Hoje Macau InternacionalAngola deve 540 milhões às companhias áreas [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] dívida de Angola para as companhias áreas estrangeiras está avaliada em 540 milhões de dólares, disse o presidente do Conselho de Administração da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), Alexandre Juniac, considerando a situação preocupante. Falando hoje aos jornalistas em Luanda, a margem da conferência internacional sobre aviação civil, o responsável considerou ainda crítica a situação dos bloqueios impostos para as transportadoras repatriarem os seus rendimentos, alertando que a situação pode impedir companhias de voar para Angola. “Porque se não estiver a pagar é claro que não vai aumentar novas rotas e frequências para Angola, daí ser um problema que deve ser resolvido”, observou. O presidente da IATA explicou ainda que a questão dos recursos bloqueados não se regista apenas em Angola, mas em mais oito países africanos, argumentando que apesar de estes países estarem a viver grande problemas económicos a “saída não é bloquear recursos”. “É do interesse de todos garantir o pagamento adequado das companhias áreas, a taxas de câmbio justas e no valor total”, explicou. De acordo com Alexandre Juniac, em face desta dívida, que até Dezembro se fixou em 540 milhões de dólares, a IATA elaborou um plano de 12 meses já apresentado ao Governo angolano com o intuito de se desbloquear a situação. “Porque há de facto um controlo da moeda estrangeira e em África temos muitos problemas com outros países, daí que tivemos de elaborar um programa de 12 meses para dar resposta a esta situação, é isso que estamos a pedir”, sublinhou.
Jorge Rodrigues Simão Perspectivas VozesA humanização da medicina “The term ‘epidemic of error’ has been coined. In the United States, the Institute of Medicine, acting under the National Academy of Sciences, has identified errors in healthcare as a leading cause of death and injury, comparable with that of road accidents.” “Errors, Medicine and the Law” – Alan Merry and Warren Brookbanks [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] luto, doença e a dor derrubam as ilusões brilhantes e superficiais da vida. As doenças, bem como as pequenas necessidades corporais, são, respectivamente, as óptimas e pequenas epifanias diárias da nossa limitação e são, de facto, um mistério, mas não podemos deixar o sofrimento no “não dito”. Não se trata de dar a resposta à dor e sofrimento na doença, mas de adoptar uma pesquisa inesgotável e essencial para a humanização do homem, bem como responder à pergunta de “quem sou eu?”. A doença muitas vezes pode levar à angústia, à desistência da vida e ao desespero e existe a necessidade de convidar todo o pessoal envolvido no sistema de saúde, do médico ao auxiliar a não escaparem de uma tarefa tão maravilhosa, como é a de humanizar a medicina e a doença. A importância de humanizar a doença deve-se ao facto de que o sorriso, a palavra gentil, o abraço não custa nada, mas pode fazer milagres, consolar e dar serenidade ao coração do paciente. Um antigo provérbio senegalês lembra uma grande verdade esquecida pela medicina tecnológica de que “o cuidado do homem é o homem “. O Corpus Hippocraticum afirma que onde existe amor pelo homem também há amor pela arte médica. Na ética do médico hipocrático, a filantropia aparece inseparavelmente combinada com a filosofia e Galeno de Pergamo é muito claro ao afirmar que o médico deve conhecer o remédio, mas também saber como compreender o paciente e respeitar a sua vontade, ser que é ao mesmo tempo técnico e filantrópico. À luz desses eventos passados, a ideia de se pensar numa medicina para humanizar pode parecer paradoxal. Todavia, desde há anos, com uma insistência cada vez maior, se tem vindo a falar de humanização da medicina e, em geral de cuidados de saúde. O termo humanização que não deixa de ser um vil neologismo, refere-se à necessidade de trazer de volta a prática da arte médica, e em geral, aos cuidados de saúde, os momentos de humanidade que parece ter perdido e desde logo põe a questão de saber como e onde foi perdida a filantropia? Ao olharmos sobre o contexto verificamos que a relação médico-paciente se revela imediatamente inadequada à luz dessa dualidade, não só porque a relação envolve outras matérias, mas também e sobretudo porque a complexidade dos temas, estruturas e factores culturais envolvidos exige que essa relação seja considerada em uma perspectiva mais ampla, pois é inserida, determina e é o produto em um processo circular, de uma rede de relacionamentos da nossa sociedade. A sociedade onde estão incluídos os serviços e relação médico-paciente, é constituída pela cultura, ciência, valores onde se enquadra o homem, saúde e solidariedade, estruturas produtivas e a organização social. O serviço onde se inclui o médico-paciente é uma relação sujeita a complexas interferências. A perda de filantropia tem a ver com diversos contextos onde se integram as transformações na medicina, a gestão pública da saúde, a medicina entre ciência e a tecnologia, a indústria da saúde e mais a montante, um horizonte cultural alterado, a crise da ética, os resultados da concentração na autonomia e a influência do utilitarismo. Tendo em atenção a transformações na medicina damos conta que a nacionalização dos cuidados de saúde levou, com a gestão da saúde pública, à melhoria geral do estado de saúde da população mas, ao mesmo tempo, a relação médico-paciente retornou aos mecanismos do aparelho estatal. O paciente tornou-se um utilizador e o médico ficou sobrecarregado com tarefas burocráticas e entre os dois interpõe-se o Estado, sendo que o médico, muitas vezes não depende da tarefa que deve enfrentar. Se observarmos de forma mais analítica, vemos que os componentes mais degradados, geralmente, denunciam burocratização, ineficiência e subdivisões de tarefas com tendência a aumentar as despesas; fragmentação do acto médico em uma sequência de relações entre o paciente e um número crescente de trabalhadores da saúde, com pouca flexibilidade para necessidades individuais e pedidos de intervenção de emergência; participação dos pacientes no serviço de saúde garantido com uma mentalidade passiva-assistida, que exige direitos e não se sente obrigada a desempenhar funções. Tais atitudes são facilmente combinadas em pacientes com abordagem fetichista de drogas e, na medicina básica, a tendência de não responsabilizar um único médico em relação à instituição hospitalar, bastando ver a multiplicidade de testes laboratoriais, a elefantíase de serviços especializados e a excessiva facilidade de admissões, pelo que um relacionamento médico-paciente é afectado negativamente. A deterioração do relacionamento nos hospitais, na qual a ênfase é colocada na relação médico-paciente, muitas vezes é desconsiderada pela mesma modalidade pela qual é organizada a vida de um hospital ou, de acordo com os termos actuais, a empresa hospitalar. A maioria dos pacientes que se dirigem a um hospital, de facto, confia na medicina mais do que no médico que conhecerão pela primeira vez. O médico que atende o paciente está inserido em uma organização de trabalho, que tende a subdividir as diversas especialidades e competências, e pode estar a exercer a sua profissão na especialidade ao qual o caso se enquadra, sendo que a percepção da sua responsabilidade está centrada na doença e é muito menos dirigida para as emoções, experiências e tolerância do paciente. Os que se transformam em um mecanismo da estrutura hospitalar entram em um processo mais ou menos complexo, no qual faz pouco sentido usar a noção de cuidar do outro, não sendo de negar que o horizonte da arte médica é o de cuidar, o que significa preocupação com o outro. O propósito médico é completamente penhorado por métodos e meios que são impessoais, mas muito eficazes. A crise do Estado de bem-estar e a relação médico-paciente é influenciada pela globalização da economia. A necessidade estrutural de conter cuidados de saúde levou as autoridades a tomar precauções que, apesar da boa fé em tentar preservar a sustentabilidade do serviço de saúde, afectam negativamente a relação médico-paciente. O médico vem assumir e conjuntamente todo o pessoal de saúde, dois contratos, um com o Estado que o contrata, enquadra, e paga, e com o paciente. O risco é que a relação de aliança, confiança e assistência, que existe entre o médico e o paciente, torna-se secundária e, portanto, objecto de responsabilização. As razões do Estado e os motivos do paciente parecem ser conflituantes. A este respeito, muitos economistas, administradores e especialistas em bioética acreditam que os médicos, conjuntamente com a obrigação de cuidar do paciente individualmente considerado, têm a obrigação de economizar recursos para a sociedade, ou seja, o médico não seria simplesmente o agente dos seus pacientes, mas um agente duplo, que também deveria avaliar se os benefícios do tratamento aos seus pacientes são dignos dos custos pela sociedade. Assim, de acordo com esta perspectiva, o médico deve equilibrar as necessidades médicas do paciente e o material gasto pela comunidade no processo de tomada de decisão, ou decidir se um determinado acto ou processo médico é, em última instância, um custo para a sociedade. Neste cenário, o relacionamento médico-paciente aproxima-se de outras prioridades de valor, como as do utilitarismo, sendo determinantes a qualidade de vida e a relação custo-benefício. A relação de tratamento, durante muito tempo, foi implementada e pensada como uma relação interpessoal, parcialmente mediada pelos meios do médico. Tais tratamentos são realizados através de meios que reduzem a interacção pessoal ao mínimo. Este facto determina várias mudanças na mesma forma de praticar a profissão médica. O médico está cada vez mais orientado a pensar em si e na sua actividade como função da ciência, que é de conhecimento e ninguém ousaria dizer que a figura do paciente está-se a tornar uma variável dentro da medicina No entanto, o facto é que a extensão dos ensaios clínicos, embora orientada, em princípio, para resolver a obscurecer patologias humanas, leva, de facto, a um número cada vez maior de pessoas a serem pensadas também, embora certamente não só, como meio para a implementação de um programa de pesquisa (e esta condição central assume uma conotação adicional nos casos em que o paciente faz parte do grupo de controlo que está sujeito a placebo). Esta situação, que tem a sua própria legitimidade, corre o risco, no entanto, de mudar progressivamente o horizonte finalista da pesquisa e da medicina. A competência do médico é medida cada vez mais por referência às suas publicações científicas, que qualificam de facto, o conhecimento disponibilizado à comunidade científica, e obviamente são conhecimentos que, potencialmente e oralmente, têm uma queda próxima ou remota, de impressão terapêutica, mas inevitavelmente desaparece a centralidade do paciente como uma realidade singular, substituído por um universal que é a patologia do mesmo. A doença sempre tem duas faces. A primeira corresponde ao que o médico pode diagnosticar, através de diferentes modalidades, e que é representável de forma objectiva e impessoal. Este rosto da doença é o que faz de cada paciente um caso clínico, um componente das estatísticas médicas, uma ocasião para o exercício da arte médica e para o desenvolvimento profissional do médico. A outra face, é o da vida do paciente, enquanto a doença é, desde logo, uma nova forma de existir e de pensar sobre a condição de alguém, uma percepção nova e desagradável da identidade física e psíquica. Face à tentação de conceber, uma relação técnica com os organismos vivos, a medicina é chamada a salvar a verdade da relação entre uma pessoa (o médico) perante outra pessoa, que está em estado de fragilidade, e que pede ajuda para alcançar a sua capacidade individual. O valor da pesquisa científica está fora de questão, mas devemos sempre lembrar que, no universo dos valores, a pessoa humana vem em primeiro plano. O Papa João Paulo II a este propósito afirmou, que a ciência