Coutinho diz que parque de medicina chinesa não é eficiente

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo recebeu das mãos de José Pereira Coutinho uma interpelação escrita onde questiona o funcionamento do parque científico e industrial de medicina tradicional chinesa. O deputado entende que nos últimos sete anos “de exploração e desenvolvimento, registaram-se alguns problemas, sobretudo no âmbito da formação de talentos locais na área da medicina tradicional chinesa, criação de mais oportunidades de emprego e realização de estudos”.

O deputado alega que a entidade em causa “só organiza um curso de formação ou uma aula de orientação por ano para os residentes de Macau”, pelo que não existe “um mecanismo estável e de longo prazo para a formação de talentos”.

Pereira Coutinho, que é também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), considera que os poucos cursos disponíveis “destinam-se as médicos em funções e com experiência, pelo que não são proporcionadas quaisquer oportunidades de formação ou estágio para os recém-graduados”.

Também não existem “projectos para promover a interacção entre instituições do ensino superior e instituições da área da investigação”. O deputado também alerta para o facto do parque não proporcionar oportunidades de emprego a quem vive no território.

“O parque tem apenas 11 trabalhadores residentes de Macau que, na sua maioria, não trabalham na área da medicina tradicional chinesa”, alerta o deputado, referindo o último exemplo de recrutamento ocorrido numa feira de emprego.

“Numa feira de emprego recentemente realizada em Macau, os postos oferecidos foram, na sua maioria, nas áreas de investimento, captação de investimento e aquisições, sendo poucas as vagas de emprego relacionadas com a medicina tradicional chinesa.”

Quanto custa?

O deputado considera que poucos licenciados optam pela profissão, devido à falta de condições de trabalho e de investigação. Olhando para os últimos sete anos de actividade, José Pereira Coutinho considera que o parque científico e industrial da medicina tradicional chinesa “não deu qualquer contributo para a formação de talentos nem para resolver a perda de recursos humanos e as dificuldades dos residentes na procura de emprego”.

Além disso, o parque também “não obteve resultados excelentes nos estudos levados a cabo”, pelo que “as pessoas questionam se o avultado montante investido pelo Governo foi aplicado de forma adequada”.

Perante este panorama, o deputado entende que o Executivo deve “divulgar como foi utilizado o montante investido no parque, para garantir o bom uso do erário público e esclarecer que não existe um conluio de interesses”.

José Pereira Coutinho também pede a divulgação das investigações e resultados obtidos nos últimos anos.

13 Set 2018

Direito do Jogo| Deputado e ex-chefe da PJ criam associação

Zheng Anting e Kwok Chi Chung criaram a Associação de Estudos de Política e Direito do Jogo de Macau. Larry So considera que a nova “irmandade” pode aproveitar o momento do sector, que caminha a passos largos para os novos processos de atribuição de licenças de jogo

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Zheng Anting e o ex-Chefe da Divisão de Prevenção e Combate aos Crimes Relacionados com o Jogo da Polícia Judiciária, Kwok Chi Chung, criaram uma nova associação com o objectivo de estudar as políticas do sector do jogo e as leis que o regem. O aviso da criação da denominada Associação de Estudos de Política e Direito do Jogo de Macau foi publicado ontem, no Boletim Oficial da RAEM.

Segundo os objectivos referidos na publicação, a entidade recém-criada vai focar-se nos objectivos de “contribuir para o desenvolvimento das leis do jogos e políticas no sector” no território, promover intercâmbios entre entidades académicas e profissionais do sector em Macau com congéneres estrangeiras, organizar e realizar pesquisas na área, além de prover a RAEM e o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’.

Zheng Anting tem defendido, em diversas intervenções na Assembleia Legislativa, o sector do promotores do jogo, conhecidos como junkets. Ainda recentemente, o deputado alertou o Executivo para a falta de talentos e mão-de-obra, no sector. Além disso, o legislador, que foi eleito em segundo lugar na lista de Mak Soi Kun, é Vice-Presidente da Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau.

Já Kwok Chi Chung foi Chefe da Divisão de Prevenção e Combate aos Crimes Relacionados com o Jogo da Polícia Judiciária e está ligado ao sector do jogo através da presidência Associação de Mediadores de Jogos e Entretenimento.

Novas licenças de jogo

A criação da associação surge numa altura em que se discute a possibilidade de prolongamento das actuais licenças de jogo das seis operadoras e o futuro concurso público para novas concessões. As actuais licenças expiram entre 2020 e 2022 e o Governo pode optar por fazer renovações anuais até um limite de cinco anos, mas depois terá de lançar novos concursos públicos.

Esta associação pode assim candidatar-se a eventuais concursos públicos para a atribuição de estudos sobre o sector, encomendados pelo Executivo. Este é um cenário que o comentador político Larry So não afasta, e diz tratar-se de uma prática comum.
“Não vejo na criação desta associação qualquer prática que se afaste do que normalmente acontece em Macau. Está tudo dentro da legalidade. Mas claro que este tipo de associações [devido aos membros envolvidos] tem uma certa vantagem quando há concursos públicos para fazer estudos para o Governo”, opinou Larry So, que considerou ainda que a questão não levanta grandes problemas no território, desde que haja declaração de interesses.

“A altura em que esta associação surge talvez lhe permita tirar alguma vantagem devido à aproximação das decisões sobre o sector do jogo. Assim como também pode tirar vantagem do estatuto na comunidade e das posições ocupadas pelos membros”, acrescentou.

13 Set 2018

AL | Declarações de Ho Iat Seng sobre dispensa de juristas levantam polémica

O presidente da Assembleia Legislativa afirmou que a não renovação dos contratos dos juristas Paulo Cardinal e Paulo Taipa vai beneficiá-los e permitir que cresçam a nível profissional, com a abertura de um escritório de advogados. Ho Iat Seng ofereceu-se ainda para escrever cartas de recomendações. Contudo, as declarações estão a ser vistas como ofensivas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s declarações de Ho Iat Seng sobre a decisão de não renovar os contratos com os juristas Paulo Cardinal e Paulo Taipa criaram uma nova polémica. Numa conferência de imprensa para fazer o balanço da sessão legislativa 2017/2018, na segunda-feira, aquele que é apontado como uma forte possibilidade para suceder a Chui Sai On disse que a dispensa dos serviços dos dois profissionais só os vai beneficiar e permitir a entrada numa nova fase de desenvolvimento pessoal. Aliás, o presidente da Assembleia Legislativa (AL) destaca a qualidade do trabalho desempenhado pelos juristas no hemiciclo como o garante de um futuro profissional risonho.

Ao mesmo tempo, Ho, que se fez acompanhar pelo vice-presidente Chui Sai Cheong, afirmou que gostaria de marcar presença na cerimónia de abertura de um eventual escritório de advogados dos dois juristas e que também estava disponível para escrever cartas de recomendação, no caso de Paulo Cardinal e Paulo Taipa precisarem de se candidatar a empregos.

Para o deputado José Pereira Coutinho não restam dúvidas que o presidente da AL ofendeu os dois juristas com as palavras proferidas. O deputado diz mesmo que a integridade profissional de Paulo Cardinal e Paulo Taipa foi colocada em causa.
“As declarações ferem a dignidade e denigrem a integridade das duas pessoas. Quando ele diz que vão abrir um escritório de advogados, deixa a entender, sub-repticiamente, que os juristas no passado tiveram condutas que colocam em causa a isenção e integridade no desempenhar das tarefas como assessores da Assembleia Legislativa”, aponta José Pereira Coutinho.

“Mais do que uma postura de gozo, houve uma ofensa à dignidade profissional das duas pessoas. Tanto Ho Iat Seng como Chui Sai Cheong não têm nada a ver com o futuro profissional dos juristas. Portanto, não foram simplesmente declarações em tom de gozo, foram mesmo ofensivas”, justificou.

José Pereira Coutinho apontou ainda que se estivesse na pele dos dois visados se sentiria ofendido e que Ho Iat Seng “excedeu todas as estribeiras do respeito”. “Isto só pode vir de uma pessoa que vem de uma fábrica, onde sempre foi patrão, e que gere a Assembleia Legislativa como uma mercearia”, acusou.

Ho devia reformar-se

Também o advogado Sérgio de Almeida Correia, no blog Visto de Macau, criticou o discurso do presidente da Assembleia Legislativa e acusou Ho Iat Seng de ter tentado fazer humor com uma situação que exigia um outro tipo de abordagem.

“Quando ao referir-se à absurda, e maldosa, decisão de dispensa dos assessores jurídicos da AL, Paulo Cardinal e Paulo Cabral Taipa, quis fazer humor, assumindo o tom paternalista de que um ‘despedimento’ é uma nova oportunidade para quem já passou os cinquenta anos, fez toda a sua carreira naquela casa, com apreciável sucesso e manifesta competência, e assim se vê obrigado a procurar uma nova vida noutro lado para continuar a sustentar a família”, começou por apontar Sérgio de Almeida Correia. “Como se fosse razoável pedir a juristas consagrados, especializados e de mérito reconhecido, dentro e fora de portas, que fossem agora iniciar uma carreira na advocacia”, acrescentou.

