João Santos Filipe DesportoGuia | Banco da China paga 500 mil patacas para prova de atletismo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Banco da China pagou 500 mil patacas para ser o principal patrocinador da Corrida Fun Run do Circuito da Guia, prova de atletismo que vai dar a oportunidade a duas mil pessoas de percorrerem a pé o traçado do Grande Prémio de Macau. O evento está agendado para 11 de Novembro, com partida às 06h30 da manhã, e o principal patrocinador foi apresentado ontem, em conferência de imprensa, que serviu também para entregar o cheque do patrocínio. “O nosso objectivo é fazer com que as pessoas possam sentir as emoções da pista e para se sentirem mais próximas do circuito da Guia”, disse Pun Weng Kun, presidente do Instituto do Desporto. Esta é a primeira vez que uma corrida de atletismo se realiza no circuito da Guia e neste momento pode também ser a última. “É uma actividade organizada pela primeira vez, mas não sabemos se vamos repeti-la no futuro. Neste momento é apenas mais um evento que faz parte das celebrações da 65.ª edição do Grande Prémio de Macau”, explicou o responsável. A principal prova de automobilismo de Macau vai realizar-se entre 15 e 18 de Novembro. Contudo, a corrida de atletismo está agendada para 11, um domingo. Pun foi questionado sobre a razão do evento acontecer quase uma semana antes das provas de automobilismo: “O Grande Prémio exige uma preparação muito grande. Por isso se fizéssemos a corrida mais perto das provas de automobilismos, haveria outros problemas, que assim não se colocam”, respondeu. As inscrições para a prova, que tem um percurso com 6,2 quilómetros, já estão encerradas. A partida está agendada para as 06h30 à frente do Edifício do Grande Prémio e os participantes vão ter um limite de uma hora e quinze minutos para completar uma volta ao percurso.
Jorge Rodrigues Simão Perspectivas VozesA questão da sustentabilidade (I) “In his book Collapse, Jared Diamond (2005) lists eight environmental problems that contributed to the collapse of past civilizations: deforestation and habitat destruction, soil problems (erosion, salinization, and soil fertility losses), water management problems, overhunting, overfishing, effects of introduced species on native species, human population growth, and increased per capita impact of people. For modern civilization, Diamond adds four new global problems: human-caused climate change, buildup of toxic chemicals in the environment, energy shortages, and full human utilization of the earth’s photosynthetic capacity.” “Sustainability: An Environmental Science Perspective 1st Edition” – John C. Ayers [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] sustentabilidade que os cientistas definem como a capacidade de os ecossistemas saudáveis, continuarem a funcionar, interminavelmente, tornou-se um aviso para os negócios. Se considerarmos o ambicioso projecto “Ecomagination” da General Electric, os esforços da Coca-Cola para proteger a qualidade da água, a tentativa da Wal-Mart de reduzir o desperdício de embalagens e a remoção de produtos químicos tóxicos da Nike dos seus calçados, chegamos à conclusão que esses e outros esforços louváveis são passos em uma estrada descrita pela gigante de alumínio Alcan, no seu último relatório de sustentabilidade corporativa, de como a sustentabilidade não é um destino, mas sim uma caminhada contínua de aprendizagem e mudança. A Alcan, infelizmente, estava errada, pois na melhor das hipóteses, a visão de sustentabilidade como uma viagem interminável de etapas adicionais, é um prejuízo para os líderes empresariais que procuram criar uma ruptura entre a economia e a ecologia, mas mais cedo ou mais tarde e na pior das hipóteses, serve como desculpa para a inacção quando se trata de construir um negócio verdadeiramente sustentável. É de acreditar que a sustentabilidade não deve ser um objectivo distante e enevoado, mas sim um destino real. Tal visão surgiu de uma pesquisa iniciada na década de 1980, que tinha por fim ajudar a limpar a falta de organização tóxica das empresas da Fortune 500 e que inspirou a lançar um longo esforço para se descobrir a verdadeira base da sustentabilidade, o que levou à realização de centenas de entrevistas com líderes empresariais, cientistas, engenheiros, académicos, projectistas e arquitectos, tendo-se chegado à conclusão de que se conhecia exactamente como é a sustentabilidade no planeta Terra, como um modelo perfeito, refinado por milhares de milhões de anos de tentativas e erros, sendo a biosfera do nosso planeta, definida em 1875 pelo geólogo Eduard Suess, como o lugar na superfície da Terra onde a vida habita. Os pesquisadores apenas recentemente começaram a explorar como a tecnologia da natureza pode ser imitada, e posta ao serviço da produção e comércio sustentáveis. A complexa biosfera auto-reguladora da Terra é, em essência, um sistema operacional brilhante que formou a vida prolífica, sem interrupção por mais de 3,5 mil milhões de anos. Ao estudar os princípios interdependentes que colectivamente representam a sustentabilidade da Terra, os líderes empresariais podem aprender a construir produtos ecologicamente correctos, que reduzem os custos de produção e demonstram ser altamente atraentes para os consumidores. Além disso, as empresas não precisam de esperar por uma revolução tecnológica verde para implementar práticas de produção que sejam sustentáveis e rentáveis, pois podem aplicar as lições da biosfera à tecnologia industrial actual. É de considerar que existem três importantes regras da biosfera e as empresas empreendedoras estão a adaptá-las, tendo lucros ambientais e económicos, existindo a necessidade de ser descritivo e não prescritivo, pois os líderes empresariais necessitarão de interpretar e traduzir a arquitectura da natureza para os seus modelos de negócios, e as empresas obviamente terão que resolver inúmeros desafios antes que essas regras possam ser totalmente implementadas. Seguir as regras vai contra a prática padrão, e a mudança é sempre difícil. Todavia, as empresas acabarão por não ter outra opção senão adaptar-se a um mundo, em que os encargos materiais e energéticos das economias em desenvolvimento, estão a sobrecarregar o nosso planeta e a criar condições de mercado voláteis. Assim com a China, Índia, Brasil e Rússia a industrializaram-se rapidamente, as procuras adicionais obrigarão as empresas a desenvolver plataformas de produção mais sustentáveis. Os primeiros impulsionadores que podem alinhar as suas estratégias de produção com as leis da natureza serão os vencedores. As regras para o sistema operacional da biosfera são construídas sobre a bio-lógica, que a natureza usa para criar a vida e estruturar os ecossistemas, e em contraste com a indústria-lógica da produção humana, que pressupõe que materiais em grande parte sintéticos devem ser montados ou moldados em formas desejadas, a bio-lógica constrói objectos de baixo para cima, contando com a nanotecnologia sofisticada para montar organismos molécula por molécula. É alimentada por nada mais que raios de sol, podendo a natureza produzir milagrosamente uma árvore ou um cacto. Este processo de vida ocorre silenciosamente e usa uma simples placa de materiais, extraídos do ar e da água, como meio de produção, sendo que a primeira regra é o uso de uma placa económica. Os elementos da tabela periódica, do actínio ao zircónio, são os blocos de construção de tudo o que vemos. Surpreendentemente, porém, dos mais de cem elementos, a natureza optou por usar apenas quatro, que são o carbono, hidrogénio, oxigénio e nitrogénio para produzir todos os seres vivos. Se adicionarmos um pouco de enxofre e fósforo, teremos 99 por cento do peso de todos os seres vivos do planeta. O teólogo escolástico inglês Guilherme de Ockham, do século XIV, derivou a sua “Lex Parsimoniae” da afirmação de Aristóteles de que quanto mais perfeita a natureza é, menos meios requer para a sua actividade, e actualmente dizemos, simplesmente, que o menos é mais ou seja, é o princípio de resolução de problemas em que a solução mais simples tende a ser a correcta, e quando apresentado com hipóteses