não é o valor mais elevado ao qual todos os outros devem ser subordinados. Mais alto, na classificação dos valores, reside o direito pessoal do indivíduo à vida física e espiritual, à sua integridade psíquica funcional. A humanização significa uma relação médico-paciente que não se baseia no paternalismo, mas em uma atitude cada vez mais activa do paciente, com base em uma aliança terapêutica entre pessoas, onde o paciente não é apenas dotado de direitos precisos, mas participa do diagnóstico e estratégias terapêuticas necessárias ao seu corpo e doença. É uma relação terapêutica que deve ser uma aliança de humanidade, a do doente e do médico ou operador profissional. Se do ponto de vista jurídico a expressão do consentimento, tende a permitir que o médico seja responsável por quaisquer consequências negativas da intervenção, do ponto de vista ético é igualmente fundamental, uma vez que constitui a única legitimidade moral possível, excepto para casos de aflição e necessidade urgente, para a sua intervenção, sendo necessário, de facto, reconhecer o paciente na sua subjectividade e envolver em um relacionamento baseado na participação verbal, sensibilidade linguística, compreensão da sua formação social e cultural. O consentimento informado, em princípio, não pode ser reduzido a uma folha de informação simples, mais ou menos detalhada, que o paciente (ou quem quer que seja) deve assinar, o que representa o ponto de referência da relação médico-paciente, uma vez que é realmente sobre o que tem de ser feito, no momento, do ponto de vista clínico, que se deve exercer o respeito interpessoal, a preocupação com o outro, o reconhecimento da profissionalismo e atenção à situação exigida. Somente se o consenso continuar a ser um instrumento de diálogo, e não uma folha de informações simples, é possível atenuar essa tensão conflituante que muitas vezes actua como base. A discussão sobre o valor das declarações antecipadas não pode ser exercida no nível estritamente jurídico e factual, pois de facto, deve ter em consideração o nível ético da questão. É de que, no reconhecimento, ao menos ideal, do valor das declarações antecipadas, a vontade revela claramente a dignidade da pessoa humana em todas as condições da vida, sem que isso se torne abandono terapêutico ou em uma delegação de responsabilidade do médico. Vivemos uma era de relativa escassez de recursos, e um orçamento equilibrado corre o risco de ser percebido cada vez mais como um objectivo prioritário, e não apenas como uma restrição a ter em mente, ao questionar e trabalhar para proteger a saúde das pessoas, objectivo primeiro do serviço de saúde. A alocação de recursos destinados à saúde, orientando-os para a obtenção do melhor resultado possível, é uma decisão louvável quando se trata de propósitos postos ao serviço de pessoas; o mesmo não pode ser dito quando a optimização dos recursos aumentam para o objectivo principal a ser perseguido, porque as pessoas e não as necessidades orçamentais, são o maior valor que pode orientar o critério sobre as decisões a serem tomadas. A exigência da humanização, no plano social, traduz-se no compromisso directo de todos os profissionais de saúde a promoverem na sua área e de acordo com a sua competência, condições adequadas para a saúde, a melhorar instalações inadequadas, favorecer a distribuição correcta dos recursos para garantir que a política de saúde tenha como objectivo apenas, o bem da pessoa humana e como homens, até antes como pacientes ou médicos (e ninguém pode esquecer que o prestador de cuidados pode-se tornar paciente), que vivem dentro de uma sociedade e cultura complexa e articulada, é necessário encontrar tempo para repensar o tema da dor, sofrimento, existência, vida e morte não sendo possível cuidar do homem sem pôr em prática a sua imagem, que é também de todos.
Sérgio Fonseca DesportoPiloto de Macau foi ao pódio no Dubai [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]o alinhar nas 24 Horas do Dubai, como vem sido um hábito nos últimos anos, Kevin Tse Wing Kin tornou-se o primeiro piloto de Macau a realizar uma corrida de automobilismo na temporada de 2018. O piloto que corre com a bandeira da RAEM subiu ao pódio na categoria GT4 aos comandos de um Mercedes-AMG GT da equipa alemã Black Flacon, fazendo equipa com os pilotos de Hong Kong Frank Yu, Jonathan Hui e Antares Au. Este quarteto esteve na luta pelo triunfo na categoria GT4 com os dois Audi R8 LMS da Phoenix Racing, mas um problema de travões na 22ª hora não permitiu que sonhassem mais que uma posição no pódio à classe e o 31º lugar à geral. “Esta foi a minha terceira participação nas 24 Horas do Dubai. Eu adoro a atmosfera do Dubai, com uma grelha de partida de 90 carros a competir durante vinte e quatro horas. O ano passado tivemos o Robert Kubica, o Brendon Hartlety e o Jean Eric Vergne a correr na mesma corrida, portanto, este é um verdadeiro evento internacional de alto nível”, explicou Tse ao HM. Para um piloto mais habituado às corridas de Turismo de curta duração, a prova árabe de resistência é um desafio completamente diferente. “As corridas de endurance não são apenas de velocidade pura, mas mais de conservação de pneus e resistência e jogadas de estratégia. É perfeito para uma equipa de quatro pilotos amadores, pois nós ainda tivemos a hipótese de lutar por um bom resultado, apesar de o nosso andamento, numa volta só, não ser o ideal”, realça. O Mercedes AMG GT3, também da Black Falcon, pilotado por Abdulaziz Al Faisal, Hubert Haupt, Yelmer Buurman e Gabriele Piana foi o vencedor da prova de Dubai à geral, ao passo que o português Rui Águas terminou muito atrasado depois de um contacto com um outro concorrente o ter obrigado a uma paragem de três horas e meia nas boxes para reparações. Aposta certa A exemplo da categoria de carros de Turismo TCR, a categoria GT4 também está em voga por todo o mundo. Rodolfo Ávila testou a semana passada o Audi R8 LMS na Malásia e teceu rasgados elogios à máquina construída em Ingolstadt. Tse também concorda que estes pequenos grandes carros de Grande Turismo são interessantíssimos de pilotar. “O AMG é um grande carro de corridas. Basicamente é um mini GT3, pois o GT4 carrega partes do GT3 da AMG”, salienta Tse, que na edição passada da prova alinhou ao volante de um Porsche Cayman da mesma categoria. Ainda sobre o bólide germânico, que na sua versão de competição custa cerca de dois milhões de patacas, o piloto-empresário explicou que se trata de “um carro fácil de conduzir e mecanicamente foi perfeito durante 24 horas. Parece que o Audi R8 GT4 também é um pacote muito competitivo, já que os tempos por volta são muito parecidos entre os dois carros. Com o orçamento dos GT3 cada vez mais caro, acho que a classe GT4 ficará mais popular nos próximos anos, especialmente para os pilotos amadores.” GP é a prioridade O piloto de Macau, que reside em Hong Kong, não esconde que o seu objectivo principal para a temporada de 2018 passa novamente por repetir a presença no Grande Prémio de Macau no mês de Novembro. “O Grande Prémio é definitivamente o momento alto do ano e nada supera, em termos de corridas, o Circuito da Guia”, afirma Tse que em 2017, Tse tripulou um Volkswagen Golf TCR na Taça CTM de Carros de Turismo de Macau, mas acabou por abandonar devido a um acidente. Contudo, o experiente piloto que compete com a licença desportiva do território ainda não traçou um plano exacto para a temporada que aí vem. Confirmada está a sua presença no Campeonato de Macau de Carros de Turismo (MTCS, na sigla inglesa). “Ainda não sei ao certo em que corrida irei tomar parte nos fins-de-semana de provas da AAMC em Zhuhai, mas espero tomar uma decisão em breve”, concluiu o piloto que tem no seu currículo passagens pelos campeonatos TCR Asia Series, Asian Le Mans Series e Taça Porsche Carrera Ásia.
António de Castro Caeiro h | Artes, Letras e IdeiasAutópsia de Tucídides [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omo se podem compreender palavras como prova indirecta (tekmêrion), prova directa ou sintoma (sêmeion), e testemunho directo (autós parên). Como constituir rigor (akribeia) no apuramento da verdade (alêtheia) em Tucídides? Tucídides opera com palavras que diagnosticam a irrupção de um conflito civil do mesmo modo que descreve a febre tifoide. É assim também que se debruça sobre o modo como enfoca a realidade a partir do ponto de vista de escritor: historiógrafo: o da autopsia. Assim, as considerações metódicas, o diagnóstico da guerra civil em Corcireia e a descrição da Peste, poderão dar-nos pistas da lógica da descoberta da verdade, do carácter exaustivo da análise de Tucídides. A autopsia leva a um redução à causa ou às causas que principalmente podem explicar o horizonte de sentido em que ocorrem. As três frentes de análise exploram o horizonte do humano (a anthrôpeia physis). Elas partem do meio em que nos encontramos inseridos. Põem-no a claro nos seus contornos. É no campo da essência humana que os sintomas se manifestam. A sua análise é uma etologia que visa a remoção dos obstáculos da doença e procuram obviar a potência destruidora da guerra. É no horizonte de sentido do humano que o próprio quadro de sentido se perde, se esvazia, se deturpa, mas assim também procura recuperar o sentido de palavras como a honra e a glória e destruir os efeitos nocivos do que nos constitui a nós como humanos: a luxúria do poder (archê), a ganância (pleonexia) e a ambição (philotimia). A vida é susceptível de uma epidemia pandémica. Mas é no interior dessa pandemia que procuramos viver. A identificação da causa das coisas é uma peculiar forma de projectar em antecipação essa possibilidade. O acesso ao passado tem uma difícil base de credibilidade. Não há um tekmêrion, uma marca distintiva, que permita saber o que efectivamente se passou em cada episódio. O tekmêrion é uma prova argumentativa. O substantivo é o complemento directo do verbo τεκμαίρομαι. Numa primeira acepção significa “atribuição”, “investimento de sentido”, mas também intenção. Depois de Homero quer dizer ajuizar a partir de sinais ou pistas. Fazer estimativas. Conjecturar. Formular hipóteses. Um tekmêrion enquanto o complemento de um tekmairesthai, permite uma interpretação de cada dado avulso, pondo-o em conexão, num contexto com uma sequência. A interpretação da sequência ou série é mais do que a soma de cada episódio avulso. A evidência não resulta, contudo, de um contacto directo, ao vivo, com os acontecimentos que estão em causa. A investigação da verdade é difícil para a maior parte das pessoas. É por isso que tendem a voltar-se para o que está pronto, disponível e à mão. A passagem do tempo cria um distanciamento inultrapassável. Dilui-os no reino da pura mitologia. Como é possível desconstruir toda a camada lírica e mítica da narrativa? Como podemos reconstruir a situação para vermos olhos nos olhos a realidade? Será o processo de trazer o passado ao presente? Ou viajar no tempo e ficar deposto no passado? Percebemos que muitos dos que estiveram presentes contam de modo diverso o que aconteceu com uma identidade de sentido. De resto, estar no presente em que uma situação se dá pode não querer dizer senão criar um facto avulso. O método alternativo é o de tentar descobrir a partir dos sinais (sêmeia) mais evidentes o que aconteceu no passado. Há uma enorme dificuldade em emitir um juízo sobre o que se passa num presente sobretudo quando esse alguém está completamente envolvido nesse presente. Depois, quando o tempo passa, o vigor eficaz do presente perde-se e é o passado que assume a importância. Um dos problemas fundamentais que se põe resulta do relevo e acentuação que se dá ao que acontece. O nosso envolvimento directo com uma determinada situação presente cria uma posição. O passado pode, portanto, ofuscar o presente. As situações por que passamos quando o tempo era o tempo cria uma marca indelével. É relativamente a esse passado que podemos desvalorizar a importância do presente de agora. Mas decisivo é isolar e reconhecer os elementos que caracterizam o passado já a projectarem-se para o futuro, a constituírem futuro.
