Hoje Macau China / ÁsiaComércio | Batalha tecnológica com os EUA prossegue a todo o vapor As autoridades norte-americanas afirmaram ontem que vão permitir à gigante de telecomunicações chinesa ZTE que retome alguns dos seus negócios nos Estados Unidos. Por seu lado, um tribunal chinês proibiu a empresa norte-americana Micron Technology de vender 26 tipos de chips no país [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] anúncio do Departamento de Comércio norte-americano faz parte de um acordo no qual a ZTE teve de pagar uma multa de mil milhões de dólares (860 milhões de euros) e substituir os seus executivos, depois de ter proibido as exportações de componentes destinados ao grupo. Com sede em Shenzhen, no sul da China, a ZTE é responsável pelo desenvolvimento da infra-estrutura 5G no país asiático e umas das maiores fabricantes de ‘smartphones’ do mundo, mas depende de tecnologia norte-americana, como microchips e o sistema operacional Android. A empresa chinesa pode a partir de agora fazer negócios com empresas norte-americanas, conseguindo assim assegurar o fabrico de telemóveis e dispositivos de segurança. Em Abril passado, A ZTE suspendeu a maior parte das suas operações, face à decisão de Washington de proibir as exportações de componentes para a empresa, devido a declarações fraudulentas num inquérito sobre a investigação ao embargo imposto ao Irão e à Coreia do Norte. A empresa paga a fornecedores norte-americanos cerca de 1,8 mil milhões de dólares anualmente. A suspensão, em Abril, surgiu numa altura de crescentes disputas comerciais entre Pequim e Washington, suscitadas pela ambição chinesa no sector tecnológico. Washington acusou Pequim de obrigar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia em troca de acesso ao mercado chinês e ameaçou subir os impostos sobre 90 por cento das exportações chinesas para o país. Macro-problema Um tribunal chinês proibiu a empresa norte-americana Micron Technology de vender 26 tipos de chips no país, devido à infracção de patentes denunciada pela sua competidora taiwanesa United Microelectronis Corp (UMC), anunciou ontem a última. A UMC, o segundo maior fabricante mundial de semicondutores, apresentou em Janeiro queixa conta as filiais da Micron na China por violação dos direitos de patentes dos seus chips DRAM (Memória Dinâmica de Acesso Aleatório) e de memória flash NAND. Segundo um comunicado emitido ontem pela empresa, o Tribunal Popular Intermédio de Fuzhou, na província de Fujian, proibiu a Micron de vender aqueles dois produtos na China. A firma norte-americana, cuja parte importante das receitas é oriunda da China, afirmou em comunicado que não recebeu “a ordem judicial preliminar mencionada nas declarações emitidas pela UMC” e que não faz comentários até receber o documento. Em Dezembro passado, a Micron processou a UMC nos EUA por violação dos direitos de propriedade intelectual dos seus chips DRAM. O caso ocorre numa altura de crescentes disputas comerciais entre Pequim e Washington, suscitadas pela ambição chinesa no sector tecnológico.
Hoje Macau China / ÁsiaTransportes | Accionista chinês da TAP diz que presidente morreu após queda [dropcap style≠’circle’]W[/dropcap]ang Jian, presidente e cofundador do grupo chinês HNA, accionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway, morreu após uma queda, durante uma viagem de negócios a França, divulgou ontem a empresa. O empresário de 57 anos foi uma das figuras-chave na expansão do HNA, um dos maiores grupos privados chineses e um dos principais visados das advertências das autoridades chinesas sobre “investimentos irracionais” no estrangeiro, que podem “acarretar riscos” para o sistema financeiro do país. Em Portugal, a empresa tem uma participação na Atlantic Gateway, consórcio que detém 45 por cento da TAP. Uma das suas subsidiárias, a Capital Airlines, inaugurou em Julho de 2017 o primeiro voo directo entre a China e Portugal. O grupo tem ainda importantes participações em firmas como a Swissport ou o Deutsche Bank. A morte de Wang surge numa altura em que a empresa se está a desfazer de activos, visando resolver os seus problemas de liquidez e altos custos de financiamento. Só este ano, o HNA vendeu mais de 14 mil milhões de dólares (12 mil milhões de euros) em activos. Com uma participação de cerca de 15 por cento, Wang era um dos maiores accionistas do grupo. O outro cofundador, Chen Feng, também detém 15 por cento da empresa.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteRita Gomes, ou Wasted Rita, participa na exposição “AlterEgo” | Absolutamente irónica Os seus trabalhos estão povoados de sarcasmo e ironia. Às vezes são uma expressão do que pensa sobre o mundo, outras são apenas um exercício “egoísta”. Em todas elas podemos conhecer as várias facetas de Rita Gomes. Ela é Wasted Rita, a jovem artista portuguesa admirada por Madonna. Wasted Rita está em Macau para participar na “AlterEgo”, exposição que reúne 27 artistas chineses e de língua portuguesa Falemos desta exposição. Tem algumas referências ou críticas ao jornalismo que se faz hoje em dia e também a Donald Trump. É uma crítica aos tempos modernos, à sociedade contemporânea? Vou dar um bocado de contexto: estas duas exposições na Taipa [nas Casas Museu da Taipa] estão inseridas no tema Globalização. Durante a pesquisa pensei no tipo de coisas que existem em todo o mundo e as que poderia comentar, não criticar. Pensei em seres humanos, nas questões existencialistas que nos são inerentes e depois fui um bocado influenciada pelo turismo massivo que está a começar a existir na Europa, e provavelmente na Ásia também. Fui influenciada pelas lojas de lembranças e quis fazer uma falsa loja de lembranças mas tendo o existencialismo como tema, e não o turismo, a cidade. Sim, abordo muito os temas mas mais a nível individual, da existência, da ansiedade, de procura, significado, do que propriamente o jornalismo ou o Trump, embora essas coisas estejam incluídas. É a sua visão sobre essas questões. Sim. O meu trabalho é sempre a minha visão sobre o que quer que esteja a falar. Considera que o seu trabalho é muito intimista e que revela muito de si? Estava a pensar nalguma peça nesta exposição que não seja intimista e não me lembro, por isso sim, acho que tudo é bastante eu. Como são tantos bocadinhos de eu, acabas por não perceber grande coisa, ficas só confusa. Eu ficaria confusa porque lanço muita informação sobre mim, e muitas vezes contraditória. Participa nesta exposição colectiva. O que acha da experiência de estar numa exposição que junta artistas de língua portuguesa e também chineses? Essa experiência só está a começar agora, porque só agora é que estão a chegar os outros artistas. Cheguei muito cedo porque tenho uma exposição que acaba por ser a solo, então precisei de mais tempo, mas ainda não estive com ninguém, a não ser pessoas que já conhecia. Esperava esta oportunidade de vir expor em Macau? Não, de todo. Mas eu também não espero nada do que me acontece na vida. Vou vivendo e às vezes acontecem coisas fixes e eu fico “wow, que giro”. Em 2015 recebeu um email de Bansky e a partir daí tudo mudou. Acha que a sua carreira tem tido um percurso surpreendente? Não foi bem a partir do convite do Bansky. Já antes fazia bastantes exposições em Lisboa e na Europa, mas sim esse convite trouxe uma credibilidade e procura pelo meu trabalho um pouco mais forte. Mas não penso muito no meu percurso, tento não fazer isso. Se calhar penso nisso no último dia do ano mas arrependo-me. Não quero muito estar a pensar no meu percurso, o que é que já fiz e o que vou fazer, porque isso cria uma pressão além daquela que eu já tenho em mim, de viver todos os dias e tentar estar bem. Não preciso dessa pressão, vou só tentando apreciar o que acontece e divertir-me com as oportunidades que tenho. Disse numa entrevista que ainda não tinha chegado à conclusão se é artista ou ilustradora, uma vez que a sua formação de base é na área do design. Já tem mais certezas relativamente ao que é como profissional? Não, mas espero nunca ter, porque acho que estar sempre aberta a explorar tantos suportes diferentes e maneiras de expressar é o que me faz também continuar a ter vontade de fazer coisas e de criar. Sim, acho que tudo isto se pode englobar, de uma forma muito geral, na ideia de artista plástica, mas muito do trabalho que fiz para esta exposição está ligado ao design gráfico. Rótulos e pressão é uma coisa que eu não quero colocar em mim própria. Consegue explicar o seu processo criativo, do momento em que começou a desenhar e percebeu aquilo que queria de facto fazer? Comigo, a maior parte das vezes, é precisamente ao começar a fazer algo que começo a ter ideias. Daí que o meu trabalho tem muitos erros e muitas coisas apagadas, porque todo o meu processo criativo sou eu a fazer na altura uma ideia que estou a ter e vou sempre mudando de ideias. É uma coisa bastante ansiosa e acho que a maior parte das pessoas não consegue lidar muito bem [com isso]. Não artistas, mas galeristas, pessoas que estão envolvidas no processo não conseguem perceber muito bem. É difícil explicar aquilo que está a fazer? Já aconteceu não ser compreendida? Espero acabar um trabalho e depois as pessoas se quiserem perceber percebem, se não, não interessa. Não estou a tentar que toda a gente perceba. Não faz parte de mim fazer propaganda para as pessoas perceberem tudo o que eu estou a fazer. Tem uma obra que diz “Girls just want to cum and have fundamental rights and then cum again”. Tem como objectivo ser interventiva na sua expressão artística? Tenho o objectivo de criar coisas que me ajudam a compreender e a transmitir a minha compreensão do mundo. Isso acaba por fazer com que as minhas obras chamem a atenção para assuntos actuais. Também só costumo usar no meu trabalho coisas que estão a acontecer no mundo, é muito um trabalho diário do que