concorrentes para resolver um problema, deve-se seleccionar a solução com o menor número de hipóteses. A simplicidade elegante da biosfera é exactamente o oposto da abordagem adoptada pelos fabricantes que aceitam prontamente cada novo material sintético, do Teflon ao Kevlar, que a ciência apresenta ao público. O impulso é compreensível e diferentes materiais, adicionam distintas características de desempenho. Se observarmos um pacote de leite, ainda que pareça uma embalagem simples, é na verdade, uma sanduíche altamente elaborada de materiais finamente fatiados, cada um desempenhando uma função diferente. A camada mais interna pode ser de um plástico especial que não reage aos componentes electrónicos e sobreposta tem uma camada de material que impede a humidade, seguida de uma fina camada de folha de metal para manter a luz solar, tendo sobreposta uma camada que aceita a impressão para mensagens de marketing. As camadas claras no exterior impedem a impressão de ser removida, e qualquer projectista habituado a usar a quase infinita série de materiais especiais da indústria sentiria o prejuízo de não retirar toda a vantagem que oferecem. É de entender que há uma razão primordial para imitar a parcimónia da natureza, pois facilita a reciclagem. (Em contraste, a fina camada de folha metálica em um invólucro de madeira não pode ser recuperada economicamente.) Além disso, a paleta simples da natureza resulta em produtos muito mais avançados do que os produzidos pela ciência industrial humana. Os moluscos produzem madrepérola duas vezes mais dura que a melhor cerâmica da ciência. As aranhas podem rolar a seda que é mais forte que o aço e leve o suficiente para flutuar ao vento. A natureza sugere que o potencial para usos inventivos de materiais facilmente reciclados é enorme. A segunda regra é o ciclo biológico da integridade. A padronização garante que as matérias-primas estejam sempre disponíveis para os organismos, e não precisam de ser enviados ou classificados. Quando um organismo morre, a biosfera recupera os seus materiais e reinsere-os nos seus processos de produção. A natureza repetidamente reutiliza esses materiais no crescimento e desenvolvimento evolucionários, continuamente fazendo-os circular. O ciclo biológico mantém o valor dos materiais entre gerações de produtos reciclados sem perda de qualidade ou desempenho. O ciclo oposto, em contraste, destrói o valor original, como quando um invólucro de computador de plástico é derretido. (continua)
João Romão h | Artes, Letras e IdeiasPalavras perdidas [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om limitado conhecimento da gastronomia japonesa e dos restaurantes locais, foi num restaurante de sushi que jantei na primeira noite que passei no Japão. Sentado ao balcão, fui escolhendo as peças que o chefe preparava, até que chegou o inevitável momento em que me perguntou de onde vinha. Disse-lhe que era português e a resposta foi imediata e surpreendente: Ah, Francisco Xavier! Habituado como estava, nos vários países por onde fui antes passando, a só ver reconhecidas figuras do universo futebolístico nacional – ou eventualmente Saramago e Pessoa, em contextos mais específicos – não pude evitar a surpresa de tal referência histórica, em conversa informal com o chefe que ia proporcionando deliciosas iguarias. Viria depois a perceber que é comum no Japão este conhecimento do jesuíta português que em 1549 desembarcou em Kagoshima (perto de Nagasaki) para se tornar o primeiro padre cristão em território japonês. Tive mais tarde a oportunidade de visitar Nagasaki, hoje a cidade da paz, que os acasos climatéricos fizeram com que fosse bombardeada quando já a II Guerra Mundial parecia irremediavelmente perdida pelo exército japonês. Era Fukuoka o alvo da segunda bomba atómica que explodiu no Japão e foi o nevoeiro que cobria a cidade e prejudicava a visibilidade que levou à opção pelo plano alternativo, provocando a destruição de Nagasaki. Além dos impressionantes memoriais deste momento atroz na História da Humanidade, a cidade guarda ainda outras memórias, como a dos 26 mártires cristãos, entretanto feitos santos, mortos após a ilegalização do cristianismo, durante a perseguição aos cristãos recentemente mostrada no cinema com a adaptação por Martin Scorcese do magnífico romance “Silêncio”, escrito pelo japonês Shusako Endo. Apesar da proibição, o culto cristão havia de permanecer clandestinamente em pequenas povoações próximas de Nagasaki, o que é hoje assinalado em diversas igrejas e monumentos. A importância religiosa de Nagasaki está naturalmente ligada ao porto, onde chegaram os mercadores portugueses, o primeiro povo europeu a pisar as terras do Sol Nascente. Ainda que tenha sido Fukuda a acolher as primeiras embarcações, o porto de Nagasaki viria a abrir em 1571 e a tornar-se desde então um ponto privilegiado para o comércio com a Europa. Hoje assinalado como um importante elemento histórico da cidade (e atração turística), o porto de Dejima (uma ilha artificial) foi construído em 1634 para acolher as mercadorias e os mercadores portugueses, incluindo as necessárias infraestruturas e também residências para comerciantes e comandantes dos navios. Não duraria muito, no entanto, esse privilégio atribuído a Portugal: com a intensificação da perseguição religiosa, os mercadores portugueses seriam banidos e a partir de 1639 o porto seria usado apenas por embarcações chinesas e holandesas, passando a Holanda a ter o privilégio do comércio com a Europa. Hoje, o porto de Dejima, reconstruído em parceria com uma Universidade holandesa, é um monumento nacional que recria uma aldeia dos Países Baixos, com a sua típica arquitectura e objectos decorativos. Outro ilustre português – Wenceslau de Moraes, cônsul no Japão durante mais de vinte anos desde o final do século XIX e que haveria de aí morrer em 1929 – adianta uma explicação para a preferência dos japoneses para o comércio com a Holanda. Conhecedor da língua japonesa, Moraes dedicou grande parte da sua vida ao estudo da história do país e, segundo conta no seu “Relance da História do Japão”, um encontro entre um “shogun” (a figura nomeada pelo imperador japonês para administrar o país) e um mercador castelhano terá sido decisivo. Perguntado sobre a dimensão do reino de Castela, o mercador terá descrito as terras conquistadas na América Latina, levando o “shogun” a questionar como era possível a um só rei ter conquistado tão vastos territórios. Terá o mercador respondido que primeiro eram enviados os padres e só depois os exércitos, o que leva Moraes a especular que essa terá sido a principal razão para que no Japão se substituíssem os mercadores portugueses pelos holandeses, mais virados para o intercâmbio comercial do que para a exportação de religiões. Hoje é notória a presença holandesa em Nagasaki, com o porto de Dejima, lojas e restaurantes de nome holandês e até a reprodução de uma mini-cidade holandesa como parque temático para turistas nos arredores da cidade. Já a presença histórica portuguesa é muito pouco visível nas cidades do Japão, apesar das discretas estátuas que homenageiam Francisco Xavier – na povoação de Hirado, onde terá feito várias missas – e Wenceslau de Moraes – em Tokushima, onde está sepultado com a esposa e a sobrinha, ambas japonesas. Sobram as palavras, que foram ficando, com mais ou menos felizes adaptações: botan (botão), kapitan (capitão), kappa (capa, que corresponde ao que é mais comum hoje designar como gabardina), koppu (copo) ombu (ombro), pan (pão) ou tabaku (tabaco) seguem de perto a fonética e o significado corrente em português; já Bidoru designa vitral, e não vidro, “tempura” designa as frituras de peixe e vegatais, inspirando-se nas têmporas, dias de jejum em que os cristãos não comiam carne, enquanto o popular doce que sabem ser de origem portuguesa e que no Japão é designado como “kasutera” corresponde ao que em Portugal chamamos pão-de-ló, para grande desgosto da população japonesa, que esperava estar a usar uma palavra genuinamente portuguesa. Pela minha parte, fico pelos confeitos, também comuns às línguas portuguesa e japonesa, para dar o tom a esta confeitaria.