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasEnsino da Língua Portuguesa em Macau [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]amilo Pessanha chega a Macau a 10 de Abril de 1894 e, no dia seguinte, o Echo Macaense traz um artigo com o título O Estudo da Língua Nacional, que refere: “O ALVITRE que apresentamos para tornar obrigatório, ou ao menos facultativo, nos três primeiros anos dos cursos do liceu, o estudo de latim simultaneamente com as outras duas disciplinas consignadas no mapa da distribuição das disciplinas ora em vigor para os liceus em geral, tem despertado a atenção pública sobre o assunto, e mereceu da parte do nosso amigo Z o bem elaborado artigo que abaixo se lê. “O nosso amigo manifesta a sua descrença sobre a probabilidade de ser adoptado esse alvitre, embora reconheça a sua utilidade porque, como ele bem o diz, nos tempos que correm dá-se mais importância às aparências do que à realidade e o que querem são os diplomas legais dos exames e não os conhecimentos sólidos da verdadeira ciência. “Se é verdade que existe essa tendência nociva, cumpre-nos o dever de reagirmos contra ela, para não irmos de mal a pior. “Para os alunos do futuro liceu de Macau, os documentos de exames serão quase inúteis, se não forem acompanhados de uma instrução sólida e real. “Para os que quiserem seguir os cursos superiores no reino, não poderá haver maior calamidade do que irem daqui mal preparados na instrução secundária, pois ficarão desapontados e muito prejudicados no seu futuro, porque, ou não poderão prosseguir nos seus estudos superiores, ou terão de estudar de novo a instrução secundária. Para os que quiserem seguir a carreira do comércio nestas paragens, ainda serão mais inúteis esses diplomas legais de exames, porque no decurso da sua vida ninguém perguntará por eles, e só terá valor o que eles na realidade souberem. “É por isso que nos parece necessário adoptar medidas que obriguem os alunos do liceu a estudarem a valer, e virem a saber bem as disciplinas que cursarem. “Em primeiro lugar é preciso que eles saibam bem o português; portanto se, para o desenvolvimento deste estudo, se tornar preciso que eles estudem o latim, não deve haver dúvida alguma em lhes impor a obrigação de estudarem mais esta disciplina, o que, como já temos demonstrado anteriormente, se pode fazer sem se afastar da legalidade. No mais, parece não haver discrepância entre o nosso alvitre e as considerações muito sensatas do nosso amigo Z.” Instrução pública em Portugal O programa de estudos a ser seguido em todos os liceus de Portugal traz o problema de não dar horas suficientes à língua portuguesa para os alunos do liceu de Macau, na sua maioria deficitários pois em casa não têm o costume de a falar. Continuamos pela carta do amigo Z publicada no Echo Macaense de 11 de Abril de 1894. “Sr. Redactor, seu artigo prendeu-me a atenção pela importância da matéria e também pela sensatez do alvitre que apresenta para remediar o mal de que V. Exa. se queixa, e que muito receia se agrave com a criação do liceu. A importância da cultura da língua nacional é uma coisa incontroversa, já pela sua extraordinária influência no desenvolvimento intelectual, já por ser um dos principais característicos de qualquer nacionalidade, chegando muitas vezes a ser, por assim dizer, a única força de coesão dos diversos elementos étnicos que entram por vezes na formação duma nação. Ninguém, pois, duvida da importância do estudo da língua nacional, que deve sobrelevar ao de qualquer outra disciplina. (…) Sendo assim, é realmente para causar a todos sérias apreensões o receio que V. Exa. manifesta de que, com a organização do liceu, este estudo se torne ainda mais deficiente de que o é já, apesar dos esforços da Escola Central e do Seminário, pela redução que se terá de fazer no tempo e por conseguinte na matéria do ensino. Para este mal, propõe V. Exa. como remédio o estudo simultâneo, por três anos, do latim com as outras disciplinas que constituem o curso de liceu, pensando, e bem, que por essa forma se iria inculcando insensivelmente e solidamente o conhecimento da língua portuguesa, que, como todos sabem, é derivada da latina, afora outras vantagens intelectuais que o estudo desta língua inquestionavelmente proporciona. “Se admiro por um lado o interesse que V. Exa. toma pelo progresso intelectual, legítimo e sólido dos filhos desta terra, por outro lado admiro a ingenuidade, desculpe-me a franqueza, com que V. Exa. lança em circulação uma lembrança, sensata é verdade, mas que vai de encontro às tendências desta nossa sociedade fin de siècle, em que só se pensa nas aparências, que valem tudo, seja qual for a realidade, que é coisa de que ninguém se importa. Isso é assim em tudo, e a essa influência não escapa a instrução pública. “É conhecido, confessado, reprovado, e quem sabe se amaldiçoado, por todos, publica e particularmente, o estado mesquinho e caótico da instrução pública em Portugal, pela sua organização, pelo seu método, pelos seus compêndios, pelos seus programas, contra os quais bramam todos, na imprensa, em obras especiais, em conferências públicas, e até no parlamente; e, contudo, todos dão aos seus filhos essa mesma instrução condenada pela voz pública. “E porquê? Porque é que não procuram desviar-se desse rumo que conhecem como errado e que um importante jornal de Lisboa chegou a chamar o caminho da idiotice? “A razão é muito simples: é porque é da época o não se importar com a realidade e a bondade das coisas, e apreciar só a aparência e a conveniência: fiz exame disto, tenho curso daquilo, possuo habilitações legais, e por isso estou no caso de ocupar tal lugar, e… acabou-se! Quanto a saber, pensar-se-á nisso, quando houver vagar e ocasião. Contentamo-nos todos com isto, e como isto basta, é de razão que nos contentemos. É o positivismo, e o positivismo é hoje a lei da vida. Nestas circunstâncias, não parece a V. Exa. que tenho razão em achar adorável a ingenuidade da sua lembrança em querer maçar os estudantes de Macau com um estudo mais sólido do português por meio do latim, quando o programa não exige isso e no próprio Portugal o estudo tanto de português como de latim está em maré baixa? “O curso de português é só dum ano, e eu não quero crer que haja em toda a extensão da monarquia portuguesa um homem tão obtuso, que acredite que, em tão pouco tempo, com um programa tão acanhado, e com livros tão mal engendrados, se possa saber razoavelmente a nossa língua, tão bela, mas tão difícil, quando em França e Inglaterra o estudo da língua nacional leva anos consecutivos no curso secundário com livros preparados na máxima perfeição. Ninguém acredita em tal; mas… a lei diz que isso basta, e basta; e se basta para lá, deixe, Sr. redactor, que baste também para cá.” Estamos em 1894, ainda antes do início do primeiro ano electivo do Liceu. Assunto cuja problemática se arrasta desde meados do século XVIII, quando o primeiro professor régio, José dos Santos Baptista e Lima para ensinar a língua portuguesa muitas vezes necessitava de intérprete para perceber o que diziam os seus alunos.
Hoje Macau EventosTeatro D.Pedro V | Concerto “Escutem os Sopros” no dia 26 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Orquestra de Macau apresenta no próximo sábado, dia 26, o concerto “Escutem os Sopros”, com peças seleccionadas de música de câmara. O espectáculo, que começa às 20h00, pretende reunir sons ligados ao jazz e à música clássica. “Em linha com o tema desta temporada de concertos, ‘Confraternizando com a Alegria Musical’, será realizada a ‘Hora de Música – Sessão de Intercâmbio com Músicos’ antes do concerto, na qual o Chefe de Naipe de Oboés, Kai Sai, e a Chefe de Naipe de Flautas da OM, Weng Sibei, irão partilhar pessoalmente com o público a estrutura e as características das peças musicais que a orquestra vai apresentar”, explica o Instituto Cultural, em comunicado. Esta sessão de intercâmbio com o público começa às 19h15. “O concerto apresenta duas obras de Francis Poulenc, compositor francês do século XX, nomeadamente Sonata para Trompa, Trompete e Trombone, bem como o Sexteto para Piano e Sopros, as quais reúnem o estilo neoclássico, refinado e moderado, com ricos elementos do jazz então muito em voga.” O IC explica que “Poulenc era um grande admirador de instrumentos de sopro pois considerava que a sua tonalidade e poder de expressão despertavam a sua imaginação musical”. “Embora os quartetos de cordas sejam a forma mais popular de música de câmara, as partituras para sopros e metais também abundam. O Quinteto de Clarinete de Brahms, frequentemente comparada à grande obra de Mozart Quinteto de Clarinete em Lá Maior, foi uma das últimas obras compostas por Brahms e transmite, do início ao fim, uma cor clássica de genialidade, suavidade e melancolia”, explica ainda o IC, referindo-se aos detalhes do concerto protagonizado pela Orquestra de Macau. Os bilhetes para o concerto “Escutem os Sopros” encontram-se à venda, sendo que os preços variam entre as 100 e 120 patacas.