acontece. Tenho esse objectivo mas também não o tenho. Acho que acaba por ser isso, mas o objectivo principal é estar só a desanuviar coisas. O meu objectivo principal se calhar é bastante mais egoísta, mas se o resultado final não tivesse um significado para as outras pessoas, se não fosse importante para um público já teria desistido de passar mensagens. Fez uma exposição em Lisboa em Outubro, com o título “As happy as sad can be”, que expressa o facto de que nem todos nós temos de estar sempre felizes. Está em Macau, com uma exposição ligada ao tema da globalização. Que outros temas quer explorar? Esta exposição também aborda muito o existencialismo, a depressão e a ansiedade, precisamente por ser uma coisa global. Como disse quis abordar duas coisas que fossem globais, as lojas de turismo e o existencialismo. Não gosto muito de falar do que ainda não está completamente confirmado. Mas nesse intervalo também fiz uma instalação de um falso funeral do patriarcado em Roma, com uma coroa de flores, velas e uma instalação sonora e imagens de Donald Trump e outros elementos feministas. Quando acabou o curso não queria ser designer e os seus pais disseram-lhe para ser independente. Ao fim de uns anos está a construir uma carreira internacional. Foi surpreendente? Para os meus pais foi de certeza (risos). A primeira vez que fui a Paris lembro-me do meu pai estar no carro, levar-me ao aeroporto e perguntar-me se aquelas pessoas eram mesmo galeristas, se não me iam roubar. Foi uma surpresa enorme para eles e para mim também. Mas também não me consigo imaginar a fazer outra coisa. Até a Madonna elogiou o seu trabalho. É. Não tenho muito a dizer sobre isso. É só surreal. Há coisas que acontecem que são indescritíveis e que eu nunca pensei que fossem acontecer. Tipo o Bansky e a Madonna. Se me dissessem que aquela cantora que estava a cantar na MTV ia comprar trabalhos meus e que ia elogiar-me eu ia achar que não era possível, que queria outra pessoa. Acha que trouxe algo de diferente ou inovador? Não sei, nunca pensei nisso. Não acho que isso de ser inovador seja assim tão importante, até soa a uma coisa de alguém que é empreendedor. Aliás, já defendeu não ter muito jeito para a gestão da sua carreira em termos de finanças e imagem. Deixa que as coisas andem ao seu rumo. Sim, às vezes se calhar demais. (risos). Às vezes poderia aproveitar muito mais a vida, às vezes não tenho uma exposição e deixo que nada aconteça, e deixo-me cair por caminhos perigosamente negros, e depois preciso de algo para me puxar. Acho que qualquer pessoa que trabalha como freelancer lida com isto. Calculo que ainda não tenha tido muito tempo para conhecer Macau, porque acaba hoje de montar a sua exposição, mas acha que é um lugar que a vai inspirar para os próximos trabalhos? Qualquer sítio que não seja “white people related” é tudo o que eu quero neste momento. Falo da Ásia e de outras culturas que na Europa não são tão conhecidas. Porquê o nome Wasted Rita? Essa é uma história muito triste do fim de uma relação de quatro anos, com um jovem que só me fez mal, e eu vivia na sombra dele. Além disso, tinha estudado num colégio de freiras e era uma pessoa muito tímida, sem qualquer poder de dar opiniões. Estava a acabar a faculdade e queria ser eu. A palavra Wasted é absolutamente irónica.
Hoje Macau SociedadeTabaco | Casinos pediram 68 salas de fumo. Serviços de Saúde aprovaram uma [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde de Macau (SSM) aprovaram apenas a abertura de uma sala de fumo do total de 68 pedidos feitos por 11 casinos, aponta um comunicado oficial. Os dados são relativos ao período entre Janeiro e 30 de Junho. Além disso, os SSM realizaram um total de 436 inspecções aos casinos, feitas em conjunto com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Houve um aumento de 39,7 por cento no número de inspecções, tendo-se registado também um aumento do número de pessoas a infringir a lei, ou seja, mais 131,1 por cento. Um total de 781 indivíduos foram apanhados a fumar em zonas ilegais. O comunicado lembra ainda que os pedidos para a criação de salas de fumo devem ser feitos até ao dia 28 de Setembro deste ano, uma vez que a partir do dia 1 de Janeiro de 2019 “será totalmente proibido fumar nos casinos, em locais como áreas comuns de jogo e nas salas de VIP, salvo nas salas de fumadores que sejam autorizadas e que cumpram os novos requisitos constantes da lei de controlo do tabagismo”.
Victor Ng SociedadeConsumo | Inquérito revela menos satisfação na restauração e retalho [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m inquérito conduzido pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (UCTM) revela que os índices de satisfação dos consumidores relativos ao sector da restauração e do retalho sofreram uma quebra este ano. Os autores do inquérito consideram, segundo um comunicado, que as empresas devem melhorar neste sentido. O índice de satisfação em relação ao sector do retalho é de 72,9 pontos (de 0 a 100), abaixo dos 74,3 pontos registados em 2017. As razões para esta queda prendem-se com “a menor satisfação em relação à qualidade dos produtos e dos serviços prestados, além do facto dos consumidores sentirem que aquilo que compram vale menos do que o montante que pagam”. A quebra no sector da restauração foi mínima, de 70,9 em 2017 para 70,7 este ano. A MUST explica que os inquiridos consideram-se mais satisfeitos com a qualidade de comida, mas menos satisfeitos com a qualidade do serviço. Os autores do inquérito consideram ainda que as empresas devem estar atentas à mudança naquilo que os consumidores procuram e à relação qualidade-preço para que haja uma tendência crescente do nível de satisfação dos clientes.
Hoje Macau PolíticaSegurança do Estado | Revisão da lei finalizada até ao início de 2019 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] versão preliminar da Lei da Defesa da Segurança do Estado, que regula o artigo 23 da Lei Básica, está finalizada e encontra-se em processo de melhoria e “aperfeiçoamento de algumas disposições”. A informação foi avançada, ontem, por Wong Sio Chak, que disse ainda esperar ter a versão final até ao fim do corrente ano ou ao início do próximo. Por outro lado, admitiu a possibilidade de haver uma consulta pública sobre o diploma “se houver essa necessidade”. Em relação ao “Regime Jurídico de Intercepção e Protecção de Comunicações”, o objectivo passa por lançar a consulta pública ainda no terceiro trimestre. Caso tal não seja possível, a auscultação das opiniões deverá acontecer até ao final do ano.
Hoje Macau Manchete SociedadeDiplomacia | Ministro português da Cultura em vista oficial a Macau O ministro da cultura português, Luís Castro Mendes, chega amanhã a Macau para participar no fórum cultural entre a China e os países lusófonos. O evento insere-se no “Encontro em Macau”, festival de artes e cultura, que traz ao território trabalhos de artistas internacionais [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, viaja esta semana até Macau para participar num fórum cultural entre a China e os países lusófonos, que tem procurado, através da língua e da cultura, intensificar o intercâmbio entre as partes envolvidas. O responsável pela pasta da Cultura vai estar presente, amanhã, na abertura da exposição “Chapas Sínicas – Histórias de Macau na Torre do Tombo”, um conjunto de documentos em chinês que retrata a cooperação entre as autoridades chinesas e portuguesas em Macau durante a dinastia Qing (1693-1886). As Chapas Sínicas – assim chamadas devido ao carimbo que era colocado na correspondência – compreendem um total de 3.600 documentos, referentes ao período entre 1693 e 1886, e fazem parte do acervo do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa. No ano passado, foram inscritas no registo da memória do mundo da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). A partir de sábado, 102 destes documentos vão estar patentes em Macau, sendo que 35 foram traduzidos, na época, do chinês para português. Diversidade bilateral A inauguração antecede a abertura oficial do Fórum Cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa, no sábado, durante a qual se esperam intervenções do ministro e de outros oradores. Nas palavras do Instituto Cultural de Macau (IC), este fórum “dedicado à diversidade” contribui para o “intercâmbio e a cooperação cultural sino-portuguesa”, e está integrado num evento ainda maior: Encontro em Macau – festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa. A 1.ª edição do encontro arrancou na terça-feira com a projecção, no Centro Cultural, do filme “Ira de Silêncio”, última obra do realizador chinês Xin Yukun. A primeira longa-metragem do cineasta português Manoel de Oliveira, “Aniki-Bóbó”, e o documentário “Douro, Faina Fluvial” vão encerrar o alinhamento do festival de cinema, que conta com um total de 24 filmes e 23 sessões de projecção, de acordo com o IC. Além do Festival de Cinema e do Fórum Cultural, O “Encontro em Macau” organiza ainda, durante o mês de Julho, uma exposição anual de artes e um serão de espetáculos.