Hoje Macau EventosJorge Barreto Xavier expõe no Albergue SCM [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hama-se “A mão, escrevendo sobre o olhar” e é o nome da exposição que o Albergue SCM inaugura na próxima quarta-feira, dia 6. Trata-se de uma mostra de fotografias do antigo secretário de Estado da Cultura do Governo português entre 2012 e 2015. Segundo um comunicado, a exposição terá um total de 72 fotografias, tendo curadoria do artista e também fotógrafo Ben Leong. As imagens estão organizadas em três grupos, intitulados “O código da fronteira”, “O código da estrada” e “O código do sentido”. “Cada conjunto de imagens propõe um código, um conjunto de símbolos. E cada imagem tem o poder de ser conjugada com as outras ou de ser lida sozinha, citando o autor”, explica o Albergue. Apesar de ter começado a fotografar na juventude, só em Dezembro do ano passado é que Jorge Barreto Xavier fez a sua primeira exposição individual na galeria de arte do Maquinez Palace, em Pangim, Goa, na Índia. Homem de várias artes Fora da política Jorge Barreto Xavier tem tido uma actividade artística intensa e polivalente. Em Maio deste ano lançou “Alexandria”, o seu primeiro livro de contos, tendo também “vários livros publicados sobre política cultural e gestão das artes”. É ainda professor de políticas públicas da cultura e de gestão de indústrias criativas no Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa. Antes de ter desempenhado o cargo de secretário de Estado, Barreto Xavier foi Director-Geral das Artes em Portugal entre 2008 e 2010. Fundou e dirigiu várias organizações culturais privadas, como o Clube Português de Artes e Ideias, que presidiu de 1986 a 2002 ou o Lugar Comum- Centro de Experimentação Artística, que dirigiu entre 1997 e 2001. O fotógrafo foi ainda consultor de várias organizações culturais, entre as quais a Agência Europeia para a Cultura (EACEA), Copenhaga, Capital Europeia da Cultura, Inteligence on Culture (Londres), Centro Cultural de Belém e Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa) ou Fundação de Serralves (Porto). A exposição no Albergue SCM estará patente até 28 de Setembro deste ano na galeria A2, tendo entrada gratuita.
Andreia Sofia Silva EventosPessanha, 150 anos | José Drummond apresenta “O Exorcismo” este domingo Conhecido artista plástico, José Drummond lança no domingo um livro que reúne poemas escritos à mão no início dos anos 90. Os textos falam de sentimentos mas mostram também o próprio autor na pele de artista [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]entimentos e palavras sobre pintura, ou simplesmente reflexões. O universo privado de José Drummond cabe todo em “O Exorcismo”, o livro de poesia que será lançado este domingo no edifício do antigo tribunal, inserido nas comemorações dos 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha, uma iniciativa do Hoje Macau. A revelação de Drummond como poeta não passa de uma forma do autor exorcizar – daí o nome – aquilo que lhe ia na mente e na alma no início dos anos 90. Mais de uma década depois, poucas alterações foram feitas e a publicação aconteceu mesmo. “Este foi um período bastante intenso, em que tinha sempre uma série de cadernos antigos e ia escrevendo duas ou três linhas”, recordou ao HM. “Escrevi reflexões sobre pintura mas também reflexões sobre o que me acontecia na altura, fosse relacionado com amores ou o com o estado do tempo, por exemplo.” Drummond nunca deixou esses cadernos, e no meio de idas e vindas, a poesia acabou por acompanhá-lo sempre. Alguns poemas chegaram a acompanhar uma exposição que o autor realizou em 1992. “Alguns cadernos desapareceram, outros permaneceram. Há cerca de um ano e meio, voltei a pegar neles e olhei para eles de uma outra forma. Comecei a encontrar correspondências com o trabalho que continuei a fazer e algumas linhas dos meus trabalhos na área das artes plásticas estão ali expostas.” Daí a ligar a publicação do livro ao evento dedicado ao Camilo Pessanha foi um passo. Inicialmente havia a ideia de editar as crónicas que o Hoje Macau publicou no suplemento H, mas os poemas fizeram mais sentido na cabeça de José Drummond. Palavras com sentido Aquilo que Drummond escreveu à mão há anos atrás, quando escrever no computador estava longe de ser algo comum, ainda faz sentido nos dias de hoje. O artista plástico lembra que até utilizou alguns escritos para a última exposição que fez na Casa Garden, com curadoria de Margarida Saraiva e apoio da Fundação Oriente. “Tenho algumas expectativas de ver como é que as pessoas vão reagir. Pessoalmente penso que o livro faz sentido também enquanto artista plástico, porque o que lá está escrito é um reflexo de um período no qual as linhas condutoras do meu trabalho como artista se mostram ali”, contou. O nome do livro surgiu da necessidade de colocar cá fora “demónios privados”, um acto de exorcismo que aconteceu através das palavras. Depois de ter dado provas como artista plástico, José Drummond não tem grandes expectativas face aquilo que o público vai pensar dele na versão poeta. “Espero que o público olhe para o livro como ele é. É apenas um livro de poesia, mais nada do que isso.” Pessanha, a influência Associar o lançamento de “O Exorcismo” à efeméride dos 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha é, para José Drummond, uma grande oportunidade. O poeta português faz parte dos seus autores favoritos. “Para mim o Pessanha foi um génio, e está dentro do grupo de escritores que mais me influenciaram, ou que influenciam. Também lá estão o Mário de Sá Carneiro, Fernando Pessoa e alguns poetas americanos. Há um lado que me interessa muito no Pessanha que é a forma simbólica e a musicalidade que as palavras têm na sua obra. É uma oportunidade óptima poder participar nestes encontros”, rematou.
Hoje Macau China / ÁsiaHimalaias | Pequim diz esperar que Nova Deli tenha aprendido uma lição [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, disse ontem esperar que a Índia tenha “aprendido a lição”, após meses de um impasse entre as tropas chinesas e indianas num território disputado nos Himalaias. Os comentários de Wang surgem nas vésperas da nona cimeira do bloco de grandes economias emergentes BRICS, onde os presidentes dos dois países se vão reunir. Na segunda-feira, Pequim e Nova Deli concordaram em retirar as suas tropas do planalto de Doklam, um território disputado entre a China e o Butão – aliado da Índia – no sul do Tibete. “Esperamos que o outro lado aprenda a lição com este incidente e evite que se repita. Esperamos que, através dos esforços de ambos os lados, mantenhamos relações saudáveis e estáveis”, afirmou. Nenhum dos lados avançou detalhes sobre como foi resolvido o impasse e a China disse que pode retomar a construção da estrada que deu início à disputa, depois de as tropas indianas terem avançado para travar a construção. Cimeira tranquila A resolução parece servir para prevenir que o mais grave confronto entre dois países vizinhos e potências nucleares das últimas décadas perturbe a cimeira dos BRICS, que contará com a presença do Presidente chinês, Xi Jinping, e do Primeiro-Ministro indiano, Narendra Modi. Os líderes da Rússia, Brasil e África do Sul vão também participar da nona cimeira do BRICS. Índia e China afirmaram que as suas tropas vão continuar a patrulhar a área de Doklam, como faziam antes do início do impasse. Doklam, ou Donglang, em chinês, é reclamado pelo reino do Butão, um aliado de Nova Deli, mas Pequim diz que pertence à China, com base num tratado de 1890, assinado com o Reino Unido. Butão e China participaram de várias rondas de diálogo, mas nunca resolveram a disputa. China e Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada. Diferendos territoriais levaram a um conflito, em 1962, que causou milhares de mortos.
Hoje Macau China / ÁsiaASEAN pede à Birmânia que proteja civis em Rakhine [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s deputados da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) pediram ontem ao Governo da Birmânia acções imediatas para proteger os civis afectados pelos confrontos registados no estado de Rakhine, no oeste do país. “A prioridade é o dever de proteger os civis. Todas as partes devem tomar medidas urgentes para proteger todos os indivíduos afectados pela violência, independentemente da sua origem étnica ou cidadania”, declarou a deputada indonésia Eva Kusuma Sundari, num comunicado dos Parlamentares da ASEAN pelos Direitos Humanos (APHR, na sigla em inglês). Desde sexta-feira, pelo menos 110 pessoas morreram durante a violência desencadeada pela onda de ataques reivindicados por rebeldes muçulmanos ‘rohingya’ contra postos oficiais em Rakhine. Um milhar de rebeldes armados com facas, machetes e outras armas artesanais participaram nos ataques perpetrados contra vários objetivos do município de Maungdaw, perto da fronteira com o Bangladesh. O Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA), grupo ao qual é atribuído o ataque a três esquadras em 9 de Outubro de 2016 que deixou nove agentes mortos e desencadeou uma repressão das forças de segurança, reivindicou a acção. Os rebeldes, que qualificam o governo de “opressivo” e o exército de “brutal”, denunciaram o “bombardeamento indiscriminado” contra civis e abusos como violação de mulheres, saque de propriedades e ainda sacrifício de animais domésticos. As autoridades birmanesas qualificaram os membros do grupo de “extremistas terroristas” e sustentaram que são os responsáveis de assassínios e a queima de casas. “Não se trata de política, trata-se da responsabilidade mais fundamental de salvaguardar a vida humana, uma obrigação do direito internacional humanitária”, sublinhou Eva Kusuma Sundari. Encurralados Milhares de pessoas da etnia ‘rohingya’ tentaram procurar amparo no Bangladesh, mas as autoridades do país vizinho continuam a impedir que os deslocados cruzem a fronteira. “O Governo do Bangladesh deve permitir o refúgio dos ‘rohingya’ e acabar com as expulsões que deixam os civis vulneráveis ao perigo”, afirmou o deputado filipino Teddy Baguilat, ao reclamar dos países da região uma intervenção mais ativa para prevenir um massacre idêntico ao que sofreu o Camboja. Baguilat fazia referência aos 1,7 milhões de pessoas que morreram entre 1975 e 1979 durante o regime dos Khmers Vermelhos no Camboja devido a trabalhos forçados, doenças, fome e purgas políticas. “Está na hora de agirmos, caso contrário poderemos ter outro Camboja no pátio atrás da nossa casa”, insistiu o parlamentar malaio Charles Santiago, que preside à APHR. O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados estimou na terça-feira que “mais de três mil” ‘rohingya’ poderão ter entrado no Bangladesh desde sexta. O Governo de Daca resiste a aceitar novos refugiados e as forças de segurança colocadas nas margens do rio Naf, fronteira natural entre o Bangladesh e a Birmânia, expulsaram nos últimos dias pelo menos 511 ‘rohingya’. Mais de um milhão de ‘rohingya’ vivem em Rakhine, onde sofrem uma crescente discriminação desde o surto de violência sectária que provocou, em 2012, pelo menos 160 mortos e deixou aproximadamente 120 mil membros daquela comunidade confinados em 67 campos de deslocados, onde enfrentam diversas privações, nomeadamente de movimentos. Os ‘rohingya’ são uma minoria apátrida considerada pela ONU uma das mais perseguidas do planeta.
