AL | Governo criticado por esconder informações

O Governo continua a ser acusado de não ser transparente na partilha de informações com o público, nomeadamente em situações como a da construção de um prédio no Alto de Coloane

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s deputados do hemiciclo aproveitaram o plenário de ontem na Assembleia Legislativa para tecerem críticas ao Executivo, que acusam de tomar decisões às escondidas da população. O projecto do Alto de Coloane foi um dos exemplos mais apontados pelos deputados, com Chan Meng Kam a dizer mesmo que não entende por que razão o interesse público está a ser menos respeitado do que a privacidade da empresa. Também Si Ka Lon se atirou ao Governo.
“Um dos pressupostos da boa governação é a transparência e simetria da informação. Além de saber o que a população pensa, talvez o mais importante seja o Governo deixar os residentes saberem o que os responsáveis fazem, onde estão a gastar o erário público e quais os respectivos resultados. Mesmo em relação às políticas menos bem-sucedidas ou suspensas, a população deve ser informada das causas, se se deve à omissão de alguém ou a dificuldades reais”, começa por defender o número três de Chan Meng Kam. “Alguns incidentes nos últimos meses revelaram a insuficiência do Governo neste âmbito.”
O deputado dá como exemplo o caso Pearl Horizon para dizer que o discurso do Governo passou de “caso merecedor de estudo e tratamento especial”, a “é necessário esperar pelo desfecho do processo judicial” e “nada mudou na decisão de proteger os promitentes-compradores”, sem nunca ter, contudo, tornado públicos os planos e medidas para a resolução do problema. Si Ka Lon refere-se, depois, ao projecto no Alto de Coloane para exemplificar situações em que o Governo passa a bola de organismo para organismo.
Também Chan Meng Kam aproveitou o período de antes da ordem do dia para se debruçar sobre o mesmo assunto, referindo – além dos mesmos projectos – situações como a demolição do Quartel de S. Francisco.
“O Quartel foi classificado como monumento. Em 2014, o Governo divulgou poucas informações sobre as obras da primeira fase de ampliação e a população suspeitava que estivessem a ser feitas em segredo, resultando em conflitos. As obras da segunda fase geraram ainda mais conflitos, tendo um arquitecto português criticado o Governo por ser o primeiro a destruir monumentos.”
Chan Meng Kam diz entender que “para desenvolver a cidade, há sempre demolições e construções de prédios”, mas diz não perceber, por exemplo, “porque é que não pode ser divulgado” o conteúdo do relatório do impacto ambiental do projecto no Alto de Coloane, que vai tapar as montanhas. “Afinal, entre a alegada privacidade, o interesse público e o direito à informação, o que é mais importante?”, indagou.

Sempre o mesmo CE

Chan Meng Kam relembra ainda que as LAG “de quase todos os anos” realçam a necessidade de elevar a transparência nas acções governativas e apela ao Governo que isto passe de apenas “promessas verbais”. O mesmo diz Si Ka Lon.
“O próprio Chefe do Executivo, no início do mês, referiu que pretende aumentar a transparência da informação, permitindo maior participação da comunidade, o que demonstra que as autoridades estão conscientes dos seus problemas, só que até agora não houve nenhum avanço.”
A falta de informações não é a única preocupação do número três de Chan Meng Kam no hemiciclo, que faz também menção aos diversos estudos – e “verbas avultadas” neles gastas.
“Os resultados desses estudos devem também ser divulgados. Há serviços com gastos elevados em estudos ao longo dos anos e os respectivos relatórios não foram divulgados.”

Deputados desafiam Chui Sai On

Ng Kuok Cheong pediu ao Chefe do Executivo que entregue ao Conselho do Planeamento Urbanístico o projecto pensado para o Alto de Coloane, que pertence ao empresário Sio Tak Hong. O deputado relembra que Chui Sai On tem essa competência, que “não pode passar ao Secretário para as Obras Públicas”, e diz que só assim se pode perceber qual a opinião dos especialistas sobre esta construção, que deverá tapar algumas das montanhas de Coloane. A deputada Ella Lei questionou o Governo sobre se este considera que “os critérios adoptados na apreciação do projecto e os respectivos procedimentos são legais e razoáveis” e quer saber “porque é que o local em causa passa de zona com planeamento para zona sem limite a nível de altura”. A deputada diz que existem muitas dúvidas e pede para o Governo divulgar mais informações ao público, caracterizando ainda o Executivo como “inerte” face à protecção dos recursos ecológicos.

22 Mar 2016

Brasil | Comunidade critica nomeação de Lula da Silva para Casa Civil

Quatro brasileiros a morar em Macau olham para a crise política do seu país com um misto de vergonha e pessimismo. A nomeação de Lula da Silva para a Casa Civil numa altura em que este é investigado no âmbito do processo de corrupção Lava Jato traz, garantem, uma imagem negativa num ano que o Brasil recebe os Jogos Olímpicos

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]érgio Moro investiga o caso Lava Jato. Lula da Silva, antigo presidente do Brasil, é um dos nomes envolvidos num dos maiores casos de corrupção e branqueamento de capitais do país. Sérgio Moro autoriza a divulgação de escutas entre Dilma Rousseff, actual presidente do país, e Lula. Os brasileiros passam então a saber que Lula se vai candidatar à presidência em 2018 e que Dilma tenciona nomeá-lo ministro da Casa Civil, o que lhe dará imunidade nas investigações. A nomeação é travada.
Este é o novelo político que o Brasil tem enfrentado nos últimos dias. Em Brasília, capital do país, milhares de manifestantes têm mostrado o seu desagrado ou apoio face à nomeação de Lula por Dilma. Em Macau, quatro brasileiros olham para a crise política do país com um misto de vergonha e indignação, mas sobretudo sem grande esperança em que haja alternativas, caso a destituição (impeachment) do Governo de Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), vá para a frente.
“Ele foi nomeado para fugir ao processo, é tudo uma farsa e chega a ser ridículo”, disse ao HM Jane Martins, presidente da Casa do Brasil em Macau. “Sinto vergonha do que estão fazendo, mas não deixo de ser brasileira nem de gostar do meu país”.
Jane Martins nunca gostou de Lula da Silva, nem do PT, e quer o impeachment, apesar deste passo “depender muito da população. “Temos de lutar para tirar a Dilma do poder e acabar com esse partido, porque depois teremos mais quatro anos e um vai substituindo o outro”.
Roberval Teixeira da Silva, professor universitário, não aponta o dedo. Não diz se Lula da Silva é ou não corrupto, mas prefere alertar para a mudança que está a acontecer em termos de opinião pública.
“Essa foi uma escolha política errada que provocou muita histeria. O Brasil está histérico e isso faz com que as pessoas não pensem mais. Se o Lula é ou não corrupto, isso faz pouca diferença neste momento, porque a minha grande preocupação é que o Brasil está-se tornando num país cheio de fundamentalismos e as pessoas já não conseguem mais ter opiniões diversas. Quando tem uma opinião fica logo associado a uma tendência ou etiqueta. As pessoas já não conseguem mais dialogar, e não me lembro de crescer num ambiente desses.”