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeANIMA | Contrabando é a única hipótese para venda de galgos no continente Há lojas no interior da China a vender galgos de Macau, noticiou o Jornal Tribuna de Macau. Albano Martins, presidente da ANIMA, acredita que, se os animais forem de facto da RAEM, só podem ter sido contrabandeados. Entretanto, Delfina To Sok I, do conselho de administração do IACM, disse que o Governo nada pode fazer antes do dia 21 de Julho, data em que Yat Yuen tem de abandonar o terreno [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] uma situação pouco clara que deixa muitas dúvidas ao presidente da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA), Albano Martins. O Jornal Tribuna de Macau noticiou ontem que há lojas de animais da China a vender galgos, alegadamente oriundos de Macau, por milhares de renmimbis, dependendo da condição dos animais. Só uma loja diz ter na sua posse 23 galgos, mas não explicou como obteve. Em declarações ao HM, o presidente da ANIMA garante que podemos estar perante um caso de contrabando. “O número de galgos que está a ser colocado à venda é maior do que o número que foi avançado pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), relativo às pessoas do continente que tinham adoptado, apenas 15. Se eles saíram para a China, saíram sem licença de importação, de certeza absoluta, e terão sido contrabandeados. Os galgos podem também estar a ser vendidos como se fossem de Macau e serem da China. A última hipótese é que podem estar a vender galgos que ainda não chegaram ao continente.” Albano Martins defende, contudo, que estamos perante “uma situação muito confusa”. “Os cães não deviam lá estar, porque é preciso uma licença de importação que não é dada a animais que sejam de estimação, como galgos. Se é verdade [a venda de galgos de Macau], significa que os animais foram contrabandeados, porque não há autorização de entrada desses animais como sendo de estimação”. Na visão do presidente da ANIMA, as autoridades deveriam verificar já o verdadeiro paradeiro dos galgos que estão a ser anunciados para venda online, apesar do IACM ter anunciado que, até ao próximo dia 21, nada pode fazer em relação aos animais, que são propriedade do Canídromo até essa data. “Era importante saber que animais são, para saber como é que eles saíram de Macau. Mesmo que um adoptante tenha vendido a outra pessoa, as autoridades podem tentar chegar ao traficante. É muito simples de apanhar, a não ser que o Canídromo tenha dado animais fora desse controlo.” IACM desconhece transfusões Ontem, à margem de uma reunião da Assembleia Legislativa (AL), Delfina To Sok I, membro do conselho de administração do IACM, adiantou que as autoridades desconhecem os casos de galgos que terão sido usados para transfusões de sangue em clínicas veterinárias. “Não temos dados sobre a utilização dos animais para procriação, nem para transfusões. Talvez os forneçamos mais tarde”, disse apenas. Apesar disso, o Canídromo chegou a ser alvo de uma inspecção sobre a possibilidade de se realizar procriação com galgos. “Desde que entrou em vigor a lei da protecção dos animais que temos inspeccionado não só o Canídromo como todos os locais em Macau. Fomos lá fazer inspecções”, frisou Delfina To Sok I. “Neste momento, a responsabilidade de escolher o destino dos cães e o proprietário é do Canídromo. Neste momento, não devemos ter grande intervenção. Só vamos intervir a partir de 21 de Julho, que é o momento da caducidade do contrato da concessão. Só aí é que vamos poder falar sobre o aspecto”, acrescentou a responsável do IACM, que deixou bem claro que não há qualquer margem de manobra para a extensão do contrato de concessão do terreno. Uma farsa A denúncia de que há galgos à venda na China partiu da deputada Agnes Lam, que já entregou uma interpelação escrita a pedir a intervenção do Governo sobre o futuro dos animais. A administradora do IACM garantiu que há soluções pensadas mas que não podem ainda ser divulgadas publicamente. Entretanto, o Canídromo disse que recebeu 127 pedidos de adopção, o que, para Albano Martins, é prova de que os 650 formulários entregues pela ANIMA foram ignorados. “Isto deixa muito mal o Canídromo nesta fase final e só vem confirmar que não é uma entidade suficientemente responsável para conduzir esta campanha até ao fim em prol dos animais. Também deixa mal as autoridades de Macau, que não controlam nada e deixam fazer exactamente o que querem. Ainda por cima anunciam online que vão vender animais de Macau num número bastante superior aos animais que saíram. Isso significa que aquela adopção foi mesmo uma farsa”, concluiu Albano Martins.
Victor Ng Manchete PolíticaResidência | FAOM quer normas definidas e investigações na atribuição de BIR Deputados ligados à FAOM afirmaram ontem, em conferência de imprensa, que são necessárias políticas claras para aceitação de pedidos de residência por investimento. Quando à residência para técnicos especializados, Ella Lei quer que esta categoria incida apenas sobre “talentos raros” [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) quer que os pedidos de residência por investimento e por título de técnico especializado sejam investigados. Em causa estão as denúncias dadas a conhecer recentemente pelo relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC). O documento revelou negligências por parte do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento (IPIM) no que respeita à aceitação de pedidos de residência. Ella Lei ressalvou que na origem dos problemas registado está, acima de tudo, a falta de políticas claras. A deputada dá exemplos: “A lei não define claramente em que termos é que se pode considerar um investimento relevante para que possa ser atribuída residência”. Na conferência de imprensa de ontem, em que também participaram outros três deputados ligados à FAOM, Leong Sun Iok, Lam Lon Wai e Lei Chan U, Ella Lei explicou ainda que, apesar de existirem instruções internas relativas aos valores de referência, que rondam investimentos de um montante mínimo de certa de 13 mil patacas, resta saber se este montante é relevante. Por outro lado, alerta, há casos fraudulentos com referência a outros montantes e em que o IPIM não cumpriu os requisitos exigidos antes de aprovar os pedidos. Raridades No que respeita aos pedidos de residência tendo em conta o cargo de técnico especializado, Ella Lei considera que só devem ser aprovados quando se tratarem de “talentos de elite, difíceis de encontrar na região”. A deputada considera que os requisitos exigidos são “demasiado leves” tendo em conta que as condições se limitam a ter uma licenciatura, um contrato de trabalho e um salário dentro da média local. Para Ella Lei é inaceitável que pessoas que apenas apresentaram o certificado do ensino secundário tenham visto os seus pedidos de residência aprovados pelo IPIM. O deputado Lam Lon Wai considerou que o Governo deve investigar os pedidos registados nos últimos sete anos, para esclarecer se constam casos em que estão envolvidas irregularidades.
Hoje Macau Manchete PolíticaFong Soi Kun | Chefe do Executivo aceita decisão do Tribunal de Segunda Instância [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo não vai recorrer da decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI), que aceitou a providência cautelar para que o ex-director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos receba a pensão por completo, até haver uma decisão final sobre a sanção que lhe foi aplicada, após a passagem do tufão Hato. “O Chefe do Executivo, após consulta jurídica, não questiona os fundamentos do Acórdão do Tribunal de Segunda Instância que decidiu a suspensão de eficácia requerida pelo Senhor Fong Soi Kun”, afirmou o Gabinete do Porta-Voz, em comunicado.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaZona A precisa de mais estruturas complementares na primeira fase de construção, defendem deputados [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s deputados da comissão de acompanhamento para os assuntos de terras e concessões públicas entende que as estruturas complementares à habitação pública prevista para a zona A dos novos aterros, devem estar prontas antes da fase inicial de ocupação das habitações. A ideia é sugerida no relatório de acompanhamento da situação das obras dos novos aterros e do seu planeamento. O plano urbano da zona A prevê a construção de dois mercados na área norte que se inserem na primeira fase do plano de construção de habitação pública. Esta primeira fase abrange oito lotes de terreno, sendo que setes são destinados à construção de sete mil fracções e apenas um, às execução de um mercado “onde se prevê a edificação em cima do mesmo de algumas instalações sociais”, refere o documento. De acordo com o Governo, a construção do “Bairro das Escolas” enquanto estrutura de apoio também não irá “esperar pela conclusão da 2º, 3º e 4º fases dos planos de habitação pública destinado àquela zona”. No entanto, para a comissão estas medidas podem não ser suficientes. Os deputados argumentam com a lição que se deveria ter tirado depois dos problemas revelados pelo projecto de Seac Pai Van. Segundo o relatório da comissão, a primeira fase de ocupação do projecto de habitação pública exige instalações complementares para satisfazer as necessidades de sete mil famílias, o que em termos de número de habitantes pode corresponder a mais de 20 mil pessoas. Neste sentido, e com a planta ainda por elaborar, os deputados sugerem que o Executivo tenha em conta um melhor aproveitamento das áreas de rés-do-chão dos edifícios destinados a habitação para “aí haver instalações de comes e bebes e de lazer, além da construção dos respectivos mercados ou outros centros comerciais”. O objectivo, refere o documento, é “facilitar a vida da população, criar uma vida de lazer e promover o desenvolvimento de PME”. Reuniões crescentes Os trabalhos referentes às plantas da primeira fase do plano de habitação pública para a zona A dos novos aterros tiveram início no ano passado e precisam agora de análise por parte do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) num processo que pode ser moroso e contribuir para mais atrasos. Neste sentido, a comissão sugere que seja encurtado o espaço de tempo entre as reuniões do CPU. O Governo, por seu lado, concorda com a sugestão e mostra disponibilidade na convocação de reuniões destinadas especificamente à discussão das plantas de condições urbanísticas de habitação pública. Ainda de acordo com o Governo “uma vez emitida a planta de condições urbanísticas, poder-se-á então, de imediato, divulgar a calendarização para a concepção e as obras”.