O advogado defendeu, depois, que Ho Iat Seng deveria ponderar a sua contribuição para a vida pública e a possibilidade de se reformar: “Tal acto [declarações sobre a saída dos juristas] foi a última evidência de que se há alguém que deva ser reformado, por manifesta desadequação ao lugar e à vida pública, é o actual presidente da AL. Ele e a clique que o protege, aproveitando-se para isso o final de mandato de Chui Sai On”, escreveu. “A machadada final foi dada quando Ho Iat Seng referiu que a não renovação dos contratos daqueles dois juristas não se deveu a razões políticas, nem pelo facto de serem portugueses, o que só confirmou o arbítrio e torna ainda mais incompreensível a razão para a emissão de ‘cartas de recomendação’”, acrescentou. “Aquele ar de gozo fala por si”, atirou, ainda.

Sérgio de Almeida Correia defendeu também que o Governo Central deveria pedir a Ho para se afastar da vida pública. “Pequim devia mandar descansar o Dr. Ho Iat Seng. Por patriotismo, para protecção da sua imagem e das instituições da RAEM. Ao contrário dos dispensados, com a obra que ele deixa ninguém dará pela sua falta. Na AL ou no Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional. A sua irrelevância política é total”, considerou.

Lógica pouco clara

Quem também não se deixou convencer com a argumentação do presidente da Assembleia Legislativa foi Sulu Sou. O primeiro deputado a enfrentar a suspensão do mandato durante a existência da RAEM, considerou que Ho Iat Seng não forneceu uma explicação objectiva pelo que há uma grande hipótese da decisão ter sido mesmo política.
“Nas suas explicações sobre a demissão dos juristas, o presidente da Assembleia Legislativa andou a enrolar, sem deixar uma explicação clara. Isto faz com que até agora não se saiba a razão dos contratos não terem sido renovados”, afirmou Sulu Sou.
“Eu acho que a decisão tem justificações políticas, e quando o presidente da AL não consegue dar uma razão clara para a saída, mais tendo a acreditar nessa possibilidade. Sinceramente, esperava que Ho Iat Seng tivesse tido outra atitude, mais transparente, em relação às razões da dispensa”, confessou.

Por outro lado, o legislador recorda as palavras do presidente da AL quando referiu que os assessores estão numa fase criativa da vida, em que podem começar o seu negócio e que a Assembleia Legislativa não poderia permitir que desperdiçassem esta fase. “Esta ideia não faz sentido porque como o próprio Paulo Cardinal, numa entrevista momentos mais tarde clarificou, nunca teve qualquer intenção ou passou qualquer sinal que desse a entender que poderia estar de saída”, indicou Sulu Sou.

Ainda de acordo com deputado pró-democrata, Ho apresentou uma lógica distorcida, uma vez que os trabalhadores mais experientes e que apresentam resultados positivos acabam por ser demitidos para “perseguirem outros voos”.

Sem intenção negativa

Apesar da polémica, Jorge Fão, antigo deputado da Assembleia Legislativa e membro fundador da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), considera que não houve uma intenção negativa nas palavras de Ho Iat Seng. Fão acha mesmo que o objectivo foi o contrário, o de tentar elogiar os juristas.

“No meu ponto de vista, Ho Iat Seng não quis prestar declarações negativas sobre os dois. Considero que ele não pretendeu mostrar qualquer animosidade contra qualquer um dos dois assessores”, disse Jorge Fão, ao HM. “Creio que o objectivo foi mesmo evitar mostrar qualquer animosidade e por isso ele disse aquilo que disse” frisou.

Jorge Fão mostrou-se ainda cauteloso nas afirmações, mas não poupou elogios a Paulo Cardinal e Paulo Taipa. “Não sei o que esteve por trás do despedimento dos dois juristas. Mas eles são válidos e Macau sai prejudicado. Isto é um facto que todos reconhecemos. O que esteve por trás não foi revelado”, indicou.

“Mas creio que os dois juristas são bons, trabalhei de perto com os dois e gostei muito de acompanhar e trabalhar com eles”, revelou.

13 Set 2018

Membro da banda russa Pussy Riot internada por possível envenenamento

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma das activistas da banda russa Pussy Riot foi hospitalizada em estado grave devido a um possível envenenamento, noticiaram órgãos de comunicação russos.

A rádio Ekho Moskvy e o portal de notícias digital Meduza relataram na quarta-feira que Pyotr Verzilov está a receber assistência desde o dia anterior.

Segundo estes órgãos, outro elemento da banda de punk, Veronika Nikulshina, os sintomas da sua companheira das Pussy Riot incluem a perda de visão e da capacidade de falar.

Nikulshina disse que Verzilov está a ser tratada na unidade de toxicologia de um hospital da capital russa, Moscovo, o que indicia um eventual envenenamento.

Verzilov, Nikulshina e duas outras ativistas estiveram detidas durante 15 dias por perturbarem a final do campeonato mundial de futebol, que decorreu na Rússia, em julho.

As jovens, vestidas com uniformes da polícia, correram para o campo, interrompendo por momentos o jogo entre as seleções da França e da Croácia.

As Pussy Riot disseram que estavam a protestar contra os abusos cometidos pelas forças policiais na Rússia.

13 Set 2018

Coreia do Sul vai propor ao Norte organização conjunta dos Jogos Olímpicos 2032

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Sul vai propor à Coreia do Norte uma candidatura conjunta à organização dos Jogos Olímpicos de 2032, desafio que estará incluído na terceira cimeira entre os países, na terça-feira, em Pyongyang.

“Vou fazer essa proposta ao Norte em nome da paz. Seul e Pyongyang organizarão os Jogos em conjunto”, afirmou o ministro do desporto sul-coreano, Do Jong-hwan, que integrará de negociações.

As duas Coreias já tinham discutido a possibilidade de sediar conjuntamente os Jogos Olímpicos de Verão de 1988, mas as negociações fracassaram e Seul teve essa responsabilidade sozinha.

Uma nova era vigora no relacionamento entre os vizinhos, que formaram uma equipa unificada de hóquei no gelo para os Jogos Olímpicos de Inverno, que a Coreia do Sul organizou em fevereiro.

Essa iniciativa juntou-se a várias outras numa reaproximação na península com os encontros entre Moon Jae-in e Kim Jong-Un.

O presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach, disse recentemente que está receptivo a conversações entre as duas Coreias no sentido de que se apresentem unidas no desfile e nas competições dos Jogos de Tóquio em 2020.

13 Set 2018

Livro inédito de poemas de Vasco Graça Moura, quatro anos após a sua morte

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uatro anos após a morte do poeta e ensaísta Vasco Graça Moura, a Quetzal edita um livro inédito com poemas para fados intitulado “A puxar ao sentimento: Trinta e um fadinhos de autor”.
Com a publicação deste livro, que chega amanhã, dia 14, às livrarias em Portugal, a editora pretende perpetuar a memória de “uma das grandes vozes da poesia e da literatura do nosso tempo” e, ao mesmo tempo, homenagear o fado, contribuindo para “abrir (ainda mais) as suas portas”.

“Marcados pelo seu génio melancólico e pleno de ironia”, este livro inclui fados inéditos de Vasco Graça Moura, que já havia escrito alguns fados para intérpretes como Mísia, Kátia Guerreiro ou Carminho.

Vasco Graça Moura foi um autor de vasta obra poética, ensaística e ficcional, bem como tradutor e divulgador das literaturas clássicas, como é o caso das “Rimas” de Francesco Petrarca, “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, “Os Sonetos de Shakespeare”, ou as “Elegias de Duíno e Os Sonetos a Orfeu”, de Rainer Maria Rilke, todos editados na Quetzal.

Vasco Graça Moura foi galardoado com o Prémio Pessoa (1995), o Prémio de Poesia do Pen Clube (1993), o Grande Prémio de Poesia da APE (1998) e o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (2004). Em 2007, recebeu o Prémio Vergílio Ferreira e o Prémio de Poesia Max Jacob Étranger.

13 Set 2018

Nélson Évora pensa nos mundiais de 2019 sem olhar para Pichardo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] atleta português Nélson Évora afirmou ontem estar com os olhos no mundial de 2019, a realizar em Doha, no Qatar, e não quis alongar-se sobre a luta pelas medalhas por Portugal com o recém-naturalizado Pedro Pichardo.

Nélson Évora, que falava à margem da sua homenagem pelos 10 anos da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, integrada no programa ‘Portugal sou eu’, garantiu também ser tão otimista ao ponto de já se estar a ver em Tóquio, em 2020.

“Estou já a pensar nas medalhas. É uma grande responsabilidade, mas não tenho como escapar dela. Quero estar nesses Jogos Olímpicos e fazer melhor de sempre e permitir que a sorte esteja do meu lado para poder trazer aquilo que tanto ambiciono”, disse.

