Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Exercícios militares na véspera do Dia Nacional [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]aiwan promoveu ontem exercícios militares na véspera do Dia Nacional, o que não acontecia há décadas, com a participação do Exército e da Força Aérea, e a presença do Presidente Tsai Ing-wen e o homólogo paraguaio Mario Abdo Benítez. O Presidente taiwanês lançou, nos últimos anos, uma forte campanha para fortalecer as defesas, com promessas de aumentar o orçamento militar e acelerar o desenvolvimento do seu próprio equipamento de guerra, incluindo submarinos. Na ocasião, Tsai Ing-wen supervisionou os exercícios de terra e ar do Exército em Taoyuan, norte de Taiwan, em que a defesa era simulada contra ataques inimigos no ar e na costa. Nos exercícios militares participaram tanques, aviões e helicópteros, unidades de artilharia e plataformas de defesa aérea.
Hoje Macau EventosExposição | Gansu recebe Bienal de Artes Visuais de Hong Kong e Macau [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois da passagem pelo Museu de Arte Minsheng de Pequim, a Bienal de Artes Visuais de Hong Kong e Macau 2018 está agora em patente no Centro Internacional de Convenções e Exposições de Dunhuang, na província de Gansu, onde estará aberta ao público até dia 15 de Outubro. A mostra que congrega as estéticas das duas regiões administrativas especiais entra este ano na 6ª edição. De acordo com um comunicado do Instituto Cultural, a bienal “tornou-se uma importante plataforma de desenvolvimento conjunto e promoção da cooperação e intercâmbio de artes visuais entre o Interior da China, Macau e Hong Kong”. A mostra de este ano tem como tema central “Toque Urbano”, um conceito que explora criações dentro do âmbito da arquitectura, design de espaço, arte pública e criação de arte individual. O espaço expositivo de Macau é dedicado ao tema “Transcendendo a Cidade”, uma noção que se dedica à exploração e “interacção entre as pessoas, a relação entre o Homem e a cidade, as memórias e as experiências que daí advêm assim como a evolução da cidade em conjunto com o seu desenvolvimento”. Participam na exposição seis jovens artistas de Macau, incluindo Ng Man Wai, Lai Sio Kit, Wong Ka Long, Wong Weng Io, Cheong Cheng Wa e Fok Hoi Seng, com obras das mais variadas formas, entre elas pintura, gravura, gravação vídeo e instalação de luzes, exibindo efeitos visuais ricos com uma combinação inovadora de média e design. A mostra estará ainda patente no Museu de Arte de Zhejiang, em Hangzhou, de 30 de Outubro a 11 de Novembro.
Hoje Macau EventosTradução francesa de Valério Romão dá prémio de Arles a Elisabeth Monteiro Rodrigues [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] tradutora Elisabeth Monteiro Rodrigues venceu o Grande Prémio de Tradução da Cidade de Arles, pela versão francesa do livro de contos “Da família”, do português Valério Romão, anunciou ontem a associação francesa Atlas, para a promoção da tradução literária. Com chancela da editora portuguesa Abysmo, “Da família”, de Valério Romão, agora distinguido com o Grande Prémio de Tradução da Cidade de Arles 2018, foi editado este ano em França, pelas edições Michel Chandeigne. Elisabeth Monteiro Rodrigues é também tradutora de Mia Couto e de Teolinda Gersão, entre outros autores de língua portuguesa, em França, de acordo com o comunicado da Associação para a Promoção da Tradução Literária (Atlas). O júri do prémio considerou “excelente” o trabalho de tradução de “De la famille”, sublinhando que “restitui o nervosismo da escrita de Valério Romão, a sua audácia formal, as suas passagens improvisadas da voz narrativa as vozes relatadas…” Elisabeth Monteiro Rodrigues, segundo o júri, “consegue, igualmente, transmitir com talento a amplitude da frase do autor, seguindo o seu ritmo, a sua música e sua fluência”. A entrega do prémio está marcada para 9 de Novembro, na associação du Méja, por ocasião do 35.º encontro sobre tradução literária em Arles. Desde 1995, o Grande Prémio de Tradução Cidade de Arles recompensa a tradução para francês de uma obra de ficção contemporânea que se tenha evidenciado pela qualidade e pelas dificuldades que soube ultrapassar. O prémio tem um montante de 3.500 euros, com o patrocínio do município de Arles. Dez anos de traduções Nascida em Portugal, em 1973, Elisabeth Monteiro Rodrigues foi viver para França aos quatro anos. Licenciada em História do Médio Oriente, começou depois a interessar-se pela literatura sobre o continente africano, Antilhas e Caribe. Colaboradora da revista Africulturas, de 1999 a 2004, foi também uma das responsáveis da Librairie Portugaise & Brésilienne, em Paris, até 2015. Há dez anos que traduz autores de língua portuguesa como Mia Couto, Teolinda Gersão, João Ricardo Pedro e Susana Moreira Marques.
Andreia Sofia Silva EventosSaramago, 20 anos de Nobel | O autor difícil que os alunos chineses continuam a procurar Celebraram-se esta segunda-feira os 20 anos da atribuição do prémio Nobel da Literatura a José Saramago, falecido em 2010. Em Macau a sua obra continua bem presente nos currículos de quem estuda português nas universidades e, na Livraria Portuguesa, é um dos escritores lusos mais vendidos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s temas dos livros são fracturantes e polémicos, a pontuação, na maioria das vezes, não existe, mas isso não fez esmorecer o fascínio e interesse que os leitores continuam a ter na obra de José Saramago, único escritor português agraciado com o prémio Nobel da Literatura. Foi há 20 anos que Saramago o recebeu da Academia Sueca, tendo-se tornado um autor ainda mais lido e traduzido em todo o mundo, incluindo na China. Em Macau, José Saramago continua a ser um autor muito presente nos currículos dos que aprendem tradução e interpretação da língua portuguesa na Universidade de Macau (UM) e Instituto Politécnico de Macau (IPM). Apesar de nem todos os alunos escolherem a área da literatura, deparam-se com textos de Saramago durante a licenciatura. “É um dos grandes escritores portugueses e acho que os alunos de português têm de conhecer e ler este autor”, disse ao HM Yao Jingming, director do departamento de português da UM. “A obra dele faz parte das leituras dos nossos alunos, sobretudo os livros que são mais fáceis de ler, como o ‘Ensaio sobre a Cegueira’, por exemplo. Também damos alguns excertos de outros livros para os alunos lerem”, acrescentou. Em o “Ensaio sobre Cegueira”, Saramago questiona o actual sistema eleitoral dos países democráticos, quando a população de um território vota em branco, na sua maioria, não elegendo qualquer candidato político. O tema não é acessível a quem é nativo de chinês, sem esquecer a questão da pontuação. “Para os nossos alunos, sobretudo os de literatura, [Saramago] é ainda um escritor um bocado difícil de ler e de compreender, mas é importante que tenham uma noção da sua escrita. Ele continua a ser lido na China e as suas obras continuam a ser traduzidas para chinês.” Yao Jingming, ele próprio tradutor de poesia e habituado à linguagem complexa dos poetas portugueses, assegura que o Nobel português “fala sobre outro pensamento e realidade, como a religião, e