Uma viagem incompreensível

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ronto. A medida de acesso livre de iates entre Macau e a cidade chinesa de Zhongshan está lançada, e o novo terminal marítimo da Taipa foi, finalmente, inaugurado. Macau parece ter ganho novas faces marítimas para mostrar ao mundo, em termos de sistemas e infra-estruturas.

Mas há que questionar: e depois? O número de pedidos para a entrada de iates é tão pouco, que até Maio deste ano apenas três iates chegaram ao território vindos de Zhongshan. A Direcção dos Serviços de Turismo admitiu que esta medida é dirigida para turistas com maiores capacidades económicas, pelo que o número de visitantes desta categoria não deve registar um grande aumento.

É incompreensível que, apesar de saber que os turistas serão, à partida, poucos, os Serviços de Turismo continuem a afirmar que vão fazer estudos sobre as “características de consumo” dos clientes nesse segmento, mas não estudam como podem atrair mais visitantes ou melhorar essa medida.

Este caso faz-me lembrar o comentário feito por um analista que referiu que o Governo sofre de uma espécie de doença de Parkinson, que estará a aparecer novamente. Assim que descobre um problema, o Executivo limita-se a encomendar estudos a diversas entidades, pois considera que são os melhores medicamentos para as suas doenças.

Fazer estudos não é, de todo, uma medida errada, mas deve ser adequado e ter efeitos práticos. Nesta iniciativa sobre a entrada livre de iates, o ponto essencial é como é que se podem diminuir as exigências a quem tem um iate, para que a medida possa beneficiar mais pessoas.

Levanta muitas dúvidas o facto dos Serviços de Turismo e a Direcção dos Serviços dos Assuntos Marítimos e da Água implementarem medidas sem terem uma comunicação permanente. Este é um velho problema de incoerência que existe nos diversos departamentos do Governo.

Para além da burocracia, há ainda a dificuldade relacionada com o facto do interior da China cobrar quase um milhão de renmimbi para que um iate fique estacionado na marina. Isso não ajuda os proprietários de iates que sejam, digamos, da classe média, ou classe média alta.

Além disso, as taxas de inspecção nas alfândegas são altas, e é algo que o Governo de Macau já disse que precisa de coordenador com as autoridades de Guangdong. Também foi falada a existência de um mecanismo de cooperação entre os dois territórios, mas será que está a ter efeitos?

Quando os iates chegam a Macau, podem ficar estacionados no cais de Coloane ou na marina da Doca dos Pescadores, mas as instalações em Coloane não são simples. Não há sampanas (embarcações asiáticas, com fundo de bambu) que façam a ligação para embarcações de recreio mais específicas. Os iates só podem atracar numa zona a cem metros de distância em relação ao cais, e os turistas precisam de usar o batel para fazer a ligação ao cais. Não deixa de ser uma viagem com um quê de assustador.

Quando os iates de Zhongshan chegam a Macau, não podem passear nas suas águas. Se eu fosse dona de um iate e chegasse ao território, e percebesse que não podia dar uma volta de barco, então ia pensar para que estava eu aqui com o meu iate. O Governo Central já atribuiu à RAEM quilómetros de águas marítimas, mas é estranho que os iates ainda não possam fazer visitas aqui à volta.

Não me assumo especialista. Mas tendo em conta que o terminal marítimo da Taipa já entrou em funcionamento, e tendo em conta a sua enorme dimensão (quatro vezes superior à do aeroporto), devem existir zonas por ocupar ali à volta.

As autoridades deveriam pensar em aproveitar esses espaços para o embarque de iates provenientes da China, e isso iria permitir um melhor acesso dos turistas ao Cotai, Taipa ou Coloane. Talvez fossem proporcionadas melhores condições do que o Cais de Coloane.

16 Jun 2017

Os coelhinhos

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ensar sobre coisa nenhuma é um exercício tramado. Assim como é difícil escrever sobre coisa nenhuma, mesmo para quem está habituado à folha em branco e às ideias no vazio. Anos de desertos ideológicos não nos habituam necessariamente ao nada, à inexistência. Temos esta mania insuportável de querermos pensar em algo, de precisarmos de um objecto para inventarmos outro, de necessitarmos de um conceito para o podermos avaliar. Somos uns tontos.

Pois bem. Esta semana, o Governo de Chui Sai On lançou à população um desafio metafísico de elevado grau de dificuldade: quer o Executivo que a gente pense no que deverá ser a presença do território no megalómano plano da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Sucede, porém, que não foi dado ao povo um ponto de partida para tamanha reflexão.

Na apresentação da consulta pública, que dura apenas 15 dias, não foi divulgado um plano, uma proposta ou meia dúzia de ideias. Foi lida a lista de chavões que todos conhecemos e que inclui palavras tipo plataforma, lazer, centro, mundial, lusófonos e afins. Ideias concretas: zero. Pensem vocês, dizem eles. Penso eu, respondo. Se tiver tempo, porém.

Reconheçam, senhores que mandam, que 15 dias é coisa nenhuma para se pensar sobre coisa nenhuma. Não chega para se sair da abstracção para a realidade. Quando nos encontramos mergulhados no alheamento colectivo, encontrar uma ideia por semana é tarefa árdua. O objecto da consulta é vasto, extraordinariamente gigante no tamanho e de natureza ultra-diversificada. Vós pedis o impossível.

Mas eu tento, dentro das minhas limitações. E isto apesar de não saber sequer se sou destinatário deste vosso pedido. Por certo quereis, senhores que mandam, que as opiniões a serem enviadas em correio rápido sejam redigidas por ilustres cabeças, cérebros mais iluminados do que o meu, uma humilde jornalista. São as elites pensantes do território que, em 15 dias, conseguem conceber um plano de integração económica, outro ao nível das infra-estruturas viárias, um terceiro sobre infra-estruturas rodoviárias e outro ainda sobre questões de harmonização jurídica, isto sem descurar, claro está, a sintonização das mais diversas manifestações culturais e linguísticas das três jurisdições em análise, os negócios, os negociantes e os negociadores.

Não obstante saber que há quem tenha disponíveis 15 vezes 24 horas pela frente para vos fornecer ideias a preço de desconto – que por aqui é caro, porque tudo custa os olhos da cara e outras partes do corpo –, agradeço o facto de me terem incluído, a mim e aos meus semelhantes, em tão nobre tarefa. Há dias em que sabe bem sentirmos que somos parte da engrenagem, e não a pedra que se afasta com a biqueira pontiaguda do sapato italiano.

Apesar de nos ser pedido o impossível e de, muito sinceramente, saber que não estais à espera do meu inútil contributo, aqui fica ele: há alturas em que mais vale estar calado do que atirar areia para os olhos de quem ainda vê para além do capacete local.

O projecto em análise é de nível nacional. Pequim, sabe quem lê os jornais, incumbiu as partes de dizerem o que pensam. Aqui ao lado, naquela China que achamos ser densa e opaca, há já algumas semanas que se fala publicamente dos estudos que foram encomendados e das propostas concretas que contêm. Aqui dentro, nada. Os senhores que mandam sentam-se a uma mesa e dizem: povo, pensai por nós, pecadores, para Pequim ver que estamos aqui todos ouvidos, todos olhos, todos receptivos às vossas ideias sobre coisa nenhuma. Entretanto, os amigos de sempre sacam da cartola um rolo com propostas e estudos preparados de anteontem para ontem, de tão geniais que são.

Eu quero uma grande baía cor-de-rosa. Uma Hello Kitty gigante que se visse da lua, mais expressiva do que a muralha. Cheia de ouro e diamantes, para respeitar a cultura transversal da província e das duas regiões. Macau deve afirmar-se pela diferença: passeios rolantes com ventoinhas penduradas em nuvens por causa do suor e dos maus cheiros, estradas revestidas a material fofo e absorvente para reduzir o barulho e amortecer as quedas em caso de acidente, hordas de turistas nipónicos com os telemóveis no silêncio e as gargantas em ‘mute’, livros a nascerem das árvores, árvores a nascerem dos livros, sofás imaculados espalhados pela cidade com música conforme o meu estado de espírito, crianças de uniformes brancos, bem-comportadas, velhinhos sorridentes a saltar à corda e coelhinhos aos pulos nos imensos jardins relvados do Leal Senado.

E também me apetece que 2049 não seja amanhã, porque amanhã é um sábado de 2017, e pode ser que, nos anos que faltam, apareça alguém que não queira apenas brincar aos políticos.

16 Jun 2017

Piloto macaense Filipe Clemente Souza vai correr no TCR China e no WTCC

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ilipe Clemente Souza vai ter uma segunda metade do ano bastante preenchida. O piloto de Macau vai participar na temporada completa do novo campeonato TCR China e ainda irá dar uma perninha no Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC).

Neste novo desafio, o piloto macaense irá tripular um VW Golf TCR da equipa Teamworks, que é responsável técnica para a região dos carros TCR do Grupo Volkswagen Audi.

“Escolhi este campeonato é porque é um novo campeonato na China e é um novo conceito de corridas”, disse Souza ao HM sobre este desafio.

O TCR China obriga, por regulamento, a que haja dois pilotos por carro. O piloto da RAEM irá fazer equipa com Samuel Hsieh, um piloto de Hong Kong muito experiente neste tipo de carros e com várias participações nas corrida de suporte do Grande Prémio de Macau. Souza não esconde que a dupla tem como objectivo “lutar pelos lugares do pódio”.

O piloto da Song Veng Racing Team nas provas nacionais ainda não teve a oportunidade de testar o VW Golf TCR da equipa de Hong Kong, mas espera ter fazê-lo ainda antes do arranque da temporada. Contudo, o carro alemão, que este ano apresenta algumas novidades a nível aerodinâmico, é bastante familiar ao piloto de Macau, pois na época passada Souza conduziu um carro semelhante no campeonato TCR Asia Series, mas da equipa germânica Engstler Motorsport, e este ano participou na primeira ronda do mesmo campeonato em Zhuhai, onde terminou no terceiro lugar na segunda corrida.