Hoje Macau PolíticaInstituto Assuntos Municipais | Lei vai ser votada antes de 15 Agosto [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Segunda Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) espera que o documento que vai criar o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) seja votado em plenário na especialidade. Segundo o canal chinês da TDM, esta foi a principal conclusão da reunião de ontem, na qual o Executivo manteve a posição de não legislar a possibilidade das pessoas se auto-proporem para serem nomeadas para o Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais. Porém, os representantes do Governo admitiram que vai ser anunciado um sistema específico para esse efeito, posteriormente.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaMetro Ligeiro | Atraso na lei pode atrasar entrada em funcionamento da infra-estrutura O Governo insiste que o Metro Ligeiro vai entrar em funcionamento em 2019. Mas para que isso aconteça é necessário que os processos legislativos sejam concluídos atempadamente. De acordo com a comissão de acompanhamento para os assuntos de terras e concessões públicas, a inexistência de uma proposta de lei a este respeito e os atrasos na criação da empresa de gestão do projecto podem resultar no atraso na circulação do metro ligeiro [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s deputados da comissão de acompanhamento para os assuntos de terras e concessões públicas temem que os atrasos do processo legislativo sobre a lei do sistema de transporte do Metro Ligeiro (ML) impeçam a entrada em funcionamento da estrutura, prevista para 2019. A informação é dada pelo relatório da comissão de acompanhamento. “Quanto ao ponto da situação do processo legislativo relativo às respectivas leis e regulamentos, por enquanto, [os elementos do Governo] não avançaram à comissão nenhuma calendarização para o referido efeito”, lê-se no documento. No entender dos deputados da comissão, os regimes jurídicos que vão regulamentar o ML devem estar em articulação com o funcionamento da própria empresa. No entanto, a ausência de datas para finalizar as leis e criar a empresa de gestão pode comprometer a entrada em funcionamento do transporte. A consulta pública referente ao regime jurídico da lei do sistema de transporte de ML terminou em Abril do ano passado. Em Julho foi publicado o relatório e produzido um ante-projecto da proposta de lei que foi entregue para análise aos serviços técnicos. O documento, refere a comissão, tem sido alvo de constantes aperfeiçoamentos pelo que não tem ainda uma versão para ser apresentada e votada na generalidade na Assembleia Legislativa. Empresa atrasada Simultaneamente, e dada a necessidade de criação de uma empresa com fundos públicos responsável pela exploração do ML, o Governo apontou que “iria envidar todos os esforços para criar a empresa de exploração do sistema até ao segundo trimestre deste ano”. A meta já foi ultrapassada e, até agora, não existe informação acerca da criação da referida empresa. Entretanto, e de acordo com o mesmo documento, o Governo “aclarou” que a linha da Taipa vai mesmo entrar em funcionamento no próximo ano, apesar das ligações a Seac Pai Van e à península de Macau não terem ainda datas apontadas. De acordo com o Executivo, não será com certeza para o próximo ano. Problemas sem solução A comissão apontou também alguma preocupações quanto à sustentabilidade financeira do projecto dada a sua dependência exclusiva da venda de bilhetes de transporte. Para os deputados seria uma mais valia a instalação de estabelecimentos comerciais dentro das estações de metro. Mas, “segundo a explicação do Governo, tendo em conta a limitada área de construção de terreno, já não há, nesta fase solução”, refere o relatório. O Executivo admite que “vai enfrentar grandes desafios e dificuldades aquando do seu funcionamento”, até porque se trata de uma situação em que não há rendimentos comerciais, “a que acrescem ainda os elevados custos com a reparação e manutenção do ML com a contratação de pessoal”, admite. Metro para todas as ocasiões De acordo com o relatório da comissão de acompanhamento para os assuntos de terras e concessões públicas relativo ao Metro Ligeiro (ML), há deputados que sugerem o funcionamento destas infra-estrutura nos dias de tufão. “Em Macau enquanto cidade turística que funciona 24h por dia e sob qualquer condição climatérica, é já muito comum ver os cidadãos terem de ir trabalhar nos dias de tufão e assim sendo [os deputados] propuseram às autoridades para ponderar a manutenção dos serviços do ML nos dias de tufão”, lê-se. Segundo o mesmo documento, caso seja impossível assegurar este transporte, há elementos da comissão que pediram ao Executivo para ponderar a continuidade da circulação de autocarros. Em resposta, o Governo argumenta que “por razões de segurança, em situações desnecessárias, os cidadãos não devem fazer deslocações nos dias de tufão”. O Executivo salienta ainda o facto dos seguros poderem não abranger os acidentes ocorridos nestes dias de mau tempo, por isso, nem o ML nem autocarros públicos circulam quando é içado o sinal 8 de tufão.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAcidente | Troca de botija de gás na origem de explosão mortal na Areia Preta Uma mulher morreu e quatro pessoas continuam internadas, três em estado grave, na sequência do acidente no restaurante do Edifício Pak Lei. Wong Sio Chak prometeu uma investigação ao caso, mas o IACM refere que na última inspecção ao estabelecimento, em Maio, tudo estava dentro da legalidade [dropcap style≠’circle’]“S[/dropcap]into que o meu coração está emaranhado”. Foi desta forma que Chu, pai da vítima mortal, reagiu à tragédia causada pela explosão do restaurante no Edifício Pak Lei, na terça-feira à noite. Em declarações aos meios de comunicação de língua chinesa, ontem de manhã, o homem revelou que estava em casa, quando a polícia tocou à campainha e lhe disse que a sua filha era uma das envolvidas na explosão. Quando chegou ao Centro Hospitalar Conde São Januário foi informado que a sua filha tinha morrido. Eram 21h45 de terça-feira, quando a mulher local de 34 anos, mãe de um rapaz, circulava no corredor do Edifício Pak Lei de acesso aos elevadores de prédio. Foi nesse momento, que do outro lado da parede, onde fica o restaurante, se deu a explosão que lhe causou ferimentos graves, nomeadamente várias facturas e rebentamento de órgãos internos. Apesar de ter sido levada para o hospital ainda com vida, acabou por não resistir aos ferimentos. Ainda em declarações à comunicação social, Chu sublinhou que a filha não tinha tido qualquer responsabilidade no acidente, que tinha sido uma vítima e que tinha uma vida bem organizada e em família. O pai da mulher de 34 anos frisou também que a filha tinha sido muito trabalhadora e que se tinha dedicado a organizar a sua vida logo após a conclusão dos estudos universitários. Por outro lado, Chu reconheceu ter sido apanhado completamente de surpresa pelo sucedido e estar a atravessar uma fase caótica. O pai da vítima mortal informou igualmente os repórteres que está a ser acompanhado por assistentes sociais disponibilizados pelo Governo. Três feridos graves Além da vítima mortal, há ainda mais três feridos graves que têm entre 34 e 54 anos. Segundo o comunicado do Centro Hospitalar Conde São Januário, uma das pessoas sofreu uma fractura do fémur e foi operada ontem, de urgência. Outra ficou em estado grave e apresenta queimaduras de segundo grau em 25 por cento do corpo. Neste momento, está internada na Unidade de Cuidados Intensivos. Finalmente, a terceira pessoa ferida está internada sobre observação permanente na sequência dos vários cortes que sofreu no corpo. A juntar à vítima mortal e os três feridos graves houve ainda três feridos ligeiros, dos quais um está internado. De acordo com as informações oficiais, a maior parte dos ferimentos das pessoas que tiveram alta eram essencialmente “contusões superficiais”. Contudo, um dos feridos ligeiros precisou de ficar internado devido a uma concussão. Troca de botija na origem Segundo o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, as investigações iniciais apontam para que na origem do acidente tenha estado a troca negligente de uma botija de gás e a instalação incorrecta da mangueira de fornecimento. “De acordo com as averiguações preliminares do Corpo de Bombeiros suspeita-se que a fuga de gás ocorreu durante a substituição de botijas de gás, devido à falta de cuidado”, afirmou, de acordo com um comunicado do Governo. O secretário, que fez uma visita ao local e às vítimas no hospital, prometeu também averiguar o que realmente se passou. “A investigação do caso será liderada pelo Ministério Público, com o objectivo de apurar responsabilidades e no sentido de se verificar se houve violação da lei”, acrescentou. Última Inspecção em Maio No entanto, as investigações preliminares apontam para que o restaurante estivesse a operar dentro da legalidade. Segundo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, o espaço tinha mesmo sido inspeccionado há cerca de dois meses, em Maio. “De acordo com os dados disponíveis neste momento, o estabelecimento possui a devida licença para operar e apenas tinha quatro botijas de gás, o que cumpre os requisitos da lei. Em termos da segurança, o limite máximo são quatro botijas e o estabelecimento estava dentro do limite”, explicou Delfina To Sok I, Administradora do Conselho de Administração IACM, aos jornalistas, à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa. “A última inspecção ao restaurante tinha acontecido em Maio deste ano. Na altura, estava tudo em conformidade com as exigências”, acrescentou. Ainda de acordo com Delfina To a última revisão da lei aconteceu em 2016, quando o número de botijas de gás autorizado nos restaurantes foi aumentado de dois para quatro. Contudo, existe a possibilidade de haver uma reunião com o Corpo de Bombeiros para discutir a instalação em restaurantes de tecnologias que permitam detectar prematuramente possíveis fugas