com uma outra mentalidade”. “Era comunista, sempre mostrou ter uma atitude muito própria, e para o compreender é necessário conhecer a sua história e até a história de Portugal”, frisou. No caso do IPM, os alunos estudam os escritos de Saramago no terceiro ano da licenciatura, adiantou Han Lili, directora da Escola de Línguas e Tradução do IPM. “Fazemos uma abordagem geral em que são seleccionados alguns ensaios do autor, com pequenos textos. Já há algumas obras traduzidas para chinês, como é o caso do ‘Memorial do Convento’ e o ‘Ano da Morte de Ricardo Reis’. Os alunos são motivados a ler estes livros desde o segundo ano para que tenham uma aproximação das obras na sua língua mãe.” Uma questão de gramática O facto dos alunos do IPM lerem primeiro em chinês e depois em português reveste-se numa tentativa de aproximação à escrita de Saramago. “Não corresponde às normas gramaticais tradicionais e temos de abordar este aspecto, para que os alunos compreendam que determinadas formas de escrever do autor são uma opção pessoal e não uma forma comum de escrever em português.” Han Lili assegura que o gosto pelas obras do Nobel é genuíno. “Há alunos que gostam mesmo do autor. Recordo-me de uma aluna da Universidade de Pequim a quem recomendei Saramago e que depois acabou por fazer, em Macau, o mestrado e doutoramento sobre o autor, além de que já traduziu duas obras dele para chinês.” Se na UM há um projecto de investigação a decorrer, no IPM não há nenhum aluno a debruçar-se sobre a obra de Saramago. “Ao nível da licenciatura não temos nenhum projecto de tradução, é um autor que exige um nível de proficiência mais elevado. Pode ser uma boa opção para mestrados e doutoramentos.” Boas vendas Na Livraria Portuguesa nota-se bem o fascínio que os livros de José Saramago. De acordo com Filipa Didier, responsável pelo espaço, é um dos autores mais procurados. “Neste momento temos livros em português, inglês e chinês. É um dos autores que mais vende. Não temos muitos turistas a comprar, mas sim mais membros da comunidade portuguesa e estudantes de português, sobretudo os que vêm da China e fazem cá os cursos de Verão”, assegurou. Para Filipa Didier, Saramago “é um autor de referência e muitos procuram-no por indicação dos professores, e também ouviram falar dele por causa do prémio Nobel”. “Os títulos em inglês têm uma procura relativa, sendo que, dos sete títulos que temos, o mais procurado é a tradução do ‘Ensaio sobre a Cegueira’. Este sucesso está ligado ao facto de ter sido feito um filme sobre o livro”, frisou Filipa Didier, que acrescenta: “20 anos depois do Nobel, o sucesso de Saramago está longe de se esgotar”. Este sucesso ao nível das vendas deixou Joaquim Coelho Ramos, director do Instituto Português do Oriente (IPOR), surpreendido. “Parece que há muita procura pela obra de Saramago e vai ao ponto de, quando a livraria não consegue dar resposta com o material que tem cá, encomenda a pedido das próprias pessoas. Os títulos da primeira fase são muito procurados, quando ele trouxe novas visões estruturais à produção literária, e é isso que mantém o interesse e a actualidade”, rematou.
Hoje Macau SociedadeGalgos | ANIMA continua responsável pelos processos de adopção [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ANIMA, Sociedade Protectora dos Animais, vai continuar responsável pelos processos de adopção dos cerca de 500 galgos que se encontram a cargo do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). A decisão foi tomada ontem depois de um encontro entre o presidente do IACM, José Tavares e o presidente da ANIMA, Albano Martins, de acordo com o canal de televisão da TDM. Uma das maiores preocupações da ANIMA prendia-se com a possibilidade dos cães ficarem retidos no território por tempo indeterminado devido ao processo judicial entre o Governo e a Yat Yuen, entidade que detinha os animais. “O IACM comprometeu-se de que isso não iria acontecer e eu também já tinha garantido que caso haja litígio, a situação se circunscreva apenas à potencial multa sem afectar os processos dos animais”, disse Albano Martins à TDM. No entanto, a ANIMA vai continuar afastada do tratamento dos animais. Neste aspecto, o presidente da associação defende que “o IACM tem pessoal suficiente para o fazer”. Entretanto, os galgos, que até agora tinham de ser esterilizados no território, vão poder ser submetidos à intervenção no país de destino da adopção, evitando assim mais atrasos processos de envio. O anunciado pedido de demissão do responsável pela ANIMA mantém-se, apesar do entendimento de ontem entre a associação e o IACM.
João Santos Filipe Manchete SociedadeViolência | Mulher trancou-se no quarto durante seis horas para evitar marido Um pedido de divórcio terminou com agressões ao murro, ameaças com um cutelo e com a vítima trancada no quarto durante seis horas. O agressor acabou por ser preso depois da mulher ter contactado familiares, que por sua vez alertaram as autoridades [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) deteve um homem, de 49 anos, nascido em Macau, por suspeitas de violência doméstica. O caso foi revelado ontem pela PJ em conferência de imprensa, depois do alerta dado pelos familiares da vítima, a esposa do indivíduo detido. Segundo o relato das autoridades, a confusão começou por volta da 1h da manhã de segunda-feira, quando a vítima terá dito ao seu marido que pretendia o divórcio e terminar com o casamento de seis anos. Depois de inicialmente ter aceitado o pedido, mais tarde, o homem, mostrou-se inconformado e respondeu com socos na cara da mulher. Além disso, utilizou ainda uma ponta de cigarro para queimá-la e ameaçou cortá-la com um cutelo da cozinha. Perante os ataques descontrolados, a vítima trancou-se, durante mais de seis horas, no quarto. Ao mesmo tempo aguardou que o agressor se acalmasse, o que alegadamente não aconteceu. Por volta das sete da madrugada entrou em contacto com familiares, para que estes alertassem as autoridades sobre o que se estava a passar. Quando entraram na habitação do casal, que fica nas imediações do mercado Iao Hon, na Zona Norte da cidade, as autoridades encontraram o homem na posse do cutelo e a mulher trancada no quarto. Face a este cenário, os agentes procederam à detenção e levaram o homem para interrogatório. Mais tarde, o caso foi entregue ao Ministério Público e o homem vai responder pelo crime de violência doméstica, punido com uma pena de prisão de 1 a 5 anos. Porém, se o tribunal considerar que o crime foi cometido “em circunstâncias que revelem especial censurabilidade ou perversidade do agente”, a pena é de 2 a 8 anos de prisão. Desempregada e dependente O homem e a mulher estavam casados há seis anos. Da relação nasceu uma filha com quatro anos. Além disso, o agressor tem um outro filho, com 17 anos, de uma relação anterior. Segundo a vítima, esta foi a primeira vez que uma discussão entre o casal resultou em agressões. Contudo, segundo a mulher, as repreensões por parte do homem eram frequentes. Ainda de acordo com as informações reveladas, o homem estava empregado como condutor de autocarros em agências de viagens. Já a mulher, de 35 anos, estava desempregada e dependia dos rendimentos do homem.
