Sobretudo quem me leu estará em circunstâncias de me corrigir que bem preciso. É um belo filme. Mas eu preferia que fosse outra pessoa a vestir esta coisa que me fica larga. Não houve nada que me tivesse chocado. Uma pessoa mitifica-se como pode. Mas pronto está feito, está feito.” Miguel Gonçalves Mendes (o realizador do documentário José e Pilar) filma “O Labirinto da Saudade” de Eduardo Lourenço. O filme é uma viagem pelo interior de uma mente brilhante, inquieta, e amante. Um amor continuado pela mulher com quem casou e viveu longos anos em França, um amor continuado pelo capacidade e exercício do pensamento, um amor continuado por um território real e simbólico com uma história já próxima do milenar, — faltam 169 anos, foi em 1179 que o Papa Alexandre III assinou a bula Manifestis Probatum que concede o título de Rei a Afonso Henriques — que se chama Portugal. Aos 94 anos, o escritor e filósofo Eduardo Lourenço faz eco em nós das perguntas que até hoje nele perduram. Que traumas nos definiram enquanto povo? Quem somos? O que fizemos? Que atrocidades cometemos? Quais os caminhos que podemos seguir? São estas questões o ponto de partida e o caminho percorrido em “O Labirinto da Saudade”, filme sobre uma “nação condenada desde a sua origem a esgotar-se em sonhos maiores do que ela própria”. Mas atenção, talvez que até hoje, esse seja um património comum à génese de todas as nações, qual a nação que pode existir e não soçobrar se nela não houver lugar para um sonho de si maior mesmo que ela própria, um sonho talvez até mesmo impossível? Pode um País existir sem sonho? E no caso particular Português, que sonho é esse que nos faz, que nos alimenta e nos distingue? Narrado e protagonizado pelo próprio Eduardo Lourenço, o documentário percorre os corredores da memória própria e da história de Portugal. Cruza-se com fantasmas e amigos do seu presente – Álvaro Siza Vieira, José Carlos Vasconcelos, Diogo Dória, Gonçalo M. Tavares, Lídia Jorge, Ricardo Araújo Pereira e Gregório Duvivier, que assumem o papel de interlocutores e coadjuvantes condutores das reflexões escritas no livro. O cinema é o dispositivo por excelência do sonho partilhado e, neste filme encantatório, como o referiu Eduardo Lourenço, há um personagem que é um homem hoje com quase um século de existência para quem por razões de carácter – aquilo que lhe é próprio – e de destino – a possibilidade escolhida no conjunto sempre múltiplo das possibilidades que nos contextos foi encontrando – teve como objecto de trabalho e de afecto pensar o território que o viu nascer. Esse território tem nome de nação, chama-se Portugal. Materialidade e Sonho, inteligência e agudeza de espírito, simplicidade e encanto, um sonho que foi e é vida, é o que cada espectador partilha sente e vive quando da visibilidade em grande ecrã na sala escura deste filme que é uma das pequenas/grandes obras cinematográficas de Portugal em 2018. Não perca. https://www.youtube.com/watch?v=LdUawS1Mv94
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Abe promete reformar Constituição em caso de novo mandato O primeiro-ministro japonês prometeu ontem reformar a Constituição pacifista do arquipélago, durante o lançamento da campanha para um novo mandato na liderança do Partido Liberal-Democrata (PLD), que chefia sozinho há seis anos [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]hinzo Abe, de 63 anos, é dado como o favorito para a eleição de 20 de Setembro, à qual concorre um único adversário, o antigo ministro da Defesa Shigeru Ishiba, de 61 anos. Uma vitória representará mais três anos à frente da terceira maior economia do mundo e a mais longa chefia do Governo na história do Japão. “Chegou a altura de proceder à reforma da Constituição”, declarou Abe, ao