de gás. Delfina To informou também que são conduzidas inspecções com regularidade e que o IACM tem cerca de 100 agentes para o efeito, um número considerado suficiente por agora: “O problema não são as multas [impostas durante a fiscalização], o que é necessário é implementar tecnologias e aumentar a sensibilidade dos proprietários para este aspecto”, frisou. Visitas ao local Após a ocorrência do acidente foram vários os governantes que fizeram visitas ao hospital e ao local. O primeiro a chegar ao CHCSJ, em nome do Executivo, foi Wong Sio Chak, que foi acompanhado por Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde (SSM). Em conversa com os feridos, o secretário para a Segurança exprimiu as “mais sentidas condolências” e prometeu que o Governo “vai disponibilizar todo o apoio necessário às famílias”. Também Lionel Leong, secretário para a Economia e Finanças, foi ao local do acidente e prometeu ajuda a todos os comerciantes afectados pela destruição causada pela explosão. Os afectados foram logo identificados durante a manhã de ontem e poderão pedir ajuda à Divisão de Apoio às Actividades Industriais e Comerciais da Direcção de Serviços de Economia. Ainda durante o dia de ontem as autoridades distribuíram panfletos com indicações para que residentes e comerciantes saibam como utilizar em condições de segurança equipamentos com gás. Condolências | Chui Sai On enviou carta a família enlutada O Chefe do Executivo enviou uma carta à família enlutada a manifestar “a profunda consternação pelo sucedido” e “expressou os seus pêsames”. A informação foi avançada pelo Governo, que não revelou se Chui Sai On se mostrou disponível para se encontrar com os familiares da vítima, ou qual a razão de não o ter feito, apesar da família da vítima mortal ter estado, ontem, no local do acidente. Também Chui Sai On esteve, por volta das 15h de ontem, na Areia Preta a visitar o Edifício Pak Lei, onde aconteceu a explosão. A visita foi feita sem que tivesse havido qualquer anúncio à comunicação social. Segundo o comunicado do Governo, durante a deslocação ao norte da cidade, depois da visita de Wong Sio Chak, o Chefe do Executivo mostrou “preocupação quanto a eventuais impactos causados pelo incidente no dia-a-dia dos habitantes da zona” e deu instruções às autoridades “para se empenharem também nos trabalhos de garantia da segurança dos residentes”. Chui Sai On foi depois ao hospital Conde São Januário. Na unidade hospitalar, garantiu aos “estar atento ao estado de saúde e à recuperação dos feridos” e desejou-lhes “as rápidas melhoras”. Porém, o Chefe do Executivo não esteve com a pessoa que apresenta queimaduras de segundo grau em 25 por cento do corpo, devido ao risco de infecções do ferido. Reunião do Governo Além das visitas, Fernando Chui Sai On convocou uma reunião entre os departamentos governamentais para discutir o caso. Segundo o comunicado do Governo, o líder da RAEM terá dado instruções para que o caso fosse investigado com a maior brevidade possível e de forma adequada. Depois pediu o acompanhamento da “situação dos feridos e dos familiares da vítima mortal, prestando-lhes todos os tratamentos médicos de que necessitem”. Chui Sai On insistiu também na necessidade de trabalhar na prevenção de futuros casos e permitir à população seguir com a rotina. Estrutura | Risco de desabamento afastado Apesar da explosão do Edifício Pak Lei ter sido sentida por vários moradores, a estrutura não está em risco de ruir. A afirmação foi feita ontem por Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), após uma visita ao local. Segundo, Li Canfeng, apesar de ontem terem sido colocados pilares temporários para suportar a estrutura, tanto os pilares da construção original como a infra-estrutura não apresentam risco de colapso. Chan Chak Mo apela a maior vigilância O deputado e empresário Chan Chak Mo, responsável por vários restaurantes, defende que é necessário uma maior vigilância na manutenção de equipamentos com gás. “Os donos dos restaurantes deviam estar mais alerta para a necessidade de tomar as medidas de segurança necessárias na utilização de gás, fornos, e estes tipo de equipamentos”, disse Chan Chak Mo. “A manutenção regular é muito importante e quando se causa este tipo de danos eles afectam os bens do restaurante, mas também empregados e a população. Neste caso, morreu mesmo uma pessoa”, acrescentou. Gás | Fuga de monóxido de carbono na Horta e Costa Foi detectada, ontem às 01h, uma fuga de monóxido de carbono numa fracção do Edifício Wa Fai Kuok, na Avenida Horta e Costa. Após o alarme instalado na casa de banho do proprietário ter disparado, o homem chamou de urgência as autoridades. Esta é a segunda vez, em pouco mais de um mês, que a fracção em causa tem problemas, apesar do esquentador ser termoeléctrico e não a gás. Na primeira ocorrência, o homem sentiu-se mal disposto e teve de ser transportado para o hospital. Foi por essa razão que mandou instalar o detector do monóxido de carbono. Segundo as investigações iniciais, a entrada de gases deve ter acontecido pelo exaustor da fracção ligado ao exaustor público e de gases residuais de outras fracções.
Hoje Macau InternacionalJaime Nogueira Pinto critica falta de aposta da CPLP em temas como energia [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] consultor e historiador português Jaime Nogueira Pinto criticou ontem a excessiva atenção dada pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) a temas como os direitos humanos em prejuízo das identidades culturais ou questões energéticas. “A CPLP não assumiu as raízes fortes das identidades culturais e depois, nalgumas áreas onde eu creio que os países CPLP todos têm recursos ou interesses”, como, “por exemplo, a área energética”, não deu a atenção devida, disse Jaime Nogueira Pinto, em entrevista à Lusa a alguns dias de mais uma cimeira da organização que junta Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. O historiador português lamentou que os países-membros da organização não tenham apostado em “criar uma entidade que não fosse só retórica”. Considerando que a CPLP tem optado por caminhos menos corretos, o historiador deu o exemplo da energia como um dos temas que é transversal a vários países de língua portuguesa, ou questões culturais, como o estudo da “identidade das culturas lusotropicais ou lusófonas” e o modo como “isso se manifesta na literatura” ou noutras artes. Os protagonistas da CPLP “agarram-se às discussões como os direitos do homem, que é uma coisa que não é tão forte” em todos os países. Para o historiador, este “é o vício de toda a política contemporânea”, com uma “concentração em temas que são retoricamente simpáticos ou interessantes e não se pega nas questões que são importantes”. A questão da cultura, considerou, “está um pouco por trabalhar ou tem sido trabalhada em áreas ideológicas marginais”. Europa tem de investir mais em África para impedir migrações, diz Jaime Nogueira Pinto O consultor e historiador português apelou a Portugal que sensibilize a União Europeia (UE) para investir em África, de modo a eliminar as razões que levam muitos africanos a quererem emigrar para a Europa. “O grande problema de África” é “a criação de desesperados em série”, com uma miséria galopante e a ausência de perspetivas de futuro, avisou Nogueira Pinto, em entrevista à Lusa, na véspera de uma cimeira em Maputo entre o primeiro-ministro português, António Costa, e o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi. “Criou-se uma ideia de prosperidade que está aí nos jornais e nos nossos telefones portáteis”, mas “as pessoas esqueceram-se de que há uma enorme quantidade de gente que foi completamente excluída desse mundo, e com uma diferença: é que dantes os excluídos não viam o que se passava no resto e agora veem e não têm nada a perder”, disse Nogueira Pinto, considerando que as barreiras naturais do Mediterrâneo e do Saara não são suficientes para proteger a Europa. “Por causa destes problemas todos das migrações e dos refugiados e das consequências políticas que estão a ter no xadrez e no sistema europeu, deveria haver uma consciência de que a melhor maneira de resolver os problemas é acabar com as razões que levam as populações africanas” a “escapar a situações que não são muito felizes nem muito agradáveis”, considerou. Por isso, a UE deveria ter uma “estratégia correta e inteligente, feita com vontade de resolver os problemas, e não apenas de boas retóricas”, que procure “ver à séria quais são os problemas dos países do continente africano de onde estas migrações vão resultando”, salientou. Nogueira Pinto não tem dúvidas de que as causas são as habituais: “instabilidade política, conflitos de ordem étnico-religiosa, falta de empregos, de esperança, de razões de vida”. “Como é mais difícil cruzar o Atlântico ou o Índico, as pessoas sobem e vão continuar a subir” pelo continente africano à procura de melhores vidas, sublinhou. Neste diálogo com o continente africano, Portugal tem um papel importante, porque possui “alguma capacidade de agenciar, até a nível europeu, recursos” que permitam “políticas coordenadas”, sobretudo “ajudando à construção do Estado” em África. Para o investigador, “a maior parte dos problemas de instabilidade nestas áreas é a deficiência do Estado, é a deficiência do poder político que não chega a muitos sítios, subsistência de contradições de ordem tribal ou étnico tribal”. Em causa, salientou o historiador, está a génese de muitos dos Estados africanos, cuja independência foi concedida pelo poder colonial no século XX sem qualquer tipo de guerra de libertação. “Qual é a forma normal de fazer Estados? Guerra da independência, depois guerra civil, depois quem ganha a guerra civil vai para o poder e estabiliza. Foi assim que foram feitos quase todos os países europeus e das Américas”. Mas, na maior parte de África, “fez-se apenas uma pura transição”, em que o “poder colonial entregou aos poderes locais o poder pacificamente sobre um território”. Ao contrário dos países africanos de língua portuguesa, em que a guerra de libertação forjou uma elite política e militar. A isso somaram-se guerras civis nalguns países. “A guerra civil em Angola destribalizou completamente Angola e atirou as pessoas para as cidades”, somando-se a “circulação dos militares pelo país, o que fez com que se criassem famílias de várias origens tribais em vários sítios. Para o bem ou para o mal desapareceram as características das sociedades tradicionais e acelerou o processo de construção nacional” do país, explicou.