Hoje Macau SociedadeSaúde | Centro de procriação medicamente assistida do Kiang Wu em vistoria [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]ommy Lau revelou que o serviço de procriação medicamente assistida do centro hospitalar privado vai estar pronto entre o fim deste ano até ao início de 2019 e que o centro da especialidade se encontra em fase de vistoria. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, Tommy Lau, presidente da Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu, indicou que a unidade pode entrar em funcionamento após a conclusão dos devidos procedimentos administrativos. Tommy Lau referiu ainda que o hospital vai contratar e formar mais pessoal para responder à perda de recursos humanos e que considera normal a mobilidade de pessoal médico. O dirigente associativo adiantou que o Kiang Wu está preparado para remediar a escassez de mão-de-obra e que vai providenciar oportunidades de ascensão profissional a trabalhadores do sector médico.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEstudo | Bifana preferida por visitantes com menos de 35 anos Uma investigação da Universidade Cidade de Macau coloca o pastel de nata português e o pastel de ovo no segundo e terceiro lugares do pódio das preferências de visitantes com menos de 35 anos. Contudo, é apontada a falta de bebidas e sobremesas com características unicamente de Macau [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] bifana é a especialidade gastronómica local que mais encanta os turistas com menos de 35 anos. A seguir segue-se o pastel de nata português e depois o pastel de ovo. Esta é a conclusão de um estudo com o título “Compreender as preferências gastronómicas das Gerações Y e Z: O caso de Macau em 2018, no Ano das Gastronomia” publicado em Setembro, na Revista de Turismo e Hospitalidade, de autoria dos académicos Irini Lai, Perry Ip, Grace Chan e Yuen Cheong Ho, da Universidade Cidade de Macau. “Ao nível da gastronomia, o item mais popular foi a bifana e a principal razão para a escolha deve-se com o facto da maior parte dos pequenos restaurantes, cafés ou até espaços gourmet disponibilizarem a bifana, devido à sua popularidade”, pode ler-se nas conclusões. “Mesmo assim, a forma de cozinhar a bifana varia de estabelecimento para estabelecimento, é possível encontrar locais onde é frita, noutros é grelhada, há também espaços que adicionam as suas características, através de produtos como cebolas brancas ou roxas ou molho de tomate”, é acrescentado. Nos 500 inquéritos realizados a pessoas com menos de 35 anos, ou seja nascidas depois de 1981, 120 colocaram a bifana no topo das preferências. Depois seguiu-se o pastel de nata português, com 114 preferências. Entre o pastel de nata português, a pastelaria Lord Stow, com origem britânica, foi a favorita dos inquiridos. Finalmente, o pastel de ovo conquistou a preferência de 74 inquiridos. No que diz respeito aos motivos, os autores sublinham que em grande parte se deve também a dois factores: o fácil acesso e os custos acessíveis. Por outro lado, o estudo concluiu que muitas vezes os visitantes já vêm predispostos a experimentar este tipo de comida, devido à partilha de experiências de amigos. Sobremesas sem originalidade No que diz respeito às bebidas e sobremesas locais, o estudo aponta a falta de produtos com características locais, à excepção da bebinca. Assim, os principais produtos têm influências principalmente de Taiwan e da Tailândia, como chá com leite ou a água de coco, nas bebidas, ou a sopa de feijão vermelho e o durião, nas sobremesas. “Observámos que as bebidas ou sobremesas populares carecem de características locais que as tornem autênticas, ao mesmo tempo que há várias sobremesas e bebidas com influências de Taiwan e Tailândia”, é defendido. “Não há bebidas ou sobremesas vistas como obrigatórias no território que seja oferecidas apenas em Macau”, é observado. Num patamar diferente, e segundo os autores do estudo, os restaurentes gourmet estão longe de alcançar a popularidade desejada, entre os visitantes com menos de 35 anos. Mas mais do que os preços cobrados, os autores referem a necessidade de promover mais os pratos e serviços prestados, principalmente através das redes sociais.
Hoje Macau Manchete PolíticaEscutas | Au Kam San não pede desculpas e escreve a Chui Sai On [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Au Kam San não vai pedir desculpa pelas declarações em que acusou as forças de segurança de realizar escutas ilegais. A informação é dada numa carta dirigida ao director da Polícia Judiciária que foi também reencaminhada para o Chefe do Executivo. “Considero que é ridiculo e que não sei por que razão devo pedir desculpa”, lê-se na missiva também enviada a Chui Sai On. Para Au, a referência a escutas ilegais foi feita devido a dúvidas que o próprio deputado tem e que considera legítimo manifestar. Como tal, o pró-democrata questiona se a restrição à manifestação das opiniões dos deputados poderá ser um limite à liberdade de expressão. “Se um deputado que levanta dúvidas pode incorrer em responsabilidade penal, o que poderá acontecer aos outros?” A questão suscitada pelo pró-democrata tem em vista a actuação de órgãos de comunicação social, analistas e até os próprios cidadãos. Au Kam San receia que esteja em causa a política de “Um país, dois sistemas”, caso as pessoas comecem a ter medo de expressarem a sua própria opinião, “o que não deve existir em Macau”. O caso começou com declarações de Au Kam San ao um jornal Ou Mun em que disse acreditar na prática de escutas ilegais por parte da PJ e mencionou um caso em 2009. Na altura, um homem ameaçou imolar-se pelo fogo numa esquadra de Macau. Quando chegou ao local já as forças da autoridades estavam preparadas com extintores. A PJ defendeu-se com o facto de o indivíduo ter prestado declarações à imprensa sobre o assunto e ter gritado na rua, até chegar à esquadra. Por isso, as autoridades, sob a tutela de Wong Sio Chak fez um ultimato a Au: ou pedia desculpas ou responde em tribunal.
Hoje Macau Manchete PolíticaHabitação Económica | Proposta de lei entregue em breve, afirmou Raimundo do Rosário [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] proposta de revisão à lei da habitação económica vai ser entregue brevemente na Assembleia Legislativa. A garantia foi dada pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o governante acrescenta que a abertura de mais um processo de candidaturas a habitação económica não depende do seguimento da nova proposta. Ou seja, se a alteração da lei a este respeito não for aprovada, a abertura de candidatura será realizada de acordo a lei actual. Raimundo do Rosário acredita que um novo processo de candidatura pode ocorrer ainda durante o actual mandato do Governo, refere a mesma fonte. Questionado sobre a atribuição de casas económicas do Edifício do Bairro da Ilha Verde, o secretário lamentou que alguns dos projectos tenham sido adiados devido aos estragos provocados pela passagem dos tufões Hato e Mangkhut. No entanto, Rosário prevê que as obras de reparação do Edifício do Bairro da Ilha Verde estejam concluídas até ao final. O Governante garantiu também que vai instalar comportas contra inundações no auto-silo do edifício e nas zonas de paragem de autocarros.
Victor Ng PolíticaPolítica | Deputados em viagem de quatro dias ao Interior da China O sistema legislativo de Macau é mais atrasado que o do Continente, segundo Song Pek Kei, por isso a legisladora espera aprender com a visita ao Interior. Ho Iat Seng defende que a deslocação a Pequim e Tianjin serve para identificar oportunidades para Macau na Grande Baía [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omeçou ontem uma visita oficial que leva 29 dos 33 deputados ao Interior da China, nomeadamente à capital Pequim e a Tianjin. À partida para o Continente, ontem de manhã, o presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, destacou o facto desta visita oficial, que decorre até sexta-feira, permitir aos legisladores conhecerem melhor o desenvolvimento do Interior. Em declarações citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, aquele que também é apontado como uma possibilidade para próximo Chefe do Executivo afirmou que os deputados locais estão muito atentos às oportunidades que a RAEM vai ter devido ao desenvolvimento da zona da Grande Baía. Por sua vez, a deputada Song Pek Kei, licenciada em Direito pela Universidade de Macau, defende que o sistema legislativo do Continente é mais avançado que o local. Como tal, Macau tem de aprender com a forma como as leis são feitas e aplicadas do outro lado do fronteira. Song, que no passado acusou os advogados vindos de Portugal de serem favorecidos, num discurso na Assembleia Legislativa, sublinhou ainda a necessidade de Macau reforçar “a comunicação entre a administração e a legislação”, à imagem do que acontece na China. Também Lam Lon Wai falou à partida da viagem. O deputado eleito pela via indirecta disse que espera aprender mais sobre o combate à pobreza, para poder participar no objectivo nacional e prestar o apoio à província de Guizhou. Recentemente, o Governo Central anunciou como uma das prioridades o combate à pobreza nesta região. Encontros vários Em relação ao programa, ontem à noite, os deputados tiveram um jantar formal com os líderes do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado. Para hoje, está agendado um colóquio com os dirigentes da Comissão da Lei Básica da RAEM do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, que terminará com um jantar. Amanhã, os deputados vão a Tianjin, onde se reúnem com os membros da APN da cidade. Finalmente, no último dia, sexta-feira, está prevista uma visita a Pequim e o regresso em Macau. A visita não conta com a presença dos deputados pró-democratas Au Kam San, Ng Kuok Cheong e Sulu Sou, que optaram por ficar de fora por não verem benefícios na visita.