anunciar a intenção de submeter uma proposta de lei ao parlamento até final do ano. Na Constituição, ditada em 1947 pelo ocupante norte-americano, na sequência da rendição do Japão no final da Segunda Guerra Mundial, Abe pretende alterar o artigo 9 que consagra a renúncia “para sempre” à guerra. O texto, visto pelos meios nacionalistas como uma humilhante relíquia da derrota imperial de 1945, acrescenta que para aquele fim “nunca serão mantidas forças terrestres, navais e aéreas, ou outro potencial de guerra”. Fiel aliado dos Estados Unidos durante a Guerra-Fria, o Japão reconstituiu forças militares, denominadas “forças de autodefesa”, que só podem intervir se o país for directamente atacado. Shinzo Abe explicou que pretende modificar a Constituição para dar um estatuto claro a estas tropas, ao mesmo tempo que mantém o princípio fundamental do pacifismo ao qual os japoneses dão grande importância. Por outro lado No discurso, o primeiro-ministro destacou a estratégia de relançamento económico, “abenomics”, que permitiu manter uma taxa de desemprego muito reduzida, aumentar o número de turistas e voltar a dar ao Japão “uma economia decente”. Na frente diplomática, Abe reafirmou a “determinação de se encontrar pessoalmente” com o dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, para resolver a questão dos cidadãos japoneses raptados por agentes norte-coreanos nos anos 1970 e 1980 do século passado para formar espiões. O rival de Abe, Ishiba, que tinha denunciado a ausência de debate no seio do partido, sublinhou os problemas demográficos do país, confrontado com um envelhecimento da população e uma fraca taxa de natalidade, bem como a ameaça nuclear norte-coreana.
Hoje Macau China / ÁsiaVietname impede entrada de responsável de organização de direitos humanos [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]secretária-geral da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) disse ontem ter sido impedida de entrar no domingo no Vietname, onde ia participar esta semana numa reunião do Fórum Económico Mundial. Debbie Stothard explicou à Lusa que foi impedida de entrar no país no domingo, tendo ficado retida no aeroporto de Hanói durante mais de 16 horas. “Quando cheguei à imigração para entrar no país impediram-me de entrar e mantiveram-me retida. Estou agora à espera de embarcar num voo para Kuala Lumpur”, disse Stothard, num contacto telefónico com a Lusa a partir de Díli. As autoridades vietnamitas invocaram a lei que rege a entrada de estrangeiros no país e o artigo 21 que impede a entrada no país de estrangeiros “por questões de defesa nacional, segurança ou ordem social”, indicou a responsável da FIDH, que reúne organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos. “Não entendo porque me impediram. Já participei em fóruns de direitos humanos no Vietname duas vezes no passado e, na altura, a única coisa que fizeram foi seguir-me, mas sem me impedirem de entrar ou de falar”, disse. Stothard devia participar, entre hoje e quinta-feira, no Fórum Económico Mundial sobre a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), num debate sobre “inovação sob stress”, na quinta-feira. “A informação que tenho é que o representante da Amnistia Internacional que devia participar no mesmo painel que eu, não teve autorização de visto. No meu caso, como sou cidadã da ASEAN, o visto é dado à entrada”, explicou. Em comunicado, o porta-voz do Fórum Económico Mundial Fon Mathuros lamentou a decisão de impedir a entrada de Stothard, e adiantou que a organização do Fórum mantêm o convite para a participação de Stothard. “Vamos continuar a facilitar a sua participação no encontro”, referiu o porta-voz do encontro, onde devem participar vários chefes de Estado e de Governo da região e líderes