Para Nélson Évora, o importante é pensar ano a ano e já em 2019 tem o campeonato do mundo de atletismo. Esta prova irá contar também o Pablo Pichardo, cubano que hoje viu ser-lhe concedida a nacionalidade portuguesa.

Questionado sobre como irá trabalhar com outro atleta na luta pelas medalhas, Nélson Évora foi parco em palavra e não se quis alongar sobre o assunto.

“Não é uma questão que me diga respeito. Já disse tudo o que tinha a dizer sobre esse assunto. Acho que não tenho nada a dizer. Não me compete opinar sobre isso. Já falei demasiado sobre esse assunto. Já todos sabem aquilo que penso. Todos temos o mesmo sentimento. É pena que todos não ajam em concordância com aquilo que pensam”, criticou.

Em relação à comemoração do 10.º aniversário da medalha de ouro de Pequim2008, o atleta do triplo salto garante que não pensa muito nesse momento.

“Quando estamos no ativo, não nos fixamos naquilo que fizemos, mas naquilo que queremos fazer. A realidade é que este ano é caso para dizer ‘uau’ já faz 10 anos! Fixo-me na minha ambição e na minha vontade de ir contra todas as estatísticas e fazer coisas especiais. Tenho o mundial no próximo ano. São os últimos dois anos antes de acabar este ciclo olímpico. Quero ganhar medalhas de ouro para Portugal. Quero fazer saltos gigantes para poder entrar na história do triplo salto mundial”, prometeu.

No discurso de homenagem, Nélson Évora, em tom de boa disposição, disse que não há muitas pessoas com tão bom gosto quanto ele. Motivo pelo qual se mudou do Benfica para o Sporting.

“Mudei para um clube que acreditou que é possível ir mais além. Um clube que acreditou que não era o fim”, realçou, destacando que não sofreu com o período conturbado vivido no Sporting e que culminou com a eleição de Frederico Varandas para a presidência.

O campeão olímpico foi claro: “Nós, os desportistas, temos de estar focados no nosso trabalho. Dentro de muito poucos anos o Sporting será a melhor marca a nível internacional. Frederico Varandas é o nosso presidente. Dou os parabéns a todos os sportinguistas que foram votar. É a prova que todos amam o seu clube. Não pude estar presente por questões profissionais. Sou otimista e sei que vai tudo correr bem”.

13 Set 2018

Sands China vai apoiar a educação de crianças afectadas pelo tufão Hato 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] operadora de jogo Sands China anunciou ontem que vai doar seis milhões de patacas para apoiar a educação de seis crianças afetadas pelo tufão Hato, que atingiu Macau em agosto do ano passado.

O fundo ‘Hato Education Sponsorship’, dedicado à educação, vai apoiar “seis crianças ou jovens adultos que perderam um dos pais no tufão Hato”, em Macau, que causou 14 mortos e mais de 240 feridos.

A assistência financeira cobre a “educação continuada” dos jovens, incluindo os “estudos primários, secundários, terciários”, bem como material escolar e atividades extracurriculares, indicou o grupo em comunicado.

“Este fundo de educação irá fornecer um apoio crucial para os estudos destas crianças (…) já que a educação é essencial para o seu desenvolvimento e sucesso na vida”, afirmou o presidente da Sands China, Wilfred Wong, na cerimónia de criação do fundo, no Sands Macau.

13 Set 2018

Tufões | Governo prepara transporte de bens para 16 centros de acolhimento

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto de Acção Social (IAS) anunciou que o Governo já começou “a diligenciar o transporte de materiais para os 16 centros de acolhimento de emergência espalhados pelas diversas zonas de Macau”.

Além disso, os 190 elementos que compõem a equipa de plantão já foram informados da “necessidade de estarem preparados para quando forem chamados, a fim de assegurar que os referidos centros estejam abastecidos de bens necessários e que os elementos de plantão estejam preparados para a prestação dos respectivos serviços”.

No caso do Governo determina a retirada de pessoas das zonas baixas aquando da emissão do aviso de “Storm Surge”, “todos os 16 centros de acolhimento de emergência serão abertos para o acolhimento das pessoas necessitadas”, sendo eles o Centro de Abrigo de Vento da Ilha Verde, o Pavilhão Gimnodesportivo da Escola Luso-Chinesa Técnico-Profissional, o Colégio Mateus Ricci, a Escola Secundária Pui Ching, a Escola Católica Estrela do Mar, o Pavilhão Polidesportivo Tap Seac – Pavilhão A, o Instituto Salesiano, o Pavilhão Polidesportivo Tap Seac – Pavilhão B, o Centro de Acção Social da Taipa e Coloane (Sucursal da Taipa),o Pavilhão Polidesportivo do Instituto Politécnico, o Centro Desportivo Olímpico – Estádio, o Centro de Formação do Instituto do Desporto (Edifício Centro Comercial Chong Fok), a Escola Superior das Forças de Segurança, a Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, o Flying Eagle Training Center e o Centro de Acção Social da Taipa e Coloane.

Há também quatro pontos de encontro destinados para pessoas com dificuldades de locomoção ou com necessidades especiais, sendo eles o Centro de Abrigo de Vento da Ilha Verde, o Mercado Municipal do Patane, o Mercado Municipal de S. Lourenço e o Mercado de S. Domingos. A partir daí os cidadãos poderão apanhar o transporte directo para os centros de acolhimento de emergência de Tap Seac, os quais dispõem de equipamentos para a supressão de barreiras.

O Governo contactou ainda 33 instituições particulares no sentido de que estas possam prestar solidariedade para com as cerca de 500 pessoas com necessidades especiais existentes em Macau.

12 Set 2018

Protecção civil admite içar sinal 10 de tempestade tropical no domingo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Centro de Operações de Protecção Civil (COPC) reuniram hoje de emergência e admitiram a possibilidade de içar o sinal 10 de tempestade tropical, o máximo, no domingo, com a chegada do “super tufão” Mangkhut ao mar do Sul da China.

“Se [o tufão Mangkhut] aterrar a oeste, com ventos entre 100 e 200 quilómetros por hora, vai ter o efeito do tufão do ano passado [Hato]”, afirmou o subdiretor substituto dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG).

De acordo com as previsões, o ciclone vai atravessar o mar do Sul da China este sábado e atingir terra, no domingo, na província de Guangdong. A confirmar-se, será a primeira vez o que sinal máximo de tufão é hasteado desde o Hato, o pior a passar por Macau nos últimos 53 anos.

Tang Ia Mam falava numa reunião de emergência convocada pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, que contou com a presença de 29 membros da Proteção Civil e um militar do exército de Libertação do Povo Chinês, devido à proximidade de duas tempestades tropicais.

“Em resposta a estes dois tufões [que se aproximam], e de acordo com as ordens do chefe do executivo, convoquei esta reunião de emergência para coordenar os serviços e ver o que podemos fazer melhor”, sublinhou, perante os jornalistas e antes do início da reunião.

A cadeia de televisão norte-americana indicou que o Mangkhut regista atualmente ventos de pelo menos 252 quilómetros por hora, o que equivale a um furacão de categoria 5 (a máxima na escala Saffir-Simpson) no oceano Atlântico, ou seja, mais forte que a tempestade Florence, que se aproxima da costa leste dos Estados Unidos.

Esta manhã, os SMG emitiram o sinal 3 de tempestade tropical devido à proximidade do ciclone tropical Barijat, que às 16:00 (09:00 em Lisboa) se encontrava a 150 quilómetros do território.

“Este primeiro tufão não vai ser nada grave, traz chuvas, ventos (…) mas não vai ter um grande impacto”, disse o responsável dos SMG. Os serviços só admitem içar o sinal 8 entre hoje e amanhã se a direção “mudar para norte”.

O que preocupa as autoridades é o “super tufão” Mangkhut, localizado a noroeste do oceano Pacífico e que “continua a mover-se em direção a oeste”. “É bem provável que passe pelo norte das Filipinas e que, no sábado, entre no mar do Sul da China. Se assim for, então domingo vai entrar em terra no sul de Guangdong”, frisaram.

12 Set 2018

Taça Davis / Ténis: Portugal joga na Ucrânia pela permanência no Grupo I

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] selecção portuguesa de ténis defronta a Ucrânia na primeira eliminatória do ‘play off’ do Grupo I da Zona Europa/África da Taça Davis, num encontro em Bucha, nos arredores de Kiev, entre amanhã e sábado.

Depois de ter sido beneficiada com um ‘bye’ na primeira ronda e ter cedido perante a Suécia (3-2), na segunda jornada em abril, Portugal vai agora disputar com a Ucrânia a permanência no Grupo I da Zona Europa/África, no piso rápido do Campa Tennis Club, a superfície escolhida pelos anfitriões.