Sérgio Fonseca DesportoCarro de corridas autónomo não virá ao Grande Prémio [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]inda não será este ano que iremos ver um carro de competição autónomo a percorrer o traçado do Circuito da Guia. Lucas Di Grassi, piloto e CEO da Roborace, a futura competição para este tipo de viaturas, disse em declarações ao HM em 2017 que gostaria de realizar este ano uma exibição entre nós, mas tal não irá suceder. Para o piloto brasileiro, “os carros autónomos são o futuro do transporte comercial e faz sentido termos uma área dos desportos motorizados dedicada a este sector”. Em Novembro do ano transacto, Di Grassi, ele próprio um vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3, disse estarem em andamento negociações para trazer uma demonstração de competição de carros autónomos a ter lugar no Grande Prémio de 2018. “Uma das acções dos desportos motorizados na área dos carros autónomos é trazer uma demonstração já no próximo ano ao circuito do Grande Prémio de Macau”, afirmou, na altura, o piloto. Contudo, fonte da organização contactada pelo HM, confirmou que não há planos para qualquer actividade promocional este Novembro. “A Roborace não tem planos para este ano para participar no fim-de-semana do Grande Prémio de Macau”, esclareceu fonte da organização do campeonato. “Do que é do nosso conhecimento, não têm existido conversações no que respeita ao evento deste ano. Estamos concentrados no próximo ano.” Engenharia à prova O “The Robocar” será a base do futuro campeonato Roborace que se afirmará como o primeiro campeonato de viaturas autónomas e fará parte dos eventos do Campeonato FIA de Fórmula E. Ao contrário da filosofia de quase todos os campeonatos de automobilismo, este não se focará nos pilotos, mas sim nas equipas de engenheiros. O carro, desenhado por Daniel Simon, o artista que desenhou os veículos de conhecidos filmes sci-fi de Hollywood como Tron Legacy e Oblivion, pesará 975kg e medirá 4.8m de cumprimento por 2m de largura. Com quatro motores de 300kW cada, uma bateria de 540kW, este veículo é maioritariamente construído em fibra de carbono e foi pensado para atingir velocidades na ordem dos 320km/h. O carro utiliza uma série de tecnologias para se conduzir sozinho pelas pistas, como 5 lidars, 2 radares 18 sensores ultrassónicos, 2 sensores de velocidade ópticos, 6 câmaras IA, GNSS de posicionamento e é “conduzido” por um cérebro Nvidia Drive PX2, capaz de produzir 24 triliões de operações de inteligência artificial por segundo para ser programado pelas equipas de engenheiros de software usando complexos algoritmos. A ideia dos organizadores desta iniciativa é iniciar o campeonato algures em 2019, utilizando as pistas de Fórmula E, que por natureza são muito menos exigentes que os circuitos convencionais. As curvas e contra curvas do Circuito da Guia seriam com certeza um grande desafio para um protótipo que ainda está na fase de desenvolvimento.
António de Castro Caeiro h | Artes, Letras e IdeiasBuzinadela [dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á pouco tempo, um amigo juiz disse-me para não apitar, no trânsito a ninguém, nem a alguém que conduza, nem a qualquer transeunte. Acho que lhe devo ter dito que era mais pessoa para fazer sinais de luzes do que propriamente para apitar, que achava bárbaro. A praxis do meu amigo juiz era a base para o seu pedido. Vários casos de homicídio tinham-lhe chegado à barra. Os casos desgraçavam quase sempre duas pessoas: quem morre e quem mata. Nunca se sabe bem quem tem um destino pior, se quem morre ou quem mata. Ponto é que, embora consiga compreender como há muitos casos de homicídio provocados no trânsito, não tinha a percepção de que uma buzinadela pudesse provocar a ira do buzinado a ponto de desferir um tiro sobre o buzinado. Talvez manobras perigosas, ultrapassagens, transgressões várias levassem a uma resposta agressiva por parte de quem se julga exposto. Sobretudo, quando há crianças a serem transportadas, crianças que puderam ter sido postas em perigo. É natural que um pai ou uma mãe, instintivamente reagissem de um modo violento. Mas buzinadelas? Não! Ainda assim, dei por mim a pensar, o melhor é mesmo não buzinar em circunstância alguma. As pessoas andam com stress nas suas vidas. A condução de manhã à noite pode deixar alguém com a cabeça em água. E eu, que sou eu, nunca buzino. Eis que se não quando dou por mim num dia particularmente infeliz, pensei. E buzinei muito. Há um carro que está parado à minha frente sem razão aparente. Buzino. Nada. Não reage. Apito de novo e nada. Depois, percebo que há alguém que procura arrumar o carro e que o carro está parado por esse motivo óbvio. Penso cá para mim que a coisa foi descabida. Mas também não penso que fosse necessário que o condutor gesticulasse ou me dissesse alguma coisa. Era um indivíduo urbano. Lá no fundo, o seu silêncio estaria a enviar-me para qualquer uma parte da sua preferência para que para lá me mandasse. Uns Km à frente num daqueles cruzamentos de Lisboa em que abre o sinal para seguir em frente, mas não para a esquerda, não percebo também por que razão o cidadão continua sem iniciar a marcha e apito. Com suavidade, mas confiança, braço fora do vidro, aponta o indicador para o semáforo, para que eu perceba, finalmente, que o sinal está fechado para nós, que queremos cortar à esquerda. Um urbano e outro delicado. Mas a coisa não fica por aqui. Numa bifurcação em que há espaço para três fachas, pode cortar-se à esquerda ou à direita. Um tipo que podia perfeitamente aproveitar ainda o “verde” permitido pelo laranja, para-me exactamente no meio sem me deixar perceber se quer virar à direita ou à esquerda. Dou-lhe uma buzinadela tremenda. Olha para mim com cara de espanto. Faço os gestos que lhe pretendem explicar que nem andou para a direita nem para a esquerda. Olha para a mulher que lhe diz que tenho razão ou lá o que é que ela lhe disse- podia simplesmente ter sido: deixa-o que é um atrasado mental. E depois aguarda e faz-me aguardar pela abertura do sinal. O pior foi quando uma criatura estava a tentar arrumar o carro, criando a forçosa fila de carros. Nem para cima nem para baixo. Um cidadão vai mesmo para o meio da estrada dar indicações. O veículo da frente não consegue ultrapassar, por que tem a passagem vedada pela pessoa. Eu apito. O condutor do veículo da frente acha que estou a apitar para ele. Gesticula. Aponta para o carro da frente. Eu grito a dizer-lhe que era para a criatura que estava no meio da estrada. Entretanto, atrás de mim um veículo apita. Olho pelo retrovisor. Um indivíduo sai do carro. Dirige-se a mim. Baixo o vidro. Dou-lhe um tiro.
José Navarro de Andrade h | Artes, Letras e IdeiasMede-se melhor uma árvore caída [dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]emos no filme “Padrinho” que D. Vito Corleone, estando a brincar com o neto, sucumbe a uma síncope e expira de borco mas tranquilamente entre os tomates da horta. É um golpe de génio do argumento. Corleone não poderia bater as botas num leito de morte onde o escrúpulo e o arrependimento arriscam aparecer à última hora, profanando uma vida consagrada à criminalidade – os duros morrem calçados. Mas, por outro lado – na verdade o lado A desta cena – fazer de D. Vito um amorável avozinho que fenece de maneira leve e satisfeita, não só nos provoca inadequados sentimentos de simpatia por uma personagem que ninguém desmentirá ser impiedosa, inexorável e pérfida, como, nesse transe, nos baralha o sentido de justiça: é indesculpável que ele morra tão pacificamente pois manda a história do cinema, esticada desde o velhaco James Cagney dos anos 30 até ao híper-realista e cruento “Suburra” de 2015 que quem com ferro mata, com ferro morre, de modo que os patifes culminem na choça ou na cova. Se o ofício do crime demonstra uma inflacionada tendência para acabar mal, porque continua a haver quem a ele se dedique? Porque são estúpidos, responderão os resolutos; ou inconscientes, dirão os crédulos; porque a sociedade não lhes deu alternativa, atalham os que resolvem os problemas encontrando culpados, mesmo que intangíveis. Ora o desenlace oferecido por “O Padrinho” subverte sotto voce esta convenção axiológica e põe na borda do prato explicações rudimentares. Faz pior: o passamento de D. Vito comove porque nos identificamos com ele, e identificamo-nos com ele porque sai reforçado nessa cena o nosso terrível viés cognitivo segundo o qual acreditamos que não nos vai acontecer aquilo que normalmente acontece aos outros. A investigação neurológica tem observado que o nosso cérebro está lamentavelmente estruturado para nos enganar, empurrando-nos a formarmos juízos distorcidos pelo preconceito e respaldados na ilusão de que aquilo que damos como certo em geral não se aplicará a nós em particular. Desengane-se quem achar que isto é avaria de tolos. Tome-se por exemplo a classe dos quadros executivos (categoria que para este efeito exclui funcionários públicos e trabalhadores por conta própria.) Por todo esse hemisfério Norte, a Oeste dos Urais, eles são o sal das empresas, o lustro da classe média urbana. Empregos com automóvel e quilómetros de gasolina, cartão de crédito com plafond generoso para despesas de representação, ordenados que garantem empréstimo para uma boa casa e permitem colégio para os filhos. Belas e ambiciosas carreiras em perspectiva e uma ideia de que a massa de ar quente nunca faltará ao balão. Até que na cabeça mosqueiam os primeiros orvalhos do Outono. Ou nos briefings começas a fazer figura de tubarão numa banheira de piranhas. Ou alguém lá de cima, atento às margens, nota que embora o retorno continue competitivo, o teu custo está acima da média. E quando dás por ela, antes dos 55 anos de idade… Ninguém terá pena de ti. Não haverá reportagens e debates acerca desta espécie de genocídio social em curso, porque qualquer lamento envergonharia os dramas pungentes dos remediados que resvalaram para a pobreza e dos pobres em risco de miséria. Saíste bem, com indemnização e alcavalas, nenhuma hecatombe descarrilou para já o teu trem de vida, manterás a compostura e a esperança. Mas falta-te calcorrear uma década até à reforma e as provisões só te dão até meio da ponte. Descobres então que és demasiado velho para um mercado de emprego impressionável com o desconforto do “desemprego jovem”; demasiado experiente para não suscitares o receio de chefes inseguros; demasiado céptico e been there, done that para aderires a exercícios motivacionais. Os que não condescenderem um sorriso nas tuas costas abstrair-se-ão de ti como de um espectro. Agora que és um dado estatístico talvez percebas que maior aviso terias se em vez de haveres imodestamente presumido que seria estrela tua um fim igual ao de D. Vito Corleone, tivesses tomado como advertência a inscrição à entrada da Capela do Ossos de Évora.