empresariais de todo o mundo. Stothard considerou que acções como esta são “um sinal muito negativo” para o Vietname, especialmente no quadro de uma reunião tão importante como a do Fórum Económico Mundial. “Infelizmente, ocorre num cenário em que estamos a verificar um aumento significativo de acções do Governo que deteve dezenas de activistas de direitos humanos, bloguistas e outras pessoas acusadas de dissidência”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaTecnologia | Jack Ma anuncia que vai deixar presidência do grupo Alibaba No dia em que faz 54 anos, Jack Ma, o fundador do grupo Alibaba, que impulsionou o ‘boom’ do comércio electrónico na China, anunciou que vai deixar a presidência do grupo daqui a um ano [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m comunicado, Ma indicou que a empresa vai ficar a cargo do actual director executivo, Daniel Zhang. Licenciado em língua inglesa, Jack Ma fundou o Alibaba em 1999, num apartamento em Hangzhou, na costa leste da China, para ligar exportadores chineses a retalhistas além-fronteiras. Hoje, o grupo é a maior empresa de comércio electrónico do mundo. Além de operar as plataformas Taobao e Tmall, que dominam grande parte das vendas ‘online’ na China, passou a investir, nos últimos anos, em plataformas ‘online’ para financiamento (P2P, na sigla em inglês), computação em nuvem e outros serviços. Em 2014, o grupo protagonizou a maior entrada em bolsa a nível mundial, com uma oferta pública inicial, que angariou cerca de 19,7 mil milhões de euros. O Alibaba passou a estar cotado em Nova Iorque, mas a sede mantém-se em Hangzhou. Entretanto, Ma tornou-se num dos empresários mais ricos do mundo, com uma fortuna estimada em 32 mil milhões de euros. De acordo com o comunicado, Ma vai continuar a fazer parte da parceria Alibaba, um grupo de 36 pessoas que tem o direito a nomear a maioria dos membros do conselho de administração. “Esta transição demonstra que o Alibaba avançou para o próximo nível na governança corporativa, de uma empresa que depende de indivíduos, para uma construída num sistema organizacional de excelência, com uma cultura de desenvolvimento de talentos”, afirmou Ma, no mesmo comunicado. O empresário acrescentou que pretende “regressar ao ensino”, sem avançar pormenores. E-China O Alibaba é uma das empresas chinesas, a par da Tencent, Baidu ou Jingdong, que impulsionaram a difusão ímpar do comércio electrónico e carteiras digitais no país. Em 2016, o comércio ‘online’ na China cresceu 26,2 por cento, em termos homólogos, para 752 mil milhões de dólares, um valor equivalente a quase quatro vezes o Produto Interno Bruto (PIB) português. O país asiático é responsável por cerca de metade do conjunto mundial de vendas pela Internet. Nas ruas de Pequim ou Xangai, o frenesim das motorizadas que fazem entregas rápidas ao domicílio é constante, enquanto milhares de fabricantes chineses abdicaram do retalho tradicional, passando a distribuir produtos exclusivamente através de plataformas ‘online’. Jack Ma, cujo nome em chinês é Ma Yun, aparece regularmente na televisão. No festival anual da companhia, ele costuma cantar música pop, vestido em trajes excêntricos. O empresário não se inibe de troçar da própria aparência e afirma que é parecido com a figura do extraterrestre no filme “E.T. – O Extraterrestre”, de Steven Spielberg, devido à dimensão desproporcional da cabeça. Ma vai completar o mandato actual, como membro do conselho de administração do grupo, até à reunião anual dos accionistas, em 2020. “Nenhuma empresa pode confiar apenas nos seus fundadores (…) devido a limites na capacidade física e energia de cada um”, afirmou, na carta, Jack Ma. “Ninguém pode assumir as responsabilidades de presidente e CEO para sempre”.