Hoje Macau PolíticaAssembleia Legislativa | Prova dos nove na próxima terça-feira [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Assembleia Legislativa regressa na próxima terça-feira aos trabalhos, com uma agenda cheia. No total são nove os pontos da ordem do dia do plenário, o primeiro da próxima sessão legislativa. Propostas de lei para votar na generalidade são sete. Além da relativa ao sistema de transporte de metro ligeiro e da referente ao Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), os deputados vão ainda apreciar a proposta de lei da Cibersegurança, bem como o regime legal da qualificação e inscrição para o exercício de actividade dos profissionais de saúde. Da agenda consta ainda o diploma que prevê a actualização dos índices mínimos das pensões de aposentação e de sobrevivência; o que revoga o regime geral da actividade ‘offshore’, bem como o que determina a não vigência de leis e decretos-leis publicados entre os anos 1988 e 1999. Espaço ainda para a apresentação por membros do Governo do relatório sobre a execução do Orçamento de 2017 e do relatório de Auditoria da Conta Geral de 2017 num plenário em que vai ser ainda submetido a votação um projecto de simples deliberação relativo à proposta do Orçamento Privativo da Assembleia Legislativa para 2019. Após a reunião plenária, os deputados vão ainda eleger os respectivos presidentes e secretários das sete comissões do hemiciclo, ou seja, das três permanentes, das três de acompanhamento e da de Regimento e Mandatos, de acordo com a informação disponível no portal da Assembleia Legislativa.
Diana do Mar Manchete PolíticaPSP | Alargamento de competências vai a votos terça-feira A Assembleia Legislativa vai votar, na próxima terça-feira, a proposta de lei que vem alterar a natureza do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), redefinindo o seu leque de atribuições e competências [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]e modo a “melhor responder às necessidades da segurança interna da RAEM”, a reforçar a capacidade de trabalho e de gestão interna e aumentar a eficiência, o Governo decidiu rever as normas relativas à natureza, atribuições e competências do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) que, na prática, redundam na atribuição de mais poderes para aquele órgão. A proposta de lei é votada, na generalidade, na próxima terça-feira, primeiro dia da nova sessão legislativa. As mexidas passam desde logo pela alteração da natureza do CPSP – que deixa de ser um corpo militarizado para passar a ser uma “força de segurança integrada no sistema da segurança interna da RAEM, que exerce competências próprias de um órgão de polícia criminal” –, dotado de “um quadro de agentes policiais, com estatuto profissional próprio”. À luz do diploma, o CPSP passa a ter mais margem de manobra, recorrendo, no exercício das suas competências, às medidas cautelares de polícia e de conservação da prova legalmente permitidas na sua adequação às necessidades. Isto sem prejuízo do dever de o comunicar, no mais curto espaço de tempo, quando em presença de um crime para cuja investigação é exclusivamente competente outro órgão de polícia criminal. A proposta de lei reproduz a grande maioria das actuais competências do CPSP, mas inclui outras novas. “Vigiar comportamentos susceptíveis de perturbar a tranquilidade e o normal quotidiano das pessoas” figura entre elas. Ao CPSP cabe ainda adoptar as medidas de prevenção e repressão dos actos ilícitos que possam atentar contra a segurança aeroportuária e de aviação civil”. Uma atribuição que decorre de alterações à zona de acção. É que, segundo o articulado, em situações de elevado grau de risco para a ordem pública, vida ou integridade física das pessoas, o CPSP exerce a sua acção também nas áreas aeroportuárias e no interior de aeronaves. Segundo o diploma, todos os agentes, independentemente do cargo que ocupem na carreira, detêm poderes de autoridade pública, adquirindo a qualidade de órgãos de polícia criminal, sempre que nela forem investidos pela entidade competente. Neste âmbito, propõe-se que o chefe do departamento de trânsito do CPSP seja considerado como autoridade de polícia criminal, juntando-se nomeadamente ao comandante e segundos-comandantes e a outros chefes de departamento, o que lhe permite emitir mandados de detenção, nomeadamente em casos de condução sob o efeito de álcool ou drogas. Meios coercivos Relativamente ao recurso a meios coercivos também há mexidas pontuais. Mantém-se a indicação que podem ser utilizados para repetir uma agressão actual e ilícita em defesa própria ou de terceiros, mas também “a interesses protegidos por lei”. De igual modo, o recurso a meios coercivos é considerado lícito quando para vencer a resistência ao exercício de funções, após esgotados todos os meios persuasivos para o conseguir, deixando cair o requisito actualmente em vigor que prevê “resistência violenta”. Outra das novidades tem que ver com “o acesso a informação de interesse criminal contida nos ficheiros da Administração, das entidades públicas autónomas e dos concessionários, como sejam os de abastecimento de água, de fornecimento de energia eléctrica ou do serviço de transporte de passageiros. Despesas secretas Em paralelo, estipula-se a possibilidade de o Chefe do Executivo permitir a realização de despesas confidenciais, quando as necessidades recorrentes da prevenção e investigação criminal o exijam, após proposta do comandante. A terem lugar implicam, segundo o articulado, a existência de um “registo secreto” a cargo do comandante e visado pelo Chefe do Executivo no final de cada ano civil. Em paralelo, à semelhança do que sucede com agentes da Polícia Judiciária, por exemplo, também os agentes do CPSP vão beneficiar caso sejam presos (preventivamente ou não) de um regime de separação dos restantes reclusos. Dado que as alterações previstas envolvem direitos e liberdades fundamentais impõe-se que sejam objecto de uma proposta de lei – que tem de ser aprovada pela Assembleia Legislativa – em vez de serem alvo de regulamento administrativo.
Hoje Macau SociedadePIDDA | Taxa de execução atingiu 84,7% em 2017 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] taxa de execução do PIDDA (Plano de Investimentos e Despesas da Administração) atingiu 84,7 por cento em 2017, com os pagamentos efectivos a ascenderem a 12,9 mil milhões de patacas de um orçamento autorizado de 15,2 mil milhões de patacas. Segundo o relatório sobre a execução do Orçamento de 2017, o PIDDA do ano passado é composto por 20 programas de investimento, sendo o da Ilha Artificial Fronteiriça da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau o que teve o maior orçamento autorizado e o que revelou o maior valor das despesas efectivamente pagas (3,93 mil milhões em 3,95 mil milhões), com a taxa de execução a corresponder a 99,7 por cento.
