Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaAcção social | Secretário quer mais apoios para idosos e deficientes Apoiar os grupos mais vulneráveis da sociedade é a prioridade máxima da secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura para o último ano do mandato do actual Governo. A ideia foi deixada ontem por Alexis Tam, que revelou ainda que vai lutar pela interdição dos cigarros electrónicos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, revelou ontem que na próxima sessão legislativa a prioridade da tutela que lidera é aumentar o apoio às populações que se encontram numa situação mais fragilizada. “Para o próximo ano, vamos prestar ainda mais serviços para este grupo de pessoas vulneráveis”, disse à margem de um evento. Para o efeito, Tam promete uma série de medidas em que se incluem o alargamento de serviços de saúde para os idosos, não descurando outras faixas da população. O secretário referiu ainda as pessoas com necessidades especiais, enquanto segmento populacional prioritário. “Prestamos muita atenção aos grupos vulneráveis, nomeadamente os grupos de idosos e de deficientes”, sublinhou. No que respeita a políticas que tenham como alvos os residentes idosos, o secretário reiterou a intenção de aumentar as pensões. “Já fizemos a proposta ao Chefe do Executivo para aumentar a pensão dos idosos. A medida ainda não foi aprovada mas a intenção é que avance. Muito em breve os serviços competentes vão analisar se é viável ou não”, referiu. A aprovação da medida pressupões um reforço do orçamento da tutela liderada por Alexis Tam. “Sendo nós uma secretaria que presta essencialmente serviços aos cidadãos, precisamos também de mais orçamento e vamos ver se os serviços competentes vão autorizar a dispensa de dinheiro”, explicou. Tabaco na mira Entretanto, e apesar de considerar que Macau tem uma política para o tabaco já muito restritiva, o governante afirmou que vai lutar pela proibição completa da entrada de cigarros electrónicos no território. De acordo com Alexis Tam, a proibição da entrada destes produtos em Macau não é da sua tutela, mas que ainda assim vai “lutar para que isso aconteça”, sublinhou. “Macau tem uma política restrita contra o tabaco, a mais rigorosa de sempre, e a partir do próximo ano vai ser ainda mais restrita com a nova legislação relativamente aos casinos. É uma medida política muito forte e rigorosa e que já é um exemplo de referência”, acrescentou Alexis Tam.
Hoje Macau PolíticaSegurança do Estado | Directivas traçadas na primeira reunião [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]eve lugar no passado dia 5 deste mês a primeira reunião da recém-criada Comissão de Defesa da Segurança do Estado, que teve na agenda, de acordo com um comunicado, “a elaboração do sistema e organização da defesa da segurança nacional que irá servir de orientação para os trabalhos inerentes a esta matéria”. O Chefe do Executivo, Chui Sai On, esteve presente no encontro que contou com a presença dos secretários para a Segurança, Wong Sio Chak, e para a Administração e Justiça, Sónia Chan. Para o Chefe do Executivo, é prioritário que a comissão “coordene e reforce a construção do sistema, mecanismo e regime legal de Macau para a defesa da segurança nacional e melhore de forma continuada os trabalhos inerentes a esta matéria”. Chui Sai On também defende a criação de um “sistema de gestão para salvaguardar a segurança nacional sob uma liderança unificada do Governo”, além de que é “necessário criar e aperfeiçoar o regime legal da segurança nacional, combinando as características de Macau e cumprindo as responsabilidades da lei”. O governante máximo da RAEM também quer que os serviços públicos se esforcem “para elevar o profissionalismo, desenvolver bem as suas competências funcionais e tomar a iniciativa de trabalho”. Tudo para “prevenir e combater as actividades ilegais e criminosas que ponham em causa a segurança nacional e a estabilidade política e social”. Deve também “elevar-se a compreensão ideológica”, bem como “estar firme na posição política”. É também necessário, de acordo com Chui Sai On, “intensificar a educação sobre a segurança nacional no seio de toda a sociedade”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaLiberdades | Juízes portugueses e Rota das Letras em relatório norte-americano O Congresso dos EUA voltou a publicar um relatório sobre a China e aponta vários casos preocupantes “em relação à autonomia de Macau e ao Estado de Direito”. Em resposta, o Governo de Chui Sai On recusa a ingerência de outros países nos assuntos da China e fala em sucesso na aplicação do princípio “um país, dois sistemas” [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] opção legislativa de afastar juízes portugueses dos casos que envolvem segurança nacional e as pressões políticas durante o Festival Rota das Letras para retirar o convite à escritora Jung Chang, que não seria autorizada a entrar em Macau, são dois dos casos que constam no relatório do Congresso dos Estados Unidos da América sobre a China. O documento, apresentado na quarta-feira, sublinha que ao longo do último ano foram propostas várias alterações legislativas que “levantam preocupações em relação à autonomia de Macau e ao Estado de Direito”. O primeiro caso diz respeito à alteração à Lei de Bases da Organização Judiciária, nomeadamente quanto ao afastamento de juízes estrangeiros das questões que envolvem segurança nacional. “Os advogados portugueses mostraram-se alarmados com a proposta e demonstraram receios que possa violar a Lei Básica de Macau e uma maior erosão da independência do sistema judiciário da cidade”, é sublinhado. Ainda no campo das propostas do Executivo, o Congresso norte-americano foca a futura lei de cibersegurança, cuja consulta pública já foi realizada. “Se por um lado o Governo terá alegadamente garantido que a lei não vai colocar em causa a liberdade de expressão, os ciberanalistas dizem que com base no reduzido número de ataques cibernéticos em Macau, que esta não é uma lei imperativa. Este aspecto levanta preocupações nas ciberindústrias face à interpretação e ao impacto da lei”, é apontado no documento. Literatura e Sulu Sou No campo cultural é dado destaque ao caso Rota das Letras, em que quatro escritores foram impedidos de participar, depois de pressões sobre a organização por parte do Gabinete de Ligação do Governo Central. “Em Março de 2008, o Gabinete de Ligação em Macau terá avisado os organizadores de um festival literário em Macau que o Governo não garantia a entrada de vários autores de livros, incluindo a escritora sediada no Reino Unido e autora de um biografia de Mao Zedong, Jung Chang”, é notado. A menção ao Rota das Letras surge no contexto dos casos, frequentemente referidos nestes relatórios, de pessoas a quem é negada a entrada em Macau, principalmente políticos e activistas pró-democratas de Hong Kong. Sobre o caso do Rota das Letras, o Congresso recorda ainda as palavras do clube literário Pen Hong Kong, que defendeu que a não garantia da entrada no território “viola directamente o direito à liberdade de expressão”. Também na vertente política, o congresso destaca o caso de Sulu Sou, naquela que foi a primeira suspensão de um deputado depois da transição. O Congresso nota também que o legislador viu-se forçado a abdicar do direito de recurso da condenação relacionada com a infracção à lei do direito de reunião e manifestação para poder regressar à Assembleia Legislativa. Recusa de ingerências Em resposta ao relatório, o gabinete do porta-voz do Chefe do Executivo emitiu um comunicado a denunciar a ingerência dos países estrangeiros no assuntos da China. “O Governo da Região Administrativa Especial de Macau repudia terminantemente o referido relatório, frisando que Macau pertence à República Popular da China e que nenhum país estrangeiro tem o direito de ingerência nos seus assuntos internos”, pode ler-se na resposta. “Desde o regresso de Macau à Pátria, o princípio de “um país, dois sistemas” e a Lei Básica têm sido implementados em pleno no território e a RAEM desenvolveu-se e registou resultados notórios”, é acrescentado. Ainda sobre os motivos apontados no relatório, o Executivo considera que “ignora factos”, “tece comentários irresponsáveis sobre a RAEM” e “profere acusações infundadas”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLAG | As medidas políticas de Hong Kong e as lições que daí podem vir Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, apresentou esta quarta-feira as Linhas de Acção Governativa da região vizinha para 2019, e que dão à habitação o foco principal. Analistas consideram que os Executivos de Hong Kong e Macau partilham alguns problemas e podem encontrar soluções semelhantes, mas há quem defenda que Macau também sabe fazer melhor [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m territórios densamente povoados a habitação é a primeira necessidade de muitos. No caso de Macau e Hong Kong, há muito que as promessas de construção de habitação pública fazem parte das promessas políticas e dos programas eleitorais. Vai-se construindo, mas não parece ser suficiente, tendo em conta o aumento do custo de vida nas regiões administrativas especiais. É de salientar que Hong Kong é a cidade mais cara do mundo. Esta quarta-feira Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, apresentou as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, sendo que a habitação foi protagonista de um programa com 244 pontos. Um dos projectos passa pela construção de ilhas artificiais em Lantau, com um total de 1700 hectares, e que ganhou o nome de “Lantau Tomorrow Vision”. Promete dar casa a 1,1 milhões de pessoas, criará muitos empregos e terá um custo para os cofres públicos de 500 mil milhões de dólares de Hong Kong. Carrie Lam também prometeu implementar medidas para banir o uso de talheres de plástico, proibir na totalidade os cigarros electrónicos e reabilitar os antigos edifícios industriais, para que possam dar lugar a novos apartamentos ou serviços sociais. Na área da saúde, as vacinas contra o cancro cervical serão gratuitas para residentes e a licença de maternidade vai aumentar das 10 para as 14 semanas, o mínimo exigido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em Macau as LAG começaram a ser preparadas no passado dia 11, tendo arrancado ontem o processo de consulta das opiniões da sociedade sobre o programa político, prazo que termina no próximo dia 25. Vários