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesConfissões de uma Femininista [dropcap style≠’circle’]I[/dropcap]nteressante ver como o feminismo continua a ser intensamente discutido, escrutinado e contestado. Nem sequer há um consenso na esquerda. Ser-se feminista nos dias que correm é entendido como um radicalismo – um radicalismo de género. Perceber se isto é verdade ou não, não vai ser amplamente discutido aqui – porque há muitos feminismos, e há muitas formas de perceber as injustiças deste mundo. Vamos partir do princípio que existem formas mais reaccionárias do que outras para tratar deste assunto. Li um artigo de opinião do New York Times em que discutia a possibilidade de nós, mulheres, podermos odiar os homens – à luz de tudo o que tem acontecido e que tem posto o dedo na ferida da desigualdade de género. Esta desigualdade que é amplamente reconhecida no mundo dito em desenvolvimento, mas que ainda está a ser discutido se será um problema ainda por resolver no mundo ocidental. Será legítimo odiar a condição masculina? Será que nos é dada a possibilidade de odiar o violador, o abusador, a pessoa que carrega os valores do patriarcado para todas as acções da sua vida e odiar também, a ideia de homem em geral, o homem que por nascer com um pénis tem asseguradas as vantagens de uma sociedade que valoriza sobejamente os princípios masculinos? Tenho visto as vozes mais críticas preocupadas com o ódio. Estas imaginam que o futuro pelo qual as feministas lutam é um futuro exclusivamente feminino, sem espaço para a masculinidade. Onde as mulheres governam o mundo e põe todos os homens num campo de concentração onde seriam todos exterminados. Primeiro: diria que a maioria das feministas não têm esse objectivo, segundo: se de facto for verdade, acho que qualquer pessoa com dois dedos de testa sabe que o ódio pode escalar para coisas como já vimos acontecer na nossa história. Olhem com o que aconteceu com os Judeus e de como uma narrativa de vitimização tem perpetuado o conflito Israelo-Palestiniano. Ou como a Hungria, um país que durante centenas de anos sofreu ocupações violentas e que contou com o apoio humanitário internacional e agora criminaliza quem ajudar os refugiados que chegam ao país. As vítimas podem tornar-se abusadores. O ódio que as mulheres poderão sentir relativamente à condição masculina, pode ser problemática, confesso. Mas será que a solução é ‘higienizar’ as posições mais reivindicativas? Será que podemos censurar o ódio ou a raiva que se pode sentir? Não acredito que seja assim tão simples. Em Espanha, um grupo de 5 homens violou uma rapariga e oram postos em liberdade mediante o pagamento da módica quantia de 6 mil euros. 6 mil euros não é muito. Como esta ideia enraivece-nos, milhares de pessoas (maioritariamente mulheres) saíram à rua em Espanha para mostrar a sua zanga, a sua consternação. Será que a mostrar ódio também? Nós só conseguimos transformar a nossa negatividade se formos capazes de enfrentá-la. Isto é um princípio básico na psicoterapia – não podemos simplesmente evitar e censurar as nossas emoções, temos que compreendê-las e reconhecê-las para poder transformá-las. O que não quero dizer com isto que as mulheres e os seus ‘radicalismos’ são um problema – não. Estou simplesmente a justificar que sentir ódio, raiva ou o que quer que seja pode não culminar no genocídio masculino, a importância do ódio vem na necessidade de validar muitas injustiças aos quais as mulheres estiveram sujeitas. A verdade é que ultimamente tenho medo de me intitular como feminista. Já recebi reacções muito fortes, como se o meu feminismo fosse da mesma qualidade do racismo ou de outra forma de discriminação. Às vezes ouço as queixas com paciência, outras vezes não. Neste caso em particular, sobre o ódio que pode ser sentido (e alastrado) a preocupação é legítima, e percebo que a qualidade de ‘vítima de um mundo de injustiças’ não dá o direito a ninguém a fazerem o que lhes apetece. O ódio pode simplesmente fazer parte do processo, e não o fim em si mesmo. Não concordará o leitor que o feminismo existe porque ainda é necessário, mesmo que na Arábia Saudita as mulheres já possam conduzir? Ando continuamente a surpreender-me com o tom de desaprovação com que muita gente anda a comentar o valor do feminismo. Não acham gritante que o género feminino componha 50 por cento da população mundial, mas é continuamente caracterizado (e tratado) como uma minoria?
João Santos Filipe DesportoFutebol | Nuno Capela deixa comando do Sporting de Macau Técnico dos leões decidiu encerrar um ciclo “intenso” de dois anos na Liga de Elite para dedicar-se à família e obter a certificação como treinador. Porém, vai estar disponível para analisar propostas futuras. O seu lugar será ocupado pelo, até agora, treinador adjunto Pedro Lopes [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]uno Capela abandonou o comando do Sporting de Macau, após a derrota por 2-0, no domingo, frente ao Benfica de Macau. A saída acontece antes de se começar a disputar a Taça de Macau. Ao HM, Nuno Capela explicou a decisão com o “fim de ciclo”. “Chegou ao fim o ciclo, achei que estava na altura de dar o lugar a outros. Avisei a direcção que iria sair do clube a meio do mês. Infelizmente, depois, surgiu esta questão da taça [de Macau], que nem me passou pela cabeça, quando a comuniquei a saída”, disse o técnico, ontem. “Só tenho de agradecer a oportunidade que me foi dada. Foi importante poder orientar um clube de primeira divisão, numa altura em que estou a começar a treinar. Foi uma experiência fantástica, foram dois anos muito intensos”, acrescentou. A demissão foi acertada a bem e, apesar da questão da Taça de Macau ter surgido depois, Nuno Capela já não vai regressar ao banco: “A participação na Taça de Macau não se coloca”, justificou. Além de treinador da equipa sénior dos leões, Nuno Capela é igualmente um dos responsáveis pela academia. Esta é uma posição que vai manter, pelo menos, até ao final do mês. “Há compromissos assumidos até ao final do mês, que vou cumprir. Depois terá de haver um novo contrato para a academia. Se houver interesse por parte do Sporting vamos conversar sobre esse assunto”, indicou. Em relação ao futuro, o treinador diz que se quer focar mais na família e em obter a certificação como técnico. Porém, se surgir “alguma boa proposta”, diz que está disponível para analisá-la. Partida pacífica A saída do técnico foi anunciada pelo Sporting Clube de Macau através de uma mensagem nas redes sociais, publicada na segunda-feira à noite. A equipa agradeceu o contributo e desejou-lhe as maiores felicidades. “O Sporting Clube de Macau agradece o contributo do Professor Nuno Capela durante as épocas de 2017 e de 2018. O seu papel foi absolutamente fundamental em 2017, quando o SCM garantiu a manutenção na Liga de Elite, numa fase complicada do clube”, recordou a formação. “Foi ainda parte integrante da equipa responsável pela criação da Academia de Futebol Júnior do SCM, assumindo o seu comando técnico, com a capacidade e dedicação que lhe são publicamente reconhecidas”, foi ainda sublinhado. Ao HM, José Reis, director do SCM, também desejou as felicidades a Nuno Capela e confirmou que a saída partiu do técnico, dentro da normalidade, sem que tivesse existido qualquer diferendo entre clube e treinador. Pedro Lopes, que até agora era adjunto de Nuno Capela, é o senhor que se segue no comando da equipa técnica do Sporting de Macau.
João Paulo Cotrim h | Artes, Letras e Ideias«Um rumor na noite!» Horta Seca, Lisboa, 14 Junho [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s idas a Paredes, ao REALIZAR:poesia, ecoam pelas mais diversas razões. Fazem-se com facilidade amizades que perduram. Desta vez e por exemplo, os vizinhos Do Lado Esquerdo apresentaram-me a «Um Tal de Koslowski». Tenho conversado amiúde com a figura, com quem me cruzo quase todos os dias. Nenhuma razão para espanto, tende a acontecer quando personagens literários coincidem com esqueleto do real. «Koslowsky jura a pés juntos ter-se encontrado pessoalmente com Huckleberry Finn, há muitos anos. “Mas ele é apenas um personagem literário!”, protestou alguém. “Também eu sou”, disse Koslowsky.» A criação do poeta alemão, Michael Augustin, que também faz colagens, essa linguagem de restos significativos, nasceu no riquíssimo país do absurdo, que visitei já. Importado para português de corte impecável por João Cláudio Arendt e pelo João Luís [Barreto Guimarães], apresenta-se esculpido em contos curtos, golpes de lógica que volteia no ar e corta em todas as direcções. Cada título surge à maneira de proposição de tratado, como se procurasse, em desespero e com asma, o âmago do ser. Veja-se o cristalino Da pergunta e da resposta: «“É verdade que você, independentemente do que lhe perguntem, dá sempre uma resposta errada?”, pergunta alguém. “É isso mesmo!”, responde Koslowski.» O humor está sempre a querer chegar-se à frente, mas não consegue, nem à força de cotovelo, afastar a melancolia que se instalou de armas e bagagens. Estes olhares que descascam tendem a deixar-nos em carne viva. Trouxe o Mário Henrique-Leiria para a conversa, que, por muito produtiva, acaba sempre de modo abrupto. Tal qual a puta da vida. Em Da proximidade da morte, o Koslowski namora com a senhora da gadanha e entra em coma, nada de grave. «Fui subitamente invadido por um sentimento de conforto semelhante ao calor de um casaco de pele de animal, pois sabia que, em breve, o famoso filme da minha vida passaria diante dos meus olhos. Preparei-me, então, para cenas extraordinárias. Mas a única