A equipa vencedora garante automaticamente a permanência no Grupo I, enquanto a seleção derrotada terá ainda mais uma ronda de ‘play off’, no caso diante da África do Sul, para tentar evitar a descida de Divisão.

“Jogar fora ou em casa na Taça Davis tem sempre um papel preponderante e nós temos o nosso historial que nos diz precisamente isso. Esperamos dois dias bastante difíceis. Vai ser duro, mas nós viemos para ganhar”, afirmou o capitão da seleção nacional, Nuno Marques, em declarações à Lusa.

Em 2017, Portugal recebeu e impôs-se à formação ucraniana nos ‘courts’ de terra batida do Clube Internacional de Foot-Ball (CIF), em Lisboa, mas na próxima eliminatória, “além do encontro ser fora e no piso escolhido pelo adversário”, o que “é uma vantagem”, Nuno Marques defende que vai encontrar uma equipa reforçada.

“A Ucrânia está bem mais forte. Têm o Sergiy Stakhovsky, que é um jogador bastante experiente, bom em singulares e que já ganhou ao João [Sousa] em Wimbledon este ano, e têm ainda o Illya Marchenko, além do Denys Molchanov, que está no top-80 de pares. Vão jogar com uma equipa bastante diferente daquela que jogou no CIF”, destaca.

A defender as cores nacionais vão estar João Sousa, 49.º do ‘ranking’ individual ATP, Pedro Sousa (144.º), Gastão Elias (154.º) e João Domingues (218.º) no confronto com Sergiy Stakhovsky (142.º), Illya Marchenko (337.º), Denys Molchanov (77.º ‘ranking’ pares ATP) e o estreante de 17 anos, Pavel Shumeiko, orientados pelo capitão Andrei Medvedev.

Apesar das teóricas vantagens de jogar em casa e na superfície preferida, “embora num campo lento dentro dos pisos rápidos e ‘outdoor’, o que é do agrado” dos portugueses, Nuno Marques revela não ter certeza se “atribuiria o favoritismo à Ucrânia” na próxima eliminatória. “Acho que se jogarmos bem, temos muito boas possibilidades de ganhar e esse é o objetivo”.

Favorável às pretensões de Portugal, além de uma equipa com melhor classificação no ‘ranking’ mundial, são ainda as recentes conquistas de João Sousa, que se tornou no primeiro português a jogar os oitavos de final de um Grand Slam, no US Open, e de Pedro Sousa no Circuito ATP Challenger, que segundo o capitão português dão ainda maior motivação à equipa.

“Estamos muito contentes. O João fez um excelente torneio no US Open e o Pedro ganhou recentemente o Pullach Challenger, apesar de ter sido em terra batida”, elogiou.

12 Set 2018

Moda Lisboa e Portugal Fashion unem-se para criar nova semana da moda portuguesa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] nova semana da moda portuguesa acontece em outubro e junta, pela primeira vez, a Moda Lisboa e o Portugal Fashion na organização, deixando de haver dois eventos de moda “dessincronizados”, avançou à Lusa fonte oficial.

A nova semana da moda portuguesa surge como uma versão ‘beta’, uma espécie de estágio ainda de desenvolvimento, com o primeiro fim de semana a ser da ModaLisboa, em Lisboa, e o fim de semana seguinte do Portugal Fashion, no Porto, e “com ambas as equipas a ter um esforço coordenado”, avançou à Lusa Adelino Costa Matos, presidente da Associação Nacional dos Jovens Empresários (ANJE), entidade organizadora do Portugal Fashion.

“A perspetiva futura é que exista uma semana da moda nacional e que tem eventos no Porto e em Lisboa. E tentarmos durante a semana ter potencialmente eventos conjuntos que possam tornar isso numa semana da moda portuguesa e não dois eventos de moda, de alguma forma, dessincronizados”, acrescentou Adelino Costa Matos.

Em entrevista à Lusa, no âmbito da assinatura de um protocolo assinado hoje em Matosinhos, distrito do Porto, entre o Portugal Fashion e a ModaLisboa, o presidente da ANJE explica que o modelo vai estar em construção.

“Uma questão importante nisto tudo é unirmos esforços no aspeto de não estarmos a investir nos mesmos locais, nas mesmas datas, ou seja, tentarmos rentabilizar ao máximo o investimento que fazemos de forma coordenada”, explicou aquele responsável.

No protocolo hoje assinado entre o presidente da ANJE e a presidente da ModaLisboa, Eduarda Abbondanza, é intenção das associações coordenarem estilistas, organização dos eventos e outras atividades, com o objetivo de “criar escala”, “massa crítica” e “criar valor”, sendo que neste momento as medidas para realizar uma nova semana de moda portuguesa ainda não estão fechadas.

“Está tudo em discussão e coordenação, sendo que há uma ou duas questões mais práticas que vamos já executar na próxima edição” e que vai “servir como uma versão ‘beta’ para o futuro, para nos entendermos, nos coordenarmos e trabalharmos em conjunto e a partir daqui cada vez mais termos esforços superiores”, acrescentou.

Segundo Adelino Costa Matos, mais do que ver se corre bem, é preciso “começar a trabalhar”.

“São duas associações que estiveram de alguma forma separadas durante 20 anos e que agora têm uma intenção clara de trabalhar em conjunto e esta primeira versão será uma ótima oportunidade de trabalhar e percebermos em que áreas somos mais fortes e criar mais valor trabalhando em conjunto”, realçou.

O primeiro-ministro, António Costa, deu hoje os parabéns à ModaLisboa e ao Portugal Fashion por terem conseguido assinar um protocolo de cooperação para a promoção, nacional e internacional, da moda portuguesa após duas décadas a trabalhar de forma individual.

“Verifico com muita satisfação que hoje já não é preciso pensar, sonhar. [O protocolo de cooperação] é hoje uma realidade (…). Muitos parabéns e muito obrigado por este acordo”, declarou António Costa, durante a cerimónia de assinatura, que decorreu esta tarde na Casa da Arquitetura, em Matosinhos.

António Costa, que classificou numa primeira vez o acordo como um “casamento” para depois chamar o protocolo de “início de namoro assinado”, sublinhou que aquele documento é “muito importante para o país”, designadamente para ajudar a alavancar as exportações portuguesas até 2030, cuja meta traçada é chegar aos 50% do Produto Interno Bruto.

12 Set 2018

Tufões | Cancelados eventos e lançadas medidas de prevenção

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]evido à passagem dos tufões “Bajirat” e “Mangkhut”, o Governo decidiu cancelar vários eventos que estavam programados, como é o caso do festival internacional de fogo de artifício.

De acordo com um comunicado, “tendo em conta as informações dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, que indicam que Macau será afectada por tempo instável durante o fim-de-semana, os espectáculos pirotécnicos da terceira noite do 29.° Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau (a cargo de companhias pirotécnicas de França e Portugal), agendados para este sábado, passarão para outra data. O Arraial do Fogo-de-artifício 2018 fica igualmente cancelado nessa noite.” A nova data da realização do evento será anunciada em breve.

Reuniões de emergência

As escolas deixaram de dar aulas no período da tarde, devido ao facto de ter sido içado o sinal 3, além de que o Centro de Operações de Protecção Civil (COPC) reuniu ontem de emergência. De acordo com um comunicado, tendo em conta a aproximação do “super tufão” “Mangkhut”, e a “possibilidade de ocorrência do fenómeno de storm surge”, “acredita-se que nos próximos dias o território e as regiões vizinhas vão ser afectados pelas duas tempestades tropicais”.

O COPC apontou também, no mesmo comunicado, que “no sentido de assegurar uma resposta eficiente aos tufões, os membros da estrutura de protecção civil já iniciaram os trabalhos preparativos relacionados com o sistema de comunicação, divulgação de informações sobre prevenção de desastres e a abertura ao público dos centros de abrigo quando for necessário”.

O COPC apela ainda aos residentes e turistas “para permanecerem no interior ou em local seguro, evitar deslocarem-se às zonas baixas e costeiras durante o tufão e o ‘storm surge’”.

O Instituto de Acção Social (IAS) emitiu também um comunicado onde recomenda que “as famílias efectuem as preparações necessárias para manter os filhos jovens ou os grupos populacionais vulneráveis em casa”. “Algumas creches, centros de dia para idosos e de reabilitação manter-se-ão abertos para as pessoas com necessidades e os residentes devem prestar atenção à segurança na deslocação”, lê-se ainda.

12 Set 2018

Brasil | Lula renuncia e apresenta Haddad como candidato às presidenciais 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-ministro da Educação Fernando Haddad vai ser o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) às eleições presidenciais do Brasil, na sequência da exclusão pelo Tribunal Superior Eleitoral da candidatura de Lula da Silva.

Impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral de se candidatar ao sufrágio de 07 de outubro, o ex-Presidente brasileiro renunciou à candidatura, que entregou a Haddad, precisamente na data limite determinada pela justiça eleitoral para apresentação de candidatos.