António Cabrita Diários de Próspero h | Artes, Letras e IdeiasTrabalho de casa II 26/08/17 [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]onfesso que os princípios estéticos taoistas me trazem um tópico que me fascina: o isomorfismo. Potenciar ressonâncias em sistemas distintos pressupõe a existência de isomorfismos – uma similitude de estruturas, como nos fractais, entre os diversos seres, níveis de realidade ou sistemas – e ilustra o velho postulado chinês da harmonia universal. É o que acontece naquela célebre história em que Tzang Tsu e Hui ’Tzu atravessam uma pequena ponte e desatam a discutir sobre como pode Tzang Tsu avaliar se os peixes que nadam e cabriolam na torrente se sentem felizes. Ao que sage responde prontamente: Eu conheço o gozo dos peixes no rio pelo gozo que eu sinto ao caminhar junto do mesmo rio. Entretanto, para que se perceba como o potencial estético do isomorfismo não está refém do mimetismo, piquei em Chesterton um exemplo que me delicia: Um homem que se apega à literalidade das harmonias, que não associa as estrelas senão com os anjos, ou os rebanhos com as flores primaveris, arrisca-se a ser bem frívolo, porque se limita a adoptar um só modo a cada momento; e passado esse momento ele pode esquecer o modo em questão. Mas um homem que se esforça em conciliar os anjos com os cachalotes deve, por seu lado, ter uma visão bastante séria do universo. Esta formulação afere a seriedade dos processos em muita poesia moderna, tantas vezes tão incompreendida: os anjos e os cachalotes não devem andar de costas voltadas – ainda que tenhamos que fazer as ligações porque elas não nos são dadas. Em suma, a poesia obriga-nos a sondar novas associações intelectivas que desencadeiam uma multiplicidade de relações nunca entrevistas, numa dinâmica que não se fecha mas se estua. Ou como diria o Chillida, sobre a arte, mas extrapolando-o para a poesia: trata-se de fazer luz onde estava escuro, o que nos empurra continuamente para fora da lógica do discurso em que nos movíamos, para vermos iluminados âmbitos novos. Se quiserem, a metáfora que traduz a transversalidade isomórfica é o passe vertical no futebol, que produz uma economia de tempo ao conectar automaticamente vários níveis do campo. Eis um bom ponto de partida para compreender o que a poesia nos ofereceu desde Baudelaire e para nos aquietar quando constatamos que a posição da arte é quase sempre um desmentido à posição do discurso (- ó Lyotard, estás bom, rapaz?). É no que creio e só por aqui começo a compreender como anjos e cachalotes rimam. 27/08/29 Provavelmente tudo o que vou dizer na palestra sobre Camilo Pessanha, dia 5, em Macau, seria desmentido pelo que se vazou nesse mítico caderno desaparecido do poeta de que alguns falam com, pasme-se, sete mil páginas. Confesso que suspeito desta cifra, não lhe encontro grande nexo. Sete mil páginas correspondem a catorze resmas de papel, seria uma árvore maior do que a floresta, e que não se deixaria ver. Provavelmente, na sua aludida letra pequenina, eis a hipótese que me parece plausível, João de Castro Osório viu sete mil linhas e cometeu um erro de simpatia. O que a trinta linhas por páginas daria algo como duzentas e tal páginas, um número mais viável. Mas preferia ser desmentido (tenho este carácter mole, que não se importa nada de ser desmentido) e que à chegada a Macau me contassem que o tufão da semana transacta removeu umas lajes e se encontrou embrulhado em couro o caderno perdido do Pessanha. Eu acredito em Shangrilá… 29/08/17 Prófugo, solerte, adrede, enteléquia: palavras com as quais não teço qualquer empatia, modo de emprego, sinal de apaziguamento. Já cem vezes as soube, já cem vezes as perdi, não pertencemos à mesma comunidade. Puro mármore, não me entram no sangue. E mais duas centenas delas, vieram-me agora estas, como se fossem o primeiro sintoma de um Alzheimer a vir. Há palavras de que não nos apropriamos, é caso para dizer, nem mortos. Cada um imagino ter as suas. Bom, para minimizar, sirvo-me de um dito de Bachelard, «Se dois homens se querem entender verdadeiramente, têm primeiro que se contradizer», que afinal até é o princípio das comédias românticas. Porém, elas não se dão ao trabalho de me contradizer – repelem-me. Se é assim com as palavras, pressinto que seja totalmente artificial qualquer ideia de comunidade. Um sentir comum, eis uma afecção a que sou ligeiramente avesso. Pontualmente sim. Mas de forma mais prolongada incomoda-me estar entre pessoas que não desapegam e nunca querem estar sós, no anonimato, ou entre dissonâncias, e que se pelam por montar discursos muito articulados sobre a necessidade de estar em grupo. Pessoas sempre a subir os estores e que para tudo acham argumento e nunca gaguejam e prosseguem juntas até ao fim, sem nunca se despedirem. Nunca tive um só grupo de amigos ou um só tipo de amigos. Nunca me adaptei a grupos, do mesmo modo que um cardume grande de palavras da minha língua nunca me adoptou. Ardem-me nos olhos as coisas que não sei nomear, mas uma palavra que mil vezes se relaxa no balde das coisas recalcadas, à qual só volto a encontrar irritantemente por acaso no velcro de uma página, que pretende senão capacitar-me de que nunca deixei de estar só? Creio que somos um quarto sem ninguém reflectido nos espelhos. Quando alguém aparece na superfície prateada há festa. Mas é como uma batida rítmica, tem intervalos. Querer mobilar o quarto com uma multidão não neutraliza a mudez do espelho. Mesmo que seja um espelho de Veneza. Pode ser lancinante o sentido comum e raramente uma partilha que é de todos e para todos é justa. E receio que a sociedade da comunicação se esteja a transformar numa sociedade holística, numa daquelas comunidades que se concebem a si mesmo como um todo. Mete medo! Um dia destes só temos por nós as palavras que não nos gramam. Que elas nunca transijam! Eu por mim abomino-as!
Hoje Macau DesportoHóquei em patins | Selecção portuguesa em Macau ambiciona título mundial [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] capitão da selecção portuguesa de hóquei em patins, que no domingo inicia o campeonato do mundo na China, disse que o importante é conquistar o troféu e que isso até poderia acontecer “na rua atrás de casa”. “O nosso único objectivo é sermos campeões do mundo. Até poderia ser na rua atrás de minha casa. O facto de ser na China é uma situação diferente, peculiar. É bom, porque dificilmente de outra forma daria visibilidade à modalidade na Ásia. Vejo isso com bons olhos e espero que se apaixonem pela modalidade”, lembrou o atleta português. João Rodrigues reforçou que a equipa está “pronta para atacar este campeonato do mundo com muita ambição de devolver o título a Portugal passados tantos anos”, lembrando a exigência máxima da prova e as dificuldades que irão encontrar pela frente. “Estão lá os melhores jogadores do mundo, as melhores selecções. Começarmos a prova a jogar com a Argentina, será seguramente intenso, competitivo. Tudo faremos por ganhar e começar da melhor forma a prova. Não vejo isso como sendo mau. Se calhar até é mesmo bom”, referiu ainda. Sem tecer comparações com outras equipas do passado, João Rodrigues considerou que os jogadores que compõem a selecção portuguesa trazem grande consistência ao grupo. “Temos condições para dar continuidade neste campeonato do mundo. Tudo faremos para conseguir a tão ambicionada vitória”, afirmou ainda. Portugal, que neste momento está a fazer um estágio de uma semana em Macau, vai disputar o 43.º Campeonato do Mundo de hóquei em patins em Nanjing, na China, entre 3 e 9 de Setembro. Além da Argentina, detentora do título mundial, Portugal vai defrontar no grupo A da primeira fase, Itália e França.