analistas defendem que há vários pontos do programa político de Carrie Lam nos quais os governantes de Macau se poderiam inspirar. Na área da habitação, ambos os territórios têm pouca oferta para tanta procura, mas Larry So, analista político, lembra que o processo de reclamação de terra ao mar é bem mais complexo para Macau. “Em Macau não podemos ter o mesmo processo de reclamação de terra ao mar porque precisamos da permissão do Governo Central, e não podemos decidir uma política desse género tão rapidamente como em Hong Kong, onde esta é uma medida que pode ser votada no Conselho Legislativo. Em termos de acções relacionadas com a habitação, Carrie Lam deu bastante ênfase à habitação social para os residentes de Hong Kong, e é algo que definitivamente o Governo de Macau deveria continuar a defender”, apontou ao HM. Larry So espera, aliás, que Chui Sai On possa apresentar novas medidas nesta área. Mesmo que estas sejam as últimas LAG que apresenta na qualidade de Chefe do Executivo. “Certamente que o Chefe do Executivo deve apresentar novas medidas para a habitação, pois é uma área na qual os jovens procuram novas soluções. Buscam casas económicas que possam comprar e que fiquem prontas o mais depressa possível”, apontou Larry So, que falou também do problema do trânsito. “Em Hong Kong estão a tentar fazer-se muitas coisas, Carrie Lam quer diversificar a área dos transportes, e os cidadãos esperam mesmo que o Governo apresente novas medidas para resolver o problema do trânsito, tal como aqui.” O analista político recorda também a semelhança que existe quanto à necessidade de reabilitação dos antigos edifícios industriais. Em Macau existe o Conselho para a Renovação Urbana que tem vindo a abordar essa matéria, mas são poucos ou nenhuns os edifícios renovados. “Em Macau temos um caso similar e penso que podemos partilhar esta medida e fazer uso destes edifícios e convertê-los para fins sociais ou habitacionais. Não precisamos de implementar exactamente as mesmas medidas, mas podemos partilhar algumas ideias.” Macau faz melhor Eric Sautedé, docente de ciência política que deu aulas na Universidade de São José e que actualmente reside em Hong Kong, defende que as autoridades de Macau têm feito um melhor trabalho na área da habitação pública. Além disso, Sautedé adiantou que o projecto “Lantau Tomorrow Vision” não é, sequer, uma novidade. “É uma verdadeira novela e Ryan Ho [escritor freelancer e estudante de arqueologia marinha] explica isso na sua conta de Twitter, tratando-se de uma história que começou em meados dos anos 80. Longe de ser um plano visionário para a habitação pública de Hong Kong, serve para que os investidores do mercado imobiliário possa encontrar novos contratos frutíferos e trai a incapacidade do Governo de forçar a saída dos verdadeiros rostos do imobiliário dos terrenos não desenvolvidos onde se mantém e onde persiste a pura especulação.” Ryan Ho publicou na sua conta de Twitter que, em 1986, o CEO da Hopewell Holdings, Gordon Wu, “propôs a construção de uma ilha artificial gigante nas ‘águas centrais’ da zona ocidental da ilha de Hong Kong e zona oriental de Lantau. [Tratava-se de] um grande plano que obteve o apoio do magnata do imobiliário, Li Ka-shing”. Contudo, “o plano de Wu falhou no período da Administração colonial, com os argumentos de que o seu custo seria proibitivo e que traria danos irreversíveis ao ambiente. Então fez algo extraordinário: apelou directamente a Londres e Pequim. O projecto acabaria por falhar em prol da oligarquia e dos interesses da região vizinha, escreveu Ryan Ho. Carrie Lam também falou de um estudo sobre os terrenos que permanecem por desenvolver, e que deverá estar pronto em 2020. Contudo, para Eric Sautedé, “essa promessa de estudar os terrenos não desenvolvidos são apenas palavras: o que se exige é acção, não estudos, mas isto iria contra os interesses instituídos nos Novos Territórios em Hong Kong que são apoiados pelo Governo.” Nesse sentido, “ao nível da habitação pública, acredito que o Governo de Macau tem vindo a fazer um melhor trabalho na anulação de concessões que se mantêm inalteradas há bastante tempo”. “Não há, neste aspecto, muito a aprender com Hong Kong, à excepção da maior celeridade de construção e na qualidade das habitações”, acrescentou o académico. Interesses de alguns O caso descrito por Ryan Ho leva o professor de ciência política da Universidade Chinesa de Hong Kong Bill Chou a referir que, tanto em Hong Kong como em Macau há muito que prevalecem os interesses de uma minoria ligada ao meio empresarial e do imobiliário face à maioria que necessita de uma casa para viver. “O plano em Lantau tem a oposição de conservadores, democratas e os seus apoiantes, que defendem que a reclamação de terrenos ao mar vai causar danos ao meio ambiente.” Para Bill Chou, “os privilégios das elites mantêm-se intactos enquanto as necessidades do público têm vindo a ser sacrificadas”. “Em sociedades pós-modernas como Hong Kong e Macau, as pessoas não estão apenas preocupadas com benefícios materiais mas também com alguns valores altruístas, tal como a justiça social, protecção ambiental e a distribuição qualitativa dos benefícios e custos do crescimento económico.” Nesse sentido, “Macau tem de considerar esses valores que são defendidos pela maioria dos residentes antes de distribuir dinheiro, benefícios materiais ou outros na área da segurança social”. Sem isso, “as pessoas de Macau vão sentir que o Governo não lhes dá apoio”, frisou. Maternidade exemplar Na opinião de Eric Sautedé, o aumento da licença de maternidade em Hong Kong de 10 para 14 semanas poderá ser a única lição que Macau poderá retirar das LAG de Carrie Lam. “As 14 semanas são o mínimo recomendado pela Organização Internacional do Trabalho, mas a verdadeira recomendação é de 18 semanas. Em Macau, o que foi introduzido no ano passado foi uma verdadeira desgraça: 14 dias de faltas justificadas além dos 56 dias permitidos por lei. Estamos presos nas dez semanas e apenas oito semanas são pagas.” A culpa, para Sautedé, está nos “lobbies na área empresarial, que são muito fortes em Macau”, além de que a “Federação das Associações dos Operários de Macau nunca se preocupou em apresentar uma nova lei na Assembleia Legislativa”. O académico deixa ainda um aviso: “Se Ho Iat Seng se tornar no próximo Chefe do Executivo, a situação vai ficar ainda pior”. Ao HM, o gabinete do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, adiantou que será dado apoio a uma futura proibição dos cigarros electrónicos no território. Também nesta área não há nada que as LAG de Hong Kong possam trazer de novo, defendeu Eric Sautedé. “Investir na educação é algo muito bom, mas Macau também o tem vindo a fazer . Tendo em conta os cigarros electrónicos, houve uma promessa de banir os cigarros nos casinos em 2015, mas Alexis Tam cedeu às pressões dos lobbies ligados ao sector”, frisou.
Hoje Macau EventosBrasil/Eleições | Congresso de José Saramago fez apelo à defesa da democracia [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pelos para salvar a democracia no Brasil marcaram esta quarta-feira, em Coimbra, o encerramento do congresso internacional sobre José Saramago, em que a viúva do escritor assinou um documento contra a ascensão da extrema-direita no maior país lusófono. “Há que salvar a democracia no Brasil. Não se pode chegar a uma ditadura fascista votando”, na segunda volta das eleições presidenciais brasileiras, no dia 28, entre Jair Bolsonaro (Partido Social Liberal, extrema-direita) e Fernando Haddad (Partido dos Trabalhadores, esquerda), disse Pilar del Río à agência Lusa, no final dos trabalhos. A presidente da Fundação José Saramago assinou um texto que circulou entre os congressistas, muitos deles oriundos do Brasil, intitulado “Em defesa da democracia”, após ter proferido um discurso de encerramento em que questionou a atual situação política na pátria do escritor Jorge Amado e do cantor Chico Buarque, com uma referência política que mereceu o aplauso dos presentes. “Temos uma experiência terrível com Hitler”, que nos anos 30 do século XX chegou ao poder na Alemanha através de eleições, alertou depois, em declarações à Lusa. Para Pilar del Río, “não se trata de votar em A ou B”, mas antes de prevenir as consequências futuras de um eventual sufrágio popular, nas urnas, de políticas de intolerância que negam a democracia e discriminam as minorias. “Antes de nos arrependermos no futuro, sejamos ativos agora, não o permitamos”, preconizou a viúva do autor de “Levantado do Chão”, que há 20 anos foi distinguido pela Academia Sueca com o Prémio Nobel da Literatura. No documento sobre as eleições no Brasil, os congressistas manifestam-se “profundamente preocupados com o que está acontecendo no Brasil” em torno do processo eleitoral. “Estão em jogo valores e conquistas de uma civilização ocidental que o Brasil abraçou ao longo de séculos. Democracia, tolerância, direitos humanos, cultura da paz, sempre!”, proclamam. José Saramago, recordou Pilar del Río, “tinha raiva de que neste momento há meios para evitar a desgraça, as agruras, a pobreza e não estamos a usar os mecanismos que temos para o bem comum” – um pouco por todo o mundo – “e isso indignava-o profundamente”. “Trata-se de levantar a cabeça, dizer que somos humanos, que não somos seres descartáveis, e eleger o nosso futuro democraticamente”, defendeu. Na segunda volta das eleições no Brasil, no dia 28, “há que votar bem, há que votar contra isso”, tendo em conta que na sociedade “há pobres, mulheres, diferentes e emigrantes” que precisam de solidariedade e da proteção dos poderes públicos. Pilar del Río destacou, por outro lado, a presença das personagens femininas na obra literária de Saramago. As mulheres “são as personagens fundamentais e fortes da obra saramaguiana”, as quais “não se acomodam às circunstâncias”, acrescentou. Elas “têm valores e com esses valores vão para a vida, independentemente do que está na moda”, afirmou a antiga jornalista. A primeira volta das eleições no Brasil foi vencida por Jair Bolsonaro, com 46% dos votos, enquanto o seu opositor Fernando Haddad ficou em segundo lugar, com 29,3%. Organizado pela Universidade de Coimbra, em colaboração com a Fundação José Saramago e outras entidades, o congresso “José Saramago: 20 anos com o Prémio Nobel” decorreu em Coimbra, entre segunda-feira e hoje, tendo a abertura dos trabalhos contado com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes.