O campeonato TCR China iria começar em Ordos este fim-de-semana, mas problemas com a pista da Mongólia Interior adiaram o arranque do campeonato para o mês de Agosto, em Xangai. Ao todo serão seis provas, cada uma com três corridas por fim-de-semana, ao longo desta primeira temporada, sendo que a competição chinesa tem uma jornada agendada para o Circuito da Guia no mês de Novembro em que Souza poderá não participar.

Nova aventura no WTCC

Este também será o ano em que Souza irá regressar ao WTCC, onde em 2014 conquistou o Troféu Asiático. O piloto do território tem um acordo com a equipa espanhola Campos Racing para conduzir um Chevrolet Cruze RML TC1 na prova chinesa do campeonato, que se disputa no novo circuito de Ningbo, e no Grande Prémio de Macau, apesar da ronda do Circuito da Guia não estar ainda cem por cento segura.

“Decidi participar porque tudo indica que este será o último ano destes carros TC1 no mundial de Turismo”, explicou Souza ao HM, que não esconde estar curioso para “experimentar um carro TC1”, que é bastante diferente dos carros que tripulou até aqui.

O campeão de Macau de carros de Turismo está consciente das suas limitações nesta sua participação pontual no WTCC, pois enfrentará uma concorrência muito experiente e que conduz estes carros há vários anos, alguns com apoio directo de grandes construtores. Por isso mesmo, os objectivos de Souza resumem-se “a terminar e fazer boas corridas”, gozando ao máximo a possibilidade de ombrear com os melhores do mundo.

16 Jun 2017

Andrea Tavares, líder do movimento Alternativa 1: “Liderança de Nicolás Maduro tem sido fraca e ilegítima”

Falar com Andrea Tavares ao telefone a partir da Venezuela revelou ser uma tarefa impossível: a rede é fraca e não há sequer Internet no país. Por e-mail, a luso-descendente e líder do movimento político Alternativa 1 garante que a grave crise social e económica que a Venezuela vive actualmente poderia ser resolvida num regime democrático. No meio do caos social, a comunidade portuguesa é uma das maiores vítimas do crime, assegura

Porque decidiu criar o movimento político Alternativa 1?

O movimento Alternativa 1 nasce da necessidade de criar um espaço político para aqueles que não se identificam com a concentração da política em dois grandes blocos ou pólos. Somos líderes sociais e políticos com experiência e conhecimento em administração pública na Venezuela e queremos resgatar a ideia da política ao serviço dos cidadãos, e não o contrário. Acreditamos que, para superar os nossos grandes males, devemos desenvolver uma visão de uma república de cidadãos, superando a economia petrolífera e em que possamos defender a “verdade” como um valor na política e aprofundar a democracia, expressa na diversidade de pensamento e reconhecimento dos outros. Somos um movimento que faz oposição ao Governo venezuelano actual, embora não façamos parte da coligação Unidade Democrática. Em muitas ocasiões partilhamos uma agenda política para enfrentar o inimigo comum do povo venezuelano, o regime de Nicolás Maduro e seus cúmplices. 

Disse numa entrevista concedida ao semanário Expresso que há portugueses a serem alvo de sequestros na Venezuela. A situação tem tendência a piorar?

Sem dúvida, porque à medida que aumenta a crise política e económica, o crime torna-se um modo de sobrevivência para muitos, especialmente num país onde há uma impunidade total e absoluta contra o crime. A rápida desvalorização da nossa moeda e o controlo de câmbio de moeda estrangeira tem forçado as pessoas a procurar divisas para não perderem o capital em muitos casos. Os comerciantes e as comunidades imigrantes preferem poupar divisas, por isso são um alvo tentador para os sequestradores, que também cobram o resgate de sequestros em moeda estrangeira. Uma das comunidades imigrantes mais afectadas é a portuguesa que, como todos sabem, está envolvida no comércio, e é esforçada e poupada.

De que forma o Estado português poderia ajudar a comunidade portuguesa aí residente?

O Estado português deve exigir garantias junto do Governo venezuelano em relação à protecção da sua comunidade, sem esquecer o castigo exemplar para aqueles que cometem crimes contra a comunidade portuguesa. [O Estado português] deve protegê-los da extorsão e propor alguma cooperação para garantir a segurança dos cidadãos de origem portuguesa e o respeito pela sua propriedade. Há casos de confisco de propriedades sem qualquer procedimento legal.

Há portugueses a querer ir embora da Venezuela ou pretendem ficar no país?

Muitos preferem ficar, porque aqui têm o seu património que foi construído durante toda a vida e não é fácil sair de anos de sacrifício e esforço para começar de novo. As gerações mais jovens de luso-descendentes estão a tentar voltar e muitos preferem ir para a Espanha por terem mais facilidade na língua. Muitos não falam bem português e têm dificuldades especialmente na parte da escrita.

Chegou a apoiar Hugo Chávez, mas depois tornou-se crítica do seu Governo. Que análise faz à postura de Nicolás Maduro perante a crise do país?

Fui fundadora e membro do partido Pátria Para Todos (PPT), que foi um dos que integrou a coligação mais importante que apoiava Chávez para chegar ao poder. Fui vereadora em Caracas em representação do PPT, e desde 2000 o PPT começou a ter diferenças em relação a Chávez. Foi sempre uma relação muito tensa.

De que forma?

No PPT havia muitos activistas que começaram a pensar no desvio em relação ao projecto político inicial. Aí começaram a lançar as bases para a corrupção massiva e para o totalitarismo que se desenvolveu mais tarde. Foram os mesmos que fizeram críticas e que foram atacados por Chávez, que conseguiu dividir o partido e, finalmente, através de uma ordem judicial, afastá-lo.

E em relação a Nicolás Maduro?

A sua liderança tem sido muito fraca e ilegítima. Maduro não conseguiu criar a sua própria liderança, mesmo que tenha sido feita através da imposição de Chávez. Isso levou ao aprofundamento de uma enorme rejeição, mesmo no seu próprio partido, e ele tem sido questionado pelo exercício da presidência a nível interno. Antes da morte de Chávez, houve um mistério gerado com os últimos decretos e leis promulgados nesta fase. De seguida regista-se uma eleição com resultados duvidosos, tendo [Nicolás Maduro] ficado na presidência com uma pequena margem de diferença, o que enfraqueceu o seu mandato. A acrescentar a isso, verifica-se uma dependência quase total em relação a Havana [capital de Cuba] para tomar decisões. Maduro pode ter sido o líder que começou um grande processo de diálogo e de encontro entre os venezuelanos desde que assumiu o cargo, mas poderia também ter desenvolvido um plano económico viável. Ao invés disso, escolheu o caminho da radicalização e da divisão, levando a esta crise actual. 

Quais as consequências mais visíveis desse caminho na sociedade venezuelana nos dias de hoje?

Após 60 dias de protestos houve estudantes e cidadãos que foram mortos, presos, torturados e perseguidos. Há pessoas no exílio e temos neste momento uma das mais altas taxas de emigração na história da Venezuela. Prefere-se uma ditadura, violando todas as leis da República, suspendem-se eleições e institui-se uma Assembleia Constituinte não originária, sem que se realize qualquer referendo. Tal acontece apenas para dissolver o que resta do Estado republicano e da divisão de poderes. Maduro preferiu entrar para a história como o representante venezuelano do “gorilismo” que vigora na América do Sul.

Como é o dia-a-dia da comunidade portuguesa aí residente?

A comunidade portuguesa está totalmente integrada na sociedade venezuelana e tem os mesmos sofrimentos da vida quotidiana. Existe dificuldade na obtenção de medicamentos, as empresas estão à beira da falência devido à falta de matéria-prima, há crime por toda a parte. Os filhos e os netos crescem num país onde não há qualidade de vida, e onde não há nenhum Estado de Direito e de justiça mesmo no trabalho efectuado nos serviços públicos. Grande parte da comunidade portuguesa está a participar nos protestos e muitos foram presos. Por isso não é surpreendente que a imagem que deu a volta ao mundo seja a de uma mulher corajosa que segura a bandeira da Venezuela, tentado impedir a passagem de um tanque militar, tendo sido cercada por gás lacrimogéneo. Essa mulher é portuguesa.

Tem esperança num futuro melhor para o país? Quais as soluções que aponta para o fim da crise?

Tenho, não se pode perder a esperança. Esta crise pode ser resolvida como qualquer país democrático, através de eleições e respeitando a actual Constituição. Pode ser resolvida com o respeito pelos direitos humanos, pela soberania popular e com uma agenda económica séria e responsável. Sabemos que o Governo está a ir na direcção oposta, e é por isso que estamos nas ruas, para exigir liberdade e democracia. Para nós é muito importante a solidariedade internacional, e esperamos que o mundo continue a pressionar a Venezuela para que a democracia seja restabelecida. O que está a acontecer connosco pode acontecer com qualquer país do mundo, porque este Governo dá asas a que muitos líderes [ajam] em nome do socialismo ou dos pobres, para de seguida mostrar o seu verdadeiro rosto fascista e totalitário. Pedimos ajuda a Deus e também aos homens e mulheres de boa vontade para continuarmos a lutar pela liberdade, para que possamos ajudar o mundo a livrar-se de uma tragédia em torno da saga ditatorial. Isto deve ser superado no século XXI.

 

“A situação está caótica”
Relatos de cenários de guerra no país

A grave crise económica e social que a Venezuela enfrenta neste momento está a levar milhares de portugueses a regressar a Portugal. A maior vaga de regressos está a acontecer na Ilha da Madeira, de onde muitos emigrantes são naturais.