Hoje Macau SociedadeAMCM estabelece mecanismo de contacto 24 horas com seguradoras [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a sequência dos danos causados pelo Tufão Hato, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) criou um mecanismo de ligação 24 horas com as companhias de seguros para acompanhar os casos de pedidos de indeminizações resultantes dos prejuízos causados. O dispositivo foi criado logo após a passagem do tufão. Este procedimento visa dar resposta aos danos sofridos nas instalações e bens de empresas locais e cidadãos, sendo previsível que seja accionado um elevado número de pedidos de indeminizações por parte dos segurados. A medida visa também facilitar a consulta e obtenção de informações por parte de quem contraiu as apólices de seguros. Como tal, a AMCM abriu linhas directas através dos números de telefone 83952280 e 83952202, que está em funcionamento de segunda-feira a domingo, das 9h às 18h, assim como através do email general@amcm.gov.mo. Além disso, o site da AMCM disponibilizou a lista das linhas directas das seguradoras para informações dos interessados e vai distribuir panfletos à população. Toca a despachar A autoridade fez também uma solicitação às companhias de seguros para que acelerem o acompanhamento dos pedidos de indeminização na sequência da catástrofe. Na seguimento de solicitação da AMCM, as seguradoras aumentaram o número de pessoal de forma a dar resposta ao elevado volume de pedidos de informações. Foram também feitos contactos por parte das companhias para as empresas e residentes lesados com seguros válidos para fornecer explicações sobre as coberturas e as formalidades necessárias para dar andamento aos processos. Uma vez que em Macau existe um grande número de micro, pequenas e médias empresas que estão ainda a braços com operações de limpeza e recuperação, as seguradoras contrataram profissionais para proceder aos cálculos das estimativas dos prejuízos. A pedido da AMCM, o sector das companhias de seguros vai apresentar, ainda esta semana, os dados recolhidos sobre prejuízos e o andamento dos pedidos de indeminização. A Autoridade Monetária solicita ainda às empresas e aos residentes a leitura detalhada das cláusulas das suas apólices de seguro de forma a aferirem se os danos resultantes do tufão Hato estão, ou não, cobertos. Destaque A AMCM abriu linhas directas através dos números de telefone 83952280 e 83952202, que está em funcionamento de segunda-feira a domingo, das 9h às 18h, assim como através do email general@amcm.gov.mo
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeColoane | Uma semana depois estragos ainda são visíveis Nas primeiras horas após a passagem do tufão Hato, os membros da protecção civil demoraram a chegar a Coloane por falta de meios. Primeiros grupos de voluntariado começaram a aparecer na tarde de quinta-feira e tiveram de esperar pela recolha do lixo. Quase uma semana depois, ainda há muitos sinais da tempestade que passou [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] lugar das praias, da vila pitoresca onde se comem os célebres pastéis de nata e onde persistem as palafitas ficou tão ou mais destruído com a passagem do tufão Hato face a outras zonas do território, mas a falta de meios levou a que a ajuda tenha faltado logo nas primeiras horas após a calamidade. Durante a tarde de quarta-feira, à medida que iam baixando todos os sinais de tempestade, os agentes da protecção civil começavam a encher as ruas da península. O mesmo não aconteceu em Coloane que, por falta de meios, só começou a receber ajuda das autoridades a partir de sexta-feira. “Fomos na quinta-feira ao final da tarde e depois fomos de novo na sexta-feira de manhã. Não havia lá ninguém, as pessoas estavam a arrumar e a limpar as coisas sozinhas, não vi agentes nenhuns da protecção civil, nem bombeiros”, recordou Cíntia Leite Martins, fundadora do projecto Manavida que organizou os grupos de voluntariado. A ideia deste grupo era “ajudar os pequenos comerciantes, os mais velhotes, e também ajudar a limpar as ruas”. “As pessoas que apoiamos eram os empregados das lojas, não vimos mais ninguém”, lembrou. António Barrias ajudou a organizar outro grupo de voluntariado que juntou cerca de 300 pessoas e que, nas primeiras horas após a calamidade, começou a fazer limpezas a partir da Taipa, também junto ao Galaxy. “Fizemos uma tentativa de ir a Coloane na sexta-feira, mas as vias estavam impedidas. Tivemos que deixar a protecção civil fazer o seu trabalho”, contou. “No sábado fomos lá e pareceu que tudo aquilo estava um bocado esquecido por toda a gente. Havia casas completamente destruídas, parecia um cenário de guerra. Era muito semelhante ao que se encontrava no Fai Chi Kei, mas claramente não se via o mesmo número de pessoas a ajudar. Havia muita policia, mas reparei que se estavam a esquecer das casas pequenas.” António Barrias chegou a ser interpelado por uma idosa que não conseguia sequer chegar a casa. “Estacionei o carro porque levei muito equipamento comigo. Fui parado por uma senhora idosa que estava na rua porque a única forma que ela tinha de entrar em casa era através de uma rua na floresta. Estivemos a ajudá-la a limpar e só nessa rua demoramos quase uma hora a tirar tudo. Era mesmo ao lado do estabelecimento prisional e ninguém a ajudava”, frisou António Barrias. Falhas na recolha de lixo Cintia Leite Martins recorda-se de ajudar a recolher lixo e de ser obrigada a parar porque faltavam camiões de recolha adequados. “O problema foi a acumulação do lixo e houve horas em que não havia muito para fazer, porque não tínhamos locais onde o pôr. Começou a ficar escuro, porque não havia electricidade em muitos sítios, e as pessoas disseram para voltarmos no outro dia, porque haveria luz do dia.” “Só na sexta-feira é que chegaram mais agentes. Mas havia muita falta de camiões de recolha e os que vinham eram muito altos. Era impossível colocar lá o lixo, porque estamos a falar de máquinas e mobílias”, adiantou Cíntia Leite Martins, que afirma ter-se sentido frustrada, tal como os seus colegas voluntários, por não conseguirem fazer mais e de maneira mais rápida. Também ela foi abordada por uma senhora idosa que vive sozinha e que “não tinha ajuda de ninguém”. “Fomos nós que conseguimos tirar as coisas de dentro da casa e do jardim.” Ainda há sinais Ao HM, responsáveis de grupos de voluntariado que se deslocaram à zona relatam que, quase uma semana depois da passagem do tufão Hato pelo território, ainda há muito a fazer na ilha de Coloane e em alguns locais do Cotai. “Coloane ainda está muito mal, tenho passado de carro e ainda se vêem alguns estragos. Desde o One Oásis até ao Galaxy as ruas estão cheias de lixo e há árvores caídas. Esta parte foi esquecida e é isso que queremos fazer esta semana”, adiantou Cíntia Leite Martins, uma das mentoras do projecto ManaVida, que alia a prática desportiva ao apoio social. Cintia Leite Martins criou um evento nas redes sociais para que, nos próximos dias, mais voluntários se disponibilizem para limpar ruas perto do empreendimento Galaxy, no Cotai, e também no edifício One Oásis. Há também relatos que falam da destruição que persiste no parque de animais de Seac Pai Van. “É triste estar a limpar muitas zonas e chegar a casa e ver tudo ainda num caos”, aponta a fundadora do ManaVida, que reside no One Oasis. Em Coloane os estragos ainda se fazem sentir e há muito por arrumar. Na sua página do Facebook, a pastelaria e padaria Lord Stow’s, famosa pelos pastéis de nata e local habitualmente cheio de turistas, afirma que estará fechada ao público nos próximos dias para reparar os estragos. Sem criticas A destruição trazida por um tufão que foi um dos maiores dos últimos 50 anos obrigou a definir prioridades e urgências e não houve tempo para tudo. “O cenário que se via na vila de coloane era de destruição completa. Havia casas que estavam bem mas outras que ficaram completamente destruídas, em que tivemos de deitar quase tudo fora. O chão estava todo cheio de lama e cimento quebrado, não era agradável de se ver.” Barrias adiantou que, se algumas estruturas ficaram de pé, o mesmo não aconteceu com o recheio das casas. “O nível de perda dos bens pessoais de todos foi enorme. Limpamos casas em que não se salvou absolutamente nada e as pessoas estavam no desespero completo.” Ainda assim, António Barrias acredita que Coloane vai ficar recuperada nos próximos dias, por ser um sítio que atrai muitos turistas. Barrias também não culpa os agentes da protecção civil e os bombeiros pelo atraso porque, no fim de contas, fizeram o que podiam e como podiam. “Sem a ajuda deles havia muita coisa que não conseguíamos fazer”, frisou. “Quando chegamos já lá estavam agentes da policia, do IACM e bombeiros. Eram muitos estragos para o pessoal que Macau tem.” Os voluntários de António Barrias dividiram-se em dois grupos, um de limpeza e outro destinado à entrega de mantimentos em locais como o orfanato localizado em Ka-Hó ou o hospital Kiang Wu, localizado na zona da Taipa Velha. Lai Chi Vun | “Todas as casas estão vazias” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s estaleiros onde outrora residiu uma industria naval já eram frágeis, e a passagem do tufão Hato só veio acentuar ainda mais os estragos. Na pequena povoação à entrada da vila de Coloane há casas que ficaram vazias, sem telhados. David Marques, porta-voz dos moradores de Lai Chi Vun, recorda que, nos dias a seguir à tragédia, “a maior parte do trabalho foi feito pelos locais e moradores”. “Os agentes da protecção civil estavam lá mas eram apenas uma ou duas pessoas”, disse, defendendo que Coloane “foi uma zona com menor prioridade” junto dos decisores. Na antiga vila de construção naval, ainda há casas bastante destruídas e o apoio financeiro decidido pelo Executivo não se adapta a estas situações extremas, apontou David Marques. “Há muitas casas que ficaram sem telhados. O Governo disse que ia ajudar as pessoas com apoios financeiros, mas o que foi criado foi para empresas e não para este tipo de casas. Perdemos tudo e vamos precisar muito desse dinheiro. Todas as casas estão vazias, sem electrodomésticos. O subsídio foi feito para compensar os estragos em portas e janelas e não para este tipo de problemas”, rematou.