O anúncio foi feito pelo PT junto à sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde o antigo chefe de Estado se encontra preso a cumprir uma pena de 12 anos e um mês de prisão.

Além da aprovação de Fernando Haddad como novo candidato do PT, também a deputada Manuela D’Ávila, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), foi admitida como vice-presidente pelo partido, segundo a plataforma de notícias UOL.

Luiz Inácio Lula da Silva reiterou que está a ser vítima de injustiças e que foi impedido de disputar a eleição de outubro, mas realçou a importância da continuidade de seu projeto político com Haddad como candidato, de acordo com o jornal Folha de São Paulo.

A candidatura do ex-presidente do Brasil, que cumpre na prisão uma pena de 12 anos e um mês por corrupção, foi registada pelo PT e depois vetada pelo Tribunal Superior Eleitoral, com base na lei que proíbe alguém condenado em duas instâncias de concorrer a qualquer cargo eleitoral.

Lula da Silva foi condenado em duas instâncias judiciais, num processo em que foi acusado de ter recebido um apartamento de luxo na cidade do Guarujá da construtora OAS, em troca de favorecer contratos da empresa com a estatal petrolífera Petrobras.


Perfil | Fernando Haddad, o intelectual que sucede a Lula da Silva

[dropcap]O[/dropcap] ex-ministro da Educação e antigo-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, anunciado na terça-feira candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) às eleições do Brasil, é um intelectual que tem a difícil tarefa de ganhar a presidência do país. Haddad nasceu em São Paulo há 55 anos. Em 1983, filiou-se ao PT.

Licenciado em Direito na Universidade de São Paulo, fez depois um mestrado em Economia e um doutoramento em Filosofia, tendo ficado a dar aulas como professor de Ciência Política nesta instituição de ensino superior.

Em 2001, Fernando Haddad foi nomeado subsecretário das Finanças e Desenvolvimento Económico da cidade de São Paulo, sob chefia de Marta Suplicy, cargo que ocupou até 2003. Neste ano foi chamado para trabalhar em Brasília como assessor especial do Ministério do Planeamento e Finanças.

Um ano depois começou a ganhar protagonismo político quando, sob o governo de Lula da Silva, aceitou o convite do então ministro da Educação, Tarso Genro, e assumiu o cargo de secretário-executivo da pasta.

Em 2005 Haddad assumiu o Ministério da Educação, ficando neste cargo até 2012, já no governo de Dilma Rousseff. Então, deixou o lugar para disputar as eleições municipais de São Paulo, que ganhou. Quatro anos depois não conseguiu o mesmo feito, perdendo, na primeira volta, para João Doria, que se candidatou pelo Partido da Social Democracia Brasileira.

Filho de libaneses que emigraram para o Brasil, Haddad assume como ter como grande influência o avô, Cury Habib Haddad, que morreu dois anos antes do seu nascimento. Cury Habib ficou famoso na luta no Líbano contra o domínio francês, após a I Guerra Mundial, segundo relata o jornal Estado de São Paulo.

Intelectual, pensador e académico, o candidato presidencial do PT foi descrito por Juan Arias, escritor e correspondente do El País no Rio de Janeiro, como muito diferente de Lula da Silva.

“Haddad não poderia ser mais diferente de Lula, seja no seu caráter e peculiaridades, quanto na sua biografia. Enquanto Lula se consolidou no sindicalismo, que condicionaria fortemente o partido dele nascido, tornando-se um líder carismático e popular sem outra formação senão a da vida, Haddad é um académico, com vários diplomas, doutorado em Filosofia, especialista em Marxismo e com uma visão mais europeia do que tropical da política”, afirmou o escritor.

O nome de Haddad já vinha a ser avançado há meses como possível substituto de Lula da Silva como candidato do PT às eleições presidenciais de 7 de Outubro. E, como Lula da Silva, também Fernando Haddad não escapou à nuvem de corrupção.

No início deste mês, o ex-governante foi denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de corrupção, branqueamento de capitais e associação criminosa a propósito de uma investigação que envolve a UTC Engenharia, empresa de construção envolvida na Operação Lava Jato.

Segundo a procuradoria, Ricardo Pessoa, dono da construtora, teria transferido em 2012, sem declarar, 2,6 milhões de reais (cerca de 560 mil euros), para a campanha do então candidato a prefeito de São Paulo.

Impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral de se candidatar ao sufrágio de 07 de outubro, o ex-Presidente brasileiro Lula da Silva renunciou à candidatura, que entregou a Haddad.

A candidatura do ex-presidente do Brasil, que cumpre na prisão uma pena de 12 anos e um mês por corrupção, foi registada pelo PT e depois vetada pelo Tribunal Superior Eleitoral, com base na lei que proíbe alguém condenado em duas instâncias de concorrer a qualquer cargo eleitoral.

Lula da Silva foi condenado em duas instâncias judiciais, num processo em que foi acusado de ter recebido um apartamento de luxo na cidade do Guarujá da construtora OAS, em troca de favorecer contratos da empresa com a estatal petrolífera Petrobras.

12 Set 2018

Internet | China prepara lei para controlar informação religiosa online

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China está a preparar uma nova lei para controlar a “caótica e ilegal” informação religiosa na Internet do país, passando a difusão de actividades de carácter religioso a depender de licença governamental, foi ontem noticiado. Para “manter a harmonia religiosa e social”, a lei proíbe organizações e indivíduos de difundir ‘online’ textos, fotos, áudios ou vídeos de actividades relacionadas com a religião, incluindo rezar, queimar incenso ou baptizados, indicou o jornal oficial Global Times. Apenas organizações que obtenham licença dos respectivos governos locais poderão difundir aquele tipo de conteúdo. O jornal considerou a medida necessária, pois “a informação religiosa na Internet chinesa é católica, devido à promoção ilegal de algumas forças e cultos extremos”.

A normativa contempla ainda a proibição de toda a informação religiosa que “incite à subversão, se oponha à liderança do Partido Comunista Chinês, ou vise derrubar o sistema socialista e promover o extremismo, terrorismo e separatismo”.

A nova lei surge após uma revisão dos Regulamentos dos Assuntos Religiosos, que no início do ano aumentou o controlo das autoridades sobre as actividades religiosas, com novas responsabilidades legais e multas. Apesar de a liberdade religiosa constar na Constituição chinesa, várias organizações internacionais e não-governamentais denunciaram abusos e repressão contra a minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigure, incluindo a detenção em campos de reeducação política, no noroeste do país.

As autoridades também demoliram várias igrejas, alegando tratarem-se de construções ilegais.

12 Set 2018

Centro Católico esteve ontem em chamas. Autoridades suspeitam de fogo posto

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]edifício do Centro Católico, na Avenida da Praia Grande, esteve ontem à tarde em chamas durante vários minutos, tendo sido extinguido por civis. A Polícia Judiciária (PJ) suspeita que se tratou de um caso de fogo posto, devido à existência de beatas de cigarros no local.

“Às 14h50, um cidadão viu fumo a sair do local e ligou às autoridades a alertar para a situação. Esse cidadão ligou às autoridade, mas quando os bombeiros chegaram ao local, o fogo já tinha sido apagado pelas pessoas”, de acordo com informação divulgada pela PJ, através de comunicado.

“As autoridades consideram que a causa do incêndio não é normal”, foi vincado no comunicado. A PJ vai assim abrir uma investigação ao episódio, também pelo facto de terem sido encontradas beatas no local e não haver objectos eléctricos ligados à corrente na área onde deflagraram as chamas. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a área ardida foi de 30 centímetros quadrados.

Apesar do aparato no local, não se registaram vítimas. Contudo, o edifício sofreu danos de pequena dimensão.

Em vias de demolição

O Centro Católico está há vários anos para ser renovado. Este propósito levou mesmo o Bispo de Macau, D. Stephen Lee, a criar um gabinete para o efeito, no final do ano passado.

As obras de demolição do edifício deverão acontecer em Julho de 2019, de acordo com um artigo do jornal O’Clarim, tendo a Planta de Condições Urbanísticas (PCU) para a nova obra sido aprovada pelo Conselho do Planeamento Urbanístico, a 9 de Maio deste ano.

A reconstrução do Centro Diocesano prevê mesmo a criação de um hotel de duas estrelas, para acomodar peregrinos e visitantes, de acordo com o plano traçado por Stephen Lee. Além disso, as futuras salas multiusos serão reservadas para formação de fé, ao mesmo tempo que a sala de exposições irá mostrar ao público a história da Igreja Católica em Macau.

12 Set 2018

Inscrições para a Maratona, Meia e Mini realizam-se nos dias 15 e 16 de Setembro

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ão 12 mil as inscrições abertas pelo Instituto do Desporto para a 37.ª edição da Maratona Internacional de Macau, cujo percurso não regista alterações significativas face à edição transacta. A prova está agendada para 2 de Dezembro e os atletas voltam a passar pela Ponte do Governador Nobre de Carvalho, o Templo da Deusa Á-Má e a Ponte da Sai Van.