Hoje Macau InternacionalBrasil/Eleições | Sondagem dá maioria a Bolsonaro na segunda volta [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] candidato às eleições presidenciais brasileiras Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), recolhe 58% das intenções de voto, enquanto Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), tem 42%, segundo uma sondagem ontem divulgada. Este é o resultado da pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, a primeira relativa à segunda volta das eleições presidenciais, que utiliza o critério dos votos válidos, ou seja, exclui votos brancos nulos e indecisos. Na primeira volta das presidenciais brasileiras, Bolsonaro obteve 46% dos votos válidos e Haddad 29%. Quando se leva em conta a intenção de voto total, contando votos brancos e nulos e indecisos, Bolsonaro conquista 49% das intenções de voto e Haddad regista 36%, nesta sondagem hoje realizada. Brancos e nulos somam agora, segundo o Datafolha, 8%. Outros 6% dos entrevistados declaram-se indecisos. A sondagem auscultou 3.235 pessoas em 227 municípios do Brasil. A margem de erro é de dois pontos. Cinco partidos declaram-se neutros Mais cinco partidos políticos anunciaram ontem que permanecerão neutros na segunda volta das presidenciais brasileiras de 28 de outubro, numa disputa entre o candidato da extrema-direita Jair Bolsonaro e o socialista Fernando Haddad. As formações políticas que anunciaram a decisão de não apoiar qualquer um dos dois candidatos foram o Partido da República (PR), o Democratas, o Partido Republicano Brasileiro (PRB), o Partido Popular Socialista (PPS) e o Podemos. A maioria destes partidos fazia parte da coligação de apoio ao candidato presidencial Geraldo Alckmin, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que, na primeira volta do sufrágio, no passado domingo, ficou em quarto lugar, com 4,6% dos votos, apesar de ter contado com o apoio de vários partidos de centro. O próprio PSDB, um dos partidos mais tradicionais do Brasil e que governou o país entre 1995 e 2002, com Fernando Henrique Cardoso, anunciou nesta terça-feira a sua decisão de permanecer neutro na segunda volta, por não ter intenções de apoiar nenhum dos candidatos na corrida presidencial. No mesmo dia, o Partido Novo, do candidato presidencial João Amoêdo, anunciou a sua neutralidade na segunda volta das eleições, tendo declarado que não apoiará Jair Bolsonaro(PSL) e ser “absolutamente contra o PT”, cujo candidato é Fernando Haddad. De acordo com um comunicado, o Novo manifestou-se descontente com o cenário presidencial na segunda volta. “Não é aquele que desejávamos”, informou o partido. O comunicado justificou os motivos do posicionamento contra o Partido dos Trabalhadores (PT), sendo as “ideias e práticas opostas”, mas não explicou os motivos contra o apoio a Bolsonaro. A maioria dos partidos que se declarou neutro esclareceu que não apoia as propostas do candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro, polémico por ser um defensor da ditadura militar que vigorou no país entre 1964 e 1985 e pelas suas declarações de teor machista, racista e homofóbico. No entanto, também não expressam apoio ao candidato do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad, o sucessor do ex-Presidente brasileiro que se encontra preso por corrupção, Luiz Inácio Lula da Silva.
Andreia Sofia Silva DesportoSporting | Requerimento de Bruno de Carvalho para ser ouvido foi aceite pelo DIAP [dropcap]O[/dropcap] requerimento do ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho para ser ouvido sobre a invasão à Academia do clube foi aceite pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), explicou hoje à Lusa fonte próxima do antigo dirigente. Através do seu advogado, José Preto, Bruno de Carvalho disponibilizou-se hoje para prestar declarações na unidade de terrorismo do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), mas o requerimento foi reencaminhado para o DIAP, no qual decorre o inquérito ao ataque à Academia do Sporting, em Alcochete, em 15 de maio último, acrescentou a mesma fonte. Esta iniciativa de Bruno de Carvalho ocorre um dia depois de o funcionário do Sporting Bruno Jacinto ter sido ouvido em primeiro inquérito judicial, no âmbito do mesmo processo, e ter ficado em prisão preventiva. Detido na terça-feira, Bruno Jacinto, que na altura das ocorrências era oficial de ligação aos adeptos, está indiciado, entre outros, pela prática, em co-autoria, de mais de 20 crimes de ameaça agravada, 12 crimes de ofensa à integridade, 20 crimes de sequestro e um crime de terrorismo. Bruno Jacinto é já o 38.º elemento em prisão preventiva por alegado envolvimento nos incidentes de 15 de Maio na academia do Sporting, em Alcochete, em que cerca de 40 alegados adeptos do clube, encapuzados, agrediram alguns jogadores, treinadores e ‘staff’. Os 38 arguidos que aguardam julgamento em prisão preventiva, entre eles o antigo líder da claque Juventude Leonina Fernando Mendes, são todos suspeitos da prática de diversos crimes, designadamente de terrorismo, ofensa à integridade física qualificada, ameaça agravada, sequestro e dano com violência. Na sequência do ataque à Academia do Sporting, nove futebolistas rescindiram os contratos com o clube. Rui Patrício, Rafael Leão, Daniel Podence, Gelson Martins e Ruben Ribeiro saíram em litígio com o Sporting e transferiram-se para outros clubes. Bas Dost, Bruno Fernandes e Rodrigo Battaglia voltaram atrás na decisão de abandonar o Sporting, enquanto William Carvalho saiu para o Bétis, de Espanha, após acordo do clube espanhol com os ‘leões’. Já no início deste mês, o Tribunal da Relação de Lisboa manteve em prisão preventiva oito dos suspeitos do ataque, revelou a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa. O Tribunal da Relação de Lisboa ainda tem de pronunciar-se sobre os restantes recursos interpostos pela maioria dos detidos neste processo.
Hoje Macau China / ÁsiaAssociação guineense alerta para ameaça à pesca ilegal no país da China, entre outros [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] associação guineense que participa no Festival da Lusofonia de Macau escolheu como tema a pesca tradicional daquele país, ameaçada por actores internacionais, entre eles a China, disse à Lusa a presidente daquela entidade. “Hoje em dia tem havido fluxos de barcos da China que acabam por pôr em causa esse modo de vida”, afirmou a presidente da Associação dos Guineenses, Naturais e Amigos da Guiné-Bissau em Macau. Grazia Lopes criticou a pesca indiscriminada na zona económica exclusiva no país feito pela China, mas também pelos vizinhos da costa de África, como o Senegal, que na sua opinião estão a afectar “o modo de viver” dos guineenses, principalmente nas ilhas. “A nós cabe-nos chamar a atenção às autoridades e às pessoas que têm alguma influência nesta área”, referiu a presidente, constatando que a associação não tem poderes para intervir, mas sim para mudar mentalidades e avisar para o problema. Nesse sentido, a associação decidiu usar ‘palco’ do Festival da Lusofonia, que todos os anos acolhe em Macau milhares de pessoas dos países de língua portuguesa e também residentes locais, para mostrar “a importância da pesca tradicional na cultura guineense”, apontou a presidente. “Dá-nos a oportunidade de mostrámos a nossa cultura e a forma como as famílias vivem”, disse. O Festival da Lusofonia de Macau regressa às Casas-Museu da Taipa, entre 19 e 21 de Outubro, para recriar o ambiente das festas populares portuguesas, com música, artesanato e gastronomia dos países de língua portuguesa. Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Goa, Damão e Diu, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Macau vão ter expositores com artesanato e “petiscos e bebidas típicas” junto às Casas-Museu da Taipa.