Das afrontas

Vanessa Amaro deixou São Paulo há uma década e meia e anos depois continua a não querer voltar. O episódio da nomeação de Lula da Silva é mais um dos factores que a faz querer ficar no estrangeiro.
“As razões que me fizeram sair do Brasil são as mesmas que hoje, e afastam qualquer possibilidade de eu regressar: a corrupção, a falta de alternativa no panorama político e a constante instabilidade social e política. Considero a nomeação lamentável e entendo-a como uma afronta, já que foi tomada quando já havia uma forte tensão política e quando já eram conhecidas as suspeitas de corrupção sobre este governo. Portanto, a nomeação de Lula da Silva para o cargo de ministro da Casa Civil não deixa de levantar suspeição, e esta não é apenas uma crise política, mas sim uma crise da moral e da dignidade do país”, contou a professora universitária ao HM.
Para Vanessa Amaro, os protestos que ocorreram mostram uma “maior consciência política, uma maior vontade de mudança, e uma posição de que as pessoas estão finalmente atentas no que se passa no poder”. Também Jane Martins fala do “amadurecimento” da sociedade. “O povo amadurece com estas crises, houve manifestações políticas, não houve violência nem intervenção militar, e esse é um amadurecimento.”
Mas esperanças num melhor futuro político são poucas. “Se a deposição de Dilma for aprovada, haverá uma mudança óbvia, que inicialmente irá resgatar o país da deriva em que anda neste momento. Mas há melhores alternativas? Há partido naquele Brasil que consiga controlar o barco sem pôr todos a lucrarem?”, questionou Vanessa Amaro.
Também Roberval da Silva Teixeira não tem esperança noutros partidos políticos, caso o impeachment aconteça. “Vamos imaginar que a Dilma é derrubada. O que se coloca nesse lugar? Não tenho nenhuma visão ou escolha que me traria um pouco de esperança. É uma visão negra e escura que estou tendo agora. A única coisa boa que aconteceu foi no sábado, um movimento chamado democrático que foi à rua para mostrar que há outras pessoas pensando coisas diferentes.”
“Acho que o Brasil tem estado numa crise há bastante tempo, e não sei qual a solução, porque em relação aos outros partidos, estamos sem uma luz ao fundo do túnel. Não apenas com o PT, mas em todos os outros partidos, há uma grande corrupção”, defendeu Natasha Fellini, docente, que reside em Macau desde os 17 anos.
Uma sondagem publicada na Folha de São Paulo no último domingo revela que 68% dos entrevistados estão a favor do impeachment, número que tem vindo a aumentar desde Fevereiro.

Uma piada

No ano em que o Brasil se prepara para receber os Jogos Olímpicos, e dada a sua forte presença no seio dos BRICS, qual o impacto que esta crise política interna poderá ter?
“Neste momento a imagem do Brasil é uma piada, o mundo inteiro vê o Brasil como uma grande piada”, apontou Jane Martins. “Essa histeria vai criar uma imagem negativa do Brasil, e estamos com as olimpíadas quase chegando, vai haver uma imagem muito controversa”, disse Roberval Teixeira da Silva.
Há, contudo, diferenças face a anteriores crises, defende o docente. “Nos anos 90 tivemos uma crise que expulsou montes de gente do Brasil. Depois o país começou a entrar numa situação mais estável e as pessoas começaram a não sair. Não sei se vai acontecer a mesma coisa, porque, de uma certa forma, as pessoas embora estejam histéricas, têm um espaço de reflexão maior e mais canais de informação. Acho que percebem que com essa crise tem uma grande mudança”, rematou.
Radicados em Macau há dezenas de anos, regressar ao seu país é uma hipótese cada vez mais distante. “Tenho família lá mas não faço tenção de voltar tão cedo. Se houver uma crise muito grave trago a minha filha de volta, mas a minha família não está sendo afectada”, disse Jane Martins. “Em Macau há 15 anos e cada vez mais, com todos esses acontecimentos, fazem com que tenha cada vez menos a ideia de voltar para o país”, considerou Natasha Fellini.

Prisão em Lisboa no âmbito do Lava Jato

O Ministério Público Federal brasileiro informou que o luso-brasileiro Raul Schmidt Felipe Junior, detido ontem em Portugal no âmbito da Operação Lava Jato, estava foragido desde Julho de 2015. Segundo um comunicado da mesma fonte, citada pela imprensa brasileira, a ordem de prisão foi expedida em Julho e o seu nome foi incluído no alerta de difusão da Interpol em Outubro. O cumprimento das medidas foi feito pela Polícia Judiciária portuguesa e pelo Ministério Público português, sendo que o Ministério Público Federal e da Polícia Federal acompanharam as diligências.
“Raul Schmidt é brasileiro e também possui naturalidade portuguesa. O investigado vivia em Londres, onde mantinha uma galeria de arte, e mudou-se para Portugal após o início da operação Lava Jato, em virtude da dupla nacionalidade”, informou o Ministério Público Federal. O Brasil dará agora início ao processo de extradição.
De acordo com a Procuradoria brasileira, Raul Schmidt Felipe Junior é investigado pelo pagamento de subornos aos ex-directores da estatal petrolífera Renato de Souza Duque (Serviços), Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada (ambos da área Internacional). Os três estão presos no Brasil pela participação no esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa instalado na Petrobrás. Raul Schmidt foi sócio do ex-director da Área Internacional da Petrobrás Jorge Zelada, condenado no mês passado a 12 anos e dois meses de prisão por corrupção e branqueamento de capitais no âmbito da Operação Lava Jato. A Operação Lava Jato começou em Março de 2014 e é considerada uma das maiores investigações a actos de corrupção e branqueamento de capitais no Brasil.

22 Mar 2016

Governo vai lançar estudo sobre área oceânica este ano 

O Governo vai iniciar este ano um estudo para investigar o ambiente marítimo e a área oceânica, a fim de aproveitar a gestão das águas marítimas para promover o turismo. A notícia foi avançada pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), em resposta a uma interpelação escrita do deputado Zheng Anting, que questionou se o Governo sobre um planeamento para a gestão das novas águas sob jurisdição da RAEM.
Cheng Wai Tong, director substituto da DST, afirmou que, para aproveitar de forma eficaz os novos 85 quilómetros quadrados, o Governo vai iniciar um estudo cujo conteúdo tem a ver com uma investigação básica ao ambiente marítimo e um planeamento da área oceânica.
“O Governo está a preparar os trabalhos da fase inicial e pode iniciar o estudo este ano”, avançou o responsável.
Como a DST está a elaborar um “Planeamento Geral do Desenvolvimento do Sector de Turismo de Macau”, Cheng Wai Tong referiu que a equipa vai também analisar e estudar a gestão das águas marítimas para desenvolver produtos turísticos relacionados com o turismo marítimo. Cheng acrescentou que, actualmente, a DST está a estudar a criação de rotas de cruzeiros marítimos de lazer entre a península de Macau e as ilhas.