Diana do Mar Manchete PolíticaMetro Ligeiro | Diploma prevê possibilidade de expropriação de bens imóveis O Governo pode avançar com a expropriação de bens imóveis que se revelem necessários à implementação do sistema de metro ligeiro. É o que prevê expressamente a proposta de lei que vai ser votada na próxima terça-feira [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá preto no branco na proposta de lei do sistema de transporte do metro ligeiro: o Governo pode expropriar os bens imóveis e os direitos a eles inerentes que sejam necessários à implementação do sistema do metro ligeiro ou à segurança da operação. Contudo, são necessários dois requisitos. A saber: desde que “por causa de utilidade pública” e “após se ter esgotado a possibilidade de aquisição por via do direito privado”. Apesar de esta possibilidade estar contemplada no Regime de Expropriações por Utilidade Pública, o facto de ser expressamente definida na proposta de lei reveste-se de particular relevo, atendendo a que o traçado do metro na península de Macau ainda continua por definir. Neste capítulo, o articulado define ainda que as servidões administrativas compreendem a proibição de execução de trabalhos nas zonas envolventes de protecção passíveis de pôr em perigo o sistema do metro ligeiro – tanto ao nível das infra-estruturas como do próprio funcionamento – sem o parecer favorável da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). A violação fica sujeita à ordem de embargo e de demolição das respectivas obras e, quando for o caso, de reposição dos solos nas condições em que se encontravam antes. Em paralelo, à luz do diploma, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) pode ainda ordenar a demolição ou alteração de edificações que, à data da constituição ou modificação de servidões, existam ou estejam em curso nas áreas a elas sujeitas, desde que tal se torne necessário à segurança e eficiência da operação do sistema de metro ligeiro. Deveres da operadora A operação do sistema de metro vai ser entregue, em regime de concessão de serviço público, a uma sociedade comercial de capitais públicos a constituir unicamente para este fim e cujo accionista maioritário é a RAEM, com 96 por cento. Como avançado anteriormente, o remanescente capital social vai ficar nas mãos do Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização (3 por cento) e do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e Tecnologia (1 por cento). Além dos deveres normais, como informar os passageiros da supressão temporária do serviço, a proposta de lei estipula que a operadora ficará com o ónus de promover a celebração de contratos de serviços combinados com as concessionárias dos autocarros, a fim de assegurar a ligação multimodal entre os dois meios de transporte. No que toca ao seguro obrigatório de responsabilidade civil para cobrir os riscos decorrentes da operação do sistema de metro ligeiro, relacionados com acidentes, incidentes e avarias, que possam causar danos a terceiros, às infra-estruturas ou aos equipamentos, o diploma pouco mais adianta, dado que as condições do contrato vão ser fixadas em regulamento administrativo. Poderes de fiscalização Relativamente à intervenção dos agentes de fiscalização, o diploma prevê que os trabalhadores da operadora podem tomar medidas adequadas para impedir ou minimizar o resultado das infracções administrativas. Entre outros, podem recusar a entrada de passageiros a zonas pagas em situações como visível estado de embriaguez ou diante da possibilidade de estar em risco a segurança e a saúde de outrem ou salubridade dos comboios ou das infra-estruturas. Neste âmbito, gozam de poderes de autoridade pública enquanto estiverem no exercício dessas funções, diz a nota justificativa. A proposta de lei prevê também a realização de uma investigação técnica que tem “por finalidade única” a prevenção de acidentes e incidentes, não se destinando, portanto, à atribuição de culpas ou de qualquer tipo de responsabilidade, sendo independente de qualquer outra que, nos termos da lei processual penal, seja realizada em simultâneo pelas autoridades. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) é a entidade responsável pela mesma. À luz do articulado, a operadora é responsável pelos danos causados aos passageiros e bens quando resultem de defeitos ou de avarias, ficando exonerada de responsabilidade apenas nos casos em que os danos sofridos pelo lesado tenham ocorrido em virtude de não ter observado os deveres a que está obrigado ou resultado de facto imputável a terceiro, por exemplo. Penas de prisão e multas O diploma prevê ainda responsabilidade penal. A título de exemplo, quem comandar ou se apossar de comboio em circulação, no qual se encontrem pessoas, sem para tal estar autorizado, é punido com pena de prisão de 5 a 15 anos. Já a moldura penal prevista para quem atentar contra a segurança da operação varia entre 1 e 10 anos de cadeia. Estipulam-se ainda penas para o caso de lançamento de projéctil contra comboio ou de abstenção de funções. No âmbito das infracções administrativas, a proposta de lei prevê, no caso dos passageiros, multas entre 500 e 10 mil patacas, graduadas em função da gravidade da infracção, dos danos, do grau de culpa e da respectiva capacidade económica. As condições gerais do transporte, como horário e frequência, ou o regime tarifário vão ser definidos por despacho do Chefe do Executivo.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteJoaquim Coelho Ramos, director do Instituto Português do Oriente: “Nunca fechamos portas” Nomeado director do Instituto Português do Oriente em Julho, Joaquim Coelho Ramos quer continuar o trabalho do seu antecessor, mas pretende internacionalizar mais a instituição de ensino e apostar na investigação. A criação de um laboratório de línguas está entre as novas apostas [dropcap]C[/dropcap]omecemos pelas estratégias que traz para este mandato à frente do IPOR. As estratégias que trago terão de ser ajustadas ao longo do tempo, uma vez que é assim que as coisas funcionam, porque temos de conhecer a realidade e as pessoas. Gostava de trabalhar em duas linhas: a primeira com a continuação do notável trabalho que deixou o meu antecessor, e essa fase será de consolidação em que será necessário terminar algumas tarefas e projectos que ficaram do anterior mandato. Há depois uma segunda fase que eu gostava de começar no prazo de um ano que consistirá na aproximação à rede que está ligada ao IPOR, aos nossos colegas de outros países aqui à volta. Queria, de facto, que a actividade do IPOR funcionasse mais em contacto com países como o Vietname, Tailândia, Timor-Leste e Austrália. Como se explica o interesse pelo português no Vietname, Tailândia e até na Austrália? O português é uma língua que não está a ser descoberta agora, está é a receber mais atenção por parte dos meios de comunicação. Mas a verdade é que vivemos uma segunda fase da ebulição do português, porque já foi a língua diplomática e a língua de negociação internacional. O que estamos a ver agora é um renascimento do português num novo contexto, que se justifica pelo crescimento de uma nova realidade, que é a comunidade dos países de língua portuguesa, que traz consigo fenómenos económicos e culturais de desenvolvimento que estão a atrair o interesse de outros países. A língua surge como instrumento de acesso a estas diferentes áreas. Claro que as relações com a China também vieram ajudar à expansão da língua. Não há grandes dúvidas com o facto de termos estas relações privilegiadas com os parceiros chineses, a nível cultural isso é muito significativo. Recordo-me que recentemente falei com curadores em Portugal que me disseram que há uma emergência de novos curadores, nomeadamente de Macau, que estão a aparecer em feiras internacionais, e que estão a surgir em Portugal em mostras de arte contemporânea. Isso está a despertar muito interesse da parte das comunidades que nós consideramos mais tradicionais. Esta relação com a China também aumenta não só a visibilidade da criatividade mas também áreas mais abstractas, com uma menor dimensão pragmática. Estou convencido que isso é para continuar, porque estamos apenas a descobrirmo-nos. Encontrou alguns desafios e problemas que ficaram por resolver do mandato do seu antecessor? Não. Encontrei, não lhe chamaria problemas, mas situações que tiveram o seu início e que estão a ter a sua continuação normal. São projectos que não são de conclusão imediata, têm um procedimento, e nesse contexto incluiria realidades como uma nova abordagem ao ensino do português, que se transformou de uma abordagem modular para abordagem de níveis. A produção de novos materiais didácticos que tentaremos exportar, e depois um reforço daquilo que são as competências e a oferta técnica do IPOR, para o qual contamos com generosos apoios da região. Fala do Governo de Macau? Sim. Falo também da criação do laboratório de línguas no IPOR, que é uma valência que estou convencido que, a prazo, servirá escolas, escolas bilingues, os nossos alunos, que estão em número crescente. Trata-se de um projecto que está a ser trabalhado em conjunto com o Governo de Macau, que tem sido, aliás, muito próximo e disponível para este tipo de apoios. Quando é que esse laboratório estará em pleno funcionamento? Não lhe posso dar já uma data, sobretudo porque temos situações técnicas que carecem de avaliação que fogem à minha competência, tal como programação informática e sistemas que têm de ser