Hoje Macau China / ÁsiaGoverno australiano trata “com cuidado” relacionamento com a China [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro australiano disse hoje que o relacionamento de Camberra com a China é importante e tratado “com cuidado”, embora tenha admitido que as duas nações se mantêm distantes. “A realidade é que temos relações comerciais muito construtivas com a China, [mas] não partilhamos os mesmos valores e princípios”, afirmou Scott Morrison à estação de rádio australiana 3AW. A China é o principal parceiro comercial da Austrália, mas as relações bilaterais têm estado tensas nos últimos meses devido às suspeitas de que Pequim interferiu na política interna de Camberra. Em relação às diferenças comerciais e à crescente tensão entre os Estados Unidos e a China, Morrison destacou o papel da Austrália na aproximação entre as duas nações. “O nosso papel é fechar a lacuna” entre essas duas potências, argumentou Morrison. “Nós partilhamos valores e mantemos uma aliança profunda com os Estados Unidos e temos uma aliança estratégica com a China”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaTimor-Leste está “viciado pelo petróleo” e sem alternativas económicas, diz presidente [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]imor-Leste é um país “viciado pelo petróleo”, cujo potencial “não está a ser estimulado, desenvolvido, trabalhado”, importando quase tudo o que consome e sem políticas públicas geradoras de emprego, disse hoje o Presidente timorense. “Estamos a importar quase tudo. Temos um desemprego considerável e até agora uma teimosa incapacidade de políticas públicas geradoras de emprego”, afirmou, em Díli, Francisco Guterres Lu-Olo. Na análise da situação atual, o Presidente timorense repetiu uma mensagem antiga, de que “a economia está excessivamente dependente das receitas petrolíferas”. “O êxodo rural é um problema sério que desde já tem implicações negativas no nosso país. O reforço do setor privado, um verdadeiro imperativo na esfera económica”, afirmou num discurso perante os principais empresários do país. Francisco Guterres Lu-Olo falava na abertura do 3.º Congresso Nacional da Câmara de Comércio e Indústria de Timor-Leste (CCI-TL), numa altura em que o país atravessa uma grave crise económica, provocada por mais de um ano de tensão política, ainda não totalmente resolvida. O encontro conta com a presença de vários dos principais empresários timorenses e representantes de associações, cooperativas e entidades dos 12 munícipios e da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA). Sob o tema “Por um Setor Privado Mais Criativo, Produtivo e Sustentável”, esta reunião marca uma vontade de reforço da capacidade organizativa e de capacitação empresarial nacional para responder aos desafios nacionais, considerou. “O setor privado tem um papel importante no desenvolvimento de qualquer economia. O Estado não pode deter o monopólio de potenciar a atividade económica do país, ou seja, não pode dinamizar a economia do país, detendo competência exclusiva”, disse Lu-Olo. O chefe de Estado lembrou que quase 90% do orçamento é financiado através do Fundo Petrolífero de onde, desde a sua criação em 2005 e até 2017, “foram levantados mais de 9,6 mil milhões de dólares” (8,3 mil milhões de euros), com as receitas domésticas não petrolíferas a representarem pouco mais de 7% do Produto Interno Bruto (PIB). “Um dos principais desafios da economia de Timor-Leste é o enorme desequilíbrio da sua balança comercial devido a importações muito grandes que não são compensadas por exportações significativas”, afirmou. No ano passado, as importações de bens e serviços corresponderam a 58% do produto interno bruto não-petrolífero, com um défice comercial anual de mais de 900 milhões de dólares, referiu. Lu-Olo insistiu que é urgente fortalecer outros setores da economia, com destaque para agricultura e pescas, o que ajudaria igualmente a combater a subnutrição no país e a fortalecer o emprego. “O desemprego é um dos problemas mais graves da nossa sociedade atual. Apesar do setor privado timorense contribuir com mais de 60 mil empregos, ainda não é suficiente para acomodar os mais de 15 mil jovens que anualmente entram no mercado de trabalho”, alertou. Aos empresários, o chefe de Estado sublinhou que “o setor privado nacional ainda é muito fraco” e exige esforços de capacitação, comprometendo-se a articular com o Governo para ajudar “a dotar de meios e de recursos o setor privado nacional” na fase atual de arranque.
Hoje Macau Eventos MancheteOrganização do Festival da Lusofonia de Macau espera cerca 25 mil participantes [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização do Festival da Lusofonia de Macau espera acolher cerca 25 mil participantes, entre 19 e 21 de outubro, informou o Instituto Cultural (IC). “O evento o ano passado durou 4 dias e teve cerca de 25.000 participantes. Este ano, o evento terá a duração de 3 dias e são esperadas 25.000 pessoas”, apontou o IC, numa nota enviada à lusa. As autoridades de Macau destacaram a longevidade e o sucesso deste festival: “a primeira edição do Festival da Lusofonia realizou-se em 1998, integrada no programa de atividades que celebra o Dia Nacional de Portugal, a 10 de Junho, em homenagem aos residentes da comunidade de língua portuguesa residentes em Macau pela sua contribuição para o desenvolvimento do território”. Para o IC este festival “ganhou uma tal popularidade” que já é um dos maiores eventos culturais no território que “contribuiu para a promoção do turismo local e internacional”, devido ao “programa diversificado de atividades, nomeadamente a cultura de cada comunidade residente em Macau, como a gastronomia, música e dança e jogos para todas as idades”. A partir do dia 19 de outubro, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Goa, Damão e Diu, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Macau vão ter expositores com artesanato e petiscos e bebidas típicas junto às Casas-Museu da Taipa. Em resposta à Lusa, a Casa de Portugal destacou que este ano o espaço luso “vai contar com a presença do artesão Arlindo Moura, da Rota da Filigrana, que concilia esta arte com a cortiça”, enfatizando para a importância desta festa no território “para todos os membros das diversas comunidades lusófonas”. Já a Casa do Brasil em Macau aposta no artista brasileiro Fábio Panone Lopes, que trabalha com grafite, para transformar o espaço canarinho numa favela. “Ele vai pintar uma mini favela, que é uma realidade brasileira, para nós mostrarmos que não há só coisas más nas favelas, também há muita coisa boa”, explicou à Lusa a presidente da Casa do Brasil, Jade Martins. A associação guineense escolheu como tema a pesca tradicional daquele país. “Dá-nos a oportunidade de mostrámos a nossa cultura e a forma como as famílias vivem”, apontou a presidente da Associação dos Guineenses, Naturais e Amigos da Guiné-Bissau em Macau, Grazia Lopes. Por outro lado, a associação de Timor-Leste vai apostar na promoção turística do país, especialmente “as praias paradisíacas do ilhéu de Jaco”, porque Timor-Leste, “não é só Díli”, disse a vice-presidente da Associação de Amizade Macau-Timor. A presidente da Associação Amizade Macau-Cabo Verde, Ada Sousa, apontou que este ano o país irá dar ênfase às danças tradicionais do país. Por fim, o presidente Associação Angola-Macau, Alexandre Correia da Silva, preferiu destacar o facto do evento “ser muito importante para a comunidade de Macau” e que no ‘stand’ do país vão estar algumas informações sobre Angola. O Festival da Lusofonia articula-se com a semana cultural da China e países lusófonos, que está a decorrer desde segunda-feira, com a participação de mais de 130 artistas com concertos no Largo do Senado, no coração de Macau, e na Doca dos Pescadores de grupos de Portugal (D.A.M.A), Cabo Verde (Grace Évora e Banda), Angola (Paulo Flores), Timor-Leste (Black Jesuz), Moçambique (Moza Band), Brasil (Banda Circulô), Guiné-Bissau (Rui Sangara), São Tomé e Príncipe (Alex Dinho) e China (Grupo Artístico Folclórico de Songjiang).
Hoje Macau InternacionalTrump diz que a Fed enlouqueceu em reação à forte queda de Wall Street [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que “a Reserva Federal (Fed) enlouqueceu”, em reação à acentuada queda bolsista ocorrida na quarta-feira em Wall Street. Questionado se está preocupado pelo resultado da sessão bolsista na praça nova-iorquina, Donald Trump respondeu que se trata de uma “correção que já era esperada há muito tempo”, continuando as suas críticas à Fed, o banco central norte-americano. “A Fed está a cometer um erro. Creio que a Fed enlouqueceu”, respondeu aos jornalistas em Erie, no estado da Pensilvânia, antes de realizar um comício. “Há quem diga que [a subida das taxas de juro] dá muita segurança, e sim, dá muita segurança e muita margem, mas creio que a Fed enlouqueceu”, acrescentou. Wall Street encerrou hoje com fortes e generalizadas baixas, na sua pior sessão em oito meses, com os índices de referência a perderem mais de 3%: o seletivo Dow Jones Industrial Average cedeu 3,15%, o alargado S&P 500 recuou 3,29% e o tecnológico Nasdaq desvalorizou 4,08%.