João Luz EventosSónar | Laurent Garnier, Laurel Halo e Mount Kimbie juntos em Hong Kong A segunda edição do festival Sónar está de volta a Hong Kong no próximo dia 17 de Março. Para já, entre os nomes revelados destaque para Laurent Garnier, Laurel Halo e Mount Kimbie. Os bilhetes já se encontravam à venda [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois de uma abertura em grande, o exportado festival espanhol Sónar avança para uma segunda edição em Hong Kong, para gáudio dos adeptos da música electrónica. O Sónar 2018 tem data marcada para 17 de Março, no Hong Kong Science Park perto de Tai Po, nos novos territórios e já tem nomes no cartaz. Logo à cabeça, destaque para a lenda francesa das pistas de dança Laurent Garnier. O famoso DJ e produtor, desde que lançou a sua carreira na cena de rave dos anos 80 de Manchester, foi paulatinamente subindo até ao topo dos melhores artistas de música electrónica de sempre. Os seus sets variam entre o acid jazz, o house, até ao tecno e ao trance. Com mais de 30 anos de carreira, Laurent Garnier é daqueles DJs que se deve ver pelo menos uma vez na vida. Apesar de ter estado no cartaz do ano passado, The Black Madonna é outro dos destaques do cartaz do Sónar 2018. Com uma carreira em ascensão, Marea Stamper, é um das artistas mais frescas no panorama do house e do tecno. A DJ de Chicago estabelece nas pistas de dança uma ligação próxima com o público, uma das razões que justifica o seu boom de popularidade, chegando mesmo a contar entre a sua legião de fãs Iggy Pop. Ementa variada Os Mount Kimbie estreiam-se em Hong Kong este ano pela via do Sónar. O aclamado duo de post-dubstep traz na bagagem três discos e a imaginativa fusão de sons com que costuma pautar os seus alinhamentos. Os britânicos têm colaborados com artistas como James Blake, King Krule e Micachu. Vinda de Berlim, mas originária dos Estados Unidos, directamente para Hong Kong chega Laurel Halo, uma espécie de híbrido indefinível da música electrónica. O seu trabalho revela a influência de fontes tão diversas como o tecno de Detroit, a ficção científica de Philip K. Dick, música clássica e orquestras de free jazz. O norte-americana colaborou com artistas como John Cale, Julia Holter e Lisa Gerrard. Os Mouse on the Keys acrescentam ao cartaz deste ano do Sónar um jazz impregnado de post-rock. A banda japonesa tem uma visão muito original da música electrónica, onde também acrescenta um toque de funk, sendo uma daquelas raras bandas que desafiam a categorização musical. De acordo com a organização do festival, o trio japonês apresentará um alinhamento especial para o público do Sónar, algo que não é difícil de imaginar uma vez que os concertos dos Mouse on the Keys normalmente são visualmente impressionantes, assim como em termos sonoros, claro. Entre os artistas locais contam-se a rainha do trap Fotan Laiki, Tedman Lee, o produtor de tecno Basil Tam e o house do DJ Sunsiaré. Os bilhetes para o festival já se encontram à venda e custam 880 HKD. O Sónar 2018 tem o primeiro evento marcado para as 11 da manhã e prevê-se que toque a última batida às 3 da manhã.
Sofia Margarida Mota SociedadeLai Chi Vun | Estaleiros classificados até Dezembro [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]zona dos estaleiros de Lai Chi Vun em Coloane pode ser classificada até ao final do ano. A consulta pública relativa ao procedimento de classificação daquela área arranca no próximo dia 22 e terá a duração de 60 dias. A proposta do Instituto Cultural (IC) vai no sentido de que os estaleiros sejam classificados como “sítio”, esclareceu ontem a vice-presidente substituta, Leong Wai Man, em conferência de imprensa. De acordo com a responsável, a escolha da categoria em que se insere Lai Chi Vun tem que ver com o facto de se tratar de “uma obra do homem e da natureza notável pelo seu interesse cultural” além de ser um local em que “há uma relação entre as montanhas e a costa com um grande valor paisagístico”, completou. Depois de uma demolição e da destruição de alguns do estaleiros, restam 12 que já foram alvo de “consolidações estruturais”. O objectivo é que se mantenham de pé, mesmo com a passagem de tufões, até que sejam classificados e realizadas obras. Entretanto, a zona dos estaleiros vai ser sujeitas “a uma fiscalização intercalar” visto que, disse o presidente substituto do IC, Ieong Chi Kin, o Governo “está muito preocupado”.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeConsulta pública | Centro histórico deverá ter edifícios com um máximo de 20 metros de altura [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]rranca amanhã a segunda fase de consulta pública do plano de salvaguarda e gestão do centro histórico de Macau. De acordo com a vice-presidente substituta do Instituto Cultural, Leong Wai Man, trata-se de um documento “muito complexo” que só vai ser conhecido na primeira sessão de recolha de opiniões. A responsável avançou que dentro das medidas que visam condicionar a construção na zona de protecção do centro histórico, a altura dos edifícios será limitada a 20 metros, sendo que há ainda que ter em conta “que há diferentes tipos de edifícios”. As regras que vão condicionar a construção no centro histórico não se ficam por aqui, e vão inclui normas sobre o controlo e gestão das paisagens sobretudo dos corredores visuais e do enquadramento urbano, medidas sobre a restrição do tecido urbano, limitações concretas à sua transformação e critérios específicos que vão regular os procedimentos de restauração. O plano em consulta inclui 11 corredores visuais, e define 24 ruas “com necessidades de protecção especial”, referiu Leong Wai Man, em conferência de imprensa realizada ontem. Há ainda as “ruas pitorescas”, para já são 19, em que os pavimentos e a instalação de tabuletas vai ser alvo de atenção especial. À prova de risco A possibilidade de ocorrências de acidentes também está prevista pelo que o documento explicita algumas medidas de gestão de risco. Os tufões estão aqui considerados dentro da subcategoria de riscos gerais. No que respeita à gestão, com o plano de salvaguarda do centro histórico, vão ser monitorizados 22 bens imóveis e oito largos classificados. A segunda fase de consulta pública já era para ter sido realizada em 2016, foi adiada para o ano seguinte e está agora em andamento, depois do alerta da UNESCO, no ano passado, que denunciava que Macau não estaria a cumprir com os seus deveres. O plano de salvaguarda do centro histórico deveria estar concluído em 2015. Trata-se de um documento previsto na lei de salvaguarda do património que se encontra em vigor desde 2013. De acordo com o Instituto Cultural, o plano em causa vai proteger uma área com características únicas. “O centro histórico de Macau oferece um testemunho único do encontro entre influências orientais e ocidentais , a nível estético, cultural, religioso, arquitectónico e tecnológico”, referiu a responsável.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeHotel Imperial Beijing | Grupo condenado a pagar mais de quatro milhões O Grupo de Entretenimento Mitologia Grega, que detém o hotel Imperial Beijing, na Taipa, foi condenado pelo Tribunal Judicial de Base ao pagamento de multas superiores a quatro milhões de patacas. Em causa estão violações da lei laboral e lei de contratação de trabalhadores não residentes [dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á muito que o Hotel Imperial Beijing, antes New Century, não recebia hóspedes e tinha contas a prestar à Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e também aos seus trabalhadores, pela falta de pagamento de salários. O veredicto saiu ontem: o Tribunal Judicial de Base condenou o Grupo de Entretenimento Mitologia Grega e a Empresa Hoteleira de Macau Limitada, que detém o hotel localizado à entrada da Taipa, ao pagamento de multas superiores a 4.43 milhões de patacas, que deverão ser pagas por quatro administradores. O grupo empresarial é acusado de violar não só a lei das relações do trabalho como também a lei de contratação dos trabalhadores não residentes, pelo facto de não terem sido pagos salários, “as compensações por trabalho extraordinário, as compensações pelos dias de descanso semanal, as compensações pelos dias de descanso anual e as compensações pelos feriados obrigatórios, entre outros”, lê-se no acórdão. Os 24 processos instaurados pelo próprio Ministério Público junto do TJB envolvem um total de 614 trabalhadores. O caso arrancou nos tribunais ainda antes da DST ter decidido suspender o funcionamento da unidade hoteleira. Um caso antigo Os juízes do TJB entenderam que os quatro administradores do Grupo de Entretenimento Mitologia Grega (Macau) S.A. e da Empresa Hoteleira de Macau Limitada “asseguravam a gestão das operações, dos movimentos financeiros e do pessoal das sociedades, nomeadamente o tratamento dos assuntos relativos aos salários” e demais compensações ao nível das folgas e feriados. Por essa razão, deveriam “responder, solidariamente, pelo pagamento de multas aplicadas às sociedades supra mencionadas em vários processos convencionais”. A polémica à volta do Hotel Imperial Beijing começou em Julho de 2016, quando a DST decidiu encerrar provisoriamente a unidade hoteleira por estarem em causa “graves infracções administrativas” e devido “à insuficiência da segurança contra incêndio” no local. O hotel ficou encerrado durante seis meses, mas a 12 de Janeiro de 2017, foi o próprio proprietário do Hotel Imperial Beijing que pediu o cancelamento definitivo da licença.