22 Mar 2016

Engano da TDM leva alunos a pensar que aulas foram canceladas

Uma confusão ontem entre mensagens da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e da TDM deram origem a que muitos alunos faltassem às aulas. A DSEJ assegura que não disse que as aulas estavam canceladas, mas uma notícia dada por engano no canal chinês da TDM dava conta que os estudantes das escolas primárias, secundárias e do ensino especial não precisavam de ir às aulas.
A TDM já pediu desculpa no telejornal de ontem, mas a Associação Novo Macau enviou um comunicado onde critica o caso e pede até o despedimento do responsável da TDM.
Devido à chuva intensa ontem de manhã, o canal chinês da TDM deu a notícia citando a DSEJ, sendo que vários pais – que não visitaram o site da DSEJ – foram enganados com a mensagem. Algumas escolas mandaram também alertas aos pais sobre o cancelamento.
Trinta minutos depois de ter sido dada a notícia, o canal chinês declarou que esta será apenas um “ensaio”. Numa conferência de imprensa ontem à tarde, Leong Lai, directora da DSEJ, apresentou desculpas, mas sublinhou que o organismo não teve nenhuma culpa no caso, uma vez que este era um ensaio que acontece anualmente e que os órgãos envolvidos foram avisados disso mesmo.
Segundo a DSEJ, foi enviado um alerta a 11 de Março que indicava que iria haver este ensaio.

22 Mar 2016

Hospital da Taipa | Quase dez milhões para estacas

Parte da construção de parte do Hospital da Taipa, oficialmente designado por Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, vai finalmente ter início com a adjudicação ao Laboratório de Engenharia Civil de Macau da empreitada das fundações por estacas do Edifício do Hospital Geral e do Edifício de Apoio Logístico. Os serviços vão custar 9,7 milhões de patacas.

22 Mar 2016

Contribuições | FSS promete relatório para este ano

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]pós anos de discussão no Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), representantes de patrões, empregados e Governo continuam a não se entender quanto ao aumento das contribuições para o Fundo de Segurança Social (FSS). À margem da primeira reunião do ano do CPCS, Iong Kong Io, presidente do FSS, apenas prometeu a entrega de um relatório com novos dados ao Governo este ano.
“Para a contribuição de 90 patacas a sociedade já tem um consenso e, embora ainda haja opiniões diferentes em relação à proporção das contribuições, vamos continuar a fazer os trabalhos de negociação para atingir um consenso”, disse Iong Kong Io aos jornalistas. “Quanto ao montante de contribuição a diferença não é grande e não é fácil atingir um consenso, mas o Governo tem de tomar uma decisão e temos de ponderar vários factores. Temos de fazer recolha de mais dados estatísticos. Esperamos que possamos encontrar um ponto de equilíbrio entre as partes. Este ano vamos continuar a envidar esforços e a ter em conta o desenvolvimento económico de Macau”, apontou.
Iong Kong Io revelou ainda que os aumentos previstos nos subsídios e pensões para idosos e invalidez deverão representar mais 55 milhões de patacas.
Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), nada adiantou sobre esta matéria. Para este ano o CPCS propõe-se continuar a discutir sobre a implementação do Regime de Trabalho a Tempo Parcial e as alterações a levar a cabo na Lei das Relações de Trabalho e na Lei de Contratação dos Trabalhadores Não-Residentes. O CPCS vai também continuar a analisar a implementação do salário mínimo para todos os trabalhadores e levar a cabo a discussão sobre o subsídio de alojamento dos TNR, entre outros diplomas.

22 Mar 2016

Doca dos Pescadores vai ter posto de migração

A Doca dos Pescadores, de David Chow, vai ter um posto de migração. O anúncio é feito através de despacho publicado ontem em Boletim Oficial e assinado por Chui Sai On, Chefe do Executivo. O posto, que fica na Marina da Doca dos Pescadores, é apenas para “embarcações de recreio que entrem ou saiam da RAEM”, sendo que opera apenas “quando necessário”. A autorização para tal entra em vigor a 1 de Abril. Chui Sai On pode, de acordo com a lei, fixar por ordem executiva a natureza e os termos da instalação e funcionamento de novos postos de migração.

22 Mar 2016

UM | Projecção do filme “Timbuktu”

Amanhã, pelas 18h30 é hora de ver “Timbuktu”, na Universidade de Macau. O premiado filme de Abderrahmane Sissako é uma produção franco-maliana que se desenrola na pequena cidade do Mali e que chega agora a Macau através do ciclo de cinema EUAP-M dentro do Festival Francófono organizado pelo Consulado Geral de França em Hong Kong e Macau. Longe do caos, nas dunas, Kidane leva uma vida tranquila com a mulher, a filha e o pequeno pastor Issan. Ao matar acidentalmente Amadou, o pescador que atacou a sua vaca preferida, Kidane deve enfrentar a lei dos ocupantes determinados em derrotar um Islão aberto e tolerante. Face à humilhação e aos maus tratos perpetuados por esses homens complexos, “Timbuktu” conta o combate silencioso e digno de mulheres e homens, o futuro incerto das crianças e a luta pela vida num momento de ocupação que marcou o fim da música, da alegria, da vida conhecida até então. A projecção conta com legendagem em Inglês e será seguida de uma tertúlia de discussão. A entrada é livre.

22 Mar 2016

Clube C&C | Palestra sobre os milhões do Desporto

“Desporto – uma indústria de milhões” é o mote para uma palestra que tem lugar ao final de tarde de hoje, às 18h45, no Clube C&C, numa conversa conduzida por Fernando Vinhais Guedes. Segundo o próprio, constará neste espaço a abordagem do desporto enquanto indústria geradora de altos rendimentos, tendo como pilares três dos maiores acontecimentos desportivos mundiais: os Jogos Olímpicos, o campeonato mundial de futebol e a Fórmula 1. Fernando Vinhais Guedes é licenciado pelo Instituto Nacional de Educação Física (INEF) e conta com uma vida profissional intimamente ligada ao Desporto e à dinamização das suas instituições e iniciativas, contando ainda com a autoria em diversas publicações, entre elas a colaboração no livro “Olhares sobre o desporto” . Foi ainda autor de “Desporto em Macau 1981-1985” e “Desporto com palavras”, publicado também no território em 2012. A entrada é livre.