A corrida foi apresentada, ontem, em conferência de imprensa e foi igualmente revelado que as inscrições vão começar a 15 de Setembro (sábado), nos casos da Maratona e Meia Maratona, e no Domingo, 16 de Setembro, para a Mini Maratona.

De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o presidente do Instituto do Desporto, Pun Weng Kun, sublinhou que ao longo das 36 edições anteriores que o evento se tornou numa das provas mais antecipadas do calendário. Pun destacou ainda que são vários os atletas de gabarito internacional que pretendem participar na prova, facto que tem feito com que a qualidade tenha vindo a aumentar de ano para ano.

Por sua vez, o presidente da Associação de Atletismo de Macau (AGAM), Ma Iao Hang, recordou que nos últimos anos as inscrições têm esgotado nos dias em que abrem, pelo que apelou para que os interessados não se deixem antecipar. Já em relação ao atletas profissionais locais, Ma pediu que se inscrevam tão depressa quanto possível e que comecem a participação para a prova com cerca de 42.195km.

Em relação ao preço de participação, os atletas residentes filiados na AGAM tem de pagar 100 patacas para participar na Maratona e Meia Maratona. Os residente não federados, pagam 150 patacas pela prova principal e Meia, e 50 patacas pelo mini maratona. Finalmente, os não-locais pagam 400 patacas pela participação na Meia e Maratona e 70 patacas pela Mini.

No que diz respeito à Maratona e à Meia Maratona, as provas vão começar pelas 06h e vão ter 1.600 e 4.600 participantes, respectivamente. Já a Mini Maratona, prova a pensar nas famílias, tem início marcado para as 06h15 e vai contar com um total de 5.800 corredores.

12 Set 2018

“Salmo”, poema de Georg Trakl

Salmo

dedicado a Karl Kraus de Georg Trakl

[dropcap]H[/dropcap]á uma luz que o vento extinguiu.
Há uma taberna que um bêbado deixa à tarde.
Há uma vinha queimada e negra com buracos cheios de aranhas.
Há um espaço que foi caiado com leite.
O louco morreu. Há uma ilha do mar do sul,
para receber o deus Sol. Rufam os tambores.
Os homens executam danças guerreiras.
As mulheres meneiam as ancas entre trepadeiras e flores de fogo,
quando canta o mar. Oh! o nosso paraíso perdido.
As ninfas abandonaram as florestas douradas.
O estranho vai a enterrar. Depois, cai uma chuva cintilante.
O filho de Pã aparece na figura de um trabalhador da terra,
que dorme ao meio dia sobre o asfalto escaldante.
Há pequenas meninas num pátio com vestidinhos cheios de uma pobreza de partir o coração!
Há quartos cheios de acordes e de sonatas.
Há sombras que se abraçam à frente de um espelho cego. Às janelas do Hospital, aquecem-se convalescentes.
Um barco branco a vapor sobe o canal com pestes sangrentas.
A estranha irmã aparece de novo nos sonhos maus de alguém.
Sossegadamente, no bosque de sabugueiros, ela brinca com as suas estrelas.
O estudante, talvez um sósia, segue-a através da janela até desaparecer.
Atrás dele jaz o seu irmão morto, ou então ele desce a velha escada de caracol.
No escuro, as castanhas empalidecem o rosto de um jovem noviço.
O jardim está ao anoitecer. No cruzamento esvoaçam os morcegos em redor.
Os filhos do caseiro acabam de brincar e procuram o ouro do céu.
Acordes finais de um quarteto.
A pequena cega corre a tremer pela alameda,
e mais tarde toca a sua sombra no muro frio, envolta por contos de fadas e lendas de santos.
Há um barco vazio que desce o canal negro ao anoitecer.
Na obscuridade do velho asilo decaem ruínas humanas.
Os órfãos mortos jazem nos muros do jardim.
De quartos cinzentos surgem anjos com asas sujas de lama.
Vermes saem das suas pálpebras amarelecidas.
A praça em frente da igreja é lúgubre e silenciosa, tal como nos dias da infância.
Sobre pegadas prateadas deslizam vidas passadas
E as sombras dos condenados descem até às águas pestilentas.
Na sua sepultura o mágico branco brinca com as suas cobras.

Silenciosamente sobre o calvário abrem-se os olhos dourados de Deus.

Psalm

Fassung Karl Kraus zugeeignet

Es ist ein Licht, das der Wind ausgelöscht hat.
Es ist ein Heidekrug, den am Nachmittag ein Betrunkener verläßt.
Es ist ein Weinberg, verbrannt und schwarz mit Löchern voll Spinnen.
Es ist ein Raum, den sie mit Milch getüncht haben. Der Wahnsinnige ist gestorben.
Es ist eine Insel der Südsee, Den Sonnengott zu empfangen. Man rührt die Trommeln.
Die Männer führen kriegerische Tänze auf.
Die Frauen wiegen die Hüften in Schlinggewächsen und Feuerblumen, Wenn das Meer singt. O unser verlorenes Paradies.
Die Nymphen haben die goldenen Wälder verlassen. Man begräbt den Fremden.
Dann hebt ein Flimmerregen an.
Der Sohn des Pan erscheint in Gestalt eines Erdarbeiters,
Der den Mittag am glühenden Asphalt verschläft.
Es sind kleine Mädchen in einem Hof in Kleidchen voll herzzerreißender Armut!
Es sind Zimmer, erfüllt von Akkorden und Sonaten.
Es sind Schatten, die sich vor einem erblindeten Spiegel umarmen.
An den Fenstern des Spitals wärmen sich Genesende.
Ein weißer Dampfer am Kanal trägt blutige Seuchen herauf.
Die fremde Schwester erscheint wieder in jemands bösen Träumen.
Ruhend im Haselgebüsch spielt sie mit seinen Sternen.
Der Student, vielleicht ein Doppelgänger, schaut ihr lange vom Fenster nach.
Hinter ihm steht sein toter Bruder, oder er geht die alte Wendeltreppe herab.
Im Dunkel brauner Kastanien verblaßt die Gestalt des jungen Novizen.
Der Garten ist im Abend. Im Kreuzgang flattern die Fledermäuse umher.
Die Kinder des Hausmeisters hören zu spielen auf und suchen das Gold des Himmels. Endakkorde eines Quartetts.
Die kleine Blinde läuft zitternd durch die Allee,
Und später tastet ihr Schatten an kalten Mauern hin, umgeben von Märchen und heiligen Legenden.
Es ist ein leeres Boot, das am Abend den schwarzen Kanal heruntertreibt.
In der Düsternis des alten Asyls verfallen menschliche Ruinen.
Die toten Waisen liegen an der Gartenmauer. Aus grauen Zimmern treten Engel mit kotgefleckten Flügeln.
Würmer tropfen von ihren vergilbten Lidern.
Der Platz vor der Kirche ist finster und schweigsam, wie in den Tagen der Kindheit.
Auf silbernen Sohlen gleiten frühere Leben vorbei Und die Schatten der Verdammten steigen zu den seufzenden Wassern nieder.
In seinem Grab spielt der weiße Magier mit seinen Schlangen.

Schweigsam über der Schädelstätte öffnen sich Gottes goldene Augen.

12 Set 2018

O afogado mais formoso

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ntem, 7 de Setembro, estive prestes a afogar-me na praia do Tofo, em Inhambane. Havia um fundão e muito vento e marés em redemoinho e nas minhas costas o meu amigo (que nada muito melhor que eu) foi ao fundo por duas vezes antes de desenvencilhar-se, enquanto eu patinava no turbilhão, sem quaisquer resultados à vista.

Rapidamente fiquei ofegante; era batido por ondas desencontradas e já me faltava o fôlego para gritar. Piorou porque o tentáculo ácido de uma garrafa azul se enrolou no meu braço, lacerando-o; à sensação de que aquela massa de águas furibundas era superior às minhas forças juntou-se a dor e aí comecei a entrar em pânico.

Sentia-me um idiota a apagar-se a trinta metros da praia. E vi a minha mulher a sair da água com a minha filha mais nova, ambas pálidas, mais magras do que me recordava, como se um susto as alfinetasse – percebi que se tinham safado a custo. Ainda lhes acenei, mas não me viram no âmago do meu inferno.

Há um momento em que as perspectivas se invertem: o céu fica em baixo e a água em cima. E o peso daquela abóbada densa e líquida ameaça desabar sobre nós: é quando se deflagrou o sentimento de iminência. Aí sentimos o Opaco de que fala Michaux, a propósito da mãe a caminho da morte: a água deixa de ser fria, é apenas uma grande massa glacial, de algodão, que nos atravessa, poro a poro. Um cansaço geriátrico drenava o meu corpo, varrido pela inabalável densidade das águas. Num último assomo de espírito resolvi inverter de novo as perspectivas, pôr-me a boiar e deixar-me arrastar.