Marisa é uma dessas pessoas que regressou há pouco tempo a Portugal, depois de, aos poucos, a família ter deixado a Venezuela. Os pais foram os primeiros a sair, seguindo-se o irmão, que chegou a ser sequestrado e viu a sua empresa falir. Os filhos de Marisa formaram-se e também deixaram o país.

“As pessoas estão a fazer barricadas nas ruas, para pressionar o Governo. As estradas fecham-se e não há comida. Saímos cedo de casa mas não sabemos se podemos ir para casa de novo, porque está tudo fechado. A polícia sai e inicia-se uma espécie de guerra nas ruas, com gás lacrimogéneo”, contou ao HM.

Com as prateleiras dos supermercados vazias, as pessoas são obrigadas a comprar a comida no mercado negro. “Compramos a pessoas que conhecemos, que se dedicam a vender comida mais cara. Não há arroz ou papel higiénico, e para conseguir carne temos de falar com alguém que consegue, o preço é duas ou três vezes mais do que deveria ser.”

Um país perdido

A residir em Macau, Eliana Calderon olha com tristeza para a situação do seu país que afirma não conhecer mais. “A situação do país está caótica, porque a pobreza já atinge 90 por cento da população. Tenho amigos que ainda estão lá e uma irmã, e a situação deles é horrível.”

“A Venezuela está completamente perdida, não reconheço o meu país. Não vou lá há dois anos e tenho terror da Venezuela. Eu pertenço aos 90 por cento de pessoas que são pobres, mas as pessoas já estão tão desesperadas que ou morrem ou vão para as ruas. Se não há uma guerra civil, vai haver”, acrescentou a responsável por uma associação que apoia crianças com necessidades educativas especiais.

Na visão de Eliana Calderon, o Governo é parcialmente responsável pela crise venezuelana, sem esquecer a corrupção. “Nicolás Maduro não está a ajudar, porque assumiu o mandato como se fosse descendente do rei Hugo Chavez. Não é um Governo verdadeiramente eleito. O dinheiro que tínhamos foi mal gasto pelas cúpulas do Governo, graças à corrupção”, concluiu.

15 Jun 2017

Ng Kuok Cheong insatisfeito com Obras Públicas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Ng Kuok Cheong emitiu ontem um comunicado onde expressa o seu descontentamento em relação à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Em causa está uma resposta a uma interpelação que o deputado considera ser incompleta, relativa ao planeamento dos novos aterros.

Na resposta, a DSSOPT afirma que, do total de 54 mil habitações que serão construídas nos novos aterros, 28 mil fracções serão destinadas à habitação pública. Contudo, Ng Kuok Cheong diz que as respostas às restantes questões se limitaram à frase: “A DSSOPT não tem informações relativas a esse assunto”.

Para o deputado pró-democrata, estas respostas são motivo de preocupação, pois mostra que o Governo não está preparado relativamente ao planeamento dos novos aterros. Ng Kuok Cheong considera mesmo que a resposta é “inaceitável”.

Ng Kuok Cheong pede, por isso, que o Governo inicie o mais depressa possível os trabalhos de preparação do planeamento dos novos aterros, exigindo também que a Assembleia Legislativa agende o pedido de debate que o deputado fez sobre o mesmo assunto.

O pedido de debate, já admitido no hemiciclo, defende a ideia de estabelecer limites para a compra de casas nos novos aterros para quem já possui habitação no território, para que seja possível travar a especulação imobiliária.

“Os restantes terrenos a conceder a particulares para a construção de habitação privada, e as habitações públicas a serem vendidas futuramente no mercado privado, nos termos da lei, deverão estar sujeitas ao regime de restrições de compra e venda”, escreveu Ng Kuok Cheong.

No que toca às restrições de compra e venda, “o Governo da RAEM deve definir requisitos mais rigorosos”, frisou o deputado, exigindo que, na zona dos novos aterros, “só os residentes permanentes que não possuam nenhuma casa nos novos aterros, nem tenham, na RAEM, mais do que uma casa é que devem poder adquirir apenas uma outra [fracção]”.

15 Jun 2017

Gabinete de Ligação | CAEAL diz que não há irregularidades

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa considera que não há indícios de que tenha sido violada a lei eleitoral com a realização de um jantar promovido pelo Gabinete de Ligação. A ocasião serviu para Jorge Neto Valente, candidato às eleições, fazer um discurso
Jorge Neto Valente discursou num jantar promovido pelo Gabinete de Ligação.

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]orge Neto Valente, o número dois de Melinda Chan na corrida às eleições, discursou num jantar promovido pelo Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau. Segundo o jornal Ponto Final, o jantar destinou-se às comunidades portuguesa e macaense, mas José Pereira Coutinho e Rita Santos, rostos conhecidos desta comunidade, não foram convidados.

O deputado à Assembleia Legislativa (AL) disse ao mesmo jornal que houve uma atitude tendenciosa por parte do Gabinete de Ligação, mas Tong Hio Fong, presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da AL (CAEAL), negou uma eventual violação à lei eleitoral em vigor.

“Não proibimos as pessoas de participar em actividades de associações, como jantares, por exemplo. Temos de avaliar se isso está directamente relacionado com as eleições e, até agora, ainda não há indícios que apontem para a existência de uma relação directa”, defendeu.

Tong Hio Fong disse que soube do caso pelo jornal. “Se houver a possibilidade de se constituir uma infracção, têm de haver factos em concreto”, apontou.

Mais assinaturas repetidas

A CAEAL esteve ontem reunida para analisar os pedidos de reconhecimento de candidaturas. No total, já foram entregues 21 pedidos, além de dois pedidos de reconhecimento de candidaturas pelo sufrágio indirecto. O organismo aprovou seis candidaturas até ao momento.

Sobre o caso das assinaturas repetidas em várias listas candidatas, Tong Hio Fong falou de um grande aumento de casos em relação à semana passada.

“Segundo os dados, temos 92 subscrições múltiplas. Nesses casos iremos contactar as pessoas envolvidas para verificar em que circunstâncias fizeram as subscrições múltiplas. E vamos verificar quais são as intenções dessas pessoas”, explicou.

O presidente da CAEAL não exclui a possibilidade de se verificarem mais casos de repetição de assinaturas. “Enquanto estivermos dentro do prazo vamos recebendo mais subscrições, e aí vamos ver se há mais casos. Já contactamos mais de dez pessoas e temos de ver caso a caso para saber se constituem uma irregularidade. Depois publicaremos os resultados.”

Sem violações

Tong Hio Fong falou também do número de queixas que a CAEAL tem recebido. “Temos contacto com o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) e recebemos um total de 16 queixas, sendo que todas dizem respeito à nossa comissão. Estas queixas já foram encaminhadas para o CCAC”, frisou.

O também juiz garantiu que, até ao momento, não foram detectados casos que violem a lei eleitoral.

“Há uma preocupação por parte dos cidadãos de que alguns participantes das eleições estejam a antecipar a campanha eleitoral, ou que a comissão tenha conhecimento de irregularidades mas não divulgue as informações. Pelo que temos até agora, ainda não detectamos qualquer irregularidade ou conflitos com a lei eleitoral”, adiantou.

Ontem foi também divulgado o número de locais onde será permitida a realização de actividades de campanha eleitoral. Serão 19 no total: 13 em Macau, cinco na Taipa e um em Coloane.

15 Jun 2017

Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau | Questionada ausência de propostas do Governo

Mais preparação e algumas linhas orientadoras. É o que defendem um economista e um arquitecto sobre a consulta pública que o Governo acaba de lançar sobre a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, sem ter avançado propostas concretas sobre o assunto

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]os próximos 15 dias, a população poderá dar a sua opinião sobre um plano de integração regional que inclui as duas regiões administrativas especiais chinesas e a província de Guangdong. O Governo não avança, contudo, com qualquer proposta ou plano de base na consulta pública sobre a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

Na visão do economista Albano Martins, faltou ao Executivo uma maior preparação. “Ouvi a apresentação deles e disseram que não tinham muito tempo, porque queriam que o Governo Central tomasse em consideração as opiniões das pessoas. Isso significa que não fizeram as coisas no seu devido tempo”, analisa.

“A China é muito pragmática e vai ouvir as partes envolvidas. Macau é uma delas, como é Hong Kong. Macau atrasou-se, porque não é justificação dizer que tudo tem de ser feito a correr porque a China quer ouvir as opiniões”, defende o economista, que fala nos poucos efeitos práticos desta consulta pública.

“O que se vai fazer em 15 dias não dá para nada, dificilmente se consegue coordenar tudo o que vai ser apresentado ao Governo chinês. Vão ser tiros no desconhecido e dificilmente se tira proveito das opiniões.”

Tratando-se de um plano essencialmente político, a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau inclui áreas tão díspares como a economia, o urbanismo, os transportes ou o meio ambiente, como lembrou Albano Martins.

“Não envolve apenas a área da economia e do urbanismo, mas também a parte ambiental, a organização política, uma vez que Macau e Hong Kong têm autonomia e só uma parte integra o Continente. Tudo isso deveria estar pensado e a batata quente vai estar sempre do lado chinês. Macau deveria auxiliar o Estado chinês a fazer esse projecto garantindo os interesses do território, e duvido que em 15 dias consiga isso”, referiu.

Prática comum

Na perspectiva do arquitecto Mário Duque, esta é uma forma comum do Governo lidar com as políticas que pretende implementar, embora estejam em causa “questões técnicas e demasiado específicas para que qualquer opinião que se dê seja significativa, porque transcende muitas coisas”.

“O Governo Central não faz estas coisas à revelia das regiões administrativas especiais que, por sua vez, não o fazem à revelia dos seus residentes. Não quer dizer que tenham uma decisão, porque não têm, mas têm a posse da questão também”, defendeu o arquitecto.