coisa que vi foram anúncios comerciais». Horta Seca, Lisboa, 15 Junho A placa gráfica do computador encheu-se de pó e curtocircuitou. Tenho uma relação especial com o pó, coisa de amor-ódio que hei-de levar a próxima conversa com o Koslowski. Mas enquanto o pobre do José Carlos [Gonçalves] resolvia o problema “informático” tratei de ouver «Sonatina», escrita por José Miguel Gervásio, e composta para livro pelo mano Miguel [Rocha], que me custa ver tão pouco. Mão amiga e por coincidência havia-me avisado que estava disponível a entrevista dada à Ana [Sousa Dias], há mais de uma década, a propósito do «Salazar, Agora na Hora da Sua Morte», talvez a empresa que mais me satisfez e perturbou (https://arquivos.rtp.pt/conteudos/joao-paulo-cotrim-e-miguel-rocha/). O Miguel mantém relação íntima com o teatro e foi ele que suscitou esta raridade, pequeno livro no meu A5 fetiche, capa dura e crua apenas forrada com sobrecapa, com edição artesanal da Oficina de Impressão e Oficinas do Convento, de Montemor-o-Novo. O conto, esticado quase a pequena novela, poderia ser vivido por um tal de Koslowski, se este tivesse conhecido Bernardo Soares. O absurdo não explode neste caso com o fogo de artifício da (i)lógica, antes procura o reverso do sentido, a bainha onde as minudências se ocultam da narrativa: uma cidade e um porto, talvez um amor, pelo menos um encontro, e rumores não bastam para que as vidas ganhem propósito, para que desfaçam o enigma, se desmanchem em enigma. Como migalhas em labirinto, os minúsculos paladares, gostos, prazeres são transformados em anúncios ilustrados. Bolachas, fósforos, carne enlatada, biscoitos, sabão, sardinhas em conserva, os rótulos inventados, as caixas iluminam-se em evocações do que pode ser a vida. A história seria outra, sem os desenhos, a cadência da paginação, o trabalho de corpos na tipografia, as entradas de capítulo, as duplas páginas engenhosas, o texto estendido à maneira de toalha de piquenique, pronto a acolher os insectos-afectos que recolhemos de velhos grafismos. O meu exemplar tem caderno fora de sítio e resisti à tentação de o tentar corrigir. Se não estivesse atento, poderia ter lido o fim antes, muito antes. Mas nem assim daria desígnio àquelas vidas. As últimas páginas começam por ser manchas ruidosas de cor antes de terminarem com pontos arrumados. Se dançarmos algo se arruma. Antes, um halterofilista de enormes bigodes promete saúde. Na legenda aconselha: «Conservar em lugar seco e fresco. E ao abrigo de insectos.» Horta Seca, Lisboa, 16 Junho O Jorge [Silva], de tanto zombar com a minha tendência para o, chamemos-lhe assim, barroco bucólico, acabou por provar do mesmo veneno. O anódino «Publicidade Ilustrada – 1895 -1972» passou a «O Sono Desliza Perfumado», belo fecho de anúncio, com desenhos de Carlos Carneiro (algures nesta página). O álbum, capa dura em tons de azul texturado, anuncia colecção de prazeres gráficos, todos com raiz na Biblioteca Silva. «Uma biblioteca com facilidade se torna floresta de faróis, se plantada com saber e sabor. Outra coisa não vem fazendo Jorge Silva, no que à ilustração portuguesa diz respeito. Há décadas que demanda, nos baldios do património, com extremo afinco e persistência, a matéria de que é feita a memória gráfica nacional. Como colecionador apaixonado, persegue a presa, indo longe na investigação, não apenas de documentos, mas de figuras e testemunhos, desfazendo o nevoeiro da dúvida, sistematizando o terreno das explicações até à solidez. E depois constrói e comunica, por via de textos e enumerações, alguns recolhidos em Almanaque Silva (https://almanaquesilva.wordpress.com), organizando inúmeras exposições e espalhando-se por aulas e conferências e mais. Almeja tudo recolher, para o ter à mão de semear, debaixo de olho, sem nunca por nunca excluir o gosto. Como bom coleccionador.» São 227 anúncios com trabalhos de Bernardo Marques, Carlos Botelho e Cottinelli Telmo, e tantos outros. De cada vez que folheio, descubro razão para voltar. Antes de mais pelas imagens, também pelos jogos com a tipografia e o grafismo, mas sobretudo pelo desenho puro, as composições engenhosas, o cómico, o realismo, o espírito. Estou sempre a encomendar fotogravuras com Fred Kardofler, a beber café com Luís Flipe Abreu e cerveja com Lima de Freitas. E a dançar no Bristol com Carlos Barradas. Mas também vale a pena voltar para nos vermos ao espelho do que fomos, do que vestimos ou comemos. E do que ainda somos, seguidores cegos do progresso, crentes ingénuos nas propriedades salvíficas da moda. Quase acredito que um telefone nos pode salvar da solidão e do perigo. Horta Seca, Lisboa, 18 Junho Há atrasado, o Ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, considerou em entrevista que «temos pequenos editores que fazem um trabalho notável… a Língua Morta, a Abysmo. Fazem um trabalho importante e publicam autores importantes de poesia, mas não têm a distribuição que deveriam ter.» Agradecemos a atenção, algo distorcida, e apesar da companhia, não tanto pelos livros, mas pela doença do editor. Mas eis que, na altura em que podiam ajudar, as autoridades se negam com argumentos falaciosos. Talvez até tenhamos autores importantes, e até traduzidos para castelhano, mas, pelos vistos, não possuem suficiente sex appeal. Vem isto a propósito de novo bocejo. A comitiva portuguesa à Feira do Livro de Guadalajara, hoje anunciada, confirma aquele mais do mesmo que se faz costume: só o que é mediático é bom.
Sofia Margarida Mota EventosVídeo | Present Future Film Festival aberto a candidaturas O Present Future Film Festival está de volta para apresentar ao público de Macau trabalhos de vídeo e cinema de animação. A 5ª edição do festival, que ocorrerá em Setembro, já mexe e abriu a fase de submissão de candidaturas. Os projectos selecionados serão exibidos em Macau, Taiwan e Japão [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stão abertas as candidaturas para a 5ª edição do festival de vídeo Present Future Film Festival. A iniciativa organizada pelo ICenter visa “facilitar a criação de vídeos e animações”, refere a responsável pelo projecto, Sou Zoe. Paralelamente, o evento propõe-se a levar as produções de autores locais a outros destinos, garantindo a divulgação além-fronteiras do que se faz em Macau. Os filmes candidatos vão ser seleccionados por um júri composto por especialistas do território, Taiwan e Japão. Os vencedores , além de garantirem um lugar no programa da edição deste ano do festival, têm a oportunidade de verem os seus trabalhos distribuídos por parceiros do evento que se encontram nas três regiões. “A ideia deste festival é também construir uma plataforma para a troca de vídeos entre as três áreas geográficas e apresentar os mais recentes trabalhos em vídeo e animação que recebemos”, apontou. Para Sou Zoe “há muitos talentos nesta área, tanto internacionais como locais” que precisam de espaço para mostrarem os seus trabalhos. As candidaturas estão abertas até ao próximo dia 10 de Agosto e o festival no território tem data apontada para Setembro. Nesta edição, “além do cinema do ICentre, também vamos expandir as exibições a vários cafés locais, nomeadamente, ao Macau Design Center, ao Che Che e ao Café Voyage”, esclareceu Sou Zoe. De acordo com a responsável, a ideia é chegar a mais público e promover o interesse por este tipo de produções artísticas. Caminho andado Além da promoção dos criadores e públicos locais, o Present Future Film Festival tem como fim encontrar interessados na distribuição dos trabalhos premiados. Mas há objectivos maiores. Se até agora a iniciativa tem estado concentrada em Macau, Taiwan e Japão, no futuro a organização pretende passar por outros destinos. “Esperamos expandir o projecto a outros países e por vários locais do mundo”, afirmou Sou Zoe. Por outro lado, com a apresentação de trabalhos internacionais, a organização espera que a produção local fique mais rica e que os criadores de Macau se sintam motivados a investir mais nos seus trabalhos.
Hoje Macau EventosFestival | Sound&Image já recebeu quatro mil candidaturas de vários países [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 9.ª edição do Sound&Image Challenge de Macau, festival internacional de música e curtas-metragens, já recebeu mais de quatro mil candidaturas provenientes das mais “variadas regiões”, anunciou ontem a organização. Organizado pela Creative Macau, espaço cultural que comemora este ano o 15.º aniversário, o festival avança para a oitava edição com filmes provenientes da Grécia, Egipto, Estados Unidos, Reino Unido, Irão, Portugal, Brasil, entre outros. A organização anunciou que entre 26 de Julho e 24 de Agosto serão exibidas as curtas-metragens vencedoras das últimas edições (2010-2017). Por ocasião do 15.º aniversário, a Creative Macau decidiu organizar este ano a exposição colectiva “Open Future”, que estará patente naquele espaço cultural entre os dias 28 de Agosto e 22 de Setembro, lê-se na nota. “O que o futuro reserva para nós?” ou “Como podemos mudar o futuro?” são algumas das questões abordadas nas exposições de escultura, pintura, instalação, fotografia e poesia. Em Maio, a coordenadora da Creative Macau, Lúcia Lemos, afirmou à Lusa já ter recebido pelo menos 27 candidaturas de filmes portugueses. À data, a responsável aproveitou para revelar que um dos directores do festival internacional de Curtas de Vila do Conde, Miguel Dias, vai ser grande júri do Festival. O Sound&Image Challenge International Festival divide-se em duas competições: a de curtas-metragens, nas categorias de Ficção, Documentário e Animação, e a de vídeos musicais. A estes prémios, a organização decidiu acrescentar este ano novas nomeações: Prémios de melhor realizador, melhor cinematografia, melhor edição, melhor música, melhor banda sonora, melhores efeitos visuais para a competição de curtas, e de melhor canção e melhores efeitos visuais para a competição de vídeos musicais, que por enquanto não têm valor monetário. Os trabalhos finalistas vão ser apresentados de 4 a 9 de Dezembro no Teatro Dom Pedro V.