Hoje Macau SociedadeHato | SJM disponibiliza serviços médicos gratuitos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Sociedade de Jogos de Macau (SJM) vai garantir cuidados médicos gratuitos à população, numa das zonas mais atingidas pelo tufão Hato, indicou em comunicado. Os serviços médicos gratuitos vão começar esta quarta-feira e irão funcionar durante um mês (nos dias úteis) numa clínica médica da zona da Praia do Manduco, uma das áreas mais antigas da cidade, indicou, em comunicado, a operadora de jogo fundada em 1962 por Stanley Ho. Um grupo de voluntários da SJM está desde quinta-feira passada a prestar serviços de apoios às famílias afectadas pelo tufão Hato, que causou dez mortos, mais de 200 feridos e danos avultados ainda por avaliar. A SJM, que opera 21 dos 39 casinos de Macau, decidiu também abrir o supermercado exclusivo dos seus funcionários à população que vão beneficiar dos descontos aplicados aos trabalhadores, até 14 de Setembro, de acordo com a operadora. A directora executiva da sociedade e deputada de Macau Angela Leong prometeu o apoio da operadora à comunidade local: “Juntos vamos reconstruir a nossa casa”. Tufão | Fundação Jorge Álvares manifesta solidariedade [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Fundação Jorge Álvares manifestou ao Chefe do Executivo, Chui Sai On, e à população “solidariedade e consternação” perante os efeitos devastadores do tufão Hato, que causou “perdas humanas e consideráveis estragos materiais”. Numa mensagem enviada à Lusa, o presidente da fundação e primeiro governador de Macau depois do 25 de Abril de 1974, o general José Garcia Leandro afirmou, em nome dos curadores e restantes membros dos órgãos sociais da fundação, esperar que a vida do território “retorne à normalidade o mais depressa possível”. Património | IC contactou dezenas de entidades [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) contactou 44 gestores de templos e responsáveis por 17 igrejas do território para “recuperar e manter os edifícios patrimoniais influenciados pelo tufão”. Os trabalhos terão seguimento a partir de hoje e incluem “a prestação de assistência aos trabalhos de manutenção relevantes e a implementação de medidas e planos concretos de recuperação e protecção, de modo a garantir a segurança exaustiva do património”, aponta o IC em comunicado.
Victor Ng PolíticaAngela Leong quer adiar data de acto eleitoral [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Angela Leong pede para que as eleições agendadas para o próximo dia 17 de Setembro sejam adiadas por duas semanas. Para a deputada a medida é necessária tendo em conta os danos sofridos em Macau com a passagem do tufão Hato. De acordo com o Jornal do Cidadão, Angela Leong defende que a ideia é dar mais tempo e espaço aos cidadãos para preparação da votação. Com as circunstâncias vividas nos últimos dias, Angela Leong considera que um voltar à normalidade ainda pode demorar. Como tal, a deputada considera que tratando-se de um assunto sério como é o caso das eleições é necessário antes, concentrar todos os recursos no auxílio à população de modo a que na altura, as pessoas estejam disponíveis para votar sem estarem ainda sob a influência das dificuldades que viveram. Angela Leong pretende, com o adiar da data das eleições, garantir “o nível de participação no acto eleitoral”, disse. Sugestão questionável Em resposta à sugestão de mudança de data, o deputado Ng Kuok Cheong mostra uma atitude aberta. Ao HM, contido, afirmou que a existência desta necessidade pode ser questionável, a não ser que o território seja vítima de outra catástrofe nos próximos dias. Já Song Pek Kei considera que grande parte dos afectados pelo Hato já estão a voltar à normalidade e aponta que com o tempo que ainda falta até ao dia 17, as pessoas podem recuperar na totalidade. A deputada acha que o resultado dos tufões não vai influenciar a decisão dos eleitores. Em relação à necessidade de adiamento do dia de votação, Song Pek Kei acha que é importante esperar pela decisão do Governo. Cabe ao Executivo avaliar a situação. “Não faz sentido porque as pessoas já têm as suas opiniões formadas nesta altura”, é a declaração clara de Leonel Alves ao HM, relativamente à sugestão de adiamento das eleições.
Victor Ng Manchete PolíticaAu Kam San | Deputado não concorda com intervenção do Exército Para ajudar na limpeza do território após a passagem do tufão Hato, Macau contou com a ajuda do Exército de Libertação Popular. Au Kam San não concorda com a medida e acha que as forças militares só deveriam ser chamadas em situação de catástrofe [dropcap style≠’circle’]”E[/dropcap]u, enquanto testemunha do movimento democrático de 1989, na verdade, não me sinto bem em relação ao Exército de Libertação Popular, e não confio nesta situação”. A afirmação é do deputado Au Kam San na sua página de facebook. Para Au Kam San, os trabalhos de limpeza não devem ser desempenhados pela Guarnição de Macau que, afirma, “só deve ser usada em situações de catástrofe”. O texto publicado no dia 25 de Agosto não deixou de atrair vários comentários por parte a população, sendo na sua maioria, uma crítica severa à declaração do deputado num momento de caos no território causado pela passagem do tufão Hato. De entre as reacções houve quem esclarecesse o deputado acerca do que era realmente uma situação de catástrofe. “É normal vermos na televisão os cenários onde o Exército Popular de Libertação salva a população nas catástrofes, quer sejam relativas a inundações ou a terramotos”, lê-se, sendo que “os soldados correm risco de vida para salvar os residentes e isso é o que chamamos de salvamento nas catástrofes”. No caso de Macau, a ajuda vem no que se mostra urgente e a situação de recolha de lixo era evidente no território. Já para Au Kam San, nem todos os militares concordariam com o facto de andar a limpar ruas e só o estariam a fazer porque era a sua obrigação e assim tinham recebido ordens. Por outro lado, o deputado entende que após a passagem do tufão, várias entidades locais já tinham começado a tratar das consequências. Como a situação era grave, Au Kam San considera que era normal a demora na sua resolução e sublinha ainda o trabalho feito pela própria comunidade que, afirma, “mostra a solidariedade dos residentes de Macau”. Alguém o viu? Apesar de o deputado reconhecer que a ajuda dos soldados acelerou o processo de normalização das condições de Macau, não é por isso que concorda com a mesma. De entre as respostas dadas aos comentários que foi recebendo consegue ler-se: “Mas será adequado que se a use faca que serve para matar vacas, para matar galos?”. Au Kam San questiona a capacidade do Exército de Libertação Popular no que respeita à eficácia e profissionalismo que pudesse ter na tarefa de limpar ruas. “Não é uma certeza que tenham profissionalismo para limpar o lixo e para cortar as árvores”, diz. Com estes argumentos, Au Kam San acha que o Governo não deve solicitar ajuda ao Exército de Libertação Popular para limpar resíduos, a fim de garantir o lema de “a terra de Macau é administrada pelos residentes de Macau”. A polémica declaração do deputado deu origem a mais de 1700 comentários havendo mesmo quem questionasse onde estava o deputado quando foi precisa a ajuda. “O senhor Au, quando os inválidos, os idosos, as crianças, até as grávidas estavam a limpar a cidade, onde é que estava?” Houve também quem solicitasse a Au Kam San um pedido de desculpas ao Exército de Libertação Popular e aos residentes. Ao HM, Au Kam San disse que o texto polémico não tem uma relação directa com a democracia em Macau e que a participação do Exército de Libertação Popular na sequência do tufão não vai prejudicar o desenvolvimento do sistema democrático no território. Em resposta às críticas na rede social contra o deputado, Au Kam San explica que a ideia principal do texto é defender os soldados, que não deveriam desempenhar funções nesta situação. “A questão é, será que isto é catástrofe? Será que chegou já ao nível de catástrofe para haver a necessidade de chamar a ajuda do Exército de Libertação Popular? Este assunto pode provocar várias opiniões. Mas na altura tive a sensação de que não deveriam ser os soldados a limpar o lixo”, adiantou o deputado.
Sofia Margarida Mota SociedadeHato | Seis escolas vão adiar início do ano lectivo [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ão seis as escolas que vão ter de começar o ano lectivo depois da data prevista em consequência dos danos causados pela passagem do tufão Hato no território. A informação foi dada ontem em conferência de imprensa onde foi apresentado o último balanço dos estragos e dos trabalhos que ainda decorrem Seis escolas de Macau não vão poder começar as aulas dentro do calendário, a partir de 1 de setembro, quando começa o ano letivo, devido a danos causados pelo tufão Hato, que atingiu a cidade na quarta-feira. “Quase todas as escolas sofreram de um modo ou outro algum dano. Temos 77 escolas, seis necessitam de mudar o dia de início do ano lectivo – quatro são na zona norte, uma em Coloane e uma na zona central”, disse ontem, em conferência de imprensa, a chefe do Departamento de Educação da Direção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Leong Wai Kei. Os estabelecimentos de ensino que vão adiar o início das aulas são a Escola Primária Luso-Chinesa do Bairro Norte, Escola Luso-Chinesa de Coloane, Sheng Kung Hui Escola Choi Kou, Colégio Diocesano de São José 5, Escola Madalena de Canossa e Escola de Santa Teresa. Às escolas juntam-se 17 instituições de acção social que ficaram “em mau estado” e cinco creches que “têm de suspender o funcionamento”, complementou o vice-presidente do Instituto de Ação Social, Hon Wai. Apesar de menos escolas começarem a abrir portas na sexta-feira, o Governo está preocupado com o congestionamento de trânsito, habitual todos os anos, mas que se espera ser agravado devido aos condicionamentos à circulação nas estradas, que foram afectadas pela queda de todo o tipo de estruturas, incluindo árvores. Além disso, há sete obras em vias públicas a decorrer, que não foram finalizadas a tempo devido ao tufão. A este cenário juntam-se os danos causados pela tempestade em cerca de 200 autocarros, de um total de 880. Trânsito difícil “A situação do trânsito no início do ano lectivo vai ser mais difícil que no ano passado”, alertou o chefe da Divisão da Gestão de Transportes da Direção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, Chang Chong Hin. Para garantir o bem-estar psicológico dos alunos, a DSEJ destacou 200 psicólogos e assistentes sociais, tendo também em conta que há quatro estudantes cujos familiares morreram com a passagem do tufão, que matou dez pessoas e feriu mais de 240. Representantes de diferentes departamentos do Governo deram conta da existência de cinco edifícios ainda sem água e indicaram que quatro parques de estacionamento ficaram “danificados de forma grave”. Quanto às árvores, Leong Kim Fong, do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, indicou que mais de 4000 foram derrubadas em espaços públicos, embora tenham a expectativa de salvar algumas, as que mantêm as raízes intactas. Destas, cerca de 20 são consideradas antigas. No total, disse o responsável, foram reunidas “mais de 15 mil toneladas de árvores destruídas”. O porta-voz do Governo, Victor Chan, admitiu que “muitas infraestruturas [públicas] foram afectadas”, mas ainda não há dados “para avaliar a perda económica”. “Posteriormente iremos avaliar”, disse. Gastroenterites em pico [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe de Prevenção e Controlo de doença dos Serviços de Saúde, Lam Chong, disse que os casos de gastroentrite tiveram um ligeiro aumento, não considerado grave. No entanto, ontem, durante a conferência de imprensa em que foi dada esta informação, os jornalistas receberam um alerta dos mesmo serviços a anunciar um pico de casos registados no Hospital Kiang Wu no dia 28 de Agosto, de 178 casos.