Hoje Macau InternacionalBrasil/Eleições | Bolsonaro diz que limitará privatizações na energia e ações da Eletrobras caem [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] candidato às presidenciais brasileiras Jair Bolsonaro disse, na noite de terça-feira, que não irá privatizar os ativos na área da energia elétrica, declarações que causaram uma queda acentuada nas ações da empresa Eletrobras. Jair Bolsonaro disse que “de jeito nenhum” era capaz de vender os ativos de produção de energia elétrica, uma posição contrária aos planos do governo atual de Michel Temer, com a emissão de ações e diminuição da participação na Eletrobras – empresa dona de subsidiárias do setor como a Furnas e a Chesf. Como consequência das declarações do candidato, as ações da Eletrobras recuaram cerca de 14%, enquanto que as da empresa petrolifera Petrobras caíram 3,7%. Segundo o candidato da extrema-direita, é possível “conversar” sobre privatização do setor de distribuição de eletricidade, mas não dos de geração. No caso das distribuidoras de energia elétrica, o atual governo já privatizou quase todas as companhias da Eletrobras, à exceção da unidade no Amazonas, cujo leilão está previsto para 25 de outubro, e a de Alagoas, uma operação suspensa provisoriamente por decisão do Supremo Tribunal Federal. Em entrevista à TV Bandeirantes, Bolsonaro mostrou-se ainda preocupado com a venda de ativos de energia elétrica para empresas chinesas, que têm realizado aquisições de diversas companhias privadas, como a CPFL Energia, hoje controlada pela State Grid, uma empresa estatal chinesa de eletricidade. “Quando se vai privatizar, privatiza-se para qualquer capital do mundo? A China não está a comprar no Brasil, ela está a comprar o Brasil. Vamos deixar o Brasil nas mãos dos chineses?” – questionou Bolsonaro. “Suponha que você tem um galinheiro no fundo da sua casa e vive dele. Quando privatiza, você não tem a garantia de comer um ovo cozido” comparou Bolsonaro. “Nós vamos deixar a energia nas mãos de terceiros?” – questionou ainda, segundo o jornal Folha de São Paulo. Bolsonaro afirmou que o Brasil tem cerca de 150 empresas estatais, e prometeu que, caso seja, eleito, as que “dão prejuízo” serão vendidas imediatamente, ou até extintas. “Para mim, na energia elétrica não vamos mexer”, disse o candidato do Partido Social Liberal (PSL) à segunda volta das presidenciais. No caso da petrolífera estatal, a Petrobras, Bolsonaro afirmou que o “miolo tem que ser conservado”, mas lembrou que a companhia não tem recursos para explorar o “pré-sal”, uma área de reservas petrolíferas a grande profundidade, que fica debaixo de uma profunda camada de sal. “Rebentaram com a Petrobras. E daqui, 20, 25, 30 anos, a energia será outra. Nós temos tecnologia, mas não temos recursos para explorar”, afirmou Jair Bolsonaro. O candidato do PSL disse ainda ser favorável à redução de impostos de combustível: “O país não pode ter uma política predadora no preço do combustível para salvar a Petrobras e matar a economia brasileira”. Haddad diz-se disposto até a ir a uma enfermaria para debater com Bolsonaro O candidato presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), Fernando Haddad, disse que está disposto a ir até a uma enfermaria para debater com o seu opositor, Jair Bolsonaro, que tem evitado ações públicas por indicação dos médicos. “Nós temos que passar a limpo muita coisa” e, para isso, “vou à enfermaria de sua escolha, não tem problema, os brasileiros precisam saber a verdade, se houver informações falsas, vamos cuidar disso como adultos e não fazendo criancices na internet contando com a boa-fé das pessoas que são crédulas””, afirmou Haddad, numa conferência de imprensa com a imprensa internacional. “Muita gente acredita no que recebe no WhatsApp. Você não tem o contraditório, no debate você tem. Vou em qualquer ambiente que ele quiser, no mais cómodo, eu prometo inclusive moderar o tom, não vou stressar [com] ele, vou falar da forma mais calma possível, docemente”, disse Fernando Haddad, reagindo à notícia de hoje que indica que o Bolsonaro não irá participar no debate agendado para quinta-feira. Bolsonaro foi vítima de um atentado em setembro durante um comício na cidade brasileira de Juiz de Fora e, desde então, permanece afastado de compromissos públicos seguindo recomendações médicas. Uma equipa médica avaliou o estado de saúde do candidato e recomendou que falte ao primeiro debate da segunda volta das presidenciais, marcado para a próxima quinta-feira. Em resposta, Haddad disse estar disponível para qualquer solução que permita a discussão das propostas políticas para o país. “Faço o que ele quiser para ele falar o que pensa e debater pelo país”, acrescentou. Sobre a polarização que divide Brasil, palco de confrontos entre apoiantes de esquerda e direita nas redes sociais e em ações de rua, Haddad admitiu que o país enfrenta um problema. “Estamos enfrentando um enorme desafio, porque todo ‘establishment’ brasileiro [empresários, agentes do mercado e forças conservadores] apoiam a candidatura da extrema-direita”, disse. Contudo, “se conseguirmos unir os partidos progressistas, enviaremos uma mensagem importante para o país, que enfrenta muitos riscos hoje, e não podemos perder a oportunidade de dizer um ‘basta’ para a escalada da violência”, acrescentou. Na entrevista, o candidato de esquerda também falou sobre a crise na Venezuela, defendendo uma maior liderança diplomática do Brasil para mediar a resolução dos conflitos naquele país.