João Santos Filipe Manchete SociedadeDescoordenação entre PSP e DSAT resulta em potencial prova destruída Apesar de uma queixa da ANIMA, a PSP levou demasiado tempo a pedir imagens de uma câmara de vigilância à DSAT e potenciais provas de um crime foram destruídas. Em causa está o alegado assassinato de uma cadela, em Julho do ano passado [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 15 de Julho do ano passado, uma cadela de rua apoiada pela ANIMA foi dada como desaparecida, tendo sido encontrada morta, a 25 do mesmo mês, junto à sede da associação, em Coloane. Nesse dia entrou uma queixa na Polícia de Segurança Pública, que ficou de pedir aos Serviços para os Assuntos de Tráfego as imagens de uma câmara de vigilância da zona do abandono. As gravações poderiam ter levado aos responsáveis pelo acto. Contudo, a demora das autoridades fez com que as imagens acabassem destruídas pela DSAT, de acordo com os procedimentos normais. O arquivamento foi comunicado ao dono do cão e à ANIMA a 31 de Outubro e revelado, ontem, pelo presidente da associação protectora dos animais, Albano Martins, ao HM. “Apesar de termos avisado a polícia, e fomos logo à PSP para verem o caso e terem acesso à CCTV instalada ali perto, passados três ou quatro meses fomos contactados a dizer que as imagens tinham sido apagadas pela DSAT”, disse o presidente da ANIMA. “Eram imagens que permitiam ver quem é que fez aquilo e a impressão com que fiquei é que a PSP não fez nada”, acrescentou. Albano Martins não acredita que tenha havido intencionalidade das autoridades em deixar passar o tempo e fazer com que as imagens fosse apagadas. Contudo, sublinha que está em causa uma possível violação da Lei de Protecção dos Animais. “Não vou dizer que foi deliberado… Se calhar a própria polícia levou demasiado tempo a avisar a DSAT, ou seja, apesar de termos dito, eles não fizeram nada ou fizeram-no de forma defeituosa. Eles sabem melhor que essas imagens são automaticamente apagadas passado algum tempo”, defendeu. À espera de resposta O arquivamento levou a associação a enviar uma queixa sobre o assunto ao Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, a 24 de Novembro, que ainda não teve resposta. “Ainda não recebi resposta nenhuma. Mas acredito que esteja a haver uma investigação interna porque normalmente as cartas enviadas ao secretário são respondidas de forma muito rápida”, sublinhou. No conteúdo a associação mostra o desagrado com o facto de se ter deixado eliminar uma potencial prova do crime: “A anima não comenta o que aconteceu durante toda essa investigação […] mas manifesta desde já o seu profundo desagrado para com o modo como, em plena investigação, se deixou apagar uma prova que poderia resolver o caso e que foi identificada com bastante antecedência face ao prazo da sua destruição”, pode ler-se. A cadela em causa vivia na rua, mas estava a ser protegida pela ANIMA. Apesar de viver junto ao restaurante Miramar, foi encontrada abandonada perto sede da ANIMA, lugar que habitualmente não frequentava. O IACM fez uma autópsia ao animal, mas a associação não teve acesso ao relatório, que foi enviado para a PSP. Albano Martins acredita que se tratou de uma manobra de intimidação perante as actividades da ANIMA. O HM contactou a PSP e o Gabinete de Wong Sio Chak em relação a este caso, mas até à hora de fecho não tinha recebido uma resposta. ANIMA alvo de novo ataque informático A associação de protecção de animais foi alvo de um ataque informático entre 17 e 18 de Janeiro, que impediu os servidores informáticos de receberem pedidos para adopções de galgos, no âmbito da campanha #SaveTheMacauGreyhounds. A iniciativa tem como objectivo salvar os galgos do Canídromo de Macau e já reuniu 410 potenciais adoptantes. “Acontece pouco tempo depois de termos anunciado que o Grupo de Ligação do Governo Central no tinha recebido e que tínhamos pedido para não autorizarem a entrada destes animais no Interior da China”, disse Albano Martins, ao HM. “A altura em que acontece é muito sugestiva. Não vou apontar nomes por trás, mas parece-me relacionado com indivíduos que não gostam da nossa campanha”, frisou. O presidente da ANIMA vai apresentar queixa à Polícia Judiciária, uma vez que este é o terceiro ataque do género desde Novembro do ano passado.
João Santos Filipe Manchete PolíticaIdosos | Nova lei cria mecanismo de conciliação para evitar tribunais O Instituto de Acção Social vai ter um mecanismo para mediar diferendos entre os idosos em dificuldade e as famílias. O objectivo passa por evitar o recuso aos tribunais [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] nova lei que garante os direitos e interesses dos idosos vai criar um mecanismo de conciliação para resolver disputas entre os mais velhos em carência e as famílias para evitar o recurso aos tribunais. A proposta esteve, ontem, a ser discutida no âmbito da Primeira Comissão da Assembleia Legislativa, presidida pelo Ho Ion Sang, e conta com o apoio dos deputados. “Este é um regime para resolver os diferendos entre os idosos e as famílias. É uma medida que conta com o apoio dos deputados que constituem a comissão”, afirmou Ho Ion Sang. “Durante a reunião, o Governo explicou que esta é uma intervenção nos casos de disputas que acontece ainda antes de se recorrer às acções judiciais. O objectivo é evitar esses processos longos a correr nos tribunais”, acrescentou. Apesar da criação do mecanismo, o Executivo acredita que são poucos os diferendos entre idosos e famílias registados em Macau. Ontem, na comissão, o Governo esteve representado através da presidente do Instituto de Acção Social, Vong Yim Mui. Será o próprio IAS que vai ter a competência de criar este mecanismo de conciliação. “Governo está convencido que as disputas entre idosos em necessidade e os membros da família não são frequentes. O Instituto de Acção Social vai poder intervir através do regime de conciliação”, apontou. Regime facultativo O mecanismo de conciliação vai ser mais uma forma de tentar resolver os problemas de forma célere. No entanto, nenhuma das partes está obrigada a utilizar esta possibilidade, que é um mecanismo facultativo. “Os deputados quiseram saber porque é que o mecanismo de conciliação não é obrigatório. O Governo explicou que a conciliação está sempre dependente da vontade de ambas as partes. Se for apenas o idoso a estar interessado na conciliação, mas mesmo assim a família não quiser pagar a alimentação, vai ser muito difícil esta solução ter sucesso”, contou. “Nestes casos ambas as partes acabam por ter de ir para tribunal”, frisou. Sobre o mecanismo em si, Ho Ion Sang disse que o IAS já começou a formar funcionários para este efeito. “As pessoas que estão no mecanismo de conciliação têm de conhecer os direitos e deveres dos idosos. Vão ser essas pessoas que vão assumir estas tarefas”, apontou. Em relação ao futuro, Ho Ion Sang admitiu que o Governo mostrou abertura para depois da lei entrar em vigor ser feito um relatório sobre o mecanismo de conciliação. Nessa altura, serão propostas as alterações consideradas necessárias para optimizar o mecanismo. Ho Ion Sang apontou ainda o fim de Fevereiro como a data para a votação final da lei, contudo, diz que o Ano Novo Chinês poderá atrasar os procedimentos. Mudanças para facilitar acesso A partir do dia 29 as famílias em situação vulnerável podem candidatar-se à admissão prioritária das crianças nas creches subsidiadas pelo Governo. No entanto, ao contrário dos anos anteriores a atribuição das vagas deixou de ser feita através de sorteio, estando antes relacionadas com os rendimentos. Ontem, o chefe do Departamento de Solidariedade Social do IAS, Choi Sio Un, justificou as mudanças: “De acordo com a nossa experiência anterior, sabemos que há muitas crianças em famílias carenciadas que precisam do serviço. No entanto, através do sorteio era muito difícil conseguirem uma vaga”, afirmou Choi Sio Un, à saída da comissão. São cerca de 30 as escolas que são subsidiadas pelo IAS para reservarem vagas para crianças.
Andreia Sofia Silva SociedadeHong Kong | Presidente da AIPIM fala da imprensa na RAEM [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]osé Carlos Matias, presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM), deslocou-se a Hong Kong, a convite do Clube de Correspondentes de Hong Kong, onde falou do panorama da imprensa local de Macau. “Quis dar a conhecer a situação dos meios de comunicação social de Macau desde a transição e salientar a importância que a imprensa em português e inglês tem desempenhado em Macau, o seu papel histórico e a relevância que tem tido após a transição”, explicou o presidente da AIPIM ao HM. José Carlos Matias não deixou de lado a imprensa em inglês de Macau e o crescimento que tem registado nos últimos anos. A pequena dimensão das redacções e a falta de meios foi também um dos temas abordados pelo presidente da AIPIM, no sentido de dar a conhecer aos representantes dos media de Hong Kong o diferente panorama vivido pelos jornalistas de Macau. “Abordei as circunstâncias em que operamos, os desafios que temos e também o inquérito sobre a liberdade de imprensa realizado pela AIPIM”, acrescentou José Carlos Matias. O jornalista, actualmente editor do serviço em inglês do Canal Macau da TDM, revelou ser importante falar destes assuntos em Hong Kong “para que haja um melhor entendimento e para que se perceba a importância do trabalho que fazemos em Macau, as circunstâncias em que operamos e para que saibam o que se passa deste lado”, frisou. Os valores essenciais A palestra serviu também para abordar a questão dos jornalistas e políticos de Hong Kong que têm sido barrados na fronteira com Macau, mas José Carlos Matias adiantou que esse não foi o assunto dominante. “Falei sobretudo no nosso trabalho de promoção do bom jornalismo e da liberdade de imprensa e acesso à informação. Abordei o que é o nosso entendimento relativamente à importância de termos um papel activo para defendermos esses valores chave consagrados na Lei Básica.” José Carlos Matias aproveitou também para falar dos trabalhos que têm vindo a ser desenvolvidos pela AIPIM, sobretudo desde que se tornou membro da Federação Internacional dos Jornalistas.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCaso Sulu Sou | Resposta da AL ao recurso contencioso entrou no tribunal O advogado que representa a Assembleia Legislativa, Lei Wun Kong, no recurso contencioso apresentado pelo deputado Sulu Sou confirmou ontem o envio da resposta ao Tribunal de Segunda Instância. Já Pereira Coutinho enviou carta ao presidente da AL e pedir resposta à providência cautelar sobre a suspensão [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] defesa da Assembleia Legislativa no recurso contencioso apresentado pelo deputado Sulu Sou, contra a suspensão do seu mandato, foi entregue ontem, em mãos, no Tribunal de Segunda Instância (TSI). A confirmação foi avançada ontem, ao HM, através do escritório do advogado Lei Wun Kong. A resposta foi dada ao TSI durante a tarde e pessoalmente, no último dia do prazo limite. Apesar de a informação não ter sido confirmada oficialmente, o HM sabe que houve por parte do advogado o cuidado de esperar pelo desfecho da votação em plenário da AL do projecto de resolução apresentado pelos deputados Vong Hin Fai e Kou Hoi In. Este projecto que visava declarar no hemiciclo a natureza política das decisões de perda e suspensão de mandatos dos deputados e que estas decisões não poderiam ser alvos de qualquer interferência por parte dos tribunais. Contudo, o projecto acabou por ser retirado, uma vez que os deputados consideram não ter conseguido explicar o conteúdo da proposta aos restantes membros da Assembleia Legislativa, nem à sociedade em geral. Esta foi a segunda comunicação enviada pela AL ao TSI, no âmbito dos dois processos apresentados pela defesa de Sulu Sou, liderada pelo advogado Jorge Menezes. A primeira tinha sido enviada no dia 12 e dizia respeito ao pedido de suspensão de eficácia sobre a decisão que fez com que Sulu Sou tivesse de abandonar temporariamente a Assembleia Legislativa. Resposta que não chega Também ao final do dia de quarta-feira o deputado José Pereira Coutinho enviou uma carta ao presidente da AL a pedir que fosse disponibilizada aos legisladores a reposta do hemiciclo perante pedido de suspensão de eficácia. A questão já tinha sido divulgada na quarta-feira pelo deputado, mas a recepção da carta só foi confirmada ontem pela AL. “No dia 12 de Janeiro do corrente ano, deu entrada no Tribunal de Segunda Instância a resposta da Assembleia Legislativa em relação ao Processo referido [Autos de Suspensão de Eficácia] em epígrafe”, pode ler-se no documento enviado por José Pereira Coutinho. “Vimos por este meio solicitar os bons ofícios de Vossa Excelência no sentido de proceder ao envio do respectivo expediente a este Gabinete a fim de tomar conhecimento da mesma”, é acrescentado. O HM entrou em contacto com a AL para saber quando é que o presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, ia autorizar a distribuição pelos deputados da resposta, mas até ao final do fecho da edição não recebeu qualquer resposta. HM teve acesso a resposta da AL “Senhores Juízes de Direito do Tribunal de Segunda Instância”, é desta forma que começa a resposta enviada, no dia 12, pela AL ao tribunal, no âmbito do pedido de suspensão de eficácia, a que o HM teve acesso. No documento, tal como já tinha revelado em tribunal pela defesa de Sulu Sou, é citado a “existência de grave prejuízo para o interesse público” para evitar a execução imediata do pedido de suspensão de eficácia. “O Presidente da Assembleia Legislativa, citado na qualidade de Entidade Requerida para contestar o Pedido de Suspensão de Eficácia formulado pelo Requerente nos autos melhor identificados, vem […] informar que a Assembleia Legislativa reconhece a existência de grave prejuízo para o interesse público na não imediata execução dos identificados, pelo Requerente, actos suspenso, quer os executados quer aqueloutros em execução”, pode ler-se nos documentos a que o HM teve acesso.