Hoje Macau PolíticaTufão Hato | Subsídio para PME passa de 30 para 50 mil patacas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Macau elevou de 30 mil para 50 mil patacas o subsídio para ajudar as Pequenas e Médias Empresas (PME) a fazer face aos estragos causados pelo tufão Hato. “Na sequência do conhecimento aprofundado das dificuldades enfrentadas pelas micro, pequenas e médias empresas e vendilhões afectados pelo tufão, (…) oGoverno da RAEM decide que aumentará de 30 mil patacas para 50 mil patacas o limite do montante da ‘Medida de abono’ (…) a fim de aliviar a pressão financeira dos empresários afectados”, informou a Direcção de Serviços de Economia (DSE), em comunicado. Segundo a DSE, os primeiros abonos começaram a ser entregues na noite de segunda-feira, tendo sido aprovados 334 pedidos, num total de 10,02 milhões de patacas. As empresas que tenham apresentado o pedido de apoio – ou o tenham recebido – antes da subida do abono, não necessitam de efectuar novo registo, com a DSE a atribuir automaticamente as 20 mil patacas de diferença. Além deste abono, o Governo criou também uma linha de crédito, sem juros, para as PME afectadas até ao montante máximo de 600 mil patacas. Segundo a imprensa chinesa, a deputada Song Pek Kei defendeu que o apoio de 30 mil patacas não seria suficiente para a reparação das despesas de condomínio dos edifícios, tendo exigido a criação de um mecanismo de empréstimo para este tipo de reparações.
João Luz Manchete PolíticaPSD Macau | Vice-presidente profere declarações que geram controvérsia Depois de publicar declarações onde alegou haver portugueses entre as vítimas mortais do tufão Hato, Vitório Cardoso, vice-presidente do PSD Macau foi bastante criticado. Hoje será discutido o assunto numa reunião entre o cônsul-geral e as associações de matriz portuguesa [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois de argumentar que o Partido Socialista poderia estar a esconder o número de vítimas portuguesas na sequência do tufão Hato, “tal e qual como em Pedrogão”, Vitório Cardoso, vice-presidente do PSD de Macau, recebeu algumas crítica duras. Além de ter sugerido que poderia haver mortos de nacionalidade portuguesa, comentário que mereceu um desmentido por parte do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, o social-democrata teceu considerações utilizando a calamidade para fazer distinções entre PSD e PS. “O senhor colocou as coisas de uma maneira que parecia que ele era a única pessoa da comunidade portuguesa empenhada naquilo que se estava a passar em Macau”, comenta Amélia António, presidente da Casa de Portugal. A dirigente da instituição categoriza os comentários de Vitório Cardoso como “absolutamente execráveis” e que mexem com a sua maneira de estar na vida. O vice-presidente da secção de Macau do PSD depois de lamentar as mortes, desaparecidos e feridos na sequência do tufão Hato, disse que o partido de que é dirigente limpou o território e irá limpar Portugal. Miguel Bailote, presidente da secção do PSD em Macau, distanciou-se das declarações do seu camarada de partido, argumentando que “são comentários do Vitório”. O dirigente acrescentou que “é a opinião de um militante, há quem tenha posições mais extremadas, há outros com outras opiniões. Cada militante tem a sua opinião e pode expressá-la”. Reacções de fora “Enquanto presidente da secção, as informações que tenho é que não há vítimas portuguesas, apenas alguns feridos ligeiros”, comenta Miguel Bailote acrescentando ainda que a secção partidária a que preside “não limita a liberdade de expressão dos seus membros”. Amélia António entende que cada pessoa tem o direito de expressar as suas opiniões, porém, repudia as afirmações de Vitório Cardoso. A presidente da Casa de Portugal entende que “não é momento para se andar a fazer folclore e a tirar proveitos políticos”. As afirmações em questão chegaram a estar no Facebook do PSD de Macau, facto ao qual Miguel Bailote reagiu. “Como presidente da secção, vou retirar os posts da página”, sublinhando que “não deve haver aproveitamento político das catástrofes”. O dirigente social-democrata, no entanto, argumenta que este tipo de aproveitamento é feito em Portugal de parte do PSD, como do PS. Amélia António não ficou surpreendida com este tipo de actuação de Vitório Cardoso. “Durante muitos anos, li coisas que esse senhor escreveu que só nos colocam mal a nós, portugueses. Depois passou por uma fase de querer limpar a face e apagou essas opiniões”, comenta a advogada que acrescentou ainda que depois de pensar “que a pessoa ganhou um mínimo de equilíbrio, verifico que o desequilíbrio voltou ao de cima”. Amélia António classifica os comentários de Vitório Cardoso como uma vergonha para a comunidade portuguesa, ainda para mais numa altura em que devia haver união em torno do que é preciso fazer no rescaldo do tufão. A advogada contou ao HM que se realiza hoje uma reunião das associações de Macau de matriz portuguesa com o cônsul-geral, algo que é feito com regularidade. Numa altura em que se fará um ponto da situação na sequência dos estragos provocados pelos tufões que assolaram a região, Amélia António entende que o comportamento de Vitório Cardoso “deve ser um assunto que não pode deixar de ser abordado”. A presidente da Casa de Portugal acrescenta ainda que “deve ser tomada uma posição colectiva relativamente a uma pessoa que está a denegrir todas as associações, a comunidade e as pessoas que estão de boa fé em Macau a trabalhar e a dar o seu melhor”. Até ao fecho da edição, o PSD não fez qualquer comentário à polémica originada pelos comentários do vice-presidente da secção de Macau. De acordo com o presidente do PSD local, a secção irá a votos em breve. Voz nacional A reacção do PSD nacional chegou ao Hoje Macau pela voz de António Valle, assessor de comunicação do líder do partido, Pedro Passos Coelho. “O PSD não faz comentários sobre boatos nem tão pouco alimenta especulações. O PSD pronuncia-se oficialmente através do nosso deputado eleito pelo circulo da emigração, José Cesário. Aliás, sobre a catástrofe que infelizmente assolou Macau, o deputado tem-se pronunciado, oficial e publicamente, demonstrando a profunda solidariedade com os portugueses que foram afectados pelos dois tufões e garantindo que jamais nos esqueceremos do que Macau e os portugueses que ali residem significam para Portugal.”
Victor Ng SociedadeTufão Hato | Pedido apoio para veículos danificados [dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]epresentantes da Federação das Associações dos Operários (FAOM) foram ontem às instalações da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) para apresentar queixas de cidadãos que ficaram com os veículos destruídos com a passagem do tufão Hato. Leong Sun Iok, vice-presidente da FAOM, referiu ao HM que além das vítimas mortais e feridos, houve ainda muitas perdas de bens, incluindo os carros que ficaram totalmente inutilizados. Muitos deles foram arrastados com a força das águas e ficaram espalhados pelas ruas. O vice-presidente considera que o Governo também deve dar apoio aos condutores dos veículos, à semelhança dos subsídios que serão concedidos às Pequenas e Médias Empresas e casas que necessitam de reparações. Apesar de não ter avançado um número concreto de pedidos de apoio, a FAOM contou ao HM que, nos últimos dias, recebeu muitas solicitações de residentes que exigem apoio financeiro. Na opinião de Leong Sun Iok, as autoridades podem ajudar os residentes através de medidas e políticas, como a diminuição de imposto sobre a compra de novos veículos. Por outro lado, o vice-presidente entende também que há veículos que estão retidos nos auto-silos, sendo que também é exigido o apoio do Executivo nestes casos. Tufão | Suspeitos de boatos afinal não foram detidos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) negou à Rádio Macau ter detido os dois suspeitos da divulgação de rumores relacionados com o número de mortos causados pelo tufão Hato. A PJ disse que apenas “contactou” os dois suspeitos, que são irmãos”, mas só para “recolher informações”. Os suspeitos, de 73 e 68 anos, podem incorrer no crime de ofensa a pessoa colectiva que exerce autoridade pública. O caso está agora no Ministério Público, onde os irmãos foram já presentes para depoimento. Arriscam uma pena de prisão até seis meses ou multa até 240 dias.