vistos. Há também detalhes que se prendem com questões de compatibilidade, pois o laboratório terá de ser compatível com outros sistemas que já existam no mercado. É minha intenção fazer um trabalho em rede. Queria que fosse lançado num curto espaço de tempo. Que mais valias vai trazer este laboratório na ligação entre o IPOR e as escolas? O laboratório de línguas é uma estrutura e um meio complementar de pedagogia mas também na oferta de outras áreas, tal como a investigação, e vai trazer muitos benefícios, por exemplo, a nível do desenvolvimento de competências na área da fonética. Também vai permitir aos nossos alunos algum tipo de experimentação ao nível dos textos orais, tendo em consideração que aqui no IPOR temos uma abordagem muito pragmática dos conteúdos dos cursos. Cursos na área da Administração Pública, por exemplo, tentamos dar material autêntico que permita pôr alunos, em fases iniciais, em contacto com essas realidades. Com o laboratório vamos poder fazer crescer essa oferta e as competências que vão estar ao dispor dos nossos professores, e permitir que os nossos alunos tenham outras condições de aprendizagem. Depois há uma dimensão a nível da investigação. Em que sentido? Gostava que o IPOR tivesse maior visibilidade internacional na área da investigação, sobretudo porque tenho falado com docentes do IPOR e tenho visto a categoria deles, que é sem dúvida bastante alta. Tenho neste momento cinco professores a fazer doutoramento e, sobretudo, têm desenvolvido trabalho de investigação, nomeadamente na área da didáctica, que está pouco divulgada externamente. Estou convencido que com o incremento destas valias tecnológicas podem atrair pessoas de fora para interagir com os nossos professores, para que possam ter novas experiências mesmo em contexto de laboratório. É o momento ideal para termos o laboratório. Falando agora do número de alunos e do espaço físico do IPOR, são necessárias mudanças tendo em conta a tendência de aumento? Para já temos as condições necessárias em termos de espaço. Teremos que, a breve prazo, rever as condições técnicas, porque isso faz parte da própria evolução, quer da intervenção pedagógica, que vai exigindo novas condições, quer dos formatos das próprias sessões. Há novas abordagens que passam pelo posicionamento dos alunos nas salas e também pelos meios técnicos que se oferecem em contexto de sala de aula, e estamos perante uma evolução constante. Em termos de espaço, estamos a rever a disposição de algumas salas para fazermos a máxima rentabilização e também é bastante vantajoso o facto de darmos algumas aulas fora do IPOR, nas escolas que nos contratam. FOTO: Sofia Mota Falemos da parte financeira. Está resolvido o processo de saída dos associados CESL-Ásia e Banco Espírito Santo (BES)? O IPOR está muito bem em termos de associados. Temos associados de qualidade que estão empenhados no desenvolvimento da língua portuguesa na região. O nosso website não está actualizado relativamente a este aspecto porque a saída de um associado implica um procedimento, que vai desde a manifestação de interesse de saída, até à oficialização pela assembleia-geral. Não é um procedimento imediato mas em boa hora se fará. Estou a falar do BES, por questões que são conhecidas, e a CESL-Ásia que saiu de facto também. Mas gostaria de esperar pela próxima assembleia-geral para avançar com essa informação [se foi ou não manifestada a declaração de interesses na saída]. Patrícia Ribeiro, vogal da direcção – o BES já saiu há cerca de cinco anos. Foi uma saída pacífica, demonstraram vontade de sair. Na verdade, a assembleia-geral já considerou a saída da CESL-Ásia de associado do IPOR. Não existe ainda uma formalização, mas a declaração de interesses já foi entregue há vários anos. O IPOR terá de encontrar novos associados? A atracção de novos associados é sempre um desafio ao qual nunca fechamos portas, porque a abordagem do IPOR é de parceria. Há um interesse permanente em acolher novas entidades interessadas nesta dinâmica. O IPOR também tem os seus fundos próprios e está, neste momento, numa situação estável. A atracção de novos associados terá a ver com o interesse dos próprios e não é uma urgência. Os relatórios e contas também não são tornados públicos desde 2012. Não há aqui nenhuma intenção de ocultar informação, mas estamos desde há algum tempo a procurar fazer um novo site, que está em fase de conclusão. Queremos introduzir novas valências tendo em conta a modernização de que lhe falei há pouco. Os relatórios e contas podem ser tornados públicos assim que a assembleia-geral o entenda. Perfis dos alunos. O IPOR tem cada vez mais alunos adultos, com diferentes profissões? O futuro vai passar por ter mais alunos que vêm dos países de língua portuguesa, do meio empresarial? O IPOR terá de dar resposta a esses alunos? Algumas das fases que já referiu já estão contempladas na actual acção do IPOR. Temos a linha de orientação para os profissionais que tem a ver com pessoas que, com um contexto de trabalho, se dirigem ao IPOR para desenvolverem os seus conhecimentos na língua. Temos também alunos que ainda estão na sua vida académica e, porque procuram um complemento à sua formação, ou porque decidem procurar o português por sua iniciativa, que são acolhidos pelo IPOR. Temos oficinas para crianças também. A nível etário temos uma oferta abrangente. Quando me fala na relação dos países da CPLP, e tendo Macau como ponto de contacto, a ideia é desenvolver também essa área [empresarial] por vários motivos. O português é uma língua pluricêntrica e, neste contexto, é fundamental ter as diversas visões das culturas que lhe estão associadas. Quando abrimos concurso para professores temos tido candidaturas de vários pontos do mundo. É uma vantagem e é para continuar. O inverso também me parece oportuno. Há dias falei com professores e técnicos do instituto e transmiti-lhes a vontade de ver concretizados projectos de investigação com docentes de outros países. Como é que isso poderá ser concretizado? Quando temos alunos que aprendem português com a intenção de o aplicar no contexto de Angola, Moçambique ou São Tomé e Príncipe, eles têm de o aplicar em contexto. Essa ligação em projectos de investigação ou de criação de materiais didácticos tem de ser feita em duas vias.
Hoje Macau DesportoNacho diz que o Real Madrid tem que deixar de viver no passado com Ronaldo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] defesa Nacho Fernández afirmou hoje que o Real Madrid não pode continuar a viver no passado com Cristiano Ronaldo e que, mesmo sem o futebolista português, tem capacidade para continuar a vencer e a conquistar títulos. “O Cristiano era muito importante para nós porque marcava 50 golos por temporada. Nós não temos a culpa que ele já não esteja cá e não podemos viver no passado. Temos que olhar para a frente com o que temos, que é um plantel muito bom e que tem capacidade para tudo”, afirmou Nacho Fernández. Em entrevista à agência EFE, numa altura em que está a trabalhar junto da seleção espanhola, o defesa de 28 anos lembrou que, no início da temporada, quando o Real Madrid marcava golos e ganhava jogos, “ninguém se lembrava de Cristiano Ronaldo”, transferido no defesso para os italianos da Juventus. “Ele [Cristiano Ronaldo] começou a temporada sem marcar golos na Juventus e dizia-se que por ter saído do Real Madrid já não conseguia marcar. Agora diz-se o contrário. No futebol tudo vai mudando”, considerou o internacional espanhol. O Real Madrid, agora treinado por Julen Lopetegui, ex-técnico do FC Porto, leva uma série de quatro jogos seguidos sem vencer, incluído três derrotas, e também sem marcar qualquer golo. “O plantel está com o treinador até à morte. Já vivemos situações bem piores, mas fomos sempre capazes de ultrapassar. Não posso garantir que, no final da época, o Real Madrid, vença todos os títulos, mas sabemos que vamos lutar por tudo até final”, frisou Nacho, que fez toda a sua carreira no clube ‘merengue”. O defesa tem 21 internacionalizações pela Espanha e marcou o único golo com a camisola ‘roja’ no Mundial2018, no empate frente a Portugal (3-3).
Hoje Macau DesportoSeleção portuguesa arranca preparação para Polónia com apenas 14 jogadores [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] seleção portuguesa de futebol realizou ontem o primeiro treino de preparação para os jogos com a Polónia, para a Liga das Nações A, e Escócia, de caráter particular, numa sessão com apenas 14 disponíveis. Na Cidade do Futebol, em Oeiras, o selecionador Fernando Santos teve à disposição os guarda-redes Rui Patrício, Beto e Cláudio Ramos, os defesas João Cancelo, Kévin Rodrigues, Mário Rui e Pedro Mendes, os médios Gedson, Sérgio Oliveira, Rúben Neves e Renato Sanches e os avançados Hélder Costa, Rafa e Bruma. Os restantes 11 atletas convocados (Pepe, Rúben Dias, Cédric, Luís Neto, Bruno Fernandes, William Carvalho, Pizzi, Danilo, Bernardo Silva, Éder e André Silva) não subiram ao relvado e ficaram no ginásio a fazer trabalho de recuperação. Nos 15 minutos da sessão abertos aos jornalistas, os jogadores de campo disponíveis realizaram aquecimento com bola, antes de serem divididos em duas equipas para um exercício de posse de bola, enquanto os três guarda-redes trabalharam à parte com o técnico Fernando Justino. Portugal defronta a Polónia em Chorzow, na quinta-feira, na segunda jornada do Grupo 3 da Liga das Nações A, visitando três dias depois a Escócia, para um encontro particular.