O coração explodia-me no céu da boca quando o nadador-salvador veio pelas minhas costas, a reboque de uma prancha. Não o vi chegar, tomo-o agora por um anjo no sentido que lhe deu García Márquez: o anjo é a única criatura do universo que não tem consciência do seu acontecimento.

A caminho da praia quase desfaleci por uma súbita baixa de tensão e ele teve de me segurar. Enfim, um descalabro que durou cinco minutos mas que nos faz perceber a fragilidade que nos tolera, a nossa profunda inaptidão.

Escrevo no dia seguinte, oito; voltei a entrar na água sem vacilar, para depois recuar porque fiquei com palpitações cardíacas. Retirei-me para a esplanada, onde releio o Justine, de Durrell, e penso como seremos sempre estranhos à vida e não íntimos dela.

E eis que tropeço nesta passagem lancinante: «a indiferença das forças naturais para com o mundo da Arte – uma indiferença que eu começo a partilhar. No final de contas, que interesse tem para Melissa uma bonita metáfora, quando se encontra agora profundamente enterrada, como uma múmia, na areia tépida e sombria do negro estuário?»

Acode-me então o belíssimo conto do Garcia Márquez O Afogado Mais Formoso do Mundo.

Conta-se nele que, num dia luminoso, se avistou um afogado no mar, do alto da falésia onde se incrusta a aldeia. Os homens desceram até à praia para recuperar das águas o infortunado.

Está tão coberto de algas, musgos, lapas, escamas e restos de conchas, que é irreconhecível. E a aldeia manda emissários às aldeias próximas para sondar se alguém desapareceu por lá. Ninguém reclama o corpo. Resolvem limpá-lo, querem ver-lhe os traços antes de lhe darem um enterro condigno.

Quando o seu rosto aparece a nu, é uma visão que espanta. É claramente o afogado mais formoso do mundo. É tão formoso que resolvem mudar as genealogias na aldeia para cada família ficar ligada àquele antepassado, porque todos querem fazer parte do lampejo da sua memória.

Até isso me seria roubado, no meu afogamento. Não me coube tal formosura. Nem como afogados há direitos que possamos reclamar, tudo depende das circunstâncias.

Para Dostoievski que só a beleza salvaria o mundo. Não sei se ele tem razão. Mas no meu caso funciona – depois de algo tremendo que me tenha acontecido costumo recuperar por via de algo que porte uma significação especial, por um fogacho de beleza.

Talvez por isso, enquanto lia Durrell, desceu sobre mim este poema, que dedico aos meus amigos:

«O coração tem uma pálpebra fechada/ parece uma capa viscosa e plúmbea/até que o amor o visita/ e então ela abre-se afogando o mundo/ com a fragância dos limoeiros. // Aí um fragmento de canção/ vivificou o teu silêncio. /E repetes, repetes aquele acorde/ por se assemelhar ao relento/ dos seus lábios quando sobre/ o teu corpo espalhavam a cal viva.//

Não confundas a carne acordada/ com a tua sombra, só na dela/ se refaz a luz, só na dela/ se apraz o teu ligeiro embaraço./ Olhas da esplanada a baía –/ lembra uma melancia/ pois já o poente vos abraça.//

Ela lê o Auster, tu manténs os dedos/ entrecruzados, em vigília, esperas/ que uma palavra se solte no ecrã/ do laptop, vibrante como o urso/ que acabou de despertar do longo inverno.//

Desde que se conheceram nunca mais/ cerraram as persianas (omito aquela tarde/ do ciclone em que até as oleosas varejeiras/ do porto se colavam às janelas,/ aí na respiração do medo correram//

as persianas) para que o perfume/ dos limões nos terraços da cidade/ vos reponha os cambiantes/ que trouxeram à doce anarquia/ dos vossos corpos nus um valor:/ ouro, fósforo, magnésio,//

todos os credos que consolam/ a nossa vida portátil e breve/ por ser sempre tarde o armistício,/ de ser sempre maior a sede/ que o golfo do desejo recíproco.//

Olho-vos e narrador me confesso:/ invejo-vos, na curva do seu braço/ que envolve o teu, no vosso riso/ na escolha de um postal, ao balcão,/ da imagem justa, invejo-vos/ na felicidade intocável de quem ainda/ não foi corrompido por segredos:/ a pálpebra aberta no seu máximo esplendor. »

12 Set 2018

Polícia tailandesa cancela fórum sobre abuso de direitos humanos dos rohingya

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]polícia tailandesa cancelou, na noite de segunda-feira, um fórum organizado por jornalistas estrangeiros para discutir a violência das forças de segurança na Birmânia contra muçulmanos rohingya e outras minorias étnicas. De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), uma dezena de polícias chegaram ao Clube de Correspondentes Estrangeiros da Tailândia (FCCT, na sigla em inglês), em Banguecoque, onde ia decorrer o fórum, e ordenaram aos membros do painel que não falassem.

Entre os oradores destacava-se Tun Khin, um proeminente activista rohingya baseado no Reino Unido, Kobsak Chutikul, um ex-diplomata tailandês e Kingsley Abbott, representante do grupo de defesa dos direitos humanos, Comissão Internacional de Juristas.

No mês passado, investigadores da ONU pediram à justiça internacional para investigar e julgar o chefe do exército birmanês e cinco oficiais por “genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra” contra a minoria rohingya.

Na base desta decisão estão centenas de entrevistas a rohingyas e imagens de satélite que a equipa, criada há seis meses pelo Conselho de Direitos Humanos apoiado pela ONU, compilou na sequência dos relatos dos crimes, que incluem violações, destruição de várias aldeias, escravização e assassínios de crianças.

Sob o tema “Vão os oficiais de Myanmar [antiga Birmânia] enfrentar a justiça por crimes internacionais?”, o fórum foi cancelado por ameaçar “as relações externas e dar a terceiros a oportunidade de criar desassossego”, justificou a polícia.

O coronel Thawatkiat Jindakuansanong disse aos organizadores: “Não estamos a pedir. Estamos a ordenar o cancelamento do evento”. O presidente do FCCT, Dominic Faulder, expressou a sua “enorme decepção” por as autoridades tailandesas terem cancelado mais um programa do clube.

De acordo com a AP, esta deverá ser a sexta vez que a polícia tailandesa cancelou um dos programas do FCCT, desde que os militares tomaram o poder no país, em 2014.

12 Set 2018

Diplomacia | Seul pede passos concretos sobre a desnuclearização de Pyongyang

O presidente da Coreia do Sul pediu ontem aos Estados Unidos e à Coreia do Norte empenhamento e “decisões marcantes” que possam resolver o impasse sobre as ambições de Pyongyang para a energia nuclear

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]chefe de Estado, Moon Jae-in, que se vai reunir esta semana com o líder norte-coreano, Kim Jong un, reafirmou também a intenção em manter a Coreia do Sul como mediador entre Pyongyang e Washington. Trata-se do terceiro encontro entre os líderes das duas coreias desde o princípio do ano focado mais uma vez nas discussões sobre a desnuclearização e a paz na península. Moon disse que a cimeira deve ser capaz de “dar um grande passo” no sentido da desnuclearização.

A próxima reunião vai decorrer numa altura em que se verifica um impasse sobre o caminho a seguir após as promessas acordadas na Cimeira de Singapura, que se realizou em Junho, entre Kim Jong-un e o chefe de Estado norte-americano, Donald Trump.

Para o presidente da Coreia do Sul, os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte devem pensar em conseguir “decisões marcantes” capazes de produzir avanços diplomáticos no sentido do desmantelamento do arsenal nuclear de Pyongyang. “A Coreia do Norte deve avançar para o desmantelamento nuclear e os Estados Unidos devem dar os passos correspondentes”, disse Moon. “Num processo como este, os dois países devem afastar as desconfianças mútuas, de raízes profundas, provocadas por 70 anos de relações hostis”, acrescentou.

Velhos rancores

A Coreia do Norte desmantelou as bases de testes para lançamento de mísseis, mas os Estados Unidos pedem “passos mais sérios”.

De acordo com notícias publicadas nas últimas semanas o líder norte-coreano disse que os esforços de Pyongyang devem ser “recíprocos” e que os Estados Unidos devem corresponder com medidas como uma declaração conjunta para pôr fim à Guerra da Coreia (1950-1953).

As conversações da próxima quinta-feira, entre as delegações do norte e do sul, vão estar centradas em questões militares e devem prosseguir os contactos para que seja alcançada a abertura de gabinetes de contacto na zona de fronteira entre os dois Estados. De acordo com fontes oficiais de Seul, as conversações vão focar-se também em questões sobre a redução de tensões na área de Panmunjom, fazendo recuar os postos de vigilância militar nos dois lados da fronteira.

Segundo o ministro da Defesa da Coreia do Sul, a agenda incluiu ainda temas como cooperação entre Seul e Pyongyang sobre a procura de restos mortais de soldados que morreram durante a Guerra da Coreia.