Hoje Macau EventosTaylor Swift é a grande vencedora dos American Music Awards e apela ao voto nos EUA [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]aylor Swift foi a grande vencedora dos American Music Awards (AMA), na noite de terça-feira, no Microsoft Theater, em Los Angeles, com quatro galardões, incluindo artista do ano, assim como a latina Camila Cabello, que arrecadou outras quatro distinções. No discurso de agradecimento dos prémios, a cantora norte-americana – que, além de artista do ano, recebeu ainda o de digressão do ano, melhor álbum Pop/Rock e melhor artista feminina Pop/Rock – reforçou o apelo aos americanos para que votassem nas eleições intercalares de novembro, dois dias depois de, na rede social Instagram, ter declarado que vai votar pelo Partido Democrata. “Só quero mencionar que este prémio [artista do ano] e todos e cada um dos prémios entregues esta noite foram votados pelo povo. E sabem que mais é que o povo vai votar? (…). As eleições intercalares de 06 de novembro. Saiam e votem”, disse Taylor Swift, em Los Angeles. A estrela pop fez referência às próximas eleições nos EUA, nas quais os democratas esperam recuperar o terreno perdido contra os republicanos e o atual presidente, Donald Trump. Swift tem chamado a atenção da comunicação social nos últimos dias, depois de ter quebrado o seu silêncio político e escrito uma longa mensagem na rede social Instagram, na qual tem 112 milhões de seguidores, em que garante que votará em candidatos democratas. Desde segunda-feira, de acordo com a plataforma vote.org, os centros de recenseamento têm registado números recorde de inscrições, sobretudo em eleitores entre os 18 e os 29 anos. Dos 240 mil novos registos de outubro, em vésperas de fecho do recenseamento, 102 mil são posteriores ao apelo de Taylor Swift, segundo esta associação. A outra grande vencedora da noite dos American Music Awards foi a cubano-americana Camila Cabello, que venceu nas categorias de nova artista do ano, melhor colaboração, melhor vídeo e melhor canção Pop/Rock (estas últimas três categorias para o tema “Havana”). “Não posso acreditar que ganhei este”, disse a jovem cantora ao receber o prémio de nova artista do ano. Cabello, que afirmou estar “sem palavras”, agradeceu aos seus pais, presentes na cerimónia, e aos seus seguidores. Por seu turno, a também latina Cardi B, uma das favoritas aos AMA com oito nomeações, ganhou três prémios: melhor artista de rap/Hip-Hop, melhor rap, por “Bodak Yellow” e melhor música de soul/R&B, por “Finesse” com Bruno Mars. A rapper foi, além disso, uma das estrelas da noite com uma interpretação muito latina e espetacular de sua música “I Like It”, com o colombiano J Balvin e o porto-riquenho Bad Bunny. Pior sorte teve o canadiano Drake, que também tinha oito nomeações, mas acabou por sair da gala de mãos vazias. A 46ª edição da AMAs, que teve Tracee Ellis Ross como mestre de cerimónias, começou com Taylor Swift interpretando ao vivo “I Did Something Bad”. Frente ao microfone, também desfilaram, além de Cardi B e Camila Cabello, outros artistas como Mariah Carey, Jennifer Lopez, Shawn Mendes, Twenty One Pilots, Dua Lipa, Ciara ou Carrie Underwood. O grupo norte-americano Panic! At the Disco prestou homenagem à banda inglesa Queen, com a famosa música “Bohemian Rhapsody”. No entanto, o momento mais emocionante dos AMA foi o tributo à estrela da ‘soul’ Aretha Franklin, que morreu em agosto, aos 76 anos, no qual se juntaram as vozes de cantoras como Gladys Knight, Ledisi e CeCe Winans. As nomeações para os American Music Awards baseiam-se nas vendas recordes de álbuns e músicas digitais, transmissões de rádio e ‘streaming’ (transmissão ‘online’) medidos pela Billboard e os seus parceiros Nielsen Music e Next Big Sound. Em contrapartida, os vencedores são escolhidos pelos fãs, com os seus votos. https://www.youtube.com/watch?v=6IGJsN29WTg
Hoje Macau EventosAcademia Angolana de Letras contra ratificação do Acordo Ortográfico [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Academia Angolana de Letras (AAL) pediu ao Governo que não ratifique o Acordo Ortográfico (AO), perante os “vários constrangimentos identificados” no documento, que necessita de uma revisão. A decisão foi apresentada pelo reitor da Universidade Independente de Angola e membro da AAL Filipe Zau, numa conferência de imprensa em que, pela primeira vez, a academia, criada oficialmente em setembro de 2016 e que conta com 43 membros, tomou uma posição pública sobre o Acordo Ortográfico, apresentado em 1990. “Recomendamos a todos os Estados [membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP] e ao Estado angolano, que é necessário retificar para que se possa ratificar”, disse à agência Lusa Filipe Zau. Segundo o docente, a academia, que tem como patrono e ocupante da “cadeira número um” o primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, decidiu tomar posição após auscultar os membros. “Não estamos contra o Acordo Ortográfico em sim, estamos contra este acordo”, sublinhou. No comunicado, a AAL apresenta um conjunto de razões para justificar a tomada de posição, destacando que, no âmbito dos pressupostos do Acordo Ortográfico de 1990, existe “um número elevado de exceções à regra” que, acrescenta-se, “não concorre para a unificação da grafia do idioma [português], não facilita a alfabetização e nem converge para a sua promoção e difusão” em Angola. Por outro lado, a AAL lembra que o acordo “diverge, em determinados casos”, de normas da Organização Internacional para a Padronização (ISSO) sobre o conceito ligado à ortografia, além de “não refletir” os princípios da UNESCO nem os da Academia Africana de Letras (ACALAN) sobre a “cooperação linguístico-cultural com vista à promoção do conhecimento enciclopédico e de paz”. “Face aos constrangimentos identificados e o facto de não ser possível a verificação científica dos postulados de todas as bases do AO, fator determinante para a garantia da sua utilização adequada, a AAL é desfavorável à ratificação por parte do Estado angolano”, lê-se no documento. A AAL sublinha que, tendo em conta a contribuição de étimos de Línguas Bantu na edificação do Português, o AO não considera a importância das línguas nacionais angolanas como fator de identidade nacional. “A escrita de vocábulos, cujo étimos provenham de línguas bantu, deve ser feita em conformidade com as normas da ortografia dessas línguas, mesmo quando o texto está escrito em português”, defende a AAL, entidade presidida pelo escritor Boaventura Cardoso e que tem Pepetela como presidente da Mesa da Assembleia Geral. A academia, sublinha-se no documento, constatou a necessidade de o AO ter de ser objeto de “ampla discussão” entre os vários Estados membros da CPLP, considerando “indispensável” que se estabeleça um “período determinado para a análise, discussão e concertação de ideias” à volta do assunto. “Tem de se encontrar um denominador comum que permita harmonizar a aplicação do AO de 1990 em todo o espaço comunitário”, refere a AAL, recomendando “maior investimento” dos Estados num “ensino de qualidade”, quem em português, quer nas línguas nacionais, “como contribuição para a preservação” dos vários idiomas. Na conferência de imprensa, o presidente da AAL, Boaventura Cardoso, lembrou que, em Angola, a língua portuguesa é a oficial e é falada “mais ou menos em todo o país”, tendo-se tornado “materna” para grande parte dos angolanos, uma vez que 65% da população utiliza-a na comunicação diária, tal como revelou o último censo populacional de 2016. Para Boaventura Cardoso, muitos dos problemas que se levantam e que constituem erros passam sobretudo pela ausência do AO de 1990 dos sons pré-nasais, duplos plurais e de respeito pelos radicais das palavras que emigram das línguas nacionais para o português. “Impõe-se, pois, rever esta situação e, no nosso caso particular, rever a questão da escrita da toponímia angolana, reassumindo os ‘k’, ‘y’ e ‘w’ na grafia da Língua Portuguesa”, sublinhou, exemplificando ainda com dois exemplos de sons pré-nasais. “Ngola ou Gola. No primeiro caso, Ngola, trata-se do título do titular máximo do poder no contexto da língua nacional kimbundu. Sem o som pré-nasal, significa a parte superior de uma peça de vestuário. O mesmo se passa com Mfumu e Fumo: Mfumu significa ?chefe’ nas várias hierarquias. Fumo significa o que de tal termo se conhece na Língua Portuguesa”., exemplificou. Para Boaventura Cardoso, o AO de 1990 “trouxe mais problemas do que resolveu”: “trouxe o iminente risco de uma deriva arriscada que pode levar à desvirtualização da Língua Portuguesa”. Dos nove países da CPLP, apenas quatro Estados ratificaram o acordo: Cabo Verde, Brasil, São Tomé e Príncipe e Portugal.