22 Mar 2016

Cervejas III, preços e modas

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]oje, dia 17 de Março, Dia de Saint Patrick, serve como desculpa para rodear a promessa de não compor mais um aborrecido artigo sobre cerveja.
Anda a beber-se menos cerveja. As grandes marcas de bebidas, poderosíssimas, têm nestes últimos anos bombardeado os consumidores com a promoção de bebidas brancas até há bem pouco tempo consideradas proletárias. A recente promoção do gin, do vodka, do rum, da tequila e mesmo do whiskey norte-americano é um grande fenómeno de marketing. Esta poderosa onda publicitária faz esquecer que se trata, basicamente, de destilados simples.
A esta tendência inventada pelo grande capital do álcool vem associada a dos craft spirits, bebidas brancas de pequenas marcas, que ilustra uma propensão contemporânea do primeiro mundo de rejeição das grandes marcas em favor de produtos locais e supostamente preparados com mais amor. Note-se que tal não acontece com bebidas mais complexas.
Alguns destilados étnicos menos conhecidos, como o soju, a cachaça ou algumas aqua vitae, passaram igualmente por uma fase de promoção social e lançamento alargado. Esta moda alegre acompanha a do renascimento do cocktail, do clássico ao orgânico ou ao molecular.
As bebidas mais sérias, como o whisky, o brandi ou o armagnac, menos permeáveis a modas porque precisam de tempo para crescer, tornaram-se um grande negócio quando os asiáticos começaram, finalmente, a beber a sério.
No mundo da cerveja, em que permanece o monopólio das lager pertença de grandes marcas desinteressantes, como a Heineken (marca directamente responsável pelos milhões de litros de cerveja de baixa qualidade que se bebe por todo o mundo, uma tendência relativamente recente e que resulta de um titânico golpe publicitário) ou a Carlsberg, insinuou-se mais ou menos timidamente a tendênca da craft beer que tem vindo a ter uma expressão cada vez mais perigosa em alguns mercados. Nos E.U.A., o maior mercado do mundo de cerveja e o segundo maior a nível do consumo, a craft beer tem uma cota muito grande.
Mas o dia do santo irlandês* não consegue esquecer que o consumo de Guinness, uma cerveja irlandesa exemplar e ligada às comemorações do dia do santo, tem, nos E.U.A. e na Grã-Bretanha, decaído significativamente nos últimos 6 anos. Não é apenas esta marca irlandesa. Desde cerca de 2010 que o consumo de cerveja tem vindo a diminuir na Grã-Bretanha, na Irlanda e em vários países da Europa, vítima da competição do vinho e de bebidas brancas simples promovidas a um estatuto respeitável.
Não estou a brincar. Há menos procura, a competição por parte de outras bebidas é feroz, o consumidor está mais sofisticado e o acesso a certos mercados é cada vez mais difícil. O mercado norte-americano estagnou, o alemão, francês e o do Reino Unido retraiu-se. Na Ásia, que bebe cerca de 30 a 35% da cerveja de todo o mundo, os números têm também vindo a baixar.
GoEuro é um sítio de planeamento de viagens que oferece índices de preços de produtos e serviços que interessam ao turista – transporte em geral, trânsito urbano, alojamento e alimentação.
Exemplo: o índice dos hotéis mostra uma média de preços que inclui alojamento em 150 cidades – de hotéis de 5 estrelas a hostels. Os três lugares mais caros são Nova Iorque, St. Moritz e Macau (mesmo que se note que nesta última cidade o preço dos hotéis de 5 estrelas seja muito mais acessível que em muitas outras). As mais baratas são Sofia, Bulgária, Hammamet, na Tunísia e Tirana, na Albânia.
Junta-se um índice minucioso de médias de preços em Airbnb (a Madeira é o segundo lugar mais barato); em estabelecimentos de 5 estrelas (Punta Cana o mais caro); de 1- 4 estrelas (Macau o quarto mais caro depois de N.Y., St. Moritz e Miami) e em hostels (Macau em décimo oitavo entre os mais caros).
A parte dedicada aos transportes, comboio, avião e autocarro, é muito interessante. Em Portugal os transportes são mais caros do que em países em que estes são melhores, como a Alemanha, o Canadá, a Suécia, os E.U.A. ou a França.
O índice da cerveja, que é o que verdadeiramente nos interessa, incide sobre 75 cidades. Mostra preços médios (1.) em supermercado, (2.) em bares e conclui (3.) com uma média. Acrescenta-se (4.) uma média anual de consumo per capita em litros e (5.) uma média anual de despesa per capita.

1. (em supermercado) Os sítios mais baratos são Sevilha (4.1 mop. Sempre preço médio por garrafa de 33cl. a partir daqui), Belgrado e Manila. Os mais caros são Oslo (27.5mop), Moscovo e Tóquio.

2. (em bar) Mais caro: Hong Kong (86.7 mop), Genebra e Tel Aviv. Mais barato: Bratislava (17.7 mop), Deli e Kiev. Todos a Bratislava este Verão, fica na Eslováquia.

3. (em média) As mais caras vendem-se em Genebra (50.4 mop), Hong Kong (49.2 mop) e Tel Aviv, e as mais baratas em Cracóvia (13.2 mop), Kiev e Bratislava. Outras cidades onde é caro beber cerveja são Oslo, N.Y., Singapura e Miami.

4. (média de litros anuais per capita) Onde se bebe mais é em antigas cidades comunistas, Bucareste (133 litros), Praga, Cracóvia e Varsóvia. Se pensarmos que a China e o Vietname mostram consumos muito elevados de cerveja pode estabelecer-se uma relação entre o comunismo e esta bebida.
As cidades, entre este grupo de 75, onde o consumo per capita é mais baixo são o Cairo (4 litros), Deli e Abu Dabhi. Em Belgrado, Ho Chi Minh, Berlim, Frankfurt e Toronto também se bebe muito.

5. (média de despesa anual per capita) Onde se gasta mais dinheiro por ano é em Helsínquia (12.300 mop/ano), Sydney e N.Y.. Gasta-se menos no Cairo (199.6 mop/ano), Deli e Bali.
Como já aqui foi dito em artigo de 2013, em Macau continua a não haver, com excepção do McSorley’s, que fica dentro de um centro comercial de péssimo gosto, um bar de hotel em que a selecção de cervejas não seja miserável. O único avanço nota-se no aparecimento, em alguns deles, de cerveja branca de marcas de ampla distribuição.
Ao invés, abriram vários bares e lojas pela cidade em que a cerveja é a bebida nuclear. Já aqui se falou em alguns deles. Acrescente-se um na Rua da Erva chamado Agora, uma loja sita no Pátio de São Lázaro, junto de umas escadinhas por que se acede ao bairro de São Lázaro, que oferece espaço para sentar e beber, e o muito bem equipado bar Prem1er que fica no centro da Taipa.