Na apresentação da consulta pública, o assessor do gabinete do Chefe do Executivo, Kou Chin Hung, deixou algumas ideias do que deverá ser a participação da RAEM na Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. “Temos de aproveitar todas as oportunidades para ter acesso ao comboio rápido da China”, frisou, tendo sido anunciadas oito áreas prioritárias. Estas estão relacionadas com a diversificação económica, o intercâmbio de pessoas e culturas e ligações entre infra-estruturas, entre outras, para que nasça uma “região metropolitana de nível mundial”.

Kou Chin Hung destacou que Macau desempenha “dois papéis” na criação da região metropolitana “de nível mundial”: “incentivar a compreensão correcta e execução integral [do princípio] ‘Um País, Dois Sistemas’” e “criar laços de cooperação para servir o desenvolvimento de ‘Uma Faixa, Uma Rota’”.

Segundo afirmou, o conceito “Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau” apareceu pela primeira vez num documento do Governo Central, em 2015, sobre a visão e acções para a construção da “Rota da Seda e da Rota Marítima da Seda para o Século XXI”, o projecto de investimentos em infra-estruturas liderado pela China, que ambiciona reavivar simbolicamente o corredor económico que uniu o Oriente o Ocidente.

Em 2008, com base nas “Linhas Gerais para a Reforma e Desenvolvimento do Delta do Rio das Pérolas (2008-2020), a província chinesa de Guangdong, a par com as vizinhas regiões de Macau e Hong Kong, começaram a discutir “a criação de uma área metropolitana de nível mundial”, e da “longa história” e da “relação intrínseca” que comungam.

Um novo ímpeto à “Grande Baía” foi dado, no ano passado, com uma referência nas Linhas Gerais do 13.º Plano Quinquenal da China e, este ano, no relatório de trabalho do primeiro-ministro Li Keqiang, do qual consta a orientação para se “investigar e elaborar o planeamento da região metropolitana da Grande Baía”.

15 Jun 2017

Edifícios | Consenso na proporção de condóminos para renovações

Está definida a percentagem de condóminos necessária para seguir com projectos de demolição e reconstrução de edifícios. A conclusão resulta da reunião de ontem do Conselho de Renovação Urbana. A utilização de habitação pública como residência temporária foi rejeitada

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]á há acordo no que respeita à percentagem de votos necessários para que os edifícios deteriorados possam ser demolidos ou submetidos a obras de reabilitação. A ideia foi ontem deixada pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, após uma reunião plenária do Conselho para a Renovação Urbana (CRU).

“O consenso alcançado é de que todos os edifícios com menos de 30 anos, se tiverem de ser submetidos a um processo de demolição ou renovação, vão precisar da aprovação de 100 por cento dos condóminos”, afirmou o secretário. Já para os prédios que têm entre 30 e 40 anos, terá de ser reunido o voto favorável de 90 por cento dos condóminos, enquanto aqueles que tiveram mais de 40 anos precisam de 85 por cento de aprovações.

Casas temporárias financiadas

Está fora de questão a utilização de terrenos e de casas destinadas a habitação pública para acolhimento temporário dos residentes que poderão ter as suas habitações em obras aquando da operacionalização do Plano de Renovação Urbana.

“Uma das ideias em discussão foi a possibilidade de retirar o estatuto de habitação pública a algumas fracções para que pudessem servir de casa temporária a estas pessoas”, explicou o membro do CRU, Paul Tse.

No entanto, as vozes contra vieram de várias frentes. Membros do CRU e do Instituto da Habitação não concordaram porque, afirmou Paul Tse, “iria prolongar o período de espera daqueles que aguardam já há muito tempo por uma fracção de habitação pública”.

O CRU sugeriu alternativas para que não haja mais atrasos nas acções necessárias à implementação do Plano de Renovação Urbana. Neste sentido, “vão ser tomadas medidas temporárias para aqueles que têm de deixar as suas casas e que passam pela atribuição de subsídios e de ajudas no pagamento de rendas”, disse.

A solução reuniu consenso e pode ser submetida ao Governo para consideração.

15 Jun 2017

Negócios | Lucros da CEM subiram quase 13 por cento

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Companhia de Electricidade de Macau (CEM) registou lucros líquidos de 746 milhões de patacas no ano passado, mais 12,8 por cento do que em 2015, segundo dados publicados ontem em Boletim Oficial.

O consumo de energia em Macau aumentou 5,8 por cento no ano passado, atingindo o valor recorde de 5.255 Gigawatt-hora (GWh), com o pico da procura a atingir 932 Megawatt (MW), ou seja, mais 5,6 por cento do que em 2015, de acordo com dados constantes da síntese do desempenho anual da eléctrica que, em Fevereiro, facultou uma série de indicadores, mas não os resultados do exercício.

A produção de energia local aumentou 4,5 por cento para 787 GWh, enquanto a energia importada da China subiu 6,2 por cento em 2016 para 4306 GWh, representando, respectivamente, 15 por cento e 81,9 por cento do total do consumo. Já a energia adquirida à Central de Incineração de Resíduos Sólidos foi de 161 GWh, equivalendo a 3,1 por cento.

“Enquanto os preços do combustível se mantiveram baixos em 2016, o custo de produção foi inferior ao da importação de energia eléctrica” da China, refere a CEM, destacando que “todos os indicadores-chave” excederam os objectivos traçados no contrato de concessão.

“A CEM continuou a investir em infra-estruturas e activos importantes, com o objectivo de apoiar o ritmo do desenvolvimento” de Macau e de “fazer face à sempre crescente procura de energia”, afirma a empresa.

Salientando que “todos os anos o valor do investimento da CEM excede a receita”, a CEM indica que, em 2016, “a despesa de capital atingiu um novo recorde de 1,31 mil milhões de patacas, ou seja, quase mais 77 por cento do que o lucro anual.

No final de 2016, a CEM contava com 253.229 clientes, mais 1,6 por cento comparativamente ao ano anterior.

15 Jun 2017

Abertas inscrições para acção de poupança

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais pessoas a tentar poupar energia. É esta a ideia da terceira edição da acção de conservação de cinco por cento de energia. As inscrições estão abertas até 31 de Agosto e, este ano, são alargadas. Se em 2015 e 2016 apenas uma pessoa por casa se podia inscrever-se, agora todos os que contribuem para a mesma factura podem habilitar-se ao sorteio.

De acordo com um representante do Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE), Lei Chun San, “esta acção pretende incentivar os cidadãos a porem em prática na sua vida diária os conhecimentos que têm sobre conservação energética e a utilizarem métodos de poupança de energia”.

Para o efeito, o GDSE sensibiliza a população para que preste atenção aos electrodomésticos energeticamente eficientes, e dá sugestões para uma melhor gestão dos consumos eléctricos.

A iniciativa decorre durante o período compreendido entre Junho e Setembro, os meses em que as contas aumentam significativamente.

Desta forma, todos os utentes particulares são desafiados a poupar cinco por cento nas suas contas da luz. Aqueles que atingirem esta meta podem inscrever-se no sorteio. A única condição tem que ver com a existência de um consumo mínimo: em nenhum dos meses considerados o registo de gasto pode ser inferior a 10 kW.

Medida continuada

Em 2015, participaram na iniciativa 1886 famílias, sendo que 882 tinham conseguido poupar os cinco por cento pedidos. Já no ano passado, o número de participantes teve uma ligeira quebra: foram 1794 as famílias inscritas, sendo que a meta foi atingida por 787.

Para atrair mais participantes, a edição deste ano introduz o critério da continuidade. Desta forma, é dada a possibilidade de distinção dos utentes que, entre 2015 e 2017, tenham participado em pelo menos dois sorteios e tenham sido considerados cumpridores da poupança pretendida.

Os cinco por cento exigidos resultam da comparação da média dos três meses em análise com o mesmo período do ano passado.

A iniciativa está aberta não só a residentes do território, mas também a trabalhadores não residentes e a estudantes do ensino superior.

A lista dos vencedores é publicada no dia 17 de Novembro. Dos prémios que vão ser atribuídos constam três vales de dez mil patacas e 80 de 500 patacas para a compra de equipamentos eléctricos energeticamente eficientes, e 100 vales de desconto de 100 patacas na factura da electricidade. Os dois prémios de continuidade têm direito a um vale de cinco mil patacas.

A acção é uma iniciativa do GDSE e conta com o apoio da União Geral dos Moradores de Macau e com a Companhia de Electricidade de Macau.

15 Jun 2017

Educação | Activistas contra mandarim nas aulas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente da Associação Activismo para a Democracia, Lei Kin Iun, entregou ontem uma carta à Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) em que se opõe veementemente às aulas dadas em mandarim. Apesar de o Governo ter garantido há dias que não existem indicações para que tal seja obrigatório, o movimento achou por bem mostrar a sua oposição.

Lei Kin Iun defende que o assunto preocupa muitos residentes de Macau que têm receio de que o cantonês seja substituído pelo mandarim na região, “descaracterizando o território e a sua cultura”.

Em comunicado, a associação mostra-se ainda preocupada com a falta de professores locais, razão que estará na origem das aulas em mandarim: as escolas recorrem a docentes do Continente que não falam cantonês.

O líder da Activismo para a Democracia recorda que “o cantonês faz parte do património imaterial importante do território” e diz temer que a cada vez maior presença do mandarim nas escolas prejudique a cultura local.

Lei Kin Iun faz referência ao princípio “Um País, Dois Sistemas” para vincar que “o regime de educação deve manter-se diferente do da China”. “Se as aulas em Macau forem todas dadas em mandarim, isso será imitar o sistema educativo do Continente e não corresponde à realidade de Macau”, frisa o presidente da associação.

Na missiva deixada na DSEJ, pede-se ao Governo que aja no sentido de preservar o cantonês no sistema de ensino e solicita-se a realização de consultas sobre a matéria, de modo a que os cidadãos possam dizer o que pensam.