Luís Carmelo h | Artes, Letras e IdeiasO futebol é uma moreia para os amigos [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] aquela altura em que a imaginação se transforma numa moreia a surfar nas guerras púnicas. Tudo começa pelas nuvens de pó, pelos cascos dos cavalos da GNR a bater na lama, pela enxurrada sensorial a que a retina é sujeita – vozes sobrepostas nos altifalantes, mastros e bandeiras na movida, gajos a mijar contra o muro, filas impenetráveis de vultos indiferentes à chuva, semblantes encenados por coros, enfim, um colorido raro a invadir o cinzentismo do mundo que agora recordo. Nestes nossos dias liofilizados em que pegou moda começar frases com o infinitivo impessoal (“Dizer que está aqui um ambiente propício a…”) ou com um simples advérbio temporal (“Quando estás à espera do autocarro da equipa e te cai em cima um…”) ou com um deítico (“Aquele dia em que te sentes varado e atiras…”), melhor ainda me sinto a cantarolar os acordes das marchas militares e revejo as matilhas de cães vadios a cruzarem o oceano de guarda-chuvas negros. Uma fumarada danada e os cartagineses a escarrarem para o lado, a par dos pregões e das cascas de banana a traírem a diagonal do peão, agora acossada por brados e caralhadas que vasculham os profundos da relva. A cal traça ângulos rectos e concebe o círculo central e a grande área. Por cima, a borrasca instiga os seus compassos aéreos à Miró e é por entre os respingos do dilúvio que o povo se estica e digladia (como elásticos) para rever, ao longe, as joelheiras, os equipamentos, as fintas e as botas dos jogadores ensopadas no rectângulo ideal. A bola de ‘catchum’ é atirada pelo guarda-redes, cruza mais de meio canto e embate em duas ou três cabeças que içam as alturas do mundo. Ressaltará para a lateral e perde-se depois pela linha final. É assim também a vida. Tinha seis anos e o futebol transformou-se na primeira imagem que me fez sair de mim. Sair de mim: desdobrar-me num episódio simbólico e passar a ser parte de qualquer coisa que não apenas o imediato: a família, a casa, os avós, os retratos que evocavam origens, os cheiros da compota, a escola primária, o Cavaleiro Andante, o major Vidal que era explicador de matemática e os torresmos do senhor Simões que me levou de táxi até aos picos de Monsaraz, era Inverno e os meus prazeres púnicos e guerreiros amanheciam. Por que terá acontecido tudo isto? Em primeiro lugar, as massas fazem chorar. Para uma criança é coisa mitológica e tem o dobro da força de gravidade. Uma corrente que pode ser imparável com o tempo. Em segundo lugar, os heróis. Sim, mal a cor das camisolas se desvendava no túnel de acesso ao relvado, os jogadores que, na realidade, nunca tinham feito um único feito no mundo, simulavam ser Cipião e Aníbal. E o povo glorificava essa verdade que não é coisa exclusiva da massa cinzenta das moreias. Diga-se, em abono da verdade, que o futebol fora inventado em Inglaterra, entre 1848 e 1863, num tempo em que, como escreveu Stephanie Barczewski (curiosamente um historiador americano), se verificava “…a uniquely British tendency to take a perverse (and sometimes tragicomic) pleasure in glorious defeat and self-sacrifice”. Ou seja: coisas preparadinhas para um bom plot. Em terceiro lugar, a festa, mas com aquilo que a ‘fiesta’ – hoje perseguida pelos avaliadores das mais perfeitas premissas púnicas (as PPPs) – também comporta: tudo, mas tudo mesmo pode vir a acontecer. Sim, pode magoar e pode mesmo matar. É o lado da narrativa literária, do relato shakespeariano, do encadeamento e do sangue (coisa viril, mas com a sua arte, diria Homero para não escrevinhar Hemingway, não venha o presbiteriano Will Hays ou até o Me Too acusar-me de “Hola, al final tú eras también aficionado”). Por vezes, o espaço no futebol é um trompe-l´oeuil constante. E já se sabe que a qualidade de um trompe-l´oeuil não reside tanto na eficácia da ilusão criada, mas sobretudo na graciosidade da encenação. É um tropo que surfa mal para burro, mas que sabe interligar os momentos do jogo a qualquer outra coisa (aparentemente superior) que não é óbvia. A fé precisa da sua fábrica. A fé é para sorver o corpo todo nos lances de bola parada. A fé gosta de uma equipa que troque bem a bola, mas, por vezes, esquece-se de que o que é preciso ‘é metê-lo lá dentro’. Em quarto lugar, a pertença. Que bela questão! Por que se escolhe uma equipa e o que é uma equipa? Prefiro o que ouvi, uma ou duas vezes, dizer ao António Mega Ferreira: é a beleza das coisas que não têm explicação. Sim, a seta vermelha. Inevitavelmente. Em quinto lugar, para desfibrilar a imaginação dos cartagineses: aconselhava a todos os programas sobre futebol que grassam nas TVs lusitanas, há cerca de uma década, o mesmo destino que a terceira e última guerra púnica conheceu. Era acabar com aquilo de vez. Ou com quase tudo. E então teríamos um mundo melhor para comermos moreia à mão todos juntos, como dantes. Eu, o Germano, o Águas pai, o Carvalho, o Vital e o Matateu.
António Cabrita Diários de Próspero h | Artes, Letras e IdeiasA educação sentimental [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro objecto que recordo é um avião de lata. O primeiro toque de que me lembro não é o de uma pele mas o da lata. Havia intrusa em casa, reclamada de mão em mão, armada de fraldas, pulmões, vagidos de aço e com regurgitos múltiplos. A minha irmã. Levei dias a lançar o avião de lata sobre o berço, num pretenso bombardeio. E não é que falhei, na mira e na aviação? Aos cinco anos, apanhando a minha avó a urinar de porta aberta, eu, no corredor, fiz o pino para ver se lhe via o… O quê, espicaçou uma vez o Piruças. O ouriço, respondi-lhe pronto. Aos seis anos tive o primeiro sonho erótico e percebi que me marimbava para o Édipo. Caminhava de mãos dadas com uma miúda ao longo de um socalco estreito, a meio de uma falésia ilimitada para cima e inacabável para baixo. O dia nascia, e cheirava a acetona. Andávamos aos espargos e sorríamos com a lâmina do caminho, no leve tremor dos afortunados. Aos nove, à nonagésima oitava vez em que me masturbei, cismei que uma coisa tão boa só podia acontecer cem vezes na vida. Guardei as duas últimas para quando casasse. Aguentei-me três semanas, num desespero, até que me enfiei na casa de banho e meia hora depois ia na cento e quatro, enquanto a minha mãe perguntava, Caíste da pia? Entrava-se na oficina por uma rampa. Aí, dois homens deitaram a primeira chapa de alumínio, com círculos perfeitos desenhados de alto a baixo; tendo-me depois um deles passado a tesoura para a mão. Eram para cima de 50 círculos, sem espinhas. Tinha doze anos e tinha querido experimentar ser operário, numa serralharia. Fiquei surpreendido pela facilidade com que a tesoura cortava o alumínio. E animei-me. Apesar do segundo círculo me ter parecido mais bicudo. Mas continuei a sorrir até ao sétimo círculo. Ao almoço, o encarregado despediu-me com uma palmada nas costas, amarfanhando-me uma nota de vinte na mão. “É uma foda, mas talvez nunca venhas a ser operário, rapaz!”. E ofereceu-me um dos quadrados de alumínio que tão arduamente recortara. Aprendi aí a ambivalência da linguagem. Os manos Ginga moravam ao lado dos meus tios-avós, na Azinhaga dos Besouros, na Pontinha. Três compinchas de Verão com uma pontinha de queques (os primeiros humanos que conheci atascados em polos e pulôveres) mas que não regateavam palmilhar o extenso vale de zínias e girassóis que nos separava da colina onde se empoleirava, clandestina, a Brandoa. Uma tarde, nesse vale, a meio de um canavial descobrimos uma conduta de esgotos, relativamente seca e com tamanho suficiente para avançarmos agachados em fila indiana até misteriosos meandros. A conduta atravessava à Colina da Luz e desembocava num canal de drenagem, mesmo ao lado de uma boutique para senhora onde trabalhavam dois mimos de raparigas que inquietaram os nossos plácidos sonhos de Verão. Foi a conduta que me levou ao primeiro beijo. Veio o 25 de Abril e os irmãos Ginga puseram-se ao fresco: o pai era da Pide. Acordei tarde para os primeiros mortos, aos quinze anos. Já tinha visto amigos meus fecharem a cancela sobre o rosto e um deles, gémeo do falecido, cortou os pulsos. Nada me calhava, uma infância feliz, capciosa, sem fios de prumo. Primeiro, uma avó, duma leucemia que apenas lhe carregou nos olhos a sombra chinesa que fora a sua vida. Depois o luto da namorada que me corneou. Eu tinha-a acariciado a tarde inteira de sábado por cima dos collants. No domingo ela foi a uma festa com uma amiga onde um marmanjo a massajou por dentro. Decidi vingar-me. Não fui um libertino, mas não me queixo. Um dia engatou-me uma miúda no Estádio, ao Bairro Alto. Já estava aviadita mas, em casa, emborcou uma zurrapa de litro quase de um gole, empurrou-me para a cama e pediu bate-me. E eu lá fui fazendo muito pouco conforme o que podia. Na manhã seguinte foi franca: fora uma noite desenxabida pois, justificava-se, com o antigo namorado jogavam à roleta russa durante o coito. Retirei-me, desejando-lhe “boa sorte e bons danos!”. E bom, mortifiquei de enfado uma dúzia de namoradas, quatro esposas, desiludi meia dúzia de amantes em encontros ocasionais e, no afã de me re-ligar aos libertinos, escrevi uma versão de Don Juan, um Don Juan cego que chegava às mil conquistas, até que em Sevilha o Papa fazia o primeiro milagre do seu pontifício e punha-o a ver. E ele perdia o dom, baratinado pela diferença que pela primeira vez descobria entre as mulheres. Há vinte e dois anos encontrei a minha mulher actual. Farto-me de a trair, com as personagens femininas dos livros que leio, ou com as que escrevo. E mais não posso contar. Dizem porém que as personagens femininas dos meus livros são mais fortes que os meus homens: é porque as conheço biblicamente. Contudo, nunca até hoje me tinha acontecido uma coisa tão grave. Bebia uma cerveja no Mimmos, em Maputo, e vejo uma miúda expressiva, loquaz, com uma sensualidade exultante. Conversa divertidíssima com o namorado e vejo com raiva que não o invejo, renuncio a atrair um meteorito que lhe caia em cima neste momento, não desejo estar no seu lugar; apanho-me mesmo a pensar no quanto gostaria que ela fosse minha filha e no prazer que me daria tê-la ajudado a tornar-se no que é. Deve ser isto a maldita maturidade, já não me deprime conceder que a minha apropriação do mundo não tenha de passar primeiro pelo sexo. E, afinal, pedi para ser maduro, eu? Não me consola o desabafo do cineasta Luís Buñuel, ao chegar aos sessenta: “finalmente, vou libertar-me da tirania do sexo!”. Francamente, meu caro Buñuel, envergonha-te: não passamos de duas bestas desemparelhadas da sã genealogia dos ursos, dois moles que preferem o desejo e a sedução ao estupro.