Hoje Macau EventosDiário inédito de Saramago revela “a loucura” de receber o Nobel, diz Pilar Del Río [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] viúva de José Saramago, Pilar del Río, disse que o último volume dos diários do escritor, ontem apresentado, revela a sua vida em 1998 e a “loucura” de receber o Prémio Nobel de Literatura. “É a vida no ano de 1998 até 08 de outubro [data em que Saramago foi anunciado como vencedor do Prémio Nobel de Literatura], o dia como hoje [em que se comemoram 20 anos], um caderno onde ficam referenciadas viagens, conferências, encontros, preocupações, ansiedade e, a partir de 08 de outubro, a loucura do Nobel”, disse aos jornalistas Pilar del Río. A acompanhar o lançamento do “Último Caderno de Lanzarote” no congresso, em Coimbra, que celebra os 20 anos de atribuição do Nobel da Literatura, a Porto Editora apresentou o livro “Um País Levantado em Alegria”, de Ricardo Viel, que relata “detalhes e surpresas” de como Saramago e o país viveram aquele dia, anunciou a organização. “É um livro que explica como viveu Portugal e como Portugal cresceu naquele dia com a notícia do Nobel”, adiantou a também presidente da Fundação José Saramago. Questionada sobre o que significava Coimbra para Saramago, Pilar del Río recordou que foi nesta cidade que o companheiro soube da morte de José Cardoso Pires – o autor de “O Delfim”, “Alexandra Alpha”, “Balada da Praia dos Cães” -, em outubro de 1998, poucos dias depois de receber o Nobel. “Neste dia e neste momento, para mim, Coimbra chama-se José Cardoso Pires (…) Hoje Coimbra lembra-me José Cardoso Pires”, frisou Pilar del Río. A viúva do escritor lembrou ainda que José Saramago recebeu um doutoramento ‘honoris causa’ pela Universidade de Coimbra (em 11 de julho de 2004), proposto pela Faculdade de Letras, e que teve o ensaísta Eduardo Lourenço como padrinho do doutorando.
Hoje Macau EventosFilme sobre poeta Camilo Pessanha exibido na extensão de Macau do DocLisboa [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] filme “Pé San Ié – O Poeta de Macau”, inspirado na vida e obra do poeta Camilo Pessanha, vai ser exibido na extensão de Macau do Festival Internacional de Cinema DocLisboa. Depois da primeira exibição no DocLisboa, prevista para 19 de outubro, o filme faz a sua estreia asiática a 05 de novembro, na Cinemateca Paixão, na extensão do festival português dedicado ao documentário, que é organizada em Macau pelo Instituto Português do Oriente. Trata-se de um projeto da realizadora Rosa Coutinho Cabral e da produtora Maria Paula Monteiro, rodado inteiramente em Macau, em 2017, e finalizado este ano. A mesma dupla é a responsável pelo documentário “Camilo Pessanha – 150 anos”, que será exibido em Macau no auditório Dr. Stanley Ho, sustentado pelo depoimento de investigadores, biógrafos e historiadores, na sua maioria ilustres figuras de Macau. Segundo a produtora, nesse documentário surgem as várias dimensões do homem e não só do poeta, revelando-o como jurista eminente, republicano, maçom, professor, sinólogo, colecionador, tradutor e falante de chinês, oscilando sempre entre dois eixos: o mundo a Ocidente, onde nasceu, e a Oriente, onde viria a morrer.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesUm crime quase perfeito (I) [dropcap style≠’circle’]X[/dropcap]u Jinshan, Professor Associado do Departamento de Anestesia e Terapias Intensivas, da Faculdade de Medicina da Universidade Chinesa de Hong Kong, foi condenado pelo homicídio da mulher e da filha. Devido às dificuldades com que os investigadores se depararam, quase que este chegou a ser um crime perfeito. Mas a polícia trabalhou com afinco, sem nunca desistir, e a verdade acabou por vir ao de cima. As vítimas foram Huang Xiufen, a mulher de 47 anos de idade e a filha Lily, de apenas 16. Foram encontradas inconscientes no carro, um Mini Cooper, no dia 22 de Maio de 2015. Morreram a caminho do hospital. A autópsia revelou que a causa da morte foi envenanamento por inalação de monóxido de carbono. E donde terá vindo este monóxido de carbono? Esta foi a pergunta chave colocada pelos investigadores. Inicialmente, os agentes inspeccionaram o Mini Cooper, mas não encontraram indícios de qualquer mau funcionamento, até porque Huang Xiufen o tinha levado há pouco tempo para a revisão e o carro estava em perfeitas condições. A origem deste gás passou a ser uma dor de cabeça para os investigadores. Seis meses depois, em Novembro de 2015, a polícia seguiu outra linha de investigação. Descobriram que na parte de trás do carro estava uma bola insuflável vazia. Pensaram que a bola poderia ter contido o monóxido de carbono, que se teria eventualmente libertado. A bola foi para análise mas infelizmente não acusou vestígios do gás. O passo seguinte foi a identificação de todos os fornecedores de monóxido de carbono. Descobriram que, a 8 de Abril de 2015, tinha sido entregue no Hospital Prince of Wales, local de trabalho de Xu Jinshan, uma quantidade de monóxido de carbono, 99.9% puro. A nota de recepção do gás não tinha sido assinada por Xu Jinshan, mas sim pelo seu colega Zhou Yiqiao. Os registos demonstraram que em Outubro de 2014, a Hong Kong Oxygen Co., Ltd. tinha recebido um email a perguntar o preço do monóxido de carbono. O endereço deste email continha a palavra “khaw”, que é o equivalente Malaio de “Xu”. A polícia submeteu Zhou Xiaoqiao a um interrogatório. Zhou afirmou que tinha pedido o gás para experiências hospitalares, mas que não estava a par dos pormenores dessas experiências. Investigações posteriores apuraram que Xu Jinshan tinha realizado dois ensaios com o monóxido de carbono e que a sua amante Shara Lee também tinha participado nesses estudos. Nessa altura os investigadores confrontaram Zhou com uma pergunta chave, quem é que tinha tirado o gás do laboratório? Zhou respondeu que tinha visto Xu Jinshan levar o monóxido de carbono dentro de duas bolas insufláveis, dois dias antes das mortes. Quando Zhou perguntou a Xu Jinshan porque é que estava a levar o gás do laboratório, este respondeu-lhe que a amiga precisava de verificar o seu grau de concentração. Até esse momento, a polícia já tinha apurado que duas pessoas tinham morrido dentro do carro, devido a envenenamento por inalação de monóxido de carbono, e que o veículo estava em boas condições. Xu Jinshan, era marido de uma das vítimas e pai da outra. Em 2014 tinha sido enviado um email para a empresa que fornece o gás a indagar o preço. O endereço de email contendo a palavra “khaw” pertencia provavelmente a Xu Jinshan. O monóxido de carbono foi levado para o laboratório e Xu Jinshan usou-o numa experiência. Levou ainda duas bolas insufláveis para colocar o gás. A partir destas provas, a polícia só precisava de saber como é que Xu tinha colocado a bola nas traseiras do carro e como é que tinha feito para que o gás se libertasse. A 12 de Maio de 2016, a polícia prendeu Xu Jinshan por suspeita de homicídio. O réu prestou esclarecimentos de livre vontade. Começou por contar que tinha transportado as duas bolas insufláveis e um detector de gás no seu próprio veículo, uma carrinha Toyota de sete lugares. Nesse noite dormiu em casa de Shara Lee. No dia seguinte, Xu Jinshan foi directamente para o Hospital. Quando chegou ao trabalho, percebeu que o detector estava a dar sinal, porque uma das bolas estava a deixar escapar gás. Como não havia nada a fazer, deixou o gás sair e foi para casa buscar o o Mini Cooper, onde colocou a outra bola, e voltou à Universidade para ir jogar ténis. Na manhã do incidente, Huang Xiufen foi no Mini Cooper levar as crianças à escola, onde deveriam estar às 7.30. Como Lily tinha feriado, ficou em casa. Quando regressou, Huang Xiufen esteve no jardim e na sala até às 10.00 e depois foi descansar para o quarto. Por volta das 14.00, Huang Xiufen