15 Jun 2017

Educação | Ella Lei quer ver três escolas no lugar do Canídromo

Muito se tem falado na solução a dar às instalações onde se realizam corridas de galgos. Uma associação ligada à FAOM vai sugerir ao Executivo que o espaço seja reconvertido para servir as necessidades educativas da comunidade local

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] questão não é de agora. Que destino dar ao Canídromo de Macau? Foi com a resposta em mente que a Associação Choi In Tong Sam deu uma conferência de imprensa com o propósito de anunciar que vai apresentar ao Governo uma proposta para a construção de três escolas no espaço.

O director da associação, Lam Lon Wai, também subdirector da Escola para Filhos e Irmãos dos Operários, recorda que alguns deputados, assim como representantes de escolas construídas nos edifícios residenciais adjacentes ao Canídromo, já reuniram com o Chefe do Executivo várias vezes. O propósito era melhorar as condições de acesso ao ensino da população da zona norte de Macau. As reuniões, de acordo com Lam Lon Wai, não tiveram efeito prático.

O dirigente associativo elencou justificações como o aumento da taxa de natalidade e da densidade populacional da zona norte como factores que requerem a intervenção do Governo na área educativa. Além do mais, os espaços para o ensino e prática de desporto escolar em Macau são, na óptica de Lam Lon Wai, insuficientes.

Nesse aspecto, o dirigente associativo considera que a área do estádio deve ser reservada para os residentes e estudantes da área. Lam Lon Wai acrescenta ainda que é ideal que os alunos estudem na zona onde residem, em particular crianças dos jardins-de-infância e do ensino básico.

Falta de material

Por sua vez, Vong Kuok Ieng, director da Escola Choi Nong Chi Tai, refere que, desde a transferência de administração, as melhorias dos equipamentos escolares não têm acompanhado o desenvolvimento local. O director lembra que durante a Administração portuguesa foram implementadas medidas temporárias para disponibilizar mais quotas de educação a residentes locais. No entanto, essas medidas permanecem passados 20 anos.

Quanto à possibilidade de utilizar terrenos para construir escolas nos novos aterros, Vong Kuok Ieng considera que devem ser usados para colmatar as necessidades de educação.

A deputada Ella Lei, que também é subdirectora da associação, sugeriu que se mantenha o actual estádio do Canídromo com o objectivo de oferecer aos estudantes e residentes um espaço para que possam fazer exercício físico, assim como para as actividades desportivas das escolas.

Ella Lei espera que a área dos actuais canis, com um total de 17 mil metros quadrados, seja utilizada para a construção de três escolas, assim como para serviços sociais.

15 Jun 2017

Mais 5,9 por cento para a Macao Water devido à futura estação de Seac Pai Van

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo e a Macao Water chegaram a um acordo quanto à actualização do valor da taxa de serviço: até 2019, haverá aumentos anuais médios de 5,9 por cento. De acordo com a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), a concessionária pretendia aumentar a taxa de serviço para 6,2 por cento por ano em média, entre 2017 e 2019, mas a Administração conseguiu baixar a percentagem de actualização.

Quando entrarem em vigor os novos valores, a taxa de serviço será de 5,45 patacas por metro cúbico (aumento de 33 avos). Em Janeiro de 2018, será de 5,77 patacas (aumento de 32 avos) e, em Janeiro de 2019, será de 6,08 patacas.

Este aumento prende-se com o investimento que a Macao Water está a fazer na Estação de Tratamento de Água de Seac Pai Van, explica a DSAMA, dando conta de que “o orçamento total nesta estação é aproximadamente de mil milhões de patacas, sendo um montante consideravelmente superior ao previsto no contrato de concessão”.

Em comunicado, a Macao Water congratula-se com o consenso alcançado e deixa detalhes sobre o projecto de Seac Pai Van, que será fornecido principalmente pelo quarto canal de abastecimento de água, construído em conjunto pelo Governo de Macau e pela província de Guangdong.

A nova fábrica poderá fornecer um total de 130 mil metros cúbicos de água por dia, pelo que o abastecimento diário total do território aumentará dos actuais 390 mil metros cúbicos para 520 mil. A construção está prevista para o início de 2019, sendo que deverá estar concluída no final desse ano. A Macao Water espera que a nova estação possa responder à necessidade de água da cidade na próxima década.

Nos últimos anos, indica a concessionária, a população de Macau aumentou em quase 26 por cento e o consumo de água em 44 por cento, com as ilhas a sentirem o maior crescimento. Estima-se que o uso geral de água continuará a aumentar gradualmente nos próximos dois a três anos, a uma taxa anual entre dois a quatro por cento.

15 Jun 2017

Lok Hong, director do comité de preparação da 11ª Bienal de Design: “Macau é como uma página em branco”

A Bienal de Design de Macau avança a todo o vapor. Para a edição deste ano, passados dez dias da abertura do concurso, a organização recebeu cerca de 550 submissões de designers. O período de inscrição mantém-se aberto até 30 de Junho. Falámos com o jovem director da iniciativa, Lok Hong, ele próprio vencedor do evento em 2013

Quais são as expectativas para a bienal deste ano?

Na última edição, a 10.ª, tivemos à volta de dois mil participantes e este ano esperamos uma participação ainda maior de designers em competição. Só nos primeiros dez dias em que começámos a aceitar trabalhos para o concurso recebemos cerca de 550 submissões. É uma resposta muito encorajadora que revela grande interesse e adesão da classe pelo evento. Nesta edição temos como propósito maior oferecer um palco global para que os talentos mostrem a sua criatividade. Temos expectativas de receber trabalhos de muitos designers internacionais para a competição, queremos que este ano a bienal seja maior, que alargue o seu espectro. Desejamos chegar mais longe e tornar o evento num acontecimento global.

Quais são as novidades que destaca nesta edição?

Temos uma novidade importante que é a atribuição do prémio Macau Design Award of Best Branding. Acho que esta distinção é o resultado de uma realidade que temos vindo a registar. Penso que nos dias de hoje a atmosfera das indústrias criativas locais está a melhorar. Esperamos que este prémio possa inspirar os mais jovens para a criação da sua marca. Queremos escolher um caso de sucesso que ilustre a forma como o design de marcas pode criar valor comercial em Macau. Esta distinção é dada tanto à equipa responsável pelo desenho e concepção da marca, como ao cliente. Isto porque queremos premiar as conquistas da marca e encorajar a contribuição do cliente no projecto. Um grande projecto de branding não se esgota no aspecto do design, no visual do produto, também conta a estratégia comercial e o entendimento que o cliente tem do seu modelo de negócio. Nesse aspecto, ambos os lados merecem ser celebrados e distinguidos.

Pode dar-nos a conhecer um pouco o seu trajecto até chegar a director da Bienal de Design de Macau?

Fiz os meus estudos académicos, mestrado em Design de Marcas, em Londres, e depois voltei a Macau. Fui o vencedor da bienal de 2013. Nesse ano ganhei uma dezena de prémios e isso deve ter chamado a atenção da Associação de Designers de Macau, que me convidou para ser um dos membros. Até que este ano me convidaram para dirigir a bienal. Profissionalmente, sou uma pessoa que gosta de experimentar várias áreas e acho que posso fazer um bom trabalho aqui. Sou completamente apaixonado pela área do design e acho que Macau é uma cidade muito especial, pequena. É aliciante em termos criativos, apesar de não ser como Hong Kong, onde há um mercado enorme que oferece imensas oportunidades para trabalhar com empresas internacionais. Em Macau não se explora muito as potencialidades do design. É como uma folha em branco e, portanto, sinto que as possibilidades são infinitas para trabalhar neste ramo. Assim sendo, como não há um grande mercado estabelecido, há mais liberdade para os designers experimentarem.

De onde partiu o seu interesse pelo design? Houve algum episódio que o tenha marcado?

Sim, houve um acontecimento. Assisti à palestra de um designer muito popular em Hong Kong, Tommy Li, em que ele conta a experiência que fez com uma microempresa local onde aplicou técnicas de design para incrementar o volume de negócio. Os empresários sabiam produzir o produto, tinham esse know-how, mas não empregavam qualquer estratégia específica para gerir o negócio. O designer interveio nessa empresa e, com a sua ajuda, a microempresa expandiu o negócio exponencialmente, abrindo mais de 500 sucursais. Foi uma experiência. Percebi, então, que o design não se esgota na forma como dizemos o que sentimos, mas também se estende à maneira como pode afectar os comportamentos das pessoas no sentido social e, acima de tudo, comercial.

O lema da bienal deste ano é “design com valor”. Pode explicar o que significa este conceito?

É um conceito um pouco abstracto, talvez seja melhor dar alguns exemplos para elucidar do que se trata. No Japão, o design de embalagens faz crescer consideravelmente as vendas, procura-se satisfazer um gosto particular com um produto que tenha uma embalagem bonita da cultura “kawaii” [fofinho]. Este tipo de design tem um grande poder de atracção sobre os clientes e os produtos acabam por reinventar a sociedade, a dar-lhes outros moldes. Outro bom exemplo é o que se passa em Taiwan com o uso do design de propaganda para atrair jovens e para lhes apresentar marcas. Acho que o design vai muito mais além de uma mera forma prática de vender uma ideia, pode também ser uma ferramenta para criar oportunidades que se materializem em resultados comerciais, ou que acrescentem utilidade a algo. Isto é o que está por detrás do conceito “design cria valor”, porque o design, hoje em dia, está relacionado com todos os sectores da sociedade. Esta é a mensagem que queremos passar à comunidade e ao Governo de Macau, o design é um instrumento que pode melhorar a sociedade e ajudá-la a redefinir metas.

Foi a área que estudou. Esta foi uma proposta sua?