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasFestejos em Shanghai e as estampilhas [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]os dias em que a comunidade portuguesa de Shanghai festeja o IV Centenário da Viagem Marítima para a Índia, a chuva fustiga a cidade. No artigo anterior demos nota das celebrações do dia 17 de Maio de 1898, onde na Igreja de S. José, na concessão francesa, se realizou um Te Deum e no Club de Recreio foram recebidos todos os cidadãos que desejaram por telegrama transmitir saudações a El-Rei e à família real, à nação e à comissão central executiva de Lisboa. “No dia 18 a chuva continuou a incomodar-nos; não obstante, a subcomissão encarregada dos festejos no Jardim Chang-su-wo foi continuando com os seus arranjos e conseguiu fazer uma esplêndida festa”, n’ O Porvir. Para esse arraial festivo, o programa prevê danças e outros divertimentos, fogo de vista e iluminações, no Jardim Chang-Su-ho, segundo o Echo. “Às 9 horas [da noite] começaram a vir os convidados. Eram mil e quinhentas pessoas, pouco mais ou menos, entre nacionais e estrangeiros, incluindo crianças. O salão de baile estava bem ornado, sobressaindo uma pintura alegórica de Vasco da Gama com o estandarte real e bandeiras nacionais nos lados. O salão de baile era bem vasto, pois estando 95 pares a valsar, ainda restava grande espaço para os espectadores e passeantes. Houve bonitos fogos de vistas no imenso jardim; e por não se poderem fazer outros divertimentos fora das portas por causa das lamaceiras, os da comissão arranjaram uma companhia de actores chineses que foram representar numa casa contígua, o que divertiu muita gente. Às nove da manhã, depois de uma lauta ceia, os convidados começaram a chamar pelas suas carruagens e foram deixando o jardim com mostras de saudade. Na noite de 19, apesar de chover bastante realizou-se no Astor Hall o sarau literário e musical” e segundo o Echo, “se a parte musical é desempenhado por amadores portugueses, os trabalhos literários de nacionais e estrangeiros são avaliados pela comissão executiva, sendo os aceites reunidos num livro.” Continuando n’ O Porvir, “O Hall estava ornado com o maior brilhantismo e bom gosto. Tanto a parte literária como musical agradou à grande multidão que se achava presente. A banda dos nossos amadores achava-se também presente e tocou hinos da Carta e Vasco da Gama com maior entusiasmo, antes de começar a festa e na conclusão da mesma.” “As iluminações atingiram, porém, todo o seu brilhantismo só na noite do dia 20, em que o vento, prestando talvez também a sua homenagem a Vasco da Gama, houve por bem respeitá-las”. Já o Echo Macaense diz, “Além das residências dos portugueses, os consulados de Inglaterra e Alemanha e vários outros estrangeiros e alfândega e o Mixed Court tomaram parte. Os bunds da concessão francesa e do foreign settlement estavam ambos embandeirados e iluminados, apresentando uma iluminaria de duas milhas de comprimento. A banda dos nossos amadores percorreu as ruas tocando várias marchas”. “Grande era o número de chineses na Bund, notando-se em todos os rostos grande e geral entusiasmo. Congratulando-nos com os nossos estimados compatriotas pela brilhante prova que mais uma vez souberam dar do seu acrisolado patriotismo, daqui os saudamos e lhes significamos e nosso júbilo pela forma com que se estão honrando a si e estão estremecendo a pátria”, O Porvir. Conclui o Echo Macaense, “Enfim, saiu tudo o mais esplêndido possível, devido à força de vontade dos nacionais e à boa táctica de andar em boa camaradagem entre os cosmopolitas. Houve mais uma coisa que não estava incluída no programa e que no meu entender [C.C.C.] veio coroar a nossa festa. Devido à muita amizade que os bons padres desta missão têm para com a gente portuguesa, espontaneamente anunciaram no dia da Ascensão de N.S.J.C. que a missa de dia no Domingo, às 10 horas, havia de ser em honra e memória de Vasco da Gama, e em acção de Graças e para pedir pelo reino de Portugal, e convidou a comissão executiva a assistir a ela oficialmente. Escusado é dizer que o amável convite foi aceite com grande entusiasmo. A nossa igreja do Sagrado Coração de Jesus, onde se disse a missa, estava bem ornamentada, sobressaindo muitas nossas bandeiras. O reverendo padre Paris, superior geral da missão que tinha chegado da missão no dia antecedente, foi celebrante e ao Evangelho o reverendo padre Alves fez, com muita eloquência e entusiasmo, o panegírico de Vasco da Gama. Sua Reverência mostrou ser um bom orador, e como vai para Macau daqui a algum tempo, o meu amigo e toda a gente lá terão o gosto de o ouvir.” Estas comemorações deram um novo ânimo à comunidade portuguesa, maioritariamente residente no Model Setllement. Estampilhas para o Centenário Um leitor, no Echo Macaense de 13 de Setembro de 1896, dá como sugestão mandar-se fazer selos especiais para o Correio de Macau a comemorar o IV Centenário e a ideia de uma série de imagens para os selos. Ideia usada em Lisboa para serem distribuídos por Portugal Continental e Ultramarino e assim, em Macau começaram a ser vendidas as estampilhas a 15 de Abril de 1898, referindo O Independente de 6 de Março terem já sido recebidas na Repartição da Fazenda Provincial e terão curso desde 1 de Abril a 30 de Junho. A 24 de Abril o Echo Macaense dá conta, “Vieram novamente do reino em grande quantidade estampilhas do centenário e por ordem superior foi determinado que não se vendessem a cada indivíduo mais do que seis estampilhas por cada vez, sendo elas de 1/2 avo até 8 avos, isto com o fim de evitar que os grandes coleccionadores as absorvam rapidamente e o público fique privado delas para as suas colecçõezinhas e para o uso ordinário. Não há limites para venda de estampilhas cujo valor suba acima de oito avos, e também podem comprar-se quantas colecções completas se queiram. Já não há para venda bilhetes-postais impressos em Macau com a resposta paga, e também já se esgotaram as duas qualidades de bilhetes que vieram desta última vez”. O mesmo jornal, a 1 de Maio, com o título ‘Mais valores postais expedidos para as nossas colónias – Nova encomenda feita à casa fabricadora dos mesmos valores em Londres’ refere, “Foram reclamadas por algumas das nossas colónias novas remessas de valores postais da comemoração indiana e a prova disto é que há poucos dias foram enviados para o ultramar mais os seguintes valores: Para a Índia 24 mil bilhetes da taxa de ¼ de tanga no valor de 150$ réis. Para Macau 212.500 estampilhas das taxas de ½, 1, 2, 4, 8, 12, 16 e 24 avos e dois mil bilhetes da taxa de 2 avos, tudo no valor de 6185$000 réis; e para Timor, três mil bilhetes da taxa de 2 avos, no valor de 30$000 réis. O valor total de todos os valores, acima especificados, 6465$000 réis da metrópole. Foi já expedida ordem competente para se aprontarem na casa londrina mais 5000$00 dos aludidos papelinhos de posta”. O Correio, então situado no edifício do Leal Senado, tem desde Dezembro de 1897 como Director de nomeação definitiva Francisco Maria Xavier de Souza, filho de Ricardo de Souza, o anterior Director.