João Santos Filipe Manchete PolíticaChui Sai On apanha gripe e está de baixa [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, foi diagnosticado na terça-feira com Gripe A e está impossibilitado de sair de casa, cumprindo as indicações do Director dos Serviços de Saúde, o médico Lei Chin Ion. A informação foi avançada ontem pelo Governo, em comunicado. “Em resposta aos órgãos de informação que solicitaram informações sobre o estado clínico do Chefe de Executivo, Dr. Fernando Chui Sai On, o Director dos Serviços de Saúde, Dr. Lei Chin Ion, afirmou que, na passada terça-feira, 16 de Janeiro de 2018, foi diagnosticada Gripe A”, pode ler-se na comunicação oficial. “Após consulta médica e de acordo com as recomendações dadas pelo médico foi sugerido que o Chefe de Executivo tivesse um repouso em sua casa e desde então o estado clínico tem tido melhorias, não havendo razões para preocupação”, é acrescentado. No mesmo comunicado é igualmente explicado que Chui Sai On é alérgico à vacinação contra a gripe: “O Chefe do Executivo é alérgico aos componentes da vacina antigripal o que impossibilitou a sua vacinação”, é referido. O Chefe do Executivo vai ficar de baixa durante cinco dias, até ao próximo sábado, e durante este tempo, Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, assume o cargo de representante máximo do Governo da RAEM, de forma interina. Além desta infecção temporária, que não causa preocupações, Chui Sai On sofre de gota, doença que lhe coloca visíveis dificuldades a deslocar-se.
Hoje Macau SociedadeGastronomia | Governo quer evitar falências de antigos restaurantes [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, disse ontem, à margem do Fórum Internacional de Gastronomia – Macau 2018 de que “o Governo está a conceber medidas junto do sector da indústria de comidas e bebidas para apoiar alguns estabelecimentos que se encontram em situação de falência ou desaparecimento”. Segundo um comunicado oficial, o objectivo é garantir que esses restaurantes “possam continuar as suas actividades, assim como transmitir a herança gastronómica local”. Entidades como o Instituto Cultural, a Direcção dos Serviços de Turismo, o Fundo das Industrias Culturais, a Direcção dos Serviços de Economia, entre outros, “estão a cooperar com o sector da indústria de comidas e bebidas e com a sociedade no planeamento e lançamento de planos e medidas destinados aos estabelecimentos de comidas e bebidas que devem ser preservados”. Está na calha a concessão de apoios financeiros, apesar do secretário não ter adiantado detalhes sobre este assunto. Alexis Tam deixou ainda bem claro que o Executivo “irá promover a criação de um ambiente de negócios justo”. Questionado sobre o regime de admissão prioritária nas creches de crianças de famílias vulneráveis, o secretário referiu que a medida “tem como objectivo privilegiar famílias que não têm condições para cuidar das crianças ou as que são economicamente carenciadas”. Estão, por isso, incluídas as famílias monoparentais, as que têm a seu cargo doentes crónicos e as que possuem baixos rendimentos.
Andreia Sofia Silva PolíticaCoutinho pede mais fiscalização às contratações externas na tradução [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho entregou uma interpelação escrita ao Governo onde questiona o actual sistema de contratações externas para os serviços de tradução, defendendo a criação de um grupo de especialistas nesta área dentro da Função Pública. Na opinião do deputado, existe concorrência desleal, sendo necessária uma maior supervisão. “Devido aos sistemáticos actos de concorrência desleal, haverá necessidade de criação de um mecanismo prévio de controlo da contratação externa de serviços jurídicos.” Em termos práticos, esse mecanismo deveria prever que a “contratação externa somente seria possível e admissível no caso de não existirem nos serviços públicos recursos humanos disponíveis e com experiência”. Desta forma, “urge tomar medidas a médio e longo prazo, no sentido de consolidar uma melhor prestação de consultadoria e informações jurídicas”, para que haja uma harmonização das “fórmulas e técnicas de formalização jurídica em matéria de contratação pública, procedimentos contra-ordenacionais e procedimentos disciplinares”. José Pereira Coutinho questiona, portanto, “que medidas vai o Governo adoptar para controlar previamente a contratação externa de serviços jurídicos, antes de verificar se existem ou não recursos humanos disponíveis na Administração?”. Isto porque é importante “evitar despesas fúteis e desnecessárias e para defender melhor o interesse do público”. Tudo num só órgão Além de defender uma redução das contratações externas para a área da tradução jurídica, José Pereira Coutinho pede que haja uma concentração de recursos no seio da Função Pública. “Quando é que o Governo vai uniformizar e melhorar a prestação geral e interna nas áreas jurídicas, valorizando e especializando os juristas e outros especialistas, tais como os intérpretes tradutores, com o objectivo final de melhorar a eficiência, as competências técnicas e a capacidade de resposta na apresentação de projectos legislativos?”, questionou. São ainda feitas questões sobre se existe algum plano a médio e longo prazo para a criação desse órgão, no sentido de criar um “corpo centralizado e especializado de recursos humanos em áreas jurídicas e na tradução de línguas oficiais, valorizando a especialização funcional dos juristas e outros especialistas”.
Sofia Margarida Mota PolíticaWong Kit Cheng reforça necessidade de apoios financeiros permanentes à população O alerta tem sido apresentado por vários deputados e Wong Kit Cheng reforça: é necessário um mecanismo fixo e a longo prazo que garanta a estabilidade dos apoios do Governo à população. O objetivo é que os cheques pecuniários, as isenções fiscais e as ajudas sociais tenham carácter permanente e não variam conforme a situação económica [dropcap style≠’circle’]W[/dropcap]ong Kit Cheng está preocupada com a distribuição futura da riqueza local e sugere a criação e um mecanismo capaz de o fazer e com carácter duradouro. Para a deputada é importante estabelecer medidas permanentes de apoios e não apenas temporárias e sujeitas a mudanças. “O Governo tem feito esforços no sentido de partilhar as receitas económicas com a população através da distribuição do cheque pecuniário, da injecção de fundos na previdência central ou da isenção fiscal concedida a algumas empresas, mas são apenas medidas de carácter temporário”, refere a deputada em interpelação escrita. Wong Kit Cheng recorda as Linhas de Acção Governativa de 2018 em que o Executivo reafirmou a importância de partilhar as receitas com a população. No entanto, apesar do investimento crescente por parte do Governo em medidas de apoio, admite Wong Kit Cheng, e do aumento das receitas que entram nos cofres públicos, continua por estabelecer um mecanismo de distribuição de riqueza efectivo, sendo que as ajudas dependem das receitas. A deputada com ligações aos Kaifong considera que, tendo em conta as opiniões que lhe chegam, esta instabilidade não está a trazer qualidade de vida à população. “Na verdade, se não houver estabilidade, independentemente do aumento das receitas, os residentes continuam a sentir-se insatisfeitos” ,lê-se no documento. Dinheiro sustentável Mas há que ter em conta a sustentabilidade de um mecanismo permanente pelo que a deputada quer saber se o Governo está a ter em conta alguma abordagem de carácter científico “de modo a permitir uma clara partilha com o desenvolvimento dos residentes”, aponta. Wong Kit Cheng recorda ainda que o valor das reservas fiscais tem um excedente de 377.248 mil milhões de patacas e, apesar dos números serem animadores, afirma ainda que de há espaço para aumentarem. O objectivo é que não se dependa apenas das receitas do jogo de modo a garantir a sustentabilidade dos apoios permanentes. A deputada sugere que o Governo explore as receitas que podem vir das industrias emergentes relativas a projectos de cooperação regional “de modo a fornecer fundos suficientes para o mecanismo de longo prazo oferecer suporte e estabilidade à população”. Também o deputado, agora suspenso de funções, Sulu Sou, tinha interpelado no ano passado, o Governo acerca da institucionalização dos cheques pecuniários, sendo que em resposta dada no início deste ano, o Executivo afirmou que iria estudar esta possibilidade.