* Que se comemorou, pela primeira vez, em Macau, com vários eventos. Na parada alusiva, muito internacional, participaram grupos de diferentes matrizes culturais: um rancho português, uma grupo de jovens asiáticas em jeito de espanholas, um grupo local de dança irlandesa, um de rock e um de street dance, uma associação local de Dança do Dragão e do Leão, um coro e solistas de uma escola internacional e até um grupo de 4 pipers chineses da Polícia de Hong Kong, tudo agraciado pela presença da Lord Mayor de Dublin, Críona Ní Dhálaig.
Quem quiser saber mais sobre a Irlanda pode começar por ler o estimulante livro de Bede, A History of the English Church and People, uma obra de referência, escrita no século VIII, que logo no Livro I, Capítulo I, em que se fala da ausência de cobras na ilha da Irlanda (mesmo que Bede não atribua este sinal de pureza à acção do santo, como a lenda que o tornou famoso). Toda a ilha é retratada em termos das suas qualidades paradisíacas, não muito agreste de clima e abundante em leite, mel, vinhas, peixe, pássaros, veados e cabras.

22 Mar 2016

Armazém do Boi | Festival Internacional de Artes Performativas de regresso

Vai ter lugar nos próximos dias 26 e 27 de Março mais uma edição do Festival Internacional de Artes Performativas de Macau, no Armazém do Boi, com a apresentação de obras vindas da Suíça

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Armazém do Boi organiza mais uma edição do Festival Internacional de Artes Performativas de Macau (MIPAF), sendo também, mais uma vez, o palco de um conjunto de espectáculos que, este ano, contam com a apresentação do trabalho de uma série de artistas contemporâneos suíços. Estes trazem o Espectro dos Sentidos – “Spectrum of SENSES – Swiss Window in Asia Performance Showcase”, numa colaboração com o Swiss Arts Council e curadoria de Stéphane Noël.
Segundo o site da organização, estas encenações representam o cruzamento entre as artes visuais e performativas, em que seis grupos e artistas interpretam trabalhos situados entre a poesia e a política, o movimento e a estaticidade, percorrendo territórios que, apesar de conhecidos, são ainda espaços inexplorados.
Segundo Ann Hoi, co-curadora local deste projecto que falou ao jornal Ponto Final, será objectivo deste espaço “cultivar e reforçar o local como uma plataforma legítima para o intercâmbio de artistas internacionais das artes performativas”. Hoi considera ainda que o Armazém do Boi é o espaço indicado para a apresentação de trabalhos experimentais em coerência com o próprio espaço, uma vez que “é uma forma de arte que se apresenta como o mecanismo perfeito, para catalisar a tensão em torno da independência artística”.
As hostes este ano têm entrada livre e abrem sábado, 26 de Março, às 16h00 com a apresentação de “Vernissage” pela 2B Company. Às 15h00 é a vez de Alexandra Bachzetsis apresentar “Gold” e às 18h00 “Bain brisé” é interpretado por Yann Marussich.
Domingo contará com “The Triumph of Fame” por Marie-Caroline Hominal, com apresentações de 15 minutos entre as 12h00 e as 15h30. Às 17h00 é a vez de “THIS IS A GALA”, performance levada a cabo por Martin Schick, sendo que às 18h00 sobe ao palco “Más Distinguidas” com La Ribot. A edição termina com “Duchesses” por Marie-Caroline Hominal & François Chaignaud às 19h30.
O MIPAF apresenta-se como um dos maiores eventos anuais acolhidos pelo Armazém do Boi, trazendo a Macau artistas de reconhecimento internacional de modo a promover trocas criativas. Esta edição conta ainda com o apoio do Instituto Cultural e da Fundação Macau.

22 Mar 2016

“Macau na construção de uma herança” é tema de palestra no Instituto Ricci

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]erá lugar no próximo dia 29 de Março, às 18h30, a palestra “A construção de uma herança: cultura, agência local e a cidade” no instituto Ricci de Macau. Presidida por  Stephan Rothlin S.J., director do instituto, e proferida por Sheyla Schuvartz Zandonai, investigadora do Departamento de Sociologia da Universidade de Macau e investigadora associada no Laboratoire Architecture Anthropologie (LAA), École Nationale Supérieure d’Architecture de Paris La Villette (França) desde 2014.
A oradora é ainda conhecida pelos seus trabalhos na área do estudo das relações entre a transformação urbana e as políticas económicas do jogo e do turismo, bem com da emergência de práticas e discursos do lugar, herança e pertença em Macau.
Esta apresentação tem subjacente a economia de Macau, que terá passado de um estado “arrastado” para um crescimento galopante com a entrada do século 21 e da liberalização do jogo. As forças de mercado aliadas à indústria  do jogo vão não só aumentar o rendimento e o emprego, como também promover a ascensão do custo de vida e do turismo de massas, num movimento de transformação tanto espacial como da moldura e dinâmica social, indica a organização.
“Nesta transformação a posição dos moradores de Macau terá passado do entusiasmo inicial para o cepticismo e inquietação, ao mesmo tempo a que se assiste ao seu envolvimento em movimentos de descontentamento e contestação, ou mesmo de oposição ao poder dominante do jogo sobre a economia e sociedade de Macau”, pode ler-se.
A palestra incide em como a herança e o património se tornaram um ponto importante enquanto agentes populares rumo à criação de uma outra imagem e experiência de Macau, mais distante do jogo e mais próxima da percepção e entendimento das pessoas acerca da sua cidade. Sob uma perspectiva etnográfica, esta palestra descreve e analisa algumas destas reacções promotoras de uma nova visão e uma nova construção de património por parte dos moradores da RAEM.
A palestra será realizada em Inglês e tem entrada livre, sendo que está condicionada à reserva prévia de lugares.

22 Mar 2016

Centro de triagem de resíduos no final deste ano ou início de 2017

O novo centro de triagem para lixo da construção pode abrir portas ainda este ano, ou no início de 2017 e os materiais que forem seleccionados podem fazer chão nos novos aterros de Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]novo centro de resíduos que vai ser construído pela Nam Yue deverá estar pronto no final deste ano ou início do próximo. É a previsão da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) que diz, numa resposta ao HM, que parte do material de construção considerado lixo vai ser utilizado nos novos aterros.
“A DSPA iniciará, a curto prazo, na zona do aterro existente para resíduos de materiais de [obras], a construção da primeira fase das instalações de selecção”, começa por indicar o organismo, que afirma que estas instalações vão ter capacidade para tratamento de duas mil toneladas de resíduos diariamente. “Prevê-se que a construção dessas instalações [na Avenida do Aeroporto] esteja concluída no final de 2016 ou no início de 2017.”
Em Dezembro do ano passado foi tornado público que a Nam Yue vai receber cerca de 362 milhões de patacas para desenhar e construir um espaço dedicado aos resíduos. Num despacho publicado em Boletim Oficial, o Governo dava conta que foi adjudicada à Agência Comercial e Industrial Nam Yue a execução de empreitada de concepção e construção desta, que é a “primeira fase da linha de produção da instalação de triagem de resíduos da construção de Macau”.
Já tinha sido anunciado pelo Executivo que o volume destes resíduos aumentou significativamente e, em 2014, a então subdirectora da DSPA, Vong Man Hung, admitiu que o aterro para resíduos de materiais de construção da Avenida do Aeroporto tinha atingido o ponto de saturação. Nessa altura, a responsável disse também que as obras de construção das instalações de triagem iriam arrancar em 2015, o que não aconteceu.