Sim, porque o meu interesse pende mais para a parte do branding. Nesse aspecto tenho muita sorte que o desenvolvimento do design em Macau esteja a crescer e a corresponder às exigências do mercado. Quando era estudante interessei-me muito pelo sector do marketing em Macau. Havia pouca coisa visível, nas ruas só se encontravam uns quantos pósteres interessantes, também tínhamos alguma boa artwork proveniente do Governo, mas não se via nada de especial que sobressaísse no ramo da publicidade e na área comercial. Mas hoje em dia basta andar na rua e olhar para os autocarros, ou para os arranjos que vemos nas montras para encontrar bons exemplos de design. Acho que essa evolução não é por acaso e se deve muito à influência da bienal e da Associação de Designers de Macau, que tem tido um papel formador mostrando às pessoas o que é bom. O design não tem de se limitar à área cultural, também o podemos aplicar as formas mais comerciais. Acho que esse foi o salto mais considerável nos anos mais recentes em Macau.

Como vê a evolução da Bienal de Design de Macau?

Este evento tem crescido muito rapidamente, de ano para ano. No princípio, a competição era dirigida apenas para locais e os juízes eram pessoas com alguma popularidade em Macau. Procuravam bons produtos que ganhassem a competição e coisa ficava por aí. Nos últimos cinco anos começámos a convidar juízes internacionais e temos cada vez mais designers de diversas proveniências a participar na nossa competição. O valor da nossa bienal tem crescido a um ritmo muito veloz. Hoje em dia, o nosso alcance vai muito além de Macau, chega ao Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos.

Quem são os juízes da bienal deste ano?

Temos três juízes internacionais que tive o prazer de conhecer pessoalmente. Quando estudei em Londres viajei por países como a Holanda, Alemanha e França. Na Europa há um grande mercado de branding e pósteres e também bons especialistas na matéria. Um dos juízes é o representante da agência LAVA, uma empresa de design de Amesterdão que tem uma subsidiária em Pequim. Esta empresa é muito popular no trabalho que faz de branding. Fizeram um belíssimo trabalho, por exemplo, no Museu de Design de Moscovo, assim como com o design da Cimeira de Segurança Nuclear. Temos também Steffen Knöll, de Estugarda, um excelente designer de pósteres de renome internacional que já expôs em Macau. O outro júri é Guang Yu, um jovem designer chinês muito talentoso. O trabalho dele é inspirador muito arriscado. Este ano temos três juízes internacionais bem diferentes, com estilos e visões diferentes.

15 Jun 2017

China | FMI quer aceleração de reformas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) urgiu ontem a China a acelerar o processo de reformas estruturais, especialmente no sector financeiro e nas empresas estatais, de forma a consolidar o seu crescimento económico.

No relatório anual sobre a conjuntura na segunda maior economia do mundo, o FMI insistiu também na importância de fomentar o consumo privado como motor económico, em detrimento do investimento público.

“Apesar da redução de alguns riscos a curto prazo, o progresso de reformas deve acelerar para assegurar a estabilidade a médio prazo e reduzir o risco de que a actual trajectória da economia possa levar a um ajuste duro”, assinala a instituição em comunicado.

A mesma nota refere que Pequim tomou medidas “cruciais” e destaca o abrandamento do endividamento das empresas, devido à reestruturação destas e redução do excesso de capacidade de produção.

O FMI constata ainda que o risco da ‘bolha’ no sector imobiliário “está a ser contido” e que foi reduzido o número de habitações por vender.

O documento refere, no entanto, que fazem falta mais medidas para assegurar a continuação do crescimento da economia chinesa, que se fixou em 6,9%, no primeiro trimestre deste ano, em termos homólogos, após atingir os 6,7%, em 2016.

15 Jun 2017

Pequim endurece postura face a Taipé

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China reiterou ontem o endurecer da postura face a Taiwan, após o Panamá ter reconhecido Pequim como a única capital de toda a China, rompendo os laços diplomáticos com Taipé.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Governo chinês, Ma Xiaoguang, afirmou que não será permitido negar que Taiwan faz parte da China.

“Apenas reconhecendo que os dois lados fazem parte da China podem as relações entre ambos retornar à direcção correcta do desenvolvimento pacífico”, disse.

A decisão do Panamá, um dos aliados de Taiwan com maior peso económico, anunciada na segunda-feira, foi um sinal claro de que Pequim quer reforçar a pressão sobre a ilha, face à postura pró-independência da Presidente Tsai Ing-wen. O número de países que reconhecem Taiwan caiu consideravelmente nas últimas décadas, tendo permanecido estável apenas durante a governação de Ma Ying-jeou, nos últimos oito anos, quando as relações entre Pequim e Taipé entraram num período de desanuviamento sem precedentes. Esse período culminou numa cimeira entre Ma e o Presidente chinês, Xi Jinping, realizada em Singapura.

Em Janeiro de 2016, Tsai venceu as eleições pelo Partido Democrático Progressista (PDP), que tradicionalmente defende a independência da ilha e o afastamento da China comunista.

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, mas ameaça usar a força caso a ilha declare independência.

Já Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.

Em perda

Após a decisão do Panamá, Taipé fica com vinte aliados diplomáticos, entre os quais 11 estão na América Latina e Caribe. Em Dezembro passado, São Tomé e Príncipe cortou também relações com a ilha e passou a reconhecer Pequim. Analistas chineses consideram que a China comunista vai continuar a exercer pressão económica e diplomática, até que Tsai adira ao “consenso de 1992”. Trata-se de um entendimento tácito alcançado em 1992 entre a China e Taiwan, na altura com um Governo liderado pelo Kuomintang (partido nacionalista), de que só existe uma China, deixando aos dois lados uma interpretação livre sobre o que isso significa.

Tsai Ing-wen atribuiu a ruptura dos laços diplomáticos com o Panamá à “pressão da China” e advertiu Pequim de que “não cederá perante pressões e intimidações”.

“Pequim nunca poderá negar a existência da República da China (nome oficial de Taiwan), nem o seu valor para a sociedade internacional ou a sua soberania”, disse.”Em nome dos 23 milhões de taiwaneses, digo a Pequim que não cederei perante pressões e intimidações”, acrescentou.

15 Jun 2017

Gustavo Adolfo Bécquer

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stamos, os da minha idade, naquele tempo em que mais, muito mais, do que a receptividade ao novo, somos automaticamente levados a recordar, a lembrar… nós, os da memória selectiva (porque creio que o muito mau tendemos a esquecer ou a remeter para uma zona onde não há sequer contacto como se de uma demarcação se tratasse para nos permitir a marcha do que foi importante salvaguardar). E assim aconteceu neste robusto e límpido Maio onde de repente me recordo das «Oscuras Golondrinas», o poema de Bécquer, como de um sonho bom de antanho… daqueles em que me lembro viva, a um tempo em que todo o meu cérebro eram andorinhas negras e não sabia o que queria ainda dizer: «esas non volverán!» – Hoje, eu sei! – Sei da beleza intransponível do poema de Bécquer, ainda não esqueci as que voltaram e quedo de olhos postos no encanto das coisas como um principiante: não há palavras que descrevam algumas outras palavras que descreveram estas sem as palavras que nos foram sucedendo: (…) mas Tu voltaste, e, isso é tudo quanto basta para cobrir a Primavera.

Deixámos, fomos deixando muitas coisas; deixámos amigos, deixámos amores, deixaram-nos desamores, deixámos as casas, deixámos a paz, deixámos que nos maltratassem, deixámos sem dúvida também secretas saudades, deixámos as horas fumadas, esquecidas, as manhãs frias e lúcidas, deixámos a corrida ao novo, aquele que não dá provas de ser moderno, deixámos a carroça das vaidades sem valor levarem para longe as gentes por quem não sentíamos empatia… os sorvedores do lixo, os mecânicos das épocas, deixámos de pintar o cabelo, deixámos o “baton” no fundo do saco… não nos sentimos alinhados com tanta demonstração. Já dificilmente nos apaixonamos, já não queremos como dantes, mas nem por isso o amor se tornou um divertimento de gozadores sem causa… e foi nestes desfechos que a memória foi de novo à fonte e nos banhou das coisas esquecidas.

Bécker é o poeta, digamos, do pós-romantismo espanhol, mas demasiado romântico ainda para lhe tirarmos o epíteto. Nascido em Sevilha, mas de origem flamenga, em 1836, em pleno Realismo portanto, acabará por inspirar mais tarde Juan Ramón Jiménez, Rúben Dario, Miguel de Unamuno, Rafael Alberti, Luis Cernuda, Garcia Lorca, Dámaso Alonso e outros. Pródigo na história fantástica «Lendas», recordada na memória, hoje, como um conjunto de contos que o encostam ainda mais ao Romantismo pelas temáticas, prodigaliza assim um novo anunciado literário na prosa lendária: – uma lenda escuta-se e a ninguém é permitido revivê-la – diz. Temos as «Rimas» com o melhor da sua poesia, ele que, com Rosália de Castro, inaugura a lírica moderna espanhola.

Bécquer foi jornalista, narrador e não raro com apetência para aquilo que designamos hoje de conto policial. Foi demasiado dotado e virtuoso para que não sintamos que estamos diante de alguém que não tinha nada de comum a não ser uma vida frágil, magoada e talvez até desventurada, dada a recolhimentos em mosteiros e de saúde frágil. Foi um viandante algo atormentado que morreu novo de pneumonia aos trinta e quatro anos. Senhor de uma sólida educação, era irmão do pintor Valeriano Bécker e filho também de pintor, a boa raiz da escola flamenga. Situá-lo é importante dado que nem sempre nos lembramos dos que são de facto o fio de prumo de uma escola de gente memorável, mas apesar de tudo ele era andaluz, a cultura do sul na vertente mais luminosa de uma obra. E sem dúvida reportarei aqui um dos poemas de «Rimas» e o que me veio buscar cativa nesta Primavera …O recurso estilístico à anáfora tão ao gosto romântico:

Volverán las oscuras golondrinas

En tu balcón los nidos a colgar,

Y otra vez con el ala en los cristales.

Jugando llamarán.

Pero aquellas que el vuelo refanaba

Tu hermosura y mi dicha al contemplar.

Aquellas que aprendieron nuestros nombres…

Esas…no volverán!