Sofia Margarida Mota EventosRobin Moyer, fotojornalista: “World Press Photo é um acontecimento importante” O número de fotojornalistas é o mesmo hoje e há 30 anos. A ideia é deixada por Website oficial de Robin Moyer, o fotojornalista americano, radicado em Hong Kong, que vai estar à frente da conversa que tem lugar amanhã pelas 17h, no âmbito da exposição World Press Photo 2018 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar da massificação da imagem, nomeadamente nas plataformas online, o fotojornalismo de qualidade continua a ter um espaço de destaque, defende Robin Moyer para quem o concurso da World Press Photo ainda é garantia disso mesmo. “Penso que o World Press Photo é um acontecimento importante até porque existe um júri conhecedor e de confiança”, começa por dizer ao HM. Trata-se de uma iniciativa que mantém a premiação de imagens que traduzem a realidade. “ Ainda são fotografias verdadeiras dentro do universo do fotojornalismo, são reais”, acrescenta. São estas fotografias que demarcam as imagens dos fotógrafos profissionais das muitas que invadem actualmente os meios de comunicação, defende. Prova disso é o número de fotojornalistas profissionais que existem actualmente e que não é ser muito diferente dos que existiam há 25 ou 30 anos “, refere. A explicação é simples: “O facto de toda a gente ter uma câmara não significa que seja um fotojornalista”. Sediado em Hong Kong, Moyer foi já distinguido com vários prémios por trabalhos na Ásia e no Médio Oriente, incluindo o World Press Photo Premier Award e Robert Capa Gold Citation do Overseas Press Club de Nova Iorque, ambos pelo trabalho publicado na revista Time sobre a guerra no Líbano (1982). Ser fiel Para Moyer, o fotojornalismo tem que ver apenas com a captura fiel da realidade, coisa que não é conseguida por muita gente. “É preciso transmitir o que acontece sem que se recorra a manipulação da imagem”. A subjectividade do fotojornalista reside apenas na decisão que faz ao escolher o que decide abranger através da sua câmara, explica. Sem subterfúgios, Robin Moyer considera que as fotografias aparecem no mundo em que vive, sendo que as questões técnicas acontecem de forma espontânea. “Não penso nas imagens de uma forma consciente, acho que só ando com os olhos bem abertos e se há alguma coisa que me faz olhar para ela duas vezes, então tiro uma fotografia” Cenas de guerra Foi num cenário de guerra, no Líbano, que fotografou a imagem premiada em 1882 com o World Press Photo Premier Award e com o Robert Capa Gold Citation do Overseas Press Club de Nova Iorque. As situações de conflito têm pautado a seu carreira sendo que “o mais importante é que os elementos das equipas que partilham estes contextos olhem uns pelos outros”, refere. Por outro lado, são cenários que acabam por alhear o fotógrafo, durante o seu trabalho, do contexto em que se encontra. “É como se estivéssemos a viver uma situação irreal enquanto fotografamos e que deixa de o ser se paramos de o fazer”, aponta. A defender, ilusoriamente, o profissional da realidade está a câmara que funciona como um escudo subjectivo mas muito eficiente. “A câmara demarca uma espécie de campo de protecção e quando se está por destrás dela, de alguma forma e estupidamente, sentimo-nos protegidos e, mal deixamos a largamos, ficamos a descoberto e é aí que não temos mais nada a não ser a realidade da situação”, confessa. Uma vida de imagens Robin Moyer começou a sua carreira como operador de câmara no Vietnam dentro enquanto trabalhava para a UPITN/ITV em 1970. De 1973 a 1975, viajou por todo o sul dos Estados Unidos em missão para a Comissão Regional dos Apalaches. Em 1974 fundou a escola PhotoWorks no Glen Echo National Park. Entre 1978 e 1998, Moyer trabalhou para a Time, tendo imagens destacadas acerca dos refugiados do Camboja e do Afeganistão. Liderou ainda equipas de fotógrafos responsáveis pelo registo da revolta Filipina em 1986, das Olimpíadas de Seul em 1988 de Tian An Men em 1989. É ainda responsável por retratos de personalidades como Lee Kwan Yew, Mahathir Mohamed, Aung San Suu Kyi, Fidel Ramos, Corazón Aquino, Stan Shen (fundador da ACER), Li Ka-shing. Kim Dae Jung, Kim Young Sam, Zhao Ziyang e Deng Xiaoping. Das publicações para que trabalhou destaca-se a Life, Fortune, People, Newsweek, The Far Eastern Economic Review, Paris Match, The London Sunday Times Magazine, Smithsonian Magazine, New York Magazine, Elle, e Vanity Fair.
Hoje Macau China / ÁsiaCapital Airlines quer voos directos entre Xi’an e Lisboa [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] companhia aérea chinesa Capital Airlines pediu autorização às autoridades chinesas para iniciar um voo directo entre Xi’an, noroeste da China, e Lisboa, depois de ter suspendido, este mês, a ligação a partir de Pequim. Segundo um comunicado da Administração da Aviação Civil da China, a que a agência Lusa teve acesso, a empresa quer arrancar com o novo voo em Dezembro deste ano. A informação detalha que o voo terá duas frequências por semana e ficará a cargo dos aviões Airbus A330, com capacidade máxima para 440 passageiros. Com cerca de 12 milhões de habitantes, Xi’an é a capital da província de Shaanxi, a cerca de mil quilómetros de Pequim. Trata-se de uma das mais importantes cidades da China Antiga, servindo de capital ao longo de dez dinastias, incluindo os Qin (255 a 206 a.C.), Han (206 a.C. a 220 d.C.) e Tang (618 d.C. a 907 d.C.), e acolhe o ‘Exército de Terracota’, uma das principais atracções turísticas do país. O pedido da Capital Airlines surge no mesmo mês em que suspendeu o voo direto, entre Hangzhou, na costa leste da China, e Lisboa, com paragem em Pequim, lançado a 26 de julho de 2017, com três frequências por semana. Contactada pela Lusa na altura em que anunciou a suspensão do voo, a empresa recusou detalhar os motivos, referindo apenas “razões operacionais”. No primeiro ano que voou para Portugal, a Capital Airlines transportou mais de 80 mil passageiros, segundo dados divulgados por altura do aniversário. A taxa média de ocupação do voo fixou-se nos 80%, nos meses mais fracos, enquanto na época alta superou os 95%. Em dívida A Capital Airlines é uma das subsidiárias do grupo chinês HNA, que enfrenta uma grave crise de liquidez, depois de ter fechado o ano passado com uma dívida de 598 mil milhões de yuan, de acordo com os dados divulgados na apresentação dos resultados anuais da empresa. A escalada nos custos de financiamento desencadeou uma onda de venda de activos do grupo, que tem sido um dos principais visados das advertências das autoridades chinesas sobre “investimentos irracionais” no estrangeiro, que podem “acarretar riscos” para o sistema financeiro chinês. No lançamento da ligação aérea, o primeiro-ministro português, António Costa, disse esperar que os voos directos Lisboa-Pequim fossem um reforço de Portugal como “grande ‘hub’ intercontinental” (centro de operações). A afirmação de António Costa foi feita a 11 de julho de 2017 durante a cerimónia de inauguração dos voos directos Lisboa-Pequim, com a presença do presidente do parlamento da China, Zhang Dejiang, em visita a Portugal. Para António Costa, a abertura da rota Lisboa-Pequim tem um “enorme simbolismo” e “é a nova rota da seda do século XXI”.
Hoje Macau China / Ásia MancheteEconomia | Pequim pede ao Canadá que proteja livre comércio [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China pediu ontem ao Canadá que proteja o comércio livre e rejeite medidas proteccionistas, numa aparente referência ao novo acordo comercial com Washington, que permite aos EUA travarem um acordo comercial entre Otava e Pequim. O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, pediu a Otava que trabalhe em conjunto com a China para avançar com o acordo de livre comércio China-Canadá, durante uma conversa por telefone com a homóloga canadiana, Chrystia Freeland. O apelo de Pequim surgiu dias após a conclusão das negociações para o acordo EUA-México-Canadá [USMCA, na sigla em inglês], que dá a Washington o direito de vetar um acordo entre os países vizinhos e uma “economia que não seja de mercado”, numa referência à China. “A China espera que o Canadá adopte medidas concretas para proteger o comércio livre com a China, e que avance com a zona de comércio livre China-Canadá”, afirmou Wang Yi, segundo um comunicado difundido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “[Pequim] opõe-se a qualquer tipo de proteccionismo e comportamento que revele critérios duplos”, acrescentou. “Nenhuma tentativa que vise travar a modernização da China será bem sucedida”, sublinhou. De acordo com o comunicado do Ministério chinês, Chrystia Freeland afirmou que o USMCA “não deve prejudicar os interesses legítimos” de outros países, e que o Canadá vai continuar a negociar acordos de livre comércio. Esta semana, o secretário do Comércio norte-americano, Wilbur Ross, afirmou que Washington vai tentar incluir a mesma cláusula em outros acordos, nomeadamente com a UE, o Japão e o Reino Unido. Criticas e protestos A embaixada chinesa em Otava condenou já o artigo 32.10 do USMCA, afirmando que “fabrica noções do que é, ou não, uma economia de mercado fora do quadro da Organização Mundial do Comércio (OMC)” e serve de “desculpa para alguns países fugirem às suas obrigações e recusarem cumprir os seus compromissos internacionais”. Na mesma nota, a embaixada chinesa protestou contra a “atitude hegemónica” dos EUA e disse “sentir pena” pelo Canadá, por ter renunciado à soberania económica. A postura norte-americana ilustra a crescente bipolarização em torno das disputas comerciais entre Pequim e Washington, à medida que os EUA tentam isolar a China, visando contrariar as ambições chinesas no sector tecnológico. O Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas alfandegárias sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas do país asiático. “O risco de a China e os EUA entrarem numa nova guerra fria está a aumentar”, admitiu recentemente Tu Xinquan, professor na Universidade de Economia e Negócios Internacionais de Pequim. Os EUA, a UE e o Japão recusam reconhecer a China como “economia de mercado”, por considerarem que a intervenção do Estado chinês a nível económico continua a ser forte.