Hoje Macau China / ÁsiaKim Jong-un diz que se quer reunir com Xi Jinping [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]líder norte-coreano afirmou que quer reunir-se em breve com o Presidente chinês, Xi Jinping, para continuar a consolidar os laços com o país vizinho, informou ontem a agência noticiosa da Coreia do Norte. A mensagem foi transmitida por Kim Jong-un a Li Zhanshu, o “número três” de Pequim, que no domingo participou, em Pyongyang, nas celebrações do 70.º aniversário da fundação da Coreia do Norte. Kim explicou que uma reunião com Xi ajudará a “solidificar ainda mais e aprofundar a firme e especial relação” entre os dois países, indicou a agência KCNA. Desde Março passado, o líder norte-coreano já visitou a China três vezes. Até então, Kim, que assumiu a liderança do país em finais de 2011, nunca tinha saído da Coreia do Norte. A China é o mais importante aliado diplomático e parceiro comercial de Pyongyang, mas Xi Jinping nunca visitou o país vizinho, desde que ascendeu ao poder, em 2013. As visitas surgiram após anos de distanciamento, perante a insistência de Pyongyang em desenvolver um controverso programa nuclear e de mísseis balísticos. Li Zhanshu, que entregou a Kim uma carta enviada por Xi, sublinhou o desejo de Pequim em cimentar laços sustentáveis e estáveis, “independentemente da situação internacional”. As comemorações do 70.º aniversário do regime foram ontem destaque na imprensa norte-coreana. Ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, o regime optou por não transmitir o desfile militar em directo, numa altura de diálogo com Seul e Washington, visando a desnuclearização do país. Este ano, o exército norte-coreano também não exibiu nenhum míssil balístico de longo alcance. Kim e a mulher, Ri Sol-ju, assistiram ainda a uma representação de ginástica colectiva no Estádio 1 de Maio, em Pyongyang, que celebrou o regime e os seus feitos. Apelo chinês Li Zhanshu, presidente da Assembleia Nacional Popular, o parlamento chinês, teceu ainda algumas considerações quanto à relação entre Pyongyang e Washington. “Apreciamos muito os esforços feitos pela Coreia do Norte para assegurar a paz e estabilidade na península”, disse Li, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. Li afirmou ainda que Pequim espera que EUA e Coreia do Norte concretizem o consenso alcançado em Junho passado, durante a histórica cimeira entre Kim Jong-un e o Presidente norte-americano, Donald Trump. Os dois lados prometeram “estabelecer novas relações” e assegurar uma “paz duradoura e estável”, enquanto Pyongyang reiterou o compromisso com a “total desnuclearização da península coreana”.
Sofia Margarida Mota EventosArte | AFA apresenta “0 – Obras de Wong Weng Io” “O – Obras de Wong Weng Io” é a exposição da artista local que vai ser inaugurada no próximo dia 17 de Setembro nas instalações da associação Art for All (AFA) [dropcap style=’circle’]W[/dropcap]ong Weng Io, também conhecida como Yoyo, questiona através dos seus trabalhos “o relacionamento e o impacto mútuo entre a existência humana, informação, tecnologia, dados pessoais, inteligência artificial e robótica”, refere a apresentação do evento. De acordo com a organização, “0 – Obras de Wong Weng Io” traz à AFA uma reflexão da vida quotidiana que pode ser comparável “à infinita futilidade de Sísifo na mitologia grega”. Para o efeito, a artista recorre às sequências numéricas que se apresentam em repetições infinitas. A exposição é composta por 365 obras em acrílico feitas a partir de fotografias que imitam o movimento dos dedos humanos no ecrã dos telemóveis. É nestes movimentos e na sua transposição que mostra o que mais prende as pessoas no dia-a-dia. Numa actividade constante, sem início nem fim, naquilo a que chama de “zero”. “É o começo e é o fim. É zero e é infinito ao mesmo tempo. É como se [estes movimentos] fizessem parte de um jogo de dominó, sendo que aqui é um jogo que nunca tem um verdadeiro começo”, aponta a AFA. A exposição estará patente até 8 de Outubro.