Volverán las tulipas madressilvas

De tu jardin las tapas a escalar.

Y otra vez a la tarde aún más hermosas.

Sus flores abrirán.

Pero aquellas, cuajadas de rocío

Cuyas gotas mirábamos templar.

Y caer como lágrimas del día…

Esas…no volverán!

Volverán del amor en tus oídos

Las palabras ardientes a sonar, tu corázon de tu profundo

Sueno tal vez despertará.

É sem dúvida um poema ibérico que convém lembrar e também há nele recursos estilísticos e literários que nos levam facilmente a Calderon de La Barca, “La vida es sueno” .

“Não voltaram os poetas absortos, o teu nome, e a minha idade, a luz que deixei cair entre a sinuosa rua de Toledo com uma placa que dizia: — Em nome dos poetas e dos que sonham e que estudam proíbe-se à civilização que toque num só destes tijolos com mão demolidora e prosaica”. Tudo o que não for tocado pela asa de uma escura “golondrina” será um local gentio, e, não dar a vida a tentar transformar o parado que nos mostra estradas abertas calcadas de rodas sôfregas em trânsito por pontos vários… Há um segredo nas aves migratórias que nascem com a viagem… e há sempre aquelas que não regressarão e sabiam de cor os nossos nomes , que assistiram ao mais secreto das fontes de nos darmos… “esás no volverán”… talvez não venham mais, já brancas em suas penas, e nós, que sabemos o porquê deste longo adeus, despertemos e saibamos os seus nomes: partimos rápido das coisas amadas como se sonhos fôssemos na corrente migratória das aves dos céus..há instantes a que não vamos retornar.. e um dia, nós mesmos não voltaremos, só para as ver chegar. E há apenas uma que guardei secretamente para o fim:” Tu cozazón, mudo absorto e de rodillas escute: como yo te hay querido … desenganate… aí no te querrán.”

É a morte, o mais absorto e radical amante. Sem par.

Há de facto poemas que mergulham na génese assombrada da revelação e tão cedo o compreendeu Bécquer que volvidas são agora todas as “golondrinas” elas existem em outros beirais dentro de nós e o que vemos é o que lembramos de quando os olhos ainda sabiam chorar.

15 Jun 2017

Carta aos Ovnis 

10/06/17

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] de Hegel a piada sobre o judeu que colocado diante da escolha de obter a salvação imediata ou de ler o matutino todos os dias se decide pela leitura dos jornais.

Aí está um problema que não tenho. Os jornais moçambicanos são tão destituídos de sulfatos que não se perde nada – nem informação – em deixar de os ler. Mas estão cheios de opinião.

Lendo os jornais portugueses online também constato que a opinião é hoje o desporto-rei. Já nem falo do fb porque aí é o forum próprio para a opinião;  porém, que nos jornais o nível não seja um pouco mais elevado é que reside o drama.

Que tem de mal a opinião? O que tem de mal é ser na maioria esmagadora dos casos um simples veículo para as ideias recebidas. A maior parte dos escribas parece não ter um centro interior, uma personalidade, manifesta-se sempre como se fizesse parte de uma multidão, quando aquilo que era necessário, em tratando-se de dar um passo para emitir uma opinião, era exibir o que Stendhal chamava a coragem moral, a coragem de pensar por si próprio.    

Ora, não creio que quem tenha alguma coisa realmente própria a dizer o faça de um modo comum, impessoal, como se fosse um homem sem qualidades e em vez de respirar pelos seus poros, respirasse pela ideologia do consenso. Não há verdadeira opinião sem forma que a distinga. Se alguém abre uma crónica sobre a pena de morte escrevendo, “Sou a favor da pena de morte entre as moscas.” – sei que a seguir acrescentará algo ao tema e me fará reflectir, pois há desde a primeira linha o compromisso de um ponto-de-vista. Não se tratou de fazer humor fácil, quem ataca o tema de forma inesperada dificilmente degenera em lugares-comuns, só se chega à Forma através de uma mutação prévia no teor do húmus.

Se pelo contrário o artigo ou a crónica faz o rol dos argumentos sobre o dilema e depois de forma árida, vazia, expõe a sua ideia, como se de apenas mais um comunicado político ou institucional se tratasse, em 95% dos casos, estamos face a uma ideia recebida. E porquê? Porque aquela opinião cumpre apenas um impulso mimético, não é sustentada por qualquer ângulo de visão. Em 95% dos casos quem, ao escrever, denota uma paixão pela forma impessoal unicamente pretende descartar-se e não compremeter-se, estando sem o saber em pleno fingimento.

Nos antípodas, escreve Stendhal, em Memoires d´un Touriste: «Não é por egotismo que digo “eu”; é apenas porque não há outro meio de contar a vida». Como pôde uma simples evidência ter atraído tantas incompreensões, tantos e tão espalhafatosos nhurros?

Ao invés, quem em vez de particularizar um ângulo de visão manifesta opinião está apenas em heteromia, usando palavras-peruca. É contra a pena de morte, como poderia ser a favor, dependendo do consenso que lhe mobila a mente, e, tal como os sofistas na antiguidade clássica, confunde os jogos-de-palavras ou a pertinência do argumento lógico com a opinião.

A opinião que saia da doxa é muitíssimo rara, e quem realmente a tem tem-na porque como aos bebés é-lhe impossível deixar de bolçar, mas opinião era uma coisa de que se pudesse prescindiria.

12/06/17

O livro olhava para mim, da estante. Bebi o café e comi a torrada, repimpado na cama, mas o livro não desarmava. Fitava-me, de esguelha (ou de lombada), na estante. Depois da última golada de café decidi-me, fui buscá-lo. Uma antologia alentada do poeta polaco Tadeusz Rózewicz, nascido em 1921 e uma das vozes mais autênticas da “anti-poesia” universal. Como o chileno Nicanor Parra, que já traduzi, ou, nos Balcãs, o Vasko Popa, de quem hei-de de ensaiar versões.

Abro o livro ao calhas e sai-me isto:

Correcção: A morte não corrigirá/ nem uma linha de um verso/ não é uma correctora/ não é uma benevolente/ redactora/ uma má metáfora é imortal/ o mau poeta que morreu/ é um mau poeta morto/ o aborrecido trás a morte entedia/ o pateta vomita patetices/ e estupidifica a própria tumba.

Estupidificado na própria cama, apanho um susto de morte. Uma má metáfora é imortal. Já fui responsável de quantas centenas de más metáforas, de quantos milhares? Imortal? Como os vírus, afinal?

Há uma ecologia para o verbo a que de facto não ligamos. Devíamos ser mais parcos, posto que na verdade não ressuscitaremos para corrigir qualquer coisinha, enquanto as más metáforas são imortais.

Alguém tem por aí um aparador de relva que me empreste?

13/06/17

Era para escrever uma crónica sobre o ódio ao turista que começa a fustigar algumas cidades-ícones da Europa.

“Turist, go home”, “Gaudí hates you”, ou “Parai de destroçar as nossas vidas!”: mensagens que se lêem pixadas nas paredes ou grafadas em comunicados que se colam nas árvores, em Barcelona. Já foi baptizado este sentimento, turismofobia.

Também os lisboetas se fartam da presença maciça dos turistas, pois o sector turístico comporta-se como o organismo que produz um excesso de glóbulos brancos e rompe equilíbrios. Afinal, o meu espaço público da cidade está condenado a ser o mesmo do do turista, interroga o cidadão da cidade invadida, sobretudo se tal começa a ter como efeitos uma paradoxal descaracterização identitária e uma inflação estúpida, porque oportunista. Ē mais um problema que atinge as cidades históricas e que se varre para debaixo do tapete.

Para que não se instale uma onda xenófoba que inclusive degenere num novo tipo de terrorismo, só enxergo solução numa espécie de rogo cósmico, de Carta aos Ovnis. Proponho que cada um escreva a sua, a pedir que não nos abandonem e que de quando em quando levem alguns políticos de nível duvidoso e um contingente de turistas, sobretudo aqueles que apostem em não ter déjà vu. Só a inauguração do turismo cósmico nos aliviará esta sensação iniludível de, submergidos nos eternos problemas, estarmos mais fartos uns dos outros, ó compaňeros!

15 Jun 2017

Santos da casa

[dropcap style≠’circle’]1)[/dropcap] Junho é o mês de Portugal na RAEM – bestial. Faz todo o sentido também; é o mês dos Santos Populares, das marchas, das sardinhadas, da farra, tudo coisas que fazem bem à alma. Há dias comemorámos aqui em Macau o 10 de Junho, e se onde há um português faz-se sempre a festa, nesta antigo território ultramarino não faltam alternativas para se exercer a lusitanidade, mesmo que à distância. Mas comezaina e beberrice à parte, fico um pouco apreensivo quanto ao nosso futuro papel neste território agora chinês. Todos os anos se repetem as declarações de boas intenções. O cônsul-geral cumprimenta o Chefe do Executivo, e agradece a disponibilidade, este retribui destacando a contribuição da nossa comunidade (verdade, verdadinha, diga-se de passagem), tudo isto entre juras de amor eterno que se renovam ano após ano. Depois há a vertente comercial da coisa, e repetem-se as palavras que ficam bem quando se trata de negócios; ora é a plataforma, a faixa, arrota, perdão, a rota. Ora se atira com um “entreposto de produtos portugueses” em Zhuhai, ora se muda de discurso e se aponta a Shenzhen. E na prática, o que quer isto dizer? O que é que tem sido feito, realmente, além das visitas, dos apertos de “bacalhau”, e depois lá vai cada um à sua vida? Contexto histórico à parte, a verdade é que o futuro de cada residente de Macau está nas suas mãos, independente de ter nascido em Macau, Portugal, França ou outro sítio qualquer, e tudo depende da prosperidade do território, e já agora da estabilidade política na própria China. E é isto que temos que colocar no topo da lista de prioridades. E por falar nisso…

2) Vamos ter eleições legislativas em Setembro próximo, e a coisa começou já a “aquecer”. Sem me referir a nomes (sabem de quem estou a falar), tivemos esta semana polémicas declarações de um deputado, que acusou o Gabinete de Ligação de favorecer outro candidato. Repito, o Grupo de Ligação. Isto para quem não acredita em bruxas, mas considera que as há, há (não, não me estou a rir) pode ter algum cabimento, mas eu duvido. Perdoem-me por não ter o dom da fé, mas quer-me parecer que o tal candidato deu um tiro no pé – no outro, que está bom, se é que entendem onde quero chegar. Onde se pode chegar levantando uma suspeita destas? E mesmo sendo legítima, quanto votos valem o tal convite para o jantar, o discurso que foi ali feito, e tudo mais? Mas a campanha eleitoral promete, pois além dos habituais pássaros que normalmente ocupam o poleiro da Praia Grande, temos este ano uma lista composta pelos “lesados do Pearl Horizon”. O nome não lhes podia ficar melhor. São aqueles tipos que pensaram que compraram uma “pérola”, mas foram a ver e à frente só tinham o horizonte. Em Setembro há mais.