Perspectiva de melhoras

Na resposta ao HM, a DSPA assegura que este é “um dos projectos importantes do Governo”, para que seja realizado o tratamento dos materiais inertes resultantes da demolição e construção “através da cooperação regional”. A cooperação com Guangdong já acontece, mas com este novo local o Governo poderá melhorar a situação.
“Os materiais inertes resultantes da demolição e construção devidamente seleccionados necessitam ser inspeccionados em primeiro lugar em Macau e [é preciso] confirmar a satisfação dos padrões de qualidade relativos à reutilização dos materiais. Tendo em consideração a calendarização dos novos aterros, prevê-se a reutilização de uma parte destes materiais nos aterros de Macau, sendo os restantes transportados para aterro em algumas áreas do interior da China.”

Outros diplomas

Além do centro de triagem, a situação dos resíduos de construção merece, neste momento, uma consulta pública levada a cabo pela DSPA, que prepara também um regime legal onde se propõe que o depósito de resíduos de materiais de construção nos aterros deixe de ser gratuito. De acordo com a DSPA, após a consulta pública vai fazer-se “a elaboração da proposta final, bem como o acompanhamento dos trabalhos de legislação posteriores, por forma a aperfeiçoar a gestão e as medidas de supervisão em relação aos resíduos de materiais de construção”. O organismo não adianta qualquer data para a elaboração deste diploma.

22 Mar 2016

Centros de Saúde | Governo não quer funcionamento 24h

Os centros de saúde não vão funcionar 24 horas. A hipótese chegou a ser avançada pouco tempo depois de o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, tomar posse, mas “a actual situação não justifica” uma alteração no funcionamento destas unidades, avança a Rádio Macau. “Os cidadãos podem conseguir consultas de uma forma mais fácil. Antigamente era só até, talvez, às 17h30. Mas, hoje em dia, no hospital, é até às 22h00 ou 23h00. Dos sete centros de saúde, quatro já estão a trabalhar até às 22h00 e três até às 20h00. Para já, mantemos este nível [de resposta]”, explicou Alexis Tam, à margem da reabertura do posto de saúde de Coloane. O Secretário diz, contudo, que o plano continua a ser objecto de estudo por parte do Governo.

22 Mar 2016

Taxa de inflação atingiu 4,36%

A taxa de inflação atingiu os 4,36% nos 12 meses terminados em Fevereiro em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu 4,36%, impulsionado sobretudo pelos aumentos nos preços de bebidas alcoólicas e tabaco (+23,77%) e habitação e combustíveis (+6,76%). Nos primeiros dois meses do ano, o IPC geral médio cresceu 3,85%, em termos anuais, enquanto só no mês de Fevereiro cresceu 3,88%. Em termos mensais, face a Janeiro, o índice registou uma subida de 0,96%. O IPC geral permite conhecer a influência da variação de preços na generalidade das famílias.

22 Mar 2016

Mais de cem milhões para embalagem de cinzas

O Consórcio CCSC vai receber mais de cem milhões de patacas para a prestação de serviços de embalamento de cinzas volantes solidificadas, que saem da Central de Incineração de Resíduos Sólidos. Um anúncio ontem publicado em Boletim Oficial dá conta que as empresas vão ser pagas até 2019, num total de 101,8 milhões de patacas. A concessionário, que integra a empresa local Sinogal e a Sino Environmental Waste Services e opera a Central de Inceneração, costuma ver-lhe adjudicado este serviço, mas o valor aumentou de forma elevada face à última concessão, feita no ano passado e que abrangia também este ano, e que era de apenas 4,8 milhões de patacas.

22 Mar 2016

APN e CCPPC | Metas traçadas para o desenvolvimento de Macau

Responder a desafios, diversificar a economia e garantir boas condições de vida à população. Eis algumas linhas mestras que Macau deve seguir e que foram traçadas após as sessões anuais da Assembleia Popular Nacional e Conferência Consultiva Política do Povo Chinês

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stão traçadas as metas para que Macau possa responder ao 13º Plano Quinquenal apresentado pela China recentemente, no âmbito das sessões anuais da Assembleia Popular Nacional (APN) e Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). Segundo um comunicado oficial, Chui Sai On, Chefe do Executivo, garantiu que o foco está a ser feito na implementação do Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM.
“O Governo está actualmente a recolher e a analisar as opiniões e sugestões da sociedade sobre o primeiro Plano Quinquenal de Macau, para as ligar à realidade da cidade e às políticas nacionais, e planear medidas concretas”, pode ler-se.
Essas medidas passam pela elevação da capacidade de governação para impulsionar o desenvolvimento de Macau. “O Governo está a acelerar a reforma da Administração Pública e a simplificação do aparelho administrativo”, defendeu Chui Sai On, citado pelo comunicado. Na área da educação, o Chefe do Executivo garantiu que o Governo vai “apoiar eficientemente o crescimento dos jovens e assegurar os benefícios da população”, para além de criar “oportunidades de ensino com qualidade”. Chui Sai On espera ainda poder aproveitar as “vantagens das áreas marítimas sob jurisdição da RAEM”, o desenvolvimento gradual da economia marítima e o esforço “por proteger a ecologia marinha”.
O Chefe do Executivo apelou aos dirigentes e chefias do Governo da RAEM que compreendam bem “os conceitos apresentados nas reuniões” da APN e da CCPC, de forma a que sejam os primeiros “a meditar sobre” essas metas, para que se consiga concretizar o “processo de desenvolvimento económico e abertura ao exterior do país”.

Aperfeiçoar o futuro

Edmund Ho, primeiro Chefe do Executivo da RAEM e vice-presidente da CCPPC, defendeu que “a sociedade de Macau tem de usufruir do desenvolvimento do 13º Plano Quinquenal e melhorar, no prazo de cinco anos, o desenvolvimento”, como refere o comunicado. Ho disse esperar que o conteúdo do futuro Plano de Desenvolvimento Quinquenal de Macau sirva para “aperfeiçoar a vida da população, resolver contradições e desafios históricos e impulsionar a diversificação adequada da economia e o desenvolvimento sustentável”.
Já Li Gang, director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, referiu que Pequim “espera reforçar o estatuto e funções de Macau no processo de desenvolvimento económico e abertura do país ao exterior”, com Ho Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa do território, a apontar que, apesar da situação geral de Macau estar estável, “é preciso olhar para o lado complicado”.