Hoje Macau China / ÁsiaTailândia | Retirar equipa de futebol de caverna pode levar semanas Os responsáveis pelas operações de resgate da equipa de futebol encontrada numa gruta no norte da Tailândia têm agora de decidir como retirar os meninos e o treinador da caverna parcialmente inundada, uma tarefa que pode levar semanas [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]esfigurados e famintos, os meninos (entre 11 e 16 anos) piscaram os olhos com a chegada do facho de luz transportado pela primeira equipa de mergulhadores a encontrá-los, depois de 10 dias nas profundezas escuras de uma caverna parcialmente inundada na Tailândia. A caverna Tham Luang Nang Non fica na província de Chiang Rai e estende-se sob uma montanha por cerca de 10 quilómetros. Grande parte dela tem uma série de passagens estreitas que levam a amplas câmaras. O solo rochoso e lamacento faz várias mudanças na elevação ao longo do caminho. O vídeo da descoberta destes meninos e do seu treinador (de 25 anos) pelos socorristas já foi visto milhões de vezes na internet. Nele, os 12 meninos e o treinador trocam breves palavras com o mergulhador britânico que os encontrou na noite de segunda-feira. A troca começa com um obrigado em uníssono pelas crianças tailandesas em inglês e prossegue com o aparecimento das equipas de resgate, que emergem das águas turvas da caverna. “Quantos são vocês?”, pergunta o britânico em voz alta, com a luz varrendo a escarpa lamacenta onde o grupo encontrou refúgio, longe dos meandros da rede subterrânea. “Treze”, responde em inglês um dos pequenos tailandeses, ao mesmo tempo que a lâmpada ilumina os meninos um por um, como se o mergulhador os contasse. Alguns dos “javalis selvagens”, como se chama a equipa de futebol, colocaram as suas camisas vermelhas nos joelhos para tentar proteger-se do frio. Parecem abatidos, mas aqueles que se expressam parecem lúcidos, apesar dos longos dias sem comida. O vídeo publicado na noite de segunda-feira na página oficial do Facebook da Marinha da Tailândia já foi visto 14 milhões de vezes. A conversa continua com murmúrios em tailandês, pontuados pelas palavras do mergulhador que os quer tranquilizar. Um dos garotos pergunta em inglês hesitante se eles vão “sair”. “Não, não hoje (…) Somos dois, temos de mergulhar (…) Estamos a chegar, há muita gente a chegar, muita gente, nós somos os primeiros”. O mergulhador levanta as mãos para dizer ao grupo que está no subsolo há dez dias, acrescentando: “vocês são muitos forte”. Então, dá uma lâmpada ao grupo. A câmara de filmar treme e o som desaparece, mas o vídeo estabiliza. “Estou muito feliz”, disse um dos adolescentes. “Estamos felizes também”, responde o elemento das equipas de resgate. “Muito obrigado”, respondem os garotos. Nas profundezas Os mergulhadores britânicos Robert Harper, Richard Stanton e John Volanthen chegaram às crianças antes dos especialistas da marinha tailandesa. O Conselho Britânico de Resgate de Cavernas, que tem membros envolvidos na operação, estima que os garotos tenham percorrido cerca de dois quilómetros de caverna e estejam entre 800 metros e um quilómetro abaixo da superfície. Outras estimativas colocam os meninos até quatro quilómetros para dentro da gruta. As autoridades tailandesas dizem que estão comprometidas a 100 por cento com a segurança destas crianças na altura de decidir como as retirar. Os meninos não parecem precisar de sair urgentemente da gruta por razões médicas. De acordo com o coordenador nacional da Comissão Nacional de Resgate em Cavernas nos EUA e editora do Manual das Técnicas de Salvamento em Cavernas, a principal decisão agora é retirar as crianças ou alimentá-las ainda no interior. Depois de uma pausa nos últimos dias, mais chuvas estão a caminho nesta época de monções. A previsão do Departamento Meteorológico da Tailândia para Chiang Rai indica chuva leve até sexta-feira, seguida por fortes chuvas a partir de sábado e pelo menos até dia 10 de julho. Essas tempestades podem elevar os níveis de água na caverna novamente e complicar qualquer possibilidade de retirada dos meninos. Junto com os esforços de busca dentro da caverna, equipas de resgate têm procurado na montanha por outros caminhos possíveis para as cavernas. As autoridades disseram que estes esforços continuarão e que retroescavadoras e equipamentos de perfuração foram enviados para a montanha, adiantando que criar um eixo grande o suficiente para extrair os meninos seria extremamente complicado e poderia levar muito tempo. O Conselho Britânico de Resgate de Cavernas disse que os garotos estão “localizados num espaço relativamente pequeno” e que “isso tornaria qualquer potencial tentativa de perfuração como um meio de resgate muito difícil”. Enquanto isso, na web tailandesa, é a explosão de alegria. “Estou quase a chorar, vocês são tão corajosos e persistentes”, dizem os comentários dos internautas tailandeses na página do Facebook da Marinha.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Universidade para mulheres vai aceitar transexuais em 2020 [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma universidade só para mulheres no Japão anunciou que vai aceitar alunos transexuais a partir de 2020, uma decisão rara no país, onde os direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT) estão ainda aquém de outros países desenvolvidos. “É importante criar um ambiente no qual a sociedade, como um todo, aceite a diversidade e seja solidária com as pessoas transexuais”, declarou na ontem o ministro da Educação japonês, Yoshimasa Hayashi, em conferência de imprensa. A decisão da Universidade Ochanomiz, em Tóquio, é uma abertura “provavelmente sem precedentes”, disse fonte do mesmo Ministério à agência France-Press (AFP). “As universidades precisam de tomar medidas para melhor compreender as necessidades das minorias sexuais, mesmo que depois a decisão pertença a cada estabelecimento”, acrescentou. De acordo com o porta-voz da Universidade, a medida entra em vigor em Abril de 2020 e dirige-se a futuros estudantes nascidos homens, mas que se identificam como mulheres. A secretária-geral da Aliança do Japão para a legislação LGBT, Akane Tsunashima, saudou a iniciativa, que considerou “um passo positivo em direcção a um ambiente de aceitação geral das minorias sexuais nas universidades”. Os direitos dos LGBT no Japão são relativamente progressistas para os padrões asiáticos, mas continuam a não ter a mesma igualdade jurídica. De acordo com o instituto japonês de pesquisa LGBT, 8 por cento dos japoneses pertencem a minorias sexuais.
Hoje Macau China / ÁsiaEconomia | Pequim pede aos Estados Unidos que não bloqueie as suas empresas A China pediu ontem aos Estados Unidos que não especule com as empresas chinesas nem trave as suas operações, depois de Washington ter recomendado que seja negada uma licença à China Mobile para operar no país [dropcap style≠’circle’]”A[/dropcap]pelamos aos EUA que abandonem a mentalidade da Guerra Fria e o jogo de soma nula, deveriam ver este assunto de forma correcta”, afirmou Lu Kang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa, em Pequim. Washington deve “oferecer um trato igualitário e um ambiente favorável para as empresas chinesas e fazer mais para promover a confiança mútua e cooperação”, algo que “serve o interesse de ambos os países”, acrescentou. Lu apelou às empresas chinesas que invistam nos EUA com respeito pelas leis chinesas, as regras internacionais e locais. O comentário do porta-voz chinês surge depois de a Administração Nacional de Informação e Telecomunicações dos EUA, que está sob a tutela do Departamento do Comércio, ter apontado motivos de “segurança nacional”, para recomendar à Comissão Federal de Comunicações, uma agência independente, que trave a entrada no país da estatal chinesa China Mobile, a maior operadora de telecomunicações do mundo. Segurança nacional “Depois de uma significativa interacção com a China Mobile, as preocupações sobre o aumento de riscos para a ordem pública e segurança nacional não foram dissipadas”, afirmou em comunicado David J. Redl, o vice-secretário para as Comunicações e Informação do Departamento de Comércio. Com cerca de 900 milhões de usuários, a China Mobile pediu em 2011 uma licença para operar nos EUA. A Administração de Donald Trump anunciou, no mês passado, taxas alfandegárias de 25 por cento sobre um total de 34.000 milhões de dólares de importações oriundas da China, numa retaliação contra a falta de protecção dos direitos de propriedade intelectual das empresas norte-americanas no país asiático. Washington acusa Pequim de exigir às empresas estrangeiras que transfiram tecnologia para potenciais concorrentes chinesas, em troca de acesso ao mercado chinês. Trump ameaça ainda limitar os investimentos chineses nos EUA.
Hoje Macau China / ÁsiaEquipas de basquetebol da Coreia do Sul em Pyongyang para jogo amigáveis [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s equipas feminina e masculina de basquetebol da Coreia do Sul estão a caminho da Coreia do Norte para jogarem uma série de jogos amigáveis, em mais uma demonstração do estreitamento das relações entre os dois países vizinhos. Uma delegação sul-coreana, composta por jogadores, autoridades governamentais e jornalistas saiu ontem em dois aviões da base aérea de Seongnam com destino a Pyongyang por volta das 20h, de acordo com os órgãos de comunicação social presentes na delegação. O ministro da Unificação sul-coreano, Cho Myoung-gyon, que lidera a delegação, afirmou esperar que ambas as partes “caminhem em direcção à paz”. O ministro preferiu não revelar pormenores sobre o itinerário que a delegação vai fazer enquanto estiver na Coreia do Norte, não confirmando também se vai ou não encontrar-se com o líder norte-coreano, Kim Jong-un. As equipas masculinas e femininas dos dois países vão disputar quatro partidas, amanhã e quinta-feira, sendo que em duas destas partidas as equipas vão-se misturar com atletas dos dois países. No dia 18 de Junho, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul reuniram-se na fronteira para discutirem colaborações no âmbito desportivo. A deslocação das equipas de basquetebol à Coreia do Norte foi uma das consequências desta reunião. A outra, foi divulgada na semana passada, quando foi anunciado que as duas Coreias vão competir com uma equipa conjunta nas modalidades de canoagem, remo e basquetebol feminino nos Jogos Asiáticos que decorrem no final de Agosto na Indonésia. Em mais um passo rumo ao desanuviamento das relações entre os dois países vizinhos, atletas das duas Coreias vão desfilar juntos na cerimónia de abertura dos Jogos que decorrem entre 18 de Agosto e 2 de Setembro. O desporto tem sido um ‘trampolim’ para a reconciliação entre o sul e o norte. Os Jogos Olímpicos de Inverno que decorreram em Fevereiro na Coreia do Sul serviram de ponto de partida para o ambiente de apaziguamento que se vive actualmente.