Diana do Mar Sociedade‘Junkets’ | Imposto sobre comissões rendeu 336 milhões em 2017 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Macau encaixou, no ano passado, 336,7 milhões de patacas em impostos sobre as comissões pagas aos promotores de jogo (como são os conhecidos os ‘junkets’). O valor consta do Relatório sobre a Execução do Orçamento do ano 2017, que vai ser apresentado na próxima terça-feira, na Assembleia Legislativa. Trata-se de um aumento de 23,6 por cento face ao ano de 2016, segundo o documento. O valor supera ainda largamente o orçamentado para 2017, dado que o Executivo – que normalmente adopta uma postura conservadora –planeava encaixar apenas 200 milhões de patacas, com a taxa de execução a corresponder assim a 168,4 por cento. Já segundo o Orçamento para este ano, o Governo prevê arrecadar 280 milhões de patacas. À luz da lei, as operadoras de jogo ficam obrigadas à retenção na fonte do imposto devido sobre as comissões ou outras remunerações pagas a promotores de jogo. A taxa do imposto é de cinco por cento e tem natureza liberatória, podendo o Chefe do Executivo isentar o pagamento parcialmente, por um período não superior a cinco anos, quando o motivo de interesse público o justifique. Os “junkets” recebem das operadoras um máximo de 1,25 por cento do valor total apostado, um tecto fixado há uma década. O número de angariadores de jogo VIP tem vindo a cair nos últimos anos. Em 2018, segundo a lista publicada pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), estavam autorizados a exercer essa actividade 109 (empresas e indivíduos), o número mais baixo em mais de uma década. Os casinos de Macau fecharam 2017 com receitas de 265.743 milhões de patacas, das quais 150.673 milhões, ou 56,69 por cento, angariados nas salas de grandes apostas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeBolsas | Quebras globais e acções dos casinos a seguir a tendência Depois de uma quarta-feira com quebras acentuadas em Wall Street, os mercados asiáticos seguiram a mesma tendência. As operadoras de jogo também não ficaram imunes com as quebras do valor das acções a variarem entre os 6,72 e 4,05 por cento [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi no início da semana que Pansy Ho afirmou estar optimista face à guerra comercial e anteviu um teste para o turismo de Macau. Contudo, ontem, a directora executiva da MGM China talvez tenha reconsiderado as declarações, depois das acções da operadora norte-americana terem afundado 5,07 por cento na Bolsa de Hong Kong. Após uma sessão de quarta-feira em que Wall Street sofreu quebras significativas, devido a um anormal volume de vendas de acções ligado a empresas de novas tecnologias, o índice Nasdaq registou uma quebra de 4,08 por cento e o Dow Jones desvalorizou 3,15 por cento. A tendência reflectiu-se na Ásia. Em Hong Kong, o índice Hang Seng teve uma quebra de 3,8 por cento e alcançou o valor mais baixo desde Maio de 2017. Logo no outro lado da fronteira, em Shenzhen, as perdas foram ainda mais acentuadas com descidas de 5,5 por cento, o pior resultado desde Outubro de 2014. Em Xangai o cenário não foi diferente e a bolsa afundou 4,3 por cento, naquele que foi o nível mais baixo registado pela principal bolsa chinesa nos últimos quatros. Nos outros mercados da Ásia, como o Japão ou a Coreia do Sul, o cenário não foi diferente. “As quebras devem-se a várias razões: as perdas de Wall Street, as alterações nas taxas de juro a longo prazo, uma nova inquietação renovada sobre as relações comerciais entre a China e os Estados, assim como uma atitude mais prudente dos accionistas após a divulgação dos resultados de vários empresas” afirmou Juichi Wako, analista do banco de investimento Nomura, em declarações à Bloomberg. Em declarações ao Financial Times, Medha Samant, directora do departamento de investimento da empresa Fidelity International, explicou a tendência com os receios face ao “crescente sentimento de proteccionismo” e “valorização do dólar”. “O grande aumento no volume de vendas no mercado norte-americano assustou as pessoas e fez com que se recordassem de sessões como as do início do ano, em que também houve forte quebras. É muito provável que o sentimento negativo continue a afectar os mercados asiáticos durante o curto prazo”, acrescentou ainda a entrevistada. Sangria nas operadoras A desvalorização de ontem também se fiz sentir nas operadoras do jogo listadas em Hong Kong, com o valor das acções a afundar entre 4,05 por cento e 6,72 por cento. A maior quebra foi registada pela operadora Sociedade de Jogos de Macau Holdings, cujo valor das acções começou o dia nos 6,850 dólares de Hong Kong por título e acabou a sessão nos 6,390 dólares. A desvalorização foi sentida pela Wynn Macau, com os títulos a quebrarem 6,02 por cento de 16,940 dólares para 15,920 dólares. Ainda na escala dos resultados negativos, seguiu-se a MGM China, com as acções a caírem de 12,220 dólares para 11,600, o que equivale a 5,07 por cento. Galaxy e Sands foram as empresas que obtiveram os resultados menos negativos. No caso da operadora ligada a Lui Che Woo, a quebra foi de 4,78 por cento de 44,950 dólares para 42,8. Finalmente, a Sands China, representação local da Las Vegas Sands, viu o valor cair 4,05 por cento de 34,550 dólares para 33,150 dólares. A operadora Melco, como não está listada em Hong Kong, não foi afectada. Contudo, o valor dos títulos da operadora Melco tinham caído 4,01 por cento, na quarta-feira, em Nasdaq, para os 18,18 dólares norte-americanos.
João Luz SociedadeSaúde | ARTM assina protocolo com Departamento de Psicologia da USJ [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM) e a Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de São José (USJ) assinaram um protocolo de cooperação com vista ao aperfeiçoamento do apoio psicológico facultado a quem sofre de dependências. Na sequência do acordo, dois docentes do departamento de psicologia da USJ vão acompanhar os cuidados prestados pelos técnicos da ARTM, contribuindo para “aprofundar e melhorar as suas técnicas e as suas abordagens para que possam providenciar um melhor apoio psicológico”, refere o presidente da associação, Augusto Nogueira. A supervisão dos trabalhos da ARTM será realizada em grupo, uma vez por mês, até Fevereiro de 2019, com a possibilidade de ser renovada após avaliação. Na opinião de Augusto Nogueira, este protocolo também é positivo para o departamento de psicologia da USJ “porque lhes vai permitir analisar se aquilo que ensinam é compatível com a realidade dentro de um centro de tratamento”. O dirigente associativo alarga as vantagens e entende que é uma situação “win-win” para ambas as partes. “Estamos muito contentes com este acordo pois permite-nos melhorar ainda mais o nosso apoio às pessoas que consomem drogas”, confessa o presidente da ARTM. O protocolo foi assinado por Augusto Nogueira e pelo Reitor da Faculdade de Ciências Sociais da USJ, Dominique Tyl.
Hoje Macau SociedadePensões ilegais | PSP deteve 21 pessoas [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve 21 pessoas oriundas do Interior da China em dois apartamentos situados no ZAPE. No seguimento da ocorrência, uma mulher, também detida, foi acusada de gerir uma pensão ilegal. A notícia foi avançada pelo jornal Ou Mun, que escreveu que a PSP iniciou investigações, no passado sábado, num T3 no ZAPE, onde descobriu cinco pessoas oriundas do continente. Estes declararam que arrendaram o apartamento a uma mulher com mais de 40 anos de idade, cujo nome não sabiam. Mais tarde, a PSP encontrou o responsável pelo apartamento e chegou à conclusão que se tratava de uma pensão ilegal. Na passada quarta-feira a PSP dirigiu-se a um outro apartamento T3, localizado no NAPE, na Rua de Pequim, tendo sido detidas 16 pessoas do continente, incluindo uma mulher que arrendava a fracção e que recusou dizer às autoridades o nome da pessoa que a tinha contratado para gerir o espaço.