15 Jun 2017

Detido multimilionário chinês presidente da Anbang

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] multimilionário chinês Wu Xiaohui, presidente da seguradora Anbang, que foi apontada como candidata à compra do Novo Banco, foi detido pelas autoridades, avança a imprensa chinesa.

Wu, cuja empresa se tornou mundialmente famosa, em 2014, ao comprar o icónico hotel de Nova Iorque Waldorf Astoria, por 1.950 milhões de dólares, é um dos multimilionários mais conhecidos da China.

A sua mulher é neta de Deng Xiaoping, o “arquitecto-chefe das reformas económicas” que abriram o país asiático à economia de mercado.

Segundo a revista Caijing, a Comissão Reguladora de Seguros da China (CIRC, sigla em inglês) informou já os executivos da Anbang sobre a detenção de Wu, sem avançar mais detalhes.

O jornal de Hong Kong South China Morning Post escreve que Wu estava a cooperar numa investigação e que deixou de ser visto desde o final da semana passada.

Xiang Junbo, o anterior presidente da CIRC, foi destituído e colocado sob investigação há dois meses.

Criada em 2004, com sede em Pequim, a Anbang tem mais de 30 mil trabalhadores e activos no valor de 227 mil milhões de euros, segundo o seu ‘site’ oficial.

Em Agosto de 2015, não conseguiu chegar a acordo com o Banco de Portugal para a compra do Novo Banco, numa corrida em que participaram também os chineses do Fosun e o fundo de investimento norte-americano Apollo.

No ano passado, esteve perto de realizar o maior investimento de sempre de uma empresa chinesa nos Estados Unidos da América, ao oferecer 14 mil milhões de dólares pela rede hoteleira Starwood.

Segundo informações avançadas pela imprensa chinesa na altura, a oferta da Anbang foi desaprovava pela CIRC, por infringir o regulamento que impede as seguradoras do país de investir mais de 15% dos seus activos além-fronteiras.

Poucas palavras

A seguradora anunciou ontem que o seu presidente não pode exercer funções “devido a razões pessoais”.

Em comunicado, a empresa informa que Wu Xiaohui “autorizou os executivos para que continuem a dirigir os negócios, que continuam a operar com normalidade”.

A nota, difundida através do ‘site’ oficial da Anbang, surgiu poucas horas após vários meios de comunicação chineses avançarem que Wu, está detido pelas autoridades.

O comunicado não detalha os motivos para a indisponibilidade de Wu.

Entretanto, a informação inicialmente avançada pela revista Caijing, sobre a sua detenção, foi apagada da página oficial daquele órgão na Internet.

15 Jun 2017

China | Cooperação com Luxemburgo reforçada

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China quer reforçar a confiança política mútua, a comunicação e a coordenação em assuntos regionais e internacionais com o Luxemburgo, segundo palavras do primeiro-ministro chinês na última segunda-feira.

Li Keqiang pronunciou-se a esse respeito ao reunir-se com o primeiro-ministro do Grão-Ducado de Luxemburgo, Xavier Bettel, que está a realizar uma visita de Estado à China desde o passado domingo.

“As relações sino-luxemburguesas desenvolveram-se a um ritmo estável. A China quer aprofundar a cooperação nas áreas do comércio, investimento, entre outras, e construir mais plataformas de intercâmbio cultural”, disse Li.

Bettel afirmou que o Luxemburgo apoia o livre comércio e o multilateralismo, e que trabalhará juntamente com a China para lidar com os desafios globais.

Após o encontro, os dois líderes também testemunharam a assinatura de acordos para a futura cooperação no âmbito do bem-estar social, finanças, aviação e produção de filmes.

Este ano assinala-se o 45º aniversário da fundação das relações diplomáticas China-Luxemburgo. Os laços económicos entre os dois países desenvolveram-se estavelmente, com ambas as partes a alargar a sua cooperação no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”.

O Luxemburgo foi o primeiro membro europeu fundador do Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII) proposto pela China.

14 Jun 2017

Hong Kong é o novo membro do Banco Asiático de Investimento em Infra-estrutura

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Hong Kong, anunciou ontem que o território se tornou membro do Banco Asiático de Investimento em Infra-estrutura (BAII).

O Comité Financeiro do Conselho Legislativo aprovou no dia 12 de Maio as bases para a subscrição de 7651 acções do capital do BAII.

O secretário para as Finanças de Hong Kong, Paul Chan, disse que “as bases do processo da nossa adesão demonstram a preparação de Hong Kong para apoiar as operações do BAII”.

“Enquanto centro financeiro internacional, Hong Kong tem um mercado financeiro sofisticado, robusto e com liquidez, possuindo em abundância profissionais de qualidade com experiência global, granjeando as vantagens únicas da política “Um País, Dois Sistemas”, disse Chan, acrescentando que Hong Kong está prestes a ajudar o BAII a aumentar os fundos para financiar vários projectos de infra-estruturas.

Além disso, a experiência de Hong Kong no design, construção, operação e gestão de grandes infra-estruturas “tem provas dadas internacionalmente”, afirmou, apontando que os serviços profissionais e os sectores financeiros de Hong Kong podem contribuir para o sucesso do BAII.

O BAII realizará o segundo encontro anual do Conselho de Governadores em Jeju, na Coreia do Sul, entre os dias 16 e 18 deste mês.

O secretário para as Finanças de Hong Kong irá liderar uma delegação para comparecer à reunião, tratando-se da primeira vez que Hong Kong participa no evento na qualidade do membro.

14 Jun 2017

EUA e Japão insistem com China para pressionar Coreia do Norte

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ltos representantes dos governos de Japão e dos Estados Unidos reafirmaram na terça-feira em Tóquio, a sua posição comum contra o programa nuclear da Coreia do Norte e destacaram a importância da China pressionar o regime de Pyongyang a abandonar as suas  iniciativas de armamento.

O subsecretário de Estado dos EUA para Assuntos Políticos, Thomas Shannon, disse após uma reunião com o responsável do Conselho de Segurança Nacional japonês, Shotaro Yachi, que as provas nucleares e balísticas tornaram a Coreia do Norte “uma ameaça global”.

Ambos concordaram em pedir para que a China e o resto da comunidade internacional tentem convencer Pyongyang de que o programa nuclear “não abre nenhum caminho de esperança para o futuro”, segundo a agência de notícias Kyoda.

Shannon disse o papel que a China pode exercer no processo ainda “não foi enfatizado o suficiente”, assim como o do Conselho de Segurança da ONU e o de outros organismos internacionais, que podem ajudar a “mandar uma mensagem forte e clara à Coreia do Norte

Após a visita de dois dias a Tóquio, em que também se reuniu com outras autoridades do país, Shannon chegou ontem a Seul, onde irá discutir uma aliança entre os norte-americanos e a Coreia do Sul.

A visita ocorre num momento de especial tensão militar na região depois dos repetidos testes militares de Pyongyang – o último na semana passada – o que levou a mais conflitos verbais com a nova Administração Trump, que chegou a insinuar que estuda possíveis ataques preventivos.

14 Jun 2017

Eleições | ATFPM denuncia mensagens erradas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) escreveu uma nova carta à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) em que se mostra preocupada com mensagens erradas que têm estado a ser propositadamente transmitidas aos eleitores.

De acordo com Rita Santos, presidente da assembleia-geral, à associação têm chegado, “de forma continuada”, muitas queixas de cidadãos a quem têm sido pedidas assinaturas para a apresentação das candidaturas. Os eleitores em causa contam que, “ao subscreverem os impressos de propositura das listas às eleições pela via directa à Assembleia Legislativa, foram informados de que quem tiver subscrito determinada lista terá obrigatoriamente de votar nela, sob pena de incorrer em violação de normas penais”. Os queixosos acrescentam que tem sido feita ainda outra ameaça: “Os infractores podem ser detectados com confronto com os cadernos eleitorais da secção de voto”.

“Estas informações estão a propagar-se de uma forma rápida nos diversos sectores das camadas sociais, prejudicando a imagem de eleições justas, íntegras e incorruptas que cabe a todos nós defender da melhor forma”, alerta Rita Santos.

Neste contexto, a ATFPM solicita que o assunto seja objecto de discussão no próximo plenário da CAEAL. Sem prejuízo do que possa ser feito acerca da matéria, Rita Santos sugere desde já que sejam feitos “esclarecimentos públicos, através dos meios de comunicação social, do princípio geral dos eleitores poderem livremente escolher as listas e os candidatos”.

A associação gostaria ainda que a CAEAL recordasse à população que “o voto é secreto, não podendo de forma alguma os votantes serem confrontados com os cadernos eleitorais das secções de voto para apurar quem votou em quem”.

14 Jun 2017