21 Mar 2016

Centros de explicações | Novo projecto de lei pronto este ano

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) garante que vai concluir o novo projecto de revisão do Regime de Licenciamento e Fiscalização dos Centros Particulares de Apoio Pedagógico Complementar – centros de explicações – ainda este ano. Segundo o jornal Ou Mun, a directora da DSEJ, Leong Lai, garantiu que a lei irá contemplar o funcionamento das instalações e as regras a adoptar por docentes e funcionários dos centros.
“Muitos pais acham que os centros de explicações têm essa função de cuidado das crianças, por isso a segurança dos estudantes nestes centros é uma coisa muito importante”, apontou. Leong Lai acredita ainda que o nível de qualidade dos professores que dão explicações nestes centros também precisa de melhorar.
A directora da DSEJ mostrou-se preocupada com os recentes casos de violência contra alunos ocorridos nestes locais, tendo referido que o organismo tem vindo a acompanhar o caso de um professor que terá agredido um aluno num centro de explicação, caso que já está a ser investigado pela polícia. “O professor do centro que bateu no aluno já foi suspenso do cargo e o centro continua a funcionar. Os meus colegas estão a elaborar um relatório sobre isso”, apontou.
O alegado caso de violência terá ocorrido num centro de explicações na zona norte. Um professor é acusado de bater num aluno com um molho de papéis enrolados. Outro dos problemas comuns deste tipo de centros é a falta de licença para operação.

21 Mar 2016

Construção Civil | DSAL exclui pagamentos adiantados da Lei Laboral

A existência de sub-empreiteiros levou a deputada Ella Lei a pedir que se incluam garantias na lei para os trabalhadores que não recebem muitas vezes os salários destas empresas, mas o Governo não quer que a Lei Laboral envolva relações com terceiros

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) considera que a revisão da Lei das Relações do Trabalho não deve prever o pagamento adiantado de salários a trabalhadores da construção civil ou indemnizações pagas por acidentes de trabalho por parte das concessionárias.
Numa resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, Wong Chi Hong, director da DSAL, explicou que, embora haja relações laborais entre as empresas construtoras e os trabalhadores e a Lei Laboral estabeleça os direitos e deveres de ambas as partes, esta não deve abranger direitos e obrigações de terceiros, no caso dos sub-empreiteiros.
O responsável da DSAL acredita, por isso, que não é adequado que a lei, aquando da sua revisão, inclua um mecanismo para o pagamento adiantado dos salários ou indemnizações por acidentes de trabalho.

Carência de direitos

Em declarações ao jornal Ou Mun, a deputada Ella Lei considerou que a inclusão destas regras na lei sobre as regras de gestão do pessoal dos estaleiros não é suficiente para garantir os direitos dos trabalhadores. Ella Lei acredita que o Governo deve, neste caso, imitar o exemplo de Hong Kong, onde as empresas concessionárias têm responsabilidades quanto aos pagamentos adiantados no caso dos sub-empreiteiros não pagarem salários e indemnizações. Para a deputada, é necessário estudar melhor o caso. “O Governo só disse que a lei não podia conter esta alteração”, apontou.
Ella Lei já tinha interpelado o Governo sobre a necessidade de classificar as responsabilidades das construtoras quando os subempreiteiros demoram a pagar salários ou indemnizações, tendo pedido a criação de um sistema de pagamento adiantado.
Em relação ao projecto de lei sobre as regras de gestão do pessoal dos estaleiros, a DSAL garantiu que vai ser criada uma classificação das responsabilidades que os empreiteiros devem ter na obra. Wong Chi Hong explicou que “a proposta envolve uma classificação para as construtoras e empresas adjudicadas durante a obra, sem esquecer a nomeação de um responsável geral antes o início da construção”.

21 Mar 2016

Lei Eleitoral da AL | Consulta pública lançada em Abril

No próximo mês de Abril vai ser lançada a consulta pública sobre a revisão da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa. A promessa foi feita pela Secretária para a Administração e Justiça, citada pela Rádio Macau. O conteúdo do documento que será colocado em consulta pública continua para já em segredo, sendo que Sónia Chan diz apenas que a prioridade é aumentar a competitividade das eleições indirectas para a Assembleia Legislativa. As declarações de Sónia Chan foram feitas à margem da assinatura de mais um acordo de dispensa de visto, com a Bielorrússia.

21 Mar 2016

Suncity pondera acção contra jornal filipino

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Suncity poderá interpor um processo em tribunal contra o jornal filipino Daily Tibune. A empresa assegurou, numa resposta enviada esta sexta-feira ao HM, que a notícia de que teria doado 150 milhões de pesos filipinos a Grace Poe “teve um impacto sério para o Suncity Group”.
“Não há dúvida de que o anúncio era uma deturpação, infundada e totalmente falsa. A Suncity Group nunca doou para qualquer campanha ou candidato, de forma nenhuma. Isto nunca aconteceu”, pode ler-se na resposta, que acrescenta que a empresa “condena todas as notícias falsas e reserva-se ao direito de tomar acções legais”.
O Daily Tribune das Filipinas dava conta que Grace Poe, uma das candidatas à presidência do país teria recebido dinheiro da Suncity Group, grupo junket de Macau que também opera nas Filipinas. Poe, que concorre nas eleições de forma independente, também negou as notícias. O jornal publicava documentos que indicavam que Poe teria aceite “150 milhões de pesos em doações com fins políticos da Suncity”, no ano passado. “Um dos vouchers, de 50 milhões de pesos, tem a assinatura de Grace Poe”, assegurava ainda o Daily Tribune, que diz que “duas leis” podem ter sido violadas.
Na semana passada, a Suncity Group disse ao HM “não querer comentar” a alegada doação, uma vez que a situação estaria a ser “tratada”. Na sexta-feira indicou numa resposta escrita que poderia interpor uma acção judicial.