Sofia Margarida Mota EventosDia Nacional | Acrobacia chinesa marca aniversário da RPC em Macau O 69º aniversário da República Popular da China celebra-se em Macau com um espectáculo tradicional que tem a acrobacia como ponto central. “Arco-íris sobre a Rota da Seda” vai ser apresentado a 30 de Setembro e 1 de Outubro no Fórum de Macau pela Companhia de Artes Acrobáticas de Shaanxi [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]rco-íris sobre a Rota da Seda” é o espectáculo acrobático que vai assinalar em Macau o 69º aniversário da República Popular da China, nos próximos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro. A iniciativa do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na R.A.E.M e do Instituto Cultural traz ao território a Companhia de Artes Acrobáticas de Shaanxi. O objectivo é “dar a conhecer as artes cénicas chinesas tradicionais”, refere o comunicado oficial. De acordo com a organização, “o espectáculo acrobático ‘Arco-íris sobre a Rota da Seda’ irá levar o público numa viagem através do tempo em busca de culturas europeias e asiáticas”. A apresentação conta a história de uma caravana comercial chinesa que lutou por estabelecer a Rota da Seda, na sua era dourada, durante o reinado da dinastia Tang. Com a viagem dos acrobatas, é dada a conhecer a cultura “inclusiva desta dinastia no seu auge e a Rota da Seda como uma rota de comércio e amizade”, aponta a mesma fonte. Acrobacias alternativas Ao contrário dos espectáculos acrobáticos tradicionais, “Arco-íris sobre a Rota da Seda”, não se limita à exibição de excelência de movimentos e vai mais longe: conta toda uma história em que os movimentos são acompanhados de música e dança, e em que os intervenientes envergam um guarda roupa que muda consoante o contexto. O evento que marca o Dia Nacional é apresentado em três a actos: “Chang’an Dinâmica”, “Fantasia no Campo de Neve”, “Dunhuang Hipnotizante”, “Destino Conjugal na Pérsia” e “Apaixonante Roma”. “Arco-íris sobre a Rota da Seda” foi reconhecido com os prémios Projecto Clássico da Arte Contemporânea de Shaanxi, o Prémio para Melhor Performance no 1º Festival Internacional de Artes da Rota da Seda e no 7º Festival de Artes da Província de Shaanxi com a designação do maior Projecto Cultural Nacional de Exportação 2015-2016. O programa terá lugar no Fórum de Macau pelas 20h dos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro. Os bilhetes já se encontram à venda na Bilheteira Online de Macau.
Diana do Mar SociedadeEconomia | Comércio entre Macau e PALOP foi quase nulo em 2017 Cabo-Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe não venderam nem compraram absolutamente nada a Macau em 2017. Dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) apenas Angola e Moçambique entraram nas contas e só do lado das exportações. Timor-Leste também não existe no mapa das trocas comerciais de Macau, circunscritas praticamente ao Brasil e a Portugal [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]comércio entre Macau e os países de língua portuguesa atingiu 648,8 milhões de patacas em 2017, ficando limitado praticamente ao Brasil e a Portugal. Dados disponibilizados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam zero trocas comerciais com quatro dos oito países do universo da lusofonia (Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste). Já Moçambique e Angola entraram na rota comercial, mas somente do lado das exportações. Macau vendeu a Maputo bens avaliados em 273.042 patacas – ainda assim o equivalente a um terço das exportações para o universo lusófono – e a Luanda mercadorias de 31.873 patacas, ou seja, sensivelmente 3,9 por cento das exportações. Em ambos os casos, as vendas circunscreveram-se a produtos farmacêuticos. Já as importações de Macau, tanto a Angola como a Moçambique, foram uma miragem em 2017. Medalha de prata Do universo da lusofonia, Portugal emerge como o segundo parceiro comercial de Macau, a seguir ao Brasil. O comércio bilateral com Portugal atingiu 267,5 milhões de patacas (41,2 por cento do total das trocas comerciais com a lusofonia), numa balança comercial favorável a Lisboa. Macau comprou a Portugal bens na ordem dos 267,1 milhões em 2017 e vendeu produtos avaliados em apenas 413.329 patacas. Já as trocas bilaterais com o Brasil totalizaram 380,9 milhões de patacas, ocupando um peso de 58,7 por cento, com as vendas de Macau a não chegarem sequer a 100 mil patacas. Os dados relativos aos primeiros oito meses de 2018 atestam que a ausência de trocas comerciais com metade dos países da língua portuguesa no ano passado não foi conjuntural. Entre Janeiro e Julho, Macau não comprou nem vendeu nada a Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Já para Timor-Leste apenas exportou, enquanto do Brasil apenas importou. Só com Portugal é que houve comércio nos dois sentidos. Em Outubro, numa intervenção num fórum económico integrado na Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla em inglês), o economista Félix Pontes assinalou precisamente a “dimensão frustrante” do comércio entre Macau e os países de língua portuguesa. “É um facto indesmentível que o relacionamento comercial entre Macau e os países de língua portuguesa tem tido uma dimensão frustrante, não traduzindo em nada as expectativas emergentes das frequentes manifestações políticas nesse sentido”, observou.