Sofia Margarida Mota Eventos MancheteRolling Puppet: “O teatro serve para nos conhecermos” Foi criado em 2014 por Kevin Chio e Ten Ten La depois de fazerem um curso em Praga. É a primeira companhia de teatro de marionetas do território em língua chinesa e já conta com espectáculos esgotados em Macau e no exterior. A Rolling Puppet vai apresentar “Notícias sobre Xiao An” nos próximos dias 16 e 17 de Setembro no Edifício do Antigo Tribunal [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] que é que vamos ter em “Notícias sobre Xiao An”? K.C. – É uma adaptação de um texto clássico de literatura chinesa. Usamos a projecção com marionetas em miniatura em que temos alguns efeitos de imagem. O texto é de um autor conceituado, Yan Lianke, que ganhou o prémio Franz Kafka em 2014. Conhecemos Yan Lianke em Praga na altura em que lá estávamos a estudar. Falámos acerca deste espectáculo. É um autor com um estilo de escrita que usa a metáfora, o que para nós é sempre material importante para um espectáculo. Já produzimos esta peça no ano passado e estes ano voltamos a ter o “Xiao An” am palco, com algumas alterações. Que mudanças fizeram? K.C. – As modificações que fizemos foram essencialmente respeitantes à relação entre o público e o próprio espectáculo. Quisemos agora, além de manipular os bonecos, ter outro tipo de manipulação: a das pessoas que vão assistir ao condicionar-lhes o sentido dos movimentos. Porquê esta história em particular? T.T.L. – É sobre uma a criança que devido a um acidente perdeu toda a gente, incluindo o seu avô, o único elemento que ainda era vivo. Ficou completamente sozinho, resolveu encontrar uma solução e gastou todo o seu dinheiro para comprar uma televisão. Era também a primeira vez que via televisão e descobriu que na sua aldeia todas as pessoas tinham um momento para aparecer naquela caixa mágica, fosse qual fosse o pretexto. Xiao An também queria aparecer. No fundo é uma metáfora a vários aspectos sociais. Através de uma criança percebe-se a importância dos media na formação das pessoas. Por outro lado é abordada, de alguma forma, a própria censura. Alerta também para o facto de que quando vemos as coisas de perto às vezes não nos apercebemos das falhas e que é necessário distanciarmo-nos para perceber as fragilidades que apresentam. Sinto que toda a história é uma espécie de humor negro mas que simboliza muitas situações reais que são brutais e tentamos mostrar isso através das marionetas de forma simbólica. Desta vez quisemos também retratar a situação actual de Macau. Nesta adaptação, o público começa a ver a história a partir do momento em que Xiao An também morre. Colocamos a audiência num cenário que, simbolicamente, é um museu cheio de produtos e a própria personagem é um deles. As pessoas entram numa espécie de museu e vão a caminho do palco onde é recriada toda a história. É uma peça para todas as idades? K.C. – Sim e é o primeiro espectáculo que abrimos a todos a partir dos seis anos. Normalmente fazemos espectáculos para adultos. É interessante perceber como as diferentes faixas etárias percebem as situações de humor de forma diversa. Como é que começaram a interessar-se pelo mundo das marionetas? T.T.L. – Eu era designer durante o dia e à noite actriz amadora e trabalhava com alguns grupos em Macau. Comecei a pensar que estaria na altura de escolher ou um ou outro trabalho. Conheci uma pessoa de Singapura que me motivou para apostar numa carreira de realização e encenação. Quando comecei à procura de uma formação descobri os cursos de marionetas em Praga. Em Macau não havia nada. Até ir para lá nunca tinha visto uma marioneta. Achei que a manipulação de objectos poderia ser interessante. Encontrei uma escola em Praga e fui. Descobri um novo mundo, não só sobre o teatro mas acerca de toda a minha vida. No teatro foi surpreendente. Em Macau temos sempre muito material cénico nos espectáculos e ali descobri como fazer as coisas sem nada. Apendemos a usar menos materiais mas também a tornar as peças mais móveis para que se possam deslocar e ser apresentadas em vários sítios. Em Macau tínhamos um grupo de marionetas portuguesas mas não havia nenhum grupo de artistas chineses. Era preciso fazer alguma coisa nesta área e focámo-nos nisto. Por outro lado a República Checa é um país muito político e com intervenção, coisa a que não estávamos acostumados. Tudo é sobre política, e nas artes isso é muito evidente. Com as marionetas podemos também expressar coisas sem palavras e só com os bonecos. Mudou muito a forma como olho a arte em si. Quando regressei quis também deixar de usar peças de autores ocidentais e peguei na literatura chinesa. Transformamos os conteúdos que pertencem ao passado e adaptamos para situações actuais. Quando vejo, por exemplo Lu Xun, tentamos adaptar os textos a uma Macau actual. As coisas não mudaram muito desde Lu Xun até agora. As questões do controlo daquela altura são agora feitas, de outra forma. Tentamos encontrar sempre um conteúdo contemporâneo nos escritores clássicos. Já em 2014 fizemos uma peça baseada num texto de Lu Xun. Tratava-se de uma foto acerca de um soldado japonês que executa um soldado chinês. Adaptámos a situação, numa altura em que se vivia o Occupy Central, em Hong Kong. É uma reflexão acerca do espaço e de como as pessoas usam as suas motivações para fazer coisas. Vamos voltar a fazer esta peça para o ano em Hong Kong. Em 2015 fizemos um espectáculo em Praga chamado “Made in Macau” em que usámos objectos e vídeo para falar do território. E o que mostraram? K.C – A ideia surgiu porque sempre que fazíamos novos amigos em Praga as pessoas perguntavam de onde vínhamos. Respondíamos de Macau, a notámos que não tinham ideia nenhuma do que era o território. Quando muito respondiam com a palavra “casino”. Resolvemos juntar objectos e alguma narrativa numa espécie de teatro documental. Por exemplo, a Ten Ten nasceu praticamente dentro de uma fábrica na década de 1980. Aproveitámos para falar um pouco dessa altura e das vidas das pessoas, e das famílias. Foi um espectáculo também um pouco pessoal para falar da história e da realidade de Macau. T.T.L. – A minha mãe trabalhava numa das fábricas de têxteis que existiam antes dos casinos. Enquanto crescia, as indústrias do território foram colapsando dando lugar aos casinos. Com a minha história pessoal, aproveitámos para falar dos problemas humanitários. Falámos da mudança de políticas e de como a abertura da China afectou o território, a chegada dos casinos e como isso afectou os mais novos e as suas possibilidades de emprego em vários ângulos, e mais tarde, como é que se vive hoje e como podemos tentar fazer das nossas vidas o que queremos. É uma peça simples, sem grande sofisticação. Por outro lado, o teatro também nos permite escrever a nossa história pessoal, a nossa narrativa, e aproxima as pessoas. Muitas vezes conhecemos outros locais pelas notícias e nada tem a ver com a realidade da vida das pessoas. O teatro serve para nos conhecermos. Como sentem a adesão do público local ao vosso trabalho? T.T.L. – Tem sido muito positivo. No início não podíamos abusar em alguns aspectos, para tentar com que este tipo de teatro entrasse suavemente na vida das pessoas. Fizemos sempre teatro para adultos para tentar mostrar que esta também é uma área que, apesar de usar bonecos, não é feita para miúdos. Também juntamos literatura chinesa e temos tido várias encomendas de espectáculos com esta vertentes. Os espetáculos têm esgotados em horas. As pessoas querem ver coisas novas e que reflictam a nossa sociedade e a actualidade. Tentamos usar o mínimo de linguagem oral possível para que as nossas peças não fiquem limitadas à linguagem verbal e que possam ser entendidas por toda a gente.
Hoje Macau China / ÁsiaGalápagos | Pequim diz que não há provas de pesca ilegal [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês afirmou ontem que não há provas de que pescadores do país, condenados à prisão no Equador, tenham pescado ilegalmente no arquipélago das Galápagos, mas prometeu castigá-los caso se confirmem as acusações. “Segundo o que sei, não existem provas que demonstrem que o navio está implicado em pescas nas águas do Equador”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, em conferência de imprensa. O cargueiro, “Fuyuanyuleng 999”, foi capturado em 13 de Agosto passado, numa reserva marinha, a 63 quilómetros das Galápagos, com 300 toneladas de peixe, incluindo numerosos exemplares de espécies protegidas e em perigo de extinção. No domingo, um tribunal do arquipélago das Galápagos condenou os vinte tripulantes da embarcação a penas de entre um e quatro anos de prisão e impôs multas até dois milhões de dólares. Hua Chunying disse que “como desconhecia as regulações, o navio navegou sem autorização em áreas protegidas das Galápagos”. “Se o barco está implicado em pesca ilegal, o Governo chinês irá verificar, e nesse caso a China castigará severamente, de acordo com as suas leis”, acrescentou. A porta-voz disse ainda que Pequim espera que o Equador “respeite os factos e gira este caso de forma justa e objectiva” e “proteja os direitos e interesses dos pescadores chineses”. Toneladas ilegais O barco foi apreendido na reserva marinha das Ilhas Galápagos com toneladas de espécies protegidas, entre as quais tubarões martelo, os quais figuram da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza. O “Fuyuanyuleng 999” transportava carga ilegal que incluía mais de 6.600 tubarões, cujas barbatanas são muito apreciadas na Ásia. Milhares de habitantes da Ilha de Santa Cruz, a mais povoada do arquipélago equatoriano, manifestaram-se na segunda-feira para exigir ao Governo que estenda as águas territoriais das ilhas de 40 para 100 milhas, de forma a combater a pesca ilegal chinesa naquela área.