21 Mar 2016

Confidencialidade ou segurança

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]semana passada o website “Yahoo” publicou um artigo sobre a companhia aérea alemã “Germanwings(GmbH), do qual extraímos o texto que se segue:
“A GmbH, sediada em Colónia e subsidiária da Lufthansa, é uma companhia aérea alemã low-cost.
“A 24 de Março de 2015, o Airbus A320-211, com a chapa D-AIPX, no decurso do Voo 9525, de Barcelona para Dusseldorf, despenhou-se no sul de França, perto de Digne-les-Bains, tendo morrido todos os ocupantes do aparelho. O voo transportava 144 passageiros, dois pilotos e quatro assistentes de bordo. O procurador francês, as autoridades aéreas, francesa e alemã, e o porta-voz da GmbH foram unânimes em afirmar que o desastre tinha sido intencionalmente causado pelo co-piloto, Andreas Lubitz de 27 anos de idade.
A 29 de Março de 2015, Phil Giles, investigador aposentado da Agência Britânica de Investigação de Acidentes Aéreos, em declarações ao Independent, afirmou que a GmbH (logo a Lufthansa) teria de dar satisfações sobre o estado de saúde mental do co-piloto. Lubitz esteve de baixa durante vários meses enquanto fazia a sua formação de voo e a Escola de Formação de Pilotos teve conhecimento que, em 2009, o co-piloto sofreu uma depressão grave. Antes de ter ingressado nesta Escola, Lubitz recebeu tratamento por ter evidenciado tendências suicidas.
A seguir ao acidente, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) passou a recomendar que deveriam estar presentes no cockpit, sempre, dois funcionários autorizados. As diversas companhias aéreas do grupo Lufthansa, em consonância com as autoridades para a aviação, outras companhias e a Associação para a Indústria da Aviação, daquele País, adoptaram um protocolo no sentido de ser obrigatória a presença no cockpit de dois funcionários autorizados, em todas as circunstâncias.”
O website Yahoo sugeria ainda que, para prevenir a ocorrência de outros casos semelhantes, todos os pilotos deveriam ser submetidos a exames clínicos mais sérios e que os relatórios médicos não deveriam ser confidenciais. Caso se detecte que um piloto sofre de qualquer perturbação psicológica a companhia aérea deverá ser informada.
Embora esta medida se proponha assegurar, na medida do possível, a integridade dos passageiros, levanta-se a questão da privacidade dos pilotos. Até que ponto é que as companhias aéreas deverão ter acesso à informação clínica dos seus pilotos? Não é uma questão fácil. À partida poderemos pensar que qualquer perturbação física ou psicológica, que afecte a capacidade de dirigir um avião, deverá ser comunicada. Por outras palavras, a companhia aérea deve ter acesso à informação clínica relevante, não a toda a informação. Neste caso, a informação relevante, como o seu nome indica, é apenas aquela que se prende com a capacidade de o piloto exercer em pleno as suas funções. Caso não esteja capaz, a companhia terá obrigação de o substituir.
E que tipo de médico deverá seguir um piloto? Um médico de família? O médico da companhia aérea? Um clínico privado? Só se a companhia aérea for responsável pelo seguimento clínico dos pilotos se poderá ter a certeza que vai estar a par da informação relevante.
Do ponto de vista ontológico, estará o médico autorizado a quebrar o sigilo profissional? Não nos podemos esquecer que as questões relacionadas com a saúde são de âmbito privado. À partida, sem a autorização expressa do doente, o médico não tem autorização para revelar a sua ficha a terceiros. Para que esta sugestão seja implementada é provável que a companhia aérea venha a ter de inserir uma clausula no contrato de trabalho, que salvaguarde ser necessário prova de que os pilotos gozam de boa saúde física e mental, quando assumem os comandos de um avião. Nesse caso a companhia deverá ter médicos que certifiquem a saúde dos pilotos. Estes deverão sujeitar-se a exames médicos, digamos, uma vez por ano.
Este acordo deverá ser feito entre a companhia aérea, o médico e o piloto. Não é necessário acrescentar qualquer emenda à Lei. O dever de sigilo profissional dos médicos não será no geral afectado por esta medida, porque à partida os pilotos concordam que os problemas de saúde, susceptíveis de influenciar o voo, deverão ser comunicados à companhia.
Agora, fazemos outra pergunta. Que outros ramos de actividade poderão adoptar o mesmo procedimento? Todos aqueles que possam directamente pôr em risco a vida das pessoas. As companhias rodoviárias poderão pertencer a esta categoria. Lembramos que em Setembro de 2010, em Junho e em Novembro de 2012, ocorreram em Hong Kong acidentes graves com autocarros, causados por problemas de saúde dos motoristas.
A seguir aos acidentes a maior parte dos membros do Conselho Legislativo recomendou que se fizessem exames clínicos mais sérios aos condutores. A recomendação nunca foi implementada.
Se a esta sugestão seguir em frente, será bom considerar estendê-la a todas as profissões que envolvam risco à integridade das pessoas. Não se trata de cuidar da saúde do individuo B ou C, trata-se de uma questão de segurança pública.

* Consultor Legal da Associação de Promoção do Jazz em Macau

21 Mar 2016

Edifício de Doenças | Governo ainda sem orçamento definido

Ainda não se sabe quanto vai custar o novo edifício para travar as doenças contagiosas, mas poderá ultrapassar os 630 milhões de patacas estimados inicialmente. Alexis Tam garante a publicação do que for relacionado com o projecto e assegura que os pareceres do IC estão a ser seguidos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) afirmam que ainda não dispõem de números exactos sobre o custo total do futuro edifício de doenças infecto-contagiosas, o qual irá nascer junto ao Centro Hospitalar Conde de São Januário. Mas o Governo garante que a construção, que tem sido contestada, vai respeitar todos os pareceres sobre os edifícios antigos contíguos ao novo prédio.
“Actualmente a concepção entrou na contabilização de materiais e necessidades de construção e só após a sua conclusão será possível estimar de forma precisa o custo da obra. Inicialmente o orçamento previsto para a construção do Edifício de Doenças Transmissíveis era de cerca de 630 milhões”, aponta um comunicado. O desenho do edifício, recorde-se, é da responsabilidade do arquitecto Eddie Wong.
O Governo garante que todos os pareceres já emitidos pelo Instituto Cultural (IC) serão seguidos durante o período de construção. “Os SS garantem que a concepção deste edifício irá respeitar as condições estabelecidas, nomeadamente o limite de altura de algumas construções, a distância com os edifícios circundantes, a limitação da cena de rua, a manutenção das árvores velhos além da protecção e preservação do muro da cidade e entre outros pormenores”, pode ler-se.
Além disso, o Governo confirma que o futuro edifício terá uma altura de 44,2 metros, com uma altitude total de 61,1 metros, tratando-se de um “edifício mais baixo do que a altura do actual Centro Hospitalar Conde de S. Januário e do Edifício de Administração que será demolido”.

Segurança garantida

Apesar da polémica gerada com o projecto, com residentes a pedirem a construção do edifício no Cotai, os SS garantem que vão garantir todas as condições de segurança e de isolamento. Numa recente visita ao local, que contou com a presença de representantes de associações e do Governo, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, referiu que “os residentes devem pôr de lado os preconceitos e devem, além de compreender, apoiar a posição do Governo, já que a mesma é tomada de modo a salvaguardar a população, a saúde dos profissionais de saúde e dos turistas”. O Secretário garantiu ainda que vai “apresentar publicamente e aos residentes os desenvolvimentos relacionados com a construção do edifício, mantendo numa atitude de transparência sobre os procedimentos das obras públicas”.

21 Mar 2016