12 Set 2018

Natalidade | China elimina agências de planeamento familiar

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China eliminou as três agências encarregues de executar as políticas de planeamento familiar, num sinal de que Pequim poderá vir a anular qualquer limite no número de filhos que cada casal pode ter. A decisão faz parte de uma reorganização da Comissão Nacional de Saúde, anunciada na segunda-feira, que cria um único departamento responsável por “estabelecer e aperfeiçoar um sistema especializado de apoio às famílias”.

As expectativas de que Pequim pode pôr fim a décadas de controlo da natalidade foram também suscitadas pelo lançamento, no mês passado, de um selo postal com o desenho de um casal de porcos acompanhado por três leitões sorridentes.

Face ao rápido envelhecimento da sua população, a China decidiu, em 2016, abolir a política de “um casal, um filho”, pondo fim a um rígido controlo da natalidade que durava desde 1980, permitindo aos casais passar a ter, no máximo, dois filhos.

No primeiro ano após a política ser abolida, a taxa de natalidade subiu 8 por cento, para 17,9 milhões de bebés, entre os quais metade nasceram de casais que já tinham um filho. No entanto, no ano seguinte, a taxa de natalidade caiu para 17,2 milhões de bebés, enquanto a população com 60 anos ou mais atingiu 17,3 por cento do total.

A China é a nação mais populosa do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes. Pelas contas do Governo, sem aquela política, o país teria hoje quase 1.700 milhões de habitantes. Entretanto, e fruto da tradição feudal que dá preferência a filhos do sexo masculino, a política de filho único gerou um excedente de 33 milhões de homens. Os números sugerem um outro efeito perverso da política: de acordo com dados oficiais chineses, desde 1971, os hospitais do país executaram 336 milhões de abortos e 196 milhões de esterilizações. A maioria dos abortos ocorreu quando o feto era do sexo feminino.

12 Set 2018

Estudo | Projecto de infra-estruturas reduz desigualdades económicas

O projecto de infra-estruturas internacional lançado pela China, que suscita preocupações sobre as ambições estratégicas de Pequim, está a reduzir a desigualdade entre países e regiões, afirmou ontem uma unidade de investigação

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]estudo, liderado pela AidData, da universidade norte-americana William & Mary, surge numa altura em que críticos denunciam a armadilha do endividamento nos países incluídos na Nova Rota da Seda.

Bancos estatais e outras instituições da China estão a conceder enormes empréstimos para projectos lançados no âmbito daquela iniciativa, que inclui a construção de portos, aeroportos, autoestradas ou malhas ferroviárias ao longo da Europa, Ásia Central, África e sudeste Asiático. A AidData analisou 3.485 projectos, em 138 países, e concluiu que estes resultaram numa distribuição mais justa da actividade económica, ao melhorar o acesso ao emprego e mercados, reduzindo diferenças económicas que “elevavam o risco de distúrbios violentos”.

“Analistas e políticos ocidentais descrevem muitas vezes Pequim como um actor negligente, egoísta e sinistro”, considera o director da AidData, Bradley C. Parks. No entanto, ao impulsionar uma distribuição mais justa da actividade económica, “o investimento chinês corrige uma das raízes fundamentais para a instabilidade global”, realça. O estudo foca apenas um aspecto do financiamento chinês, enquanto o impacto geral, que inclui a corrupção ou degradação ambiental, é uma questão “mais complexa”, reconhece Park.

Críticos da iniciativa apontam para um aumento problemático do endividamento, que em alguns casos coloca os países numa situação financeira insustentável. No Sri Lanka, um porto de águas profundas construído por uma empresa estatal chinesa, numa localização estratégica no Índico, revelou-se um gasto incomportável para o país, que teve de entregar a concessão da infra-estrutura e dos terrenos próximos à China, por um período de 99 anos.

No Quénia, o Governo enfrenta protestos e greves, depois de ter criado um imposto de 16 por cento sobre combustíveis para pagar os custos de construção. O montante de pagamentos do país aos bancos chineses vai triplicar, a partir de 2019.

Teoria da dívida

No mês passado, o primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, cancelou projectos apoiados pela liderança chinesa no seu país e avaliados em mais de 19.000 milhões de euros. “Nós não queremos uma nova versão do colonialismo porque os países pobres não conseguem competir com os países ricos”, afirmou Mahathir sobre a sua decisão.

Pequim, que publica poucos detalhes sobre o financiamento além-fronteiras, recusa que a Nova Rota da Seda tenha causado um excesso de endividamento. “O nível de vida das populações e o desenvolvimento económico foram impulsionados”, afirmou, em Agosto passado, o director do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, Ning Jizhe.

O estudo da AidData analisa uma lista de projectos recolhida a partir de comunicados governamentais, notícias e pesquisa de académicos e organizações não-governamentais.
Mais de 40 por cento dos projectos são estradas, caminhos-de-ferro, pontes, portos, aeroportos, rede eléctricas, antenas de telemóveis e linhas de fibra ótica. O resto inclui hospitais, escolas e esgotos.

Para medir o impacto económico, os pesquisadores analisaram as mudanças na utilização de luzes durante a noite em cidades e áreas rurais, com base em imagens de satélite. Os projectos financiados por Pequim talvez produzam mais benefícios, porque as empresas chinesas trabalham mais rápido, enquanto projectos financiados pelo ocidente podem demorar anos, considera Parks.

O estudo considera ainda que os projectos promovidos pela China tendem a ligar áreas no interior dos países a portos, permitindo impulsionar as exportações.

12 Set 2018

Pintura | Joaquim Franco apresenta “The wave and other poems” em Hong Kong

Joaquim Franco dedica grande parte da mostra “The wave and other poems” a trabalhos que têm como foco o mar e a sua importância. A exposição está patente na Galeria Nido, em Hong Kong, até dia 23 de Setembro

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]he Wave and other poems” é nome da exposição do artista local Joaquim Franco que está patente na Galeria Nido em Hong Kong até ao próximo dia 23 de Setembro.
A mostra divide-se em dois momentos. Um primeiro constituído pela instalação “The Wave” seguido pela exibição quadros sob o tema “Other Poems”.

A primeira parte dos trabalhos apresentados por Joaquim Franco é uma instalação, “uma grande onda”, segundo a descrição do próprio. Mas não é uma onda qualquer, é uma instalação que tem uma mensagem de alerta para o problema do plástico e da crescente poluição que afecta, nomeadamente, os oceanos. “Esta instalação é uma onda de plástico que invade a galeria e que pretende representar metaforicamente a forma como o plástico está a invadir os oceanos”, apontou o artista ao HM.

Esta preocupação com o ambiente, em especial com a poluição das águas do mar, é um assunto que diz pessoalmente respeito ao artista e que tem origem na sua infância. “Sou da Ericeira, que fica mesmo virada para o mar, e por isso tenho esta ligação profunda ao oceano”, explicou.

Por outro lado, “é importante alertar as pessoas para o que se impõe que é um menor uso do plástico e a modificação do nosso comportamento em relação e este material para irmos acabando por o deixar de usar com esta intensidade”, sublinhou.

A ideia para a instalação partiu de um quadro produzido para uma exposição na Casa Garden, que se chamava “Oceano”, em que a presença do plástico apareceu pela primeira vez. “Mais tarde, entrei no atelier e encontrei uma série de sacos no chão. Foi quando me lembrei que este material tanto invade os oceanos como o estúdio onde trabalho, como os quadros que faço”, apontou.

Ainda dentro deste primeiro momento expositivo estão integradas duas pinturas: “O Oceano Atlântico” e o “Oceano Pacífico”, “numa onda que traz o plástico ao longo do espaço e passa por estes dois quadros”, referiu.

Homenagem a Cousteau

O segundo momento expositivo é referente “aos outros poemas” e é preenchido por vários quadros do artista. Também aqui se nota a presença do oceano, nomeadamente em três obras inspiradas em Jacques Cousteau. Um deles intitulado “O mundo do silêncio”, nome inspirado no livro homónimo do explorador francês. “Faço uma homenagem à sua vida porque foi alguém que se dedicou aos oceanos. Fez um estudo sobre a Antártida e conseguiu junto das Nações Unidas que aquela zona não fosse explorada”, revela o artista quanto às referências que recolheu para o trabalho. Um segundo quadro, “Calypso”, é o nome do barco do cientista.

A mostra patente na região vizinha tem ainda outra obra de inspiração oceânica, mas também ligada à infância do artista e que tem que ver com castelos de areia. “Aqui, a metáfora tem de ver com a ilusão que é associada a este tipo de construção”, referiu.
Para o artista, a presença de Cousteau nestas obras não foi um acaso. “Todos os sábados, quando era miúdo, havia na televisão um programa dele e o facto de o ver acabou por se tornar uma rotina tão importante para mim como a de ir à praia”, acrescentou.

As restantes obras são quadros que retratam “outros poemas como o amor ou as relações entre as pessoas.”

12 Set 2018