João Luz Manchete PolíticaConsulta pública | Macau tenta apaziguar preocupações da ONU quanto a direitos civis e políticos Em Abril de 2013, O Comité de Direitos Humanos das Nações Unidas fez algumas observações sobre o respeito dos direitos humanos, civis e políticos em Macau. A liberdade de expressão de activistas políticos e jornalistas representou parte considerável das preocupações da ONU. Agora, Macau irá tentar demonstrar os progressos que fez desde 2013. Para já, a resenha de temas a abordar pela DSAJ está em consulta pública até 12 de Fevereiro e aponta para a continuidade da situação verificada desde 2013 [dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uando a bandeira portuguesa foi substituída pela chinesa e nasceu a RAEM, um conjunto de pactos de Direito Internacional passaram para a nova realidade administrativa e jurídica de Macau. Entre eles, o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, um tratado internacional aprovado por resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas em Dezembro de 1966. Este é um dos pilares jurídicos da Carta Internacional dos Direitos Humanos, onde se procura defender um conjunto de liberdades individuais e garantias de acesso à justiça e participação política. Em 2009, Macau entregou o primeiro relatório desde a constituição da RAEM e prepara-se agora para entregar o segundo, respondendo a uma série de preocupações da ONU. Para já, a resenha de temas a abordar encontra-se em consulta pública até 12 de Fevereiro, de modo a receber opiniões da população, ou de associações e organizações não governamentais. Para já, a Direcção dos Serviços de Assuntos da Justiça (DSAJ) tem de convencer um painel de peritos independentes, nomeados por Estados membros do pacto internacional, de que o Governo de Macau melhorou nos aspectos criticados no relatório de 2013. Em primeiro lugar, o documento da lamenta que a RAEM tivesse demorado tanto tempo a submeter o primeiro relatório à organização intergovernamental. As áreas mais problemáticas das recomendações da ONU foram a justiça, a falta de representatividade democrática, a independência do Comissariado contra a Corrupção face ao Executivo, a liberdade de expressão de jornalistas e activistas, a protecção laboral de trabalhadores residentes, entre outras. Cabe agora a Macau, convencer os peritos nomeados pela ONU de que as recomendações dadas em 2013 foram ouvidas. Torto e a Direito A China é um dos poucos países que não assinou o tratado internacional em questão. Ainda assim, como os relatório têm de ser submetidos por países, cabe às autoridades chinesas entregar os documentos de Macau e Hong Kong, depois de Pequim garantir a continuidade do tratado nas regiões administrativas especiais. O Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais é outro tratado cuja continuidade foi assegurada pela China, e que permite que um vasto conjunto de direitos, de cariz internacional, continuem a vigorar. O documento de recomendações da ONU, depois de elogiar a assinatura de protocolos contra a prostituição e pornografia infantil, tráfico e pessoas e legislação sobre asilo de refugiados, lança uma série de recomendações ao Governo, algumas delas que serão complicadas de observar. O grupo de peritos que analisou a realidade de Macau aquando do primeiro relatório entregue pela RAEM lamentou a falta de conhecimento de um tratado internacional, que vigora acima das leis locais, entre profissionais judiciais e do público em geral. Uma das principais preocupações dos peritos da ONU quanto à Lei Básica de Macau é que a sua interpretação está a cargo do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, “um facto que enfraquece e que mina o Estado de Direito, assim como a independência do sistema judicial”, como se pode ler na lista de recomendações. Nesse aspecto, o Comité dos Direitos Humanos sugeriu que Macau deve assegurar o funcionamento normal dos tribunais e da interpretação da lei fundamental de acordo com o tratado internacional. Outra questão institucional de fundo que mereceu críticas por parte do Comité dos Direitos Humanos é a independência do Comissariado contra a Corrupção (CCAC). Em 2013, os peritos mostraram-se desagradados perante a falta de informação completa que atestasse a efectiva independência do CCAC, nomeadamente no que toca às investigações ao Executivo, uma vez que o comissário é nomeado pelo próprio Chefe do Executivo. Neste caso, apesar da DSAJ ainda não ter redigido o relatório, a resenha de assuntos a ser abordados, e que se encontra em consulta pública, diz que os peritos serão actualizados quanto ao trabalho da Provedoria de Justiça. Democracia longínqua Uma das principais preocupações do Comité dos Direitos Humanos prende-se com o défice democrático de Macau. Apesar de reconhecer a emenda de 2012 feita à Lei Básica no que toca à regulação da eleição do Chefe do Executivo, com o aumento dos membros do Comité Eleitoral de 300 para 400 membros, a alteração não foi considerada suficiente. “O artigo 25º do pacto protege o direito de todos os cidadãos a participar na condução dos assuntos públicos, o direito de votar e eleger, assim como o direito de aceder ao serviço público”, pode-se ler nas observações do organismo da ONU. Neste aspecto, o Comité dos Direitos Humanos, explicitamente lamenta que Macau “não tenha manifestado intenção de estabelecer o sufrágio universal para assegurar o direito de todos os cidadãos a eleições genuínas”. O organismo internacional entende que “a introdução de medidas preparatórias para o sufrágio universal” deve ser considerada prioritária. Além do aumento da constituição do Comité Eleitoral, foram ainda aumentados o número de deputados eleitores directa e indirectamente, algo que os peritos das Nações Unidas vão avaliar se será suficiente. O funcionamento da justiça é outro dos pilares essenciais para o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, daí a preocupação manifestada com a formação de juízes e procuradores, assim como a falta de magistrados para dar vazão ao volume de processos nas secretarias dos tribunais. Neste capítulo, a falta de celeridade processual era uma das preocupações demonstradas aquando das recomendações de 2013. O rascunho de temas a abordar na resposta às preocupações da ONU revela que a DSAJ pretende actualizar o comité quanto à estrutura do sistema judicial de Macau, ao direito ao apoio judiciário, à formação de funcionários judiciais, à estatística do número de juízes, procuradores e advogados e às medidas adoptadas para reduzir os atrasos processuais. Abrir a boca Outra área onde Macau pode ter problemas em explicar os avanços que tem feito é na forma como trata jornalistas e defende a liberdade de expressão, nomeadamente face aos inúmeros casos de jornalistas oriundos de Hong Kong impedidos de entrar na RAEM. “As medidas contra jornalistas e activistas criam um ambiente que desencoraja a crítica”, ou liberdade de reportar uma realidade inconveniente para o Executivo, “afectando a liberdade de expressão de Macau”, lê-se nas observações do Comité dos Direitos Humanos. O organismo da ONU mostrou-se preocupado com a autocensura de meios de comunicação social e a aplicação de leis de segurança interna que barram a entrada no território a jornalistas e activistas de Hong Kong. A organização internacional não compra a justificação de que este tipo de pessoas “constitui uma ameaça à estabilidade da segurança interna”. Neste aspecto, na resenha da DSAJ pode-se ler que “será relatado que a informação a este assunto permanece, na sua maioria, inalterada em relação ao relatório anterior”. Numa situação destas, se os peritos da ONU identificarem que um Estado não cumpre, primeiro emite uma recomendação a identificar a lacuna de uma forma mais acintosa. Esta situação tem efeitos ao nível da imagem externa e pode mesmo chegar ao ponto de outro Estado Membro acusar o Estado em causa de violação do Direito Internacional. Porém, além da censura política, normalmente nesta matéria há um acordo de cavalheiros entre os membros dos tratados internacionais que impede que do ponto jurídico sejam tomadas medidas extremas, como a expulsão. Também o direito à reunião será alvo das conversações entre o organismo da ONU e o Governo de Macau. Após a entrega do primeiro relatório, o Comité dos Direitos Humanos expressou preocupações sobre as consequências penais para quem usa da liberdade de expressão de reunião. A organização internacional achou particularmente alarmante que se confunda o exercício de direitos com “incitamento, desobediência colectiva à ordem pública e à lei com a intenção de destruir, alterar ou derrubar o sistema político, económico ou social”. O Comité dos Direitos Humanos mostrou também “preocupação com os relatos do uso de câmaras por parte das forças polícias para filmar manifestações”. Neste aspecto, o Governo de Macau também não fez grandes alterações ao que se verificava em 2013. A direcção liderada por Sónia Chan deverá entregar o relatório sobre a implementação do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos em meados de Março. Depois disso, o documento será analisado por um painel de peritos especialistas em direito internacional na área dos direitos humanos. Aí começa um processo que pode demorar dois, ou três, anos e que culminará com a ida de uma delegação da DSAJ a Genebra. Antes disso, os peritos ainda vão ouvir organizações não governamentais, associações e indivíduos que possam contribuir para clarificar dúvidas dos técnicos escolhidos pela ONU. Por exemplo, após a entrega do anterior relatório Jason Chao foi ouvido pelo grupo de peritos, assim como o Centro do Bom Pastor. O documento de recomendações do Comité dos Direitos Humanos já está a ser analisado pela Associação Novo Macau. Da reunião entre os membros da DSAJ e da ONU vão sair novas recomendações para o Executivo de Macau.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte | China recusa conclusões da reunião de Vancouver [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês recusou ontem as conclusões da reunião sobre o programa nuclear da Coreia do Norte, que 20 países assinaram na quarta-feira em Vancouver, no Canadá, e insistiu que o diálogo é a única forma de solucionar a crise. O encontro em Vancouver serviu para acordar o fortalecimento da vigilância marítima, em torno da Coreia do Norte, para evitar que o país infrinja as várias sanções aprovadas pelas Nações Unidas. A China não participou na reunião, que considerou ilegítima, visto que os 20 países presentes participaram, directa ou indirectamente, da Guerra na Coreia (1950-1953). Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Austrália, Colômbia, Grécia ou Luxemburgo estiveram presentes em Vancouver, entre outros países. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lu Kang defendeu que esta formação representa “a mentalidade da Guerra Fria e que só pode dividir a comunidade internacional e debilitar os esforços para solucionar adequadamente a questão”. Lu afirmou que “sem a participação de partes importantes nesta questão, a reunião não pode ajudar a oferecer soluções adequadas” e questionou a legalidade de o encontro se realizar numa cidade do Canadá. Lu pediu que se apoie a melhoria nas relações diplomáticas entre as duas coreias registada na semana passada, e que se regresse ao diálogo a seis (EUA, Rússia, China, Japão, Coreia do Sul e Coreia do Norte). “Os factos demonstraram várias vezes que apenas impor sanções e pressões é contraproducente”, disse. Em setembro passado, o regime de Kim Jong-un realizou o sexto e mais poderoso ensaio nuclear até à data. O Conselho de Segurança da ONU aprovou, entretanto, as mais duras sanções de sempre contra o país.
Hoje Macau SociedadeJogo VIP representou 56,69% das receitas [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s receitas geradas pelo jogo VIP voltaram a crescer, contribuindo para 56,69% do total arrecadado pelos casinos de Macau ao longo do ano passado, segundo dados oficiais. De acordo com dados publicados na terça-feira no ‘site’ da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), as receitas do jogo VIP (angariadas nas salas de grandes apostas) atingiram 150.673 milhões de patacas no ano passado, traduzindo um aumento de 26,65% face a 2016. Trata-se de uma retoma para o segmento VIP que, apesar de deter a ‘fatia de leão’, viu a sua proporção nas receitas totais da indústria do jogo diminuir nos últimos anos: em 2016 foi de 53,29%, em 2015 de 55,3% e em 2014 de 60,4% – isto quando chegara a ser superior a 77%. Os casinos de Macau fecharam 2017 com receitas de 265.743 milhões de patacas, um aumento de 19,1% que pôs termo a três anos consecutivos de queda, de acordo com os dados publicados anteriormente, a 1 de Janeiro, pela entidade reguladora. As receitas de jogo – principal motor da economia de Macau – caíram 3,3% em 2016, depois de um tombo de 34,3% em 2015 e da primeira diminuição de 2,6% em 2014. No ‘ranking’ de todo o sector, depois dos casinos (que representam 99,6% dos proventos) – mas a colossal distância – figuraram as apostas nos jogos de futebol que, ao longo do ano passado, renderam 519 milhões de patacas. Seguiram-se as apostas nos jogos de basquetebol, com 185 milhões, que ultrapassaram as das corridas de cavalos, com 104 milhões de patacas e as corridas de galgos com apenas 46 milhões de patacas. Macau, que figura como a capital mundial do jogo, é o único local na China onde o jogo em casino é legal. No final do ano passado, o antigo enclave português contava com 6.419 mesas de jogo e 15.622 ‘slot machines’ distribuídas por um universo de 40 espaços de jogo. Fortemente dependente dos casinos, Macau ambiciona há muito diversificar o seu tecido económico, meta que compreende três frentes, com a primeira a passar precisamente pela diversificação da própria indústria do jogo – do segmento VIP para o mercado de massas –, com vista a torná-la menos dependente dos grandes apostadores.