Hoje Macau EventosWorld Press Photo 2018 | Macau recebe fotojornalista Robin Moyer Robin Moyer [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fotojornalista Robin Moyer, vencedor de vários prémios, vai realizar no sábado, em Macau, uma palestra no âmbito da exposição World Press Photo 2018. Organizado pela Associação de Imprensa Portuguesa e Inglesa de Macau (AIPIM) e pela Casa de Portugal, “Prazos- Uma conversa de Robin Moyer”, está marcada para a Fundação Oriente-Casa Garden de Macau. Sedeado em Hong Kong, Robin Moyer foi já distinguido com vários prémios por trabalhos na Ásia e no Médio Oriente, incluindo o World Press Photo Premier Award e Robert Capa Gold Citation do Overseas Press Club de Nova Iorque, ambos pelo trabalho publicado na revista Time sobre a guerra no Líbano (1982). A exposição World Press Photo 2018, com 161 fotografias captadas por 42 fotógrafos de 22 países, está patente ao público na Casa Garden pelo 11.º ano consecutivo e até 21 de Outubro.
João Santos Filipe DesportoRegatas | Governo vai gastar 6,8 milhões com evento internacional [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo vai investir 6,8 milhões de patacas para organizar a Regata da Taça Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e a Regata Internacional Taça de Macau. O evento é uma parceria entre o Executivo e a empresa Gestão de Eventos Em Navegação dos Quatro Oceanos (Macau) Limitada, com o Governo a assumir um terço do orçamento, que deve rondar os 20,4 milhões. Por sua vez, a empresa deverá assumir custos de 13,6 milhões de patacas. Inicialmente, na terça-feira, o presidente do Instituto do Desporto (ID), Pun Weng Kun, havia recusado revelar o montante, justificando a opção com a alegada existência de uma cláusula de confidencialidade no contrato assinado com a empresa. Porém, ontem, o ID enviou um email ao HM a revelar o montante. Segundo a explicação avançada, o montante foi revelado, depois de haver contactos com a empresa. “Estamos a escrever para vos confirmar que, depois de comunicarmos que a empresa Gestão de Eventos Em Navegação dos Quatro Oceanos para anunciar mais detalhes sobre o acordo, que a contribuição para o Governo da RAE de Macau para a edição de 2019 da Regata da Taça Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e a Regata Internacional Taça de Macau é de 6.800.000 patacas”, pode ler-se no email enviado ao HM, pelo Instituto do Desporto. Segundo Pun Weng Kun, a Gestão de Eventos Em Navegação dos Quatro Oceanos (Macau), que é uma sucursal de uma empresa do Interior da China, foi escolhida com base na experiência na organização de eventos do género, no Continente. Competição internacional O evento vai decorrer entre 10 e 13 de Janeiro do próximo ano, com os percursos a terem lugar no sul da Praia de Hac Sá. Ao longo dos quatro dias, espera-se que passem pelo território cerca de 300 atletas em 20 equipas, que serão convidadas de países como China, Austrália, Rússia, Estados Unidos da América, França, Alemanha, Espanha, entre outros países e regiões. A Regata da Taça Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau vai ser disputada com barcos que cumpram o regulamento IRC, enquanto os participantes da Regata Internacional Taça de Macau têm todos de utilizar embarcações do tipo Beneteau First 40.7. O evento vai ainda contar com dois desfiles marítimos, que vão permitir aos residentes e turistas verem as embarcações ao longo da orla marítima da Península de Macau.
João Santos Filipe DesportoCiclismo | Em dois anos de carreira, Ivy Au soma quatro medalhas Aos 18 anos, Ivy Au Hoi In é a principal estrela do ciclismo de Macau. Apesar de apenas integrar os treinos da selecção de Macau desde Novembro de 2016, soma quatro medalhas em dois anos. Além disso participou com outras ciclistas juniores nos mundiais de estrada da modalidade… um desafio que esteve longe de ser fácil [dropcap]N[/dropcap]o fim-de-semana passado, nos Campeonatos Asiáticos de Ciclismo de Pista, alcançaste a tua primeira medalha de prata. Qual foi a sensação? Fiquei feliz, foi a primeira medalha na modalidade de corridas por pontos. Estou a exigir cada vez mais de mim e a traçar metas mais ambiciosas. Actualmente sempre que participo numa prova, tenho de ficar entre as três primeiras… ou não fico satisfeita. E isso também aconteceu neste fim-de-semana… Estavas à espera de outro resultado na prova de perseguição? Exacto. Fiquei apenas em quarto lugar e senti que poderia fazer mais. Fiquei algo desiludida, acho que não correspondi às expectativas de quem da equipa. Mesmo na prova de pontos acho que poderia ter ganho o outro, mas pronto são erros que acontecem. É melhor que aconteçam nesta fase em que posso aprender e corrigi-los. Este ano participaste nos mundiais de estrada, na Áustria, na categoria para corredoras juniores. Foste a primeira a desisitir. Foi duro? Foi… a maior parte das outras atletas são profissionais e estou a uma distância considerável do ritmo delas. Infelizmente ainda não tenho o tempo todo para me dedicar à competição. Primeiro tenho de acabar o secundário. Vais regressar aos mundiais para o ano? Acho que não. A experiência foi importante e permitiu-me comparar o meu nível com as melhores do mundo. Mas é preferível concentrar-me nas competições asiáticas e alcançar o topo. Depois talvez pense nos mundiais… Honestamente, nesta fase ainda não sou competitiva face às corredoras europeias. Macau não tem grande tradição no ciclismo, porque optaste por esta modalidade? Gosto de ciclismo e vejo a modalidade como uma forma de me afirmar como alguém singular. Se não fosse o ciclismo, acho que me sentiria apenas como mais uma aluna. Assim, sou um bocado diferente, não me limito a seguir o que os outros fazem, também faço algo que é mais meu. Mas podias encarar o ciclismo como um passatempo e não é esse o caso… Para mim ter sucesso na vida não passa por terminar os estudos e encontrar um emprego estável. Sucesso é fazer aquilo que gosto. Agora, quero apostar no ciclismo. Sei que mais cedo ou mais tarde vou retirar-me, mas pelo menos apostei no que gosto e no futuro não vou ficar a pensar: ‘e se…’ Onde treinas em Macau? E com que regularidade? Numa semana normal, treino cinco vezes durante os dias da semana. Em Macau os treinos são principalmente em Coloane. Depois nos fins-de-semana, vou treinar para Hong Kong. Há bocado, falaste nos estudos, ambicionas ir para a universidade? Sim, mas primeiro quero focar-me numa carreira no ciclismo. Vou dar prioridade ao que gosto, depois se não tiver o sucesso que procuro, completo os estudos universitários. Perfil Ivy Au Hoi In 18 Anos Medalhas Bronze – Fev 2017; Ronda do Campeonato Asiático de Ciclismo de Pista, Índia, prova Scratch Bronze – Jul 2017; Ronda do Campeonato Asiático de Ciclismo de Pista, Japão, prova Scratch Bronze – Fev 2018; Ronda do Campeonato Asiático de Ciclismo de Pista, Malásia, prova Scratch Prata – Jul 2018; Ronda do Campeonato Asiático de Ciclismo de Pista, Tailândia, prova por pontos
Hoje Macau China / ÁsiaMais de metade da população chinesa viajou durante Semana Dourada [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de metade da população chinesa viajou dentro do país e gastou, no conjunto, 75.200 milhões de euros, durante as viagens, entre 1 e 7 de Outubro, período que assinala a fundação da China comunista. No período conhecido como ‘semana dourada’, um total de 726 milhões de chineses realizaram viagens domésticas. Com cerca de 1.400 milhões de habitantes, a China é o país mais populoso do mundo. Segundo o ministério chinês do Comércio, durante aquela semana, os sectores da restauração e retalho facturaram 1,4 biliões de yuan, sobretudo em comida orgânica, têxtil, televisões de alta definição ou veículos. Durante o último dia de férias, 15,2 milhões de pessoas viajaram de comboio, de acordo com o operador nacional China Railway Corporation, que reforçou as ligações ferroviárias com 800 comboios durante aquele período. Fotografias difundidas nas redes sociais chinesas mostram uma densa massa humana ao longo de várias secções da Grande Muralha, uma das principais atracções turísticas da China. Mas dados publicados pela agência noticiosa oficial Xinhua colocam a província de Guizhou, uma das mais pobres do país, entre os destinos mais visitados, com um total de 49 milhões de turistas, uma subida homóloga de 37,6%. Entre 1 e 7 de Outubro, 6,63 milhões de chineses viajaram para fora do país, mais 9,8% do que durante o mesmo período do ano passado, segundo dados difundidos pela televisão estatal CCTV. Tailândia, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Rússia, Canadá, Estados Unidos, França e Reino Unido estão entre os destinos mais visitados.