e Lily sairam no Mini Cooper. Xu Jinshan foi para a Universidade, para assistir a apresentações de alunos e a seguir dirigiu-se ao Hospital. Às 14.25, um condutor de autocarro viu um carro particular estacionado numa paragem. Esta paragem ficava apenas a 1,6 km de distância da casa de Xu Jinshan. Às 15.35, uma transeunte reparou no Mini Cooper e pensou que as duas ocupantes estivessem a dormir. Por volta das 16.15, a mesma transeunte voltou a passar no local e, estranhando a situação, alertou a polícia. Regra geral, se uma pessoa permanecer num local fechado com uma concentração de 6400 ppm de monóxido de carbono no ar, passado 1 a 2 minutos, começa a sentir dores de cabeça e tonturas, e morrerá num intervalo de 10 a 15 minutos. Durante o julgamento, o advogado de defesa começou por salientar que Xu Jinshan não tinha qualquer intenção de matar a mulher. Embora tivesse uma relação com a sua assistente, Shara Lee, e se desse mal com a esposa, este relacionamento era do conhecimento da família. O divórcio chegou a ser considerado, mas acabaram por acordar que seria melhor ficarem juntos para acabar de criar os filhos. Ou seja, não haveria motivo para Xu Jinshan matar a mulher. Seguidamente, o advogado de defesa argumentou que as provas recolhidas pela polícia não evidenciavam que Xu Jinshan tenha colocado a bola fatal nas traseiras do Mini Cooper, para que o gás propositadamente se volatizasse. O elemento “causa/efeito”, ou seja “devido aos actos do réu as vítimas morreram” não se pode provar neste caso. (continua na próxima semana)
Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasPoemas de Li Bai DEIXAR DE VER UM AMIGO [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ontanhas verdes e azuis, por detrás dos muros do norte. A leste, a cidade é cortada por águas puras, brancas. É onde nos iremos separar. Ao vento, as sementes das árvores viajam mais de mil quilómetros. Nuvens e pensamentos, de quem se põe a caminho, nunca param. Tão rápido acaba o dia como uma velha amizade. Despedimo-nos como se fosse do lugar e não de nós. Picamos os cavalos, que relincham, relincham de tão sós. DIÁLOGO NO ALTO DA MONTANHA Perguntas-me porque decidi viver no alto da montanha. Sorrio, e o meu coração tranquilo não sopra uma resposta sequer. Pétalas de pessegueiro dançam as suas pequenas mortes nas águas do rio. Aqui não existe erro, tudo é diferente dos homens, até o céu e a terra.
Amélia Vieira h | Artes, Letras e IdeiasUma língua de mar [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]xistiu algures uma teoria da arquitetura portuguesa que não é mais do que a extensão do desenho das emoções projectáveis que ao modelar a paisagem teceu a linha da saudade. A linha horizontal. Nunca de facto o gótico foi expressivo entre nós, nem os vastos guindastes para os céus enaltecidos enquanto desafios imaginários. A linha que se estende oceânica também modela as vozes e tem verbos longos, arrastados, que abre vogais, amplia noções, pega no fio e transporta-o em deleitoso arrastar de forma deitada. Uma paisagem que os sentidos apreendem, as vontades compõem e dá origem a formas de pensamento. Ao partirmos de um lençol deitado, bordado, desses monumentos compridos, densos, transformáveis, levamos ainda o grande fio que irá servir de laço «laços de amor» às vestes dos Vice-Reis da Índia. Uma corda em pedra que sobe, que é rente, que enreda, serpenteia, não é o mesmo que um bastão de um «Excalibur» nesta designada outrora terra de Mu, ou reino das serpentes, que definitivamente não gosta da recta e onde tudo ao redor nos lembra disso. Até os signos alfabéticos nos dão conta, quando ao percorrê-los vamos encontrar um «S» exponencial para as concordâncias que atravessam a língua toda: terra dos Silvas, das Saudades, das Saúdes, das Sardinhas, das Senhoras, dos Soares, dos Sousas, dos Sidónios… dos Salazares, um manuelino enroscado à teia de uma consciência da vida como «Capela Imperfeita» que ao não ter tecto faz das alturas estelares uma visão aterradora. Octógonos em pedra, deitados nas lajes os mártires que aspiram nevoeiros. Toda a sinuosidade se adapta ao espaço, contornando-o – uma manobra dançante – teme o obelisco, corta as partes contundentes, ameaça ser um lago e lança-se em oceanos. Lá chegados, as terras que fomos inventar são hoje uma panorâmica surpreendente do ventrículo luso, as cidades onde ora acontecemos parecem ainda hoje ter as “tripas de fora” nos postes de abastecimento energético, que a tripa é uma curvatura lindíssima e serpenteia cidades como uma piton iluminada. Nós não vemos isto, aliás, nós, agora tão Encobertos não olhamos quase nada e vamos melancolicamente a direito dentro de cápsulas sem préstimos e qualidades. A errância, essa grande teia, tem uma língua que propulsou, tomou cuidados, e foi em correntes de água molhar as bocas que encontrava. E hoje, a memória do que outrora levávamos não tem voz, a nossa lembrança não tem chão, perdemos tudo ao tentar ser outros e cegos fomos ficando no intenso nevoeiro. Louvámos os charcos e calcinámos as frotas. De grande, restou-nos um certo círculo onde se tece a teia, onde se nasce para o fundo de cabeça a descoberto… e agora, que todas essas redes gravitacionais que dançavam numa estranha mas fascinante inspiração colectiva para sempre se foram, eis-nos que somos o que a ninguém lhes acontece ser: reflexos. Qualquer coisa no entanto e de novo se faz sentir, pode até coincidir com o último trago, mas não será em vão tentar pensá-lo. Já poucos, aguardamos, cansados, nem por isso desistimos. Os ciclos são esféricos e quase sempre pela brecha que não esperávamos muda o mundo. Pode haver um senão: não estarmos aqui, mas outros tomarão os remos da ideia começada. E pela mesma razão que a língua galgou as praias por onde Velhos anunciavam desventuranças, iremos agora buscá-la mais além, nos locais onde beijamos outros. Tudo isto, e não sei em que sentido me lembra este poema de Manuel Bandeira: “Aceitar o castigo imerecido, Não por fraqueza mas por altivez No tormento mais fundo o teu gemido. Trocar num grito de ódio a quem o fez. As delícias da carne e pensamento Com que o instinto da espécie nos engana. Não tremer de esperança nem de espanto Nada pedir nem desejar, senão A coragem de ser um novo santo Sem fé no mundo além do mundo. E então Morrer sem uma lágrima, que a vida Não vale a pena e a dor de ser vivida.” Uma língua de mar.
Hoje Macau China / ÁsiaChina espera que visita de Mike Pompeo ajude a restabelecer a confiança [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China afirmou ontem esperar que a visita a Pequim do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, restabeleça a confiança mútua entre os dois países, apelando ao fim das “más práticas”, que levaram ao deteriorar das relações. “Estamos dispostos a manter os contactos com a parte norte-americana, mas julgamos que as más práticas dos Estados Unidos em algumas questões não contribuíram para a cooperação”, afirmou em conferência de imprensa Lu Kang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. O porta-voz disse que Washington deve voltar ao “caminho certo” e “mostrar a sua disposição em trabalhar com a parte chinesa, para alcançar uma melhoria nas relações entre os dois países”. Pompeo reuniu-se ontem com o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, para analisar possíveis avanços na desnuclearização do regime norte-coreano, numa altura de crescentes disputas comerciais entre os dois países. “Pompeo mostrou a sua vontade em trabalhar sobre a questão da península coreana e a China está também disposta a tratar deste assunto”, afirmou Lu. “Como dois importantes membros do Conselho de Segurança, a China e os EUA têm necessidade de reforçar a cooperação em certas questões internacionais, e restabelecer a confiança mútua”, disse.