Andreia Sofia Silva SociedadeCotai | Cheung Lap Kwan autorizado a construir marina [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo reviu o contrato de concessão de um terreno com a empresa Marina Clube Internacional – Recreio e Investimentos SA, ligada ao deputado Vítor Cheung Lap Kwan. Segundo o despacho publicado ontem em Boletim Oficial (BO), a concessionária compromete-se a entregar parcelas de terreno ao Governo, estando o espaço localizado junto à Avenida Marginal Flor de Lótus e a Avenida dos Jogos da Ásia Oriental, no Cotai. As zonas do terreno que ficarão sob domínio privado vão servir para a “construção de um empreendimento destinado a comércio, habitação, escritórios, hotel, hotel-apartamento e estacionamento”. Além disso, “na área molhada adjacente ao sobredito terreno e ao canal entre o Cotai e a Ilha da Montanha, com 54 121 m2, é instalada uma marina de recreio, a explorar pela concessionária”, lê-se no BO. A marina deverá ser licenciada pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água. A concessão, por arrendamento, chega ao fim no dia 19 de Novembro de 2021, sendo que o prazo pode ser “sucessivamente renovado”. Até agora “o terreno foi parcialmente aproveitado com a construção de um hotel e foi executada parte dos encargos fixados na cláusula sexta do contrato de concessão”, aponta o despacho. O prazo de aproveitamento do terreno, “incluindo todas as infra-estruturas”, deve ser de 40 meses, não devendo ultrapassar a data apontada para a concessão, ou seja, 19 de Novembro de 2021. Entretanto, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes compromete-se a apresentar um novo plano de aproveitamento das parcelas do terreno que passaram para hasta pública, que incluem “vários estudo, informações e propostas de reordenamento desse terreno”. A empresa do deputado Vítor Cheung Lap Kwan já tinha formulado “pedidos de revisão do plano geral”.
Leocardo VozesHollywood Ending [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]etive-me no outro dia durante uma boa meia-hora a ler as acusações que recaem sobre o produtor de cinema Harvey Weinstein; um caso que tem feito correr muita tinta, e daí a curiosidade. O mais impressionante foi o testemunho das muitas actrizes, na altura quase todas jovens debutantes da indústria da sétima arte, e dos encontros “picantes” que tiveram com o empresário. É evidente que estamos aqui perante um indivíduo que se aproveitou da sua situação de poder para satisfazer os seus instintos de predador sexual. Weinstein é uma pessoa desequilibrada e potencialmente perigosa, que calhou estar numa posição que lhe permitia levar adiante os seus intentos. Acontece na América, acontece em Portugal, acontece aqui e acontece em toda a parte. Em Hollywood tem mais “glamour”, tem mais “chispa”, e infelizmente tem servido de medida para rebaixar o debate no que concerne aos crimes de assédio e de abuso sexual. Ousou-se mesmo expandir o âmbito desse crime abominável que é a violação. Vamos por partes. Depois do caso Weinstein, desatou-se numa autêntica “caça às bruxas”, com novas revelações de abusos, alguns recentes, muitos nem por isso, e que custou o emprego, a carreira e o bom nome a muita gente nos meios de Hollywood. Julgo que não se via nada assim desde os negros tempos do McCarthyismo e o seu “comité de actividades anti-americanas”, nos anos 50 do século transacto. Na semana passada chegou de França uma espécie de manifesto, assinado pela actriz Catherine Deneuve e outras 99 signatárias, pedindo um pouco de bom senso, e que se distinga afinal o que é um crime, daquilo que é apenas…um “galanteio” – digamos assim. A iniciativa de Deneuve foi criticada, e entendo porquê; também não concordo que um apalpão seja “uma coisa de nada”, mas no essencial, concordo com o que ela diz. É preciso ter em conta que Deneuve é uma diva, do tempo em que um desaforo ou um atrevimento se resolviam com um tabefe. Le temps ont changé, mon cher. É que se realmente estamos aqui a falar de crimes, convém recorrer à jurisprudência; se alguém é acusado de um crime tem todo o direito a defender-se, e quem o acusa precisa de PROVAR o que diz. Sei, é um assunto muito delicado, onde existe uma tendência inata de dar crédito à palavra da vítima, mas também não existe vítima se não existe crime. Os crimes, todos eles, têm que ser provados, meus amigos. De outra forma é a anarquia, regressa a Santa Inquisição, volta a Stasi, a PIDE e os guardas-vermelhos, e é o fim da civilização como a conhecemos. Na base de toda esta discussão está o consentimento – apesar de nem sempre se falar nele. Aqui a regra de ouro é a seguinte: não é não, e apenas não. Custa muito menos dizer “não” do que “gostava muito mas hoje não posso”, “queria mas tenho as batatas ao lume”, ou “olhe que o sr. engenheiro é casado”. “Não” é uma palavra com uma sílaba apenas, e qualquer avanço que seja feito a partir daí, é imediatamente tido como um abuso – um crime. Muito simples. O que faz falta a muita gente é espreitar a página do Templo Satânico de Salem, Massachusetts (estou a falar a sério, vão espreitar na internet, se quiserem), onde o princípio fundamental é “o nosso corpo é a nossa propriedade privada, pessoal e inviolável”. Para quê ser simpático com potenciais predadores sexuais, quando basta dizer apenas “não”? Há uns tempos escrevi no meu blogue, meio na brincadeira, que qualquer dia o consentimento tinha que ser dado na presença de um notário, para quem restassem dúvidas no caso de reconsiderações posteriores de uma das partes. A tecnologia antecipou-se e agora existe uma aplicação de telemóvel onde as duas partes “clicam” numa opção que lhes permite verificar no futuro que ambas consentiram ao acto que praticaram juntas. Ao ponto que isto chegou! Este caso hollywoodesco não veio senão perpetuar, e mal, o velho conceito de que o sexo é algo que os homens procuram, e de que as mulheres precisam de se defender, como se fosse um castelo. A tal Revolução Sexual (sem aspas, porque aconteceu mesmo) foi feita para que se permitisse que duas pessoas que se acabaram de conhecer, ou que se conhecem mal, possam ter intimidade uma com a outra, de mútuo consentimento. Foi feita para os homens e para as mulheres. Para todos, sem excepção.
João Santos Filipe DesportoLiga de Elite | Benfica, Monte Carlo e Sporting apresentaram-se Ontem foi dia de apresentações para a nova época do futebol local, com Monte Carlo, Benfica e Sporting a darem a conhecer as novas caras. As águias têm ambição de ganhar tudo internamente e honrar o território na Taça de AFC, os leões estão à procura de melhorar sétimo lugar do ano passado e os canarinhos apostam em desenvolver jogadores locais [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om a Liga de Elite a começar na sexta-feira, Benfica, Sporting e Monte Carlo realizaram as tradicionais conferências de imprensa de lançamento da nova época futebolística. A principal novidade passa pelas águias e a forma como vão lidar no ataque ao ‘penta’ com o facto de estarem a disputar simultaneamente a Taça AFC, competição continental. “É a primeira vez que uma equipa de Macau está a competir oficialmente em tantas frentes e estamos cientes das dificuldades que vamos enfrentar”, disse Duarte Alves, director técnico do Benfica de Macau, ao HM. “ “Vamos ter uma carga extra de jogos e quando formos jogar lá fora vamos enfrentar um nível muito mais competitivo do que o interno. Vai ser um ano difícil e um desafio, que estamos prontos para aceitar”, acrescentou. O desafio vai ter como homem-do-leme Bernardo Tavares, que entrou para o lugar de Henrique Nunes: “É a pessoa ideal para atacarmos esta época. É jovem, ambicioso e o que pesa mais é que tem experiência da Taça AFC e no futebol asiático”, justificou Duarte Alves. Por outro lado, a participação na competição continental exige uma gestão diferente do número de jogadores estrangeiros. Tito Okello, do Gana, e David Tetteh, do Quirguistão, vão ser os reforços, o que é uma tendência diferente dos anos recentes, visto que os encarnados estão acostumados a contratar portugueses: “O jogador português está a ficar mais caro”, explicou Duarte Alves. Em relação aos reforços locais, o Benfica vai contar com o regresso de Iuri Capelo, no que Duarte Alves definiu como “um regresso a casa” e com Vítor Almeida. “Estamos a ter uma abordagem diferentes ao nível de reforços porque temos de encontrar um equilíbrio entre as necessidades para a Liga de Elite e Taça AFC. Mas estamos a seguir as directrizes da equipa técnica”, contou o director técnico das águias. Sporting quer melhorar Também o Sporting de Macau apresentou ontem o plano para a nova época, com o objectivo de melhorar o 7.º lugar alcançado na temporada transacta. Segundo o director técnico leonino, José Reis, o plantel é mais equilibrado do que no ano anterior. “Consideramos que temos um plantel mais equilibrado do que no ano passado e a expectativa passa por melhorar a prestação do ano passado. Pessoalmente gostava que fosse possível terminar entre os cinco primeiros”, afirmou José Reis, ao HM. “Na Taça de Macau alinharemos com a mesma equipa com que vamos apostar no campeonato. Não se vai dar o caso de rodarmos jogadores, a não se que sejamos obrigados por lesões,” acrescentou. Contudo, as expectativas para a Taça, reconheceu José Reis, vão estar dependentes do sorteio dos adversários ditados pelo sorteio. Em relação aos reforços, destaque para as contratações de Taylor Gomes (ex-Kei Lun), o Jean Peres (ex-Atlético de Macau) e o João Antonelli (jogador livre). Quanto ao Monte Carlo, a formação vai continuar a ser orientada pelo brasileiro Cláudio Roberto. Na apresentação o presidente do clube Firmino Mendoça definiu como objectivo para a época a aposta nos atletas locais. Suncity patrocina experiência na Taça AFC A participação do Benfica de Macau na Taça AFC conta com um reforço de peso ao nível dos patrocínios, o grupo promotor de jogo Suncity. Nos encontros para a competição continental o principal patrocinador vai ser a empresa liderada por Alvin Chao. “Temos uma parceria nova com o Grupo Suncity, que vai ser o nosso principal parceiro na participação na Taça AFC. As cores dos equipamentos vão ser as mesmas, mas depois o patrocinador vai variar consoante a competição. Na AFC o patrocinador principal vai ser a Suncity”, disse Duarte Alves, ao HM.