João Luz SociedadeDroga | ARTM firma parceria com centro de tratamento chinês [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau vai dar início a uma parceria com o centro de tratamento chinês AIDS Care China. Augusto Nogueira contou que a associação que dirige sofreu poucos danos com o tufão Hato, mas que o IAS já se prontificou a ajudar O intercâmbio entre instituições de terapia é uma forma comum de apurar métodos e conhecimentos. Nesse sentido, a Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) vai assinar uma parceria com a AIDS Care China, uma clínica de tratamento. De acordo com Augusto Nogueira, presidente da ARTM, a instituição chinesa tem uma abordagem terapêutica “um bocado diferente do que é praticado no resto da China”. “A AIDS Care China é presidida por alguém que tem uma base de conhecimento de redução de danos, aliás, é um activista nesse sentido, com uma mente muito aberta”, explica Augusto Nogueira. O português destaca a vontade de cooperar e partilhar sabedoria terapêutica e experiências com a instituição chinesa. Augusto Nogueira destaca a necessidade de olhar para a forma como se tratam consumos comuns de ketamina e ice, que assolam tanto o Interior da China como Macau. Abordagens similares Em resultado da parceria, haverá uma troca de funcionários da ARTM e da AIDS Care China, “para ver como eles actuam e para nós também aprendermos com eles”, informa Augusto Nogueira. O presidente da ARTM considera que todas as parcerias são boas, não apenas para levar longe o nome da associação a que preside, como para dar formação ao seu staff. A associação de Macau usa métodos mais humanistas em relação ao que se pratica na China, onde as terapias são baseadas em formas mais duras e impositivas. “Nós temos uma abordagem com mais liberdade, com maior campo de acção e espaço para as pessoas, à procura de potenciar as suas capacidades”, comenta Augusto Nogueira. Em relação aos danos provocados pelo tufão Hato, Augusto Nogueira revela que estes foram mínimos. “Tivemos apenas estragos num portão que se deslocou, uma porta e o centro de distribuição de metadona”, comenta. O presidente da ARTM revela que o Instituto de Acção Social já se prontificou a ajudar a instituição.
Hoje Macau China / ÁsiaCarros eléctricos | Renault e Nissan juntam-se a Dongfeng Motor [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] aliança dos construtores de automóveis Renault e Nissan anunciou ontem um acordo com o grupo chinês Dongfeng Motor para fabricar e vender uma nova viatura eléctrica na China. A parceria é traduzida na criação da eGT New Energy Automotive, detida em 50% pela Dongfeng, 25% pela Renault e 25% pelos japoneses da Nissan, segundo um comunicado conjunto. O objectivo é criar um novo automóvel com “interconectividade inteligente e que será desenvolvido com base numa plataforma SUV (ligeiro com características desportivas)”. “A criação desta co-empresa com a Dongfeng concretiza a vontade comum de desenvolver veículos eléctricos competitivos para o mercado chinês”, disse Carlos Ghosn, o brasileiro responsável da aliança franco-nipónica. O presidente da Dongfeng, Zhu Yanfeng, também fez eco da concretização de um esforço conjunto para desenvolver veículos eléctricos destinados ao mercado chinês. “Um projecto que assenta num modelo económico inovador”, declarou Zhu Yanfeng. A eGT deverá estabelecer a sua sede social em Shiyan, na província de Hubei, no centro da China. O veículo eléctrico será produzido na fábrica da Dongfeng em Shiyan, com capacidade de produzir 120 mil unidades anuais. O fabrico deverá iniciar-se em 2019. Segundo a Associação Chinesa dos Construtores automóveis, a China representa o maior mercado mundial para os veículos eléctricos: em 2016 foram vendidos 256.879 veículos eléctricos, com um crescimento de 121% face ao ano anterior. Nos primeiros sete meses de 2017 as vendas ascenderam a 204 mil unidades, traduzindo uma subida de 33,6%.
Hoje Macau China / ÁsiaCrise coreana | Apelo ao diálogo em vez de sanções [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China apelou ontem ao diálogo para pôr fim à crise em torno do programa nuclear e de mísseis balísticos da Coreia do Norte, considerando que as sanções ao regime não contribuem para encontrar uma solução. “Os factos demonstraram que a pressão e as sanções não podem solucionar o fundo da questão”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, em conferência de imprensa. “A única via é a do diálogo e consultas”, acrescentou Hua, horas após a Coreia do Norte ter lançado um míssil que sobrevoou o norte do Japão. O Conselho de Segurança das Nações Unidas realizou, ontem, uma reunião de emergência em Nova Iorque, a pedido de Tóquio e de Washington, na sequência do lançamento de um míssil pela Coreia do Norte que, pela primeira vez desde 2009, sobrevoou o Japão. O míssil disparado ontem de manhã, pelas 06:30, a partir das proximidades de Pyongyang, caiu a cerca de 1.180 quilómetros do cabo de Erimo, na ilha de Hokkaido, após percorrer mais de 2.700 quilómetros e alcançar cerca de 550 quilómetros de altura antes de cair no mar, de acordo com informações do executivo japonês. Este mês, os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, incluindo China e Rússia, aprovaram novas sanções contra o regime norte-coreano de Kim Jong-un. Estima-se que as novas sanções reduzam em mil milhões de dólares os três mil milhões anuais que o país de Kim Jong-un obtém em receitas de exportações. Grande parte desse valor é oriundo das vendas para a China, destino de 90% das exportações da Coreia do Norte.
Julie Oyang h | Artes, Letras e IdeiasO realizador chinês mais corajoso de sempre Parte II [dropcap style≠’circle’]W[/dropcap]ang Bing filmou o seu segundo documentário, He Fengming, em 2005. Só com uma câmara, centrada numa mulher que sobreviveu aos horrores da era de Mao, Wang Bing conta uma história intimista, minimalista, quase privada. Antiga professora e jornalista, He Fengming relata de forma vivida, dolorosa e detalhada o pesadelo que viveu durante 30 anos, após a revolução. A narrativa começa com Fengming a descer a rua coberta de neve que vai dar ao seu apartamento. Agora, sentada na sala, a mulher idosa, mais excepcionalmente bem conservada, fala para a câmara de Wang durante cerca de três horas, quase sempre em tempo real. A estratégia, totalmente não comercial, coloca o espectador numa humilde posição de receptor, quase como convidado de He. Estamos perante um estilo que preserva a pureza dos contadores de histórias. A narrativa nunca é interrompida por perguntas ou comentários. Durante quase três horas, esta mulher descreve os tormentos por que passou na prisão, num enquadramento decididamente não cinematográfico, mas sempre hipnótico. O olhar do realizador marca a forma como a história é contada, todo o seu drama e toda a sua tragédia. A abordagem totalmente estoica de Wang parece ser a forma certa e respeitadora de trazer ao espectador todo um mundo de emoções, embora este universo lhe seja desconhecido e nunca tenha imaginado sequer experiências tão degradantes. He Fengming foi premiado no Festival Internacional de Cinema Documental de Yamagata em 2007. Veja aqui uma entrevista com o realizador – a verdadeira natureza das histórias: https://bit.ly/2xGebQ0
João Paulo Cotrim h | Artes, Letras e IdeiasRecuos, mais que avanços Santa Bárbara, 22 Agosto [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om esforço (nada é sem ele agora), procuro experimentar o tempo de modo distinto para o travestir de férias, essa invenção pequeno-burguesa. Parar não devia obedecer a nenhum calendário. A preguiça devia ser estado natural de qualquer indivíduo, e aqui me confesso seguidor de Lafargue. «Ó miserável aborto dos princípios revolucionários da burguesia! Ó lúgubre presente do seu deus Progresso! Os filantropos proclamam benfeitores da humanidade aqueles que, para se enriquecerem na ociosidade, dão trabalho aos pobres; mais valia semear a peste ou envenenar as fontes do que erguer uma fábrica no meio de uma povoação rústica. Introduzam o trabalho de fábrica, e adeus alegria, saúde, liberdade; adeus a tudo o que fez a vida bela e digna de ser vivida.» Teimo em erguer uma fábrica no meio da minha povoação rústica e isso paga-se. Na vez de me dedicar ao essencial gasto-me, em pleno Agosto, a fazer cobranças difíceis, dificílimas. Poupo-nos à desgraça de um diário mais próximo da suja realidade. Ora o essencial está nisto, por exemplo: o Paulo [José Miranda] foi entregando, nos últimos dias e com horas de intervalo, dezenas de versões do seu novo e desafiante romance. A mais recente acontecia ser todavia ainda mais final que a anterior. E mesmo depois da finalíssima veio uma derradeira. Fechado esse capítulo abriu-se a discussão em torno do título, que logo aqui e agora que ficar resolvido. Isso além do lançamento e do lançador. O coração do editor vive deste sangue e o tempo devia suspender-se por via de primeira leitura ansiosa, de uma segunda de lápis na mão, antes de terceira para deleite e ajuste. Vai demorar um pouco mais, mas só um pouco, por causa das dezenas de chamadas em espera, das combinações por acertar, das agendas para ferir de urgências a vermelho. Uma delas, um título que nos acalme as ânsias. (Mão amiga entrega-me romance de Reginaldo Pujol Filho: «só faltou o título», assim se chama). Horta Seca, 23 Agosto Recuo. Na flecha disparada ao futuro, os desvios chamam-se recuos. Uma seta não se consegue puxar para trás. Uma arma de fogo, essa, depois do disparo dá coices. Nunca disparei uma pistola. Bisnagas, sim. As engenhosas e doidas das infâncias, sim. Passos às arrecuas, dei sem querer. Passos às arrecuas, fui obrigado a dar. Quem se estende para diante em voluntarismo deve com isso contar. Vejo agora que as setas, como nos desenhos animados, podem, sem perder força, rodar no ar e voltar na nossa direcção. O progresso, essa invenção pequeno-burguesa, faz-se de alcatrão mole, apenas estrada, pouco horizonte. Preciso muito de me afastar no