Hoje Macau SociedadeAeroporto | Mais de dois milhões de passageiros no terceiro trimestre [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Aeroporto Internacional de Macau (MIA) registou mais de dois milhões de passageiros no terceiro trimestre, um crescimento de 13 por cento em relação a igual período do ano passado, foi ontem anunciado. Entre Julho e Setembro, foram registados 2,150 milhões de passageiros e 16 mil movimentos aéreos. Só em Julho, o mês “mais movimentado de sempre”, descolaram ou aterraram em Macau mais de 5.700 aviões com 740 mil passageiros, indicou na altura a sociedade do Aeroporto Internacional de Macau (CAM). Depois de conhecidos os resultados do primeiro semestre, a CAM disse esperar receber mais de oito milhões de passageiros em 2018, mais de meio milhão do que o previsto no início do ano, estimativa revista em alta devido ao crescimento registado até finais de Junho. Nos primeiros seis meses do ano, o aeroporto registou mais de quatro milhões de passageiros, um aumento de 20 por cento em comparação com o período homólogo de 2017. Até finais de Setembro, 31 companhias aéreas operavam naquele aeroporto, fazendo a ligação entre Macau e 50 destinos no interior da China, Taiwan, Sudeste asiático e nordeste da Ásia. Para os últimos três meses de 2018, o aeroporto anunciou seis novas rotas: Daegu (Coreia do Sul) Xian (China), Kunming (China), Koh Samui (Tailândia), Krabi (Tailândia) e Cebu (Filipinas).
Diana do Mar Manchete SociedadeCrime | Autoridades investigam denúncias de abuso sexual de menores As autoridades estão a investigar novas denúncias de abuso sexual de menores, após um caso de que terão sido vítimas duas meninas durante actividades recreativas durante o Verão [[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) garantiu ontem estar a acompanhar as denúncias de abusos sexuais recentemente tornadas públicas. O suspeito não é professor do ensino regular nem figura no registo dos formadores do programa de desenvolvimento contínuo, indicou o organismo em conferência de imprensa, dando conta de que os alegados abusos não ocorreram em recintos escolares. O caso remonta ao início das férias de Verão, altura em que um residente, de 78 anos, terá alegadamente tocado nas partes íntimas de duas irmãs, de 8 e 9 anos, após lhes ter pedido para se sentarem no seu colo, durante aulas de música e desenho que as meninas frequentavam desde Abril, organizadas por uma entidade particular na freguesia de Santo António. Acusações que, segundo a imprensa, o homem refutou, argumentando tratar-se de contactos normais para as crianças ajustarem a postura de aprendizagem. A mãe das duas meninas apresentou queixa à Polícia Judiciária (PJ) a 26 de Setembro e, uma semana depois, a 4 de Outubro, o homem foi ouvido pela PJ que, entretanto, encaminhou o caso de alegado abuso sexual de crianças para o Ministério Público (MP), desconhecendo-se, porém, que medidas de coacção foram aplicadas. #MeToo Novas denúncias contra o mesmo homem surgiram na noite de quarta-feira, desta feita através das redes sociais, com uma jovem a contar ter sido vítima de abusos sexuais há oito anos. A DSEJ indicou ontem ter comunicado o relato à PJ que, por seu turno, contactou a jovem, cuja idade não foi revelada. A PJ indicou que a investigação se encontra em curso, pelo que, neste momento, não pode facultar mais detalhes. “Nós estamos muito atentos a este casos”, afirmou o subdirector substituto da DSEJ, Kong Ngai, realçando tratar-se de um caso “sério e importante” e que mantém estreito contacto com as autoridades. Não obstante, o mesmo responsável reconheceu ser “difícil” detectar este tipo de situações, mesmo com “um mecanismo muito rigoroso”. “Os encarregados de educação devem procurar instituições educativas de renome para as actividades recreativas das suas crianças”, recomendou o responsável. 24 casos desde 2015 Desde o ano lectivo 2015/2016 foram sinalizados 24 casos de abuso sexual de menores, de acordo com a DSEJ. Em 2015/2016 o número fixou-se em 14, em 2016/2017 três e em 2017/2018 sete. A DSEJ não especificou, no entanto, quantos foram de violação, por exemplo, esclarecendo apenas que nenhum implicou professores. “Não encobrimos nenhum caso”, garantiu. Neste âmbito, a DSEJ destacou a importância de reforçar o “importante” e “contínuo” trabalho da educação sexual. “Realizamos gradualmente esses trabalhos, especialmente para as crianças e famílias para ensinar os pais a ajudar os alunos a auto-protegerem-se”, afirmou Kong Ngai, indicando que serão distribuídos folhetos. Alexis Tam insta à denúncia O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que também condenou ontem o caso, apelou às vítimas, em linha com a DSEJ, para que reportem. “Espero que as vítimas denunciem o seu caso à tutela ou à polícia, porque este tipo de actos são intoleráveis”, disse à margem de um evento, apontando ser preciso punir os autores dos crimes levando-os à justiça. “Vamos envidar todos os esforços para ajudar as vítimas”, salientou, instando ainda os pais a estarem atentos aos sinais dos filhos.
Sofia Margarida Mota PolíticaTabaco | Coutinho quer câmaras nos casinos para identificar infractores [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho quer que as equipas de fiscalização da lei do tabaco recorram a gravações de som e imagem para identificar infracções. Em interpelação escrita, o deputado recorda uma queixa de um funcionário do sector do jogo que denunciou a perda de direitos pela sua oposição à cultura de tolerância ao fumo nas salas VIP e dentro do seu local de trabalho. O deputado recorda a lei que prevê que “o local de trabalho é um dos lugares onde e proibido fumar”. No entanto, segundo a interpelação do deputado, “as concessionárias não cumprem os regulamentos anti-tabaco para proteger a saúde dos trabalhadores e dos turistas”. Dada a queixa do trabalhador, Coutinho considera “estranho” que os serviços competentes nunca consultem os registos dos sistemas de vídeo para identificar se há ou não violação da lei. Segundo o trabalhador queixoso, “sempre que o pessoal do gabinete de prevenção e controlo se desloca aos locais em causa para inspecção, encontram locais limpos e sem quaisquer indícios de ali se ter fumado”, lê-se no documento. Para evitar que existam dúvidas, o tribuno sugere que as equipas de inspecção tenham direito a aceder às gravações do sistema de videovigilância para identificar as infracções e quem as comete, aponta. Na mesma interpelação, Coutinho refere ainda os descontos salariais que têm como causa atrasos e faltas em caso de sinal 8 de tufão. Segundo o deputado, cabe ao Executivo aperfeiçoar a legislação para que não existam faltas injustificadas neste tipo de situações.
Victor Ng PolíticaHabitação | Ajustamento de taxa sobre prédios arrendados em estudo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) está a estudar a hipótese de ajustamento da taxa que incide sobre casas arrendadas a fim de reduzir a diferença em relação à taxação dos prédios não arrendados. O objectivo da medida será incentivar o aumento do número de fracções disponíveis no mercado de arrendamento. Segundo a resposta do Executivo à interpelação escrita da deputada Song Pek Kei, o director da DSF, Iong Kong Leong, entende que muitas fracções residenciais devolutas no território são segundas aquisições. Como tal, o dirigente é da opinião que a lei que regula o arrendamento carece de revisão de forma a diminuir o número de apartamentos vazios, que são segunda aquisição. Iong Kong Leong garante ainda que vai prestar atenção às tendências do mercado de arrendamento para ponderar, em momento oportuno, as respostas adequadas por parte do Executivo para fomentar o desenvolvimento contínuo e saudável do sector imobiliário. Relativamente aos apartamentos de primeira aquisição que ainda assim permanecem vazios, a DSF afirma que vai estar atenta às consequências da imposição de taxas a este tipo de habitações impostas pelo Governo de Hong Kong, nomeadamente quanto à influência da medida nos preços e no volume de fracções disponíveis. Os serviços de finanças esperam, portanto, pelos resultados das políticas de habitação implementadas pelo Executivo da região vizinha para chegar a uma decisão se vale a pena avançar com uma política de habitação semelhante em Macau. No que toca à hipótese de regulamentar o número de fracções à venda em edifícios que ainda estão em construção, o director da DSF referiu que o Executivo vai rever o regime jurídico da promessa de transmissão de edifícios em construção, que foi aprovado em 2013.