Hoje Macau China / ÁsiaGuerra comercial | China avisa que não vai subjugar-se aos EUA [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China avisou ontem que não vai subjugar-se aos Estados Unidos, mesmo que Washington imponha mais taxas alfandegárias sobre bens chineses, num sinal de que a guerra comercial entre os dois países se deverá agravar. “Existe a ideia nos EUA de que, enquanto continuarem a aumentar as taxas alfandegárias, a China vai recuar. Eles não conhecem a história e cultura chinesas”, advertiu o ministro do Comércio chinês, Zhong Shan, num comunicado difundido pela agência noticiosa Bloomberg. “Esta nação inabalável sofreu ameaças de países estrangeiros várias vezes na História, mas nunca sucumbiu, nem nas condições mais difíceis”, afirmou Zhong. O ministro chinês lembrou também que a China “não quer uma guerra comercial, mas vai erguer-se para enfrentar as disputas”. “Os EUA não devem subestimar a determinação e vontade da China”, sublinhou. Trata-se, até à data, da mais forte tomada de posição da China à decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, de impor taxas alfandegárias sobre quase metade dos bens chineses importados pelos EUA. O comunicado de Zhong Shan surgiu poucos dias depois da deslocação do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, a Pequim, onde se reuniu com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi. Confiança minada Wang disse que os EUA danificaram a “confiança mútua” e que devem parar com “acções incorretas” contra a China, enquanto Pompeo admitiu existirem “divergências fundamentais” entre os dois países. Os EUA acusaram a China de forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia, enquanto protege as firmas domésticas da concorrência externa. Mas Zhong Shan reiterou que a China não usurpa tecnologia. “Quero enfatizar que as leis e regulações chinesas não contêm qualquer exigência sobre transferência de tecnologia, e que a compra de tecnologia e patentes é apenas um comportamento do mercado”, disse. O ministro defendeu que “o desenvolvimento económico e o progresso cientifico e tecnológico da China devem-se à reforma e abertura [do país] e aos esforços do povo chinês”. Mas as disputas entre os dois países superaram, nas últimas semanas, as questões comerciais, com Trump a acusar a China de interferir nas eleições intercalares norte-americanas. Na semana passada, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, condenou ainda Pequim por usar “todos os meios ao seu dispor” para minar o sistema político norte-americano.
Hoje Macau EventosClube Militar | Mostra celebra “diversidade e equilíbrio” do mundo lusófono [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] já a partir de sexta-feira que o Clube Militar acolhe uma exposição de pintura que celebra a “diversidade e o equilíbrio” de artistas, técnicas e temas do mundo lusófono, disse à Lusa um dos curadores da mostra. “Aquilo que procuramos fazer todos os anos é trazer [a Macau] um conjunto diversificado, uma colectiva com um artista de cada país [de língua portuguesa]”, explicou José Isaac Duarte, responsável pela curadoria a par de Lina Ramadas. Ao todo, são nove os artistas representados na exposição, cada um com três trabalhos originais: Dila Moniz (Angola), Graça Tirelli (Brasil), Hélder Cardoso (Cabo Verde), Hipólito Ismael Djata (Guiné-Bissau), Lio Man Cheong (Macau), Graça Costa (Moçambique), Alfredo Luz (Portugal), Kwame Sousa(São Tomé e Príncipe) e Gelly Neves (Timor-Leste). “Procuramos encontrar obras significativas do trabalho daqueles artistas, artistas diferentes todos os anos, neste contexto de diversidade de modo a que a exposição seja diversificada e equilibrada”, apontou José Duarte. Integrada na série anual “Pontes de Encontro”, a exposição de pintura lusófona vai estar patente entre 12 de Outubro e 4 de Novembro no Clube Militar de Macau.
Andreia Sofia Silva EventosTeatrau | História sobre Lai Chi Vun sobe ao palco este domingo Começou esta terça-feira a Mostra de Teatro dos Países de Língua Portuguesa, organizada pelo Instituto Português do Oriente e que, na sua quinta edição, exibe o trabalho de companhias teatrais de Macau, Brasil, Cabo Verde, Angola e Guiné-Bissau. “O nosso estaleiro naval ‘Victory’” volta a subir ao palco este domingo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] grupo teatral Dream Theater Association apresenta no edifício do antigo tribunal este domingo a peça “O nosso estaleiro naval ‘Victory’”, espectáculo integrado na quinta edição da Mostra de Teatro dos Países de Língua Portuguesa – Teatrau. Trata-se de uma peça produzida em Macau e que conta um pedaço da história da construção naval do território. A personagem central é o senhor Tam, que “cresceu como aprendiz de um mestre de construção naval para continuar o negócio da família, mas o seu sonho fica quase todo destruído por um incêndio”, revela a sinopse. “Depois de 50 anos de luta e de muito trabalho, o senhor Tam tinha todas as técnicas de construção naval gravadas na sua cabeça, assim como a habilidade nas suas mãos. Contudo, a indústria naval tinha acabado”, lê-se também na sinopse, numa clara referência ao fim da produção dos estaleiros de Lai Chi Vun, povoação perto de Coloane. Esta peça pretende, no entanto, ter expressividade fora dos palcos. “O nosso estaleiro ‘Victory’ será apresentado em diferentes locais de Macau e um mini-estaleiro será exposto no local de apresentação, para que o público possa conhecer o mundo da construção naval.” A Dream Theater Association dedica-se ao teatro desde os anos 90 em Macau, tendo sido oficialmente registada como associação em 2008. A peça desta companhia teatral será apresentada domingo às 14h00, juntamente com “A mulher é sagrada”, do grupo Os Cérebros de Quelele, da Guiné-Bissau, e “A última viagem do príncipe perfeito”, do grupo Elinga-Teatro, de Angola. No sábado, também a partir das 15h00, apresenta-se no espaço “black box” do edifício do antigo tribunal a peça “Menos Um”, da companhia Fladu Fla, de Cabo Verde, bem como “Tempo Pr’a Dizer”, do Núcleo Experimental em Movimento – NEM, oriundo do Brasil. Além disso, repete-se o espectáculo da companhia teatral da Guiné-Bissau. Todas as peças têm entrada gratuita. Em crescimento O Teatrau é uma iniciativa cultural inserida na Semana Cultura da China e dos Países de Língua Portuguesa, que este ano celebra a décima edição. A organização está a cargo do Instituto Português do Oriente (IPOR), apesar da realização do evento ser coordenada com o Instituto Cultural e os delegados do Fórum Macau. Patrícia Ribeiro, vogal da direcção do IPOR, explicou ao HM que o cartaz da quinta edição do Teatrau pauta-se, sobretudo, pela diversidade. “As peças variam muito em termos de temáticas. Algumas são companhias estabelecidas há muitos anos, outras são mais recentes. Vamos ter níveis diferentes de experiência em palco e também em termos do espectáculo em si. Uns são mais alternativos, outros mais tradicionais.” Em termos de número de espectadores, Patrícia Ribeiro tem notado um aumento nos últimos cinco anos. “Temos registado um crescimento em termos de público nos últimos anos. Esta é a quinta edição e todos os anos verificamos que as pessoas já estão à espera do Teatrau e já o procuram.” Há também um lado mais comunitário desta iniciativa, de ligação a associações locais, escolas e universidades. “O Teatrau não são apenas as apresentações ao público, mas há também alguns workshops, visitas a escolas e a universidades com as companhias. Há uma interacção com crianças e jovens adultos para poderem falar um pouco o português fora da sala de aula e conhecerem os países onde se fala português.” Para a responsável do IPOR, esta conexão ajuda a uma maior “dinamização do interesse pelo teatro”. “Vamos ter uma iniciativa em conjunto com o grupo de teatro da Escola Portuguesa de Macau, um workshop. Também fazemos regularmente algo com a ArtFusion, que sempre se mostrou receptiva a receber companhias de teatro. Temos ainda outros workshops de expressão e dança. Por vezes juntamo-nos apenas para falar da cultura de cada país.” O Teatrau resulta também numa partilha de experiências entre companhias de teatro que, depois de passarem por Macau, estabelecem outros contactos, explicou Patrícia Ribeiro. “Procuramos sempre fazer um encontro entre companhias para elas se poderem conhecer umas às outras, e tem sido interessante ver que há contactos que dão frutos no futuro. Destes encontros do Teatrau já houve uma companhia de Macau que foi ao Brasil apresentar uma peça, a companhia de Moçambique já foi a Portugal. Já houve uma troca de experiências, que é a essência desta mostra de teatro.”
Hoje Macau SociedadeConstrução civil | Sector com receitas superiores a 65 mil milhões [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] sector da construção em Macau registou receitas em 2017 de 65,91 mil milhões de patacas, menos 18,8 por cento que no período homologo do ano anterior, informaram hoje as autoridades. O valor das obras caiu devido “à conclusão em 2016 de obras de instalações de hotéis e entretenimento”, mas também devido “ao número reduzido de projetos de dimensão semelhante em 2017”, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos de Macau (DSEC). Em 2017, o valor das obras de instalações de hotéis e entretenimento diminuiu 34,1 por cento, para 31,59 mil milhões de patacas, relativamente a 2016. No ano passado, existiam 3.061 estabelecimentos no sector da construção, um aumento de 141 empresas face a 2016. De acordo com a DSEC, há a registar menos 3.356 trabalhadores na construção em 2017 do que no ano anterior, tendo sido contabilizado um total de 41.960 no ano passado.