tempo para pôr contornos do difuso neste presente feito de recuos. Horta Seca, Lisboa, 24 Agosto Mário Gomes entrega trabalho hercúleo que as circunstâncias não me deixam apreciar devidamente. Ainda vou na leitura ansiosa da primeira tradução para português de Arno Schmidt (na foto), no caso, duas novelas, «Leviatã e Espelhos Negros». Confirmei o que apenas antecipava, por causa de detalhes e do discurso apaixonado, contudo esclarecido, sobre a obra e o autor, a qualidade do texto final em português radicalmente novo. Schmidt, que conhecia mal, mudou o alemão e terá, portanto, que mexer com qualquer língua. Mário transpô-lo com elegância e cuidado extremo. Parece-me que a abysmo nasceu para editar Arno Schmidt. Quando o sinto com um autor, acredito que sou editor. (Dura pouco a sensação). Ao calhas: «E os incontáveis paralelos de granito zumbiam debaixo de mim, à esquerda, à direita; passados sete minutos estava de novo a arfar pela faixa de asfalto entre Ebbingen e Cordingen: placas cor de óleo de linhaça, conscienciosas que nem funcionários públicos, indicavam em todas as direcções da pista de corrida: oh, gente de juízo! Amplo e verdejante, o berço do final da tarde, arborizado, pedaços de bosque por todos os lados, o vento estava fresco e, com um assobio de pífaro, mandou-me rumo a casa, pelo prado fora; deslizei, balançando-me sobre coxas duras e esmagadoras, pela faixa ondulada de asfalto: viva a solidão!» O cuidado pode ser medido neste episódio. No Espelhos Negros, de onde retirei as linhas anteriores, surgem incursões pela matemática, pelo que pareceu avisado ao Mário dar a ler a quem soubesse. Recorri à Carlota [Simões], que anima o belíssimo Museu de Ciência da Universidade de Coimbra, e soma aos inúmeros saberes uma curiosidade dispersa e o uso de língua próxima do alemão. Logo se percebeu que não se tratava apenas de bem enquadrar o Teorema de Fermat e demais vizinhanças, mas de detalhes de balística, o que levou a posterior investigação e mais contactos. Tudo porque o autor, não contente com a hipótese de pôr pombos a voar como balas, resolveu transformar a ideia em equação. Ninguém daria pelas pequenas incongruências, uma ou duas do próprio autor. Trabalhamos para os dois ou três que notariam. Estou em crer que a edição de Arno Schmidt poderá ter que ser lida com recurso à balística, tal os movimentos que causará nos leitores que se atreverem. Alvalade, 27 Agosto Ver no estádio um jogo de futebol continua, apesar disto e daquilo, fascinante. Um dos mais divertidos paradoxos dá-se na dança entre ruído e silêncio. Habituados à narrativa torrencial da televisão ou da rádio, ali a coreografia desenrola-se em silêncio pontuado nos picos do drama pelas neves de vogais abertas ou fechadas pela aflição e pela alegria. No entorno, claro que se conversa, tantas vezes absoluta e distante banalidade, como se cultiva a mui nobre e elevada arte do palavrão, nem sempre com criatividade; claro que se comenta e analisa, do detalhe de uma jogada ao panorama geral do sistema, de uma memória revivida à projecção de campeonato inteiro. Mas o olhar cria uma campânula de cristalino silêncio no rectângulo verde, se concentrado nas deambulações daquele talento individual ao serviço do colectivo que se dobra e desdobra, em avanços e recuos, tornando-se ele, nos bons momentos, entidade única, viva, orgânica e esmagadora. O vidro estilhaça com o golo feito seta de grito uníssono. O Sporting ganhou, sofrendo, muito por sua culpa, ao Estoril Sol por 2-1, com golo anulado a cada equipa pela figura fantasmática do vídeo-árbitro. Mathieu entrou na short-list com grande jogo: aprecio quem, vindo da defesa, rasga campo para desequilibrar com a velocidade do inesperado ou vice-versa.
Fa Seong A Canhota VozesQuem mais sabe mais viola a lei [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]rimeiro eram três, depois foram seis, tendo surgido mais dois. Eles são agentes da polícia que foram detidos por, alegadamente, ter recebido subornos para ajudarem pessoas a entrar em Macau de forma ilegal. Estas pessoas não podiam, segundo o que foi noticiado, entrar no território. Sabemos que os polícias pertencem, ou deveriam pertencer, ao grupo de pessoas que impede a ocorrência de crimes. Contudo, há cada vez mais casos de agentes que deixam de ter o papel de justiceiros para passarem a ser ovelhas negras na sociedade. Os primeiros agentes que foram detidos detinham cargos importantes no seio das forças de segurança, mas o caso mais recente aponta que o cabecilha do grupo terá apenas 29 anos. Ficamos com a ideia de que há muitos agentes envolvidos e que casos como este continuam a acontecer por aí, sem que tenham sido descobertos. Os agentes que são suspeitos de ilegalidades deveriam saber que os actos de que são acusados violam a lei e que os poderia levar a ser descobertos e a perderem os seus postos de trabalho. Ainda assim, optaram por esse caminho e o dinheiro é a única razão para que estes casos tenham acontecido. As notícias dizem que os suspeitos terão recebido entre 10 a 30 mil dólares de Hong Kong por cada entrada ilegal a que deram apoio. Quem não gosta de dinheiro? Poucos são aqueles que gostam de perder a oportunidade de ganhar mais dinheiro e nem os agentes da autoridade escapam. Foi assim que surgiu o esquema ilegal que junta no mesmo saco criminosos e polícias. Há inúmeras formas de ganhar dinheiro, porque optaram pela via do crime? Todos são um pouco gananciosos, mas isso não significa que, por dinheiro, toda a gente vai começar a cometer crimes e a pôr em causa a segurança da sociedade. Os polícias deveriam merecer a máxima confiança da população. Quando o primeiro caso foi divulgado, as autoridades afirmaram “lamentar” o sucedido, disseram que se “sentem tristes” e que vão “preencher as lacunas” registadas. As reacções sobre os casos seguintes não variaram muito e não convenceram muito o público. Estes casos lançam alertas sobre a segurança nas fronteiras e dúvidas sobre a possibilidade de existirem problemas de gestão na segurança pública. Mesmo que as autoridades digam que vão rever e aperfeiçoar os mecanismos, os seus trabalhos são apenas letras num papel: nada se vê na prática. Apesar do secretário da tutela, Wong Sio Chak, defender a melhoria da imagem das forças de segurança e da eficácia na execução da lei, alguns dos seus subordinados continuam a levar a cabo este tipo de acções ilegais. Isso só mostra que os objectivos de Wong Sio Chak estão longe de concretizar.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasZombie Tuna, agência de marketing | Uma ajuda aos pequenos negócios O projecto é embrionário e acaba com uma lacuna no mercado: a falta de uma empresa com estratégias de marketing para as Pequenas e Médias Empresas. Tito Rafael está radicado em Macau há pouco tempo e quer trazer criatividade aos pequenos negócios [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]á passou por Londres e Pequim, onde trabalhou depois de ter concluído um MBA na Porto Business School, em Portugal. Em Macau há pouco tempo, Tito Rafael quer partilhar a sua experiência no marketing criativo, tendo criado a Zombie Tuna. “Tive sempre a trabalhar na área do marketing nos últimos sete anos”, começou por contar ao HM. “Vim parar a Macau porque a minha esposa veio trabalhar para cá. Depois vi que tinha oportunidade de criar uma coisa nova e fazer algo de raiz.” Nesta fase a Zombie Tuna existe apenas na sua casa e não emprega qualquer pessoa, mas Tito Rafael já tem planos e alguns contactos para começar. “Quis criar uma nova agência mais focada no marketing criativo, de forma a conseguir chegar a clientes mais pequenos e não às grandes empresas de Macau. Há uma oportunidade aqui, sobretudo por ser um meio pequeno, de fazer diferente e promover negócios mais pequenos”, contou ao HM. A ideia é “optimizar os clientes que trabalhem localmente”, num território que, por hábito, costuma procurar estratégias de marketing em Hong Kong. “Apercebo-me de que há uma tendência de olhar sempre para Hong Kong como o sítio de reserva onde se pode ir buscar tudo. Na verdade Macau é auto-suficiente em muitas coisas. Agências de marketing, nos termos do que quero fazer, não existem.” Tito Rafael aponta o foco para clientes com poucos recursos financeiros através de plataformas digitais. “Quero propor uma série de serviços que englobem a definição da estratégia do negócio, passando pelo design e pelas redes sociais. A ideia é vender serviços de consultadoria para promover o negócio nas plataformas digitais, disponibilizar serviços de consultadoria e know-how”, adiantou Tito Rafael. O objectivo é que as PME “tenham a possibilidade de, mesmo com valores baixos, chegar ao mercado e expandi-lo”. “Queremos ajudar as pessoas a desenvolver estratégias locais para o negócio crescer”, acrescentou o marketeer. Obstáculo linguístico A trabalhar sozinho nesta fase, Tito Rafael considera que o chinês é, por enquanto, um entrave na expansão da Zombie Tuna, mas não deverá sê-lo para sempre. “A língua pode ser um entrave, sem dúvida. A ideia é, no futuro, abranger o cantonês. Já estou a trabalhar numa nova versão do site para que seja multilingue. Conforme vou expandindo a empresa espero encontrar uma pessoa, para a área comercial, que seja bilingue e que possa estabelecer os contactos.” Antes de enveredar por esta aventura, Tito Rafael já tinha tido duas experiências de trabalho no território, que o fizeram perceber o funcionamento do mercado. “Fui-me apercebendo de algumas lacunas no mercado. Lacunas que são relativamente fáceis de resolver e foi aí que pensei que poderia fazer qualquer coisa para atingir o objectivo de fazer algo diferente.” A empresa ainda agora começou a criar uma imagem nas redes sociais, e a ideia é ir crescendo com o tempo. “Estamos mesmo numa fase embrionária. Ainda estou a usar a minha casa. Quanto aos clientes estou a estabelecer os primeiros contactos. A ideia está a ser posta em prática e agora é esperar para ver o que podemos fazer pelas pessoas”, concluiu.